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Transdisciplinar
Teoria Geral do Processo
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1995
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Sumário:
Dedicatória, agradecimentos e abreviaturas:
Livro I - Da Teoria Geral:
Capítulo I - Panorama do Sistema Jurisdicional e da sociedade.
Capítulo II – Transdisciplinar Teoria Geral do Processo.
1. Por que uma Teoria Geral dos Processos?
2. Teoria Geral do Processo Civil, Penal e Trabalhista é possível?
3. Dos Princípios Gerais aos vários processos.
4. Porque é preciso existir um Poder Judiciário?
5. História do processo no Brasil.
6. Como afastar a confusão nos princípios?
7. Do Princípio Dispositivo.
8. Como distinguir um princípio de uma regra?
9. Da multiplicação dos princípios.
10. Dos princípios processuais fundamentais.
11. Do Princípio da Legalidade.
12. Do Princípio do Juiz Legal ou natural.
13. Da diferença entre o Judiciário e os demais poderes.
14. Do processo eleitoral.
15. Da falta de equilíbrio entre os Poderes.
16. Do quarto poder, não estatal.
17. Do Princípio da Legalidade exigir um juiz imparcial
18. Da evolução do processo como ciência
19. Podemos conceituar jurisdição?
20. Da substitutividade no processo penal.
21. Do porque de uma jurisdição “voluntária”
22. Conceito de jurisdição.
23. Dos outros operadores jurisdicionais.
24. Da advocacia, o clamar por justiça.
25. Da interdependência com a magistratura.
26. Da advocacia e da liberdade.
27. Da arte de criar sob pressão.
28. Da advocacia pública.
29. Do impedimento e da incompatibilidade.
30. Do Ministério Público.
31. Das modalidades de processo.
32. Da liquidação de sentença.
33. Dos Procedimentos Especiais.
34. Da prova, instrução e julgamento.
35. Do laudo pericial.
36. Dos sistemas de análise da prova.
37. Da presunção.
38. Da “Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação”.
39. Da Instrumentalidade e do Utilitarismo.
40. Da inspeção judicial.
41. Dos debates ou memorial.
42. Da crise de justiça e da Justiça.
43. Do devido processo legal e a competência.
44. Do tribunal constitucional, o STF.
45. Da justiça comum e das especializadas.
46. Da Justiça Militar.
47. Dos quatro graus de jurisdição.
47.1. Da Justiça Eleitoral.
47.2. Da Justiça do Trabalho.
48. Do novo ramo do Direito, o Desportivo.
49. Princípio da sucumbência.
Sumário do Livro II e Bibliografia
Página 3 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
Temas abordados:
Agradecimentos:
Abreviaturas e simplificações:
Ao indicar algumas das páginas da internet suprimimos o http://
Priorizando a precisão à pontuação, após o endereço da página da web,
em geral omitimos o ponto final, com intenção de evitar que a marcação da
frase possa confundir o endereço de internet.
A primeira ocorrência de uma abreviatura é negritada, seguida do
extenso [entre colchetes ou parênteses]. Na citação de legislação, perdoem-nos os
puristas: substituímos “parágrafo único” por §.
1
Em 1992, sob a presidência de J.M Othon Sidou, a ABLJ [Academia Brasileira de Letras
Jurídicas] completou quinze anos renovando o compromisso de aprimorar o direito e a Língua Nacional,
instrumento do jurista. O “Dicionário Jurídico” da ABLJ (ed.Forense) demonstra esse cuidado. Naquele
momento, vagava uma das seis cadeiras ocupadas por gaúchos. Clóvis do Couto e Silva, ocupava a nº
42. Professor Catedrático, Diretor da Faculdade de Direito da UFRGS, criou, organizou e coordenava o
Pós-Graduação quando faleceu, dia 21 de maio de 1992. Possuía notável domínio dos direitos material e
processual. Deixou vasta relação de discípulos. Lecionou na Universidade de Paris. Encantava as
platéias européias com suas conferências – não raro de improviso: Ao saber da sua presença, os
organizadores o instavam a falar. Em cerca de uma hora, o Magister preparava um plano de exposição.
Ah! Um plano adequado é a chave do sucesso de qualquer empreendimento. E que sucesso! O público,
em geral composto de seletos juristas, adorava as explanações, fossem em inglês, francês, italiano,
alemão, etc. Recebeu as mais altas condecorações e atribuições, dentre as quais a missão de redigir a
parte de Família do Projeto de Código Civil que tramitou, muitos anos, no Congresso. Desenvolveu
intensa amizade com Pontes de Miranda, tornando-se seu principal interlocutor e confidente. Tarefa
difícil, preencher sua vaga. Tivesse sobrevivido ao infarto, provavelmente diria “...interessante...”
“Academia Brasileira de Letras Jurídicas” in “Ipsis Litteris”, Jornal OAB/RS, setembro de
1992 e Jornal do Comércio de Porto Alegre, segunda-feira, 6/9/1993, p.15 do 2º Caderno: Para o
currículo desse ilustre Professor: www.padilla.adv.br/ufrgs/clovis
2
Os criadores da Faculdade Livre de Direito de Porto Alegre foram liderados por Carlos Thompson
Flores, seu primeiro Diretor que, em 1904, passou o cargo a outro fundador, o Desembargador André
da Rocha, que a conduziu até 1934. Daí a Casa de André da Rocha, alusão àquele que
mais tempo ocupou a Direção. Outros aspectos interessantes da Faculdade e sua importância:
www.padilla.adv.br/ufrgs
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 6
Livro I
Teoria Geral dos Processos
Capítu lo I
Pan orama do Sistema Jur isdici on al e da Socied ade:
Das profundas transformações políticas, econômicas, sociais
e jurídicas:
Até a década de 50, mais de 70% dos brasileiros moravam na área rural. A
economia era fraca e predominantemente primária; não havia indústria de
automóvel; a quase totalidade dos fogões era a lenha. Eletrodomésticos como
fogão a gás e geladeira eram artigos de luxo; telefone e televisão eram
raríssimos. Hospitais particulares eram uns poucos ligados às colônias de
imigrantes. Particulares, somente escolas religiosas.
A família brasileira, até os anos 50, era extremamente tradicional e
conservadora. A mulher casada não era capaz para a prática dos atos da vida
civil, devendo ser sempre assistida pelo marido. Ao se desquitar sofria
preconceitos e vergonha. O racismo não era motivo de debates, porque o negro
brasileiro não desenvolvia movimentos sociais de protestos e reivindicações. A
estrutura social era marcada pelo coronelismo. “Casa grande e senzala” ainda
eram perceptíveis. O transporte era deficiente e as comunicações inexistentes.
Professores eram valorizados, e os vencimentos que auferiam no ensino
público permitia-lhes sustentar suas famílias, na qual a mulher não
trabalhava, e ter os confortos da época, como o de dispor de empregados
domésticos.
Na década de 50, o Brasil passou a viver uma experiência política
esperançosa, reflexo da Constituição Federal de 1946 e do clima liberal
posterior à morte do Presidente Getúlio Vargas. Saiba mais sobre o tempo e a
influência desse ex-aluno da UFRGS, aqui http://www.padilla.adv.br/prof/getulio.htm
No campo social, foram as maiores e mais importantes mudanças da
história do Brasil. A população migrava para as grandes cidades. Rio de
Janeiro ainda era a Capital da República e exercia atração natural aos que
pretendiam seguir as carreiras públicas e, como metrópole, desenvolvia-se nas
artes, no turismo, na indústria naval e do petróleo. São Paulo atraia cada vez
mais trabalhadores para a indústria e o comércio. Em 1958, sob a Presidência
de Juscelino Kubtischek, a construção de Brasília, nova capital do país, em
grande otimismo, embriagou a economia em euforia. Também criou uma
alternativa ao movimento migratório nordestino para o sudeste.
Nas artes, 1958 marca o surgimento da “bossa nova”, afirmado na música
“chega de saudades”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, lançada no LP
“Canção do amor demais”, na voz de Elizeth Cardoso e violão de João Gilberto.
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No esporte, o pais que se denominava“do futebol” venceu pela 1ª vez uma Copa
do Mundo, revelando Pelé, autor de 2 gols na final, o qual se tornaria o mais
notório dentre os seres humanos: http://www.padilla.adv.br/desportivo/futebol/
Após o regime centralizado da Velha República e da ditadura do Estado
Novo, em contraponto seguiu-se a exacerbação da liberdade. Todos podiam
exprimir livremente seus pensamentos e ideologias. Qualquer partido político
seria aceito e os de esquerda saíram da clandestinidade. Contudo, justamente
os regimes fechados desencadearam as mais intensas modificações estruturais
criando novos paradigmas, como o Direito do Trabalho, o Direito Desportivo, e
o acesso à Justiça: http://www.padilla.adv.br/teses/normas/
3 Luiz R. N. Padilla, TGPs Teoria Geral dos Processos: Processos de pensamento e de comunicação, e
as modalidades jurídico-administrativas, cíveis, desportivas, eleitorais, legislativas, penais e trabalhistas;
p. 8, da 18 ed.; grifamos; colhida 14/12/2010 em http://www.padilla.adv.br/processo/tgp/
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 10
http://www. youtube.com/playlist?p=PLE1DFCDB647956B21/
“Não obstante os prazos reduzidos e rigorosos, a Justiça foi ficando cada vez mais
distante. A demora tornou a inadimplência mais lucrativa! Outrora um dos principais
mecanismos para a realização da Justiça e paz social, o processo se tornou um expediente
para aumentar o lucro dos inescrupulosos:” Luiz R. N. Padilla, TGPs - Teoria Geral dos Processos: Processos de pensamento e de
comunicação, e as modalidades jurídico-administrativas, cíveis, desportivas, eleitorais, legislativas, penais e trabalhistas. in http://www.padilla.adv.br/processo/tgp/
De Encenação Juridicional?
De IBDP 1997
Da cupidez:
Valorar o lucro acima de tudo, está na raiz de todos os problemas!
A cultura que predomina (aceita pela maioria) flutua sobre um sistema de
crenças falsas e de valores invertidos, disseminados pelos sociopatolobistas.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 18
São sofismas.
Para acreditar nessas mentiras, é necessário que a pessoa esteja bastante
distraída, enquanto a mentira é repetida até se tornar parte do cotidiano.
A ponderação, somada à cuidadosa coleta de informações, sempre
foram base para realizar justiça, desde sua origem mais remota, nos
agrupamentos pré-civilização.
A essencialidade de tais características é conhecida de qualquer
processualista sério, como registra o Professor Galeno Lacerda. 5
Sem ponderação sobre informações seriamente coletadas, não é justiça;
mas encenação!
Ademais, para funcionar adequadamente, são necessários o respeito e a
confiança:
“Juiz e advogado são como espelhos: cada um deles olhando para o interlocutor,
reconhece e saúda, reflete em si mesmo a própria dignidade.”
Piero Calamandrei, “Eles, os juízes, vistos por nós, os advogados”.
5
Galeno Lacerda, Teoria Geral do Processo. Forense, 1ª ed. 2006.
Página 19 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
6 Porque as pessoas espertas podem ser tão tolas? Porque o processo de pensamento e de
comunicação processa-se em vários níveis. Quando , e percebe-se como é fácil manipular. Ao
mesmo tempo, ao conhecer as formas como a manipulação:
http://www.padilla.adv.br/processo/pensamento/
7 Os profissionais de saúde foram educados sob o patrocínio (e controle) das multinacionais
qual causa 147 doenças. Contudo, está em 80% dos alimentos industrializados; em alguns, como
os achocolatados, mais de 60% é açúcar; para aumentar o lucro, o açúcar é usado até para
produzir cervejas mais populares: http://pt.scribd.com/doc/61508666/
A maioria das pessoas não sabe que basta passar tomar água com ph alcalino que o sistema
imunológico volta a funcionar: http://www.youtube.com/watch?v=n1QmhN2mKMo/
Está provado que a exposição ao fluoreto reduz a função cerebral. Contudo, tal lixo tóxico é
adicionado à água tratada da maioria das cidades, sob a desculpa de prevenir cáries, ocultando
que querem reduzir a capacidade intelectual: http://www.youtube.com/watch?v=_1uVcy15PXc/
A população inculta e entorpecida é mais fácil de manipular, vive em uma escravidão
disfarçada.
Página 21 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
Padilla, “Litigância de má-fé...” Revista de Crítica Judiciária, Leud Uberaba-MG, 1989, v. 5, p. 197-200; Revista de Processo, RT abril 1995, a. 20, v.78,
p.101-107 e Revista Trabalho e Processo, Saraiva, São Paulo, junho 1995, v. 5, p. 26-33).
luiz.blogspot.com.br/2012/12/litigancia-de-ma-fe_19.html
8
Leonardo Da Vinci é um dos maiores luminares da criatividade humana. Considerado o
maior gênio da história devido a sua multiplicidade de talentos para ciências e artes, sua engenhosidade e
criatividade, inventando inúmeras utilidades, desde uma bobina automática, a um aparelho de teste da
resistência à tração de um fio. Da Vinci foi responsável por grande avanço do conhecimento nos campos
da anatomia, da engenharia civil, da óptica e da hidrodinâmica. Escrevia com as ambas mãos, inclusive
ao mesmo tempo redigindo textos diversos, ou com escrita refletida. Em 1926, seu QI foi estimado em
180.
Sua obra, como acontece com todo o visionário, causou polêmica. Concebeu idéias muito à frente
de seu tempo, como o casco duplo nas embarcações, uma teoria das placas tectônicas. Poucos de seus
projetos foram construídos durante sua vida pois, muitos, nem eram factíveis, como um protótipo de
helicóptero, tanque de guerra, o uso da energia solar, calculadora. Alguns dos interessantíssimos aspectos
do brilhantismo de Da Vinci estão em: http://www.padilla.adv.br/evoluir/davinci/
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 24
"Um poder será tanto maior quando menos for percebido." Michel
Foucault; leia mais em http://www.facebook.com/download/154625034700085/Foucault-Michel_Vigiar-e-Punir.pdf
9
Autor, entre outros, de "O que a Vida me Ensinou - Viver em Paz para morrer em Paz", Mário Sérgio Cortella é
considerado o principal discípulo de Paulo Freire, mundialmente conhecido por seu trabalho no ensino.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 26
Do lucro em protelar:
As Instituições Financeiras estão entre os maiores litigantes. Retardam os
pagamentos para manter, em seu poder, os recursos, que emprestam a juros
compostos, mês a mês , de 8% a 12% (dados públicos, art. 334, CPC).
No Foro o juro é simples, de 12% ao ano. Em poucos meses, a diferença
passa de 100%. Memória de cálculo de juros em um intervalo de 2 anos:
Juros forenses, de 12% ao ano, em 2 anos:
Juros percentuais em 2 anos = 24,00 %
Valor para fim de exemplo: R$ 8.000,00
Valor dos juros = R$ 1.920,00
Total com os juros forenses = R$ 9.920,00
* Observações sobre o juro fore nse simples:
Fórmula dos juros simples: Juros = (taxa / 100) * períodos
períodos = 17/31 (prop. Jul-09) + 23 (de Ago-09 a Jun-11) + 14/31 (prop. Jul-11) = 24
Juros = (1 / 100) * 24 = 24,00 %
A Lei 1.060/50, com a nova redação do art. 4º, em vigor a partir de 1986,
assegurou desfrutar do benefício mediante a singela alegação. Contudo, como
a litigância de má-fé não era penalizada, cada vez mais pessoas que não
reuniam as condições pediram, estimulando lides aventureiras!
Novamente, bastava punir os infratores: A Lei autoriza condená-los a pagar
o décuplo das custas:
“Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição ... sob pena de
pagamento até o décuplo das custas judiciais.” Lei 1.060/50, art. 4º, § 1º, redação da Lei nº 7.510, de
4/7/86.
Eureka! Há solução:
Para acabar com a corrupção, vimos acima, é só extinguir o precatório e
controlar a morosidade processual.
A vida é simples, algumas pessoas é que são complicadas como, no caso,
as que criaram esse ambiente de encenação jurisdicional.
Podemos quebrar este paradigma?
Podemos eclodir um movimento para ACORDAR:
Acordar a maioria que, entorpecida, alimenta as torres gêmeas da
SUPERFICIALIDADE e das FALSAS CRENÇAS, formando a base que alimenta
os politicorruptos e sociopatolobistas.
Acordar do torpor da acultura da superficialidade egocêntrica!
Os psicopatas são insensíveis, frios, calculistas e capazes de mentiras
inteligentes possuindo "brutal capacidade de manipulação e nenhum
sentimento de culpa ao fazer isto". Extremamente lúcidos, não perdem tempo,
nem energia, com juízos de valor. Agem rapidamente, tudo fazendo para
satisfazer os desejos egocêntricos de quem os financia. Não tem qualquer
remorso, mesmo se impuserem aos outros todo o tipo de sofrimento...
Inteligentes, são capazes de falsamente demonstrar sentimentos altruístas
que não possuem, pois aprendem a estudar seus comportamentos, para
conquistar simpatia. Nada (em termos morais) os detém.
A maioria das pessoas é decente, e quer o bem. A maioria se deixa levar
por achar “normal” esse egocentrismo artificial espalhado pelos
sociopatolobistas. Resgate o seu livre arbítrio. 10
No estudo "Litigância de Má-fé" publicado em coletânea organizada por
Humberto Theodoro Jr. e Edson Gonçalvez Prata na Revista de Crítica
10 Porque as pessoas espertas podem ser tão tolas? A resposta é encontrada ao conhecer o
processo de pensamento e de comunicação: http://www.padilla.adv.br/processo/pensamento/
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 30
11
Litigância de má-fé - na Revista de Crítica Judiciária, Leud, Uberaba-MG, 1989, v. 5, p.
197-200, editada a quatro mãos pelo saudoso professor Edson Gonçalves Prata e pelo prof.
Humberto Theodoro Jr. A esse trabalho, dentre duas centenas de outros ensaios cuja relação
pode ser conferida em nosso site na internet, podemos encontrar Limitando a má-fé em
execuções fiscais no Jornal do Comércio, Porto Alegre, 18 de julho de 1994, p.12, Segundo
Caderno; Litigância de má-fé nas JCJs: aplica-se o princípio da lealdade na Justiça do
Trabalho? Revista LTr, v.57 (ano 57) nº 3, março de 1993, p. 277-282; Litigância de má-fé
no CPC reformado Revista Trabalho e Processo, Saraiva, São Paulo, junho de 1995, v.5, p.26-
33; Observações à Acórdão condenando como litigante de má-fé Revista de Processo, RT,
São Paulo, v.64, p.268-269; Litigância de má-fé no CPC reformado Revista de Processo,
RT, São Paulo, abril-junho 1995, a.20, v.78, p.101-107.
12 Naquele que é considerado o discurso eloqüente mais curto da história humana, e que encerrou
uma polêmica criada pelos então emergentes "defensores dos direitos humanos dos bandidos", na
Guanabara, os quais insuflavam o povo contra a extradição do nazista Eichmann, um carrasco
responsável pelo extermínio de milhões de pessoas: "A impunidade dos maus gera a audácia dos
maus!". O Autor da frase, Carlos Lacerda, político polêmico, envolveu-se em conflitos com amigos e
inimigos. Consciente de que poderia afastar as pessoas próximas, contudo, não deixava de falar o que
pensava ser a verdade: “Coleciono inimigos também. Sempre pronto a me livrar deles, transformando-os
em amigos. É natural, pois, que alguns amigos, às vezes, se transformam em inimigos, como
compensação” (LACERDA, Carlos. Rosas e pedras de meu caminho. Brasília: Editora Universidade de
Brasília, 2001, p.56).
Embora apaixonado em seus posicionamentos, mudava de posição quando percebia estar errado no
que defendera até então. Assim, em 1929, saiu do Partido Comunista e iniciou, no jornalismo, forte
oposição àquele regime. Mais tarde, apoiou intensamente o Movimento de março de 1964; Contudo, após
a instalação do Governo Militar, tornou-se seu ferrenho opositor.
Orador de estilo inconfundível, expressava direta e imediatamente o que acreditava ser verdade.
Num de seus célebres discursos, no Congresso, combatia acirradamente determinada facção cujo líder,
incomodado, pediu um aparte. Lacerda corajosamente concedeu a palavra ao Deputado Federal
extremista o qual o atacou: “Vossa Excelência é um purgante!” Imediatamente respondeu Lacerda: “E
Vossa Excelência é o efeito desse purgante!”
Carlos Frederico Werneck de Lacerda é uma das lendas da vida pública brasileira. Jornalista de
posicionamentos firmes, foi um dos mais ferrenhos opositores do mais ilustre aluno da Faculdade de
Direito da UFRGS, Getúlio Vargas, apontado como o maior político do Século XX. Isso não é pouca
coisa, uma vez que a UFRGS, pioneira em currículo transdisciplinar, como no Direito Desportivo, é,
desde 2011 a 3ª melhor Universidade latinoamericana Webometrics Ranking of World Universities? E
nos mais recentes indicadores de qualidade da educação superior, o Índice Geral de Cursos, em dezembro
de 2012 atingimos 4,28, o mais alto entre as universidades brasileiras: Assim, a UFRGS é a melhor
universidade do Brasil na avaliação do MEC 2012: http://migre.me/cgHc9/
Concluindo, o embate entre Carlos Lacerda e Getúlio Vargas é apontado como a causa do suicídio do
presidente da república, o qual, dizem alguns, seria armação, para acobertar o assassinato.:
http://www.padilla.adv.br/prof/getulio.htm
13“Litigância de má-fé no CPC reformado”, Revista de Processo, RT, São Paulo, abril-junho
1995, a.20, v.78, p.101-107.
Página 31 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
Para mudar esse modelo em que o juiz não examina, e poder controlar a
morosidade excessiva, basta um pequeno ajuste, mediante o acréscimo de
alguns parágrafos ao art. 18, do CPC:
§ 3º. Em cada Tribunal, junto à Corregedoria-Geral, funcionará um Departamento Comportamental
para o exame da conduta processual e parecer técnico.
§ 4º. O Departamento Comportamental manterá um banco de dados dos atos que, em tese,
configurem conduta desleal, a partir das comunicações que receber, de ofício, ou a requerimento, do
interessado ou Ministério Público, devidamente instruído.
§ 5º. Comportamentos de distintos processos poderão ser agrupados e serem objeto de parecer
conjunto da conduta processual.
§ 6º. No prazo previsto no art. 495, do CPC, o parecer sobre a tipicidade da conduta e a
recomendação de sanções será encaminhado ao órgão julgador, onde será assegurada vista às partes
e Ministério Público, em prazo sucessivo, de dez (10) dias cada, findos os quais serão conclusos para
homologação.
§ 7º. Considerar-se-ão todas as circunstâncias e, analogicamente, no que pertinente, os princípios
e normas de aplicação da pena (arts. 59 a 67) do Código Penal.
"Quatro coisas devem ser feitas por um juiz: ouvir cortesmente, responder
sensatamente, considerar sobriamente e decidir imparcialmente" (Sócrates)
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 32
Capítul o II
Transdisci plin ar Teori a Geral do Processo
Em 1989 passamos a pesquisar, no PPGD-UFRGS, e a lecionar,
inicialmente na FURG, a disciplina de TGP:
Posicionamento de Criminologia I no segundo período, garantindo uma seqüência na formação penal, da criminologia ao respetivo processo;
organizar a disciplina de Direito Penal em quatro semestres, focados em Teoria Geral, Crime e Pena (a quantificação de pena é reforçada em
paralelo na atividade de Análise de Conflitos), respectivamente. Exclusão da disciplina de Criminalística e Medicina Legal, podendo-se optar
pela manutenção (em caráter obrigatório ou eletivo) de uma disciplina de Medicina Legal, que atenda necessidades da área penal, civil e do
trabalho. 6.2. Posicionamento de Direito Constitucional, logo após a disciplina de Política e Teoria Geral do Estado, a partir do segundo período,
dividido em três semestres: teoria geral, direitos individuais e coletivos (preparando um novo olhar sobre o direito civil, administrativo, penal,
tributário, dentre outros) e direitos sociais. – o que permitirá desenvolver uma nova perspectiva para o direito do trabalho, econômico e
previdenciário. 6.3.Reordenamendo da disciplina de Direito Civil em seis semestres, na seguinte ordem: teoria geral do direito civil, obrigações,
contratos, coisas, família e sucessões (esta última com dois créditos). Introdução de disciplina específica de Responsabilidade Civil, Consumidor,
culminando com a disciplina de direito urbanístico na qual será analisada em profundidade o novo regime jurídico da propriedade urbana. 6.4.A
Disciplina de Direito empresarial será ministrada em 4 (quatro) semestres, iniciando na quarta etapa, apos o estudo na disciplina de Direito Civil
II do Direito das obrigações. Os conteúdos programáticos serão desenvolvidos de forma que a última disciplina de direito empresarial se dê
imediatamente após direito financeiro e econômico e concomitantemente com o início do direito tributário. 6.5.Processo Civil estruturado em 4
semestres voltado ao “saber fazer”, a partir da base dos princípios constitucionais, com ênfase nas novas formas de tutela dos interesses
coletivos, o qual será desenvolvido de forma conjugada com a atividade de Análise de Conflitos. 6.6.Direito Internacional Privado posicionado
na nona etapa, quando já foram trabalhados os conteúdos de direito civil, penal, trabalho. 7.Eixo de Formação Prática: desenvolvido através da
introdução da atividade Análise de Conflitos, presente nos oito primeiros semestres, com o objetivo de fazer a interrelação de conceitos teóricos
com a prática jurídica, com enfoques por semestre, que reorientem questões da formação básica com a da formação profissional. Recebe um
reforço através das Atividades Complementares – normatizadas pela COMGRAD, dentro dos pressupostos da Resolução CEPE em vigor. As
Atividades Complementares podem ser desenvolvidas pelo aluno ao longo de todo o curso, mas a inclusão dos créditos pertinentes fica situada
no nono semestre, de forma a orientar o ordenamento de matrícula. O eixo tem, como culminância, a realização do Estágio Supervisionado e a
apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso. O TCC, no nono semestre, inicia-se pela definição do tema, elaboração do projeto, valendo-se
dos conhecimentos obtidos na disciplina de Metodologia, da segunda etapa, bem assim dos posteriores exercícios de produção textual a serem
desenvolvidos ao longo dos semestres, tudo culminando com a execução do projeto no último semestre do curso. 8.Organização da cadeia de
pré-requisitos tendo em vista o processo de organização do conhecimento que se pretende ordenar em busca das habilidades e competências
previstas. Assim, os pré-requisitos podem se dar de duas formas: os de referenciais progressivos e os resultantes de uma necessária maturidade
curricular. Assim, pressupõe-se que, pelo menos, metade dos créditos do primeiro semestre (todos do eixo de formação fundamental) seja pré-
requisito para a disciplina de Ética e Legislação, exemplificativamente.
15
A física, ciência que estuda a composição do universo, entende que tudo é formado por energia, e
que as próprias partículas podem ser suas manifestações.
16
A legislação foi criada pelos humanos para disciplinar as relações entre os mesmos e com
criações humanas, como as pessoas jurídicas, existentes apenas num universo que nem sempre
corresponde à realidade. Há fatos reais que não integram o universo jurídico, e, neste, há elementos
separados da realidade. Em que consiste a realidade? Podemos defini-la como o resultado da percepção,
verificável por qualquer ser dotado de capacidade sensorial. Um som é real quando, dentro do seu
alcance, todos os seres o escutam, exceto os desprovidos de capacidade auditiva. Um objeto é real
quando o enxergam todos que nele focam o olhar ou, ainda, estando ao alcance do contato, todos o
sentirem na pele. Um odor é real, sob as mesmas condições. Também são reais os resultados de
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 34
percepções amplificadas por instrumentos, como os microscópios, ou testes, como as reações químicas,
que possam ser verificadas por todos. Diferente é o universo jurídico, que estuda fenômenos próprios: As
pessoas jurídicas existem apenas nesse plano, e, contudo, os atos que praticam, através dos humanos que
as representam, podem produzir efeitos sobre a realidade... No ângulo contrário, estão os atos jurídicos
que não produzem resultados no mundo real, como a garantia em favor do mutuário que cumpre a
obrigação contratada. Um negócio jurídico celebrado sobre condição suspensiva, pode nunca concretizar-
se. Um ato nulo não ingressa no universo jurídico. A legislação é criada, registrada e aplicada através de
um processo legislativo, através da linguagem que é parte do processo de comunicação. Há regras para
saber se outra regra é aceita num determinado momento e local, e essa própria aceitação da regra pode se
tornar controvertida. Há uma complexa relação na aplicação do direito, da qual trataremos ao longo desta
Teoria Geral dos Processos.
Página 35 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
17
Visualize o fenômeno de filtragem da realidade em www.padilla.adv.br/evoluir/perceber
18
O Estado, que também é uma criação jurídica, através de seus representantes edita, para as
relações mais comuns, regras genéricas que podem prevenir uma boa quantidade de litígios. Este, quando
ocorre, no mais das vezes resolve-se entre os envolvidos que, no todo, ou em parte, fazem concessões,
renuncias, que podem ser informais, como deixar o tempo passar, até que a prescrição põe fim ao direito.
Sobre a natureza e o alcance da prescrição como transferidor de direitos e obrigações, veja “As
chamadas prescrições "negativa" e "positiva" no Direito Civil Brasileiro e Português, semelhanças e
diferenças” na Revista de Informação Legislativa, Senado Federal, Brasília, outubro a dezembro de
1990, a.27, v.108, p. 285-295, disponível em www.padilla.adv.br/teses
19
O juridicamente interessado pode pedir que o Estado examine, decida e imponha solução.
20
A pretensão pode ser caracterizada como a existência de um interesse relevante obtado por um
obstáculo cuja supressão é objetivo do processo. CPC Art.3º Para propor ou contestar ação é necessário
ter interesse e legitimidade. O interesse processual é uma das condições gerais da ação, tratada adiante,
nesta Teoria Geral. Também é admitido o processo judicial para prevenir um litígios: CPC Art.4º O
interesse do autor pode limitar-se à declaração: I- da existência ou da inexistência de relação jurídica;
II- da autenticidade ou falsidade de documento. § un. É admissível a ação declaratória, ainda que tenha
ocorrido a violação do direito. Finalmente, há tutela jurisdicional denominada “jurisdição voluntária”
onde, propriamente, não há um litígio contra uma parte adversa; Há, contudo, uma resistência, da própria
ordem jurídica: Em casos específicos, de determinados institutos aos quais pressupõe necessidade de
tutela especial, exige o concurso de uma supervisão do Estado-juiz para validar a manifestação de
vontade dos interessados. Adiante, aprofundaremos esse conceito, junto com o de Jurisdição.
21
CPC Art.460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida,
bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que Ihe foi demandado. § un.
A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica condicional. Art. 458. São requisitos
essenciais da sentença: I- o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta
do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II- os
fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III- o dispositivo, em que o juiz
resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem.
22
Para definir quais são os “fatos provados” no processo, também há um processo de julgamento,
ou um conjunto de processos de julgamento, que definem: O que é incontroverso e, nos fatos
controvertidos, o que já foi provado, ou o que não precisa ser, porque se presume. Percebestes? Dentro
do processo que decidirá o mérito da questão proposta ao julgador, há outro processo, definindo quais são
os fatos válidos para a decisão a ser tomada. Nesse ponto, importante começar a familiarizar-se com a
regra do art. 302, do CPC: Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na
petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo: I - se não for admissível, a seu
respeito, a confissão; II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei
considerar da substância do ato; III - se estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu
conjunto. Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada dos fatos, não se
aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público.
23
Ressalvados os casos de interesse público, onde o pedido é ser presumido existente, para que haja
tutela jurisdicional deve haver pedido. Observe alguns artigos do CPC: Art.2º Nenhum juiz prestará a
tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais. Art.6º
Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado por lei. Art. 262. O
processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. Art. 263.
Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja despachada pelo juiz, ou simplesmente
distribuída, onde houver mais de uma vara...
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 36
24
Necessário ao andamento do processo, o rigor nos prazos é demonstrado pelo fato de que cinco
minutos de atraso em audiência são suficientes para que seja aplicada a revelia e a confissão ficta,
conforme recurso ordinário nº 1069100-10.2004.5.02.0000 Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva,
Seção II Especializada em Dissídios Indiv iduais do TST. A CLT diz no Art. 775 Os prazos
estabelecidos neste Título contam-se com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento, e
são contínuos e irreleváveis, podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente necessário
pelo juiz ou tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente comprovada... Art. 776 aO vencimento
dos prazos será certificado nos processos pelos escrivães ou secretários. Diante disto, deve ser aplicado
o CPC, por analogia, No CPC, diz o Art. 183: Decorrido o prazo, extingue-se, independentemente de
declaração judicial, o direito de praticar o ato, ficando salvo, porém, à parte provar que o não realizou
por justa causa. § 1º Reputa-se justa causa o evento imprevisto, alheio à vontade da parte, e que a
impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. § 2º Verificada a justa causa o juiz permitirá à parte
a prática do ato no prazo que Ihe assinar. O CPP de 1941 regra diferente: CPP Art. 798. Todos os
prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias,
domingo ou dia feriado. § 1º Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do
vencimento. § 2º A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém,
considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que
começou a correr. § 3º O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado
até o dia útil imediato. § 4º Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior,
ou obstáculo judicial oposto pela parte contrária. § 5º Salvo os casos expressos, os prazos
correrão: a) da intimação; b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela
estiver presente a parte; c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da
sentença ou despacho. Sobre analogia, aponta o CPP no art.3º A lei processual penal admitirá
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 38
interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito e
a CLT no art.8º§ O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for
incompatível com os princípios fundamentais deste e no art.769 Nos casos omissos, o direito processual
comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível
com as normas deste Título.
25
A “necessidade” humana de bens, serviços, atenções, parece ser infinita. Já percebestes
como (sempre!) há “coisas” que desejamos? Esses “desejos” desencadeiam os conflitos. Eles
podem ser resolvidos pela: autocomposição ou heterocomposição; nesta, um terceiro, alheio ao
conflito, intervém e, na via judicial, pode impor uma solução; naquela, há três tipos; desde a
renúncia de quem acreditava ter um direito, ou a submissão do que, inicialmente, resistia,
passando pela reciprocidade, prevista no CCB Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou
terminarem o litígio mediante concessões mútuas. Considerando que, por maior que seja o
conflito, sempre é possível que o proceso termine em acordo, é correto afirma que a atividade
jurisdicional que, por natureza, é uma heterocomposição, pode, contudo, limitar-se a homologar
a autocomposição das partes; aliás, havendo processo, a transação depende de escritura pública
ou termo nos autos: CCB Art. 842. A transação far-se-á por escritura pública, nas obrigações
em que a lei o exige, ou por instrumento particular, nas em que ela o admite; se recair sobre
direitos contestados em juízo, será feita por escritura pública, ou por termo nos autos, assinado
pelos transigentes e homologado pelo juiz.
Página 39 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
26
José de Vicente Y Caravantes "Tratado Historico, Crítico Filosófico de los Procedimentos
Judiciales en Materia Civil, segun la nueva lei de enjudiciamento". Madrid, 1856 tomo IV, p. 83 n.
1.495.
27
Saiba mais em www.padilla.adv.br/etica/idolatria
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 40
28
“Mais de 75% dos processos julgados pelo Superior Tribunal de Justiça, de sua criação até o
mês passado, envolvem o Estado, o aparelho estatal, pelos seus entes federais, estaduais e municipais”
Ministro Pádua Ribeiro, em entrevista à Revista Consulex, nº 16, abril/98, p.7.
29
A não-utilização, pelos magistrados, dos dispositivos legais apenadores da litigância deletéria
introduzidos no CPC de 1973 é uma das causas de assoreamento do aparelho jurisdicional nas conclusões
da XI Jornada Ibero-Americana de Direito Processual, Relator Sérgio Bermudês. Conheça mais sobre o
tema e as normas processuais contra o abuso processual em “Litigância de má-fé no CPC reformado”
Revista de Processo, RT, São Paulo, abril-junho 1995, a.20, v.78, p.101-107, publicado em
www.padilla.adv.br/teses
30
Confira o trabalho Abuso no exercício de direito: Interpretação do art.187 do Código Civil,
Ricardo Seibel de Freitas Lima, publicado em www.padilla.adv.br/teses
31
As exceções? Não infirmam a regra. Amigos, podem receber as benesses da lei, ao ponto da
advogada Marlise Beatriz Kraemer Vieira criticar a disparidade de critérios entre uma condenação de R$
38 mil para uma parturiente violada sexualmente pouco antes de entrar em trabalho de parto, e R$
150.000,00 para uma juíza, servidora pública, "ofendida" por ter seu trabalho criticado. Se não for um
juiz, uma empresa de telefonia, uma instituição bancária, a sua "dor" será ressarcida com meia dúzia de
patacas? E uma crítica – sem conotação pessoal e ou agressão - faz parte de qualquer profissão,
mormente a pública, porque a sociedade, que paga os salários, tem o direito de cobrar e fiscalizar o que
fazem os servidores públicos. “A "dor" da togada é maior do que a de uma mulher brutalmente atacada
no momento em que estava prestes a colocar no mundo uma vida?”
www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?id=15459 e www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?id=15454
32
Percebendo que, no Projeto Cadernetas de Poupança da 19ª Vara Cível de Porto Alegre, mais de
80% das ações pediam AJG, a gratuidade judiciária, e parte significativa sem documentos
comprobatórios, em 2009 o Juiz Pio Giovani Dresch passou a fixar o dobro das custas como punição a
quem pediu gratuidade de justiça, sem fazer jus. E ameaçou aumentar, em até 10 vezes, conforme prevê a
Lei 1.060/50: www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?id=14804
Página 41 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
33
Alusão à mística Torre de Babel na qual, para evitar a continuidade rápida da obra, cada um dos
operadores começou a falar em uma linguagem diferente e apesar do objetivo comum ninguém se
entendia.
34
Barros de Angelis, “Teoria Del Proceso” ed. De Palma, Buenos Aires, 1979
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 42
reclamados, enquanto o Processo Civil contenta-se em dizer o direito, afirmar quem tem
razão.
"Os atos e decisões são permeados por um princípio tutelar-protetivo,
conhecido com in dubio, pro misero que aparentemente desrespeita o princípio de
igualdade entre as partes, facilitando a atuação profissional do empregado. Mas pelo
contrário, essa tutela é justamente aplicação do princípio da igualdade que, conforme
máxima Aristotélica comumente atribuída a Rui Barbosa, consiste tratar igual aos iguais, e
desigual aos desiguais.
35
Luiz Roberto Nuñesos Padilla, "Comparação entre os processos trabalhista e civil" in LTr,
Suplemento n.105/93, p.671/674; Nossos Tribunais (COAD), n.36/93, p.590/593; Advocacia Dinâmica
(ADv) 1993, p.456/459; Advocacia Trabalhista (ADt) n.30/93, p.320/321; Jornal do Comércio Segundo
Caderno 17-5-93, p.16; www.padilla.adv.br/teses
36
O MEC – Ministério da Educação - na orientação denominada “ELEMENTOS PARA
DEFINIÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS”
recomenda até trocar o nome da disciplina, a fim de atender esse objetivo: “Substituir a disciplina de
Teoria Geral do Processo por princípios constitucionais do processo, incluindo-a dentro do eixo de
formação fundamental, de forma que a mesma seja irradiadora das diferentes visões processuais,
cumprindo o papel de introduzir a temática processual a ser desenvolvida ao longo do eixo de
Formação Profissional. Dessa forma, passará a ter a missão de apresentar os fundamentos e princípios
gerais de todos os processos e não apenas do processo civil como vem ocorrendo na maioria das
FACULDADES. “ Na Faculdade de Direito da UFRGS, procuramos observar a necessidade de
generalidade processual.
37
Os “desejos” e a busca do lucro, quando a sociedade mudou na metade do Século XX, acabando o
filtro da ética, multiplicaram as demandas.
38
Entre 1990 e 1991, lecionamos TGP no Curso de Direito da FURG e no Curso de Preparação à
Magistratura do Trabalho, na Escola da AMATRA-IVª, posteriormente transformada em Femargs. Em
1992, a tradição da UFRGS atribuía ao professor calouro as disciplinas restantes após as escolhas dos
docentes veteranos. Somente no limiar do Século XX, pudemos retomar a disciplina de TGP. Esse
intervalo – lecionando outras matérias, com o foco da pesquisa focada em TGP, foi importante, senão
indispensável na estruturação da Teoria Geral.
Página 43 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
39
Salientamos que “deve ser” porque falamos de direito processual em tese. Como veremos adiante,
ao tratarmos da introdução à Hermenêutica Processual e de conceitos fundamentais como a Teoria Critica
do Direito e ao princípio do livre convencimento do juiz, da fungibilidade e de outros aspectos de prática
discricionária nos quais se manifestam, nem sempre há esse respeito na prática. Constituiu abuso de
direito conduta que objetive aumentar os lucros, sob o pálio de aparente prática legal. Contudo, o poder
econômico do lucro vem prevalecendo nas decisões de massa. Conforme assevera Silvio Rodrigues,
“acontece, entretanto, que, às vezes, o direito de lesar legalmente é assegurado. É aí que se pode
apresentar o problema do abuso. Se o agente, conformando-se a um texto, o invoca para justificar o seu
ato, é possível que, atendo-se à letra, não tenha exercido de forma regular o direito que o texto
assegura” (Da responsabilidade civil. Forense, v. II, 1995. p. 254). Cita julgado constante na RT
332/226: “Abuso de direito é todo ato que, em princípio autorizado legalmente, se executa em
desconformidade ao ordenamento jurídico, ou com excesso na sua limitação” (ob. cit., p. 49). O que
fazer a respeito? Encontrar soluções é o papel do jurista.
40
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, B. “Acess to Justice”. Milão, Giuffré, 1978. Examine
também a excelente tradução da Ministra Ellen Gracie Northfleet: “Acesso à Justiça”, Porto Alegre,
Sérgio Fabris, 1988, notadamente p.31-32.
Página 45 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
41
Op. cit.
42
A permanência de Liebman no Brasil, fugindo das atrocidades raciais da II Guerra Mundial,
ensejou profícuos estudos, em São Paulo, originando o mais moderno processo civil do II Milênio.
Niceto Alcalá-Zamora y Castillo carinhosamente apelidou de “Escola Paulista de Direito”, integrada
não só pelos paulistas, como Alfredo Buzaid, Luis Eulálio Bueno de Vidigal, Arruda Alvim, entre tantos
outros. Processualistas de todo Brasil deslocavam-se até São Paulo para abeberar-se na sabedoria do
Gran-Mestre Italiano: Castro Meira, de Pernambuco; Calmon de Passos, da Bahia; Celso Neves, do Rio
de Janeiro; Edson Prata, de Minas Gerais, carregado o “menino” Humberto Theodoro Jr.; Egaz Moniz de
Aragão, do Paraná; Galeno Lacerda, de Porto Alegre e Alcides de Mendonça Lima, de Pelotas, no Rio
Grande do Sul.
43
BUZAID, Alfredo, “Exposição de Motivos do Código de Processo Civil”, colhido no CPC, 10ª
ed, São Paulo: Ed. Saraiva, 2004, p. 2. (grifamos)
44
BARBOSA MOREIRA, José Carlos. “Tutela sancionatória e tutela preventiva.” Temas de
direito processual. 2ª série. São Paulo. Saraiva, 1980. p. 21.
45
Niceto Alcalá-Zamora y Castillo, Proceso, Autocomposición y Autodefensa, p.13, México, 1970.
46
José Eduardo Carreira Alvim (Teoria Geral do Processo, Forense), registra que Niceto
Alcalá-Zamora y Castillo terminou admitindo que autotutela era um vocábulo melhor que
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 46
autodefesa para definir a satisfação pelo exercício das próprias razões. Contudo, querendo
justificar a manutenção do título de sua obra, já clássica, “Proceso, Autocomposición y
Autodefensa”, alegou preocupação com o emprego do vocábulo autotutela. Diz temer que esse
instituto de direito processual pudesse ser confundido com uma situação, de direito material, na
qual o indivíduo, prevendo a possibilidade de vir a ser interditado, indicasse de antemão o seu
tutor. Isso até poderia ser chamado de autotutela, não fosse juridicamente impossível: Quem está
em vias de ser interditado não tem capacidade jurídica para indicar o seu tutor. Essa é uma
piada pronta, da vida real, e ilustra a via crucis da encenação jurisdicional:
http://www.espacovital.com.br/noticia-25300-encenacao-jurisdicional-artigo-luiz-roberto-nues-
padilla/
47
Carlos Silveira Noronha, Sentença, perfil histórico-dogmático, RT, 1995, p.12. Mestre e Doutor
pela USP, em 12-7-95, banca composta por Ada Pellegrini Grinover, Carlos Barbosa Moreira e Adroaldo
Furtado Fabrício aprovaram-no e ao Professor Carlos Alberto Álvaro de Oliveira, no Concurso Público
de Professor Titular em Processo Civil. No ano seguinte, também na UFRGS, foi aprovado no concurso
para Professor Titular de Direito Civil. Professor dos Cursos de Graduação em Direito, Mestrado e
Doutorado, da UFRGS, recordamos com emoção suas aulas de TGP, na década de setenta. Seus colegas
o consideram um vivo repositório da ciência jurídica. Diz a lenda que, na eminência de entrar em vigor o
Código Civil, um colega questionou o Prof. Manuel André da Rocha sobre a necessidade de adquirir
novos Códigos. Com seu característico bom humor, questionou: “Para que, se temos o Professor
Noronha, que é o Código personificado?” Na lição de Pontes de Miranda e Clóvis do Couto e Silva, um
raro jurista completo, com titulação em direito material e processual: www.padilla.adv.br/ufrgs/clovis
48
Exercício arbitrário das próprias razões é punido no art. 345 do Código Penal – “Fazer justiça
pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena -
detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.”
49
Durante muito tempo o incremento da quantidade de habitantes foi superior ao crescimento
econômico. A disparidade entre oferta e a procura, com interesses mais amplos do que a possibilidade de
os atender, desencadeia os conflitos pela posse desses bens limitados. O Judiciário existe para a solução
pacífica dos litígios. Até o Séc. XIX, o cumprimento espontâneo das obrigações era a regra. Em 1868,
Oskar Von Bullow apresentou o processo como uma relação jurídica distinta da de direito material,
provocando o “nascimento” da nova ciência – o direito processual. Seguiram-lhe outros estudos,
aprofundando o conhecimento. Paralelamente, as condições econômicas e as relações sociais
modificaram-se afetando a moral (cf. www.padilla.adv.br/etica/) com o crescimento da quantidade de
demandas cuja proliferação aumentava o interesse pela ciência processual. Em meados do Séc. XX o
processo contava com muitos pensadores concebendo teses. Dentre eles, Carnellutti (Sistema di diritto
Página 47 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
precessuali civile, 1936) propôs conceituar jurisdição como atividade estatal que soluciona a “lide”,
situação na qual há uma pretensão resistida. Aprofundemos esse e outros conceitos ao conceituar
Jurisdição.
50
Entenda como acontece o processo de aquisição e ampliação do conhecimento em
www.padilla.adv.br/mistico/sabedoria/
51
Apenas na esfera federal havia mais de 100.000 diplomas legais - leis, decretos, regulamentos -
em vigor no ano de 1990 quando uma Comissão foi incumbida de estudar medidas para reduzir
quantidade. Ao cabo de muitos meses – em meados da década de noventa, haviam revogado mais de dez
mil diplomas legais. Contudo, naquele mesmo período foram editados, entre Leis, novas Medidas
Provisórias, e Decretos, quase três mil documentos, de maneira que, ainda somente na esfera federal,
restaram 93.000 diplomas legais. Mas isso foi há uma década e meia e, desde então, foram editadas mais
Leis, Medidas Provisórias, Decretos, etc., de maneira que já passamos dos seis dígitos (100.000). Mas
devemos lembrar que, em cada ponto do país, além das regras da legislação federal, incidem as de um
conjunto formado pelas legislações estaduais e municipais, que varia conforme o município. Numa
Capital, especialmente dos maiores Estados, a legislação é complexa, e poderemos estar diante de
qualquer coisa como 150.000 diplomas legais em vigor, hoje, no local onde lê este trabalho. Isto
demonstra o quão emaranhado e intrincado é o mecanismo. As regras deveriam facilitar a vida da
sociedade. Mas a proliferação aprisiona o cidadão: Para os amigos, as benesses da Lei. Para os inimigos,
os rigores. Há tantas Leis que é possível buscar texto moldável ao interesse do aplicador. Confira a
Teoria Crítica do Direito aplicada nos julgamentos em www.padilla.adv.br/teses/normas
52
Até porque a sociedade está em constante evolução sendo praticamente impossível prever todos
tipos de problemas que poderão ocorrer. Utópico pretender editar regras prévias, tudo solucionar. Veja o
caso das “barrigas de aluguel” para gestação de bebês que surgiu, na medicina, na década de noventa,
muito antes do que os sistemas jurídicos, mesmo os mais modernos, estivessem preparados para lidar
com os problemas. A situação era tão nova que não havia regra, nem analogia, ou costumes e a situação
teve de ser solucionada por princípios: Art. 4º - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo
com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
53
Não raro a divergência existe apenas no papel. O Desembargador Alexandre Mussoi Moreira, há
duas décadas, enquanto procurador do Estado, no Congresso Estadual da categoria, manifestou crítica ao
abuso de direito exercitado por réus em executivos fiscais que, interessados na demora, usavam
argumentos de discutível razoabilidade, não raro ultrapassando (impunemente) a fronteira da má-fé,
somente para ganhar tempo. “O papel aceita tudo.” O tema litigância de má-fé foi tratado no início, e já
se demonstrou que a falta de aplicação do Princípio da Lealdade é a principal causa da sobrecarga de
processos.
54
Para um conceito de Jurisdição, verifique no capítulo específico, desenvolvendo idéias de
“Chiovenda, Jurisdição Voluntária e Processo Penal”, divulgado no Congresso Nacional de Direito
Processual, em Brasília, de 19-22/06/1995; in Revista de Processo, RT, v.81, jan-mar/1996, p.233-239;
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 48
56
Confira www.padilla.adv.br/prof/getulio
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 50
57
Em 1868 Oskar Von Büllow aponta a importância de estudar a relação processual. Confira a
tradução espanhola de 1964 “Excepiciones processales y presupostos procesales”, ou o original em
alemão, ambos disponíveis na Biblioteca da UFRGS.
58
CRETELLA JUNIOR, José. Tratado de direito administrativo. Rio de Janeiro: Forense. 1972.
v.10.
Página 51 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
7. Do Princípio Dispositivo:
Que tal comparar duas situações com semelhantes
componentes: Uma considerável quantia em dinheiro subtraída com dolo, o
remorso, o reconhecimento da infração praticada, a confissão e a intenção
de devolução. Procure, nas duas situações abaixo, o que as difere:
59
O conjunto de princípios é instrumento para avaliar a legitimidade da intervenção penal, desde a
elaboração da lei penal até a aplicação da pena, integrando o direito penal e o direito processual penal. Os
princípios incorporados pela Constituição servem “(...) para explicar e avaliar os diversos sistemas
penais concretos, considerados, tanto na dimensão normativa como na de sua funcionabilidade, e por
isso, capaz de verificar seus níveis de irracionalidade, de injustiça e de inconstitucionalidade” Ferrajoli,
Diritto e Ragione: Teoria del Garantismo Penale, p. 73, apud Salo de Carvalho
http://teoriadapena.blogspot.com/
60
Princípios do Direito Penal: Teoria da Lei Penal (princípio da legalidade, princípio da
necessidade e princípio da lesividade); Teoria do Delito (princípio da materialidade e princípio da
culpabilidade); Teoria da Pena (princípio da retribuição jurídica) Salo de Carvalho op. et loc cit.
61
Princípios do Processo Penal: Teoria da Ação (princípio acusatório ou da inércia da jurisdição);
Teoria da Jurisdição (princípio da jurisdicionalidade); Teoria do Processo (princípio da verificabilidade
probatória e princípio da ampla defesa) Salo de Carvalho op. et loc cit.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 54
62
CCB Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar
receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a
coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido,
declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV - se ocorrer dúvida
sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
Página 55 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
63
A inversão do ônus da prova é aplicada, desde meados do séc.XX, no processo do trabalho
brasileira, em razão do “princípio Tutelar” que ensejou a máxima, in dúbio pro misero – isto é, o
empregado autor é hipossuficiente em termos probatórios. Aproveitando essa experiência, foi inserida
regra expressa, para inversão do ônus da prova nas ações do consumidor. Conforme demonstrou Elaine
Harzheim Macedo, na Revista da Ajuris 112/69-85, a inversão do ônus da prova, contra o fornecedor de
bens e serviços, pela Lei, deve ocorrer sempre que presente a hipossuficiência do consumidor, ou a
verossimilhança da alegação. Ora, é público e notório que os consumidores tem sido lesados e, contudo,
não se vislumbra a efetividade das regras legais. Tudo começa no início dos anos noventa quando as
grandes companhias, prevendo que o novo CDC poderia revolucionar as relações de consumo, passaram
a investir em lobistas encarregados de disseminar crenças como a de que INDENIZAÇÕES e
HONORÁRIOS de bom valor - além de poderem ser vistos como um relativo enriquecimento de quem
os aufere, seria um estímulo ao ajuizamento de ações. “Isso poderia levar o Judiciário a uma sobrecarga
de processos, e dificultar o seu bom funcionamento.” As empresas, que visavam o lucro, mentiram, e
teve muita gente bem intencionada que acreditou. Não é a toa, portanto, que a sabedoria popular refere
ao inferno como um local repleto de boas intenções... Aconteceu o que? INDENIZAÇÕES e
HONORÁRIOS fixados em pequeno valor tornaram muito lucrativo o desrespeito à lei e a violação dos
direitos dos consumidores. O desejo de lucro e as pequenas condenações impostas quando os
consumidores demandam gerou um estímulo à desobediência civil. Os poderosos não cumprem a lei.
Quando os prejudicados demandam, a condenação é pequena, e também os honorários, de forma que
cada vez houve mais e mais desobediência civil. A inadimplência civil cresce, e os poderosos não
respeitam a legislação, confiantes na impunidade. Os consumidores e cidadãos, isolados, são fracos,
frágeis. A condenação inexpressiva produz o mesmo efeito da absolvição para quem quer lucrar, porque
a indenização a que são condenados é inferior ao que ganhou violando a ordem jurídica. Desestimulados
pela dificuldade em condenar os infratores da lei, e pelas condenações pífias e trabalhosas, muitos
lesados não ajuízam demandas porque – se pretendem reparação financeira, é perda de tempo investir
num litígio onde o benefício será pouco, ou nenhum; os custos de propor e manter um processo supera o
valor obtido em considerável parte das condenações. Alguns, confiantes de que a Justiça, um dia,
prevalecerá, ajuízam. São milhões de desobediências à lei por dia, só numa grande Capital. Mesmo que
apenas um pequeno percentual dos lesados ajuíze, serão muitas as demandas propostas todo dia... Para
reverter essa situação basta resgatar o efetivo papel do Judiciário, de produzir a paz social, penalizando
quem desrespeita a Lei, estimularão a conduta lícita. É necessário indenizar plenamente quem é
prejudicado. Ao contrário do que os lobistas dos poderosos mentem, há quase duas décadas, as
indenizações cabais e os honorários dignos reduzirão o volume de processos porque sé se acreditarem
que poderá custar caro um processo as corporações cumprirão a lei e suas obrigações de fornecedores.
Assim, a obediência civil exige que os juízes arbitrem `honorários e condenações adequadas.
64
Sobre o juiz assumir a busca da verdade, examine nosso trabalho, “Da inspeção judicial”,
originalmente publicado na Adv Advocacia Dinâmica COAD, Boletim Informativo Semanal nº 31/91, 4
de agosto de 1991, p.325-323, depois publicado com o fluxograma, no Jornal do Comércio, Porto Alegre,
11 de março de 1995, nº 18, ano 64, capa do suplemento semanal Jornal da Lei; e também, na íntegra,
em www.padilla.adv.br/teses
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 56
princípio foi aplicado, o que nos leva à necessidade de saber distinguir uma
simples regra de um princípio.
65
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Elementos de direito administrativo. 2. ed. São Paulo: RT,
1991. p. 299.
66
Registra Jorge Miranda (MIRANDA, Jorge. “Manual de Direito Constitucional”. 3ª ed.
Coimbra: Coimbra, 1996, p.237.) que “tudo quanto resulte do Poder Constituinte - seja preâmbulo,
sejam preceitos constitucionais - e conste da Constituição em sentido instrumental, TUDO É
CONSTITUIÇÃO EM SENTIDO FORMAL”. Carlos Antonio de Almeida Neto lembra que o
preâmbulo constitucional introduzindo e instituindo a Carta Magna diz-se “...destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, desenvolvimento, a
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade....”
67
DWORKIN, 1999, p.321
68
GALUPPO, Marcelo Campos. 1999, p. p. 208 apud Almeida Melo op. et. loc. Cit.
69
www.padilla.adv.br/mistico/platao
70
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito.
71
Há princípios jurídicos que, não sendo normas, não são capazes de aplicação imediata e, antes,
devem ser normativamente consolidados ou normativizados - CANARIS, Claus-Wihelm. Pensamento
sistemático e conceito de sistema na ciência do direito. Tradução de A Menezes Cordeiro. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1989. p. 96.
Página 57 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
72
FIGUEIREDO MOREIRA NETO, Diogo de. Tese apresentada em 1998 em Congresso da Anape,
Associação Nacional dos Procuradores de Estado. Acesse às teses em www.padilla.adv.br/anape
73
Humberto Bergmann Ávila, em conferência na “Semana da Saúde e da Qualidade” do TFR-
4ªR Tribunal Regional Federal da 4ª Região, dia 17/5/2005, desenvolveu os aspectos que tratou na obra,
Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos (3ª ed. São Paulo, Malheiros,
2004). Para o Conferencista, a distinção entre princípios e regras envolve duas grandes correntes de
pensamento. Uma, mais antiga, considera que os dois tipos de regramentos seriam determinados por
normas gerais e abstratas. "A distinção seria de grau". Os princípios teriam grau de generalidade e
abstração maior, enquanto as regras teriam esse grau nulo ou muito pequeno. Outra doutrina passou a
entender que a distinção se daria pelo modo de aplicação e também pela forma como o intérprete pondera
entre as regras e os princípios. “Ambas distinções, a mais fraca e a mais forte, mantêm a capacidade
interpretativa dos operadores do Direito". Os princípios determinam um estado de coisas sem dizer
como alcançá-lo enquanto as regras são normas que descrevem determinado comportamento, mas não
são auto-aplicáveis. O conflito entre os dois tipos é um tema novo na doutrina. Uma regra constitucional
prevalece em relação a um princípio infraconstitucional, e vice-versa. "Mas e quando a regra e o
princípio têm a mesma hierarquia ...somos levados a crer que os princípios devem prevalecer. Mas será
uma interpretação correta?" A regra deve recuperar a dignidade, porque tem a função de solucionar
conflitos, uma eficácia definida e a pretensão de resolver um problema. Exemplo uma regra de trânsito:
“se, ao invés da placa indicando a velocidade máxima na rodovia houvesse indicação de um princípio,
de obedecer a velocidade que permita ao motorista o controle sobre o veículo, no momento atual
provocaria confusão". Os princípios estabelecem determinados valores que "devem entrar em cena", com
caráter contributivo. Há hierarquia entre os princípios. Contudo, considera não ser absoluta, porque nossa
Constituição teria estabelecido princípios fundamentais com hierarquia relativa. Confira Humberto
ÁVILA, “Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos” 3ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2004.
74
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
www.padilla.adv.br/teses/normas
75
ALEXY, Robert. Sistema jurídico, princípios jurídicos y razón practica. México: Fontamara,
1993. _______. Teoria de los derechos fundamentales. Madrid: Centro de Estúdios Constitucionales,
1993.
76
GALUPPO, 1999, p. 143-191, citado por Carlos Antonio de Almeida Melo, “O Preâmbulo da
Constituição e os princípios jurídicos” in Revista de Informação Legislativa, Brasília a. 39 n. 154
abr/jun. 2002. p. 244 a 257.
77
GALUPPO, Marcelo Campos. Os princípios jurídicos no Estado democrático do direito: ensaio
sobre o modo de sua aplicação. Revista de Informação Legislativa, Brasília, Senado Federal, v. 36, n.
143, p. 191-209, jul/set. 1999.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 58
82
ALEXY, Robert. Teoria de los derechos fundamentales. Madrid: Centro de Estúdios
Constitucionales, 1993, p. 159
83
Alexy, op. cit, e Karl Larenz (1998, p.579) preconizam hierarquização de princípios no texto
constitucional ó a vida, a liberdade e a dignidade humana estão em nível mais elevado que os bens
materiais, por exemplo ó enquanto no direito privado não existiria ordem hierárquica entre os princípios
da autodeterminação e da auto-responsabilidade, exemplificando, que se restringem reciprocamente.
84
Entre milhares de trabalhos produzidos, confira: “Sulla massima: Ne eat judex ultra petita
partium (1904) e “Principii di Dirito proccedura civile”, de Chiovenda.
85
www.padilla.adv.br/desporto/futebol
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 60
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
(grifamos)
86
A Emenda Constitucional 45/2004, da “Reforma do Judiciário”, numa das mais morosas
tramitações no Congresso, praticamente de uma década, entre outras modificações inseriu mais um
inciso, no art.5º, da Constituição Federal: LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação. (grifamos) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc45.htm
87
Ao mencionar o pensador Grego, e invocar os conceitos de Justiça, pedimos vênia para render
homenagem ao estimado Professor desta Faculdade de Direito. Provocando a pensar no Direito através
de Sócrates, por seu discípulo Platão e pelo discípulo-neto Aristóteles. José Sperb Sanseverino, depois
de lecionar a dirigir nossa Faculdade, exerceu diversas funções públicas, inclusive como administrador
do complexo hospitalar da centenária Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre a qual assumiu como
uma instituição despedaçada e sem futuro. Após alguns anos de trabalho, transformou-a num dos mais
modernos centros médicos da América Latina, com tecnologia de ponta em várias áreas. Isso provocou
alteração na busca no Vestibular Unificado, em Porto Alegre, no início do terceiro milênio. Antes, a
Página 61 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação.
Medicina da Ufrgs era a mais cotada. Perdeu a posição para a Fundação vinculada à Santa Casa, que,
mais tarde, daria lugar ao nascimento de uma nova Universidade da Saúde em Porto Alegre.
www.padilla.adv.br/mistico/platao
88
MIRANDA, Pontes de. Democracia, Liberdade, Igualdade (os três caminhos); 2ª edição; Editora
Saraiva, 1979.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 62
89
Por exemplo, veja a Constituição Federal, nos arts. 170 “A ordem econômica, fundada na
valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios...”; 226, §7º“A família, base
da sociedade, tem especial proteção do Estado - § 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa
humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao
Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer
forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas” e art. 227 “É dever da família, da
sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
90
De Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico
Página 63 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
principio que modera ou modifica a aplicação da lei, quando se evidencia o excessivo rigor,
o que seria injusto”91
91
(op. e loc. cit..)
92
(ibidem)
93
O tema, relativo à sucumbência, será tratado adiante, mas confira “Da insuficiência da fixação
percentual”, Revista de Processo, ano 14, julho-setembro de 1989, nº 55, pág. 197 a 203, disponível em
www.padilla.adv.br/teses.
94
O art. 105-III da CF exige que a decisão recorrida seja de Tribunal; no JEC, não existe Tribunal,
apenas Turmas Recursais. Adiante retomamos o tema ao tratar do Duplo Grau de Jurisdição.
95
Sobre a famigerada Lei 8.009, e os interesses inconfessáveis confira
www.padilla.adv.br/teses/lei8009.htm.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 64
96
KANT, Immanuel.“Fundamentação da Metafísica dos Costumes”, trad. Paulo Quintela, 1986,
p.77.
97
A Constituição Federal contém exemplos dessa reiterada preocupação, como no art.170 “A
ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios...”; ou no art. 226, §7º “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado - § 7º -
Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento
familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos
para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou
privadas”) ou ainda no art. 227 “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão”.
98
MARTINS, Flademir Jerônimo Belinati. “Dignidade da Pessoa Humana: princípio
constitucional fundamental”. Curitiba: Juruá, 2003, p.62.
Página 65 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
99
Op. et loc. Cit.
100
AZEVEDO, Antonio Junqueira de. “Caracterização jurídica da dignidade da pessoa
humana”. RTDC. Vol.9, jan/mar 2002. p. 7/14.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 66
se trate dos direitos e deveres individuais e coletivos (art.5º), dos direitos sociais(arts.6º a
11) ou dos direitos políticos(arts.14 a 17). Ademais, aquele princípio funcionará como
uma ‘cláusula aberta’ no sentido de respaldar o surgimento de ‘direitos novos’ não
expressos na Constituição de 1988, mas nela implícitos, seja em decorrência do regime e
princípios por ela adotados, ou em virtude de tratados internacionais em que o Brasil seja
parte, reforçando assim, o disposto no art. 5º. §2º. Estreitamente relacionada com essa
função, pode-se mencionar a dignidade da pessoa humana como critério interpretativo do
inteiro ordenamento constitucional”. (grifamos) 101
106
BONAVIDES, Paulo. “Curso de Direito Constitucional”, 7ª. Ed., São Paulo, Malheiros, 1997,
p.473/480.
107
MENDES, Gilmar Ferreira. “Jurisdição Constitucional – O Controle Abstrato de Normas no
Brasil e na Alemanha”, 3ª ed., São Paulo, Saraiva, 1999, p.231/237.
108
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. “Tratado de Direito Privado”. RT, 1984, SP.
3ª ed., 2ª reimpressão. Tomo LIII, p.75.
109
Responsabilidade civil. 6 ed. Forense, p. 225.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 68
11. Da Legalidade:
O processo nada mais é do que a busca da justiça (eqüidade)
através dos mecanismos legais (legalidade). Se o Estado deve assegurar a
Dignidade Humana, o Princípio da Legalidade é seu instrumento, definindo
os rumos dessa jornada, e estabelecendo limites à atuação estatal.
Legalidade, nos meios, e justiça, nos propósitos, constituem os dois
princípios fundamentais. Ao examinar os mecanismos de funcionamento
dos processos em nível de Teoria Geral estamos estudando o princípio da
legalidade movendo-se em direção à equidade para assegurar a dignidade
humana. Esse é o objeto de nosso estudo. Importante diferenciar a
atividade jurisdicional dos demais poderes da sociedade, e perceber a
necessidade de um juiz natural imparcial, característica do processo que
diferencia a Jurisdição dos demais poderes do Estado. Quem é o Juiz?
Como acontece o ingresso na magistratura? Qual a principal diferença
para os demais poderes? Porque há obrigatoriedade de fundamentar o ato
jurisdicional? Quais as diferença do Processo Legislativo? Porque a
hipertrofia do Poder Executivo provoca anomalias. Entenda como as
Corporações, que representam um poder econômico, prejudicam a
realização da justiça. 110
111
Conforme art.95-I, da CF, a vitaliciação ocorreria em dois anos. Na prática, o prazo era de apenas
um ano e oito meses porque os Juízes desfrutam de dois meses de férias por ano. Com a mudança para 3
anos, descontados 2 meses de férias a cada ano, restam 2 anos e meio de trabalho. Mesmo assim, não se
tem notícia da análise da vocação para o exercício do cargo nesse período.
112
Veja, a propósito, comunicações: “Concurso para Juiz pode acabar”, Jornal da OAB-RS, Porto
Alegre, Ipsis Litteris, fevereiro 1992, p.11 e “Alteração em concurso para juiz de direito” no Jornal de
Comércio, Porto Alegre, 6 de maio de 1994, p. 11, Segundo Caderno, disponíveis em:
www.padilla.adv.br/teses
113
Confira nossa advertência: “Concurso para Juiz pode acabar” em Jornal da OAB/RS “Ipsis
Litteris”, fevereiro de 1992, p. 11, também em www.padilla.adv.br/teses
114
O sistema de concursos vestibular estimula posicionamentos como o divulgado pelo TST
defendendo idade mínima de 25 anos para juiz. A Escola Nacional da Magistratura do Trabalho, deveria
a funcionar em março de 2003 revendo os padrões de seleção e formação de juízes. A criação da escola
está prevista na PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da reforma do Judiciário adiada até o final de
2004 como Emenda Constitucional 45. O vice-presidente do TST, ministro Vantuil Abdala, disse que a
Escola ainda é o primeiro passo, apenas "uma fase embrionária" da reforma do Judiciário, e defende a
fixação de idade mínima para o ingresso na magistratura, como propunha o texto da Reforma do
Judiciário, em 25 anos. "Mais do que conhecimento teórico, o juiz precisa ter bom senso, equilíbrio,
serenidade e maturidade", afirma o vice-presidente do TST. Para o vice-ministro do TST "é muito grave
que jovens, sem nenhuma experiência de vida, sejam admitidos como juízes". Folha Online + Marco
Antonio Birnefeld, Espaço Vital, Diversos 10.07.2002 www.espacovital.com.br
115
Híbrida porque, ao invés de um ano de curso, e amadurecimento, o Judiciário Gaúcho, temendo o
hiato e o prejuízo que poderia aduir à atitude, compactuou o curso em 60 dias, por maior que seja o
empenho dos candidatos e professores, não há como compactar um ano de aprendizado, experiências,
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 70
provas, e maturação, em meros 60 dias. Confira “Alteração em concurso para juiz de direito” Jornal de
Comércio, Porto Alegre, 6 de maio de 1994, p. 11, Segundo Caderno www.padilla.adv.br/teses.
116
A lei é o limite para a atuação provada, nos termos do art.5º-II, da CF: II - ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
117
No exercício da atividade legislativa encontramos situações como a do Projeto de Lei 7041/2010
pelo o qual o dia 14 de janeiro passaria a ser o “Dia Nacional do Sexo”, o que, no entendimento do autor,
Deputado Edgar Mão Branca, contribuiria para a educação sexual e para quebrar “tabus” em relação à
prática, alegando que a “questão sexual” tem sido tratada de forma distorcida, “como uma mercadoria
suja” e que o sexo é colocado de maneira pejorativa em letras musicais, comerciais e em programas de
TV: www.camara.gov.br/sileg/integras/748187.pdf
www.camara.gov.br/internet/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=471189
118
O Poder Executivo anomalamente exerce atribuições legislativas. Adiante retomamos o tema.
Em 1993 criticamos: “Revisão Constitucional ou golpe?” publicada no Adv Advocacia Dinâmica
COAD, Informativo Semanal 50/93, dez/93, p. 636, e no Jornal do Comércio, Porto Alegre, 18 de janeiro
de 1994, p. 8, Segundo Caderno. Veja www.padilla.adv.br/teses. O Congresso revisava o que ainda não
havia visto. Nesse sentido, também, o professor Telmo Candiota da Rosa Filho, Advocacia Dinâmica
(ADV) do COAD (pag. 554/555) e no Segundo Caderno do Jornal do Comércio (13-10-93, p. 15). Com
clareza peculiar, o professor de Direito Administrativo da UFRGS demonstra que a revisão constitucional
prevista no art. 3º do ADCT (Ato das Disposições Transitórias), junto e imediatamente após a revisão do
plebiscito concluindo, logicamente que o objetivo daquela revisão com quorum de votação reduzido para
maioria simples era a adaptação da Constituição em caso de adoção de um novo regime (Monarquista),
ou um novo sistema (parlamentarista). O plebiscito não provocou qualquer alteração. Mas aproveitaram
da brecha para modificar a Constituição, antes de regulamentá-la. As Medidas Provisórias foram um
engodo. A Constituinte estava na fase final. Acabavam os Decretos-lei herdados da “ditadura” de 64 mas,
sob pretexto de precisarmos de um mecanismo legislativo para urgências, somado à esperança de que o
Página 71 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
Brasil tomaria rumo certo, adotando o parlamentarismo como sistema de governo, crença de todos
juristas de bem (confira César Saldanha de Souza Jr., “A crise da Democracia Brasileira”, Forense)
empulharam as Medidas Provisórias, instrumento adequado ao sistema parlamentar. Neste, quando o
Governo pensa editar Medida Provisória, consulta lideranças dos partidos políticos formalmente,
divulgado. Os jurisdicionados, sabendo, trocam idéias. Os seus pontos de vista, através das associações,
sindicatos, e outros mecanismos, chegam aos parlamentares que se baseiam nas informações dos eleitores
repassando às lideranças. Em uma semana o Gabinete do Governo sabe o quer o povo. Assim, quando o
Poder Executivo edita uma Medida Provisória, ela passou por uma mini consulta popular, e está
previamente aprovada. A medida provisória economiza recursos, evitando que o Congresso tenha de
mover processo legislativo para questões simples e que podem ser resolvidas rapidamente. A medida
provisória rapidamente é aprovada pelo Parlamento que já havia dado “ok” para sua edição. No Brasil,
contudo, ao invés de parlamentar, temos um regime para lamentar... Até a edição da Emenda
Constituição nº 32, em 11 de setembro de 2001, o Governo sobrecarregava o Poder Legislativo com uma
avalanche de Medidas Provisórias, em grande parte inconstitucionais por vício de origem porque
não havia urgência ou relevância que justificassem a edição. Confira, adiante, o capítulo sobre “O
crescimento do Poder Executivo”, bem como o artigo publicado em 2/3/2009 no espaço Vital,
“Constituição de 88 ainda tem 142 artigos por regulamentar”:
www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?id=14077
119
Em raríssimas exceções, encontramos no Diário Oficial, uma exposição de motivos, para facilitar
a assimilação das alterações resumidas na “exposição”, fixando o momento histórico, os princípios que
nortearam a criação e algumas personalidades que contribuíram ao trabalho. Assim foi na edição de um
novo código de processo, em 1973, onde o Ministro da Justiça, professor Alfredo Buzaid,
coincidentemente fora o autor do Projeto, duas décadas antes.
120
Constituição Federal, art. 48 - Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da
República, não exigida esta para o especificado nos art.s 49, 5l e 52, dispor sobre todas as matérias de
competência da União... Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um
só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou
arquivado, se o rejeitar. Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao
Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. § lº - Se o Presidente da República considerar o
projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, veta-lo-á total ou
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento , e comunicará, dentro de
quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto. § 2º - O veto parcial somente
abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. § 3º - Decorrido o prazo de
quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará sanção. § 4º - O veto será apreciado em
sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo
voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto. § 5º - Se o veto não
for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da República. § 6º - Esgotado sem
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 72
será juridicamente perfeita. Se ofender à Constituição, a Lei poderá ser corrigida pelo
controle direto, via ADIn; ou indireto, casuisticamente em processos nos quais a
inconstitucionalidade seja reconhecida. O STF incidentalmente ao julgar Recurso Extraordinário
pode declarar a inconstitucionalidade, e comunicar ao Senado. Este pode promulgar Resolução
suspendendo a execução do dispositivo legal declarado inconstitucional (art. 52-X da CF) com
eficácia a partir de sua publicação no Diário Oficial. No caso de ADIn, a declaração de
inconstitucionalidade possui eficácia erga omnes.
deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata,
sobrestadas as demais proposições, até sua votação final, ressalvadas as matérias de que trata o art. 62,
parágrafo único. § 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da
República, nos casos dos §§ 3º e 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se ente não o fizer em igual
prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
121
Confira a tese de Maria Sylvia Zanella di Pietro que, em 1990, conquistou cátedra de José
Cretella Jr. na USP “Discricionariedade Administrativa” ed. Atlas. A Constituição Federal, Art. 84, diz
competir privativamente ao Presidente da República: I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; II -
exercer com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; III - iniciar o
processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. IV - sancionar, promulgar e fazer
publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para a sua fiel e execução; V - vetar projetos
de lei, total ou parcialmente; VI - dispor sobre a organização e o funcionamento da administração federal,
na forma da lei; VII - manter relações com o Estrado estrangeiros e creditar seus representantes
diplomáticos; VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do
Congresso Nacional ; IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; X - decretar e executar a
intervenção federal; XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da
abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar
necessárias; XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos
em lei; XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e
dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente
e os diretores do Banco Central e outros servidores, quando determinados em lei; XV - nomear,
observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União; XVI - nomear os
magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União; XVII - nomear
membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII; XVIII - convocar e presidir o Conselho
da República e o Conselho de Defesa Nacional; XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeiram,
autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões
legislativas,e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; XX -
celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional; XXI - conferir condecorações e
distinções honoríficas; XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; XXIII - enviar ao Congresso
Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento
previstos nesta Constituição; XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias
após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior; XXV - prover e extinguir
os cargos públicos federais, na forma da lei; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos
termos do art. 62; XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição. Parágrafo único. O
Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira
Página 73 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador - Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que
observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
122
Nelson Nery Jr, Princípios do Processo Civil na Constituição Federal. RT, 1995, 2ª ed., rev. e
aum. pág. 159. Em edições mais recentes, a partir da 7ª, de 2002, esse princípio vem abordado a partir da
pág.180 pois houve sensível ampliação da obra.
123
Nelson Nery Jr, Princípios do Processo Civil na Constituição Federal. RT, 1995, 2ª ed., rev. e
aum. pág.159. Na edição mais recente, a 7ª, de 2002, esse princípio vem abordado a partir da pág.180,
sendo a citação da página 183, 2º §.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 74
124
Nelson Nery Jr, Princípios do Processo Civil na Constituição Federal. RT, 1995, 2ª ed., rev. e
aum. pág.100
Página 75 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
125
Salles, Manoel Whitaker “Dentro do Dentro - Os nomes das coisas”, Editora Mercuryo, 2003.
Páginas 95 e 119
126
Considerado o símbolo da fraude e da dissimulação, por sua capacidade de disfarce, a mudar de
cor para passar despercebido, confundindo-se com o ambiente o camaleão é um pequeno lagarto coberto
de manchas que parecem pequenas estrelas. Seu nome, em latim, era ´stellio` (de ´stella`, estrela). Daí
estelionato, nome dado ao crime da velhacaria e da fraude. A palavra latina ´stella` "estrela" é parente da
palavra grega ´aste` e seu derivado ´astron´, que deram em português as palavras astro, astronomia, e
também desastre. Salles, Manoel Whitaker “Dentro do Dentro - Os nomes das coisas”, Editora
Mercuryo, 2003. Páginas 95 e 119
127
Os poderes de administrar o “reino”, de editar leis e decidir contendas foram divididos entre três
entidades abstratas, Executivo e Legislativo poderes políticos, e o Judiciário um poder apaziguador. Os
membros desses poderes são escolhidos através de diferentes mecanismos. Aqueles eleitos, estes
selecionados pela capacidade.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 76
128
O Poder Executivo exerce atribuições legislativas que não lhe competem. Aproveitaram da
brecha para modificar a Constituição, antes mesmo de regulamentá-la. Veja “Leis e Medidas Provisórias”
em www.padilla.adv.br/teses.
129
Através de uma Medida Provisória, Fernando Collor confiscou todo dinheiro em circulação no
país. Aliados políticos, contudo, sabendo da medida, na véspera retiraram todo dinheiro dos bancos...
Todos precisavam de dinheiro, e passaram a vender o que tinham, especialmente dólares. A cotação caiu
à metade. Quem sabia do confisco, e sacou seus recursos do banco, no dia seguinte duplicou o capital,
comprando dólares pela metade do preço. Um lucro tão fabuloso só foi igualado quando dos atentados
terroristas do dia 11 de setembro de 2001 provocando uma reviravolta na economia mundial. Quem sabia
do atentado, comprou as ações certas dias antes, multiplicando as fortunas.
130
César Saldanha de Souza Jr., “A crise da Democracia Brasileira”, Forense. www.direitoufrgs.br
Página 77 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
131
Você já assistiu um Júri, ou filme que o retrate? Então percebeu a demora do Conselho,
debatendo, antes de decidir. Todos querem opinar. Consegue imaginar um Júri com centenas de
componentes? Enquanto um fala, outro sai. Quando volta, pede a palavra para dizer algo que já foi
debatido. Nisto, chega outro e começa quer tratar de outro assunto, igualmente importante. Quando nos
damos conta, esse “júri” está tratando de centenas de assuntos ao mesmo tempo. Um Júri assim não
chegará a uma conclusão. Assim, é natural que o Congresso tenha dificuldade de editar leis, devido ao
seu gigantismo.
132
E derruba mesmo ! É a distinção entre ser Presidente pelo prazo previsto na eleição no Sistema
Presidencialista de Governo – o que leva o Eleito a se sentir DONO DO PODER - e estar na Chefia do
Governo enquanto desfruta da confiança do parlamento no Sistema Parlamentarista de Governo.
133
A Constituição Federal exige que haja vigência e relevância para justificar a edição de Medida
Provisória. Veja mais em: “Controle jurisdicional do abuso de medidas provisórias” in Adv Advocacia
Dinâmica COAD, Boletim Informativo Semanal nº 28/95, 14 de julho de 1995, p. 307-305; e
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 78
137
www.padilla.adv.br/etica/tributos
138
O alardeado projeto “Fome Zero” nada distribuiu de alimentos no primeiro ano. Compare ao
Rotary que distribui toneladas, através do “banco de alimentos”, sem alarde www.padilla.adv.br/rotary
139
Chamamos o Juiz de “Estado-Juiz” porque este é o órgão do Poder Judiciário (Constituição
Federal art.92) e quando decide é o Estado, por um de seus poderes, que se manifesta.
140
Como o processo é uma sucessão de atos, e deve respeitar a legalidade e contraditório, o Juiz
ouve ambas as partes. Em geral, autor, depois o réu,. Mas pode ser o contrário: Quando o réu junta um
documento referido ser importante para a solução da controvérsia, o juiz só vai decidir depois de “ouvir”
o autor (art. 398 CPC). A expressão, de uso corrente no Foro, “autos conclusos”, ou “conclusão ao Juiz”,
deriva do procedimento correto, de que o processo só é posto na mesa do Magistrado para decidir e,
portanto, dar ao processo (e à situação real que o originou) uma solução de continuidade isto é,
“concluindo” o procedimento.
141
Giuseppe Chiovenda, Princippi di diritto processuale civile, § 2º, ou na edição brasileira das
Instituições de Direito Processual Civil, na excelente tradução anotada por Liebman.
142
Chiovenda usou a expressão “direito positivo” porque consagrada pela primeira geração de
processualistas, especialmente Rosenberg, que tratavam jurisdição como “atividade estatal que realiza o
direito positivo”, definição insuficiente porque todos poderes do Estado realizam o direito positivo, pois
não podem agir fora da lei. Contudo, o Juiz faz mais do que realizar o “direito positivo”. Porque mesmo
não havendo “direito positivo”, isto é, leis a respeito da matéria a decidir, o Juiz não se exime de
sentenciar, usando a analogia com outras normas de casos similares, os costumes e, por fim, os princípios
gerais do direito para construir uma solução. Logo, o Juiz decide fazendo Justiça, que é um conceito mais
amplo que o direito positivo este pode ser omisso, ou contraditório indicando direções opostas. Como
pontificou o Min. Garcia Vieira “O direito é muito maior do que a lei (direito positivo) e seu objetivo é a
realização de Justiça” www.padilla.adv.br/normajuridica.mht.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 82
143Carlos Alberto Alvaro de Oliveira e Daniel Mitidiero, Curso de Processo Civil, Atlas,
2010, v.1, p. 31, grifamos
144
Algumas das regras que asseguram a imparcialidade nos processos judiciais civis, trabalhistas e
penais:
CPC arts.134 a 138 - cujas relações não são exaustivas, conforme lição de Calmon de Passos, nos
Comentários... (Forense), p.302.
CLT arts.801 e 802.
CPP arts.96, 97, 103, 106, 107, 254, 255, 258, 458, 460, 564-I
Cód. Proc. Penal Militar arts.37 a 41
O processo administrativo disciplinar ressente-se da falta de um código único mas todos diplomas
que regulamentam as centenas de procedimentos, em cada órgão da administração, contém regras
semelhantes, ou remetem aos códigos processuais.
145
Compare os casos de impedimento com os de suspeição: CPC, Art. 134. É defeso ao juiz exercer
as suas funções no processo contencioso ou voluntário: I - de que for parte; II - em que interveio como
mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou
depoimento como testemunha; III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido
sentença ou decisão; IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou
qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau; V -
quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até
o terceiro grau; VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.
Página 83 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
pena de exclusão do conselho e multa, de duzentos a quinhentos mil-réis. § 2º - Dos impedidos entre si
por parentesco servirá o que houver sido sorteado em primeiro lugar. Art. 460 - A suspeição argüida
contra o presidente do tribunal, o órgão do Ministério Público, os jurados ou qualquer funcionário,
quando não reconhecida, não suspenderá o julgamento, devendo, entretanto, constar da ata a argüição.
Art. 564 - A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
146
Florêncio de Abreu (Comentários ao CPP, RJ, 1945, v.V, p.415, n.199) e Rogério Lauria Tucci
(Persecução penal, prisão e liberdade, Saraiva., 1980, p.287).
147
O direito do réu à absolvição penal exceto havendo prova suficiente para condenação.
Página 85 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
148
A citação parafraseada foi colhida de trabalho nosso na Revista de Processo RT v.55, p. 200,
baseado no clássico de Calamandrei: “Eles, os juízes, vistos por nós, os advogados” acessível em
www.padilla.adv.br/teses.
149
Vidigal se tornou conhecido em todo Brasil como empresário e presidiu a FIESP.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 86
150
Veja www.padilla.adv.br/ibdp
151
Na verdade, Leo ROSEMBERG não foi o único a formular essa idéia no Tratado de derecho
procesal civil . Pode ser encontrada também, dentre outros, em Adolf WACH, Manual de derecho
procesal civil; Adolf SCHÖNKE, Derecho procesal civil; todos disponíveis em boas traduções
espanholas
152
Jurisdição é aglutinação de duas palavras: juris , genitivo singular da 3ª declinação, significando
“do direito”, e dictio, nominativo singular da mesma declinação, isto é, dicção, ou dição, ato de dizer; de
dicere, dizer. Corresponde, portanto, a dizer o direito.
153
Francesco Carnelutti, Sistema di diritto processuale civile, 1936, v.I, p.131:269
154
Opus et locus citatum.
155
Para entender melhor a jurisdição voluntária, façamos uma comparação: Voluntas x litis. Na litis
– processo contencioso – por exemplo um pedido de reintegração de posse: o interessado(parte) solicita
a tutela jurisdicional porque, diante da recusa da parte adversa de cumprir o que manda a lei ou contrato,
a única forma de solucionar o litígio é pedir ao Estado-Juiz uma providência - porque o Estado proíbe o
exercício das próprias razões (no art.345 Código Penal): A qualquer momento as partes podem convir
num acordo no qual, mediante concessões recíprocas, ou mesmo unilaterais, podem resolver a questão
independente de decisão judicial. O juiz possui controle apenas sobre o conteúdo formal do acordo, e as
partes possuem poder discricionário de praticar o ato.
Na voluntas - jurisdição voluntária - como num pedido de homologação de separação judicial, os
interessados solicitam a tutela jurisdicional independentemente de litígio. O casal pode estar em
comum acordo com respeito a todas cláusulas e condições. O Estado substitui as partes (interessados) no
Página 87 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
exame da conveniência de praticar o ato. As partes não dispõem de tal exame. A conveniência do ato
que pretendem praticar, e seus efeitos, estão sujeitas ao exame judicial porque – para a segurança da
sociedade, é indispensável o controle desses atos na legalidade e conveniência (interesse de menores, por
exemplo).
156
Enrico Allorio, La cosa giudicata rispetto terzi, 1935 & problemas del derecho procesal, II,
tradução espanhola, Buenos Aires
157
Piero Calamandrei, Limites entre jurisdición y administración en la sentencia civile, nos
Estudios sobre el proceso civil, tradução argentina de 1961, p.48
158
O CPC define institutos comuns a todos ramos processuais. Outros códigos ora remetem ao CPC
via analogia, com o CPP art.3º e a CLT art. 769, ora reproduzem literalmente dezenas de artigos do CPC,
como fez o recente C.B.J.D. editado no final de 2003(www.padilla.adv.br/desportivo/código)
159
O exercício abusivo é ilícito: veja em www.padilla.adv.br/teses
160
Eduardo Couture, Fundamentos del derecho procesual civil, 1958, p.42.
161
Lopes da Costa “Direito Processual Civil Brasileiro” 1959, 2ª edição, Forense, um monumental
tratado originalmente publicado em 1941, sem dizer das demais obras: “Da citação no processo civil”
(Belo Horizonte, Imprensa Oficial, 1927); Da responsabilidade do herdeiro e dos direitos do credor da
herança (São Paulo, Saraiva, 1928); Direito Profissional do Cirurgião Dentista (idem); Da intervenção
de terceiros no processo (São Paulo, C. Teixeira & Cia, 1930); (1941); Medidas preventivas - medidas
preparatórias - medidas de conservação (1953, 3ª ed. em 1966, ed. Sugestões Literárias S.A); Manual
Elementar de Direito Processual Civil (Forense, 1956); A administração pública e a ordem jurídica
privada (Belo Horizonte, Bernardo Álvares, 1961); “Demarcação - divisão tapumes - condomínio -
paredes-meias (ed. Bernardo Álvares, 1963).
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 88
CPC, art. 1.111. A sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos
já produzidos, se ocorrerem circunstâncias supervenientes.
162
Querella Nulitatis, confira a tese de Ad roaldo Furtado Fabrício, Revista da Ajuris 42, p.7 e ss.
Veja detalhes no “Sucedâneos Recursais”, em Teoria Geral dos Remédios, disponível em
www.padilla.adv.br/teses.
Página 89 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
163
CPC, art.485, I, combinado ao art. 63. do CPP : “Transitada em julgado a sentença condenatória,
poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu
representante legal ou seus herdeiros.”
164
CPP Art.268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério
Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art.
31. [Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de
oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.] Art. 269.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 90
O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a causa no estado em
que se achar. Art. 270. O co-réu no mesmo processo não poderá intervir como assistente do Ministério
Público. Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às
testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos
pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598. § 1º O juiz, ouvido o
Ministério Público, decidirá acerca da realização das provas propostas pelo assistente. § 2º O processo
prosseguirá independentemente de nova intimação do assistente, quando este, intimado, deixar de
comparecer a qualquer dos atos da instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior devidamente
comprovado. Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão do assistente.
Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá recurso, devendo, entretanto, constar
dos autos o pedido e a decisão.
165
CPC Art. 46. Define o litisconsórcio: Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em
conjunto, ativa ou passivamente, quando: I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente
à lide; II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento de fato ou de direito; III - entre as causas
houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato
ou de direito. Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de
litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de
limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão.
166
Sobre norma jurídica e sanção veja capítulo “Teoria Crítica do Direito” disponível em
www.padilla.adv.br/teses.
Página 91 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
167
Se a instrução indica que o acusado não é o autor do crime, o próprio Ministério Público, autor
da ação, deve pedir a absolvição. A punição de um inocente pode ser pior à paz social do que a
impunidade de um possível criminoso. Pode gerar revolta, além de prestar desserviço à credibilidade do
sistema. O processo onde prevalece o interesse público busca a verdade real, embora se manifeste de
formas diversas. No processo eleitoral, a dúvida sobre a legitimidade da eleição implica sua anulação,
porque o interesse público é preservar a representação política (art. 1º - II Constituição Federal).
168
O Estado-Juiz soluciona o conflito para realizar a Justiça que pode não ser, necessariamente, a
superlotação dos presídios.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 92
169
Art. 126 - O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei.
No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos
costumes e aos princípios gerais de direito.
170
Art. 2º - Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a
requerer, nos casos e forma legais. Art. 262 - O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se
desenvolve por impulso oficial.
171
O principal diploma processual é o CPC por ser o único a possuir preocupação sistemática
mínima de tratamento de todos institutos do processo. CPC é fonte subsidiária dos Processos Penal, do
Trabalho, Disciplinar, etc... è CLT art. 769. Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte
subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas
deste Título. Art. 8º As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais
ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros
princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito, e, ainda, de acordo com os usos e
costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular
prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único. O direito comum será fonte subsidiária do direito do
trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste. Art. 899. Aos
trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em que não contravierem ao
presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a cobrança judicial da
Página 93 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
o
dívida ativa da Fazenda Pública Federal.+ CPP art.3º è Art. 3 A lei processual penal admitirá
interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.
172
Dinamarco, Candido Rangel. Fundamentos... P. 90
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 94
173
No art. 5º, caput e inc. I da CF.
Página 95 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
174
Veja nossa Teoria Geral da Prescrição em www.padilla.adv.br/teses
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 96
175
Há consenso de que a ciência processual nasceu com a obra de Oscar Von Bulow, “A Teoria das
Exceções Processuais e os Pressupostos Processuais”, que se ocupou de traçar uma visão principiológica
do processo.
176
Gian Antônio Micheli, Per una revisione della nozione di giurisdizione voluntaria, Rivista,
1947, v.I, p. 31, traduzido para o espanhol e republicado em 1970 nos Estudios de derecho procesal civil,
v.IV, p. 18
177
J. J. Calmon de Passos Da jurisdição, 1957, p. 31
178
Marco Tullio Zanzucchi Diritto processuale civile
Página 99 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
179
Mesmo o interesse remoto compromete a imparcialidade. Nas ações discutindo critérios de
reajuste do SFH, os juízes mutuários do sistema habitacional consideraram-se suspeitos para decidir
porque, como mutuários, possuíam interesse (ainda que remoto) de que prevalecessem as teses que
reduziam as prestações.
180
Escrevemos a respeito desde o início dos anos noventa. Confirma detalhes em
www.padilla.adv.br/advogado
181
Lei Federal 4.215/63 vigorou por mais de 30 anos até o Estatuto da OAB de 1994.
182
Constituição Federal, art. 133 – “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo
inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.”
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 100
183
ADIns = argüições de inconstitucionalidade
184
Lei n. 8.906, de 4 de Julho de 1994, Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil
– OAB, dispõe (art. 1º) que “São atividades privativas de advocacia: I - a postulação a qualquer órgão do
Poder Judiciário e aos juizados especiais”. O STF suspendeu a eficácia do inciso I, "in fine", do art. 1º, no
que se refere a "Juizados Especiais", ou seja em relação aos Juizados de Pequenas Causas (depois
substituídos pelos Juizados Especiais, regulados na Lei 9.099/95), Justiça do Trabalho e Justiça de Paz
(ADIn nº 1.127-8-DF-Medida Liminar, Rel. Min. Paulo Brossard, DJU 14.10.94, seção 1, pág. 27.596).
Confira "O novo estatuto da advocacia e os juizados de pequenas causas", por Luis Felipe Salomão
(Revista Jurídica 212/34).
185
Muitos desmerecem o título. Dispõem de diploma, expedido por estabelecimento de ensino
superior mas... não são realmente bacharéis, no sentido do clássico termo francês-antigo, “bacheler”,
sendo “o que recebeu numa academia ou universidade o primeiro grau para chegar ao de doutor.”
Faculdades mais tradicionais do mundo, com mais de 500 anos de existência, como Santiago de
Compostela na Espanha ou Heidelberg na Alemanha, tem no curso de bacharel pré-requisito ao ingresso
no doutorado, com extremo rigor. Na Faculdade Alemã, foi criado um curso de Mestrado para
estrangeiros visando nivelá-los com os egressos das universidades alemãs, habilitando-os a ingressar no
Doutorado. Na Espanha, o curso de doutorado pratica nível tão alto de exigência que apenas os
pretendentes à carreira no magistério jurídico o enfrentam.
186
Há duas mil faculdades despejando milhares de advogados num mercado de trabalho onde a
maioria dos potenciais clientes não dispõe de meios para verificar a habilitação do “causídico”, exceto
referências pessoais de amigos. A tabela de valores mínimos para honorários advocatícios impraticável
na realidade do mercado, conjugada à grande dificuldade de fiscalização, permitem oferta de serviços por
preços aviltantes. O potencial cliente, seduzido por melhor oferta, contrata “profissional” sem habilidade
técnica necessária para as tarefas que necessita. Só mais tarde descobre que economizar em advogado
custa caro. Agrava a situação o cliente não dispor de conhecimentos para avaliar a habilidade do
advogado contratado. Proliferam nas dezenas de seccionais da OAB processos disciplinares sem
sentido, que constituem a maioria, nascidos da dúvida infundada do cliente ou mesmo da má-fé,
utilizando o “processo administrativo” como “desculpa” para não honrar o pagamento dos honorários.
Esses procedimentos dificultam o andamento dos processos efetivamente necessários contra os
causídicos que cometeram erros ou atos ilícitos e efetivamente necessitam punição. Há tantos processos
sem sentido, que os que mereceriam punição terminam prescrevendo.
187
Novo Processo Civil aponta à evolução, nascida dos estudos e trabalhos do IBDP Instituto
Brasileiro de Direito Processual (www.padilla.adv.br/ibdp), e capitaneada pela Comissão de Notáveis,
instituída pela Portaria do Ministério da Justiça nº 145/92, liderada pela Professora Ada Pellegrini
Grinover, e pelos Ministros Sálvio de Figueiredo Teixeira e Athos Gusmão Carneiro. Na 1ª fase,
foram elaborados 11 anteprojetos, aproveitando a o texto legal vigente, abrindo espaços para novos
artigos, mas mantendo a fisionomia do Código de 1973. Dez projetos foram convertidos em leis até 1995,
a última delas a 9.245/95. O 11º projeto, "uniformização jurisprudencial nas demandas múltiplas" PL
3.804-A foi sustado em face do anúncio de reforma constitucional que o tornaria prejudicado, mas passou
uma década até que ocorresse a E.C. 45, emenda mais polêmica da história recente. Através dela o poder
econômico tenta engessar o Judiciário. A partir do Congresso Internacional de Direito Processual
realizado em Brasília em 1997, iniciou a segunda fase da Reforma de que foram exemplos a Lei Federal
nº 9.756, de 17.12.98 sobre recursos e Lei Federal nº 9.800, de 26.05.99, uso de fax e meios eletrônicos
Página 101 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
de transmissão de dados para contagem de prazos recursais. Na virada do milênio, o Brasil contava com
o processo civil mais moderno do mundo.
188
Da lei 9.099/95
189
Errarum, humanun est...Mas “persistirum nu errarum est burrarum”.
190
O advogado é profissional do Direito. Seu ofício é lidar com Justiça. Quando vai de encontro às
lições da ética e do saber, tem um comportamento entendido como injusto pela média das pessoas,
concentra mais atenção do que outro profissional, engenheiro, médico, dentista, etc., porque a “injustiça”
ou erro do advogado é documentada.
191
O advogado e professor Jorge Souza Santos desabafou na revista Veja de 27 de julho de 1994,
p.122: “Cansei de ser professor.” Às vésperas da aposentadoria como mestre, exonerou-se em protesto
contra a indignidade. Quando começou a lecionar, em 1953, tinha orgulho. Os concursos eram
disputados. Professor desfrutava de “status” elevado permitindo vida “nababesca” comparada ao padrão
atual. Com salário de docente sustentava folgadamente esposa e filhos com confortos como duas
empregadas, e adquiriu casa e carro. A partir da década de setenta as populações das grandes cidades
cresceram vertiginosamente e a política imediatista dos governantes limitou-se a multiplicar vagas nas
escolas muito além do que parcas verbas destinadas à educação permitiriam. A qualidade do ensino caia
e a verbas do ensino idem. Com raras exceções, escolas públicas aos poucos se transformaram em
depósitos para crianças enquanto os pais trabalhavam. Professores frustrados e mal remunerados são
incapazes de despertar a sede do saber na juventude. Pelo contrário, desestimulam o desejo de crescer,
sufocam a curiosidade. O jovem sente a infelicidade do professor, e se questiona: “- Aprender, para quê
? Para ser um adulto amargurado como meu professor ?” Por essa época, para piorar, o poder da mídia
de construir e destruir lideranças já se fazia sentir e crescia a idolatria alimentada pelo poder econômico
(www.padilla.adv.br/desportivo/futebol) Com ensino de má qualidade, as verbas ficam cada vez
menores: Porque pagar bem professores, questiona o político, se eles trabalham sem dedicação e com
baixo rendimento ? Na década de noventa, veio o golpe de misericórdia: A administração federal
acabou com as verbas para as universidades; Hoje, a única saída para o ensino público está em estender
chapéu para a iniciativa privada, implorando auxílio. Para recuperar a centenária Faculdade de Direito da
UFRGS, no final do século passado, os professores foram buscar recursos na iniciativa privada porque a
verba total em 1997, para obras, era de apenas R$ 60.000,00 em toda UFRGS, instituição com dezenas de
prédios e milhares de alunos. Em 8/12/1996, em reunião com a Congregação da Faculdade de Direito, a
Reitora confessou a sua decepção e impotência diante de tal “verba” íntima, com a qual não poderia nem
trocar o elevador da Escola de Artes, que ruira. A busca de recursos na iniciativa privada pela Faculdade
de Direito foi, depois, seguida por toda UFRGS, inclusive para que os professores disponham de outros
empregos ou “bolsas” para se sustentar, porque seus vencimentos estão congelados há dez anos.
Lecionar, nas universidades federais, pode virar “bico”. Em países evoluídos, a situação é oposta.
Tomemos com exemplo a Alemanha, na Europa, ou o Japão, Na Ásia. Em ambos, professor das
categorias sociais mais respeitadas e valorizadas, e o professor universitário (Daikako no Sensei Desu em
"nihon go”japonês); Professor and der Rechtsfakultät em “deutsch”alemão) ocupa o alto da pirâmide
social. Aqui no Brasil, bem... Ilustra-o o relato do cole ga ao final dos anos 90 que, recém empossado
no cargo, orgulhoso, identificou-se como professor universitário numa compra. Desconfiado, o lojista
consultou o SPC, apesar da quantia pequena do cheque. . .
192
Mercado de trabalho sem controle ético. Quando alguém necessita advogado, e não está disposto
($$$) a pagar um grande escritório, nem tem quem indique um profissional honesto, trabalhador, corre
risco de escolher um “picareta”...
193
Fazendo justiça ao criador da expressão, “sabeburrice jurídica” é neologismo criado nos anos
noventa pelo colega Rodolfo Luiz Rodrigues Corrêa, Procurador do Estado do RS, classe superior, que
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 102
nos emprestou auxilio inestimável nos trabalhos de revisão na primeira versão desta obra, em 1994
nascidas como breves comentários as profundas alterações legislativas que ocorreram, ofertando
oportunas sugestões. Observou o Colega que, em razão de tantos e tantos “causos”, a expressão deixou
de ser neologismo para se tornar uma “necessidade consuetudinária”, caminhando para se tornar arcaica,
merecendo atualização ... Felizmente, a exigência do Exame de Ordem estabelecido pelo EOAB está
provocando maior preocupação com a formação dos profissionais. Com o tempo, o Exame de Ordem
poderá se tornar ainda mais rigoroso.
194
A militância cotidiana do advogado é pautada pelo princípio da legalidade. Mas ao contrário, o
rábula tem seu exercício profissional guiado por princípios como o da fungibilidade dos recursos e das
petições em geral, não raro pedindo uma coisa por outra. Das lições da Faculdade, a única que guarde é a
parêmia "dabi factum dabo tibi ius" pela qual se limita a expor o que aconteceu e deixar que o Juiz se
vire em descobrir os fundamentos, se é que existem. Raramente sabe se o que está pedindo tem
fundamento. É o famoso “se colar colou”, mais tragédia que humor, instrumentalizando a vida dos júris-
IN-peritos e seus erros técnicos indecorosos.
195
Outros incorporaram serviços de cópias, plastificação, encadernação e outros de papelaria, sem
prejuízo dos típicos de bazar, além da digitação de "curriculum vitae"
Página 103 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
196
Gelson Amaro de Souza, Do valor da causa, Saraiva, SP, p.98. Realmente, há julgados
utilizando expressões como “propôs” e “autora de impugnação”. “Propôs” vem de propositura,
reservada para se referir a quem propõem a ação. “Autora” refere-se a quem toma o pólo ativo da ação.
Ao dizer “autora desta impugnação” conferem à impugnação a conotação de ação (AI 92.01.0244533-
PA, 3ª Turma, j. 24/08/92, DJU 21.09.92, in Revista de Processo - Repro 77/328-329, Ed. RT, SP,
Jan./Mar. 1995).
197
Lei n. 8.906, de 4 de Julho de 1994, art.8º - IV, exige o Exame, regulado em Provimento do
Conselho Federal (§ 1º) e aplicado pelos Conselhos Seccionais (art.58-VI). Através de M.S. impetrado
em favor de Rudy Garcia, ex aluno na UFRGS, obtivemos liminar, a partir da qual o Presidente da OAB-
RS Luiz Felipe Magalhães conseguiu convencer o Colégio de Presidentes de Seccionais a editar uma
norma transitória que a lei 8.906 olvidou, sobre a situação dos alunos formandos por ocasião da sua
edição.
198
Os Exames de Ordem observam o rigor. O índice de reprovação no primeiro exame foi de 75 %,
embora fossem todos Bacharéis em Ciências Jurídicas e Sociais, i. é. egressos de cursos superiores. Os
índices baixaram um pouco nos anos seguintes, a maioria que rodou foi fazer cursos, estudar de verdade,
ou tentar outras atividades. No final da década de noventa começou a subir, e em 2004 o índice voltou a
orbitar em 80% de reprovação.
199
Estatuto da OAB, art. 44 inc. I
200
A OAB presta serviço público à art.44 EOAB.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 104
201
A OAB possui poderes de requisição de informações semelhante aos órgãos jurisdicionais à
art.50 EOAB.
202
A OAB desfruta de imunidade tributária à art.45 § 5º EOAB.
203
A OAB goza de total independência em ralação aos órgãos de quaisquer poderes à § 1º, do
art.44, EOAB.
204
Depuração consiste na limpeza, ato pelo qual o organismo se liberta de “substâncias inúteis ou
nocivas”.
205
Martins Teixeira in Adv, Boletim 48, p.618, 5/12/93
Página 105 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
210
CPC, art. 236 - No Distrito Federal e nas Capitais dos Estados e dos Territórios, consideram-se
feitas as intimações pela só publicação dos atos no órgão oficial.
211
CPP, art. 370 - Nas intimações ... § 1º - A intimação do defensor constituído, do advogado do
querelante e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais
da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado.
212
Além do Diário de Justiça da União, com circulação Nacional, cada Estado possui pelo menos
um periódico para intimações. Mas há incontáveis localidades onde periódicos locais publicam as
intimações.
213
Jornal Zero Hora, de Porto Alegre, 26-4-1998, p.3, Informe Especial
214
Zero Hora, de Porto Alegre, 20-12-1997, p.13, política
215
CPP Art. 619 - Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas,
poderão ser opostos embargos de declaração, no prazo de 2 (dois) dias contado da sua publicação,
quando houver na sentença ambigüidade, obscuridade, contradição ou omissão.
Página 107 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
Do defensor público:
Quando a parte tem renda até um limite, estipulado para a
região219,
e não dispõe deadvogado, pode receber o patrocínio de um
advogado pago pelos cofres públicos e que só pode exercer essa
216
Em notas anteriores já trouxemos os textos do CPC e CPP
217
A partir de 3/12/2002 iniciou, na justiça gaúcha, o processo virtual nos Juizados Especiais. O
projeto piloto é desenvolvido no Foro de São Sebastião do Caí, com a realização de uma audiência
totalmente informatizada. A manifestação das partes, dos negociadores e até a decisão do magistrado não
utiliza papel. O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador José Eugênio Tedesco, enfatizou o
sucesso da inovação. “A agilização da Justiça, principalmente nas pequenas questões, passa pela
utilização das ferramentas de nosso tempo” afirmou.
218
No TJRGS, esse serviço iniciou em várias câmaras em 2004.
219
No Rio Grande do Sul esse limite é de três salários mínimos líquidos após abatido imposto na
fonte e previdência e descontando meio salário mínimo por dependente; desconta, ainda, condomínio ou
prestação do SFH. Quem percebe acima desse valor não poderá recorrer à Defensoria Pública. Mas pode
conseguir ajuda nos SAJU´s - Serviços de Assistência Judiciária Universitária - que funcionam junto às
Faculdades de Direito onde, em geral, o limite é de cinco salários mínimos ao dobro da defensoria. Esses
atendimentos são prestados por equipes de estudantes de direito supervisionados por professores
responsáveis pela disciplina de Estágio Profissional, auxiliados por advogados - em geral recém
formados – que querem ganhar experiência.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 108
220
Constituição Federal- Art. 134. A Defensoria Pública é instituição essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos
necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV. Parágrafo único. Lei complementar organizará a Defensoria
Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização
nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e
títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia
fora das atribuições institucionais.
221
A vedação da advocacia fora das atribuições constitucionais tem fundamento lógico na
necessidade de evitar possibilitar angariar causas. Ocorreu no passado de pessoas que exerciam esse tipo
de função direcionarem os jurisdicionados para escritórios particulares – inclusive sob alegação de que
ficariam melhor tutelados, especialmente quando a causa envolve quantias vultuosas. Veja a diferença
para os advogados públicos em www.padilla.adv.br/pgers/advogar
222
Constituição Federal de 1988, art. 94 – “Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do
Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de
reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla
pelos órgãos de representação das respectivas classes. Parágrafo único - Recebidas as indicações, o
tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes,
escolherá um de seus integrantes para nomeação.”
A Constituição Federal de 1934 consagrou a representação dos advogados e promotores nos
Tribunais, o que se repetiu nas cartas de '37, '46, '67 e '88. Esta última corrigiu o texto, esclarecendo
que, para aspirar ao cargo de juiz no Quinto Constitucional na vaga dos advogados é indispensável contar
dez anos de "efetiva atividade profissional", fechando essa porta àqueles bacharéis meramente inscritos
na OAB, mas com atuação meramente eventual e esporádica no Foro. Isso preserva o objetivo do
Quinto, que é conduzir aos pretórios a experiência da militância, o que passou à fiscalização da Ordem
dos Advogados a quem cumpre na primeira instância a organização das listas sêxtuplas.
223
Ruy de Azevedo Sodré A ética profissional e o Estatuto do Advogado SP, LTr, 1975
224
Santo Tomás de Aquino na Summa Theologica
225
Doutor Peter Walter Ashton foi professor e Diretor da Faculdade de Direito da Ufrgs
Página 109 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
inventio dos retóricos latinos que era acoplada à dispositio, ou seja, à montagem
e arrumação destes argumentos. A deliberatio, palavra que vem de libra
(balança), é a escolha, a sopesagem de alternativas e possíveis formas de agir e
apresentação dos argumentos...
"O teste mais válido do caráter de qualquer argumento, é perguntar e
indagar: quem é que verdadeiramente tirará proveito das alegações do
orador/apresentador do argumento. Se for aquele que alega e argumenta sem
provas, pode haver prejuízo para quem nele acredita. A falsa retórica insiste e
urge na aceitação de uma ação ou de um raciocínio que beneficia aquele que
apresenta o argumento e não aquele que o ouve...
"A boa retórica baseia-se na ética. Assim também a advocacia e
a política... Daí segue que também na advocacia um advogado honesto
não deverá usar, deliberadamente, argumentos enganadores, nem
mesmo para beneficiar um cliente importante..." 226
A ética227 recomenda ao profissional “aconselhar o cliente a
não ingressar em aventura judicial” Mas as vezes pode ser difícil distinguir
onde termina o “jus sperneandi”228 iniciando a litigância de má-fé.
Mesmo quando é possível a distinção é trabalhosa, e convivemos
com escassez de tempo229. Daí a dificuldade de encontrar
decisões aplicando sanções relativas à litigância de má-fé. Apesar
da existência de numerosos dispositivos, conforme mencionamos
em vários escritos230. Além disto, o Juiz receia ser injusto, ou
excessivamente rigoroso. É mais fácil ficar em paz com a
consciência julgando procedente ou improcedente uma
postulação, do que aplicando as normas relacionadas com a
litigância desleal, que sempre envolvem critérios subjetivos de
análise da conduta das partes e procuradores. Há certa tendência
em exigir maior rigor. Alterações na legislação estabelecem novos
226
Peter Walter Ashton, “A prática do Direito e o seu ensino nas Faculdades de Direito nos
Estados Unidos e no Brasil” in Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, vol. 9, nº 1º, novembro de 1993, pág.48 usque 59; a citação é da pág. 56
227
EOAB Lei 8906/94, e Código de Ética e Disciplina da OAB art.2º-VII in DJU 1º-3-1995. Veja
228
Literalmente: Direito de espernear, isto é, reclamar, ajuizar ação...
229
Time is a luxury we don’t have.
230
“Litigância de má-fé no CPC reformado” in “Revista de Processo”, editora RT, São Paulo,
abril-junho 1995, a.20, v.78, p.101-107 + “Revista Trabalho e Processo”, São Paulo, junho de 1995, v.5,
p.26-33 – rebatizada pela editora Saraiva como “Trabalho e Doutrina” a partir de 1997. “Litigância de
má-fé nas JCJs: aplica-se o princípio da lealdade na Justiça do Trabalho?” in “Revista LTr”, v.57
(ano 57) nº 3, março de 1993, ed. LTr, p. 277-282. “Litigância de má-fé” in “Revista de Crítica
Judiciária”, Leud Uberaba-MG, 1989, v. 5, p. 197-200 – coletânea organizada por Humberto Theodoro
Jr. e pelo o saudoso professor Edson Gonçalves Prata. Disponível em www.padilla.adv.br/teses
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 110
231
Exemplos de multas por recursos protelatórios criados na reforma do CPC na década de noventa:
arts. 17-VII; 538§; 557§2º
232
A citação é de “A idéia de Justiça em Kant - seu fundamento na igualdade e na liberdade” -
UFMG, 1986, Cap. I, § 13, pág. 43, e consta do voto do Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, no
REsp nº 31.751-8-MG, publicado no DJU de 22-11-93, e em destaque para o trecho na COAD, tanto na
Adv Advocacia Dinâmica quanto na Adt Advocacia Trabalhista na capa dos Informativos de nº 50,
publicados em 16-12-94. Aprofunde o tema em www.padilla.adv.br/normajuridica.mht
233
Quando um advogado se dispõe a patrocinar expedientes protelatórios em benefício do cliente
para retardar a cobrança de dívidas, serve de mau exemplo para o próprio cliente que, mais tarde, pode
Página 111 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
colocar em prática a mesma filosofia contra quem lhe prestou serviços, recusando – ou pelo menos
retardando o pagamento dos honorários contratados...
234
“Linguagem Jurídica” Jornal da OAB-RS, Porto Alegre, Ipsis Litteris, junho 1992, p.11, e “A
norma jurídica vista sob o enfoque da Teoria Crítica do Direito” Revista de Direito Civil, RT, a.13,
v.49, julho/setembro 1989, p.21-23
235
Sidney Sanches RT 648/241
236
Francisco Eduardo Padilla foi professor na Universidad Nacional de Tucumán, Argentina, entre
as décadas de trinta e sessenta.
237
São os advogados que, ao pretender a aplicação das leis neste ou naquele caso, funcionam
como verdadeiros órgãos de aplicação das lei.
238
Francisco Eduardo Padilla, Ética y Cultura Forense, pág. 27, da 2ª ed. revista e ampliada em
1962, editora Assandri, Córdoba; ver também Sidney Sanches, RT 648/241
239
Maior prova de indispensabilidade do livre atuar do advogado para a liberdade dos povos são os
registros de nossa história recente, nos rigores da ditadura, onde os advogados e seus órgãos de classe
constituíram a única trincheira que remanesceu resistindo aos "avanços" do totalitarismo, mesmo diante
de toda sorte de perseguições, inclusive atentados a bomba com vítimas fatais.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 112
240
Proporcionalmente, poucos são os maus exemplos. Mas chamam atenção. Como uma ovelha
negra num rebanho – é uma só mas, de longe, se destacam. Valorizando os bons profissionais,
contribuímos para aprimorar a profissão, separando o joio do trigo. Quem sabe este dia, em que não
haverá mais “ovelhas negras” não esteja, assim, tão longe ? Depende de nós...
241
Eram tantos os problemas relatados de abusos contra os advogados que, no “Ipsis Litteris”, do
Jornal da OAB/RS em setembro de 1991, p.13, criticavamos os “Castelos Judiciais”, comentando
reclames de Advogados e Estagiários. Apesar de toda abertura política e desburocratização, algumas
escrivaninhas judiciais persistiam criando obstáculos à atividade forense impedindo a extração de
fotocópias nos processos públicos, retardando certidões, ou simplesmente negando o direito de carga dos
autos aos advogados e estagiários em quaisquer processos sob a alegação de que todo prazo para falar
sobre uma decisão judicial ser prazo comum a todas partes, porque mesmo a vencedora poderia reclamar
de algum aspecto. Medievalidades ilógicas, decorrentes da falta de confiança nos profissionais da
advocacia. Escrivão, Chefe de Secretaria, e servidores relutam dar a posse (carga) de autos,
especialmente quando sem procuração. Noticiamos no Jornal do Comércio Porto Alegre, terça-feira, 29
de junho de 1993, p. 12, do Segundo Caderno, que os Tribunais são obrigados a resolver problemas desse
tipo. Certa feita, o STJ teve de garantir aos advogados o "Livre Acesso aos Cartórios" (Ipsis Litteris,
Jornal da OAB -RS, maio/92, p.7) e assegurar a vista dos autos fora Foro quando a 2ª Turma por
unanimidade concedeu o RMS 126-SP Rel. Min. Peçanha Martins. O art. 89-XVIII, da Lei 4.215/63,
permitia ao advogado retirar em carga autos findos por 10 dias, mesmo sem procuração. Servidores,
apoiados pelos magistrados, afirmavam que o art. 40, do CPC editado em 1973 teria revogado esse
direito. O STJ afastou a restrição afirmando que o CPC regulou os casos de processos em andamento,
subsistindo a regra do Estatuto de OAB para autos findos. Seria ilógico entender diferente: Se o
advogado pretende analisar um caso arquivado, estudar a possibilidade de aceitar procuração para propor
ação rescisória ou outra medida, primeiro precisa analisar o processo. Não há como, nem porque, exigir
procuração antes do advogado decidir sobre a viabilidade da causa e acertar os honorários com o cliente.
O novo Estatuto da OAB, Lei Federal de 8.906/94 ampliou os direitos do advogado no art.7º, com essa
regra no inc.XVI:
Art. 7º - São direitos do advogado: I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território
nacional; II - ter respeitada, em nome da liberdade de defesa e do sigilo profissional, a inviolabilidade de
seu escritório ou local de trabalho, de seus arquivos e dados, de sua correspondência e de suas
comunicações, inclusive telefônicas ou afins, salvo caso de busca ou apreensão determinada por
magistrado e acompanhada de representante da OAB; III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e
reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em
estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis; IV - ter a presença de
representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para
lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à
seccional da OAB; V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de
Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta,
em prisão domiciliar; VI - ingressar livremente: a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos
cancelos que separam a parte reservada aos magistrados; b) nas salas e dependências de audiências,
secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões,
mesmo fora da hora de expediente e independentemente da presença de seus titulares; c) em qualquer
edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado deva
praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do
expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado; d)
em qualquer assembléia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente, ou perante a qual
Página 113 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais; VII - permanecer sentado ou em pé e
retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso anterior, independentemente de licença; VIII - dirigir-se
diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário
previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada; IX - sustentar oralmente as
razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de julgamento, após o voto do relator, em instância
judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido; X - usar da
palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para esclarecer
equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento,
bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas; XI - reclamar, verbalmente ou por
escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito de lei,
regulamento ou regimento; XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação
coletiva da Administração Pública ou do Poder Legislativo; XIII - examinar, em qualquer órgão dos
Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em
andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de
cópias, podendo tomar apontamentos; XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem
procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade,
podendo copiar peças e tomar apontamentos; XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de
qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, ou retirá- los pelos prazos legais; XVI -
retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias; XVII - ser
publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em razão dela; XVIII - usar os
símbolos privativos da profissão de advogado; XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo
no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi
advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua
sigilo profissional; XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após
trinta minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que deva
presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo. § 1º - Não se aplica o disposto nos incisos
XV e XVI: 1) aos processos sob regime de segredo de justiça; 2) quando existirem nos autos
documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante que justifique a
permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho
motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da parte interessada; 3) até
encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos autos no prazo
legal, e só o fizer depois de intimado. § 2º - O advogado tem imunidade profissional, não constituindo
injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua
atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos
que cometer. § 3º - O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da
profissão, em caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo. § 4º - O Poder
Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juizados, fóruns, tribunais, delegacias de
polícia e presídios, salas especiais permanentes para os advogados, com uso e controle assegurados à
OAB. § 5º - No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou função de
órgão da OAB, o conselho competente deve promover o desagravo público do ofendido, sem prejuízo da
responsabilidade criminal em que incorrer o infrator.
242
Em geral os artistas dispõe de considerável liberdade no uso do tempo para encontrar os
melhores momentos, mais propícios à inspiração criadora.
243
Sobre “o stress na advocacia”, escrevemos um comentário, publicado no Jornal Zero Hora, de
Porto Alegre, edição nº 7.715, do dia 27 de outubro de 1986, pág.35, abordando dois aspectos, o
financeiro e o da pressão. O stress financeiro está na necessidade do advogado viver com uma certa
incerteza do amanhã, tendo de sair em busca do pagamento para seu sustento e das despesas do
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 114
escritório. E o stress da injustiça, porque os pratos da balança não têm o mesmo peso: Enquanto o
advogado é escravo dos prazos preclusivos sobre os quais não tem o menor controle, uma vez que não
pode programar quando será intimado da decisão ou para as audiências e outros atos que necessitam
intervenção, convive com a morosidade processual, não apenas dos magistrados, nos exemplos ali citados
naquele artigo, mas dos serviços auxiliares, alguns demorando meses para a prática dos atos mais
singelos. Há exemplos eloqüentes de escrivanias judiciais que desenvolvem um trabalho exemplar, como
– no caso de Porto Alegre, as 7ª e 11ª Varas Cíveis, as quais já tivemos oportunidade de elogiar em
trabalho publicado na “Adv Advocacia Dinâmica COAD”, Boletim Informativo Semanal nº 50/90, de 14
de dezembro de 1990, pág. 506-505, sob título “Da penhora em face da Medida Provisória nº 143, e Lei
nº 8009”. Todos estes trabalhos estão disponíveis em www.padilla.adv.be/teses
244
Essa pressão não ocorre, em geral, nos profissionais solidamente estabelecidos na carreira, ou
que dispõe de outras fontes de renda, que se torna verdadeiramente liberais, no sentido de que podem
escolher carinhosamente as causas que desejam patrocinar. É o caso dos Procuradores do Estado e do
Município
245
Numa conversa ou mesmo em uma exposição oral, é possível perceber o grau de
acompanhamento do(s) interlocutor(es) que pretendemos convencer. Uma das dificuldades do texto
escrito está na diferença: A exposição que pretende convencer precisa observar uma preparação. Se
pensar e escrever, suas idéias poder ser ótimas, mas o texto que resulta pode ser uma confusão que nada
esclarece, muito menos convence. Primeiro é preciso pensar qual é o OBJETIVO (GOAL), ou qual é a
mensagem que pretendemos transmitir? Definido esse objetivo, a forma de o colocar em prática, HOW
TO, consiste em pensar em tudo que será preciso saber para alcançar a conclusão. Convém fazer
anotações. Sugerimos uma folha, ficha ou página para cada tópico que deve ser abordado. Terceiro,
analise cada tópico, do ponto de vista de como o expor para convencer. Há fatos e fundamentos que o
Página 115 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
destinatário deve saber, e estes serão registrados. Contudo, é preciso que esse registro seja acompanhado
de explicações, para o caso de nossa suposição sobre o destinatário saber do que falamos não ser correta.
São úteis as notas de rodapé com as informações. Também, numa tese longa, pode-se adotar a estratégia
de indicar qual a conclusão que pretendemos naquele item no primeiro a último parágrafo. De forma que
se o nosso interlocutor já conhece aquilo, poderá pular toda a fundamentação e passar para o próximo
item ou capítulo. Ainda nesse ponto, é aconselhável jamais supor que o destinatário sabe tudo, muito
menos que nada sabe. Busque um equilíbrio. As informações essenciais devem estar no texto, as
complementares em notas de rodapé. Quarto PENSAR em como expor logicamente os tópicos para
facilitar a conclusão desejada. Por isto estar cada ponto em fichas, folhas ou páginas, facilita, pois aqui é
a hora de simplesmente ordená-las. Então, começa o trabalho de escrever, colocar e tirar, mover daqui
para ali, mudar a ordem, de frases, parágrafos, etc., enfim, editar.
www.padilla.adv.br/LinguagemJuridica.mht
246
Exemplos de prazos mínimos são de 24 horas para comparecimento ou prática de ato cível (CPC,
art.192) e 48 horas para embargos declaratórios no Processo Penal (CPP art. 619). Até a Reforma, em
1994, a sentença cível só podia ser embargada até 48 horas da intimação, conforme antigo art.464 do
CPC, hoje revogado, vigorando prazo de 5 dias.
Os prazo mais comuns em Processo Penal são de três (3) dias, CPP art.46 § 2º, 58, 145 II, 384 §,
395, 405, 447 §, 500, 537, 600 in fine e §1º, 689 §1º, 757, 775 V.
Em Processo Civil, o prazo menor era de cinco (5) dias (art.185, 398, 535, 557 CPC) que, até a
reforma, também vigorava para o agravo de instrumento (artigo art.522): após 1995, o prazo para o
agravo de instrumento é de dez dias (novo art.522 CPC), mas o agravante possui mais encargos: deve
documentar a petição com cópias e certidões, e efetuar o preparo previamente.
247
Ministro Garcia Vieira parte final da ementa ao acórdão do Recurso Especial n.495-RJ, provido à
unanimidade em 5-2-1990, Relator o Exmo. Sr. Dr. Ministro Garcia Vieira, in RSTJ, Revista do Superior
Tribunal de Justiça, V.8, abril de 1990, pág.301
248
Constituição Federal, art. 5º, LV à LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 116
249
Calamandrei, Piero. Eles, os Juizes, vistos por nós, advogados.
250
Adaptado do texto “Institucionalização da advocacia”, da lavra do Dr. Elias Farah, pres. da 93ª
Subseção da OAB-SP, colhido no Informativo Semanal 20/88, p. 211 COAD
Página 117 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
251
Apud Rui de Azevedo Sodré, in O Advogado, seu Estatuto e a Ética Profissional, São Paulo, Ed
RT, 1967, p. 358, colhido e adaptado de discurso do Dr. Justino Vasconcelos, proferido no TJRS, em
4.3.74
252
Baseado no texto “A assistência aos municípios” que publicamos em “O Pioneiro”, 20 de março
de 1995, Caxias do Sul (periódico diário do Grupo RBS)
253
As consultas escritas serão respondidas, conforme o caso, de quatro formas: pareceres,
informações, promoções ou despachos. O Parecer, que após aprovado pelo Procurador Geral do Estado
possui força cogente como orientação obrigatória para a administração pública, destina-se aos casos onde
a questão jurídica possa ser resolvida com relação a toda uma série de casos análogos. A Informação
soluciona questão jurídica que, pela sua singularidade, não comporta aplicação a outros casos. A
Informação depende de aprovação majoritária dos Procuradores do Estado da Região e, havendo
discordância, esse voto divergente deve ser incorporado à Informação para ciência da autoridade
consultante. A Promoção adequa-se aos casos onde a questão jurídica for simples, onde a solução, por
exemplo, está expressa em lei ou em Parecer. O Despacho destina-se à solicitar providências e
diligências, quando - por exemplo, há necessidade de maiores esclarecimentos sobre o objetivo das
consultas formuladas.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 118
254
Autoridade que formula a consulta pode ser, se do Poder Executivo Municipal, seu chefe, o
Prefeito Municipal; quando oriundas do Legislativo, pelo Presidente da Câmara de Vereadores
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257
Constituição Federal, Art. 127. O MP (Ministério Público) é instituição permanente, essencial à
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis. § 1º São princípios institucionais... a unidade, a
indivisibilidade e a independência funcional. § 2º... é assegurada autonomia funcional e administrativa,
podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus
cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política
remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização e funcionamento. § 3º O MP
elaborará sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. Art. 128. O
MP abrange: I - o MP da União, que compreende: a) o Ministério Público Federal; b) o Ministério Público do
Trabalho; c) o MP Militar; d) o MP do Distrito Federal e Territórios; II - os MP dos Estados. § 1º O MP da União
tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da
carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do
Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução. § 2º A destituição do Procurador-Geral da
República, por iniciativa do Presidente da República, deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta do
Senado Federal. § 3º Os MP dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre
integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo
Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução. § 4º Os Procuradores-Gerais nos
Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos por deliberação da maioria absoluta do Poder
Legislativo, na forma da lei complementar respectiva. § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o
estatuto de cada MP, observadas, relativamente a seus membros: I - as seguintes garantias: a)
vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial
transitada em julgado; b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do
órgão colegiado competente do MP, por voto de dois terços de seus membros, assegurada ampla defesa;
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e
XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I;" II - as seguintes vedações: a) receber, a qualquer título e sob qualquer
pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; b) exercer a advocacia; c) participar de
sociedade comercial, na forma da lei; d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função
pública, salvo uma de magistério; e) exercer atividade político-partidária, salvo exceções previstas na lei.
Art. 129. São funções institucionais do MP: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma
da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos
direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III -
promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio
Página 121 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
258
Inicia o processo com a apresentação da petição: CPC Art. 263. Considera-se proposta a ação,
tanto que a petição inicial seja despachada pelo juiz, ou simplesmente distribuída, onde houver mais de
uma vara...
259
Quando o réu é citado, surge a relação processual: Art. 263. in fine... A propositura da ação,
todavia, só produz, quanto ao réu, os efeitos mencionados no art. 219 depois que for validamente citado.
Página 123 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
a direito superveniente; II - competir ao juiz conhecer delas de ofício; III - por expressa
autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo.
260
Lei 8.245/91, das Locações: Art. 5º Seja qual for o fundamento do término da locação, a ação do
locador para reaver o imóvel é a de despejo. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
se a locação termina em decorrência de desapropriação, com a imissão do expropriante na posse do
imóvel.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 124
261
Isto pode mudar? Confira www.padilla.adv.br/processo/morosidade/
262
O réu é devedor. Causou um dano ou recebeu sem dar a devida contraprestação. O credor está
desfalcado, na mesma proporção em que o Devedor possui a mais. As partes não são iguais. Estão em
desequilíbrio e o Juiz deve restabelecer o equilíbrio, determinando providências e, se necessário, dentro
da lei, ser rigoroso com o devedor.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 126
falar? Sim, para oferecer bens a penhora, dizer o que prefere perder entre
seus bens, propor um parcelamento e até, admite-se, discutir atualizações.
Evidentemente poderá reclamar de quaisquer ilegalidades que ocorram,
contudo, o processo de execução deve se movimentar em direção à tomada
de bens do devedor e satisfação do credor 263.
263
O art. 605 CPC permite ao devedor evitar a execução fazendo-a às avessas conforme art.570
CPC. O devedor deposita o valor que entende devido, indicando por petição, ou em anexo ao
requerimento, os critérios de cálculo adotados para chegar à quantia.
264
O CPC de 1973 foi alterado na liquidação de sentença pela Lei Federal nº 8.898, de 29-6-94,
publicada no DJU de 30-6-94, em mais um dos excelentes projetos elaborados pela Comissão de
Notáveis capitaneada pelo Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, Athos Gusmão Carneiro, e Ada
Pellegrini Grinover. São pequenas alterações, no plano teórico perceptíveis apenas aos operadores mais
atentos, mas que produzem enorme agilização nas demandas, demonstrando, como no dito popular, que
em pequenos frascos encontramos fragrâncias de aroma insuperável. Demonstrando o esmero da
Comissão, o art.609 remete ao procedimento comum, nova denominação do procedimento ordinário.
Comentamos as modificações em dezenas de artigos, tanto os publicados no Ipsis Litteris (Jornal da
OAB-RS), no Segundo Caderno do Jornal do Comércio, e na Advocacia Dinâmica do COAD, como –
por exemplo, Jornal do Comércio, Quinta-feira, 04 de agosto de 1994, p.12; Nossos Tribunais,
(doutrina)COAD, Boletim nº 34/95, 25 de agosto de 1995, p. 370; Advocacia Dinâmica, boletim semanal
nº 34, ano 04, 1995, p. 695, disponíveis em www.padilla.adv.br/teses
265
Preocupa a possibilidade, ad horrorem, do dispositivo ter sua efetividade esvaziada por manobra
indigna. Bastaria que, logo que transitada em julgada, o devedor extra-autos solicite aos advogados
renunciarem ao mandato. A nova norma processual cairia num vazio. Para evitar essa possibilidade os
magistrados devem permanecer atentos, dando a renúncia de mandato rigorosa observância do art. 45, do
CPC, pelo qual o advogado deve continuar a representar o constituinte até 10 dias depois de notificar o
ex-cliente da renúncia. O Estatuto da OAB, Lei Federal nº 8.906, de 4-7-94, faz idêntica determinação no
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 128
casos de assistência judiciária. Se o credor não concordar com esse demonstrativo, far-se-á a execução
pelo valor originariamente pretendido, mas a penhora terá por base o valor encontrado pelo
contador."(NR)
268
A reconvenção é um pedido, feito em petição avulsa e apresentado junto com a contestação, no
qual o réu pede contra o autor algum direito (conexo ao suporte fático do processo).
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269 Gian Antonio Micheli, Teoria Geral da Prova, conferência proferida em 6.9.1975 no V°
Curso de Especialização em Direito Processual Civil promovido pelo Setor de Especialização
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e coordenado pelo prof. Arruda Alvim, que
traduziu do italiano, e o encartou na Revista de Processo n° 3, pág. 161-168.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 132
270
A revelia, total ou parcial, normalmente acarreta presunção de veracidade dos fatos afirmados na
inicial (art. 320, I a III) Art. 320 - A revelia não induz, contudo, o efeito mencionado no artigo
antecedente: I - se, havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação; II - se o litígio versar
sobre direitos indisponíveis; III - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público,
que a lei considere indispensável à prova do ato - ou seja, fato não contestado, equivale a fato admitido
no processo como incontroverso. Art. 302 - Cabe também ao réu manifestar-se precisamente sobre os
fatos narrados na petição inicial. Presumem-se verdadeiros os fatos não impugnados, salvo: I - se não for
admissível, a seu respeito, a confissão; II - se a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento
público que a lei considerar da substância do ato; III - se estiverem em contradição com a defesa,
considerada em seu conjunto. Parágrafo único. Esta regra, quanto ao ônus da impugnação especificada
dos fatos, não se aplica ao advogado dativo, ao curador especial e ao órgão do Ministério Público. Mas
há direitos indisponíveis ou que a Lei só admita prova por escritura pública. Presunção é dos fatos. Ao
Estado-Juiz cabe dizer qual direito se aplica aos fatos. Por exemplo: o Autor alega que emprestou ao réu
um imóvel, e que este ficou de o devolver quando pedisse. Requer a reintegração de posse no imóvel
porque o réu parou de pagar as prestações do financiamento que se comprometera. Citado, o réu não
contesta os fatos. Mas apesar da revelia, o Estado-Juiz pode não dar ganho de causa ao autor. Porque ?
Porque a relação que o autor descreve é de locação. Empréstimo do imóvel, mas não gratuito, porque o
ocupante assumiu compromisso de pagar as amortizações do financiamento. Nesse caso, a relação
contratual entre as partes é de locação e somente através de uma ação de despejo o autor pode retomar o
imóvel conforme Lei do Inquilinato, 8.245/91 art. 5º “Seja qual for o fundamento do término da locação,
a ação do locador para reaver o imóvel é a de despejo.”
Página 133 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
271
Ao juiz é licito a produção de prova pericial quando esta se revela desnecessária ao julgamento
da causa. AgRg no Ag 500602, Rel. M. Castro Filho, DJ de 06/12/2004; Resp n° 499975, Rel. Min. Teori
Albino Zavascki, DJ de 18/10/2004; Edcl no Resp 573230, Rel. Min. Jose Delgado, DJ de 31/05/2004;
Resp. 508476, Rel. Min. Gilson Dipp, DJ de 16/11/2004.
272
"Apontamentos sobre a perícia", por Arruda Alvim (RP 23/9, RBDP 37/17); "A perícia
psicológica", por Lília de Muzio Piccinelli e Maria Cecília Meirelles Ortiz (RT 609/262). "As novas
regras sobre a perícia judicial", por Clito Fornaciari Júnior (RT 690/7, Ajuris 57/233, RF 324/41, RJ
194/5); "Prova pericial: Inovações da Lei 8.455/92", por Rogério de Meneses Fialho Moreira (RT 690/47,
RTJE 111/39, RJ 183/30); "O objeto da prova pericial", por Hugo de Brito Machado (RT 690/276, RF
321/404); "A prova pericial e a recente alteração do CPC", por Carlos Alberto Carmona (RT 691/26); "A
prova pericial e a nova redação do CPC", por Ivan Lira de Carvalho (RJ 185/5, RTJE 107/9, Ajuris
57/241, RT 696/35).
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 134
273
Na Antiguidade pré-clássica e em Roma, nos tribunais, no cerimonial as testemunhas não
prestavam juramentos solenes sobre um livro sagrado e sim levando a mão direita aos testículos. Há uma
relação entre os dois vocábulos, testículo e testemunha. Os testículos, de fato, são testemunhas
privilegiadas do ato sexual, além de prova de virilidade. Testemunham a verdade, afirmações. A palavra
latina para testemunha era “testis”, a terceira pessoa que poderia descrever os fatos com isenção.
274
"...no Direito Moderno, o peso da prova testemunhal não depende do número de depoimentos
colhidos, mas da respectiva credibilidade" (J.C. Barbosa Moreira). "A validade da prova testemunhal
não é medida pela quantidade de depoentes, mas pela assertiva e coerência do testemunho idôneo."
(TRT da 1º Região, em 30.9.87, 4ª Turma, Relator o Juiz Oldenir de Almeida, Jurisprudência Adv/Coad
n.36140). "O que é necessário é que a prova não dependa exclusivamente desse depoimento, mas seja
corroborada por outros elementos existentes nos autos." (Embargos AC. Civel 8-57, Laranjeiras do Sul,
Paraná, Relator Desembargador Segismundo Gradowski. Revista Jurídica, 34:593)
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 136
Moderno
Como resquício do Sistema da Liberdade Total , estão aqueles
direitos potestativos conferidos ao Juiz que possibilitam contornar o Princípio
da Inércia (também chamado Iniciativa da Partes) e trazer ao processo
elementos de convicção. Tais faculdades são pouco utilizadas pelos juizes em
razão do lamentável acúmulo de trabalho. Quando são empregadas,
demonstram seu verdadeiro valor, sua importância e comprovam que todo o
tempo despendido repercute em acentuada aceleração das atividades
subseqüentes. Uma delas é a oitiva informal das partes, prevista no art. 342,
do CPC.
Mauro Cappelleti275 considera a oitiva informal como um dos
pressupostos do Sistema da Oralidade expressamente adotado no Brasil. Ouvir
o autor e o réu permite limitar a demanda e fatos controvertidos através das
palavras das próprias partes que constituem confissões quando admitem de
fatos desfavoráveis. A confissão é a rainha das provas e se a parte admite o
fato, é desnecessário mais provas e até proibido pretender produzir prova a
respeito (art. 400, inc. I, parte final, do CPC).
O que dizer, então, de outras modalidades de liberdade total do
Estado-Juiz, como: mandar apresentar documentos (art.355), interrogar a
testemunha (art.416), ouvir as testemunhas referidas ou mandar acarear (art. 418),
proceder inspeção (art. 355), formular e indeferir quesitos (art.425), mandar
realizar nova perícia (art.437), proceder inspeção de pessoas ou coisas (art.440),
dispensar provas (art. 407, parágrafo único) e decidir contra o laudo (art.436).
Dentre os resquícios do sistema da "prisão" legal do juiz à prova
"tarifada", então as disposições do art. 405, parágrafo primeiro, inc. III, do
CPC, que diz incapaz de depor, ou seja, sequer sendo ouvido, nem mesmo
como informante, o menor de 16 anos. Trata-se de dispositivo legalóide e
possivelmente inconstitucional por ofensa ao princípio da igualdade. Não há
fundamento compromissar um menor entre 16 e 18 anos que não poderá ser
responsabilizado penalmente por eventual falso testemunho, mas não ouvir o
depoimento de outro um dia mais jovem, digamos, com 15 anos 11 meses e 29
dias de idade, muitos já ingressando nos bancos universitários.
O depoimento de adolescente menor de 16 anos é prova tarifada
com valor zero (nº 0). Não há justificativa lógico-jurídica para a discriminação.
No ângulo diametralmente oposto, também como resquício da prova tarifada,
estão a presunção decorrente da revelia e a confissão, ambas tarifadas como
provas de valor máximo.
37. Da Presunção:
275
Mauro Cappelleti "L'Oralita nel Processo Civile Italiano: Ideale Contro Realtá", in: revista
Brasileira de Direito Processual, vol. 3, pg. 155:67
Página 137 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
276
Sérgio Carlos Covello "As presunções em Matéria Cível” SP, Saraiva, 1983, pg. 47
277
“A presunção em matéria cível” Sergio Carlos Covello, Saraiva, 1983, p.48
278
Op. cit. p..49
279
“A presunção em matéria cível” Sergio Carlos Covello, Saraiva, 1983, p.52 e nota de rodapé
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 138
280
Gandhi tinha muito a nos ensinar quando disse: ‘A grandeza de uma nação e seu progresso
moral podem ser julgados pelo modo como seus animais são tratados’. Mas Jeremy Bentham, há
“trocentos” anos, deu o maior argumento contra os maus tratos de animais: "A questão não é Eles
pensam ? ou Eles falam ? A questão é Eles SOFREM."
281
Texto colhido na apresentação de Santiago Sentís Melendo ao Tratado ds Provas Judiciais.
Traduzimos como, de resto, traduzimos todo texto do Tratado... para publicação pela Editora Lenz. Mas a
polêmica em torno da edição do novo Código Civil que trazia um capítulo sobre provas, com centenas de
projetos, destaques, substitutivos, e as peculiaridades da tramitação no Congresso, nos permitiram adiar a
publicação até que, finalmente editado, o novo Código Civil Brasileiro em 2002, veio nosso editor
Ricardo Lenz a falacer, tendo a sua sucessora nos libertando do compromisso podemos, como era já
nossa intenção, disponibilizar o texto em nosso saite.
282
Primeiro Tribunal de Alçada Cível de São Paulo (discurso de posse nos julgados do TACiv.SP,
v. 65, p. 281 e ss.),
Página 139 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
salientando que "... o processo não deve dar a alguém, nem tirar de alguém,
coisa alguma...", idéias que depois desenvolveu em "A Instrumentalidade do
Processo" (SP, RT, 1987). Semelhante tese, com invulgar brilho, é sustentada por
Humberto Theodoro Jr., e, em especial, Carlos Alberto Álvaro de Oliveira, em
diversas passagens de suas notáveis contribuições para a bibliografia jurídica,
denominando-o de formalismo-valorativo. Contudo, o princípio da
instrumentalidade é a aplicação, ao direito processual, da percepção ecológica
do “Utilitarismo” concebida por Bentham, há séculos.
muito forte na natureza humana; assim, o que deve realmente ser procurado é
a reconciliação entre o indivíduo e a sociedade, mesmo que seja necessário o
sacrifício dos supostos direitos humanos.
Obviamente que, apesar da generalidade, as idéias de Bentham
foram ofuscadas pelos ideólogos da Revolução Francesa a cujas idéias se
opunha.
Nos Princípios da Moral e da Legislação, principal obra do ponto de
vista filosófico, Bentham estuda pormenorizadamente a aplicação do princípio
de utilidade como fundamento da conduta individual e social. Inicialmente,
indaga que sentimentos devem ser preferidos a outros, salientando que se deve
levar em consideração todas as circunstâncias da satisfação: sua intensidade,
sua duração, sua proximidade, sua certeza, fecundidade e pureza. Indaga, em
seguida, quais os castigos e recompensas que poderiam induzir o homem a
realizar ações criadoras de felicidade e quais os motivos determinantes das
ações humanas, com seus respectivos valores morais.
A respeito dessas questões é de particular importância a análise
dos motivos que levam o homem a agir de certa forma e não de outra. Esse
motivos devem ser chamados “bons” na medida em que possam conduzir
harmonia entre os interesses individuais e os interesses dos outros, enquanto
que “maus” seriam todos aqueles motivos que contrariassem esse objetivo de
equilíbrio entre os homens. Entre os motivos bons, o que mais certamente
conduz, segundo Bentham, à promoção do princípio de utilidade é a
benevolência ou boa vontade. Em seguida, viriam a necessidade de estima dos
outros, o desejo de receber amor, a religião e os instintos de autopreservação,
de satisfação, de privilégio e de poder.
A prática do utilitarismo: Bentham não ficou apenas na análise
teórica dessas idéias sobre o homem como ser moral e social. Procurou suas
possíveis aplicações práticas, dedicando-se, sobretudo, à reforma da legislação
de acordo com princípios humanos, à codificação das leis afim de que
pudessem ser compreendidas por qualquer pessoa, ao aperfeiçoamento do
sistema penitenciário e ao desenvolvimento do regime democrático através da
introdução do sufrágio universal. Em suas lutas reformistas, o princípio de
utilidade desempenha o principal papel teórico. Na opinião do historiador
Harald Hölffding, Bentham sempre deu por certo e seguro esse princípio,
transformando-o em um princípio dogmático, válido para todo o sempre. Por
esse razão, jamais sentiu necessidade de investigá-lo mais profundamente e
não percebeu que se poderia levantar objeção à sua idéia de maneira
semelhante ao que ele fez com relação aos defensores do direito natural. Assim
como Jeremy Bentham indagou por que os homens devem cumprir
compromissos, assim também se poderia perguntar por que os homens devem
conduzir-se em função da felicidade de todos. A verdade de ambos princípios
não é evidente.
Página 141 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
283
"The word international, it must be acknowledged, is a new one, though, it is hoped, sufficiently
analogous and intelligible." STEPHAN ULLMANN in "Semântica: uma introdução à ciência do
significado", 5ª ed., Lisboa, Calouste Gulbekian, p.289
284
Bentham usa a expressão “Direito Internacional” pela primeira vez em "An Introduction to the
Principles of Morals and Legislation". Anteriormente, denominava-se "direito das gentes", expressão
usada, no século XVI, por Francisco de Vitória. (Paulo Dourado de Gusmão: "Introdução ao Estudo do
Direito", 10 edª, 1984, p. 187)
285
Bentham. qualificou o direito processual de adjetivo devido à dinâmica emprestada às normas
que, sem procedimento, são inúteis - enquanto as demais normas “substantivas” regulam relações
diretas, entre os sujeitos de direito, no grupo social. Sérgio Bermudes, "Introdução ao Processo Civil", 2ª
ed., Forense, RJ, 1996, p. 100, propõe qualificar as normas processuais de formais ou instrumentais por
se destinarem a fazer atuar as normas substanciais ou materiais que regulam as relações do grupo social.
286
Dicionários como Michaelis e Aurélio indicam origem através do latino inspectione, com
significados como: “Ato ou Ação de ver, de olhar, de observar. Fiscalização, Exame, vistoria. Lance de
olhos. Inspecionamento.”
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 142
287
RT 590/23, Adv/COAD 21619
288
Em 1984, o Juiz de Direito Válcio Duarte Peixoto, preocupado com ação possessória envolvendo
UGES União Gaúcha de Estudantes Secundários, entidade tradicional na Capital gaúcha, e com o fato
das partes apresentarem teses opostas, inspecionou o local antes de deferir a medida liminar.
Página 143 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
289
Arts. 440 a 443 do CPC.
290
Lei 9.099/95, Juizado Especial Cível “Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o juiz poderá
inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a apresentação de parecer técnico. Parágrafo
único. No curso da audiência, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, realizar inspeção
em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, que lhe relatará informalmente
o verificado.“ Ou seja, seu procedimento diferencia-se: o juiz pode inspecionar durante a audiência
mas, se ocorrerem circunstâncias do art. 442 do CPC, pode designar pessoa de sua confiança que
realizará a inspeção e a relatará na audiência como se fosse testemunha. A redação é similar ao texto do
art. 36 da Lei 7.244/84 que disciplinava o juizado de “Pequenas Causas”.
291
Amaury Mascaro do Nascimento “A nova prova no Processo Trabalhista” in RF 252 p.415
292
Pontes de Miranda, edição de 1954 do Tratado de Direito Privado, Tomo II, § 347, cap. 2, al. g
293
La “Inspección judicial”, art.223-244 do CPC Colombiano
294
Der “Ausgenschien”, art. 371 do Z.P.O.
295
La “Inspezione di lughi”, art.258, CPC Italiano
296
O texto é do art. 613-1, do CPC Português
297
É ônus da parte produzir prova e não cabe tentar transferir tal ônus ao juiz, que deve indeferir
inspeção conforme Julgados do TARGS 59/261, AI 185069010; TJMG “in” RT 590/233.
298
É ato discricionário do juiz proceder ou não à inspeção (RT 629/206), e – embora a parte
requeira fundamentadamente, seu indeferimento não constitui, diretamente, cerceamento de defesa (RT
633/134)
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 144
299
O Superior Tribunal de Justiça sugere que a não lavratura do auto circunstanciado torna a
inspeção inócua, invalidando-a como meio de prova (STJ-1ª Turma, Ag 14.646-MG-AgRg, rel. Min.
Garcia Vieira, j. 9.12.92, negaram provimento, v.u., DJU 5.4.93, p. 5.810, 1ª coluna, ementário). Com
razão, porque o que não consta dos autos, não está no processo. Mas nada impede que o Juiz –
independente de auto circunstanciado da inspeção, faça referências ao exame na fundamentação da sua
decisão da mesma forma como faria com referência a fatos notórios (art.334-I, CPC. Não excluiu o
princípio da livre e fundamentada apreciação das provas pelo juiz (RTJ 99/144), do art. 131, pelo qual:
“O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda
que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o
convencimento.” A livre apreciação da prova, desde que a decisão seja fundamentada, considerada a lei e
os elementos existentes nos autos, é um dos cânones do nosso sistema processual (STJ-4ª Turma, REsp
7.870-SP, rel. Min. Sálvio de Figueiredo, j. 3.12.91, deram provimento parcial, v.u., DJU 3.2.92, p. 469,
1ª col., em.). Mas o Juiz deve usar com cuidado essa possibilidade de relatar, na decisão, os fatos, pena
de ser confundido com uma testemunha e comprometer sua imparcialidade: "Se o juiz que profere a
sentença julga segundo conhecimento próprio dos fatos ou de parte deles o processo é nulo, pois, não se
tratando de máxima de experiência ou de fato notório, atua como testemunha extrajudicial, estando
impedido de exercer suas funções jurisdicionais, ante a ausência de pressuposto processual da
imparcialidade" (RT 630/140). Para mais detalhes sobre a imparcialidade como requisito indispensável
no ato jurisdicional, veja capítulos acima ou consulte www.padilla.adv.br/teses.
300
Para ser determinada, contra a vontade do juiz de primeiro grau, deve ser considerada
indispensável (RT 595/226);Antes da sentença o juiz, e depois o Tribunal, pode converter o julgamento
em diligência reabrindo a instrução (Adv/COAD 42258). Antes da sentença o juiz, e depois o Tribunal,
pode converter o julgamento em diligência reabrindo a instituição (Adv / COAD 42258). Os recursos
serão estudados adiante na Teoria Geral dos Remédios Processuais.
Página 145 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
de suspeita (arts. 134 II e 409 III). Se não houver intimação das partes pode
ocorrer nulidade, Comentários ao CPC, t.IV, p. 467 para alguns insanáveis
(Gildo dos Santos, “A prova no Processo Civil”, p. 73 e ss.). Se o juiz se fizer
acompanhar perito para lhe prestar esclarecimentos, tal circunstância deve ser
dada a conhecer de antemão, pois analogicamente (arts. 126) deve permitir às
partes se acompanharem de assistentes técnicos (art. 421, §1º). Realizado o
ato de inspeção, lavra-se auto circunstanciando o que for útil para o
julgamento. Contudo, há casos nos quais, pelas peculiaridades, a medida
poderia não surtir efeito se as partes soubessem de antemão. Assim, é possível
ao juiz o fazer sem intimar previamente as partes conforme o Embaixador
Pontes de Miranda diz que “...as partes podem ser intimadas....”
Se determinada no Tribunal, Marcos Afonso Borges atribuiu a
prática do ato exclusivamente ao Relator (“Comentários ao CPC”, 2º vol, p.
119), o que não é correto. Baixa em diligência conforme art. 492, do CPC,
aplicável senão diretamente, por analogia (art. 126 CPC).
A memória de trabalho
recebe este nome porque é nela que as
informações - que chegam da memória
de curto termo - são trabalhadas e
concatenadas, para depois serem
enviadas para a memória permanente.
No caso, após diversas perguntas e de
todo o processamento que essa
inquirição provocou, o dia o qual a testemunha, de início, mencionara como
aquele onde sempre encontrava o falecido, foi esquecido e ao reafirmar os
encontros que sempre ocorriam no mesmo dia, afirmou outro que, naquele
exato momento, parecia fazer sentido. É através de mecanismos assim que se
revelam as mentiras nos testemunhos.302
301
A quantidade de "nacos" (chunks) de informações armazenada é de 7 (±2). A memória de curto
termo guarda em média 7 das informações, com uma variação média de 2, ou seja, entre 5 e 9
informações. Um exemplo clássico de comprovação foi publicado por Miller, em 1956: Ditando-se para
uma pessoa uma lista de cerca de 30 ou 40 palavras. Ao final do ditado, pede-se para o ouvinte escrever o
maior número de palavras que pode lembrar. Em geral, as pessoas médias lembram de cerca de apenas 7
palavras. Alguns até escrevem mais do a média, porém, algumas palavras não faziam parte da lista.
302
Uma memória temporária, e as informações ali contidas podem ser retidas por um tempo bem
maior que a memória rápida, dependendo do processamento, podem durar dezenas de minutos. Porém
não armazena de forma permanente. Quando se estuda um assunto que é do nosso interesse, procura-se
criar mecanismos para que sejam colocados na memória permanente e serem recuperados depois. Se o
estudo do tema não é de importância fundamental, ou seja, se está estudando apenas para obtenção de
conhecimentos superficiais, ou para uso temporário, estas informações permanecem ainda na memória de
trabalho por um tempo que pode variar de minutos a dias. Um exemplo clássico da memória de trabalho
é o exemplo do estudante. Quando este estuda para aprender algum conhecimento ou habilidade, que
Página 147 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
julgue importante, o fará com mecanismos que o permitam, mais tarde, lembrar daquilo que estudou. Se
o estudante estuda para um assunto que, a seu julgamento, não lhe parece importante para o futuro, ele o
fará de forma a apenas "lembrar para a prova". Efetivamente o que ocorrerá é que dias ou meses depois
ele não lembra de quase nada daquilo que estudou, embora tenha logrado bom desempenho na prova. A
memória de trabalho também é responsável pelo retorno, pela recuperação das informações que estão na
memória permanente, até um meio de saída (fala, escrita, etc). Usando algum tipo de mecanismo, a
recuperação é feita e levada à memória de curto termo. Os mecanismos de recuperação podem ser:
analogias, metáforas, regras, exceções à regras, mnemônicos ou outros tipos de auxiliares que o ser
humano usa para "não esquecer" de algo. Desta forma, as informações que chegam e que saem da
memória permanente passam pela memória de trabalho, lá sendo as informações tratadas e organizadas.
303
O que efetivamente ainda não se sabe é como lá colocar tamanha quantidade de informações em
tempo relativamente curto. um exemplo que mostra a validade desta afirmação é o caso de pessoas que se
dedicam a estudar certos temas com profundidade de detalhes, sendo capazes até de dizer a página do
livro que contém certa informação. Em tempos passados havia até programa de televisão no qual eram
desafiadas algumas pessoas que se diziam conhecedores de um tema, da vida de uma pessoa, ou de fatos.
As perguntas feitas eram de detalhes que escapariam a um leitor comum, mas para o desafiado
geralmente a resposta era precisa.
304
Algum encontro até pode ter ocorrido contudo, o contexto do depoimento, a amizade da
testemunha com a Ré, apontam para a intenção de influenciar o Falecido, estimulá-lo a perdoar a ex-
mulher.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 148
305 Mauro Cappelletti, A ideologia no processo civil, revista Ajuris, vol. 23, p. 16 e ss.,
tradução Athos Gusmão Carneiro.
306 Ruy Armando Gessinger no grupo Advogados do Brasil, em 20/2/2013 as 16:46h.
Subject: RES: juiz - mais do que qualquer outra profissão - deve desenvolver a ponderação, punctum saliens do seu
poder/dever: PONDERAR todas as alternativas, para poder optar pela mais justa.
Página 149 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
309
Um dos mandamentos de Eduardo Couture é de que o direito se aprende estudando, contudo,
pratica-se pensando. A arte do exercício profissional nivela-se por baixo a partir da Internet que permite,
a qualquer novato, acesso a milhares de informações e sítios onde consegue as mais variadas respostas, e
os modelos de petições ou de decisões, que edita apresentando como se fosse seu trabalho. Tal prática
engessa a criatividade. Não seria assim se o processo fosse oral, distinguindo uns dos outros, como assim
acontece em parte da atividade judicial da comum law. No direito continental, escrito, a tecnologia
provocou a repetição interminável de textos, onde o advogado do autor copia, o da defesa copia, o juiz
copia, os recursos copiam...Tudo igual, bastando apertar teclas control, alt, etc. e importar textos.
310
LÊNIO STRECK, "Estagiariocracia", Jornal "O Sul", de Porto Alegre, dia 3.9.2011, e
reproduzido em http://www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?id=25380/ e http://pt-
br.facebook.com/pages/Lenio-Luiz-Streck/115390585209499
311
Contratação irregular de 6.480 estagiários, exemplo do E-ED-RR nº 94500-35.2004.5.05.0008
em http://www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?id=25404
312
Os estagiários deveriam aprender. Contudo, os assessores, pessoas preparadas e que, até então,
realizavam as pesquisas, os resumos e os projetos de decisão, terceirizaram seu trabalho. O trabalho dos
estagiários não é revisado, e a cobrança é meramente estística, sem compromisso ou responsabilidades
com resultados efetivos. Os estudantes, sem muita experiência de vida, e muito menos de direito,
percebem que tal encenação permite-lhes concretizar suas simpatias pessoais, e favorecer seus amigos,
sem qualquer problema. Aproximar-se do estudante, com pouca experiência de vida, é fácil. Isso é campo
feculdo para o dolo dos sociopatolobistas. O prejudicado sequer tem acesso à informação sobre como
desenrolou-se a encenação e o sistema esconde o inimigo que preparou a decisão. Pior, ferozmente
protege a autoridade que, ao fim e ao cabo, chancelou toda a encenação! E se o advogado ousa questionar
a ditadura dos estagiários, é perseguido. Imparcialidade Judicial... Rev. Faculdade Direito UFRGS,
v.12, p.209-215, tb. http://www.padilla.adv.br/teses/
Página 151 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
313
Como sabem que os juízes vão assinar sem ler, e que “não vai dar nada” os estagiários não se
dignam a cuidar sequer dos textos de uma única e singela linha. Veja este despacho anunciando nomear
"peito substituto" (no lugar do perito) após o MP comprovar “a liminar postulado(sic) no agravo”
processo 001/10523815119 ação civil pública na 4ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central de Porto
Alegre colhido em https://www.tjrs.jus.br/site_php/consulta/consulta_despacho.php?entrancia=
1&comarca=porto_alegre&Numero_Processo=10523815119&num_movimento=210&code=5474
314
LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria Geral do Processo. 2ª ed. Porto Alegre: Síntese Ltda. 1999, p.
93. Em Santa Catarina, acórdão do processo nº 22040160100 foi publicado com a íntegra de um longo
trabalho universitário, um "nada a ver", misturado à decisão judicial. Em 18.03.2010, alertado pela
repercussão do caso, o TJ de Santa Catarina retirou de seu site o acórdão e anunciou comissão sindicante
para apurar o episódio, identificar o responsável e tomar as providências cabíveis. Passado mais de um
ano, não se tem notícia alguma de resultados. Na publicação, pelo gabinete do desembargador substituto
Jaime Viccari, foi inserida a íntegra de um longo trabalho universitário do aluno Carlos Freiberger
Fernandes, na disciplina de "Psicologia de Esporte e Exercício", a ser apresentada ao professor Emilio
Takase, no curso de Licenciatura em Educação Física, da UF-SC. No Rio Grande do Sul, num dos
episódios demonstrando que são feitas várias atividades ao mesmo tempo – obviamente com a atenção
prejudicada - enquanto cuidava (?) da publicação de uma decisão, organizava um churrasco. Dias depois,
no meio da intimação, o convite, com todos os detalhes do evento que, lamentavelmente, já havia
acontecido quando da publicação, no Diário Oficial, algum tempo depois
www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?id=17722
315
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instrumentalidade do Processo. 12 edição. São Paulo:
Malheiros, 2005. p . 372.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 152
316
Cappelletti, 1990, p. 112, citado por Rui Portanova, Princípios do Processo Civil, 3ª Ed. Ed.
Livraria do Advogado, p. 118.
317
José Joaquim Calmon de Passos, apud Wanda Maria Gomes Siqueira, em “Notícias eartigos
interessantes”, newsletter “Advogados do Brasil” advogadosdobrasil@ig.com.br 7/7/2009 11h21m;
acrescentando a advogada gaúcha: “...penso que os bem intencionados pouco conseguem fazer porque
são em menor número e ainda existem os que não fazem mal mas não têm temperamento para
questionar, reivindicar e se indignar com as injustiças. Resta escrever... e construir espaços para que as
pessoas possam falar desse mal estar, como fizemos com o Grupo ‘Advogadosdobrasil’.” Sobre a
permanência de Liebman no Brasil, e a “Escola Paulista de Direito”, integrada por juristas dos
principais estados, como Calmon de Passos, da Bahia, veja nota supra, ao final do Capítulo Dos
Princípios Gerais aos vários processos:
Página 153 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
318
Responsabilizar o juiz foi o tema de maior preocupação do XI Congresso Mundial da
International Academy of Comparative Law, realizado em Caracas de 30 de agosto a 4 de setembro de
1982, conforme registrou CAPPELLETTI e José Augusto Delgado, na XV Conferência Nacional da
OAB, em Foz do Iguaçu, 4 a 8 de setembro de 1994, no Painel Informática Jurídica, colhido dia
14/12/2000, as 8 h. em http://www.jfrn.gov.br/docs/especial01.doc
319
CAPPELLETTI, Mauro, "Juízes Irresponsáveis?", pag. 8
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 154
interés, por amor u odio o por ignorancia juzga mal, resuelve contra derecho y atenta
contra la justicia." 320
320
MORENO, José Maria. “Obras completas del doctor José María Moreno” Buenos
Aires,1883. Vol.I, pág.437. Apud TAWIL, Guido Santigo. "La responsabilidad del estado y de los
magistrados y funcionarios judiciales por el mal funcionamiento de la administración de justicia",
Ediciones Depalma Buenos Aires, 1989, pg. 127
321
VELLOSO, Carlos Mário "Temas de Direito Público", Capítulo 15 dedicado a
"Responsabilidade Civil do Estado", pg. 478, conferência no 1º Seminário Internacional de Direito
Administrativo, outubro de 1986. Veja também"Princípios Constitucionais do Processo" em memória
do Ministro Carlos Coqueijo Torreão Costa.
322 http://www.espacovital.com.br/noticia-25300-encenacao-jurisdicional-artigo-luiz-roberto-
nues-padilla
323 http://www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?id=14223
324 http://www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?id=11153
325 MAUROIS, André. Letter Ouverte a um Jeune Homme, Paris, ed. 1966, p.38
Página 155 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
"A estultice tem uma real e efetiva importância no agir humano. Talvez seja
por isso que o poeta Schiller escreveu, há dois séculos, que ‘Contra a estupidez os
próprios deuses lutam inutilmente’. Apesar de tudo, para mim, na minha visão de
professor de Direito, não é demais ainda confiar na inteligência humana, que um
dia acabará prevalecendo.” Paulo Pasquilini
"Entre o artesanato e a indústria, eu ainda prefiro ... não julgar a julgar errado."
326
326
Ministro Ari Pargendler, discurso de posse no STJ
http://www.canaleletronico.net/index.php?option=com_content&view=article&id=439
327
Op. et loc cit; Porque as pessoas espertas podem ser tão tolas? A resposta é encontrada
ao conhecer o processo de pensamento e de comunicação:
http://www.padilla.adv.br/processo/pensamento/
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 156
328
C.F. Art.107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes,
recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: I - um quinto dentre advogados
com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Federal com
mais de dez anos de carreira; II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco
anos de exercício, por antigüidade e merecimento, alternadamente. Parágrafo único. A lei disciplinará a
remoção ou a permuta de juízes dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua
329
O volume de processos do TFR era “sufocante”, toda competência da Justiça Federal de todo
país. Quando o particular perdia, recorria; Quando ganhava, além do recurso havia reexame necessário.
O TFR proferiu mais de cinqüenta mil julgamentos num único ano, em 1978. As Leis Federais
6.025/78 e 6.030/78 reduziram acesso ao TFR criando grau único de jurisdição na Justiça Federal (Lei
6.025), e na Justiça comum nas execuções fiscais (art. 34 da Lei 6.030/78), nas causas de valor inferior a
50 ORTN´s. A Lei 6.025 foi revogada na década de noventa por uma Medida Provisória. A Lei de
Execuções Fiscais continua em vigor e aplicada em regiões onde, periodicamente, atualizam o valor de
alçada a partir do qual é cabível apelação. A norma do art. 899 da CLT remete às regras das execuções
fiscais aos feitos trabalhistas e autorizara (em tese) o uso dessa alçada recursal mas não temos notícias de
aplicação. CLT, art.899. Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo em
que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos executivos fiscais para a
cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.
330
Conforme art.104, da CF, os Ministros do STJ serão nomeados: I - um terço dentre juízes dos
Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça,
indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; II - um terço, em partes iguais, dentre
advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios,
alternadamente, indicados na forma do art.94. (...à...) Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais
Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de
membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber
jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista
sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Parágrafo único. Recebidas as indicações,
o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes,
escolherá um de seus integrantes para nomeação.
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não seja a melhor, não autoriza recurso extraordinário pela letra “a” do art. 101, III, da CF” (hoje a
remissão correta seria ao art. 105, III, “a”, da Constituição). Aprofunde o tema em
www.padilla.adv.br/teses/resp.htm
331
CF Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros,
escolhidos: I - mediante eleição, pelo voto secreto: a) três juízes dentre os Ministros do Supremo
Tribunal Federal; b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça; II - por nomeação
do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade
moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral
elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o
Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
332
Súmula 84 STJ.“É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de
posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido de registro.” -
oposto ao teor da Súmula 621 do STF, veja a nota seguinte.
Página 159 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
333
Súmula nº 621 do STF, anterior à Súmula 84 do STJ que derevogou sua eficácia: “Não enseja
embargos de terceiro à penhora a promessa de compra e venda não inscrita no registro de imóveis.” –
contrário à Súmula 84 do STJ, veja a nota anterior.
334
O Superior Tribunal de Justiça é competente para as questões legais e uniformizar a
jurisprudência, interpretando as leis. Art.105, C.F.: I - processar e julgar, originariamente: a) nos
crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade,
os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos
Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; b) os mandados de
segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército
e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer
das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro
de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral; d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no
art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais
diversos; e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; f) a reclamação para a
preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; g) os conflitos de atribuições
entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e
administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União; h) o mandado de injunção,
quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal,
da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e
dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; II - julgar,
em recurso ordinário: a) os "habeas-corpus" decididos em única ou última instância pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for
denegatória; b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro,
Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; III - julgar, em recurso especial, as causas
decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal,
ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei
federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
335
Ilustram postura revolucionária do STJ decisões permitindo alterar periodicidade de reajuste de
aluguel, de anual para semestral, contra a vontade do inquilino. Em 23-6-92, sob a presidência do
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Ministro Athos Carneiro que também foi Relator, a 4ª Turma analisou a divergência jurisprudencial. Não
admitiam alteração: RT 610/146 e 157. Permitiam julgados do próprio STJ: 4ª T., Resp 5839, mesmo
Relator e Resp 512, Rel. Min. Barros Monteiro; 3ª Resp 14131, Rel. Min. Eduardo Ribeiro. Em
julgamento unânime, os ministros Fontes de Alencar, Sálvio de Figueiredo, Barros Monteiro e Bueno de
Souza acompanharam o Relator reconhecendo que, se por um processo judicial pode ser elevado o
aluguel, nada impede que modifique a periodicidade do reajuste (Adv-semanal 92/448-449) e “Reajuste
de aluguel” in Jornal da OAB/RS “Ipsis Litteris”, outubro de 1992, p. 15
336
As competências do Supremo Tribunal Federal estão na Constituição Federal, art.102, inc. I,
sobre processar e julgar, originariamente, a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; nas
infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; nas infrações penais comuns e nos
crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de
Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; o "habeas-corpus", sendo
paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o "habeas-data"
contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do
Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o
Território; as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e
outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; a extradição solicitada por Estado
estrangeiro; a homologação das sentenças estrangeiras e a concessão do "exequatur" às cartas rogatórias,
que podem ser conferidas pelo regimento interno a seu Presidente; o habeas corpus, quando o coator for
Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam
sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma
jurisdição em uma única instância; a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; a reclamação
para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; a execução de sentença
nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos
processuais; a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados,
e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta
ou indiretamente interessados; os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e
quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; o pedido de
medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; o mandado de injunção, quando a elaboração
da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara
dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas
Página 161 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; Compete, ainda,
inc. II do mesmo art. 102, julgar em recurso ordinário: o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o
"habeas-data" e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se
denegatória a decisão; o crime político; Finalmente, pelo inc. III do mesmo art. 102, julga, mediante
recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
contrariar dispositivo da Constituição; declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; julgar
válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
337
Na Justiça Federal ocorre o mesmo. Depois de julgado pelo Juiz Federal, o processo vai ao TRF
Tribunal Regional Federal e, quando este decide em última instância, em tese o vencido pode veicular os
dois recursos mencionados. Ao STJ, Recurso Especial para discutir matéria de legislação.... Mediante
Recurso Extraordinário ao STF veicula ofensa à Constituição. Se a decisão recorrida tiver fundamentos
legais e constitucionais deve interpor os dois recursos.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 162
338
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45, DE 8 DE DEZEMBRO DE 2004 (DOU 31/12/2004)
Art. 4º Ficam extintos os Tribunais de Alçada, onde houver, passando os seus membros a integrar os
Tribunais de Justiça dos respectivos Estados, respeitadas a antigüidade e classe de origem. Parágrafo. No
prazo de 180 dias, contado da promulgação desta, os Tribunais de Justiça, por ato administrativo,
promoverão a integração dos membros dos tribunais extintos em seus quadros, fixando-lhes a
competência e remetendo, em igual prazo, ao Poder Legislativo, proposta de alteração da organização e
da divisão judiciária correspondentes, assegurados os direitos dos inativos e pensionistas e o
aproveitamento dos servid ores no Poder Judiciário estadual.
Página 163 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o
autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito
Federal.
§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as
causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo
federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça
estadual.
§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na
área de jurisdição do juiz de primeiro grau.
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos
crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região;
c) os mandados de segurança e os "habeas -data" contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
d) os "habeas-corpus", quando a autoridade coatora for juiz federal;
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício
da competência federal da área de sua jurisdição.
339
Em 23.10.2003 havia Justiça Militar Estadual em três estados do país: São Paulo, Minas Gerais e
Rio Grande do Sul. Neste o Tribunal Militar é constituído de sete juízes, três togados e quatro militares.
Criado 1918, num dos governos de Borges de Medeiros, com nome de “Corte de Apelação da Justiça
Militar do Estado” (Luiz Juarez Nogueira de Azevedo), “A advocacia pública e a memória da justiça
militar” www.espacovital.com.br/artigoluizjuares.htm
340
Caso do Rio Grande do Sul. Conselho de Justiça TJM Tribunal de Justiça Militar estadual, julga
policiais militares estaduais e bombeiros. Vem acontecendo uma redução do efetivo da Brigada Militar
no Rio Grande do Sul, causando preocupações com a segurança e suscitando discussão em torno da
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 164
inconstitucionalidade de manter Tribunal de Justiça Militar Estadual, quando Constituição Federal exige
efetivos superiores a 20.000.
341
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo
Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-
generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais -generais da
Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis. Parágrafo único.
Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e
cinco anos, sendo: I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional; II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros
do Ministério Público da Justiça Militar.
342
Na década de oitenta, ainda sob influência do poder pelos militares, era corrente a lição de que o
STF era o Supremo Tribunal, situado na praça dos Três Poderes, mas que ele, na prática, não reformava
decisões tomadas pelas Cortes Militares porque era o STM era Superior... Na verdade, realmente, o
STM era “superior” ao STF em pelo menos um aspecto: o prédio do STM é muito mais alto do que a
sede do STF...
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343
O Presidente Itamar Franco quis instalar um segundo TRT em Minas Gerais na sua cidade natal.
Encomendou ao TST estudo da demanda de serviço atendida pelo TRT para justificar a decisão. O
Estudo do TST concluiu que o volume de serviço indicava necessidade de instalar um terceiro TRT em
São Paulo e um segundo TRT no Rio Grande do Sul, cujas demandas eram maiores do que as do TRT
mineiro. Os custos envolvidos fizeram abandonar o projeto. Vilson Bilhalva, então presidente do TRT-
4ªR., recorda que, na época, várias cidades do RS disputavam a sede de um 2º TRT gaúcho. Novo
Hamburgo, com economia forte e considerável demanda de reclamações contra empresas de calçados
mas demasiado próxima de Porto Alegre não descentralizando o serviço. Santa Maria, centro geográfico
do Estado, possuía demanda regional pequena. Pelotas, centro de região com demanda relativamente
extensa, aspirava impulso na economia outrora muito mais forte. Mas Caxias do Sul possuía demanda
maior que da região sul e propiciava maior descentralização, além de constituir a região que mais crescia
no Estado.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 166
(Rondônia e Acre. São julgados no TRT da 14ª região, em Campo Velho; ou Amazonas e Roraima,
TRT da 11ª Região em Manaus, art. 674 da CLT ).
Em terceiro grau de jurisdição está o TST Tribunal Superior do
Trabalho o qual examina recursos das decisões de última instância dos TRT´s
quando (Art.896 CLT):
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver
dado o mesmo ou outro Tribunal Regional, através do Pleno ou de Turmas, ou a Seção de Dissídios
Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, salvo se a decisão recorrida estiver em consonância com
enunciado da Súmula de Jurisprudência Uniforme do Tribunal Superior do Trabalho; (Note a diferença para
o Art. 105, da Constituição Federal pelo qual o STJ dirime dissídios entre Tribunais diversos)
b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo
Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área territorial
que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator interpretação divergente, na forma da alínea a;
(Note a diferença para o STJ que examina só violações as normas federais; a competência do TST é muito
mais ampliado que a do STJ)
c) proferidas com violação de literal dispositivo de lei federal, ou da Constituição da
República.
344
Ao longo de meio século, a Lei 1.060/50 que regula a Dispensa de Custas e a Assistência
Judiciária recebeu diversos aperfeiçoamentos e o instituto continua em constante evolução. A recente
polêmica é sobre às pessoas jurídicas poderem, ou não, desfrutar do benefício. Há argumentos e decisões
em favor de empresas familiares ou levadas a situação de insolvência, não raro pelos fatos que
justamente discutem judicialmente. Por exemplo, ocorrido um incêndio com destruição da sede da
empresa, equipamentos, matéria prima, produtos finais, etc., a seguradora recusa a indenização, sem a
qual a empresa não pode prosseguir. O valor da causa é elevado, e conseqüentemente as custas, que a
empresa, com atividades paralisada pelo sinistro e com muitas obrigações a cumprir, não tem meios de
atender. Veja detalhes em www.padilla.adv.br/processo/assist.htm
Por outro lado, após a edição da Constituição Federal de 1988, houve confusão entre dois institutos,
da gratuidade da justiça e da isenção de custas. Processos onde a dispensa das custas vinha sendo
desfrutada foram convertidos em diligência exigindo dos beneficiários comprovar estado de pobreza
acenando com o art. 5º - LXXIV, da Constituição Federal que teria revogado normas legais do art.4º, da
Lei Federal 1.060/50, com redação da Lei Federal n. 7.510/86, segundo o qual basta declaração da parte,
Página 167 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
na própria petição, que se presume verdadeira. Julgamento unânime do plenário do Tribunal de Justiça do
Rio de Janeiro em 26-2-91, voto do ponderado e erudito Desembargador Barbosa Moreira, qualificou
essa intervenção como "odiosa restrigenda", asseverando ser: " ... muito surpreendente, dada a
orientação geral da nova Carta, de marcada preocupação social, a que não se conceberia ficasse
alheio tema da facilitação do acesso a Justiça (...). Bem ponderada a questão, todavia, percebe-se que,
com tornar obrigatória a prestação da assistência jurídica na hipótese de comprovação da
insuficiência de recursos, de modo algum proibiu a Constituição Federal que o legislador ordinário
fosse além e outorgasse o benefício mesmo sem prova da carência. (adv. n. 54043). O dispositivo da
magna carta que provocou toda polêmica, art. 5º-LXXIV, nasceu da tese do Professor Walter Ceneviva
aprovada no I Encontro Nacional sobre Assistência Judiciária realizado em São Paulo em setembro de
1985 (cf. Revista dos Tribunais vol. 602, pág. 286-91) e impôs ônus ao Estado e não às partes. Obriga o
Estado a assegurar aos pobres a assistência por advogados pagos pelos cofres públicos, nascendo daí a
obrigação aparelhar uma defensoria pública. Art.4º, da Lei 1.060/50, determina: “A parte gozará dos
benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não
está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio
ou de sua família.” O tempo verbal é imperativo: Gozará ... mediante simples afirmação, na própria
petição inicial. Logo, inexiste possibilidade para a interpretação restritiva. O egrégio Superior Tribunal
de Justiça dirimiu a controvérsia pela 3ª Turma, em 24 de outubro de 1989, unanime, Resp 1009-SP,
Relator o Ministro Nilson Naves, confirmou a validade do art. 4º da Lei Federal n. 1.060/50, e a
presunção legal de veracidade da alegação de pobreza lançada, pelo procurador, no corpo do
requerimento forense, RSTJ v. 7, p. 414 e 415. Mas persistiu o exigir comprovação, inclusive recusando
andamento aos recursos interpostos sem pagamento de custas processuais, muito embora, por evidente, o
recurso interposto contra decisão que indefere ou revoga o benefício da Assistência Judiciária deve ter
efeito suspensivo, não só por expressa disposição legal, Lei 1.060/50, art. 17, mas por lógica: indeferido
o benefício o prejudicado recorre mas o recurso não será processado ou conhecido porque não
pode pagar as custas o que não ofende garantia constitucional de acesso aos Tribunais (art. 5º - XXXV).
TRF-1ª R. "Nenhum recurso pode ser deserto antes de examinado o pedido de Assistência
Judiciária anterior ..." (Tribunal Regional Federal 1ª R. Agravo de Instrumento n. 89.0.0617-6/DF, Rel.
Dr. Catão Alves, v. unânime de 4-12-91 Adv 53590; cf. tb. 53681). No TJRGS, o Des. Francisco José
Pellegrini adverte para “não confundir benefício de gratuidade com o de assistência judiciária” e
definiu:
Gratuidade - “É o benefício que se defere diante da afirmação da necessidade, nos termos do art.
4.º da Lei 1.060/50, e sob as penas estabelecidas no §1.º do mesmo art., o qual adverte que se presume
pobre, até prova em contrário, quem afirmar esta condição nos termos desta lei, sob pena de pagamento
até o décuplo das custas judiciais”.
Assistência Judiciária – “É o serviço prestado pelo Estado àqueles que provarem necessidade, cf.
art. 5.º, inc. LXXIV da CF, que prescreve que o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita
aos que provarem insuficiência de recursos”.
O Des. Pellegrini salienta que “se trata de pedido de gratuidade da Justiça que – por dizer com o
direito de acesso ao judiciário – é instituto nobre, que recomenda liberalidade no seu deferimento”.
(70000282814) fonte: ESPAÇO VITAL por Marco Antonio Birnfeld, Jornal do Comércio, 10 a 12 de
dezembro de 1999, pág. 27, também disponível via Internet: http://www.espacovital.com.br
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345
Embora autônomos e independentes das entidades administrativas (Confederações e Federações)
são estas obrigadas por lei a oferecer ao Tribunal toda estrutura material necessária ao seu
funcionamento.
TTGP Transdisciplinar Teoria Geral do Processo 21/3/2013 è www.padilla.adv.br/processo/tgp/ Página 170
instrução, o Presidente do TJD concede a palavra, por dez minutos para sustentação oral,
primeiro à Procuradoria e depois a cada uma das partes. Segundo o Estatuto da OAB de 1994,
esse tempo deve ser de 15 minutos quando o defensor for advogado. Quando duas ou mais
partes são representadas pelo mesmo defensor prazo será de 20 minutos. Diferentemente dos
processos comuns, o Código Disciplinar admite a prorrogação desses prazos "em casos
especiais" ao arbítrio do Presidente do Tribunal. Encerrados os debates, o Presidente indaga
se os Auditores estão em condições de votar. O Relator prestará esclarecimentos solicitados
pelos Auditores. Diligências que não puderem ser imediatamente cumpridas, quando deferidas
pelo Tribunal, adiarão o julgamento para a próxima sessão que acontece na semana seguinte.
O primeiro a votar é o Relator, seguido do Vice-Presidente, e dos demais Auditores em ordem
de antigüidade. Após o voto do Relator qualquer Auditor pode pedir vista, reiniciando o
julgamento na sessão seguinte mesmo que mais de um Auditor solicite vista. Quando dois ou
mais Auditores requerem vista dos autos, o prazo é comum. Em caso de empate no
julgamento, ao Presidente é atribuído o voto de qualidade, salvo na imposição de pena
disciplinar quando prevalecerão os votos mais favoráveis, a semelhança do Processo Penal
comum.” 346
346
O Código Brasileiro Disciplinar de Futebol, com 347 artigos, aprovado pela Portaria nº 702/81,
de 17 de dezembro de 1981, do Ministro de Estado da Educação e Cultura, atendendo proposta do
Conselho Nacional de Desportos, conforme inc. III, do art. 42, da Lei 6.251/75, e art. 63, do Decreto
80.228/77, foi publicado no Diário Oficial da União de 23/12/81, nas págs. 24.623 a 24.643, e
reproduzido na Lex de 1981, págs. 2.314 a 2.352, serviu de padrão aos desportistas profissionalizados.
Posteriormente, Portaria nº 629/86, de 2 de setembro de 1986, o Ministro de Estado da Educação e
Cultura, atendendo proposta do Conselho Nacional de Desportos, conforme inc.III, do art. 42, da Lei
6.251/75, e art. 63, do Decreto 80.228/77, aprovou outro Código com 310 artigos, publicado no Diário
Oficial da União de 3/9/86, nas págs. 13.198 a 13.209, e reproduzido na Lex de 1986, págs. 1.848 a
1.892. Esse, o Código Brasileiro de Justiça e Disciplina Desportiva serviu de padrão para todos
desportos não profissionais, inclusive o universitário (Códigos Disciplinares; Jornal do Comércio de
Porto Alegre, segunda-feira, 13-12-1993 p.14 Segundo Caderno; Revista de Processo, RT São Paulo,
abril-junho de 1994 a . 19, v. 74, p.175-178; Revista Trabalho e Processo, ed Saraiva, v.1 junho 1994, p.
89-83; Adv-Advocacia Dinâmica, COAD, Boletim Informativo Semanal nº4/94, 30-1-1994, p. 44-42;
Nossos Tribunais, COAD nº 4/94, 30-1-1994, p. 71-69.
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347
As penas disciplinares aplicadas na Justiça Desportiva tiveram o seu regramento no Decreto
Federal nº 2.574, de 29 de abril de 1998, cujo art. 53 § 4º excluía de penas pecuniárias também os atletas
“semiprofissionais” – que recebem valores, patrocínios e ajudas, contudo, sem contrato de trabalho. O §
5º do mesmo art. 53 assegura que penas pecuniárias e de suspensão por partida ou prazo não podem ser
aplicadas cumulativamente. O art. 61, § 6º, do Decreto nº 2.574/98, ampliou os casos em que o recurso
contra decisão da Comissão Disciplinar terá efeito suspensivo – A Lei prevê a suspensão para casos de
penalidade que exceder de duas partidas consecutivas, ou quinze dias. O Decreto manda aplicar aos
casos de penas pecuniárias de valor superior a R$ 120,00. O dispositivo mais polêmico do Decreto era o
§ 6º do art. 53 obrigando converter em pena pecuniária toda pena de suspensão por tempo superior o
prazo de vinte e nove dias aplicada a atleta profissional. Ou seja, se o caso prevê suspensão por 180
dias, o atleta profissional será suspenso por 29 dias, e multado pelo tempo restante. Para os críticos, esse
dispositivo obrigando a converter em multa a pena de suspensão é benéfico aos clubes, evitando que o
jogador, funcionário, seja impedido de trabalhar. Gerou certa “aura” de impunidade. Devido aos
salários relativamente elevados que recebem certos jogadores, penas pecuniárias aplicadas com
moderação não surtem qualquer efeito disciplinar porque não serão sentidas pelo infrator.
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injusta, o que se poderá admitir, a equidade virá corrigir seu rigor, aplicando o princípio que nos vem do
Direito Natural, em face da verdade sabida ou da razão absoluta. Objetive-se, pois no principio que modera ou
modifica a aplicação da lei, quando se evidencia o excessivo rigor, o que seria injusto” (ob. e loc. cits.).
Finalizando: “ O Código de Processo Penal nacional institui o
princípio de que o juiz, quando autorizado a decidir por equidade, aplicará a
norma que estabeleceria se fosse legislador” (ibidem).
Da distrazzione:
349 Ivo Gabriel da Cunha, Presidente da AJURIS, no jornal Correio do Povo, 9-12-1987, p.
13, registrou que a remuneração dos magistrados. Em janeiro de 1986, um juiz de direito em
início de carreira recebia o equivalente a 322 OTN mensais, e que aquele seria um patamar justo
para remuneração dos juízes em início de carreira. Motivava a greve, que em decorrência da
inflação, a remuneração dos juízes sofreu uns achatamentos. Embora o movimento grevista não
tenha posto fim ao achatamento inflacionário, minorou seus efeitos.
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Da inversão de valores:
Sistema Jurídico e as Leis em “O Profeta” Gibran Khalil Gibran em primorosa tradução de Mansour Chalitta interpretado por
Tôni Luna: www.padilla.adv.br/teses/leis.mp3
Crime e do Castigo inspirada análise de Gibran Khalil Gibran em “O Profeta” primorosa tradução de Mansour Chalitta
interpretado por Tôni Luna www.padilla.adv.br/teses/crime.mp3
350Luiz Fernando Coelho, comentando nosso resumo, publicado na Revista de Direito Civil
21, da Teoria Crítica Direito, disponível em http://www.padilla.adv.br/teses/normas/
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Sumário do Livro II
Teoria Geral dos Recursos e impugnações não recursais:
Espécies de Julgamento com mérito (art. 269 + 794 CPC) e sem (art.267)
O duplo grau de jurisdição (introdução)
Inconformidade, nulidades e Fungibilidade
Evolução do “transito em julgado” imediato no Direito Romano até a definição
dos modernos contornos do sistema recursal
Características e exceções
Quatro graus de jurisdição
Qualidades e Defeitos do duplo grau
Princípio da lealdade
Relação com o princípio da sucumbência
Fundamentos do direito de recorrer
Modalidades de processo
Prova – Instrução
Instrumentalidade e utilitarismo
Inspeção Judicial
Recursos em espécie + Conceito
Apelação
Agravo
Dez tipos de agravos
Necessário autenticar cópias
Embargos Infringentes
Embargos Declaratórios
Embargos Contra Despachos
Recursos Extraordinários
Recurso Especial
Recurso de Revista
Embargos de Divergência
Outros recursos
Sucedâneos Recursais
Teoria Critica do Direito
Exceção de pre-executividade
Ação monitória
Página 185 ó TTGP Transdisciplinar Teoria Geral dos Processos 2013 Luiz Roberto Nuñes Padilla
Bibliografia:
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