Você está na página 1de 85

CODHAB

COMPANHIA HABITACIONAL DO DISTRITO FEDERAL

Direito Processual Civil II


Cumprimento de Sentença. Processos de Execução

Livro Eletrônico
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

SUMÁRIO
Apresentação do Curso.................................................................................5
Apresentação do Professor............................................................................6
Da Execução em Geral.................................................................................6
Princípios Gerais da Execução........................................................................9
Requisitos do Processo de Execução............................................................. 15
Título Executivo......................................................................................... 17
Da Execução por Quantia Certa contra Devedor Solvente................................ 18
Petição Inicial........................................................................................... 20
Despacho Inicial........................................................................................ 21
Citação.................................................................................................... 21
Arresto de Bens do Devedor........................................................................ 23
Penhora................................................................................................... 23
Bens Penhoráveis e Impenhoráveis.............................................................. 27
Ordem dos Bens a Penhorar........................................................................ 30
Avaliação dos Bens Penhorados................................................................... 32
Expropriação............................................................................................. 33
Da Execução para Entrega de Coisa............................................................. 40
Da Execução de Obrigação de Fazer e de não Fazer........................................ 42
Obrigações Fungíveis e Infungíveis.............................................................. 42
Execução de Obrigação de Fazer Fungível..................................................... 45
Execução de Obrigação de Fazer Infungível................................................... 48
Execução de Obrigações de não Fazer.......................................................... 49
Execução contra a Fazenda Pública.............................................................. 49

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 2 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Regime de Precatórios................................................................................ 50
Requisição de Pequeno Valor....................................................................... 53
Pagamento............................................................................................... 54
Liquidação da Sentença.............................................................................. 54
Cumprimento da Sentença.......................................................................... 60
Defesa do Executado no Cumprimento de Sentença....................................... 63
Defesa do Executado na Execução de Título Executivo Extrajudicial.................. 72
Embargos à Execução................................................................................ 72
Defesas Comuns às Execuções de Títulos Executivos Extrajudiciais e ao
Cumprimento de Sentença.......................................................................... 78
Objeção de Pré-Executividade..................................................................... 78
Embargos de Terceiros............................................................................... 78
Suspensão e Extinção do Processo de Execução............................................. 84
Suspensão da Execução............................................................................. 84
Extinção da Execução................................................................................. 85

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 3 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Apresentação do Curso

Prezado(a) amigo(a),

Iniciaremos, agora, nosso preparatório de Direito Processual Civil para o con-

curso da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal

(CODHAB/DF). A preparação para esse concurso deve envolver muito esforço

e dedicação, mas também muita autoconfiança e segurança. A boa notícia é que

uma boa preparação, com estudos sérios e de qualidade, garante o conhecimento

necessário e a mentalidade vitoriosa, que farão toda a diferença na hora da prova.

As aulas foram elaboradas especialmente para esse concurso, com o intuito de

prepará-lo(a), otimizando seu tempo e cobrindo toda a matéria de forma objetiva e

clara. Como o edital é extenso e o volume de matérias a serem estudadas é enor-

me, não há tempo a perder e as aulas devem entregar o conhecimento necessário

a você, aluno(a), sem tomar-lhe tempo precioso de preparação. Por isso, toda a

matéria de nossa aula é apresentada de forma dinâmica, visando cobrir os princi-

pais temas, sem perda de tempo.

Ao final do curso será elaborada uma bateria de exercícios cobrindo os principais

temas abordados, retirados de concursos recentes da banca, com o intuito de rever

e fixar a matéria estudada nas aulas teóricas.

Qualquer dúvida que surgir no decorrer dos estudos deve ser imediatamente

sanada, para isso conte comigo por meio do nosso fórum de dúvidas.

Vamos juntos nessa jornada, dedique-se e acredite em sua preparação e capa-

cidade!

Boa aula!

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 4 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Apresentação do Professor

Sou o professor Augusto Andrade, advogado, empresário e professor das disci-

plinas de Direito Civil, Processual Civil e Empresarial. Possuo anos de experiência

tanto na área do Direito como na administração de empresas e consultoria empre-

sarial.

Busco sempre, em minhas aulas, aliar a experiência prática à teoria acadêmica,

entregando aos meus alunos uma interpretação objetiva e pragmática da legislação

e doutrina.

Sei que a preparação para um concurso público é uma tarefa desgastante e exi-

gente, em que o aluno tem um período de estudo limitado para aprender e absor-

ver um volume muito grande de matérias. Meu compromisso com você, aluno(a), é

o de ser o mais objetivo e eficiente possível, otimizando seu tempo disponível para

os estudos.

Agradeço sua companhia nessa jornada e a confiança em mim depositada.

Bons estudos e vamos em frente!

Da Execução em Geral

A execução forçada é regulada pelo Livro II da Parte Especial do CPC, nos ter-

mos do Art. 771, que determina que: no que couber aplicam-se também aos pro-

cedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento

de cumprimento de sentença e aos efeitos de atos ou fatos que a lei atribui força

executiva.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 5 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Subsidiariamente aplicam-se à execução as disposições do Livro I da Parte Es-

pecial do CPC, conforme determina o Parágrafo único do Art. 771.

O Código de Processo Civil prevê duas formas de realização da execução força-

da, o Cumprimento de Sentença e o Processo de Execução.

É possível a execução de título executivo extrajudicial para a obrigação de fazer,

de não fazer, para a entrega de coisa, por quantia certa, contra a Fazenda Pública

e de alimentos. Em qualquer dos casos, a execução não é imediata, mas trata-se

de um processo autônomo, cujo procedimento varia de acordo com a obrigação

imposta pelo título.

Alguns aspectos, entretanto, são comuns a todas as espécies de execução por

título extrajudicial, dentre eles podemos ressaltar os seguintes:

a) Petição inicial

Independente da obrigação contida no título executivo extrajudicial, o credor

deverá formular seu requerimento por meio de uma petição inicial. Uma execução

nunca se inicia de ofício, apenas mediante petição do interessado.

Como se trata de uma petição inicial, os requisitos do Art. 319 do CPC devem

ser atendidos, além de vir acompanhada do título extrajudicial que a fundamenta,

bem como a causa de pedir e os fundamentos legais. Adicionalmente, o Art. 798 do

CPC indica os requisitos específicos de uma inicial de execução:

Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente:


I – instruir a petição inicial com:
a) o título executivo extrajudicial;
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se
tratar de execução por quantia certa;
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 6 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde ou


que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua
prestação senão mediante a contraprestação do exequente;
II – indicar:
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser
realizada;
b) os nomes completos do exequente e do executado e seus números de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica;
c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível.
Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá conter:
I – o índice de correção monetária adotado;
II – a taxa de juros aplicada;
III – os termos inicial e final de incidência do índice de correção monetária e da taxa de
juros utilizados;
IV – a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
V – a especificação de desconto obrigatório realizado.

Quanto ao objeto da execução, o título executivo, é absolutamente necessário


que este seja líquido, certo e exigível. Não existe a liquidação de um título exe-
cutivo extrajudicial, como ocorre com o título judicial, na liquidação da sentença.
No caso de um título extrajudicial carecer de liquidez ele não poderá ser executado.
O valor da causa, em uma petição inicial, deve corresponder ao valor econômico
da pretensão e vir acompanhada memória de cálculo discriminada, sempre que se
tratar de dinheiro.
Na hipótese de faltar algum elemento essencial à inicial, o Art. 801 do CPC de-
termina que o juiz deve conceder um prazo de 15 dias para que o vício seja sanado,
sob pena de indeferimento. Estando em termos, a citação do executado deve ser
determinada pelo juiz.

b) Citação
Qualquer que seja a execução de título extrajudicial, será sempre necessária a
citação do executado. Ao contrário do cumprimento de sentença, no processo de
execução não houve uma fase anterior e, portanto, será indispensável dar ciência
do processo e dos termos da petição ao executado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 7 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

São admitidas todas as formas de citação previstas no CPC, inclusive a citação

por carta. Se a citação for por mandado, uma vez que se suspeite de ocultação do

devedor, ela será feita por hora certa.

c) Efeitos da citação

No processo de execução, a citação válida produz os mesmos efeitos que no

processo de conhecimento, e estão elencados no Art. 240 do CPC, vejamos:

Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litis-
pendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto
nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
§ 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda
que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.
§ 2º Incumbe ao autor adotar, no prazo de 10 (dez) dias, as providências necessárias
para viabilizar a citação, sob pena de não se aplicar o disposto no § 1º.
§ 3º A parte não será prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço
judiciário.
§ 4º O efeito retroativo a que se refere o § 1º aplica-se à decadência e aos demais pra-
zos extintivos previstos em lei.

Princípios Gerais da Execução

Alguns pressupostos guiam o legislador ao elaborar o texto legal, criando har-

monia e unidade ao ordenamento jurídico. Tratam-se de ideias que, ainda que não

estejam expressamente presentes no texto legal, fazem parte do sistema e são

chamados de princípios informativos.

Estudaremos, a seguir, os princípios gerais específicos do processo de execução.

Princípio da Realidade: Toda Execução é Real

O Princípio da Realidade afirma que o processo de execução recai diretamente

sobre o patrimônio e não sobre a pessoa do devedor. Isso significa que, nos dias

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 8 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

de hoje, não se admite mais que a execução incida sobre devedor com sua prisão

civil por dívidas, nos termos do Art. 5º LXVII da Constituição Federal. A exceção,

prevista no mesmo artigo da Constituição, é o caso do devedor de alimentos, que

pode ter sua prisão decretada.

O Código de Processo Civil, em seu Art. 789, determina que o devedor deverá

“responder com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de

suas obrigações”, o que reforça ainda mais a ideia de que a execução recai sobre

o patrimônio do devedor.

Com isso, caso a execução se frustre, o processo será suspenso até que bens

exequíveis do devedor sejam localizados.

Princípio da Satisfatividade: A Execução Visa Apenas a Satisfação do

Direito do Credor

O princípio da satisfatividade determina que uma execução pode apenas alcan-

çar bens do devedor suficientes para a satisfação do direito do credor, não podendo

atingir mais bens do que o necessário para garantir o direito deste.

Só é possível a expropriação total dos bens do devedor em caso de execução

concursal de devedor insolvente. Em execuções singulares, o alcance da execução

se limita a parcela necessária para que o crédito ajuizado seja satisfeito.

O Art. 831 do CPC determina que “A penhora deverá recair sobre tantos bens

quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e

dos honorários advocatícios”. Já no Art. 899, o CPC determina que “será suspensa

a arrematação logo que o produto da alienação dos bens for suficiente para o pa-

gamento do credor e para a satisfação das despesas da execução”, ou seja, ao se

atingir o valor necessário ao pagamento integral da dívida, as penhoras de bens

que excedam esse valor serão suspensas.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 9 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Princípio da Utilidade da Execução

A utilidade da execução determina que um processo de execução deva ser útil

ao credor, não sendo permitido que se transforme esse instituto em uma forma de

punição ao devedor.

Dessa forma, não se tolera a utilização de um processo executório que vise

exclusivamente prejudicar o devedor, sem trazer ao credor a satisfação de seu di-

reito. O Art. 836, caput, do CPC ilustra bem essa limitação ao determinar que “não

se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos

bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execu-

ção”. Ora, se o valor do bem objeto da penhora seria suficiente apenas para cobrir

as custas judiciais, não restando saldo algum para o pagamento do credor, não

haveria motivo para a expropriação, que importaria em simples castigo ao devedor.

A limitação de arremate de bem penhorado por preço vil é outro exemplo de

uma limitação do uso da execução como forma de punição ao devedor (Art. 891,

CPC).

Princípio da Economia da Execução

A economia da execução indica que, havendo mais de uma forma de se cumprir

a execução, deve-se buscar sempre a mais econômica ao devedor, que possa satis-

fazer plenamente o direito do credor.

O Art. 805 do CPC é claro nesse sentido:

Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz
mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado.
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe
indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos
executivos já determinados. (Grifos nossos).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 10 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

O Parágrafo único permite, inclusive, que o executado indique meios menos

onerosos para o cumprimento da execução, garantindo uma maior economia.

Princípio da Especificidade da Execução

Uma execução deve ser específica, no sentido que ela deva proporcionar ao

credor, dentro das possibilidades, exatamente o que ele obteria do devedor no caso

do adimplemento direto, em que não houvesse a necessidade de um processo de

execução.

É permitido, entretanto, que se substitua uma prestação por seu equivalente em

dinheiro, como é o caso de perdas e danos, em caso que seja impossível se obter

a entrega da coisa devida (Art. 809, CPC) ou houver a recusa da prestação de fato

(Art. 816, CPC).

Via de regra, é impossível que o credor exija do devedor cumprir prestação dife-

rente daquela que conste no título executivo, sempre que for possível que esta seja

adimplida. A conversão em perdas e danos caberá apenas quando for requerida

pelo credor ou quando se constatar ser impossível a tutela específica, nos termos

do Art. 499 do CPC.

Princípio do Ônus da Execução

Os custos adicionais com a execução, ou seja, o ônus da execução, cabem integral-

mente ao devedor. Uma vez que o fundamento do processo de execução é o inadimple-

mento do devedor, todos os custos advindos dessa mora recairão sobre ele.

Uma vez iniciado o processo, o executado só restará livre da obrigação após

pagar a obrigação principal, acrescida de seus juros, multas, correção monetária,

honorários advocatícios e custas processuais.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 11 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Os Arts. 826 e 831 deixam claro a responsabilidade do devedor nesse sentido:

Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo,
remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, acresci-
da de juros, custas e honorários advocatícios.
Art. 831. A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamen-
to do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios. (Grifos
nossos).

Em execuções de títulos extrajudiciais, serão sempre devidos os honorários

sucumbenciais, mesmo que não tenham sido oferecidos embargos. No caso de

oferecimento desta oposição, será cabível outra condenação no pagamento de su-

cumbência, pelo insucesso da ação incidental.

Princípio do Respeito à Dignidade Humana

A execução não pode forçar o executado a uma situação considerada incompa-

tível com a dignidade humana.

O processo executório não pode ser capaz de levar o devedor ou sua família à

situação de miséria, fome, desabrigo, ou colocá-lo em qualquer situação indigna.

Com base nesse princípio, o CPC determina no Art. 833, incisos I a XII, que são

impenhoráveis:

I – Os bens inalienáveis e os declarados por ato voluntário, não sujeitos à exe-

cução;

II – Os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a resi-

dência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessi-

dades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;

III – Os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo

se de elevado valor;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 12 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

IV – Os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os

proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as

quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor

e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissio-

nal liberal;

V – Os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou

outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;

VI – O seguro de vida;

VII – Os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem

penhoradas;

VIII – A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada

pela família;

IX – Os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação

compulsória em educação, saúde ou assistência social;

X – A quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (qua-

renta) salários-mínimos;

XI – Os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos

termos da lei;

XIII – Os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de

incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.

Os frutos e os rendimentos de bens impenhoráveis, porém, podem ser objetos

de penhora na falta de outros bens (Art. 834, CPC).

Princípio da Disponibilidade da Execução

O processo de execução é uma opção do credor, não uma obrigação. Esse prin-

cípio determina que um credor detentor de um título executivo não é forçado a

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 13 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

executá-lo, nem mesmo prosseguir com a execução até o fim, uma vez que a tenha

proposto. Trata-se, portanto, de um direito disponível.

Ao contrário do processo de conhecimento, que após decorrido o prazo de res-

posta, a desistência do autor está condicionada à aceitação do réu, no processo

de execução a desistência do autor é livre. A diferença se deve ao fato de que no

processo de conhecimento é interesse do réu definir a matéria discutida, enquanto

no processo de execução o direito do autor já existe, é líquido, certo e exigível, e o

interesse no processo executório é exclusivo do credor.

O Art. 775 do CPC trata da desistência do exequente:

Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou de apenas algu-
ma medida executiva.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte:
I – serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões
processuais, pagando o exequente as custas processuais e os honorários advocatícios;
II – nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do
embargante.

Ainda que seja o exequente livre para desistir da execução, mesmo sem o con-

sentimento do executado, os eventuais embargos de mérito não se extinguirão,

sem que o embargante concorde. Com isso, na falta de consenso, ainda que a exe-

cução reste extinta por desistência, os embargos prosseguirão.

Requisitos do Processo de Execução

Toda e qualquer execução forçada deve atender a alguns pressupostos proces-

suais, que estudaremos a seguir.

É um direito do credor valer-se do processo de execução para ter seu crédito

adimplido pelo devedor, porém, o direito de praticar a execução forçada é de titula-

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 14 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

ridade exclusiva do Estado. Cabe ao credor requerer a atuação do Estado para que

seu direito seja alcançado, por meio de uma ação específica para esse fim, que se

subordina aos pressupostos processuais e às condições da ação, da mesma forma

que o processo de conhecimento.

Como condições da ação, a lei determina que é necessário que a parte tenha

legitimidade e interesse de agir. Na execução forçada as mesmas condições se

aplicam, mas sua identificação se torna mais simples, uma vez que a lei só admite

esse processo caso o credor possua um título executivo e a obrigação constante

nele esteja inadimplida.

Com isso, podemos dividir os pressupostos específicos do processo de execução

em duas categorias: i) formal, existência de um título executivo líquido e cer-

to; e ii) prático, o inadimplemento do devedor, que implique na exigibilidade


da dívida constante no título.
O CPC apresenta a exigência desses dois requisitos no Art. 783:

Art. 783. A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título de obriga-
ção certa, líquida e exigível. (Grifos nossos).

Atenção a esses requisitos, que são indispensáveis e comuns a toda e qualquer

espécie de execução:

a) Liquidez: um título é líquido quando é claramente determinada a impor-

tância da obrigação, o quantum, ou seja, quando objeto do título é claramente

expresso (ex.: o Valor de uma obrigação de pagar, o Bem a ser entregue em uma

obrigação de dar etc.).

b) Certeza: a certeza de um título existe sempre que não restam dúvidas quan-

to à existência do direito do credor.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 15 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

c) Exigibilidade: o título será exigível sempre que seu pagamento estiver ven-

cido e não depender de nenhuma contraprestação, condição ou outras limitações.

Observe que, caso sejam necessárias simples operações aritméticas para se de-

finir o quantum de um título, ainda assim ele será considerado Líquido, de acordo

com o Art. 786, Parágrafo único do CPC.

Título Executivo

O título executivo extrajudicial é a parte central que fundamenta o pedido do

exequente e, como tanto, é imprescindível que a petição inicial seja instruída acom-

panhada deste (Art. 798, I, a, do CPC).

Em um processo de execução, o título executivo exerce, simultaneamente, as

funções de autorizar a execução, de definir seu fim e de fixar seus limites.

Entende-se que o título executivo tem o poder de autorizar a execução, uma

vez que ele é que confirma a existência do direito do credor, o que é uma condição

lógica para que ele busque a satisfação deste judicialmente.

Por definição do limite, compreende-se que o título é que deixa claro e evidente

qual é a obrigação do devedor para com o credor, definido o fim objetivado com a

execução. Assim, se for o caso de uma obrigação de pagar quantia em dinheiro, se

tratará de uma execução por quantia certa. Da mesma forma, se a obrigação for de

dar, será o caso de uma execução de entrega de coisa, por exemplo.

Por fim, quando se fala em limites da execução, entende-se que título executivo

é capaz de determiná-los objetiva e subjetivamente. Isso significa que o título é

capaz de definir o polo ativo e passivo, bem como o objeto da execução.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 16 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

O Código de Processo Civil apresenta uma lista do que considera como título

executivo extrajudicial:

Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:


I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
II – a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
III – o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) testemunhas;
IV – o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria
Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou
mediador credenciado por tribunal;
V – o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de garantia
e aquele garantido por caução;
VI – o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII – o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII – o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem
como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;
IX – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
X – o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio
edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde
que documentalmente comprovadas;
XI – a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emo-
lumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas
estabelecidas em lei;
XII – todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.

Da Execução por Quantia Certa contra Devedor Solvente

O devedor responde com seu patrimônio pessoal por todas suas obrigações pe-

rante seus credores, conforme determina o CPC em seu Art. 789.

Normalmente uma dívida é satisfeita por meio do adimplemento voluntário do

devedor. A responsabilidade patrimonial só é necessária em caso de mora do de-

vedor, hipótese em que é possível que o credor, por meio de um processo judicial,

proceda com a execução forçada, desde que possua todos os requisitos para pros-

seguir com a execução.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 17 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

O primeiro requisito é a existência de um título executivo líquido e certo. Quan-

do esse título apresenta uma obrigação de pagar uma quantia em dinheiro, a espé-

cie de execução cabível será a execução por quantia certa contra devedor solvente,

ou simplesmente execução por quantia certa.

O segundo requisito é a exigibilidade do título, que necessariamente deve estar

vencido e não pago, bem como livre de qualquer condicionante para seu pagamen-

to, como obrigações pendentes do credor ou contraprestações não adimplidas.

Na execução por quantia certa, o título executivo que a fundamenta pode ser

tanto extrajudicial (conforme previsto no Art. 784 do CPC), como judicial (sentença

judicial condenatória), porém o procedimento será diferente. No caso do título exe-

cutivo judicial, o procedimento será o cumprimento de sentença (Arts. 520 a 527

do CPC), enquanto nos títulos executivos extrajudiciais serão observadas as regras

dispostas nos Arts. 824 e ss. do CPC.

De maneira geral, pode-se dizer que a execução por quantia certa é o processo

de expropriação de patrimônio do devedor para que se levante o valor necessário

para o adimplemento de uma obrigação de pagar determinada quantia em dinheiro.

Em resumo, esse processo de execução segue os seguintes atos:

• Petição inicial (nos moldes do Art. 319 do CPC);

• Exame da inicial pelo magistrado, resultado em seu indeferimento ou na ci-

tação do executado para promover o pagamento ou oferecer seus embargos

à execução;

• Citação do devedor para promover o pagamento em três dias, sob pena de

ver seus bens penhorados e avaliados. Caso o pagamento seja feito dentro

do prazo, os honorários de 10% (que devem ser fixados no despacho inicial)

serão reduzidos pela metade;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 18 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

• Se a obrigação seja cumprida a execução será extinta, caso contrário serão

feitas as penhoras de quantos bens quantos forem necessários para cumpri-

-la, após o término do prazo de 3 dias;

• Juntados os autos do mandado de citação, inicia-se um prazo de 15 dias

para os embargos, independente de ter ocorrido a penhora. Em caso de ofe-

recimento de embargos, os honorários podem ser elevados a 20% se forem

rejeitados;

• Não sendo oferecidos embargos, ou se estes forem recebidos sem efeito sus-

pensivo ou se forem julgados improcedentes, se iniciará a fase de expropria-

ção de bens do executado.

Petição Inicial

Em nosso ordenamento jurídico não existe uma execução ex officio, devendo

esta, sempre, ser provocada pelo credor, por meio de uma petição inicial.

Se tratando de uma Petição Inicial, os requisitos do Art. 319 devem ser aten-

didos, bem como os seguintes documentos, específicos da ação de execução (Art.

798, CPC), que devem ser instruídos com a inicial:

a) Título executivo extrajudicial (Art. 798, I, a);

b) Demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação (Art.

798, I, b);

c) Indicação dos bens suscetíveis de penhora, sempre que possível (Art. 798,

II, c).

Em relação ao demonstrativo do débito, este deverá ser apresentado de forma

discriminada, indicando: o índice de correção monetária adotado; a taxa de juros;

e a data de início e fim da aplicação da correção monetária e da taxa de juros.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 19 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Despacho Inicial

Ao receber a inicial o juiz deve analisá-la e, caso haja falhas, oferecer um prazo

de 15 dias ao exequente para que as sane. Caso não sejam identificadas falhas,

será expedido um mandado executivo, que é a ordem de citação do devedor, inti-

mando-o a cumprir a obrigação no prazo de três dias, sob pena de penhora e ava-

liação de seus bens, nos termos do Art. 829, caput e § 1º do CPC.

O mandado deve, portanto, conter as informações necessárias a cumprir os re-

quisitos do Art. 250 do CPC, quais sejam:

I – Os nomes do autor e do citado, bem como seus respectivos endereços;

II – A finalidade da citação, com as especificações constantes na inicial, bem

como o prazo para o oferecimento dos embargos;

III – A cominação de penhora;

IV – A cópia do despacho que deferiu o pedido do autor;

V – A assinatura do escrivão, junto da declaração de que o subscreve por ordem

do juiz.

Caberá, ainda, ao juiz, fixar os honorários advocatícios devidos ao credor em

10%, que deverão ser reduzidos a 5% caso o executado pague no prazo estipulado.

Citação

Uma vez que o processo de execução não possui natureza contraditória, a cita-

ção não visa convocar o executado a se defender, já que não há um julgamento de

mérito. Trata-se, pois, de uma oportunidade oferecida ao devedor para promover

o pagamento da obrigação constante no título executivo a fim de evitar que tenha

seus bens expropriados.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 20 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Não é possível, porém, privar o executado de seu direito de defesa, que será

exercido fora do processo de execução, por meio dos embargos à execução (Arts.

914 e ss., do CPC). Nos embargos, o executado poderá se defender quanto ao mé-

rito da dívida ou quanto a eventuais irregularidades processuais da execução.

Portanto, a citação tem o intuito duplo de convocação do executado para pro-

mover o pagamento em três dias e dar a ele ciência do prazo de quinze dias para

opor embargos ao exequente. Assim, com a citação do executado passam a corres

dois prazos diferentes:

a) Três dias para efetuar o pagamento, sob pena de penhora de seus bens;

b) Quinze dias para opor embargos à execução, contados a partir da juntada aos

autos da citação do executado.

O oficial, após citar o executado deverá aguardar o prazo de 3 dias e, caso o

pagamento não seja feito, promoverá a penhora, preferencialmente daqueles bens

indicados pelo credor na inicial. Não havendo indicação de bens a penhora, ou caso

os bens indicados não sejam localizados, o oficial deverá prosseguir com a penhora

daqueles que forem localizados em diligência.

Não sendo localizado nenhum bem para penhora o juiz poderá determinar que

o executado promova a indicação de bens, caso os tenha, sob pena de cometer ato

atentatório à dignidade da justiça, nos termos do Art. 774 do CPC.

Como visto anteriormente, uma vez juntado o mandado de citação nos autos,

iniciará a contagem do prazo de 15 dias para que o executado oponha seus embar-

gos, independente de terem sido penhorados bens.

Uma vez que a penhora tenha sido feita, o executado deverá ser intimado ime-

diatamente, em regra na pessoa de seu advogado (Art. 841, § 1º, CPC), ou pes-

soalmente, caso não haja advogados constituídos nos autos, nesse caso, preferen-

cialmente, por via postal (Art. 824, § 2º, CPC).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 21 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Arresto de Bens do Devedor

Se o oficial de justiça não localizar o executado para citá-lo, mas conseguir localizar

bens seus, estes poderão ser arrestados para evitar que eles desapareçam ou se per-

cam, nos termos do Art. 830 do CPC. Essa medida cautelar é, na verdade, uma obriga-

ção do oficial de justiça encarregado do cumprimento do mandado executivo.

Por óbvio, o arresto deve ser anterior à citação, uma vez que ele se justifica

pela impossibilidade de o oficial localizar o executado, ao contrário da penhora, que

sempre ocorrerá após a citação.

É necessário que o oficial de justiça lavre um termo e nomeie um depositário

que deverá zelar pela preservação do bem. Após essa medida, o oficial deverá pro-

curar o devedor duas vezes (em dias distintos) dentro dos dez dias seguintes, para

tentar realizar a citação. Caso suspeite de ocultação, a citação deverá ser feita por

hora certa, certificando pormenorizadamente o ocorrido, nos termos do Art. 830,

§ 1º do CPC.

Caso as citações pessoal e por hora certa também sejam frustradas, caberá

ao exequente solicitar a citação por edital (Art. 830, § 2º). Uma vez promovida a

citação, independente da modalidade, e passados os 3 dias de prazo para o paga-

mento, o arresto deverá ser convertido em penhora, independente de termo (Art.

830, § 3º).

Penhora

Como a ação de execução por quantia certa é um procedimento que visa a ex-

propriação de bens do devedor para o pagamento de uma obrigação deste para

com o credor, a penhora se trata do primeiro passo desse processo executivo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 22 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Pode-se dizer que a penhora cumpre três objetivos principais:

• A individualização e apreensão efetiva dos bens que se destinam à execução;

• A conservação dos referidos bens, visando evitar que estes se deteriorem ou

se percam; e

• A criação da preferência para o exequente no recebimento de seu crédito.

Assim, uma penhora feita por um credor não impede que outras penhoras sejam

feitas no mesmo bem, por outros credores. A ordem de preferência no recebimento

dos créditos obtidos com o bem penhorado, entretanto, deverão seguir a ordem de

penhora, nos termos do Art. 797, Parágrafo único, do CPC.

Em relação ao credor, a penhora tem o efeito de especificar os bens do devedor so-

bre os quais ele poderá exercer o direito de realizar seu crédito, enquanto perante os

demais credores do devedor, a penhora tem o efeito de definir a ordem de preferência.

Já perante o devedor, a penhora tem o efeito de perda imediata da posse direta

de seus bens penhorados, assim como a perda do direito de disponibilidade desses

bens. Mas atenção, a perda da propriedade do bem não ocorre com a penhora, mas

tão somente na expropriação dos bens penhorados.

Por fim, em relação a terceiros, os efeitos da penhora são a obrigação de se respei-

tar o gravame judicial quando os bens penhorados atingirem bens que estejam na pos-

se temporária destes, além da impossibilidade de que qualquer um negocie com o exe-

cutado os direitos sobre o bem penhorado, devido à eficácia erga omnes da penhora.

Local da Penhora

O local da penhora deve ser aquele em que os bens se encontrem, ainda que es-

tejam sob posse, detenção ou guarda de terceiros, conforme determina o Art. 845

do CPC. Com isso, se o executado não possuir bens no foro do processo, a penhora

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 23 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

deverá ser feita por carta precatória, cabendo a penhora, avaliação e alienação dos

bens ao juízo do local onde os bens se encontrem.

O Art. 845, § 1º do CPC, porém, apresenta exceções a essa regra, no caso de

imóveis e de veículos automotores. No caso desses bens, a penhora será efetuada

por termo nos autos, quando for apresentada a certidão da matrícula do imóvel ou

de certidão que ateste a existência de veículo automotor.

Penhora On-line

A penhora on-line é aquela realizada eletronicamente, por meio de comando às

instituições financeiras para que estas promovam o bloqueio de valores do devedor

em suas contas bancárias. O Art. 854 do CPC regula a penhora on-line, vejamos:

Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação finan-


ceira, o juiz, a requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executa-
do, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela
autoridade supervisora do sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos
financeiros existentes em nome do executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor
indicado na execução.
§ 1º No prazo de 24 (vinte e quatro) horas a contar da resposta, de ofício, o juiz de-
terminará o cancelamento de eventual indisponibilidade excessiva, o que deverá ser
cumprido pela instituição financeira em igual prazo.
§ 2º Tornados indisponíveis os ativos financeiros do executado, este será intimado na
pessoa de seu advogado ou, não o tendo, pessoalmente.
§ 3º Incumbe ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, comprovar que:
I – as quantias tornadas indisponíveis são impenhoráveis;
II – ainda remanesce indisponibilidade excessiva de ativos financeiros.
§ 4º Acolhida qualquer das arguições dos incisos I e II do § 3º, o juiz determinará o
cancelamento de eventual indisponibilidade irregular ou excessiva, a ser cumprido pela
instituição financeira em 24 (vinte e quatro) horas.
§ 5º Rejeitada ou não apresentada a manifestação do executado, converter-se-á a in-
disponibilidade em penhora, sem necessidade de lavratura de termo, devendo o juiz da
execução determinar à instituição financeira depositária que, no prazo de 24 (vinte e
quatro) horas, transfira o montante indisponível para conta vinculada ao juízo da exe-
cução.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 24 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

§ 6º Realizado o pagamento da dívida por outro meio, o juiz determinará, imediata-


mente, por sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro
nacional, a notificação da instituição financeira para que, em até 24 (vinte e quatro)
horas, cancele a indisponibilidade.
§ 7º As transmissões das ordens de indisponibilidade, de seu cancelamento e de de-
terminação de penhora previstas neste artigo far-se-ão por meio de sistema eletrônico
gerido pela autoridade supervisora do sistema financeiro nacional.
§ 8º A instituição financeira será responsável pelos prejuízos causados ao executado em
decorrência da indisponibilidade de ativos financeiros em valor superior ao indicado na
execução ou pelo juiz, bem como na hipótese de não cancelamento da indisponibilidade
no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, quando assim determinar o juiz.
§ 9º Quando se tratar de execução contra partido político, o juiz, a requerimento do
exequente, determinará às instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico geri-
do por autoridade supervisora do sistema bancário, que tornem indisponíveis ativos fi-
nanceiros somente em nome do órgão partidário que tenha contraído a dívida executada
ou que tenha dado causa à violação de direito ou ao dano, ao qual cabe exclusivamente
a responsabilidade pelos atos praticados, na forma da lei. (Grifos nossos).

Ou seja, a pedido do exequente, o juiz pode autorizar o bloqueio de valores em

dinheiro, de titularidade do executado (sem dar a ele ciência prévia), depositados

em instituições financeiras.

Atenção para o fato de que não podem ser penhorados valores que excedam o

crédito do exequente, devendo o juiz promover o cancelamento, em 24 horas, de

eventuais valores excedentes (Art. 854, § 1º).

Como ocorre nas demais penhoras, após o bloqueio on-line dos valores, o de-

vedor será citado na pessoa de seu advogado ou pessoalmente (Art. 854, § 2º).

Após a referida citação, caberá ao executado, nos termos do § 3º do Art. 854,

alegar e comprovar a impenhorabilidade dos bens ou o eventual excesso de penho-

ra. Tendo acolhida qualquer das alegações, o juiz determinará, em 24 horas, que

os valores indevidamente penhorados sejam liberados (Art. 854, § 4º).

Se as alegações previstas no § 3º sejam rejeitadas, ou não sejam feitas, a in-

disponibilidade será automaticamente convertida em penhora, sem necessidade de

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 25 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

lavratura de termo. Nesse caso, o juiz determinará à instituição financeira que pro-

ceda com a transferência do valor penhorado à conta bancária vinculada ao juízo

competente (Art. 854, § 5º).

Ocorrendo o pagamento do crédito devido por qualquer outro meio, o juiz de-

verá informar a instituição financeira responsável para cancelar a indisponibilidade

em 24 horas, conforme prevê o Art. 854, § 6º.

Será de responsabilidade da instituição financeira o ressarcimento de eventuais

prejuízos causados ao executado por indisponibilidade superior à determinada pelo

juiz, bem como por não liberar valores indisponíveis, conforme determinado, em

24 horas (Art. 854, § 8º).

Bens Penhoráveis e Impenhoráveis

Somente os bens alienáveis podem ser penhorados, não sendo sujeitos à exe-

cução, nos termos do Art. 832 do CPC, os bens considerados, por lei, inalienáveis

ou impenhoráveis.

O Art. 833 do CPC elenca os bens impenhoráveis. Vejamos:

Art. 833. São impenhoráveis:


I – os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
II – os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do
executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns
correspondentes a um médio padrão de vida;
III – os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de
elevado valor;
IV – os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proven-
tos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias
recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua
família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, res-
salvado o § 2º;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 26 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

V – os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros


bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;
VI – o seguro de vida;
VII – os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penho-
radas;
VIII – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela
família;
IX – os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória
em educação, saúde ou assistência social;
X – a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) sa-
lários-mínimos;
XI – os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos
da lei;
XII – os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorpo-
ração imobiliária, vinculados à execução da obra.
§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem,
inclusive àquela contraída para sua aquisição.
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para
pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às
importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a cons-
trição observar o disposto no art. 528, § 8º, e no art. 529, § 3º.
§ 3º Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos,
os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa in-
dividual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento
e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida
de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária.

A principal razão para se proteger determinados bens da penhora é a atenção a

um dos princípios básicos da execução, em que esta nunca deve levar o executado

à ruína ou a condição incompatível com a dignidade humana.

Cabe a ressalva apresentada pelo § 1º do Art. 833 do CPC, que determina que

a impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem,

inclusive àquela contraída para sua aquisição. O intuito dessa regra é evitar o enri-

quecimento sem causa que ocorreria no caso em que alguém contraísse uma dívi-

da para adquirir um bem e não procedesse com o pagamento dessa obrigação, se

esquivando da penhora, alegando impenhorabilidade.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 27 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

No mesmo sentido, compreende-se que os bens impenhoráveis listados nos in-

cisos I, II, III, V, VII e VIII não gozam do privilégio da impenhorabilidade caso te-

nham sido adquiridos pelo devedor em negócios onerosos e se o crédito executado

tiver sua origem no preço de aquisição do referido bem ou de seu financiamento.

Bens de Família

Uma conhecida impenhorabilidade é a dos chamados “bens de família”, previs-

tos na Lei n. 8.009/1990. Nesse caso, o imóvel residencial de uma família é impe-

nhorável, mas há também ressalvas a serem observadas, conforme previsto nos

Arts. 3º e 4º desta lei, como veremos a seguir.

Primeiramente, cabe definir o que a lei define como bens de família, conforme

previsto no Art. 5º da lei: “Para efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei,

considera-se residência como um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade

familiar para moradia permanente”.

O Parágrafo único do mesmo Art. 5º preconiza que, caso o casal, ou família,

seja possuidor de mais de um imóvel, a impenhorabilidade recairá sobre o de me-

nor valor, salvo se outro estiver registrado para esse fim no Cartório de Registro de

Imóveis.

Agora que compreendemos o que é considerado como bem de família pela Lei

n. 8.009/1990, vejamos quais são as exceções a esta impenhorabilidade previstas

nos Arts. 3º e 4º desta mesma lei (Lei n. 8.009/1990):

Art. 3º. A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,


previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
II – pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à
aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do res-
pectivo contrato;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 28 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu
coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as
hipóteses em que ambos responderão pela dívida; (Redação dada pela Lei n. 13.144 de
2015)
IV – para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em
função do imóvel familiar;
V – para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal
ou pela entidade familiar;
VI – por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal
condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII – por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. (Incluído
pela Lei n. 8.245, de 1991)
Art. 4º. Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente, ad-
quire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se
ou não da moradia antiga.
§ 1º Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor, transferir a impenhorabi-
lidade para a moradia familiar anterior, ou anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa
para execução ou concurso, conforme a hipótese.
§ 2º Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a impenhorabilidade
restringir-se-á à sede de moradia, com os respectivos bens móveis, e, nos casos do
art. 5º, inciso XXVI, da Constituição, à área limitada como pequena propriedade rural.
(Grifos nossos).

O bem de família é um exemplo de um bem livremente alienável, mas impenho-

rável por força de lei. A consequência disso é que a alienação de um bem de famí-

lia não será, em hipótese alguma, considerado fraude contra credores ou fraude à

execução.

Ordem dos Bens a Penhorar

Uma vez que a execução não enseja na expropriação universal dos bens do exe-

cutado, mas tão somente daqueles suficientes à satisfação do crédito contido no

título executivo, acrescido de atualização monetária, juros e custas processuais, é

necessário que seja seguida uma ordem de escolha dos bens a penhorar.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 29 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

A escolha dos bens a penhorar não é de livre titularidade do credor. Este possui

o direito à iniciativa de indicação dos bens, mas cabe ao devedor o direito de im-

pugnar a indicação que não siga a ordem prevista no Art. 835 do CPC, ou a regra

de menor onerosidade, como prevê o Art. 805, também do CPC.

A ordem de preferência legal prevista no Art. 835 é a seguinte:

I – Dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;

II – Títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com

cotação em mercado;

III – Títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;

IV – Veículos de via terrestre;

V – Bens imóveis;

VI – Bens móveis em geral;

VIII – Semoventes;

VIII – Navios e Aeronaves;

IX – Ações e quotas de sociedades empresárias;

X – Percentual do faturamento de empresa devedora;

XI – Pedras e metais preciosos;

XII – Direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alie-

nação fiduciária em garantia;

XIII – Outros direitos.

Como vimos, compete ao exequente a indicação de bens a penhorar, mas sendo

identificado descumprimento a ordem legal prevista acima, o executado pode im-

pugnar a escolha e solicitar a substituição do bem constrito.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 30 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Avaliação dos Bens Penhorados

Além de realizar a penhora, cabe ao oficial de justiça promover a avaliação do

bem, utilizando todos os elementos disponíveis, como, por exemplo, consulta a

anúncios, pesquisas em imobiliárias, informações de corretores, elementos apre-

sentados pelas partes ou qualquer outro meio idôneo.

Em situações excepcionais, constatando que não possui condições de prosseguir

com a avaliação do bem, por ser necessários conhecimentos técnicos especializa-

dos, o oficial deverá informar o juízo, que poderá nomear um perito avaliador.

Havendo a necessidade de designação de perito, seus honorários deverão ser

pagos pelo credor, mas o valor será incluído no cálculo do débito.

Ambas as partes podem impugnar a avaliação do oficial de justiça ou do perito,

cabendo ao juiz acolher ou não o laudo. Sendo necessários, esclarecimentos pode-

rão ser solicitados ao avaliador.

Dispensa de avaliação

A avaliação é dispensada, nos termos do Art. 871 do CPC, quando:

a) Uma das partes aceitar a estimativa apresentada pela outra;

b) Tratar-se de títulos ou bens com cotação em bolsa, comprovada por certidão

ou publicação oficial;

c) Tratar-se de títulos de dívida pública, ações de sociedades e de títulos de cré-

dito negociáveis em bolsa, cujo valor será o da cotação oficial do dia, comprovada

por certidão ou publicação no órgão oficial;

d) Tratar-se de veículos automotores ou de bens cujo preço médio de mercado

possa ser conhecido por meio de pesquisas realizadas por órgãos oficiais ou de

anúncios de venda divulgados em meios de comunicação. Nesse caso, cabe a quem

nomear os bens o encargo de comprovar a cotação de mercado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 31 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Nova avaliação

Somente será feita uma nova avaliação dos bens quando qualquer das partes

alegar, fundamentadamente, ter havido erro na avaliação ou dolo do avaliador (Art.

873, I, CPC), se verificar, posteriormente à avaliação, que houve majoração ou di-

minuição do valor do bem (Art. 873, II, CPC) ou o juiz tiver fundada dúvida sobre

o valor atribuído ao bem na primeira avaliação (Art. 873, III, CPC). No último caso,

em que o juiz tenha dúvidas quanto à avaliação, ele determinará de ofício a reali-

zação de nova perícia, nos termos do Art. 480 do CPC.

Expropriação

Somente por meio de expropriação o credor poderá obter a satisfação de seu

crédito, seja na execução de título executivo judicial (o cumprimento da sentença)

ou a execução de um título executivo extrajudicial. O procedimento para ambas as

modalidades de execução é idêntico e o que estudarmos aqui se aplica, também,

ao cumprimento de sentença.

Em primeiro lugar, é possível que a expropriação se faça de três maneiras:

• Com a entrega do bem ao credor, como pagamento do débito (total ou par-

cial), como uma dação em pagamento compulsória;

• Com a alienação (particular ou pública) dos bens, com o objetivo de conver-

tê-los em dinheiro, promovendo o pagamento do credor; e

• Pela apropriação de frutos e rendimentos de empresa, estabelecimento ou de

bens do devedor.

Existe uma ordem de preferência entre esses meios de expropriação que deve

ser seguida: primeiramente, é necessário que se verifique a existência de interes-

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 32 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

sados em adjudicar o bem, não havendo, determina-se a alienação por meio de lei-

lão judicial, eletrônico ou presencial, ou por iniciativa particular, se o credor preferir.

O motivo da prioridade da adjudicação se dá pelo fato de que ela se realiza sem

despesas, pelo valor de avaliação, enquanto o leilão importa em gastos com a pu-

blicação de editais e intimações, além de permitir a arrematação por valor inferior

ao da avaliação, salvo preço vil.

A seguir, veremos cada uma das formas de expropriação, que serão válidas para

todas as espécies de execução por título extrajudicial e judicial.

Adjudicação

É uma forma indireta de satisfação do direito do credor, já que ocorre com a

transferência da propriedade do bem penhorado a ele ou a terceiros legitimados.

A adjudicação apresenta semelhanças com a dação em pagamento, uma vez

que a obrigação é cumprida com a transferência da propriedade de um bem para

quitar uma dívida, total ou parcialmente. A diferença está no fato de que, enquanto

a dação em pagamento é voluntária, a adjudicação é uma expropriação forçada.

Uma relevante característica da adjudicação é que ela só pode ser feita pelo

valor de avaliação, o que não ocorre com a arrematação, com veremos a seguir.

Possuem legitimidade para requerer a adjudicação de bens penhorados, além

de todos os elencados nos incisos II a VIII do Art. 889 do CPC, o exequente, os

credores concorrentes que tenham penhorado o mesmo bem e o cônjuge, o com-

panheiro, o descendente ou o ascendente do executado.

A preferência caberá a quem oferecer maior valor pelo bem penhorado, sendo

possível que se atinja valores superiores ao da avaliação. Se houver empate no

valor de oferta, a preferência será do cônjuge, do companheiro, dos descendentes

e dos ascendentes do devedor, nessa ordem.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 33 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Se o próprio exequente requerer a adjudicação, o valor de avaliação do bem

deverá ser deduzido do valor do débito e a execução prosseguirá pelo saldo rema-

nescente. Já se o valor do débito for menor que o do bem (valor de avaliação), o

exequente deverá depositar a diferença.

Na hipótese de qualquer outro dos legitimados requerer a adjudicação, o preço

deverá ser depositado em juízo, integralmente, ao quando a adjudicação for deferi-

da. Porém, se a adjudicação for deferida em favor de algum outro credor que tenha

preferência, o preço será utilizado para abater o débito desse credor, e não do que

promoveu a execução.

Alienação por Iniciativa Particular

A alienação por iniciativa particular será feita pelo credor ou por meio de corre-

tores, que deverão ser credenciados na justiça.

Cabe ao juiz estabelecer as regras para a venda, bem como a forma de sua pu-

blicidade, seu preço mínimo, sua condição de pagamento e suas garantias, além da

comissão de corretagem, quando couber.

Concluída a venda, com o depósito em juízo do pagamento, será expedida uma

carta de alienação do imóvel para que se proceda com o devido registro no Cartório

de Registro de Imóveis. Será expedido, também, um mandado de imissão de posse

ou ordem de entrega do bem, dependendo de se tratar de uma alienação de bem

móvel ou imóvel.

Alienação em Leilão Judicial

Se não houverem interessados na adjudicação, ou se o credor não solicitar a

alienação particular do bem, a expropriação deverá ser feita por meio de leilão judi-

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 34 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

cial. O leilão judicial deve ser feito por um leiloeiro público e, sempre que possível,

por meio eletrônico. Somente se não for possível o leilão eletrônico é que será feito

o presencial.

O leilão realizado por meio eletrônico deve seguir a regulamentação do Conse-

lho Nacional de Justiça (CNJ), observar as garantias processuais das partes e aten-

der aos princípios da publicidade, autenticidade e segurança.

Já o leilão presencial deve ser realizado em local determinado pelo juiz, com

duas datas designadas para sua realização, sendo que o segundo ocorrerá apenas

se não houver arrematação no primeiro.

O preço mínimo para a arrematação no primeiro leilão é o valor de avaliação do

bem e, caso não haja arremate no primeiro leilão, ocorrerá um segundo, que terá

como preço mínimo qualquer valor, salvo preço vil. (valor menor que o fixado pelo

juiz, ou abaixo de 50% do valor da avaliação).

O leiloeiro público se encarregará de realizar o leilão onde o juiz determinar ou

onde se encontrem os bens. Ele será responsável por publicar o edital e expor aos

interessados os bens, bem como receber e depositar em juízo o valor obtido com a

alienação, dentro do prazo de um dia, além de promover a prestação de contas em

até dois dias após o depósito.

Como o sucesso do leilão depende do interesse de potenciais arrematadores, se

faz necessário que este se torne público, por meio de publicação de edital em que

constem as informações mencionadas no Art. 886 doa CPC, sob pena de nulidade

da arrematação.

O edital deve ser publicado conforme determina o Art. 887 do CPC, com ante-

cedência mínima de 5 dias.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 35 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

A licitação é aberta a qualquer um que se interesse em participar, e o bem será ar-

rematado por aquele que der o maior lance, ou seja, oferecer o maior valor pelo bem.

O Art. 890 do CPC, entretanto, exclui algumas pessoas da licitação, ou pela

função que desempenham no processo, ou pela relação que mantém com o execu-

tado. Os elencados nesse artigo não podem oferecer lances no leilão. O Art. 897 do

CPC inclui na lista dos que não podem dar lance no leilão judicial o arrematante e

o fiador remisso, ou seja, aquele que tenha feito um lance e não tenha efetuado o

pagamento correspondente.

Arrematação

Quem oferecer o maior lance no leilão será o arrematante do bem. Nesse caso,

o preço deve ser pago imediatamente pelo arrematante, por depósito judicial ou

meio eletrônico.

Se o próprio exequente for o arrematante, sendo o único credor, ele não preci-

sará exibir o preço, mas caso o valor do bem ultrapasse o do crédito, a diferença

deve ser depositada em até três dias.

Admite-se a aquisição de um bem penhorado em prestações mas, para tanto,

a proposta deve ser apresentada por escrito até o início do primeiro leilão, se a

proposta for de aquisição pelo valor de avaliação, ou até o início do segundo leilão,

sendo a proposta de aquisição por valor abaixo da avaliação, mas que não seja vil

(Art. 895, CPC).

Com a arrematação do bem concluída, o juiz expedirá, imediatamente, o res-

pectivo auto, contendo sua assinatura, a do arrematante e a do leiloeiro. A partir

da expedição do auto, correrá um prazo de 10 dias para que seja postulada: sua

invalidade, se constatado qualquer vício; sua ineficácia, se o disposto no Art. 804

não for observado; ou sua resolução, se o preço não for pago ou a caução prestada.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 36 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Não sendo impugnada a arrematação dentro do prazo, a carta de arrematação

será expedida. Se o bem arrematado for um imóvel, a carta deverá ser levada a

registro, pelo arrematante, no Cartório de Registro de Imóveis.

Após a expedição da carta só é possível invalidar a arrematação por meio de

uma ação própria, em que o arrematante figurará como litisconsorte necessário.

Algumas situações excepcionais são previstas no Art. 903, § 5º, em que o arre-

matante pode desistir da arrematação e postular a imediata restituição do depósito

eventualmente feito.

Apropriação de Frutos e Rendimentos de Bem Móvel ou Imóvel

Finalmente, o CPC prevê a expropriação de frutos e rendimentos de bens mó-

veis e imóveis.

Deferida a penhora, o juiz nomeará um administrador (com poderes para gerir a

coisa) a quem a posse direta do bem será dada. A ele caberá fazer com que o bem

administrado produza frutos e rendimentos, que serão revertidos em pagamento

ao credor.

A posse indireta do bem, entretanto, permanecerá com o devedor, que preser-

vará, também, a propriedade deste. Na eventualidade de alienação do bem, quem

o adquirir terá ciência da existência do gravame, que permanecerá até o pagamen-

to do credor. Este é o motivo da necessidade de averbação da penhora no Cartório

de Registro de Imóveis, conforme o Art. 868, § 1º do CPC.

Remição

A remição é o ato de se livrar de uma obrigação por meio de seu pagamento. O

CPC, em seu Art. 826, determina que:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 37 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo,
remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, acresci-
da de juros, custas e honorários advocatícios. (Grifos nossos).

Ou seja, é lícito ao executado, mediante o pagamento ou a consignação da im-

portância atualizada da dívida, se livrar da obrigação, ou seja, remir a execução,

desde que antes de adjudicados ou alienados os bens.

Não confundir, portanto, a remição, que é o pagamento da obrigação e sua con-

sequente desobrigação, com a remissão, que é o perdão de uma dívida.

Fase de Satisfação

A fase final da execução por quantia certa contra devedor solvente é o paga-

mento do credor, feito pelo órgão judicial com os créditos obtidos com a expropria-

ção dos bens penhorados do devedor.

O Art. 904 do CPC prevê a satisfação do crédito executado mediante a entrega

do dinheiro obtido com a expropriação do bem penhorado (inciso I) ou pela adjudi-

cação dos bens penhorados (inciso II).

Apenas a primeira forma se caracteriza como uma forma pura de pagamen-

to, enquanto a segunda é considerada uma forma híbrida, por, simultaneamente,

expropriar bens do executado e transferi-los ao exequente, cumprindo um duplo

papel na execução por quantia certa.

Seja qual for a forma de pagamento do credor, entretanto, se tratará de um

cumprimento da obrigação. Após o pagamento que define o cumprimento da sen-

tença o juiz deve expedir uma sentença que declara extinta a execução, mas aten-

ção, essa sentença não põe fim à execução, apenas declara seu fim, que ocorre

com o pagamento da obrigação.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 38 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Da Execução para Entrega de Coisa

A execução para a entrega de coisa pode ser dividida em duas categorias: i)

execução para entrega de coisa certa; e ii) execução para entrega de coisa incerta.

No primeiro caso, a “coisa certa” é aquele bem determinado, individualizado no

ato da propositura da ação de execução. Já a chamada “coisa incerta” é, justamen-

te, aquela que não está determinada, mas é determinável por gênero e quantidade.

Da Execução para a Entrega de Coisa Certa

O CPC trata do procedimento de execução para entrega de coisa certa, baseada

em título executivo extrajudicial nos Arts. 806 e ss.

O juiz, ao determinar a citação do executado, deve fixar os honorários advocatí-

cios devidos em caso de satisfação da obrigação. Ocorrendo a citação do executado

passará a contar o prazo de 15 dias para que o a obrigação seja satisfeita com a

entrega da coisa. A ordem de imissão de posse ou busca e apreensão já constará

do mandado, no caso de não satisfação a obrigação.

Ao ser citado, o devedor poderá adotar duas das seguintes atitudes:

• Entregar a coisa devida e satisfazer a obrigação. Nesse caso, será lavrado o

termo e, ao serem pagos os honorários, extinta a obrigação, salvo haja a ne-

cessidade de prosseguimento para o ressarcimento de frutos e prejuízos que

sejam devidos. Nesse caso, a execução prosseguirá como uma execução por

quantia certa.

• Não entregar a coisa. Nessa hipótese, deverá ser cumprido de imediato a or-

dem de imissão de posse (em caso de bem imóvel) ou de busca e apreensão

(se bem móvel). É cabível também a aplicação de multa como uma forma de

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 39 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

coerção, se for verificado que o devedor está deliberadamente dificultando o

cumprimento da execução. Se a entrega da coisa for impossível, por pereci-

mento, perda ou deterioração do bem, deverá ser feira a conversão em per-

das e danos, com liquidação incidente, para que se apure o quantum devido,

nos termos do Art. 809 do CPC. Caso ocorra a alienação da coisa devida, após

o início do litígio, será expedido o mandado contra o terceiro adquirente.

O prazo para a oposição dos embargos à execução será de 15 dias, independen-

te da atitude tomada por ele quanto à entrega da coisa. Caso não haja embargos,

ou se eles forem julgados improcedentes, a imissão na posse ou a busca e apreen-

são se tornarão definitivos.

Da Execução para a Entrega de Coisa Incerta

O que irá diferir a execução para a entrega de coisa incerta é a necessidade de

individualização da coisa. Conforme o Código Civil, “nas coisas determinadas pelo

gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resul-

tar do título da obrigação; mas não poderá das a coisa pior, nem será obrigada a

prestar a melhor” (Art. 244, CC).

O Art. 811 do CPC determina que o devedor deverá ser citado para, dentro do

prazo de 15 dias, entregar a coisa determinada pelo gênero e pela quantidade, já

individualizada, se lhe competir a escolha. Caso a individualização caiba ao credor,

ele deverá apresentar a petição inicial com a individualização.

A parte contrária pode impugnar a individualização feita (independente a quem

caiba a escolha) dentro do prazo de 15 dias. Após esse prazo o juiz decidirá, po-

dendo ouvir um perito se assim julgar necessário.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 40 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Da Execução de Obrigação de Fazer e de não Fazer

A obrigação de fazer é positiva, e objetiva a realização de um ato do devedor,

enquanto a de não fazer, por sua vez, é negativa, e tem seu objetivo na abstenção

do devedor.

O objeto da relação jurídica, portanto, é um comportamento do devedor e não

um bem material ou uma quantia em dinheiro. Com isso, nas obrigações de fazer

e de não fazer, a atuação do Estado para garantir o cumprimento da obrigação é

mais difícil, uma vez que existem limitações práticas e jurídicas que impedem a

execução forçada.

Na prática, nem sempre o Estado possui meios eficientes para exigir o adim-

plemento de uma ação ou abstenção do devedor, enquanto na esfera jurídica, há a

impossibilidade do uso da força para obrigar uma pessoa a cumprir uma obrigação.

Obrigações Fungíveis e Infungíveis

Uma obrigação de fazer ou não fazer fungível é aquela que, por sua natureza

ou convenção pode ser adimplida por um terceiro, quando o devedor não o fizer. A

obrigação de construir um muro, de plantar árvores ou efetuar limpezas são exem-

plos de obrigações fungíveis.

Uma obrigação infungível, por sua vez, é toda aquela que não pode ser adim-

plida por terceiros, uma vez que o valor da obrigação está relacionado a aptidão

ou qualidade pessoal do devedor. A obrigação de um artista pintar um quadro, não

pode ser adimplida por terceiros, por exemplo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 41 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

A diferença entre uma obrigação fungível e infungível está no fato de que o

adimplemento da primeira pode ocorrer independente da vontade do devedor, en-

quanto na segunda, se o devedor não o fizer, ninguém poderá fazê-lo.

No caso de uma obrigação de fazer fungível, caso o credor providencie o adim-

plemento da obrigação que se encontra em mora, ele poderá valer-se dos serviços

de terceiros e o devedor ficará responsável pelos gastos correspondentes, confor-

me Arts. 816 e 817 do CPC.

Na obrigação infungível esta solução não é possível, portanto, em caso de recu-

sa do devedor, a obrigação deve ser convertida em perdas e danos, com a posterior

execução da obrigação subsidiária.

Astreinte

Astreinte é uma multa periódica imposta por condenação judicial que tem por

objetivo a coação do devedor a cumprir uma obrigação de fazer ou de não fazer.

Ressalte-se que as multas não têm um caráter executório, mas apenas de meios

coativos, que forcem o devedor a cumprir a obrigação de fazer ou não fazer, uma vez

que, quanto mais tempo permanece a inadimplência, mais o valor a ser pago aumenta.

A previsão legal dessa multa está no art. 500 do CPC, que prevê que “a inde-

nização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa fixada periodicamente

para compelir o réu ao cumprimento específico da obrigação”.

a) Valor da multa:

O valor da multa deverá ser fixado pelo juiz ao despachar a inicial da execução,

bem como a definição de qual data ela será devida (Art. 814, CPC). Se, porém, o

valor da multa estiver previsto no título executivo, o juiz poderá diminuí-lo, caso

este seja excessivo, conforme prevê o Parágrafo único do Art. 814.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 42 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

O juiz tem, ainda, poderes para rever o valor da multa, aumentando-a ou dimi-

nuindo-a, conforme a necessidade da execução. O mesmo vale para a periodicida-

de, que também pode ser alterada pelo juiz, caso este julgue necessário (Art. 537,

§ 1º, CPC).

b) Impossibilidade de realização da prestação:

O objetivo da multa é forçar o devedor a cumprir a obrigação. Com isso, pres-

supõe-se que seu adimplemento seja possível em sua forma originária. Caso seja

observada a impossibilidade de que a prestação seja cumprida, ainda que por culpa

do devedor, a multa coercitiva não terá mais sentido.

Caso a inviabilidade ocorrer após a determinação da multa, a vigência desta

prevalecerá até o momento em que o cumprimento da prestação tornou-se inviá-

vel.

c) Exigência da multa:

A multa pode ser exigida por um procedimento de execução de quantia certa.

Uma vez que a sentença que a institui é genérica, é necessária a prévia liquidação

(via de regra pelo procedimento comum), uma vez que fatos novos deverão ser

provados.

Porém, se o credor possuir todas as informações necessárias para demonstrar

o descumprimento da obrigação pelo devedor, bem como as datas de início e fim

da aplicação da multa já fixada, ele poderá calcular o quantum e apresentar sua

memória de cálculo ao instruir a execução por quantia certa, nos termos do Art.

798, I, b do CPC.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 43 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Execução de Obrigação de Fazer Fungível

Com a citação do devedor tem início a execução do título extrajudicial, quando

se inicia o prazo, fixado pelo juiz, para que a obrigação de fazer seja satisfeita (Art.

815 do CPC). Esse prazo não é fixo e pode ser determinado pelo juiz, pela lei ou

mesmo pelo contrato das partes. Se não houver nenhuma determinação prévia que

indique esse prazo, ao início da execução, o juiz deverá estipulá-lo no ato em que

ordenar a citação.

Com a citação, portanto, inicia-se a contagem de dois prazos distintos, quais

sejam:

• O prazo indicado pelo juiz para que a obrigação seja cumprida. É possível que

o juiz fixe (a pedido ou de ofício) multa periódica para o não cumprimento; e

• Um prazo de 15 dias para que o devedor oponha embargos, que corre inde-

pendente do cumprimento ou não da obrigação dentro do prazo citado ante-

riormente.

Caso o devedor cumpra a obrigação no prazo determinado na citação, o proces-

so executivo será extinto, conforme preconiza o Art. 924, II do CPC.

Por outro lado, se o devedor se mantiver inadimplente, tratando-se de uma

obrigação fungível, o devedor poderá optar por:

a) Providenciar a prestação da obrigação por um terceiro, às custas do devedor;

b) Converter a obrigação em indenização por perdas e danos. Nesse caso o va-

lor deve ser apurado em liquidação, nos termos dos Arts. 509 a 512 do CPC para,

posteriormente, prosseguir com a execução por quantia certa.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 44 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

a) Realização da prestação por terceiros

Se o credor preferir solicitar que um terceiro cumpra a obrigação no lugar do de-

vedor ele deve apresentar, junto da inicial, uma ou mais propostas de interessados

em realizar o serviço, uma vez que a proposta seja aprovada pelo juiz, o termo será

lavrado nos autos, para que se proceda com a formalização do contrato.

É possível que o exequente adiante as quantias previstas na proposta aprovada

pelo juiz, com o fim de viabilizar a prestação do serviço, nos termos do Parágrafo

único do Art. 817 do CPC.

A partir desse ponto, a obrigação de fazer se converterá em um equivalente

econômico e a execução, quando for o caso, passará a ser por quantia certa.

Após o término do serviço, as partes serão ouvidas no prazo de 10 dias e possí-

veis impugnações deverão ser solucionadas de plano. Caso não haja impugnações

(ou após a resolução destas) o juiz declarará a obrigação cumprida, o que dará fim

à execução.

Para recuperar os valores adiantados pelo terceiro que executou o serviço, será

executado o valor gasto, acrescido de custas processuais e honorários advocatícios,

por meio de uma execução por quantia certa, nos próprios autos.

b) Inadimplência do terceiro

Caso o terceiro não preste o serviço no prazo convencionado, ou o realize de

maneira incompleta ou defeituosa, o credor pode requerer ao juiz, no prazo de 15

dias, autorização para concluir ou reparar o serviço, às custas do terceiro (Art. 819

do CPC).

Nessa hipótese, será estabelecido um incidente processual, em que figurarão o

credor (exequente) e o terceiro contratado para a realização do serviço. Uma vez

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 45 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

constatada a inexecução, será feita uma perícia para se apurar o valor despendido

para a conclusão ou reparo do serviço, que deverá ser pago pelo terceiro ao exe-

quente (Art. 819, Parágrafo único, CPC).

c) Urgência na realização do serviço inadimplido

É possível que o credor realize ele mesmo o serviço pendente, objeto do título

inadimplido, bastando que se caracterize urgência. A previsão está no Art. 249,

Parágrafo único, do Código Civil:

Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo exe-
cutar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização
cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autori-
zação judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. (Grifos
nossos).

Muito mais simples, portanto, a previsão do CC, no artigo supracitado, do que a

que o CPC nos apresenta no Art. 820. Vejamos:

Art. 820. Se o exequente quiser executar ou mandar executar, sob sua direção e vigi-
lância, as obras e os trabalhos necessários à realização da prestação, terá preferência,
em igualdade de condições de oferta, em relação ao terceiro.
Parágrafo único. O direito de preferência deverá ser exercido no prazo de 5 (cinco) dias,
após aprovada a proposta do terceiro. (Grifos nossos).

Assim, pode-se perceber que há a possibilidade de que o credor tome a iniciati-

va e execute, ou mande executar, o serviço objeto do título executivo inadimplido,

sem que precise obter prévia autorização judicial, bastando para tanto um único

requisito que é a urgência do serviço.

Uma vez caracterizada a urgência na execução da obra ou serviço, o credor não

necessitará da prévia autorização judicial e, muito menos da autorização do deve-

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 46 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

dor, para providenciar a execução do serviço devido. Basta, portanto, comprovar

seu custo e exigir o ressarcimento do devedor que, estando em mora, não poderá

recusar-se a reembolsar o custo comprovado ou questionar a iniciativa.

O que é possível ao devedor alegar é que não havia urgência no serviço que jus-

tificasse a execução pelo credor. Comprovada a falta de urgência, o devedor poderá

exigir a apuração do custo normal da prestação do serviço e reembolsara apenas

este valor, excluindo-se quaisquer custos adicionais com a urgência na prestação.

O Art. 251, Parágrafo único do Código Civil prevê uma autorização similar a

vista no Art. 249 do mesmo CC, mas no que se refere à obrigação de não fazer.

Nesse caso, é prevista a autorização de desfazer o que o devedor tenha feito em

descumprimento à sua obrigação de não fazer. Como no caso do Art. 249, aqui o

credor não necessita de prévia autorização judicial para promover o desfazimento,

bastando que comprove a urgência.

A importância da urgência, nesse caso, se deve ao fato de que o credor vai

desfazer um serviço ou obra feita pelo devedor. Portanto, caso a urgência não seja

comprovada, não se justificará a medida e poderá até mesmo ser considerado

agressão ao patrimônio de terceiros.

Execução de Obrigação de Fazer Infungível

Como vimos, na obrigação de fazer infungível não é possível que um terceiro

cumpra a prestação inadimplida pelo devedor. Nesse caso, o credor poderá reque-

rer que o juiz determine um prazo para que o devedor cumpra sua obrigação, in-

clusive impondo multa para coagi-lo. Mas se o devedor, ainda assim, permanecer

inadimplente, a única opção que restará ao credor será a de converter a obrigação

de fazer em perdas e danos e prosseguir com uma execução por quantia certa.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 47 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Para que se proceda para a execução forçada por quantia certa, é preciso que as

perdas e danos sejam liquidadas e o quantum seja determinado, caso o título não

determine o valor da indenização.

Execução de Obrigações de não Fazer

A execução de obrigação de não fazer é possível quando o devedor de uma

prestação negativa pratica ao ato que se comprometeu a abster-se. O que inicial-

mente se tratava de uma obrigação negativa, uma vez inadimplida, torna-se uma

obrigação positiva, de desfazer o que não deveria ter feito.

Assim, ao se executar uma obrigação de não fazer, na verdade se estará exe-

cutando uma obrigação de fazer, que no caso é desfazer o que não poderia ter sido

feito por força do título executivo.

Por exemplo, se um devedor de uma obrigação de não construir em um deter-

minado local o faz, a execução será de promover a demolição da edificação.

Caso o desfazimento seja possível, como no exemplo da demolição, o juiz pode de-

terminar um prazo para que o devedor o providencie, inclusive estipulando multa peri-

ódica. Mas se o desfazimento não for possível, como no caso de uma obrigação de não

executar determinada atividade, a única possibilidade será a conversão da obrigação

inadimplida em perdas e danos, como no caso da obrigação de fazer infungível.

Execução contra a Fazenda Pública

Bens públicos, como aqueles pertencentes à União, ao Estado e ao Município

são, por força de lei, impenhoráveis. O efeito dessa limitação é a impossibilidade

de se executar a Fazenda Pública nos moldes comuns, por meio de penhora e ex-

propriação.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 48 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Uma novidade do CPC/15 é a previsão da possibilidade de execução da Fazenda

Pública, o que não existia na lei anterior. A validade dessa previsão foi amplamente

discutida, resultando, inclusive, na Súmula n. 279 do STJ, que determina que “é

cabível execução por título extrajudicial contra a Fazenda Pública”.

O argumento de que uma execução contra a Fazenda Pública seria inconstitu-

cional foi combatido com base no Art. 100 da Constituição Federal, que regula os

pagamentos por precatórios, em virtude de “sentenças judiciais”.

O Art. 910 do CPC trata, justamente, da execução contra a Fazenda Pública por

título executivo extrajudicial e determina que esta deverá ser citada no prazo de

30 dias para opor embargos, nos quais poderão ser alegadas quaisquer matérias

de direito que lhe seja lícito utilizar como defesa no processo e conhecimento (art.

910, § 2º, CPC).

Caso não sejam opostos embargos, ou transite em julgado a decisão que os

rejeitar, será expedido precatório ou requisição de pequeno valor, em favor do exe-

quente, nos termos do Art. 100 da CF/1988 (Art. 910, § 1º, CPC).

O processamento dos embargos não apresenta nenhuma particularidade, quan-

to ao seu processamento, devendo ser aplicadas as mesmas regras referentes ao

cumprimento de sentença, que estudamos na Aula 13, exceto o fato de que a de-

fesa deve ser feita por meio dos Embargos e não Impugnação.

Regime de Precatórios

Precatório é um instrumento que representa uma requisição de pagamento de

valores que a Fazenda Pública tenha sido condenada, em processo judicial.

Como dito, o regime jurídico dos precatórios é regulado pelo Art. 100 da CF/1988

e fundamenta-se no princípio da impenhorabilidade dos bens públicos e tem como

objetivo evitar a sujeição da Fazenda Pública ao processo ordinário de execução.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 49 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

É necessário que seja feita a inclusão, no orçamento das entidades de direito

público, das verbas necessárias para que possam ser pagos os precatórios apre-

sentados ao Tribunal que proferir a decisão executada, até o dia primeiro do mês

de julho do exercício vigente. O pagamento deverá ser feito até fim do exercício

seguinte e o valor deverá ser atualizado monetariamente.

Em relação ao pagamento de precatórios, o Art. 100, caput, da CF/1988, deter-

mina que:

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital
e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida
a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicio-
nais abertos para este fim.

Ou seja, os pagamentos serão feitos apenas à conta dos créditos respectivos.

Já a ordem de pagamento dos precatórios deve seguir a ordem cronológica

de apresentação dos ofícios requisitórios do pagamento no protocolo do tribunal

que prolatar a decisão a ser executada, também conforme o Art. 100, caput, da

CF/1988. O objetivo dessa regra é evitar favorecimentos indevidos ou perseguições

injustas.

a) Débitos de Natureza Alimentícia

A Constituição Federal prevê uma exceção à regra da ordem de pagamento vista

no caput do Art. 100, que é no que se refere a débitos de natureza alimentícia, que

são aqueles decorrentes de (Art. 100, § 1º, CF/1988):

I – salário;

II – vencimentos;

III – proventos;

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 50 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

IV – pensões e suas complementações;

V – benefícios previdenciários;

VI – indenizações por morte ou invalidez, fundadas em responsabilidade civil,

em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

Esses débitos terão preferência sobre todos os demais débitos, mas entre eles

também deverá ser seguida a ordem de pagamento.

O que ocorre, porém, é que, mesmo dentro do grupo preferencial dos débitos

de natureza alimentícia há uma regra de preferência, prevista no Art. 100, § 2º da

CF/1988. O grupo que goza dessa preferência adicional é o dos débitos de natureza

alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham:

a) Idade igual ou superior a 60 anos de idade;

b) Portadores de doença grave;

c) Pessoas com deficiência.

Assim, um resumo da ordem de pagamento dos precatórios pode ser resumido

da seguinte forma:

1º Grupo (Art. 100, § 2º, CF/1988):


• Débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 anos ou mais,

sejam portadores de doença grave ou de deficiência.

2º Grupo (Art. 100, § 1º, CF/1988):


• Débitos de natureza alimentícia que não se enquadrem no 1º Grupo.

3º grupo:
• Demais débitos.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 51 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Uma importante observação deve ser feita no que diz respeito ao 1º Grupo de

prioridades: a prioridade no pagamento dos débitos desse grupo é válido apenas

para valores até o equivalente ao triplo do que a lei fixar como pequeno valor. É ad-

mitido, porém, o fracionamento do valor total, tendo prioridade a parte que se en-

quadrar nessa limitação e o saldo sendo pago na ordem cronológica do precatório.

Outro fator a ser observado é que, dentro de cada grupo de prioridade, a ordem

de pagamento seguirá a ordem cronológica.

Requisição de Pequeno Valor

Créditos que a lei defina como de pequeno valor não se submetem ao regime de

precatórios e estão previstos no Art. 100, § 3º da CF/1988:

Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital
e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem
cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida
a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicio-
nais abertos para este fim.
[...]
§ 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se
aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as
Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado.

Considera-se como pequeno valor, débitos de até 60 salários mínimos para a

Fazenda Federal, enquanto para as Fazendas dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, o Art. 100 § 4º da CF/1988 permite que leis próprias fixem o valor de

referência, não podendo, porém, ser inferior ao valor do maior benefício do regime

geral de previdência social.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 52 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Importante salientar que quando o valor da execução ultrapassar o que é con-

siderado como obrigação de pequeno valor, o pagamento deverá ser feito, neces-

sariamente por expedição de precatório. O credor pode, entretanto, renunciar ao

valor que exceda o limite do que é considerado como pequeno valor, objetivando

a dispensa do precatório e o enquadramento no regime de requisição de pequeno

valor. O fracionamento do crédito, porém, não é permitido, de maneira que o credor

não pode incluir parte do débito no regime de pequeno valor e o saldo restante por

expedição de precatório.

Pagamento

A requisição de pequeno valor deverá ser expedida pelo juiz da causa ao repre-

sentante do órgão competente, por meio de ofício, enquanto o pagamento deve ser

feito dentro do prazo determinado por lei, em parcela única.

Para a Fazenda Federal, o pagamento deve ser feito em, no máximo, 60 dias, a

contar da entrega da requisição à autoridade competente, como determina o Art.

17, § 1º da Lei n. 10.259/2001.

Não ocorrendo o pagamento, cabe ao juiz da execução determinar o sequestro

da verba necessária para que seja feito o pagamento da dívida.

Liquidação da Sentença

Como sabemos, é necessário um título executivo líquido para que se proceda

com o processo de execução. Mas o que vem a ser esse título líquido? É justamen-

te um título executivo que contenha o valor da obrigação ou a quantidade de

bens devidos, devendo o quantum estar indicado no próprio título. Aceita-se, no

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 53 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

máximo, a necessidade de simples cálculos aritméticos para se determinar seu

valor. Qualquer esforço adicional para que se possa encontrar o valor da obrigação

constante no título o caracteriza como ilíquido.

Um título executivo extrajudicial deve sempre ser líquido para ser executável,

uma vez que não há a previsão de liquidação nesse caso. Uma sentença, por sua

vez, pode ser ilíquida como, muitas vezes, é o caso. Para que se passe para a fase

de execução da sentença (título executivo judicial), é necessário que se defina o

quantum, ou seja, seu valor, e esta é justamente a liquidação da sentença, que

estudaremos a seguir.

Com isso, ao se terminar a fase cognitiva, com uma sentença condenatória ilí-

quida, antes de se iniciar a fase de cumprimento de sentença (execução da senten-

ça), deverá ser cumprida uma etapa intermediária, a liquidação de sentença.

Via de regra, o processamento da liquidação de uma sentença se faz nos pró-

prios autos da ação condenatória. O Código Civil prevê duas modalidades de liqui-

dação de sentença, a Liquidação por arbitramento (Art. 509, I, CPC) e o Procedi-

mento comum (Art. 509, II, CPC).

A liquidação de sentença, por se tratar apenas de uma fase do processo, não

exige a citação do devedor, mas apenas a intimação deste, por intermédio de seu

advogado, para acompanhá-la, conforme prevê os Arts. 510 e 511 do CPC. Já no

caso de réu revel, a intimação é desnecessária, nos termos do Art. 346 do CPC.

Atenção, entretanto, para o caso da liquidação de sentença penal condenatória,

arbitral ou estrangeira. Nessas hipóteses, uma vez que não houve um processo civil

de conhecimento anterior à sentença, é necessária a citação do devedor, por ser

seu primeiro contato com o juízo cível.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 54 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Liquidação por Arbitramento

Conforme o CPC (Art. 509, I), a liquidação por arbitramento ocorrerá quando:

I – determinado por sentença;

II – convencionado pelas partes;

III – a natureza do objeto da liquidação assim o exigir.

Na primeira hipótese, se a liquidação da sentença por arbitramento for determina-

da pela própria sentença condenatória, caberá ao credor apenas cumprir a deter-

minação judicial.

Já a convenção das partes pelo procedimento de liquidação por arbitramento

pode advir de cláusula contratual anterior à sentença condenatória ou de acordo

posterior.

Finalmente, será o caso de liquidação por arbitramento sempre que a natureza

da prestação o exigir. Será admitido não apenas em casos de obrigação por quantia

certa, mas também em condenações de entregar coisa e de fazer.

Nas liquidações por arbitramento o juiz pode intimar as partes para apresenta-

rem parecer ou documentos necessários, no prazo em que ele fixar. Caberá tam-

bém ao juiz, caso julgue necessário, nomear perito, observando o procedimento da

prova pericial. A avaliação pericial não é obrigatória, sendo possível o julgamento

da liquidação de plano, após a análise da documentação apresentada, desde que

o juiz entenda possuir todos os elementos necessários para a proferir sua decisão

(Art. 510, CPC).

Ao final do procedimento de liquidação por arbitramento, será proferida a deci-

são interlocutória, em que será definido o objeto da condenação.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 55 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Liquidação pelo Procedimento Comum

Será o caso de liquidação pelo procedimento comum sempre que houver a ne-

cessidade de se alegar ou provar algo novo, conforme Art. 509, II do CPC.

Nesse caso, o credor deverá discriminar, em petição, os fatos a serem provados

e que servirão de base para a liquidação. Não é cabível a discussão ampla de qual-

quer fato indicado pela parte, mas, tão somente, os fatos que possuam influência

na fixação do valor da condenação ou na individualização do seu objeto. Em hipó-

tese alguma será possível discutir fatos que digam respeito à lide que tenha sido

decidida na sentença de condenação, conforme determina o Art. 509, § 4º do CPC.

Tanto o autor quanto o réu possuem interesse na fixação do valor da condena-

ção. Com isso, em sua defesa, o devedor pode impugnar a inclusão de verbas que

julgue indevidas, bem como fatos irrelevantes para a apuração do valor, além de

poder incluir fatos relevantes que não tenham sido invocados pelo promovente e

que podem influenciar na liquidação da condenação.

Liquidação Provisória

É admitida a liquidação provisória sempre que for admitida a execução provisó-

ria. Se houver recurso pendente, sem efeito suspensivo, o credor poderá promover

a execução e, caso a sentença seja ilíquida, a liquidação para apurar o valor da

obrigação. Se o recurso for provido, tanto a execução quanto a liquidação ficarão

sem efeito e as partes serão restituídas à situação anterior.

É possível ainda, conforme o Art. 512 do CPC, que seja promovida a liquidação

da sentença, mesmo que haja recurso com efeito suspensivo pendente. O funda-

mento é que a liquidação não equivale à execução e não constitui em nenhuma

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 56 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

satisfação da obrigação. Portanto, mesmo que a execução não possa ter início, é

possível se proceder com a liquidação com o intuito de se ganhar tempo. Nessa

hipótese, porém, a liquidação será feita por conta e risco daquele que a propuser,

correndo o risco de reversão do julgamento com a subsequente perda das despesas

realizadas.

Sentenças Ilíquidas

Existem casos em que a sentença ilíquida é expressamente vedada pelo legisla-

dor, como disposto no Art. 491 do CPC, que determina que na ação relativa à obri-

gação de pagar, mesmo que formulado pedido genérico, a sentença definirá desde

logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de juros, o

termo inicial (de ambos) e a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso.

As exceções previstas no Art. 491 são:

I – Quando não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido

(Art. 491, I, CPC);

II – Quando a apuração do valor devido depender da produção de prova de re-

alização demorada ou excessivamente dispendiosa (Art. 491, II, CPC).

Assim, mesmo em casos em que são admitidos os pedidos genéricos, como

previstos no Art. 324, § 1º do CPC, a sentença deverá ser líquida, salvo nos casos

citados anteriormente.

O CPC trata ainda, no Art. 509, § 1º, da possibilidade de haver sentença parcial-

mente ilíquida, em que o credor pode promover, concomitantemente, a liquidação

da parte ilíquida e a execução da parte líquida, esta em autos apartados.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 57 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Liquidação por Cálculo

Se a obtenção do valor da sentença (o quantum debeatur) depender de simples

cálculos aritméticos, não será necessária a liquidação da sentença. Nesse caso, ca-

berá ao credor, no momento em que requerer a execução, apresentar sua memó-

ria de cálculo detalhada, que indique os itens da cobrança de forma especificada,

incluindo os acréscimos de correção monetária, juros e outros que tenham sido

fixados na sentença, conforme determina o CPC, no Art. 524.

Caso sejam necessários dados adicionais, que estejam em poder do devedor, o

juiz poderá requisitá-los, a pedido do credor, fixando um prazo de até 30 dias para

o cumprimento da diligência (Art. 524, § 4º, CPC). Se os dados referidos no § 4º

não forem entregues, sem justificativa, no prazo determinado, serão considerados

corretos os cálculos apresentados pelo credor, apenas com base nos dados de que

dispõe (Art. 524, § 5º, CPC).

Liquidação no Curso da Execução

Em regra, a liquidação ocorre entre a fase de conhecimento e a executória, mas

existem casos em que a liquidação é desnecessária antes da execução, mas se faz

indispensável em seu curso. Nesses casos ocorrerá a liquidação incidente.

Um exemplo dessa possibilidade é quando não é mais possível a execução de

uma obrigação e é necessário converter em perdas e danos. Nesse caso, a obriga-

ção que era líquida se tornará ilíquida, uma vez que se faz necessária a apuração

das perdas e danos.

Cabe ao exequente, na liquidação incidente, indicar os danos que devam ser

ressarcidos, e ao juiz determinar as provas necessárias para sua comprovação. Ao

fim será proferida uma decisão interlocutória que indicará o valor da obrigação e a

execução seguirá, nos termos do Art. 523 do CPC.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 58 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Julgamento da Liquidação

O julgamento da liquidação será feito por meio de decisão interlocutória, uma

vez que se trata apenas de uma fase intermediária entre a condenatória e a exe-

cutiva.

Com isso, o recurso cabível para impugnar essa sentença é o agravo de instru-

mento, conforme prevê o Art. 1.015, Parágrafo único do CPC.

Para proferir a sentença, o juiz deverá examinar a pretensão do requerente, no

caso a declaração do quantum. Caso tenham sido colhidos elementos suficientes e

produzidas as provas necessárias no decorrer da liquidação, ele declarará líquida a

obrigação.

Cumprimento da Sentença

O cumprimento da sentença se trata da execução fundada em título executivo

judicial. Os títulos judiciais são as sentenças condenatórias em obrigação de fazer

ou não fazer (Art. 497, CPC), de entregar coisa (Art. 498, CPC), de pagar (Arts. 523

e ss., CPC), de prestar alimentos (Arts. 528 e ss., CPC) e de pagar quantia certa

contra a Fazenda Pública (arts. 534 e ss., CPC).

Uma vez proferida a sentença condenatória líquida, ou a liquidação da sentença

ilíquida, caso não haja o adimplemento espontâneo da obrigação, o juiz determina-

rá as medidas necessárias para a satisfação das obrigações do devedor para com

o credor.

Se tratando de obrigação fungível, o juiz pode determinar medidas coercitivas

ou de sub-rogação, mas caso se trate de obrigação infungível, caberão apenas

medidas coercitivas, uma vez que a obrigação não pode ser prestada por terceiros.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 59 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

O Art. 536, § 1º do CPC elenca as principais medidas coercitivas, quais sejam:

• Imposição de multa;

• Busca e apreensão;

• Remoção de pessoas e coisas;

• Desfazimento de obras;

• Impedimento de atividade nociva.

Ressalte-se ainda que, sempre que necessário, poderá ser utilizada a força po-

licial para o cumprimento da medida coercitiva determinada pelo juiz (Art. 536, §

1º, in fine, CPC).

Caso não seja possível o cumprimento específico da obrigação, ou de provi-

dência que gere resultado equivalente, e tendo sido ineficazes as medidas deter-

minadas, haverá a conversão em perdas e danos. A conversão também é possível

mediante requerimento do credor.

Requisitos do Cumprimento de Sentença

Os requisitos fundamentais do cumprimento de sentença são a existência de um

título executivo judicial e o inadimplemento do devedor.

Após a constituição do título (a sentença condenatória), é garantido ao devedor

um prazo de 15 dias para o adimplemento voluntário da obrigação. Efetuando o

pagamento, o devedor restará desobrigado e a obrigação cumprida, não cabendo

a ação executiva.

Multa para Pagamento Fora do Prazo de 15 Dias

O Art. 523, § 1º do CPC prevê uma multa de 10% para o pagamento feito após o

prazo de 15 dias, que incidirá sobre o valor da condenação, o que inclui o principal,

acrescido de juros, correção monetária, custas e honorários sucumbenciais.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 60 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Além da referida multa, ao se iniciar a execução o débito terá o acréscimo de

novos honorários advocatícios para a fase executória, no valor equivalente a 10%

do débito.

Início da Fase Executória

O credor deve dar início à fase de cumprimento de sentença, bastando, para

tanto, apresentar a petição que requeira a intimação do devedor para efetuar o pa-

gamento do débito dentro do prazo de 15 dias. Caso o devedor não pague o débito

dentro do prazo determinado, terá início a fase de cumprimento de sentença, que

inclui a expedição de mandado de penhora e avaliação de bens.

Essa petição não se trata de uma petição inicial, uma vez que não se iniciará um

novo processo, com isso os requisitos do Art. 319 do CPC não precisam ser atendi-

dos. O que é preciso nessa petição, entretanto, é a apresentação de demonstrativo

discriminado e atualizado do cálculo do débito, de maneira que indique os itens que

a compõem, de acordo com o Art. 524 do CPC; o recolhimento das custas iniciais

da execução, quando exigido; e a indicação, sempre que possível, dos bens que

deseja ver penhorados.

Prescrição

Caso o credor fique inerte e não promova a execução, os autos serão remetidos

ao arquivo. Será possível, porém, que o credor dê início ou continuidade ao cum-

primento da sentença a qualquer momento, desde que não ocorra a prescrição.

O cumprimento da sentença, ou a execução de título executivo judicial, não se

trata de um processo, mas sim de uma fase de um processo já existente, com isso

é admitida a prescrição intercorrente, por verificar-se no curso de um processo e

não antes.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 61 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Constituído o título executivo (a sentença), o credor tem um prazo para promo-

ver a execução. De acordo com a Súmula n. 150 do STF, a prescrição da execução

se dá no mesmo prazo que a condenatória, ou seja, o prazo que o autor tinha para

promover a ação ele terá para executar e, caso não o faça nesse prazo haverá a

prescrição intercorrente.

Há a possibilidade de que o credor promova a execução, mas a abandone. Se

isso ocorrer, o prazo de prescrição intercorrente voltará a correr.

Porém, se o credor promover a execução, mas nenhum bem for localizado para

penhora, ocorrerá a suspensão da execução por um ano, mas sem que corra o

prazo de prescrição, uma vez que a suspensão não se deu por inércia do credor.

Decorrido esse prazo, cabe ao credor tomar as medidas cabíveis para tentar locali-

zar bens penhoráveis do devedor. Após essa suspensão de um ano, se o exequente

não tomar as medidas cabíveis, os autos serão arquivados e o prazo de prescrição

intercorrente começará a correr, nos termos do art. 921, §§ 1º, 2º e 4º.

Fase Expropriatória

O procedimento do cumprimento de sentença é idêntico ao da execução de tí-

tulo executivo extrajudicial, no que diz respeito à fase expropriatória. Tudo o foi

estudado sobre a expropriação no processo de execução se aplicará, também, ao

cumprimento de sentença.

Defesa do Executado no Cumprimento de Sentença

A principal defesa cabível ao executado, no cumprimento de sentença, é a im-

pugnação, ainda que sejam admitidas em caráter excepcional as exceções e obje-

ções de pré-executividade.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 62 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

A seguir, trataremos detidamente da defesa do executado e de suas caracterís-

ticas, o que nos permitirá ter uma visão completa de todo o processo de cumpri-

mento de sentença.

Impugnação

A impugnação, ao contrário dos embargos, não se trata de uma ação autônoma,

mas sim um incidente da fase de cumprimento de sentença. Não é o caso, também,

de uma ação incidental, mas de um incidente processual, que deverá ser julgado

por decisão interlocutória.

A única possibilidade em que a impugnação se tratará de uma ação incidental

será quando ela tiver como objeto a declaração de extinção ou inexistência do dé-

bito. Isso se dá pelo fato de que se o juiz emitir essa declaração, sua decisão terá

força de coisa julgada material. Nesse caso, ele não cuidará de decidir questões

processuais apenas, mas o direito material do crédito que funda a execução.

Para as alegações previstas no Art. 525, I a VI do CPC, a impugnação terá na-

tureza de mero incidente, enquanto no caso do inciso VII do mesmo artigo, será o

caso de uma ação incidente.

Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-
-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora
ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:
I – falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II – ilegitimidade de parte;
III – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
IV – penhora incorreta ou avaliação errônea;
V – excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII – qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento, novação,
compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 63 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Qualquer que seja o caso, o processamento da impugnação se fará nos próprios

autos da execução e não em apenso ou em apartado.

Prazo

O devedor terá, inicialmente, o prazo de 15 dias para efetuar o pagamento vo-

luntário do débito. Importante ressaltar que nesse momento ainda não teve início

a fase de cumprimento de sentença, o que não chegará a ocorrer em caso de pa-

gamento voluntário.

Findo esse prazo inicial de 15 dias para o pagamento, abre-se um segundo pra-

zo, também de 15 dias, para que o devedor ofereça sua impugnação, nesta que já

é a fase de cumprimento de sentença.

Importante ressaltar que, em caso de litisconsórcio com advogados diferentes,

o prazo para a impugnação será dobrado, nos termos do Art. 229 do CPC.

Efeito Suspensivo

A impugnação não possui, em regra, efeito suspensivo, o que significa que a

execução prossegue normalmente durante seu processamento, podendo, inclusive,

chegar a fase de expropriação.

Porém, é possível que o juiz conceda, em caráter excepcional, o efeito suspen-

sivo à impugnação, desde que cumpridos os seguintes requisitos, como preconiza

o Art. 525, § 6º do CPC:

I – Requerimento do impugnante;

II – Garantia do juízo com penhora, caução ou depósito suficientes;

III – Fundamentação relevante;

IV – Que o prosseguimento da execução possa causar ao executado grave dano

de difícil reparação.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 64 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

De acordo com o § 7º do Art. 525 do CPC, a eventual concessão de efeito sus-

pensivo não impede a efetivação de atos de substituição, reforço ou redução de

penhora e avaliação de bens do executado.

Matérias Alegáveis

Ao contrário da execução por títulos executivos extrajudiciais, em que não exis-

tem restrições quanto às defesas alegáveis nos embargos, no cumprimento de

sentença a impugnação possui limitações.

O motivo da maior liberdade das defesas alegáveis nos embargos se baseia no

fato de que a execução de um título extrajudicial não foi precedida por um proces-

so anterior, como no cumprimento de sentença. Assim, a impugnação possui essa

restrição, justamente por já ter havido um processo anterior.

O Art. 525, § 1º do CPC apresenta o rol de defesas que podem ser alegadas na

impugnação, quais sejam:

I – Falta ou nulidade de citação se, na fase de conhecimento, o processo

correu à revelia

Como o processo é um só, há apenas uma citação, feita na fase de conheci-

mento. Se não houve a citação ou ela foi nula, quando o réu permanecer revel, a

sentença ou acórdão proferido contra ele será ineficaz. Uma vez que a sentença é

um título executivo judicial, sendo a sentença ineficaz, será também o título exe-

cutivo judicial.

Ao tomar conhecimento da execução, o executado poderá impugná-la e, se aco-

lhida, ver o título executivo ser reconhecido como ineficaz. Nesse caso, o juiz deve

determinar que o processo retorne à fase de conhecimento, garantindo ao réu a

oportunidade de oferecer sua contestação.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 65 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

II – Ilegitimidade da parte

Aqui o executado alega a ilegitimidade da parte, como por exemplo, quando o

credor executar um fiador que não participou da fase cognitiva. Nesse caso, não

há uma sentença contra ele a ser cumprida, sendo assim, uma parte ilegítima da

execução.

III – Inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação

Além da legitimidade das partes, é necessário interesse de agir, e em um título

inexequível ou uma obrigação inexigível não há o interesse de agir. Existem diver-

sos motivos para um título ser inexequível ou a obrigação inexigível, mas seja qual

for a razão, caracterizando-se um desses casos o executado poderá alegá-lo na

impugnação.

O Art. 525, § 12 do CPC menciona uma das possibilidades de inexigibilidade do

título ao afirmar que “considera-se também inexigível a obrigação reconhecida em

título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado inconstitucio-

nal pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei

ou do ato normativo tido pelo STF como incompatível com a Constituição Federal,

em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso”.

É importante ressaltar que, para que a sentença seja reconhecida como inexigí-

vel é importante que a declaração de inconstitucionalidade seja anterior ao trânsito

em julgado. Sendo posterior, caberá apenas ação rescisória dentro do prazo de dois

anos, a contar do trânsito em julgado da decisão proferida pelo STF, em controle

concentrado ou difuso de constitucionalidade, e não do trânsito em julgado da sen-

tença.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 66 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

IV – Penhora incorreta ou avaliação errônea

A impugnação pode ser anterior ou posterior à penhora e avaliação do bem. A

forma de se alegar erros é a impugnação, quando a penhora e avaliação já houver

sido feita, ou em simples petição, no prazo de 15 dias, caso a impugnação ocorra

antes da penhora e avaliação. O prazo de 15 dias é contado da comprovada ciência

do fato ou da intimação do ato, conforme determina o Art. 525, § 11 do CPC.

V – Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções

Quando o credor postula valores ou prestações que excedam ao que seja real-

mente devido, ocorre o excesso. O CPC elenca as hipóteses no Art. 917, § 2º:

I – O exequente pleiteia quantia superior à do título;

II – Ela recai dobre coisa diversa daquela declarada no título;

III – Ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título;

IV – O exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adim-

plemento da prestação do executado;

V – O exequente não prova que a condição se realizou.

Alguns doutrinadores criticam as duas últimas hipóteses, alegando tratar-se de

inexigibilidade do título e não de excesso de execução, mas seja como for, trata-se

de matéria alegável na impugnação.

Já a cumulação indevida de execuções se dá quando existem pretensões exe-

cutivas cumuladas, sem que as exigências do Art. 327 do CPC sejam observadas:

Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários
pedidos, ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I – os pedidos sejam compatíveis entre si;
II – seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III – seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 67 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será ad-
mitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do em-
prego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a
que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as
disposições sobre o procedimento comum.
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.
No excesso de execução, é fundamental que o executado declare na impugnação o va-
lor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu
cálculo, conforme determina o art. 525, § 4º do CPC.
Caso o executado não cumpra essa exigência e apresente a impugnação unicamente por
excesso de execução, sem demonstrar os cálculos e o valor que julgue correto, o juiz a
rejeitará liminarmente. Se houverem outros fundamentos, o juiz receberá a impugna-
ção, mas não examinará o excesso de execução.
Finalmente, cabe ressaltar uma importante distinção entre o excesso de execução e o
excesso de penhora. Primeiramente, o que pode ser alegado na impugnação é o excesso
de execução, ou seja, a cobrança de valores ou prestações superiores ou diferentes do
que consta no título executivo judicial.
No excesso de penhora, o que há é uma penhora que recaia sobre bens de valor supe-
rior ao débito. Nesse caso não é necessária a impugnação, mas apenas que as partes
postulem a redução àquilo que seja suficiente para a garantia do crédito, o que pode ser
feito a qualquer tempo.

VI – Incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução

A alegação de incompetência absoluta ou relativa do juízo deve ser feita na im-

pugnação. No caso de um título que consista em uma sentença civil condenatória

é muito difícil que caiba a alegação de incompetência, uma vez que ela deveria ter

sido alegada na fase de conhecimento. Porém, se tratando de um título executivo

judicial de outra espécie, como uma sentença arbitral, sentença penal condenatória

etc., a incompetência deve ser alegada em impugnação.

A suspeição ou o impedimento do juiz, por sua vez, devem ser alegados por

simples petição, conforme o disposto nos Arts. 146 e 148 do Código de Processo

Civil.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 68 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

VII – Qualquer causa modificativa ou extintiva da obrigação, desde que

superveniente

Trata-se de uma possibilidade em que a matéria será analisada e, por isso, terá

natureza de ação incidente e não de um mero incidente processual.

Nesse caso, a impugnação discutirá a existência do débito em casos em que te-

nham ocorrido o pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, por

exemplo, desde que superveniente à sentença.

Ao acolher uma impugnação e reconhecer a inexistência do débito, o juiz deverá

extinguir a execução, por meio de uma sentença e não por decisão interlocutória.

Porém, o juiz pode acolher parte da impugnação e declarar o débito parcialmen-

te inexistente. Se for o caso, não será uma sentença, pois a execução prosseguirá

com o saldo restante, será, sim, uma decisão interlocutória.

A importância da exigência de que as causas sejam supervenientes é para impe-

dir que matérias que poderiam ter sido alegadas na fase de conhecimento o sejam

na impugnação. Se a matéria poderia ter sido alegada na fase de conhecimento,

mas não o foram, se aplicará o Art. 508 do CPC, que preconiza que uma vez que a

decisão de mérito tenha transitado em julgado, serão consideradas deduzidas e re-

pelidas tidas as alegações e defesas que a parte poderia opor, tanto ao acolhimento

quanto à rejeição do pedido.

Procedimento

O executado deve formular a impugnação por meio de uma petição, que deve

ser endereçada ao juízo da execução. Por não se tratar de uma petição inicial, não

é necessário que os requisitos do Art. 319 do CPC sejam atendidos, mas faz-se in-

dispensável a formulação clara e detalhada da pretensão do impugnante, incluindo

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 69 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

os fundamentos que a sustentam, que devem se enquadrar nas hipóteses previstas

pelo Art. 525, § 1º do CPC.

Caso deseje obter o efeito suspensivo, o impugnante deve o requerer em sua

petição, já que, como vimos, não é possível que o juiz o conceda de ofício.

Cabe observar que, por se tratar de mero incidente, não é exigido o recolhimen-

to de custas processuais.

O juiz, ao receber a impugnação, deverá intimar o impugnado para apresentar

sua resposta, no prazo de 15 dias, caso queira. A lei não determina esse prazo ex-

pressamente, mas entende-se que o prazo de resposta seja o mesmo concedido

para o oferecimento da impugnação, por questão de isonomia.

O próximo passo será o juiz avaliar se existem elementos suficientes para que o

incidente seja julgado. Caso existam, ele o fará, mas em caso negativo, ele deverá

determinar as provas que julgue necessárias.

A menos que, do acolhimento das alegações do devedor, resulte na extinção da

execução, o incidente sempre será julgado por decisão interlocutória. Caso o devedor

alegue alguma causa extintiva, como prescrição ou pagamento, por exemplo, se o juiz

a acolher ocorrerá a extinção da execução, que será feito por meio de sentença.

Penhora Posterior à Impugnação

Como o executado tem um prazo de 15 dias para apresentar sua impugnação,

é possível que ele o faça antes de ocorrer a penhora e avaliação de algum de seus

bens. Uma vez que a lei não prevê a possibilidade de uma nova impugnação, a so-

lução é apresentada no Art. 525, § 11 do CPC:

Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-
-se o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora
ou nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 70 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

[...]
§ 11 As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação
da impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da
avaliação e dos atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição,
tendo o executado, em qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular
esta arguição, contado da comprovada ciência do fato ou da intimação do ato. (Grifos
nossos).

Para qualquer matéria superveniente, portanto, a solução se dará por meio de

simples petição, com o prazo de 15 dias da ciência do fato ou da intimação do ato.

Este será, também, o meio para que o executado alegue eventuais vícios relativos

à adjudicação, alienação ou arrematação de bens.

Defesa do Executado na Execução de Título Executivo Extraju-


dicial

Embargos à Execução

O principal meio de defesa do executado são os embargos à execução, que se

tratam de uma ação autônoma, em que o executado pode apresentar as defesas

cabíveis.

Os embargos à execução destinam-se, especificamente, a enfrentar a execução

forçada por título executivo extrajudicial, e deve ser oposta pelo executado.

Não confundir com os embargos de terceiros, que estudaremos mais adiante,

que podem ser opostos em qualquer ação que ameace ou atinja a posse ou pro-

priedade de um terceiro, seja em um processo de conhecimento ou execução, por

exemplo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 71 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Lembre-se de que no caso de cumprimento de sentença (execução por título

executivo judicial), a defesa cabível é a impugnação e não os embargos.

a) Natureza jurídica da ação

Os embargos à execução têm natureza jurídica de ação de conhecimento, já

que seu objetivo é dar ao juiz condições de formar seu convencimento sobre o que

foi alegado, após ouvir as alegações do exequente (embargado) e do executado

(embargante).

O contraditório é amplo, sendo permitido que o embargante alegue qualquer

matéria permitida em nosso ordenamento jurídico, como defesa em processo de

conhecimento. O Art. 917, caput, incisos I a VI, do CPC elenca, em lista exemplifi-

cativa, as matérias que podem ser alegadas nos embargos:

Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:


I – inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
II – penhora incorreta ou avaliação errônea;
III – excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
IV – retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega
de coisa certa;
V – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VI – qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhe-
cimento.

Quanto às provas, quaisquer meios lícitos de provas podem ser produzidos nos

embargos à execução.

b) Legitimação

O polo ativo dos embargos à execução deve ser ocupado, necessariamente,

pelo executado, ou seja, o polo passivo da ação de execução forçada. Além dele,

pode também figurar no polo ativo terceiros com responsabilidade executiva, como

fiadores, sócios, sucessores etc., desde que tenham sido atingidos pela execução.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 72 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Um terceiro não responsável que tenha sido atingido pela execução não pode

figurar no polo ativo dos embargos à execução e deverá valer-se dos embargos de

terceiro para se defender.

O polo passivo caberá ao exequente (credor) da ação de execução.

Competência

A competência para julgar os embargos à execução é do juízo da execução e a

ação deve ser distribuída por dependência.

Ainda que a penhora seja feita por carta, os embargos deverão ser julgados no

juízo da execução, exceto se a matéria alegada na defesa se refira tão somente a

vícios na penhora, avaliação ou alienação. Nesse caso, a competência será do juízo

em que ocorreram os atos processuais alegadamente viciados.

Garantia do juízo

Ao contrário do CPC/73, o código atual dispensa a prévia garantia do juízo pela

penhora ou depósito dos bens. Nos termos do Art. 914, caput, do CPC/15, “O exe-

cutado, independente de penhora, depósito ou caução, poderá se opor à execução

por meio dos embargos”. (Grifos nossos).

Prazos

O prazo para a oposição dos embargos é de 15 dias (Art. 915, CPC), contados

de acordo com o Art. 230 do CPC. Se tratando de uma execução por carta, o mes-

mo prazo de 15 dias contará nos termos do Art. 915, § 2º do CPC.

Para os embargos, o prazo não se altera por haverem litisconsortes com advo-

gados diferentes (de escritórios distintos), uma vez que não se trata de um inciden-

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 73 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

te da execução e sim uma nova ação. O mesmo se aplica para a existência de mais
de um executado, situação em que os prazos correrão independentemente para
cada um deles, à medida que forem sendo citados e os respectivos comprovantes
de citação forem sendo juntados aos autos.

Rejeição liminar dos embargos


O Art. 918 do CPC autoriza a rejeição liminar dos embargos à execução quando:
I – Forem intempestivos;
II – A petição inicial for indeferida ou em caso de improcedência liminar do pedido;
III – Se caracterizarem como manifestamente protelatórios.
Serão intempestivos os embargos apresentados após o decurso do prazo. Em-
bargos apresentados antes da citação não são considerados intempestivos e podem
ser acolhidos, já que o comparecimento espontâneo dispensa a citação.
A segunda hipótese trata da inépcia da inicial ou em casos ligados aos pres-
supostos processuais. Primeiramente, os embargos serão rejeitados se a inicial
carecer de pedido ou de causa de pedir, bem como se ocorrerem quaisquer razões
previstas no Art. 330, § 1º do CPC. Adicionalmente, serão rejeitados os embargos
se a parte for manifestamente ilegítima (Art. 330, inciso I, CPC), o autor carecer de
interesse processual (inciso II) ou quando não forem atendidas as prescrições dos
Arts. 106 e 321 do CPC (inciso III).
Embargos manifestamente protelatórios, ou seja, aqueles que visam tão so-
mente o ganho de tempo para o executado serão liminarmente rejeitados. Além
da rejeição liminar dos embargos, restando caracterizada a intenção protelatória
desses, o Art. 774, II do CPC considera atentatória à dignidade da justiça a conduta
do executado que “se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios
artificiosos”, o que importa em multa de 20% sobre o valor atualizado da execução
(Art. 774, Parágrafo único, do CPC).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 74 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Petição inicial

Como uma ação autônoma, a petição inicial dos embargos à execução deve

atender a todas as exigências do Art. 319 do CPC, devendo o embargante formular

sua pretensão de forma fundamentada e embasada.

É necessário que se indique o valor da causa, correspondente ao benefício eco-

nômico pretendido com os embargos. Nem sempre esse valor corresponde ao va-

lor da execução, podendo ocorrer a impugnação parcial dos débitos, por exemplo.

Nessa hipótese, o valor da causa corresponderá apenas aos valores discutidos.

A instrução dos embargos deve ser feita acompanhada das peças processuais

relevantes da execução, uma vez eles são autuados em apartado.

Efeito suspensivo

Via de regra, os embargos à execução não possuem efeito suspensivo, mas,

excepcionalmente, o juiz pode concedê-lo, desde que: i) o embargante assim o

requeira; ii) estejam preenchidos os requisitos para a tutela provisória, a sa-

ber, o fumus boni iuris e o periculum in mora, ou seja, indícios do direito do

autor e o risco de que a demora cause danos graves ou de difícil reparação;

e iii) a execução esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficien-

tes. Ora, como visto, a garantia da execução não é necessária à oposição dos

embargos, mas o é para que estes possam ter efeito suspensivo.

O embargante pode requerer o efeito suspensivo na petição inicial ou a qual-

quer momento no decurso dos embargos e cabem agravos da decisão do juiz que

o defira ou não.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 75 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Resposta do embargado

Com o recebimento da petição dos embargos, o exequente deverá ser intimado

a apresentar sua impugnação no prazo de 15 dias. A citação é dispensada pois o

embargado é o autor da execução, bastando que seja intimado, na pessoa de seu

advogado.

Não é cabível reconvenção, já que os embargos limitam-se a defesa da execu-

ção e a reconvenção ultrapassa a simples defesa.

A não impugnação do embargado implicará em revelia e fara com que todas as

alegações do embargante sejam assumidas verdadeiras, desde que as alegações

não sejam contraditórias ao que atesta o título executivo, que, como sabemos, é

líquido, certo e exigível.

Sentença

Após a apresentação da impugnação o juiz deve ouvir o embargante e, em se-

guida analisará se há a necessidade de produção de provas. Não sendo necessário,

ele julgará antecipadamente os embargos e, necessitando de provas ele determi-

nará quais são necessárias.

Por se tratar de uma petição inicial, o juiz proferirá uma sentença de extinção ou

de resolução do mérito. Caso os embargos sejam julgados improcedentes a execu-

ção prosseguirá, já que a apelação não produz efeitos suspensivos.

Caso os embargos sejam considerados procedentes, é possível que a execução

seja extinta, tenha seu valor reduzido, ou tenha algum ato processual modificado

ou desconstituído, como a penhora, avaliação ou alienação, por exemplo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 76 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Defesas Comuns às Execuções de Títulos Executivos Extrajudi-


ciais e ao Cumprimento de Sentença

Objeção de Pré-Executividade

Caso a defesa se limitar a apontar a falta de condições da ação ou de algum

pressuposto processual, pode-se valer de uma simples petição, nos próprios autos

do processo de execução. Esse incidente processual tem o nome de Objeção de

Pré-Executividade.

Toda a matéria que impede a configuração do título executivo ou o priva de força

executiva pode ser alegada na Objeção (ou exceção) de pré-executividade, como,

por exemplo, a falta de liquidez de um título, sua inexigibilidade ou a escolha ina-

dequada do meio para executá-lo.

A objeção de pré-executividade pode ser utilizada como defesa em qualquer

tipo de execução, seja por título executivo judicial (sentença) ou extrajudicial.

Embargos de Terceiros

Embargos de terceiro são a medida adequada que permite a quem não seja

parte de um processo de execução fazer cessar uma constrição judicial que atinja

indevidamente seu patrimônio.

A diferença entre os Embargos de Terceiro e as ações possessórias reside no

fato de que enquanto este visa afastar o esbulho, turbação ou ameaça e pode ser

ajuizado apenas pelo possuidor, os embargos de terceiros objetivam afastar uma

apreensão judicial indevida e podem ser ajuizados pelo possuidor ou pelo proprie-

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 77 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

tário. Com isso, essa medida é, necessariamente, associada a outra ação, em que

a apreensão indevida foi determinada.

Por óbvio a parte não possui legitimidade para se valer dos embargos de tercei-

ros, uma vez que este é um mecanismo destinado a, como o nome indica, terceiros.

Requisitos

Os embargos de terceiros possuem natureza de ação autônoma e, com isso,

devem atender a todos os requisitos processuais e condições da ação exigidos em

nosso ordenamento. Adicionalmente, eles possuem requisitos específicos, que são:

a) Existência ou ameaça de apreensão judicial

Sem que haja a necessidade de se reverter uma apreensão judicial, ou afastar o

risco de que isso ocorra, não há que se falar em embargos de terceiros, nos termos

do art. 674 do CPC.

Não é necessário, portanto, que a apreensão judicial já tenha ocorrido, já que

admite os embargos de terceiro preventivos, bastando, para tanto, a ameaça de

que a apreensão ocorra.

Apesar de ser mais usual em processos de execução, os embargos de terceiros

podem estar relacionados a qualquer processo em que tenha sido feita (ou deter-

minada) a apreensão de um bem de terceiro, podendo se tratar de um processo de

conhecimento ou tutela provisória, por exemplo.

b) Que o embargante seja terceiro

Conforme o Art. 674, caput, do CPC, “quem, não sendo parte no processo, so-

frer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua [...] poderá reque-

rer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro”. (Grifos

nossos).

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 78 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

O que isso significa, de forma incontroversa, é que os embargos de terceiros

se destinam aos terceiros, ou seja, àqueles que não sejam parte do processo que

originou a constrição do patrimônio.

No § 2º, o mesmo Art. 674 elenca quem pode ser considerado terceiro, para

efeitos de ajuizamento dos embargos:

Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de cons-
trição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato
constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de
terceiro.
[...]
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I – o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua me-
ação, ressalvado o disposto no art. 843;
II – o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia
da alienação realizada em fraude à execução;
III – quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da per-
sonalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
IV – o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito
real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriató-
rios respectivos.

Essa lista é apenas exemplificativa e expande a interpretação de quem é legiti-

mado para ajuizar os embargos, na condição de terceiro. Evidentemente que qual-

quer um que não seja parte e possua bens constritos ou sob ameaça de constrição

indevida, possui legitimidade para ajuizar essa ação.

c) Apreensão indevida

O acolhimento dos embargos de terceiros depende de que a apreensão, ou sua

ameaça, seja indevida. Assim, além de terceiro, o proprietário do bem atacado não

pode ser responsável pelo pagamento da obrigação.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 79 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Isso se dá pelo fato de que, em execuções, é possível que a penhora recaia

sobre bem de quem não é titular da obrigação, mas possui responsabilidade pelo

pagamento desta, respondendo com seu patrimônio.

Procedimento

a) Competência

A competência para julgar os embargos de terceiros é do juízo em que o pro-

cesso que determinou a apreensão do bem correu. Ainda que o processo esteja em

uma instância superior, em recurso, os embargos serão distribuídos, por dependên-

cia, ao juízo de primeiro grau onde correu o processo e a sentença foi proferida.

Importante ressaltar que os embargos serão distribuídos por dependência ao

juízo que ordenou a constrição e autuados em apartado, conforme preconiza o

Art. 676 do CPC. Assim, não há que se falar em apensamento, mesmo porque os

embargos deverão ser distribuídos à primeira instância, ainda que o processo já se

encontre em instâncias superiores, em recurso.

b) Legitimidade

Como vimos, o polo ativo caberá ao terceiro que seja proprietário ou possuidor

de um bem indevidamente constrito por ordem judicial.

O polo passivo, por sua vez, será ocupado por quem se beneficie com a constri-

ção, usualmente o autor do processo em que a apreensão foi determinada.

Caso a indicação do bem a ser penhorado tenha sido feita pelo autor da ação,

será o caso de um litisconsórcio passivo, entre o autor e réu.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 80 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

c) Prazo

O prazo para a oposição dos embargos de terceiros é regulado pelo Art. 675 do

CPC, que determina:

Art. 675. Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conheci-
mento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença
ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por
iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva
carta.
Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embar-
gar o ato, o juiz mandará intimá-lo pessoalmente. (Grifos nossos).

Como pode-se perceber, no processo de conhecimento os embargos podem ser

opostos a qualquer momento, enquanto na execução o prazo é de 5 dias depois da

adjudicação, alienação ou arrematação, desde que antes da respectiva carta.

d) Petição inicial

O embargante deve comprovar sua posse ou domínio, bem como sua condição

de terceiro, na petição inicial, de acordo com o Art. 677, caput, do CPC. Para tan-

to, ele poderá se valer de provas documentais ou testemunhais, mas essas provas

deverão ser instruídas na inicial para que se possa obter a liminar, que pode ser

requerida pelo embargante (Art. 678, CPC).

Por se tratar de uma ação autônoma os embargos de terceiros devem ser requeri-

dos por meio de uma petição inicial e, vale repisar, deve atender a todos os requisitos

do Art. 319 do CPC, além dos já estudados requisitos específicos desta ação.

e) Medida liminar

Os embargos de terceiro admitem que, na inicial, o autor peça ao juiz a con-

cessão de medida liminar de manutenção ou reintegração de posse em seu favor.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 81 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Para que seja concedido, a princípio, basta que reste comprovada a condição de

terceiro e de proprietário ou possuidor do bem, daí a importância da comprovação

dessa condição de forma robusta, já na inicial.

É possível que, sentindo essa necessidade, o juiz designe uma audiência preli-

minar para mais esclarecimentos a respeito das condições do autor de possuidor/

proprietário e/ou de terceiro (Art. 677, § 1º do CPC).

Adicionalmente, a liminar pode ser condicionada a prestação de caução, ressal-

vada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente, nos termos do

Art. 678, Parágrafo único, do CPC.

f) Citação

Por se tratar de uma nova ação, ainda que estejam atrelados a um outro pro-

cesso, os embargos de terceiro necessitam da citação do embargado, por qualquer

meio previsto no CPC.

Porém, caso o embargado possua procurador constituído nos autos do processo

principal a citação poderá ser feita na pessoa de seu advogado, nos termos do Art.

677, § 3º do CPC.

g) Contestação

O réu, após citado, pode apresentar sua contestação aos embargos de terceiro

no prazo de 15 dias e a contestação seguirá o procedimento comum. Importante

ressaltar a regra que determina que havendo litisconsórcio com advogados diferen-

tes (de escritórios distintos), o prazo será dobrado, se o processo não for digital.

O embargado poderá alegar, nos termos do Art. 680 do CPC, as seguintes ma-

térias em sua contestação contra os embargos com garantia real:

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 82 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

I – O devedor comum é insolvente;

II – O título é nulo ou não obriga a terceiro;

III – Outra coisa é dada em garantia.

A reconvenção não é admitida, uma vez que o objetivo dos embargos é a libe-

ração de bens constritos judicialmente no processo principal.

Caso o embargado não responda no prazo de 15 dias, será considerado revel e

todos os fatos narrados pelo embargante presumidos verdadeiros. Nessa hipótese,

o juiz proferirá o julgamento antecipado da lide.

Suspensão e Extinção do Processo de Execução

Suspensão da Execução

O Código de Processo Civil prevê, no Art. 921 algumas das razões que podem

ocasionar a suspensão de um processo de execução:

Art. 921. Suspende-se a execução:


I – nas hipóteses dos arts. 313 e 315, no que couber;
II – no todo ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à exe-
cução;
III – quando o executado não possuir bens penhoráveis;
IV – se a alienação dos bens penhorados não se realizar por falta de licitantes e o
exequente, em 15 (quinze) dias, não requerer a adjudicação nem indicar outros bens
penhoráveis;
V – quando concedido o parcelamento de que trata o art. 916.
§ 1º Na hipótese do inciso III, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1 (um) ano,
durante o qual se suspenderá a prescrição.
§ 2º Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja localizado o executado ou
que sejam encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos.
§ 3º Os autos serão desarquivados para prosseguimento da execução se a qualquer
tempo forem encontrados bens penhoráveis.
§ 4º Decorrido o prazo de que trata o § 1º sem manifestação do exequente, começa a
correr o prazo de prescrição intercorrente.
§ 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício,
reconhecer a prescrição de que trata o § 4º e extinguir o processo.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 83 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Cabe ressaltar que o rol do Art. 921 não é taxativo e a execução pode ficar sus-

pensa por outros motivos não elencados.

A suspensão dura um prazo de um ano, período em que não corre o prazo de

prescrição intercorrente. Após esse prazo, para a continuidade da suspensão da

prescrição deve haver a manifestação do exequente, que deve realizar as diligên-

cias necessárias e tomar todas as providências para o andamento da execução.

Nesse caso, ainda que a execução seja suspensa por mais um período (por inexis-

tência de bens penhoráveis, por exemplo) a prescrição não correrá.

Na hipótese de a prescrição se consumar o juiz pode decretá-la de ofício, após

ouvir as partes, que possuirão um prazo de 15 dias para se manifestar.

Uma vez que a suspensão tenha sido determinada, nenhum ato processual será

praticado, salvo as providências urgentes, conforme previsto no Art. 923 do CPC.

Extinção da Execução

A extinção da execução tem algumas formas elencadas no Art. 924 do CPC, em

um rol meramente exemplificativo, que veremos a seguir:

Art. 924. Extingue-se a execução quando:


I – a petição inicial for indeferida;
II – a obrigação for satisfeita;
III – o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida;
IV – o exequente renunciar ao crédito;
V – ocorrer a prescrição intercorrente.

O Art. 925 determina que a extinção da execução só produz efeitos se declarada

por sentença, independente de se tratar de uma execução fundada em título exe-

cutivo judicial ou extrajudicial.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 84 de 85
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II
Cumprimento de Sentença. Processos de Execução
Prof. Augusto Andrade

Essa sentença tem por objetivo apenas encerrar o processo de execução, decla-

rando sua extinção.

A extinção da sentença pode ocorrer com a satisfação do credor (por exemplo

com o pagamento, compensação etc.) ou sem a satisfação (por exemplo com a

desistência do exequente), mas sempre será necessária a sentença que declara a

extinção da execução e põe fim ao processo.

Com isso concluímos a primeira aula do nosso preparatório, em que pudemos

estudar o Processo de Execução e a Liquidação e Cumprimento de Sentença, inclu-

sive seus aspectos gerais e defesas cabíveis. Em nossa próxima aula enfrentaremos

os Recursos.

Espero que a aula tenha sido proveitosa e te ajude a ampliar seus conhecimen-

tos.

Um abraço e até a próxima!

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 85 de 85

Você também pode gostar