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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

DAVI DA ROSA GONÇALVES

A (IN)VIABILIDADE DE FIXAÇÃO, NA SENTENÇA CONDENATÓRIA


PROFERIDA NO TRIBUNAL DO JÚRI, DOS REFLEXOS CIVIS INDENIZATÓRIOS

Araranguá – SC
2019
DAVI DA ROSA GONÇALVES

A (IN)VIABILIDADE DE FIXAÇÃO, NA SENTENÇA CONDENATÓRIA


PROFERIDA NO TRIBUNAL DO JÚRI, DOS REFLEXOS CIVIS INDENIZATÓRIOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Direito da Universidade do Sul de Santa
Catarina, como requisito parcial à
obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Renan Cioff de Sant’ana, Esp.

Araranguá – SC
2019
Dedico este presente trabalho a Deus, a
qual devo todas as coisas, a meus pais
pelo incentivo em todos os momentos da
minha trajetória acadêmica, e de uma
forma geral, a todos que de alguma
maneira auxiliaram na minha formação.
AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida.


“Quando estou preocupado, geralmente é porque estou tentando resolver
tudo sozinho. Quando estou em paz é porque estou confiando que Deus está no
controle”. Pr. Antônio Júnior
Agradeço a todas as pessoas que contribuíram para a minha formação no
presente curso de Direito. Esta contribuição se deve tanto a ajuda pedagógica,
como: professores, orientador, coordenadora do curso, profissionais da
universidade, colegas e amigos de curso, irmã, cunhado, bem como ajuda
financeira: pais, avós, tios e a própria universidade.
A todos são dedicadas cada página dessa monografia.
Por fim, me sentindo grato com este conjunto de pessoas, meu lema para
a vida será: “antes de ser um ótimo profissional, seja um excelente ser humano”.
Sabe-se que na vida sem ajuda não chegaremos em lugar algum. E
sendo um futuro profissional com formação em Direito, devo fazer jus a minha
formação (Direito).
“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se
chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos,
no mínimo fará coisas admiráveis.” (José de Alencar).
RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso propõe possibilitar uma reflexão crítica


do leitor em relação ao art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, no qual
determina que proferida uma sentença condenatória no juízo criminal, o juiz poderá
fixar um valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofrido pelo ofendido, limitando essa reflexão
especificamente nos casos das sentenças proferidas em plenário. De início,
expomos sobre o ato ilícito, ilícito civil, responsabilidade civil e sua evolução,
responsabilidade civil objetiva e subjetiva, do dever de indenizar, ilícito penal e
responsabilidade penal. No segundo capítulo, expõem-se os tipos de sentenças e
seus reflexos, bem como das decisões proferidas no Tribunal do Júri e suas
características, atentando ainda para a importância da coisa julgada. No terceiro e
último capítulo, explicamos o art. 387, IV do Código de Processo Penal, que
estabelece a possibilidade do juiz fixar o valor mínimo de indenização na sentença
penal condenatória, bem como tratamos sobre a inaplicabilidade do referido inciso,
nos processos submetidos ao Tribunal do Júri. A metodologia utilizada foi o método
dedutivo e o procedimento monográfico, através de pesquisa bibliográfica e
documental.

Palavras-chave: Ilícito civil. Responsabilidade civil. Ilícito penal. Tribunal do Júri.


ABSTRACT

The present work of course conclusion proposes to allow a critical reflection of the
reader in relation to art. 387, item IV, of the Code of Criminal Procedure, which states
that a sentence shall be given in the criminal court, the judge may set a minimum
amount to compensate for the damage caused by the offense, considering the
damage suffered by the offender, limiting this reflection specifically in cases of
judgments given in plenary. At first, we expose the illicit act, civil illicit, civil liability
and its evolution, objective and subjective civil liability, the duty to indemnify, criminal
illicit and criminal liability. In the second chapter, the types of judgments and their
reflexes are presented, as well as the judgments handed down in the Jury Court and
their characteristics, paying attention to the importance of the res judicata. In the third
and last chapter, we explain art. 387, IV of the Code of Criminal Procedure, which
establishes the possibility for the judge to set the minimum amount of indemnity in
the condemnatory criminal sentence, and we deal with the inapplicability of the
aforementioned paragraph in the proceedings submitted to the Jury Court. The
methodology used was the deductive method and the monographic procedure,
through bibliographic and documentary research.

Keywords: Civil illicit. Civil responsability. Penal illicit. Jury court.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 9
2 ATO ILÍCITO..................................................................................................................... 11
2.1 ILÍCITO CIVIL ................................................................................................................ 11
2.2 RESPONSABILIDADE CIVIL E SUA EVOLUÇÃO ................................................. 12
2.3 RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA E SUBJETIVA ....................................... 17
2.4 DO DEVER DE INDENIZAR ....................................................................................... 20
2.5 ILÍCITO PENAL ............................................................................................................. 21
2.6 RESPONSABILIDADE PENAL ................................................................................. 22
3 AS SENTENÇAS E SEUS REFLEXOS....................................................................... 24
3.1 SENTENÇAS CÍVEIS ................................................................................................... 24
3.2 SENTENÇAS PENAIS ................................................................................................. 27
3.3 DECISÕES DO TRIBUNAL DO JÚRI E SUAS CARACTERÍSTICAS ................. 31
3.4 DA COISA JULGADA ................................................................................................... 38
4 DA FIXAÇÃO DO VALOR MÍNIMO INDENIZATÓRIO NA SENTENÇA PENAL
CONDENATÓRIA ................................................................................................................. 41
4.1 A INAPLICABILIDADE DO ART. 387, INCISO IV, DO CÓDIDO DE PROCESSO
PENAL, NOS PROCESSOS SUBMETIDOS A JULGAMENTO PELO TRIBUNAL DO
JÚRI ......................................................................................................................................... 44
5 CONCLUSÃO................................................................................................................... 47
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 49
9

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso foi elaborado para atendimento ao


requisito necessário à obtenção do Título em Bacharel em Direito pela Universidade
do Sul da Santa Catarina – UNISUL, unidade de Araranguá-SC, tendo como objetivo
possibilitar uma reflexão crítica do leitor em relação ao art. 387, inciso IV, do Código
de Processo Penal, no qual determina que proferida uma sentença condenatória no
juízo criminal, o juiz poderá fixar um valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos sofrido pelo ofendido, limitando
essa reflexão especificamente nos casos das sentenças proferidas em plenário.
Dentro deste contexto, existe uma problemática no que se refere a fixação
de valores a título indenizatório, na sentença penal condenatória, visto que para
alguns doutrinadores há uma não aprovação da privatização do processo penal,
tendo em vista que esta aplicação do art. 387, inciso IV, do Código de Processo
Penal, acaba desordenando intenções de diversas naturezas. Assim, o problema
agrava-se no Tribunal do Júri, não só pela complexidade fática que geralmente
envolve esses fatos, mas também pela própria especificidade do ritual ali
estabelecido.
Com relação a esta problemática, surge as seguintes perguntas: Como
poderá o réu realizar uma defesa eficiente em plenário e ainda ocupar-se de fazer
uma “defesa cível” para evitar uma condenação a título indenizatório em valores
excessivos e desproporcionais? Além de ser completamente inviável, há ainda um
outro complicador. Para quem deverá dirigir sua argumentação? Para o juiz ou para
os jurados? Como conciliar uma defesa penal dirigida aos jurados e, no mesmo
debate, sustentar questões patrimoniais para o juiz?
Com o intuito de esclarecer as indagações propostas pelo referido
trabalho, estrutura-se o trabalho monográfico em três etapas, divididas da seguinte
forma: De início, expomos sobre o ato ilícito, ilícito civil, responsabilidade civil e sua
evolução, responsabilidade civil objetiva e subjetiva, do dever de indenizar, ilícito
penal e responsabilidade penal, onde nos referidos subtópicos aqui mencionados
foram abordados, conceitos, características e consequências de cada um.
10

No segundo capítulo, expõe-se os tipos de sentenças e seus reflexos,


tendo sido abordado as sentenças civis e penais no âmbito jurídico, fazendo uma
análise de suas características, dando uma maior relevância aos pressupostos
constitucionais, bem como as características das decisões proferidas pelo conselho
de sentença no Tribunal do Júri, observando os princípios da soberania dos
veredictos e o sigilo de votação. Atentando ainda, para a importância da coisa
julgada.
No terceiro e último capítulo, explicamos o art. 387, IV do Código de
Processo Penal, que estabelece a possibilidade do juiz fixar o valor mínimo de
indenização na sentença penal condenatória, bem como tratamos sobre a
inaplicabilidade do referido inciso, nos processos submetidos ao Tribunal do Júri.
Por fim, a metodologia utilizada foi o método dedutivo e o procedimento
foi o monográfico, por meio de pesquisa bibliográfica e documental.
11

2 ATO ILÍCITO

O ato ilícito pode ser denominado como penal ou civil, dependendo da


norma que for violada, acarretará uma violação distinta entre si “na responsabilidade
penal, o agente infringe uma norma penal de direito público, o interesse lesado é em
tese da sociedade. Na responsabilidade civil, o interesse lesado é o privado”
(GONÇALVES, 2014, p. 498).
Em se tratando do ato ilícito civil e penal, é interessante ressaltar que
mesmo sendo atos distintos ocorre uma transgressão de uma norma, onde às
consequências sofridas lesionará o interesse individual e coletivo.
Neste seguimento, faremos uma breve explanação de cada termo que
compõe o ato ilícito.

2.1 ILÍCITO CIVIL

A definição de ato ilícito no instituto civil, está consagrada no Código Civil


Brasileiro, lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, em seu artigo 186, que preconiza
sobre a conduta para a configuração de ilicitude. “Art. 186. Aquele que, por ação ou
omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito ou causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” (BRASIL, CC, 2019).
Todavia, também é utilizado como artigo complementar o artigo 187, no
qual completa a configuração da ilicitude. “Art. 187. Também comete ato ilícito o
titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes (BRASIL, CC,
2019).
Destarte, o ato ilícito civil tem como seus elementos a culpabilidade,
antijuricidade, nexo causal e o dano, sendo que a antijuricidade é concebida através
da contraposição aos propósitos do direito, como justiça, paz e segurança
(COELHO, 2012, p. 312).
O elemento de culpabilidade engloba dolo e culpa, de modo que os dois
institutos não podem se confundir, mas em se tratando de indenização irão gerar a
mesma consequência. Dessa forma, a culpa se trata da conduta do agente, no qual
12

se este houver concorrido para a ação ou omissão, negligência ou imprudência,


estará estabelecido a culpa. (RIZZARDO, 2007, p. 245).
No terceiro elemento que configura o ato ilícito civil, é o nexo causal, nada
mais é do que a relação entre a causa e o dano e a insurgência do indivíduo que
incorreram para a propositura da lesão do bem jurídico, que é a relação entre a
causa e efeito do ato ilícito, fazendo assim nascer o dever de indenizar (NERY,
2009, p. 303).
O último elemento, o dano, é o verdadeiro prejuízo acarretado a vítima,
podendo ser moral ou patrimonial, desde que seja atual e que tenha lesado o bem
jurídico tutelado. No dano moral é aquele que atinge o aspecto da personalidade do
indivíduo, já no dano patrimonial se trata de lesão ocasionada ao patrimônio da
vítima (COELHO, 2012, p. 313).
Por fim, é importante ressaltar, o parágrafo único, do artigo 927, do
Código Civil, onde trás o fundamento legal da responsabilidade civil objetiva,
configurando o ato ilícito a ordem jurídica, pois terá a obrigação e o dever de
ressarcimento aquele que causar dano, independentemente se agiu com culpa,
conforme preconiza: “Art. 927. Parágrafo Único. Haverá obrigação de reparar o
dano, independente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quanto a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para
os direitos de outrem” (BRASIL, CC, 2019).

2.2 RESPONSABILIDADE CIVIL E SUA EVOLUÇÃO

A obrigação jurídica é um vínculo transitório entre o devedor e credor no


qual garante a este, o direito de exigir o cumprimento de determinada prestação por
aquele. A obrigação pode ter sua origem com o contrato, com uma declaração
unilateral de vontade, pelo ato ilícito ou pela lei e se extingue com o seu
adimplemento. Mas, quando ocorre o não cumprimento dessa obrigação é que
nasce, a responsabilidade. Dessa forma, a responsabilidade é a consequência do
inadimplemento da obrigação (GONÇALVES, p. 20-21).
Nesse sentido, Carlos Roberto Gonçalves define a responsabilidade:
13

A palavra “responsabilidade” origina-se do latim respondere, que encerra a


ideia de segurança ou garantia da restituição ou compensação do bem
sacrificado. Teria, assim, o significado de recomposição, de obrigação de
restituir ou ressarcir. (2012, p. 37).

Assim sendo, a responsabilidade civil tem como objetivo a reparação do


prejuízo causado a terceiros. Tenta-se restabelecer o estado anterior da coisa antes
do dano, se possível, caso contrário, a alternativa é a compensação financeira à
vítima da lesão.
Maria Helena Diniz (2015, p. 50), conceitua a responsabilidade civil como:

A aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar o dano moral


ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato do próprio imputado, de
pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua
guarda ou, ainda, de simples imposição legal. Definição esta da guarda, em
sua estrutura, a ideia da culpa quando se cogita da existência de ilícito
(responsabilidade subjetiva), e a do risco, ou seja, da responsabilidade sem
culpa (responsabilidade objetiva).

A responsabilidade civil surgiu no Oriente Médio, sendo posteriormente


introduzida em outras civilizações, no entanto foi na Roma que foi institucionalizada,
fazendo o Estado parte na relação de reparação e esta por meio de vingança. O
Código Civil de 1916, instituiu a responsabilidade no nosso ordenamento jurídico,
utilizando a teoria subjetivista, devendo ser demonstrada a culpa, já no atual Código
Civil de 2002, a responsabilidade passou a ter uma maior relevância, tendo assim
uma grande importância a responsabilidade objetiva, aquela que não necessita
comprovação de culpa.
No início da civilização humana não se buscava a culpa do infrator que
cometeu a lesão ou a gravidade do dano ocasionado. As pessoas que eram lesadas
ou ofendidas mediante a prática de ato ilícito contra a sua honra, agiam com as suas
próprias decisões com o objetivo de buscar a reparação do dano, no qual
normalmente era decidido por meio de vingança coletiva pelos membros da
comunidade, ou seja, pela “reação conjunta do grupo contra o agressor, pela ofensa
a um de seus componentes” (DINIZ, 2009, p. 11).
Como destacado anteriormente, a responsabilidade civil surgiu no Oriente
Médio, e um dos primeiros Códigos que falavam da responsabilidade foi o código de
Ur-Nammu, (escrito cerca de 2.040 a. C.), os costumes eram trazidos em forma de
leis, e essas dispunham de penas pecuniárias aos autores de infrações. Aponta-se
14

que havia vários dispositivos que tratavam da reparação de danos (SILVA, 1999, p.
65).
Entretanto, um dos mais famosos Códigos do Oriente Médio foi o de
Hamurabi, (escrito cerca de XVIII a. C), onde já estava sendo utilizada a lei de
Talião, nesse período, se perpetuava a responsabilidade pela ofensa e o castigo,
ficando sujeito a reparação do dano, na mesma forma que o autor tinha lesado a
vítima. Após o surgimento desse Código, passam a influências as demais
civilizações, chegando a Roma, onde foi outro período muito importante para a
responsabilidade civil (NORONHA, 2007, p. 528).
Com a criação do Poder Público em Roma, deu-se início a um marco, a
era da intervenção do poder estatal na sociedade, na qual a lei do talião era
utilizada, deixando de ser poder único e exclusivo dos grupos predominantes, e
passando a ter a legitimação pelo Estado.
Esse novo modelo de responsabilização por meio da retaliação, era
conhecido como vingança privada ou “vendetta”, onde regia-se a ideia de “olho por
olho, dente por dente”, todavia se o ato lesivo sofrido pela vítima fosse
caracterizado, acarretaria “a reação imediata, instintiva e brutal do ofendido”
(GONÇALVES, 2014, p. 400).
O Poder Público, opinava apenas na forma em que a vítima poderia ter o
direito a retaliação, para compor no ofensor um dano idêntico ao que foi
experimentado. Com o passar dos anos e consequente o período em que vingou a
responsabilização pela vingança, passou-se a mudar os métodos de ressarcimento
das vítimas que começaram a passar de violência para prestações pecuniárias, e
assim o patrimônio do causador do dano era utilizado como forma de indenização
(DINIZ, 2009, p. 11).
Com o passar dos anos e com o surgimento da lei Aquilia, deu-se início a
um novo direito de responsabilização, quanto a reparação do dano, conforme
destaca o autor (VENOZA, 2009, p. 17), “Foi um plebiscito aprovado provavelmente
em fins do século III ou início do século II a. C., que possibilitou atribuir ao titular de
bens o direito de obter o pagamento de uma penalidade em dinheiro de quem
tivesse destruído ou deteriorado seus bens”.
15

Com o surgimento da referida lei, houve uma enorme mudança no


cenário, pois começou a ter um maior destaque na aplicação da culpa e na
reparação do dano sofrido. Dessa forma, a responsabilidade passou a ser do Estado
de resguardar o direito do indivíduo e de punir quem cometer o ato ilícito contra a
sociedade, e assim iniciando os novos direitos da responsabilidade vigente na
atualidade (NORONHA, 2007, p. 530).
No século XX, foi criado o Código Civil de 1916, que foi inspirado no
Código Francês, mais conhecido como Código Napoleônico³ do século XIX, na qual
sua principal característica é a idealização do liberalismo. O Código Civil de 1916
não tinha muitos artigos que tratavam sobre a responsabilidade civil, sendo a
responsabilidade subjetiva a mais acolhida pelas normas da época (GONÇALVES,
2014, p. 6).
Houve uma grande transformação no século XXI, com a entrada em vigor
do Código Civil de 2002, passou a ser mais usada as hipóteses de responsabilidade
objetiva, não sendo mais a culpa um fundamento essencial para a caraterização da
responsabilidade. A mudança mais significativa está no artigo 927, onde dispõe uma
exceção a teoria da subjetividade, mas permanece como regra geral a da
responsabilidade subjetiva (BORGES, 2018, p. 58).
A responsabilidade civil, com os passar dos anos se tornou um instituto de
grande relevância no direito civil brasileiro, de modo que abrange o direito de
indenização ou restituição de dano causado a outrem, ficando assim a critério do
julgador estipular um valor pecuniário que deve ser pago pelo causador do dano.
Dessa forma, quem descumprir um dever jurídico terá a obrigação de ressarcimento
do dano causado, na devida proporção (VENOZA, 2005, p. 570).
Atualmente a conceituação da responsabilidade civil está diretamente
ligada a devida responsabilização da pessoa que praticou o dano, tendo a
possibilidade de buscar o ressarcimento juridicamente, e assim nasce o direito de
reparação e a obrigação de indenizar. Assim, fica bem claro o porque a
responsabilidade civil está disciplinada conjuntamente com o direito das obrigações
(GONÇALVES, 2016, p. 45).
Segundo os ensinamentos de GABURRI; HIRONAKA; ARAÚJO, os
indivíduos têm pleno direito a não serem lesadas injustamente pelas condutas
16

praticadas por terceiro, e caso sejam lesadas, tem o total amparo na legislação para
buscar a indenização, onde esta indenização deverá ter a mesma proporção do
dano causado, tendo em vista que o direito de reparação está diretamente ligado a
conduta que o ocasionou o dano (2008, p. 27).
Na antijuricidade, o instituto da responsabilidade civil não tinha nada
parecido com esse modelo contemporâneo, tendo em vista que naquele tempo regia
a ideia de direito de vingança, onde a vítima teria a possibilidade da
responsabilização pelas próprias mãos, não sendo este responsabilizado pelos atos
praticados, pois a vingança era tida como direito de sansão punitiva (RIZZARDO,
2013, p. 28-29).
Segundo GONÇALVES, a reparação efetiva deve estar em
proporcionalidade com o bem jurídico lesado, coisa ou pessoa, que deve estar no
mesmo estado o qual se encontra antes de ser lesado, ou até mesmo podendo ser
na forma de pecúnia, restando o valor pago em equilíbrio com o direito violado,
sendo ele patrimonial ou moral, coisa que não acontecia no surgimento do instituto
da responsabilidade civil (2017, p. 19-20).
O instituto da responsabilidade civil é como se fosse uma trava, para que
os indivíduos vivam em sociedade sem causar nenhum tipo de prejuízo aos demais
indivíduos, pois em caso de prejuízo advindo de lesão cometida, caberá a
responsabilidade civil instituir a reparação, caso ela não existisse, ficaria as pessoas
livres para estabelecerem suas próprias regras (GABURRI; HIRONAKA; ARAÚJO,
2008, p. 28).
Neste contexto, os doutrinadores Gagliano e Pamplona Filho (2014, p.
53), utilizam a mesma linha de raciocínio, para eles um indivíduo que atua por meio
de um ato ilícito ocasionando uma violação a uma norma existente, terá como
consequência o dever de reparação pelo ato praticado, mesmo sendo uma norma
contratual ou legal.
Ainda assim, Fabio Ulhoa Coellho (2010, p. 266), preconiza em seus
ensinamentos que “a responsabilidade civil é a obrigação em que o sujeito ativo
pode exigir o pagamento de indenização do passivo por ter sofrido prejuízo imputado
a este último”.
17

Por fim, verifica-se que a evolução da responsabilidade civil, demostra


uma grande importância como instituto do direito, pois busca o objetivo claro que é a
reparação do dano sofrido, tendo a vítima uma compensação pelo desprazer de ter
seu direito violado.

2.3 RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA E SUBJETIVA

No instituto da responsabilidade civil contemporânea, existem duas


espécies de responsabilidade, a objetiva e subjetiva, sendo que a subjetiva tem
como principal característica o fundamento de culpa, porém não é somente esse
fundamento que poderá ou não ser apontado como elemento que vai gerar direito a
uma obrigação de reparação de dano pelo ato praticado (GONÇALVES, 2016, p.
59).
Não se faz ser demostrada a culpa quando se trata de atividade de risco,
onde o agente fica responsável pelos danos recorrentes desta atividade. Porém na
responsabilidade subjetiva a culpa é um elemento necessário para a sua
configuração, pois caso a culpa não seja evidenciada não se terá direito a reparação
(RIZZARDO, 2013, p. 23).
A teoria clássica, também conhecida como teoria da culpa ou até mesmo
teoria subjetivista, tem como a culpa elemento da fundamentação da
responsabilidade civil, pois não havendo culpa, não se caracteriza responsabilidade,
de modo que esta subjetividade tem como esteio a concepção de culpa
(GONÇALVES, 2014, p. 498).
No Código Civil de 1916 a responsabilidade subjetiva era a diretriz, onde
todo o instituto da responsabilidade estava sustentado na comprovação de culpa,
como previa o artigo 159 do referido código, não abrindo espaço para um novo
modelo de responsabilidade, tendo apenas as exceções da culpa presumida no
artigo 1.521, e da responsabilidade objetiva nos artigos 1.527, 1.528 e 1529. Logo, o
Código Civil de 2002 trouxe muitas mudanças neste instituto, fazendo assim passar
de um Código totalmente subjetivista (1916), para um atual, que disciplina também
uma responsabilidade objetiva, apesar da teoria subjetivista ainda ser a regra geral
(CAVALIERI FILHO, 2014, p. 36).
18

Segundo (Gagliano e Pamplona Filho, (2014, p. 57), a responsabilidade


subjetiva faz necessário ser evidenciada, bem como só será responsabilizado pelo
ato ilícito praticado, se ficar demostrado de forma inequívoca que o indivíduo agiu
com culpa ou dolo. Verifica-se que a palavra culpa advinda da esfera civil, é
constituída em consequência de ato de imprudência ou negligência.
Para Alonso, não se pode falar em responsabilidade, se houver ausência
de culpa, pois há uma violação de um direito de dever preexistente. Desse modo,
tem-se por culpa, a imprudência ou negligência do indivíduo que define a lesão do
direito de terceiro, ou causa-lhe prejuízos (2000, p. 21).
A natureza da subjetividade da responsabilidade, não pode ser
caracterizada por fato de um indivíduo qualquer, só poderia ser gerada a
responsabilidade na ocorrência de uma conduta culposa, compreendendo também
em seu contexto o dolo do indivíduo (PEREIRA, 2016, p. 40).
Segundo o entendimento de Paulo Sérgio Gomes Alonso:

Na dogmática da responsabilidade civil subjetiva, o ato ilícito destaca-se


como um elemento relevante de sua sustentação. A investigação do
comportamento do agente é fundamental para a apuração da sua
responsabilidade, uma vez que o pressuposto do dever de indenizar pela
teoria subjetiva é a conduta culposa do agente (2000, p. 21).

Nesse contexto, a responsabilidade subjetiva está atrelada a ocasião em


que o agente realizado o ato ilícito, e onde cada indivíduo deve responder pela sua
culpa, tendo em vista que violou normas e condutas estabelecidas em lei, sendo
deste modo necessário a comprovação de culpa, para que posteriormente consiga a
reparação do dano sofrido (AGUIRRE; BARROS, 2012, p. 240).
A partir da metade do século XX, passou a se estabelecer a possibilidade
de buscar a indenização, mesmo que a lesão sofrida pela vítima, não advenha de
culpa, atrelado ao nexo causal, não mais existindo a necessidade de comprovar
culpa ou dolo do indivíduo, sendo neste caso a responsabilização pelo ato praticado,
vinculada a teoria de risco (GONÇALVES, 2016, p. 60).
Dessa forma, verifica-se a responsabilidade objetiva, a qual tem sua
nascente na Revolução Industrial, onde estava diretamente ligada as áreas de
indústria, agricultura, bem como no crescimento e desenvolvimento das
19

comunicações e transportes, estando em um momento histórico e de grande


desenvolvimento nos setores econômicos (ALONSO, 2000, p. 33-34).
Com a modernização e a utilização de novas tecnologias e divergindo das
atuais condições vividas na época, nasce a responsabilidade objetiva, quando o ser
humana passou a trabalhar em situações de maior risco, este novo instituto de
responsabilidade, vem para dar maior proteção ao indivíduo, sendo que naquele
momento histórico, não tinha qualquer norma legal que resguardasse o seu direito a
reparação, diante da carência de culpa (ALONSO, 2000, p. 36).
Destarte, esta nova teoria, denominada responsabilidade objetiva, trouxe
um grande avanço durante os séculos XIX e XX, onde foram reformuladas algumas
normas, segundo a noção da responsabilidade advinda do elemento culpa,
passando-se a ter uma visão mais abrangida do referido instituto de
responsabilidade (VENOSA, 2013, p. 13).
Caio Mário Silva Pereira, (2016, p. 333), esclarece o surgimento da teoria
da responsabilidade objetiva:

A insatisfação com a teoria subjetivista tornou-se cada vez maior, e


evidenciou-se a sua incompatibilidade com o impulso desenvolvimentista de
nosso tempo. As multiplicações das oportunidades e das causas de danos
evidenciaram que a responsabilidade subjetiva mostrou-se inadequada para
cobrir todos os casos de reparação. Esta, com efeito, dentro da doutrina da
culpa, resulta na vulneração de norma preexistente, e comprovação de nexo
causal entre o dano e a antijuricidade da conduta do agente. Verificou-se,
como já ficou esclarecido, que nem sempre o lesado consegue provar estes
elementos.

Para Pamplona Filho e Gagliano (2014, p. 580), o dolo ou culpa do


indivíduo não era tão importante para a configuração da responsabilidade civil, pois
o real objetivo era o de conseguir reparar o dano sofrido pela vítima, fazendo com
que a mesma obtivesse o seu direito resguardado, por meio do princípio da
responsabilidade civil, tendo em vista que o agente era cada vez mais passível de
riscos, com enorme possibilidade de sofrer danos mais graves (ALONSO, 2000, p.
39).
Na visão de GONÇALVES, “toda pessoa que exerce alguma atividade,
cria um risco de dano para terceiros”, sendo assim, o agente tem a obrigação da
reparação, mesmo quando não for demostrada a culpa (2016, p. 60).
20

Nesse mesmo sentido, o doutrinador Silvio Rodrigues (2003, p. 11),


salienta:

[...] aquele que, através de sua atividade, cria um risco de dano para
terceiros deve ser obrigado a repará-lo, ainda que sua atividade e o seu
comportamento sejam isentos de culpa. Examina-se a situação, e, se for
verificada, objetivamente, a relação de causa e efeito entre o
comportamento do agente e o dano experimentado pela vítima, este tem
direito de ser indenizada por aquele.

Assim sendo, todo e qualquer ato culposo ou doloso, que acarrete ou


ocasione a terceiro uma lesão, prejuízo de qualquer origem, está obrigado a
indenizar a vítima pelo seu ato praticado (ALONSO, 2000, p. 21).
Por fim, verifica-se que a teoria objetiva da responsabilidade civil, irá
deixar de lado a concepção de que o dolo e culpa deve ser demonstrada para que
seja configurado a responsabilização, pois na maior parte das vezes o agente se
trata da parte mais vulnerável, onde se tem maior dificuldade de obter a efetiva
reparação.

2.4 DO DEVER DE INDENIZAR

O dever de indenizar vem do instituto da responsabilidade civil, de modo


que o posicionamento parte de quem viola um dever jurídico através de um ato ilícito
ou lícito, tem a obrigação de indenizar, pois todos tem um dever jurídico de não
ocasionar danos a outrem, e caso haja violação a este dever jurídico, passará a ter
um dever jurídico sucessivo, o de ressarcimento do dano que foi sofrido (CAVALIERI
FILHO, 2008, p. 2).
A responsabilidade civil tem o objetivo de reparar o dano sofrido, tendo
este dano levado a uma diminuição de algum bem jurídico. Caso não exista dano,
não haverá reparação, tendo em vista que o direito a indenização só se configura
com a lesão sofrida, esta lesão pode ser imaterial, onde quem sofre é a
personalidade da pessoa, como a liberdade, imagem, honra, ou dano material,
causado no patrimônio ou na própria vítima (RIZZARDO, 2013, p. 52).
Na modalidade de dano imaterial não se trata mais de lesão de conteúdo
pecuniário, mais sim da personalidade da pessoa humana, consagrado na
Constituição Federal, e como este dano será visto pela sociedade de um modo
21

geral. Diferente é o dano material, onde o dano sofrido é o valor econômico,


podendo ser um dano causado diretamente a vítima ou a uma perda no seu
patrimônio, que poderá ser reparado de forma “in natura”, sendo reparado uma coisa
semelhante, ou até mesmo valor em dinheiro (GAGLIANO, 2011, p. 86).
O dever de indenizar consequentemente está assegurado no artigo 927
do Código Civil, onde tipifica o dever de indenização, sendo um dever jurídico de
obrigação. Vale ressaltar que no referido Código existem outras espécies de
obrigações (dar, fazer, não fazer), que não podem ser confundidas com o dever de
indenizar. Um dos elementos das obrigações é ter o ato ilícito, mas somente no
Código Civil atual, que a norma concretizou esse entendimento, dispondo que o
indivíduo terá o dever de indenizar, quando este concorrer para um ato ilícito
(CAVALIERI FILHO, 2014, p. 16).
Segundo Sérgio Cavalieri Filho (2008, p. 5), faz um apontamento claro e
bem simples a luz do dever de indenizar:

À luz do dispositivo, creio ser possível assentarmos duas premissas que nos
servirão de suporte doutrinário. Primeira: não há responsabilidade, em
qualquer modalidade, sem violação de dever jurídico preexistente, uma vez
que responsabilidade pressupõe o descumprimento de uma obrigação.
Segunda para se identificar o responsável é necessário precisar o dever
jurídico violado e quem o descumpriu.

Por fim, o dever de indenizar está totalmente ligado ao dano sofrido, não
importando se a lesão ou dano advenha de direitos imateriais ou materiais, pois o
que tem maior relevância é a ocorrência do dano ou prejuízo sofrido pela vítima,
tendo em vista que sem violação a um direito tutelado jurisdicionalmente, não se
caracteriza a responsabilidade, e posteriormente o dever de indenizar.

2.5 ILÍCITO PENAL

O ato ilícito penal é praticado por aquele que, por ação ou omissão
culpável, viola direito tipificado em lei. Esse ato ilícito é tipificado pelo Direito Penal,
ou seja, só pratica o ato ilícito penal gerador de responsabilidade penal, a pessoa
que um tipo penal específico.
22

Frisa-se que o tipo penal é a descrição legal de uma conduta definida


como crime. Aquele que diz que um fato é crime e estabelece uma pena para a
pratica deste é o legislador.
Com o ato ilícito penal é que nasce a reparação penal, e essa é realizada
por imposição de uma pena, que pode ser restritiva de liberdade, restritivas de
direitos ou de natureza pecuniária.
O Código Penal, preconiza que a condenação criminal gera a obrigação
de ressarcimento pelo fato típico penal cometido e pelos danos causados pelo crime,
conforme destaca o artigo 91 do mesmo código: “São efeitos da condenação: I –
Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime” (BRASIL, CP,
2019).
Para o Autor Fernando da Costa Tourinho Filho (2010, p. 258), havendo
um ilícito penal, há quase sempre um ilícito civil, pois o crime não é somente
violação de um bem ou interesse penalmente protegido, mas também, ilícito civil,
com um fato injusto que produz dano. Dessa forma, o ilícito penal constitui quase
sempre um ilícito civil. Entende-se que a infração penal, provoca a reação da pena e,
como ilícito civil, determina o direito à satisfação do dano.
Segundo Damásio de Jesus (2009, p. 159), não existe uma diferença
substancial entre o ilícito penal e o civil:

Não há diferença substancial ou ontológica entre o ilícito penal e o civil. Em


sua essência, não há diferença entre eles. A diferença é de natureza legal e
extrínseca: o ilícito penal é um injusto sancionado com a pena; o civil é o
injusto que produz sanções civis.

2.6 RESPONSABILIDADE PENAL

Diferentemente da responsabilidade civil, na responsabilidade penal o


agente infringe uma norma de direito público, sendo neste caso, o interesse lesado é
a sociedade, bem como essa responsabilidade é pessoal, intransferível.
O doutrinador Fernando da Costa Tourinho Filho, salienta que a
responsabilidade penal é sempre pessoal. O resultado de que depende a existência
do crime somente é imputável a quem lhe de causa, não podendo assim, nenhuma
pena passar da pessoa do delinquente (2010, p. 262).
23

Importante frisar o artigo 935 do Código Civil, no qual diz que, a


responsabilidade civil e as esferas criminais são interdependentes. Neste sentido
segue na íntegra o referido artigo: “A responsabilidade civil é independente da
criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem
seja o autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.”
(BRASIL, CC, 2019).
O Código Penal, por sua vez, preconiza que a condenação criminal torna
certa a obrigação de ressarcimento pelo crime cometido, bem como pelos danos
causados pelo típico penal cometido, conforme verifica-se o artigo 91 do Código
Penal: “São efeitos da condenação: I- Tornar certa a obrigação de indenizar o dano
causado pelo crime” (BRASIL, CP, 2019).
24

3 AS SENTENÇAS E SEUS REFLEXOS

A palavra sentença pode ser utilizada de duas formas, em sentido lato ou


em sentido estrito. No sentido lato, o termo sentença compreende o pronunciamento
jurídico da administração objetivando os atos administrativos decorrentes da
situação em discussão. No sentido estrito, verifica-se a decisão final proferida em
uma ação como o objetivo de dar um fim ao processo, sendo que deve ser
sentenciado por o juízo a “quo” (DONIZETTI, 2016, p. 609).

3.1 SENTENÇAS CÍVEIS

Segundo o Código de Processo Civil, o conceito da palavra sentença, é o


pronunciamento onde o magistrado declara o fim da fase de conhecimento no
procedimento comum, com fulcro no artigo 485 e 487, e da mesma maneira quando
encerra a fase de execução, artigo 203, §1º do CPC, com exceção dos dispositivos
que regulamentam os procedimentos especiais (BUENO, 2016, p. 382).
Para o doutrinador Didier Júnior, (2016, p. 312), a decisão que extingue a
fase de conhecimento de um procedimento especial não deveria ser denominada de
sentença, pelo fato de ser um pronunciamento de um procedimento especial, e por
isso deveria ser denominado outro nome. E nesse sentido o mesmo doutrinador
preconiza:

O conceito de sentença é dado pelo direito positivo. O legislador poderia


chamar de sentença dois pronunciamentos judiciais distintos. Mas isso seria
inconveniente; terminaria por desorganizar o sistema de pronunciamentos
judiciais, o que refletiria negativamente na organização do sistema recursal.
Daí a necessidade de buscar uma interpretação harmonizadora.

A doutrina de forma majoritária, no processo civil, distingue as sentenças


de duas formas, a primeira é denominada de sentenças definitivas, sendo aquelas
que dão a resolução ao mérito discutido, geralmente sendo aplicadas com a
decadência ou prescrição, acolhimento ou rejeição do pedido, ou até mesmo
homologação de atos jurídicos. A segunda forma denominada de sentenças
terminativas, não se tem a resolução definitiva do mérito, elas geralmente são
25

aplicadas quando ocorre um indeferimento da inicial, paralização e abandono de um


processo, desistência e entre outras (WAMBIER, 2016, p. 436).
Sob a visão de outro doutrinador, as sentenças definitivas são
subdivididas em sentenças terminativas, sendo aquela que promove a certeza dos
fatos, impondo a parte ativa o direito de executar a prestação, consistindo em uma
obrigação de fazer, não fazer ou dar, tendo o efeito na maioria das vezes o ex tunc,
onde retroagem para buscar situações anteriores das sentenças. Já na outra
subdivisão, a sentença declaratória, é a sentença que declara a existência ou
inexistência de um fato jurídico, e os efeitos dessa sentença também retroagem até
a data do fato anterior a sentença (DONIZETTI, 2016, p. 629).
Nesta seara, não podemos deixar de mencionar outras três modalidades
de sentença, quais sejam, as sentenças constitutivas, que além de declarar sobre o
direito de fato, ela constitui uma nova relação jurídica entre as partes ou até mesmo
as modifica. Já a modalidade de sentença mandamentais, são aquelas que contém
uma ordem a serem cumpridas pela parte vencida na lide, e por último a modalidade
de sentença executivas, que tem como características a autorização do juiz para
executar o direito, até que seja cumprida a efetiva satisfação (WAMBIER, 2016, p.
437).
Verifica-se no artigo 489, do Código de Processo Civil, o elemento de
sentença, dispondo o que deve ter em uma sentença, na perspectiva formal, sob
pena da inviabilidade dos atos nelas contidos. No primeiro elemento, onde se deve
ter a referida decisão, o relatório, sendo que o magistrado relatará as partes, os
pedidos, bem como os principais fatos no decorrer do processo. No segundo
elemento o magistrado menciona os fundamentos, nos quais o juiz irá averiguar as
questões de fato e de direito, a fim de se basear no terceiro elemento, que é a
resolução do conflito por meio da resposta aos pedidos formulados pelas partes
(BUENO, 2016, p. 390).

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:


I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso,
com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais
ocorrências havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as
partes lhe submeterem (BRASIL, CPP, 2019).
26

Na luz do Direito Processual Civil, a sentença que conter uma


fundamentação deficiente, poderá acarretar a nulidade de uma decisão, conforme
podemos observar, a inútil fundamentação, embora existente, não justifica o
raciocínio lógico desenvolvido no ato, tornando assim a decisão um vício. A
Constituição Federal já mencionava sobre esse assunto, mas em 2015, com o novo
Código de Processo Civil, inovou com seu artigo 489, §1º, sendo bastante claro as
hipóteses de não fundamentação das sentenças transcritas no texto legal, fazendo
com que proporcione um maior controle das decisões, reduzindo assim as decisões
deficientes que não estejam fundamentadas (DIDIER JÚNIOR, 2016, p. 334).

Art. 489 [...]


§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem
explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo
concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de,
em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar
seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob
julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente
invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento (BRASIL, CPP, 2019).

Importante ressaltar, que o processo civil têm como um de seus princípios


basilares, o dever da vinculação da sentença aos pedidos formulados na lide, tendo
em vista que a sentença não poderá se afastar dos pedidos requeridos pelo autor,
ou se for o caso, da reconvenção feita pelo réu, nem na sua perspectiva subjetiva e
nem na objetiva, bem como na quantidade e qualidade dos pedidos, conforme
preconiza o artigo 490 e 492 do Código de Processo Civil (BUENO, 2016, p. 392).
Sobre a hipótese de o juiz não ficar vinculado aos pedidos pleiteados,
pedem gerar as decisões citra petita, que é o esquecimento do magistrado em
verificar os pedido e fundamentos trazidos pelas partes. Também existem as
sentenças ultra petita, aquelas que o magistrado concede mais do que foi pedido
pelas partes, fazendo uma análise de fatos que não eram essenciais ao processo,
como por exemplo de resolver demandas de sujeitos que não estavam fazendo
parte da lide. E por último, as sentenças extra petita, onde o magistrado não verifica
27

os fundamentos e pedidos formulados pelas partes, e sim inventa questões a as


analisa decidindo pedidos não formulados (DONIZETTI, 2016, p. 631).
Nesse contexto, o doutrinador Vallisney de Souza Oliveira, cita uma
simples e objetiva diferenciação entre as sentenças ultra petita e extra petita:

Numa ação em que se pede a declaração de falsidade de documento X,


será ultra petita a decisão que, além de declarar a falsidade do documento
X, avançar para declarar também a falsidade do documento Y; será, porém,
extra petita, se o juiz, sem analisar o pedido de declaração de falsidade do
documento X, declara a falsidade do documento Y, não pretendida pelo
autor. (2000, p. 180).

Por fim, conforme podemos observar, no procedimento do processo civil a


sentença tem suas características próprias, sendo necessário que essas decisões
estejam de acordo com a lei atual, tendo assim como base essencial que ela seja
devidamente fundamentada e que tenha correlação entre o que foi pedido e o que
foi sentenciado pelo juiz. Caso ocorra a não observância desses métodos que
devem ser seguidos pelo magistrado, poderá ocorrer uma sentença sem eficácia,
podendo assim gerar até nulidade dessa decisão.

3.2 SENTENÇAS PENAIS

As sentenças proferidas nos juízos criminais, buscam julgar


definitivamente o mérito da pretensão penal, utilizando-se de duas etapas para
resolver a lide, sendo elas: descobrir sobre a existência do fato delitivo, e a outra
descobrir a autoria do fato ilícito, fazendo assim um juízo de valoração jurídica e
penal das provas produzidas no processo. Importante frisar que nessa fase
processual, é aconselhável ver se a sentença teve total efetividade e se a lide foi
apreciada em sua total profundidade e amplitude, para que posteriormente condene
ou absolva o acusado, e assim se concretizando como uma sentença definitiva
(OLIVEIRA, 2014, p. 643).
Para o autor Guilherme de Souza Nucci o conceito de sentença penal é a
decisão terminativa do processo e definitiva quanto ao mérito, relacionando com a
questão relativa à pretensão punitiva do Estado, para julgar procedente ou
improcedente a imputação (2016, p. 619).
28

Embora, no processo penal as sentenças condenatórias e absolutórias


terem uma maior atenção, o processo penal não se remete apenas a ambas, sendo
que há outras espécies de sentenças no referido Código, tais como as constitutivas,
mandamentais, declaratórias e as executivas. Frisa-se que na esfera criminal as
sentenças não são absolutamente individualizadas, tendo em vista que sempre
acarretam vestígios de umas sentenças e das outras, podendo aqui citar como
exemplo, a constitutiva, que não deixa de ter na sua essência um pouco da
declaratória (TÁVORA, 2014, p. 869).
Destarte, deve sempre ser observado que de modo técnico, não se pode
confundir sentença transitado em julgado, com a sentença definitiva, visto que a
sentença definitiva é aquela que elucida o mérito da pretensão penal, já a sentenças
transitado em julgado, é aquela que a qual não cabe mais recurso. Em um aspecto
formal, a sentença é a decisão no último ato, podendo ser em primeiro grau, pelo juiz
a quo, ou até mesmo pelos acórdãos dos tribunais (GRECO FILHO, 2013, p. 355).
Contudo, há alguns requisitos para que a sentença seja válida perante a
esfera criminal e seja gerado seus efeitos práticos, partindo da manifestação de
vontade do magistrado, devendo respeitar as disposições exposta na lei. Portanto, a
sentença deverá conter a exposição fática dos fatos, ou seja, o relatório do que
aconteceu no processo, a fundamentação utilizada em tal sentença e a motivação
que é a explicação pelos quais o magistrado utilizou tais dispositivos legais para
resolver a pretensão penal, e em sua parte final está o denominado, dispositivo, que
também pode ser chamado de conclusão ou decisão (MIRABETE, 2002, p. 484).
Esses requisitos das sentenças, estão previstos no artigo 381 do Código
Penal, onde cada inciso indica quais procedimentos devem ser seguidos: I- os
nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para
identificá-las; II- a exposição sucinta da acusação e da defesa; III- a indicação dos
motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; IV- a indicação dos artigos
de lei aplicados; V- o dispositivo; VI- a data e a assinatura do juiz (BRASIL, CP,
2019).
Importante ressaltar que o inciso III, do artigo acima descrito, é o de maior
relevância, apesar de todos outros serem de suma importância também, mas o
inciso III trata da fundamentação e motivação das decisões judiciais, os quais o
29

levaram para que o juiz chegasse a uma conclusão final. Todavia, o seu direito ao
princípio do livre convencimento motivado, o magistrado terá que elencar as causas
as quais o levaram a ter tal raciocínio na busca pela sentença justa (TINOCO, 2019,
p. 20).
Agora, analisando o artigo 386 do Código de Processo Penal, que fala
sobre a sentença absolutória, no qual o juiz expor as razões pelas quais absolveu o
acusado, bem como as justificativas pelas quais o juiz imputou tal decisão, e se vai
incidir na responsabilidade civil.

Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva,


desde que reconheça:
I - estar provada a inexistência do fato;
II - não haver prova da existência do fato;
III - não constituir o fato infração penal;
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena
(arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo
se houver fundada dúvida sobre sua existência;
VII – não existir prova suficiente para a condenação. (BRASIL, CPP, 2019).

Segundo os ensinamentos de Vicente Greco Filho (2013, p. 362), sobre


os incisos do artigo, acima mencionado, estão divididos em dois grupos, os que ao
absolver no criminal, excluem a responsabilidade no civil, e as que podem ser
pleiteadas perante o juízo cível: I- estar provada a inexistência do fato, a absolvição
do réu na esfera criminal irá fazer coisa julgada na esfera cível, pois exclui o direito a
indenização. IV – Estar provado que o acusado não concorreu para a infração penal.
Com toda certeza irá ter maior incidência o inciso I, visto que a sentença criminal
verifica a inexistência de fato, em face do acusado, ficando este isento de
ressarcimento na esfera civil.
No segundo grupo, a absolvição criminal não exclui a possibilidade da
reparação no juízo civil, conforme podemos verificar nos incisos: II- não haver prova
da existência do fato, quando há dúvida se houve ou não o fato ilícito, a absolvição
no penal, não acarretará o mesmo no civil, podendo requerer indenização frente a
responsabilidade. III- não constituir o fato da infração penal, ocorrerá a absolvição
criminal, mas o direito de ressarcimento via esfera civil permanece possível. V- não
existir prova de que o réu tenha ocorrido para a infração, a dúvida quanto a autoria,
gera a absolvição criminal, mas ainda assim, concorre na esfera civil, e o inciso VI-
30

trata-se das circunstâncias subjetivas dos artigos 20, 21, 22, 23, 26 e §1º do artigo
28, do Código de Processo Penal, sendo que nestes casos fica aberta a
possibilidade de ação frente a jurisdição civil (GRECO FILHO, 2013, p. 363).
Da mesma maneira que a sentença absolutória tem os requisitos a serem
cumpridos, a sentença condenatória, também não é diferente, sendo que esta
sentença é de um procedimento bastante complexo, onde deve ter um cronograma a
ser adotado para evitar futuras nulidades, e assim buscar uma sentença mais justa e
coerente, com a devida aplicação da pena, sendo que com essa sentença, poderá
ocasionar possibilidade de ingresso no civil em busca de ressarcimento (TÁVORA,
2014, p. 891).
No artigo 387 do Código de Processo Penal, preconiza os requisitos que
devem ser respeitados, como observar o contexto das atenuantes e agravantes,
disposto no texto legal do Código Penal, bem como também dispor sobre a pena
base a causa de aumento de pena, aplicando as penas de acordo com o referido
Código, dispondo sobre o regime pelo o qual o condenado deve pagar a sua pena,
fixar o valor mínimo para a reparação de danos, devendo assim todos esses
requisitos estar devidamente fundamentados (GRECO FILHO, 2013, p. 369).

Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:


I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no
Código Penal, e cuja existência reconhecer;
II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva
ser levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos
arts. 59 e 60 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal;
III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões;
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;
V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e
medidas de segurança, ao disposto no Título XI deste Livro;
VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em
resumo e designará o jornal em que será feita a publicação (art. 73, §1º, do
Código Penal) (BRASIL, CPP, 2019).

Nesse passo, o artigo 63 do Código de Processo Penal, preconiza que se


a sentença condenatória transitar em julgado, a vítima, e seu representante, poderá
suscitar a execução no civil, dos valores fixados pelo juiz, com base o artigo 387,
inciso IV do Código de Processo Penal.
31

Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-


lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o
ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a
execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do
caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração
do dano efetivamente sofrido. (BRASIL, CPP, 2019).

Dessa forma, podemos notar que as sentenças penais também devem


seguir determinados requisitos legais, tendo cada modelo de sentença seu próprio
requisito, porém nas sentenças absolutórias e condenatórias há uma particularidade,
tendo em vista que ambas têm a possibilidade de o ofendido buscar na jurisdição
cível, o direito de ressarcimento perante o condenado.

3.3 DECISÕES DO TRIBUNAL DO JÚRI E SUAS CARACTERÍSTICAS

Segundo o doutrinador Nestor Távora, o surgimento do Tribunal do Júri


teve origem na Grécia antiga, em Roma, sendo na época fundado em um julgamento
divino, dando legitimidade a tal julgamento, sob o reflexo do julgamento de Jesus
Cristo, quando lhe foi negado as garantias de legitima defesa, onde na época nem
se quer existiam, tendo assim esse processo semelhança com um júri, criado
naquele período. Porém há outros autores que sustentam que o júri foi criado na
Constituição da Inglaterra no ano de 1215, e na França no ano de 1789, na
Revolução Francesa (2014, p. 974).
No Brasil o Tribunal do Júri está previsto no artigo 5º, inciso XXXVIII, da
Constituição Federal, onde preconiza que: “é reconhecida a instituição do júri, com a
organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das
votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos
crimes dolosos contra a vida”. Sendo assim, competência irrevogável do Tribunal do
Júri os crimes dolosos contra a vida. Neste mesmo sentido o Código de Processo
Penal adotou o entendimento do poder constituinte, e acolheu a norma superior, de
modo que organiza o Júri popular e sua essência (NASSIF, 2001, p. 26).
O Tribunal do Júri é formado pelo juiz presidente, nesse caso, o
representante do judiciário, sendo este chamado de juiz togado, e os sete jurados,
que são pessoas comuns do povo, as quais não tem conhecimento especifico na
32

área jurídica, porém caberá aos sete jurados, chamados de conselho de sentença
apreciar os fatos, e ao final responder os quesitos quanto ao crime e autoria. Já o
juiz de direito será quem vai gerenciar a condução do julgamento, no final prolatar a
sentença (OLIVEIRA, 2014, p. 717).
Segundo a Constituição Federal o júri popular tem a competência para
julgar os crimes dolosos contra a vida, crimes estes previstos nos artigos 121 a 126
do Código Penal, sendo homicídio, aborto, auxilio ou instigação ao suicídio e
infanticídio, e ainda há outros crimes que o dolo não é da morte do agente, e sim de
cometer outro crime, ocasionando a morte de alguém, neste cenário o criminoso não
irá a júri popular, pois não tem a competência do júri, tais crimes como, latrocínio,
extorsão seguida de morte, conforme prevalece entendimento na súmula 603, do
STF (GRECO FILHO, 2013, p. 438).
Vale ressaltar que, o Código de Processo Penal não assegura o júri
apenas nos crimes dolosos contra a vida, tendo em vista que em casos conexos
entre crime contra a vida e outras infrações, prevalecerá a competência do júri ao
viés do juiz originário em ambos os crimes, conforme podemos observar o artigo 78,
inciso I, do referido Código: “Na determinação da competência por conexão ou
continência, serão observadas as seguintes regras: I- no concurso entre a
competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a
competência do júri (OLIVEIRA, 2014, p. 719).
Frisa-se que no procedimento do Tribunal do Júri, tem duas fases em
separado, tendo a primeira como juízo do crime imputado, também conhecida como
fase de preparação do plenário, sendo dessa forma fases autônomas no processo, e
apesar de serem conexas, a decisão na primeira fase acarretará consequência na
subsequente (COELHO, 2018, p. 50).
Nessa primeira fase, a matéria principal a ser discutida é a razoabilidade
da parte acusatória perante ao Tribunal, tendo em vista que neste momento o juiz
vai analisar as provas trazidas ao processo, a fim de decidir se o caso em concreto
se trata de um crime doloso contra a vida, ou não. Dessa forma, tendo o fim dessa
fase a possibilidade de pronuncia, impronuncia, desclassificação ou absolvição
sumária, e em caso de pronuncia, passará o julgamento para a segunda fase, que é
a preparação de plenário (SANTIAGO, 2018, p. 35).
33

Verifica-se que a absolvição sumária é o julgamento do mérito da ação


penal antecipadamente, onde se decide pela improcedência da acusação, sendo
neste caso decretada o final da primeira fase do júri, afastando a competência do
tribunal do júri. Há casos que o crime é consumado e reconhecido, mas são
conhecidas as excludentes de ilicitude e de culpabilidade previstas nos artigos 21,
22, 23, 26 e 28 do Código de Processo Penal, ficando assim o agente absolvido de
forma sumária (OLIVEIRA, 2014, p. 725).
Nesse passo, a desclassificação por sua vez, não absolve ou condena o
acusado, se trata de uma desclassificação do crime doloso contra a vida, para outra
infração penal, que não tenha competência o Tribunal do Júri para julgar. O juiz
analisando os fatos e provas, reconhecerá a incompetência do júri e as mandará
para o juízo criminal competente, tratando-se de uma decisão interlocutória do
magistrado, podemos observar isso no artigo 419 do Código de Processo Penal
(TÁVORA, 2014, p. 992).

Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da


existência de crime diverso dos referidos no § 1o do art. 74 deste Código e
não for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja.
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro juiz, à disposição
deste ficará o acusado preso (BRASIL, CPP, 2019).

Na decisão de impronuncia o juiz deverá, em decisão interlocutória,


encerrar a primeira fase do Tribunal do Júri, sem que seja feito juízo de mérito, tendo
em vista que na impronuncia não fica comprovada a materialidade do ato típico, ou
que não contenha indícios fortes de autoria, devendo assim o juiz impronunciar o
acusado. Desse modo, ao julgar a impronuncia da queixa ou denuncia, o processo
se extingue sem ter julgado o mérito, fazendo com que o estado poderá instaurar um
novo processo, caso surgirem novas provas que modifiquem a relação de
materialidade e autoria (COELHO, 2018, p. 47).
Para que seja pronunciado o acusado, deve-se no curso do processo ser
examinadas que demostrem uma possível existência de fato criminoso, como
também os indícios de sua autoria.
Observando estes requisitos, o juiz deverá pronunciar o acusado, e
poderá em seu relatório indicar a presença de indícios, não podendo fazer juízo de
valores, bem como não deve se posicionar quanto ao seu convencimento absoluto.
34

Nesta fase o magistrado fica incumbido de revelar a probabilidade dos fatos, e não a
certeza de que eles ocorreram. Porém apesar de não ter certeza dos fatos, nesta
fase o juiz utiliza o princípio in dubio pro societate, na dúvida deve pronunciar
(OLIVEIRA, 2014, p. 731).
Realizada o pronunciamento do acusado, passa-se a segunda fase do
júri, com fulcro no artigo 422 do Código de Processo Penal. O juiz presidente, irá
intimar o Ministério Público, bem como o querelante no caso de queixa crime, para
que arrolem as testemunhas que estarão em plenário, e proceder também a juntada
de documentos e em seguida será deliberado diligencia para que não gere nulidade
ou para esclarecer fatos que interfiram no presente julgamento (GRECO FILHO,
2013, p. 448).

Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará


a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de
queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de
testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco),
oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência
(BRASIL, CPP, 2019).

Como já mencionamos anteriormente, em nosso texto constitucional, mais


especificamente no artigo 5º, inciso XXXVIII, alíneas “a”, “b”, “c” e “d”, cita os
princípios que regem o instituto do Tribunal do Júri, quais sejam: plenitude de
defesa, sigilo das votações, soberania dos veredictos e a competência para julgar os
crimes contra a vida (BRASIL, CRFB, 2019).
O primeiro princípio, a plenitude de defesa, pode ser encontrado no artigo
5º, inciso XXXVIII, alínea “a”, da Constituição Federal, onde resguarda o direito
absoluto de defesa do acusado no processo do júri, embora muitos acharem que
este princípio é o mesmo que o da ampla defesa que está previsto no mesmo artigo,
inciso LV, também da Constituição Federal, porém há uma enorme diferença entre
ambos (NASSIF, 2001, p. 26).
Defina-se a palavra ampla, que advém de ampla defesa, com o
significado de algo extenso, grande, vasto. Desta forma, o princípio da ampla defesa
é o direito que o acusado tem de se valer de todos os instrumentos legais, para
evitar que o mesmo seja condenado, bem como tenha direito de todos os recursos
cabíveis e que haja possibilidade de defesa. Diferentemente é a palavra pleno, que
35

advém de plenitude de defesa, significa algo absoluto, ilimitado, integral. Esta é a


defesa que deve ocorrer para o acusado em plenário do Tribunal do Júri,
observando os limites permitidos por lei (NUCCI, 2008, p. 60).
Destarte, a defesa no plenário do Tribunal do Júri, deve ocorrer de forma
excelente, tendo em vista que nos casos de procedimento comum, caso a defesa
não tenha uma defesa técnica, e diante disso o acusado esteja sendo prejudicado
por culpa do seu defensor, o magistrado poderá de oficio corrigir o erro na sentença,
com a devida fundamentação que a lei exige. O juiz, em plenário, não tem a
possibilidade de arrumar o erro, pois neste procedimento quem irá decidir são os
jurados, e assim a defesa do júri não poderá ter erro, por se tratar de uma decisão
de livre convencimento dos jurados. Nessa seara, o doutrinador Aramis Nassif,
salienta:

A obediência devida ao dispositivo impõe ao juiz presidente, v. g, em sessão


do júri, a obrigação de dissolver o Conselho de Sentença, interrompendo o
julgamento quando a defesa for deficiente. Neste mesmo sentido, a
imposição ao magistrado de elaborar o questionário, na pluralidade de teses
defensivas, mesmo em relação as teses eventualmente contraditórias
(2001, p. 26).

Nesse contexto, não se pode deixar de lembrar que no júri popular, o


pronunciamento dos jurados não precisa ser fundamentados, sendo que os jurados
apenas irão responder os questionários, absolvendo ou condenando o acusado,
tendo seu livre convencimento e sentimento, bem como esta decisão não faz jus a
análise do mérito por outro tribunal superior, que tenham juízes ou desembargadores
togados (NUCCI, 2008, p. 75).
Verifica-se que no estado democrático de direito todas as decisões e atos
processuais devem ser públicos, sendo resguardado o direito pelo princípio da
publicidade, previsto no artigo 5º, inciso LX, da Constituição Federal, tendo como
exceção o artigo 93, inciso IX, também da Constituição Federal, quando este está
ferindo a intimidade da pessoa e o interesse social.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a
defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
[...]
36

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal,


disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes
princípios:
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse
público à informação; (BRASIL, CRFB, 2019).

Sendo assim, no procedimento do júri, os jurados que estão em plenário


terão o seu voto resguardado, sendo aplicado o princípio do sigilo das votações, tais
quais essas são asseguradas pela nossa Constituição Federal, no artigo 5º, inciso
XXXVIII, alínea “b”, no qual protege os jurados para que não sejam influenciados ou
até mesmo que sofram alguma retaliação, após o julgamento.
Por este motivo que a eliminação da sala secreta, embora para muitos
não deveria existir por violação ao artigo 5º, inciso LV, também da Carta Magna, foi
mantida pela jurisprudência. Dessa forma, com o objetivo de manter o sigilo das
votações, a declaração em plenário dos votos contra e a favor do acusado, foi
superada, de modo que após contados quatro votos entre os sete, não será aberto
mais nenhum, objetivando uma condenação ou absolvição ao chegar aos quatro
votos (NASSIF, 2001, p. 27).

Art. 5º [...]
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der
a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
[...]
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes; (BRASIL, CRFB, 2019).

Nesse contexto, podemos notar que há uma enorme importância na


aplicação do princípio da publicidade, sendo uma garantia fundamental no processo,
tendo em vista que um processo que não tenha uma decisão pública, não apresenta
ser justa ou parcial. A publicidade nas decisões dá o direito de a sociedade fiscalizar
e observar alguma irregularidade no processo.
Vislumbra-se que dever ser observado se o sigilo das votações é
realmente uma exceção, ou não da publicidade, já que aparentemente estes dois
37

princípios estão em conflito, visto que a própria Constituição Federal, descreve que
todo julgamento deve ser público, e ao mesmo tempo preconiza que tem que haver
o sigilo de votação (LUGAN, 2018, p. 8)
Existem doutrinadores que defendem o sigilo das votações no Tribunal do
Júri, conforme preconiza Lenio Luiz Streck (2001, p. 160):

Sem dúvida, para maior participação popular e pela democratização da


instituição, urge que se dê maior transparência ao Tribunal do Júri, abolindo-
se a chamada sala secreta [...]. Ora, ao cuidar das votações dos quesitos, a
Constituição determinou que se mantenha o sigilo das votações, ou seja,
cada jurado responderá o quesito de forma sigilosa, e não o sigilo de
votação. A diferença é significativa, pois sigilo de votações é equivalente a
voto secreto, e sigilo na votação corresponde a sessão secreta; e estas,
como se viu, a Constituição vedou no inciso LX do mesmo artigo 5º, salvo
se necessário para preservar a defesa de intimidade do réu ou das partes,
ou se o interesse social assim o exigir.

Por outro lado, há aqueles que defendem a permanência do sigilo de


votação, por acreditarem que os jurados devem estar isolados do público, para que
assim possam decidir sem a pressão popular que em algumas vezes existem,
podendo até mesmo usar de forças policiais para resguardar o direito de votação.
Neste sentido, Hermínio Alberto Marques Porto (2005, p. 315), ensina:

Tais cautelas da lei visam a assegurar os jurados a livre formação de sua


convicção e a livre manifestação de suas conclusões, afastando-se
quaisquer circunstâncias que possam ser entendidas, pelos julgadores
leigos, como fontes de constrangimento. Relevante é o interesse em
resguardar a formação e exteriorização da decisão.

Como podemos notar, existe uma grande preocupação dos autores, dos
jurados serem induzidos do seu voto, pelo simples fato de que podem sofrer
retaliações, especialmente quando o acusado, se tratar de pessoa conhecida na
sociedade e ter um grau de periculosidade alta. Este é um dos principais fatores que
levam aos doutrinadores defender o sigilo da votação.
Em se tratando do princípio da soberania dos vereditos, que nada mais é
do que o julgamento dos fatos pelos jurados, sendo que esta decisão não poderá ser
mais modificada por qualquer tribunal togado ou juiz de direito togado. No caso da
decisão dos jurados, ter infringido manifestamente as provas dos autos, caberá
apelação, mas esse recurso irá apenas buscar a nulidade do júri, solicitando que o
acusado seja julgado novamente por outro júri.
38

Vale destacar que, para que não haja ofensa ao princípio da inocência, o
princípio da soberania dos vereditos não é absoluto, tendo em vista que se admite
em casos excepcionais, que o Tribunal de Justiça absolva o acusado, quando este
for claramente injustiçado, porém isso só acontecerá em caso de uma revisão
criminal (TÁVORA, 2014, p. 976).

3.4 DA COISA JULGADA

De início, quando vamos discutir coisa julgada, é importante sabermos


que há uma enorme diferença entre coisa julgada no cível e coisa julgada na esfera
criminal, tendo em vista que cada instituto tem suas regras especificas e seus
princípios próprios.
Embora a coisa julgada é uma garantia constitucional, descrita no artigo
5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal, na qual serve para ambos institutos,
conforme preconiza o referido artigo: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada”. Dessa forma, o acusado não poderá ser
condenado pelos mesmos fatos por duas vezes, seguindo a palavra conhecida “ne
bis in idem” (RANGEL, 2012, p. 130).
Assim, a coisa julgada, nada mais é do que uma decisão pela qual não
cabe mais recurso. Contudo, verifica-se que não se trata de um efeito pela qual
surge através da decisão, mas uma qualidade que advém da decisão. Vale ressaltar
que a coisa julgada no penal, e de extrema relevância quando se analisa a sentença
absolutória, tendo em vista que quando o acusado é condenado por uma sentença
condenatória, temos a possibilidade de mudar a qualquer tempo a coisa julgada,
perante a ação de revisão criminal. Já nos casos de Sentença absolutória, existe
uma imutabilidade da decisão, tendo assim segurança jurídica para o indivíduo
(OLIVEIRA, 2014, p. 668).
Destarte, vejamos que há duas modalidades de coisa julgada, que é a
formal e material. Na modalidade formal todos os meios recursais já foram
esgotados, nessa modalidade são todas aquelas decisões terminativas que dão fim
as vias recursais. (GRECO FILHO, 2013, p. 371). Podemos também ter coisa
julgada formal, quando a decisão final do juiz não tratar de um conflito criminoso,
39

tendo em vista que no mérito não houve conduta típica. Nesse sentido LOPES
JÚNIOR, “não há análise e julgamento sobre o mérito (ou seja, sobre o fato
processual ou caso penal), a decisão faz coisa julgada formal” (2014, p. 1147).
Diferentemente é na coisa julgada formal, na qual são aquelas sentenças
de mérito, nas quais não existe mais possibilidade de recurso, ficando imutável a
decisão e seus efeitos, sendo que sequer poderá entrar com outra ação sobre o
mesmo objeto ou causa. Esta modalidade de coisa julgada, tem como característica
o efeito erga omnes, tendo em vista que essa decisão se opera fora do processo e
atinge todas as pessoas. No caso de prolatada a decisão, irá resolver o conflito de
mérito, sendo o acusado absolvido ou condenado, e caso seja absolvido essa
decisão será imutável. Dessa forma na maior parte das vezes, após o caso concreto
ter sido resolvido e julgado na forma material, este será procedido na coisa julgada
formal (RANGEL, 2012, p. 166).
Não podemos confundir, no direito penal, a coisa julgada com preclusão,
visto que a coisa julgada é a decisão ou sentença que julga a pretensão punitiva do
mérito, ficando essa pretensão imutável. Já, a preclusão é a extinção de um fato
secundário do processo, que tem como objetivo a impossibilidade de
prosseguimento deste processo, embora poderá ser exercido em outro momento,
sendo que poderá ser rediscutido posteriormente pelo juiz (TÁVORA, 2014, p. 900).
Outrossim, a coisa julgada no direito civil, tem como característica a da
plenitude da decisão, se qualificando como definitiva e obrigatória, sendo esta uma
decisão com efeitos jurídicos, tornando-se uma decisão indiscutível, impossibilitando
que a mesma questão seja julgada outra vez.
Caso seja oposta novamente, deverá arguir que o assunto já foi apreciado
e que se tornou coisa julgada, efeito este chamado de negativo. Por outro lado,
também existe o efeito positivo, ocorre quando a indiscutibilidade da coisa julgada é
oposta novamente, em matéria incidental, onde neste caso o juiz deve apreciar de
forma vinculada a decisão do primeiro julgador (DIDIER JÚNIOR, 2016, p. 527).
Para que possamos ter um maior entendimento quanto aos efeitos
negativos e positivo da coisa julgada, o autor Ovídio Araújo Baptista da Silva,
preconiza:
40

O efeito negativo da coisa julgada opera como exceptio rei iudicatae, ou


seja, como defesa, para impedir o novo julgamento daquilo que já fora
decidido na demanda anterior. O efeito positivo ao contrário, corresponde a
utilização da coisa julgada propriamente em seu conteúdo, tornando-o
imperativo para o segundo julgamento. Enquanto a exceptio rei iudicatae, é
a forma de defesa, a ser empregada pelo demandado, o efeito positivo da
coisa julgada pode ser fundamento de uma segunda demanda (2005, p.
500).

Por fim, é importante ressaltar que, a coisa julgada é um fenômeno que


acontece através de questões decididas em juízo, não sendo especificas das
sentenças condenatórias. O que deve ter nesta decisão é a discussão entre a
obrigação, fatos e do direito material, requerido pelas partes, ou até mesmo se
houve alguma ilicitude no procedimento. Dessa forma, se o juiz reconhecer questões
ligadas a inexistência, modificação ou extinção, esta decisão tratará de mérito e fará
coisa julgada, mesmo em caráter incidental (THEODORO JÚNIOR, 2016, p. 531).
41

4 DA FIXAÇÃO DO VALOR MÍNIMO INDENIZATÓRIO NA SENTENÇA PENAL


CONDENATÓRIA

Determina o art. 387, inciso IV do Código de Processo Penal, com a nova


redação que lhe foi conferida pela Lei nº 11.719, de 20 de junho de 2008, que:

Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:


[...]
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (BRASIL, CPP, 2019).

Vejamos que esse inciso, tem o intuito de simplificar e dar mais celeridade
e economia processual a reparação patrimonial da vítima, aproveitando a produção
probatória do processo penal e a respectiva cognição judicial do crime, tendo o
mesmo fato gerador da pretensão punitiva e da indenização civil, com o fim de
implementar a satisfação patrimonial e a reprimenda penal, sem a necessidade da
deflagração da ação indenizatória ou de um processo de liquidação.
Segundo o doutrinador Renato Brasileiro de Lima:

A fixação desse valor mínimo para a reparação dos danos causados pela
infração independe de pedido explícito, sem que se possa arguir eventual
violação aos princípios do contraditório, da ampla defesa e da inércia da
jurisdição. Ora, mesmo antes do advento da Lei nº 11.719/08, que deu nova
redação ao art. 387, IV, do CPP, o Código Penal já preceituava em seu art.
91, I, que é efeito automático de toda e qualquer sentença penal
condenatória transitada em julgado sujeitar o condenado à obrigação de
reparar o dano causado pelo delito. Por isso, não é necessário que conste
da peça acusatória tal pedido, vez que se trata de efeito genérico e
automático da condenação. Aplica-se, pois, o mesmo raciocínio do art. 387,
IV, do CPP: a fixação do valor mínimo da indenização é aí colocada como
parte integrante da sentença condenatória. Trata-se de efeito automático da
sentença condenatória, que só não deve ser fixado pelo juiz em duas
hipóteses: a) infração penal da qual não resulte prejuízo a vítima
determinada; b) não comprovação dos prejuízos sofridos pelo ofendido
(2013, p. 289-290).

Dessa forma, podemos observar que se trata de mais um efeito da


condenação, que deverá ser enfrentado expressamente pelo magistrado, quando da
prolação do decreto condenatório.
Frisa-se também que, os efeitos da sentença que julgou a infração penal
atingem também o campo da responsabilidade civil. Assim sendo, enseja a ação civil
ex delicto, que se baseia no procedimento judicial com o objetivo de realizar
recomposição civil causado pelo delito, já reconhecido pelo juízo criminal.
42

Importante ressaltar o art. 63, parágrafo único do Código de Processo


Penal, que menciona o seguinte: “transitada em julgado a sentença condenatória, a
execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV, caput do
art. 387, IV deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano
efetivamente sofrido” (BRASIL, CPP, 2019).
Nesse contexto, segundo o autor Damásio de Jesus, transitada em
julgado a sentença penal condenatória, poderá a vítima (seu representante legal ou
seus herdeiros), optar pela execução dessa sentença no valor fixado pelo
magistrado, ou promover a liquidação visando a apuração do valor da reparação.
Contudo, a condenação penal irrecorrível faz coisa julgada no cível para efeito da
reparação do dano, não se podendo mais discutir a respeito do objeto do pedido da
ação, mas somente sobre eventual aumento do valor fixado. Dessa forma, o
causador do dano não poderá mais discutir no juízo cível se praticou o fato ou não,
se houve relação de causalidade entre a conduta ou resultado ou não, se agiu
ilicitamente ou não, se agiu culpavelmente ou não. Assim, só se pode discutir a
respeito da importância da reparação, repita-se, na hipótese de a vítima ou os
demais legitimados optarem por liquidar os danos para a apuração do momento
efetivo (2009, p. 637).
Fernando da Costa Tourinho Filho, em consonância de entendimento,
descreve:

[...] quando o juiz profere sentença condenatória, cumpre-lhe fixar, nos


termos do art. 387, IV, do CPP, com a redação dada pela Lei n.
11.719/2008, “valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido”, devendo então
o ofendido, ou quem suas vezes fizer, executá-la (no cível, obvio), sem
prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido,
segundo dispõe o parágrafo único do art. 63 do CPP (2010, p. 261).

A soberania das esferas penal e civil está relacionada com o Art. 387,
inciso IV, do Código de Processo Penal. Com efeito, essa soberania foi atenuada, no
sentido de que o próprio juiz criminal, no processo penal, poderá fixar o valor mínimo
indenizatório cível. Vale ressaltar que o valor da indenização, antes da reforma do
Código de Processo Penal, era de competência exclusiva do juiz do juízo cível. Ao
juiz criminal competia somente o trabalho de verificar os aspectos do direito penal,
43

como: os elementos do crime, as excludentes de antijuricidade, de culpabilidade e a


dosimetria da pena.
Com a alteração do art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal,
tornou menos forte a independência entre as esferas cível e penal, onde era vista de
forma absoluta no período antes da alteração. A possibilidade do juiz na sentença
penal condenatória, aplicar a fixação do valor de indenização cível, mistura as
atividades que eram realizadas por juízos diversos e em processos diferentes.
Verifica-se que a alteração do novo dispositivo permite que dentro do
próprio processo criminal seja fixada o valor da reparação cível, sendo que é
inegável que o art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, ao misturar as
atividades inerentes ao juízo criminal e ao cível, relativiza a soberania das
instâncias.
Frisa-se que, existe uma discussão entre os doutrinadores sobre a
possibilidade de o juiz criminal fixar o valor mínimo de indenização cível de ofício. Há
um questionamento se ajuizada a ação penal, seja privada ou pública, o magistrado
poderá fixar o valor mínimo independente de pedido do autor da ação?
Ora, observa-se que o art. 387, inciso IV, do Código de Processo Penal,
deixa bem claro que o juiz “fixará” o valor. Sendo assim, outra conclusão não poderá
ser obtida, se não a resposta de que o juiz criminal, pode sim fixar o valor mínimo de
ofício, sendo que se não houver sido realizado o pedido de indenização cível no
processo, o juiz criminal poderá fixá-la.
Dessa forma, ainda que o prejuízo da vítima não tenha sido descrito no
processo, existindo nos autos a prova de prejuízo, poderá o juiz considerar um valor,
na prolação da sentença penal condenatória.
Os critérios a serem utilizados pelo juiz criminal na fixação do valor
mínimo de indenização pelo dano moral e material, devem ser os mesmos utilizados
pelo juiz cível.
No dano moral, o juiz criminal deverá fixar um valor que compense a dor
sofrida e que também leve em conta a punição do autor do ilícito, para que o
indivíduo não volte a cometer a pratica daquela conduta.
Já no dano material o valor deverá ser fixado com a extensão do dano, e
consequentemente com base nas provas produzidas no processo. Deverá o juiz
44

considerar os danos emergentes, ou seja, o valor que se perdeu, bem como os


danos de lucros cessantes, sendo o valor que a vítima deixou de receber.
Importante ressaltar também que, não havendo prova nos autos da ação
penal do valor indenizatório dos danos causados pela infração, o juiz criminal deverá
abster-se de aplicar o inciso IV, do art. 387, do Código de Processo Penal.
Outro ponto para destacar é que mesmo com a possibilidade de ser
discutido uma indenização no juízo criminal, o juízo cível continua com a
competência para a fixação do valor da indenização cível. O que se possibilitou, foi
que o juiz criminal venha fixar o valor mínimo para a reparação dos danos causados
pela infração, a fim de obter uma maior celeridade ao judiciário, caso a vítima
concorde com o valor estabelecido pelo juiz criminal.
Dessa forma, nada impede que a vítima, durante a tramitação da ação
penal, ingresse com a ação na esfera civil, com fim de obter a indenização. Verifica-
se que, nesse caso, a vítima poderá ingressar com a ação denominada ação civil ex
delicto, com base no art. 64 do Código de Processo Penal:

Art. 64. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para


ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do
crime e, se for caso, contra o responsável civil (BRASIL, CPP, 2019).

A ação civil ex delicto, é uma ação ajuizada pelo ofendido, na esfera cível,
a fim de obter indenização pelo dano causado pela infração penal, quando existente.
(NUCCI, 2016, p. 197).
Após a explanação do conteúdo da fixação do valor mínimo indenizatório
na sentença penal condenatória, passaremos para o subtópico seguinte no qual irá
descrever sobre:

4.1 A INAPLICABILIDADE DO ART. 387, INCISO IV, DO CÓDIDO DE


PROCESSO PENAL, NOS PROCESSOS SUBMETIDOS A JULGAMENTO
PELO TRIBUNAL DO JÚRI

Para Aury Lopes Júnior, a fixação de valores a título indenizatório, na


sentença penal condenatória, constitui uma errônea privatização do processo penal,
misturando pretensões de diversas naturezas. O problema agrava-se no rito do
45

Tribunal Júri, não só pela complexibilidade fática que geralmente envolve esses
fatos, mas também pela própria especificidade do ritual judiciário ali estabelecido.
Dentro desse tema, o autor nos remete as seguintes perguntas:

Como poderá o réu realizar uma defesa eficiente em plenário e ainda


ocupar-se de fazer a “defesa cível”, para evitar uma condenação a título
indenizatório em valores excessivos e desproporcionais? Além de ser
completamente inviável, há ainda um outro complicador: para quem deverá
dirigir sua argumentação? Para o juiz ou para os jurados? Mas os jurados
serão quesitados sobre valores indenizatórios?
Não, os jurados não decidem sobre isso. Então como conciliar uma defesa
penal dirigida aos jurados e, no mesmo debate, sustentar questões
patrimoniais para o juiz?
É absolutamente inviável. Ademais, pela complexidade que envolve a
indenização em crimes contra a vida, não há condições processuais para,
no processo penal, discuti-las com as mínimas condições probatórias e
jurídicas. Pior ainda em plenário. Sem falar que, no júri, incumbe ao
conselho de sentença a decisão e não há previsão de que eles decidem
sobre a indenização e seu valor (2014, p. 1056).

Vejamos que, o mesmo autor acredita que este artigo 387, inciso IV do
Código de Processo Penal é inviável no processo penal, que passa a ser também
um instrumento de tutela de interesses privados. Salienta ainda que não está
justificada pela economia processual e causa uma confusão lógica grave, tendo em
vista a natureza completamente distinta das pretensões (indenizatória e acusatória).
Representa uma completa violação dos princípios básicos do processo penal e, por
consequência, de toda e qualquer lógica jurídica que pretenda orientar o raciocínio e
a atividade judiciária nessa matéria. Desvirtua o processo penal para buscar a
satisfação de uma pretensão que é completamente alheia a sua função, estrutura e
princípios informadores (2016, p. 216).
O autor em uma de suas obras, aponta duas soluções em relação a essa
problemática da fixação do valor mínimo nos casos submetidos ao Tribunal do Júri,
quais sejam: Aceitar que indevidamente o juiz fixe um valor de indenização na
sentença condenatória, negando ao acusado possiblidades de defesa e usurpando o
poder decisório do conselho de sentença, ou simplesmente negar a validade
substancial do art. 387, inciso IV, do Código Processo Penal, nos processos
submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri (2014, p.1057).
Obviamente, a segunda solução é mais viável, devendo o juiz limitar-se
ao que foi decido pelos jurados, sem fixar qualquer valor a título indenizatório.
46

Conclui-se que, essa posição de não fixar na sentença penal qualquer


valor a título de indenização, de um lado, assegura o direito de defesa do réu e o
respeito à soberania das decisões dos jurados, e entretanto não impede que a vítima
ou seu representante legal, munido da sentença penal condenatória transitada em
julgado, promova a liquidação e execução cível.
47

5 CONCLUSÃO

É possível concluir que o presente trabalho acadêmico atendeu ao seu


propósito, trazendo uma reflexão crítica do leitor em relação ao art. 387, inciso IV, do
Código de Processo Penal, no qual determina que proferida uma sentença
condenatória no juízo criminal, o juiz poderá fixar um valor mínimo para reparação
dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofrido pelo ofendido,
limitando essa reflexão especificamente nos casos das sentenças proferidas em
plenário.
O leitor poderá observar no decorrer da leitura do presente trabalho que
este tema é complexo e requer um posicionamento da revisão do art. 387, inciso IV
do Código de Processo Penal, pois nos processos submetidos ao Tribunal do Júri, o
correto seria o juiz limitar-se, apenas, ao que foi decidido pelos jurados, sem fixar
qualquer valor indenizatório, tendo em vista que seria absolutamente inviável à
defesa do acusado realizar uma defesa penal eficiente em plenário, e ainda ocupar-
se de fazer uma defesa cível, para evitar uma condenação a título indenizatório no
qual não concorde com o valor fixado pelo juiz.
Para chegar a esta conclusão, foram realizados diversos estudos
envolvendo outros subtópicos, como: o ato ilícito, ilícito civil, responsabilidade civil e
sua evolução, responsabilidade civil objetiva e subjetiva, do dever de indenizar, ilícito
penal e responsabilidade penal, onde nos referidos subtópicos aqui mencionados
foram abordados, conceitos, características e consequências de cada um.
Ainda, mencionou-se os tipos de sentenças e seus reflexos, tendo sido
abordado as sentenças civis e penais no âmbito jurídico, fazendo uma análise de
suas características, dando uma maior relevância aos pressupostos constitucionais,
bem como as características das decisões proferidas pelo conselho de sentença no
Tribunal do Júri, observando os princípios da soberania dos veredictos e o sigilo de
votação. Atentando ainda, para a importância da coisa julgada.
No terceiro e último capítulo, explicamos também o art. 387, IV do Código
de Processo Penal, que estabelece a possibilidade do juiz fixar o valor mínimo de
indenização na sentença penal condenatória, bem como tratamos sobre a
inaplicabilidade do referido inciso, nos processos submetidos ao Tribunal do Júri.
48

Destacamos que a Lei 11.719, de 2008 modificou o art. 387, inciso IV, do
Código de Processo Penal, atribuindo ao juiz criminal o poder de estabelecer um
valor mínimo para reparação do dano causado em decorrência de um ilícito penal.
Assim, diante das pesquisas realizadas, percebe-se que, apesar desse artigo ser
modificado a bastante tempo em nosso ordenamento jurídico, está longe de ser
pacífico, existindo diversas dúvidas e entendimentos.
Dentro deste contexto, este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC),
tratou de analisar as desvantagens do art. 387, inciso IV do Código de Processo
Penal, trazida pela Lei 11.719, de 2008, na qual tem o intuito de simplificar e dar
mais celeridade e economia processual a reparação patrimonial da vítima, porém
deixou de observar os problemas em torno dos efeitos civis.
Finalmente, o que se extrai de tal estudo é levar o caro leitor a concordar
que em se tratando de leis jurídicas, todo procedimento ocorre lentamente, a ponto
de uma Lei de 2008, não se chegar a um consenso.
Aqui vale ressaltar que todo o empenho e coerência são bem-vindos, por
se tratar de leis que regerão sobre o futuro de cidadãos.
49

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