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172200016
MONOGRAFIA
BACHARELADO EM DIREITO
RIO DE JANEIRO
JUNHO/2020
DEFESA DE MONOGRAFIA
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________
_____________________________________
Defendida a Monografia:
Nota:
Em: 02 | 07 | 2020
DEDICATÓRIA
Em primeiro lugar agradeço a Deus, por ter criado esse mundo, e ter me dado a
chance de nascer exatamente onde nasci, ter trilhado o caminho que trilhei, e ter tido a
oportunidade de encontrar as pessoas que conheci nessa vida!
Agradeço aos meus pais, por toda dedicação e esforço durante a vida, por jamais
medirem esforços para proporcionar a mim e a minha irmã oportunidades que eles
mesmos não puderam ter! Obrigada por me ensinar que o conhecimento é o maior bem
que a gente pode ter, pois ninguém é capaz de lhe tomar! Obrigada por terem me mostrado
desde sempre que lutar é preciso, e que trabalhar e correr atrás jamais será motivo de
vergonha para alguém.
Minha irmã Fernanda, muito obrigada! Mesmo sendo mais nova, me ensina muito,
me ajuda e me da o exemplo para seguir em frente. Obrigada pelas palavras firmes e
necessárias quando precisei, por ser exemplo de sucesso e pela paciência para me ouvir,
sempre!
Meu esposo, João Rafael Guerra, obrigada! Obrigada por toda a compreensão,
força, mãos dadas, elogios, lanches gostosos durante as madrugadas de estudo, conversas
sobre monografia e leis, obrigada por tudo! Não seria possível concluir essa caminhada
sem você.
Agradeço aos professores Leonardo Fetter e Thatiane Kipper, pelas aulas dadas
no cursinho preparatório para a prova da Ordem, pelo conteúdo de direito processual civil
passado de forma tão leve, que estimula a vontade de estudar sempre.
Aos meus amigos, que comemoraram comigo cada passo dado, cada vitória, desde
o retorno para o curso de Direito, até a aprovação na OAB, conquistada com muito
esforço, dedicação e apoio das pessoas que amo.
Aos meus colegas de trabalho, de todos os locais que passei durante essa trajetória,
sempre me ensinaram e me ajudaram muito.
Não foi fácil chegar até aqui, mas com a ajuda de pessoas muito especiais, e muito
esforço, foi possível concluir essa jornada, realizando assim o sonho de me tornar
Advogada.
Guimarães Rosa*.
RESUMO
This paper aims at analyzing the hypothesis of interpretation of the article 1015 from the
Code of Civil Procedure, subsequently to its new drafting, considering the enactment of
Law no. 13.105/2015, the New Code of Civil Procedure. The provisions in Article 1015
are to be evaluated, in reference to the appeal of Bill of Review, especially regarding the
appropriateness and interpretation form to the referred article. The present paper uses the
deductive method, instrumentalized via doctrine and jurisprudence research regarding the
subject, endeavoring a detailed overview on the aforementioned theme. To that purpose,
an analysis of the applicable law, doctrines and jurisprudences will de made, intending to
evaluate the current hypothesis of interpretation, the recent ruling from The Superior
Court of Justice (STF) and the existing solutions to the demands brought by society for
the Judiciary assessment, in the light of constitutional principles.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11
9 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 43
1 INTRODUÇÃO
O cerne do trabalho gira em torno da seguinte pergunta: O Rol das hipóteses do artigo
1015 do Código de Processo Civil é taxativo ou exemplificativo? É permitida a interpretação
extensiva do referido dispositivo? Entendendo pela taxatividade, poderia estar ser mitigada?
1
BRASIL. Corte Especial. Recurso Especial nº 1704520 - MT (2017/0271924-6). Relatora: Ministra Nancy
Andrighi. 5 de dezembro de 2018. Lex: jurisprudência do STJ, 19 de dezembro de 2018.
13
Assim como no atual diploma legal, o CPC de 1939, não permitia a interposição de
agravo contra qualquer decisão, mas apenas contra as decisões indicadas no rol do artigo
8424.
O presente recurso deveria seguir instruído com cópias de todas as peças relevantes
para elucidação da questão, contidas nos autos principais5.
2
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, p.
245.
3
IDEM.
4
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, P.
246.
5
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, P.
247.
14
O agravo retido era aquele interposto nos autos do processo, perante o juízo de
primeira instância, no prazo de 05 dias. Este recurso permanecia nos autos, era reiterado nas
razões ou contrarrazões recursais, na forma preliminar7.
A reconsideração da decisão poderia ser feita pelo Juiz, os autos somente eram
remetidos ao Tribunal, após a decisão da manutenção ou modificação da decisão agravada
pelo juízo de primeiro grau.
Durante o seu período de vigência, o Código de Processo Civil de 1973 passou por
consideráveis modificações, no que tange ao Recurso de Agravo de Instrumento.
6
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018,
P.247.
7
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018,
P.248.
8
IDEM
9
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10
IDEM
15
Com o advento desta lei, foram estabelecidas hipóteses onde o agravo retido passaria
a ser obrigatório: em face de decisões proferidas em audiência de instrução e julgamento e
das posteriores à sentença15.
11
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, P.
248.
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15
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018,
P.249.
16
16
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, p.
249
17
IDEM
18
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral do direito processual
civil, processo de conhecimento e procedimento comum, v. 3. 47. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016 , p.646.
17
O Ilustre Professor Humberto Theodoro Junior, nos ensina: “De tal sorte pode-se
reconhecer que todas as sentenças desafiam apelação e todas as decisões interlocutórias
são recorríveis, ora por meio de agravo de instrumento, ora por meio de apelação23”.
19
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, p.
250.
20
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, p.
249.
21
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral do direito processual
civil, processo de conhecimento e procedimento comum, v. 3. 47. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016 , p. 647.
22
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral do direito processual
civil, processo de conhecimento e procedimento comum, v. 3. 47. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016 , p. 648.
23
IDEM
18
O presente capítulo tem o objetivo de realizar uma análise mais profunda do Artigo
1015 do Código de Processo Civil, trazendo explicações concernentes a questão do
cabimento da interposição do recurso de Agravo de Instrumento, bem como sobre a
classificação das decisões interlocutórias em agraváveis e não agraváveis.
24
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, p.
250.
25
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral do direito processual
civil, processo de conhecimento e procedimento comum, v. 3. 47. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016 , p. 649.
26
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, p.
251.
19
Deve-se tomar cuidado com a palavra "taxatividade" para que ela não seja vista
como uma espécie de vedação à interpretação do artigo28.
I - tutelas provisórias;
27
CÂMARA, Alexandre de Freitas. O Novo Código de Processo Civil Brasileiro. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2017, p. 449.
28
CÂMARA, Alexandre de Freitas. O Novo Código de Processo Civil Brasileiro. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2017, p. 451.
20
II - mérito do processo;
XII - (VETADO);
29
BRASIL. Código de Processo Civil. 2015. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm > Acesso em maio. 2020.
21
30
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral do direito processual
civil, processo de conhecimento e procedimento comum, v. 3. 47. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016 , p. 649.
31
MARINONI, Luiz Guilherme et al., Novo Código de Processo Civil Comentado. v. XVI, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2016, p.1091.
22
A nossa Magna Carta, em seu artigo 5ºinciso XXXV, diz sobre o princípio do acesso
à justiça32
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
32
BRASIL. Constituição Federal. 1988. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm > Acesso em: maio de 2020.
33
BRASIL. Código de Processo Civil. 2015. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm > Acesso em maio. 2020.
34
TEHODORO JUNIOR, Humberto. Tutela Jurisdicional de Urgência: medidas cautelares e antecipatórias.
Rio de Janeiro: América Jurídica, 2001, p. 2.
23
Caso a parte deixe de realizar o pagamento, a perícia não será realizada. Se a parte
não puder recorrer de imediato desta decisão, e não puder também realizar o pagamento dos
honorários, poderá ocorrer a perda da prova, por impossibilidade da parte de custear o
pagamento da perícia.
A decisão que homologa o valor relativo aos honorários periciais, não é agravável
de imediato, pois não se encontra nos incisos do artigo 1015 do Código de Processo Civil.
Caso a questão seja apreciada em sede de Apelação, e a sentença seja anulada, sob
o argumento de cerceamento de defesa, tendo em vista a não realização da perícia requerida,
a parte também sofrerá prejuízos. Neste caso, a consequência lógica, será o retorno do
processo ao momento de realização da perícia.
Ora, a parte nesta hipótese, veria o seu processo retornar ao ponto de realização da
perícia requerida, logo, tudo aquilo que ocorreu após o prazo para realização da perícia seria
anulado, portanto, todo esse tempo foi perdido.
35
BRASIL. Constituição Federal. 1988. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm > Acesso em: maio de 2020.
25
para ilustrar – a gerar prejuízo imediato, pela simples razão de que, com a sentença
nada resolverá sobre o mérito, isso tende a tornar realmente desnecessário eventual
recurso de apelação36.
Tal violação se dá, por consequência de a parte prejudicada não ter o direito ao
reexame da matéria por instância superior antes que se julgue o mérito da demanda.
36
YARSHELL, Flávio Luiz. Das Provas. In: WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil. São Paulo: Ed. RT, 2015.
26
Logo, algo que não pode ser esquecido é que para todo recurso impõe-se interesse
recursal, sendo este não apenas um requisito do recurso sem o qual não é
admissível, mas também é um direito do recorrente em relação ao Estado, uma
vez identificada recorribilidade em lei, deve ser assegurada a utilidade do
Julgamento do recurso, inclusive em estrita observância do inc. XXXV do art. 5°,
da CF/1988.
37
FERREIRA, William Santos. Cabimento do Agravo de Instrumento e a Ótica Prospectiva da Utilidade:
O direito ao interesse na recorribilidade de decisões interlocutórias. Revista de Processo n. 263, São Paulo:
RT, jan. 2017. Disponível em < https://www.academia.edu/36054360/> Acesso em maio. 2019.
27
Para o Professor, definir o rol como exemplificativo seria o caminho, uma vez que
há o que ele chama de taxatividade fraca no rol do artigo 1015 do CPC/15, face a inutilidade
do recurso somente em sede de apelação, em casos onde a demora para revisão da decisão
traz prejuízos à parte.
Para o Professor Alexandre Câmara, não podemos incluir no rol das decisões
agráveis, por meio da interpretação extensiva ou analogia, pronunciamentos que não o
integram39.
38
BRASIL. Corte Especial. Recurso Especial nº 1704520 - MT (2017/0271924-6). Relatora: Ministra Nancy
Andrighi. 5 de dezembro de 2018. Lex: jurisprudência do STJ, 19 de dezembro de 2018.
39
CÂMARA, Alexandre de Freitas. O Novo Código de Processo Civil Brasileiro. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2017, p. 451.
40
MARINONI, Luiz Guilherme et al., Novo Código de Processo Civil Comentado. v. XVI, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2016.
41
BRASIL. Caderno Virtual. IDP. v. 2, n. 44, abr - jun. 2019.
28
Portanto, é mais coerente é afirmar que o rol presente no referido artigo é taxativo,
porém, não exaustivo, já que há uma cláusula de encerramento no inciso XIII que prevê a
possibilidade de outras disposições legais preverem outros casos de cabimento de agravo de
instrumento42.
Definido, após a análise das teorias colacionadas acima, que o rol deve ser entendido
como taxativo, resta a dúvida quanto à interpretação desse rol.
42
CÂMARA, Alexandre de Freitas. O Novo Código de Processo Civil Brasileiro. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2017, p. 449.
29
Segundo a ementa, entender como agravável tal hipótese por meio da interpretação
extensiva contrariaria a vontade do legislador. Deste modo, há no Tribunal de Justiça do Rio
de Janeiro, o entendimento de alguns relatores pela taxatividade do rol do artigo 1015 do
CPC/15.
43
CÂMARA, Alexandre de Freitas. O Novo Código de Processo Civil Brasileiro. 3. ed. São Paulo: Atlas,
2017, p. 520.
44
BRASIL. Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (24ª Câmara Cível). Agravo de Instrumento nº
00608959220188190000. Relatora: Des (a) Andrea Fortuna Teixeira. 29 de maio de 2019.
30
Para o Ilustre professor, dizer que o rol do artigo 1015 é taxativo, não significa dizer
que ele não é compatível com a interpretação extensiva. A possibilidade da interpretação
extensiva existe, ainda que taxativas as hipóteses de interposição do recurso de Agravo de
instrumento, para cada um de seus incisos.
O mesmo posicionamento foi defendido pelo Ilustre Ministro Luis Felipe Salomão,
no Recurso Especial nº 1.679.909, senão vejamos:
No presente acórdão, o Ministro Luis Felipe Salomão, entendeu por dar provimento
ao recurso especial, para reconhecer o cabimento da interposição de Agravo de Instrumento,
em face da decisão relacionada à definição de competência.
Temos aqui duas visões, de correntes doutrinárias distintas, para julgar matéria
semelhante, o que deixa clara a falta de uniformização quanto à interpretação do artigo.
45
BRASIL. Recurso Especial nº 1679909 – RS (2017/0109222-3). Relator: Ministro Luis Felipe Salomão. 14
de novembro de 2017. Lex: jurisprudência STJ – Quarta Turma. 01 de fevereiro de 2018.
32
46
BRASIL. Corte Especial. Recurso Especial nº 1.696.396. Lex: jurisprudência do STJ.
33
47
BRASIL. Corte Especial. Recurso Especial nº 1704520 - MT (2017/0271924-6). Relatora: Ministra Nancy
Andrighi. 05 de dezembro de 2018. Lex: jurisprudência do STJ, 19 de dezembro de 2018.
34
Lembrando sempre que isso deve ser feito em caráter excepcional, sendo necessária
a existência de urgência, independente do uso da interpretação extensiva ou analógica,
conforme dispõe a própria ementa do acórdão.
Conforme muito bem explicado pela D. Ministra, entender que o rol do artigo 1015
é meramente exemplificativo “resultaria na repristinação do regime recursal das
interlocutórias que vigorava no CPC/1973 e que fora conscientemente modificado pelo
legislador do novo CPC”.
A regra estabelecida a partir desta tese é de que, ela é aplicável quando se verifique
urgência ou necessidade de apreciação imediata da questão posta em julgamento49.
O precedente é duplamente obrigatório, pois foi proferido pelo órgão especial do STJ,
conforme preconiza o artigo 927, V, do CPC, em caso repetitivo, de acordo com o inciso III,
do mesmo artigo50.
48
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, p.
259.
49
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, p.
258.
50
IDEM
35
O texto abaixo, extraído do Curso de Direito Processual Civil, volume 03, dos
Professores Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha, nos ajuda a entender do que de
fato se trata a taxatividade mitigada:
51
IDEM
52
IDEM
53
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, p.
258.
36
Caso a parte resolva aguardar até a apelação para impugnar suposta decisão, com
base na interpretação literal do artigo 1015, a partir da decisão do Superior Tribunal de
Justiça, terá a questão sido atingida pela preclusão? Essa é a insegurança gerada a partir da
decisão firmada pelo STJ.
Fica garantido a parte, que decidiu por não agravar justamente por não encontrar a
previsão no rol do artigo 1015 do CPC, a possibilidade de impugnação em preliminar de
apelação, conforme determina o § 1º, do artigo 1009, do Código de Processo Civil55.
A parte que decidiu por agravar da decisão, e teve a interposição de seu recurso não
admitida pelo Tribunal, também terá o seu direito à impugnação em apelação ou
contrarrazões resguardado56.
A interpretação pela taxatividade mitigada, então, não traz à parte irresignada com
uma decisão interlocutória, o risco desta ser atingida pelo fenômeno da preclusão, diante da
escolha que resolva fazer, seja impugnar de imediato, ou aguardar para faze-lo em preliminar
de apelação.
54
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, p.
259.
55
IDEM
56
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, p.
259.
37
57
BRASIL. Corte Especial. Recurso Especial nº 1704520 - MT (2017/0271924-6). Relatora: Ministra Nancy
Andrighi. 05 de dezembro de 2018. Lex: jurisprudência do STJ, 19 de dezembro de 2018.
58
FERREIRA, William Santos. Cabimento do Agravo de Instrumento e a Ótica Prospectiva da Utilidade:
O direito ao interesse na recorribilidade de decisões interlocutórias. Revista de Processo n. 263, São Paulo:
RT, jan. 2017. Disponível em < https://www.academia.edu/36054360/> Acesso em maio. 2019.
38
(...)
Ademais, o prazo para impetração do mandado é de 120 dias, prazo este, em muito
superior ao de interposição do Agravo de Instrumento, de 15 dias. Isto gera uma
incompatibilidade com o sistema de recorribilidade imediata61.
59
BRASIL. Mandado de Segurança. 2009. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/lei/l12016.htm > Acesso em: maio de 2020.
60
FERREIRA, William Santos. Cabimento do Agravo de Instrumento e a Ótica Prospectiva da Utilidade:
O direito ao interesse na recorribilidade de decisões interlocutórias. Revista de Processo n. 263, São Paulo:
RT, jan. 2017, p.195. Disponível em < https://www.academia.edu/36054360/> Acesso em maio. 2019.
61
IDEM
62
IDEM
63
BRASIL. Supremo Tribunal Federal - Súmula 267. Disponível em <
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=2464 > Acesso em maio de
2020.
39
Deste modo, o agravo interno foi improvido, tendo como base de argumentação os
termos da Súmula 267 do STF, bem como a existência de espécie recursal com efeito
suspensivo para a decisão que se objetivou combater.
64
BRASIL. Agravo Interno (Primeira Turma) nº 61893 – MS (2019/0287424-2). Relatora: Ministra Regina
Helena Costa. 06 de abril de 2020. Lex: jurisprudência STJ. 13 de abril de 2020.
40
65
FERREIRA, William Santos. Cabimento do Agravo de Instrumento e a Ótica Prospectiva da Utilidade:
O direito ao interesse na recorribilidade de decisões interlocutórias. Revista de Processo n. 263, São Paulo:
RT, jan. 2017, p.195. Disponível em < https://www.academia.edu/36054360/> Acesso em maio. 2019.
41
Após a publicação do acórdão do REsp 1.704.520, julgado pelo sistema dos recursos
repetitivos, criou-se um precedente duplamente obrigatório, pois foi proferido pelo órgão
especial do STJ, conforme preconiza o artigo 927, V, do CPC, em caso repetitivo, de acordo
com o inciso III, do mesmo artigo66.
(...)
(...)
66
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. vol. 3. 16. Ed. Salvador: JusPodivm, 2018, p.
258.
67
BRASIL. Código de Processo Civil. 2015. Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm > Acesso em: maio de 2020.
42
Podemos concluir que a tese adotada pela Ilustre Ministra, foi a melhor hipótese de
intepretação a ser adotada, pois visa dirimir as questões onde se verifica a urgência da parte
em impugnar determinada decisão interlocutória, e o perigo da espera ter como consequência
danos irreparáveis à parte.
68
BRASIL. Agravo Interno no Recurso Especial nº 1825024 - RJ (2019/0197531-7). Relator: Ministro Ricardo
Villas Boas Cueva. 09 de dezembro de 2019. Lex: STJ (Terceira Turma). 11 de dezembro de 2019.
43
9 CONCLUSÃO
Para além das possibilidades elencadas, outra via para solução da questão, seria a
ampliação do rol pelo Legislador, com a modificação do próprio texto legal.
69
JOTA INFO. Taxatividade Mitigada admite Agravo de Instrumento. Revista de Opinião. 2018. Disponível
em < https://www.jota.info/justica/rol-do-1-015-tem-taxatividade-mitigada-admite-agravo-de-instrumento-
05122018 > Acesso em: 06. maio. 2020.
44
Para os casos em que a Lei não resguardou previsão legal, havendo a urgência e o
risco de dano, poderá ser utilizado o Mandado de Segurança, hipótese que deve sempre ser
vista com cautela, e adotada de maneira residual, após o esgotamento de outras
possibilidades.
Por fim, entendemos que, diante da situação criada com a nova redação do artigo
1015 do Código de Processo Civil, que versa sobre o recurso de Agravo de Instrumento, é
necessária a fungibilidade entre a impetração do Mandado de Segurança e a interposição de
Agravo de Instrumento, para as hipóteses ali não abarcadas.
45
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil. 3ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.
CÂMARA, Alexandre de Freitas. O Novo Código de Processo Civil Brasileiro. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 2017.
JOTA INFO. Hipóteses de Agravo de Instrumento no Novo CPC. Revista de Opinião. 2016.
Disponível em < https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/hipoteses-de-agravo-de-
instrumento-no-novo-cpc-os-efeitos-colaterais-da-interpretacao-extensiva-04042016 >
Acesso em 02. Abr. 2020.
46
JÚNIOR, Fredie Didier. Curso de Direito Processual Civil. v. 3. 16. Ed. Salvador:
JusPodivm, 2018.
MARINONI, Luiz Guilherme et al., Novo Código de Processo Civil Comentado, v. XVI,
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
YARSHELL, Flávio Luiz. Das Provas. In: WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Breves
Comentários ao Novo Código de Processo Civil. São Paulo: Ed. RT, 2015.