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BRUNA MARTINS
Palhoça
2021
BRUNA MARTINS
Palhoça
2021
BRUNA MARTINS
______________________________________________________
Professora e orientadora Dagliê Colaço, Especialista.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof. Patrícia Ribeiro Mombach, Ma.
Universidade do Sul de Santa Catarina
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho, isentando a
Universidade do Sul de Santa Catarina, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca
Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca deste Trabalho de
Conclusão de Curso.
Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em
caso de plágio comprovado do trabalho monográfico.
____________________________________
BRUNA MARTINS
Aos meus pais dedico essa pesquisa. Todo
o amor e apoio deles tornaram as minhas
conquistas ainda mais gloriosas.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por toda a sua bondade. Por todas as bençãos que
proporcionou em minha vida e de minha família. Por fazer meu amor e minha fé se
renovarem a cada dia. Obrigada Senhor, não posso vê-lo, mas sinto sua presença o
tempo todo.
Aos meus pais, agradeço de coração por cada gota de suor derramada
para que o sonho da minha graduação se tornasse possível. Por todo amor e suporte
que me deram ao longo dessa jornada. Espero conseguir retribuir todo esse esforço
e carinho.
À minha irmã Bianca, que é a minha gêmea dez anos mais nova. Apesar
de tão pequena, foi capaz de ouvir e me curar das piores angústias que esse período
me fez passar. Eu te amo, mana.
Ao meu namorado Lucas, que traz a leveza que eu buscava ter na vida.
Obrigada por ter sido tão compreensível, por ter me apoiado e vibrado comigo. Que
essa batalha reflita de forma positiva em nosso futuro.
À minha amiga Maria Fernanda, que desde o início dessa caminhada
está ao meu lado, sendo meu oposto, mas que de certa forma me completa. Amo ser
sua dupla. As minhas parceiras Ingrid, Luana, Débora e Francine, amizades que a
graduação trouxe para minha vida e que sou muito agradecida.
Aos professores da Unisul que estiveram presentes nessa trajetória, lecionando
da melhor forma possível para os alunos, indo muito além das expectativas. Sem eles,
esse estudo não seria possível.
À minha orientadora Dagliê Colaço, que com toda paciência, lidou com a minha
ansiedade e a minha tagarelice. Quando precisei escolher alguém para me orientar,
pensei em alguém que fosse me entender. Hoje vejo que não poderia ter feito escolha
melhor.
“O futuro era um grande abismo escuro que eu só poderia
conhecer quando pulasse nele.” (STEPHENIE MEYER, 2009).
RESUMO
A presente pesquisa foi construída com base na área de Direito Civil, estritamente no
âmbito dos Direitos da Personalidade e da Responsabilidade Civil, onde foi adotado o
método de abordagem dedutivo, para que fosse realizado o embasamento teórico,
explicando o que é direito da personalidade, abordando especificamente os direitos
de personalidade civis-constitucionais, e também conceituando a responsabilidade
civil e seus pressupostos. Por fim, foram trazidas as conceituações de dano estético
e dano material e as suas violações, onde foi usado o procedimento bibliográfico e
comparativo, para que então fosse realizado o estudo principal da monografia, que
visou analisar decisões judicias do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina,
onde foram observados quais são os argumentos e fundamentos utilizados pelos
julgadores da Corte ao apreciarem demandas que versam sobre dano estético e dano
patrimonial, buscando realizar um comparativo entre a forma que são arbitradas as
indenizações para que sejam reparados tais danos, e fosse possível averiguar se
existe isonomia no julgamento entre prejuízos causados ao corpos humanos e ao
patrimônio. Assim, a pesquisa verificou a grande diferença existente nas concessões
das indenizações por danos estéticos e dano patrimonial, sendo possível observar
que a Corte Catarinense se utiliza de termos pejorativos para justificar a fixação do
quantum indenizatório para danos corporais e nos danos materiais apenas considera
que se houve dano o violador deverá indenizar.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 10
2 DIREITOS DA PERSONALIDADE ............................................................ 12
2.1 CLASSIFICAÇÃO E NATUREZA DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE12
2.1.1 Características dos direitos da personalidade ...................................... 13
2.2 DIREITOS DA PERSONALIDADE TIPIFICADOS ...................................... 15
2.2.1 Direito ao nome ........................................................................................ 15
2.2.2 Direito à honra .......................................................................................... 17
2.2.3 Direito à intimidade e à vida privada....................................................... 19
2.2.4 Direito à imagem ....................................................................................... 20
2.2.4.1 Violação ao direito de imagem ................................................................... 22
3 RESPONSABILIDADE CIVIL .................................................................... 24
3.1 PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL ................................. 26
3.1.1 Conduta humana ...................................................................................... 26
3.1.2 Culpa.......................................................................................................... 27
3.1.3 Dano........................................................................................................... 28
3.1.4 Nexo de causalidade ................................................................................ 30
3.2 DOS DANOS EM GERAL........................................................................... 30
3.2.1 Dano material ............................................................................................ 32
3.2.1.1 Defesa do direito de propriedade pelo dano material ................................. 33
3.2.1.2 A valoração do dano material ..................................................................... 34
3.2.2 Dano estético ............................................................................................ 35
3.2.2.1 Defesa do direito de personalidade pelo dano estético .............................. 35
3.2.2.2 A valoração do dano estético ..................................................................... 37
4 COMPARATIVO DOS CRITÉRIOS UTILIZADOS NAS DECISÕES
JUDICIAIS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA PARA CONCESSÃO
DAS INDENIZAÇÕES POR DANOS ESTÉTICOS E MATERIAIS ............ 39
4.1 ANÁLISE DAS DECISÕES DE DANO MATERIAL .................................... 40
4.1.1 Dos fundamentos para concessão de indenização por danos
patrimoniais .............................................................................................. 40
4.2 ANÁLISE DAS DECISÕES DE DANO ESTÉTICO .................................... 42
4.2.1 Dos fundamentos para concessão de indenização por danos estéticos
................................................................................................................... 42
4.3 A VALORAÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA SOBRE OS CORPOS .. 47
5 CONCLUSÃO ............................................................................................ 53
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 56
APÊNDICE A – LISTAGEM DE PROCESSOS ANALISADOS POR DANO
ESTÉTICO.................................................................................................. 64
APÊNDICE B – LISTAGEM DE PROCESSOS ANALISADOS POR DANOS
MATERIAIS ................................................................................................ 66
ANEXO A – EMENTAS DOS AUTOS ANALISADOS POR DANOS
ESTÉTICOS ............................................................................................... 68
ANEXO B – EMENTAS DOS AUTOS ANALISADOS POR DANOS
MATERIAIS ................................................................................................ 83
10
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo, é baseado na matéria de Direito Civil, com foco nos direitos
de personalidade e responsabilidade civil. O objetivo é averiguar se as decisões
judicias do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) nas demandas que discutem
dano estético e dano patrimonial são apreciadas de forma semelhante, observando
as fundamentações utilizadas por esses julgadores ao conceder as indenizações
pleiteadas.
Para que essa pesquisa fosse possível, foi adotado o método de abordagem
dedutivo, onde o ponto de partida da pesquisa são os aspectos gerais do tema, sendo
abordados os conceitos dos direitos da personalidade, a apresentação da
responsabilidade civil e os eventos danosos, até chegar ao comparativo proposto.
Quanto ao procedimento, foram utilizados dois métodos, o bibliográfico e o
comparativo. O bibliográfico, pois nos capítulos introdutórios foram utilizados artigos,
doutrinas e monografias para construí-los. Já o comparativo, que tem a finalidade de
verificar semelhanças e explicar diferenças, onde foi realizada a comparação das
decisões judiciais do TJSC quanto aos direitos de personalidade e aos direitos
patrimoniais, como já mencionado anteriormente, sendo utilizada a seguinte pergunta
problema: Os danos estéticos e patrimoniais são apreciados de forma igualitária no
Judiciário Catarinense?
A pesquisa é composta por cinco capítulos, sendo dividido em introdução,
desenvolvimento e conclusão. O primeiro capítulo de desenvolvimento traz o conceito
geral de direito de personalidade, trata sobre sua classificação, natureza e
características, para depois adentrar em cada tipo de direito da personalidade,
explicando minuciosamente o conceito de cada um e outros pontos pertinentes para
o embasamento da pesquisa.
O terceiro capítulo, que é o segundo de desenvolvimento, traz o conceito de
responsabilidade civil, quando há o dever de indenizar, suas excludentes, e os seus
pressupostos explicados de forma aprofundada para que se compreenda ao final
como nascem tais obrigações de compensação de danos. Seguindo este fio, é
apresentado o conceito de dano de forma geral e são apresentados os conceitos de
dano material e estético e como ocorre a violação desses direitos e como é realizada
a sua defesa nas vias judiciais.
11
2 DIREITOS DA PERSONALIDADE
valores monetários, como por exemplo, a sua própria vida ou sua integridade física.
(GAGLIANO E PAMPLONA FILHO, 2019, p. 184)
Para Bittar (2015, p. 115) essa classificação pode ser conceituada da seguinte
forma: Os direitos psíquicos relacionam-se com os sentimentos humanos, os direitos
morais seriam as qualidades do indivíduo, de acordo com os padrões sociais, e por
fim, os físicos, que seriam caracterizados pelo próprio corpo, a vida, integridade física,
partes do corpo, imagem, voz e também ao próprio cadáver.
Quanto à natureza desses direitos, estão presentes duas correntes: A
jusnaturalista e a jus positivista. A primeira, define os direitos da personalidade como
próprios da natureza humana, uma vez que o ser humano foi feito espelhado à
imagem de Deus. E a segunda, conforme o entendimento deste mesmo autor, pode
ser traduzida pela existência desses direitos porque foram reconhecidos pela
Lei/Estado, assim permitindo sua justiciabilidade. (LEITE, 2006, p. 347)
serem indisponíveis, tem sentido de que o nem mesmo se pessoa quiser, ela pode
alterar o titular de sua personalidade. (GAGLIANO E PAMPLONA FILHO, 2019, p.
194)
Em relação à intransmissibilidade e irrenunciabilidade, que são os atributos
mencionados no Código Civil, significa dizer que os titulares não podem dispor desses
direitos, seja os abandonando, renunciando, ou transmitindo a outrem. Ou seja, não
se pode usufruir de bens como a vida, a liberdade ou honra, por exemplo, de uma
outra pessoa. (GONÇALVES, 2020, p. 73)
A irrenunciabilidade traz a percepção de que não se pode abrir mão dos direitos
de personalidade. Já a intransmissibilidade, deve ser vista como a regra que limita a
possibilidade de “transmitir” esse direito. De forma excepcional, pode-se transmitir
certo domínio desses direitos, como ocorre, por exemplo no direito à imagem. O direito
de imagem possibilita a cessão, mas não de fato a sua transferência, ocorrendo isso,
devido à sua natureza. Essa cessão de direitos, ocorre por meio de contrato,
respeitando as decisões do indivíduo, sendo esse negócio jurídico interpretado
restritivamente. Caso essa vontade não seja respeitada, o violador poderá ser
penalizado criminalmente e civilmente. (GAGLIANO E PAMPLONA FILHO, 2019, p.
194-196)
Já sobre a renúncia ao direito de personalidade, implicaria diretamente na sua
inviolabilidade. Isso quer dizer que, a pessoa estaria renunciando de si própria. Esse
caso de renúncia, que ocorria na era da escravidão, onde o indivíduo abria mão de
sua liberdade para pagar dívidas, por exemplo, deixando de ser um sujeito, e
tornando-se objeto. (LÔBO, 2018, p. 142)
Por sua vez, a extrapatrimonialidade, é a falta de teor patrimonial, porém ainda
sim, é possível que exista que dentre alguns desses direitos existam manifestações
pecuniárias. Um dos maiores exemplos disso, são os direitos autorais. Sendo assim,
isso quer dizer que, em regra, os direitos da personalidade são extrapatrimoniais, mas,
podem ser em algumas situações economicamente ponderados. (GAGLIANO E
PAMPLONA FILHO, 2019, p. 194)
Por último, temos a característica da vitaliciedade. Segundo Venosa (2020, p.
176), esses direitos podem ser classificados como vitalícios, perenes ou perpétuos, já
que duram a vida inteira da pessoa e por essa razão são imprescritíveis, já que
subsistem enquanto houver a personalidade, podendo ser usufruído até após a morte.
15
Quando o sujeito nasce, ganha um nome, que será conservado por toda sua
vida, sendo a forma de individualizar o ser humano. É a maneira de reconhecer a
pessoa dentro da família e na coletividade, tendo uma grande utilidade, tanto que é
exigido para nomes de ruas, praças, cidades, entre outros. O nome também
permanece após a morte, pois depois do falecimento, o nome serve como lembrança
das pessoas a quem o indivíduo era querido, ou por sua influência na sociedade, caso
tenha tido uma atuação marcante durante a sua vida. (VENOSA, 2020, p. 195)
Na legislação, o nome não é um direito, mas sim, um dever, sendo uma
exigência para todo indivíduo a partir do nascimento. Na vida civil, o nome é uma
obrigatoriedade, uma vez que, a pessoa é identificada pelo seu nome. O Código Civil,
no art. 16, menciona que, no nome deve estar compreendido o prenome e o
sobrenome. (SCHREIBER, 2014, p. 193-194)
16
com o seu sexo anatômico. Esse caminho tem sido seguido por diversas
decisões judiciais. [...] Quanto à alteração do sexo no registro civil, os
tribunais brasileiros vêm lhe opondo alguma resistência, ao argumento de que
inexiste dispositivo legal que a autorize.
enxerga o titular. Seria a reputação social, o bom nome, o respeito que as pessoas
tem por essa pessoa, resumindo a honra objetiva refere-se a boa fama.
(BENTIVEGNA, 2020, p. 107).
Já a honra subjetiva, trata-se dos sentimentos, afeições, o julgamento que o
indivíduo faz de seu próprio ser, o decoro e o prazer de poder se utilizar de sua
dignidade, o saber que tem certo valor moral e social. (BENTIVEGNA, 2020, p. 107)
Quando ferida a honra da pessoa, que é um atributo de valor na sociedade,
essa violação reflete na opinião pública, sendo lançadas tais opiniões por diversos
meios de comunicação, como Facebook, e-mail, correspondência, entre outros. A
necessidade dessa proteção, como já mencionado, é devido à sensibilidade da
opinião da sociedade a notícias ruins sobre as pessoas, cuidando então o
ordenamento da preservação deste valor. (BITTAR, 2014, p. 203)
Por tratar-se de um grande valor social, não só a legislação civil prevê essa
proteção, como o Código Penal também apresenta delitos próprios contra a honra. A
calúnia, a difamação e a injúria são os crimes previstos para a violação desse direito.
A calúnia se caracteriza pela falsa imputação de fato criminoso ao indivíduo, também
podendo ser estendido ao morto. Já a difamação, é quando é imputado um fato
vexatório. E, por derradeiro, a injúria, pode ser praticada por meio de palavras, gestos,
expressões, que menospreze o insulte alguém. (BITTAR, 2014, p. 46)
A honra é um dos direitos da personalidade mais frágeis, porque pode ser
dilacerada por informações maldosas. Apesar de se tratar de um direito de
personalidade, o Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial 60.633-2) já
apresentou entendimento no caso de pessoas jurídicas, mas, quando tratar-se da
honra objetiva, que fere um padrão moral e não os sentimentos, como na honra
subjetiva. (LÔBO, 2018, p.163)
Todavia, esse pensamento não é pacífico na doutrina. Perlingiere (apud Matos
2005, p. 02) menciona a existência de diferentes razões de tutela, uma vez que as
pessoas jurídicas estão ligadas com os seus interesses patrimoniais e os direitos da
personalidade são caracterizados pela natureza extrapatrimonial.
Sobre o tema, Bittar (2014, p. 45) tem o seguinte entendimento:
Por fim, são eles plenamente compatíveis com pessoas jurídicas, pois, como
entes dotados de personalidade pelo ordenamento positivo (Código Civil de
2002, arts. 40, 45 e, especialmente, 52), fazem jus ao reconhecimento de
atributos intrínsecos à sua essencialidade, como, por exemplo, os direitos ao
nome, à marca, a símbolos e à honra. Nascem com o registro da pessoa
19
Percebe-se que por mais que haja previsão legal no art. 52 do Código Civil
quanto à aplicação dos direitos da personalidade no que couber às pessoas jurídicas
e entendimento dos Tribunais, os doutrinadores ainda não pacificaram a compreensão
a respeito do tema, sendo ainda alvo de bastante discussão no Direito. Entendido isto,
passa-se ao próximo tema.
O Código Civil de 2002, no art. 21, dispõe: “A vida privada da pessoa natural é
inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências
necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.” (BRASIL, 2002)
O referido dispositivo, que está em harmonia com a Carta Magna, visa proteger
a vida privada e a intimidade do indivíduo, garantindo a possibilidade de pleitear que
cesse o ato abusivo ou ilegal que viole essa garantia. Esse direito, resguarda a
possibilidade de que a pessoa não tenha intromissões na sua família, sua casa, suas
correspondências, entre outros referem-se a zona espiritual íntima da pessoa.
(GONÇALVES, 2020, p. 80)
Quando violadas essas tutelas, na esfera cível, pode-se entrar com ações de
cessação de práticas lesivas, reparação de danos morais e patrimoniais. Já no âmbito
criminal, o Código Penal prevê delitos como o de violação de domicílio, de
correspondência, comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica e a sonegação
ou destruição de correspondência, assim, como também dispõe sobre os mortos, no
caso de violação de sepultura. (BITTAR, 2015. p. 175)
Um dispositivo legal que também garante o direito à intimidade, é a Lei
13.271/2016, que visa garantir a intimidade das mulheres dentro da empresa em que
trabalham, em órgão públicos, inclusive em ambientes prisionais, visto que essa
legislação veda a revista íntima, e caso ocorra, a previsão é a pena de multa, que será
dedicada aos órgãos de proteção à mulher. (LÔBO, 2018, p. 152)
Com o desenvolvimento tecnológico, os atentados à intimidade aumentaram. A
mídia sensacionalista, passou a trabalhar em cima do lado imoral das pessoas.
Mediante remuneração, passaram a vazar imagens consideradas constrangedoras,
20
3 RESPONSABILIDADE CIVIL
Por sua vez, a responsabilidade civil objetiva ocorre nas situações tipificadas
por lei, sendo nesses casos específicos desnecessária a verificação de culpa.
Também denominada como teoria do risco, determina a reparação do dano por conta
do nexo de causalidade, mas não exige a comprovação de culpa, sendo o agente
obrigado a reparar. (GONÇALVES, 2020, p. 19-20)
Além de responder pela prática de seus atos, o indivíduo pode vir a responder
por ato de terceiro como determina o art. 932 do Código Civil (CC). Como por exemplo,
os pais, por seus filhos menores que estiverem sob seus cuidados, ou os curadores e
tutores pelos atos de seus pupilos. Além desse rol, o dono no animal que causar dano
(art. 932 do CC) responderá pelos danos causados, ou pode-se também responder
por fato de uma coisa inanimada (art. 937 e 938 do CC) ou por um produto colocado
no mercado de consumo, nos preceitos do Código de defesa do Consumidor – Lei
8.078/1990, sendo em todas essas hipóteses aplicadas a responsabilidade objetiva,
onde a culpa é presumida. (TARTUCE, 2019, p. 453)1
Outro aspecto importante de mencionar, é o propósito da responsabilidade civil,
ou seja, qual sua função no âmbito jurídico. De acordo com Nader (2015, p. 13), essa
finalidade pode ser listada da seguinte forma: (a) reparação; (b) prevenção de danos;
e (c) punição. A reparação visa o retorno ao que era antes do dano, voltando então a
sua integralidade, e quando não é possível esse tipo de reparação, a condenação
pecuniária. Já a prevenção de danos, seria para conscientizar quanto à prática lesiva
contra outrem, tentando evitar a prática de atos ilícitos. E por último, a punição, apesar
de ser uma das finalidades, ela acaba funcionando melhor no direito penal, visto que,
o dever de indenizar, muita das vezes não gera nenhum tipo de aborrecimento ao
infrator, mas sua função seria nesse intuito de gerar esse desconforto.
1 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem
sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se
acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e
prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis,
hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação,
pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos
produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta
provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele
caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
26
Ao iniciar pela conduta, pode-se dizer que um evento da natureza não geraria
responsabilidade civil, ou seja, apenas o ser humano, por atos próprios ou através de
pessoa jurídica, pode gerar essa responsabilidade. Todavia, deve haver
voluntariedade, isto é, quando o sujeito tem a liberdade e consciência de escolha ao
realizar tal ato, para que então lhe seja atribuída a responsabilidade civil. (GAGLIANO;
PAMPLONA FILHO, 2021, p. 22)
Essa conduta pode se manifestar de duas formas: positiva ou negativa. Sobre
essa classificação, Gagliano e Pamplona Filho (2021, p. 23), ensinam:
responsabilização civil do sujeito, estes que serão abordados a seguir dentro deste
capítulo.
3.1.2 Culpa
A culpa é um elemento subjetivo da conduta, visto que, para que haja a culpa,
é necessária uma ação ou omissão dolosa. Esse elemento é obrigatório para que se
tenha a caracterização da responsabilidade civil, entretanto, deve esta conduta ser
voluntária ou decorrer de negligência, imprudência ou imperícia, caso, não esteja
presente nenhum destes componentes, não há como falar em ato ilícito. (NADER,
2015, p. 105-106)
Ao falar de culpa, deve se considerar a culpa genérica ou lato sensu, que é
aquela que engloba o dolo e a culpa estrita ou stricto sensu, que toca a culpa em si.
A seguir, esses conceitos serão explicados detalhadamente.
Para dar início ao estudo da culpa genérica, cabe conceituar o dolo. O dolo é
uma violação, onde está presente à vontade/intenção do agente em causar um dano.
Porém, mesmo que essa classificação esteja no âmbito civil, não deve ser confundido
o dolo nos defeitos do negócio jurídico com o dolo na responsabilidade civil.
(TARTUCE, 2020b, p. 389)
Por sua vez, a culpa estrita, é quando o agente não possui a intenção de violar
uma norma, mas que acaba violando. Para que essa culpa seja caracterizada devem
estar presentes três principais elementos: a) conduta voluntária com resultado
involuntário; b) previsão ou previsibilidade e c) a falta de cuidado, atenção, etc. Ou
seja, a culpa se caracteriza pela vontade de praticar a conduta, mas, não pela intenção
de causar o resultado. (CAVALIERE FILHO, apud TARTUCE, 2020b, p. 390)
Além dessas, existem outras espécies de culpa que merecem ser
mencionadas. Como a culpa contratual e extracontratual. A primeira, é quando o dever
violado é decorrente de um negócio jurídico e a segunda, quando a violação é
decorrente de um dever geral da sociedade. (AMARAL, 2018, p. 646)
Ainda sobre a culpa e suas demais espécies, Amaral (2018, p. 646-647)
conceitua:
3.1.3 Dano
O dano, por sua vez, é a lesão a um bem jurídico tutelado, e diante dessa lesão,
nasce o dever de indenizar. Essa violação pode ser praticada contra um direito
patrimonial ou não. Mas, o dano possui diversas espécies, que serão tratadas a seguir.
(AMARAL, 2018, p. 649-651)
Para iniciar o estudo sobre as espécies de dano, pode-se mencionar sobre o
dano permanente e continuado. O dano será permanente quando o infrator deverá
pagar uma prestação perpétua para a vítima, como por exemplo, em um acidente de
trânsito, onde a vítima fica lesada permanentemente, sem chances de cura. E pode
ser continuado, onde o ofendido poderá passar por tratamentos e então curar-se.
Poder ser atual ou futuro. Atual quando já ocorreu e existem todas as consequências,
e futuro quando não há como evitar as consequências decorrentes do ato ilícito.
(LÔBO, 2021, p. 150)
Também pode-se classificar o dano em direto ou indireto. O dano direto é
aquele onde a vítima sofre uma lesão patrimonial ou não que decorre diretamente da
conduta do agente, sem a intervenção de dano anterior, como por exemplo, uma
cirurgia plástica por erro médico. Já o dano indireto, refere-se a um dano
anteriormente suportado pelo ofendido, onde tem-se o efeito cascata, como por
exemplo, a perda de uma chance, por via de regra. (NADER, 2015, p. 83)
29
abordado de uma outra ótica, dessa vez, como o prejuízo causado, sendo
demonstradas suas possíveis modalidades dentro da legalidade.
O dano é caracterizado por uma ofensa a um bem jurídico de outrem, a um
direito patrimonial ou extrapatrimonial, e que faz nascer o dever de indenizar. De
maneira geral, pode-se dizer que se trata de uma diminuição de um bem material ou
moral da pessoa. Já no sentido estrito, é a efetiva subtração do patrimônio de alguém.
(AMARAL, 2018, p. 649)
Importante ressaltar que, nem todo dano será passível de indenização. Existe
um limite entre o suportável e o que deve ser reparado. Existem perdas e lesões
sofridas pelo ser humano em sua vida e são comuns e devem ser sustentados pela
pessoa, visto que, não há como indenizar toda perda de chances ou oportunidades.
(LÔBO, 2021. p. 150)
Na mesma ótica, Nader (2015, p. 77), destaca: “Somente haverá dano
reparável quando ocorrer a violação de direito subjetivo de outrem. Nem toda violação,
porém, implica a produção de dano [...]”
Exposto o conceito geral de dano e as possibilidades de indenização, é
importante destacar as espécies de dano. Ao longo do tempo os danos passaram por
muitas modificações no ordenamento jurídico, passando então a serem reconhecidos
novos tipos de danos. Diante da ampliação da possibilidade de danos, pode-se
classifica-los da seguinte forma: a) danos clássicos: materiais ou morais; e b) danos
contemporâneos: estéticos, morais coletivos, sociais e perda de uma chance.
(TARTUCE, 2019, p. 469)
Com o reconhecimento desses novos danos, a tendência é que entendimento
dos Tribunais seja no sentido de cumular essas indenizações. Sobre o tema, Tartuce
(2019, p. 469) esclarece:
Sendo assim, pode-se concluir que os danos patrimoniais não competem apenas
a diminuição que ocorreu no patrimônio do indivíduo prejudicado, mas também o
provável acréscimo patrimonial que haveria acontecido caso não tivesse acontecido o
33
dano. Essa reparação vem desde o Direito Romano, e ainda hoje é utilizada nos novos
códigos. (VENOSA, 2021, p. 604)
para que volte a coisa ao real estado anterior. (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2021,
p. 32)
Por fim, acerca do tema, é importante mencionar sobre a extensão do dano. Na
legislação Civil, o art. 944 preconiza que a indenização deve ser medida pela extensão
do dano, e que, nos casos em que houver grande desproporção entre a gravidade da
culpa do agente e o dano causado, poderá o julgador, reduzir, de forma equitativa a
indenização. (BRASIL, 2002)
No caso dos danos materiais, o parágrafo único do artigo acaba fugindo um
pouco da lógica. Isso porque os danos patrimoniais são fixados justamente pela sua
extensão em si, sendo realizada de forma matemática, visto que o prejuízo
normalmente é calculado de forma objetiva. Sendo assim, essa disposição do
parágrafo único seria mais ligada aos danos morais, por exemplo. (GAGLIANO;
PAMPLONA FILHO, 2021, p. 45)
acontecido na aparência física da vítima. Mas, em teoria, a indenização não deve ser
fixada apenas quando a transformação é vista por terceiros, também pode ser
aplicada em situações que apenas o sujeito repare o dano sofrido. (SCHMIDT, 2010,
p. 39)
Sobre a fixação de indenização por dano estético, Nader (2015, p. 98)
esclarece que o justifica a indenização pelos danos estéticos não é o constrangimento
do indivíduo diante da sociedade, pois, ainda que o dano seja oculto, devem ainda
sim serem indenizados se causar sofrimento à vítima. O autor menciona também o
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, onde ficou estabelecido que as
sequelas, ainda que não visíveis e não repercutam negativamente em sua aparência,
causam sofrimento, e que não há necessidade de serem tais danos expostos a
terceiros para que sejam objetivo de indenização, devendo considerar-se a
degradação da integridade física em decorrência de ato ilícito.
Outra questão considerável a tratar, é sobre a confusão dos danos morais e
estéticos. Sobre o tema, Nader (2015, p. 98) leciona:
O dano estético não se confunde com o dano moral. É possível que o autor
do ato ilícito, com a sua conduta, provoque danos estéticos e morais na
vítima. Se estes não tiverem por fundamento o dano estético, deverão ser
objeto, também, de indenização. O que a doutrina e a jurisprudência não
admitem é a dupla indenização por uma só causa. O Superior Tribunal de
Justiça, que anteriormente não admitia a cumulação de indenizações – danos
estéticos e morais –, oriunda de um mesmo fato, passou a aceitá-la, mas
desde que as consequências possam ser identificadas separadamente. Seria
o caso da pessoa que, devido ao dano estético, foi abandonada por seu
companheiro, advindo-lhe sofrimentos morais.
Quanto à extensão do dano, nos casos de dano estético, deve haver uma
perícia médica onde seja possível mensurar a extensão do dano e a partir disso avaliar
o prejuízo como gravíssimo, grave, moderado, leve ou levíssimo e sendo então
possível determinar o valor indenizatório. Além disso, também elenca possíveis
consequências do dano que devem estar presentes para que seja configurado, como
a modificação do exterior da pessoa, alguma redução na eficiência psicofísica, na
capacidade social ou capacidade laborativa, ou ainda se houver perda de
oportunidade de trabalho ou que impeça a vítima de escolher sua profissão. (MATOS,
apud TARTUCE, 2020b, p. 489)
A reparação dos danos estéticos depende da análise do conjunto de provas,
de sua extensão e da maneira em que podem ser indenizados. Ou seja, cada caso
deve ser analisado para que então seja fixado o quantum indenizatório. (CAHALI,
2005, apud SCHIMIDT, 2009, p. 53)
Por fim, na doutrina, sobre o tema, Diniz (2004, apud GUILHERME, 2017, p.
522) diz que a medida da indenização deve ser proporcional ao dano causado pelo
infrator, e que deve o judiciário buscar repará-lo de todos os ângulos e até onde o
patrimônio daquele que praticou o dano suportar, visando a compensação justa para
vítima.
mesmo sendo uma lesão idêntica, pode gerar consequências diferentes para cada
vítima, ou seja, não há possibilidade de generalizar um tipo de lesão.
Sendo assim, aqui ficam dois ensinamentos que de certa forma divergem. A
partir disso, serão demonstrados nesta pesquisa no capítulo seguinte, como ocorre
na prática, através das decisões proferidas, a valoração do o dano estético em
contraste com o dano patrimonial, para que ao menos, fique esclarecido como
funciona a valoração do dano corporal no Estado de Santa Catarina.
39
Com isso, passa-se a análise aprofundada das decisões do TJSC, para que
seja realizado tal comparativo proposto.
Nessa análise de dano material, cabe informar que dentro dos danos materiais
serão analisados apenas os danos emergentes referentes à prejuízos de coisas
materiais, visto que o intuito do estudo é comparar de forma literal o corpo e a coisa
material. Dos 20 resultados, sendo 12 pertinentes a pesquisa, foram 08 selecionados,
os que se referem aos danos emergentes para serem abordados especificamente no
texto, os demais não foram mencionados para que a pesquisa não se tornasse
repetitiva, mas constarão em um posterior gráfico e anexo. Os demais resultados, que
eram agravos de instrumento ou embargos declaratórios em apelação cível,
constando apenas em anexo o número desses processos, já que não estudados de
forma otimizada.
de Santa Catarina, rel. Rubens Schulz, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 30-09-
2021).
Em outra ação análoga as mencionadas, houve o pleito por danos materiais em
relação ao conserto da motocicleta envolvida no acidente de trânsito, despesas
médicas e farmacêuticas. A sentença foi mantida pelos togados, onde há a
procedência dos pedidos, com fundamento de que o autor trouxe os devidos
orçamentos onde restam demonstrados os prejuízos. (TJSC, Apelação n. 0300755-
91.2014.8.24.0041, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Flavio Andre Paz de
Brum, Primeira Câmara de Direito Civil, j. 30-09-2021).
A partir dessas decisões, pode-se perceber que o conceito de responsabilidade
civil é levado ao pé da letra, ou seja, aquele que praticou o ato ilícito, que nestes casos
são os prejuízos causados dos veículos, ficam obrigados a indenizar.
Em outra decisão da corte, no processo nº 0332857-26.2014.8.24.0023, o
ônibus da parte autora foi atingido por uma pedra que deslizou do local de atividades
de uma Construtora. A ré foi condenada ao pagamento a autora referente ao
automóvel acidentado. Apesar de no segundo grau haver a discussão se haveria
responsabilidade da empresa ou não, sentença mantida com fundamento nos
precedentes da Corte e legislação civil.
Em outras demandas procedentes, 0300535-12.2014.8.24.0068, 0301709-
36.2017.8.24.0073, 0000412-43.2015.8.24.0039, bastou que fosse provado o prejuízo
e apresentados orçamentos para que houvesse a concessão da indenização.
Das decisões aqui especificamente estudadas, apenas uma foi de
improcedência e outra, se fez procedente em sede de reconvenção. Nos autos
5001744-14.2019.8.24.0008, a improcedência do pedido se deu pelo acordo realizado
entre as partes, sendo indicado pelos togados a falta de interesse processual, uma
vez que já houve o pagamento pelo prejuízo causado.
Quanto a ação onde a procedência do pedido foi em favor do reconvinte, a
apreciação se destaca das demais, pois, a análise diferente feita neste processo são
as normas de trânsito, onde versou sobre a discussão da distância de segmento e
sinalização para paradas bruscas, tendo os julgadores dando decisão favorável para
o réu, condenando o autor/reconvindo ao pagamento do prejuízo. De qualquer forma,
ainda assim, se atendo os julgadores a fundamentos básicos da responsabilidade civil.
Por derradeiro, o que pode-se concluir dessa análise das decisões de danos
materiais é que os desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado de Santa
42
Catarina fundamentam suas decisões de forma muito simples e que pode resumir-se
no preceito principal da responsabilidade civil, que aquele que pratica ato ilícito tem o
dever de indenizar, ocorrendo isso em todos os casos em que fica provado tal dano,
não havendo elementos subjetivos a serem analisados, apenas decidindo que o
infrator deve arcar com as despesas decorrentes do evento danoso.
Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Rosane Portella Wolff, Segunda Câmara
de Direito Civil, j. 23-09-2021).
Já no início da pesquisa foi possível começar a observar termos pejorativos
quando os julgadores fundamentam suas decisões para que julguem a favor do pleito
para os danos corporais.
Seguinte nessa análise, no pleito de nº 0006978-92.2009.8.24.0079, a vítima
sofreu com um quadro de artrose severa de região do médio pé esquerdo e que
reduziu em aproximadamente 5% sua capacidade funcional. Para a concessão
favorável do pedido, são trazidos novamente termos acima mencionados e agora
novos. Nas palavras dos desembargadores:
entendeu que não existem elementos que demonstrem alteração estética relevante e
que possam causar repulsa, ou vergonha da vítima de si mesmo. Também aduzem
que, o dano sofrido fora anímico, sendo passível apenas de danos morais. Ou seja,
verifica-se, novamente que, o entendimento da Corte Catarinense está indenizando
casos onde os julgadores entendem que o indivíduo ficou feio, foi humilhado ou
exposto ao ridículo, quando terceiros possam perceber sua alteração humana, não
dando devido crédito ao sentimento da pessoa que sofreu a violação em seu corpo.
Em outras decisões análogas, com autos sob o nº 0313721-92.2017.8.24.0005,
0300969-36.2019.8.24.0032, 0803309-78.8.24.007 e 0301218-91.2014.8.24.0054
também são utilizadas as mesmas expressões acima mencionadas, como:
afeiamento/enfeiamento, exposição ao ridículo, constrangimento, humilhação,
desgostante, etc. Uma outra decisão que também chama atenção é a demanda de nº
0035205-60.2005.8.24.0038, que além de mencionar o constrangimento que a vítima
sofreria, também utilizou a palavra aversão para conceituar os danos corporais.
Dentre essas decisões analisadas, a que se destacou foi a de nº 0001300-
72.2013.8.24.0074, visto que foi a ÚNICA em que o dano estético não foi analisado
com adjetivos pejorativos, considerando de forma literal que a prática do ato ilícito
gera o dever de indenizar. Essa ação, foi apenas mencionado o art. 944 do Código
Civil, onde fica determinado que a indenização se mede pela extensão do dano. De
acordo os julgadores, atentando-se com o laudo pericial, a vítima sofreu os seguintes
danos:
O autor sofreu acidente de trânsito no dia 11/03/2010, resultando em fratura
do joelho direito, membro superior esquerdo e perna esquerda. Foi operado,
sendo a fratura do joelho esquerdo fixada com placa e parafusos. A fratura
do membro superior esquerdo também foi fixada com placa e parafusos. A
fratura da tíbia foi fixada com haste bloqueada.
Exame físico
Membro superior direito:
- cicatriz cirúrgica face lateral da coxa e joelho de 20cm de extensão.
- atrofia moderada da coxa
- crepitação articular a mobilização do joelho
- flexão do joelho 120 graus e extensão completa
Membro superior esquerdo:
- cicatriz cirúrgica face volar do antebraço de 10 cm de extensão
- atrofia moderada da musculatura do antebraço
- limitação dos últimos graus de mobilidade
Membro inferior esquerdo
- cicatriz cirúrgica de haste bloqueada
- cicatriz cirúrgica face anterior da perna de 8 cm de extensão. [...]
Aversão 1
Afeiamento/Enfeiamento 5
Humilhação 2
Desgotante/Desgosto 5
Exposição ao ridículo 5
Constrangimento 4
0 1 2 3 4 5 6
E por fim, neste gráfico apresentam-se os danos quantos aos valores fixados
para as indenizações por danos materiais. A maior parte das demandas pela violação
patrimonial teve fixado valores acima de 21 mil reais, uma parcela até 10 mil e a
minoria, o valor fixado fora entre 11 à 20 mil reais. Comparando ao gráfico anterior
que mostra os dados das indenizações por danos estéticos, pode-se perceber que os
danos materiais possuem um valor mais alto de valores fixados à título de indenização
do que os danos corporais.
infinito abismo de diferenças desses direitos perante ao Estado. Todavia, não é deste
momento atual em que surgiu esse caos entre os corpos e o patrimônio.
Para iniciar o debate sobre os corpos, é pertinente mencionar Michel Foucault,
que em sua obra Vigiar e Punir, onde fala sobre os corpos. Foucault, (1975, apud
Mendes, 2006, p. 02) conceitua o corpo como uma matéria de carne, ossos, membros
e órgãos, que pode ser moldada, transformada e que sofre com o poder que compõe
as tecnologias políticas. Ainda sobre o corpo, nos ensina, o filósofo nos ensina (1987,
p. 195):
Não há dúvidas de que esta obra, Vigiar e Punir, se refere apenas as prisões e
encarceramento, pelo contrário, o domínio dos corpos ocorre em diversas áreas do
direito. Dos corpos das mulheres, dos idosos, dos trabalhadores, e nesse presente
estudo, os corpos violados.
Com isso, pode-se dizer que o Estado trabalha em razão dele próprio, criando
assim corpos obediente, que Foucault chama de corpos dóceis, isso porque, como
mencionado anteriormente nas próprias palavras do autor, é interessante para o
Estado que o corpo seja útil, funcionando como uma máquina. Os corpos que são
úteis para o capitalismo são os perfeitos, que não se opõem, não se desgastam e
trabalham incansavelmente, e que podem ser facilmente transformados. Esses são
os corpos que o Estado busca, sendo esta uma das razões para a concessão do dano
estético, onde o corpo deixa de certa forma de ser útil. E é por isso que, quando o
dano estético não é de fácil percepção e não prejudica a atividade laboral do indivíduo,
não há concessão. Como dentro da pesquisa fora demonstrado, a perda de dois
centímetros de perna, onde não comprometeu a beleza da vítima e não comprometeu
sua força laborativa, não foi considerado como dano estético pelos julgadores, sendo
o sentimento do indivíduo que teve seu corpo violado completamente ignorado,
importando apenas o olhar alheio e o funcionamento desse corpo dentro da
sociedade.
Em complemento a esse pensamento, Foucault (1987, p. 165) doutrina:
O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo
humano, que visa não unicamente o aumento de suas habilidades, nem tampouco
aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o
torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então uma
51
política das coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada
de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos. O corpo humano entra
numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe. Uma
“anatomia política”, que é também igualmente uma “mecânica do poder”, está
nascendo; ela define como se pode ter domínio sobre o corpo dos outros, não
simplesmente para que façam o que se quer, mas para que operem como se quer, com
as técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina. A disciplina fabrica assim
corpos submissos e exercitados, corpos “dóceis”. A disciplina aumenta as forças do
corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos
políticos de obediência). Em uma palavra: ela dissocia o poder do corpo; faz dele por
um lado uma “aptidão”, uma “capacidade” que ela procura aumentar; e inverte por
outro lado a energia, a potência que poderia resultar disso, e faz dela uma relação de
sujeição estrita. Se a exploração econômica separa a força e o produto do trabalho,
digamos que a coerção disciplinar estabelece no corpo o elo coercitivo entre uma
aptidão aumentada e uma dominação acentuada
Ou seja, o corpo que terá seu dano indenizado é aquele que foi constatado com
defeito, onde sua capacidade produtiva é diminuída, da mesma forma que um objeto
material tem seu valor reduzido em razão da diminuição da matéria. Em síntese, o
corpo tem utilidade econômica para o Estado, e quando essa utilidade é afetada, os
danos corporais passam a ser concedidos.
Sobre os corpos, Butler (2017, p. 100) ministra:
O sujeito não só efetivamente toma o lugar do corpo, mas também age como
a alma que enquadra e forma o corpo em cativeiro. Aqui, a função de
formação e enquadramento dessa alma exterior funciona contra o corpo; na
verdade, pode ser entendida como a sublimação do corpo em consequência
do deslocamento e da submissão. [...] Eu diria que, para o sujeito, esse
resíduo corporal sobrevive no modo de já ter sido destruído, quiçá sempre
destruído, em uma espécie de perda constitutiva. O corpo não é um lugar
onde acontece uma construção; é uma destruição em cuja ocasião o sujeito
é formado. A formação desse sujeito é o enquadramento, a subordinação e a
regulação do corpo, e o modo com essa destruição é preservada (no sentido
de sustentada e embalsamada) na normalização.
5 CONCLUSÃO
Na atualidade, o dano estético vem ganhando cada vez mais força. Há pouco
tempo, os danos corporais ainda eram apreciados dentro do gênero dos danos morais,
todavia, com a evolução dos procedimentos estéticos e da cobrança social em relação
ao belo, esse progresso refletiu no meio jurídico. Hoje, os danos estéticos possuem
autonomia para sempre apreciados pelo judiciário, podendo até mesmo serem
cumulados aos danos morais e materiais, conforme entendimento do STJ, previsto
nas súmulas 37 e 387.
Diante dessa evolução do dano estético, buscou-se nesta monografia
demonstrar como vem sendo a sua valoração dentro do judiciário brasileiro,
especificamente no Estado de Santa Catarina. Para embasar a pesquisa, foram
iniciados os estudos com os direitos da personalidade, visto que, o dano estético versa
sobre o direito de imagem, que é um direito de personalidade.
Foram expostos as características, a sua natureza, os conceitos de direitos da
personalidade de forma geral e também especificamente quando tratados de forma
individual, ao tratar do nome, honra, intimidade, vida privada e a imagem. No direito
de imagem fora mencionada a violação desse direito, a forma que ocorre, para que
fosse possível criar estruturas para o entendimento da problematização principal.
Em seguida, explicou-se o que ocorre após a violação de um direito, entrando
então no mérito do ato ilícito e a responsabilidade civil, onde foram amplamente
conceituados e explicados. Foram apresentados os pressupostos para a configuração
do dever de indenizar e as possibilidades de excludentes. Após isso, foi apresentado
o conceito de forma generalizada, e em seguida, adentrou-se estritamente nos
estudos de danos patrimoniais e danos estéticos, que são o foco para a obtenção dos
resultados da pesquisa. Nesse ponto, também foi frisada especialmente a sua
valoração de acordo com a teoria em doutrinas e artigos, para que pudesse ser
demonstrado o funcionamento na prática.
Por fim, a pesquisa-problema foi realizada. A problematização do presente
estudo consistia em fazer uma análise dos julgados do Tribunal de Justiça do Estado
de Santa Catarina que discutiam os danos materiais e os danos estéticos, para
responder o questionamento problema: Os danos estéticos e patrimoniais são
apreciados de forma igualitária no Judiciário Catarinense?
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64
"Na fixação do valor dos danos morais deve o julgador, na falta de critérios objetivos,
estabelecer o quantum indenizatório com prudência, de maneira que sejam atendidas
as peculiaridades e a repercussão econômica da reparação, devendo esta guardar
proporcionalidade com o grau de culpa e o gravame sofrido" (AC n. 0320088-
38.2014.8.24.0038, de Joinville Relator: Desembargador Luiz Cézar Medeiros, julgado
em: 28-8-2019).
RECURSO DA AUTORA. PRETENDIDA INDENIZAÇÃO POR DESPESAS MÉDICAS
FUTURAS. AUSÊNCIA DE EFETIVA COMPROVAÇÃO QUANTO AOS GASTOS
SUPERVENIENTES. INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO QUE NÃO
DESINCUMBE O CONSUMIDOR DE COMPROVAR OS FATOS CONSTITUTIVOS
DE SEU DIREITO (ART. 373, I, DO CPC).
INDENIZAÇÃO DECORRENTE DE DANO ESTÉTICO. NÃO
ACOLHIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVAS QUANTO AO EFETIVO DANO SOFRIDO
PELA AUTORA. PREJUÍZO NÃO CONFIGURADO.
RECURSO DA RÉ PARCIALMENTE PROVIDO E RECURSO DA AUTORA
DESPROVIDO.
(TJSC, Apelação n. 0304823-40.2017.8.24.0054, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. Ricardo Fontes, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 31-08-2021).
INSURGÊNCIA DA SEGURADORA.
PRETENDIDA A UTILIZAÇÃO DA COBERTURA POR DANOS CORPORAIS PARA
PAGAMENTO DA PENSÃO E DAS DESPESAS MÉDICAS. INVIABILIDADE.
VALORES DISPENDIDOS QUE POSSUEM NATUREZA PATRIMONIAL.
ENQUADRAMENTO NA COBERTURA POR DANOS MATERIAIS ACERTADA.
ALEGADA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INSUBSISTÊNCIA.
ENTENDIMENTO CONSOLIDADO PELA SÚMULA N. 537 DO STJ.
JUROS DE MORA. PRETENDIDO O AFASTAMENTO DA INCIDÊNCIA DOS JUROS
MORATÓRIOS SOBRE O CAPITAL SEGURADO. INACOLHIMENTO.
CONSECTÁRIO LEGAL QUE DEVE SER COMPUTADO DESDE A CITAÇÃO DA
LITISDENUNCIADA. PRECEDENTES DO STJ E DESTE TRIBUNAL.
INSURGÊNCIA DO REQUERENTE
PENSÃO MENSAL VITALÍCIA. PRETENDIDA A MAJORAÇÃO. INACOLHIMENTO.
INCAPACIDADE PARCIAL E PERMANENTE PARA O LABOR HABITUAL.
PENSIONAMENTO DEVIDO PROPORCIONALMENTE À DEPRECIAÇÃO
IMPINGIDA À LABUTA. ART. 950 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
PERCENTUAL DEVIDAMENTE ESTABELECIDO NA SENTENÇA, QUE DEVERA
INCIDIR SOBRE O SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE Á ÉPOCA DOS FATOS.
DANOS MORAIS. PLEITO DE MAJORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO EM
RAZÃO DO DANOS SOFRIDOS EM DECORRÊNCIA DO ACIDENTE SOFRIDO.
MANUTENÇÃO. IMPORTÂNCIA ARBITRADA EM R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS)
QUE SE MOSTRA EM CONSONÂNCIA COM OS PRECEDENTES
JURISPRUDENCIAIS E OS DANOS SOFRIDOS.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. PLEITO DE MAJORAÇÃO. INACOLHIMENTO.
FIXAÇÃO EM CONSONÂNCIA COM O TRABALHO DESENVOLVIDO.
HONORÁRIOS RECURSAIS. EXEGESE DO ART. 85, §11, DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. EXIGIBILIDADE SUSPENSA EM RELAÇÃO AO AUTOR A TEOR
DO ART. 98, §3º DO CPC.
RECURSOS CONHECIDOS E DESPROVIDOS.
(TJSC, Apelação n. 0302717-19.2018.8.24.0039, do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, rel. José Agenor de Aragão, Quarta Câmara de Direito Civil, j. 30-09-2021).
do fumus boni juris não restou perfectibilizado, ao menos por ora." (AI n. 2012.009692-
9, rel. Des. Henry Petry Junior, j. em 22.11.2012).
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de Santa Catarina, rel. Gerson Cherem II, Primeira Câmara de Direito Civil, j. 30-09-
2021).