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NATAL
2016
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NATAL 2016
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Aprovado em:___/___/_____.
BANCA EXAMINADORA
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Profº Convidado
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Profº Convidado
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DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
A minha mãe, Margarida, que não deve ser a melhor mulher do mundo, mas é a
melhor mulher que eu conheci, pelo exemplo de perfeição em tudo o que se propôs a fazer,
em especial a missão de ser uma grande e maravilhosa mãe. Por todo o amor, carinho,
bondade e incentivo que sempre me deu, e por acreditar em mim sempre.
Ao meu pai, Julimar, pelo exemplo de caráter e força descomunal com a qual encara
a vida. Por me ensinar a ser forte, a ser honesta, a fazer o que tem de ser feito. Por me
estender a mão sempre, por me dizer a verdade sempre, por me dizer que eu sou capaz.
A minha irmã, Marta Eugênia, que praticamente me arrastou pro curso de Direito
quando eu queria fazer gastronomia, por me ajudar e estar ao meu lado nos momentos
difíceis.
Ao meu irmão, Marjuly, por me defender quando eu era criança e até hoje, por me
amar tanto e por ser meu amigo. Por estar comigo sempre que eu preciso.
A minha Tia Lucinete, que esteve junto comigo nos momentos mais difíceis da
minha vida, que me defendeu e me apoia até hoje.
A minha avó Marta (in memorian), por ter sido a melhor vó do mundo, por todo o
amor que me deu. Tenho certeza que de onde estiver, estará feliz por mim.
Ao meu namorado Everton Barros, por toda a paciência, amizade e afeto. Por me
ajudar com a elaboração do meu TCC e me apoiar nas dificuldades enfrentadas.
Ao meu professor e orientador Pedro Fernando Borba Vaz Guimarães, que fez surgir
em mim a paixão pelo Processo Civil, com toda a competência de um grande advogado e
professor, pelas aulas fantásticas que não me ensinaram apenas a letra da lei, mas sobre como
manejar uma ação. Por ter embarcado junto comigo no meu projeto de TCC, me mostrando de
forma simples e objetiva como eu deveria proceder.
‘
A minha amiga irmã, Iara Costa, pelos 18 anos de uma grande amizade, amor e
respeito. Por me ajudar tanto, sempre, pelas broncas, pelas risadas, por toda a força que
sempre me deu e continua dando.
EPÍGRAFE
Ruy Barbosa
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RESUMO
SUMMARY
The work presented here is intended to study the speedy trial assessed the policies put over
time to bother to address the issue, its importance for society in general, the laws created in
Brazil focused on the promotion of judicial delivery in fair weather, the inclusion of the
principle of reasonable duration of the proceedings in the Federal Constitution, the procedural
mechanisms adopted by the Brazilian judiciary to unclog the courts, such as those adopted
jurisprudence, the techniques of conflict resolution, and useful remedies to give greater agility
to the demands and submit comments on the abuse of rights and procedural abuse, which are
major procedural barriers plaguing the judicial activity, with unsubstantiated claims and
procrastinatórios resources, which multiply in the courts and resulted in a deep cycle
difficulties to carry out the justice. It also presents an analysis of the changes brought by the
new Civil Procedure Code, with nature providing improved conditions to the procedural
system and ensure that disputes have solution in a timely manner. This study has bibliographic
nature, and included the analysis of texts, articles, books related to its theme, as well as
Brazilian law of civil procedure and the federal constitution. With the completion of the study,
it can be seen that have been adopted in Brazil, many measures to solve the problem of
congestion lawsuits and effect to the rights pleaded in court, however, is still very delicate
situation of judicial conflicts, where still pass pending old demands permanent solution. It is
necessary to implement legal provisions to punish more severely litigation in bad faith,
suppress the mass demands and repetitive resources, so that it can facilitate the restoration of
the judiciary and give citizens confidence that their rights will be executed in a reasonable
time.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................................14
2. ANÁLISE HISTÓRICA...................................................................................................18
4.1. DA CONCILIAÇÃO...............................................................................................54
CONCLUSÃO...................................................................................................................67
REFERÊNCIAS............................................................................................................69
14
INTRODUÇÃO
Desde que se aboliu a autotutela, quando o indivíduo buscava seu direito por suas
próprias formas e forças, e o Estado passou a tutelar as relações jurídicas, este assumiu o
compromisso de garantir os direitos coletivos e individuais, para que os cidadãos vivessem
harmonicamente, ou seja, passou a caber ao Estado a tarefa de cuidar para que cada indivíduo
tenha o seu direito protegido e possa exercê-lo em toda a sua plenitude, desde que isto não
signifique detrimento do direito de outrem. O que se busca, portanto, é dar o direito a quem
de direito, ou seja, buscar o equilíbrio para resolver as questões discutidas.
Pois bem, garantir o direito não significa apenas criar leis que disciplinem as relações
sociais, mas oferecer àquele que busca valer-se da justiça para exercer o seu direito, a
resolução do seu conflito com segurança e em tempo justo, afinal, um processo que se arrasta
no tempo nada interessa a quem pleiteia a efetivação do seu direito, muito pelo contrário,
uma decisão não obtida ou que chega muito retardadamente, pode tornar-se
irremediavelmente danosa ao invés de trazer o benefício esperado.
varas e tribunais, que vem obrigando o poder judiciário a adotar medidas para desafogar os
tribunais e tentar achar formas eficazes de resolução de conflitos.
Uma decisão correta, antes mesmo de célere, certamente é o que se espera da justiça,
é por esta razão que as demandas são propostas, para que seja possível reconhecer o direito de
cada parte, e aplicá-lo de forma a extinguir a querela de modo satisfatório.
O magistrado tem o dever de zelar para que o trâmite processual resulte numa
conclusão virtuosa e consistente, esta é a função social do direito, a isto chama-se fazer
justiça, todavia, é impossível fazer justiça sem celeridade, não significando isto que deva-se
“atropelar” qualquer ato processual ou cercear qualquer direito das partes visando apenas a
obtenção de resultados.
preza pela maior agilidade no trâmite processual, não com o anseio de multiplicar resultados,
mas porque a realidade do processo brasileiro tem um histórico de demandas infindáveis que
levam o judiciário ao total descrédito.
adotadas nesse sentido e os entraves que levam a nossa jurisdição à condição adversa na qual
ainda se encontra. Para tanto, será feita uma abordagem histórica sobre as leis instituídas em
âmbito internacional visando solucionar o problema da morosidade da justiça, bem como o
que foi feito no Brasil ao longo dos anos neste sentido.
2. ANÁLISE HISTÓRICA
A Declaração Universal dos direitos Humanos, de 1948, que em seu art VIII, assim
prega: “Todo homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio
2
VALES, Marcela Leila Rorigues. Rev. Ciên. Jur. e Soc. da Unipar, v. 9, n.1, jan./jun.,2006. Pág 121
19
efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela
constituição ou pela lei”
Por sua vez, o Pacto Internacional dos Direito Civis e Políticos, da Assembléia Geral
das Nações Unidas, em 16 de dezembro de 1966, no seu art. 14, §3º, c diz que:
§3.º. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualdade, às seguintes
garantias mínimas:
(...)
c) a ser julgada sem dilações indevidas;” (destaques não contidos no texto original).
Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e
imparcial,estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação
penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de
caráter civil,trabalhista,fiscal ou de qualquer outra natureza.
O receio de propor uma demanda diante de tantos obstáculos fazia com que o
indivíduo procurasse resolvê-lo de formas alternativas, valendo-se para tanto, do poder de
alguma autoridade conhecida, por exemplo, ou até mesmo pela força, alguns procuravam a
outra parte interessada em busca de um acordo, de forma informal, ou pior, simplesmente
abdicavam de seu.
Embora tenha sido criado com o intuito maior de promover o acesso mais fácil à
justiça, dando ao cidadão comum a oportunidade de resolver pequenas querelas da sua
cotidianidade, antes sem solução devido ao alto custo e o formalismo da justiça comum, o
Juizado de Pequenas Causas veio ajudar a desatravancar o judiciário que se encontrava
bastante prejudicado no desenvolvimento de suas atividades em decorrência da grande
quantidade de ações.
21
O novo CPC, dispondo sobre os requisitos para a antecipação de tutela, em seu art.
300, dispõe:
“Art. 300 – A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.”
3
BUENO, Cássio Scarpinella, 2012, pag.02.
23
A antecipação de tutela, vem, pois, remediar esse tipo de situação, dando a esse
indivíduo inferiormente situado na demanda, a oportunidade de beneficiar-se dos efeitos
jurídicos de uma decisão em seu favor, de forma breve, mesmo que em caráter provisório, o
que é indubitavelmente um instrumento em favor da celeridade processual.
Esse passo com certeza foi muito importante, porém há alguns doutrinadores e
juristas que questionam a real necessidade de se inserir esse artigo à carta maior, tanto pela
receptividade, na nossa legislação, dos tratados internacionais - como o já mencionado Pacto
24
de San Jose da Costa Ria, que já tratava de estabelecer que o tempo do processo deveria ser
razoável - quanto por no texto da constituição de 1988 já estar inserido o princípio do Devido
Processo Legal, o qual entende-se estar implicitamente presente a celeridade da prestação
jurisdicional.
Zélio Maia Da Rocha faz severas críticas ao referido princípio, considerando que sua
inserção trata-se penas de mais uma inútil manifestação do excesso de positivismo presente na
cultura do nosso sistema jurídico e criticando o cunho político de tal medida.
Esse novo preceito constitucional já nasce morto, como tantos outros incisos da
constituição (...), pois não será por su previsão que os tribunais e juízes irão acelerar
os processos em curso. Trata-se de questão social e política, e não demeraquestão de
direito. há evidente demagogia, porquanto busca-se apenas efeito político (senão
eleitoreiro)4.
Fatalmente, não é a falta de legislação contemplando o tema que faz com que as
demandas tenham uma duração tão prolongada, deve-se isto a vários outro fatores, porém o
preceito em questão vem , não só ratificar a importância de desatravancar os feitos, mas faz
surgir a responsabilidade estatal diante da não aplicação de tal garantia, responsabilidade
esta, que, inclusive, é defendida por alguns doutrinadores como sendo objetiva, ou seja, por
tratar-se de preceito fundamental, a responsabilidade independe de culpa dos agentes
jurisdicionais.
4
A reforma do judiciário,2005. Pág 19
25
uma sentença favorável e precisa ainda de uma nova ação para buscar a satisfação do seu
direito.
Até o fim da década de 90, os computadores inseridos dentro das varas e tribunais
significavam apenas instrumento escriturário, com finalidade apenas de digitação dos atos
praticado em audiências, e decisões, despachos e outros atos internos, porém, o crescente
aumento das demandas e a evolução das tecnologias, provocou no judiciário a necessidade de
modernizar os instrumentos processuais, e a informatização dos processos começou a
apresentar-se como um escopo às instituições da justiça.
A primeira lei versando sobre a informatização processual, ainda que de forma tímida
foi a lei 8.245/91, também conhecida como a lei do inquilinato, que trouxe ao nosso
ordenamento jurídico, através de seu artigo 58 a citação via fac-simile, sendo que esta deveria
estar devidamente prevista em contrato. Em 1999, com a lei 9.800/99 passou a ser possível
receber petições através de fac-simile ou meio similar, porém, as partes deveriam, no prazo de
5 (cinco) dias, apresentar as petições escritas em papel. E no ano de 2001 foi editada a medida
provisória que instituiu o mecanismo de chaves públicas do Brasil-ICP BRASIL e
regulamentou a assinatura e certificação digital.
A lei 11280/06 incluiu o parágrafo único ao artigo 154 do então Código de Processo
Civil, com o seguinte texto, in verbis:
alterações sofridas pelo Código de Processo Civil vigente, versando sobre a fase de execução
do processo, passou-se a admitir a penhora on-line, via Bacenjud.
Finalmente, ainda em 2006. Foi introduzido pela Lei nº 11.419/06, o PJE, com o
intuito de facilitar o acesso aos atos judiciais e propor uma maior agilidade aos atos
processuais. No processo eletrônico dispensa-se o uso de papel, ou seja, todo o processo e
seus atos são dispostos eletronicamente, via internet.
No PJE, os protocolos de cada petição ou recurso são feitos de forma muito mais
rápida, eliminando-se a numeração de páginas. Resume-se à presença do advogado apenas
aos atos essenciais, como comparecimento em audiências, não havendo mais a necessidade
de deslocamento para protocolo. Este, por ser feito via internet, dá ao advogado a
possibilidade de extensão de horas para a sua realização, o que acarreta um maior
aproveitamento dos prazos processuais.
Não há no processo eletrônico a necessidade de carga dos autos, para que se tenha
acesso ao conteúdo de um ato ou recurso, do qual deva apresentar defesa ou réplica, podendo
visualizá-lo de qualquer lugar.
Instituído pela EC 45/04 e passando a funcionar a partir de junho de 2015, tem por
objetivo controlar, racionalizar e dar transparência aos atos do judiciário, trabalhando para
garantir o acesso à justiça, proporcionar efetividade e celeridade processuais e resguardar as
garantias fundamentais.
Para que a justiça funcione de maneira eficiente, é imprescindível que haja uma
análise das necessidades de cada região para promover de forma satisfatória a realização de
suas atividades, chegando-se assim, à identificação daquelas que são mais urgentes, em
caráter nacional. Também faz-se necessário fazer um estudo aprofundado sobre quais são os
maiores entraves, os motivos que dificultam mais severamente o bom desenvolvimento da
jurisdição, para, dispondo de tais informações, fazer um planejamento, propondo métodos de
solução de tais problemas, e que deve ser aplicado em âmbito nacional, por todos os tribunais.
superiores).
3. Informatizar todas as unidades judiciárias e interligá-las ao respectivo tribunal e à
rede mundial de computadores (internet).
4. Informatizar e automatizar a distribuição de todos os processos e recursos.
5. Implantar sistema de gestão eletrônica da execução penal e mecanismo de
acompanhamento eletrônico das prisões provisórias.
6. Capacitar o administrador de cada unidade judiciária em gestão de pessoas e de
processos de trabalho, para imediata implantação de métodos de gerenciamento de
rotinas.
7. Tornar acessíveis as informações processuais nos portais da rede mundial de
computadores (internet), com andamento atualizado e conteúdo das decisões de
todos os processos, respeitado o segredo de justiça.
8. Cadastrar todos os magistrados como usuários dos sistemas eletrônicos de acesso
a informações sobre pessoas e bens e de comunicação de ordens judiciais (Bacenjud,
Infojud, Renajud).
9. Implantar núcleo de controle interno.
10. Implantar o processo eletrônico em parcela de suas unidades judiciárias. 5
5
Disponível em< http://www.cnj.jus.br/gestao-e-planejamento/metas/metas-de-nivelamento-2009/meta-2/metas-
de-nivelamento-2009>. Acesso em:14/05/2016
30
Solucionar um litígio de forma pacífica, onde cada um dos litigantes abre mão de
parte daquilo que considera ser seu de direito, ao mesmo passo em que não arrisca-se a perdê-
lo por completo, baseando-se na conscientização, no diálogo e na partilha, é sem dúvida a
melhor maneira de pôr fim a qualquer conflito.
São formas de resolver conflitos fora do Judiciário entre pessoas e entre empresas,
agora também entre pessoas e empresas da Administração Pública. E por que fora do
Judiciário? Porque o Judiciário hoje está entupido de processos, tem mais de 100
milhões de processos — segundo a última contagem do CNJ [Conselho Nacional de
Justiça] —, e as soluções das controvérsias que são levadas ao Judiciário demoram a
sair, obviamente pelo acúmulo de processos, e não porque juízes, desembargadores
ou ministros de tribunais superiores sejam lentos na solução. Não é por desídia ou
negligência, é pela desumanidade desse volume impressionante de causas. A
arbitragem e a mediação são maneiras de você abreviar a solução com segurança
jurídica plena, de forma rápida6.
6
LUCHETTE, Felipe. Entrevista Roberto Pasqualim, Especialista em Arbitragem,2015.Disponivel em<
http://www.conjur.com.br/2015-jul-26/entrevista-roberto-pasqualin-especialista-mediacao-arbitragem>. Acesso
em14/05/2016.
31
É certo que no juízo comum, bem como nos juizados especiais, já existe um grande
estímulo à resolução amigável das lides, inclusive, tendo, muitas vezes, resultados favoráveis
nesse sentido, mas não em números expressivos, o que significa, muito infelizmente que
grande parte das demandas não resolvem-se de forma cordial.
“Nas (causas) civeis, e nas penaes civilmente intentadas, poderão as Partes nomear
Juizes Arbitros. Suas Sentenças serão executadas sem recurso, se assim o convencionarem as
mesmas Partes”.
Com a promulgação da Lei nº 3.071, de 1916, o primeiro Código Civil do Brasil, foi
disposta a arbitragem, inclusive entre particulares, da seguinte forma:
32
Nas Constituições de 1937, 1946 e 1967, não houve qualquer menção ao instituto da
arbitragem.
O Código de Processo Civil de 1973, fez alterações nas disposições que versavam
acerca da arbitragem no código de 1939, destacando o Capitulo XIV- Do Juízo Arbitral,
tratando este, unicamente dessa matéria, nos procedimentos especiais de jurisdição
contenciosa (Título I, Livro IV), dispondo sobre tal, nos artigos 1.072 a 1.102, que
posteriormente foram revogados pela Lei n.º 9.307/1996.
Além da referida menção, a Constituição ainda refere-se a arbitragem em seu art. 4º,
§ 9º, VII, assim como no art. 114, § 1º.
A Lei da arbitragem deu uma nova roupagem a este instituto, conferindo-lhe maior
autonomia. Entre as principais inovações podemos destacar as seguintes:
33
A mediação, por sua vez, é aplicada, na maioria das vezes, quando existe uma
querela que delongou-se no tempo, entre as partes. È muito utilizada em questões familiares,
por exemplo. Aqui, é necessário um maior conhecimento do objeto da ação e os argumentos
das partes, pelo mediador, para que possa orientar de forma correta a construção do diálogo
para a solução da controvérsia.
A arbitragem é geralmente utilizada nos conflitos que tem como objetivo, a discussão
acerca de direitos patrimoniais disponíveis, exigindo, muitas vezes, que o árbitro investido
para a resolução da questão seja um especialista no assunto em discussão, para oferecer maior
segurança e eficácia à decisão.
Há no Brasil hoje uma crescente procura pelos cursos capacitatórios nas áreas de
mediação, conciliação e arbitragem, bem como são crescentes os esforços das já instauradas
Câmaras de mediação e arbitragem, no sentido de divulgação sobre a confiabilidade, eficácia,
economia de tempo e todas as outras vantagens na procura pela resolução alternativa das
lides.
As mais Novas alterações no Processo Civil forma trazidas recentemente pela lei nº
13.105/2015, com o Novo Código de Processo Civil, e a lei nº 13.256/2016 que trouxe
alterações ao referido código, porém, os comentários ao Novo Código e suas contribuições
35
Um interesse individual, mesmo que seja exercido amparado por lei que lhe garanta,
não deve contrariar o interesse da coletividade em geral, ou causar prejuízo a terceiros,
quando isso ocorre, há, pois, um contraste entre o que objetivou-se ao postular tal direito, e o
que resultou com o seu exercício.
7
BARROS, João Álvaro Quintiliano. Abuso de Direito, 2005. Disponível em<
https://jus.com.br/artigos/6944/abuso-de-direito>. Acesso em15/05/2016
36
age dentro da licitude, e se ultrapassa os limites, estaria cometendo um ato ilícito. Não há,
assim, como abusar de um direito.
Abuso de direito é espécie de ato ilícito, que pressupõe a violação de direito alheio
mediante conduta intencional que exorbita o regular exercício de direito subjetivo. É
equivocado pretender-se situar o abuso de direito entre o ato lícito e o ilícito. Ou o
ato é permitido no Jus Positum e nos pactos, quando é lícito, ou a sua prática é
vedada, hipótese em que se reveste de ilicitude8.
Temos, segundo o pensamento do autor, que a conduta abusiva caracteriza ato ilícito,
pois aquele que age intencionalmente com o propósito de prejudicar a outro, está exercendo o
seu direito de forma irregular, e, assim sendo, está agindo com ilicitude.
O autor, ainda traça, em sua teoria, os requisitos que considera necessários para o
reconhecimento do abuso do direito, que são:
8
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil – Vol. 1. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2016, p. 616.
9
Idem, p.618
37
determinada conduta enquadra-se nos requisitos mencionados, pode-se obter uma conclusão
sobre sua abusividade ou não.
O Código civil brasileiro, em seu artigo 187, dispõe sobre a natureza jurídica de
abuso do direito da seguinte maneira:
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.”
A figura jurídica de abuso do direito também está prevista nas legislações de outros
países, dos quais podemos citar o código civil português, do qual a nossa legislação inspirou-
se ao conceituar o tema, e o código civil holandês.
Pelos pontos expostos, temos, pois, que o abuso do direito trata de uma forma de
exercer um direito do qual se está investido, mas com uma razão escusa, imoral, com interesse
de lesar ou prejudicar o direito de outra pessoa, distorcendo o que foi almejado pela
legislação ao conferir tal direito, e aquele que age de tal forma, comete ato ilícito, de acordo
com o disposto no nosso código Civil.
Existe a punição par alienação parental, porém, muitas vezes aquele que detém a
guarda age de forma tão ardilosa, que não é possível comprovar que esta aconteceu de fato.
Assim agindo, estamos diante de um caso de abuso do direito de maternidade ou paternidade,
posto que há um prejuízo visível da outra parte.
Podemos citar ainda, o caso de um cônjuge que recebe do outro pensão alimentícia, e
constitui nova união, mas oculta o fato da parte alimentante, para assim, continuar
beneficiando-se da referida pensão, lesando a outra parte, que neste caso, encontra-se
desobrigada de prestar alimentos.
Outro campo onde ocorrem frequentes situações de abuso do direito são as relações
de consumo. Podemos citar, por exemplo, as empresas que efetuam cobranças de forma
excessiva, e muitas vezes vexatória aos seus clientes, com ligações telefônicas feitas inúmeras
vezes diariamente, onde o devedor muitas vezes sofre agressões verbais ou até ameaças, ou
muitas vezes, a cobrança é feita pessoalmente em sua casa, causando constrangimento perante
seus familiares e até mesmo vizinhos.
Na esfera trabalhista, podemos citar o caso de patrão, que, para não arcar com os
custos da demissão de um funcionário, age de maneira a coagi-lo a pedir demissão,
atribuindo-lhe excessivas prerrogativas, ou atribuindo-lhe serviços não próprios do cargo que
ocupa, caracterizando o chamado “desvio de função”, ou pressionando- o a agir de forma
desagradável, como por exemplo, exigir que um chefe de setor cobre de forma abusiva de
seus subordinados.
39
Outro caso comum de abuso do direito nas relações trabalhistas é aquele em que o
patrão atribui justa causa sob a falsa alegação de que o funcionário que está sendo dispensado
agiu de forma ilícita ou cometeu qualquer hipótese que justifique esse tipo de demissão.
Comete abuso de direito de propriedade, aquele que promove poluição sonora, que
venha a perturbar seus vizinhos, ou aquele que, alegando dar maior segurança a sua casa,
constrói em torno dela um muro muito alto, que venha a bloquear a entrada de sol e de vento
em imóvel vizinho.
No mundo virtual também é muito comum a prática de atos abusivos. Nas relações
comerciais efetuadas via internet, por exemplo, é comum a o caso de vendedores que
entregam apenas parte dos produtos solicitados pelo cliente para que este arque novamente
com os custos do transporte de tais produtos.
Pela falência que pode gerar a internet o spam contraria o fim social e econômico da
grande rede, o que já serviria para enquadrar a prática como abuso de direito. De
outro norte, insta salientar que a conduta dos spammers também é atentatória a boa-
fé objetiva. Uma pessoa que envia mensagens para uma outra sem que esta tenha ao
menos solicitado, está distante da probidade e lealdade que se espera das relações
intersubjetivas, mesmo que se manifestem em meios virtuais.10
No mundo jornalístico também ocorre a prática de abuso de direito, seja via TV,
rádio, internet ou qualquer mídia. Alguns sites, ou blogs, bem como jornais, usando do direito
de liberdade de expressão, extrapolam o limite do informativo, tecendo críticas exageradas a
pessoas, ou instituições, etc. Dessa forma, muitas vezes atacam à honra ou a privacidade, o
que pode ensejar ação judicial para reparação de danos.
11
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão no AgRg no AREsp 606415 RJ 2014/0278520-6. Relator:
BUZZI, Marco. Publicado no DJe de 01-07-2015. Disponível em <
http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/204398789/agravo-regimental-no-agravo-em-recurso-especial-agrg-no-
aresp-606415-rj-2014-0278520-6>. Acessado em 29-05-2016.
41
Infelizmente a “aparência de direito” que muitas vezes esconde uma intenção imoral,
serve como arma aqueles que agem de má-fé, quando, ao exercerem um direito, mesmo que
de forma irregular, acreditam na obtenção de sucesso numa lide judicial, alegando estarem
acobertados pela lei, e assim, iniciam litígios com o objetivo de prejudicar terceiros, ou,
quando são requeridos numa ação, utilizam-se dos instrumentos processuais disponíveis como
artifícios para atrapalhar e protelar o julgamento desta.
O Novo Código De Processo Civil, em seu artigo 77, dispõe sobre os deveres
processuais da seguinte forma:
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus
procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são
destituídas de fundamento;
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração
ou à defesa do direito;
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final,
e não criar embaraços à sua efetivação;
V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço
residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação
sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva;
VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.
A expressão “nemo potest venire contra factum proprium” é uma expressão latina
traduz-se como “ninguém pode comportar-se contra seus próprios atos”, constituindo uma das
bases do direito civil.
Significa que um indivíduo, ou grupo de indivíduos, por exemplo, que adota uma
determinada conduta, que se prolonga no tempo, criando em outrem ou em terceiros de boa-fé
a real expectativa de um direito, pautada nessa determinada conduta, e dessa forma criando
42
efeitos jurídicos, não poderá posteriormente, adotar conduta diversa à primeira, causando
prejuízos às partes em que provocou a referida expectativa de direito.
Trata-se, portanto, de uma conduta antijurídica, que viola o princípio da boa-fé objetiva, e dos
deveres da confiança e coerência nas relações jurídicas, constituindo um abuso de direito.
12
Da boa fé No direito civil, Coimbra Livraria Almedina,1997, Pág. 797
43
Nesse caso, o direito do locador de exigir o fiel cumprimento do contrato por parte
do locatário deve ser suprimido, pois que a conduta por ele adotada durante o considerável
lapso temporal, foi que levou à presunção de um direito de conduzir os atos de modo como
ocorrido, não sendo possível agora, que o locatário seja prejudicado pela súbita mudança de
atitude do locador.
A Surrectio por sua vez, caracteriza-se pela ampliação da obrigatoriedade de uma das
partes mediante o surgimento do direito subjetivo da contraparte, oriundo da conduta
estabelecida em determinada situação. A parte que deixa de exercer o seu direito, ficando
inerte acerca de uma situação estabelecida, faz presumir na contraparte a confiança de
imutabilidade da relação, criando assim o efeito jurídico de um direito adquirido.
partes em deixar de exercer um direito, ou de exigi-lo por certo lapso de tempo, permitindo
que a contraparte agisse livremente, fazendo surgir o direito subjetivo desta.
Nesse diapasão, temos, pois, que aquele que exerce uma posição jurídica contrária ao
seu direito, e a prolonga no tempo, não poderá posteriormente, agindo de má-fé, prejudicar a
contraparte envolvida, em quem despertou a confiança e a real expectativa de um direito.
13
Da boa fé No direito civil, Coimbra. Livraria Almedina,1997, Pág. 797
45
Conforme já pudemos observar, a boa-fé processual é exigida como dever das partes
tanto na Constituição federal, como nos Código e Civil e de Processo Civil, ou seja, cada
uma das partes deve proceder com observância aos parâmetros legais e morais estabelecidos
para que o processo ocorra e forma correta, desde o momento e sua propositura até a
formação da coisa julgada, seguindo os trâmites e maneira a garantir a celeridade e a
efetividade a prestação jurisdicional.
14
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1192678 PR 2010/0083602-0. Relator: SANSEVERINO, Paulo
de Tarso. Publicado no DJe de 26-11-2012. Disponível em < http://
http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22831131/recurso-especial-resp-1192678-pr-2010-0083602-0-stj>. Aces
sado em 07-07-2016.
46
“Exige-se, então, das partes em Juízo não só obediência às regras estabelecidas para essa manifestação
escrita perante ele, como, ainda, que o conteúdo dessa manifestação seja lícito e, portanto, ético e
impregnado de lisura”15
A expressão derivada do baixo latim malefacius [que tem mau destino ou má sorte],
empregada na terminologia jurídica para exprimir tudo que se faz com entendimento
da maldade ou do mali que nele se contém. A má-fé, pois, decorre do conhecimento
do mal, que se encerra no ato executado, ou do vício contido na coisa, que ser quer
mostrar como perfeita, sabendo-se que não o é [...] A má-fé opõe-se à boa-fé,
indicativa dos atos que se praticam sem maldade ou contravenção aos preceitos
legais. Ao contrário, o que se faz contra a lei, sem justa causa, sem fundamento
legal, com ciência disso, é feito de má-fé.16
15
STOCO, Rui. Abuso do direito e má-fé processual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, pág. 41.
16
SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Atualizadores Nagib Slaibi Filho e Geraldo Magela Alves. 15ª ed.,
Rio de Janeiro: Forense, 1998, pág. 131.
47
Cumpre ressaltar, que com isto não se retira ou diminui o poder interpretativo
do magistrado, posto que o CPC apenas delineia de forma geral os atos maliciosos, cabendo a
identificação de sua ocorrência, nas várias fases processuais, em cada caso concreto, ao juiz
ou tribunal competente.
Observemos que os requisitos propostos na referida teoria, bem como no CPC, falam
de forma genérica sobre condutas processuais que configuram a má-fé processual, porém ao
analisarmos ambos, podemos perceber que torna-se mais fácil a cognição do comportamento
que venha a ser prejudicial ao processo.
Pode ser também que uma das partes atue de modo abusivo dentro da ação, com atos
procrastinatórios, usando de artifícios ou abusando do poder de recorrer, apenas para atrasar o
andamento do feito, a esse tipo de ato abusivo, dá-se o nome de microscópico.
Em quaisquer das hipóteses, o abuso processual deve ser coibido pelo juízo onde se
encontre verificado, por se tratar de um dos maiores, ou talvez o maior entrave à garantia da
17
ABDO, Helena Najjar. O abuso do processo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007, p. 86-87.
48
razoável duração do processo. São essas condutas processuais abusivas que muitas vezes
fazem com que uma ação judicial perdure por anos, sem que se chegue a uma solução.
O abuso do direito de ação consiste no fato de um indivíduo, seja este pessoa física
ou jurídica, usando do direito de demandar em juízo, o faça com fins escusos, propondo uma
demanda com o fim de prejudicar a parte demandada, causando uma distorção da finalidade
da prestação jurisdicional. Infelizmente as demandas contaminadas logo em sua propositura
pelo chamado espírito emulativo são muito frequentes nos tribunais brasileiros,
principalmente as oriundas de pessoas jurídicas em face de pessoas físicas, face ao seu maior
poder econômico.
Aquele que propõe em juízo, não visando tutelar um direito seu, mas com o intuito
de prejudicar a contraparte, está cometendo um abuso do direito de ação. Tal abuso é um fator
altamente prejudicial ao trabalho da justiça, pois além de contribuir para o aumento do
número de demandas acumuladas, apresenta-se como uma ação infectada desde o seu
nascimento, com objetivos torpes.
A propositura de uma ação deve ser munida de real interesse processual e deve servir
para tutelar um direito violado ou ameaçado, sendo assim, as ações que não são propostas na
observância do princípio da boa-fé, acolhido pelo nosso ordenamento jurídico, ou à condição
de interesse da parte na petição inicial, deve ser devidamente observada e punida de acordo
com a lei.
São direitos também garantidos pela Constituição Federal de 1988, através do art. 5º,
inciso LV, o contraditório e a ampla defesa, para assegurar que o réu, assim como o autor da
ação, tem pleno direito de ser ouvido, constituir provas e argumentar livremente em sua
defesa. Garantir a igualdade entre as partes no processo significa que a condição de reclamado
não significa condição de culpado, ou de violador de direito, inclusive, muitas vezes é este
quem irá sofrer real prejuízo, em decorrência da perda de um direito adquirido.
18
Abuso do direito de Ação – A Ausência de Interesse Processual na Tutela Individual. Editora Juruá, 2012,p. 20
19
Curso de Direito Processual Civil, Editora Juspodivm,2015, p.79
20
Idem, p.86
50
Não se pode permitir que um objeto de defesa seja utilizado de forma a prejudicar o
direito alheio ao invés de tutelar um direito próprio, com alegações infundadas, contraditórias
ou falsas, contaminando o processo e adulterando os objetivos da lei e seu fim social.
21
GRECO, Leonardo. Princípios de Uma Teoria Geral dos Recursos. Revista eletrônica de direito Processual.
Vol. V. Rio de Janeiro. 2010. Disponível em: http://www.arcos.org.br/periodicos/revista-eletronica-de-direito-
processual/volume-V. Acesso em 17 de agosto de 2016.
51
Felizmente, os Tribunais brasileiros, aos poucos, tem adotado uma conduta mais
severa no tocante à punição pela interposição de recursos abusivos, como no caso da decisão
do STJ abaixo apresentada.
Os atos de má-fé processual, sejam estes cometidos em qualquer fase de uma ação,
são altamente maléficos não só à demanda a que correspondem, mas ao sistema judicial em
geral, e representam uma grave ameaça à garantia de celeridade processual, e devem ser
reconhecidos, e punidos em todas as esferas onde venham a ser verificados, para que a justiça
possa funcionar de forma eficaz e ganhe novamente a confiança da sociedade, com o
entendimento de que pode valer-se do judiciário para ter seus direitos devidamente tutelados,
de forma justa e célere.
22
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1.236.276 - MG 2011/0020709-5. Relator: NORONHA, João
Otávio de. Publicado no DJe de 23-04-2015. Disponível em<
http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/183585121/embargos-de-declaracao-nos-embargos-de-declaracao-nos-
embargos-de-declaracao-no-recurso-especial-edcl-nos-edcl-nos-edcl-no-resp-1236276-mg-2011-0020709-5>.
Acesso em 17.08.2016
53
Artigo 6º. Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre sí para que se
obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
i
Em se tratando exclusivamente de celeridade processual, os responsáveis pela sua
criação afirmam que o novo código é um importante passo neste sentido, porém há juristas e
magistrados que não veem grande avanço, ao contrário, consideram que certos dispositivos do
código contribuem para a morosidade processual.
“Artigo 4º. As partes têm direito de obter em tempo razoável a solução integral do mérito,
incluída a atividade satisfativa”.
4.1. DA CONCILIAÇÃO
A solução pacífica dos conflitos é uma grande aliada da celeridade processual, pois, o
litígio resolvido de forma pacífica, além de satisfazer a ambas as partes, põe fim a este, sem
necessidade de novas audiências ou produção de provas, e também, sem a existência de
qualquer recurso, fatores responsáveis pela longevidade processual.
A conciliação ganhou muita força no Novo CPC, que, em vários dos seus artigos,
ressalta sua importância, disciplina seus métodos e estimula sua aplicação, como nos
seguintes exemplos:
54
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de
improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de
mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu
com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
Temos, pois, que de acordo com o Novo CPC, a audiência de conciliação torna-se
obrigatória nos casos em que for possível a autocomposição, e esta não ocorrerá somente se
todas as partes manifestarem desinteresse, no caso de inércia de qualquer destas, a audiência
deverá ocorrer.
Cada vez mais os cidadãos tem procurado valer-se do judiciário para resolver
seus problemas, o que causou a massificação das demandas judiciais, consequentemente, é
comum que se encontrem em juízo, diversos processos que versam sobre as mesmas questões,
que obviamente devem ser solucionadas satisfatoriamente.
“Em sentido lato, o precedente é a decisão judicial tomada à luz de um caso concreto, cujo
elemento normativo pode servir como diretriz para o julgamento posterior de casos
análogos”.23
23
DIDIER, Fredie Souza. Manial de direito Processual civil. Vol II.Editora Juspodivm,2016, p.441
57
Nesse sentido temos que o precedente judicial é formado a partir de uma decisão,
tomada por um determinado tribunal, cuja essência, os fundamentos da decisão, poderão ser
replicados em casos semelhantes.
Os precedentes judiciais podem gerar vários efeitos, quais sejam: Precedente com
efeito vinculante/obrigatório, precedente com efeito persuasivo, precedente com efeito
obstativo da revisão de decisões, efeito autorizante, efeito rescindente/deseficacizante e efeito
de revisão da sentença.
Nesse diapasão, temos que os precedentes judiciais que ganham seu efeito máximo,
que é o de caráter obrigatório, é identificado a partir da fundamentação utilizada para a sua
formação, devidamente aplicada em virtude da importância, complexidade, número de casos
repetitivos ou relevância social e repercussão geral na questão discutida nos casos que
serviram de modelo.
Tal possibilidade de não aplicação do precedente vem expressa no artigo 489, §1º,
inciso VI. Que assim dispõe:
De acordo com o NCPC, o precedente judicial com efeito vinculante deve ser
devidamente publicado e comunicado ao CNJ, o qual tem o dever de fiscalizar sua efetividade
e aplicação em demandas futuras.
“Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e
coerente.”
Trata-se de “generalizar a razão”, por assim dizer. Não há razão para que a dois
casos, tratando de questões idênticas, sejam aplicados entendimentos divergentes, e soluções
opostas.
Observe-se que o relator ou juiz não instaura o IRDR, apenas pede sua instauração ao
presidente do tribunal, o qual é responsável por esta.
Há ainda no NCPC, entre seus artigos 1036 e 1041 novas disposições sobre o
julgamento dos recursos especiais e extraordinários repetitivos, o qual segue , no que cabe,
forma semelhante ao julgamento das demandas repetitivas, com a seleção de recursos que
contenham a mesma controvérsia, que servirão como modelo para que se possa fixar um
entendimento que deverá ser aplicado aos demais, enquanto isso, os casos análogos ficam
suspensos até o julgamento dos recursos modelo. Após os respectivos julgamentos, cessa a
suspensão e então a tese fixada será utilizada na resolução dos demais recursos.
O Novo CPC trouxe algumas inovações ao instituto das multas, não há de se falar em
uma revolução nesse sentido, porém é possível perceber alterações relevantes, algumas
trazendo o que o CPC/73 omitiu sobre a matéria, outras calcificando jusrisprudências.
Faremos aqui uma breve análise sobre as que destacam-se no âmbito de promover a jurisdição
de forma mais coerente e efetiva.
O artigo 537 em seu §1º (grifos nossos), traz o seguinte dispositivo, in verbis:
Vejamos que a redação faz referência à revisão da multa vincenda, sendo assim,
podemos interpretar que a multa vencida não poderá ser modificada depois de fixada, porém,
diante da carência de transparência, é possível que surjam, posteriormente, divergências
jurisprudenciais a respeito dessa questão.
Outra inovação é a incidência de multa nas ações que tenham como objeto, obrigação
de pagar, o que vem disposto no artigo 139, inciso IV, o qual conta com a seguinte redação:
Ocorre mudança também no que diz respeito ao limite da multa imposta. É comum
que os magistrados e tribunais limitem o valor da multa imposta, devido à possibilidade de
enriquecimento sem causa, porém, o NCPC, dispõe, de forma expressa, no §4º ainda do artigo
537, que a multa incide a partir do dia em que se possa caracterizar o descumprimento da
decisão que a impôs, até que esta seja devidamente cumprida.
Por último, trataremos da multa por litigância de má-fé, que recebeu uma maior
atenção no NCPC, no que diz respeito aos valores a serem aplicados. Segundo o artigo 18 do
CPC/73, o valor da multa não ultrapassaria um por cento sobre o valor da causa, já o NCPC
tratou de aumentar esse valor, no seu artigo 81, caput, que dispõe, in verbis:
Temos ainda, que em casos de ações de valor irrisório ou inestimável, a multa por
litigância de má-fé poderá corresponder ao montante de dez vezes o valor do salário mínimo.
Conforme analisamos, o NCPC também tratou de dar uma nova força ao instituto das
multas, na tentativa de tentar fortalecer a coerção ao cumprimento de decisões, e também ao
litigante de má-fé, para tentar diminuir os atos protelatórios, que prejudicam drasticamente o
andamento processual. Infelizmente, no judiciário brasileiro, a aplicação de multa por
litigância de má-fé ainda é a exceção, o que espera-se que seja modificado com a vigência do
novo código.
O Novo CPC tratou com muita importância a questão dos honorários sucumbenciais,
ampliando drasticamente o acervo de dispositivos em relação ao CPC/73. No NCPC, esta
matéria vem disciplinada de forma detalhada entre os artigos 85 s 90, merecendo destaque o
primeiro deste, que dispõe de 19 parágrafos.
O primeiro ponto a ser destacado é o dispositivo do §1º do artigo 85, que diz:
De acordo com o §11ainda do artigo 85, esses honorários recursais serão majorados,
ou seja, serão aumentados, levando em conta o trabalho adicional realizado na fase de recurso,
levando em conta as normas dispostas para tal, contidas entre o §2º e 6º do mesmo artigo, não
ultrapassando o limite fixado para a fase de conhecimento.
Outra novidade acerca dos honorários sucumbenciais são aqueles fixados em face da
Fazenda Pública. O CPC/73 previa que a fixação, nesse caso seria feita por “apreciação
equitativa” do juiz, já no NCPC, estão expressamente dispostos os percentuais referentes aos
honorários sucumbenciais, os quais serão aplicados de acordo com o valor da condenação.
O CPC/73, em seu artigo 21, previa que, se cada litigante fosse em parte vencido e
vencedor, os honorários, bem como as despesas processuais seriam compensadas entre eles, já
o NCPC, prevê, em seu artigo 86, apenas a distribuição das despesas processuais, devendo,
nesse caso, serem pagos os honorários de sucumbência.
Nos casos em que o réu reconhece o pedido e cumpre integralmente com a obrigação
nele contida, os honorários sucumbenciais serão reduzidos à metade, segundo o §4º do artigo
90 do NCPC.
CONCLUSÃO
67
Conforme pudemos observar ao longo do estudo realizado neste trabalho, vem desde
muito tempo, em todo o mundo, sendo combatida a morosidade processual, ao que foram
instituídas muitas leis e decretos no sentido de mudar esse cenário. O sistema judiciário
brasileiro, acompanhando essa evolução, tem, em seus vários institutos, juntamente com a
legislação e a doutrina do direito, tem empenhado grandes esforços para garantir que a
prestação jurisdicional seja efetivada de forma célere, criando leis, instituindo programas e
soluções alternativas de resolução de conflitos.
satisfatório, e ainda, aponta para a urgente necessidade de providências mais consistentes para
que possa haver uma real mudança nesse quadro, porém há também de se considerar que no
Brasil, foi criada uma cultura de litígios, onde os cidadãos têm em si o sentimento judicalista,
e busca muitas vezes na justiça, não a resolução da lide, mas a afirmação de possuir razão, o
que impede uma solução pacífica e estende as demandas até as últimas instâncias.
REFERÊNCIAS
NUNES, Dierle José Coelho. Direito Constitucional ao Recurso. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2006, p. 49
VALES, Marcela Leila Rorigues. Rev. Ciên. Jur. e Soc. da Unipar, v. 9, n.1, jan./jun.,2006. Pág 121
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil – Vol. 1. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2016, p. 616.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acórdão no AgRg no AREsp 606415 RJ 2014/0278520-6. Relator:
BUZZI, Marco. Publicado no DJe de 01-07-2015. Disponível em <
http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/204398789/agravo-regimental-no-agravo-em-recurso-especial-agrg-no-
aresp-606415-rj-2014-0278520-6>. Acessado em 29-05-2016.
STOCO, Rui. Abuso do direito e má-fé processual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, pág. 41.
SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Atualizadores Nagib Slaibi Filho e Geraldo Magela
Alves. 15ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1998, pág. 131.
ABDO, Helena Najjar. O abuso do processo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007, p. 86-87.
Abuso do direito de Ação – A Ausência de Interesse Processual na Tutela Individual. Editora Juruá, 2012,p. 20
Curso de Direito Processual Civil, Editora Juspodivm,2015, p.79
GRECO, Leonardo. Princípios de Uma Teoria Geral dos Recursos. Revista eletrônica de direito Processual. Vol.
V. Rio de Janeiro. 2010. Disponível em: http://www.arcos.org.br/periodicos/revista-eletronica-de-direito-
processual/volume-V. Acesso em 17 de agosto de 2016.
DIDIER, Fredie Souza. Manial de direito Processual civil. Vol II.Editora Juspodivm,2016, p.441