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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

BRUNA MARTINS

COMPARATIVO DE CRITÉRIOS UTILIZADOS NAS DECISÕES JUDICIAIS DO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA PARA A CONCESSÃO DAS
INDENIZAÇÕES POR DANOS ESTÉTICOS E MATERIAIS:
A VALORAÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA SOBRE OS CORPOS

Palhoça
2021
BRUNA MARTINS

COMPARATIVO DE CRITÉRIOS UTILIZADOS NAS DECISÕES JUDICIAIS DO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA PARA A CONCESSÃO DAS
INDENIZAÇÕES POR DANOS ESTÉTICOS E MATERIAIS:
A VALORAÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA SOBRE OS CORPOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Direito da
Universidade do Sul de Santa Catarina
como requisito parcial à obtenção do título
de Bacharel em Direito

Orientador: Prof. Dagliê Colaço, Esp.

Palhoça
2021
BRUNA MARTINS

COMPARATIVO DE CRITÉRIOS UTILIZADOS NAS DECISÕES JUDICIAIS DO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA PARA A CONCESSÃO DAS
INDENIZAÇÕES POR DANOS ESTÉTICOS E MATERIAIS:
A VALORAÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA SOBRE OS CORPOS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Direito e aprovado em sua forma final pelo
Curso de Graduação em Direito da
Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 22 de novembro de 2021.

______________________________________________________
Professora e orientadora Dagliê Colaço, Especialista.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Prof. Patrícia Ribeiro Mombach, Ma.
Universidade do Sul de Santa Catarina
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

COMPARATIVO DE CRITÉRIOS UTILIZADOS NAS DECISÕES JUDICIAIS DO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA PARA A CONCESSÃO DAS
INDENIZAÇÕES POR DANOS ESTÉTICOS E MATERIAIS:
A VALORAÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA SOBRE OS CORPOS

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a
Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca
Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca deste Trabalho de
Conclusão de Curso.
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em
caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Palhoça, 22 de novembro de 2021.

____________________________________
BRUNA MARTINS
Aos meus pais dedico essa pesquisa. Todo
o amor e apoio deles tornaram as minhas
conquistas ainda mais gloriosas.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por toda a sua bondade. Por todas as bençãos que
proporcionou em minha vida e de minha família. Por fazer meu amor e minha fé se
renovarem a cada dia. Obrigada Senhor, não posso vê-lo, mas sinto sua presença o
tempo todo.
Aos meus pais, agradeço de coração por cada gota de suor derramada
para que o sonho da minha graduação se tornasse possível. Por todo amor e suporte
que me deram ao longo dessa jornada. Espero conseguir retribuir todo esse esforço
e carinho.
À minha irmã Bianca, que é a minha gêmea dez anos mais nova. Apesar
de tão pequena, foi capaz de ouvir e me curar das piores angústias que esse período
me fez passar. Eu te amo, mana.
Ao meu namorado Lucas, que traz a leveza que eu buscava ter na vida.
Obrigada por ter sido tão compreensível, por ter me apoiado e vibrado comigo. Que
essa batalha reflita de forma positiva em nosso futuro.
À minha amiga Maria Fernanda, que desde o início dessa caminhada
está ao meu lado, sendo meu oposto, mas que de certa forma me completa. Amo ser
sua dupla. As minhas parceiras Ingrid, Luana, Débora e Francine, amizades que a
graduação trouxe para minha vida e que sou muito agradecida.
Aos professores da Unisul que estiveram presentes nessa trajetória, lecionando
da melhor forma possível para os alunos, indo muito além das expectativas. Sem eles,
esse estudo não seria possível.
À minha orientadora Dagliê Colaço, que com toda paciência, lidou com a minha
ansiedade e a minha tagarelice. Quando precisei escolher alguém para me orientar,
pensei em alguém que fosse me entender. Hoje vejo que não poderia ter feito escolha
melhor.
“O futuro era um grande abismo escuro que eu só poderia
conhecer quando pulasse nele.” (STEPHENIE MEYER, 2009).
RESUMO

A presente pesquisa foi construída com base na área de Direito Civil, estritamente no
âmbito dos Direitos da Personalidade e da Responsabilidade Civil, onde foi adotado o
método de abordagem dedutivo, para que fosse realizado o embasamento teórico,
explicando o que é direito da personalidade, abordando especificamente os direitos
de personalidade civis-constitucionais, e também conceituando a responsabilidade
civil e seus pressupostos. Por fim, foram trazidas as conceituações de dano estético
e dano material e as suas violações, onde foi usado o procedimento bibliográfico e
comparativo, para que então fosse realizado o estudo principal da monografia, que
visou analisar decisões judicias do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina,
onde foram observados quais são os argumentos e fundamentos utilizados pelos
julgadores da Corte ao apreciarem demandas que versam sobre dano estético e dano
patrimonial, buscando realizar um comparativo entre a forma que são arbitradas as
indenizações para que sejam reparados tais danos, e fosse possível averiguar se
existe isonomia no julgamento entre prejuízos causados ao corpos humanos e ao
patrimônio. Assim, a pesquisa verificou a grande diferença existente nas concessões
das indenizações por danos estéticos e dano patrimonial, sendo possível observar
que a Corte Catarinense se utiliza de termos pejorativos para justificar a fixação do
quantum indenizatório para danos corporais e nos danos materiais apenas considera
que se houve dano o violador deverá indenizar.

Palavras-chave: Direitos da Personalidade. Responsabilidade Civil. Dano Estético.


Dano Patrimonial. Indenização.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 10
2 DIREITOS DA PERSONALIDADE ............................................................ 12
2.1 CLASSIFICAÇÃO E NATUREZA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE12
2.1.1 Características dos direitos da personalidade ...................................... 13
2.2 DIREITOS DA PERSONALIDADE TIPIFICADOS ...................................... 15
2.2.1 Direito ao nome ........................................................................................ 15
2.2.2 Direito à honra .......................................................................................... 17
2.2.3 Direito à intimidade e à vida privada....................................................... 19
2.2.4 Direito à imagem ....................................................................................... 20
2.2.4.1 Violação ao direito de imagem ................................................................... 22
3 RESPONSABILIDADE CIVIL .................................................................... 24
3.1 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ................................. 26
3.1.1 Conduta humana ...................................................................................... 26
3.1.2 Culpa.......................................................................................................... 27
3.1.3 Dano........................................................................................................... 28
3.1.4 Nexo de causalidade ................................................................................ 30
3.2 DOS DANOS EM GERAL........................................................................... 30
3.2.1 Dano material ............................................................................................ 32
3.2.1.1 Defesa do direito de propriedade pelo dano material ................................. 33
3.2.1.2 A valoração do dano material ..................................................................... 34
3.2.2 Dano estético ............................................................................................ 35
3.2.2.1 Defesa do direito de personalidade pelo dano estético .............................. 35
3.2.2.2 A valoração do dano estético ..................................................................... 37
4 COMPARATIVO DOS CRITÉRIOS UTILIZADOS NAS DECISÕES
JUDICIAIS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA PARA CONCESSÃO
DAS INDENIZAÇÕES POR DANOS ESTÉTICOS E MATERIAIS ............ 39
4.1 ANÁLISE DAS DECISÕES DE DANO MATERIAL .................................... 40
4.1.1 Dos fundamentos para concessão de indenização por danos
patrimoniais .............................................................................................. 40
4.2 ANÁLISE DAS DECISÕES DE DANO ESTÉTICO .................................... 42
4.2.1 Dos fundamentos para concessão de indenização por danos estéticos
................................................................................................................... 42
4.3 A VALORAÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA SOBRE OS CORPOS .. 47
5 CONCLUSÃO ............................................................................................ 53
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 56
APÊNDICE A – LISTAGEM DE PROCESSOS ANALISADOS POR DANO
ESTÉTICO.................................................................................................. 64
APÊNDICE B – LISTAGEM DE PROCESSOS ANALISADOS POR DANOS
MATERIAIS ................................................................................................ 66
ANEXO A – EMENTAS DOS AUTOS ANALISADOS POR DANOS
ESTÉTICOS ............................................................................................... 68
ANEXO B – EMENTAS DOS AUTOS ANALISADOS POR DANOS
MATERIAIS ................................................................................................ 83
10

1 INTRODUÇÃO

O presente estudo, é baseado na matéria de Direito Civil, com foco nos direitos
de personalidade e responsabilidade civil. O objetivo é averiguar se as decisões
judicias do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) nas demandas que discutem
dano estético e dano patrimonial são apreciadas de forma semelhante, observando
as fundamentações utilizadas por esses julgadores ao conceder as indenizações
pleiteadas.
Para que essa pesquisa fosse possível, foi adotado o método de abordagem
dedutivo, onde o ponto de partida da pesquisa são os aspectos gerais do tema, sendo
abordados os conceitos dos direitos da personalidade, a apresentação da
responsabilidade civil e os eventos danosos, até chegar ao comparativo proposto.
Quanto ao procedimento, foram utilizados dois métodos, o bibliográfico e o
comparativo. O bibliográfico, pois nos capítulos introdutórios foram utilizados artigos,
doutrinas e monografias para construí-los. Já o comparativo, que tem a finalidade de
verificar semelhanças e explicar diferenças, onde foi realizada a comparação das
decisões judiciais do TJSC quanto aos direitos de personalidade e aos direitos
patrimoniais, como já mencionado anteriormente, sendo utilizada a seguinte pergunta
problema: Os danos estéticos e patrimoniais são apreciados de forma igualitária no
Judiciário Catarinense?
A pesquisa é composta por cinco capítulos, sendo dividido em introdução,
desenvolvimento e conclusão. O primeiro capítulo de desenvolvimento traz o conceito
geral de direito de personalidade, trata sobre sua classificação, natureza e
características, para depois adentrar em cada tipo de direito da personalidade,
explicando minuciosamente o conceito de cada um e outros pontos pertinentes para
o embasamento da pesquisa.
O terceiro capítulo, que é o segundo de desenvolvimento, traz o conceito de
responsabilidade civil, quando há o dever de indenizar, suas excludentes, e os seus
pressupostos explicados de forma aprofundada para que se compreenda ao final
como nascem tais obrigações de compensação de danos. Seguindo este fio, é
apresentado o conceito de dano de forma geral e são apresentados os conceitos de
dano material e estético e como ocorre a violação desses direitos e como é realizada
a sua defesa nas vias judiciais.
11

Já o quarto capítulo, é onde a problematização proposta começa a ser


efetivamente estudada, onde são analisados os julgados mais recentes do Tribunal
de Justiça de Santa Catarina sobre os danos estéticos e materiais, verificando se na
apreciação dessas demandas são utilizados fundamentos equiparados para quando
é determinado ou não o dever de indenizar do violador.
Ainda no penúltimo capítulo, são trazidas referências para complementar os
resultados encontrados na pesquisa, onde tratam de forma conjunta os corpos e a
propriedade privada ao longo do tempo.
Por fim, apresenta-se a conclusão da pesquisa.
12

2 DIREITOS DA PERSONALIDADE

Neste capítulo, serão abordados os conceitos dos direitos de personalidade que


possuem previsão civil-constitucional, sendo apresentados por diferentes pontos de
vista, trazendo debates dentro da doutrina. Principia-se com este tema para que sirva
de base de conhecimento para um proveitoso entendimento sobre a valoração da
propriedade privada sobre os corpos.
Para iniciar deve-se discorrer sobre a personalidade. A personalidade se trata
de uma reunião de características humanas, sendo o primeiro bem contraído por uma
pessoa no universo jurídico. Dessa forma, pode-se dizer que alguns dos direitos que
se enquadram na personalidade, podem ser exemplificados pelo direito à vida, à
liberdade, entre outros. A proteção desses direitos denomina-se por direitos da
personalidade, que serão conceituados a seguir. (SZAKIAWSKI, 2002, p. 70)
Os direitos da personalidade originaram-se da evolução do conceito de pessoa,
e por esse motivo, passou a ser o principal fundamento do sistema normativo jurídico.
Esses direitos são fundamentais para a pessoa humana, sendo reconhecidos como
direitos absolutos, uma vez que protegem o bem mais valioso do indivíduo dentro do
ordenamento jurídico: a dignidade da pessoa humana. (BENTIVEGNA, 2019, p. 11).
Esses direitos, visam amparar características específicas da personalidade,
como a moral, a integridade física e psíquica, desde o ventre até o falecimento,
podendo assim, declarar que são os direitos inerentes a dignidade do indivíduo,
conforme previsão da Carta Magna. (TARTUCE, 2020a, p. 162)
Considera-se direito de personalidade os direitos reconhecidos à pessoa e às
suas projeções, tendo previsão legal para defender os valores do homem, como a
intimidade, a honra, etc. Também importante mencionar que, esses direitos tiverem
um longo caminho para o seu reconhecimento e que ainda existem posições
duvidosas em relação ao tema. (BITTAR, 2015, p. 29),

2.1 CLASSIFICAÇÃO E NATUREZA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

Os direitos da personalidade são aqueles que protegem os atributos físicos,


psíquicos e morais das pessoas e de suas projeções. Trata-se do âmbito
extrapatrimonial do sujeito, onde existem direitos em que não podem ser reduzidos à
13

valores monetários, como por exemplo, a sua própria vida ou sua integridade física.
(GAGLIANO E PAMPLONA FILHO, 2019, p. 184)
Para Bittar (2015, p. 115) essa classificação pode ser conceituada da seguinte
forma: Os direitos psíquicos relacionam-se com os sentimentos humanos, os direitos
morais seriam as qualidades do indivíduo, de acordo com os padrões sociais, e por
fim, os físicos, que seriam caracterizados pelo próprio corpo, a vida, integridade física,
partes do corpo, imagem, voz e também ao próprio cadáver.
Quanto à natureza desses direitos, estão presentes duas correntes: A
jusnaturalista e a jus positivista. A primeira, define os direitos da personalidade como
próprios da natureza humana, uma vez que o ser humano foi feito espelhado à
imagem de Deus. E a segunda, conforme o entendimento deste mesmo autor, pode
ser traduzida pela existência desses direitos porque foram reconhecidos pela
Lei/Estado, assim permitindo sua justiciabilidade. (LEITE, 2006, p. 347)

2.1.1 Características dos direitos da personalidade

No art. 11 Código Civil, os direitos da personalidade são caracterizados pela


intransmissibilidade e da irrenunciabilidade, além de vedar a possibilidade de limitação
voluntária de seu exercício. Essas características, já são amplamente discutidas
dentro da doutrina, sendo acompanhadas de outros atributos, como da
imprescritibilidade ou do efeito erga omnes. (DONEDA, 2005, p. 83)
Lôbo (2018, p. 141-142) leciona que, os direitos de personalidade, possuem
características próprias, e por isso, destacam-se dentro da esfera de direitos privado
e os classifica da seguinte forma: (1) absolutos; (2) gerais; (3) extrapatrimoniais; (4)
indisponíveis; (5) imprescritíveis; (6) impenhoráveis; e (7) vitalícios.
Sobre a classificação desses direitos, Bittar (2014, p. 43) doutrina:

Em suas características gerais e principiológicas são direitos inatos


(originários), absolutos, extrapatrimoniais, intransmissíveis, imprescritíveis,
impenhoráveis, vitalícios, necessários e oponíveis erga omnes, como tem
assentado a melhor doutrina, como leciona, aliás, o art. 11 do novo Código.
São os direitos que transcendem, pois, o ordenamento jurídico positivo,
porque ínsitos à própria natureza do homem, como ente dotado de
personalidade. [...]

Preliminarmente, temos a indisponibilidade, carrega outros atributos dentro do


seu conceito, como a intramissibilidade e a irrenunciabilidade. O fato desses direitos
14

serem indisponíveis, tem sentido de que o nem mesmo se pessoa quiser, ela pode
alterar o titular de sua personalidade. (GAGLIANO E PAMPLONA FILHO, 2019, p.
194)
Em relação à intransmissibilidade e irrenunciabilidade, que são os atributos
mencionados no Código Civil, significa dizer que os titulares não podem dispor desses
direitos, seja os abandonando, renunciando, ou transmitindo a outrem. Ou seja, não
se pode usufruir de bens como a vida, a liberdade ou honra, por exemplo, de uma
outra pessoa. (GONÇALVES, 2020, p. 73)
A irrenunciabilidade traz a percepção de que não se pode abrir mão dos direitos
de personalidade. Já a intransmissibilidade, deve ser vista como a regra que limita a
possibilidade de “transmitir” esse direito. De forma excepcional, pode-se transmitir
certo domínio desses direitos, como ocorre, por exemplo no direito à imagem. O direito
de imagem possibilita a cessão, mas não de fato a sua transferência, ocorrendo isso,
devido à sua natureza. Essa cessão de direitos, ocorre por meio de contrato,
respeitando as decisões do indivíduo, sendo esse negócio jurídico interpretado
restritivamente. Caso essa vontade não seja respeitada, o violador poderá ser
penalizado criminalmente e civilmente. (GAGLIANO E PAMPLONA FILHO, 2019, p.
194-196)
Já sobre a renúncia ao direito de personalidade, implicaria diretamente na sua
inviolabilidade. Isso quer dizer que, a pessoa estaria renunciando de si própria. Esse
caso de renúncia, que ocorria na era da escravidão, onde o indivíduo abria mão de
sua liberdade para pagar dívidas, por exemplo, deixando de ser um sujeito, e
tornando-se objeto. (LÔBO, 2018, p. 142)
Por sua vez, a extrapatrimonialidade, é a falta de teor patrimonial, porém ainda
sim, é possível que exista que dentre alguns desses direitos existam manifestações
pecuniárias. Um dos maiores exemplos disso, são os direitos autorais. Sendo assim,
isso quer dizer que, em regra, os direitos da personalidade são extrapatrimoniais, mas,
podem ser em algumas situações economicamente ponderados. (GAGLIANO E
PAMPLONA FILHO, 2019, p. 194)
Por último, temos a característica da vitaliciedade. Segundo Venosa (2020, p.
176), esses direitos podem ser classificados como vitalícios, perenes ou perpétuos, já
que duram a vida inteira da pessoa e por essa razão são imprescritíveis, já que
subsistem enquanto houver a personalidade, podendo ser usufruído até após a morte.
15

Seguindo nessa linha, pode-se falar que, imprescritibilidade é atribuída aos


direitos de personalidade porque o uso desses direitos não se extingue com o tempo,
nem pela inércia de defende-los. Também são impenhoráveis, pois são inseparáveis
do indivíduo, não sendo possível realizar penhora. (GONÇALVES, 2020, p. 73)
Para finalizar, deve-se falar sobre o direito de personalidade pos mortem.
Conforme determina o art. 12, parágrafo único do Código Civil, quando se tratar do
morto, o cônjuge ou qualquer parente em linha relata ou colateral até quarto grau
poderá requerer que cesse a ameaça, ou lesão de direito e pleitear perdas e danos,
sem prejuízo de outras sanções que a legislação prevê. (GAGLIANO E PAMPLONA
FILHO, 2019, p. 197)

2.2 DIREITOS DA PERSONALIDADE TIPIFICADOS

Os direitos de personalidade são definidos pela Constituição Federal e pelo


Código Civil, trazendo a previsão do direito ao nome, direito à intimidade e vida
privada, direito à honra e ao direito à imagem. (BRASIL, 1988; 2002)
Todavia, cada um desses direitos possui suas peculiaridades, não bastando
trata-los de forma genérica, sendo assim, serão abordados de forma individualizada
para um maior esclarecimento acerca de cada um desses direitos.

2.2.1 Direito ao nome

Quando o sujeito nasce, ganha um nome, que será conservado por toda sua
vida, sendo a forma de individualizar o ser humano. É a maneira de reconhecer a
pessoa dentro da família e na coletividade, tendo uma grande utilidade, tanto que é
exigido para nomes de ruas, praças, cidades, entre outros. O nome também
permanece após a morte, pois depois do falecimento, o nome serve como lembrança
das pessoas a quem o indivíduo era querido, ou por sua influência na sociedade, caso
tenha tido uma atuação marcante durante a sua vida. (VENOSA, 2020, p. 195)
Na legislação, o nome não é um direito, mas sim, um dever, sendo uma
exigência para todo indivíduo a partir do nascimento. Na vida civil, o nome é uma
obrigatoriedade, uma vez que, a pessoa é identificada pelo seu nome. O Código Civil,
no art. 16, menciona que, no nome deve estar compreendido o prenome e o
sobrenome. (SCHREIBER, 2014, p. 193-194)
16

O prenome, pode ser simples ou composto. Já o sobrenome, indicia a origem


familiar do sujeito. Em nosso país, é permitido integrar ao nome o sobrenome da
família da mãe e do pai, mas não sendo obrigatório, podendo conter apenas um deles.
(LÔBO, 2018, p. 164)
Esse direito faz parte do direito à integridade moral, pois, toda pessoa tem
direito de identidade pessoal, tendo caráter absoluto e efeito erga omnes, tendo o
titular o direito de exigi-lo, como ocorre nas ações de investigação de paternidade,
onde se busca a atribuição do nome do investigado ao nome do requerente.
(GONÇALVES, 2020, p. 78)
Por um longo período, o prenome era permanente, com exceção de erro gráfico
ou ridicularia, ou durante o primeiro ano após a maioridade. Todavia, essa regra foi
alterada, sendo hoje possível alterar por apelidos públicos notórios, que é quando a
pessoa é reconhecida na coletividade por nome diverso do seu registro e também há
a possibilidade de modificação do prenome e sobrenome quando houver erro de fácil
constatação, e nos casos de proteção a vítimas e testemunhas de crimes. (VENOSA,
2020, p. 201)
Outra possibilidade de alteração do nome, é com o casamento, sendo essa
mudança independente de autorização judicial. O Código Civil, levando em
consideração o princípio da igualdade, prevê que qualquer um dos nubentes pode
acrescentar o sobrenome um do outro e também autoriza que o indivíduo mantenha
seu nome de casado, caso não haja disposição ou sentença em contrário.
(GAGLIANO E PAMPLONA FILHO, 2019, p. 162)
Em relação a alteração do nome em decorrência da cirurgia de
transgenitalização, Schreiber (2014, p. 207-209) fala sobre os entendimentos dos
Tribunais:
A alteração do nome no registro civil em virtude de cirurgia de
transgenitalização tem enfrentado injustificada resistência de autoridades
públicas e oficiais de registro. Levados ao Poder Judiciário, tais conflitos
acabam ficando ao sabor das opiniões pessoais dos magistrados. Se em sua
maioria as decisões são merecedoras de aplausos, em alguns casos revelam,
pela boca do Estado, o mais injustificado preconceito. [...] Por sorte, decisões
como essa não exprimem a orientação dominante nas cortes brasileiras. Na
maior parte dos casos, a alteração do nome tem sido autorizada pelo Poder
Judiciário, [...] Quanto à alteração do nome, não pode haver dúvida: a
hipótese insere-se, a toda evidência, no âmbito de aplica- ção do art. 55,
parágrafo único, da Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/1973), que autoriza
a alteração do nome que expõe o sujeito ao ridículo. Assim, não há sequer a
necessidade de recorrer aos princípios constitucionais, extraindo-se
claramente da legislação infraconstitucional a possibilidade de alteração do
nome que submeta a pessoa a constrangimento, por se mostrar incompatível
17

com o seu sexo anatômico. Esse caminho tem sido seguido por diversas
decisões judiciais. [...] Quanto à alteração do sexo no registro civil, os
tribunais brasileiros vêm lhe opondo alguma resistência, ao argumento de que
inexiste dispositivo legal que a autorize.

Quanto à proteção ao nome, o Código Civil, em seus artigos 17 e 18, menciona


que o nome da pessoa não pode ser empregado em publicações que seja de desprezo
público, mesmo que não haja intenção de difamar e que é vedada a utilização do nome
em propaganda comercial. A previsão criminal anterior se dava no art. 85 do Código
Penal que tratava da de nome ou pseudônimo alheio, mas, fora revogado pela Lei
10.695/03, que visa uma proteção mais ampla quanto à violação dos direitos do autor.
(GAGLIANO E PAMPLONA FILHO, 2019, p. 166)

2.2.2 Direito à honra

A Constituição Federal, em seu art. 5º, X, faz menção à proteção do direito à


honra e os demais direitos da personalidade. Essa disposição é de grande
importância, especialmente no momento em que estamos, uma vez que a tecnologia
pode facilmente destruir a vida de uma pessoa. (GUERRA, 2006, p. 02)
Além da previsão na Carta Magna, também há previsão da honra no Código
Civil, porém, não há uma disposição específica, estando junto ao direito ao nome no
art. 17 e ao direito de imagem no art. 20. No caso do nome, ele é um instrumento de
lesão a honra da pessoa, ou seja, o dispositivo visa proteger a boa fama do indivíduo
quando tiver seu nome utilizado sem autorização, violando sua respeitabilidade. No
caso da imagem, apesar de estar junto à honra na legislação civil, podem esses dois
direitos serem violados individualmente, visto que são autônomos. (SCHREIBER,
2014, p. 76)
Entre a imagem e a honra existe uma certa confusão, mas o direito de imagem
não diz respeito à reputação da pessoa, ou seja, não devem ser esses direitos
confundidos. (LÔBO, 2018, p.163).
Para Bentivegna (2020, p. 107), a honra engloba os aspectos do corpo, sendo
eles físicos, biológicos ou anímicos, este que está relacionado com a e espiritualidade
da pessoa humana. Os aspectos espirituais estão relacionados com sua autoestima
e a reputação.
A honra pode ser classificada de duas formas, a subjetiva e a objetiva. O direito
à honra em sua face objetiva, diz respeito à parte externa, em como a comunidade
18

enxerga o titular. Seria a reputação social, o bom nome, o respeito que as pessoas
tem por essa pessoa, resumindo a honra objetiva refere-se a boa fama.
(BENTIVEGNA, 2020, p. 107).
Já a honra subjetiva, trata-se dos sentimentos, afeições, o julgamento que o
indivíduo faz de seu próprio ser, o decoro e o prazer de poder se utilizar de sua
dignidade, o saber que tem certo valor moral e social. (BENTIVEGNA, 2020, p. 107)
Quando ferida a honra da pessoa, que é um atributo de valor na sociedade,
essa violação reflete na opinião pública, sendo lançadas tais opiniões por diversos
meios de comunicação, como Facebook, e-mail, correspondência, entre outros. A
necessidade dessa proteção, como já mencionado, é devido à sensibilidade da
opinião da sociedade a notícias ruins sobre as pessoas, cuidando então o
ordenamento da preservação deste valor. (BITTAR, 2014, p. 203)
Por tratar-se de um grande valor social, não só a legislação civil prevê essa
proteção, como o Código Penal também apresenta delitos próprios contra a honra. A
calúnia, a difamação e a injúria são os crimes previstos para a violação desse direito.
A calúnia se caracteriza pela falsa imputação de fato criminoso ao indivíduo, também
podendo ser estendido ao morto. Já a difamação, é quando é imputado um fato
vexatório. E, por derradeiro, a injúria, pode ser praticada por meio de palavras, gestos,
expressões, que menospreze o insulte alguém. (BITTAR, 2014, p. 46)
A honra é um dos direitos da personalidade mais frágeis, porque pode ser
dilacerada por informações maldosas. Apesar de se tratar de um direito de
personalidade, o Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial 60.633-2) já
apresentou entendimento no caso de pessoas jurídicas, mas, quando tratar-se da
honra objetiva, que fere um padrão moral e não os sentimentos, como na honra
subjetiva. (LÔBO, 2018, p.163)
Todavia, esse pensamento não é pacífico na doutrina. Perlingiere (apud Matos
2005, p. 02) menciona a existência de diferentes razões de tutela, uma vez que as
pessoas jurídicas estão ligadas com os seus interesses patrimoniais e os direitos da
personalidade são caracterizados pela natureza extrapatrimonial.
Sobre o tema, Bittar (2014, p. 45) tem o seguinte entendimento:

Por fim, são eles plenamente compatíveis com pessoas jurídicas, pois, como
entes dotados de personalidade pelo ordenamento positivo (Código Civil de
2002, arts. 40, 45 e, especialmente, 52), fazem jus ao reconhecimento de
atributos intrínsecos à sua essencialidade, como, por exemplo, os direitos ao
nome, à marca, a símbolos e à honra. Nascem com o registro da pessoa
19

jurídica (art. 46), subsistem enquanto estiverem em atuação e terminam com


a baixa do registro, respeitada a prevalência de certos efeitos posteriores, a
exemplo do que ocorre com as pessoas físicas (como, por exemplo, com o
direito moral sobre criações coletivas e o direito à honra).

Percebe-se que por mais que haja previsão legal no art. 52 do Código Civil
quanto à aplicação dos direitos da personalidade no que couber às pessoas jurídicas
e entendimento dos Tribunais, os doutrinadores ainda não pacificaram a compreensão
a respeito do tema, sendo ainda alvo de bastante discussão no Direito. Entendido isto,
passa-se ao próximo tema.

2.2.3 Direito à intimidade e à vida privada

O Código Civil de 2002, no art. 21, dispõe: “A vida privada da pessoa natural é
inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências
necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.” (BRASIL, 2002)
O referido dispositivo, que está em harmonia com a Carta Magna, visa proteger
a vida privada e a intimidade do indivíduo, garantindo a possibilidade de pleitear que
cesse o ato abusivo ou ilegal que viole essa garantia. Esse direito, resguarda a
possibilidade de que a pessoa não tenha intromissões na sua família, sua casa, suas
correspondências, entre outros referem-se a zona espiritual íntima da pessoa.
(GONÇALVES, 2020, p. 80)
Quando violadas essas tutelas, na esfera cível, pode-se entrar com ações de
cessação de práticas lesivas, reparação de danos morais e patrimoniais. Já no âmbito
criminal, o Código Penal prevê delitos como o de violação de domicílio, de
correspondência, comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica e a sonegação
ou destruição de correspondência, assim, como também dispõe sobre os mortos, no
caso de violação de sepultura. (BITTAR, 2015. p. 175)
Um dispositivo legal que também garante o direito à intimidade, é a Lei
13.271/2016, que visa garantir a intimidade das mulheres dentro da empresa em que
trabalham, em órgão públicos, inclusive em ambientes prisionais, visto que essa
legislação veda a revista íntima, e caso ocorra, a previsão é a pena de multa, que será
dedicada aos órgãos de proteção à mulher. (LÔBO, 2018, p. 152)
Com o desenvolvimento tecnológico, os atentados à intimidade aumentaram. A
mídia sensacionalista, passou a trabalhar em cima do lado imoral das pessoas.
Mediante remuneração, passaram a vazar imagens consideradas constrangedoras,
20

notícias sobre sua família, anúncios sobre divórcio, cenas de escândalo,


especialmente de celebridades. (BITTAR, 2015, p.180)
Após feita conceituação e exposição das penalidades em caso de violação
dessas tutelas, é relevante tratar sobre a confusão que existe entre os conceitos de
vida privada e intimidade. O direito à vida privada caracteriza-se pela vida sexual, ao
âmbito familiar, pela intimidade, etc. Já a intimidade denomina-se pelas informações
pessoais, relações sociais, ou seja, tem um caráter informacional. (ROBL FILHO,
2006, p. 189)
Nessa mesma linha, Lôbo (2018, p. 152) diz que o direito à intimidade se
relaciona com situações em que a pessoa não deseja compartilhar com terceiros, quer
que seja o assunto de sua intimidade, de forma exclusiva. Estendendo-se essa tutela
ao lar, ao veículo, em arquivos, computador, variando de pessoa para pessoa. E, a
vida privada, estaria caracterizado gosto da pessoa, suas amizades, seus artistas e
autores favoritos, preferências sexuais e até mesmo ao lixo que produz.
Porém, há uma grande complexidade em fazer a distinção entre o direito à
intimidade e da vida privada, e diante disso, alguns doutrinadores, como Luis Alberto
David Araújo, utiliza as expressões como sinônimos, assim como Ricardo Luiz
Lorenzetti e Pedro Frederico Caldas. (ROBL FILHO, 2006, p. 189)
Diante disso, conclui-se que, apesar em termos legislativos, a intimidade e a
vida privada serem tutelas distintas, os estudiosos do direito ainda vêm se dividindo
entre denomina-las separadamente ou uni-las em apenas uma conceituação.

2.2.4 Direito à imagem

Antes de falar de Direito à imagem, deve-se abordar o conceito de imagem.


Para Afforlani, (2006, p. 23-25) a imagem é toda e qualquer forma que represente a
imagem humana, que pode ser apresentada de várias maneiras, especialmente com
o avanço da tecnologia, possibilitando várias formas de reprodução. Essa
representação da pessoa é utilizada na sociedade para atribuir qualidade e valor,
podendo oferecer facilidades na vida pessoal e profissional do indivíduo.
Já para Bittar (2014, p. 153), é o direito que o indivíduo tem sobre a sua forma
plástica e seus elementos, como os olhos, rosto, busto ou perfil, tornando-o único
diante da sociedade, sendo essa imagem a sua identificação dentre os demais
indivíduos.
21

Quanto à classificação, Tartuce (2019, p. 83) leciona que imagem é classificada


como imagem-retrato, que se trata da representação da imagem corporal e fisionomia
do indivíduo, ou imagem-atributo, que se denomina como a soma de qualificações da
pessoa, ou da repercussão da imagem social.
Em uma conceituação mais ampla acerca desses dois tipos de imagem, Ederli
e Crepaldi (2020, p. 04), referem-se da seguinte forma:

A imagem é a individualização figurativa da pessoa. Ela é fragmentada em


dois aspectos distintos: a imagem-atributo e a imagem-retrato. A imagem-
atributo se refere ao conjunto de qualidades atribuídas à pessoa, a maneira
como é reconhecida perante a sociedade, por exemplo, habilidade,
competência, lealdade, generosidade, etc. Por outro lado, a imagem-retrato
consiste em representações físicas da pessoa, separada ou como um todo,
desde que identificáveis, por meio de pinturas, esculturas, sites, fotografias,
etc.

Apesar de hoje termos a proteção à imagem, nem sempre foi objeto de


preocupação no ordenamento jurídico. No Código Civil de 1916, por exemplo, havia
uma breve menção no art. 666, X, onde garantia ao indivíduo e seus sucessores, a
oposição à reprodução ou exposição pública de seu retrato ou busto. Todavia, em
1988, com a promulgação da Constituição Federal, o direito à imagem ganhou um
tratamento específico, no art. 5º, inciso V, que reconhece o direito e a possibilidade
de pleitear o dano à imagem. (AFFORNALI, 2006, p. 29-30)
Após isso, o Código Civil de 2002 também passou a tratar dos direitos da
personalidade, que dentre eles, está a imagem. No artigo 20, é onde trata-se da
imagem, que nesse caso é a imagem-retrato, não existindo previsão legal para a
imagem-atributo. Neste artigo, há um equívoco, já que é mencionado a imagem como
um campo do direito à honra, indo na contramão da Carta Magna, que prevê
autonomia ao direto de imagem. (LOUREIRO, 2005, p. 157-159)
Apesar de também no art. 20 também ser tratado sobre a honra, vale frisar
novamente, que esses dois direitos são autônomos. Sobre o tema, Schreiber (2014,
p. 107) esclarece:
Ao contrário do que sugere o dispositivo, a tutela do direito à imagem
independe da lesão à honra. Quem veicula a imagem alheia, sem
autorização, pode até fazê-lo de modo elogioso ou com intenção de prestigiar
o retratado. Nada disso afasta a prerrogativa que cada pessoa detém de
impedir a divulgação de sua própria imagem, como manifestação exterior da
sua personalidade.
22

Como já mencionado anteriormente, o direito de personalidade é primeiro bem


contraído por uma pessoa no universo jurídico. Mas, o art. 2º do Código Civil,
determina que estão a salvos o direito do nascituro. Isso quer dizer que, o nascituro
também detém a garantia do direito de imagem, visto que atualmente a imagem pode
ser captada por meio de ultrassonografia ou de câmera miniaturizada, podendo ser
divulgada em revistas ou reportagens sobre desenvolvimento fetal, necessitando do
aceite do representante legal do feto. (MARIA HELENA DIZ apud LOUREIRO, 2005,
p. 85)
Por fim, o fim do direito de imagem termina com a morte da pessoa. Todavia, o
art. 20 do Código Civil, prevê o direito de imagem post mortem. Caso comprovado a
ofensa, o cônjuge, os ascendentes ou descendentes, do de cujus terão direito à
reparação de danos morais e materiais, por conta não apenas da memória do defunto,
mas também por todo abalo psicológico que pode ser causado aos sucessores.
(FRANCIULLI NETTO, 2004, p. 04)

2.2.4.1 Violação ao direito de imagem

Dentre os direitos da personalidade, o direito de imagem se destaca por sua


disponibilidade. A imagem humana pode ser usada como um produto ou serviço, e
disso surge a notoriedade, com a publicidade. A disponibilidade possibilita à pessoa
tirar proveito financeiro de sua forma plástica, ou de algum componente dela, sendo
feita essa prestação de serviços por meio de contrato, onde o indivíduo concede o uso
e expressamente são determinadas, as condições, prazo, formas de exposição, entre
outras coisas. (BITTAR, 2014, p. 154)
Diante disso, sabe-se que nem sempre ocorrerá de forma legal o uso da
imagem, e por esse motivo, a Constituição Federal, assegura o direito de indenização
por danos morais ou materiais, decorrente da violação do uso de imagem de uma
pessoa sem a sua autorização, podendo obter ordem judicial interditando o uso e
condenação o violador à reparação de danos. (GONÇALVES, 2020, p. 79)
Nessa linha de direitos autorais, Gonçalves, (2020, p. 79) menciona em sua
obra o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o tema:

O Superior Tribunal de Justiça tem decidido que o “retrato de uma pessoa


não pode ser exposto ou reproduzido, sem o consentimento dela, em
decorrência do direito à própria imagem, atributo da pessoa física e
23

desdobramento do direito da personalidade” E, ainda, que “o uso de imagem


para fins publicitários, sem autorização, pode caracterizar dano moral se a
exposição é feita de forma vexatória, ridícula ou ofensiva ao decoro da
pessoa retratada”.
Saliente-se que o art. 20 do Código Civil não exige, em sua parte final, que a
reprodução de imagem para fins comerciais, sem autorização do lesado,
enseje o direito a indenização, que lhe tenha atingido a honra ou a
respeitabilidade. O Superior Tribunal de Justiça, mesmo antes da entrada em
vigor do atual diploma, já havia decidido, nessa linha: “Cuidando-se de direito
à imagem, o ressarcimento se impõe pela só constatação de ter havido a
utilização sem a devida autorização. O dano está na utilização indevida... O
dano, neste caso, é a própria utilização para que a parte aufira lucro com a
imagem não autorizada de outra pessoa”.

Além do dano à imagem no âmbito comercial, temos também no sentido literal


da representação humana, estando esse prejuízo dentro do dano estético. Para Lopez
(1980, apud Tartuce, 2019, p. 490) a estética é um conjunto de normas que denomina
o belo. Quando se fala de dano estético trata-se da lesão à beleza física, da parte
externa do indivíduo. Todavia, o belo é subjetivo e quando necessário analisar um
prejuízo, é preciso verificar as modificações que a pessoa teve em relação ao que era.
Tartuce (2019, p. 490) leciona que o dano estético, em regra, está presente
quando “[...] a pessoa sofre feridas, cicatrizes, cortes superficiais ou profundos em sua
pele, lesão ou perda de órgãos internos ou externos do corpo, aleijões, amputações,
entre outras anomalias que atingem a própria dignidade humana.” Além disso, trata
sobre o grau do dano, se é de natureza gravíssima, grave, moderada ou leve e
também menciona as consequências a serem apreciadas, como a modificação do
exterior do indivíduo, sua redução psicofísica, capacidade social e laborativa, como a
perda de oportunidade de emprego ou limitação na escolha do próprio trabalho.
Diante disso, como menciona Venosa (2020, p. 437), ao falar de prejuízo, pode-
se falar também da responsabilidade ou dever de indenizar. Como já demonstrado, a
imagem pode sofrer danos, tanto patrimoniais, quanto extrapatrimoniais e a seguir,
em complemento ao que já fora abordado, serão expostos maiores entendimentos
sobre a responsabilidade civil do infrator e a reparação de danos nas esferas do dano
material e dano estético.
24

3 RESPONSABILIDADE CIVIL

Neste segundo capítulo, serão apresentados os pressupostos e as espécies de


responsabilidade civil e os tipos de danos, onde será focado o estudo sobre o dano
material e dano estético e sua extensão, para que a base no que concerne ao ponto
principal desta pesquisa fique clara e facilite o entendimento.
A responsabilidade civil faz parte do direito das obrigações, já que ao praticar
ato ilícito, gera a obrigação de indenizar. Essa obrigação acarreta na reparação por
perdas e danos. Tais obrigações que surgem da prática de ato ilícito, que corresponde
a ações ou omissões dolosas ou culposas, que infringem determinada norma que
resulta em dano a outrem. (GONÇALVES, 2020, p. 09)
Todavia, essa responsabilidade não deve ser confundida com a
responsabilidade criminal. Ambas as situações decorrem de violação à ordem jurídica,
mas a responsabilidade penal determina o cumprimento de pena estabelecida,
enquanto a responsabilidade civil gera o dever de indenizar pelo dano causado.
(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2021, p. 14)
A responsabilidade de âmbito civil nasce pelo descumprimento de uma
obrigação, quando uma regra de um contrato é violada, ou quando o indivíduo deixa
de cumprir determinada norma que regula a vida em sociedade. Sendo assim, pode-
se falar em responsabilidade civil contratual ou negocial e responsabilidade civil
extracontratual. (TARTUCE, 2020b, p. 334)
Existe essa divisão entre responsabilidade contratual e extracontratual visto
que decorrem de divergentes deveres descumpridos. A contratual trata-se da tutela
em relação à um risco específico criado pelas partes em uma relação jurídica, ou seja,
neste caso o dever de indenizar nasce pelo descumprimento de um dever que fora
acordado pelos sujeitos. Já a extracontratual refere-se à violação de um dever imposto
pela Lei, e surge o dever de reparar o dano quando se tem um dano provocado em
face de outrem. (ROSENVALD, 2019, p. 90-91)
Outra importante classificação existente dentro da responsabilidade civil, é a
responsabilidade subjetiva e a responsabilidade objetiva. A subjetiva, se dá quando é
essencial a presença de culpa para que seja feita a correlação entre o ato ilícito e o
sujeito. Nesse caso, é verificada a vontade do agente ou se houve falta de cuidados
por sua parte, para que então seja imputada a responsabilidade ao indivíduo. (LÔBO,
2021, p. 143)
25

Por sua vez, a responsabilidade civil objetiva ocorre nas situações tipificadas
por lei, sendo nesses casos específicos desnecessária a verificação de culpa.
Também denominada como teoria do risco, determina a reparação do dano por conta
do nexo de causalidade, mas não exige a comprovação de culpa, sendo o agente
obrigado a reparar. (GONÇALVES, 2020, p. 19-20)
Além de responder pela prática de seus atos, o indivíduo pode vir a responder
por ato de terceiro como determina o art. 932 do Código Civil (CC). Como por exemplo,
os pais, por seus filhos menores que estiverem sob seus cuidados, ou os curadores e
tutores pelos atos de seus pupilos. Além desse rol, o dono no animal que causar dano
(art. 932 do CC) responderá pelos danos causados, ou pode-se também responder
por fato de uma coisa inanimada (art. 937 e 938 do CC) ou por um produto colocado
no mercado de consumo, nos preceitos do Código de defesa do Consumidor – Lei
8.078/1990, sendo em todas essas hipóteses aplicadas a responsabilidade objetiva,
onde a culpa é presumida. (TARTUCE, 2019, p. 453)1
Outro aspecto importante de mencionar, é o propósito da responsabilidade civil,
ou seja, qual sua função no âmbito jurídico. De acordo com Nader (2015, p. 13), essa
finalidade pode ser listada da seguinte forma: (a) reparação; (b) prevenção de danos;
e (c) punição. A reparação visa o retorno ao que era antes do dano, voltando então a
sua integralidade, e quando não é possível esse tipo de reparação, a condenação
pecuniária. Já a prevenção de danos, seria para conscientizar quanto à prática lesiva
contra outrem, tentando evitar a prática de atos ilícitos. E por último, a punição, apesar
de ser uma das finalidades, ela acaba funcionando melhor no direito penal, visto que,
o dever de indenizar, muita das vezes não gera nenhum tipo de aborrecimento ao
infrator, mas sua função seria nesse intuito de gerar esse desconforto.

1 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem
sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se
acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e
prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis,
hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação,
pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos
produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta
provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele
caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
26

Em conclusão, cabe mencionar que existe a possibilidade para que a


responsabilidade civil não seja imputada ao sujeito. São situações em que o nexo
causal é interrompido e o dever de indenizar deixa de existir, todavia, essas
possibilidades serão estudadas adiante em tópico específico referente ao nexo de
causalidade. (AZEVEDO, 2018, p. 234)

3.1 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Após tratar sobre o conceito de responsabilidade civil, suas possibilidades,


finalidade e excludentes, cabe abordar os pressupostos para que então essa
responsabilidade seja atribuída ao indivíduo. Tartuce (2019, p. 452) define e elenca
os pressupostos da seguinte forma: (a) conduta humana; (b) culpa genérica ou lato
sensu; (c) nexo de causalidade; e (d) dano ou prejuízo. Definidos tais elementos,
passa-se ao estudo de cada um de forma individualizada.

3.1.1 Conduta humana

Ao iniciar pela conduta, pode-se dizer que um evento da natureza não geraria
responsabilidade civil, ou seja, apenas o ser humano, por atos próprios ou através de
pessoa jurídica, pode gerar essa responsabilidade. Todavia, deve haver
voluntariedade, isto é, quando o sujeito tem a liberdade e consciência de escolha ao
realizar tal ato, para que então lhe seja atribuída a responsabilidade civil. (GAGLIANO;
PAMPLONA FILHO, 2021, p. 22)
Essa conduta pode se manifestar de duas formas: positiva ou negativa. Sobre
essa classificação, Gagliano e Pamplona Filho (2021, p. 23), ensinam:

A primeira delas traduz-se pela prática de um comportamento ativo, positivo,


a exemplo do dano causado pelo sujeito que, embriagado, arremessa o seu
veículo contra o muro do vizinho. A segunda forma de conduta, por sua vez,
é de intelecção mais sutil. Trata-se da atuação omissiva ou negativa,
geradora de dano. Se, no plano físico, a omissão pode ser interpretada como
um “nada”, um “não fazer”, uma “simples abstenção”, no plano jurídico, este
tipo de comportamento pode gerar dano atribuível ao omitente, que será
responsabilizado pelo mesmo. Observe, aliás, que o art. 186 impõe a
obrigação de indenizar a todo aquele que “por ação ou omissão voluntária”
causar prejuízo a outrem.

Cabe mencionar que, por ser o primeiro pressuposto da responsabilidade civil,


é a partir da conduta que nascem os demais pressupostos que caracterizam a
27

responsabilização civil do sujeito, estes que serão abordados a seguir dentro deste
capítulo.

3.1.2 Culpa

A culpa é um elemento subjetivo da conduta, visto que, para que haja a culpa,
é necessária uma ação ou omissão dolosa. Esse elemento é obrigatório para que se
tenha a caracterização da responsabilidade civil, entretanto, deve esta conduta ser
voluntária ou decorrer de negligência, imprudência ou imperícia, caso, não esteja
presente nenhum destes componentes, não há como falar em ato ilícito. (NADER,
2015, p. 105-106)
Ao falar de culpa, deve se considerar a culpa genérica ou lato sensu, que é
aquela que engloba o dolo e a culpa estrita ou stricto sensu, que toca a culpa em si.
A seguir, esses conceitos serão explicados detalhadamente.
Para dar início ao estudo da culpa genérica, cabe conceituar o dolo. O dolo é
uma violação, onde está presente à vontade/intenção do agente em causar um dano.
Porém, mesmo que essa classificação esteja no âmbito civil, não deve ser confundido
o dolo nos defeitos do negócio jurídico com o dolo na responsabilidade civil.
(TARTUCE, 2020b, p. 389)
Por sua vez, a culpa estrita, é quando o agente não possui a intenção de violar
uma norma, mas que acaba violando. Para que essa culpa seja caracterizada devem
estar presentes três principais elementos: a) conduta voluntária com resultado
involuntário; b) previsão ou previsibilidade e c) a falta de cuidado, atenção, etc. Ou
seja, a culpa se caracteriza pela vontade de praticar a conduta, mas, não pela intenção
de causar o resultado. (CAVALIERE FILHO, apud TARTUCE, 2020b, p. 390)
Além dessas, existem outras espécies de culpa que merecem ser
mencionadas. Como a culpa contratual e extracontratual. A primeira, é quando o dever
violado é decorrente de um negócio jurídico e a segunda, quando a violação é
decorrente de um dever geral da sociedade. (AMARAL, 2018, p. 646)
Ainda sobre a culpa e suas demais espécies, Amaral (2018, p. 646-647)
conceitua:

A culpa diz-se ainda in eligendo, se decorrente da má escolha de


representante ou preposto; in vigilando, se decorrente da ausência de
fiscalização; in comittendo ou in faciendo, quando se age com imprudência;
28

in omittendo, em caso de abstenção, negligência; in custodiendo, falta de


cautela ou atenção na guarda de pessoa ou coisa; in concreto, quando se
toma em vista o agente e as circunstâncias do ato; in abstrato, quando se
toma como paradigma o diligente pai de família. Em matéria de
responsabilidade pré-contratual, existe uma importante espécie de culpa, a
culpa in contraendo, que se verifica no processo de formação de um contrato,
quando uma das partes, injustificadamente, não o conclui, causando prejuízo
a outra.

Por derradeiro, importante estender-se ao grau da culpa estrita. Existem três


graus de culpa: a) grave; b) leve; e c) levíssima. A grave é quando o agente se
descuida com cuidados de alto risco, como por exemplo, o indivíduo ao sair do
oftalmologista, com as vistas embaçadas e dirige seu carro, colidindo com outro
veículo por esse motivo. Já a culpa leve e levíssima, o ato é decorrente de um simples
descuido, como por exemplo, sair do elevador desatentamente e esbarrar em outrem
e causar-lhe algum dano. (NADER, 2015, p. 109)

3.1.3 Dano

O dano, por sua vez, é a lesão a um bem jurídico tutelado, e diante dessa lesão,
nasce o dever de indenizar. Essa violação pode ser praticada contra um direito
patrimonial ou não. Mas, o dano possui diversas espécies, que serão tratadas a seguir.
(AMARAL, 2018, p. 649-651)
Para iniciar o estudo sobre as espécies de dano, pode-se mencionar sobre o
dano permanente e continuado. O dano será permanente quando o infrator deverá
pagar uma prestação perpétua para a vítima, como por exemplo, em um acidente de
trânsito, onde a vítima fica lesada permanentemente, sem chances de cura. E pode
ser continuado, onde o ofendido poderá passar por tratamentos e então curar-se.
Poder ser atual ou futuro. Atual quando já ocorreu e existem todas as consequências,
e futuro quando não há como evitar as consequências decorrentes do ato ilícito.
(LÔBO, 2021, p. 150)
Também pode-se classificar o dano em direto ou indireto. O dano direto é
aquele onde a vítima sofre uma lesão patrimonial ou não que decorre diretamente da
conduta do agente, sem a intervenção de dano anterior, como por exemplo, uma
cirurgia plástica por erro médico. Já o dano indireto, refere-se a um dano
anteriormente suportado pelo ofendido, onde tem-se o efeito cascata, como por
exemplo, a perda de uma chance, por via de regra. (NADER, 2015, p. 83)
29

Outra classificação interessante a abordar, é quanto ao dano contratual e o


extracontratual. O contratual é aquele que nasce pelo descumprimento de uma
obrigação estipulada pelas partes dentro do negócio jurídico firmado e o dano
extracontratual, decorre de uma violação de uma norma estabelecida por Lei.
(AMARAL, 2018, p. 649-651)
Além dessa classificação, temos o dano em ricochete. Essa hipótese ocorre
quando o dano reflete em um terceiro adverso a situação. Para que esse dano ocorra,
são necessários três polos: a) o agente que causou o dano; b) a vítima que foi atingida
diretamente pelo ato ilícito; e c) um terceiro prejudicado pelo dano sofrido pela vítima.
Um exemplo do dano em ricochete, é quando o sujeito é obrigado a prestar alimentos
e perde sua capacidade laborativa em decorrência de um ato ilícito, e dessa forma, o
alimentando sofre os reflexos do ocorrido. Todavia, é possível que o terceiro
prejudicado venha pleitear em juízo contra o agente responsável. (NADER, 2015, p.
84)
Ao falar de dano, é importante também falar sobre sua extensão. Sobre essa
questão, Nader (2015, p. 81) esclarece:

Nos casos concretos, a responsabilidade civil se estrutura em função dos


danos produzidos. Assim, as reparações se justificam apenas diante de
danos efetivamente comprovados. Relevante não é só a constatação de sua
ocorrência, mas ainda a sua natureza e extensão. Pode-se afirmar que o valor
do ressarcimento está na razão direta da extensão dos danos. Tal orientação
se aplica igualmente na responsabilidade contratual, consoante a disposição
do art. 413, que autoriza o juiz a reduzir o valor da cláusula penal, quando
necessário ao equilíbrio da relação. A extensão dos danos, via de regra, se
define no momento ou logo após a conduta do agente; entretanto, há
hipóteses em que a extensão se modifica com o passar do tempo, seja com
a sua diminuição ou agravamento. Se a alteração se opera no curso da ação
judicial, a prova técnica registrará o verdadeiro alcance do dano, ao qual
deverá corresponder o decisum.

Após os esclarecimentos expostos quanto as principais classificações do dano,


pode-se mencionar que a partir disso nascem as espécies do dano, que podem ser:
patrimoniais, morais, estéticos e de personalidade, todos esses passíveis de
indenização e de cumulação, assunto esse que será ampliado adiante nesta pesquisa.
(NADER, 2015, p. 88-99)
30

3.1.4 Nexo de causalidade

Por último, dentre os pressupostos da responsabilidade civil, temos o nexo de


causalidade. É o requisito que estabelece o limite do dever de indenizar. Serve como
elemento de referência entre a conduta e o resultado. Através o nexo causal é onde
pode-se concluir quem foi o sujeito causador do dano. (CAVALIERI FILHO, 2020, p.
54-56)
Para que haja a responsabilização, não basta que o indivíduo tenha violado
uma norma de direito, ou que a vítima tenha sido lesada, é necessário que haja uma
relação entre a conduta e o dano, e então fique estabelecido o nexo causal, ou seja,
é preciso que, sem o fato, o dano não existisse. (PEREIRA, 2018, p. 101)
Sobre a aplicabilidade do nexo causal, Lôbo (2021, p. 141) destaca:

Quanto ao nexo de causalidade, não há consenso doutrinário sobre o tipo de


causalidade que o direito brasileiro deve adotar, prevalecendo a causalidade
direta ou do dano direto e imediato, em razão do art. 403 do Código Civil.
Sustenta-se que a teoria do dano direto e imediato difere da teoria da
causalidade adequada, pelo fato de esta lidar mais com a concausalidade,
isto é, com as contribuições de fatos para o evento danoso, enquanto aquela
privilegiaria a exclusão do nexo causal. Aprofundando o dissenso, com
relação à concausa, há quem proponha sua irrelevância na maioria dos
casos, objetivando diluir as responsabilidades individuais pelo dano. Na
jurisprudência dos tribunais tampouco há consenso quanto ao critério a ser
adotado, aludindo-se, além da causalidade direta, à equivalência das
condições, à causalidade adequada, à causalidade eficiente, ou à
causalidade necessária. [...]

Por derradeiro, já mencionado anteriormente, existem algumas possibilidades


para que o nexo causal seja interrompido, fazendo com que não haja dever de
indenizar. As situações que podem excluir a responsabilidade civil do indivíduo são:
(a) estado de necessidade; (b) legítima defesa; (c) exercício regular do direito ou
estrito cumprimento do dever legal; (d) caso fortuito ou força maior; (e) culpa exclusiva
da vítima; (f) fato de terceiro e (g) cláusula de não indenizar. Essa responsabilidade
somente é excluída, pois, deixa de existir um pressuposto essencial da
responsabilização que é o nexo causal. (AZEVEDO, 2018, p. 234)

3.2 DOS DANOS EM GERAL

No tópico acima, foi também abordado sobre o dano. Todavia, anteriormente


referia-se ao dano como pressuposto da responsabilidade civil. Neste item será
31

abordado de uma outra ótica, dessa vez, como o prejuízo causado, sendo
demonstradas suas possíveis modalidades dentro da legalidade.
O dano é caracterizado por uma ofensa a um bem jurídico de outrem, a um
direito patrimonial ou extrapatrimonial, e que faz nascer o dever de indenizar. De
maneira geral, pode-se dizer que se trata de uma diminuição de um bem material ou
moral da pessoa. Já no sentido estrito, é a efetiva subtração do patrimônio de alguém.
(AMARAL, 2018, p. 649)
Importante ressaltar que, nem todo dano será passível de indenização. Existe
um limite entre o suportável e o que deve ser reparado. Existem perdas e lesões
sofridas pelo ser humano em sua vida e são comuns e devem ser sustentados pela
pessoa, visto que, não há como indenizar toda perda de chances ou oportunidades.
(LÔBO, 2021. p. 150)
Na mesma ótica, Nader (2015, p. 77), destaca: “Somente haverá dano
reparável quando ocorrer a violação de direito subjetivo de outrem. Nem toda violação,
porém, implica a produção de dano [...]”
Exposto o conceito geral de dano e as possibilidades de indenização, é
importante destacar as espécies de dano. Ao longo do tempo os danos passaram por
muitas modificações no ordenamento jurídico, passando então a serem reconhecidos
novos tipos de danos. Diante da ampliação da possibilidade de danos, pode-se
classifica-los da seguinte forma: a) danos clássicos: materiais ou morais; e b) danos
contemporâneos: estéticos, morais coletivos, sociais e perda de uma chance.
(TARTUCE, 2019, p. 469)
Com o reconhecimento desses novos danos, a tendência é que entendimento
dos Tribunais seja no sentido de cumular essas indenizações. Sobre o tema, Tartuce
(2019, p. 469) esclarece:

[...] prevê a Súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça, do ano de 1992, que


é possível a cumulação, em uma mesma ação, de pedido de reparação
material e moral. Assim, logo após a Constituição Federal de 1988, que
reconheceu os danos morais como reparáveis, a jurisprudência superior
passou a admitir a cumulação dupla dos danos. A tendência atual é de se
reconhecer os novos danos, ampliando o teor da Súmula. Nesse contexto, o
próprio Superior Tribunal de Justiça editou em 2009 a Súmula 387, admitindo
a cumulação dos danos estéticos com os danos morais e, obviamente,
também com os danos materiais (cumulação tripla).

Diante desses esclarecimentos, pode-se passar ao estudo dos danos de forma


específica. Nesta pesquisa, como já aludido em outros momentos, será dada uma
32

maior atenção ao dano material e ao estético devido à problematização proposta para


esta tese.

3.2.1 Dano material

Os danos materiais, ou também chamados de danos patrimoniais, referem-se


aos prejuízos e perdas que afetam os bens materiais de uma pessoa física, jurídica
ou ente despersonalizado. A reparação desse dano ela precisa de provas efetivas,
não podendo ocorrer em situações hipotéticas. (TARTUCE, 2020b, p. 427)
Igualmente pode-se conceituar o dano material como a diminuição de um bem
material da vítima, ou quando é impedido o seu aumento. Vale frisar que, o dano
material não obriga que o bem material tenha sido lesado diretamente, podendo
ocorrer de forma reflexa. (NADER, 2015, p. 89)
O dano material é fragmentado em duas modalidades: O dano emergente e o
lucro cessante. O emergente trata-se da diminuição do patrimônio da vítima em si. Já
os lucros cessantes se referem àquilo que traria lucros ou benefícios econômicos e
por conta do dano causado, deixou de ser auferido. (NADER, 2015, p. 89)
No art. 402, o Código Civil dispõe sobre as perdas e danos e sobre o que a
vítima razoavelmente deixou de lucrar. As perdas e danos (apesar de ser uma
redundante, visto que é a mesma coisa) referem-se aos danos emergentes. Já aquilo
que se deixou de razoavelmente lucrar, trata-se dos lucros cessantes. Atualmente,
essas são as duas modalidades de danos patrimoniais, mas, caminha-se também
para que a perda de uma chance também se torne mais uma dessas modalidades.
(VENOSA, 2021, p. 604)
Sobre esse assunto, esclarecem Gagliano e Pamplona Filho (2021, p. 27):

[...] Ainda, porém, no que tange especificamente ao dano patrimonial ou


material, convém o analisarmos sob dois aspectos: a) o dano emergente —
correspondente ao efetivo prejuízo experimentado pela vítima, ou seja, “o que
ela perdeu”; b) os lucros cessantes — correspondente àquilo que a vítima
deixou razoavelmente de lucrar por força do dano, ou seja, “o que ela não
ganhou”. (grifo do autor)

Sendo assim, pode-se concluir que os danos patrimoniais não competem apenas
a diminuição que ocorreu no patrimônio do indivíduo prejudicado, mas também o
provável acréscimo patrimonial que haveria acontecido caso não tivesse acontecido o
33

dano. Essa reparação vem desde o Direito Romano, e ainda hoje é utilizada nos novos
códigos. (VENOSA, 2021, p. 604)

3.2.1.1 Defesa do direito de propriedade pelo dano material

Para a responsabilidade, o que importa é se o dano causado é passível de


indenização. Ou seja, se houve prejuízo, de perda, deterioração, depreciação de um
bem, em regra, deve a vítima ser indenizada. O ideal é que a situação anterior seja
restabelecida, como por exemplo, aquele que demolir o muro de outrem, deve
reconstruí-lo. (VENOSA, 2021, p. 604)
Quando se busca pela defesa do patrimônio, busca-se por uma indenização
justa. O valor fixado na indenização deve ser o exato valor da perda, mesmo nem
sempre sendo possível. Mas, o que não pode acontecer é o enriquecimento sem
causa ou o ganho de lucros, excedendo o valor do dano sofrido. (VENOSA, 2021, p.
604)
Sobre a possibilidade da indenização por danos materiais, Gagliano e
Pamplona Filho (2021, p. 27) lecionam:

Sendo a reparação do dano, como produto da teoria da responsabilidade civil,


uma sanção imposta ao responsável pelo prejuízo em favor do lesado, temos
que, em regra, todos os danos devem ser ressarcíveis, eis que, mesmo
impossibilitada a determinação judicial de retorno ao status quo ante, sempre
se poderá fixar uma importância em pecúnia, a título de compensação.
Todavia, para que o dano seja efetivamente reparável (indenizável —
hipótese mais frequente e, por isso, usada normalmente como gênero — ou
compensável), é necessária a conjugação dos seguintes requisitos mínimos:
a) a violação de um interesse jurídico patrimonial ou extrapatrimonial de
uma pessoa física ou jurídica [...]; b) certeza do dano [...]; c) subsistência
do dano

Quanto a reparação do dano causado, é possível que ocorra de diferentes


formas. A reposição natural é quando bem volta ao estado anterior ao evento danoso,
porém nem sempre é possível. Sendo assim, ocorre a indenização pecuniária, que
possui caráter compensatório, ou seja, se o infrator não pode restabelecer o estado
anterior do que lesou, irá indenizar o valor da coisa. (ORLANDO GOMES, 1994 apud
GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2021, p. 32)
Todavia, a vítima também pode renunciar a reparação natural e preferir a
pecuniária, visto que, por mais que tenha sido consertada, talvez não seja o suficiente
34

para que volte a coisa ao real estado anterior. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2021,
p. 32)
Por fim, acerca do tema, é importante mencionar sobre a extensão do dano. Na
legislação Civil, o art. 944 preconiza que a indenização deve ser medida pela extensão
do dano, e que, nos casos em que houver grande desproporção entre a gravidade da
culpa do agente e o dano causado, poderá o julgador, reduzir, de forma equitativa a
indenização. (BRASIL, 2002)
No caso dos danos materiais, o parágrafo único do artigo acaba fugindo um
pouco da lógica. Isso porque os danos patrimoniais são fixados justamente pela sua
extensão em si, sendo realizada de forma matemática, visto que o prejuízo
normalmente é calculado de forma objetiva. Sendo assim, essa disposição do
parágrafo único seria mais ligada aos danos morais, por exemplo. (GAGLIANO;
PAMPLONA FILHO, 2021, p. 45)

3.2.1.2 A valoração do dano material

Como mencionado anteriormente, o dano patrimonial é dividido em dano


emergente e lucros cessantes. Por serem modalidades diferentes de dano material, a
sua valoração também ocorre individualmente.
Os danos emergentes são de menor complexidade na maioria das vezes, visto
que a quantificação do prejuízo é objetiva, basta em muitas vezes que o indivíduo
comprove a repercussão em seu patrimônio em decorrência do dano sofrido, podendo
ter os julgadores uma noção exata até onde o dano se estendeu. (TEPEDINO, et al.
p. 30)
Já os lucros cessantes são apurados dentro da realidade, devendo ser
indenizado apenas aquilo que a vítima deixou de lucrar, contabilizando seus ganhos
diários, não sendo aceitas suposições mirabolantes, como por exemplo, a
impossibilidade de participar de um sorteio da loteria, a qual teria chances de ganhar
se não houvesse ocorrido o evento danoso. (NADER, 2015, p. 89)
Quanto aos meios probatórios para a valoração dos lucros cessantes, essas
não precisam ser tão precisas como nos danos emergentes, já que não se trata de
algo que não aconteceu, e então baseia-se na probabilidade de evolução patrimonial
do lesado, e qual foi a frustração sofrida (TEPEDINO, et al. p. 30)
35

3.2.2 Dano estético

Ao falar de dano estético, é necessário que primeiro se entenda o que é a


estética. Para Lopez (1980 apud TARTUCE, 2020, p. 490) a estética é uma ciência
que dita as regras sobre o que fazer com a imagem humana considerando o que é
belo. E ao falar de dano estético, quer dizer que houve uma lesão à beleza do
indivíduo, da harmonia de suas características físicas. Todavia, visto que o belo é um
conceito subjetivo, deve-se ao apreciar o dano, considerar a modificação causada.
O dano estético, normalmente, é caracterizado quando a pessoa sofre feridas,
cicatrizes, cortes profundos, lesão, perdas de órgãos, fiquei aleijado, ou venha sofrer
de amputação de um membro, entre outras deformidades que possam atingir a
dignidade da pessoa humana. (TARTUCE, 2019, p. 490)
Lôbo (2021, p. 154) conceitua o dano estético da seguinte forma:

O dano estético compromete a aparência exterior da pessoa, podendo atingir,


igualmente, a integridade psíquica. Situação comum é a que decorre de
deformidades, mutilações ou marcas no corpo, tidas como evitáveis, após
cirurgias. [...] é lesão do direito à integridade física, com irradiação na
integridade psíquica, que são espécies dos direitos da personalidade.
Frequentemente, o dano estético repercute na vida profissional do ofendido,
o que se resolve com sua qualificação como dano material, na modalidade
de lucros cessantes, além das despesas que o ofendido teve e tem de fazer
com hospitalização, tratamentos, medicamentos.

Esse dano praticado contra o belo, é verificado quando a lesão prejudica a


aparência física da pessoa e afeta a autoestima. Mas, é indenizável quando produzido
por conduta dolosa ou culposa. Nos casos em que é para salvar a vida de alguém ou
reparar algum mal físico, não haverá prática de ato ilícito, e então não será imputada
qualquer responsabilidade por reparação (NADER, 2015, p. 98)
Mesmo já sendo reconhecida a grande importância dos danos estéticos e a sua
periodicidade na sociedade, o Código Civil não dispõe muito sobre, com exceção do
art. 949, que fala sobre a indenização em caso de lesão ou diversa ofensa à saúde,
além de outros prejuízos que a vítima prove ter sofrido. (NADER, 2015, p. 98)

3.2.2.1 Defesa do direito de personalidade pelo dano estético

Em conforme com o exposto no tópico anterior, o dano estético não se limita


ao tipo de transformação sofrida, mas deve ser continuada e que a mudança tenha
36

acontecido na aparência física da vítima. Mas, em teoria, a indenização não deve ser
fixada apenas quando a transformação é vista por terceiros, também pode ser
aplicada em situações que apenas o sujeito repare o dano sofrido. (SCHMIDT, 2010,
p. 39)
Sobre a fixação de indenização por dano estético, Nader (2015, p. 98)
esclarece que o justifica a indenização pelos danos estéticos não é o constrangimento
do indivíduo diante da sociedade, pois, ainda que o dano seja oculto, devem ainda
sim serem indenizados se causar sofrimento à vítima. O autor menciona também o
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, onde ficou estabelecido que as
sequelas, ainda que não visíveis e não repercutam negativamente em sua aparência,
causam sofrimento, e que não há necessidade de serem tais danos expostos a
terceiros para que sejam objetivo de indenização, devendo considerar-se a
degradação da integridade física em decorrência de ato ilícito.
Outra questão considerável a tratar, é sobre a confusão dos danos morais e
estéticos. Sobre o tema, Nader (2015, p. 98) leciona:

O dano estético não se confunde com o dano moral. É possível que o autor
do ato ilícito, com a sua conduta, provoque danos estéticos e morais na
vítima. Se estes não tiverem por fundamento o dano estético, deverão ser
objeto, também, de indenização. O que a doutrina e a jurisprudência não
admitem é a dupla indenização por uma só causa. O Superior Tribunal de
Justiça, que anteriormente não admitia a cumulação de indenizações – danos
estéticos e morais –, oriunda de um mesmo fato, passou a aceitá-la, mas
desde que as consequências possam ser identificadas separadamente. Seria
o caso da pessoa que, devido ao dano estético, foi abandonada por seu
companheiro, advindo-lhe sofrimentos morais.

Em complemento, pode-se falar também sobre a possibilidade de cumulação


dos danos estéticos, morais e materiais. A súmula 37 do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) autoriza a cumulação das indenizações por danos patrimoniais e morais
decorrentes do mesmo fato. Já a súmula 387, deste mesmo Tribunal, complementa a
anterior, dispondo sobre a lícita cumulação do dano estético com o dano moral. Ou
seja, é possível que uma vítima seja indenizada cumulativamente pelos três danos,
se lhe forem causados. (BRASIL, 1992; 2009)
Assim como mencionado no dano patrimonial o art. 944 do Código Civil,
também se refere ao dano estético. O dano corporal também deve ser medido por sua
extensão.
37

Quanto à extensão do dano, nos casos de dano estético, deve haver uma
perícia médica onde seja possível mensurar a extensão do dano e a partir disso avaliar
o prejuízo como gravíssimo, grave, moderado, leve ou levíssimo e sendo então
possível determinar o valor indenizatório. Além disso, também elenca possíveis
consequências do dano que devem estar presentes para que seja configurado, como
a modificação do exterior da pessoa, alguma redução na eficiência psicofísica, na
capacidade social ou capacidade laborativa, ou ainda se houver perda de
oportunidade de trabalho ou que impeça a vítima de escolher sua profissão. (MATOS,
apud TARTUCE, 2020b, p. 489)
A reparação dos danos estéticos depende da análise do conjunto de provas,
de sua extensão e da maneira em que podem ser indenizados. Ou seja, cada caso
deve ser analisado para que então seja fixado o quantum indenizatório. (CAHALI,
2005, apud SCHIMIDT, 2009, p. 53)
Por fim, na doutrina, sobre o tema, Diniz (2004, apud GUILHERME, 2017, p.
522) diz que a medida da indenização deve ser proporcional ao dano causado pelo
infrator, e que deve o judiciário buscar repará-lo de todos os ângulos e até onde o
patrimônio daquele que praticou o dano suportar, visando a compensação justa para
vítima.

3.2.2.2 A valoração do dano estético

Após realizado todo o estudo acerca do dano estético, a possibilidade de sua


indenização, até mesmo de sua cumulação com outros tipos danosos e a sua
extensão, cabe falar sobre a valoração. No Brasil ainda não existe um parâmetro
definido, podendo ser realizada essa valoração por peritos, que definem através de
critérios periciais a alteração que fora provocada na fisionomia do indivíduo, e como é
vista por olhar de terceiros. (BOUCHARDET, et. al 116-119)
Na doutrina, existem diferentes posicionamentos quanto ao tema. Para Lôbo
(2021, p. 151), o dano estético possui as mesmas características no cálculo
indenizatório que os danos morais e patrimoniais.
Por sua vez, Tepedino et al., (2020, p. 41), aponta que os montantes
indenizatórios mudam grosseiramente de tribunal para tribunal, ou até mesmo
divergem dentro da mesma Corte por serem diferentes julgadores. Que os danos
extrapatrimoniais, que neste caso são os corporais, são difíceis de tabelar, visto que
38

mesmo sendo uma lesão idêntica, pode gerar consequências diferentes para cada
vítima, ou seja, não há possibilidade de generalizar um tipo de lesão.
Sendo assim, aqui ficam dois ensinamentos que de certa forma divergem. A
partir disso, serão demonstrados nesta pesquisa no capítulo seguinte, como ocorre
na prática, através das decisões proferidas, a valoração do o dano estético em
contraste com o dano patrimonial, para que ao menos, fique esclarecido como
funciona a valoração do dano corporal no Estado de Santa Catarina.
39

4 COMPARATIVO DOS CRITÉRIOS UTILIZADOS NAS DECISÕES JUDICIAIS


DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA PARA CONCESSÃO DAS
INDENIZAÇÕES POR DANOS ESTÉTICOS E MATERIAIS

A presente pesquisa visa analisar e compreender os entendimentos do Tribunal


de Justiça de Santa Catarina quanto aos critérios utilizados para que seja o indivíduo
indenizado por ter sofrido danos estéticos ou danos materiais. A escolha desses
eventos danosos para análise, possui o intuito de observar como são levadas em
conta as disposições legais do art. 186 e 927 do Código Civil, onde está positivado
quanto à pratica do ato ilícito e o dever de indenizar decorrente dessa prática. Deseja-
se constatar se, nesses dois tipos de danos, esses critérios são utilizados da mesma
maneira, contrastando as decisões judiciais que tratam sobre direitos de
personalidade e os direitos patrimoniais.
Para que fosse possível realizar este estudo, foi pesquisado na Jurisprudência
Catarinense, através do site do Tribunal do Estado, a palavra-chave dano estético,
com o filtro temporal de 01/08/2021 a 30/09/2021, e foram encontrados 16 resultados
nesta busca, onde todos serão estudados nesta pesquisa.
Também foram pesquisadas decisões do TJSC, através do mesmo portal
acima mencionado, com a palavra-chave danos materiais acidente trânsito, com o
mesmo filtro de data utilizado na busca para o dano estético, e foram encontrados 83
resultados, que desses, foram utilizados os 20 mais atuais no período, para o estudo
realizado nas decisões sobre os danos patrimoniais ficasse próximo ao dos danos
estéticos.
A escolha desse lapso temporal justifica-se pela procura do entendimento mais
atual do Tribunal de Justiça de Santa Catarina quanto aos fundamentos utilizados para
a procedência dos pedidos de danos estéticos e de danos patrimoniais, comparando
quais as diferenças ou semelhanças que existem nos entendimentos dos julgadores
ao apreciarem esses eventos danosos.
Para a realização da pesquisa foram utilizados os seguintes questionamentos:
(1) Quais argumentos para concessão do dano material? (2) Há, no Dano material,
alguma análise subjetiva para concessão ou a existência do dano já gera o dever de
indenizar?; (3) Quais argumentos para dano de estético?; (4) Há, no dano estético,
análise subjetiva para concessão ou basta o dano corporal para configurar o dever?.
40

Com isso, passa-se a análise aprofundada das decisões do TJSC, para que
seja realizado tal comparativo proposto.

4.1 ANÁLISE DAS DECISÕES DE DANO MATERIAL

Nessa análise de dano material, cabe informar que dentro dos danos materiais
serão analisados apenas os danos emergentes referentes à prejuízos de coisas
materiais, visto que o intuito do estudo é comparar de forma literal o corpo e a coisa
material. Dos 20 resultados, sendo 12 pertinentes a pesquisa, foram 08 selecionados,
os que se referem aos danos emergentes para serem abordados especificamente no
texto, os demais não foram mencionados para que a pesquisa não se tornasse
repetitiva, mas constarão em um posterior gráfico e anexo. Os demais resultados, que
eram agravos de instrumento ou embargos declaratórios em apelação cível,
constando apenas em anexo o número desses processos, já que não estudados de
forma otimizada.

4.1.1 Dos fundamentos para concessão de indenização por danos


patrimoniais

Nos autos de nº 0300713-47.2017.8.24.0070, dentre os pedidos, pleiteava-se


por danos materiais por conta de um acidente de trânsito onde o autor, que pilotava
uma moto, foi atingido pelo carro do réu. Foi pedido o valor de R$2.817,00 para que
fosse possível consertar a motocicleta, havendo procedência no pedido já na
sentença. Em segundo grau, ao fundamentar quanto aos danos materiais devidos, os
julgadores relataram que como o autor comprovou os prejuízos e os orçamentos
demonstrando o valor do conserto, a sentença estava correta e foi mantida a decisão.
Em outro processo, trata-se de uma ação de cobrança, onde o autor era
associado à Associação dos Negociantes Autônomos de Santa Catarina, e possuía
proteção veicular por conta disso. A Associação alegou que não deveria cobrir o
prejuízo visto que o pagamento fora feito em atraso. O autor provou em contrário e a
sentença condenou o requerido ao pagamento do valor total para o conserto do
veículo. Houve o recurso, onde os desembargadores fundamentaram a decisão em
prol da procedência do pedido com a relação jurídica existente, mantendo a decisão
da sentença. (TJSC, Apelação n. 5001464-35.2020.8.24.0064, do Tribunal de Justiça
41

de Santa Catarina, rel. Rubens Schulz, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 30-09-
2021).
Em outra ação análoga as mencionadas, houve o pleito por danos materiais em
relação ao conserto da motocicleta envolvida no acidente de trânsito, despesas
médicas e farmacêuticas. A sentença foi mantida pelos togados, onde há a
procedência dos pedidos, com fundamento de que o autor trouxe os devidos
orçamentos onde restam demonstrados os prejuízos. (TJSC, Apelação n. 0300755-
91.2014.8.24.0041, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Flavio Andre Paz de
Brum, Primeira Câmara de Direito Civil, j. 30-09-2021).
A partir dessas decisões, pode-se perceber que o conceito de responsabilidade
civil é levado ao pé da letra, ou seja, aquele que praticou o ato ilícito, que nestes casos
são os prejuízos causados dos veículos, ficam obrigados a indenizar.
Em outra decisão da corte, no processo nº 0332857-26.2014.8.24.0023, o
ônibus da parte autora foi atingido por uma pedra que deslizou do local de atividades
de uma Construtora. A ré foi condenada ao pagamento a autora referente ao
automóvel acidentado. Apesar de no segundo grau haver a discussão se haveria
responsabilidade da empresa ou não, sentença mantida com fundamento nos
precedentes da Corte e legislação civil.
Em outras demandas procedentes, 0300535-12.2014.8.24.0068, 0301709-
36.2017.8.24.0073, 0000412-43.2015.8.24.0039, bastou que fosse provado o prejuízo
e apresentados orçamentos para que houvesse a concessão da indenização.
Das decisões aqui especificamente estudadas, apenas uma foi de
improcedência e outra, se fez procedente em sede de reconvenção. Nos autos
5001744-14.2019.8.24.0008, a improcedência do pedido se deu pelo acordo realizado
entre as partes, sendo indicado pelos togados a falta de interesse processual, uma
vez que já houve o pagamento pelo prejuízo causado.
Quanto a ação onde a procedência do pedido foi em favor do reconvinte, a
apreciação se destaca das demais, pois, a análise diferente feita neste processo são
as normas de trânsito, onde versou sobre a discussão da distância de segmento e
sinalização para paradas bruscas, tendo os julgadores dando decisão favorável para
o réu, condenando o autor/reconvindo ao pagamento do prejuízo. De qualquer forma,
ainda assim, se atendo os julgadores a fundamentos básicos da responsabilidade civil.
Por derradeiro, o que pode-se concluir dessa análise das decisões de danos
materiais é que os desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado de Santa
42

Catarina fundamentam suas decisões de forma muito simples e que pode resumir-se
no preceito principal da responsabilidade civil, que aquele que pratica ato ilícito tem o
dever de indenizar, ocorrendo isso em todos os casos em que fica provado tal dano,
não havendo elementos subjetivos a serem analisados, apenas decidindo que o
infrator deve arcar com as despesas decorrentes do evento danoso.

4.2 ANÁLISE DAS DECISÕES DE DANO ESTÉTICO

Na análise referente ao dano estético, das 16 decisões colacionadas, 11 são


de procedência, 04 improcedentes e apenas uma onde não apresentam informações
e detalhes que enriqueçam a pesquisa, mas que constará em anexo ao final.

4.2.1 Dos fundamentos para concessão de indenização por danos estéticos

Ao iniciar o estudo, nos autos nº 0301801-64.2014.8.24.0058, onde trata-se


sobre uma ação indenizatória decorrente de acidente de trânsito, a vítima sofreu um
dano que resultou em cicatrizes em base cervical em forma de “v”, outra em região
anterior da axila e outra de forma transversa e infra mamária com aproximadamente
12cm, e uma cicatriz cirúrgica em face lateral da coxa com mais ou menos 19cm.
Na fundamentação, para que fosse decidido pela procedência do pedido de
dano estético, utilizaram-se de uma doutrina de Lopes Vieira, onde mencionaram que
esse dano deveria implicar num “afetamento” da vítima, uma lesão “desgostante”, e
que ainda poderia ser exposto ao ridículo ou causar “inferiorizantes” complexos e que
as marcas deixadas no corpo da vítima poderiam lhe causar constrangimento.
Também, foi mencionada a permanência e a evidencia de sua cicatriz, que estaria
presente pelo resto de sua vida.
Em uma outra demanda, o dano corporal causou uma cicatriz na coxa esquerda
e mais outras duas cicatrizes em face antero lateral do joelho esquerdo. Na
apreciação, novamente, os togados se utilizaram dos termos “desgostante”,
“exposição ao ridículo” “constrangedoras” “fácil percepção” e também mencionam
agora que os danos chamam atenção, mas não causam repulsa ou aversão quando
expostas, utilizando-se disso para “medir” a extensão do dano e calcular seu valor
indenizatório, que neste presente caso foi de R$8.000,00, mantendo o que havia sido
decidido em primeiro grau. (TJSC, Apelação n. 0301823-68.2017.8.24.0042, do
43

Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Rosane Portella Wolff, Segunda Câmara
de Direito Civil, j. 23-09-2021).
Já no início da pesquisa foi possível começar a observar termos pejorativos
quando os julgadores fundamentam suas decisões para que julguem a favor do pleito
para os danos corporais.
Seguinte nessa análise, no pleito de nº 0006978-92.2009.8.24.0079, a vítima
sofreu com um quadro de artrose severa de região do médio pé esquerdo e que
reduziu em aproximadamente 5% sua capacidade funcional. Para a concessão
favorável do pedido, são trazidos novamente termos acima mencionados e agora
novos. Nas palavras dos desembargadores:

Para melhor conceituar o dano estético, recorre-se à lição de Maria Helena


Diniz:
O dano estético é toda alteração morfológica do indivíduo, que, além do
aleijão, abrange as deformidades ou deformações, marcas e defeitos, ainda
que mínimos, e que impliquem sob qualquer aspecto um afeiamento da
vítima, consistindo numa simples lesão desgostante ou num permanente
motivo de exposição ao ridículo ou de complexo de inferioridade, exercendo
ou não influência sobre sua capacidade laborativa (Curso de direito civil
brasileiro. vol. VII. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 100). [...]
Como se observa, a alteração morfológica capaz de ensejar a indenização
referente ao dano estético deve possuir aspecto de enfeiamento à vítima,
causar-lhe desgosto, humilhação e dor moral de forma permanente. (grifo
próprio)

Em outra situação, o autor da demanda no momento de uma manutenção


externa de uma empresa de telefonia foi atingido por um cabo de aço enquanto
pilotava sua motocicleta. Em consequência desse evento, sofreu com uma cicatriz na
junção do cotovelo com o braço face interna, de aproximadamente 12cm. Nessa ação,
além de considerarem que houve “enfeiamento” da vítima pelo tamanho e fácil
visualização da cicatriz em seu corpo, visto que só poderia esconde-la ao utilizar
mangas longas. Aqui percebe-se que é considerado a fácil percepção perante
terceiros, ou seja, para que fosse concedida a indenização, foi levado em conta os
olhares alheios. (TJSC, Apelação n. 0300228-57.2014.8.24.0036, do Tribunal de
Justiça de Santa Catarina, rel. Luiz Cézar Medeiros, Quinta Câmara de Direito Civil, j.
14-09-2021).
Agora, em uma situação de improcedência, no processo de nº 0304823-
40.2017.8.24.0054, onde a vítima sofreu um acidente dentro de uma grande rede de
supermercados devido à falta de sinalização do piso molhado e com isso sofreu um
encurtamento de 2cm de sua perna, o colegiado, levando em conta o laudo pericial,
44

entendeu que não existem elementos que demonstrem alteração estética relevante e
que possam causar repulsa, ou vergonha da vítima de si mesmo. Também aduzem
que, o dano sofrido fora anímico, sendo passível apenas de danos morais. Ou seja,
verifica-se, novamente que, o entendimento da Corte Catarinense está indenizando
casos onde os julgadores entendem que o indivíduo ficou feio, foi humilhado ou
exposto ao ridículo, quando terceiros possam perceber sua alteração humana, não
dando devido crédito ao sentimento da pessoa que sofreu a violação em seu corpo.
Em outras decisões análogas, com autos sob o nº 0313721-92.2017.8.24.0005,
0300969-36.2019.8.24.0032, 0803309-78.8.24.007 e 0301218-91.2014.8.24.0054
também são utilizadas as mesmas expressões acima mencionadas, como:
afeiamento/enfeiamento, exposição ao ridículo, constrangimento, humilhação,
desgostante, etc. Uma outra decisão que também chama atenção é a demanda de nº
0035205-60.2005.8.24.0038, que além de mencionar o constrangimento que a vítima
sofreria, também utilizou a palavra aversão para conceituar os danos corporais.
Dentre essas decisões analisadas, a que se destacou foi a de nº 0001300-
72.2013.8.24.0074, visto que foi a ÚNICA em que o dano estético não foi analisado
com adjetivos pejorativos, considerando de forma literal que a prática do ato ilícito
gera o dever de indenizar. Essa ação, foi apenas mencionado o art. 944 do Código
Civil, onde fica determinado que a indenização se mede pela extensão do dano. De
acordo os julgadores, atentando-se com o laudo pericial, a vítima sofreu os seguintes
danos:
O autor sofreu acidente de trânsito no dia 11/03/2010, resultando em fratura
do joelho direito, membro superior esquerdo e perna esquerda. Foi operado,
sendo a fratura do joelho esquerdo fixada com placa e parafusos. A fratura
do membro superior esquerdo também foi fixada com placa e parafusos. A
fratura da tíbia foi fixada com haste bloqueada.
Exame físico
Membro superior direito:
- cicatriz cirúrgica face lateral da coxa e joelho de 20cm de extensão.
- atrofia moderada da coxa
- crepitação articular a mobilização do joelho
- flexão do joelho 120 graus e extensão completa
Membro superior esquerdo:
- cicatriz cirúrgica face volar do antebraço de 10 cm de extensão
- atrofia moderada da musculatura do antebraço
- limitação dos últimos graus de mobilidade
Membro inferior esquerdo
- cicatriz cirúrgica de haste bloqueada
- cicatriz cirúrgica face anterior da perna de 8 cm de extensão. [...]

Por fim, caracterizaram o dano estético devido a atrofia muscular e todas as


cicatrizes sofridas. E de acordo com os precedentes do TJSC, fixaram a indenização
45

em R$15.000,00. O que se pode observar disso é, que na grande maioria das


decisões, há uma certa resistência em apreciar o dano estético de forma igualitária ao
dano patrimonial, sempre colocando a frente diversas “justificativas” para estarem
determinando a reparação do dano, diferente do dano material que basicamente se
resume em “causou prejuízos, pagou”. De 11 decisões procedentes, apenas uma
divergiu das demais e levou em sentido estrito o dever de indenizar.
Quanto às decisões improcedentes que não foram mencionadas de forma
aprofundada neste tópico, pode-se dizer que houve um equívoco por parte dos
demandantes ao realizar o pedido de dano estético, visto que, nos autos de nº
0300974-18.2016.8.24.0047, não houve dano corporal, apenas hematomas, que em
dias sumiriam do corpo, não causando nenhum tipo de prejuízo. E nos processos,
0033724-57.8.24.0038 e 0301054-37.2017.8.24.0082 tratavam-se de despesas
médicas, visto que não existia permanência nos danos e poderiam ser tranquilamente
cuidados, ou seja, referia-se ao dano material e não corporal.
Em síntese, pode-se afirmar que, os danos estéticos não são apreciados pelos
togados de forma igualitária. Ainda existe um abismo entre os danos corporais e
patrimoniais, visto que existe uma análise subjetiva para concessão da indenização,
não bastando apenas a lesão ao corpo, como ocorre no dano material, que basta o
prejuízo no patrimônio para que seja concedida a indenização.
Sendo assim, com base nesse levantamento de dados, pode-se concluir que a
questão do dano tornar a pessoa feia, deixa-la exposta ao ridículo, ser o dano motivo
de desgosto e ser visível perante ao olhar de terceiros, são os fundamentos mais
utilizados pela Corte Catarinense ao conceder as indenizações por danos estéticos.
Para que ilustrar o presente estudo foram elaborados três gráficos, onde serão
trazidos dados coletados a partir da pesquisa.
46

Gráfico 1 – Termos pejorativos utilizados nas decisões do TJSC

Incidência de termos pejorativos utilizados pelo TJSC


para fundamentar a concessão por dano estético

Aversão 1

Afeiamento/Enfeiamento 5

Humilhação 2

Desgotante/Desgosto 5

Fácil percepção/Exposição do dano 5

Exposição ao ridículo 5

Constrangimento 4

0 1 2 3 4 5 6

Número de vezes que o termo foi utilizado

Quanto aos termos utilizados pelos julgadores em suas decisões, percebe-se


que na sua maioria, são usadas essas palavras depreciativas. Dentre os processos
analisados, é possível observar que um dos principais critérios é a questão da
exposição ao olhar de terceiros, a exposição ao ridículo, o desgosto pelo dano e o
afeiamento do indivíduo.

Gráfico 2 – Valores das indenizações por dano estético

Valores das indenizações por dano estético.


Total de decisões utilizadas no gráfico: 11

até 10 mil de 11 à 20 mil de 21 à 50 mil


47

Visto que a presente pesquisa visa realizar um comparativo entre danos


estéticos e materiais diante o judiciário catarinense, também foram extraídos dados
quanto aos valores indenizatórios arbitrados nos casos de danos estéticos. Neste
gráfico, se percebe que a maior parte das decisões da amostragem tiveram os valores
para reparação do dano fixados em até 10 mil reais, uma parcela entre 11 e 20 mil e
nenhuma acima de 21 mil.

Gráfico 3 – Valores das indenizações por danos materiais.

Valores das indenizações por danos materiais.


Total de decisões utilizadas no gráfico: 11

até 10 mil de 11 à 20 mil de 21 à 50 mil

E por fim, neste gráfico apresentam-se os danos quantos aos valores fixados
para as indenizações por danos materiais. A maior parte das demandas pela violação
patrimonial teve fixado valores acima de 21 mil reais, uma parcela até 10 mil e a
minoria, o valor fixado fora entre 11 à 20 mil reais. Comparando ao gráfico anterior
que mostra os dados das indenizações por danos estéticos, pode-se perceber que os
danos materiais possuem um valor mais alto de valores fixados à título de indenização
do que os danos corporais.

4.3 A VALORAÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA SOBRE OS CORPOS

Ao realizar essa pesquisa, buscando comparar de que maneira o corpo e o


patrimônio são apreciados dentro do judiciário, já é possível perceber que existe um
48

infinito abismo de diferenças desses direitos perante ao Estado. Todavia, não é deste
momento atual em que surgiu esse caos entre os corpos e o patrimônio.
Para iniciar o debate sobre os corpos, é pertinente mencionar Michel Foucault,
que em sua obra Vigiar e Punir, onde fala sobre os corpos. Foucault, (1975, apud
Mendes, 2006, p. 02) conceitua o corpo como uma matéria de carne, ossos, membros
e órgãos, que pode ser moldada, transformada e que sofre com o poder que compõe
as tecnologias políticas. Ainda sobre o corpo, nos ensina, o filósofo nos ensina (1987,
p. 195):

O grande livro do Homem-máquina foi escrito simultaneamente em dois


registros: no anátomo-metafísico, cujas primeiras páginas haviam sido
escritas por Descartes e que os médicos, os filósofos continuaram; o outro,
técnico-político, constituído por um conjunto de regulamentos militares,
escolares, hospitalares e por processos empíricos e refletidos para controlar
ou corrigir as operações do corpo. Dois registros bem distintos, pois tratava-
se ora de submissão e utilização, ora de funcionamento e de explicação:
corpo útil, corpo inteligível. E entretanto, de um ao outro, pontos de
cruzamento. “O Homem-máquina” de La Mettrie é ao mesmo tempo uma
redução materialista da alma e uma teoria geral do adestramento, no centro
dos quais reina a noção de “docilidade” que une ao corpo analisável o corpo
manipulável. É dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser
utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado

Ao longo da história, pode-se perceber que o corpo sempre tinha de estar de


acordo com os padrões impostos para o capitalismo, que definia o que era um corpo
ideal. Diante disso, os sujeitos passaram a buscar de diversas formas se encaixar
dentro desses padrões, aprimorando e moldando o seu próprio corpo. (LIMA;
BATISTA; LARA JUNIOR, 2013, p. 50)
Quanto a perfeição corporal, quem mais sofre com essa pressão capitalista, é
a mulher. O corpo feminino possui caráter de consumo para o mercado, visto que é
considerado um lugar de gozo, prazer. Cosméticos, cápsulas emagrecedoras,
produtos para manter a beleza corporal, instrumentos de ginástica, cirurgias
reparadoras, todas essas são saídas que se encontram para manter o corpo jovial e
atraente, para que seja possível modelar sua imagem e estar dentro do estereótipo
imposto. (LIMA; BATISTA; LARA JUNIOR, 2013, p. 50)
Com isso, observa-se que o mercado estabelece que as mulheres devem ser
primeiramente qualificadas por sua beleza, sua aparência, sendo essa imposição de
cunho completamente sexista. (MIGUEL, 2017, p. 15)
49

Como o corpo, de forma geral, assumiu nesse universo a forma de mercadoria,


sendo alvo de uma “fetichilização”, ou seja, se tornou objeto de satisfação. Com isso,
passou a ter um valor e uso e um valor de troca. (QUINTERO, 2017, p. 29)
Para finalizar a discussão quanto aos preceitos estabelecidos pelo capitalismo
sobre o que é bonito, os autores Padro Filho e Trisotto (2008, p. 120), refletem:

[...] Algumas questões fundamentais se colocam então ao nível das relações


do sujeito consigo mesmo hoje, ou dos nossos modos contemporâneos de
subjetivação: como intensificar e melhorar a saúde e a vida e ao mesmo
tempo a apresentação e a beleza? Tendo-se como o pano de fundo o
capitalismo, onde predomina a forma mercadoria, outra pergunta se impõe:
como valorizar o corpo e a si mesmo nesta sociedade? Do ponto de vista
desta indústria e do mercado, cabe também perguntar: que corpos se quer
produzir? Para que fins? Com que recursos? Conforme quais padrões? A que
custo? Problemas bastante atuais, em aberto, cujas respostas provocam
desconforto, mas que precisam ser enfrentados tendo em conta os limites –
elásticos – de produção, manipulação, modelagem, investimento e
“fetichização” dos corpos hoje disponíveis.

Após trazidos esses conceitos e a imposição de um padrão de beleza, conclui-


se que a questão estética se tornou uma vitrine na sociedade. O corpo é bonito
(conceito esse estabelecido pelo mercado) será aceito, mas caso, haja algum
“defeito”, já perderá seu valor. E esse é o principal ponto: o valor que o corpo tem.
Apesar de nos artigos muitas das vezes serem voltadas as pesquisas para o
corpo feminino, tendo em vista a sociedade machista em que vivemos, pode-se
observar que dentro do judiciário catarinense, essas justificativas aplicam-se a todos.
A questão do valor está diretamente ligada as justificativas da Corte Catarinense ao
reconhecer o dano estético e conceder a indenização pela violação do direito de
imagem do indivíduo.
Analisando a pesquisa realizada, é possível observar através dos resultados
encontrados, quais as razões para que o Estado conceda a indenização por danos
estéticos e qual sua percepção de corpo. Ainda que o corpo violado deva ser objeto
de indenização, percebe-se que o Estado atua como apropriador do corpo do
indivíduo, decidindo onde ocorreu o dano estético, se de fato há dano estético e se
este merece ser indenizado, fazendo com que a vítima que buscou o judiciário para
assegurar sua garantia de imagem, tem como resposta o que Foucault (1987, p. 195)
chama de poder disciplinar “O poder disciplinar é com efeito um poder que, em vez de
se apropriar e de retirar, tem como função maior “adestrar”; ou sem dúvida adestrar
para retirar e se apropriar ainda mais e melhor”.
50

Nesse sentido, o togados do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que


representam a figura do Estado dentro do Poder Judiciário, reproduzem esse tal
adestramento, apropriando-se do corpo da pessoa. Ou seja, não é levado em
consideração os sentimentos da vítima sobre a sua imagem para determinar os danos
estéticos, mas sim como os olhares alheios enxergam esse corpo. E novamente, cabe
mencionar o filósofo Foucault (1987, p. 195), que em sua obra nos ensina:

O aparelho judiciário não escapará a essa invasão, mal secreta. O sucesso


do poder disciplinar se deve sem dúvida ao uso de instrumentos simples: o
olhar hierárquico, a sanção normalizadora e sua combinação num
procedimento que lhe é específico, o exame.

Não há dúvidas de que esta obra, Vigiar e Punir, se refere apenas as prisões e
encarceramento, pelo contrário, o domínio dos corpos ocorre em diversas áreas do
direito. Dos corpos das mulheres, dos idosos, dos trabalhadores, e nesse presente
estudo, os corpos violados.
Com isso, pode-se dizer que o Estado trabalha em razão dele próprio, criando
assim corpos obediente, que Foucault chama de corpos dóceis, isso porque, como
mencionado anteriormente nas próprias palavras do autor, é interessante para o
Estado que o corpo seja útil, funcionando como uma máquina. Os corpos que são
úteis para o capitalismo são os perfeitos, que não se opõem, não se desgastam e
trabalham incansavelmente, e que podem ser facilmente transformados. Esses são
os corpos que o Estado busca, sendo esta uma das razões para a concessão do dano
estético, onde o corpo deixa de certa forma de ser útil. E é por isso que, quando o
dano estético não é de fácil percepção e não prejudica a atividade laboral do indivíduo,
não há concessão. Como dentro da pesquisa fora demonstrado, a perda de dois
centímetros de perna, onde não comprometeu a beleza da vítima e não comprometeu
sua força laborativa, não foi considerado como dano estético pelos julgadores, sendo
o sentimento do indivíduo que teve seu corpo violado completamente ignorado,
importando apenas o olhar alheio e o funcionamento desse corpo dentro da
sociedade.
Em complemento a esse pensamento, Foucault (1987, p. 165) doutrina:

O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo
humano, que visa não unicamente o aumento de suas habilidades, nem tampouco
aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o
torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então uma
51

política das coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada
de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos. O corpo humano entra
numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe. Uma
“anatomia política”, que é também igualmente uma “mecânica do poder”, está
nascendo; ela define como se pode ter domínio sobre o corpo dos outros, não
simplesmente para que façam o que se quer, mas para que operem como se quer, com
as técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina. A disciplina fabrica assim
corpos submissos e exercitados, corpos “dóceis”. A disciplina aumenta as forças do
corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos
políticos de obediência). Em uma palavra: ela dissocia o poder do corpo; faz dele por
um lado uma “aptidão”, uma “capacidade” que ela procura aumentar; e inverte por
outro lado a energia, a potência que poderia resultar disso, e faz dela uma relação de
sujeição estrita. Se a exploração econômica separa a força e o produto do trabalho,
digamos que a coerção disciplinar estabelece no corpo o elo coercitivo entre uma
aptidão aumentada e uma dominação acentuada

Ou seja, o corpo que terá seu dano indenizado é aquele que foi constatado com
defeito, onde sua capacidade produtiva é diminuída, da mesma forma que um objeto
material tem seu valor reduzido em razão da diminuição da matéria. Em síntese, o
corpo tem utilidade econômica para o Estado, e quando essa utilidade é afetada, os
danos corporais passam a ser concedidos.
Sobre os corpos, Butler (2017, p. 100) ministra:

O sujeito não só efetivamente toma o lugar do corpo, mas também age como
a alma que enquadra e forma o corpo em cativeiro. Aqui, a função de
formação e enquadramento dessa alma exterior funciona contra o corpo; na
verdade, pode ser entendida como a sublimação do corpo em consequência
do deslocamento e da submissão. [...] Eu diria que, para o sujeito, esse
resíduo corporal sobrevive no modo de já ter sido destruído, quiçá sempre
destruído, em uma espécie de perda constitutiva. O corpo não é um lugar
onde acontece uma construção; é uma destruição em cuja ocasião o sujeito
é formado. A formação desse sujeito é o enquadramento, a subordinação e a
regulação do corpo, e o modo com essa destruição é preservada (no sentido
de sustentada e embalsamada) na normalização.

O que se pode extrair do ensinamento da autora, é que o sujeito está para o


enquadramento, para subordinação e para a regulação do corpo. O corpo não construí
e não é edificado, pelo contrário, é na destruição desse corpo que se assujeita, sobre
ele se regula.
Sendo assim, quando utilizados os termos “afeiamento/enfeiamento”, aversão,
exposição ao ridículo, constrangimento, humilhação, desgosto e de fácil percepção ao
olhar alheio, isso quer dizer que, o corpo saiu da possibilidade de ser um padrão de
belo, para agora algo considerado anormal, perdendo o seu valor perante a sociedade
que valoriza os corpos que vendem, que são aqueles considerados bonitos.
52

Importante também ressaltar que, ao utilizarem esses termos pejorativos para


se referirem ao dano estético sofrido pela vítima, isso gera um desconforto ainda
maior. Como se não bastasse ter que lidar com os olhares de terceiros que em suas
mentes abominam o “diferente”, também tem suas identidades atreladas a palavras
negativas quanto a sua aparência em um processo que pode ser consultado por
qualquer indivíduo. Ou seja, novamente aqui, o Poder é o que determina o que é belo
ou não, visto que, a pessoa lesada poderia não se enxergar de tal forma, mas o
judiciário lhe atribui adjetivos afirmando que estes a definem.
Por derradeiro, não há o intuito de esgotar o assunto, visto que um Trabalho de
Conclusão de Curso jamais conseguiria conta de abordar tantos aspectos que o tema
tem, mas trazer a reflexão sobre como o dano estético é apreciado nos tribunais, em
especial, quando contrastado com os danos patrimoniais, pois, ainda que, o dano
corporal seja um direito de personalidade, o judiciário mostra o sentido contrário.
Desse modo, o objetivo dessa crítica foi mostrar que esse direito considerado como
inovador pela doutrina, e também comemorado pelos juristas, deve ser observado de
forma mais atenta, onde pode ser revelada a docilização e utilitarismo em
funcionamento.
53

5 CONCLUSÃO

Na atualidade, o dano estético vem ganhando cada vez mais força. Há pouco
tempo, os danos corporais ainda eram apreciados dentro do gênero dos danos morais,
todavia, com a evolução dos procedimentos estéticos e da cobrança social em relação
ao belo, esse progresso refletiu no meio jurídico. Hoje, os danos estéticos possuem
autonomia para sempre apreciados pelo judiciário, podendo até mesmo serem
cumulados aos danos morais e materiais, conforme entendimento do STJ, previsto
nas súmulas 37 e 387.
Diante dessa evolução do dano estético, buscou-se nesta monografia
demonstrar como vem sendo a sua valoração dentro do judiciário brasileiro,
especificamente no Estado de Santa Catarina. Para embasar a pesquisa, foram
iniciados os estudos com os direitos da personalidade, visto que, o dano estético versa
sobre o direito de imagem, que é um direito de personalidade.
Foram expostos as características, a sua natureza, os conceitos de direitos da
personalidade de forma geral e também especificamente quando tratados de forma
individual, ao tratar do nome, honra, intimidade, vida privada e a imagem. No direito
de imagem fora mencionada a violação desse direito, a forma que ocorre, para que
fosse possível criar estruturas para o entendimento da problematização principal.
Em seguida, explicou-se o que ocorre após a violação de um direito, entrando
então no mérito do ato ilícito e a responsabilidade civil, onde foram amplamente
conceituados e explicados. Foram apresentados os pressupostos para a configuração
do dever de indenizar e as possibilidades de excludentes. Após isso, foi apresentado
o conceito de forma generalizada, e em seguida, adentrou-se estritamente nos
estudos de danos patrimoniais e danos estéticos, que são o foco para a obtenção dos
resultados da pesquisa. Nesse ponto, também foi frisada especialmente a sua
valoração de acordo com a teoria em doutrinas e artigos, para que pudesse ser
demonstrado o funcionamento na prática.
Por fim, a pesquisa-problema foi realizada. A problematização do presente
estudo consistia em fazer uma análise dos julgados do Tribunal de Justiça do Estado
de Santa Catarina que discutiam os danos materiais e os danos estéticos, para
responder o questionamento problema: Os danos estéticos e patrimoniais são
apreciados de forma igualitária no Judiciário Catarinense?
54

O intuito era obter conclusões acerca da valoração desses diferentes tipos de


danos, para que se pudesse verificar se há isonomia no momento das decisões dos
togados. Essa linha de pesquisa foi traçada com base na história, onde o capital
sempre prevaleceu em cima dos indivíduos e por isso buscou-se aferir se ainda hoje,
na Corte Catarinense isso acontece.
Foi analisado o entendimento mais recente do Tribunal, sendo analisadas as
decisões entre agosto e setembro do presente ano. Foram extraídas do site as 20
primeiras decisões de danos materiais que tratavam especificamente sobre acidente
de trânsito e as 16 únicas decisões por danos estéticos no período. O intuito era
colocar lado a lado o bem material e o corpo.
Os parâmetros utilizados para a pesquisa, foram os fundamentos utilizados
pelos togados, para que fosse possível observar quais são as razões empregues no
momento da concessão pelos danos estéticos e materiais. Já de início, foi possível
perceber no estudo dos julgados por danos materiais é que há uma fundamentação
bem suscinta e objetiva, onde pode-se resumir que, se houve o dano e prejuízo, há a
necessidade haver a reparação integral do bem. Por sua vez, a análise nos casos de
danos estéticos, foi possível observar que não era apenas necessária a comprovação
da existência do dano, os desembargadores mencionaram em quase totalidade
inúmeras justificativas para concessão da indenização por dano estético.
Foram levantados resultados onde é possível perceber que, para que o dano
estético seja concedido é necessário que a pessoa tenha ficado “enfeiada”, que fique
constrangida perante à sua sociedade por conta da violação do seu direito de imagem,
seja exposta ao ridículo, que seja esse prejuízo corporal um desgosto e, o principal
argumento, seja visível aos olhos alheios. Ou seja, se perante a terceiros é possível
constar o dano, ele pode ser indenizável, pouco preocupando-se com os sentimentos
que essa anomalia pode causar ao violado.
Também deve-se chamar atenção ao fato da publicidade desses processos,
onde a pessoa é chamada de feia, constrangedora e outros adjetivos pejorativos
publicamente, onde ela pode sentir-se ofendida por tais palavras e também ficar
desconfortável ao saber que foram atribuídas a ela tantos termos depreciativos e
qualquer pessoa pode ver. A exposição ao ridículo no fim das contas é devido a tantas
expressões depreciativas referidas à vítima.
Diante desses resultados, foi realizada uma crítica. Há muito tempo os corpos
vêm sendo desvalorizados dentro da sociedade. Tanto que, há um padrão de corpo
55

perfeito estruturado pelo mercado, onde as pessoas se submetem a procedimentos


estéticos na busca desse modelo inalcançável, visto que, são literalmente precificados
os corpos humanos, valendo mais aqueles que seguem as ditaduras sociais.
Acerca dessa temática do Estado e os corpos, foram utilizados os
ensinamentos de Foucault, extraídos de sua obra Vigiar e Punir, onde é tratada a
questão do poder disciplinar, que tem como função adestrar e apropriar-se, o que
ocorre com os nossos corpos no momento atual. O Estado quer corpos dóceis,
obedientes e que funcionem como máquinas, sendo submissos ao capital. Ou seja,
de acordo com os ensinamentos do filósofo, pode-se dizer que o dano estético é
apenas indenizável quando a capacidade produtiva da vítima é reduzida, dando o
mesmo tratamento para o corpo do que para um objeto material quando perde seu
valor. Sendo assim, quando o Estado de certa forma perde com o corpo violado,
concede a indenização diante do tal “defeito” por ele atribuído.
Ou seja, o corpo que perde seu valor de mercado, pois é “afeiado”, desgostante,
humilhante ou aversivo e por isso merece tal indenização, não sendo a extensão do
dano estético levada em conta como nos danos patrimoniais, onde o dever de
indenizar está diretamente ligado ao prejuízo.
56

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64

APÊNDICE A – LISTAGEM DE PROCESSOS ANALISADOS POR DANO


ESTÉTICO

1. TJSC, Apelação n. 5002674-88.2020.8.24.0075, do Tribunal de Justiça de


Santa Catarina, rel. Fernando Carioni, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 28-
09-2021
2. TJSC, Apelação n. 0301801-64.2014.8.24.0058, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Rosane Portella Wolff, Segunda Câmara de Direito Civil, j.
23-09-2021
3. TJSC, Apelação n. 0301823-68.2017.8.24.0042, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Rosane Portella Wolff, Segunda Câmara de Direito Civil, j.
23-09-2021
4. TJSC, Apelação n. 0006978-92.2009.8.24.0079, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Rubens Schulz, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 23-09-
2021
5. TJSC, Apelação n. 0300228-57.2014.8.24.0036, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Luiz Cézar Medeiros, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 14-
09-2021
6. TJSC, Apelação n. 0304823-40.2017.8.24.0054, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Ricardo Fontes, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 31-08-
2021
7. TJSC, Apelação n. 0033724-57.2008.8.24.0038, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Maria do Rocio Luz Santa Ritta, Terceira Câmara de Direito
Civil, j. 31-08-2021
8. TJSC, Apelação n. 0301054-37.2017.8.24.0082, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Stanley da Silva Braga, Primeira Câmara de Direito Civil, j.
26-08-2021
9. TJSC, Apelação n. 0302427-56.2016.8.24.0012, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Raulino Jacó Bruning, Primeira Câmara de Direito Civil, j.
26-08-2021
10. TJSC, Apelação n. 0313721-92.2017.8.24.0005, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. José Agenor de Aragão, Quarta Câmara de Direito Civil, j.
26-08-2021
65

11. TJSC, Apelação n. 0001300-72.2013.8.24.0074, do Tribunal de Justiça de


Santa Catarina, rel. Paulo Henrique Moritz Martins da Silva, Primeira Câmara
de Direito Público, j. 24-08-2021
12. TJSC, Apelação n. 0300969-36.2019.8.24.0032, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Ricardo Fontes, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 17-08-
2021
13. TJSC, Apelação n. 0035205-60.2005.8.24.0038, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Osmar Nunes Júnior, Sétima Câmara de Direito Civil, j. 12-
08-2021
14. TJSC, Apelação n. 0300974-18.2016.8.24.0047, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Denise Volpato, Sexta Câmara de Direito Civil, j. 10-08-
2021
15. TJSC, Apelação n. 0803309-78.2013.8.24.0007, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Denise Volpato, Sexta Câmara de Direito Civil, j. 10-08-
2021
16. TJSC, Apelação n. 0301218-91.2014.8.24.0054, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Rubens Schulz, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 05-08-
2021
66

APÊNDICE B – LISTAGEM DE PROCESSOS ANALISADOS POR DANOS


MATERIAIS

1. TJSC, Apelação n. 0002246-76.2018.8.24.0039, do Tribunal de Justiça de


Santa Catarina, rel. José Agenor de Aragão, Quarta Câmara de Direito Civil, j.
30-09-2021
2. TJSC, Apelação n. 0302717-19.2018.8.24.0039, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. José Agenor de Aragão, Quarta Câmara de Direito Civil, j.
30-09-2021
3. TJSC, Apelação n. 0300713-47.2017.8.24.0070, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Helio David Vieira Figueira dos Santos, Quarta Câmara de
Direito Civil, j. 30-09-2021
4. TJSC, Apelação n. 5001464-35.2020.8.24.0064, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Rubens Schulz, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 30-09-
2021
5. TJSC, Apelação n. 0300755-91.2014.8.24.0041, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Flavio Andre Paz de Brum, Primeira Câmara de Direito
Civil, j. 30-09-2021
6. TJSC, Agravo de Instrumento n. 5010331-15.2020.8.24.0000, do Tribunal de
Justiça de Santa Catarina, rel. Gerson Cherem II, Primeira Câmara de Direito
Civil, j. 30-09-2021
7. TJSC, Apelação n. 0332857-26.2014.8.24.0023, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Monteiro Rocha, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 30-
09-2021
8. TJSC, Apelação n. 5001744-14.2019.8.24.0008, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Monteiro Rocha, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 30-
09-2021
9. TJSC, Apelação n. 0300535-12.2014.8.24.0068, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Luiz Cézar Medeiros, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 28-
09-2021
10. TJSC, Apelação n. 0301709-36.2017.8.24.0073, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Maria do Rocio Luz Santa Ritta, Terceira Câmara de Direito
Civil, j. 28-09-2021
67

11. TJSC, Apelação n. 0301077-55.2015.8.24.0113, do Tribunal de Justiça de


Santa Catarina, rel. Rosane Portella Wolff, Segunda Câmara de Direito Civil, j.
23-09-2021
12. TJSC, Apelação n. 0301801-64.2014.8.24.0058, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Rosane Portella Wolff, Segunda Câmara de Direito Civil, j.
23-09-2021
13. TJSC, Apelação n. 0303488-53.2015.8.24.0022, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Luiz Felipe Schuch, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 23-
09-2021
14. TJSC, Apelação n. 0026458-74.2011.8.24.0018, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Diogo Pítsica, Quarta Câmara de Direito Público, j. 23-09-
2021
15. TJSC, Apelação n. 0300417-19.2016.8.24.0051, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Luiz Felipe Schuch, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 23-
09-2021
16. TJSC, Apelação n. 0300624-60.2015.8.24.0016, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Luiz Felipe Schuch, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 23-
09-2021
17. TJSC, Apelação n. 0000412-43.2015.8.24.0039, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Luiz Felipe Schuch, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 23-
09-2021
18. TJSC, Apelação n. 0010008-85.2013.8.24.0018, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Luiz Felipe Schuch, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 23-
09-2021
19. TJSC, Apelação n. 0000029-59.2011.8.24.0054, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Monteiro Rocha, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 23-
09-2021
20. TJSC, Apelação n. 0050611-48.2010.8.24.0038, do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, rel. Marcus Tulio Sartorato, Terceira Câmara de Direito Civil, j.
21-09-2021
68

ANEXO A – EMENTAS DOS AUTOS ANALISADOS POR DANOS ESTÉTICOS

1. Ementa dos autos 5002674-88.2020.8.24.0075

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ORDINÁRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO


LIMINAR, PRECEITO COMINATÓRIO E DANO MORAL. PLANO DE SAÚDE.
INDICAÇÃO MÉDICA PARA REALIZAÇÃO DE MASTOPLASTIA. TRATAMENTO
COMPLEMENTAR DE OBESIDADE MÓRBIDA À CIRURGIA BARIÁTRICA.
PACIENTE COM SIGNIFICATIVA REDUÇÃO DE PESO CORPORAL. ALEGAÇÃO
DE CIRURGIA ESTÉTICA. RECUSA DA OPERADORA QUE NÃO SE SUSTENTA.
PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. DANOS MORAIS. CONFIGURAÇÃO
RECHAÇADA. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
"'Havendo indicação médica para cirurgia plástica de caráter reparador ou funcional
em paciente pós-cirurgia bariátrica, não cabe à operadora negar a cobertura sob o
argumento de que o tratamento não seria adequado, ou que não teria previsão
contratual, visto que tal terapêutica é fundamental à recuperação integral da saúde do
usuário outrora acometido de obesidade mórbida, inclusive com a diminuição de
outras complicações e comorbidades, não se configurando simples procedimento
estético ou rejuvenescedor' (STJ, REsp 1.757.938/DF, rel. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, Terceira Turma, j. 5-2-2019)"(TJSC, AI n. 4034244-14.2018.8.24.0000, da
Capital, rel. Des. Stanley da Silva Braga, Sexta Câmara de Direito Civil, j. em 2-4-
2019)
"O dano moral não se produz automaticamente pela simples negativa de cobertura de
procedimento cirúrgico. É direito do plano de saúde analisar e recusar os pedidos que
lhe são submetidos, desde que o faça fundamentadamente e com brevidade. A
angústia moral, nesse caso, se deve à própria existência de mal grave que acomete
o associado" (TJSC, Ap. Cív. n. 0306418-45.2014.8.24.0033, de Itajaí, rel. Des. Helio
David Vieira Figueira dos Santos, Quarta Câmara de Direito Civil, j. em 22-4-2019).
(TJSC, Apelação n. 5002674-88.2020.8.24.0075, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Fernando Carioni, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 28-09-2021).

2. Ementa dos autos 0301801-64.2014.8.24.0058

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, MORAIS E


ESTÉTICOS DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRÂNSITO. SENTENÇA DE
PARCIAL PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DO REQUERIDO. INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS. ALMEJADA MINORAÇÃO. DEMANDANTE QUE
SOFREU FRATURA EXPOSTA DE FÊMUR DIREITO, FRATURA DE CLAVÍCULA
DIREITA, FRATURAS DE ARCOS COSTAIS, LESÃO PULMONAR, TRAUMATISMO
CRÂNIO ENCEFÁLICO E LESÃO DO PLEXO BRAQUIAL DO MEMBRO SUPERIOR
ESQUERDO, SENDO SUBMETIDO À CIRURGIA, FICANDO INTERNANDO POR
SETE DIAS. ABALO MORAL INEQUÍVOCO. VALOR FIXADO NA SENTENÇA QUE
DEVE SER MANTIDO, POR ATENDER AOS CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE.MITIGAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANO ESTÉTICO.
NÃO ACOLHIMENTO. ACIDENTE QUE RESULTOU CICATRIZES EM BASE
CERVICAL EM FORMA DE “V”, OUTRA EM REGIÃO ANTERIOR DA AXILA E
69

OUTRA DE FORMA TRANSVERSA E INFRA MAMÁRIA COM CERCA DE 12,0 CM


DE EXTENSÃO, ALÉM DE CICATRIZ CIRÚRGICA EM FACE LATERAL DA COXA
COM CERCA DE 19,0 CM DE EXTENSÃO, TENDO O DANO ESTÉTICO
SIDO CLASSIFICADO EM GRAU CINCO. INDENIZAÇÃO ARBITRADA NA
SENTENÇA QUE ESTÁ DE ACORDO COM AS PECULIARIDADES DO CASO
VERTENTE E DEVE SER MANTIDA.PENSIONAMENTO. ALMEJADO REDUÇÃO
DA PENSÃO MENSAL AO ARGUMENTO DE QUE É PESSOA HUMILDE,
TRABALHADOR AUTÔNOMO E NÃO POSSUI RENDIMENTO FIXO, TAMPOUCO
PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO, E O VALOR FIXADO NA ORIGEM
ULTRAPASSA SUA POSSIBILIDADE ECONÔMICA. INSUBSISTÊNCIA. PENSÃO
ALIMENTÍCIA DECORRENTE DE ATO ILÍCITO QUE NÃO SE SUBMETE AO
BINÔMIO NECESSIDADE POSSIBILIDADE. LAUDO PERICIAL QUE REVELOU
INCAPACIDADE QUE INVIABILIZA O AUTOR DE EXERCER SUA PROFISSÃO DE
AJUDANTE DE MOTORISTA. COMPENSAÇÃO QUE DEVE CORRESPONDER À
IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PARA O QUE SE INABILITOU. EXEGESE DO ART.
950, DO CPC. HONORÁRIOS RECURSAIS DEVIDOS.RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0301801-64.2014.8.24.0058, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Rosane Portella Wolff, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 23-09-2021).

3. Ementa dos autos 0301823-68.2017.8.24.0042

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESSARCIMENTO DE DANOS CAUSADOS EM


ACIDENTE DE TRÂNSITO. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA.
INSURGÊNCIA DA RÉ. IMPUGNAÇÃO EM CONTRARRAZÕES AO BENEFÍCIO
CONCEDIDO À REQUERIDA NA DECISÃO SANEADORA. INSURGÊNCIA NÃO
AVENTADA A TEMPO E MODO OPORTUNO. PRECLUSÃO. PEDIDO DE JUNTADA
DE DOCUMENTOS COM AS RAZÕES RECURSAIS. IMPOSSIBILIDADE DE
ANÁLISE DE SEU CONTEÚDO. JUNTADA EXTEMPORÂNEA INJUSTIFICADA.
INTELIGÊNCIA DO ART. 435, CAPUT, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015.
NÃO CONHECIMENTO.AVENTADO CERCEAMENTO DE DEFESA. PRETENDIDA
DECRETAÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA E RETORNO DOS AUTOS À
ORIGEM PARA COMPLEMENTAÇÃO DA PROVA PERICIAL. NÃO ACOLHIMENTO.
INEXISTÊNCIA DE OBSCURIDADE NO LAUDO PERICIAL. PROVA
CONCLUSIVA QUANTO AO NEXO DE CAUSALIDADE E À EXTENSÃO DO
DANO. ALAGADA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO QUANTO AO PEDIDO DE
COMPLEMENTAÇÃO DO LAUDO PERICIAL E DO PRAZO PARA A OFERTA DAS
ALEGAÇÕES FINAIS. ARGUMENTAÇÃO SUCINTA QUE NÃO SE CONFUNDE
COM AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. OUTROSSIM, OPOSTOS
ACLARATÓRIOS QUE RESTARAM DEVIDAMENTE APRECIADOS, EMBORA COM
NÍTIDO PROPÓSITO DE REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. PRELIMINAR
AFASTADA.INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ALMEJADA MINORAÇÃO.
DEMANDANTE QUE SOFREU FRATURA DE FÊMUR BILATERAL, PUNHO
DIREITO, FRATURA NOS ELEMENTOS DENTÁRIOS, PERMANECENDO
INTERNADA POR APROXIMADAMENTE VINTE DIAS. ABALO MORAL
INEQUÍVOCO. VALOR FIXADO NA SENTENÇA QUE DEVE SER MANTIDO, POR
ATENDER AOS CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE.
DECISUM INALTERADO SOBRE O TEMA. MITIGAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR
DANO ESTÉTICO. IMPOSSIBILIDADE DE ACOLHIMENTO. ACIDENTE QUE
70

RESULTOU EM CICATRIZ DE 8 CM EM FACE LATERAL DA COXA ESQUERDA


DA AUTORA, ALÉM DE DUAS CICATRIZES IRREGULARES, UMA LONGITUDINAL
COM APROXIMADAMENTE 8 CM, A OUTRA TRANSVERSAL COM
APROXIMADAMENTE 4 CM, EM FACE ANTERO LATERAL DO JOELHO
ESQUERDO. SEQUELAS VISÍVEIS QUE CARACTERIZAM O DANO ESTÉTICO.
INDENIZAÇÃO ARBITRADA NA SENTENÇA QUE ESTÁ DE ACORDO COM AS
PECULIARIDADES DO CASO VERTENTE E DEVE SER
MANTIDA.DANOS EMERGENTES. REQUERIDA QUE SE INSURGE QUANTO AS
DESPESAS ODONTOLÓGICAS. AVENTADA AUSÊNCIA DE PROVA.
INSUBSISTÊNCIA. TRATAMENTO DENTÁRIO DEVIDAMENTE
COMPROVADO POR MEIO DA JUNTADA DE ORÇAMENTO. REQUERIDA QUE
NÃO LOGROU ÊXITO EM DESCONSTITUIR
O DOCUMENTO APRESENTADO PELA AUTORA. MANUTENÇÃO
DEVIDA.PENSIONAMENTO MENSAL VITALÍCIO EVENTUALMENTE DEVIDO NA
HIPÓTESE DE HAVER PROVA DA REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORAL OU DA
IMPOSSIBILIDADE DEFINITIVA DE DESEMPENHAR O LABOR HABITUAL.
INTELIGÊNCIA DO ART. 950 DO CÓDIGO CIVIL. PERITO QUE CONCLUIU PELA
INEXISTÊNCIA DE INVALIDEZ DA AUTORA PARA O DESEMPENHO DO LABOR
QUE EXERCIA AO TEMPO DO ACIDENTE DE TRÂNSITO. INVALIDEZ PARCIAL
PERMANENTE VERIFICADA APENAS EM GRAU RESIDUAL QUANTO AO PUNHO
DIREITO E LEVE QUANTO AOS QUADRIS. PENSIONAMENTO QUE NÃO É
DEVIDO. SENTENÇA REFORMADA NO PONTO.PRETENSÃO RECURSAL DE
ABATIMENTO DO VALOR RECEBIDO PELA AUTORA A TÍTULO DE
SEGURO DPVAT. MATÉRIA QUE NÃO FOI ABORDADA NA INSTRUÇÃO
PROCESSUAL E POR ISSO NÃO HOUVE MANIFESTAÇÃO DO JUÍZO A
QUO. INOVAÇÃO RECURSAL CONFIGURADA. NÃO CONHECIMENTO DO
RECURSO, NO PONTO.LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. PLEITO FORMULADO PELA
AUTORA EM CONTRARRAZÕES. DOLO PROCESSUAL DA REQUERIDA NÃO
CARACTERIZADO. INOCORRÊNCIA DE QUAISQUER DAS HIPÓTESES DO
ARTIGO 80 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. SENTENÇA AJUSTADA.
RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0301823-68.2017.8.24.0042, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Rosane Portella Wolff, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 23-09-2021).

4. Ementa dos autos 0006978-92.2009.8.24.0079

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, MORAL E ESTÉTICO. SENTENÇA DE
PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO DO AUTOR.
PRETENSA REFORMA DA SENTENÇA PARA RECONHECER A
RESPONSABILIDADE CIVIL DA PRIMEIRA RÉ. SUBSISTÊNCIA. CONTRATAÇÃO
VERBAL DO AUTOR PARA REALIZAR O DESCARREGAMENTO DE ELEVADORES
NA OFICINA DA PRIMEIRA EMPRESA RÉ. PAGAMENTO IGUALMENTE
REALIZADO POR ESSA. QUEDA DO ELEVADOR NO PÉ ESQUERDO DO AUTOR
DENTRO DAS DEPENDÊNCIAS DA RÉ. RESPONSABILIDADE CIVIL
INCONTROVERSA. NEGLIGÊNCIA AO NÃO TOMAR AS DEVIDAS CAUTELAS
PARA GARANTIR A SEGURANÇA DE SEUS COLABORADORES. DEVER DE
INDENIZAR CARACTERIZADO. SENTENÇA REFORMADA.
71

LAUDO PERICIAL. ALMEJADA A MODIFICAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DA TABELA OU


A DETERMINAÇÃO DE REALIZAÇÃO DE NOVA PERÍCIA. NÃO ACOLHIMENTO.
LAUDO PERICIAL REALIZADO QUE ESCLARECEU A MATÉRIA DE MANEIRA
COMPLETA E NÃO HÁ EVENTUAL CORREÇÃO A SER FEITA. DESNECESSIDADE
DE UTILIZAÇÃO DE OUTRA TABELA. PERITO JUDICIAL QUE PREENCHEU OS
REQUISITOS LEGAIS. ADEMAIS, PLEITO DE REALIZAÇÃO DE NOVA PERÍCIA
QUE PERDEU O OBJETO DIANTE DO ÓBITO DO AUTOR.
DANO MORAL E ESTÉTICO. PRETENSA FIXAÇÃO DE VALOR DIVERSOS PARA
CADA INDENIZAÇÃO. ACOLHIMENTO. ACIDENTE QUE GEROU ABALO
PSÍQUICO NO AUTOR. LESÃO À INTEGRIDADE FÍSICA. DANOS QUE NÃO
PODEM SER CONFUNDIDOS. INDENIZAÇÃO QUE DEVE SER ANALISADA DE
MANEIRA INDEPENDENTE. FIXAÇÃO DO MONTANTE DIVERSO PARA CADA
DANO. ARBITRAMENTO DO DANO ESTÉTICO DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS
DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. QUANTUM INDENIZATÓRIO
ADEQUADAMENTE FIXADO PARA O DANO MORAL. VALOR DA INDENIZAÇÃO
FIXADO EM OBSERVÂNCIA AO CARÁTER PEDAGÓGICO E INIBIDOR. VALOR
INDENIZATÓRIO MANTIDO.
DANOS MATERIAIS. REQUERIMENTO DE CONDENAÇÃO DAS RÉS AO
PAGAMENTO DE PENSÃO MENSAL. INVIABILIDADE. ACIDENTE QUE
OCASIONOU A INCAPACIDADE APENAS PARCIAL DO AUTOR PARA O
TRABALHO. AFASTAMENTO DO PLEITO DE PENSÃO MENSAL. SENTENÇA
MANTIDA.
PREQUESTIONAMENTO. DESNECESSIDADE DE MANIFESTAÇÃO EXPRESSA
ACERCA DE TODOS OS DISPOSITIVOS LEGAIS SUSCITADOS NO RECURSO.
MATÉRIA SUFICIENTEMENTE ANALISADA E FUNDAMENTADA.
REDISTRIBUIÇÃO DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS.
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0006978-92.2009.8.24.0079, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Rubens Schulz, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 23-09-2021).

5. Ementa dos autos 0300228-57.2014.8.24.0036

RESPONSABILIDADE CIVIL - MOTOCICLISTA - COLISÃO EM CABO DE AÇO


ATRAVESSADO NA PISTA DE ROLAMENTO - CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO
PÚBLICO - DANOS MATERIAIS, ESTÉTICOS E MORAIS -
COMPROVAÇÃO - QUANTUM - MAJORAÇÃO
1 A dor íntima motivada pelos efeitos do acidente - dor física, abalo psíquico e demais
consequências do tratamento -, por si só, acarreta a indesviável presunção de dano
moral, circunstância autorizativa da imposição indenizatória.
2 Na fixação dos danos morais, deve o julgador, na falta de critérios objetivos,
estabelecer o quantum indenizatório com prudência, de modo que sejam atendidas as
peculiaridades e a repercussão econômica da reparação, devendo esta guardar
proporcionalidade com o grau de culpa e o gravame sofrido.
3 É possível a cumulação da indenização por dano moral e por dano estético
originários do mesmo fato, porém, a título diverso, ou seja, quando os bens jurídicos
protegidos são distintos. A cicatriz gera sentimento negativo, de natureza intimamente
subjetiva, que autoriza a indenização pela deformidade estética.
4 "O dano estético é toda alteração morfológica do indivíduo, que, além do aleijão,
abrange as deformidades ou deformações, marcas e defeitos, ainda que mínimos, e
72

que impliquem sob qualquer aspecto um afeiamento da vítima, consistindo numa


simples lesão desgostante ou num per- manente motivo de exposição ao ridículo ou
de complexo de inferioridade, exercendo ou não influência sobre sua capacidade
laborativa" (DINIZ. Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: responsabilidade
civil. 21 ed. São Paulo: Saraiva, 2007, v. 7. p. 80). Com base no grau de intensidade
desse sentimento é que deve ser arbitrado o montante indenizatório.
5 A indenização pelos danos materiais deve englobar todas as despesas que a vítima
suportou ou que vier a suportar em decorrência do acidente.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - CPC, ART. 85, § 2º - MANUTENÇÃO
Nos termos do § 2° do art. 85 do Código de Processo Civil, o magistrado ao fixar
os honorários deve atentar para os critérios estabelecidos nos incisos I, II, III e IV,
mormente ao grau de complexidade e à repetitividade da causa.
(TJSC, Apelação n. 0300228-57.2014.8.24.0036, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Luiz Cézar Medeiros, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 14-09-2021).

6. Ementa dos autos 0304823-40.2017.8.24.0054

APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO CONDENATÓRIA. INDENIZAÇÃO POR DANO


MATERIAL, MORAL E ESTÉTICO. ACIDENTE OCORRIDO COM CONSUMIDORA
NAS DEPENDÊNCIAS DE SUPERMERCADO. SENTENÇA DE PARCIAL
PROCEDÊNCIA.
RECURSO DO REQUERIDO. PRELIMINARES. INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO. NÃO
ACOLHIMENTO. PROVA DO DOMICÍLIO DA AUTORA NO FORO PRETENDIDO.
PRERROGATIVA DE ESCOLHA QUE COMPETE AO CONSUMIDOR.
CERCEAMENTO DE DEFESA ANTE O JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE.
NÃO OCORRÊNCIA. PRINCÍPIO DO CONVENCIMENTO MOTIVADO DO
MAGISTRADO E DA ADMISSIBILIDADE DAS PROVAS.
MÉRITO. ALEGADA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE ANTE O
CUMPRIMENTO DE MEDIDAS DE SEGURANÇA. INSUBSISTÊNCIA. APLICAÇÃO
DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
CONSUMIDORA QUE ESCORREGA AO INGRESSAR NO ESTABELECIMENTO
COMERCIAL DEVIDO AO PISO ESCORREGADIO. RISCO DA ATIVIDADE.
OBRIGAÇÃO DO SUPERMERCADO DE ZELAR PELA SEGURANÇA DOS
CLIENTES QUE SE ENCONTRAM EM SUAS DEPENDÊNCIAS (ART. 6º, INCISO I,
DO CDC). NEGLIGÊNCIA CONFIGURADA. DEVER DE INDENIZAR MANTIDO.
DANOS MATERIAIS. EXCLUSÃO DOS VALORES REFERENTES ÀS
MENSALIDADES DO PLANO DE SAÚDE. LIMITAÇÃO DE RESSARCIMENTO
AOS SERVIÇOS DESEMBOLSADOS A TÍTULO DE COPARTICIPAÇÃO AO PLANO
DE SAÚDE, EM DECORRÊNCIA DE PROCEDIMENTOS MÉDICOS REALIZADOS,
EXCLUSIVAMENTE EM VIRTUDE DO ACIDENTE. ACOLHIMENTO.
LUCROS CESSANTES. PREVISÃO INSERTA NO ART. 949 DO CÓDIGO CIVIL.
RECOMPENSA DEVIDA PELO PERÍODO EM QUE A VÍTIMA DO ACIDENTE FICOU
IMPOSSIBILITADA DE TRABALHAR. AUTORA QUE RECEBEU BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO DE AUXÍLIO DOENÇA ACIDENTÁRIO. INDENIZAÇÃO DEVIDA.
DANOS MORAIS. REPARAÇÃO DEVIDA. VERBA DE NATUREZA
COMPENSATÓRIA. QUANTUM. PLEITO COMUM. REDUÇÃO NECESSÁRIA.
OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA ALTERADA, NO PONTO.
73

"Na fixação do valor dos danos morais deve o julgador, na falta de critérios objetivos,
estabelecer o quantum indenizatório com prudência, de maneira que sejam atendidas
as peculiaridades e a repercussão econômica da reparação, devendo esta guardar
proporcionalidade com o grau de culpa e o gravame sofrido" (AC n. 0320088-
38.2014.8.24.0038, de Joinville Relator: Desembargador Luiz Cézar Medeiros, julgado
em: 28-8-2019).
RECURSO DA AUTORA. PRETENDIDA INDENIZAÇÃO POR DESPESAS MÉDICAS
FUTURAS. AUSÊNCIA DE EFETIVA COMPROVAÇÃO QUANTO AOS GASTOS
SUPERVENIENTES. INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO QUE NÃO
DESINCUMBE O CONSUMIDOR DE COMPROVAR OS FATOS CONSTITUTIVOS
DE SEU DIREITO (ART. 373, I, DO CPC).
INDENIZAÇÃO DECORRENTE DE DANO ESTÉTICO. NÃO
ACOLHIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVAS QUANTO AO EFETIVO DANO SOFRIDO
PELA AUTORA. PREJUÍZO NÃO CONFIGURADO.
RECURSO DA RÉ PARCIALMENTE PROVIDO E RECURSO DA AUTORA
DESPROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0304823-40.2017.8.24.0054, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Ricardo Fontes, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 31-08-2021).

7. Ementa dos autos 0033724-57.2008.8.24.0038

ACIDENTE DE TRÂNSITO. RESPONSABILIDADE DOS RÉUS COMPROVADA.


DANOS MORAIS QUE CONSTAM IN RE IPSA. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
MAJORAÇÃO (R$ 25.000,00). JUROS DE MORA A CONTAR DO EVENTO DANOSO
E CORREÇÃO MONETÁRIA A PARTIR DO ARBITRAMENTO. DANO ESTÉTICO.
GLOSA. EVENTO EXCLUÍDO EXPRESSAMENTE DA APÓLICE. DANO MORAL.
COBERTURA. CLÁUSULA ESPECÍFICA. DANO CORPORAL. INAPLICABILIDADE.
VALOR CONTRATADO NA APÓLICE. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA A PARTIR
DA CITAÇÃO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 246 DO STJ DE MODO A DESCONTAR
DA INDENIZAÇÃO RELATIVA AOS DANOS MATERIAIS O VALOR DO DPVAT
INDEPENDENTEMENTE DA COMPROVAÇÃO DE QUE A VÍTIMA O REQUEREU
OU O RECEBEU. PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO DO AUTOR E DA RÉ
LITISDENUNCIADA, NOS TERMOS DA FUNDAMENTAÇÃO.
(TJSC, Apelação n. 0033724-57.2008.8.24.0038, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Maria do Rocio Luz Santa Ritta, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 31-
08-2021).

8. Ementa dos autos 0301054-37.2017.8.24.0082

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, MORAIS E


ESTÉTICOS. MÁ PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EM PRODECIMENTO
ORTODÔNTICO. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DA
AUTORA.
ALEGADA EXISTÊNCIA DE DANOS MATERIAIS RELATIVOS AO CUSTEIO DE
NOVO TRATAMENTO, AO ARGUMENTO DE QUE OS DANOS CAUSADOS SE
EXTENDEM À NECESSIDADE DE NOVA REPARAÇÃO DENTÁRIA.
SUBSISTÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DA CLÍNICA
74

ODONTOLÓGICA, CONDICIONADA À APURAÇÃO DE CULPA DO PROFISSIONAL


QUE PRESTOU O SERVIÇO. INCIDÊNCIA DO ART. 14 DO CDC, C/C § 4° DO
MESMO DISPOSITIVO. DETERMINADA PERÍCIA JUDICIAL PARA VERIFICAR A
OCORRÊNCIA DO DANO. RECORRIDA QUE, INOBSTANTE DIVERSOS AVISOS E
INTIMAÇÕES DO JUÍZO A QUO, PROCRASTINOU O FEITO E NÃO EFETUOU O
ADIANTAMENTO DOS HONORÁRIOS DO EXPERT, INVIABILIZANDO
REALIZAÇÃO DA PERÍCIA. APELADA QUE NÃO SE DESINCUMBIU DO SEU
ÔNUS PROBATÓRIO, À LUZ DO ART. 373, II, DO CPC, BEM COMO ART. 6º, VIII,
DO CDC. MÁ PRESTAÇÃO DO SERVIÇO INCONTESTE. DEVER DE INDENIZAR
CARACTERIZADO. DANOS MATERIAIS QUE, NO CASO, SE EXTENDEM À
OBRIGAÇÃO DE ARCAR COM O CUSTEIO DE NOVO PROCEDIMENTO
ESTÉTICO. PRETENDIDA A REFORMA DA SENTENÇA A FIM DE OBTER
RESSARCIMENTO POR DANOS MORAIS. POSSIBILIDADE. PREJUÍZOS
ESTÉTICOS DISCRETOS, CONTUDO, FALHA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO QUE
CAUSOU INSUPORTÁVEL ANGÚSTIA À
CONSUMIDORA. QUANTUM INDENIZATÓRIO QUE DEVE SER FIXADO EM R$
5.000,00 (CINCO MIL REAIS), EM ATENÇÃO AOS CRITÉRIOS DA
PROPORCIONALIDADE, RAZOABILIDADE E ADEQUAÇÃO. SENTENÇA
MODIFICADA EM PARTE. ÔNUS SUCUMBENCIAIS INALTERADOS.
CONTRARRAZÕES. REQUERIMENTO DE EXCLUSÃO DO DEVER DE
INDENIZAR. VIA ELEITA INADEQUADA. NÃO CONHECIMENTO. TENCIONADA
NULIDADE DA SENTENÇA POR CERCEAMENTO DE DEFESA. MATÉRIA DE
ORDEM PÚBLICA. POSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO EX OFFICIO. HIPÓTESE
QUE NÃO SE VERIFICA, MORMENTE AO CONSIDERAR QUE A PRÓPRIA
RECORRIDA FOI QUEM DEU CAUSA À INSUFICIÊNCIA DE PROVAS EM SEU
FAVOR. NULIDADE NÃO DEMONSTRADA.
HONORÁRIOS RECURAIS. NÃO CABIMENTO.
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0301054-37.2017.8.24.0082, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Stanley da Silva Braga, Primeira Câmara de Direito Civil, j. 26-08-2021).

9. Ementa dos autos 0302427-56.2016.8.24.0012

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS, MORAIS E


ESTÉTICOS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRÂNSITO. SENTENÇA DE
PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO DA PARTE RÉ. 1. RESPONSABILIDADE
CIVIL PELO EVENTO DANOSO. CONJUNTO PROBATÓRIO QUE CONFIRMA QUE
O ACIDENTE TEVE COMO CAUSA A FALTA DE CAUTELA E PRUDÊNCIA DO
DEMANDADO QUE, EM TRECHO DE CURVA E EM DECLIVE, PERDE O
CONTROLE DA DIREÇÃO VEICULAR ENQUANTO TENTAVA "PEGÁ-LO NO
TRANCO", INVADE A PISTA CONTRÁRIA E COLIDE FRONTALMENTE COM O
AUTOMÓVEL OCUPADO PELA AUTORA. VERSÃO DOS FATOS, INCLUSIVE,
PRESTADA PELO DEMANDADO À AUTORIDADE POLICIAL NA OCASIÃO.
ADEMAIS, PRESUNÇÃO JURIS TANTUM DE VERACIDADE DO BOLETIM DE
OCORRÊNCIA NÃO ELIDIDA POR PROVA ROBUSTA EM SENTIDO DIVERSO.
MANUTENÇÃO DA SENTENÇA NO PONTO. 2. DANO MORAL. INFORTÚNIO QUE
RESULTOU EM FRATURA NO COTOVELO DIREITO, HOSPITALIZAÇÃO,
AFASTAMENTO DO TRABALHO, CIRURGIA E SESSÕES DE FISIOTERAPIA.
ABALO MORAL CONFIGURADO. 2.1. PLEITO DE MINORAÇÃO DA VERBA.
75

POSSIBILIDADE. VALOR FIXADO EM SENTENÇA QUE DEVE SER MINORADO DE


R$20.000,00 PARA R$15.000,00. OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. CARÁTER COMPENSATÓRIO E
PEDAGÓGICO DA VERBA. 3. DANO ESTÉTICO. CICATRIZ CIRÚRGICA EXTENSA
E APARENTE NO COTOVELO DA AUTORA. MONTANTE, NO ENTANTO, QUE
DEVE SER REDUZIDO DE R$10.000,00 PARA R$7.000,00. 4. HONORÁRIOS
RECURSAIS INDEVIDOS. 5. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0302427-56.2016.8.24.0012, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Raulino Jacó Bruning, Primeira Câmara de Direito Civil, j. 26-08-2021).

10. Ementa dos autos 0313721-92.2017.8.24.0005

APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MATERIAIS, MORAIS E ESTÉTICOS. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA.
IRRESIGNAÇÃO DA PARTE REQUERIDA.
PRETENSÃO VISANDO AFASTAR A RESPONSABILIDADE PELO EVENTO
DANOSO. ALEGADA A AUSÊNCIA DE PROVAS QUANTO AOS DANOS
EXPERIMENTADOS. INSUBSISTÊNCIA. INSTRUTOR DE AUTO ESCOLA QUE,
DURANTE A AULA DE DIREÇÃO, SAIU DE PERTO DA AUTORA PARA LAVAR O
CANIL EXISTENTE NO PÁTIO DO ESTABELECIMENTO, DEIXANDO O
CÃO ESCAPAR E, CONSEQUENTEMENTE, MORDER A PERNA DIREITA DA
AUTORA. NEGLIGENCIA DO PREPOSTO DA REQUERIDA EVIDÊNCIADA. FALHA
NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO CONFIGURADA. DEVER DE INDENIZAR
MANTIDO.
INSURGÊNCIA DE AMBAS AS PARTES. QUANTUM INDENIZATÓRIO A TÍTULO
DE DANOS MORAIS. MAJORAÇÃO DEVIDA. VÁRIAS LESÕES SOFRIDAS PELA
AUTORA, COM A NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE ENXERTO DE
PREENCHIMENTO E DEZESSEIS PONTOS NA PERNA DIREITA. EXTENSÃO DOS
DANOS QUE RECOMENDAM A READEQUAÇÃO EM CONSONÂNCIA COM OS
PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS E OS DANOS SOFRIDOS PELA PARTE
AUTORA.
DANO ESTÉTICO. ACOLHIMENTO. ALTERAÇÃO CORPORAL DA VÍTIMA
RETRATADA POR FOTOGRAFIAS ACOSTADAS AOS AUTOS DEMONSTRANDO
A EXISTÊNCIA DE CICATRIZES. FOTOGRAFIAS FEITAIS UM ANO E NOVE
MESES APÓS O EVENTO DANOSO. AUSÊNCIA DE PROVA EM SENTIDO
CONTRÁRIO. SITUAÇÃO SUFICIENTE PARA DAR AZO À INDENIZAÇÃO
PRETENDIDA.
INVERSÃO DOS ONUS SUCUMBENCIAIS EM RAZÃO DO ACOLHIMENTO DOS
PEDIDOS INICIAIS. SUCUMBÊNCIA QUE RECAI SOBRE OS REQUERIDOS.
INVIÁVEL A FIXAÇÃO DA VERBA RECURSAL.
RECURSO DA REQUERIDA CONHECIDO E DESPROVIDO. RECURSO DA
AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0313721-92.2017.8.24.0005, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. José Agenor de Aragão, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 26-08-2021).

11. Ementa dos autos 0001300-72.2013.8.24.0074


76

RESPONSABILIDADE CIVIL DO MUNICÍPIO. ACIDENTE DE TRÂNSITO.


SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. APELO DE TODAS AS PARTES.
1) JUSTIÇA GRATUITA. REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DA BENESSE
PREENCHIDOS.
2) ILEGITIMIDADE PASSIVA DO PREPOSTO DO MUNICÍPIO. PRELIMINAR
ACOLHIDA. EXTINÇÃO DO FEITO, NO PONTO, NOS TERMOS DO ART. 485, VI,
DO CPC/2015.
3) MÉRITO. CRUZAMENTO DE PISTA PELO ÔNIBUS
ESCOLAR. ABALROAMENTO POR MOTOCICLETA NO TERÇO FINAL DO
VEÍCULO, QUANDO PRATICAMENTE CONCLUÍDA A CONVERSÃO. TRAJETÓRIA
DO MOTOCICLISTA INTERCEPTADA, EMBORA ESTIVESSE NA VIA
PREFERENCIAL. CULPA CONCORRENTE VERIFICADA (20% PARA O AUTOR,
QUE PODERIA EM CERTA MEDIDA TER EVITADO A COLISÃO).
4) DANO MORAL. ABALO CONFIGURADO EM DECORRÊNCIA DA GRAVIDADE
DAS LESÕES SOFRIDAS. QUANTUM MANTIDO. PRECEDENTES.
5) DANO ESTÉTICO. DIVERSAS CICATRIZES E ATROFIA MUSCULAR.
VALOR PROPORCIONAL. PRECEDENTES.
5.1) SEGURO. COBERTURA PARA DANO CORPORAL E MATERIAL. DANO
ESTÉTICO E PENSÃO MENSAL VITALÍCIA QUE DEVEM SER ABARCADOS PELA
APÓLICE. INEXISTÊNCIA DE EXCLUSÃO EXPRESSA.
6) LUCROS CESSANTES. PERDA SALARIAL COMPROVADA. AUXÍLIO-DOENÇA
INFERIOR AOS VENCIMENTOS DO AUTOR ENQUANTO ATIVO.
COMPLEMENTAÇÃO DEVIDA.
7) PENSÃO MENSAL VITALÍCIA. PERDA PARCIAL PERMANENTE DA
CAPACIDADE LABORATIVA. AUTOR QUE EXERCIA ATIVIDADE LABORAL AO
TEMPO DO ACIDENTE. PENSIONAMENTO QUE DEVE CORRESPONDER AO
VALOR DOS SEUS RENDIMENTOS, ABRANGENDO INCLUSIVE O 1/3 DE FÉRIAS
E DÉCIMO TERCEIRO.
8) POSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO DOS VALORES RECEBIDOS A TÍTULO DE
DPVAT COM A INDENIZAÇÃO FIXADA JUDICIALMENTE. SENTENÇA MANTIDA,
NO PONTO.
9) PLEITO DE AFASTAMENTO DA CORREÇÃO MONETÁRIA E SUSPENSÃO
DOS JUROS DE MORA EM RAZÃO DA LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL DA
SEGURADORA RÉ. PARCIAL SUBSISTÊNCIA. CORREÇÃO MONETÁRIA DEVIDA.
INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA QUE DEVE TÃO SOMENTE PERMANECER
SUSPENSA DESDE O DECRETO DA LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. EXEGESE
DO ARTIGO 18 "D" DA LEI N. 6.024/1974.
10) ALEGAÇÃO DE NECESSIDADE DE INSCRIÇÃO DA SENTENÇA
CONDENATÓRIA NO QUADRO GERAL DE CREDORES. DESCABIMENTO.
PROCESSO EM FASE DE CONHECIMENTO. PENDÊNCIA DA EFETIVA
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. PRETENSÃO AFASTADA.
11) JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. PRECEDENTES DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (RE N. 870.947/SE) E DO SUPERIOR TRIBUNAL
DE JUSTIÇA (TEMA N. 905).
12) MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. NÃO CABIMENTO.
FIXAÇÃO QUE OBSERVOU OS CRITÉRIOS LEGAIS. RECURSOS
PARCIALMENTE PROVIDOS.
OBERVÂNCIA EM TODAS AS ETIQUETAS INDENIZATÓRIAS DO PERCENTUAL
DE CULPA DA PARTE RÉ - 80%.
77

(TJSC, Apelação n. 0001300-72.2013.8.24.0074, do Tribunal de Justiça de Santa


Catarina, rel. Paulo Henrique Moritz Martins da Silva, Primeira Câmara de Direito
Público, j. 24-08-2021).

12. Ementa dos autos 0300969-36.2019.8.24.0032

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CONDENATÓRIA. INDENIZAÇÃO POR DANOS


MATERIAIS, MORAIS E ESTÉTICOS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. PARCIAL
PROCEDÊNCIA À ORIGEM. RECURSO DA AUTORA E DO RÉU.
ACIDENTE DE TRÂNSITO. RESPONSABILIDADE CIVIL. QUEBRA DO NEXO DE
CAUSALIDADE. FATO EXCLUSIVO DA VÍTIMA. FARÓIS APAGADOS E ALTA
VELOCIDADE DO VEÍCULO. FATO DESCONSTITUTIVO DO DIREITO AUTORAL.
AUSÊNCIA DE PROVA. ART. 373, INCISO II, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
ADEMAIS, RÉU QUE INVADIU A FAIXA DE ROLAMENTO NA CONTRAMÃO E EM
LOCAL COM LINHA DUPLA CONTÍNUA. DEVER INDENIZATÓRIO.
DANO MORAL. ACIDENTE DE TRÂNSITO GRAVE. NECESSIDADE DE
INTERNAÇÃO HOSPITALAR E REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO.
LESÃO IN RE IPSA.
DANO ESTÉTICO. PROVA PERICIAL. CICATRIZES NO ROSTO E NO ABDÓMEM.
LOCAIS DE FÁCIL EXPOSIÇÃO. EVIDENTE PREJUÍZO.
QUANTUM INDENIZATÓRIO. ARBITRAMENTO. PROPORCIONALIDADE E
RAZOABILIDADE. SITUAÇÃO FINANCEIRA DA OFENSORA E CONDIÇÃO
ECONÔMICA DO LESADO. VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. BINÔMIO
COMPENSAÇÃO PARA A VÍTIMA E PUNIÇÃO PARA A AGENTE. VERBAS
MINORADAS. PRECEDENTES DESTE ÓRGÃO FRACIONÁRIO.
RECURSO DA AUTORA DESPROVIDO E DO RÉU PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0300969-36.2019.8.24.0032, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Ricardo Fontes, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 17-08-2021).

13. Ementa dos autos 0035205-60.2005.8.24.0038

APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS, MATERIAIS E ESTÉTICOS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. COLISÃO ENTRE
A MOTOCICLETA DO AUTOR E O VEÍCULO CONDUZIDO PELO RÉU. PARCIAL
PROCEDÊNCIA NA ORIGEM.
PLEITO DE CONCESSÃO DA JUSTIÇA GRATUITA. RÉU CITADA POR EDITAL.
RECURSO INTERPOSTO POR CURADOR ESPECIAL NOMEADO NOS AUTOS.
SITUAÇÃO QUE ENSEJA APENAS A DISPENSA DO PREPARO, MAS QUE NÃO É
SUFICIENTE, POR SI SÓ, A COMPROVAR A HIPOSSUFICIÊNCIA DA PARTE.
INEXISTÊNCIA DE PROVA DOCUMENTAL APTA A DEMONSTRAR A CARÊNCIA
ECONÔMICA DO REQUERIDO. BENESSE NEGADA. RECURSO, CONTUDO,
CONHECIDO, AINDA QUE DIANTE DA AUSÊNCIA DE PREPARO.
MÉRITO.
CONDUTA CULPOSA. RECLAMO DO RÉU. AVENTADA INEXISTÊNCIA DE CULPA
PELO SINISTRO. TESE AFASTADA. BOLETIM DE OCORRÊNCIA, ELABORADO
POR AUTORIDADE POLICIAL, QUE INDICA A INVASÃO, PELO DEMANDADO, DA
PISTA EM QUE TRAFEGAVA O DEMANDANTE. RÉU QUE, BUSCANDO DESVIAR
78

DAS OBRAS QUE ESTAVAM SENDO REALIZADAS NA VIA, DEIXOU DE


OBSERVAR AS NORMAS DE TRÂNSITO PARA REALIZAR A MANOBRA
DESEJADA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO ACERCA DE EVENTUAL
CONTRIBUIÇÃO DO AUTOR PARA O EVENTO DANOSO. PRESUNÇÃO RELATIVA
DE VERACIDADE E LEGITIMIDADE DO REGISTRO POLICIAL NÃO DERRUÍDA.
REQUERIDO QUE NÃO LOGROU ÊXITO EM DEMONSTRAR A EXISTÊNCIA DE
FATO IMPEDITIVO, MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DO AUTOR, NOS
TERMOS DO ART. 373, II, DO CPC. REQUISITOS CARACTERIZADORES DA
RESPONSABILIDADE CIVIL DEVIDAMENTE DEMONSTRADOS.
DANOS. INSURGÊNCIA DO DEMANDADO. ALEGADA AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO ACERCA DOS DANOS MORAIS, ESTÉTICOS E MATERIAIS
SOFRIDOS. NÃO CABIMENTO. PREJUÍZO PATRIMONIAL DEVIDAMENTE
CORROBORADO POR PROVA DOCUMENTAL. CARÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO
ESPECÍFICA QUE PUDESSE REVELAR EVENTUAL DESCOMPASSO DO
ORÇAMENTO COM A REALIDADE DO SINISTRO. INEXISTÊNCIA DE QUALQUER
FUNDAMENTO APTO A AFASTAR A IDONEIDADE DA PROVA TRAZIDA PELO
AUTOR. DANOS MORAIS E ESTÉTICOS TAMBÉM DEMONSTRADOS. LAUDO
PERICIAL QUE ATESTA OFENSA RELEVANTE CAPAZ DE CARACTERIZAR O
DANO DE CUNHO ESTÉTICO, BEM COMO O ABALO ANÍMICO
SOFRIDO. COMPENSAÇÃO DEVIDA.
VERBAS COMPENSATÓRIAS. INCONFORMISMO COMUM. ENQUANTO O
AUTOR PLEITEIA A MAJORAÇÃO DAS QUANTIAS, O RÉU REQUER A
MINORAÇÃO DESTAS. SUBSISTÊNCIA DA PRETENSÃO DO REQUERIDO.
NECESSIDADE DE FIXAÇÃO EM ATENÇÃO AO PRINCÍPIO DA
PROPORCIONALIDADE E AOS CRITÉRIOS COMPENSATÓRIO,
SANCIONATÓRIO E PEDAGÓGICO. REDUÇÃO QUE SE IMPÕE.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DO CURADOR ESPECIAL. INSURGÊNCIA DO
ADVOGADO DATIVO NO TOCANTE À REMUNERAÇÃO FIXADA EM SEU FAVOR.
PRETENDIDA A MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA ESTABELECIDA, A FIM DE
QUE SEJA AFASTADO O ARBITRAMENTO COM FULCRO NA LEI N. 155/97, PARA
QUE O MONTANTE SEJA FIXADO COM BASE NO ART. 22, § 1º, DO ESTATUTO
DA OAB. PARCIAL ACOLHIMENTO. DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DA LEGISLAÇÃO UTILIZADA PELA MAGISTRADA DE
ORIGEM. TABELA DE VALORES DA OAB/SC, CONTUDO, UTILIZADA COMO
PARÂMETRO NORTEADOR, E NÃO VINCULATIVO. TRABALHO QUE DEVE SER
REMUNERADO DE MANEIRA ADEQUADA ÀS PECULIARIDADES DO CASO
CONCRETO. EM OBSERVÂNCIA DOS PARÂMETROS ESTABELECIDOS PELO
ART. 85, §§ 2º E 8º, DO ESTATUTO PROCESSUAL. MAJORAÇÃO QUE SE IMPÕE.
SENTENÇA REFORMADA A FIM DE MINORAR AS QUANTIAS FIXADAS A TÍTULO
DE DANOS MORAIS E ESTÉTICOS E, AINDA, MAJORAR OS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS ARBITRADOS EM FAVOR DO CURADOR ESPECIAL.
HONORÁRIOS RECURSAIS INCABÍVEIS.
RECURSO DO RÉU CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO
ADESIVO DO AUTOR CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0035205-60.2005.8.24.0038, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Osmar Nunes Júnior, Sétima Câmara de Direito Civil, j. 12-08-2021).

14. Ementa dos autos 0300974-18.2016.8.24.0047


79

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ACIDENTE DE TRÂNSITO.


SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. PRETENSÃO DE CONDENAÇÃO DA
PARTE DEMANDADA AO PAGAMENTO DE PENSÃO VITALÍCIA, DANOS
ESTÉTICOS E REEMBOLSO DAS CUSTAS PROCESSUAIS NÃO ACOLHIDA.
DANOS MATERIAIS FIXADOS EM QUANTIA INFERIOR A POSTULADA NA
EXORDIAL.
RECURSO DA PARTE DEMANDADA. PLEITO OBJETIVANDO O AFASTAMENTO
DA SUA CULPA PELO SINISTRO, OU O RECONHECIMENTO DA
CULPA CONCORRENTE DO MOTORISTA DA PARTE AUTORA. DESCABIMENTO.
BOLETIM DE OCORRÊNCIA QUE SE AFIGURA SUFICIENTE PARA
DEMONSTRAR A CULPA EXCLUSIVA DO REQUERIDO PELO SINISTRO.
PRESUNÇÃO JURIS TANTUM DE VERACIDADE NÃO DERRUÍDA. MANOBRA DE
CONVERSÃO À ESQUERDA COM CRUZAMENTO DE PISTA SEM A DEVIDA
OBSERVÂNCIA DO FLUXO DE TRÁFEGO PELA VIA PREFERENCIAL.
DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE SOBRECAUTELA. EXEGESE DOS ARTIGOS
28, 29, § 2º, 34 E 38 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. ALEGAÇÃO DE QUE
O AUTOR CONDUZIA O VEÍCULO EM ALTA VELOCIDADE E COM
OS FARÓIS APAGADOS NÃO COMPROVADA. ÔNUS QUE INCUMBIA AOS
DEMANDADOS (ART. 373, II, DO CPC). CULPA EXCLUSIVA DA PARTE
REQUERIDA EVIDENCIADA. DEVER DE INDENIZAR MANTIDO.
RECURSO DE AMBAS AS PARTES. DANO MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
PEDIDO DA PARTE AUTORA DE MAJORAÇÃO DA QUANTIA INDENIZATÓRIA
FIXADA. PLEITO DOS DEMANDADOS DE MINORAÇÃO. INSUBSISTÊNCIA.
INDENIZAÇÃO FIXADA DE ACORDO COM AS PECULIARIDADES DO CASO
CONCRETO. OBSERVÂNCIA, ADEMAIS, DOS PRINCÍPIOS DA
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE, E DO CARÁTER INIBIDOR E
PEDAGÓGICO DA REPRIMENDA. SOPESADA, AINDA, A CONDIÇÃO
FINANCEIRA DAS PARTES. QUANTUM INDENIZATÓRIO MANTIDO.
RECURSO DOS AUTORES. PEDIDO DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA
JUSTIÇA GRATUITA. INSUBSISTÊNCIA. CARÊNCIA DE ELEMENTOS
INDICATIVOS DA INCAPACIDADE FINANCEIRA. GRATUIDADE INDEFERIDA.
DEFERIMENTO, CONTUDO, DE ISENÇÃO DO PAGAMENTO DAS CUSTAS
DE PREPARO RECURSAL. MEDIDA QUE VISA GARANTIR A EFETIVIDADE DA
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL E IMPRIMIR CELERIDADE AO TRÂMITE
PROCESSUAL.
DANOS MATERIAIS. PRETENSÃO DE CONDENAÇÃO DA PARTE DEMANDADA
AO PAGAMENTO DO VALOR DO VEÍCULO NA TABELA FIPE, ACRESCIDO DOS
IMPOSTOS E TAXAS EM ATRASO, BEM COMO DO VALOR DO SEU
FINANCIAMENTO JUNTO AO BANCO, CUJO PAGAMENTO ENCONTRA-SE
PENDENTE DE PAGAMENTO. ALEGAÇÃO DE QUE O VEÍCULO TEVE PERDA
TOTAL. INSUBSISTÊNCIA. BOLETIM DE OCORRÊNCIA QUE ATESTOU A
EXISTÊNCIA DE DANOS DE PEQUENA MONTA NO VEÍCULO. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DA EXTENSÃO DOS GASTOS NECESSÁRIOS PARA O SEU
CONSERTO. DESPESAS COM IMPOSTOS, TAXAS E FINANCIAMENTO DO
VEÍCULO QUE NÃO GUARDAM RELAÇÃO COM O SINISTRO.
RESPONSABILIDADE, ADEMAIS, PELO PAGAMENTO DOS REFERIDOS
DÉBITOS QUE PERTENCEM AO PROPRIETÁRIO DO BEM. PRETENSÃO
INDENIZATÓRIA NÃO ACOLHIDA.
PLEITO OBJETIVANDO A CONCESSÃO DE PENSIONAMENTO MENSAL
VITALÍCIO. INSUBSISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA
80

INCAPACIDADE LABORATIVA DO AUTOR. ÔNUS QUE LHE INCUMBIA POR


FORÇA DO DISPOSTO NO ARTIGO 373. II, DO CPC.
PEDIDO DE CONDENAÇÃO A TÍTULO DE DANO ESTÉTICO. DESCABIMENTO.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE MODIFICAÇÃO DE
CARÁTER PERMANENTE NA ESTRUTURA FÍSICA DOS AUTORES. DEVER DE
INDENIZAR NÇAO RECONHECIDO.
DESPESAS MÉDICAS FUTURAS. INEXISTÊNCIA DE EFETIVA COMPROVAÇÃO
DA NECESSIDADE DE GASTOS MÉDICOS FUTUROS. IMPOSSIBILIDADE DE
RELEGAÇÃO À FASE DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. DEVER DE INDENIZAR
NÃO CONFIGURADO.
HONORÁRIOS RECURSAIS. MAJORAÇÃO DA VERBA HONORÁRIA, EX VI DO
ART. 85, §11, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
RECURSO DA PARTE DEMANDADA CONHECIDO E DESPROVIDO. RECURSO
DOS AUTORES CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0300974-18.2016.8.24.0047, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Denise Volpato, Sexta Câmara de Direito Civil, j. 10-08-2021).

15. Ementa dos autos 0803309-78.2013.8.24.0007

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA DE DANOS MORAIS E MATERIAIS.


ACIDENTE DE TRÂNSITO. DENUNCIAÇÃO DA LIDE À SEGURADORA. AÇÃO
PRINCIPAL JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. PENSIONAMENTO
MENSAL VITALÍCIO NÃO ACOLHIDO. LIDE SECUNDÁRIA JULGADA
PROCEDENTE.
RECURSO DA REQUERIDA. PLEITO OBJETIVANDO O AFASTAMENTO DA
CULPA DO SEU PREPOSTO PELO SINISTRO, OU, ALTERNATIVAMENTE, O
RECONHECIMENTO DA CONCORRÊNCIA DE CULPAS ANTE O EXCESSO DE
VELOCIDADE IMPRIMIDO PELO AUTOR E A ALEGADA REALIZAÇÃO DE
MANOBRAS IMPRUDENTES. DESCABIMENTO. CONJUNTO PROBATÓRIO QUE
SE AFIGURA SUFICIENTE PARA DEMONSTRAR A CULPA EXCLUSIVA DO
CONDUTOR DA PARTE REQUERIDA. MANOBRA DE TROCA DE PISTA
(DESLOCAMENTO LATERAL) SEM OBSERVÂNCIA DO FLUXO DE VEÍCULOS.
DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE SOBRECAUTELA. EXEGESE DOS ARTIGOS
28, 29, § 2º, 34, 35, PARÁGRAFO ÚNICO DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO.
PREPONDERÂNCIA SOBRE EVENTUAL EXCESSO DE VELOCIDADE. CULPA
EXCLUSIVA DO CONDUTOR DA PARTE REQUERIDA EVIDENCIADA. DEVER DE
INDENIZAR MANTIDO.
PLEITO DE AFASTAMENTO DA CONDENAÇÃO POR DANOS MORAIS.
INSUBSISTÊNCIA. OFENSA À INTEGRIDADE FÍSICA E PSÍQUICA DO AUTOR
DEMONSTRADA. ABALO MORAL CONFIGURADO. INDENIZAÇÃO DEVIDA.
PEDIDO DE AFASTAMENTO DA CONDENAÇÃO A TÍTULO DE DANO ESTÉTICO.
DESCABIMENTO. MODIFICAÇÃO DE CARÁTER PERMANENTE NA ESTRUTURA
FÍSICA DO AUTOR (CICATRIZES NA PERNA E MARCHA CLAUDICANTE).
OFENSA À INTEGRIDADE FÍSICA BEM DEMONSTRADA. DEVER DE INDENIZAR
MANTIDO.
INSURGÊNCIA CONTRA A CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DE DANOS
MATERIAIS. INSUBSISTÊNCIA. DESPESAS DECORRENTES DO TRATAMENTO
DAS SEQUELAS DO SINISTRO DEMONSTRADA. POSSIBILIDADE DE
81

RELEGAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO À FASE DE LIQUIDAÇÃO DE


SENTENÇA. CONDENAÇÃO MANTIDA.
REQUERIMENTO DE ADEQUAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DOS ÔNUS
SUCUMBENCIAIS. INSUBSISTÊNCIA. AUTOR QUE DECAÍU DE PARTE MÍNIMA
DOS SEUS PEDIDOS. APLICABILIDADE DO DISPOSTO NO PARAGRÁFO ÚNICO
DO ARTIGO 86 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. MANUTENÇÃO DA
CONDENAÇÃO DA PARTE DEMANDADA AO PAGAMENTO INTEGRAL DOS
ÔNUS SUCUMBENCIAIS.
RECURSO DE AMBAS AS PARTES. DANOS MORAIS E
ESTÉTICOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO. PEDIDO DO AUTOR DE MAJORAÇÃO
E PLEITO DA PARTE REQUERIDA DE MINORAÇÃO DAS VERBAS
INDENIZATÓRIAS FIXADAS. INSUBSISTÊNCIA. INDENIZAÇÕES FIXADAS DE
ACORDO COM AS PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. OBSERVÂNCIA,
ADEMAIS, DOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE, E
DO CARÁTER INIBIDOR E PEDAGÓGICO DA REPRIMENDA. SOPESADA, AINDA,
A CONDIÇÃO FINANCEIRA DAS
PARTES. QUANTUM INDENIZATÓRIO MANTIDO.
RECURSO DA AUTORA. PRETENSÃO DE CONDENAÇÃO DA DEMANDADA AO
PAGAMENTO DE PENSIONAMENTO MENSAL VITALÍCIO.
INSUBSISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE INAPTIDÃO LABORAL PLENA ATESTADA POR
MEIO DE PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL. REQUERENTE, ADEMAIS, QUE SE
ENCONTRA EM PLENO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE LABORATIVA.
PENSIONAMENTO MENSAL AFASTADO.
PEDIDO DE MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE
SUCUMBÊNCIA. SUBSISTÊNCIA. SERVIÇOS PRESTADOS COM EFICIÊNCIA E
PRESTEZA PELO CAUSÍDICO DO REQUERENTE. NECESSIDADE DE
VALORIZAÇÃO DO TRABALHO DO ADVOGADO. OBSERVÂNCIA, ADEMAIS,
DOS HONORÁRIOS RECURSAIS (85, § 11, DO CPC). VERBA MAJORADA.
RECURSO DA REQUERIDA CONHECIDO E DESPROVIDO. RECURSO DO AUTOR
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0803309-78.2013.8.24.0007, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Denise Volpato, Sexta Câmara de Direito Civil, j. 10-08-2021).

16. Ementa dos autos 0301218-91.2014.8.24.0054

APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO


INDENIZATÓRIA DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRÂNSITO. SENTENÇA DE
PARCIAL PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DE AMBAS AS PARTES LIMITADA AOS
DANOS CONSEQUENTES DO ACIDENTE.
PRELIMINAR ARGUIDA EM CONTRARRAZÕES PELO RÉU. ALEGADA OFENSA
AO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. NÃO ACOLHIMENTO. FUNDAMENTOS DE
FATO E DE DIREITO DEVIDAMENTE PRESENTES NO RECURSO DA AUTORA.
OBJEÇÃO SUFICIENTE AOS TERMOS DA SENTENÇA. INTELIGÊNCIA DO ART.
1.010, II, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. PREFACIAL AFASTADA.
RECURSO DA AUTORA. PEDIDO DE INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS
MATERIAIS, EM RAZÃO DOS PREJUÍZOS SOFRIDOS QUANDO DA PERDA
TOTAL DO AUTOMÓVEL. NÃO ACOLHIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVAS DOS
VALORES DESPENDIDOS PELA VÍTIMA. ARBITRAMENTO INVIÁVEL.
INDEFERIMENTO MANTIDO.
82

RECURSO DO RÉU. 1 PRETENSO AFASTAMENTO DO DANO ESTÉTICO.


INSUBSISTÊNCIA. CICATRIZES ESPALHADAS PELO CORPO DA AUTORA DE
ACORDO COM O LAUDO PERICIAL. ABALO ESTÉTICO INDENIZÁVEL.
SENTENÇA MANTIDA. 2 PRETENSÃO DE DEDUÇÃO DO SEGURO
OBRIGATÓRIO (DPVAT). SUBSISTÊNCIA. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA
SÚMULA 246 DO STJ, INDEPENDENTEMENTE DA COMPROVAÇÃO DE
RECEBIMENTO PELA VÍTIMA OU ATÉ MESMO DE REQUERIMENTO NESSE
TOCANTE. AVERIGUAÇÃO DE EVENTUAL PAGAMENTO EM SEDE DE
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. PRECEDENTES DESTA CORTE ESTADUAL E DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RECURSO PROVIDO NO PONTO.
INSURGÊNCIA EM COMUM DAS PARTES. QUANTUM
INDENIZATÓRIO. PRETENSÃO DE MAJORAÇÃO/REDUÇÃO DOS VALORES
(MORAL E ESTÉTICO). OBSERVÂNCIA DO CARÁTER PEDAGÓGICO E INIBIDOR
AO CAUSADOR DO DANO E COMPENSATÓRIO A VÍTIMA, SEM, CONTUDO,
CAUSAR-LHE ENRIQUECIMENTO INDEVIDO. ATENÇÃO AINDA AOS PRINCÍPIOS
DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. IMPORTE ESTABELECIDO NA
ORIGEM ADEQUADO AO CASO.
RECURSO DE APELAÇÃO DA AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO, COM A
FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS RECURSAIS. RECURSO ADESIVO DO RÉU
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0301218-91.2014.8.24.0054, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Rubens Schulz, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 05-08-2021).
83

ANEXO B – EMENTAS DOS AUTOS ANALISADOS POR DANOS MATERIAIS

1. Ementa autos 0002246-76.2018.8.24.0039

APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.


ACIDENTE DE TRÂNSITO. INCÊNDIO. PERDA TOTAL DO VEÍCULO. RECUSA AO
PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA. AÇÃO PROMOVIDA
PELO SEGURADO. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DE
AMBAS AS PARTES.
RECURSO DA SEGURADORA. PRETENSÃO À LIMITAÇÃO DO VALOR DA
CONDENAÇÃO. ALEGAÇÃO DE QUE A COBERTURA QUE É DEVIDA AO
SEGURADO (CASCO) NÃO SE CONFUNDE COM A COBERTURA QUE É DEVIDA
AO TERCEIRO (DANOS MATERIAIS). ARGUMENTO NÃO SUSCITADO EM
PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOVAÇÃO RECURSAL EVIDENCIADA. APELO NÃO
CONHECIDO NO PONTO.
PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA POR CERCEAMENTO DE DEFESA.
JULGAMENTO ANTECIPADO QUE TERIA OBSTADO A PRODUÇÃO DE PROVA
PERICIAL INDIRETA QUE CORROBORARIA O LAUDO TÉCNICO APRESENTADO
PELA RÉ. INOCUIDADE DA PROVA TÉCNICA PARA DIRIMIR A CONTENDA.
AUSÊNCIA DE VÍCIO. NULIDADE AFASTADA.
MÉRITO. MÁ VALORAÇÃO DAS PROVAS DOCUMENTAIS. JUÍZO DE ORIGEM
QUE TERIA ACOLHIDO INTEGRALMENTE O LAUDO TÉCNICO APRESENTADO
PELO AUTOR, SEM APRECIAR O PARECER TÉCNICO ACOSTADO AOS AUTOS
PELA SEGURADORA RÉ. INACOLHIMENTO. ACERVO PROBATÓRIO
CONSTANTE NOS AUTOS SUFICIENTES A DEMONSTRAR O NEXO DE
CAUSALIDADE ENTRE A COLISÃO E OS DANOS SUPORTADOS PELO
AUTOR, OU SEJA, QUE A COLISÃO ENTRE OS VEÍCULOS OCASIONOU O FOCO
DE INCÊNDIO, E AUSENTE PROVA CABAL DE QUE O SEGURADO ATUOU COM
MÁ-FÉ, OU MESMO DE QUE AGRAVOU O RISCO. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO ADESIVO DO AUTOR. PRETENSÃO VISANDO AFASTAR A
DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS. ACOLHIMENTO.
REDISTRIBUIÇÃO PROPORCIONAL. AUTOR QUE SUCUMBIU EM PARTE DE
SEUS REQUERIMENTOS. DISTRIBUIÇÃO PROPORCIONAL DAS CUSTAS E
HONORÁRIOS QUE SE IMPÕE.
RECURSO DA RÉ PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA EXTENSÃO,
DESPROVIDO.
RECURSO ADESIVO DO AUTOR CONHECIDO E PROVIDO.
HONORÁRIOS RECURSAIS FIXADOS EM PROL DO CAUSÍDICO DO AUTOR.
(TJSC, Apelação n. 0002246-76.2018.8.24.0039, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. José Agenor de Aragão, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 30-09-2021).

2. Ementa autos 0302717-19.2018.8.24.0039

APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS.


ACIDENTE DE TRÂNSITO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA.
84

INSURGÊNCIA DA SEGURADORA.
PRETENDIDA A UTILIZAÇÃO DA COBERTURA POR DANOS CORPORAIS PARA
PAGAMENTO DA PENSÃO E DAS DESPESAS MÉDICAS. INVIABILIDADE.
VALORES DISPENDIDOS QUE POSSUEM NATUREZA PATRIMONIAL.
ENQUADRAMENTO NA COBERTURA POR DANOS MATERIAIS ACERTADA.
ALEGADA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INSUBSISTÊNCIA.
ENTENDIMENTO CONSOLIDADO PELA SÚMULA N. 537 DO STJ.
JUROS DE MORA. PRETENDIDO O AFASTAMENTO DA INCIDÊNCIA DOS JUROS
MORATÓRIOS SOBRE O CAPITAL SEGURADO. INACOLHIMENTO.
CONSECTÁRIO LEGAL QUE DEVE SER COMPUTADO DESDE A CITAÇÃO DA
LITISDENUNCIADA. PRECEDENTES DO STJ E DESTE TRIBUNAL.
INSURGÊNCIA DO REQUERENTE
PENSÃO MENSAL VITALÍCIA. PRETENDIDA A MAJORAÇÃO. INACOLHIMENTO.
INCAPACIDADE PARCIAL E PERMANENTE PARA O LABOR HABITUAL.
PENSIONAMENTO DEVIDO PROPORCIONALMENTE À DEPRECIAÇÃO
IMPINGIDA À LABUTA. ART. 950 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
PERCENTUAL DEVIDAMENTE ESTABELECIDO NA SENTENÇA, QUE DEVERA
INCIDIR SOBRE O SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE Á ÉPOCA DOS FATOS.
DANOS MORAIS. PLEITO DE MAJORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO EM
RAZÃO DO DANOS SOFRIDOS EM DECORRÊNCIA DO ACIDENTE SOFRIDO.
MANUTENÇÃO. IMPORTÂNCIA ARBITRADA EM R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS)
QUE SE MOSTRA EM CONSONÂNCIA COM OS PRECEDENTES
JURISPRUDENCIAIS E OS DANOS SOFRIDOS.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PLEITO DE MAJORAÇÃO. INACOLHIMENTO.
FIXAÇÃO EM CONSONÂNCIA COM O TRABALHO DESENVOLVIDO.
HONORÁRIOS RECURSAIS. EXEGESE DO ART. 85, §11, DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. EXIGIBILIDADE SUSPENSA EM RELAÇÃO AO AUTOR A TEOR
DO ART. 98, §3º DO CPC.
RECURSOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS.
(TJSC, Apelação n. 0302717-19.2018.8.24.0039, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. José Agenor de Aragão, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 30-09-2021).

3. Ementa autos 0300713-47.2017.8.24.0070

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, MATERIAIS,


ESTÉTICOS E PENSÃO MENSAL. ACIDENTE DE TRÂNSITO ENVOLVENDO
MOTOCICLETA E VEÍCULO. INVASÃO DE CONTRAMÃO DE DIREÇÃO PELO RÉU.
SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO DO RÉU.
AUTOR QUE TERIA INVADIDO SUA MÃO DE DIREÇÃO E INTERCEPTADO A SUA
TRAJETÓRIA. REJEIÇÃO. BOLETIM DE OCORRÊNCIA QUE APONTOU CULPA
DO VEÍCULO CONDUZIDO PELO RÉU. CROQUI INDICANDO QUE A COLISÃO
OCORREU NA MÃO DE DIREÇÃO DO AUTOR. TESTEMUNHO DO POLICIAL QUE
ATENDEU À OCORRÊNCIA NESSE EXATO SENTIDO, COM REFERÊNCIA AOS
VESTÍGIOS EXISTENTES NO LOCAL. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE NÃO
DERRUÍDA. CULPA DO RÉU CONFIRMADA.
DANOS MATERIAIS COMPROVADOS. ORÇAMENTOS INDICANDO VALORES
NECESSÁRIOS AO CONSERTO DA MOTOCICLETA.
85

PENSÃO MENSAL. IMPUGNAÇÃO GENÉRICA E RESTRITA À PROVA DOS


RENDIMENTOS. CÓPIA DA CTPS DO AUTOR QUE REVELA O ÚLTIMO SALÁRIO
RECEBIDO. INCIDÊNCIA DO DISPOSTO NO ART. 950 DO CC.
DANOS MORAIS CONFIGURADOS. LESÕES DECORRENTES DO ACIDENTE QUE
RESULTARAM EM QUADRO DE TETRAPLEGIA. MONTANTE FIXADO,
ENTRETANTO, EXCESSIVO. REDUÇÃO QUE MELHOR SE ADEQUA ÀS
PARTICULARIDADES DA CAUSA.
DANOS ESTÉTICOS. FUNDAMENTOS DA SENTENÇA NÃO IMPUGNADOS.
FALTA DE DIALETICIDADE. RECURSO NÃO CONHECIDO NO PARTICULAR.
ERRO MATERIAL. HONORÁRIOS. INCONGRUÊNCIA ENTRE O PERCENTUAL E
A SUA EXPRESSÃO POR EXTENSO. CORREÇÃO. VALOR NUMÉRICO
CONDIZENTE COM O ART. 85, § 2º, DO CPC E QUE MELHOR SE ADEQUA AO
CASO CONCRETO.
RECURSO EM PARTE CONHECIDO E, NA EXTENSÃO, PARCIALMENTE
PROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0300713-47.2017.8.24.0070, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Helio David Vieira Figueira dos Santos, Quarta Câmara de Direito Civil,
j. 30-09-2021).

4. Ementa autos 5001464-35.2020.8.24.0064


APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAL.
ASSOCIAÇÃO DE BENEFÍCIOS A PROPRIETÁRIOS DE VEÍCULOS
AUTOMOTORES. NEGATIVA ADMINISTRATIVA. SENTENÇA DE PARCIAL
PROCEDÊNCIA. RECURSO DA RÉ.
MÉRITO PRETENSO AFASTAMENTO DO DEVER DE INDENIZAR. ALEGAÇÃO DE
QUE NA DATA DO SINISTRO O BENEFÍCIO ESTAVA SUSPENSO DIANTE DO
ATRASO NO PAGAMENTO DA MENSALIDADE. INSUBSISTÊNCIA. ACIDENTE DE
TRÂNSITO OCORRIDO DENTRO DO PRAZO DE VALIDADE DA PROTEÇÃO
VEICULAR CONFORME PREVISTO NO BOLETO ENCAMINHADO PELA
RÉ. AUSÊNCIA DE CONSTITUIÇÃO DO ASSOCIADO EM MORA. PAGAMENTO DA
CONTRAPRESTAÇÃO QUE OCORREU NO DIA ÚTIL SUBSEQUENTE AO
TÉRMINO DO PRAZO DE VALIDADE DO BENEFÍCIO. INAPLICABILIDADE DA
LEGISLAÇÃO CONSUMERISTA QUE NÃO AFASTA O PRINCÍPIO DA BOA FÉ
OBJETIVA QUE DEVE PERMEAR OS CONTRATOS. EXEGESE DO ART. 422 DO
CÓDIGO CIVIL. SENTENÇA MANTIDA NO PONTO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ASSOCIAÇÃO QUE PRETENDE A
MODIFICAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO PARA O VALOR DA CONDENAÇÃO.
ACOLHIMENTO. ORDEM LEGAL DE PREFERÊNCIA ESTABELECIDA PELO § 2º,
DO ART. 85 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 5001464-35.2020.8.24.0064, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Rubens Schulz, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 30-09-2021).

5. Ementa autos 0300755-91.2014.8.24.0041

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, MATERIAIS E


ESTÉTICOS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. TRAJETÓRIA DE MOTOCICLETA
INTERCEPTADA POR ÔNIBUS QUE DE INOPINO INVADIU VIA PREFERENCIAL.
86

RESPONSABILIDADE CIVIL. CULPA EXCLUSIVA DO MOTORISTA DO ÔNIBUS.


EXEGESE DO ART. 38, II, DO CTB.
DANO MATERIAL. DESPESAS MÉDICAS. IMPUGNAÇÃO GENÉRICA. GASTOS
DEVIDAMENTE COMPROVADOS E CONDIZENTES COM AS LESÕES
CORPORAIS EXPRESSIVASS. AUSÊNCIA DE INDICATIVOS DE MÁ-FÉ DA PARTE
AUTORA. DEVER DE RESSARCIMENTO. EXEGESE DO ART. 927 DO CC.
DANO MORAL. MINORAÇÃO DO QUANTUM (R$ 25.000,00). IMPOSSIBILIDADE.
VERBA FIXADA EM CONSONÂNCIA COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
DA PROPORCIONALIDADE. AUTOR QUE, EM DECORRÊNCIA DO SINISTRO,
SOFREU TRAUMATISMOS MÚLTIPLOS GRAVES, COM PERIGO DE
VIDA. NECESSIDADE DE VÁRIAS CIRURGIAS (ORTOPÉDICA E ABDOMINAL).
INTERNAÇÃO PROLONGADA. AFASTAMENTO DAS ATIVIDADES LABORAIS
POR LONGO PERÍODO.
DANO ESTÉTICO. IMPOSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DO VALOR DA
INDENIZAÇÃO (R$ 10.000,00). EXISTÊNCIA DE VÁRIAS CICATRIZES (ALGUMAS
HIPERTRÓFICAS), ENCURTAMENTO DO MEMBRO INFERIOR DIREITO
(DEAMBULA COM CLAUDICAÇÃO), RESTRIÇÃO SEVERA DA MOBILIDADE DO
TORNOZELO DIREITO E RETIRADA DE ÓRGÃO (BAÇO).
TERMO INICIAL DA CORREÇÃO MONETÁRIA. DATA DO ARBITRAMENTO DA
INDENIZAÇÃO. SÚMULA Nº 362 DO STJ. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA DESDE
A DATA DO EVENTO DANOSO, POR SE TRATAR DE RESPONSABILIDADE
EXTRACONTRATUAL. SÚMULA Nº 54 DO STJ.
SENTENÇA MANTIDA. HONORÁRIOS RECURSAIS ARBITRADOS EM FAVOR DO
PROCURADOR DA PARTE RECORRIDA. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0300755-91.2014.8.24.0041, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Flavio Andre Paz de Brum, Primeira Câmara de Direito Civil, j. 30-09-
2021).

6. Ementa autos 010331-15.2020.8.24.0000

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E


MORAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRÂNSITO. RECURSO DO AUTOR.
PRETENDIDA TUTELA PROVISÓRIA ANTECIPADA PARA COMPELIR OS RÉUS
AO PAGAMENTO DE PENSÃO MENSAL PARA COBRIR OS GASTOS COM
CUIDADOR. INSUBSISTÊNCIA. FALTA DE PROVAS ATUAIS DA
INCAPACIDADE DE LOCOMOÇÃO E NECESSIDADE DE
ACOMPANHAMENTO. DOCUMENTO CONTEMPORÂNEO À DATA DO ACIDENTE
(03.10.2018). INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS ACERCA DA CONDIÇÃO DE
SAÚDE DO AGRAVANTE QUANDO DO PLEITO ANTECIPATÓRIO (20.02.2020).
PROVA INSUFICIENTE PARA RESPALDAR A MEDIDA. PRESSUPOSTOS DO ART.
300, DO CPC/15, INDEMONSTRADOS. FALTA DE PROBABILIDADE DO DIREITO.
DECISÃO MANTIDA.
"A necessidade de acompanhamento diário da vítima de acidente de trânsito por
cuidador, mormente quando passados cerca de 3 (três) anos do sinistro, é ônus
processual do postulante. - O ressarcimento das despesas médicas há ser lastreado
em documentação idônea que demonstre a necessidade da realização dos
procedimentos. - Inexistentes elementos probatórios tais, o indeferimento da
obrigação, em sede de antecipação de tutela, é imperativo, porquanto o pressuposto
87

do fumus boni juris não restou perfectibilizado, ao menos por ora." (AI n. 2012.009692-
9, rel. Des. Henry Petry Junior, j. em 22.11.2012).
HONORÁRIOS RECURSAIS. DESCABIMENTO. AUSÊNCIA DE FIXAÇÃO
DA VERBA NA ORIGEM.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJSC, Agravo de Instrumento n. 5010331-15.2020.8.24.0000, do Tribunal de Justiça
de Santa Catarina, rel. Gerson Cherem II, Primeira Câmara de Direito Civil, j. 30-09-
2021).

7. Ementa autos 0332857-26.2014.8.24.0023

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE


DE TRÂNSITO - OBRA PÚBLICA - DUPLICAÇÃO DE RODOVIA ESTADUAL -
QUEDA DE PEDRAS - INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS - PARCIAL
PROCEDÊNCIA EM 1º GRAU - RECURSO DA EMPREITEIRA - AFASTAMENTO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL - ERRO DE PROJETO BÁSICO - CULPA DE
TERCEIRO - CUMPRIMENTO DO PROJETO - EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
- DEVER DE FISCALIZAÇÃO E DE CONTROLE SOBRE A QUALIDADE DA OBRA
VIOLADOS - RESPONSABILIDADE CIVIL PATENTEADA - ALEGAÇÕES
AFASTADAS - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.
Caracteriza falha indenizável a execução de projeto rodoviário, sabidamente
equivocado - violando o dever contratual e legal de controle sobre a qualidade da obra
-, ocasionando prejuízos materiais à autora, decorrentes de detonação de pedras que
atingiram o veículo sinistrado.
(TJSC, Apelação n. 0332857-26.2014.8.24.0023, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Monteiro Rocha, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 30-09-2021).

8. Ementa autos 5001744-14.2019.8.24.0008

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - OBRIGAÇÕES - RESPONSABILIDADE


CIVIL - ACIDENTE DE TRÂNSITO - INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS -
IMPROCEDÊNCIA NO JUÍZO A QUO - INCONFORMISMO DA AUTORA -
AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL -TRANSAÇÃO EXTRAJUDICIAL -
- QUITAÇÃO PLENA, GERAL E IRRESTRITA - AUSÊNCIA DE INTERESSE
PROCESSUAL CONFIGURADA - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO -
SENTENÇA MANTIDA.
A quitação plena e geral, em instrumento particular de transação extrajudicial, é válida
e eficaz, desautorizando pretensão para complementar verba indenizatória aceita e
devidamente recebida.
(TJSC, Apelação n. 5001744-14.2019.8.24.0008, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Monteiro Rocha, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 30-09-2021).

9. Ementa autos 0300535-12.2014.8.24.0068

CIVIL - ACIDENTE DE TRÂNSITO - DANOS MATERIAIS - FRANQUIA DO SEGURO


VEICULAR - RESSARCIMENTO - NOTA FISCAL - COMPROVAÇÃO
88

Compete ao requerido o ônus de comprovar o alegado fato impeditivo, modificativo ou


extintivo do direito do autor. Não tendo logrado êxito em derruir as provas acostadas
pela parte autora, impõe-se a confirmação da procedência do pedido inaugural.
(TJSC, Apelação n. 0300535-12.2014.8.24.0068, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Luiz Cézar Medeiros, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 28-09-2021).

10. Ementa autos 0301709-36.2017.8.24.0073

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. ACIDENTE DE


TRÂNSITO. PROCEDÊNCIA DOS PLEITOS NA ORIGEM. PRELIMINAR
DE CERCEAMENTO DE DEFESA. TESE RECHAÇADA. CONJUNTO
PROBATÓRIO CONSTANTE DOS AUTOS SUFICIENTE AO DESLINDE DA
QUAESTIO. MÉRITO. CULPA DO MOTORISTA REQUERIDO PELO ACIDENTE
BEM DEMONSTRADA. DANOS MATERIAIS COMPROVADOS E QUE DEVEM SER
INDENIZADOS. POR OUTRO LADO, EXCLUSÃO DA CONDENAÇÃO POR DANO
MORAL. PESSOA JURÍDICA. AUSÊNCIA DE OFENSA À HONRA OBJETIVA DA
EMPRESA. PRECEDENTES DESTA CORTE. INDEFERIMENTO DO PLEITO DE
SUSPENSÃO DA FLUÊNCIA DOS JUROS DE MORA E DA CORREÇÃO
MONETÁRIA SOBRE A CONDENAÇÃO IMPOSTA À SEGURADORA, EM VIRTUDE
DE SUA LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. INTELIGÊNCIA DA LEI N. 6.024/1974,
COM A NOVA REDAÇÃO QUE O DECRETO-LEI N. 1.477/1976 CONFERIU AO ART.
18, 'F', DESSE DIPLOMA. DEMANDA EM FASE DE
CONHECIMENTO. ATUALIZAÇÃO DO VALOR DA COBERTURA PREVISTA NA
APÓLICE. MEDIDA DE JUSTIÇA PARA PRESERVAÇÃO DA MOEDA NO TEMPO.
TODAVIA, NÃO INCIDÊNCIA DE JUROS. ÔNUS SUCUMBENCIAL
REDISTRIBUÍDO. APELOS PARCIALMENTE PROVIDOS.
(TJSC, Apelação n. 0301709-36.2017.8.24.0073, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Maria do Rocio Luz Santa Ritta, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 28-
09-2021).

11. Ementa autos 0301077-55.2015.8.24.0113


APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS DECORRENTES DE ACIDENTE DE TRÂNSITO. SENTENÇA DE
PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DE AMBAS AS PARTES.
RECURSO DO REQUERIDO. JUSTIÇA GRATUITA. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS A
DERRUIR A VERBERADA CARÊNCIA FINANCEIRA. DEFERIMENTO DA
BENESSE.
PRETENDIDA REFORMA DA SENTENÇA AO ARGUMENTO DE QUE O ACIDENTE
OCORREU POR CULPA EXCLUSIVA DA AUTORA.
INSUBSISTÊNCIA. REQUERIDO QUE, AO EFETUAR MANOBRA DE CONVERSÃO
À ESQUERDA EM CRUZAMENTO, INTERCEPTOU A TRAJETÓRIA DA
MOTOCICLETA CONDUZIDA PELA AUTORA, QUE TRAFEGAVA PELA VIA
PREFERENCIAL. TESE DE QUE A AUTORA TERIA ACIONADO LUZ INDICADORA
DE DIREÇÃO, A APONTAR QUE REALIZARIA CONVERSÃO À DIREITA, QUE NÃO
ENCONTRA RESPALDO NOS AUTOS. IMPRUDÊNCIA DO REQUERIDO QUE
CONSTITUIU FATOR DETERMINANTE PARA A OCORRÊNCIA DO RESULTADO
DANOSO. EXEGESE DOS ARTS. 34, 36 E 44 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO
BRASILEIRO. CULPA EXCLUSIVA DO RÉU CONFIRMADA.
89

PLEITO DE AFASTAMENTO DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.


SUBSISTÊNCIA. AUTORA QUE, EM RAZÃO DO SINSITRO, SOFREU APENAS
ESCORIAÇÕES. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE QUE AS LESÕES
SOFRIDAS TENHAM IMPLICADO EM MAIORES DESDOBRAMENTOS. ABALO
MORAL INDENIZÁVEL NÃO EVIDENCIADO. PRECEDENTES DESTA CORTE DE
JUSTIÇA. SENTENÇA REFORMADA NO PONTO.
RECURSO DA AUTORA. INSURGÊNCIA QUE VISAVA EXCLUSIVAMENTE A
MAJORAÇÃO DA INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS MORAIS. APELO
PREJUDICADO.
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. PLEITO FORMULADO PELA AUTORA EM SEDE DE
CONTRARRAZÕES. DOLO PROCESSUAL DO REQUERIDO NÃO
CARACTERIZADO. INOCORRÊNCIA DE QUALQUER DAS HIPÓTESES DO
ARTIGO 80 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
SUCUMBÊNCIA. MODIFICAÇÃO DA SENTENÇA QUE IMPLICA NA REANÁLISE DA
DISTRIBUIÇÃO DO ÔNUS. CONTENDORES QUE SÃO RECIPROCAMENTE
VENCEDORES E VENCIDOS. DISTRIBUIÇÃO DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS NA
PROPORÇÃO DE GANHO E PERDA DE CADA PARTE. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS ARBITRADOS NOS TERMOS DO ART. 85, §§ 2º E 8º, DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL.
HONORÁRIOS RECURSAIS INDEVIDOS.
RECURSO DO REQUERIDO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
RECURSO DA AUTORA NÃO CONHECIDO.
(TJSC, Apelação n. 0301077-55.2015.8.24.0113, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Rosane Portella Wolff, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 23-09-2021).

12. Ementa autos 0301801-64.2014.8.24.0058

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, MORAIS E


ESTÉTICOS DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRÂNSITO. SENTENÇA DE
PARCIAL PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DO REQUERIDO. INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS. ALMEJADA MINORAÇÃO. DEMANDANTE QUE
SOFREU FRATURA EXPOSTA DE FÊMUR DIREITO, FRATURA DE CLAVÍCULA
DIREITA, FRATURAS DE ARCOS COSTAIS, LESÃO PULMONAR, TRAUMATISMO
CRÂNIO ENCEFÁLICO E LESÃO DO PLEXO BRAQUIAL DO MEMBRO SUPERIOR
ESQUERDO, SENDO SUBMETIDO À CIRURGIA, FICANDO INTERNANDO POR
SETE DIAS. ABALO MORAL INEQUÍVOCO. VALOR FIXADO NA SENTENÇA QUE
DEVE SER MANTIDO, POR ATENDER AOS CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE.MITIGAÇÃO DA INDENIZAÇÃO POR DANO ESTÉTICO.
NÃO ACOLHIMENTO. ACIDENTE QUE RESULTOU CICATRIZES EM BASE
CERVICAL EM FORMA DE “V”, OUTRA EM REGIÃO ANTERIOR DA AXILA E
OUTRA DE FORMA TRANSVERSA E INFRA MAMÁRIA COM CERCA DE 12,0 CM
DE EXTENSÃO, ALÉM DE CICATRIZ CIRÚRGICA EM FACE LATERAL DA COXA
COM CERCA DE 19,0 CM DE EXTENSÃO, TENDO O DANO ESTÉTICO
SIDO CLASSIFICADO EM GRAU CINCO. INDENIZAÇÃO ARBITRADA NA
SENTENÇA QUE ESTÁ DE ACORDO COM AS PECULIARIDADES DO CASO
VERTENTE E DEVE SER MANTIDA.PENSIONAMENTO. ALMEJADO REDUÇÃO
DA PENSÃO MENSAL AO ARGUMENTO DE QUE É PESSOA HUMILDE,
TRABALHADOR AUTÔNOMO E NÃO POSSUI RENDIMENTO FIXO, TAMPOUCO
PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO, E O VALOR FIXADO NA ORIGEM
90

ULTRAPASSA SUA POSSIBILIDADE ECONÔMICA. INSUBSISTÊNCIA. PENSÃO


ALIMENTÍCIA DECORRENTE DE ATO ILÍCITO QUE NÃO SE SUBMETE AO
BINÔMIO NECESSIDADE POSSIBILIDADE. LAUDO PERICIAL QUE REVELOU
INCAPACIDADE QUE INVIABILIZA O AUTOR DE EXERCER SUA PROFISSÃO DE
AJUDANTE DE MOTORISTA. COMPENSAÇÃO QUE DEVE CORRESPONDER À
IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PARA O QUE SE INABILITOU. EXEGESE DO ART.
950, DO CPC. HONORÁRIOS RECURSAIS DEVIDOS.RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0301801-64.2014.8.24.0058, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Rosane Portella Wolff, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 23-09-2021).

13. Ementa autos 0303488-53.2015.8.24.0022

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO


POR DANOS MATERIAIS, MORAIS E ESTÉTICOS. ACIDENTE DE TRÂNSITO.
DENUNCIAÇÃO À LIDE DA SEGURADORA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA DAS
DEMANDAS PRINCIPAL E SECUNDÁRIA. INSURGÊNCIA DAS PARTES.
ACOLHIMENTO NESTE GRAU DE JURISDIÇÃO. RECONHECIDA A
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA SEGURADORA AOS MONTANTES
INDENIZATÓRIOS NO LIMITE DA APÓLICE. ACLARATÓRIOS OPOSTOS PELA
LITISDENUNCIADA.
SUSCITADA A EXISTÊNCIA DE VÍCIO DE OMISSÃO QUANTO À COBERTURA
SECURITÁRIA. NÃO ACOLHIMENTO. REDISCUSSÃO DE MATÉRIA SOLVIDA NO
ACÓRDÃO. APÓLICE E CONDIÇÕES GERAIS DO SEGURO DEVIDAMENTE
ANALISADAS NO JULGADO. POSIÇÃO ADOTADA CONFORME ENTENDIMENTO
FIRMADO PELO STJ E ESTA CORTE. DISCORDÂNCIA DA INTERPRETAÇÃO QUE
NÃO AUTORIZA O MANEJO DO RECURSO DE PERFIL ABSOLUTAMENTE
RESTRITO ÀS HIPÓTESES DELINEADAS NA REGRA DE REGÊNCIA (CPC, ART.
1.022). INEXISTÊNCIA DE OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO, OMISSÃO OU ERRO
MATERIAL. MANIFESTA PRETENSÃO DE REDISCUSSÃO DE PONTOS
ELUCIDADOS NO ACÓRDÃO EMBARGADO.
PREQUESTIONAMENTO. DESNECESSIDADE DE O JULGADOR SE MANIFESTAR
SOBRE TODOS OS DISPOSITIVOS APONTADOS PELAS PARTES QUANDO NÃO
SE MOSTRAREM RELEVANTES PARA O DESLINDE DA CONTROVÉRSIA.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0303488-53.2015.8.24.0022, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Luiz Felipe Schuch, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 23-09-2021).

14. Ementa autos 0026458-74.2011.8.24.0018

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA.


DANOS MORAIS, MATERIAIS E ESTÉTICOS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ACERVO
PROBATÓRIO. REANÁLISE. TESES ENFRENTADAS. LEGISLAÇÃO E
JURISPRUDÊNCIA. VÍCIOS INEXISTENTES. REDISCUSSÃO DA
MATÉRIA. PRESSUPOSTOS DO ARTIGO 1.022 DO CPC. INOBSERVÂNCIA. VIA
RECURSAL IMPRÓPRIA.
EMBARGOS DECLARATÓRIOS CONHECIDOS E REJEITADOS.
91

(TJSC, Apelação n. 0026458-74.2011.8.24.0018, do Tribunal de Justiça de Santa


Catarina, rel. Diogo Pítsica, Quarta Câmara de Direito Público, j. 23-09-2021).

15. Ementa autos 0300417-19.2016.8.24.0051

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. ACIDENTE


DE TRÂNSITO. INVASÃO DE PISTA. DENUNCIAÇÃO À LIDE DA SEGURADORA.
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA DA DEMANDA PRINCIPAL E PERDA DO
OBJETO DA LIDE SECUNDÁRIA. IRRESIGNAÇÃO DA AUTORA.
CULPA DA RÉ NO EVENTO DANOSO DEVIDAMENTE COMPROVADA NOS
AUTOS. TESE INICIAL CONFIRMADA PELA PRÓPRIA DINÂMICA DOS FATOS E
PELO LOCAL DA COLISÃO. INVASÃO DE PISTA NARRADA PERANTE A
AUTORIDADE POLICIAL. DOCUMENTO SUBSCRITO PELA RÉ. FATO NÃO
IMPUGNADO NA DEFESA. CONJUNTO PROBATÓRIO QUE DEMONSTRA A
IMPRUDÊNCIA DA DEMANDADA AO REALIZAR A MANOBRA À ESQUERDA.
RESPONSABILIDADE CIVIL DA REQUERIDA DELINEADA (CC, ARTS. 186 E 927).
DECISUM REFORMADO. VEÍCULO DA AUTORA OBJETO DE SEGURO POR ELA
CONTRATADO. AVISO DE SINISTRO. CONSERTO REALIZADO MEDIANTE
PAGAMENTO DA FRANQUIA. PREJUÍZO MATERIAL DEVIDAMENTE
DEMONSTRADO. DEVER DE INDENIZAR INAFASTÁVEL. AUSÊNCIA DE PROVA
DA DEPRECIAÇÃO DO VEÍCULO SINISTRADO. AVALIAÇÃO NÃO ACOSTADA AO
FEITO. PEDIDO REPARATÓRIO NÃO ACOLHIDO NESSE ASPECTO.
INTELIGÊNCIA DO ART. 373, I, CPC. PARCIAL PROCEDÊNCIA DA AÇÃO
RECONHECIDA.
DENUNCIAÇÃO DA LIDE À SEGURADORA DO VEÍCULO DA RÉ. PROCEDÊNCIA.
CONDENAÇÃO REGRESSIVA NOS LIMITES DA APÓLICE SECURITÁRIA.
REDISTRIBUIÇÃO DOS ENCARGOS SUCUMBENCIAIS DIANTE DA ALTERAÇÃO
DO PANORAMA INICIAL. INTELIGÊNCIA DO ART. 86, CAPUT, DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO COM
OBSERVÂNCIA DOS CRITÉRIOS ESTABELECIDOS NO ART. 85, §§ 2º E 8º DO
CPC.
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0300417-19.2016.8.24.0051, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Luiz Felipe Schuch, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 23-09-2021).

16. Ementa autos 0300624-60.2015.8.24.0016

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. ACIDENTE


DE TRÂNSITO. ENGAVETAMENTO PROVOCADO PELO CONDUTOR DO
CAMINHÃO DE PROPRIEDADE DA RÉ. PRETENDIDO O REEMBOLSO DO VALOR
DA FRANQUIA DO SEGURO, DOS GASTOS COM O REPARO DA CARRETA E
LUCROS CESSANTES. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA.
IRRESIGNAÇÃO DE AMBAS AS PARTES.
RECURSO DA REQUERIDA.
COLISÃO TRASEIRA. ENGAVETAMENTO. ALEGAÇÃO DE NÃO SER ABSOLUTA
A PRESUNÇÃO DE CULPA DO CONDUTOR DO VEÍCULO QUE TRAFEGA NA
RETAGUARDA. ARGUMENTO QUE, MESMO ACOLHIDO, AFIGURA-SE
92

INSUFICIENTE PARA ALTERAR O DECISUM. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DE


TODOS OS FUNDAMENTOS APRESENTADOS NA SENTENÇA.
RESPONSABILIDADE ASSUMIDA PELA PRÓPRIA RÉ EM ACORDO
EXTRAJUDICIAL FIRMADO COM A SEGURADORA DA AUTORA. INÉRCIA DA
APELANTE QUANTO A ESTE FATO LEVADO EM CONSIDERAÇÃO PELO
MAGISTRADO SINGULAR. FALTA DE COMBATE. AFRONTA AO PRINCÍPIO DA
DIALETICIDADE. NÃO CONHECIMENTO DO RECLAMO NESSE ASPECTO.
ALEGAÇÃO DE QUE A TRANSAÇÃO ADMINISTRATIVA ENVOLVEU OS GASTOS
COM O REPARO DO CAMINHÃO E DA CARRETA. TESE RECHAÇADA. CARRETA
NÃO INCLUÍDA NO SEGURO. CONSERTO REALIZADO SEM A PARTICIPAÇÃO
DA SEGURADORA. DEVER DA REQUERIDA DE REEMBOLSAR A AUTORA PELA
DESPESA COM A REFERIDA RESTAURAÇÃO. SENTENÇA MANTIDA NO PONTO.
SUSTENTADA A FALTA DE PROVAS DOS LUCROS CESSANTES. NÃO
ACOLHIMENTO. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE DE TRANSPORTE PELA EMPRESA
AUTORA DEVIDAMENTE COMPROVADA POR MEIO DE NOTAS FISCAIS
ACOSTADAS AO FEITO. ÔNUS DO ART. 373, I, DO CPC, ATENDIDO. AUSÊNCIA
DE LUCRO NO PERÍODO EM QUE O CAMINHÃO E A CARRETA PERMANECERAM
EM OFICIAL PARA REPARO. PROCEDÊNCIA DO PLEITO PRESERVADA.
RECURSO DA AUTORA.
PRETENDIDO O REEMBOLSO DA SOMA DESPENDIDA COM A FRANQUIA.
ACOLHIMENTO. VALOR PAGO DIRETAMENTE NA OFICINA MECÂNICA E
ABATIDO DO MONTANTE SEGURADO. PREJUÍZO EFETIVAMENTE
DEMONSTRADO NOS AUTOS. DIREITO AO RESSARCIMENTO EVIDENTE.
SENTENÇA ALTERADA. TOTAL PROCEDÊNCIA DOS PLEITOS INICIAIS.
ENCARGOS SUCUMBENCIAIS. ALTERAÇÃO DO JULGADO NESTA INSTÂNCIA.
REDISTRIBUIÇÃO NECESSÁRIA. CONDENAÇÃO DA DEMANDADA AO
PAGAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS,
CONFORME O ART. 85, § 2º, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
RECURSO DA REQUERIDA CONHECIDO EM PARTE E DESPROVIDO. RECURSO
DA AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0300624-60.2015.8.24.0016, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Luiz Felipe Schuch, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 23-09-2021).

17. Ementa autos 0000412-43.2015.8.24.0039

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. ACIDENTE


DE TRÂNSITO. COLISÃO TRASEIRA DE CAMINHÃO EM TRATOR DE RODAS.
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. IRRESIGNAÇÃO DO REQUERIDO.
DEFENDIDA A PRESUNÇÃO DE CULPA DO CONDUTOR DO VEÍCULO QUE
TRAFEGAVA NA RETAGUARDA. NÃO ACOLHIMENTO. EVIDENCIADA
A RESPONSABILIDADE DO DEMANDADO PELO EVENTO DANOSO. CONDUÇÃO
DE VEÍCULO DE USO AGRÍCOLA E DE BAIXA VELOCIDADE EM RODOVIA
ESTADUAL À MARGEM DO ACOSTAMENTO (DE 70 CENTRÍMETROS)
OCUPANDO PARTE DA PISTA SIMPLES. AUSÊNCIA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA
NA VIA. SINISTRO OCORRIDO EM PERÍODO NOTURNO E DIA CHUVOSO.
VISIBILIDADE REDUZIDA. LANTERNA TRASEIRA DO TRATOR BLOQUEADA POR
CARRETA AGRÍCOLA NELE ACOPLADA. IMPRUDÊNCIA DO CONDUTOR
ACIONADO QUE DEU ENSEJO AO SINISTRO. DEVER DE INDENIZAR
EVIDENCIADO. SENTENÇA MANTIDA.
93

RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.


(TJSC, Apelação n. 0000412-43.2015.8.24.0039, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Luiz Felipe Schuch, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 23-09-2021).

18. Ementa autos 0010008-85.2013.8.24.0018

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS


CUMULADA COM PENSÃO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. EVENTO PROVOCADO
PELO CONDUTOR DO CAMINHÃO DE PROPRIEDADE DA EMPRESA
RÉ. DENUNCIAÇÃO À LIDE DA SEGURADORA. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA
LITISDENUNCIADA RECONHECIDA. PROCESSO EXTINTO NESSE ASPECTO.
SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA DA LIDE PRINCIPAL. PEDIDO DE
PENSÃO REJEITADO. IRRESIGNAÇÃO DO AUTOR.
DEFENDIDO O DIREITO AO PENSIONAMENTO. AUSÊNCIA DE PROVA ACERCA
DA DIMINUIÇÃO NA CAPACIDADE LABORAL. AUTOR TRANSFERIDO PARA
OUTRA FUNÇÃO NA EMPRESA EM QUE TRABALHA APÓS O ACIDENTE.
MOTIVO DA ALTERAÇÃO NÃO COMPROVADO. MINORAÇÃO SALARIAL,
ADEMAIS, INEXISTENTE. BASE REMUNERATÓRIA MAJORADA. PREJUÍZO
MATERIAL NÃO VERIFICADO. DEVER DE INDENIZAR AFASTADO. SENTENÇA
MANTIDA NO PONTO.
ABALO MORAL E DANOS ESTÉTICOS. PEDIDO DE MAJORAÇÃO DOS
MONTANTES INDENIZATÓRIOS. VALORES FIXADOS EM ADEQUAÇÃO
AOS PRECEDENTES E PARÂMETROS DESTA CORTE, GUARDANDO O
NECESSÁRIO CARÁTER PEDAGÓGICO E INIBIDOR AO CASO CONCRETO.
OBSERVÂNCIA DOS CRITÉRIOS DA RAZOABILIDADE
E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0010008-85.2013.8.24.0018, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Luiz Felipe Schuch, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 23-09-2021).

19. Ementa autos 0000029-59.2011.8.24.0054

DIREITO CIVIL - OBRIGAÇÕES - RESPONSABILIDADE CIVIL - ACIDENTE DE


TRÂNSITO - ENGAVETAMENTO - REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS -
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO RECONVENCIONAL EM 1º GRAU - RECURSO
DO AUTOR - CULPA DA RÉ/RECONVINTE - SUPOSTA PARADA REPENTINA -
OBSTRUÇÃO DA VIA - ALEGAÇÃO AFASTADA -
COLISÃO TRASEIRA - CULPA PRESUMIDA - DISTÂNCIA DE SEGURANÇA
DESRESPEITADA - DEVER DE INDENIZAR MANTIDO - RECURSO DESPROVIDO.
Há presunção de culpa, por imprudência, na conduta do motorista que não guarda
distância legal do veículo que trafega à sua frente, abalroando este
na traseira, importando na obrigação de arcar com os danos suportados pelo autor.
(TJSC, Apelação n. 0000029-59.2011.8.24.0054, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Monteiro Rocha, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 23-09-2021).

20. Ementa autos 0050611-48.2010.8.24.0038


94

CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS, MORAIS, ESTÉTICOS


E PENSÃO VITALÍCIA. ACIDENTE DE TRÂNSITO. SENTENÇA DE PARCIAL
PROCEDÊNCIA. INCONFORMISMO DE TODAS AS PARTES. PEDIDO DE
CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA FORMULADO NESTE
GRAU DE JURISDIÇÃO PELA SEGURADORA LITISDENUNCIADA. EMPRESA EM
LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. DIFICULDADES FINANCEIRAS CONSTATADAS.
DEFERIMENTO. ALEGAÇÃO PELO AUTOR DE CERCEAMENTO DE DEFESA POR
TER SIDO A PROVA GRAFOTÉCNICA INDEFERIDA. INACOLHIMENTO.
DESPACHO SANEADOR QUE DETERMINOU A INTIMAÇÃO PARA QUE AS
PARTES ESPECIFICASSEM AS PROVAS PRETENDIDAS. MANIFESTAÇÃO DO
AUTOR E AUSÊNCIA DE MENÇÃO À PERÍCIA GRAFOTÉCNICA. PRECLUSÃO.
AGRAVO RETIDO DESPROVIDO. AVENTADA A CARÊNCIA DE AÇÃO POR FALTA
DE INTERESSE DE AGIR EM DECORRÊNCIA DA PLENA QUITAÇÃO DADA PELO
BENEFICIÁRIO AO RÉUS. INSUBSISTÊNCIA. CURTO ESPAÇO DE TEMPO
ENTRE O ACIDENTE E O SUPORTO ACORDO. DESCONHECIMENTO DA
INTEGRALIDADE DOS DANOS. POSSIBILIDADE DE COBRANÇA
COMPLEMENTAR DA VERBA SUPOSTAMENTE RECEBIDA. PRECEDENTES DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. PRELIMINAR AFASTADA. MÉRITO. RÉU
QUE, SEM A DEVIDA ATENÇÃO, CONVERGIU À ESQUERDA E INTERCEPTOU A
TRAJETÓRIA DO AUTOR, QUE SEGUIA NA PREFERENCIAL, EM UMA
MOTOCICLETA. ALEGADA A CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA EM RAZÃO DO
EXCESSO DE VELOCIDADE E ULTRAPASSAGEM PROIBIDA.
INADMISSIBILIDADE. INVASÃO DE VIA PREFERENCIAL QUE PREPONDERA
SOBRE O EVENTUAL EXCESSO DE VELOCIDADE. NÃO DEMONSTRAÇÃO DE
NENHUMA DAS ALEGAÇÕES. PROVA TESTEMUNHAL QUE CORROBORA O A
DESCRIÇÃO DO ACIDENTE NO BOLETIM DE OCORRÊNCIA. ÔNUS QUE
COMPETIA À PARTE RÉ. DOUTRINA E PRECEDENTES DESTA CORTE. DEVER
DE INDENIZAR MANTIDO. DANOS MATERIAIS. SUFICIÊNCIA DAS PROVAS
ACERCA DAS DESPESAS MÉDICAS, BEM COMO DO NEXO DE CAUSALIDADE
ENTRE ESTAS E O ACIDENTE DE TRÂNSITO NARRADO NA INICIAL PARA
CONFIGURAR A OBRIGAÇÃO DE RESSARCIMENTO.
PENSÃO MENSAL. INCAPACIDADE PARCIAL E PERMANENTE COMPROVADA
POR MEIO DE LAUDO PERICIAL (PERDA FUNCIONAL DE 30% DO MEMBRO
INFERIOR ESQUERDO). IRRELEVÂNCIA DO EXERCÍCIO DE TRABALHO COMO
VENDEDOR. VERBA INDENIZATÓRIA QUE VISA RESSARCIR A DIMINUIÇÃO DA
CAPACIDADE PARA O TRABALHO. DIFICULDADE DO AUTOR EM EXERCER
CERTAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS. ART. 950 DO CÓDIGO CIVIL. QUANTUM
FIXADO EM 30% (TRINTA POR CENTO) DO SALÁRIO MÍNIMO QUE SE
DEMONSTRA ADEQUADO ÀS PARTICULARIDADES DO CASO. DANOS MORAIS.
ABALO PRESUMIDO EM FUNÇÃO DA DOR SOFRIDA POR OCASIÃO
DO ACIDENTE E DAS CONSEQUÊNCIAS DELE ADVINDAS (AUTOR FICOU
APROXIMADAMENTE 45 DIAS INTERNADO, ALÉM DE MESES AFASTADO DO
TRABALHO). REALIZAÇÃO DE DUAS CIRURGIAS NO FÊMUR. INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS FIXADA NA ORIGEM EM R$ 25.000,00 (VINTE E CINCO MIL
REAIS). VÍTIMA QUE SOFREU GRAVES LESÕES E FOI ACOMETIDA POR
INVALIDEZ PERMANENTE EM UM DOS MEMBROS INFERIORES (30%). QUANTIA
HARMÔNICA COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE. MONTANTE SUFICIENTE A COMPENSAR O ABALO
SOFRIDO E ALERTAR O OFENSOR A NÃO REITERAR A CONDUTA ILÍCITA.
95

INTELIGÊNCIA DO ART. 5º, X, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DOS ARTS. 186 E


927 DO CÓDIGO CIVIL. PLEITOS DE MINORAÇÃO E DE MAJORAÇÃO
AFASTADOS. DANOS ESTÉTICOS FIXADOS EM R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS).
EXISTÊNCIA DE CICATRIZES E ENCURTAMENTO DE UMA DAS PERNAS.
QUANTIA DE ACORDO COM A MAGNITUDE DO PREJUÍZO À INTEGRIDADE
FÍSICA DO AUTOR. LIDE SECUNDÁRIA. CONDENAÇÃO SOLIDÁRIA.
INCONFORMISMO DA SEGURADORA. AVENTADA A IMPOSSIBILIDADE DA
IMPOSIÇÃO CONJUNTA. TESE REPELIDA. ENTENDIMENTO PACIFICADO.
EXEGESE DA SÚMULA N. 537 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ALEGADA
NECESSIDADE DE INSCRIÇÃO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA NO QUADRO
GERAL DE CREDORES. DESCABIMENTO. PROCESSO EM FASE DE
CONHECIMENTO. PENDÊNCIA DA EFETIVA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO.
INVIABILIDADE DA HABILITAÇÃO DO CRÉDITO NO QUADRO GERAL DE
CREDORES. FLUÊNCIA DOS JUROS DE MORA SOBRE OS DANOS MATERIAIS
A PARTIR DA CITAÇÃO JÁ DETERMINADA PELA SENTENÇA. PRETENDIDA A
SUSPENSÃO DOS CONSECTÁRIOS LEGAIS PELA SEGURADORA. CORREÇÃO
MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. JUROS DE MORA. SOBRESTAMENTO A PARTIR DA
DATA DA DECRETAÇÃO DO REGIME ESPECIAL DE LIQUIDAÇÃO EFETIVADA
PELA SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS (SUSEP). INSURGÊNCIA
DA LITISDENUNCIADA ACERCA DO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS DA LIDE
SECUNDÁRIA. DENUNCIAÇÃO NÃO RESISTIDA. ÔNUS AFASTADOS.
PRECEDENTES. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS RECURSAIS. SENTENÇA
REFORMADA. APELO DA SEGURADORA CONHECIDO EM PARTE E, NESTA
EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSOS DOS RÉUS E AUTOR
DESPROVIDOS.
(TJSC, Apelação n. 0050611-48.2010.8.24.0038, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Marcus Tulio Sartorato, Terceira Câmara de Direito Civil, j. 21-09-2021).

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