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Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar
significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um
período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da promessa
que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto
educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. As
promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus
atores e autores ( GADOTTI, 1994, p.579).
Para Veiga (1996) no que diz respeito ao projeto político-pedagógico, este vai além
de um simples agrupamento de planos de ensino e de atividades diversas. O
projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às
autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. Ele
é construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o
processo educativo da escola.
O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido
explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto
pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente
articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da
população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do
cidadão para um tipo de sociedade. A dimensão política se cumpre na medida em
que ela se realiza enquanto prática especificamente pedagógica. Na dimensão
pedagógica reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola, que
é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e
criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características
necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade
(VEIGA, 1996).
Marques (1990) também argumenta que o Projeto Político Pedagógico tem uma
significação indissociável. Sendo considerado como um processo permanente de
reflexão e discussão dos problemas da escola, na busca de alternativas viáveis à
efetivação de sua intencionalidade, que não é descritiva ou constatativa, mas é
constitutiva. Se constituindo em um processo democrático de decisões, preocupa-
se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere os
conflitos, buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias,
rompendo com a rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia que
permeia as relações no interior da escola, diminuindo os efeitos fragmentários da
divisão do trabalho que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão.
Como referenda Veiga (1996), o projeto político-pedagógico tem a ver com a
organização do trabalho pedagógico em dois níveis: como organização da escola
como um todo e como organização da sala de aula, incluindo sua relação com o
contexto social imediato, procurando preservar a visão de totalidade. Nesta
caminhada será importante ressaltar que o projeto político-pedagógico busca a
organização do trabalho pedagógico da escola na sua globalidade.
A construção do projeto político-pedagógico, para gestar uma nova organização do
trabalho pedagógico, passa pela reflexão anteriormente feita sobre os princípios.
Acreditamos que a análise dos elementos constitutivos da organização trará
contribuições relevantes para a construção do projeto político-pedagógico. Sendo
construído com o envolvimento de todos, pela discussão, análise e posicionamento,
e se organiza a nível pedagógico e político.(VEIGA, 1996).
Veiga (1996) afirma ainda que o projeto político-pedagógico, ao mesmo tempo em
que exige dos educadores, funcionários, alunos e pais a definição clara do tipo de
escola que intentam, requer a definição de fins. Assim, todos deverão definir o tipo
de sociedade e o tipo de cidadão que pretendem formar. As ações específicas para
a obtenção desses fins são meios. Essa distinção clara entre fins e meios é
essencial para a construção do projeto político- pedagógico. Neste contexto, como a
própria organização do trabalho pedagógico da escola, a construção do projeto
político-pedagógico parte dos princípios de igualdade, qualidade de liberdade,
gestão democrática e valorização do magistério. A escola é concebida como espaço
social marcado pela manifestação de práticas contraditórias, que apontam para a
luta e/ou acomodação de todos os envolvidos na organização do trabalho
pedagógico.
Entendendo-se que o projeto político-pedagógico é, essencialmente, um fórum de
discussões que direciona o trabalho da escola, torna-se, também, um espaço de
formação profissional, junto com vários outros momentos como os cursos de
formação e capacitação, a resolução de problemas diários da escola. E sua
elaboração/reelaboração neste sentido deve ser pensada de forma coletiva.
Segundo Grinspun (2002) a Orientação não deveria exercer um papel na escola que
caracterizasse um "serviço à parte", com preocupações voltadas apenas para
resolver problemas. Ao contrário, a função do Orientador seria de auxiliar na
elaboração do projeto político-pedagógico a ser desenvolvido na escola, e de
preferência que este fosse pensado de forma coletiva, numa perspectiva de que
todos se sentissem co-responsáveis tanto pelos fracassos quanto pelas vitórias.
Assim, a orientação deveria ajudar a desmistificar esse discurso científico, em que a
escola abre caminhos para que o aluno internalize esse fracasso como algo pessoal,
social ou biológico. Para Grinspun (2002), o trabalho do Orientador Educacional não
deveria ser reduzido apenas a técnicas que favoreçam diagnosticar os alunos em
um lado do processo de aprendizagem. A Orientação deveria ser a parceira
competente da escola para refletir sobre soluções que minimizem o fracasso
escolar. Assim, seu papel estaria muito mais relacionado a promover discussões e
debates na escola a respeito de seus alunos e professores, das suas relações, do
currículo e dos objetivos de seu projeto político-pedagógico etc.
O orientador faz a análise, junto com todos os protagonistas da escola sobre o
cotidiano, para que se tenha, tanto quanto possível, uma visão mais objetiva do
que ocorre nesse dia-a-dia, analisando, refletindo e discutindo os acontecimentos
marcantes, duvidas dos professores e pais. Se a Orientação deve estar
compromissada com o projeto político-pedagógico da escola, a forma de melhor
atuar nele, garantindo a qualidade, é conhecer sua cotidianidade. (ibid, 2002).
Educar, hoje, exige mais do que nunca olhar o sujeito/aluno de forma ampla, um
ser que é que constituído de história, crenças e valores, e por isso a escola deve ter
um projeto político-pedagógico, onde nele implícito ou explicitamente, deve ser
refletido a questão da formação do sujeito. O Orientador deve, portanto, buscar os
meios necessários para que a escola cumpra seu papel de educar, mediante ao seu
projeto político-pedagógico.
Segundo a Orientadora Alaíse Farias citado por Freitas (2009) "a orientação
educacional no trabalho pedagógico é de fundamental importância para o
fortalecimento do trabalho pedagógico. Trata-se de um articulador que une as
pessoas que fazem parte do processo educativo, em torno de objetivo comum, a
promoção da qualidade do ensino e do sucesso escolar dos alunos".
De acordo com Grispun (2002), o desenvolvimento do trabalho do Orientador na
escola junto com cada membro, proporcionaria:
? Junto aos alunos: o seu desenvolvimento pessoal, visando à participação dele na
realidade social.
? Junto aos professores: a colaboração e participação na construção do projeto
político pedagógico da escola, contribuindo para a discussão sobre as questões
técnico-pedagógicas da escola.
? Junto à direção: participando junto tanto nas decisões tomadas pela direção com
à obtenção de dados inerentes aos aspectos administrativos. O Orientador deve
participar de toda a prática que organiza a escola.
? Junto aos pais: fazer com que eles participem da escola do projeto da escola de
diferentes formas, desde o planejamento do projeto pedagógico até as decisões que
a escola deve tomar.
Para que haja a construção de uma escola de qualidade deve haver um projeto
coletivo, que requer ação coordenada e participação de todos. Numa escola de
qualidade deve existir uma discussão sobre as finalidades da educação, a atuação
do professor, as metodologias e até o abandono de alunos e professores (ibid,
2002).
Além dos objetivos acima, várias outras são apresentadas e estão relacionadas ao
suporte de aulas práticas do curso de graduação. Portanto, podemos perceber que
o LDI além de atender as crianças estimulando todas as áreas de conhecimento,
também tem por objetivo promover palestras, cursos, apoiar pesquisas, envolver a
família, avaliar a criança, entender sobre teorias do desenvolvimento humano e
atender as aulas da graduação de cursos da UFV, o que faz com que a instituição
tenha características diferenciadas das demais, como no caso da orientadora que
além que cumprir as funções específicas do orientador, auxilia nas aulas práticas.
Ao longo do período de observação constatei que a orientadora auxilia as
professoras no planejamento de algumas atividades, principalmente as relacionadas
com aula prática. E com relação a este aspecto PPP aborda no item 6 a organização
do cotidiano e do trabalho da seguinte maneira:
A estrutura curricular dessa proposta consiste em apresentar caminhos que, por
meio de experiências e materiais diversos, poderão contribuir para o
desenvolvimento integral da criança. Nesse sentido, essa proposta foi elaborada
considerando, como eixo norteador, os três tipos de conhecimento, ou seja o
conhecimento físico, o conhecimento lógicomatemático e o conhecimento social. A
partir dos tipos de conhecimento, o currículo foi organizado nos seguintes
conteúdos: ciências, ciências sociais, matemática e linguagens (oral e escrita,
corporal, musical, plástica e imagética).
Com relação à Educação Continuada dos Profissionais o PPP considera que este "é
um processo integrado, parte do contexto diário, objetivando que a equipe
desenvolva com habilidade e conhecimento suas atividades. Existem formas
diversas de compartilhar informações, desenvolver essas habilidades e mudar
atitudes. (2005, p.73)
No LDI ocorrem dois tipos de treinamento, ou seja, o treinamento em serviço e o
de atualização. Dentre as ações relacionadas ao treinamento em serviço, destacam-
se: reuniões com a equipe técnica; reuniões com a equipe de apoio técnico;
reuniões com a equipe de serviços gerais; grupos de estudos; participação em
seminários, congressos e palestras; participação em cursos específicos sobre
educação infantil; acompanhamento das atividades nas salas e na área externa e
orientações.
Quanto a atualização, o LDI realiza, anualmente, o Curso de Capacitação de
Pessoal, com carga horária de 40 horas. O curso de capacitação conta com diversos
profissionais da área de Família e Desenvolvimento Humano da UFV e também da
comunidade Universitária e de Viçosa, além da participação dos pais, que, devido a
sua formação específica, ministram palestras. (p.73)
No que se refere a articulação do LDI com a família e comunidade, percebi pelas
observações que a orientadora está engajada em reunir-se com os pais, seja por
meio de reuniões ou de conferencias para discutir o funcionamento da instituição,
temas pertinentes a Educação Infantil, ou sobre o desenvolvimento de seu filho.
E de acordo com o PPP (p.86), este programa de e envolvimento da família ele se
estende em diferentes níveis de ação: reuniões de pais, conferências individuais,
participação da família nas atividades com as crianças, empréstimo de livros às
crianças, visitas domiciliares, empréstimo de livros aos pais, festas e
comemorações, informativos, palestras e seminários, excursões, participação das
famílias como membro da comissão de pais e representantes no Conselho de
Administração, contatos informais (NEVES et all, 1996). A seguir serão descritas as
ações que norteiam a implementação do programa de capacitação:
_ Reunião de pais ou responsáveis: Reuniões onde, são discutidos assuntos sobre o
desenvolvimento e a aprendizagem da criança. Tem como objetivo, levantar
necessidades sentidas pelos pais, como o propósito de discutí-las e descobrir
caminhos que favoreçam uma melhor relação entre a família e a criança, a família e
a instituição e a criança e a instituição. Portanto, os temas a serem discutidos
podem ser programados com a participação dos pais ou responsáveis, no sentido
de atender às suas necessidades e expectativas. É importante salientar que as
devem objetivar a troca de experiências sobre assuntos relativos à criança de modo
que tanto a família quanto a instituição de educação infantil caminhem em sintonia.
_ Conferência individual: Esta reunião é realizada entre a coordenadora, a
supervisora e os pais ou responsável podendo, ainda, participar a professora da
criança. A finalidade é discutir, com pais ou responsável aspectos específicos do
desenvolvimento e da aprendizagem do seu filho, podendo ser solicitada pelos pais,
pela professora da criança ou pela coordenadora e supervisora da instituição.
A conferência exige treinamento e fundamentação teórica da equipe técnica que
deve ter habilidade para ouvir e falar, conhecimento teórico e prático das situações
comuns relacionadas ao desenvolvimento da criança em cada faixa etária. É
necessária também, vivência com a criança obtidas das observações da criança
para que possa discutir com os pais ou responsáveis sobre o desenvolvimento e
aprendizagem da criança e as possíveis orientações solicitadas pela família ou
demandadas pela instituição. Ao término da conferência, são registrados os dados
na ficha de acompanhamento da criança que será, usado com as outras fichas de
observação como subsídios para a avaliação do desenvolvimento e da
aprendizagem da criança.
_ Festas e comemorações: Visam promover maior integração entre as famílias,
crianças e instituição. Estes eventos são organizados e realizados com a
participação efetiva dos pais ou responsável.
- Visitas Domiciliares: O objetivo é observar e acompanhar a criança em seu
ambiente familiar, ampliando conhecimentos diversos sobre a criança em seu
cotidiano familiar. É utilizado um roteiro de observação e perguntas que é
preenchido após a visita onde relata todas as observações feitas. (2005, p.87)
O último Item (item 13.1, p. 92) que se refere às atribuições do orientador diz
respeito à avaliação do desenvolvimento integral da criança, uma vez que pude
perceber que ele auxilia e acompanha a professora neste processo. E de acordo
com o PPP a necessidade da observação do comportamento humano é um fator
reconhecido pelos profissionais da área, pois esta é um instrumento que nos
permite acompanhar o desenvolvimento da criança, informar e dar feed back aos
pais, bem como melhorar o programa.
Com relação ao desenvolvimento da criança, a observação nos ajuda a entender
melhor seu comportamento, revelando seu nível de desenvolvimento, nos
fornecendo indicadores para observação. Por meio de análises desses indicadores,
torna-se possível determinar se a criança está se desenvolvendo adequadamente e,
se o programa está estimulando esse processo.
As crianças são acompanhadas por meio de registros corridos, ou seja, registros
feitos em cadernos individuais sobre o seu comportamento, quando ele ocorre, de
modo claro e preciso, fornecendo dados que permitem ao professor visualizar a
situação tal qual ela ocorre.
São utilizados também listas para detectar aspectos do desenvolvimento da criança
que necessitam "reforço". São seqüências do desenvolvimento da criança, dividida
em áreas (cognitivo, social, etc.) e subdivididos em itens relacionados a
comportamento, habilidades e/ou situações. Tal instrumento contribui para um
quadro geral do desenvolvimento da criança.
As escalas são utilizadas como instrumentos indicadores do grau que cada criança
possui em relação à certa característica do comportamento.
O acompanhamento, embora sendo individual, é realizado em espaço dentro da
sala de atividades, permitindo aos professores estar com a criança sem interferir
demais nem sofrer interferência da dinâmica do grupo. Isto é feito porque
acreditam que o ambiente físico da sala favorece o estabelecimento de uma relação
mais espontânea entre as crianças e o professor.
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