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Carolina Uzeda
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A
2021
3
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Gislaine Denisale Ferreira
Revisor
André Faustino
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
ISBN 978-65-89881-98-8
CDD 347
____________________________________________________________________________________________
Evelyn Moraes – CRB-8 SP-010289/O
2021
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
4
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina____________________________________ 05
Reclamação Constitucional____________________________________ 06
Cumprimento de sentença____________________________________ 48
Execução______________________________________________________ 61
5
Apresentação da disciplina
Reclamação Constitucional
Autoria: Carolina Uzeda
Leitura crítica: André Faustino
Objetivos
• Ações impugnativas autônomas.
• Reclamação Constitucional.
1. Introdução
O homem é naturalmente falho. Ciente disso criou mecanismos para
que as decisões judiciais possam ser revistas e muito embora não seja
possível afirmar que a justiça da decisão se mede pelo número de
reexames a que foi submetida, fato é que a possibilidade de revisão
das decisões judiciais atende amplamente ao devido processo legal e
aos ideais de justiça1-2. Além disso, temos a necessidade, construída
historicamente, de evitar um juiz déspota3. A ciência de que as decisões
judiciais serão controladas por órgão, em regra, hierarquicamente
superior, cria uma “trava” psicológica, evitando abusos de poder4.
1
NERY JUNIOR., Nelson. Teoria geral dos recursos. 6. ed. atual., ampl. e reform. São Paulo: Revista dos Tribu-
nais, 2004, p. 43.
2
“Como diz Chiovenda, basta que o juiz saiba que a sua sentença pode ser reexaminada e modificada por um
tribunal superior para que ela seja mais cuidadosa e mais justa. Os vários graus de jurisdição existem não apenas
porque os superiores têm mais conhecimento ou sabedoria, pois, se assim não fosse, as ações deveriam ser jul-
gadas todas diretamente por eles, mas porque, em cada grau, o órgão jurisdicional vê o caso concreto de maneira
própria: o primeiro, mais próximo ao fato, pode apreciar todos os seus pormenores, inclusive os fatores de difícil
transcrição para o papel, como, por exemplo, a sinceridade de uma testemunha; o segundo grau, exatamente por-
que está mais distante dos fatos, pode ter uma visão mais adequada do contexto dos acontecimentos e de outros
casos análogos, bem como aperfeiçoa, em termos gerais, a interpretação do direito.” (GRECO FILHO, Vicente.
Direito processual civil brasileiro. v. 2. 12. edição, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 265).
3
NERY JUNIOR, Nelson. Teoria geral dos recursos. 6. ed. atual., ampl. e reform. São Paulo: Revista dos Tribu-
nais, 2004, p. 39.
4
Sobre os aspectos históricos da impugnação a partir da antiguidade: MATEO, Juan de Dios Doval de. La
revision civil. Barcelona: Libreria Bosch, 1979, p. 9-24; AZEVEDO, Luiz Carlos de. Origem e introdução da
apelação no Direito Lusitano. São Paulo: FIEO, 1976; e LIMA, Alcides de Mendonça. Introdução aos recursos
cíveis. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1976, p. 1-71.
5
A teoria geral da impugnação tem por objetivo o controle geral da regularidade dos atos processuais e, em es-
pecial, da atividade do tribunal, principalmente por meio de suas decisões. [...] Funciona, então, como um remédio
contra uma atividade indevida (desviada, ilegítima...)” (VESCOVI, Enrique. Los recursos judiciales y demás medios
impugnativos en Iberoamérica. Buenos Aires : Ediciones Depalma, 1988, p. 1). Tradução livre. Do original: “La
teoria general de la impugnación tiene por objetivo el control general de la regularidade de los actos procesales y,
en especial, la actividad del tribunal, principalmente por medio de sus resoluciones. (...) Funciona, entonces, como
in remédio a uma atividade indebida (desviada, ilegítima...).”
6
Araken de Assis inclui também, ao lado das ações impugnativas autônomas e os recursos, os sucedâneos re-
cursais, dentre os quais estariam a remessa necessária, a correição parcial, a suspensão da segurança, o pedido
de reconsideração e o agravo regimental. (Manual dos recursos – 8 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo : Editora
Revista dos Tribunais, 2016, pp. 1.011/1.056).
8
2. Reclamação Constitucional
2.1 Histórico
7
HC n. 3061, julgado pelo STF em 29 de julho de 1911.
8
NOBRE JUNIOR, Edilson Pereira. Reclamação e Tribunais de Justiça. In: Reclamação Constitucional. Org.
NOGUEIRA, Pedro Henrique Pedrosa; COSTA, Eduardo José da Fonseca. Salvador: Juspodivm, 2013, enrique
Pedroap. 113-115.
9
2.2 Cabimento
10
Neste sentido, é o enunciado 658, do FPPC: “Cabe reclamação, por usurpação de competência do Tribunal Su-
perior, contra decisão do tribunal local que não admite agravo em recurso especial ou em recurso extraordinário.”
10
11
Curso de Direito Processual Civil: o Processo Civil nos Tribunais, Recursos, Ações de Competência Originária
de Tribunal e Querela Nullitatis, Incidentes de Competência Originária de Tribunal. 13. ed. reform. – Salvador: Jus-
Podivm, 2016, p. 542-543.
12
Apesar disso, o STF, afirmando não estar vinculado aos próprios precedentes, tem decidido, mesmo no âmbito
do CPC/2015 e apesar do que consta no art. 927, V, pelo não cabimento da reclamação contra decisão de relator
ou turma contrário à decisão do plenário: “Agravo regimental na reclamação. Reclamação contra decisão proferida
no RE nº 718.874/RS-RG. Alegada violação do entendimento firmado nos RE nºs 363.852/MG e 596.177/RS-RG e
na ADI nº 4.071/DF. Inadmissibilidade de reclamação contra decisão do STF. Competência do Plenário do Supre-
mo Tribunal Federal. Agravo regimental não provido. 1. É inadmissível a reclamação proposta contra decisão judi-
cial de ministro ou órgão colegiado da Suprema Corte. 2. A eficácia vinculante de precedente da Suprema Corte se
opera relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário (art. 102, § 3º e art. 103-A, caput, ambos da CF/88),
os quais, na sistemática da repercussão geral, têm a competência para, em casos idênticos, procederem à concre-
tização da norma de interpretação constitucional exarada pelo STF no representativo da controvérsia, com vistas
à racionalização do sistema de Justiça. 3. As decisões proferidas no RE nº 596.177/RS ou na ADI nº 4.071/DF não
vinculam esta Suprema Corte na análise do RE nº 718.874/RS-RG e, portanto, não obstam ou tornam ilegítimo o
exercício da competência jurisdicional do STF firmada no sentido da necessidade de revisitação, na sistemática da
repercussão geral, da temática constitucional relacionada com a contribuição social do empregador rural pessoa
física, tendo em vista a superveniente edição da Emenda Constitucional nº 20/1998. 4. Agravo regimental não
provido.” (Rcl 27049 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 21/11/2017, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-278 DIVULG 01-12-2017 PUBLIC 04-12-2017).
11
Os incisos III e IV, do art. 988, visam garantir a autoridade das teses
fixadas em Incidente de Assunção de Competência, Incidente de
Resolução de Demandas Repetitivas, enunciados de súmula do STF e
STJ, além, claro, das súmulas vinculantes e das decisões de controle
concentrado de constitucionalidade. Veja-se que o art. 988 limitou seu
escopo, deixando de prever todos os precedentes vinculantes previstos
no art. 927, o que não impede, porém, a interpretação analógica do
dispositivo, pelo menos quanto ao sistema de julgamento de casos
repetitivos e a repercussão geral.
A novidade foi mais que salutar, uma vez que a vinculação dos tribunais
ao decidido pelo STF e STJ garante que as Cortes cumpram efetivamente
suas funções nomofilática e uniformizadora, impedindo entendimentos
dispersos e garantindo a isonomia entre os jurisdicionados13.
13
Sobre a função do STF e os precedentes vinculantes como meio de garantir a isonomia: ARRUDA ALVIM,
Teresa; DANTAS, Bruno. Recurso Especial, Recurso Extraordinário e a Nova Função dos Tribunais Superio-
res no Direito Brasileiro de acordo com o CPC de 2015 e a Lei 13.256/16. 3. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2016.
12
2.3 Competência
2.4 Legitimidade
14
Vide enunciados do FPPC sobre o tema: “349. (arts. 982, § 5º e 988) Cabe reclamação para o tribunal que
julgou o incidente de resolução de demandas repetitivas caso afrontada a autoridade dessa decisão.” e “558. (art.
988, IV, § 1º; art. 927, III; art. 947, § 3º) Caberá reclamação contra decisão que contrarie acórdão proferido no
julgamento dos incidentes de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência para o tribunal
cujo precedente foi desrespeitado, ainda que este não possua competência para julgar o recurso contra a decisão
impugnada.”
15
Curso de Direito Processual Civil: o Processo Civil nos Tribunais, Recursos, Ações de Competência Originária
de Tribunal e Querela Nullitatis, Incidentes de Competência Originária de Tribunal. 13. ed. reform. – Salvador: Jus-
Podivm, 2016, p. 559.
13
2.5 Procedimento
16
Além disso, o autor, por certo, deverá demonstrar a presença de algum dos requisitos de cabimento previstos no
art. 988.
17
Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha ressaltam que “A reclamação é uma ação que provoca o exercí-
cio da jurisdição contenciosa.” (Curso de Direito Processual Civil: o Processo Civil nos Tribunais, Recursos,
Ações de Competência Originária de Tribunal e Querela Nullitatis, Incidentes de Competência Originária de
Tribunal. 13. ed. reform. – Salvador: JusPodivm, 2016, p. 534)
14
Pontuando
• Reclamação Constitucional é ação impugnativa autônoma:
18
BRASIL. Supremo Tribunal da Justiça (Segunda Turma). Rcl 24464 AgR. Relator: Min. Gilmar Mendes. Relator
p/ Acórdão: Min. Dias Toffoli. Julgado em: 27/10/2017. Diário da Justiça Eletrônico, Brasília, DF, 8 fev. 2018.
15
Glossário
• Reclamação Constitucional: ação impugnativa autônoma prevista
no art. 988 do CPC.
Verificação de leitura
Referências
ARRUDA ALVIM, Teresa; DANTAS, Bruno. Recurso Especial, Recurso
Extraordinário e a Nova Função dos Tribunais Superiores no Direito Brasileiro:
(de acordo com o CPC de 2015 e a Lei 13.256/16). 3. ed. rev., atual. e ampl. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
ASSIS, Araken. Manual dos Recursos. 8. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2016.
AZEVEDO, Luiz Carlos de. Origem e Introdução da Apelação no Direito Lusitano.
São Paulo: FIEO, 1976.
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual
Civil: o Processo Civil nos Tribunais, Recursos, Ações de Competência Originária
de Tribunal e Querela Nullitatis, Incidentes de Competência Originária de
Tribunal. 13. ed. reform. Salvador: JusPodivm, 2016.
GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. v. 2. 12. ed., rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 1997.
LIMA, Alcides de Mendonça. Introdução aos Recursos Cíveis. 2. ed. rev. e atual. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1976.
22
MACÊDO, Lucas Buril de. A Análise dos Recursos Excepcionais pelos Tribunais
Intermediários – o Pernicioso art. 1.030 do CPC e sua Inadequação Técnica
como Fruto de uma Compreensão Equivocada do Sistema de Precedentes
Vinculantes. Revista de Processo, v. 262. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Novo Curso de Processo Civil:
Tutela dos Direitos Mediante Procedimentos Diferenciados. v. 3., 3. ed. rev.,
atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.
MATEO, Juan de Dios Doval de. La Revision Civil. Barcelona: Libreria Bosch, 1979.
MEIRELLES, Hely Lopes; WALD, Arnoldo; MENDES, Gilmar Ferreira. Mandado de
Segurança e Ações Constitucionais. 36. ed. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros
Editores, 2014, p. 45.
NERY JUNIOR, Nelson. Teoria Geral dos Recursos. 6. ed. atual., ampl. e reform. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.
NOBRE JUNIOR, Edilson Pereira. Reclamação e tribunais de justiça. In: Reclamação
Constitucional. Org. NOGUEIRA, Pedro Henrique Pedrosa; COSTA, Eduardo José da
Fonseca. Salvador: Juspodivm, 2013.
VESCOVI, Enrique. Los Recursos Judiciales y Demás Medios Impugnativos en
Iberoamérica. Buenos Aires: Ediciones Depalma, 1988.
Gabarito
Questão 01 – Resposta: B
Questão 02 – Resposta: D
Questão 03 – Resposta: C
Questão 04 – Resposta: D
Questão 05 – Resposta: D
Ação rescisória
Autoria: Carolina Uzeda
Leitura crítica: André Faustino
Objetivos
• Ações impugnativas autônomas.
• Ação Rescisória.
1. Introdução
Antes de iniciar qualquer estudo acerca da coisa julgada e dos meios para
sua relativização, faz-se imperativo verificar qual o objetivo primário da
sua criação e disposição em praticamente todos os sistemas processuais
existentes. Tais premissas nortearão o estudo e, principalmente, os limites
impostos para a utilização dos meios de revisão.
2
MARINONI, Luiz Guilherme. Coisa Julgada Inconstitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 68.
3
“Como anotado por Walter Burckhardt, aquilo que é identificado como vontade da Constituição “deve ser hones-
tamente preservado, mesmo que, para isso, tenhamos de renunciar a alguns benefícios, ou até a algumas vanta-
gens justas. Quem se mostra disposto a sacrificar um interesse em favor da preservação de um princípio constitu-
cional fortalece o respeito à Constituição e garante um bem da vida indispensável à essência do Estado mormente
ao Estado democrático”. Aquele que, ao contrário, não se dispõe a esse sacrifício, malbarata, pouco a pouco, um
capital que significa muito mais do que todas as vantagens angariadas, e que, desperdiçado, não mais será recu-
perado.” (HESSE, Conrad. A Força Normativa da Constituição. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1991,
p. 21-22).
4
MARINONI, Luiz Guilherme. Ação rescisória por ofensa à coisa julgada. In: Aspectos Polêmicos dos Recur-
sos Cíveis e Assuntos Afins. v. 13. Coord. NERY JUNIOR, Nelson; ALVIM, Teresa Arruda. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2017.
28
6
Com entendimento diverso, mas também defendendo a autoridade da decisão internacional sobre a de
Direito interno, independentemente de coisa julgada, temos o entendimento de André de Ramos: “Ora, como
exposto, diante da implementação de decisão internacional não cabe alegar coisa julgada, graças à separa-
ção do direito interno e do direito internacional. Não é o órgão internacional (por exemplo a Corte Intera-
mericana de Direitos Humanos) um órgão de revisão ou cassação, superior aos Tribunais internos. Assim,
deve-se implementar a decisão internacional tout court, sem que se alegue eventual imutabilidade da deci-
são local. “RAMOS, André de. Processo Internacional de Direitos Humanos. Editora Renovar: Rio de
Janeiro, 2002, p. 357.”
32
Conforme muito bem tratou Gilmar Mendes12, em lição que pode ser
tranquilamente observada na vigência do CPC/15, o rol de hipóteses de
8
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
9
Cabe rescisória, ainda, contra (i) decisão que aplica sanção processual, como, por exemplo, as multas por liti-
gância de má-fé; (ii) decisão que homologa autocomposição; (iii) decisão que homologa partilha; (iv) decisão que
julga liquidação de sentença; e (v) decisão que extingue a execução. Sobre o tema, vide: CARVALHO, Fabiano.
Ação rescisória: decisões rescindíveis. São Paulo: Saraiva, 2010 e DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carnei-
ro da. Curso de Direito Processual Civil: o Processo Civil nos Tribunais, Recursos, Ações de Competência
Originária de Tribunal e Querela Nullitatis, Incidentes de Competência Originária de Tribunal. 13. ed. reform.
Salvador: JusPodivm, 2016.
10
§ 2o Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada em julgado que, embora
não seja de mérito, impeça: I–nova propositura da demanda; ou II–admissibilidade do recurso correspondente.
11
Enunciado nº 33 do FPPC: “Não cabe ação rescisória nos casos de estabilização da tutela antecipada de urgên-
cia.”
12
“Isto pode ser extraído das hipóteses de admissibilidade da rescisória descritas no art. 485 do CPC. Sem dúvi-
da, de uma leitura positiva dos incisos que compõem o art. 485, depreende-se que o sistema busca, entre outros
34
Frise-se que a parte pode não indicar expressamente qual inciso justifica
sua ação rescisória e, ainda assim, ter sua demanda admitida e julgada,
desde que do conjunto da sua argumentação seja possível extrair a
causa de pedir e a adequação desta ao rol previsto lei. A única exigência
da jurisprudência é no sentido de que, caso proposta a ação rescisória
pelo inciso V, do art. 966, a parte indique expressamente qual a norma
jurídica que reputa violada.
Aqui é prestigiado o princípio do juiz natural, que exige que toda demanda
levada ao Judiciário seja julgada por juiz competente e imparcial. Veja-se
que não se questiona se o juiz impedido agiu de forma a beneficiar alguma
aspectos, sentenças proferidas por juízes honestos (incisos I e II), que sejam harmônicas em relação a outros
procedimentos judiciais (inc. IV), que tenham substrato probatório consistente (VI, VII e VIII), e que respeitem a
ordem legal objetiva (V), etc. Não observados tais objetivos, o sistema estabelece uma via processual de correção,
nas hipóteses específicas do art. 485, do CPC.” (Voto proferido nos autos do RE 328.812 – ED/AM).
13
A lei também prevê ação rescisória contra a decisão que julga partilha (art. 658).
35
14
Tratando especificamente do ajuizamento da rescisória, na hipótese prevista no artigo 966, III: WAMBIER, Te-
resa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo Ferres da Silva; MELLO, Rogerio Licastro
Torres de. Comentário ao art. 966. In: Primeiros Comentários ao Novo Código de Processo Civil: Artigo por
Artigo. 2. ed. em e-book baseada na 2. ed. impressa. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
15
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil: o Processo Civil nos
Tribunais, Recursos, Ações de Competência Originária de Tribunal e Querela Nullitatis, Incidentes de Com-
petência Originária de Tribunal. 13. ed. reform. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 486.
36
17
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil: o Processo Civil nos
Tribunais, Recursos, Ações de Competência Originária de Tribunal e Querela Nullitatis, Incidentes de Com-
petência Originária de Tribunal. 13. ed. reform. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 487.
37
Considera-se prova nova aquela que não foi usada na causa, não sendo
necessário que seu surgimento tenha ocorrido após o trânsito em
julgado da decisão.
3.9 Procedimento
A ação rescisória poderá ser proposta por quem foi parte, pelo
Ministério Público ou, ainda, por terceiros eventualmente prejudicados
pela decisão rescindenda.
19
NERY JUNIOR, Nelson. Código de Processo Civil Comentado. / Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery. 16 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 2061.
39
20
Enunciado 337, do FPPC: (art. 966, caput e § 3º, 503, § 1º). Cabe ação rescisória para desconstituir a coisa
julgada formada sobre a resolução expressa da questão prejudicial incidental. (Grupo Sentença, Coisa Julgada e
Ação Rescisória).
40
Pontuando
• Ação rescisória é ação impugnativa autônoma
• Competência do tribunal.
Glossário
• Coisa julgada: aquela lançada sobre decisão de mérito.
Verificação de leitura
( ) Verdadeiro.
( ) Falso.
( ) Verdadeiro.
( ) Falso.
Referências
DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual
Civil: o Processo Civil nos Tribunais, Recursos, Ações de Competência Originária
de Tribunal e Querela Nullitatis, Incidentes de Competência Originária de
Tribunal. 13. ed. reform. Salvador: JusPodivm, 2016.
HESSE, Conrad. A Força Normativa da Constituição. Porto Alegre: Sergio Antonio
Fabris Editor, 1991.
MARINONI, Luiz Guilherme. Ação rescisória por ofensa à coisa julgada. In: Aspectos
Polêmicos dos Recursos Cíveis e Assuntos Afins. v. 13. Coord. NERY JUNIOR,
Nelson; ALVIM, Teresa Arruda. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.
MARINONI, Luiz Guilherme. Coisa Julgada Inconstitucional. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2008.
PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Comentários ao Código de Processo
Civil. 3. ed. rev. e aumentada. Rio de Janeiro: Forense, 1976.
NERY JUNIOR, Nelson. Código de Processo Civil Comentado. / Nelson Nery Junior,
Rosa Maria de Andrade Nery. 16. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
ROUSSEAU, Jean Jacques. Do Contrato Social. Versão para eBook. Edição
Eletrônica. Editora Ridendo Castigat Mores.
TALAMINI, Eduardo. Coisa Julgada e sua Revisão. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2005.
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; CONCEIÇÃO, Maria Lúcia Lins; RIBEIRO, Leonardo
Ferres da Silva; MELLO, Rogerio Licastro Torres de. Comentário ao art. 966. In:
46
Gabarito
Questão 01 – Resposta: C
Questão 03 – Resposta: A
Questão 04 – Resposta: C
Cumprimento de sentença
Autoria: Carolina Uzeda
Leitura crítica: André Faustino
Objetivos
• Cumprimento de sentença.
• Questões polêmicas.
49
1. Introdução
2. Fase inicial
Alexandre Freitas Câmara entende que o art. 513, § 1º, autoriza que o
cumprimento de sentença se desenvolva por impulso oficial, ressalvada
a hipótese em que o título reconheça o dever de pagar quantia,
provisório ou definitivo:
O STJ, por exemplo, já entendeu que a justificativa deverá ser um fato novo,
isto é, “que não tenha sido levado em consideração pelo juízo do processo
de conhecimento no momento da definição do débito alimentar”4.
4
RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PRISÃO CIVIL. JUSTIFICATIVA APRESENTADA PELO
DEVEDOR. COMPROVAÇÃO DA SITUAÇÃO DE PENÚRIA. FATO NOVO. IMPOSSIBILIDADE MOMENTÂNEA.
AFASTAMENTO TEMPORÁRIO DA PRISÃO. 1. O art. 733 do CPC, buscando conferir efetividade à tutela juris-
dicional constitucional (CF, art. 5°, LXVII), previu meio executório com a possibilidade de restrição à liberdade
individual do devedor de alimentos, de caráter excepcional, estabelecendo que “na execução de sentença ou de
decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o paga-
mento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo”. 2. Valendo-se da justificativa, o devedor terá o
direito de comprovar a sua situação de penúria, devendo o magistrado conferir oportunidade para seu desiderato,
sob pena de cerceamento de defesa. Precedentes. 3. A justificativa deverá ser baseada em fato novo, isto é, que
não tenha sido levado em consideração pelo juízo do processo de conhecimento no momento da definição do dé-
bito alimentar. 4. Outrossim, a impossibilidade do devedor deve ser apenas temporária; uma vez reconhecida, irá
subtrair o risco momentâneo da prisão civil, não havendo falar, contudo, em exoneração da obrigação alimentícia
ou redução do encargo, que só poderão ser analisados em ação própria. 5. Portanto, a justificativa afasta tempo-
rariamente a prisão, não impedindo, porém, que a execução prossiga em sua forma tradicional (patrimonial), com
penhora e expropriação de bens, ou ainda, que fique suspensa até que o executado se restabeleça em situação
condizente à viabilização do processo executivo, conciliando as circunstâncias de imprescindibilidade de subsis-
tência do alimentando com a escassez superveniente de seu prestador, preservando a dignidade humana de am-
bos. 6. Na hipótese, de acordo com os fatos delineados nos autos, realmente não se pode ver decretada a prisão
do executado, ora recorrente, mas também não se pode simplesmente extinguir a execução ou ver retomado o
processo pelo rito do art. 733 do Código de Processo Civil, como entendeu o acórdão. Devem os autos retornar
53
3. Cumprimento provisório
executado por todos os danos eventualmente sofridos. Veja-se que tal regra
aplica-se, como mencionado anteriormente, à execução como um todo:
Pontuando
• Cumprimento de sentença.
Glossário
• Cumprimento de sentença: método para execução de decisões
previstas no art. 515.
Verificação de leitura
Referências
CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas,
2015.
DIDIER JUNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: execução. Fredie Didier
Jr.; Leonardo Carneiro da Cunha; Paula Sarno Braga; Rafael Alexandria de Oliveira. 7
ed. Salvador: Juspodivm, 2017.
NERY JUNIOR. Nelson. Princípios do Processo na Constituição Federal: (processo
civil, penal e administrativo). 12. ed. rev., ampl. e atual. com as novas súmulas do
STF (simples e vinculantes) e com o novo CPC (Lei 13.105/2015). São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2016.
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim... [et al]. Primeiros Comentários ao Novo Código
de Processo Civil. 1. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Gabarito
Questão 01 – Resposta: B
Questão 02 – Resposta: D
60
Questão 03 – Resposta: C
Questão 04 – Resposta: B
Questão 05 – Resposta: E
Execução
Autoria: Carolina Uzeda
Leitura crítica: André Faustino
Objetivos
• Teoria geral da execução.
• Princípios e espécies.
1. Introdução
1
DIDIER JUNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: execução. Fredie Didier Jr.; Leonardo Carneiro
da Cunha; Paula Sarno Braga; Rafael Alexandria de Oliveira. 7. ed. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 45.
63
o que tem direito, o que não é possível apenas com a decisão judicial
(pelo menos na tutela condenatória)2.
2
“Pelo princípio constitucional do direito de ação, além do direito ao processo justo, todos têm o direito de obter
do Poder Judiciário a tutela jurisdicional adequada. Não é suficiente o direito à tutela jurisdicional. É preciso que
essa tutela seja a adequada, sem o que estaria vazio de sentido o princípio.” NERY JUNIOR. Nelson. Princípios
do Processo na Constituição Federal: (processo civil, penal e administrativo). 12. ed. rev., ampl. e atual. com
as novas súmulas do STF (simples e vinculantes) e com o novo CPC (Lei 13.105/2015). São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2016, p. 210.
64
3
DIDIER JÚNIOR, Fredie; CABRAL, Antônio do Passo. Negócios Jurídicos Processuais Atípicos e Execução.
Revista de Processo, [s. l.], v. 275, p. 193-228, 2018.
65
3.1 Efetividade
3.3 Boa-fé
O art. 789 do CPC afirma que “O devedor responde com todos os seus
bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo
as restrições estabelecidas em lei”. O texto legal, que se aplica apenas
às execuções de quantia e de dar coisa certa, traz em si três regras: (i)
apenas o devedor ou o responsável legal pelo débito responderá com
seus bens; (ii) a responsabilidade é patrimonial, ressalvada a execução
de alimentos, que admite prisão civil; e (iii) o devedor responderá
com a integralidade do seu patrimônio, ressalvadas as hipóteses de
impenhorabilidade, previstas expressamente em lei.
3.6 Contraditório
10
“Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo
modo menos gravoso para o executado. Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais
gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos execu-
tivos já determinados”. (BRASIL, 2015, art. 805)
70
11
“PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. NOMEAÇÃO DE BENS À PENHORA. PRECATÓRIO. DIREITO
DE RECUSA DA FAZENDA PÚBLICA. ORDEM LEGAL. SÚMULA 406/STJ. ADOÇÃO DOS MESMOS FUNDA-
MENTOS DO RESP 1.090.898/SP (REPETITIVO), NO QUAL SE DISCUTIU A QUESTÃO DA SUBSTITUIÇÃO DE
BENS PENHORADOS. PRECEDENTES DO STJ. 1. Cinge-se a controvérsia principal a definir se a parte executa-
da, ainda que não apresente elementos concretos que justifiquem a incidência do princípio da menor onerosidade
(art. 620 do CPC), possui direito subjetivo à aceitação do bem por ela nomeado à penhora em Execução Fiscal,
em desacordo com a ordem estabelecida nos arts. 11 da Lei 6.830/1980 e 655 do CPC. [...] 6. Na esteira da
Súmula 406/STJ (“A Fazenda Pública pode recusar a substituição do bem penhorado por precatório”), a Fazen-
da Pública pode apresentar recusa ao oferecimento de precatório à penhora, além de afirmar a inexistência de
preponderância, em abstrato, do princípio da menor onerosidade para o devedor sobre o da efetividade da tutela
executiva. Exige-se, para a superação da ordem legal prevista no art. 655 do CPC, firme argumentação baseada
em elementos do caso concreto. Precedentes do STJ. 7. Em suma: em princípio, nos termos do art. 9°, III, da Lei
6.830/1980, cumpre ao executado nomear bens à penhora, observada a ordem legal. É dele o ônus de comprovar
a imperiosa necessidade de afastá-la, e, para que essa providência seja adotada, mostra-se insuficiente a mera
invocação genérica do art. 620 do CPC. 8. Diante dessa orientação, e partindo da premissa fática delineada pelo
Tribunal a quo, que atestou a “ausência de motivos para que [...] se inobservasse a ordem de preferência dos ar-
tigos 11 da LEF e 655 do CPC, notadamente por nem mesmo haver sido alegado pela executada impossibilidade
de penhorar outros bens [...]”–fl. 149, não se pode acolher a pretensão recursal. 9. Recurso Especial parcialmente
provido apenas para afastar a multa do art. 538, parágrafo único, do CPC. Acórdão submetido ao regime do art.
543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ”. (REsp 1337790/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEI-
RA SEÇÃO, julgado em 12/06/2013, DJe 07/10/2013).
12
“Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível
consubstanciada em título executivo”. (BRASIL, 2015, art. 786)
13
DIDIER JUNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: execução. Fredie Didier Jr.; Leonardo Carneiro
da Cunha; Paula Sarno Braga; Rafael Alexandria de Oliveira. 7 ed. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 87.
71
3.9 Disponibilidade
A única exceção legal é a prevista no art. 775, par. ún., II, que afirma
que a extinção da execução a pedido do credor dependerá de anuência
do executado, sempre que tenha oferecido impugnação/embargos
com fundamento em questões de direito material (por exemplo:
compensação, pagamento etc.).
4. Responsabilidade patrimonial
14
Consta no voto do Min. Sálvio de Figueiredo: “É certo que se tem admitido como tempestivos embargos à exe-
cução antes de citados os co-executados, dentro do princípio da instrumentalidade do processo. Entretanto, não
se pode tê-los como regulares em hipóteses como a dos autos, em detrimento do direito do Exequente, especial-
mente quando se recorda que estava em curso incidente quanto à eficácia ou não da penhora, e que o cônjuge,
em recaindo a penhora sobre bem imóvel, é litisconsorte necessário, sendo imprescindível, sob pena de nulidade
pleno iure, a intimação do cônjuge, como aliás já proclamou esta 4ª Turma no REsp nº 454, de 22.8.89, de que
foi relator.” (REsp 767/GO, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em
24/10/1989, DJ 20/11/1989, p. 17296).
15
CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015, p. 337.
73
16
DIDIER JUNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: execução. Fredie Didier Jr.; Leonardo Carneiro
da Cunha; Paula Sarno Braga; Rafael Alexandria de Oliveira. 7 ed. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 344.
74
17
CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015, p. 337.
18
DIDIER JUNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: execução. Fredie Didier Jr.; Leonardo Carneiro
da Cunha; Paula Sarno Braga; Rafael Alexandria de Oliveira. 7 ed. Salvador: Juspodivm, 2017, p. 344.
75
5. Competência
19
Sobre a competência para processar execução fiscal, o STJ já afirmou não ser aplicável o enunciado 33 de
sua Súmula, autorizando o declínio de ofício: “AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. COMPETÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE VARA DA JUSTIÇA FEDERAL
NO DOMICÍLIO DO DEVEDOR. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ESTADUAL POR DELEGAÇÃO. ART. 15, I DA LEI
5.010/66. COMPETÊNCIA QUE PODE SER DECLINADA DE OFÍCIO. INAPLICABILIDADE DO ENUNCIADO
DA SÚMULA 33/STJ. MATÉRIA JULGADA PELO REGIME DOS RECURSOS REPETITIVOS. RESP 1.146.194/
SC, REL. MIN. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, REL. P/ ACÓRDÃO MIN. ARI PARGENDLER, DJE 25.10.2013.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. [...] 2. Era assente neste STJ o entendimento de que a competência para
processar e julgar Execução Fiscal é relativa, porquanto estabelecida em razão do território, e, portanto, insus-
ceptível de modificação por ato judicial praticado de ofício; atento a essa relevante circunstância, o STJ editou
a sua Súmula 33, em que se afirma, precisamente, essa superior diretriz: A incompetência relativa não pode ser
declarada de ofício. 3. Todavia, no julgamento do REsp. 1.146.194/SC, Rel. p/ acórdão ARI PARGENDLER, DJe
25.10.2013, julgado sob o rito dos recursos repetitivos, esta egrégia Corte Superior firmou entendimento de que
a decisão do Juiz Federal, que declina da competência quando a norma do art. 15, I da Lei 5.010/66 deixa de ser
observada, não está sujeita ao enunciado da Súmula 33 do Superior Tribunal de Justiça. Naquela oportunidade
restou consignado que a norma legal visa facilitar tanto a defesa do devedor quanto o aparelhamento da execu-
ção, que assim não fica, via de regra, sujeita a cumprimento de atos por cartas precatórias. 4. Agravo Regimental
desprovido. (AgRg no AREsp 459.691/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 27/03/2014, DJe 07/04/2014).
76
[...]
2. A execução fiscal foi extinta sem julgamento de mérito, eis que o crédito
fora remetido ao juízo falimentar. Contrario sensu, haveria julgamento
com mérito caso a execução fosse extinta em razão da ocorrência
da prescrição, satisfação do crédito, transação, remissão da dívida,
renúncia ao crédito e demais hipóteses legais, tais quais aquelas
previstas nos art. 794 do CPC. Assim, não havendo sentença de mérito, não
há que se falar em cabimento da ação rescisória, sobretudo fundada no art.
485, V, do CPC, a qual pressupõe que a normas legais tidas por ofendidas
tenham sido violadas de tal modo aberrante que afete a literalidade dos
dispositivos, o que não é passível de análise se a sentença rescindenda não
adentrou o mérito da causa. 3. Recurso especial não provido.20
7. Partes e terceiros
Já o legitimado passivo originário será o devedor (art. 779, I). Poderão ser
executados também aqueles sujeitos que tenham legitimidade passiva
20
REsp 1246515/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª T., j. 10.05.2011, DJe 16.05.2011.
80
O ordenamento jurídico, por sua vez, tem alcance muito mais amplo que
a lei propriamente dita. Ele inclui a jurisprudência, doutrina e todas as
normas que integram o conjunto de fontes que formam o Direito. Estar
de acordo com o ordenamento jurídico é estar de acordo com o Direito.
22
Código de processo civil comentado. 11. ed. São Paulo: RT. p. 221.
23
Neste sentido WAMBIER, Teresa Arruda Alvim... [et al]. Primeiros Comentários ao Novo Código de Processo
Civil. – 1. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015: “À luz do princípio da legalidade, o que se espera é que o
juiz encontre no direito a solução a ser aplicada ao caso sob seu julgamento. No sentido de direito é que o legisla-
dor usou a expressão ordenamento jurídico. Hoje, se entende que o juiz está vinculado ao direito, e, não, ao texto
da lei. Assim deve ser compreendido o princípio da legalidade, contemporaneamente.”
82
Pontuando
• Execução.
24
“Num contrato as partes contratantes acordam em que devem conduzir-se de determinada maneira, uma em
face da outra. Este dever-ser é o sentido subjetivo do ato jurídico-negocial. Mas também é o seu sentido objetivo.
Quer dizer: este ato é um fato produtor de Direito se e na medida em que a ordem jurídica confere a tal fato esta
qualidade; e ela confere-lhe esta qualidade tornando a prática do fato jurídico-negocial, juntamente com a con-
duta contrária ao negócio jurídico, pressuposto de uma sanção civil. Na medida em que a ordem jurídica institui
o negócio jurídico como fato produtor de Direito, confere aos indivíduos que lhe estão subordinados o poder de
regular as suas relações mútuas, dentro dos quadros das normas gerais criadas por via legislativa ou consuetu-
dinária, através de normas criadas pela via jurídico-negocial. Estas normas jurídicas negocialmente criadas, que
não estatuem sanções, mas uma conduta cuja conduta oposta é o pressuposto da sanção que as normas jurídicas
gerais estatuem, não são normas jurídicas autônomas. Elas apenas são normas jurídicas em combinação com as
normas gerais que estatuem as sanções.” (KELSEN, 2012, p. 179)
83
Glossário
• Efetividade: o Estado deve entregar, através da tutela jurisdicional,
aquilo que a parte tem direito, a quem tenha o direito.
Verificação de leitura
( ) Verdadeiro.
( ) Falso.
Referências
ARRUDA ALVIM NETTO, José Manoel de. Código de Processo Civil Comentado. v. 1,
n. 3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1975.
CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas,
2015.
DIDIER JÚNIOR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil: execução. 7. ed.
Salvador: Juspodivm, 2017.
DIDIER JUNIOR., Fredie; CABRAL, Antonio do Passo. Negócios Jurídicos Processuais
Atípicos e Execução. Revista de Processo. v. 275. 2018.
KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Tradução: João Baptista Machado. 8. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2012.
NERY JUNIOR. Nelson. Princípios do Processo na Constituição Federal: (processo
civil, penal e administrativo). 12. ed. rev., ampl. e atual. com as novas súmulas do
STF (simples e vinculantes) e com o novo CPC (Lei 13.105/2015). São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2016.
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim... [et al]. Primeiros Comentários ao Novo Código
de Processo Civil. – 1. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
86
Gabarito
Questão 01 – Resposta: A
Questão 02 – Resposta: B
Questão 04 – Resposta: D
Questão 05 – Resposta: D
BONS ESTUDOS!