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PUC-SP
SÃO PAULO
2020
EDUARDO AZUMA NISHI
SÃO PAULO
2020
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
_________________________________________
_________________________________________
Dedico este trabalho à minha esposa, Daniela, e aos meus
filhos, Camila, Tatiana, João Antonio e Maria Eduarda, a quem
agradeço pelo incentivo e apoio na minha decisão de retorno
tardio aos bancos acadêmicos e, sobretudo, pela compreensão
na privação do convívio familiar, na elaboração da presente
dissertação, como na dedicação necessária para cumprimento
dos créditos e dos estudos do mestrado.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, por minha criação, educação e pelo incentivo que sempre
deram aos estudos e à dedicação ao trabalho.
(John F. Kennedy)
RESUMO
INTRODUÇÃO.............................................................................. 11
1 DA EXTINÇÃO DO VÍNCULO SOCIETÁRIO EM SOCIEDADES
LIMITADAS................................................................................... 14
1.1 Da Dissolução Total.................................................................... 14
1.2 Da Dissolução Parcial................................................................. 18
1.2.1 Hipóteses de Dissolução Parcial................................................... 26
1.2.1.1 Dissolução Parcial Stricto Sensu................................................... 26
1.2.1.2 Morte............................................................................................. 31
1.2.1.3 Direito de Recesso e de Retirada.................................................. 33
1.2.1.3.1 Direito de Recesso........................................................................ 33
1.2.1.3.2 Direito de Retirada......................................................................... 35
1.2.1.4 Exclusão........................................................................................ 36
1.2.1.4.1 Exclusão Extrajudicial de Sócio que coloca a continuidade da
empresa em risco pela prática de atos de inegável gravidade..... 39
1.2.1.4.2 Exclusão Judicial de Sócio por falta grave no cumprimento de
obrigações sociais......................................................................... 42
1.2.1.4.3 Exclusão Judicial de Sócio por incapacidade superveniente........ 43
1.2.1.4.4 Exclusão de Pleno Direito do Sócio falido ou do Sócio, cujas
quotas tenham sido liquidadas a pedido de credor....................... 44
1.2.1.4.5 Exclusão de Sócio Remisso.......................................................... 46
2 ASPECTOS PROCEDIMENTAIS DA AÇÃO DE DISSOLUÇÃO
PARCIAL DE SOCIEDADE.......................................................... 48
2.1 A Ação de Dissolução Parcial nas Legislações Pretéritas...... 48
2.2 A Positivação da Ação de Dissolução Parcial como
Procedimento Especial pelo Código de Processo Civil de
2015............................................................................................... 50
2.2.1 Legitimidade Ativa......................................................................... 53
2.2.2 Legitimidade Passiva..................................................................... 59
2.2.3 Objeto............................................................................................ 63
2.2.4 Competência................................................................................. 65
2.2.5 Procedimento................................................................................ 66
2.2.5.1 Fase de Resolução da sociedade em relação ao Sócio............... 67
2.2.5.2 Fase de Apuração de Haveres...................................................... 69
2.2.6 Decisões e Meios de Impugnação................................................ 69
2.2.7 Cumprimento de Sentença............................................................ 72
3 APURAÇÃO DE HAVERES......................................................... 73
3.1 Conceito e Natureza Jurídica..................................................... 73
3.2 Conceito de Valor e Critérios de Avaliação.............................. 82
3.2.1 Modelos de Avaliação que refletem o Valor Contábil da
Empresa........................................................................................ 86
3.2.1.1 Modelo do Valor Contábil.............................................................. 87
3.2.1.2 Modelo do Valor Contábil ajustado e Balanço Patrimonial de
Determinação................................................................................ 89
3.2.1.3 Modelo do Valor de Liquidação..................................................... 91
3.2.2 Conceito de goodwill e Valor da Empresa.................................... 94
3.3 Discussão sobre a Inclusão do Fundo de Comércio na
Avaliação da Quota do Sócio Retirante.................................... 95
3.4 Disciplina da Apuração de Haveres no CPC/2015.................... 114
3.5 Análise Crítica sobre o Procedimento Judicial de Apuração
de Haveres................................................................................... 123
3.5.1 Papel condutor do Juiz na definição do Critério de Avaliação...... 123
3.5.2 Despacho Inaugural – Artigo 604 CPC......................................... 125
3.5.3 Balanço Patrimonial de Determinação.......................................... 126
3.5.4 Disposição Contratual................................................................... 126
3.5.5 Critério Legal de Apuração de Haveres........................................ 127
3.5.6 Avaliação dos Intangíveis - Critério Legal..................................... 132
3.5.7 Tratamento do Fundo de Comércio............................................... 133
3.5.8 Jurisprudência em relação à Avaliação do Fundo de Comércio... 136
3.5.9 Discussão quanto ao Critério na Apuração dos Haveres.............. 141
3.5.10 Utilização Excepcional de Critérios Alternativos........................... 142
4 CONCLUSÃO............................................................................... 144
BIBLIOGRAFIA............................................................................. 148
11
INTRODUÇÃO
1BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm Acesso em: 14 set. 2020.
12
que perderiam seus empregos, e para a economia de uma forma geral, pois
impactaria os fornecedores e os que contavam com a oferta de seus produtos e
serviços, além de prejuízos para o fisco, que sem a continuidade da atividade
empresarial, não arrecadaria os tributos decorrentes de sua atividade econômica.
2BRASIL. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm#:~:text=LEI%20N%20o%2010.40
6%2C%20DE%2010%20DE%20JANEIRO%20DE%202002&text=Institui%20o%20C%C3%B3digo%2
0Civil.&text=Art.,e%20deveres%20na%20ordem%20civil. Acesso em: 14 set. 2020.
13
José Waldecy Lucena inicia o capítulo sobre dissolução em sua obra “Das
Sociedades por Quotas de Responsabilidade Limitada” com o seguinte verso do
poema “Vida de Mármore” de Murilo Mendes: “Toda realidade do mundo é
provisória, o mundo é provisório.”3
3 LUCENA, José Waldecy. Das Sociedades por Quotas de Responsabilidade Limitada. Rio de
Janeiro: Renovar, 1996, p. 625.
4 “O conceito de dissolução suscita divergências na doutrina. Uma primeira vertente entende que a
ALMEIDA, Marcus Elidius Michelli de (Coord.). Aspectos Jurídicos da Sociedade Limitada. São
Paulo: Quartier Latin, 2004, p. 302.
6 VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc. Sociedades – Teoria Geral das Sociedades – As
Sociedades em Espécie no Código Civil. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2014. (Direito Comercial; v. 2), p. 206; CAMPINHO, Sérgio. O direito de empresa à luz do
Código Civil. 13. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Renovar, 2014, p. 131.
7 MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial. 37. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense,
8 TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário. 8. ed. rev. e
atual. São Paulo: Atlas, 2017, v. 1. E-book, p. 495.
9 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 20. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora
sócios, quando:
I – anulada sua constituição;
II – exaurido o fim social ou verificada sua inexequibilidade.
14 Artigo 1.035. O contrato pode prever outras causas de dissolução, a serem verificadas
15 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 29. ed. rev. e atual. por Rubens Edmundo
Requião. São Paulo: Saraiva, 2012, v. 2. E-book, p. 232-233.
16 Convém anotar o seguinte apontamento de Fábio Ulhoa Coelho sobre a classificação das causas
de dissolução de sociedades: “Não considero útil a classificação porque não orienta adequadamente
o tratamento da matéria. Não é correto dizer que determinada causa sempre dissolve a sociedade,
independentemente de provimento judicial, se os sócios não se pões de acordo quanto à sua
verificação. Até o evento mais singelo, como o decurso do prazo de duração, pode, em determinados
casos, ser objeto de divergência. Se o ato constitutivo ressalva, na cláusula sobre o prazo, a
continuidade da sociedade por mais tempo, para alcançar as metas negociadas entre os sócios, o
seu decurso pode tornar-se matéria controvertida, a ser solucionada necessariamente em juízo. A
dissolução será judicial ou extrajudicial não em função da causa que a animar. Quando os sócios
estão de acordo que o negócio se mostra inviável, dissolvem extrajudicialmente a sociedade; mas, se
apenas a minoria está convencida da inviabilidade da empresa, a dissolução só poderá ser judicial. O
que distingue, assim, as espécies de dissolução-ato é o instrumento pelo qual se viabilizam: a
extrajudicial é instrumentalizada por ato dos sócios (deliberação assemblear formalizada em ata e
distrato ou só distrato), e a judicial, por decisão do Judiciário. Nesse sentido, a identificação da
natureza pleno jure da dissolução, quando motivada esta por determinadas causas, não importa
necessariamente a dispensa da declaração judicial.” COELHO, Fábio Ulhoa. A sociedade limitada
no Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 144.
18
17 “A aludida construção doutrinária começou a ser erigida de longa data, como esclarece Trajano de
Miranda Valverde nas reflexões que fez sobre a aplicação, na espécie, do princípio da preservação
da empresa, consolidando-se mercê inúmeros estudos posteriores, inclusive tese específica de
Rubens Requião, disseminando-se nos Cursos e Manuais de Direito Comercial, de sorte a ganhar
acolhimento com latitude extrema e até censurável, por nossos Tribunais. E isto por pelo menos três
motivos: o primeiro deles de índole constitucional, na medida que entre os postulados que informam
nossa ordem econômica, figuram o da justiça social e o da função social da propriedade Constituição
Federal de 1988, artigo 170), e é indisputável que às sociedades mercantis está assinada tal função
(Lei nº 6.404, artigo 116, parágrafo único); em segundo lugar, e conseqüentemente, porque, tal seja a
participação do quotista na sociedade e o perfil patrimonial e organizacional desta, a resilição parcial
com a retirada do sócio poderá levá-la à dissolução e liquidação total, fora das hipóteses em que a
Lei sanciona essa solução drástica, dada a impossibilidade do prosseguimento das atividades sociais
com o desfalque dos valores necessários ao pagamento dos haveres – o que importa na negação do
princípio que inspirou tal elaboração doutrinária; por fim, o tipo societário pode ter feição
predominantemente capitalista, que o aproxima da própria sociedade por ações fechada – e, nesse
caso, a admissibilidade da dissolução parcial equivale praticamente a deferir o direito de recesso ou
de retirada, sem que se verifique uma das hipóteses taxativas, previstas em Lei. Tudo isso está a
recomendar que os referidos pleitos sejam examinados com maior profundidade – modus in rebus –,
com a devida atenção para o princípio da preservação da empresa, que não se compadece com o
aniquilamento desta em razão de iniciativas muitas vezes engendradas com propósitos
exclusivamente egoísticos ou especulativos.” PENTEADO, Mauro Rodrigues. Dissolução e
liquidação de sociedades. Brasília: Livraria e Editora Brasília Jurídica, 1995, p. 141-142.
19
18 ESTRELLA, Hernani; PEREIRA, Caio Mário da Silva. Apuração dos Haveres de Sócio. 5. ed.
atual. por Roberto Papini. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 20.
19 ESTRELLA, Hernani; PEREIRA, Caio Mário da Silva. Apuração dos Haveres de Sócio. 5. ed.
Tendo em vista que o CCOM de 1850 foi elaborado com base na doutrina
individualista que marcava a produção jurídica no século XIX, a previsão da
dissolução de sociedades tinha como finalidade liberar o sócio de suas obrigações
sociais.22 Nesse modelo prevalecia a vontade individual do sócio em detrimento do
interesse da sociedade da qual ele fazia parte.
23 GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Direito de empresa – comentários aos artigos 966 a 1.195
do Código Civil. 7. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017, p. 303.
24 RIBAS, Roberta de Oliveira e Corvo. Apuração de haveres: critérios para a sociedade empresária
do tipo limitada. 2008. Dissertação (Mestrado em Direito) – Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2008, p. 43.
25 Nas palavras de José Waldecy Lucena: “Ademais, outros eram os tempos. A doutrina individualista
esmaecera-se. O ideal social ganhou terreno. Aos interesses individuais passaram a se contrapor os
interesses coletivos. Para logo, instituiu-se que a empresa, como organização de fatores de
produção, formava um núcleo econômico de interesses que não eram somente dos sócios, mas
também dos empregados, do fisco, dos consumidores, dos fornecedores, em suma, de toda a
comunidade em que atua, ou até mesmo, conforme seu porte, do próprio País.” LUCENA, José
Waldecy. Das sociedades por quotas de responsabilidade limitada. Rio de Janeiro: Renovar,
1996, p. 734-735.
26 “Como visto na introdução, o princípio da preservação da empresa é implícito, pois decorre dos
outros que estão expressos e consagrados na Constituição, como o da busca do pleno emprego, da
função social da propriedade dos meios de produção e do direito ao trabalho na construção de uma
sociedade justa (item XIX supra)” GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Direito de empresa –
comentários aos artigos 966 a 1.195 do Código Civil. 7. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2017, p. 303-304.
22
Assim, ao contrário do que ocorre nos contratos bilaterais, nos quais duas
partes obrigam-se uma perante a outra com o objetivo de verem satisfeitos
interesses individuais, no contrato plurilateral, as diversas partes obrigam-se perante
todas as demais, empreendendo suas atividades para a consecução de uma
finalidade comum a todos os contratantes.
27 BRITO, Cristiano Gomes de. Dissolução parcial de sociedade anônima. Revista de Direito
Mercantil, Industrial, Econômico e Financeiro, São Paulo, v. 123, jul./set. 2001, p. 149.
28 ASCARELLI, Tullio. Problemas das Sociedades Anônimas e Direito Comparado. 2. ed. São
plurilaterais faz com que o inadimplemento de uma delas não implique na extinção
do contrato como um todo, mas apenas na adesão da parte em falta, subsistindo,
assim, o liame entre as demais.
29 FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 1-2.
30 “Como referido anteriormente, partindo do elenco das causas dissolutórias das sociedades de
pessoas contidas nos ora revogados artigos 335 e 336 do Código Comercial de 1850, durante a
vigência do Decreto nº 3708/19, a jurisprudência, tendo em vista a natureza plurilateral do contrato de
sociedade, que permite sua continuidade a despeito do desfazimento do vínculo societário com
relação a um dos sócios, e o princípio essencial de preservação da empresa, passou a colher a
chamada dissolução parcial da sociedade quando da verificação de causas de dissolução
relacionadas apenas à pessoa de um ou mais sócios que não prejudicassem a permanência da
24
Hernani Estrella entende que, justamente pelo fato de a dissolução parcial ter
sido desenvolvida com a intenção de afastar a aplicação da dissolução total, os
institutos não poderiam ter a denominação assemelhada. Ainda, afirma o autor que o
termo “dissolução” implica em extinção do ente, não podendo se cogitar uma
São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018. (Tratado de Direito Empresarial; v. 2 / Coordenação
Modesto Carvalhosa), p. 615.
27
34 FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 3.
35 FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Hoje, contudo, a ruptura parcial dos vínculos que formam o contrato social é
disciplinada pelo ordenamento jurídico. Dentre os casos que levam à dissolução
parcial lato sensu, o CC/02 garante aos sócios o direito de retirada imotivada –
denúncia unilateral do contrato social –, exigindo para tanto a notificação aos demais
sócios com antecedência mínima de sessenta dias, para sociedades firmadas por
prazo indeterminado, ou a prova judicial da justa causa, para as sociedades de
prazo determinado.37
36 Hoje, conforme apontado na seção 2.1., a dissolução total das sociedades limitadas encontra-se
regulada pelo artigo 1.087 do CC/02, o qual faz remissão ao artigo 1.044, dispositivo que, por sua
vez, indica como hipóteses de dissolução total aquelas constantes no artigo 1.033, além da falência
para sociedades empresárias. Dentre as causas elencadas pelo CC/02 nos referidos dispositivos, não
mais encontra-se prevista a denúncia unilateral do contrato por vontade de apenas um sócio.
37 Artigo 1.029. Além dos casos previstos na Lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da
sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência
mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.
Parágrafo único. Nos trinta dias subseqüentes à notificação, podem os demais sócios optar pela
dissolução da sociedade.
29
Para Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, a dissolução parcial
stricto sensu hoje se mostra irrelevante, uma vez que o direito de retirada previsto no
artigo 1.029 do CC/02 opera o rompimento do liame societário por si só,
diferentemente das regras pretéritas. No caso do artigo 1.029 do CC/02, para os
autores, eventual discussão entre os sócios restringe-se ao montante a ser
reembolsado ao sócio que se afasta da sociedade, uma vez que, se verificado
questionamento judicial, a retirada já teria sido operada e o contrato social,
modificado.38
Por outro lado, Priscila Fonseca, ainda que reconheça a previsão do direito de
retirada e a extinção da possibilidade de dissolução total por vontade unilateral de
sócio, entende que a dissolução parcial stricto sensu ainda é viável quando
decretada em duas situações: nos casos previstos pelos artigos 1.033, III e 1.034, II,
ambos do CC/02.39
38 “2. Retirada imotivada. Sociedade formada por tempo indeterminado. Sócio que quiser se retirar de
sociedade formada por tempo indeterminado deve notificar os demais sócios, com antecedência
mínima de 60 dias. A denúncia, diferentemente da regra que vigia anteriormente (CC/1916 1399 e
CCOM 335 V), opera efeito de rompimento do vínculo societário, dispensando posterior ação judicial
para pôr termo à sociedade. Por essa regra, dispensa-se posterior negócio jurídico, diferente do
contrato – atos coletivos (Gesamtakte); deliberações (Beschlüsse) ou acordos (Vereinbarungen) –,
para o aperfeiçoamento da retirada do sócio e da alteração do contrato social, pois a denúncia opera
os efeitos do rompimento do liame societário por si. Eventual celeuma entre os sócios, para a aferição
de valores devidos pela sociedade ao que se retira, poderá vir a ser objeto de questionamento
posterior em ação judicial. Porém, a essa altura, a retirada já se operou e o contrato social já se
considera modificado, e cessada a posição jurídica de sócio do retirante, com todos os consectários
lógicos e jurídicos dessa retirada. V. CPC 1218 VII e CPC/39 655 a 674.” (grifos nossos). NERY
JUNIOR, Nelson; ANDRADE NERY, Rosa Maria de. Código Civil Comentado. 11. ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2014. E-book, p. 2397.
39 FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
existindo com o afastamento dos sócios que votaram a favor de sua dissolução total.
Esse afastamento, conforme aponta Priscila Fonseca, deve ser efetuado mediante
apuração dos haveres dos sócios como se se tratasse de dissolução total, pois
“como tinham esses últimos direito a dar fim à sociedade, a eles deverá ser
conferida a apuração de seus haveres como se a dissolução total tivesse
prevalecido.”40
Em que pese entender que as hipóteses dos artigos 1.028 a 1.032 do CC/02
não levam à dissolução parcial de sociedades, afirma o autor que o diploma legal
não impede a decretação de dissolução parcial em sentido estrito nos casos
previstos como hipóteses de dissolução total. Nas palavras de Alfredo de Assis
40 FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 64.
41 GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis; FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes. Empresa
Gonçalves Neto:
1.2.1.2 Morte
42GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis; FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes. Empresa
Individual de Responsabilidade Limitada e Sociedades de Pessoas. 2. ed. rev., atual. e ampl.
São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018. (Tratado de Direito Empresarial; v. 2 / Coordenação
Modesto Carvalhosa), p. 616.
32
No caso do contrato social prever que na morte de um dos sócios este será
substituído por seus herdeiros, é necessário que tanto os herdeiros concordem com
a substituição, quanto os sócios remanescentes, tendo em vista que estes não
precisam se associar com quem não lhes interesse. Nesse sentido, Fábio Ulhoa
Coelho:
43COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 20. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2016, v. 2, p. 448.
33
do tipo limitada. 2008. Dissertação (Mestrado em Direito) – Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2008, p. 52-53.
46 LUCENA, José Waldecy. Das Sociedades por Quotas de Responsabilidade Limitada. Rio de
48 Sobre as hipóteses elencadas para o exercício de recesso, importante pontuar que o legislador
expressamente deixou de prever as hipóteses de recesso pela deliberação de cisão ou de
transformação do tipo societário. Sobre o tema, convém transcrever lúcida ponderação de Priscila
Fonseca: “A cisão, tal como a fusão e a incorporação, revela-se fruto de deliberação social,
implicando, pois, alteração contratual e a discordância relativamente a esta, por seu turno, enseja o
direito de retirada. Já no que pertine à transformação, a situação mostra-se um pouco diferente. É
que o artigo 1.114 do Código Civil reclama deliberação unânime dos sócios para a aprovação do
referido ato, motivo pelo qual se mostra incabível, no caso, o direito de recesso. Apenas na hipótese
de o contrato social estabelecer quórum diverso para a aprovação da transformação do tipo societário
é que se poderá cogitar do direito de recesso, tal como, aliás, está expressamente previsto no mesmo
artigo 1.114.” FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio.
5. ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 15.
49 BARBOSA FILHO, Marcelo Fortes. Comentários aos artigos do Livro II do Código Civil de 2002 –
Do Direito de Empresa. In: PELUSO, Cezar (Coord.). Código Civil Comentado – doutrina e
jurisprudência. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Manole, 2014, p. 994.
35
Por outro lado, no caso das sociedades constituídas com prazo determinado,
é exigido ao sócio retirante a comprovação, por decisão judicial, de justa causa.
Referida exigência é justificada, pois a retirada do sócio impõe o pagamento de seus
haveres, do que decorre redução de capital. A redução de capital, como bem
50 FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 11.
51 BARBOSA FILHO, Marcelo Fortes. Comentários aos artigos do Livro II do Código Civil de 2002 –
Do Direito de Empresa. In: PELUSO, Cezar (Coord.). Código Civil Comentado – doutrina e
jurisprudência. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Manole, 2014, p. 994.
52 Vale apenas anotar a controvérsia acerca do regime supletivo das sociedades limitadas. Há
1.2.1.4 Exclusão
53 RIBAS, Roberta de Oliveira e Corvo. Apuração de haveres: critérios para a sociedade empresária
do tipo limitada. 2008. Dissertação (Mestrado em Direito) – Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2008, p. 55.
54 FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
seus fins.58
Referido dispositivo, ainda, faz remissão ao artigo 1.030, cujo caput prevê
duas hipóteses de exclusão judicial de sócios, quais sejam, a exclusão pelo
cometimento de falta grave no cumprimento de obrigações sociais e a exclusão por
incapacidade superveniente do sócio. O parágrafo único do mesmo artigo dispõe,
ainda, que serão excluídos de pleno direito os sócios declarados falidos ou aqueles
cujas quotas tenham sido liquidadas em virtude de execução empreendida por
credor, conforme previsto no artigo 1.026. Impende salientar que todas as hipóteses
de exclusão do artigo 1.030, ainda que previstas como regramento das sociedades
simples, são aplicáveis às limitadas por expressa disposição do artigo 1.085.
Por sua vez, referido artigo 1.030 indica que também será excluído o sócio na
hipótese do artigo 1.004, parágrafo único, dispositivo que prevê a exclusão de sócio
remisso, ou seja, sócio que se encontra em mora com a sociedade pela falta de
integralização das quotas subscritas. O artigo 1.004 é regramento referente às
sociedades simples. No que tange às limitadas, a possibilidade de exclusão de sócio
remisso encontra-se prevista no artigo 1.058, conforme quadro abaixo:
Importante frisar que a hipótese aqui comentada, prevista pelo artigo 1.085,
não se trata de denúncia vazia do contrato em relação a um sócio, uma vez que a
exclusão extrajudicial a ser deliberada deve ser embasada em justa causa, como se
denota da parte final do dispositivo em comento. Assim, “devem os sócios
interessados fazer, na assembleia a ser especialmente convocada, a prova do risco
à continuidade da empresa como resultado da prática de atos de inegável gravidade
– de conceituação extremamente fluída.”60
59 “A ausência de cláusula contratual não implica a impossibilidade da exclusão, mas apenas haverá
a necessidade de uma decisão judicial para tanto. Ora, a exclusão é um direito inerente à finalidade
comum do contrato de sociedade e, por isso, independe de previsão contratual ou legal. A presença
ou não da previsão contratual influirá apenas na forma da exclusão, judicial ou extrajudicial, e não na
sua possibilidade.” TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito
societário. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2017, v. 1. E-book, p. 479.
60 VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc. Sociedades – Teoria Geral das Sociedades – As
Sociedades em Espécie no Código Civil. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2014. (Direito Comercial; v. 2). p. 487.
41
61 RIBAS, Roberta de Oliveira e Corvo. Apuração de haveres: critérios para a sociedade empresária
do tipo limitada. 2008. Dissertação (Mestrado em Direito) – Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2008, p. 58.
62 “Ao sócio excluído, na forma do artigo 1.085, assiste postular a anulação da alteração contratual,
comprovando a ausência de causa justificadora de sua exclusão. A matéria, portanto, sempre ficará
adstrita ao controle judicial, bastando a provocação por parte do minoritário excluído. Poderá,
outrossim, pretender a declaração de nulidade do ato, quando preteridas as formalidades legais para
sua implementação pela maioria, como, por exemplo, na falta de sua ciência, em tempo hábil, da
42
64 SPINELLI, Luis Felipe. Exclusão de sócio por falta grave na sociedade limitada. São Paulo:
Quartier Latin, 2015, s.p.
65 VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Anotações sobre a exclusão de sócio por falta grave no regime do
Código Civil. Revista de Direito Mercantil, São Paulo, v. 158, abr./jun. 2011, p. 112.
66 “As hipóteses de falta grave, mediante reconhecimento judicial, referem-se a qualquer ato ou
conjunto de atos que, praticados por um ou mais sócios, impeçam o prosseguimento da atividade
comum. Diferem das de justa causa somente porque, naquelas, por previsão contratual, os sócios
decidem por maioria, e, nestas, o reconhecimento será sempre judicial (artigo 1030).” NEGRÃO,
Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa – teoria geral da empresa e direito societário. 9.
ed. São Paulo: Saraiva, 2012, v. 1, p. 417.
67 VERÇOSA, Haroldo Malheiros Duclerc. Sociedades – Teoria Geral das Sociedades – As
Sociedades em Espécie no Código Civil. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2014. (Direito Comercial; v. 2), p. 320.
68 TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário. 8. ed. rev. e
de sócio por deliberação extrajudicial dos demais sócios. Nos casos de incapacidade
temporária, bem lembra Ricardo Negrão69 que deverá o juiz avaliar a extensão da
incapacidade, bem como sua perspectiva temporal, para determinar ou não a
exclusão do sócio.
Em ambos os casos, a quota deixa de existir, por ter sido liquidada em favor
de terceiros. É o processo natural de liquidação.
69 NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa – teoria geral da empresa e direito
societário. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, v. 1, p. 371.
45
É preciso estar atento para o fato de não caber aos sócios, cientes
da sentença declaratória, ir ao Judiciário pedir a exclusão do falido
ou insolvente ou providenciar alteração contratual para fazê-lo, não
se interpretando a expressão exclusão de pleno direito, anotada no
artigo 1.030, parágrafo único do Código Civil, como faculdade que
lhes diga respeito. Com efeito, a declaração de falência ou
insolvência tem por efeito imediato a arrecadação de todos os bens
do devedor, que não terá sobre ele direito de administração. A
exclusão de pleno direito se dará como resultado do processo de
falência ou insolvência; a liquidação da quota ou quotas, nos termos
definidos pelo artigo 1.031 do Código Civil, será processada perante
o juízo de execução coletiva, até que o exercício dos respectivos
direitos sociais estará a cargo do administrador da massa insolvente
ou falida.70
No caso do credor que faz recair execução sobre as quotas do sócio, esse
requerimento somente poderá ser realizado na insuficiência de outros bens do
devedor, como se extrai do artigo 1.026 do CC/02.
Importante frisar que dois tipos de credores não podem solicitar a liquidação
das quotas do sócio, na forma do artigo 1.027 do CC/02, os herdeiros do cônjuge de
sócio ou o cônjuge do sócio que se separou judicialmente. Esses credores não
podem exigir a parte que lhes couber no capital social, mas podem concorrer à
divisão periódica dos lucros até a liquidação da sociedade.
73FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2012, p. 27.
48
74 “Em rigor, contudo, aqueles dispositivos não se ocupam com a “ação de dissolução parcial de
sociedades”, mas diferentemente, com a “ação de dissolução de sociedades” ou, como eles são
intitulados, por aquele diploma legislativo, “Da dissolução e liquidação das sociedades”. Dissolução
no sentido de se buscar em juízo a dissolução total da sociedade, isto é, sua extinção e, por isto
mesmo, como quer aquela Lei, sua liquidação.” BUENO, Cassio Scarpinella. Ação de dissolução
parcial de sociedades. In: COELHO, Fábio Ulhoa (Org.). Tratado de Direito Comercial. São Paulo:
Saraiva, 2015, v. 8, p. 391.
75“A dissolução parcial é criação pretoriana. Carece, por essa razão, de regramento processual. Tal
carência tem levado o intérprete a socorrer-se ora das normas pertinentes aos procedimentos da
dissolução total – artigos 655 usque 674 do Código de Processo Civil de 1939 (Decreto- Lei nº 1.608,
de 18 de setembro de 1939) em vigor por força da determinação contida no artigo 1218, VII, da Lei
Processual Civil vigente -, ora daquelas constantes do Capítulo XVII da Lei nº 6404, de 15 de
dezembro de 1976, relativas à dissolução, liquidação e extinção das sociedades por ações (artigos
206 usque 219).” FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de
sócio. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 75.
76 “Apesar disso, nenhuma delas estava autonomamente disciplinada no CPC/1973 e, destarte,
77 BRASIL. Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações.
Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm#:~:text=LEI%20No%206.404%2C%20DE%2
015%20DE%20DEZEMBRO%20DE%201976.&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20as%20Sociedades
%20por%20A%C3%A7%C3%B5es.&text=Art.,das%20a%C3%A7%C3%B5es%20subscritas%20ou%
20adquiridas. Acesso em: 14 set. 2020.
78 FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
partir dos anos 1960, recomenda a dissolução parcial da sociedade limitada, como forma de resolver
conflitos entre os sócios, sem comprometer o desenvolvimento da atividade econômica nem sacrificar
empregos, reduzir o abastecimento do mercado de consumo ou prejudicar pessoas direta ou
50
do CPC de 1939, jamais teria sido considerada pelo Poder Legiferante em seu
ofício, mostrando-se justificável, pois, a inexistência de previsão legal.
indiretamente beneficiadas com a empresa.” COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial.
20. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, v. 2, p. 445.
82 BUENO, Cassio Scarpinella. Ação de dissolução parcial de sociedades. In: COELHO, Fábio Ulhoa
limitada em relação a um sócio e a ação de dissolução parcial. Curitiba: Juruá, 2016, p. 97.
51
É certo - e isso precisa ser bem destacado - que boa parte das
regras constantes do Projeto, nesse particular, não regula
propriamente o procedimento, isto é, a prática de atos do processo.
Na verdade, em muitos casos, as regras propostas não são sequer
processuais, porque não estabelecem posições jurídicas integrantes
da relação processual. Dessa forma, muitas das normas têm
natureza substancial. Mas isso, embora não seja o ideal, continua a
ser conveniente porque, como dito inicialmente, positiva disciplina
mais moderna e, principalmente, mais segura para os interessados.86
84 FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Da ação de
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 18.
85 FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Da ação de
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 21.
86 YARSHELL, Flávio Luiz. A opção (feliz) do Projeto de CPC pela disciplina do procedimento
87COELHO, Fábio Ulhoa. A dissolução de Sociedades no Código de Processo Civil. In: YARSHELL,
Flávio Luiz; PEREIRA, Guilherme Setoguti J. (Coords.). Processo Societário – Volume III. São
Paulo: Quartier Latin, 2018, p. 166.
53
Flávio Luiz; PEREIRA, Guilherme Setoguti J. (Coords.). Processo Societário – Volume III. São
Paulo: Quartier Latin, 2018, p. 171.
90 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual. 6. ed. rev. e atual. São Paulo:
em Código de Direito Adjetivo, contudo, com eventual gravame, visto que, como
sustentam alguns autores, tal disposição haveria por alterar o próprio direito material
societário relativo à dissolução parcial de sociedades, afastando-se por completo de
seu objetivo de formulação de normas meramente procedimentais.91
91 “O artigo 600 do CPC trata, em seus diferentes incisos, basicamente da legitimação ativa para a
ação de dissolução parcial lato sensu. E, também neste particular, o tratamento unitário criado para
as demandas de dissolução parcial stricto sensu e de apuração de haveres é pernicioso, sobretudo
porque os incisos foram redigidos de maneira a aparentemente alterar o próprio direito material
societário subjacente, o que não deveria jamais ser a preocupação do legislador no bojo do Código
de Processo Civil.” FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira.
Da ação de Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo:
Malheiros, 2016, p. 33.
92 FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Da ação de
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 34.
55
Seu inciso III, qualificado como ilógico por parte da doutrina, dispõe que, nos
casos em que haja previsão expressa de ingresso dos sucessores do de cujus à
sociedade pelo contrato social, se estes enfrentarem oposição pelos sócios
sobreviventes, restará legitimada a sociedade para propor ação de dissolução
parcial de sociedade.
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 35.
56
Aplaudido por Fábio Ulhoa, entende ele que, nos moldes tipificados, a Lei
estaria a primar pela dissolução extrajudicial da sociedade, entretanto,
demonstrando-se esta infrutífera, assegurou ao sócio retirante a possibilidade de
tutelar seu direito por via judicial, o que lhe é benéfico, pois garante maior
concretude à efetivação do mesmo.96
Flávio Luiz; PEREIRA, Guilherme Setoguti J. (Coords.). Processo Societário – Volume III. São
Paulo: Quartier Latin, 2018, p. 151.
97 FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Da ação de
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 37.
57
98 COELHO, Fábio Ulhoa. A dissolução de Sociedades no Código de Processo Civil. In: YARSHELL,
Flávio Luiz; PEREIRA, Guilherme Setoguti J. (Coords.). Processo Societário – Volume III. São
Paulo: Quartier Latin, 2018, p. 151; NERY JUNIOR, Nelson; ANDRADE NERY, Rosa Maria. Código
de Processo Civil Comentado. 16. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2016. p. 1529.
99 FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
Assim concluem:
100 FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Da ação de
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 41.
101 FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Da ação de
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 42.
59
único, dissertam alguns autores que teria o condão de revogar norma de direito
material contida em artigo 1027 do CC, autorizando a formulação de pedido de
apuração de haveres tão logo que concretizada a separação judicial de seu ex-
cônjuge ou ex-companheiro.102
De acordo com o caput do artigo 601 do CPC, deverão ser citados os sócios e
a sociedade para, no prazo de quinze dias, concordarem com o pedido ou
apresentarem contestação.
102 “O legislador viu dois interesses confrontados: de um lado, o do cônjuge (ou seus herdeiros) do
sócio no caso de extinção do casamento; e de outro, o da sociedade e dos demais sócios, de ver
preservada a sociedade, blindada em relação às relações conjugais de sócio. Inicialmente, preservou
o segundo interesse (artigo 1.027 CC). Agora, preserva o primeiro (parágrafo único do artigo 600 do
NCPC). Estaria, então, revogado tacitamente o artigo 1.027 do CC? Parece-nos que sim, mas o novo
dispositivo depende de interpretação extensiva, uma vez que trata apenas do interesse do ex-cônjuge
de sócio em caso de extinção da relação, mas não dos herdeiros de tal cônjuge quando da sua
morte. Sendo idênticos os interesses, não se admitem tratamentos diversos. – Pablo Gonçalves
Arruda – A dissolução (total e parcial) de sociedade no novo CPC.” ARRUDA, Pablo Gonçalves e. A
dissolução (total e parcial) de sociedade no novo CPC. Disponível em:
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI234881,71043A+dissolucao+total+e+parcial+de+sociedad
e+no+novo+CPC. Acesso em: 04 nov. 2019.
60
103 FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Da ação de
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 48.
104 FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
relativizar a supracitada regra, em prol da economicidade processual. Isso porque aqui o direito de
crédito exercível pelo ex-sócio se dá tão somente em face da sociedade, que responde com seu
patrimônio próprio. A via adequada, contudo, não é a da ação de dissolução parcial. Se já há um
crédito líquido exercível pelo sócio ao qual a sociedade se resolveu, o procedimento adequado é o da
execução de quantia certa. Vale ressaltar que o raciocínio não se estende às demandas em que se
apuram os haveres, haja vista a necessidade de participação dos demais sócios no processo, aos
quais se deve garantir o contraditório e a ampla defesa para todos os fins, em especial para eventual
questionamento quanto ao critério e forma de contabilização do montante devido ao sócio ao qual a
sociedade se resolveu.” ALVES, Alexandre Ferreira de Assumpção; TURANO, Allan Nascimento.
Resolução da sociedade limitada em relação a um sócio e a ação de dissolução parcial.
Curitiba: Juruá, 2016, p. 113-114.
61
(...) O CPC de 2015, no “caput” de seu artigo 601, apesar de não ter
sido empregada uma redação clara e direta, continuou prevendo, no
2.2.3 Objeto
109 AgRg no REsp 947.545/MG, Rel. Min. SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em
08/02/2011, DJe 22/02/2011; REsp 1121530/RN, Rel. Min. MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 13/09/2011, DJe 26/04/2012; AgRg no REsp 751.625/RN, Rel. Min. MASSAMI UYEDA,
QUARTA TURMA, julgado em 04/03/2008, DJe 24/03/2008.
64
para tanto, ser formulado pedido expresso pelo autor ou pedido contraposto pelo
réu, não comportando sua determinação de ofício pelo magistrado.
110 FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Da ação de
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 24.
65
condenatória.111
Por fim, como derradeira observação que merece ser elencada no presente
tópico, mostra-se a possibilidade de a sociedade formular pedidos indenizatórios em
face do sócio que terá seus haveres apurados, que, caso sejam julgados
procedentes, deverão ser deduzidos do montante a ser pago a título de seus
haveres. Trata-se de previsão tipificada pelo artigo 602 do CPC que, inclusive, já era
possibilitada pelo artigo 927 do CC.
2.2.4 Competência
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 29.
113 NEGRÃO, Theotonio. et al. Código de Processo Civil e legislação processual em vigor. 47. ed.
sócios.114
2.2.5 Procedimento
sociedade limitada em relação a um sócio e a ação de dissolução parcial. Curitiba: Juruá, 2016,
p. 115.
116 BUENO, Cassio Scarpinella. Ação de dissolução parcial de sociedades. In: COELHO, Fábio Ulhoa
vencido.118
118 FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Da ação de
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 56.
119 CÂMARA, Helder Moroni (Coord.). Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Almedina,
2016, p. 788-789.
120 120 “Do ponto de vista classificatório tradicional, não há dúvidas, nem para o CPC/1973 e nem para
o CPC/2015, de que a sentença (ou capítulo) relativa à dissolução parcial de sociedade tem natureza
constitutiva, enquanto a sentença (ou capítulo) relativa ao pagamento dos haveres é condenatória.”
BUENO, Cassio Scarpinella. Ação de dissolução parcial de sociedades. In: COELHO, Fábio Ulhoa
(Org.). Tratado de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2015, v. 8, p. 415.
121 Representação processual. Procuração outorgada pela inventariante, em nome próprio, aos
advogados. Irregularidade sanada com a apresentação de novo instrumento de mandato pelo espólio.
Nulidade inocorrente. Legitimidade passiva. Ação de dissolução parcial de sociedade ajuizada pelo
espólio em face da outra sócia remanescente. Desnecessidade de citação da sociedade, conforme
artigo 601, parágrafo único, do CPC. Dissolução de sociedade. Existência de duas fases distintas.
69
Inteligência dos artigos 603 e seguintes do CPC. A primeira para desconstituir o vínculo societário ou
julgar improcedente o pedido e a segunda, no caso de procedência, de apuração de haveres
(liquidação). Havendo concordância das partes quanto à dissolução, a r. sentença de procedência
deve ser mantida, devendo as demais questões postas no apelo ser discutidas no momento oportuno.
Recurso desprovido. (BRASIL. TJSP. Apelação Cível 1011683-47.2016.8.26.0037; Rel. Araldo
Telles; Órgão Julgador: 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial; Foro de Araraquara - 1ª Vara
Cível; Data do Julgamento: 10/06/2019; Data de Registro: 10/06/2019).
DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE – Duas fases – Exibição dos documentos contábeis,
apuração de haveres e nomeação de perito que se dá na fase de liquidação da sentença (NCPC,
artigos 603 e 604, III) – Apelação improvida Dispositivo: negam provimento. BRASIL. TJSP.
Apelação Cível 4003820-59.2013.8.26.0565; Rel. Ricardo Negrão; Órgão Julgador: 2ª Câmara
Reservada de Direito Empresarial; Foro de São Caetano do Sul - 6ª Vara Cível; Data do
Julgamento:30/08/2017; Data de Registro: 30/08/2017.
70
Tomando por base a redação conferida ao texto legal, tem-se que a natureza
jurídica do pronunciamento exarado pelo juiz em tal momento processual põe fim à
primeira fase do procedimento, classificando-se, portanto, como sentença. Faz-se
conveniente consignar que, como bem pontuado por Alexandre Ferreira de
Assumpção Lopes e Allan Nascimento Turano122, a respectiva decisão somente será
passível de impugnação através de recurso de apelação quando apresentada
contestação, nos termos do artigo 603, § 2º, do CPC. Isso porque, descabida a
manifestação de inconformismo pelas partes frente à decisão que versa acerca de
matéria sobre a qual concordaram expressamente, mostrando-se, dessa forma,
como incontroversa, conforme prevê o artigo 603, caput.
2016, p. 788-789.
124 ALVES, Alexandre Ferreira de Assumpção; TURANO, Allan Nascimento. Resolução da
sociedade limitada em relação a um sócio e a ação de dissolução parcial. Curitiba: Juruá, 2016,
p. 130.
71
Turano, Erasmo Valladão125 e Marcelo Vieira von Adamek, defende que, por se
tratar de fase de liquidação de sentença, todas as decisões interlocutórias serão
impugnáveis por agravo de instrumento, nos termos do artigo 1.015, parágrafo
único, do CPC. Nesse sentido, até mesmo a decisão que define a quantia a ser paga
comportaria a interposição de tal recurso, pois, entende parte da doutrina 126, tratar-
se de decisão interlocutória.
125 FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Da ação de
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 75.
126 “Dessa forma, nos termos do artigo 1.080 do CPC/2015, a decisão que define o quantum debeatur
nesse contexto é interlocutória, impugnável por meio de agravo de instrumento.” TURANO, Allan
Nascimento. Resolução da sociedade limitada em relação a um sócio e a ação de dissolução
parcial. Curitiba: Juruá, 2016, p. 130.
72
Por fim, é conveniente pontuar que, ainda que a sociedade não tenha
integrado no polo passivo da ação de dissolução de sociedade por força de norma
inserta em artigo 601, parágrafo único, do CPC, deverá ser comunicada para que
passe a integrar a relação jurídico processual em nome próprio e, dessa forma,
arque com o pagamento da obrigação, pois se mostra como a única devedora dos
haveres do sócio dissidente ou excluído.
73
3 APURAÇÃO DE HAVERES
127 RIBAS, Roberta de Oliveira e Corvo. Apuração de haveres: critérios para a sociedade empresária
do tipo limitada. 2008. Dissertação (Mestrado em Direito) – Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2008, p. 78.
128 PERIN JUNIOR, Écio. A dissolução de sociedade limitada de acordo com o novo Código Civil. In:
ALMEIDA, Marcus Elidius Michelli de (Coord.). Aspectos Jurídicos da Sociedade Limitada. São
Paulo: Quartier Latin, 2004, p. 335.
74
129 “Exceção ao disposto no artigo 1.031, no que tange ao ‘balanço especialmente levantado’, é a
hipótese de expulsão do sócio remisso. Nesse caso, não cabe apuração por meio de levantamento
contábil, mas tão somente a verificação do montante do capital integralizado, descontado das
indenizações (despesas, juros de mora) devidas à sociedade pelo atraso no cumprimento do primeiro
dever social (artigo 1.058, CC/2002)” ALMEIDA, Marcus Elidius Michelli de; STEFANO, Marcelle
Silbiger. Questões polêmicas sobre apuração de haveres na dissolução parcial de sociedade limitada
– Análise segundo a Jurimetria. Revista de Direito Bancário do Mercado de Capitais e da
Arbitragem, v. 65, p. 335.
130 “A apuração de haveres consiste no procedimento judicial em que se apura o valor a ser pago ao
sócio pela sua participação societária, quando do seu afastamento da sociedade. Distingue-se,
portanto, do procedimento de dissolução e liquidação das sociedades porque, ao cabo deste, as
atividades sociais encerram-se e a personalidade jurídica extingue-se; ao passo que, na apuração de
haveres, busca-se exatamente o contrário: a preservação da empresa e a sobrevivência do ente
jurídico, malgrado a ausência de um de seus integrantes.” CHINAGLIA, Olavo Zago. Destinação dos
elementos intangíveis do estabelecimento empresarial e do aviamento na extinção parcial do
vínculo societário. 2008. 169 f. Tese (Doutorado em Direito) – Faculdade de Direito da Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2008, p. 94.
75
131 GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis; FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes. Empresa
Individual de Responsabilidade Limitada e Sociedades de Pessoas. 2. ed. rev., atual. e ampl.
São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2018. (Tratado de Direito Empresarial; v. 2 / Coordenação
Modesto Carvalhosa), p. 653.
132 A diferença apresentada reside no entendimento do autor, demonstrado na seção 2.2.1.1, de que
as causas de resolução da sociedade em relação a um sócio, previstas nos artigos 1.028 a 1.032 do
CC/02, não versam sobre hipóteses de dissolução parcial, mas sim de mera ruptura do vínculo
societário com consequente liquidação de quota do sócio que se afasta.
133 “A determinação concreta da quota (ou apuração de haveres, como diz a Lei) se resolve num
facere, por força do qual a sociedade (sujeito passivo) tem de fazer quanto caiba, pelo contrato ou
pela Lei, a favor do sócio afastado (sujeito ativo). Para que se chegue a determinar o exato montante
de seus haveres. A liquidação, ou mais designadamente o pagamento, vem a ser a prestação
posterior, que se traduz num dare, cuja exigibilidade não só se subordina ao que houver sido
convencionado, senão ainda tem caráter potencial, já que bem pode suceder inexista crédito algum a
favor do ex-sócio.” (grifos nossos). ESTRELLA, Hernani; PEREIRA, Caio Mário da Silva. Apuração
dos Haveres de Sócio. 5. ed. atual. por Roberto Papini. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 82.
134 “A apuração de haveres do sócio sempre foi tema dos mais problemáticos no direito societário,
indicado pelo juízo competente, quer pelas próprias partes envolvidas. A celeuma apenas aumenta
por se tratar da dissolução parcial da sociedade, pois, ao contrário da dissolução total da sociedade
(onde não há continuidade da atividade empresária, tampouco sócios remanescentes), há nítido
conflito de interesses entre o sócio retirante (interessado em receber o valor máximo como haveres) e
a sociedade e sócios remanescentes, (preocupados em perpetuarem a atividade empresarial
perpétua e financeiramente sadia, logo, em pagarem o mínimo possível ao sócio retirante), devendo-
se inibir enriquecimento sem causa por qualquer das partes.” WAISEBERG, Ivo; KUGLER, Herbert
Morgenstern. Apuração de haveres na dissolução parcial envolvendo grupo de sociedades limitadas.
In: YARSHELL, Flávio Luiz; PEREIRA, Guilherme Setoguti J. (Coords.). Processo Societário –
Volume III. São Paulo: Quartier Latin, 2018, p. 327-328.
135 Artigo 15. Assiste aos sócios que divergirem da alteração do contracto social a faculdade de se
136RIBAS, Roberta de Oliveira e Corvo. Apuração de haveres: critérios para a sociedade empresária
do tipo limitada. 2008. Dissertação (Mestrado em Direito) – Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo, 2008, p. 93.
78
137BARROS, Fábio Toledo Pedroso de. Direito de retirada do sócio na sociedade limitada: o valor do
reembolso. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 770, dez./1999.
79
138BRASIL. STF. 2ª Turma; RE n. 89.464-SP; Rel. Min. Décio Miranda; julgado em 12/12/1978.
139 BRASIL. Artigo 1031 da Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10669979/artigo-1031-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-
2002#:~:text=1.031.,verificada%20em%20balan%C3%A7o%20especialmente%20levantado. Acesso
em: 14 set. 2020.
80
140 “Em nossa opinião, a previsão contratualmente chancelada somente poderá validamente
materializar-se para veicular outra forma de liquidação do valor da quota que garanta valor igual ou
superior àquele apurado segundo a fórmula acima enunciada. Do contrário, a cláusula seria
abusivamente estabelecida, em prejuízo do sócio retirante, excluído ou dos herdeiros, legatários ou
cônjuge meeiro do falecido. Não se pode validar regra que conspire para o enriquecimento ilícito da
sociedade em prejuízo do sócio. Interpretação contrária viria a representar uma inovação na matéria,
eis que a jurisprudência há muito condena qualquer método de apuração de haveres que não se faça
segundo o balanço especial de determinação que reflita os valores reais e atualizados do ativo, sem
qualquer sanção ao sócio ou a seus sucessores ou cônjuge, com a inclusão de todos os bens
corpóreos e incorpóreos da sociedade.” CAMPINHO, Sérgio. O direito de empresa à luz do Código
Civil. 13. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Renovar, 2014, p. 131.
141 Ainda que o universo amostral da pesquisa realizada por Mariana Pargendler se mostre reduzido,
é uma boa representação da realidade das sociedades limitadas no Brasil, como corrobora a
experiência prática do tema no Poder Judiciário. De acordo com a autora: “Apenas 52% das 200
sociedades limitadas em exame apresentam regra específica para a apuração e pagamento de
haveres – e, mesmo estas, frequentemente o fazem de forma insuficiente. Cláusulas contratuais que
especifiquem os critérios de cálculo ou ofereçam à sociedade um prazo mais dilatado para realização
do pagamento são absolutamente raras, não obstante a importância destas questões para a
simultânea proteção do sócio e da sociedade.” PARGENDLER, Mariana. O Direito Societário em
ação: análise empírica e proposições de reforma. Revista de Direito Bancário e do Mercado de
Capitais, São Paulo, v. 59, jan./2013.
142 “Note que o Código Civil, no artigo 1.031, fala em ‘balanço especial’, mas o conceitualmente
correto seria falar em ‘balanço de determinação’. O artigo 592 do CPC-projetado corrige a imprecisão
da Lei.” COELHO, Fábio Ulhoa. A ação de dissolução parcial de sociedade. Revista de Informação
Legislativa, Brasília, v. 48, n. 190, abr./jun. 2011, p. 147.
81
143 Vale anotar o entendimento de Priscila Fonseca, explanado na seção 2.2.1.1, segundo o qual
subsiste a possibilidade de dissolução parcial em sentido estrito nos casos previstos pelos artigos
1.033, III e 1.034, II, ambos do CC/02, cabendo, assim, adoção de apuração de haveres como se de
dissolução total se tratasse. Seguindo a mesma corrente, Alfredo de Assis Gonçalves Neto entende
cabível a dissolução parcial em sentido estrito nas hipóteses de dissolução total previstas pelo
diploma civilista.
144 GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis; FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes. Empresa
145 HESSEN, Johannes. Filosofia dos valores. 5. ed. Coimbra: Arménio Amado, 1980. p. 37. apud.
MARTINS, Eliseu (Org.). Avaliação de empresas: da mensuração contábil à econômica. 1. ed. 6.
reimpr. São Paulo: Atlas, 2009, p. 15.
146 MARTINS, Eliseu (Org.). Avaliação de empresas: da mensuração contábil à econômica. 1. ed. 6.
Não se pode afirmar, dessa forma, que um bem ou uma empresa possui um
valor único e certo: não será único, pois existem diferentes propósitos e facetas que
os mais distintos métodos de avaliação podem captar; também não será
inteiramente certo, pois, como será observado, o seu processo de estimativa é
complexo e eivado de análises subjetivas.147
147“Ainda, segundo Martinez (1999), não existe um valor ‘correto’ para um negócio. O valor deve ser
determinado para um propósito específico e considerar as perspectivas das partes na transação.
Damodaran (1997) complementa demonstrando que quaisquer percepções que o analista trouxer ao
processo de avaliação acabarão por se incorporar ao ‘valor’.” FAMÁ, Rubens; PEREZ, Marcelo
Monteiro. Métodos de avaliação de empresas e o balanço de determinação. Caderno de Pesquisas
em Administração (USP), São Paulo, v. 10, n. 4, out./dez., 2003, p. 48.
84
Dessa forma, afirmar que a busca pelo valor de empresas está sujeita à
subjetividade do avaliador não significa dizer que o procedimento e a ciência nele
envolvida não possuem qualquer parâmetro ou baliza, mas sim que existem
diferentes interpretações e escolhas que podem afetar, dentro de um universo
esperado, o resultado da avaliação.
148 “Os métodos econômicos de avaliação de empresas, que constituem etapa fundamental na
avaliação do fundo de comércio, são dotados de grande subjetividade, tendo em vista que muitas das
variáveis utilizadas têm que ser arbitradas de acordo com premissas pré-estabelecidas pelo
avaliador. Dessa forma, a consistência da aplicação de qualquer um desses métodos repousa não na
amplitude de eventuais fórmulas utilizadas, mas na veracidade das premissas adotadas. As variáveis
a serem consideradas são, essencialmente: a) Período de tempo, passados e futuros; b) Parâmetros
de resultados passados, para projeção dos fluxos de caixa futuros; c) Taxas de crescimento dos
resultados sociais (que podem ser negativas); d) Custo do capital, taxas de juros e taxa de risco, que
servirão para descontar os resultados esperados no futuro a valor presente.” CHINAGLIA, Olavo
Zago. Destinação dos elementos intangíveis do estabelecimento empresarial e do aviamento
na extinção parcial do vínculo societário. 2008. 169 f. Tese (Doutorado em Direito) – Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008, p. 135.
85
151 COELHO, Fábio Ulhoa. A ação de dissolução parcial de sociedade. Revista de Informação
Legislativa, Brasília, v. 48, n. 190, abr./jun. 2011, p. 145.
152 COELHO, Fábio Ulhoa. A ação de dissolução parcial de sociedade. Revista de Informação
153 MÜLLER, Aderbal Nicolas. Fluxo de caixa descontado, lucros capitalizados e lucros
excedentes – o desempenho dos modelos de avaliação de empresas. 2003. Tese (Doutorado em
Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003, p. 37-38.
154 MARTINS, Eliseu (Org.). Avaliação de empresas: da mensuração contábil à econômica. 1. ed. 6.
156 FAMÁ, Rubens; PEREZ, Marcelo Monteiro. Métodos de avaliação de empresas e o balanço de
determinação. Caderno de Pesquisas em Administração (USP), São Paulo, v. 10, n. 4, out./dez.,
2003, p. 50.
157 “Conforme Shanklin, Hunter e Ehlen (2011), o modelo contábil de reconhecimento pelo custo
histórico vigorou por muitos anos. Entretanto, devido a períodos de instabilidade econômica a partir
dos anos 1970 este procedimento passou a receber críticas mais intensas. Nessa década, o FASB,
após estudos e discussões, e, posteriormente, o IASC incorporaram o conceito de valor justo nas
demonstrações financeiras como forma de corrigir limitações e inconsistências do custo histórico
tradicional (SHANKLIN; HUNTER; EHLEN, 2011). Os proponentes do valor justo argumentavam que
os custos históricos dos ativos evidenciados no balanço guardavam pouca relação com o seu valor
atual (POZEN, 2009).” CARÍSSIMO, Cláudio Roberto. Análise da preferência dos peritos
contadores quanto à escolha do método de avaliação de sociedades em perícias de apuração
89
de haveres com base na análise hierárquica (AHP). 2014. Dissertação (Mestrado em Ciências
Contábeis) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014, p. 48.
90
Ainda que a previsão dos ativos e passivos por seus valores reais de mercado
represente avanço, o modelo do valor contábil ajustado ainda é passível de críticas,
158 “Pode-se definir Balanço de Determinação como um balanço patrimonial especial, elaborado para
fins judiciais por perito contábil a partir do balanço patrimonial oficial da empresa, que não afeta a
contabilidade da mesma e é utilizado para determinar o montante dos haveres que cabe ao sócio
dissidente, excluído ou falecido.” FAMÁ, Rubens; PEREZ, Marcelo Monteiro. Métodos de avaliação
de empresas e o balanço de determinação. Caderno de Pesquisas em Administração (USP), São
Paulo, v. 10, n. 4, out./dez., 2003, p. 54.
159 SANTOS, Nivaldo João dos. Metodologia para determinação do valor econômico de
uma vez que não considera o goodwill da empresa. Nesse sentido, afirma Nivaldo
João dos Santos que:
161 SANTOS, Nivaldo João dos. Metodologia para determinação do valor econômico de
empresas de capital fechado em processos de apuração de haveres de sócio. 2011. Tese
(Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2011, p. 65.
162 MARTINS, Eliseu (Org.). Avaliação de empresas: da mensuração contábil à econômica. 1. ed. 6.
163 MÜLLER, Aderbal Nicolas. Fluxo de caixa descontado, lucros capitalizados e lucros
excedentes – o desempenho dos modelos de avaliação de empresas. 2003. Tese (Doutorado em
Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003, p. 40.
164 ESTRELLA, Hernani; PEREIRA, Caio Mário da Silva. Apuração dos Haveres de Sócio. 5. ed.
As empresas são vistas como sendo geradoras de fluxo de caixa e seu valor
é obtido pelo valor presente desses fluxos, dada uma taxa de desconto. São
modelos que se baseiam em cuidadosas previsões, para cada período, de cada item
financeiro relacionado com a geração de fluxos de caixa correspondentes às
operações corporativas, como por exemplo, o valor das vendas, os gastos com
pessoal, matérias-primas, custos e despesas administrativas, comerciais etc.
Também relevantes e determinantes na projeção do fluxo de caixa as perspectivas
de crescimento e rentabilidade.
165 COELHO, Fábio Ulhoa. A ação de dissolução parcial de sociedade. Revista de Informação
Legislativa, Brasília, v. 48, n. 190, abr./jun. 2011, p. 145.
166 DAMODARAN, Aswath. A face oculta da avaliação. São Paulo: Makron Books, 2002, p. 214.
167 CHINAGLIA, Olavo Zago. Destinação dos elementos intangíveis do estabelecimento
168 GALDI, Fernando C.; LOPES, Alexandro B.; TEIXEIRA, Aridelmo J. C. Análise empírica de
modelos de valuation no ambiente brasileiro: fluxo de caixa descontado versus modelo de ohlson
(riv).(Portuguese). Revista Contabilidade & Finanças - USP, (47), 31-43, 2008.
169 PEREZ, Marcelo M; FAMÁ, Rubens. Métodos de avaliação de empresas e o balanço de
haveres, e, de outro lado, o do sócio retirante que busca o maior valor possível de
seu quinhão na sociedade. Afora os interesses meramente econômico-financeiros
envolvidos, a saída de sócio não raras vezes acarreta ressentimentos que, embora
não devesse afetar o montante dos haveres do sócio retirante, acabam por interferir
na sua escorreita apuração, impondo-lhe adicional dificuldade.
173 BARROS, Eduardo Bastos; RIBEIRO, Marcia Carla Pereira. Apontamentos sobre a inclusão do
aviamento no cálculo da apuração de haveres. Revista de Direito Empresarial – RDEmp, Belo
Horizonte, ano 10, n. 3, set./dez. 2013.
174 FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
114.
97
176 CC – era. 1.142 – “Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para
exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”.
177 BERTOLDI, Marcelo M.; RIBEIRO, Marcia Carla Pereira. Curso Avançado de Direito Comercial.
181 ESTRELLA, Hernani. Apuração dos Haveres de Sócio. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1992, p.
133.
182 ESTRELLA, Hernani. Apuração dos Haveres de Sócio. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1992, p.
194-199.
100
Além dos argumentos já apresentados está o de que não existiria norma legal
que determinasse a avaliação do aviamento quando do desligamento dos sócios.
183 BULGARELLI, Waldirio. O novo direito empresarial. Rio de Janeiro: Renovar, 1999, p. 178.
184 LANA, Henrique Avelino. Anotações, reflexões e ponderações acadêmicas sobre o aviamento e
sua inclusão nos haveres do sócio que se desliga da sociedade. Revista PGM – Procuradoria Geral
do Município de Fortaleza, 27 mar. 2019. Disponível em:
https://revista.pgm.fortaleza.ce.gov.br/revista1/article/view/5/277 Acesso em: 14 set. 2020.
185 FONSECA, Priscila M. Corrêa da. Dissolução parcial, retirada e exclusão de sócio. 5. ed. São
apuração de haveres. In: BRUSCHI, Gilberto Gomes et al. (Coords.). Direito Processual
Empresarial: estudos em homenagem ao professor Manoel de Queiroz Pereira Calças. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2012, p. 550-553.
102
apuração de haveres, o valor patrimonial apurado em balanço de determinação, tomando -se por
referência a data da resolução e avaliando-se bens e direitos do ativo, tangíveis e intangíveis, a
preço de saída, além do passivo também a ser apurado de igual forma”.
191 BRASIL. Decreto-Lei nº 1.608, de 18 de setembro de 1939. Código de Processo Civil. Disponível
192BRASIL. TJSP. Apelação 0051688-73.2010.8.26.0576; Rel. Des. Alexandre Marcondes; São José
do Rio Preto; 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial; Data do Julgamento: 04/02/2019.
104
193 BRASIL. TJSP. Al. 2246670-88.2-17.8.26.0000; Rel. Des. Hamid Bdine; Barueri; 1ª. Câmara
Reservada de Direito Empresarial; Data do Julgamento: 15/01/2018.
194 BRASIL. TJSP. Agravo de Instrumento 2045721-19.2015.8.26.0000; Rel. Des. Francisco
Loureiro; Santo André; 1ª. Câmara Reservada de Direito Empresarial; Data do Julgamento:
21/10/2015.
195 BRASIL. TJSP. Apel. 0021363-13.2013.8.26.0576; Rel. Des. Ricardo Negrão; São José do Rio
198 BRASIL. STJ. REsp: 1413237 SP 2012/0035329-0; Rel. Min. João Otávio de Noronha; Terceira
Turma; DJe 09/05/2016.
199 BRASIL. STJ. AgInt no REsp 1651901 / MT. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL
2017/0021925-5; Min. Rel. Marco Aurélio Bellizze; Terceira Turma; DJe 08/05/2017.
107
203 BRASIL. STJ. REsp 1335619/SP, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão - Min. JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/03/2015, DJe 27/03/2015.
204 BRASIL. STJ. REsp 1335619/SP, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão - Min. JOÃO
205 BRASIL. STJ. REsp 35.702/SP, 3ª. Turma, Rel. Min. Nilson Naves, DJ de 04/08/1997; REsp
105.667/SC, 4ª. Turma, Rel. Min. Barros Monteiro, DJ de 06.11.2000; e REsp 197.303/SP, 4ª. Turma,
Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ de 15.04.2002.
206 BRASIL. STJ. REsp 1335619/SP, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão - Min. JOÃO
208 ESTRELLA, Hernani; PEREIRA, Caio Mário da Silva. Apuração dos Haveres de Sócio. 5. ed.
atual. por Roberto Papini. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 104-105.
209 ESTRELLA, Hernani; PEREIRA, Caio Mário da Silva. Apuração dos Haveres de Sócio. 5. ed.
210ESTRELLA, Hernani; PEREIRA, Caio Mário da Silva. Apuração dos Haveres de Sócio. 5. ed.
atual. por Roberto Papini. Rio de Janeiro: Forense, 2010, s.p.
112
211
BRASIL. TJSP. AI.2071665-81.2019.8.26.0000; Rel. Des. Fortes Barbosa; Itaquaquecetuba; 1ª.
Câmara Reservada de Direito Empresarial; Data do Julgamento: 07/08/2019.
113
Não nos parece possível firmar uma posição prévia a respeito [do
cabimento ou não da inclusão do fundo de comércio na apuração dos
haveres], senão pela análise de cada caso concreto, onde devem ser
dimensionadas as particularidades que poderão justificar ou não a
inserção do fundo de comércio no cálculo do valor da quota do sócio
em relação ao qual é rompido o vínculo societário.212
212GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Direito de empresa – comentários aos artigos 966 a 1.195
do Código Civil. 7. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017, p. 225.
114
213 FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Da ação de
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 18.
115
214 BRASIL. Artigo 1046 da Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28886675/artigo-1046-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
Acesso em: 14 set. 2020.
215 BRASIL. Artigo 1046 da Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28886675/artigo-1046-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015
Acesso em: 14 set. 2020.
216 BRASIL. Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução às normas do
217 FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Da ação de
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 58.
117
correspondente ao valor de suas quotas, sobre o qual fluem juros de mora, cujo
termo inicial é a data em que se resolveu a sociedade com relação a si.
Já nos casos em que o sócio exerce seu direito de retirada por denúncia
vazia, o que lhe é facultado pelo artigo 1.029 do CC, a data de resolução da
sociedade será fixada depois de decorrido o prazo de pré aviso estipulado
legalmente, qual seja, o período de sessenta dias contados a partir do recebimento
de notificação pelos demais sócios. Findo o prazo, perde automaticamente seu
status de sócio, tornando-se credor da sociedade.
Com relação aos sócios que participam de sociedades constituídas por prazo
determinado e se valem de seu direito de retirada mediante comprovação de justa
218 “O Código de Processo Civil de 2015, extrapolando do conteúdo que lhe seria próprio, faz uma
distinção entre retirada e recesso (artigos 600, inc. IV, e 605, incs. II e III), que não encontra apoio
nas normas do direito material, assim nacional, como estrangeiro. O termo recesso tem duplo
significado: ou se refere a um período de suspensão temporária de uma atividade (v.g., recesso
forense), ou é utilizado na acepção de retirada, por um italianismo que foi absorvido pela Lei das
Sociedades por Ações.” GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Direito de empresa – comentários
aos artigos 966 a 1.195 do Código Civil. 7. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2017, p. 463.
118
causa, conforme prevê a segunda parte do artigo 1.029 do CC, disciplina o texto
legal que a data de resolução da sociedade será a do trânsito em julgado da decisão
que a dissolve. A lógica por trás da disposição repousa no fato de a sentença
constitutivo-negativa produzir seus efeitos tão somente após seu trânsito em julgado,
como esclarecem Erasmo Valladão e Marcelo Vieira von Adamek.219 Dessa forma,
até a prolação de decisão final sobre o feito, salvo nos casos em que deferida tutela
de urgência antecipada para seu afastamento, conserva o sócio retirante as
qualidades de sócio, o que, em contrapartida, inviabiliza a incidência de juros de
mora sobre seus haveres, já que ainda não se tornou credor da sociedade.
Nesse sentido, o artigo 606 deve ser lido à luz do que disciplina o artigo 604,
inciso II, que versa sobre o emprego preferencial de critério para apuração de
haveres disposto no contrato social. Não havendo qualquer menção a respeito em
seu bojo, caberá ao magistrado defini-lo em consonância com as diretrizes
219 FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Da ação de
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 65.
119
Dispõe o CPC 2015 em seu artigo 606 que, não havendo regra prevista no
contrato social, nos termos do artigo 604 do CPC, deverá o juiz fixar como critério de
apuração de haveres o “valor patrimonial apurado em BPD, tomando-se por
referência a data da resolução e avaliando-se bens e direitos do ativo, tangíveis e
intangíveis, a preço de saída, além do passivo também a ser apurado de igual
forma".
Tal disposição, por dispor sobre a mesma matéria constante do artigo 1.031
do CC, revogou tal dispositivo, a teor do artigo 2º. §1º. da LINDB 220 .
sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição
contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução,
verificada em balanço especialmente levantado.
120
com pequena correção de ordem técnica, pelo artigo 606 do CPC; vale dizer o do
valor patrimonial real, derivado do BPD.”222
222 COELHO, Fábio Ulhoa A dissolução de Sociedades no Código de Processo Civil. In: YARSHELL,
Flávio Luiz; PEREIRA, Guilherme Setoguti J. (Coords.). Processo Societário – Volume III. São
Paulo: Quartier Latin, 2018, p. 153.
223 COELHO, Fábio Ulhoa A dissolução de Sociedades no Código de Processo Civil. In: YARSHELL,
Flávio Luiz; PEREIRA, Guilherme Setoguti J. (Coords.). Processo Societário – Volume III. São
Paulo: Quartier Latin, 2018, p. 164-165.
121
Por seu turno, o parágrafo único do artigo 606 determina que, havendo
necessidade de pessoa dotada de conhecimentos técnicos para a aferição do
montante devido a ser pago ao sócio que se desliga da sociedade, dever-se-á
nomear, preferencialmente, perito judicial especialista em avaliação de sociedades.
224NERY JUNIOR, Nelson; ANDRADE NERY, Rosa Maria. Código de Processo Civil Comentado.
16. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016. p. 1536.
122
Como bem pontuado por Helder Moroni Câmara227, patente foi o propósito do
legislador em garantir a supremacia da vontade das partes, definindo que, caso haja
disposição contratual acerca do modo como será realizado o pagamento dos
haveres, este deverá reger o cumprimento da obrigação.
225 MARINONI, Luiz Guilherme; SRENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de
processo civil: tutela dos direitos mediante procedimentos diferenciados. 3. ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2017, v. 3. E-book, p. 142.
226 CPC - Artigo 608. Até a data da resolução, integram o valor devido ao ex-sócio, ao espólio ou aos
sucessores a participação nos lucros ou os juros sobre o capital próprio declarados pela sociedade e,
se for o caso, a remuneração como administrador. Parágrafo único. Após a data da resolução, o ex-
sócio, o espólio ou os sucessores terão direito apenas à correção monetária dos valores apurados e
aos juros contratuais ou legais.
227 CÂMARA, Helder Moroni (Coord.). Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: Almedina,
2016, p. 793.
123
228 FRANÇA, Erasmo Valladão Azevedo e Novaes; VON ADAMEK, Marcelo Vieira. Da ação de
Dissolução Parcial de Sociedade: comentários breves ao CPC/2015. São Paulo: Malheiros, 2016,
p. 79-80.
124
pericial. É o juiz quem deve determinar a data base e o critério de apuração a ser
adotado, cabendo ao perito efetuar o seu trabalho de levantamento e apuração dos
haveres, baseado nas diretrizes por ele estabelecidas.
Neste ponto o CPC 2015, em seu artigo 604, inovou ao destacar o papel
condutor do juiz na definição do critério de avaliação a ser adotado, quando define
que caberá a ele definir o critério de apuração de haveres, critério esse que pode ser
revisto a qualquer tempo antes do início da perícia, a pedido da parte (artigo 607).
Porém, o juiz não tem atuação discricionária ou aleatória na fixação das balizas para
a apuração do quantum, devendo se circunscrever aos parâmetros legais.
229 ALMEIDA, Marcus Elidius Michelli de; STEFANO, Marcelle Silbiger. Questões polêmicas sobre
apuração de haveres na dissolução parcial de sociedade limitada – Análise segundo a Jurimetria.
Revista de Direito Bancário do Mercado de Capitais e da Arbitragem, v. 65, p. 333-344, 2014.
125
Quanto ao critério a ser definido pelo juiz no seu despacho inicial da fase de
apuração de haveres (artigo 604 do CPC), a primeira referência, expressamente
prevista em Lei (inciso II do mesmo artigo), é a vontade das partes manifestada no
contrato social, em claro prestigio à autonomia, validade e prevalência da vontade
das partes. Se no contrato social elege-se como critério de apuração de haveres do
sócio retirante aquele definido no artigo 1.031 do CC, por exemplo, que prevê o valor
patrimonial em balanço especialmente levantado na data da resolução da
sociedade, é este o critério que deverá prevalecer. Aliás, o próprio mencionado
dispositivo do CC já prestigiava a validade e prevalência do acordo de vontade das
127
não aquele definido em Lei. Caberá às partes levantar, se for o caso, as razões que
entendem aplicáveis para afastar o critério legalmente estabelecido.
230 COELHO, Fábio Ulhoa. A dissolução de Sociedades no Código de Processo Civil. In: YARSHELL,
Flávio Luiz; PEREIRA, Guilherme Setoguti J. (Coords.). Processo Societário – Volume III. São
Paulo: Quartier Latin, 2018, p. 161-162.
231 COELHO, Fábio Ulhoa. A dissolução de Sociedades no Código de Processo Civil. In: YARSHELL,
Flávio Luiz; PEREIRA, Guilherme Setoguti J. (Coords.). Processo Societário – Volume III. São
Paulo: Quartier Latin, 2018, p.162.
129
232CC - Artigo 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da
sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição
130
passivo pode ser para mais ou para menos, inclusive em relação aos intangíveis
como mencionaremos adiante.
Tal cotejo entre o valor escriturado e o valor de venda ou saída deverá ser
feito para todos os itens patrimoniais do ativo e do passivo, devendo, daí, resultar
ajustes ao valor patrimonial contábil levantado em balanço especial na data da
resolução parcial da sociedade.
O valor de uma patente é baseado no valor que pode criar ao seu titular.
Baseia-se na contribuição econômica que pode gerar ao seu detentor. Essa
contribuição não é definida apenas baseado no que pode a patente render, mas
também no quanto ela pode significar em economia ou em vantagem competitiva,
como um aprimoramento no processo produtivo ou racionalização da produção, por
exemplo. Não havendo a patente a capacidade de gerar diferencial competitivo
eficaz para conquista de mercado, aprimoramento de margens ou redução de
despesas ou custo, não há que se falar em valor incremental além dos valores
expressos na contabilidade, que, em geral, representam os custos incorridos para
aquisição ou desenvolvimento da patente e despesas relacionadas ao registro.
Caberá ao perito avaliador identificar e apurar, por meio de técnicas de avaliação,
esse benefício econômico que a patente pode gerar, que resultará no valor de
133
233 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 29. ed. rev. e atual. por Rubens Edmundo
Requião. São Paulo: Saraiva, 2012, v. 2. E-book.
234 CC - Artigo 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para
sociedade e, por isso, devem ser considerados na apuração dos haveres, por
ocasião da dissolução, sem que a sua inclusão caracterize julgamento extra
petita.”
➢ REsp 564.711⁄RS, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, QUARTA TURMA, julgado
em 13⁄12⁄2005, DJ 20⁄03⁄2006 – “Firme o entendimento deste Sodalício no
sentido da integração do fundo de comércio ao quinhão do sócio retirante.”
não significa que ela não tenha fundo de comércio. Precedentes citados:
REsp 52.094-SP, DJ 21/8/2000; REsp 271.930-SP, DJ 25/3/2002; REsp
564.711-RS, DJ 20/3/2006, e REsp 130.617-AM, DJ 14/11/2005.”.
sociedade. O artigo 606 desse diploma legal não prevê a avaliação de fundo de
comércio, diferente do quanto reconhecido pela jurisprudência dominante. Pelo
contrário, veio reforçar o conceito do CC de prestígio da apuração dos haveres do
sócio retirante baseada na história da sociedade e não em seu futuro, uma vez que
tem por base da apuração o valor patrimonial contábil, ajustado a valores de saída
ou de mercado.
235 MC KINSEY & COMPANY. Grandes movimentos empresariais – Como os CEOs mais bem-
sucedidos criam valor. Nov. 2019. Disponível em:
https://www.mckinsey.com.br/~/media/McKinsey/Locations/South%20America/Brazil/Our%20Insights/
Grandes%20movimentos%20empresariais/201911_Grandes%20Movimentos%20Empresariais_FINA
L.pdf Acesso em: 14 set. 2020.
142
Não se pode negar que cabe ao juiz corrigir distorções na aplicação dos
critérios previstos em Lei, diante das alegações das partes no caso concreto, o que
não pode ser ignorado, para se evitar enriquecimento indevido da sociedade e dos
sócios remanescentes.
Assim, embora não previsto em Lei, o juiz poderá admitir a adoção de outros
critérios ou ajustes, tais como o baseado no valor econômico ou no fluxo de caixa
descontado, se existirem indícios de distorções relevantes, trazidos pelas partes, se
aplicado o critério legal.
4 CONCLUSÃO
segurança jurídica, pois afronta disposição legal expressa e a força vinculante dos
contratos, ao se negar vigência do quanto estipulado em contrato social quanto ao
critério de apuração de haveres, pilar das relações comerciais e na contramão da
recente Lei nº 13.874/2019 - Declaração de Direitos de Liberdade Econômica
(DDLE)236, trazendo ameaças à atividade empresarial.
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