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JUR0233_v2.0
Carolina Uzeda
EXECUÇÃO
1ª edição
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A
2021
© 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Gislaine Denisale Ferreira
Revisor
Lais Giovanetti
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
ISBN 978-65-89965-34-3
CDD 344
____________________________________________________________________________________________
Evelyn Moraes – CRB-8 SP-010289/O
2021
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
EXECUÇÃO
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 05
Defesas do devedor 06
4
Apresentação da disciplina
5
DEFESAS DO DEVEDOR
Objetivos
• Embargos à execução.
• Exceção de pré-executividade.
6
1. Embargos à execução
1.1 Cabimento
O cabimento dos embargos à execução está previsto nos arts. 914 e se-
guintes do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015) e serve, não apenas
para limitar as matérias passíveis de serem arguidas, mas, principalmen-
te, para indicar aquelas que apenas podem ser objeto da ação própria,
não podendo ser suscitadas em outras formas de defesa do devedor, res-
salvadas, claro, as hipóteses passíveis de conhecimento de ofício e em
qualquer grau de jurisdição1:
Art. 917. Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:
I - inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação;
II - penhora incorreta ou avaliação errônea;
III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução
1
PRECLUSÃO. Execução por quantia certa. “Impugnação à execução”. Alegação de crédito da executada a ser compensado
do débito exequendo. Preclusão. Tese passível de ser alegada apenas em embargos à execução, cujo prazo para oposição
transcorreu sem manifestação da executada. Matéria que não constitui questão de ordem pública, tampouco fato
superveniente ao transcurso do prazo para oposição de embargos. Decisão mantida. Recurso não provido. (TJSP; Agravo
de Instrumento 2066770-14.2018.8.26.0000; Relator(a): Tasso Duarte de Melo; Órgão Julgador: 12ª Câmara de Direito
Privado; Foro Unificado - N/A; Data do Julgamento: 07/05/2018; Data de Registro: 07/05/2018).
7
para entrega de coisa certa;
8
incompetência relativa, a incompetência do juízo era hipótese de cabi-
mento de embargos. Àquela época, porém, os embargos seriam o cami-
nho para a arguição apenas quando esta fosse a única matéria de defesa.
Havendo mais de uma matéria, a parte deveria oferecer a exceção de
incompetência e os embargos.
Com a extinção da exceção de incompetência relativa, que passou a ser
objeto de preliminar de contestação, art. 337, II, CPC (BRASIL, 2015), tanto
esta quanto a incompetência absoluta deverão ser objeto de embargos,
independentemente de serem a única matéria arguida.
Qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de
conhecimento. Por fim, o inciso VI apresenta uma categoria genérica de ca-
bimento dos embargos, permitindo que o executado se defenda de forma
ampla, apresentando tanto defesas processuais, quanto fatos extintivos,
modificativos e impeditivos do direito do autor.
Sobre o tema, Olavo de Oliveira Neto ressalta que o inciso VI se presta a
garantir o princípio constitucional da ampla defesa, dado que o sujeito
deve ter “o direito de se defender de modo amplo e mediante a utilização de
todos os meios de defesa a ele facultados por lei”2.
1.2 Procedimento
Petição inicial. A petição inicial dos embargos, a ser distribuída por depen-
dência, deve preencher todos os requisitos previstos nos arts. 319 e 320
do CPC3, além de, quando alegado excesso de execução, trazer planilha
com o valor discriminado que o devedor reputa devido4. Frise-se que, em
que pese a disposição do art. 917, §§ 3º e 4º, por certo, não juntada a
2
Comentário ao art. 917. In: Comentários ao código de processo civil – volume 3 (arts. 539 a 925). Cassio Scarpinella Bueno
(coordenador). São Paulo: Saraiva, 2017, p. 804.
3
Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união
estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o
endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o
pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade
dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. Art. 320. A
petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.
4
Art. 917. § 3º. Quando alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à do título, o embargante
declarará na petição inicial o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado de seu cálculo. § 4º.
Não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, os embargos à execução: I – serão liminarmente
rejeitados, sem resolução de mérito, se o excesso de execução for seu único fundamento; II – serão processados, se houver
outro fundamento, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de execução.
9
planilha – requisito da petição inicial, antes que o processo seja extinto,
deverá o juiz conceder prazo para regularização do vício, na forma do art.
3215, do CPC (BRASIL, 2015).
5
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos
e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a
emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não
cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
6
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. EFEITO SUSPENSIVO. ART. 919, § 1º, DO CPC/2015.
AUSÊNCIA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES. REVOLVIMENTO DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 7/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. O art. 919, § 1º, do CPC/2015 prevê que o magistrado poderá atribuir
efeito suspensivo aos embargos à execução quando presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: (a)
requerimento do embargante; (b) relevância da argumentação; (c) risco de dano grave de difícil ou incerta reparação;
e (d) garantia do juízo. 2. No caso, diante das premissas fáticas constantes no acórdão, não está demonstrado o dano
de difícil ou incerta reparação necessário à suspensão da execução, mormente considerando que eventual levantamento
do valor depositado em juízo pelo recorrente somente deve ser deferido mediante a adoção das cautelas necessárias
ao prosseguimento da execução provisória, inclusive prestação de caução, o que será analisado pelo magistrado, no
caso concreto. 3. Agravo interno não provido. (AgInt no REsp 1651168/MT, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA,
julgado em 28/03/2017, DJe 18/04/2017). No mesmo sentido, tratando também da tutela de evidência: PROCESSUAL CIVIL.
EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO. QUESTÕES RELEVANTES. AUSÊNCIA DE VALORAÇÃO.
OMISSÃO PARCIALMENTE CONFIGURADA. [...] 3. A atribuição de efeito suspensivo aos Embargos do Devedor depende
da conjugação simultânea das seguintes circunstâncias: presença dos requisitos para a concessão da tutela provisória e
garantia da execução por penhora, depósito ou caução (art. 919, § 1º, do CPC). A tutela provisória, por seu turno, pode
ser de urgência ou de evidência, e em ambos os casos a sua concessão também depende do preenchimento dos
requisitos estabelecidos em lei. [...] (REsp 1680868/PE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
22/08/2017, DJe 01/02/2018)
10
Defesa. Recebidos os embargos, o credor-embargado será intimado para
manifestar-se em 15 dias, sendo dispensável sua citação7, conforme art.
920, I, do CPC (BRASIL, 2015). No prazo ofertará a respectiva defesa, que
conterá todas as características de uma contestação, inclusive quanto a
eventuais alegações preliminares.
Findo o prazo para resposta, embora o art. 920, II, ressalte que o próximo
passo será necessariamente o julgamento do pedido ou designação de
audiência, aplica-se a regra comum, quanto às providências preliminares
e saneamento do processo, uma vez que não há qualquer obstáculo à re-
alização ampla da instrução probatória, quando for o caso.
Por isso o art. 827 do CPC ressalta que “Ao despachar a inicial, o juiz fixa-
rá, de plano, os honorários advocatícios de dez por cento, a serem pagos
pelo executado”. Considerando, ainda, a causalidade, o § 1º do mesmo
dispositivo aplica uma sanção premial, concedendo ao devedor um des-
conto de 50% do valor devido a título de honorários, sempre que pague
o valor integral do débito em 3 dias, art. 827, §1º, do CPC (BRASIL, 2015).
7
(AREsp 153.209/ES, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/08/2017, DJe 06/10/2017)
8
“É o princípio da causalidade que impõe seja o executado responsável pelos ônus da sucumbência no cumprimento de
sentença ou na execução. Com efeito, não efetuado o pagamento do crédito constante de título executivo, o devedor
mantém atividade de resistência à satisfação do crédito, causando a necessidade da propositura da ação de execução.”
DIDIER JUNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil: execução. Fredie Didier Jr., Leonardo Carneiro da Cunha, Paula
Sarno Braga, Rafael Alexandria de Oliveira – 7. ed., rev., ampl. e atual. – Salvador: Ed. Juspodivm, 2017, p. 427-428.
9
Vide: UZEDA, Carolina. Honorários arbitrados em embargos à execução e o respeito à vontade do credor quanto ao
procedimento adotado para sua efetivação. Artigo no prelo.
11
O arbitramento de honorários iniciais na execução não depende da su-
cumbência do devedor, ressaltando Eduardo de Avelar Lamy que o tra-
tamento diferenciado se justifica uma vez que relacionados aos “que
tem os seus direitos assegurados no mundo dos fatos através de atos
executivos”10.
Disso decorre que é absolutamente razoável que os honorários advoca-
tícios, nesse caso, embora arbitrados por decisão judicial, sigam necessa-
riamente o mesmo procedimento para execução do crédito principal. Eles
serão acessórios, não sujeitos à execução por meio de procedimento de
cumprimento de sentença.
Veja-se que o termo acessório, aqui, não exclui a autonomia dos hono-
rários advocatícios previstos no art. 85, § 14, com relação aos benefícios
decorrentes da sua natureza alimentar. Porém, impede a autonomia do
procedimento executivo, que deverá seguir, até o efetivo pagamento, o
mesmo caminho do débito principal.
A decisão que arbitra honorários advocatícios iniciais em execução, em
que pese preencha os requisitos do art. 515, I do CPC não pode ser consi-
derada, portanto, como título executivo judicial sujeito a cumprimento de
sentença.
Já nos embargos à execução, reconhecidamente ação de conhecimento,
os honorários arbitrados em favor do exequente/embargado, na hipótese
de improcedência total ou parcial, decorrem não apenas da causalidade,
mas, também, da sucumbência em si. São verbas autônomas, como, in-
clusive, tem decidido o STJ11. Tal autonomia, porém, como ressaltado pelo
10
LAMY, Eduardo de Avelar. A fixação de honorários sucumbenciais no cumprimento de sentença no novo CPC. In:
Honorários advocatícios. Coordenadores, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, Luiz Henrique Volpe Camargo. – Salvador:
Juspodivm, 2015. (Coleção Grandes Temas do Novo CPC, v.2; coordenador geral, Fredie Didier Jr.), p. 1093-1101.
11
PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO DE EXECUÇÃO E EMBARGOS DO DEVEDOR. AUTONOMIA
DAS DEMANDAS. CABIMENTO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. In casu, a Corte Regional entendeu que a verba
honorária arbitrada na ação executória se deu de modo provisório e que, na hipótese de interposição de embargos do
devedor, como ocorrido no caso, a decisão anteriormente prolatada fica substituída pela sentença proferida nos autos
incidentais, excluídos os honorários anteriormente fixados na execução. 2. De acordo com a jurisprudência dominante
do STJ, constituindo os Embargos do Devedor verdadeira Ação de Conhecimento que não se confunde com a Ação de
Execução, os honorários advocatícios devem ser fixados de forma autônoma e independente em cada uma das referidas
ações, desde que a cumulação da verba honorária não exceda o limite máximo previsto no § 3º do art. 20 do CPC/1973. 3.
Recurso Especial provido. (REsp 1670357/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/08/2017,
DJe 13/09/2017)
12
próprio STJ, é relativa, já que “o sucesso dos embargos do devedor impor-
ta a desconstituição do título exequendo e, consequentemente, interfere
na respectiva verba honorária”12.
Aqui nota-se um equívoco no texto legal, que impõe seja ele interpretado
considerando-se a autonomia entre os processos e as verbas em cada um
deles arbitradas. Isso porque o art. 827 fala em majoração de honorários,
quando, a bem da verdade, pretende esclarecer apenas que não será pos-
sível impor ao devedor, ainda que apresente embargos, honorários advo-
catícios em valor que exceda o limite imposto no art. 8513. Não se está fa-
lando em majorar, mas sim, em acrescentar novos honorários, arbitrados
de forma autônoma. A hipótese não é, portanto, similar à prevista para os
honorários de sucumbência arbitrados em fase recursal.
Tudo o que foi dito é relevante para a análise do que dispõe o art. 85, § 13,
que ressalta que “As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à
execução rejeitados ou julgados improcedentes e em fase de cumprimen-
to de sentença serão acrescidas no valor do débito principal, para todos
os efeitos legais”.
12
AgRg no AgRg no REsp 1.216.219/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 24.8.2012
13
Tal não parece ser o entendimento de Rodrigo Barioni que, comentando o art. 827, cogita a possibilidade de, mesmo
havendo embargos à execução julgados improcedentes, não ocorrer qualquer “majoração” nos honorários inicialmente
fixados. Em suas palavras: “É preciso salientar, porém, que a elevação dos honorários não será obrigatória, mesmo que
os embargos à execução sejam apresentados e julgados improcedentes. Cabe ao juiz considerar se houve remuneração
adequada pelo trabalho da execução; a majoração deve ser justificada pela realização de trabalhos além do esperado no
início da execução.” (Comentário ao art. 827. In: Comentários ao novo Código de Processo Civil / coordenação Antonio do
Passo Cabral, Ronaldo Cramer – 2. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 1183). No mesmo sentido,
Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, comentando o § 2º do art. 827, ressaltam que “A possibilidade (e não
obrigatoriedade, frise-se) de majoração do valor visa recompensar o trabalho do advogado do exequente.” Código de
processo civil comentado. 16. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 1818.
13
Em uma primeira leitura, pode-se concluir que necessariamente os hono-
rários arbitrados em julgamento de improcedência de embargos à execu-
ção deverão ser executados em conjunto com o débito principal. Isto é,
acrescidos no montante devido na execução de título judicial, cumulan-
do-se, no mesmo processo, a cobrança dos honorários iniciais, do crédito
principal e dos honorários de sucumbência arbitrados nos embargos.
14
20ª Câmara de Direito Privado, julgamento em 06.11.2017.
15
“Ademais, resta claro no dispositivo que se os honorários do processo de execução são acrescidos ao débito principal, assim
como os que forem devidos ao exequente/embargado sempre que tal demanda for julgada em desfavor do executado.”
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Honorários no processo de execução. In: Honorários advocatícios. Coordenadores, Marcus
Vinícius Furtado Coêlho, Luiz Henrique Volpe Camargo. – Salvador: Juspodivm, 2015. (Coleção Grandes Temas do Novo CPC,
v. 2; coordenador geral, Fredie Didier Jr.), p. 1119-1129.
16
Comentário ao art. 85. In: Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier... [et al.],
coordenadores. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 329-330.
14
O que não é possível é afirmar que tal cobrança seja obrigatória, impon-
do-se ao advogado cumular os honorários de sucumbência arbitrados em
processo de conhecimento autônomo com (a) o crédito do cliente e (b) os
honorários arbitrados em fase inicial, em decorrência da mera causalida-
de17. Estamos falando de situações diferentes que, na hipótese, devem
ser tratadas tomando-se como premissa a autonomia entre os embargos
e a execução, bem como, entre os honorários arbitrados em um e em ou-
tro caso.
15
Nada obsta, porém, que busque a efetivação do seu direito pelo procedi-
mento de cumprimento de sentença, valendo-se do título executivo judi-
cial para requerer a intimação do devedor para pagar o débito, no prazo
de quinze dias, sob pena de multa e arbitramento de novos honorários19.
Os honorários arbitrados em embargos de execução julgados improce-
dentes são autônomos daqueles arbitrados inicialmente na execução e
podem ser cobrados também autonomamente, sem que seja legal, ou
constitucional, afirmar que o advogado está obrigado a tornar-se litiscon-
sorte ativo do seu cliente20.
Recursos. Por fim, da sentença dos embargos à execução caberá apelação.
Paira dúvida na doutrina acerca do cabimento de agravo de instrumento,
fora das hipóteses previstas no rol do art. 1.015. O STJ já se manifestou,
por exemplo, pela necessidade de interpretação extensiva do art. 1.015,
de tal forma que seja cabível agravo de instrumento nos casos de indefe-
rimento de concessão de efeito suspensivo:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA DECISÃO QUE
INDEFERIU PEDIDO DE CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO AOS EMBARGOS
À EXECUÇÃO. POSSIBILIDADE. ART. 1.015, X, DO CPC/2015. INTERPRETAÇÃO
EXTENSIVA. ISONOMIA ENTRE AS PARTES. PARALELISMO COM O ART. 1.015,
I, DO CPC/2015. NATUREZA DE TUTELA PROVISÓRIA.
[...]
19
Luiz Henrique Volpe Camargo aventa, ainda, a possibilidade de a cobrança dos honorários arbitrados em embargos ser
realizada de forma necessariamente autônoma: “O específico pedido de cumprimento de sentença para exigir o pagamento
de honorários advocatícios só será necessário quando a execução fundada em título extrajudicial (art. 824 e seguintes) ou o
cumprimento de sentença (art. 523 e seguintes) já tiver sido extinto pela satisfação da obrigação (art. 924, II), situação que
pode ocorrer quando a execução prosseguir pela não atribuição de efeito suspensivo aos embargos à execução (art. 919)
ou à impugnação ao cumprimento de sentença (art. 525, § 5º), tudo nos termos da parte final do art. 903.” Comentário ao
art. 85. In: Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil. Teresa Arruda Alvim Wambier... [et al.], coordenadores.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p. 330.
20
“Os honorários sucumbenciais, portanto, constituem direito autônomo do advogado e, portanto, independente da
execução do crédito principal.” MELLO, Rogerio Licastro Torres de. Honorários advocatícios sucumbenciais: apreciações
gerais e princípios aplicáveis. In: Honorários advocatícios. Coordenadores, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, Luiz Henrique
Volpe Camargo. – Salvador: Juspodivm, 2015. (Coleção Grandes Temas do Novo CPC, v. 2; coordenador geral, Fredie Didier
Jr.), p. 57-61.
16
4. A situação dos autos reclama a utilização de interpretação extensiva do
art. 1.015, X, do CPC/2015.
5. Em que pese o entendimento do Sodalício a quo de que o rol do citado
art. da nova lei processual é taxativo, não sendo, portanto, possível a inter-
posição de Agravo de Instrumento, nada obsta a utilização da interpretação
extensiva.
6. “As hipóteses de agravo de instrumento estão previstas em rol taxativo.
A taxatividade não é, porém, incompatível com a interpretação extensiva.
Embora taxativas as hipóteses de decisões agraváveis, é possível interpre-
tação extensiva de cada um dos seus tipos”. (Curso de Direito Processual
Civil, vol. 3. Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha. ed. JusPodivm,
13ª edição, p. 209).
7. De acordo com lição apresentada por Luis Guilherme Aidar Bondioli, “o
embargante que não tem a execução contra si paralisada fica exposto aos
danos próprios da continuidade das atividades executivas, o que reforça o
cabimento do agravo de instrumento no caso”. (Comentários ao Código de
Processo Civil, vol. XX. Luis Guilherme Aidar Bondioli. ed. Saraiva, p. 126).
8. Ademais, o pedido de concessão de efeito suspensivo aos Embargos à
Execução poderia perfeitamente ser subsumido ao que preconiza o inciso
I do art. 1.015 do CPC/2015, por ter natureza de tutela provisória de ur-
gência. Dessa forma, por paralelismo com o referido inciso do art. 1015 do
CPC/2015, qualquer deliberação sobre efeito suspensivo dos Embargos à
Execução é agravável.
9. Dessa forma, deve ser dada interpretação extensiva ao comando contido
no inciso X do art. 1.015 do CPC/2015, para que se reconheça a possibili-
dade de interposição de Agravo de Instrumento nos casos de decisão que
indefere o pedido de efeito suspensivo aos Embargos à Execução.
10. Recurso Especial provido.
(REsp 1694667/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, jul-
gado em 05/12/2017, DJe 18/12/2017)
Para nós, a questão se resolve em outra seara. Isto porque, embora au-
tônomos, os embargos à execução estão intimamente atrelados ao pro-
cesso executivo, sendo certo que as decisões nele prolatadas interferirão
17
diretamente na execução em si. São demandas conexas, com laço de pre-
judicialidade, uma vez que, embora instituída a autonomia dos embargos
por nosso sistema processual, este não passa, na prática, de uma espécie
de defesa do devedor. Daí porque a ampla recorribilidade na execução,
prevista pelo parágrafo único do art. 1.015, deverá ser por eles atraída, via-
bilizando que tanto na execução, quanto na defesa-ação sejam garantidos
os mesmos direitos às partes, garantindo-se a isonomia e a ampla defesa.
2.1 Cabimento
II - ilegitimidade de parte;
18
Falta ou nulidade da citação. Essa hipótese de impugnação apenas é admis-
sível se o processo correu à revelia do devedor. Isto porque seu ingresso
nos autos supre o defeito, corrigindo eventuais nulidades na formação do
título executivo judicial. Somente quando, realmente, o devedor apenas
ingressar no feito já na execução, sendo irregular o ato citatório, o tema
pode ser aventado em impugnação. É certo, em todo caso, que a alegação
do vício de citação, por se tratar de vício transrescisório21, poderá ser for-
mulada também por ação declaratória própria.
Ilegitimidade da parte. A alegação de ilegitimidade da parte é admissível
apenas nas hipóteses em que haja modificação do polo passivo na fase
executiva, não se referindo às hipóteses de ilegitimidade para a fase de
conhecimento. Quando a alegação de ilegitimidade se voltar à demanda
propriamente dita, em se tratando de cumprimento definitivo de senten-
ça, caberá ao devedor ajuizar a ação rescisória.
Inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação. Embora seja mais
difícil a hipótese de inexequibilidade do título ou inexigibilidade da obri-
gação em cumprimento de sentença, ela ocorre com frequência nos ca-
sos em que se faz necessária a liquidação da sentença.
Outra situação adequável ao inciso III é a hipótese prevista nos §§ 12 a 15,
do art. 525, do CPC (BRASIL, 2015), que reconhece inexigível a obrigação
reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo
considerado inconstitucional pelo STF, ou fundado em aplicação ou inter-
pretação da lei ou do ato normativo tido pelo STF como incompatível com
a Constituição. Nesse caso a inconstitucionalidade pode ser oriunda de
decisão prolatada tanto em controle concentrado, quanto em difuso.
O inciso busca evitar a efetivação de decisões judiciais inconstitucionais,
reconhecendo que estas são inexigíveis e permitindo que a inconstitucio-
nalidade seja arguida em impugnação.
Veja-se que, no caso, a impugnação não se confundirá com ação rescisó-
ria, nem terá efeitos desconstitutivos do título executivo judicial. Apenas é
reconhecida sua inexigibilidade, sendo certo que é mantida a necessidade
21
São aqueles vícios que afetam o processo de forma tal, atacando pontos tão importantes que acabam por se projetar
para além do prazo da ação rescisória.
19
de ajuizamento da ação rescisória para rescisão e rejulgamento da causa.
2.2 Procedimento
Veja-se que, também aqui, a garantia do juízo não é requisito para a ofer-
ta de impugnação, porém, agrega-se aos demais requisitos para conces-
são de tutela provisória (de urgência ou evidência), não sendo, em regra,
dispensável, ainda que estejam presentes a probabilidade do direito e o
risco pela demora, ou uma das hipóteses do art. 311.
20
A decisão que julga impugnação ao cumprimento de sentença poderá ser
interlocutória ou sentença, a depender do seu conteúdo. Caso o juiz aco-
lha integralmente a impugnação e extinga o cumprimento de sentença,
estaremos diante de sentença, impugnável por apelação. Caso persista,
ainda que parcialmente, o cumprimento, a decisão será interlocutória, su-
jeita a agravo de instrumento.
3. Exceção de pré-executividade
23
RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. EMPRESARIAL E PROCESSUAL CIVIL. TELEFONIA.
COMPLEMENTAÇÃO DE AÇÕES. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. CUMULAÇÃO COM DIVIDENDOS. CABIMENTO. PEDIDO
IMPLÍCITO. DECORRÊNCIA LÓGICA DO PEDIDO DE COMPLEMENTAÇÃO DE AÇÕES. INCLUSÃO NO CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA SEM PREVISÃO NO TÍTULO EXECUTIVO. OFENSA À COISA JULGADA. 1. Para fins do art. 543-C do CPC: [...] 2.4.
“Não são cabíveis honorários advocatícios pela rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença”. 2.5. “Apenas no
caso de acolhimento da impugnação, ainda que parcial, serão arbitrados honorários em benefício do executado, com
base no art. 20, § 4º, do CPC” (REsp 1.134.186/RS, rito do art. 543-C). 3. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. (REsp
1373438/RS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 11/06/2014, DJe 17/06/2014)
21
Isto porque a exceção de pré-executividade, além de se tratar de medida
mais simples, não sujeita a prazos ou a requisitos (como custas, apresen-
tação de planilha, etc.), pelo menos inicialmente não enseja a condenação
em honorários de sucumbência.
Será cabível para suscitar matérias que devem ser conhecidas de ofício
pelo juiz, como condições da ação e pressupostos processuais. Servirá,
ainda, possível arguir por meio da exceção, a ilegitimidade da parte e a
prescrição do débito. A única restrição imposta pela jurisprudência do STJ
é com relação à instrução probatória:
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO
FISCAL - EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE - PRESCRIÇÃO - ANÁLISE DA
SITUAÇÃO FÁTICA - IMPOSSIBILIDADE - SÚMULA 07/STJ.
Pontuando
Embargos do devedor:
1. Defesa do devedor.
2. Natureza jurídica de ação.
3. Dispensa garantia do juízo.
Amplo cabimento.
22
Impugnação ao cumprimento de sentença:
1. Defesa do devedor.
2. Dispensa garantia do juízo.
3. Incidental, nos próprios autos do cumprimento.
Exceção de pré-executividade:
1. Matérias cognoscíveis de ofício.
2. Dispensa de dilação probatória.
Glossário
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
23
a) a planilha é requisito da petição inicial dos embargos à
execução, não sendo possível, considerando o que dis-
põe o art. 917, a regularização posterior do vício;
b) a planilha é requisito da petição inicial dos embargos
à execução, o que não impede a concessão de prazo
para regularização do vício. Não apresentada a planilha
no prazo indicado pelo juiz, os embargos deverão ser
extintos;
c) tanto na impugnação de sentença, quanto nos em-
bargos, é plenamente possível a correção do defeito e
juntada posterior da planilha de cálculos, o que se dá
em atenção ao princípio da primazia da resolução do
mérito;
d) não regularizada a petição inicial dos embargos, no pra-
zo ofertado pelo juiz, estes deverão ser extintos com
relação ao excesso de execução e prosseguir para aná-
lise da incompetência relativa;
e) a incompetência relativa deveria ter sido suscitada por
meio de exceção de pré-executividade, o que impede
sua análise em sede de embargos.
2. Maria, representada pelo escritório de advocacia Oliveira &
Oliveira Advogados Associados, propôs Ação de Execução
em face de Roberto, que contratou o advogado Ricardo
para apresentar sua defesa, na forma de embargos à exe-
cução. Sobre os honorários advocatícios em sede de em-
bargos à execução, é correto afirmar:
a) julgados procedentes os embargos à execução, o va-
lor dos honorários advocatícios devidos a Ricardo se-
rão cobrados em nova ação de execução por título
extrajudicial;
24
b) julgados procedentes os embargos à execução e extin-
ta a obrigação, não há o que se falar em condenação do
credor em honorários advocatícios;
c) julgados improcedentes os embargos à execução, não
há o que se falar em condenação do devedor em ho-
norários advocatícios, tendo em vista os honorários ini-
ciais arbitrados quando do recebimento da execução;
d) julgados improcedentes os embargos à execução, po-
derá o advogado do credor optar por cobrar seus ho-
norários nos autos principais ou por cumprimento de
sentença, a ser iniciado nos autos dos embargos;
e) julgados improcedentes os embargos à execução, o
advogado do credor deverá iniciar o cumprimento de
sentença, requerendo a intimação do devedor a pagar
o débito relativo aos honorários, sob pena de multa e
novos honorários.
3. Com relação à impugnação prevista no art. 525, §§ 12 e
seguintes, é correto afirmar:
a) visa obstar a execução de título fundado em norma tida
por inconstitucional pelo STF, caracterizando hipótese
de relativização da coisa julgada;
b) confunde-se com a ação rescisória, servindo aos mes-
mos fins e evitando que uma decisão inconstitucional
persista surtindo efeitos no ordenamento jurídico;
c) não se presta a desconstituir a coisa julgada, servindo,
tão somente, ao reconhecimento de inexigibilidade do
título executivo judicial;
d) pode ser utilizada, na forma do art. 927, sempre que o
título executivo contrarie precedente vinculante;
e) nenhuma das respostas anteriores.
25
4. O juiz da 13ª Vara Cível da Comarca de Seropédica deter-
minou a citação de Maria Antonieta Silva, doméstica, para
pagamento do débito relacionado em ação de execução
proposta por Banco ABX, no valor de R$ 15.000.000,00.
Maria Antonieta, ao receber a citação, prontamente identi-
ficou que o título executivo indicava pessoa diversa, homô-
nima sua que, por sua vez, reside na comarca do Distrito
Federal. Contatou imediatamente o núcleo de atendimento
da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro que apre-
sentou mera petição nos autos, indicando a ilegitimidade de
Maria Antonieta e apontando o equívoco, mediante a junta-
da de seus documentos pessoais. Intimado na forma do art.
10, o Banco ABX requereu o prosseguimento da execução,
mediante penhora dos bens de Maria Antonieta, uma vez
que transcorrido o prazo para oferecimento dos embargos.
a) ainda que Maria Antonieta tenha feito equivocado uso
da exceção de pré-executividade, nada impede que o
magistrado aplique o princípio da fungibilidade e a re-
ceba como embargos à execução;
b) Maria Antonieta deveria ter oferecido os embargos à
execução, como determina o art. 917, VI, não sendo ad-
missível a exceção de pré-executividade enquanto ain-
da não esgotado o prazo para embargos;
c) a exceção de pré-executividade pode ser livremente
utilizada para demonstração da ilegitimidade da par-
te, ainda que seja necessária a produção de prova
testemunhal;
d) apenas é possível a utilização da exceção de pré-exe-
cutividade no prazo para embargos, razão pela qual a
petição de Maria Antonieta não deverá ser recebida;
e) Maria Antonieta utilizou a via adequada para demons-
trar sua ilegitimidade, razão pela qual o processo deve-
rá ser extinto.
26
5. Ricardo propôs ação indenizatória em face de IBERO
Construtora, alegando, em síntese, ter comprado imóvel
na planta e que, quando da assinatura da escritura, des-
cobriu que a empresa cobrou taxa de comissão de corre-
tagem, no valor de R$ 20.000,00. Alega que a cobrança é
indevida, uma vez que compareceu sozinho ao stand de
vendas e não foi atendido, em momento algum, por corre-
tor de imóveis. A demanda foi julgada procedente em pri-
meira e segunda instâncias, tendo a construtora interpos-
to recurso especial. Enquanto o recurso especial aguarda-
va juízo de admissibilidade pelo vice-presidente do TJRJ, a
matéria foi afetada pelo STJ, que determinou a suspensão
de todos os processos em trâmite, que versassem sobre
cobrança de comissão de corretagem. Com o julgamen-
to do recurso afetado, foi firmado precedente pelo STJ, no
qual considerou a legalidade da cobrança de comissão de
corretagem em compra e venda de imóveis na planta, sem-
pre que exista cláusula expressa no contrato. Ocorre que,
quando do julgamento pelo STJ, Ricardo já havia iniciado o
cumprimento provisório de sentença, tendo sido intimada,
a IBERO, a pagar o débito, sob pena de multa e honorários
advocatícios. No curso do prazo para impugnar e antes
do trânsito em julgado da decisão do STJ, a IBERO oferece
impugnação e requer efeito suspensivo, indicando, desde
logo, a modificação da decisão judicial que fundamentava
o cumprimento de sentença. Considerando a situação fáti-
ca, indique a alternativa correta:
a) apenas será possível conceder o efeito suspensivo pre-
tendido pela IBERO na hipótese de garantia do juízo;
27
b) IBERO agiu corretamente ao oferecer a impugnação,
a qual encontra cabimento no art. 525, VII, uma vez
que a causa extintiva da obrigação foi superveniente à
sentença;
c) apesar da disposição legal, considerando que a decisão
do STJ configura precedente vinculante, está dispensa-
da a garantia do juízo para impugnação, sendo possível
a concessão de tutela de evidência;
d) IBERO poderia ter comunicado o resultado do julga-
mento por mera petição, sendo dispensada a apresen-
tação de impugnação, para que a execução se conside-
re sem efeito (art. 520, II);
e) não é possível concessão de efeito suspensivo em cum-
primento provisório de sentença.
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ZANETI JR., Hermes. Comentário ao art. 870. In: Comentários ao Código de Processo Civil:
artigos 824 ao 925. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.
29
Gabarito
Questão 1 – Resposta: D
Questão 2 – Resposta: D
Questão 3 – Resposta: C
Questão 4 – Resposta: E
Questão 5 – Resposta: D
30
ASPECTOS POLÊMICOS DA EXECUÇÃO
POR QUANTIA CERTA
Objetivos
• Pré-penhora eletrônica.
• Favor legal.
• Penhora.
• Impenhorabilidade.
• Avaliação.
• Expropriação.
31
1. Aspectos polêmicos da execução por quantia certa
32
Frise-se que, considerando que o novo CPC dispensa a garantia do juízo
para oferecimento de embargos, não é mais necessária a intimação do
devedor da conversão da pré-penhora em penhora, o que era exigido na
égide do CPC/73.
O art. 828 admite que o credor, tão logo exercido o juízo de admissibilida-
de da petição inicial, obtenha certidão comprobatória da distribuição da
execução, para fins de averbação nos registros de imóveis, evitando-se,
assim, a prática de fraude à execução.
2. Penhora
2
ZANETI JR., Hermes. Comentário ao art. 870. In: Comentários ao Código de Processo Civil: artigos 824 ao 925. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 248.
33
Assim, é evidente que o objeto da penhora será toda universalidade de
bens do devedor ou responsável passível de valoração econômica, ressal-
vados os bens impenhoráveis.
2.2 Impenhorabilidade
Por isso, alguns bens são considerados impenhoráveis, não sendo possí-
vel que se volte a execução sobre eles.
34
os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício
da profissão do executado; (vi) o seguro de vida; (vii) os materiais necessá-
rios para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; (viii) a
pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada
pela família; (ix) os recursos públicos recebidos por instituições privadas
para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; (X)
a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (qua-
renta) salários-mínimos; (XI) os recursos públicos do fundo partidário re-
cebidos por partido político, nos termos da lei; e (XII) os créditos oriundos
de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobi-
liária, vinculados à execução da obra.
Ocorre que, na forma o art. 835, § 1º, é possível que o juiz modifique a
ordem prevista, de ofício ou a requerimento do executado, desde que tal
35
se dê, em ambos os casos, fundamentadamente3. Isto porque a ordem de
preferência prevista no art. 835 é garantia do credor, que apenas pode
ser afastada excepcionalmente, quando houver motivo suficiente que in-
dique que a alteração se presta a “tornar mais fácil e rápida a execução e
de conciliar quanto possível os interesses das partes”4.
3. Avaliação
3
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. NOMEAÇÃO DE BENS À PENHORA. PRECATÓRIO. DIREITO DE RECUSA DA FAZENDA
PÚBLICA. ORDEM LEGAL. SÚMULA 406/STJ. ADOÇÃO DOS MESMOS FUNDAMENTOS DO RESP 1.090.898/SP (REPETITIVO), NO
QUAL SE DISCUTIU A QUESTÃO DA SUBSTITUIÇÃO DE BENS PENHORADOS. PRECEDENTES DO STJ. 1. Cinge-se a controvérsia
principal a definir se a parte executada, ainda que não apresente elementos concretos que justifiquem a incidência do
princípio da menor onerosidade (art. 620 do CPC), possui direito subjetivo à aceitação do bem por ela nomeado à penhora
em Execução Fiscal, em desacordo com a ordem estabelecida nos arts. 11 da Lei 6.830/1980 e 655 do CPC. 2. Não se
configura a ofensa ao art. 535 do Código de Processo Civil, uma vez que o Tribunal de origem julgou integralmente a lide e
solucionou a divergência, tal como lhe foi apresentada. 3. Merece acolhida o pleito pelo afastamento da multa nos termos
do art. 538, parágrafo único, do CPC, uma vez que, na interposição dos Embargos de Declaração, a parte manifestou a
finalidade de provocar o prequestionamento. Assim, aplica-se o disposto na Súmula 98/STJ: “Embargos de declaração
manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório”. 4. A Primeira Seção do STJ,
em julgamento de recurso repetitivo, concluiu pela possibilidade de a Fazenda Pública recusar a substituição do bem
penhorado por precatório (REsp 1.090.898/SP, Rel. Ministro Castro Meira, DJe 31.8.2009). No mencionado precedente,
encontra-se como fundamento decisório a necessidade de preservar a ordem legal conforme instituído nos arts. 11 da Lei
6.830/1980 e 655 do CPC. 5. A mesma ratio decidendi tem lugar in casu, em que se discute a preservação da ordem legal no
instante da nomeação à penhora. 6. Na esteira da Súmula 406/STJ (“A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem
penhorado por precatório”), a Fazenda Pública pode apresentar recusa ao oferecimento de precatório à penhora, além
de afirmar a inexistência de preponderância, em abstrato, do princípio da menor onerosidade para o devedor sobre o da
efetividade da tutela executiva. Exige-se, para a superação da ordem legal prevista no art. 655 do CPC, firme argumentação
baseada em elementos do caso concreto. Precedentes do STJ. 7. Em suma: em princípio, nos termos do art. 9°, III, da
Lei 6.830/1980, cumpre ao executado nomear bens à penhora, observada a ordem legal. É dele o ônus de comprovar a
imperiosa necessidade de afastá-la, e, para que essa providência seja adotada, mostra-se insuficiente a mera invocação
genérica do art. 620 do CPC. 8. Diante dessa orientação, e partindo da premissa fática delineada pelo Tribunal a quo, que
atestou a “ausência de motivos para que [...] se inobservasse a ordem de preferência dos artigos 11 da LEF e 655 do CPC,
notadamente por nem mesmo haver sido alegado pela executada impossibilidade de penhorar outros bens [...]” - fl. 149,
não se pode acolher a pretensão recursal. 9. Recurso Especial parcialmente provido apenas para afastar a multa do art.
538, parágrafo único, do CPC. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ. (REsp
1337790/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/06/2013, DJe 07/10/2013)
4
STJ. REsp 167.158/PE, rel. Min. Salvio de Figueiredo Teijeira, j. 17.06.1999.
36
avaliação. E, no leilão, por qualquer preço, menos o preço vil5. Além disso,
tem íntima relação com o devido processo legal, “pois garante-se a parte
que a privação a seus bens ocorra exatamente na medida da dívida que
o executado possui com a restituição dos valores superiores à dívida par
ao seu patrimônio”6.
Finalidades da Avaliação
1. Fixar valor para futura expropriação – principalmente tendo em men-
te o preço vil;
2. Determinar a suficiência ou insuficiência dos bens penhoráveis, a acar-
retar a ampliação ou redução da penhora.
5
Art. 891. Não será aceito lance que ofereça preço vil. Parágrafo único. Considera-se vil o preço inferior ao m–ínimo
estipulado pelo juiz e constante do edital, e, não tendo sido fixado preço mínimo, considera-se vil o preço inferior a
cinquenta por cento do valor da avaliação.
6
ZANETI JR., Hermes. Comentário ao art. 870. In: Comentários ao Código de Processo Civil: artigos 824 ao 925. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 248.
37
Competência da Avaliação
A avaliação pode ser atribuída ao oficial de justiça – regra geral – ou, na
necessidade de conhecimento especializado, por quem a lei chama de
“avaliador”. Seja no cumprimento de sentença, seja na execução para o
pagamento de quantia certa de título executivo extrajudicial (art. 870).
A figura do avaliador não está prevista dentre os auxiliares da justiça, ra-
zão pela qual paira dúvidas sobre a sua qualificação como verdadeiro pe-
rito. E, em se tratando de perícia, questiona-se se é possível, por exemplo,
a nomeação de assistente técnico e elaboração de quesitos.
A resposta parece positiva, especialmente porque o próprio art. 873 in-
dica o dispositivo respectivo à realização de nova perícia, para quando a
matéria não esteja suficientemente esclarecida (art. 480).
Avaliação errônea
Lavrado o auto de avaliação, admite-se a realização de novo ato, sempre
que qualquer das partes arguir a ocorrência de erro ou dolo do avaliador,
se verificar a modificação posterior do valor do bem e o juiz tiver dúvida
fundada sobre o valor atribuído ao bem na primeira avaliação.
4. Expropriação
Finalidade da Expropriação:
38
exceção no regime anterior. Só era possível adjudicar se não houvesse
lançador na hasta pública. E, aí sim, nascia o credor e o direito à adjudi-
cação. O CPC (BRASIL, 2015) manteve a adjudicação como primeira opção
na expropriação, facilitando a entrega do bem ao credor e, por consequ-
ência, dando maior efetividade à execução.
Outra inovação na expropriação, já implementada ao tempo do CPC
(BRASIL, 1973) e mantida no CPC (BRASIL, 2015), foi a possibilidade de alie-
nação dos bens por iniciativa particular. Nesse caso, busca-se a alienação
a um terceiro, por intermédio de profissional especializado.
4.1 Adjudicação
Deverá sempre ser realizada por preço não inferior ao da avaliação, sen-
do certo que se o valor do bem for superior ao do débito, será lícito ao
exequente adjudicar o bem e realizar o depósito da diferença, o qual será
entregue ao executado.
39
segue a expedição da respectiva carta.
40
4.3 Leilão
4.4 Pagamento
41
Com relação à entrega de dinheiro, o art. 905 autoriza, ainda, que o exe-
quente levante os frutos e rendimentos oriundos dos bens penhorados
(inclusive faturamento de empresa), sempre que este possua direito de
preferência sobre os bens e não haja sobre eles qualquer outro impedi-
mento ou restrição, como, por exemplo, direito de preferência instituído
anteriormente à penhora.
Pontuando
• Satisfação do credor.
• Do pagamento.
Glossário
42
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
43
c) Apenas será possível a emissão da certidão após o
exercício do juízo de admissibilidade da petição inicial.
d) A expedição da certidão comprobatória é direito sub-
jetivo do exequente, que depende de deferimento do
magistrado.
e) Após a averbação, o exequente deverá apresentar em
juízo a comprovação das averbações realizadas, sob
pena de ineficácia destas.
3. Sobre a penhora, é correto afirmar que:
a) a penhora de dinheiro será sempre preferencial, na
forma da ordem prevista no art. 835, sendo direito po-
testativo do credor, não sujeito à modificação a reque-
rimento do devedor;
b) em se tratando de débito de alimentos, não há o que se
falar em impenhorabilidade, estando sujeitos à execu-
ção todos os bens do devedor;
c) são considerados impenhoráveis, dentre outros, os
móveis, os pertences e as utilidades domésticas que
guarnecem a residência do executado, inclusive os de
elevado valor;
d) os frutos e rendimentos de bens inalienáveis são su-
jeitos à penhora, sempre que não for possível localizar
bens passíveis de penhora;
e) nenhuma das alternativas é correta.
4. Angela, exequente, logrou localizar fazenda em nome da
devedora Catarina, na cidade de Magé, Estado do Rio de
Janeiro. Considerando as características do imóvel, inclu-
sive a vasta produção de abacaxi nele existente, o juiz da
2ª Vara Cível da Comarca da Capital do Rio de Janeiro, de-
terminou a realização de avaliação por profissional espe-
cializado. Catarina, então, apresentou quesitos e indicou
44
assistente técnico, requerendo a intimação do profissional
para comparecer, junto com o avaliador, na data da reali-
zação do ato. Sobre a avaliação, é incorreto afirmar:
a) em que pese possa ser dispensada quando uma das
partes aceite a estimativa feita pela outra, o juiz poderá
determinar sua realização, sempre que o valor indica-
do seja incompatível com o mercado;
b) tem dupla finalidade: fixar valor para futura expropria-
ção e determinar a suficiência ou insuficiência dos bens
penhoráveis, a acarretar a ampliação ou redução da
penhora;
c) o avaliador, por não constar no rol dos auxiliares da
justiça, não está sujeito às hipóteses de suspeição e
impedimento;
d) é possível, na avaliação, a nomeação de assistente téc-
nico e elaboração de quesitos;
e) admite-se a realização de novo ato, sempre que qual-
quer das partes arguir a ocorrência de erro ou dolo do
avaliador, se verificar a modificação posterior do valor
do bem e o juiz tiver dúvida fundada sobre o valor atri-
buído ao bem na primeira avaliação.
5. Sobre os atos de expropriação, é correto afirmar:
a) pode ser realizada por preço não inferior ao da avalia-
ção, desde que não seja considerado preço vil;
b) são legitimados os sujeitos previstos no art. 889, II a
VIII, os credores concorrentes que hajam penhorado o
mesmo bem, o cônjuge, companheiro, descendentes
ou ascendentes do executado, com preferência dos
credores;
c) a lei autoriza que, ainda que em um primeiro mo-
mento não seja possível a realização da adjudicação,
45
frustradas as tentativas de alienação do bem, seja rea-
berta a oportunidade para requerimento;
d) a alienação por iniciativa particular constitui contrato
privado, de compra e venda, sujeito às regras gerais do
Código Civil;
e) cabe ao devedor optar pela realização da alienação por
iniciativa particular, indicando o profissional qualifica-
do para realizar a venda.
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artigos 824 ao 925. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: D
Questão 2 – Resposta: C
47
admissibilidade da petição inicial, ou seja, o seu recebimento com a
determinação de citação do executado.
Questão 3 – Resposta: D
Questão 4 – Resposta: C
Questão 5 – Resposta: C
48
A TUTELA JURISDICIONAL,
TUTELA ESPECÍFICA E EXECUÇÃO DE
TÍTULO JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL
DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER,
NÃO FAZER E DAR COISA
Objetivos
• Tutela jurisdicional.
49
Introdução
1
DIDIER JUNIOR, Fredie. Curso de direito processual civil: execução. 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 45.
50
1. Tutela específica das obrigações de fazer e não fazer
2
José Rogério Cruz e Tucci parece entender em sentido contrário, ou seja, pela possibilidade de cumprimento de sentença
de obrigação de fazer ou não fazer, de ofício: “Observa-se, pois, que a regra ora comentada prevê a possibilidade de o juiz,
de ofício ou a requerimento do demandante, tomar providências tendentes ao cumprimento da sentença, quando, embora
regular e validamente intimado, o executado deixa de acatar a ordem judicial.” (Comentários ao Código de Processo Civil.
Vol. VIII. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017, p. 351.
51
Sendo a execução fundada em título executivo extrajudicial, seguirá o
procedimento previsto nos artigos 814 e seguintes. O juiz, ao admitir a
petição inicial, fixará a multa para a hipótese de descumprimento, bem
como o prazo para adimplemento da obrigação de fazer, salvo se outro
não constar no título executivo.
3
Processo Civil. Dação de imóveis em pagamento de dívida contraída. Obrigação de fazer, e não de dar coisa certa. Conversão,
por opção do autor, em perdas e danos. Possibilidade. Inteligência do arts. 880 e 881 do CC/16, e 461, § 1º, do CPC. - A
obrigação, assumida pela construtora de um empreendimento imobiliário, de remunerar a proprietária do terreno mediante
a dação em pagamento de unidades ideais com área correspondente a 25% do total construído qualifica-se como obrigação
de fazer, e não como obrigação de dar coisa certa. Como conseqüência, o inadimplemento dessa obrigação, representado
pelo acréscimo de área ao imóvel sem o conhecimento da proprietária e, consequentemente, sem que lhe tenha sido feito
o correspondente pagamento, dá lugar à incidência dos arts. 461, § 1º, do CPC, e 880 e 881, do CC/16, possibilitando a
escolha, pelo credor entre requerer o adimplemento específico da obrigação ou a respectiva conversão em perdas
e danos. - A quitação, dada pelo credor mediante escritura pública, da obrigação de dação em pagamento de 25% da área
construída no imóvel, não pode abranger os acréscimos de áreas feitos posteriormente sem o conhecimento do credor.
A interpretação da quitação, dada pelo Tribunal de origem, não pode ser revista nesta sede em função do que determina
a Súmula 5/STJ. - O pedido de “declaração da reformulação do projeto inicial” de um edifício é declaração de fato, e não
de relação jurídica, de forma que o seu não acolhimento encontra-se em consonância com a regra do art. 4º do CPC. - A
formulação de pedido sucessivo deve ser levada em consideração no momento da fixação dos honorários advocatícios.
Recurso especial da ré não conhecido, e recurso especial do autor provido para o fim de restabelecer a sentença no que diz
respeito aos honorários advocatícios. (REsp 598.233/RS, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/08/2005, DJ 29/08/2005, p. 332)
4
Art. 822. Se o executado praticou ato a cuja abstenção estava obrigado por lei ou por contrato, o exequente requererá
ao juiz que assine prazo ao executado para desfazê-lo. Art. 823. Havendo recusa ou mora do executado, o exequente
requererá ao juiz que mande desfazer o ato à custa daquele, que responderá por perdas e danos. Parágrafo único. Não
sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em perdas e danos, caso em que, após a liquidação, se observará
o procedimento de execução por quantia certa.
52
1.1 Técnicas de execução indireta
5
“Pelo princípio constitucional do direito de ação, além do direito ao processo justo, todos têm o direito de obter do Poder
Judiciário a tutela jurisdicional adequada. Não é suficiente o direito à tutela jurisdicional. É preciso que essa tutela seja a
adequada, sem o que estaria vazio de sentido o princípio.” (NERY JUNIOR. Nelson. Princípios do processo na Constituição
Federal: (processo civil, penal e administrativo). 12. ed. rev., ampl. e atual. com as novas súmulas do STF (simples e
vinculantes) e com o novo CPC (Lei 13.105/2015). São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 210).
53
Em ambos os casos, sem prejuízo de eventuais perdas e danos, o juiz po-
derá adotar as medidas previstas na tentativa de dar efetividade à tutela
jurisdicional, sem prejuízo de outras que se mostrem eficazes (art. 139, IV).
No rol exemplificativo6 do art. 536 (BRASIL, 2015) estão previstas a multa,
busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras
e o impedimento de atividade nociva, inclusive, mediante uso de força
policial.
A principal medida executiva é, sem dúvida, a multa, prevista especifica-
mente no art. 537 (BRASIL, 2015):
6
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. TRATAMENTO DE SAÚDE E FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS
A NECESSITADO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. FAZENDA PÚBLICA. INADIMPLEMENTO. COMINAÇÃO DE MULTA DIÁRIA.
ASTREINTES. INCIDÊNCIA DO MEIO DE COERÇÃO. BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS. MEDIDA EXECUTIVA. POSSIBILIDADE,
IN CASU. PEQUENO VALOR. ART. 461, § 5.º, DO CPC. ROL EXEMPLIFICATIVO DE MEDIDAS. PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL
À SAÚDE, À VIDA E À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. PRIMAZIA SOBRE PRINCÍPIOS DE DIREITO FINANCEIRO E
ADMINISTRATIVO. NOVEL ENTENDIMENTO DA E. PRIMEIRA TURMA. [...] 6. Depreende-se do art. 461, § 5.º do CPC, que o
legislador, ao possibilitar ao juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas assecuratórias como a “imposição
de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento
de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial”, não o fez de forma taxativa, mas sim exemplificativa,
pelo que, in casu, o sequestro ou bloqueio da verba necessária à aquisição de medicamento objeto da tutela indeferida,
providência excepcional adotada em face da urgência e imprescindibilidade da prestação dos mesmos, revela-se medida
legítima, válida e razoável. 7. Deveras, é lícito ao julgador, à vista das circunstâncias do caso concreto, aferir o modo mais
adequado para tornar efetiva a tutela, tendo em vista o fim da norma e a impossibilidade de previsão legal de todas as
hipóteses fáticas. Máxime diante de situação fática, na qual a desídia do ente estatal, frente ao comando judicial emitido,
pode resultar em grave lesão à saúde ou mesmo por em risco a vida do demandante. 8. Os direitos fundamentais à vida e à
saúde são direitos subjetivos inalienáveis, constitucionalmente consagrados, cujo primado, em um Estado Democrático de
Direito como o nosso, que reserva especial proteção à dignidade da pessoa humana, há de superar quaisquer espécies de
restrições legais. Não obstante o fundamento constitucional, in casu, merece destaque a Lei Estadual nº 9.908/93, do Estado
do Rio Grande do Sul, que assim dispõe em seu art. 1º: “Art. 1º. O Estado deve fornecer, de forma gratuita, medicamentos
excepcionais para pessoas que não puderem prover as despesas com os referidos medicamentos, sem privarem-se dos
recurso indispensáveis ao próprio sustento e de sua família. Parágrafo único. Consideram-se medicamentos excepcionais
aqueles que devem ser usados com freqüência e de forma permanente, sendo indispensáveis à vida do paciente.” 9.
A Constituição não é ornamental, não se resume a um museu de princípios, não é meramente um ideário; reclama
efetividade real de suas normas. Destarte, na aplicação das normas constitucionais, a exegese deve partir dos princípios
fundamentais, para os princípios setoriais. E, sob esse ângulo, merece destaque o princípio fundante da República que
destina especial proteção à dignidade da pessoa humana. 10. Outrossim, a tutela jurisdicional para ser efetiva deve dar ao
lesado resultado prático equivalente ao que obteria se a prestação fosse cumprida voluntariamente. O meio de coerção
tem validade quando capaz de subjugar a recalcitrância do devedor. O Poder Judiciário não deve compactuar com o
proceder do Estado, que condenado pela urgência da situação a entregar medicamentos imprescindíveis à proteção da
saúde e da vida de cidadão necessitado, revela-se indiferente à tutela judicial deferida e aos valores fundamentais por ele
eclipsados. 11. In casu, a decisão ora hostilizada pelo recorrente importa na negativa de fixação das astreintes ou bloqueio
de valor suficiente à aquisição dos medicamentos necessários à sobrevivência de pessoa carente, revela-se indispensável
à proteção da saúde do autor da demanda que originou a presente controvérsia, mercê de consistir em medida de apoio
da decisão judicial em caráter de sub-rogação. 12. Por fim, sob o ângulo analógico, as quantias de pequeno valor podem
ser pagas independentemente de precatório e a fortiori serem, também, entregues, por ato de império do Poder Judiciário.
13. Recurso especial provido. (REsp 836.913/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/05/2007, DJ
31/05/2007, p. 371)
54
que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito.
55
2. Na hipótese, o Tribunal de origem manteve decisão que acolheu impug-
nação do cumprimento de sentença para reduzir o valor das astreintes de
R$ 114.200,00 (cento e quatorze mil e duzentos reais) para R$ 30.000,00
(trinta mil reais), em razão dos princípios da razoabilidade e da proporcio-
nalidade, de acordo com as peculiaridades do caso concreto.
3. Para a demonstração da divergência, nos moldes preconizados pelo art.
255, § 2º, do RISTJ, c/c o art. 541, parágrafo único, do CPC, é necessária a
realização do cotejo analítico entre os arestos confrontados, de modo a evi-
denciar o alegado dissenso das teses jurídicas adotadas, alegadamente, em
situações de evidente similitude fática, o que não ocorreu no caso dos autos.
4. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 162.145/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA,
julgado em 28/03/2017, DJe 19/04/2017)
56
Por fim, não sendo possível o cumprimento da obrigação ou obtenção
do resultado prático equivalente, não restará outra alternativa ao credor
além de contentar-se com a conversão em perdas e danos, o que pode,
diante do caso concreto, ser determinado independentemente do seu
requerimento:
57
2. Tutela específica das obrigações de entregar coisa
Em que pese o que consta no art. 513, § 1º, tanto para as obrigações de
fazer, quanto para as de entregar coisa, exige-se o requerimento da parte,
não sendo possível que a atividade executiva se desenvolva de ofício8.
Caso a coisa devida não seja entregue, será expedido mandado de busca
e apreensão ou de imissão na posse. Se, ainda assim, não for possível o
cumprimento da tutela específica, o juiz utilizará as medidas previstas no
art. 537, aptas a viabilizar a efetivação da decisão.
8
Neste sentido, é o entendimento de Cassio Scarpinella Bueno (Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado
à luz do novo CPC. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 423-426).
58
Por fim, é importante ressaltar que, ao tempo do CPC (BRASIL, 1973), não
havia previsão legal para impugnação ao cumprimento de sentença, o
que reconhecia a obrigação de dar coisa certa, o que fez com que o STJ fir-
masse entendimento no sentido do cabimento de embargos à execução,
então previstos no art. 7419. Considerando, porém, a disciplina dos arts.
536, § 4º c/c 538, § 3º, nada obsta o cabimento da defesa, em que pese o
art. 538, §§ 1º e 2º indiquem expressamente que o direito de retenção por
benfeitorias deve ser arguido na fase de conhecimento.
9
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ALEGATIVA DE INCOMPETÊNCIA. QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. ART. 535, II, DO CPC/1973. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. OBRIGAÇÃO
DE DAR COISA CERTA. ART. 461-A DO CPC/1973. IMPUGNAÇÃO. APLICAÇÃO DO REGRAMENTO NO ART. 741 DO CPC/1973.
1. A alegativa de incompetência não foi objeto de análise, nem sequer implicitamente, pela instância de origem, o que atrai
o óbice dos Enunciados 282 e 356 da Súmula do STF. Destaque-se que, em recurso especial, até a análise das questões de
ordem pública exige o devido prequestionamento. Precedente: REsp 1.655.051/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, DJe 5/5/2017. 2. Inexiste ofensa ao art. 535 do CPC/1973 quando o Juízo a quo dirime de forma fundamentada as
questões que lhe são submetidas, apreciando integralmente a controvérsia posta nos autos. 3. Assiste razão à recorrente
quanto à alegativa de que não se aplica o regramento de impugnação ao cumprimento de sentença previsto no art. 475-J, §
1º, do CPC/1973 nos casos em que o título judicial veicula obrigação de dar coisa diversa de dinheiro, fundado no art. 461-A
do CPC/1973. 4. O Código de ritos de 1973 realmente não adotou procedimento específico para o caso de impugnação a
cumprimento de sentença que veicula obrigação de dar coisa certa diversa de dinheiro, o que, em tese, deixa o executado
em situação bastante desfavorável em relação a qualquer outro devedor submetido à execução de pagar quantia. 5. Atento
a essa questão, este Tribunal Superior firmou entendimento no sentido de que, em hipóteses como à dos autos, deve-se
adotar o regramento do art. 741 do CPC/1973. Precedentes: REsp 1.308.627/GO, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques,
Segunda Turma, DJe 9/8/2012; REsp 654.583/BA, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 6/3/2006, p. 177. 4.
Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, parcialmente provido para determinar que a instância de origem
prossiga no exame da impugnação apresentada pela ora recorrente, adotando o regramento constante do art. 741 do
CPC/1973. (REsp 1240538/RJ, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/08/2017, DJe 09/08/2017)
59
Cabendo ao demandado o direito de escolha e este permanecer inerte, o
ius eligendi será automaticamente transferido ao demandante, que infor-
mará sua escolha através de petição.
Pontuando
Glossário
60
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
61
c) a multa prevista no art. 537 depende de prévia previ-
são no título executivo;
d) a multa prevista no art. 537 pode ter seu valor total re-
duzido, sempre que este se torne excessivo ou incom-
patível com a obrigação principal;
e) a multa apenas poderá ser executada após o trânsito
em julgado da decisão que a determinar.
62
b) quando couber ao demandado (por força contratual
ou pela omissão do demandante), este concentrará a
obrigação no momento de entrega do bem, que será
efetivamente o escolhido;
c) caso o réu não exerça o ius eligendi, caberá ao juiz a es-
colha da coisa;
d) a escolha da coisa poderá ser impugnada por ambas as
partes, no prazo de quinze dias, conforme previsto no
art. 812;
e) todas as alternativas estão corretas.
5. O CPC/15 apenas autoriza que o juiz modifique a periodici-
dade e o valor da multa vincenda, resultando a vencida em
direito adquirido do credor.
( )V ( )F
Referências Bibliográficas
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RODRIGUES, Marcelo Abelha. Honorários no processo de execução. In: Honorários
Advocatícios. Coordenadores: Marcus Vinícius Furtado Coêlho, Luiz Henrique Volpe
Camargo. Salvador: Juspodivm, 2015. (Coleção Grandes Temas do Novo CPC, v. 2; coor-
denador geral, Fredie Didier Jr.)
SCARPINELLA BUENO, Cassio. Manual de Direito Processual Civil. São Paulo: Saraiva, 2015.
TUCCI, José Rogério Cruz e. Comentários ao Código de Processo Civil. V.VIII. São Paulo:
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UZEDA, Carolina. Honorários arbitrados em embargos à execução e o respeito à vontade
do credor quanto ao procedimento adotado para sua efetivação. Artigo no prelo.
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim... [et al]. Primeiros Comentários ao Novo Código de Processo
64
Civil. 1. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
ZANETI JR., Hermes. Comentário ao art. 870. In: Comentários ao Código de Processo Civil:
artigos 824 ao 925. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.
Gabarito
Questão 1 – Resposta: C
Questão 2 – Resposta: B
Questão 3 – Resposta: E
Questão 4 – Resposta: C
Questão 5 – Resposta: V
65
TUTELA JURISDICIONAL DOS DIREITOS
REAIS E AÇÕES POSSESSÓRIAS
Objetivos
• Ações expropriatórias.
• Usucapião.
• Ação discriminatória.
• Embargos de terceiro.
• Interdito proibitório.
66
1. Tutela jurisdicional dos direitos reais e ações
possessórias
2. Ação de usucapião
67
Na hipótese de impugnação do pedido de reconhecimento extrajudicial
da usucapião, o oficial de registro de imóveis remeterá, independente-
mente de requerimento, os autos ao juízo competente da comarca da
situação do imóvel, cabendo ao requerente emendar a petição inicial para
adequá-la ao procedimento comum.
3. Divisória e Demarcatória
68
A petição inicial da ação de demarcação deverá vir acompanhada dos tí-
tulos de propriedade, cabendo ao autor, ainda, designar o imóvel pela si-
tuação e pela denominação, descrever seus limites, aviventar ou renovar
e nomear todos confinantes da linha a ser demarcada.
Art. 570. É lícita a cumulação dessas ações, caso em que deverá processar-
-se primeiramente a demarcação total ou parcial da coisa comum, citando-
-se os confinantes e os condôminos.
Realizada a demarcação, os confinantes passarão a ser considerados tercei-
ros quanto ao pedido divisório, sendo certo que deverão ser citados para a
ação todos os condôminos, se a sentença homologatória da divisão ainda
não houver transitado em julgado, e todos os quinhoeiros dos terrenos vin-
dicados, se a ação for proposta posteriormente. (BRASIL, 2015, art. 570)
4. Ação discriminatória
69
to, a identificação das terras devolutas e sua separação do patrimônio
particular.
Para o ajuizamento da ação discriminatória, disciplina o art. 19 da Lei que
é necessária a prévia realização – ou tentativa de realização – de procedi-
mento administrativo, sendo certo que só cabe a referida ação “I - quan-
do o processo discriminatório administrativo for dispensado ou interrompido
por presumida ineficácia; II - contra aqueles que não atenderem ao edital de
convocação ou à notificação (artigos 4º e 10 da presente Lei); e III - quando
configurada a hipótese do art. 25 desta Lei”.
5. Embargos de terceiro
70
de situação em que haja constrição judicial de bens deste terceiro que se
entenda indevida.”
Na forma do art. 674 (BRASIL, 2015), são legitimados para propor embar-
gos de terceiro5:
5
O STJ já admitiu embargos de terceiro propostos por sócio, citado como litisconsorte da pessoa jurídica: PROCESSUAL
CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. SÓCIO-QUOTISTA. EMBARGOS DE TERCEIRO (ART. 1.046, CPC). PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA,
INSTRUMENTALIDADE E DA FUNGIBILIDADE. 1. OS EMBARGOS DE TERCEIRO PRESTAM-SE A QUEM NÃO É PARTE NO
PROCESSO DE EXECUÇÃO (ART. 1.046, CPC). A JURISPRUDÊNCIA, TODAVIA, TEM MITIGADO A COMPREENSÃO LINEAR,
ADMITINDO QUE O SÓCIO, CITADO COMO LITISCONSORTE PASSIVO DO DEVEDOR, VISANDO LIVRAR DA CONSTRIÇÃO
JUDICIAL SEUS BENS PARTICULARES, COMO HOMENAGEM AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA, DA INSTRUMENTALIDADE
E DA FUNGIBILIDADE, ASSEGURANDO-SE-LHE O ACESSO AO JUDICIÁRIO, TENHA OS SEUS EMBARGOS RECEBIDOS E
PROCESSADOS COMO A EXECUÇÃO. 2. PRECEDENTES DA JURISPRUDÊNCIA. 3. RECURSO PROVIDO. (REsp 31.347/SP, Rel.
Ministro MILTON LUIZ PEREIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 14/12/1994, DJ 20/02/1995, p. 3152)
71
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou
de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843;
III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsidera-
ção da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
72
Propostos os embargos de terceiro, que serão distribuídos por dependên-
cia ao juízo que ordenou a constrição, o embargado será intimado para
apresentar defesa no prazo de quinze dias, caso tenha advogado constitu-
ído nos autos da ação principal. Caso contrário, sua citação será pessoal.
Caso o embargado não tenha dado ensejo ao ato constritivo, ou seja, não
tenha indicado o bem penhorado e não se oponha à desconstituição do
ato constritivo, não será condenado em honorários.
6. Ações possessórias
O art. 555 autoriza que a parte cumule pedido possessório com o de con-
denação em perdas e danos e indenização dos frutos. Em que pese a vasta
73
doutrina – e jurisprudência – indicando a impossibilidade de cumulação
de demanda possessória com petitória9, na qual a causa de pedir é o direi-
to de propriedade, pensamos que o art. 327, § 2º do CPC (BRASIL, 2015),
admite sejam os pedidos cumulados. Além do mais, o art. 555 possui rol
meramente exemplificativo, uma vez que, o que não é possível é que se
intente discutir domínio em demanda possessória. Tendo a parte direito
a ambas as ações, nada impede que defenda sua posse, utilizando-se das
medidas específicas da tutela possessória, sem prejuízo de simultanea-
mente formular pedido petitório que, na forma do art. 557, estará sujeito
à condição suspensiva.
74
Art. 564. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de rein-
tegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação do
réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze) dias.
Pontuando
• Tutela da propriedade:
• Feita através de ações expropriatórias.
• Usucapião.
• Discriminatórias.
• Tutela da posse:
• Feita através das ações possessórias.
• Embargos de terceiro:
75
Glossário
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
76
3. Marco propôs ação de divisão e, considerando que o imó-
vel foi anteriormente georreferenciado, juntou a docu-
mentação comprobatória e afirmou ser desnecessária a
realização de perícia. O juiz, porém, afirmando ser o desti-
natário da prova e sem apresentar qualquer outro funda-
mento, determinou a realização da perícia. Sobre a perícia
nas ações de divisão, assinale a afirmativa correta:
a) a perícia ainda é necessária para as ações de divisão,
considerando a imprescindibilidade de conhecimento
técnico;
b) o juiz não pode dispensar a realização de prova peri-
cial, sob pena de ferir a ampla defesa;
c) considerando que a Lei 10.267/2001 tornou obrigatório
o georreferenciamento, o CPC/15 dispensou a realiza-
ção da prova pericial, que, salvo declaração de invalida-
de do título, não poderá ser realizada;
d) o juiz, considerando que o CPC dispensa a produção
de prova pericial quando o imóvel tiver sido georrefe-
renciado, não pode determinar a produção de prova
pericial;
e) a perícia poderá ser realizada sempre que o juiz a repute
necessária (art. 573), mediante decisão fundamentada.
4. Marcela foi casada com Ronaldo por dezoito anos. Finda a
relação conjugal e realizado o divórcio, Marcela deixou de
promover a averbação da partilha no registro de imóveis,
razão pela qual os bens do casal permaneceram em nome
de Ronaldo.
Ronaldo, por sua vez, é executado na ação de execução
movida pelo Banco ABNorte. Tendo sido determinada a
penhora de todo o patrimônio de Ronaldo, este contata
sua ex-mulher e informa da decisão judicial.
77
Sobre a situação concreta, é correto afirmar:
a) não é possível o ajuizamento de embargos de tercei-
ro por Marcela, uma vez que ainda não é formalmente
proprietária do imóvel;
b) os embargos de terceiro não podem ser propostos pre-
ventivamente, sendo necessária a efetiva turbação ou
esbulho;
c) os embargos de terceiro voltam-se contra a moléstia
judicial à posse, que se configura com a turbação ou o
esbulho, não sendo apto à proteção contra a simples
ameaça de turbação ou esbulho;
d) os embargos de terceiro são cabíveis de forma preven-
tiva, quando o terceiro estiver na ameaça iminente de
apreensão judicial do bem de sua propriedade;
e) nenhuma das alternativas anteriores.
5. Sobre o procedimento das ações possessórias, é correto
afirmar:
a) é necessário que o autor demonstre, na petição inicial
e independentemente do nome atribuído à demanda
proposta, a existência da posse e a ocorrência de esbu-
lho, turbação ou ameaça, bem como, que peça a tutela
de seu direito;
b) não é possível cumular pedido possessório com o de con-
denação em perdas e danos e indenização dos frutos;
c) para os esbulhos ou turbações novas, ocorridos em
menos de um ano do ajuizamento da demanda, é pos-
sível a concessão de liminar;
d) para concessão de liminar, é necessário o preenchi-
mento dos pressupostos para concessão de tutela
provisória;
e) não é possível concessão de liminar, em tutela posses-
sória, quando o esbulho ou a turbação houver ocorrido
há mais de ano e dia do ajuizamento da demanda.
78
Referências Bibliográficas
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de Terras Devolutas da União, e dá outras Providências. Brasília, DF: Presidência da
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Teresa Arruda Alvim Wambier... [et al.], coordenadores. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2015.
79
Gabarito
Questão 1 – Resposta: F
Questão 1 – Resposta: A
Questão 3 – Resposta: E
Questão 4 – Resposta: D
Questão 5 – Resposta: A
80