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ANTONIA SANTOS FONTENELE

AS DIFICULDADES DE INSERÇÃO DOS MÉTODOS CONSENSUAIS


FACE À CULTURA DA LITIGÂNCIA

FORTALEZA
JUNHO / 2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU UNINASSAU FORTALEZA
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

ANTONIA SANTOS FONTENELE

AS DIFICULDADES DE INSERÇÃO DOS MÉTODOS CONSENSUAIS FACE À


CULTURA DA LITIGÂNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso


(TCC) apresentado ao Curso de
Direito do Centro Universitário
Maurício de Nassau - Fortaleza como
requisito para a obtenção do grau de
Bacharel em Direito, sob a orientação
da Prof.ª Ms. Suzyanne de Kássya
Ventura Pessoa de Paula.

FORTALEZA
2023
ANTONIA SANTOS FONTENELE

AS DIFICULDADES DE INSERÇÃO DOS MÉTODOS CONSENSUAIS FACE À


CULTURA DA LITIGÂNCIA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi submetido ao curso de Direito do Centro


Universitário Maurício de Nassau – UNINASSAU- Fortaleza como requisito parcial
para a obtenção do título de Bacharel. A citação de qualquer trecho deste trabalho é
permitida desde que feita de acordo com as normas da ética científica.

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________
Prof.ª Ms. Suzyanne de Kássya Ventura Pessoa de Paula - Orientadora
Centro Universitário Maurício de Nassau - UNINASSAU

_________________________________________
Prof.ª Dra. Ticiana Santiago de Sá
Centro Universitário Maurício de Nassau - UNINASSAU

_________________________________________
Prof.ª Ms. Norma Patrícia Araújo Athayde
Centro Universitário Maurício de Nassau - UNINASSAU

FORTALEZA
2023
FICHA CATALOGRÁFICA (OBRIGATÓRIO)
Dedico aos meus pais, José e Lourdes.
AGRADECIMENTOS

Aqui registro meus sinceros agradecimentos:


À professora Suzyanne Pessoa, que me orientou ao longo do desenvolvimento
deste estudo e que foi de suma importância, pois nada melhor do que receber a
aprovação de quem é especialista no assunto.
Agradeço ainda, pela disponibilidade e entusiasmo das Professoras Norma e
Ticiane que prontamente aceitaram o convite para participarem da minha banca de
Trabalho de Conclusão de Curso.
À minha família, que apesar de estar longe, continua sendo a base de tudo que
tenho vivenciado, pois sem os valores que aprendi com eles, não seria possível chegar
até aqui. Diversos foram os contratempos que experienciei desde a decisão que tomei
em deixar o lar materno e lutar por meus sonhos e receber a compreensão, de minha
família, de que não posso estar com eles no momento é reconfortador.
Ao grande Amor da minha vida (ex-namorado). Não foi o motivo pelo qual saí
do interior para vir construir minha carreira em Fortaleza, mas certamente foi o motivo
pelo qual eu permaneci aqui nesses longos e difíceis anos. Sei que se não fosse seu
apoio eu jamais teria conseguido. Quero registrar meu agradecimento por você ter
entrado na minha vida e, com sua maturidade, ter me ensinado tantas coisas que eu
não conseguiria aqui descrever, mas agradeço mais ainda por ter saído. Pode parecer
contraditório, mas acredito que dessa vez, preciso viver esse processo sozinha, vai
ser importante para o meu crescimento, pois está sendo bem desafiador. A verdade é
que a gente aprende que tem amores que são para serem vividos e tem amores que,
de tão sublimes, merecem ficar guardados no nosso coração.
Gratidão!
“Uma vez que as guerras nascem no espírito
dos homens, é no espírito dos homens que se
devem erguer as defesas da paz”. Archibald
McLeish.
LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Resolução nº125 de 2010 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) …. 26


Figura 02 - Quantidade de audiências conciliatórias ............................................... 31
Figura 03 - Gráfico ilustrativo ................................................................................... 32
Figura 04 - Sentenças e decisões terminativas homologatórias .............................. 33
RESUMO

Os Métodos Adequados de Solução de Controvérsias, em processo de expansão no


ordenamento jurídico brasileiro, têm como institutos, dentre outros, a conciliação e a
mediação que serão objetos de aprofundamento deste estudo. O objetivo central do
trabalho é abordar o processo de judicialização de conflitos, analisando os impactos
negativos da cultura da litigância, tendo em vista a resistência social e cultural em
aderir aos referidos métodos, também intitulado de autocompositivos e como objetivos
específicos, disseminar a cultura do consenso, do diálogo, da pacificação, fomentando
o conhecimento e desmistificando a judicialização como o único meio de acesso à
justiça. Também foram explanados, a origem, os conceitos, o processo lento de
implementação no ordenamento brasileiro, tal como a aplicabilidade, levando-se em
consideração os direitos disponíveis e indisponíveis. Discorreu-se ainda, sobre a
cultura do litígio, a judicialização dos conflitos e as perspectivas dos dois institutos a
curto e longo prazo. Em vista disso, fez-se uso de referencial bibliográfico de diversos
autores para embasar a pesquisa, bem como de dados estatísticos do relatório Justiça
em números do ano de 2022, no qual é lançado anualmente pelo Conselho Nacional
de Justiça os resultados. A partir daí foram apontadas possíveis soluções para a
problemática.

Palavras-chaves: Métodos Autocompositivos; cultura do diálogo; cultura do litígio;


judicialização de conflitos.
ABSTRACT

The Adequate Methods of Dispute Resolution, in a process of expansion in the


Brazilian legal system, have as institutes, among others, conciliation and mediation,
which will be the object of this study. The central objective of the work is to address
the process of judicialization of conflicts, analyzing the negative impacts of the culture
of litigation, in view of the social and cultural resistance in adhering to these methods,
also called self-compositive and as specific objectives, disseminate the culture of
consensus, dialogue, pacification, fostering knowledge and demystifying the
judicialization as the only means of access to justice. The origin, concepts, and the
slow process of implementation in the Brazilian legal system were also explained, as
well as the applicability, taking into consideration the available and unavailable rights.
The culture of litigation, the judicialization of conflicts, and the short and long term
perspectives of the two institutes were also discussed. In view of this, it was made use
of bibliographical references from various authors to support the research, as well as
statistical data from the report Justice in numbers for the year 2022, which is released
annually by the National Council of Justice. From there, possible solutions for the
problem were pointed out.

Keywords: Self-Compositive Methods; culture of dialogue; culture of litigation;


judicialization of conflicts.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 10
2 MÉTODOS AUTOCOMPOSITIVOS: CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO ....... 13
2.1 Origem ....................................................................................................... 14
2.2 Conciliação ................................................................................................ 17
2.3 Mediação .................................................................................................... 19
3 OS DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO E NA APLICAÇÃO .................... 22
3.1 Implementação .......................................................................................... 22
3.2 Cultura do litígio ...................................................................................... 27
3.3 Aplicabilidade ............................................................................................ 28
4 RELEVÂNCIA JURÍDICA ........................................................................... 31
4.1 Análise de dados do Conselho Nacional de Justiça ............................. 31
4.2 Judicialização do conflito ........................................................................ 33
4.3 Perspectivas e visão de futuro ............................................................... 35
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 40
10

1 INTRODUÇÃO

A escolha do tema abordado deu-se em razão da familiaridade com as práticas


de conciliação e mediação que são realizadas no Centro Judiciário de Solução de
Conflitos e Cidadania – CEJUSC do Estado do Ceará. Após perceber a resistência
dos advogados em mediar o conflito de seus clientes nas audiências, surgiu a ideia
de discorrer sobre o tema com a finalidade de contribuir para com o judiciário, no que
diz respeito a divulgação e a fomentação das práticas autocompositivas.
Apesar de ser um tema acessível de discorrer, acabou sendo um processo
lento de escolha, tendo em vista o certo preconceito com os mencionados institutos.
Entretanto, levou-se o tempo necessário para se chegar à conclusão de que esta
temática, apesar de difundida pelo sistema de justiça, possui certa resistência dos
profissionais do direito, carece de aprofundamento de maneira a conquistar mais
adeptos para, assim, reverter a situação.
Essa resistência decorre de um processo histórico vivenciado pelas gerações
passadas e que reflete no tempo presente, podendo ser denominada de cultura da
litigância. Com isso, até mesmo os processos menos complexos acabam se
transformando em uma verdadeira batalha judicial. Aqui, o conflito do cliente dá
margem para que o próprio advogado, na busca de números de “causas ganha”, teste
sua capacidade de litigante, atribuindo a si o status de vencedor.
Sendo assim, pretende-se analisar se a denominada cultura da litigância possui
interferência negativa diante da aplicabilidade dos métodos autocompositivos, sendo
esse o objetivo geral e por conseguinte, disseminar a cultura do consenso,
fomentando o conhecimento e desmistificando a judicialização como o único meio de
acesso à justiça. Ainda, demonstrar que, além de ser benéfico para os envolvidos,
como consequência, reflete positivamente no judiciário, vez que, reduzindo a
quantidade de demandas que chegam, a duração dos processos será bem menor,
tendo em vista o não assoberbamento.
Convém mencionar que o tema possui grande relevância pessoal, pois saber
gerir as situações conflitantes geradas dentro de si mesmo é um passo imprescindível
para não deixar que aquele conflito, ao ser externalizado de maneira errada, dê causa
a outro maior, envolvendo os mais próximos. Assim, o conhecimento de que o
consenso, ao contrário do dissenso, traz harmonia para a vida em família e para a
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vida em sociedade, o faz aprender que, tentar dirimir os conflitos decorrentes destas
relações através do diálogo é fundamental.
Depreende-se, portanto, que a paz na sociedade só será possível quando ela
começar a ser praticada dentro do próprio indivíduo, ou seja, acontecer de forma
interior e desta forma, refletir no exterior. Do contrário, a tão almejada cultura de paz
que tanto se busca e deseja-se, não passará de uma utopia e ficará apenas no plano
das ideias.
No que concerne à metodologia científica empregada para a obtenção dos
resultados pretendidos, isto é, o método que foi aplicado é conceituado por Marconi e
Lakatos (2022), da seguinte forma:

O método consiste em uma série de regras com a finalidade de resolver


determinado problema ou explicar um fato por meio de hipóteses ou teorias
que devem ser testadas experimentalmente e podem ser comprovadas ou
refutadas. Se a hipótese for aprovada nos testes, será considerada uma
justificativa adequada dos fatos e aceita ou adotada para fins práticos.
(MARCONI; LAKATOS, 2022, p. 277).

Assim, as técnicas de pesquisas empregadas foram as revisões bibliográficas


de livros, artigos científicos, consulta de sites governamentais, seminário realizado em
2018 pelo Superior Tribunal de Justiça em parceria com a Fundação Getúlio Vargas
(FGV), intitulado de “Acesso à Justiça: o custo do litígio no Brasil e o uso predatório
do Sistema de Justiça” que fora disponibilizado pela plataforma de vídeos YouTube.
Além da observação de audiências de conciliação e mediação no Centro Judiciário de
Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) do Tribunal de Justiça do Estado do
Ceará e fez uso dos métodos de pesquisa qualitativa e quantitativa.
Relativamente na pesquisa qualitativa, versando sobre conceitos, princípios,
pensamentos e ideias relativos ao assunto que já foram explanados por autores
diversos, analisando o posicionamento de cada um e estabelecendo comparativos. Já
na pesquisa quantitativa foram analisados dados e estatísticas de processos do
sistema judiciário brasileiro, disponibilizados no site do Conselho Nacional de Justiça
– CNJ.
O primeiro capítulo denominado de Métodos Autocompositivos: Conciliação e
Mediação, foi destinado a trazer os aspectos históricos referentes ao surgimento de
ambos os institutos, que, mesmo sem positivação nas legislações brasileiras, já eram
aplicados, sobretudo, traz a origem da positivação no ordenamento; por serem
comumente confundidos, trouxe à baila, algumas características que os diferenciam,
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principalmente, no que tange à escolha do método adequado para determinado


conflito; também fora trazido alguns conceitos e posicionamentos doutrinários, bem
como conceitos à luz das legislações, a fim de facilitar a compreensão e a distinção
dos aludidos institutos; traz ainda, a finalidade sob a ótica de duas vertentes. Sendo a
primeira quando sua aplicação visa apenas o acordo para encerrar a lide e a segunda
vertente que ainda traz o acordo como uma finalidade, entretanto, trata-se de uma
finalidade secundária, pois prioriza-se a restauração do diálogo como plano primário.
O segundo capítulo, intitulado - Os desafios na implementação e na aplicação,
traz no primeiro tópico, os recursos empregados na inclusão desses métodos no
ordenamento brasileiro, a partir de sua positivação na Constituição da República
Federativa de 1988 como forma de estimulação.
A partir de então, foi editada a Resolução 125 de 2010 do Conselho Nacional
de Justiça, o Código de Processo Civil (Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015) e a Lei
de Mediação (Lei nº 13.140 de 26 de junho de 2015). Em paralelo a isso, diversos
projetos foram criados pelo CNJ, como por exemplo, o Movimento pela Conciliação, a
Semana Nacional da Conciliação e a criação do Prêmio Conciliar é legal; o tópico
seguinte, faz uma breve explanação acerca da cultura do litígio, salientando a
resistência da própria sociedade; já o terceiro tópico é dedicado à aplicação dos
referidos métodos, fazendo referência, também, aos direitos disponíveis e
indisponíveis.
No terceiro capítulo, cognominado de Relevância Jurídica, foi analisado dados
e estatísticas do Conselho Nacional de Justiça, relatando o alto índice de demandas
que permeiam o judiciário e a possibilidade, relatada em números, de se ter um
judiciário mais célere através da aplicação dos métodos autocompositivos; no tópico
seguinte, discorreu-se sobre a judicialização de conflitos, tendo em vista o
assoberbamento do judiciário em decorrência das judicializações excessivas; e por
último, as perspectivas para solucionar as questões acerca da resistências social e
cultural, desenvolvendo ações a serem realizadas que refletirão a longo prazo, mas
também ações serem implementadas imediatamente.
13

2 MÉTODOS AUTOCOMPOSITIVOS: CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO

Os institutos da conciliação e da mediação surgiram não só da necessidade de


ampliar os sistemas do poder judiciário de modo a atender e satisfazer as
necessidades da sociedade, mas sobretudo, para disseminar a busca pela solução
célere e adequada para cada situação conflitante. A conciliação é percebida ao longo
da evolução histórica, com características próprias de cada época, enquanto a
mediação ainda vem sendo desenvolvida e aprimorada a cada dia.
Da mesma forma e com o mesmo intuito, o judiciário vem se modernizando e
inserindo novos métodos, a exemplo da negociação e da arbitragem, surgindo a partir
daí o conceito de Sistema Multiportas. Nomenclatura esta, que se traduz e se
materializa nas diversas possibilidades de acesso à justiça.
Bedaque (2003), em sua obra intitulada “Tutela cautelar e tutela antecipada:
tutelas sumárias e de urgência”, reflete a ideia de acesso à justiça da seguinte forma:

Acesso à justiça, ou mais propriamente, acesso à ordem jurídica justa,


significa proporcionar a todos, sem qualquer restrição, o direito de pleitear a
tutela jurisdicional do Estado e de ter à disposição o meio constitucionalmente
previsto para alcançar esse resultado. Ninguém pode ser privado do devido
processo legal, ou, melhor, do devido processo constitucional. É o processo
modelado em conformidade com as garantias fundamentais, suficientes para
torná-lo équo, correto e justo. (BEDAQUE, 2003, p.71).

A partir do conceito de acesso à justiça, no entanto, de forma modernizada, as


diversas possibilidades de adentrar no sistema judiciário, denominando-se sistema
multiportas são mecanismos acertados para fazer-se cumprir o que dispõe a Carta
Magna de 1988, expressamente previsto em seu artigo 5º, inciso XXXV.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: XXXV - a lei não excluirá da apreciação
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. (BRASIL, 1988, ONLINE).

Nesse contexto, o Conselho Nacional de Justiça, através da Resolução 125, de


29 de novembro de 2010, dispôs sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento
adequado dos conflitos de interesse no âmbito do poder judiciário, trazendo como
disposição, o seguinte:

Considerando a relevância e a necessidade de organizar e uniformizar os


serviços de conciliação, mediação e outros métodos consensuais de solução
de conflitos, para lhes evitar disparidades de orientação e práticas, bem como
14

para assegurar a boa execução da política pública, respeitadas as


especificidades de cada segmento da Justiça. (BRASIL, 2010, ONLINE).

Da mesma forma, entretanto, limitando-se ao mecanismo da mediação, a Lei


nº 13.140 de 26 de junho de 2015 dispôs sobre a regulamentação do referido instituto
trazendo normas e princípios norteadores, conforme será demonstrado em tópico
específico.

2.1 Origem

Os métodos autocompositivos são percebidos ao longo da trajetória da


humanidade. Muitas vezes, com nomenclaturas diferentes, entretanto o cerne do
instituto é exatamente o ato de conciliar, de construir soluções adequadas. Por vezes
variando nos objetivos, mas restando clarividente que a premissa é solucionar os
conflitos decorrentes da vivência em sociedade.
Os primeiros passos da positivação do instituto da Conciliação em nosso
Estado, ocorreu por volta do Brasil Imperial, no ano de 1824, com a outorga da
primeira Constituição Brasileira. O artigo 161 do referido código prescreve que não se
começará processo algum sem antes tentar-se a reconciliação, o que quer dizer que
não há uma faculdade e sim uma obrigatoriedade.
Já o instituto da mediação despontou por volta da década de 70, segundo o
Guia de Conciliação e Mediação do Conselho Nacional de Justiça:

A história da mediação está intimamente ligada ao movimento de acesso à


justiça iniciado ainda na década de 70. Nesse período, clamava-se por
alterações sistêmicas que fizessem com que o acesso à justiça fosse melhor
na perspectiva do próprio jurisdicionado. Um fator que significativamente
influenciou esse movimento foi a busca por formas de solução de disputas
que auxiliassem na melhoria das relações sociais envolvidas na disputa. Isso
porque já existiam mecanismos de resolução de controvérsias (e.g. mediação
comunitária e mediação trabalhista), quando da publicação dos primeiros
trabalhos em acesso à justiça¹¹, que apresentavam diversos resultados de
sucesso¹², tanto no que concerne à redução de custos como quanto à
reparação de relações sociais. (BRASIL, 2015, p. 41).

Após isso, a Resolução 125 de 2010 do CNJ unificou a política de solução de


conflitos no Brasil, de maneira a privilegiar o Princípio da Inafastabilidade da
Jurisdição.
Empós o Código de Processo Civil de 2015 que veio regulamentar a
implementação dos institutos da conciliação e da mediação. Nesse sentido, Lei nº
13.140 de 26 de junho de 2015, assim dispõe, na seção V do Capítulo III:
15

Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de


conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de
conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a
auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. (BRASIL, 2015, ONLINE).

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu preâmbulo


destaca o comprometimento na busca de soluções pacíficas aduz que:

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional


Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução
pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a
seguinte. (BRASIL, 1988, ONLINE).

Além disso, o art. 4º, inciso VII, preconiza a solução pacífica dos conflitos como
Princípio da República Federativa em Brasil (1988, n.p) “Art. 4º A República Federativa
do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: VII -
solução pacífica dos conflitos”.
Diante disso, os métodos adequados, nas suas diversas formas e
apresentações, são vastamente amparados pela Constituição com o fito de estimulá-
los e difundi-los perante a sociedade.
Adentrando na singularidade dos aludidos institutos, o que difere a conciliação
da mediação é a existência ou não de vínculo prévio à lide. A exemplo da relação
existente entre um plano de saúde e uma pessoa física que está necessitando de um
tratamento médico continuado. Neste caso, as técnicas empregadas na conciliação
não se mostram suficientes para se chegar a um consenso.
Por outro lado, a mediação, uma vertente da conciliação mais aprofundada,
mais trabalhada, traz, na pessoa do mediador, a busca pela compreensão e a empatia
com a complexidade da situação. Já não se trata de resolver direitos objetivos, direitos
materiais, mas sim direitos intrínsecos à própria dignidade da pessoa humana, isto é,
direitos subjetivos.
O Guia de Conciliação e Mediação do Conselho Nacional de Justiça, trazendo
em seu bojo as orientações para implantação dos CEJUSC (Centros Judiciários de
Solução de Conflitos e Cidadania), também se posiciona no sentido de recomendar a
mediação quando da permanência de vínculo posterior ao conflito.

Assim, havendo um conflito no qual as partes saibam que continuarão a ter


contato uma com a outra (e.g. disputa entre vizinhos), em regra, recomenda-
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se algum processo que assegure elevados índices de manutenção de


relacionamentos, tal como a mediação (BRASIL, 2015, p. 32).

A bem da verdade, nas duas ocasiões o que se busca é a restauração da


relação que foi rompida, gerando sentimentos conflitantes e preparando os litigantes
para a nova fase que se iniciará quando a situação já estiver resolvida. E por situação
resolvida, nessa nova conceituação de conciliar/mediar, o acordo é prescindível, pois
ainda que não haja um consenso quanto ao objeto da demanda, se as partes
conseguirem dialogar buscando alternativas para compor, a sessão já cumpriu seu
papel.
Comumente presenciada no ramo do Direito de Família, as relações de embate,
de desgaste entre pessoas que possuem vínculo afetivo, sentimental, há propensão
de se invocar o instituto da medição, por razões obvias, vez que elo pré-existente se
rompeu e precisa ser reconstruído ou pelo menos finalizado da maneira menos
dolorosa possível.
No que se refere às suas características, ambas dispõem de técnicas que
estimulem as partes a entrarem em consenso, fomentando o diálogo, a participação
cooperativa, o desenvolvimento da escuta ativa, bem como o poder de decisão
assistida. Em ambas há o terceiro facilitador, a depender da modalidade, um
conciliador ou mediador.
Entretanto, enquanto na conciliação o facilitador dispõe da iniciativa de fazer
propostas e lançá-las às partes, na mediação o terceiro imparcial limita-se a conduzir
os envolvidos a chegarem em possíveis propostas, como salienta o Manual de
Mediação e Conciliação da Justiça Federal (2019).

Em vez de buscar primordialmente a solução para uma disputa pontual, o


mediador objetivava promover o aprimoramento da comunicação entre as
partes para melhor compreensão de seus interesses, sentimentos e
necessidades. (TAKAHASHI et al., 2019, p. 61).

No que concerne aos princípios, estes previstos tanto no Código de Processo


Civil, como na Lei de Mediação, quanto na Resolução 125/2010 respaldam e
regulamentam as sessões de mediação e de conciliação, como o Princípio da
independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da
oralidade, da informalidade, da decisão informada, da isonomia entre as partes, da
busca do consenso e da boa-fé.
17

Dentre eles, o Princípio da Imparcialidade, o Princípio da Confidencialidade e o


Princípio da Autonomia da Vontade possuem destaque, constituindo-se como
basilares. De um lado, o Princípio da Imparcialidade que remete à conduta que deve
ser adotada pelo terceiro facilitador, no qual deverá manter a neutralidade ao longo
da sessão.
Por outro lado, o Princípio da Confidencialidade ou da Sigilosidade que diz a
respeito da sessão, onde as partes terão a certeza de que os posicionamentos
discutidos não serão repassados a terceiros, tampouco comporá os autos do
processo. Para isto, na declaração de abertura de cada sessão o mediador/conciliador
deverá orientá-los e deixá-los cientes de que somente os termos do acordo, se for
viável entre as partes, irão constar em ata. E por último, o Princípio da Autonomia da
Vontade, direcionado exclusivamente aos disputantes, prevalecendo a decisão que
ambos tomarem.

2.2 Conciliação

O instituto da conciliação é o método pelo qual as partes envolvidas em


determinada situação buscam resolver de forma consensual, mediante diálogo, os
aspectos de divergência, propiciando a ambos a satisfação na resolução da demanda.
É importante que estejam cientes de que nem sempre é necessário ter um ganhador
e um perdedor, mas focar, sobretudo, nas benesses que o consenso é capaz de gerar.
É trazer para si, a capacidade de criar soluções, de mudar a forma de pensar e
agir diante dos cenários conflituosos, desenvolvendo a habilidade de autogerenciar-
se. Nesse sentido, a inteligência emocional tem destaque importantíssimo.
Diversos são os conceitos de Conciliação, vejamos sua definição na visão de
Bacellar (2012):

Definimos a conciliação (nossa posição) como um processo técnico (não


intuitivo), desenvolvido pelo método consensual, na forma autocompositiva,
em que terceiro imparcial, após ouvir as partes, orienta-as, auxilia, com
perguntas, propostas e sugestões a encontrar soluções (a partir da lide) que
possam atender aos seus interesses e as materializa em um acordo que
conduz à extinção do processo judicial. (BACELLAR, 2012, p. 76).

Para Bacellar (2012), diferente de outras linhas doutrinárias, o foco da


conciliação é o acordo e consequentemente a extinção do processo. Nessa linha de
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raciocínio, o desafogamento do judiciário é tido como a ideia inicial, deixando de se


atentar à realidade fática dos envolvidos, bem como suas reais necessidades.
Por vezes, diante de uma situação de conflito, o que mais se busca é ter “paz
de espírito”. Entretanto, os desdobramentos que aquela circunstância suscita dentro
dos envolvidos vai mais além da mera tentativa de solucionar. Por isso, a necessidade
de uma terceira pessoa para tornar às claras os pontos cruciais, que na maioria das
vezes não se conseguem ver quando está envolto ao conflito e os pontos secundários,
ou seja, aquilo que não é tão importante para o deslinde da controvérsia, mas que é
capaz de obstar uma resolução amigável.
Em razão disso e da nova percepção de ser humano que vem se construindo,
a conceituação de conciliação também vem sendo aprimorada. Já não basta o mero
sentenciamento de processos que põe fim à lide, limpando as prateleiras do judiciário,
é necessário encontrar a melhor solução possível, a solução que mais se adeque ao
caso concreto e que seja no mínimo satisfatória.
Salienta-se no artigo Conciliação Judicial, cujo autor traz a definição do ato de
conciliar:

Na conciliação, diferentemente, não existem vencedores nem vencidos. Além


de diminuir substancialmente o tempo de duração da lide, viabiliza a solução
dela por intermédio de procedimentos informais. São as partes que
constroem a solução para os próprios problemas, tornando-se responsáveis
pelos compromissos que assumem, resgatando, tanto quanto possível, a
capacidade de relacionamento. (SILVA, 2009, p.127).

O processo de construção da solução, quando bem entendido e aceito pelas


partes que litigam, tem o condão de envolvê-las através do diálogo, da escuta ativa,
das técnicas usadas pelo conciliador, este figurando como um terceiro imparcial,
apontando sugestões que mais se aproximem daquilo que se busca.
Corroborando a isso, Salles et al (2023) do curso Negociação, Mediação e
Arbitragem, assim preceitua:

Embora a resposta possa parecer óbvia, conciliar transcende a ideia de


simplesmente obter um acordo entre as partes. Conciliar implica participar
ativamente da comunicação (aproximando os indivíduos), colaborar para a
identificação dos interesses, ajudar a pensar em soluções criativas e
estimular as partes a serem flexíveis, podendo apresentar [se necessário]
sugestões para a finalização do conflito. (SALLES et al., p. 223).

Embora o verbo conciliar seja atribuir a alguém a faculdade de exercer perante


uma situação de divergência, um processo de construção de solução, visando o
19

interesse mútuo dos integrantes da relação, se define conciliação, como visto nas
diversas definições expostas, como o ato de dialogar sobre uma situação que possui
divergência entre dois polos com a finalidade de restabelecer a comunicação.
Diante disso, os conceitos apresentados trazem posicionamentos diferentes no
que tange ao objetivo precípuo do instituto, entretanto, solucionar os conflitos
decorrentes da vivência em sociedade é uma premissa que atualmente permanece
inalterada.

2.3 Mediação

A mediação, amplamente conceituada por diversos autores, bem como pela


própria Lei nº 13.140/2015 que traz em seu artigo 1º a implementação do referido
instituto como meio de solução de controvérsias entre particulares e sobre a
autocomposição de conflitos, faz uso do parágrafo único do dispositivo acima descrito,
definindo a medição como a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem
poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a
identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia.
Diante disso, Tartuce (2021) descreve a mediação como sendo um processo,
no qual a relação conflitante entre dois indivíduos pode ser intermediada, através do
diálogo, por uma terceira pessoa.

Mediação consiste no meio consensual de abordagem de controvérsias em


que alguém imparcial atua para facilitar a comunicação entre os envolvidos e
propiciar que eles possam a partir da concepção ampliada dos meandros da
situação controvertida protagoniza a saídas produtivas para os impasses que
os envolvem. (TARTUCE, 2021, p. 189).

Se para Tartuce (2021) o enfoque se concentrava na terceira, facilitar uma


conversa amistosa. Já para Stigert (2017, p.18), autora da obra Efetividade da
Mediação para além da Teoria, define mediação sob um outro enfoque que é a
comunicação como sendo o cerne para restabelecer a relação “A mediação, em linhas
gerais, pode ser definida como uma metódica autocompositiva que, através da
comunicação (oral, escrita, corporal, entre outras) permite a criação ou recriação das
relações humanas”.
Diante dessas duas vertentes, pode-se perceber que uma é a
complementaridade da outra. O desenrolar da mediação só pode ocorrer se houver
comunicação entre as partes, seja ela, oral, escrita ou mesmo corporal. A partir da
identificação dos sinais que são externalizados, quando bem identificados e usados
20

em favor da mediação pelo terceiro neutro, são capazes de moldar e modificar a


postura dos envolvidos e consequentemente o resultado será positivo. Em razão
disso, trabalhar a técnica da escuta ativa é de suma importância, todavia, a
observação do comportamento que é externalizado pelas partes não pode ser
negligenciada.
A partir dos conceitos já evidenciados, um terceiro ângulo é desenhado por
Goulart e Gonçalves (2017) em seu artigo que preconiza a mediação como a
restauração da comunicação:

A mediação, diferentemente do processo judicial, não deve ´concluir nem


decidir nada, deve somente fazer com que as partes conflitantes estejam em
condições de recomeçar a comunicação.’ Especificamente, as partes devem
estar dispostas a permitir que o terceiro entre na disputa e restabeleça a
comunicação interrompida entre elas, de modo que a aceitabilidade a qual
envolve a consideração da presença do mediador e a voluntariedade que
dispõe a participação livre no acordo são características inerentes ao método
mediador dos conflitos. (GOULART; GONÇALVES, 2017, ONLINE).

Goulart e Gonçalves (2017) trazem a vertente em que acentua as partes como


protagonistas até mesmo na escolha em aceitar que um terceiro venha compor a
relação controvertida. Aqui, o terceiro facilitador e a comunicação são peças
fundamentais, no entanto, os protagonistas precisam querer vivenciar o processo de
restabelecimento do diálogo. O mediador nada há o que fazer se os envolvidos não
estiverem abertos para construir a ponte do diálogo, tampouco a comunicação será
restabelecida.
Sob o enfoque dos dois conceitos acima elencados, apesar de tratar do mesmo
método, a compreensão dos autores é divergente ao abordar o mecanismo da
comunicação. Se para Stigert (2017), a comunicação é o instrumento pelo qual se
obterá o resultado, isto é, a partir da comunicação acertada poderá se obter o
resultado almejado, já para Goulart e Gonçalves (2016), a comunicação é o próprio
resultado. Deste último conceito, reputa-se o mais adequado em face da realidade
atual.
Nesse sentido, Goulart e Gonçalves (2016) ainda complementa:

Desse modo, a mediação propõe ser diferente do objetivo buscado no


processo judicial, que culmina com a imposição de um veredito às partes. A
técnica da mediação volta seu olhar para soluções que atendam plenamente
os interesses reais dos envolvidos, porquanto sua finalidade é apaziguar a
lide sociológica composta de sentimentos, interesses e questões jurídicas.
(GOULART; GONÇALVES, 2016, ONLINE).
21

Sob a égide do posicionamento de Goulart e Gonçalves (2016), a mediação


focaliza nos envolvidos para a partir da identificação de seus sentimentos e interesses,
descubra-se qual a solução que os satisfaçam e em paralelo, o mediador, através da
implementação das técnicas de mediação vai clareando o percurso até concretizar o
objetivo final.
Sob essa conjetura, mais do que necessário mediar casos, é preciso mediar
pessoas, mediar as situações cotidianas que as envolvem. Assim, a possibilidade de
que as partes encontrem uma saída, ou seja, um acordo, através de um consenso é
tão somente a consequência positiva das técnicas devidamente empregadas pelo
mediador.
22

3 OS DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO E NA APLICAÇÃO

3.1 Implementação

Em que pese os métodos autocompositivos de solução de controvérsia serem


percebidos desde o período do Brasil Colonial, fato é que sua normatização ocorreu
pela primeira vez no Brasil Imperial, mediante a Constituição de 1824 ganhando status
constitucional. De igual forma, a Constituição da República Federativa do Brasil de
1988 também colocou em evidência os meios adequados de solução pacífica,
estimulando-os. Entretanto, pode se dizer que foi após a virada do segundo milênio
que sua implementação de fato começou a ser colocada em prática através da
Resolução 125 de 2010, do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105 de 16 de março
de 2015) e da Lei de Mediação (Lei nº 13.140 de 26 de junho de 2015).
Importa destacar que com criação do Conselho Nacional de Justiça, no ano de
2004, através da Emenda Constitucional de nº 45, também denominada como
Reforma do Poder judiciário, os métodos adequados de solução pacífica ganharam
força, iniciando-se com o Movimento pela Conciliação que surgiu em meados de 2006,
com o propósito de estimular a cultura do diálogo.
No que tange à sua criação, o CNJ surgiu da necessidade de se ter um órgão
administrativo que auxiliasse na condução do sistema judiciário, colaborando com a
celeridade dos trâmites processuais, promovendo a transparência e desenvolvendo
políticas públicas no sentido de aprimorar os trabalhos já realizados pelo judiciário.
Ainda sobre o viés da criação desse órgão, vez que é a base de fomento dos
métodos de resolução pacífica dos conflitos, convém ressaltar que, os motivos
primários pelos quais o seu desenvolvimento se fez imprescindível deu-se em razão
da crescente descredibilidade que a sociedade, inconformada com a condução do
judiciário, vinha apresentando, como bem detalhada no livro publicado pela entidade
em 2020, quando completou 15 (quinze) anos de sua existência, mais
especificamente em seu primeiro capítulo, intitulado de “Antecedentes históricos e a
Emenda Constitucional nº 45/2004”, do Conselho Nacional de Justiça, como se vê
abaixo.

Ao mesmo tempo, as informações institucionais e aquelas inerentes aos


trâmites processuais eram pouco divulgadas. Portanto, o Poder Judiciário
passou a ser considerado uma ‘caixa preta’, tendo em vista a falta de
transparência em algumas Cortes. Essa realidade, aliada às denúncias de
corrupção envolvendo certos membros do Poder Judiciário, ocasionou o
23

aumento das reclamações por uma Justiça mais acessível, célere, segura e
transparente. (TOFFOLI, 2020, p.19).

Em diversos cenários da história do judiciário brasileiro, cada órgão da


jurisdição, em que pese ser una e indivisível, era conduzido de diversas maneiras e
muitas vezes sequer deixava a sociedade ciente das ações que eram realizadas.
Dessa forma, imperiosa foi a necessidade de um órgão administrativo que não só
fiscalizasse e controlasse as atividades do Poder Judiciário, mas, sobretudo, que
desse transparência das decisões que eram tomadas.
Empós, superada a “crise do judiciário” que tanto afligia e causava
desconfiança na sociedade, tendo se passado exatamente 15 (quinze) anos desde a
sua concepção, o CNJ concebeu uma nova definição, um novo olhar, uma nova
perspectiva, como se vê sob a ótica do Ministro Dias Toffoli (2020) quando remete sua
existência a uma missão, descrevendo-a da seguinte forma:

Uma das principais missões constitucionais do Conselho Nacional de Justiça


é aproximar o Poder Judiciário da sociedade. O maior destinatário das ações
do Conselho é o cidadão brasileiro. Tendo isso em vista, nesses 15 anos de
existência, essa instituição tem atuado firmemente no aprimoramento da
transparência e da eficiência da Justiça, impulsionando, assim, a efetividade
da prestação jurisdicional e a verdadeira pacificação social. (TOFFOLI, 2020,
p. 27).

Não obstante a sua atuação precípua seja fiscalizar e supervisionar o sistema


judiciário, também avocou para si a importante missão de formalizar e difundir políticas
públicas em âmbito nacional e das mais diversas áreas, despertando no seio da
sociedade seu comprometimento e zelo para com o bem-estar de todos.
Com isso, diversos programas e políticas públicas desenvolvidos pelo CNJ,
incluindo-se o Justiça em Números, o Movimento pela Conciliação (lançado em agosto
de 2006), a Semana da Conciliação, entre outros, que serão bem mais desenvolvidos
e explanados em tópico posterior, foram lançados e bem aceitos por uma parcela da
sociedade, vez que até o presente momento colhe-se os frutos dessas sementes que
foram semeadas na primeira década do século XXI.
Das várias fases descritas por Ferreira (2018), destaca-se a fase de
implementação, conceituada da seguinte maneira:

A implementação é o estágio de colocar a política pública em prática,


alocando fundos, pessoas e regras de estruturação gerenciadas por
servidores públicos e com a participação de outros atores da sociedade civil.
Na implementação, o desafio de quem implementa a política é demonstrar
24

capacidade de ‘enfrentar os problemas específicos e a complexidade do


subsistema com o qual ele tem que lidar', no caso, o CNJ e os tribunais
brasileiros. (FERREIRA, 2018, pág. 151).

No que concerne aos desafios enfrentados mediante a implementação dos


métodos autocompositivos no sistema brasileiro, as barreiras da cultura da litigância
ainda se mostram bastante arraigadas por um sistema que não dá margem ao meio
termo, que não comporta uma situação de ganho mútuo. Nesse ínterim, disseminar
culturas apassivadoras sempre foi e continua sendo a mais desafiante luta nas
inserções dos métodos adequados de solução de controvérsias.
O Movimento pela Conciliação institucionalizado em agosto de 2006 e nas
palavras do CNJ, em Brasil (2020, n.p) tem como missão “contribuir para a efetiva
pacificação de conflitos, bem como para a modernização, rapidez e eficiência da
Justiça Brasileira”.
Em consonância com o que foi mencionado anteriormente, tem-se os objetivos:

Colaborar na organização dos serviços de conciliação, mediação e outros


métodos consensuais de solução de conflitos, para promover a criação de
Juízos de resolução alternativa de conflitos, órgãos judiciais especializados
na matéria; capacitar em métodos consensuais de solução de conflitos
magistrados de todos os ramos da Justiça, servidores, mediadores,
conciliadores e demais facilitadores da solução consensual de controvérsias.
Desenvolver relações de cooperação entre os órgãos públicos competentes,
instituições públicas e privadas da área de ensino, para promoção da cultura
da solução pacífica dos conflitos; Promover e apoiar ações para
implementação de práticas autocompositivas junto a empresas públicas e
privadas e agências reguladoras; Promover eventos para divulgação de boas
práticas na utilização de técnicas e habilidades autocompositivas; Premiar e
disseminar boas práticas autocompositivas; Reduzir a taxa de
congestionamento do Poder Judiciário. (BRASIL, 2020, ONLINE).

A iniciativa, com slogan “Conciliar é legal”, pode-se dizer que foi uma prévia do
que realmente se almejava para o futuro, como se fosse um planejamento estratégico
que posteriormente culminaria na Resolução 125/2010. O movimento, voltado para
integrar servidores e magistrados dos tribunais na busca pela implementação e
fomentação de práticas consensuais, é oriundo não só da crescente demanda do
judiciário, tendo em vista o grande avanço populacional em índices demográficos, mas
também das diversidades de relações que vem se ramificando.
Como fruto do Movimento pela Conciliação, foi lançada a Semana Nacional da
Conciliação em Brasil (2020):
25

O CNJ tem papel fundamental na organização e na promoção de ações de


incentivo à autocomposição de litígios e à pacificação social. O Conselho, ao
implantar o Movimento pela Conciliação em agosto de 2006, teve por objetivo
alterar a cultura da litigiosidade e promover a busca de soluções para os
conflitos mediante a construção de acordos. O Movimento promoveu
encontros e debates sobre o tema, em 2006, e lançou a Semana Nacional da
Conciliação, evento anual que abrange todos os tribunais do país.
(FERREIRA, 2018, n.p).

A Semana Nacional de Conciliação, criada no ano de 2006 e realizada


anualmente, até então, o Conselho Nacional de Justiça vem promovendo medidas de
pacificação social, ao propiciar que os tribunais envolvidos selecionem processos em
que seja viável a possibilidade de autocomposição entre as partes para serem
colocados em pauta no decorrer dos 5 (cinco) dias. Nesse período, além das sessões
de conciliação e mediação, há também uma vasta divulgação por meio das redes
sociais, sobretudo nas plataformas dos tribunais, com o propósito de propagar as
formas de solução autocompositivas.
No corrente ano, acontecerá nos dias 6 a 10 de novembro e será regida pela
Portaria 91 de 3 de abril de 2023, regulamentando a XVIII Semana Nacional da
Conciliação, bem como a XIV Edição do Prêmio Conciliar é Legal.
O artigo 20 do Regulamento assim define-a:

Art. 20. A Semana Nacional da Conciliação consiste no esforço institucional


coletivo anual, em prol da Política Judiciária de Tratamento Adequado de
Conflitos, realizado ao longo de uma semana, capitaneado pelo Conselho
Nacional de Justiça, cuja adesão pelos tribunais brasileiros é voluntária.
(BRASIL, 2023, ONLINE).

Em meados de 2010, como extensão da Semana Nacional da Conciliação, foi


criado o Prêmio Conciliar é Legal, que, no ano de 2023, será regido pela Portaria 91
de 3 de abril. Em Brasil (2023, online) “Art. 1º. O Prêmio Conciliar é Legal consiste em
instrumento de premiação de iniciativas autocompositivas que contribuam para a
efetiva pacificação de conflitos, para o aprimoramento e para a eficiência do Poder
Judiciário”.
Além do objetivo que é homenagear tribunais, magistrados, instituições de
ensino ou até mesmo advogados, dentre outras categorias, pelas iniciativas de
práticas consensuais, também é um estímulo aos prestadores destes serviços que,
atuando de forma voluntária ou não, são peças fundamentais para disseminar a
cultura da “desjudicialização”.
26

No ano de 2010, com todo o processo que vinha sendo construído, o Conselho
Nacional de Justiça editou a Resolução nº 125/2010, trazendo em seu bojo
determinações que tem por finalidade viabilizar a criação de Núcleos Permanentes de
Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (NUPEMEC) e por conseguinte, a
implementação dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania
(CEJUSC).
Enquanto a Resolução 125/2010 traz disposições acerca da Política Judiciária
Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesse, o NUPEMEC, órgão
administrativo dos tribunais, é responsável por implementá-la em seus respectivos
tribunais, bem como também é de sua competência a criação, instalação e
acompanhamento dos CEJUSC.
O organograma abaixo, desenvolvido no Manual para Instalação do Centro
Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania do Tribunal de Justiça do Estado do
Ceará, aqui utilizado para fins didáticos, visa demonstrar sua estrutura organizacional.
Figura 01 - Resolução nº125 de 2010 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

Fonte: Manual para Instalação do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania. (BRASIL,
2014).

Convergindo com a aludida resolução, em 2014 foi publicada a Recomendação


nº 50, enfatizando a necessidade da continuação do Movimento Permanente pela
Conciliação que se iniciou lá em meados de 2006, “Recomenda-se aos Tribunais de
Justiça, Tribunais Regionais do Trabalho e Tribunais Regionais Federais realização
27

de estudos e de ações tendentes a dar continuidade ao Movimento Permanente pela


Conciliação”. (BRASIL, 2014, n.p).
Diante de toda essa perspectiva histórica que vinha se desenrolando no ano de
2015 foram editadas duas importantíssimas legislações infraconstitucionais, o Novo
Código de Processo Civil (Lei nº 13.105) e Lei de Mediação (Lei nº 13.140 de 26 de
junho de 2015). A primeira, legislando de forma geral acerca dos métodos
consensuais, enquanto a segunda, se atendo, exclusivamente, ao instituto da
mediação de conflitos.

3.2 Cultura do Litígio

O conceito de acesso à justiça, hodiernamente, carrega em suas entranhas


uma nova concepção jurídica. Anteriormente conceituado pela faculdade do
jurisdicionado em direcionar-se ao judiciário para ali ter sua situação resolvida e
consequentemente sendo disseminada a cultura da judicialização por anos a fio. Hoje,
tenta introduzir-se na sociedade uma cultura dialógica, colaborativa, no qual as partes
tenham seus direitos tutelados, entretanto, com o poder decisor de resolverem juntos
a situação. Atente-se que essa decisão não é unilateral, como foi outrora, quando a
autotutela constituía o único meio de solucionar um conflito.
Não obstante, os esforços empreendidos na construção da pacificação social,
fato é que ao deparar-se com as situações cotidianas, sobretudo, nas redes sociais
percebe-se que ainda há muito para conquistar. A intolerância, o egoísmo e a falta de
empatia para com o próximo estão tão presentes nas relações pessoais que refletem,
inclusive, nas relações midiáticas.
A diversidade de conflitos que surge em decorrência da vivência em sociedade,
mostra-se natural, entretanto, é a incapacidade de resolvê-los que culmina no excesso
de litigância, como bem salienta Bacellar (2012):

Ainda que, desde o preâmbulo da atual Constituição da República de 1988 e


por todas as legislações anteriores e posteriores à Constituição, tenha
ocorrido um incentivo constante à realização da conciliação, tem prevalecido,
no Brasil, a cultura do litígio, a cultura da guerra, da adversidade, e as
pessoas, como vimos, preferem buscar o Poder Judiciário a tentar
diretamente resolver seus litígios. (BACELLAR, 2012, p. 76).

Assim, ainda que diante de um sistema judiciário falido, no quesito celeridade,


a cada dia, mais e mais demandas chegam ao Poder Judiciário, em vista de uma
28

solução heterocompositiva, uma vez que constitui meio preponderante no panorama


da contemporaneidade.

3.3 Aplicabilidade

Ante toda a trajetória de implementação e, em parte, aceitação pela sociedade,


mediante a divulgação e criação de projetos, movimentos, resolução e posteriormente
legislações, aqui necessário se faz delimitar as áreas das quais são possíveis aplicar
os métodos de solução pacífica. Como é cediço, no âmbito dos meios
autocompositivos há uma espécie de filtração, levando-se em consideração que há
lides que não comportam a resolução entre os envolvidos.
Sob essa ótica, imagine-se dois grandes grupos: de um lado tem-se a
autocomposição e de outro, a heterocomposição. Como já bem sedimentado, a
autocomposição ocorre quando as partes põem fim ao litígio através de um consenso,
no qual cada uma das partes abdica de parte de seu direito em detrimento do outro,
já a heterocomposição decorre da imposição de uma decisão que é terceirizada às
pessoas estranhas ao processo, seja através de uma sentença ou de um acórdão.
O grupo da heterocomposição divide-se em jurisdição contenciosa e arbitragem
e em ambas existe a figura da terceira pessoa dotada de imparcialidade responsável
por julgar a causa.
Tartuce (2021) assim conceitua a heterocomposição:

A heterocomposição (heterotutela, adjudicação ou meio adjudicatório) é o


meio de solução de conflitos em que um terceiro imparcial define a resposta
com caráter impositivo em relação aos contendores. Pode se verificar por
duas vias: a arbitral, em que o terceiro de confiança das partes, é por elas
escolhido para decidir o impasse; e a jurisdicional, em que uma das partes
acessa ao poder judiciário para obter uma decisão proferida por uma
autoridade estatal investida de poder coercitivo. (TARTUCE, 2021, p. 54).

E o grupo da autocomposição subdivide-se em conciliação, mediação e


negociação, no qual prevalece a vontade das partes. Tanto em um quanto em outro,
faz-se uma análise da natureza da demanda, vez que em alguns casos, ainda que as
partes optem pela consensualidade não será possível, tendo em vista que alguns
direitos são tidos como indisponíveis e intransigíveis.
Em determinada matéria, quando a questão versa sobre direitos indisponíveis
e que não sejam passíveis de transação, ou seja, quando há uma limitação em virtude
de sua essência, ainda que seja vontade das partes deliberar sobre a resolução da
29

lide, obrigatoriamente, será o Estado juiz o decisor, pois não se trata de uma faculdade
conferida aos envolvidos.
Nos termos do artigo 3º da Lei nº 13.140/2015 dispõe que a regra seja a
disponibilidade, isto é, que determinado direito seja livre e que as partes possam
dispor da maneira como lhes aprouver. Entretanto, ainda que se trate de direitos
indisponíveis, há a possibilidade de dispô-lo quando a sua natureza assim dispuser,
configurando, desta forma, a exceção em Brasil (2015, n.p) “Art. 3º Pode ser objeto
de mediação o conflito que verse sobre direitos disponíveis ou sobre direitos
indisponíveis que admitam transação”.
A título de exemplificação, a demanda que versa sobre alimentos em prol de
filho menor pode ser objeto de autocomposição, no qual as partes acordam um
determinado valor e posteriormente é homologado pelo juiz após a manifestação do
Ministério Público. Entretanto, esse direito jamais poderá ser renunciado, ainda que
seja uma composição amigável das partes.
Na visão de Tartuce (2021), as regras e a exceção caracterizam-se pelo fato
de haver diferentes graus de disponibilidade.

A indisponibilidade dos direitos, tema controvertido e intrigado, pode gerar


grandes dificuldades em sua delimitação; afinal, há situações em que é
totalmente plausível a realização de acordos em relações jurídicas de cunho
indisponível, assim como pode ocorrer que direitos absolutamente
indisponíveis venham a ser relativizadas. Tais fatos se justificam porque há
diferentes graus de disponibilidade de direitos. (TARTUCE, 2021, p. 29).

Para Martins (2016, p. 11), em sua obra: Direitos indisponíveis que admitem
transação: breves considerações sobre a lei nº 13.140/2015, assim define “Os direitos
indisponíveis são aqueles que não poderiam ser objeto de transação ou composição
porquanto a proteção da lei é tão ampla que os protege até contra a vontade de seu
próprio titular, mesmo que plenamente capaz”.
Neste entretempo, percebe-se um intervencionismo do Estado sopesando a
liberdade individual e a vontade das partes em detrimento de um bem maior que
carece de seu protecionismo.
Martins (2016) ainda traz à baila a indisponibilidade sob o olhar de duas
versões: a indisponibilidade objetiva e a indisponibilidade subjetiva, exemplificando-
as:

No âmbito da indisponibilidade objetiva, a doutrina majoritária defende que os


direitos da personalidade são, por excelência, intransigíveis e, em regra, não
30

podem ser suprimidos, haja vista sua ligação com a dignidade da pessoa
humana. Outras hipóteses de indisponibilidade objetiva mencionadas pela
doutrina dizem respeito ao estado das pessoas, ao direito de família, ao
direito sucessório de pessoa viva, ao poder familiar, às relações entre
cônjuges, à filiação e às questões de ordem pública. Quanto à
indisponibilidade subjetiva, há várias circunstâncias ligadas à pessoa do
titular ou de seu representante que figuram como obstáculo ao livre exercício
do poder de dispor. Os incapazes não podem dispor de seus direitos, salvo
se representados ou assistidos. Os tutores e os curadores encontram
restrições em relação aos negócios dos tutelados e curatelados. Os pais não
podem dispor dos bens e direitos de seus filhos, salvo se autorizados
judicialmente. Os casados não podem dispor de bens imóveis, salvo se
autorizados pelo consorte. O sócio que não administra a sociedade encontra
obstáculos ao tentar dispor dos bens da pessoa jurídica. O inventariante não
pode dispor sem autorização judicial. O mandatário não pode dispor sem os
devidos poderes. E os procuradores de pessoas jurídicas de direito público
também enfrentam rigorosas restrições. (MARTINS, 2016, p.10).

A indisponibilidade objetiva, in verbis, tratada por Martins (2016), está


relacionada quando a natureza dos direitos que impede a sua livre disposição, ainda
que haja interesse legítimo do titular. Outras vezes, embora a natureza do direito não
impeça, por si só, a livre disposição, as características pessoais do titular ou de seu
representante impõem restrições ou limitações ao poder de dispor. Desta forma, tem-
se aí a indisponibilidade subjetiva.
31

4 RELEVÂNCIA JURÍDICA

O Conselho Nacional de Justiça, através do Departamento de Pesquisas


Judiciárias, publica, anualmente, o Relatório Justiça em Números que constitui a
principal fonte de estatística do Judiciário Brasileiro. Em 2022 lançou a 19ª edição,
divulgando a realidade dos tribunais brasileiros.

4.1 Análise de dados concretos do Conselho Nacional de Justiça

Segundo dados do CNJ, publicado no último Relatório Justiça em Número (pág.


13), consta no sistema judiciário brasileiro 280 milhões de processos, incluindo físicos
e eletrônicos, públicos e sigilosos.
Convém ressaltar que, os dados acima elencados, referem-se aos órgãos
judiciários, exceto os dados do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de
Justiça, conforme o relatório Justiça em Números (2022):

As informações disponibilizadas consolidam dados dos 90 órgãos do Poder


Judiciário, elencados no art. 92 da Constituição da República Federativa do
Brasil de 1988, excluídos o Supremo Tribunal Federal e o Conselho Nacional
de Justiça, que possuem estatísticas à parte. Assim, o Justiça em Números
inclui: os 27 Tribunais de Justiça Estaduais (TJs); os cinco Tribunais
Regionais Federais (TRFs); os 24 Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs);
os 27 Tribunais Regionais Eleitorais (TREs); os três Tribunais de Justiça
Militar Estaduais (TJMs); o Superior Tribunal de Justiça (STJ); o Tribunal
Superior do Trabalho (TST); o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Superior
Tribunal Militar (STM). (BRASIL, 2022, p.15).

Ainda conforme o Banco Nacional de Dados do Poder Judiciário (DataJud),


coloca-se em evidência a quantidade de audiências conciliatórias, analisando-se o
período compreendido entre 2020 e fevereiro de 2023.
Figura 02 - Quantidade de audiências conciliatórias

Fonte: BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Estatísticas do Poder Judiciário. DataJud. 2023.
Disponível em: https://painel-estatistica.stg.cloud.cnj.jus.br/estatisticas.html Acesso em: 21 mai. 2023
32

Em termos numéricos, a quantidade relativa ao período de 2020 dobrou após


dois anos, chegando a um total de 3.434.290 audiências conciliatórias em 2022.
Como apontado no gráfico abaixo, após o advento do Novo Código de
Processo Civil, os percentuais, gradativamente, foram atingindo novos patamares, por
vezes insatisfatórios, como mostra os seguintes dados:
Figura 03 - Gráfico ilustrativo

Fonte: Justiça em Números (BRASIL, 2022, p.202).

A ilustração gráfica foi produzida considerando-se três momentos distintos em


que pode ocorrer a conciliação: a fase de conhecimento, também chamada de fase
cognitiva, a fase de execução quando já há uma sentença a ser cumprida e no âmbito
do segundo grau. Este, ocorre quando é finalizada a fase de instrução com uma
decisão terminativa proferida pelo juiz a quo, entretanto, as partes, inconformadas,
recorrem da decisão.
Depreende-se dos dados do CNJ que, da publicação do CPC/2015 à sua
vigência, que ocorreu somente no ano seguinte, o percentual de sentenças
homologatórias de acordo sofreu um acréscimo nas três áreas de pesquisa, no
entanto, no ano de 2017, apenas os processos em fase de execução e de segunda
instância mantiveram o crescimento. Em 2018 e 2019 apenas os processos de
segundo grau continuaram em crescimento. Já no ano de 2020, os processos em fase
de execução obtiveram resultados positivos na formalização de acordos, enquanto as
demais fases regrediram. No ano de 2021, todas as faixas em análise voltaram a
expandir.
33

Em que pese o principal objetivo das sessões conciliatórias não serem


propriamente o acordo, é inegável que o judiciário também se beneficia,
subsidiariamente, visto que, com o encerramento da demanda, um processo a menos
deixa de integrar a elevadíssima taxa de processos em andamento.
Na ilustração abaixo, os índices avaliados compreendem novembro de 2021 a
outubro de 2022, traz o total de sentenças e decisões terminativas homologatórias
julgadas nas Varas, Juizados Especiais, Turmas recursais, bem como processos do
segundo grau.
Figura 04 - Sentenças e decisões terminativas homologatórias

Fonte: BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Disponível em: https://painel-


conciliacao.stg.cloud.cnj.jus.br/ Acesso em: 22 mai. 2023

Em vista disso, conclui-se que a inserção dos métodos consensuais, apesar de


haver ainda certa resistência social e cultural, mostra-se uma medida efetiva de se
fazer justiça.

4.2 Judicialização do conflito

O fenômeno da judicialização no Brasil engloba, desde as causas mais simples


de dirimir, como por exemplo, uma ação de indenização, às mais complexas, a
exemplo, dos dissídios coletivos. Não há um filtro que determine o que pode e o que
não pode ser adjudicado, há apenas os requisitos essenciais a serem preenchidos ao
ajuizar uma demanda.
Desta sorte, na visão da sociedade, o judiciário tornou-se o “superprotetor”, o
pai que sempre resolve tudo para todos. A bem da verdade, o próprio judiciário
internalizou em si essa visão distorcida. Constantemente em busca de atingir metas,
o judiciário, através da contratação de servidores, criação de órgão nos tribunais, entre
outros, vem tentando suprir as necessidades e anseios da sociedade, entretanto, as
34

demandas multiplicam-se dia após dia, tornando-se uma competição impossível,


realçando a discrepância entre a lei da oferta e da procura.
Tal assertiva coaduna-se com o entendimento exposto por Villas Bôas Cueva
no seminário Acesso à Justiça: O custo do litígio no Brasil e o uso predatório do
Sistema de Justiça realizado em 2018 pelo Superior Tribunal de Justiça em parceria
com a Fundação Getúlio Vargas (FGV):

O direito fundamental de acesso à justiça não pode ser interpretado no


sentido de permitir que o judiciário se transforme num serviço de atendimento
ao consumidor, destinado a resolver uma miríade de conflitos que deveriam
encontrar, senão resolução definitiva, ao menos uma primeira tentativa de
resolução com a utilização dos meios adequados de resolução de conflitos,
como a conciliação, a mediação, a arbitragem, por exemplo. (FUNDAÇÃO
GETÚLIO VARGAS, 2018, ONLINE).

Do mesmo posicionamento, compactua Tartuce (2021) ressaltando em sua


obra, Mediação nos Conflitos Civis, a ideia equivocada que se tem de acesso à justiça
limitando-a ao acesso ao Poder Judiciário.

Entender o acesso à justiça como sinônimo de acesso a jurisdição é uma


posição que precisa ser revista. Considerar o poder judiciário a prioritária
opção para obter a ‘solução’ de conflitos traduz uma visão exacerbada de
garantia de acesso ao poder judiciário que em nada contribui para efetiva
distribuição de justiça em um regime democrático, pluralista e participativo.
(TARTUCE, 2021, p. 140).

Frente a isso, o Princípio Constitucional da Inafastabilidade da Jurisdição


colocado em prática sem, contudo, analisar as consequências, ou mesmo, preparar-
se para recepcionar as demandas, gerou nova problemática. Assim, referente a crise
do acesso à justiça, a solução foi encontrada, todavia, o índice de demandas que se
originou a partir daí precisa ser revisto e reorganizado, de maneira que a prestação
jurisdicional seja efetivamente cumprida.
Mais adiante, Tartuce (2021) faz um adendo ao interesse social, sopesando a
garantia do indivíduo ao acesso à justiça e a litigiosidade excessiva.

Embora o direito ao processo seja fundamental, ele não tem índole absoluta.
O exercício dos direitos individuais deve ser pautado pela consideração do
interesse social. Se este, por um lado, concebe como relevantes a segurança
e a garantia de acesso do indivíduo ao poder judiciário, por outro lado,
também busca impedir a litigiosidade frívola e emulativa; ademais, ainda que
seja a litigiosidade legítima, se esta se revelar evitável, tende o sistema a
desestimular seu exercício. (TARTUCE, 2021, p. 141).
35

Em verdade, as judicializações excessivas trazem o questionamento acerca da


real necessidade que emerge da coletividade. Já não há clareza se as pessoas estão
em busca de direitos ou apenas de interesses.
Decerto, os interesses individuais inerentes ao ser humano também possuem
amparo estatal, não podendo ser desconsiderados, entretanto, a prestação
jurisdicional não pode ser banalizada fazendo-se sua utilização ao bel prazer.
Nesse sentido, pondera Tartuce (2021, p. 140) “O processo perante o poder
judiciário só deve aparecer na impossibilidade de autossuperação do conflito pelos
interessados que deverão ter à disposição o modelo consensual que propicia a
resolução pacífica e não adversarial da lide.
Nesse intervalo, o gerenciamento de conflitos como elemento da pacificação
social é forma imprescindível e fundamental, conquanto, não é uma atribuição
exclusiva do judiciário, mas de todos os poderes, bem como da própria sociedade. A
esse respeito, Villas Bôas Cueva, Fundação Getúlio Vargas (2018, n.p) defende que
“O judiciário, em suma, não é vocacionado para resolver toda e qualquer demanda. A
resolução de conflito e a pacificação social não podem ser uma atribuição exclusiva
dos juízes, outros atores devem ser chamados também a intervir”.
Sob esse viés, é possível concluir que os métodos consensuais, como parte
das políticas públicas inseridas no ordenamento jurídico brasileiro agindo no cerne da
pacificação social, na formação de consciência e, por conseguinte, na mudança de
mentalidade, tem o condão de refletir, positivamente, na redução de demandas
litigiosas e consequentemente no desafogamento do judiciário.

4.3 Perspectivas e visão de futuro

Desde a implementação dos métodos consensuais no ordenamento jurídico,


sua evolução vem sendo, gradativamente, aperfeiçoada. Em que pese a evolução de
ambos os institutos ocorrerem lentamente, fato é que, pouco a pouco vão se
amoldando e encontrando seu lugar no mundo jurídico.
É lastimável que a formação jurídica tradicional continue sendo um percalço
frente a inserção dos métodos autocompositivos. Verdade é que, o modelo
contencioso ainda está enraizado nos ambientes acadêmicos, o que reflete no
mercado de trabalho. Disso, depreende-se que entre a formação profissional e o
profissional que é contratado pela instituição de ensino, seja professor, coordenador
ou mesmo diretor, há um círculo vicioso que precisa romper-se.
36

Na prática da advocacia não é diferente, muitas vezes, os métodos


autocompositivos são vistos como a perda de espaço do advogado no mercado de
trabalho, ao invés de vê-los como mais uma ferramenta de trabalho para atender seus
clientes.
Chega-se à conclusão, portanto, que duas intervenções são primordiais: a curto
e a longo prazo. A curto prazo, o poder judiciário, através dos CEJUSCS, poderão
propor seminários interativos aberto ao público com temas diversos, mas que tragam
uma proposta voltada para a disseminação da pacificação social, numa linguagem
mais acessível, organizar programas culturais dialógicos, ofertar congressos de
fomentação à cultura de paz nacionais e internacionais aos profissionais dos saberes,
criar institutos com atribuições exclusivamente científicas e pedagógicas, coordenar
simpósios nas instituições de ensino, fazer parcerias com instituições, dentre outros.
Atrelado a isso, promover formação continuada para conciliadores e
mediadores, reforçando as técnicas de atuação ensinadas no curso teórico e,
principalmente, estimulá-los, através de oficinas de oratória a ter postura ativa é a
base para promover um diálogo mais produtivo.
Além disso, desenvolver oficinas e formação para os profissionais do direito,
essencialmente aos advogados, promovendo reflexões e, possivelmente, adequá-los
à correta atuação da profissão diante da inserção dos métodos de resolução de
controvérsias consensuais.
Não é demais mencionar que, o Código de Ética e Disciplina da Ordem dos
Advogados do Brasil prevê que é dever do advogado estimular a conciliação entre os
litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios.
Em razão da atividade de ponta que exercem, aos operadores do direito é
indispensável romper o paradigma do sistema caracterizado por vencedores e
vencidos, do contrário, as ações de fomento ao diálogo que o judiciário brilhantemente
vem realizando não passarão de esforços infrutuosos. Cabe lembrar que, em razão
da proximidade que tem com o povo, ao advogado é dada a missão de propagar a
pacificação social.
Assim, o advogado, ao deparar-se com as situações rotineiras, mediante uma
postura ativa e proativa, deverá orientar seu cliente acerca das ferramentas
disponíveis para juntos analisarem qual a melhor forma de buscar a solução, visando
o melhor interesse do cliente.
37

A longo prazo, é preciso pensar os métodos consensuais intrinsecamente


ligados à formação pessoal do indivíduo. E mais, agir no alicerce da educação dos
profissionais do Direito, no sentido de fomentar a cultura de paz, como algo mais que
necessário, e sim, imprescindível para formar novas mentalidades e criar padrões de
consciência.
38

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa fez uso de bases teóricas retiradas do site do Conselho Nacional


de Justiça, mais precisamente do Relatório Justiça em números lançados em 2022 e
teve como principal autora, Fernanda Tartuce (2021) com a Obra Mediação nos
Conflitos Civis, bem como a palestra do Seminário Acesso à Justiça: o custo do litígio
no Brasil e o uso predatório do sistema de justiça direcionada por Ricardo Villas Bôas
Cueva (2018), ministro do Superior Tribunal de Justiça.
Segundo a visão de Fernanda Tartuce e de Villas Bôas, a visão distorcida de
acesso ao judiciário ou mesmo de inafastabilidade da jurisdição culminou no excesso
de demandas litigiosas. Questões que, sob a ótica dos dois autores, poderiam ser
solucionadas por meios diversos da judicialização, mas acabam sendo direcionadas
ao judiciário. Coaduna-se ao pensamento de ambos, os números expressivos de
demandas, conforme se vê nas estatísticas do Conselho Nacional de Justiça e que
foram objeto de análise no presente estudo.
Por outro lado, o surgimento dos Métodos Adequados de Solução de
Controvérsias, vem mostrando-se uma importante ferramenta de combate às
judicializações excessivas, tratando não apenas das demandas já existentes, mas,
sobretudo, agindo na prevenção, ou seja, preparando o próprio indivíduo, para que,
consciente de sua capacidade enquanto ser humano, sinta-se apto a construir sua
própria solução através do diálogo.
Em vista disso, é de grande valia a participação e contribuição das instituições
de ensino para difundir novas culturas e despertar em seus discentes o interesse em
conhecer e aprofundar o tema, na medida em que, são elas, o berço para se propagar
novos conhecimentos. Com isso, sendo este um trabalho de conclusão de ensino
superior, é cediço que aos poucos os resultados pretendidos vão sendo alcançados,
no que concerne a fomentação das práticas autocompositivas.
Assim, em vista deste ser um tema de grande impacto e relevância social e que
ainda há muito a ser estudado e conhecido, pretende-se, posteriormente, retomar a
pesquisa, aprofundando o campo da relação entre o indivíduo e o conflito, bem como
suas reações diante desse cenário. Desenvolver um estudo voltado mais para a área
da psicologia e suas nuances, para então, adentrar no comportamento humano e
assim, trazer o resultado para agregar no campo jurídico desta pesquisa.
39

Entretanto, por ora, os resultados que foram propostos no projeto de pesquisa,


tendo como objetivo geral descobrir se, de fato, a cultura da litigância interfere na
aceitação dos métodos adequados de solução de controvérsias e como objetivos
específicos, fomentar as práticas autocompositivas, disseminar a cultura do consenso
desmistificando a judicialização, foram devidamente cumpridos.
Quanto ao objetivo geral, conclui-se, portanto que, cumpriu seu propósito,
porquanto a resposta é positiva, tornando evidente que a cultura enraizada de que os
conflitos têm de ser resolvidos por um juiz, através da heterocomposição, reflete
diretamente na aceitação dos métodos autocompositivos, sendo estes, totalmente o
oposto.
No que tange aos objetivos específicos, também alcançaram suas finalidades
ao dar ênfase nas definições dos dois institutos autocompositivos que foram
abordados no decorrer da pesquisa, como forma de torná-los ainda mais conhecidos,
bem como discriminando suas funções, características e finalidades, primárias e
secundárias, como forma de disseminar o conhecimento e por conseguinte, fomentar
a cultura do consenso.
Para além dos enfoques já delineados ao longo da pesquisa, vê-se que o
diálogo é a fórmula básica para a construção de uma solução justa, pacífica e que
seja agradável aos envolvidos. Destarte, restabelecer a comunicação que outrora foi
perdida é imprescindível e, para isso, há técnicas específicas para cada situação.
Dito isso, constata-se que, tanto a conciliação quanto a mediação, são meios
importantíssimos que, ao serem colocados em prática, têm o potencial de minorar os
impactos negativos advindos de uma circunstância conflituosa.
40

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