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DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO E
PERMANÊNCIA
”Peço licença para terminar soletrando a canção de rebeldia
que existe nos fonemas da alegria: canção de amor geral que
eu vi crescer nos olhos do homem que aprendeu a ler” Thiago
de Melo
A universalização da educação básica que defendemos está calcada numa
concepção de escola que a considera local privilegiado de produção de
conhecimentos a partir da identidade da criança, do jovem e do adulto. Aplica o
princípio da justiça social, com o tratamento diferenciado que as desigualdades
exigem e garante o acesso ao conhecimento produzido pela humanidade.
Buscando a construção de uma nova política de educação na cidade de São
Paulo, a Secretaria Municipal de Educação no ano de 200l deu os primeiros
passos rumo a um amplo processo de reorientação curricular, definindo um
projeto de atendimento integral à criança e ao adolescente. Esta política, de
caráter intersetorial, articula-se e busca interfaces com a assistência social, a
saúde, o transporte, o trabalho, compreendendo que este processo é uma
dimensão para a consolidação desta nova política educacional inclusiva. Assim,
não é suficiente que apenas traga o aluno para dentro das unidades educacionais, mas
principalmente, deve ter como perspectiva a consolidação de seu desenvolvimento integral,
formando-o para a transformação de sua realidade.
Uma parte significativa desta política, realmente inclusiva, é evidenciada nas
alterações havidas no campo do financiamento, permitindo a realização dos
programas sociais (bolsa escola, bolsa trabalho e começar de novo). Eles
avançam na construção real de condições isonômicas no processo educativo,
na medida em que garantem condições materiais ao aprendizado e abrem a
possibilidade de se construir escolas bem aparelhadas que propiciem a
integração de ações intersetoriais. Como acontece, por exemplo, com a Escola
Aberta, que reúne ações educacionais, culturais, esportivas e de lazer.
Além disso, a garantia de bolsas, principalmente no caso de crianças e
adolescentes, é uma medida real capaz de possibilitar a continuidade de estudos
sem as interrupções causadas pelo ingresso precoce e ilegal no mercado de
trabalho. No caso dos adultos, quando articulados à alfabetização e à
orientação profissional, os programas sociais podem constituir-se em elemento de
emancipação social.
Consideramos que é grande o número de crianças, jovens e adultos que não
têm assegurado o direito de acesso à escola pública e que nosso empenho em
garantir vagas na rede municipal é necessário e exige gestões junto a outras
esferas de governo, federal e estadual, no tocante ao financiamento e
cumprimento das atribuições de cada esfera. Estamos mantendo um fórum de
debate e deliberação conjunto com o Estado no sentido de otimizar a
capacidade de absorção desta demanda. A portaria de cadastro e matrícula
conjunta entre o Município e o Estado no Ensino Fundamental, baseada na
identificação da demanda declarada por microrregiões, é fruto deste esforço e
garantiu a ampliação do atendimento.
De qualquer forma, havemos de reconhecer que, se por um lado, estamos ao
menos no Ensino Fundamental no Município de São Paulo alcançando a
“universalização” de acesso, por outro, as escolas da Rede Pública do Município
de São Paulo são penalizadas com duros 4 turnos diários em grande parte delas.
Desta forma, nosso plano de absorção da demanda deve prever atendimento
nos padrões de eqüidade, postos pela responsabilidade conjunta entre município
e estado e, ao mesmo tempo, buscar a implantação em nossa rede de dois
turnos diurnos e um noturno. Assim, avançaremos na qualidade dos serviços
prestados à população, bem como nas condições de trabalho a todos os
profissionais da educação.
A demanda de jovens e adultos para a suplência continua sendo siginificativa.
Cabe ressaltar que a maior parte deste atendimento é feita em nossas escolas.
DEMOCRATIZAÇÃO DA GESTÃO
“Que estranha cena descreves e que estranhos prisioneiros.
São iguais a nós” Platão
A QUALIDADE SOCIAL DA
EDUCAÇÃO
A política educacional em curso na Cidade de São Paulo tem como
objetivo o desenvolvimento das potencialidades de nossos alunos visando
contribuir para que se tornem cidadãos que agem como sujeitos da
transformação de suas vidas e da sociedade.
Queremos que o acesso ao conhecimento científico, filosófico e
tecnológico, às artes e ao campo da construção dos valores – bem como
aos procedimentos que permitam repensá-los, criticá-los e/ou reconstruí-los
– se constituam como direito e instrumento de emancipação individual e
coletiva. Sempre na perspectiva da superação das desigualdades sociais;
do exercício da justiça e da liberdade; da preservação ambiental; da
constituição de referenciais éticos como a cooperação e a solidariedade.
Estes direitos devem permitir a humanização das relações em oposição à
barbárie e à violência que – como fenômenos sociais resultantes da
injustiça e das desigualdades – se constituem em forte tendência mundial,
colocando em risco a existência humana.
Trata-se de tornar o processo educacional facilitador da compreensão
das relações do homem com a natureza e a cultura; com a estrutura
econômica e sóciopolítica enquanto fenômenos históricos e, por isso, em
transformação.
Para tanto, empenharemos o melhor de nossos esforços para que a
educação – como prioridade de governo – se constitua também em
prioridade da sociedade, na cidade e no país e vá muito além dos muros
das escolas.
A educação – em termos sociais e gerais – pode contribuir ainda para
que as várias experiências e manifestações culturais da sociedade sejam
preservadas enquanto patrimônio para que as várias culturas sejam
difundidas e conhecidas. Contribui também para o aperfeiçoamento das
práticas democráticas; para que se persigam os direitos sociais, humanos e
civis. O processo educacional possibilitará o desvelamento e a crítica às
condições de realização da produção, do trabalho e de concentração
do capital.
Para tanto, importa que as crianças, jovens e adultos que tenham acesso
à educação, sob a responsabilidade do governo municipal, experimentem
o desenvolvimento de sua autonomia em todos os níveis, particularmente
no intelectual. Essa autonomia implica desenvolver capacidades como:
observar, identificar, comparar, relacionar, criticar, abstrair, generalizar e
criar. Implica que o educando se torne sujeito do processo de construção
do conhecimento, percebendo, desenvolvendo e valorizando sua
identidade.
A educação que estamos construindo almeja, por isso, o
desenvolvimento da auto-estima dos educandos contribuindo para que
construam sua autoconfiança, sua afetividade e referenciais éticos
orientadores da sua práxis.
A experiência educacional deve, assim, tomar as diferenças culturais,
físicas, étnicas e de gênero como elementos enriquecedores das relações
nas escolas e da vida em sociedade. Contribuirá, desse modo, para que
se descortine e se supere o discurso e a prática da dominação
historicamente erigida sobre trabalhadores e de maneira mais intensa
sobre negros, índios, crianças, mulheres e deficientes físicos etc..
Esta orientação, assim formulada, implica rupturas. Em particular com as
concepções e práticas que visam submeter a educação à lógica e ao
léxico do mercado. Temos verificado nos últimos anos orientações que
supõem a exclusão do mercado de trabalho, de consumo e dos direitos
fundamentais como fenômeno inexorável. Isto resulta do processo de
globalização que tem processado, em escala planetária, a concentração
do capital e dos bens materiais e culturais.
Essa naturalização da exclusão e das desigualdades tem conseqüências
no caso da educação: oferecer o mínimo à população, de um lado para
poupar gastos públicos (atendendo à meta de redução do chamado
“déficit público”) e, de outro, porque seria inútil investir recursos em seres
humanos que têm seu destino de exclusão selado. Esse mínimo a ser
oferecido, segundo os defensores dessa concepção, refere-se à
competição como valor simbólico e material do processo educacional e a
uma concepção autoritária sobre o conhecimento.
Senão vejamos: temos verificado orientações segundo às quais currículos
e processos avaliatórios se estabelecem a partir de referenciais externos
aos alunos. No mais das vezes, atribui-se às próprias escolas e à educação
o papel de reproduzir informações e procedimentos, e de homogeneizar
“padrões mínimos de conhecimento”.
O estabelecimento de parâmetros para os currículos nacionais, hoje
orientadores da elaboração dos livros didáticos, tem se constituído em
referencial para o Sistema Nacional de Avaliação (Saeb) de forma exterior
ao processo do aluno e da unidade educacional, proporcionando
inúmeras situações paradoxais e contraditórias. A todos aqueles que não
atingem o padrão determinado resta a negação de dificuldades e
potencialidades, a sensação de fracasso e, como decorrência, o acesso
às ações compensatórias, em geral equivocadas. A recuperação
paralela, as classes de aceleração e ações similares revelam
procedimentos simplistas e simplificadores como a repetição de
conteúdos, banalizando o conhecimento e o instrumental teórico para
repensá-los.
Tais concepções subtraem dos educandos o direito inalienável de
construir conhecimentos e valores.
Propomos, em vez disso, a democratização do conhecimento e da
cultura, bem como a apropriação dos processos que levam à sua
construção, tendo as escolas, Ceis, Cemes e Salas do Mova (Movimento
de Alfabetização de Adultos) como “locus” fundamental dessa
construção.
Propomos, por isso, uma educação inclusiva, democrática e popular, de
acordo com a qual o currículo seja consciente e sistematicamente
repensado, tendo como ponto de partida e de chegada os alunos.
O MOVIMENTO DE REORIENTAÇÃO
CURRICULAR
“Toque. Alguma coisa acontece quando se toca em gente.
Experimente”. Ulisses Tavares
FORMAÇÃO PERMANENTE
“Eis o ponto. Aquele que pensa Ter encontrado a verdade
definitiva está enganado”. Joseph Campbell
ANEXOS
AOS EDUCADORES DA REDE
MUNICIPAL DE ENSINO
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA