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aviso importante

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SUMÁRIO

DIREITOS HUMANOS..............................................................................................................4

TUTELA DE INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS........................................................ 59

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RAIO X

DIREITOS HUMANOS1

Olá, futuro(a) promotor(a) de justiça do Estado de São Paulo!

Direitos Humanos é uma matéria muito intuitiva, de maneira que dá para garantir bons pontinhos com uma leitura
atenta das questões. É muito importante revisar os temas mais cobrados em prova. Através desse Raio-X vamos
refrescar a sua memória e gabaritar a matéria.

Pesquisamos as últimas provas do MPSP e percebemos a tendência de abordar temas atuais brasileiros, principal-
mente com foco em minorias. Para te ajudar, demos ênfase nesses assuntos, mas sem desprezar outros temas que
também caem: sistema global de proteção, sistema interamericano etc.

1  Por Karoline Romano

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RAIO X

• ATENÇÃO: Pessoal, considerando a pesquisa da banca e a análise das provas anteriores, fiquem ligados nas
hashtags #APOSTACICLOS e #DEOLHONOEXAMINADOR. Elas serão utilizadas no decorrer desse raio X
sempre que forem identificados os assuntos que se relacionam com áreas de interesse da banca.

Sem mais blábláblá, bora começar!

PONTO: 1. Direitos Humanos: 1.1. Conceito e evolução histórica: as dimensões dos Direitos Humanos; 1.2.
Sistema Internacional de promoção e proteção dos Direitos Humanos. Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) que integram a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas. Sistema
Interamericano; 1.3 Tratados e Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos incorporados pelo
ordenamento brasileiro. Conflito com as normas constitucionais; 1.4. Ministério Público e a defesa dos
Direitos Humanos. Realização de encontros com os movimentos sociais (Recomendação 61/17, CNMP).

Esse é um ponto que mistura doutrina e lei seca. Não faça a prova sem ler sobre a teoria geral dos Direitos Huma-
nos e temas correlatos. Atente-se, também, para temas atuais, como, por exemplo, ODS!

#APOSTACICLOS – Atenção para o modo de incorporação dos tratados internacionais de direitos humanos no
ordenamento brasileiro.

#DEOLHONOEXAMINADOR – Atente-se para a recomendação nº 61/17 do CNMP.

#MAPEIAOVADE

NÃO DEIXE DE VER


Recomendação 61/17 do CNMP

#RAPIDINHAS: 10 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER:

1. Teoria Geral dos Direitos Humanos

Rafael Barretto2 define os direitos humanos como um conjunto de direitos que materializam a dignidade humana;
direitos básicos, imprescindíveis para a concretização da dignidade humana.

Os direitos humanos são ponto central dos Estados Constitucionais, pois um Estado no qual as pessoas não tenham
liberdades básicas reconhecidas é um Estado arbitrário, cheio de desrespeito ao ser humano.

• Sob uma fundamentação religiosa, o respeito aos direitos humanos decorre do divino (mandamento de
Deus).

• Sob uma fundamentação positivista, a validade dos direitos humanos decorre do seu reconhecimento en-
quanto normas de direito positivo.

2  BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 9 ed. – Bahia: Juspodivm,2019.

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• Sob a fundamentação jusnaturalista, os direitos humanos extraem validade da ordem natural, que antecede
o direito positivo.

Existe um conjunto de direitos que pertencem ao indivíduo pelo simples fato de ser do gênero humano. Todo ser
humano tem direito a ter direitos. Ou seja, existe um conjunto de direitos que precede o direito positivo e indepen-
de do mesmo.

#SELIGANATABELA

Direito Natural Direito Positivo


Justo por natureza. Justo pelas leis.
O direito origina-se do nascimento do indivíduo. O direito origina-se da lei.
Punição moral. Punição real e concreta.

#SELIGANOSINÔNIMO: jusnaturalismo é sinônimo de direito natural; juspositivismo é sinônimo de direito


positivo.

Apesar de direitos humanos e direitos fundamentais materializarem a dignidade da pessoa humana, é inevitável
diferenciá-los:

Direitos do homem Direitos fundamentais


Direitos válidos para todos os povos e em todos os Direitos objetivamente vigentes numa ordem jurídica
tempos. concreta.
Direitos positivados no ordenamento jurídico, ex. di-
Fazem parte da ordem internacional.
reitos constitucionais.

A concepção atual de direitos humanos foi internacionalmente estabelecida pela Declaração Universal do Direitos
Humanos (1948), após a Segunda Guerra Mundial, quando a humanidade se horrorizou com as crueldades do
nazismo.3

#ATENÇÃO: Na disciplina Direitos Humanos o bem protegido é a humanidade.

Características dos direitos humanos:

� Historicidade: são fruto da evolução histórica de cada povo.


� Inalienabilidade: não são objeto de negociação.
� Imprescritibilidade: veda-se ao legislador que estipule prazo para o exercício do direito de ação.
� Irrenunciabilidade: o particular não pode renunciar aos direitos fundamentais, mas pode renunciar ao exer-
cício.

3  CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 7ed. – São Paulo: Saraiva, 2019.

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� Universais: todos os seres humanos são dotados dessa titularidade.


� Relativos: ligados ao contexto histórico.

#JÁCAIU

Ano: 2021 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-SC Prova: CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-SC - Promotor


de Justiça Substituto - Prova 2
Acerca das definições de direitos humanos e da reserva do possível, julgue o item a seguir.
Os direitos humanos são todos os direitos previstos em legislação nacional ou acordos e tratados internacionais
que dizem respeito à proteção da pessoa, ao passo que os direitos fundamentais são aqueles que têm como
fundamento a dignidade da pessoa humana, estejam ou não positivados.
Alternativas4
( ) Certo
( ) Errado

2. Histórico

Os primeiros documentos históricos já revelavam uma preocupação com direitos inerentes ao homem. Por exem-
plo, no Código de Hamurabi (1.800 a.C.) já tinha como forma de dosimetria da pena a “lei de talião” – olho por
olho, dente por dente.

Em 1.215 o rei João da Inglaterra foi obrigado a assinar a Magna Carta, que pela primeira vez deu direitos aos sú-
ditos e corrigiu arbitrariedades estatais. Aqui destaca-se a implantação da monarquia constitucional.

#APOSTACICLOS: A Magna Carta influenciou os seguintes documentos:

Î Petition of Rights - Semente para a Revolução Inglesa. Nessa petição de direitos foi exigido que nenhum
tributo fosse imposto sem o consentimento do Parlamento.

Î Declaração Universal dos Direitos Humanos - Emitida pela ONU em 1948 com o escopo de proporcionar
a todas as pessoas de qualquer povo ou nação os mesmos direitos.

Î Constituições modernas.

4  Gabarito: errado.

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#SELIGANATABELA

Antiguidade Oriental – Código de Hamurabi.


Antiguidade Grega – Democracia Ateniense.
FASE PRÉ-ESTADO CONSTITUCIONAL
República Romana – legalidade, igualdade e propriedade.
Cristianismo – Solidariedade.
Poder limitado pela vontade divina.
IDADE MÉDIA
Magna Carta (1.215).
Revoluções liberais.
Inglaterra: Revolução Inglesa; Petition of Rights; Habeas Cor-
pus Act; Bill of Rights.
IDADE MODERNA
EUA: Revolução Americana; 1ª Constituição do mundo.
França: Revolução Francesa; Declaração Francesa dos Direitos
do Homem e do Cidadão.
Constituição do México.
Constituição de Weimar.
Fim da Primeira Guerra Mundial; Tratado de Versalhes; Cria-
IDADE CONTEMPORÂNEA
ção da OIT.
Criação da ONU.
Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A fase Pré-Estado Constitucional é marcada por documentos mais rudimentares, ex. lei do talião do Código de Ha-
murabi “olho por olho, dente por dente”. No entanto, já se demonstrava um sentido de justiça/proporcionalidade.

Atenas foi o berço da democracia, e Roma trouxe sofisticada forma de organização do poder. O Cristianismo ense-
jou a ideia de caridade, ajudar os mais necessitados (direitos sociais).

Apesar da Idade Média ter tido ideias retrógradas, como, a inquisição, e viver uma época de degradação (peste
negra), aparece a ideia de que a vontade de Deus deve limitar o poder do homem. Ademais, a Magna Carta é
precursora das modificações que irão ocorrer a seguir.

A Idade Moderna é pautada pelo iluminismo, saída da idade das trevas, para um enorme avanço em direitos hu-
manos, principalmente em direitos de 1ª geração (liberdade).

Na Idade Contemporânea ficou claro que a liberdade sem a igualdade não faz sentido. Não adiante alguns serem
livres e outros não terem as mesmas oportunidades. Assim, a Constituição do México e a Constituição de Weimar
trouxeram direitos sociais. E, por fim, após as atrocidades das guerras perceberam a necessidade de uma pacifica-
ção mundial, por meio da criação da ONU.

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3. Dimensões dos Direitos Humanos

Os direitos fundamentais não foram reconhecidos todos de uma vez só. Ocorreram muitas lutas e conquistas his-
tóricas para termos tudo o que temos hoje.

O termo “geração” remete a uma ideia de superação/sucessão de direitos. Por isso, é mais acertado usar o termo
“dimensões” de direitos humanos.

Rafael Barretto5 categoriza os direitos humanos da seguinte forma:

• Direitos Civis: relacionados às liberdades civis básicas.


• Direitos Políticos: direito de participação na vida do Estado.
• Direitos Sociais: intervenção do Estado no plano social, como saúde e educação.
• Direitos Econômicos: relação capital-trabalho.
• Direitos culturais: relacionados às práticas culturais.
• Direitos difusos: atinentes à humanidade como um todo, ex. meio ambiente.

As gerações de direitos representam um conjunto de direitos institucionalizados num determinado momento his-
tórico, com características similares e um valor comum. Não há consenso quanto ao número de gerações, mas o
entendimento é pacífico acerca das 3 primeiras dimensões de direitos humanos:

1ª dimensão: voltada para liberdades públicas, direitos civis e políticos. Originou-se da Independência Norte-
-americana e Revolução Francesa, ideias iluministas. Aqui o que se busca é a limitação da atuação estatal, para
evitar arbitrariedade.

2ª dimensão: voltada para a igualdade, direitos econômicos, sociais e culturais. Originou-se na Revolução In-
dustrial e pelo fim da Primeira Guerra Mundial, porque o mundo passou a repensar relações sociais e questões
econômicas. Outro marco importante foi a Constituição de Weimar. Aqui são definidas condições jurídicas míni-
mas para a independência social dos indivíduos (saúde, educação etc.).

3ª dimensão: voltada para a fraternidade, direitos de solidariedade. Originou-se de tratativas internacionais


(ONU, UNESCO). Aqui destacam-se os seguintes direitos: paz, meio ambiente, comunicação, autodeterminação
dos povos etc.

#OLHAOGANCHO: Jellinek – Teoria dos Status

a) Status passivo: é aquele em que se encontra o indivíduo detentor de deveres perante o Estado. É um
estado de subordinação em relação ao Estado. Aqui o indivíduo é meramente detentor de deveres.

5  BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 9 ed. – Bahia: Juspodivm,2019.

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b) Status ativo: o indivíduo possui competências para influenciar a formação da vontade estatal. Ex.
direitos políticos. Voto.
c) Status negativo: é aquele em que o indivíduo goza de um espaço de liberdade diante das possíveis
ingerências.
d) Status positivo: é aquele em que o indivíduo tem o direito de exigir do Estado determinadas presta-
ções positivas

4. Eficácia dos direitos fundamentais


EFICÁCIA VERTICAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às
relações entre particulares e o Estado. É a eficácia clássica.
EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (eficácia privada ou externa): Com o desenvolvi-
mento dos direitos fundamentais, percebeu-se que a opressão e a violência contra o indivíduo vem também de
entidades privadas. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às relações entre particulares.
EFICÁCIA DIAGONAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: Consiste na aplicação dos direitos fundamentais à
relação entre particulares, nas quais existe um desequilíbrio fático, a exemplo da relação trabalhista.
EFICÁCIA INDIRETA OU MEDIATA: os direitos fundamentais são aplicados de maneira reflexa, tanto em uma
dimensão proibitiva e voltada para o legislador, que não poderá editar lei que viole direitos fundamentais, como,
ainda, positiva, voltada para que o legislador implemente os direitos fundamentais, ponderando quais devam
aplicar-se às relações privadas.
EFICÁCIA DIRETA OU IMEDIATA: alguns direitos fundamentais podem ser aplicados às relações privadas sem
que haja a necessidade de “intermediação legislativa” para a sua concretização.

5. Limites dos limites

Muitas vezes, a criação de políticas públicas exige investimento financeiro do Estado. Para escapar dessas despesas,
o Poder Público alega que precisa fazer escolhas trágicas e a reserva do possível. No entanto, o Estado precisa
garantir o mínimo existencial, para preservar a dignidade da pessoa humana.

Teoria dos limites da limitação: O poder de limitar direitos é um poder limitado.


Para Rafael Barretto6, os parâmetros para a limitação de um direito podem estar expressos no texto constitucional
ou extraídos do sistema constitucional. Ademais, jamais pode ser desproporcional.
O Poder Legislativo limita direitos quando edita leis que restringem o alcance e o programa normativo deles (leis
restritivas de direitos). O Poder Executivo limita direitos quando adota medidas administrativas que restringem

6  BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 9 ed. – Bahia: Juspodivm,2019.

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direitos. E, o Poder Judiciário limita direitos em situações excepcionais, quando do julgamento de casos concretos
que envolvem conflitos entre direitos.

#OLHAOGANCHO: CONTEÚDO ESSENCIAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

O objetivo de se definir o conteúdo essencial de um direito fundamental é evitar que a regulação legal de seu
exercício desnaturalize ou altere o direito tal como consagrado na CF.

TEORIA ABSOLUTA: O conteúdo essencial é uma parte do conteúdo total do direito fundamental. Seria um
núcleo duro do conteúdo total que seria intransponível pelo legislador. Esse conteúdo essencial é absoluto! Não
pode ser relativizado.
TEORIA RELATIVA: Essa teoria defende a necessidade de justificar as restrições aos direitos fundamentais me-
diante o recurso ao princípio da proporcionalidade. Não existiria um limite intransponível, a priori. É preciso antes
analisar a medida à luz do princípio da proporcionalidade. Se a medida estatal for proporcional, não atingiu o
conteúdo essencial.

Existem duas teorias de fixação dos limites (ou restrições):

• Teoria interna: o direito e o seus limites imanentes formam apenas um objeto. Os limites são fixados a priori,
através da interpretação, em um processo interno ao próprio direito, sem a influência de outras normas cons-
titucionais. Esses direitos vão ter sempre a estrutura de regras (tudo ou nada: ou aquilo faz parte do direito
ou não faz parte).

• Teoria externa: utiliza a expressão “restrição” no lugar de limites. Por ela, existem dois objetos: o direito em si e
suas restrições, as quais estão situadas fora do direito. O conteúdo permitido de um direito vai depender da
análise de outros direitos envolvidos no caso concreto. A princípio tudo é possível, e analisando as colisões
verifica-se na prática se determinada conduta é ou não permitida. Então aqui a fixação dos limites de um
direito é feita em duas etapas. 1ª: identificação do conteúdo inicialmente protegido, determinado da forma
mais ampla possível (direito prima facie). 2ª: definição dos limites externos decorrentes da necessidade de
conciliar o direito com outros direitos (direito definitivo).

#OLHAOGANCHO: DIMENSÃO SUBJETIVA E DIMENSÃO OBJETIVA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Enquanto direitos subjetivos, os direitos fundamentais outorgam aos titulares a prerrogativa de impor os seus
interesses em face dos órgãos obrigados. Por outro lado, em sua dimensão objetiva, os direitos fundamentais
formam a base do ordenamento jurídico de um Estado de Direito democrático.

#JÁCAIU

Ano: 2019 Banca: MPE-SP Órgão: MPE-SP Prova: MPE-SP - 2019 - MPE-SP - Promotor de Justiça Substituto


Em relação aos direitos humanos, é correto afirmar:

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Alternativas7
a) São aqueles previstos no plano interno dos Estados pelas Cartas Constitucionais.
b) São aqueles que ainda não estão expressamente previstos no direito interno ou no direito internacional.
c) São menos amplos que os direitos fundamentais quanto à proteção dos direitos individuais.
d) São aqueles protegidos pela ordem internacional.
e) Podem sofrer limitações em razão de interesse dos Estados.

6. Sistema Internacional de promoção e proteção dos Direitos Humanos

Visando manter a segurança coletiva e a paz mundial a Organização das Nações Unidas (ONU) passou a existir em
1945, com a entrada em vigor da Carta das Nações Unidas.

Precursores da ONU

� Direito de Genebra (1929)


� Liga das Nações (1919)
� Organização Internacional do Trabalho (OIT)

Missão da ONU: estabelecer regras a serem observadas pelos Estados perante os indivíduos sujeitos ao seu poder
e perante os demais Estados.

Portanto, o sistema global de direitos humanos é o sistema estruturado em torno da ONU. Entenda que, a ONU
foi fundada em 1945 pouco após o término da 2ª Guerra Mundial, com o escopo de reunir nações que tivessem
propósitos em comum no sentido de promover a paz e a segurança no cenário internacional, bem como o desen-
volvimento das nações e a promoção dos direitos humanos.

#OLHAOGANCHO: A Carta das Nações Unidas estabelece como finalidade da ONU a busca da paz in-
ternacional e o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem consolida uma ética mundial para os valores relativos aos direitos
humanos.

#APOSTACICLOS: Aqui são ensejados direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais.

#CUIDADO: Por ter sido aprovada como Resolução deu margem a questionamentos sobre sua força vinculante.

Tecnicamente, a DUDH de 1948 é uma recomendação. Isso se deve, inclusive, a razões históricas. A DUDH foi
pensada inicialmente pela Comissão de Direitos Humanos da ONU como uma etapa preliminar de um tratado
específico sobre o assunto.

7  Gabarito: d.

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As recomendações, em regra, realmente, não têm força vinculante. Esse não é, contudo, o entendimento ma-
joritário sobre a DUDH. Em razão de sua importância histórica e por funcionar como uma pauta mínima para
os Direitos Humanos, a Declaração é tida por integrante do conjunto de costumes e princípios gerais do direito
internacional, compondo, assim, o chamado “jus cogens”, logo, a doutrina majoritária entende que a DUDH
possui força vinculante.

Faz parte da estrutura normativa global os seguintes instrumentos:

• Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (1966)


• Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966)

Além desses diplomas, existem normas de alcance especial, isto é, destinadas a indivíduos ou grupos específicos,
tais como: mulheres, refugiados, crianças entre outros.

#ATENÇÃO: Dentre as normas especiais do sistema global da ONU, destacam-se a Convenção contra a Tortura e
outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos e Degradantes, a Convenção para a Eliminação da Discriminação
contra a Mulher, a Convenção para a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial e a Convenção sobre
os Direitos da Criança.

7. Sistema Interamericano de proteção dos direitos humanos

O sistema interamericano de proteção aos direitos humanos é coordenado pela Organização dos Estados Ameri-
canos (OEA), entidade criada em 1948, a partir da Carta da Organização dos Estados Americanos.

A OEA foi criada 03 anos após a ONU, e representa o sistema regional americano. Ao lado do sistema interameri-
cano de proteção dos direitos humanos, também existe, o sistema europeu e o sistema africano.

Além da Declaração Americana, há outros instrumentos de alcance geral que fazem parte do sistema interameri-
cano, como a Convenção Americana sobre os Direitos Humanos ou “Pacto de San José” (1969), ratificada pelo
Brasil em 25/09/92.

A CARTA DA ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA) é o tratado que criou essa entidade,
sendo firmada em 1948. Embora ela não consagre expressamente a promoção dos direitos humanos como um
dos objetivos principais daquele organismo internacional, estabelece que “Os Estados americanos proclamam
os direitos fundamentais da pessoa humana, sem fazer distinção de raça, nacionalidade, credo ou sexo” (art. 3),
proclamando, de modo genérico, o dever de respeito aos direitos humanos por parte de todo Estado-membro
da organização.
Já a DECLARAÇÃO AMERICANA DOS DIREITOS E DEVERES DO HOMEM foi aprovada pela Resolução
XXX, em Bogotá, em abril de 1948. Embora seja uma RESOLUÇÃO NÃO VINCULANTE, é o MARCO INICIAL NA
CONSTRUÇÃO DO SISTEMA INTERAMERICANO, enumerando especificadamente quais são os direitos funda-
mentais que deveriam ser observados e garantidos pelos Estados.

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#SELIGA: A Declaração Americana, que é anterior à Declaração Universal de Direitos Humanos, expressamente
reconheceu a universalidade dos direitos humanos, ao expressar que os direitos essenciais do homem não
derivam do fato de ser ele cidadão ou nacional de um Estado, mas, sim, de sua condição humana (Preâmbulo da
Declaração).

Integra o sistema interamericano de proteção de direitos humanos a Comissão Interamericana de Direitos Hu-
manos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos:

Comissão Interamericana de direitos humanos Corte Interamericana de direitos humanos

Órgão jurisdicional do sistema interamericano. Atua


É o principal órgão fiscalizatório do sistema na reparação das vítimas de violações de direitos
interamericano de direitos humanos. humanos que não conseguem obter a reparação
adequada pelos órgãos nacionais do Estado violador.

Supervisiona o cumprimento das obrigações interna-


Somente os Estados-Partes e a Comissão têm direito
cionais por parte dos Estados que integram a estru-
de submeter caso à decisão da Corte.
tura da OEA.
É composta por 7 juízes nacionais dos Estados
Composta por 7 membros, com mandato de 4 anos
Membros da OEA. O mandato é de 6 anos admitida
(admitida uma reeleição).
uma recondução (admitida uma recondução).

A Corte possui competência contenciosa e consul-


Representa todos os membros da OEA.
tiva.

Julga os litígios que são submetidos à apreciação do


A Comissão tem a função principal de promover a Tribunal. Pode julgar casos que envolvam a violação
observância e a defesa dos direitos humanos e, no da Convenção Americana, como também outro ins-
exercício do seu mandato, tem as seguintes funções trumento normativo da OEA.
e atribuições:
A competência da Corte é facultativa, de maneira
a) estimular a consciência dos direitos humanos nos que somente pode atuar em relação a Estados que
povos da América; declarem reconhecer sua competência como obriga-
b) formular recomendações aos governos dos tória para casos envolvendo a aplicação do sistema
Estados-Membros, quando o considerar conveniente, interamericano.
no sentido de que adotem medidas progressivas em A declaração de reconhecimento da competência da
prol dos direitos humanos no âmbito de suas leis Corte pode ser feita de maneira incondicional ou sob
internas e seus preceitos constitucionais, bem como condição de reciprocidade, por prazo determinado
disposições apropriadas para promover o devido ou casos específicos.
respeito a esses direitos;
Pela natureza contínua/permanente, não há óbice
c) preparar os estudos ou relatórios que considerar para que o Tribunal reconheça fatos em relação ao
convenientes o desempenho de suas funções; período posterior ao reconhecimento da competên-
d) solicitar aos governos dos Estados-Membros que cia da corte.
lhe proporcionem informações sobre as medidas que Não tem legitimidade indivíduos, nem entidades não
adotarem em matéria de direitos humanos; governamentais. Todavia, podem acionar a Comis-
são, para que instaure um procedimento e, se enten-
der pertinente, submeterá à Corte.

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e) atender às consultas que, por meio da Secreta-


ria-Geral da Organização dos Estados Americanos,
lhe formularem os Estados-Membros sobre questões
relacionadas com os direitos humanos e, dentro de
suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento
que eles lhe solicitarem;
f) atuar com respeito às petições e outras
comunicações, no exercício de sua autoridade, de
conformidade com o disposto nos artigos 44 a 51
desta Convenção; e
g) apresentar um relatório anual a Assembleia-Geral
da Organização dos Estados Americanos.

A competência consultiva é exercida para responder


A competência da corte abrange o recebimento de
questionamentos acerca da interpretação da Con-
petições individuais e comunicações interestatais, de-
venção Americana e outros tratados de direitos hu-
nunciando casos de violação a direitos humanos.
manos.

Não existe hierarquia entre o sistema global e o sistema regional (interamericano) de proteção dos direitos
humanos. Dessa forma, o critério adotado para evitar conflitos entre os vários instrumentos internacionais é o
denominado de “prevalência da norma mais benéfica” para a vítima de violações de direitos humanos.
#SELIGANOEXEMPLO: Se uma pessoa está sofrendo violação de direitos humanos que compromete a
sua dignidade como pessoa humana, será utilizada a norma mais protetiva.

SISTEMA GLOBAL SISTEMAS REGIONAIS

É conhecido como o sistema “internacional” ou “universal” Visam a promover os direitos humanos em de-
e visa abranger o mundo inteiro. É administrado fun- terminadas regiões do mundo, atentando para as
damentalmente pela Organização das Nações Unidas respectivas especificidades e beneficiando-se da
(ONU) e seu principal órgão é o Alto Comissariado das maior facilidade de promover o consenso entre
Nações Unidas para os Direitos Humanos. Estados. Os mais conhecidos são o Europeu, o
Africano e o Interamericano, do qual o Brasil faz
parte.

Seus documentos mais importantes são:

• A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de O sistema interamericano é organizado pela OEA
1948; – Organização dos Estados Americanos.
Seu principal órgão é a Comissão Interamericana
• Pacto sobre Direitos Civis e Políticos e; de Direitos Humanos.
• Pacto sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais,
de 1966

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A Convenção Americana enunciou, basicamente, direitos liberais. Assim, é errado dizer que a Convenção trouxe
um catálogo de direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. Os direitos sociais, econômicos e culturais
estão previstos no Protocolo de San Salvador.

De acordo com Rafael Barretto8, a Convenção Americana basicamente reproduziu os direitos do Pacto Internacio-
nal dos direitos civis e políticos da ONU, com algumas novidades, ex. direito à propriedade.

#JÁCAIU

Ano: 2021 Banca: MPM Órgão: MPM Prova: MPM - 2021 - MPM - Promotor de Justiça


A COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS TEM AS SEGUINTES FUNÇÕES E ATRIBUIÇÕES, EX-
CETO:
Alternativas9
a) Estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América.
b) Preparar os estudos ou relatórios que considerar convenientes para o desempenho de suas funções.
c) Solicitar aos governos dos Estados membros que lhe proporcionem informações sobre as medidas que ado-
tarem em matéria de direitos humanos.
d) Apresentar relatórios trienais à Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
PRISÃO CIVIL. Depósito. Depositário infiel. Alienação fiduciária. Decretação da medida coercitiva. Inadmissibili-
dade absoluta. Insubsistência da previsão constitucional e das normas subalternas. Interpretação do art. 5º, inc.
LXVII e §§ 1º, 2º e 3º, da CF, à luz do art. 7º, § 7, da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San
José da Costa Rica). Recurso improvido. Julgamento conjunto do RE nº 349.703 e dos HCs nº 87.585 e nº 92.566.
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. (RE 466343, Rela-
tor (a):  Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 03/12/2008, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-104
DIVULG 04-06-2009 PUBLIC 05-06-2009 EMENT VOL-02363-06 PP-01106 RTJ VOL-00210-02 PP-00745 RDEC-
TRAB v. 17, n. 186, 2010, p. 29-165)

#DEOLHONASÚMULA:
Súmula Vinculante 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.

#APOSTACICLOS: A Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos possui aplicação imediata, o que
significa dizer que os direitos nela previstos podem ser exigidos de imediato.

8  BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 9 ed. – Bahia: Juspodivm,2019.

9  Gabarito: d.

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RAIO X

8. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Em 2016, a ONU propôs aos líderes mundiais 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para que,
coletivamente, a humanidade pudesse dissociar o crescimento econômico da pobreza, da desigualdade e das
mudanças climáticas, por meio de construções sustentáveis.

ODS 1 – Erradicação da pobreza: Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
ODS 2 – Fome zero e agricultura sustentável: Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da
nutrição e promover a agricultura sustentável.
ODS 3 – Saúde e bem-estar: Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as
idades.
ODS 4 – Educação de qualidade: Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover opor-
tunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
ODS 5 – Igualdade de gênero: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
ODS 6 – Água potável e saneamento: Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento
para todos.
ODS 7 – Energia limpa e acessível: Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à
energia para todos.
ODS 8 – Trabalho decente e crescimento econômico: Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo
e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos.
ODS 9 – Indústria, inovação e infraestrutura: Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização
inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.
ODS 10 – Redução das desigualdades: Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.
ODS 11 – Cidades e comunidades sustentáveis: Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, segu-
ros, resilientes e sustentáveis.
ODS 12 – Consumo e produção sustentáveis: Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima :Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima
e seus impactos.
ODS 14 – Vida na água: Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o
desenvolvimento sustentável.
ODS 15 – Vida terrestre: Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de
forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda
de biodiversidade.
ODS 16 – Paz, justiça e instituições eficazes: Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento
sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas
em todos os níveis.

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RAIO X

ODS 17 – Parcerias e meios de implementação: Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria


global para o desenvolvimento sustentável.

9. Tratados e Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos incorporados pelo ordenamento bra-
sileiro

Os tratados e convenções de direitos humanos aprovados com quórum de emenda constitucional integram-se no
bloco de constitucionalidade brasileiro, possuindo, assim, força constitucional.

Art. 5º (...)
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais.  

#JÁCAIU

Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-CE Prova: CESPE - 2020 - MPE-CE - Promotor de Justiça


de Entrância Inicial
No Brasil, após a promulgação da Emenda Constitucional n.º 45/2004, os tratados relativos aos direitos humanos
aprovados na forma prevista são equivalentes às
Alternativas10
a) leis complementares.
b) emendas constitucionais.
c) leis ordinárias.
d) garantias individuais e coletivas.
e) normas de direito fundamental.

Atualmente dois tratados internacionais de direitos humanos conseguiram alcançar esse patamar:

• Convenção sobre os direitos da pessoa com deficiência;


• Convenção de Marraqueche (facilita o acesso a obras públicas a pessoas cegas).

#SELIGANOSINÔNIMO: TEORIA DO DUPLO ESTATUTO (STF) – Corrente que prevalece atualmente, defendendo
que os tratados que forem aprovados pelo rito do §3º do art. 5º tem natureza constitucional. Caso contrário, terão
natureza supralegal (acima das leis, abaixo da CF/88), independente se foram incorporados antes ou depois da
referida EC. Ex. Pacto de San Jose.

10  Gabarito: b.

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RAIO X

Em virtude da ação da Teoria do Duplo Estatuto pelo ordenamento jurídico brasileiro, adota-se o chamado CON-
TROLE DE CONVENCIONALIDADE, que nada mais é do que a aferição da compatibilidade das leis e atos norma-
tivos brasileiros com os tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil.

#DEOLHONOEXAMINADOR: Não importa se o tratado foi aprovado pelo rito do art. 5º, §3º (natureza constitu-
cional) ou não (natureza supralegal). Divide-se em:

• Controle de Convencionalidade de matriz internacional: Chamado de autêntico ou definitivo, atribuído a ór-


gãos internacionais criados por tratados internacionais (Corte Interamericana, Corte Europeia etc.);
• Controle de Convencionalidade de matriz nacional: Chamado de provisório ou preliminar, é o exame de com-
patibilidade do ordenamento interno, realizado por juízes e tribunais internos.

O Diálogo das Cortes consiste em compatibilização entre o resultado do controle de convencionalidade nacional
com o decidido no controle de convencionalidade internacional.

Existe este diálogo, uma vez que, tanto o STF, quanto os órgãos internacionais cumprem a mesma missão: de as-
segurar o respeito à dignidade humana e os direitos fundamentais.

#OLHAOGANCHO: O Estado, ao assinar um tratado internacional de direitos humanos não assume obrigações
recíprocas com outro Estado e sim com a Comunidade Internacional, bem com os indivíduos que residam neste
Estado, de que irá respeitar os direitos humanos estabelecidos.

#JÁCAIU

Ano:  2019  Banca:  MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: MPE-GO - 2019 - MPE-GO - Promotor de Justiça -


Reaplicação
“Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé “ (art . 26 da Convenção de Vie-
na sobre o Direito dos Tratados). Essa norma estampa um importante princípio do direito internacional público
atual, que é a obrigação de respeitar os tratados, além de constituir um dos fundamentos do chamado controle
de convencionalidade. Informar a alternativa incorreta:
Alternativas11
a) É possível afirmar que a Corte Interamericana de Direitos Humanos, em razão dos valores fundamentais e
existenciais desses mesmos direitos, atribui a si a obrigação primária, inicial ou imediata de compatibilização das
normas internas com os instrumentos internacionais de direitos humanos dos quais o Estado é parte.
b) A Corte Interamericana de Direitos Humanos não toma apenas os tratados de direitos humanos como para-
digmas do controle de convencionalidade, mas também a sua própria jurisprudência.
c) Para além do controle jurisdicional de convencionalidade, são possíveis, no atual modelo brasileiro, os contro-
les legislativo e executivo dessa mesma convencionalidade.

11  Gabarito: a.

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RAIO X

d) A Corte Interamericana de Direitos Humanos entende que é paradigma de controle de convencionalidade


das normas domésticas, no sistema interamericano de proteção dos direitos humanos, todo o corpo jurídico
internacional de proteção, o que inclui o sistema global de direitos humanos.

10. Recomendação 61/17 CNMP

A Recomendação 61/17 recomenda às unidades e aos ramos do Ministério Público brasileiro a realização de encon-
tros com os movimentos sociais.

Art. 1º A promoção de encontros com os movimentos sociais pelas unidades e ramos do Ministério Público Bra-
sileiro, com objetivo de, notadamente:
I – aproximar os membros do Ministério Público das demandas da sociedade por meio do diálogo aberto, infor-
mal, leal e transparente;
II – identificar demandas e tendências na defesa dos Direitos Fundamentais;
III – auxiliar os membros do Ministério Público a tomar conhecimento de eventuais ameaças a Direitos Funda-
mentais;
IV – contribuir para o aprofundamento da democracia e da participação social, capacitação das lideranças dos
movimentos sociais sobre os serviços prestados pelo MP na defesa dos direitos e sobre o modo de acessá-los;
V – estabelecer as metas institucionais em temas de reconhecida relevância social, reunindo-se esforços orça-
mentários e estruturais, tais como comissões, grupos de trabalho, forças-tarefa e outros, a fim de garantir o
alcance de resultados.

PONTO: 1.5. Sistema Único de Saúde; 1.6. Sistema Único de Assistência Social; 1.7. SUSAN – Sistema Único
de Segurança Alimentar e Nutricional; 1.8. Racismo. Conceito e espécies: racismo estrutural, institucional,
ambiental, recreativo, religioso, interseccionalidade entre raça, gênero e classe, preconceito racial,
igualdade racial e ações afirmativas; 1.9. Pessoas com deficiência; pessoas portadoras de transtornos
mentais; Esse é um ponto que mistura doutrina e lei seca. Não faça a prova sem ler os dispositivos legais!

#APOSTACICLOS – Atenção para o tema racismo, pois vem sendo muito discutido na sociedade e na esfera jurí-
dica!

#DEOLHONOEXAMINADOR – Não deixe de ler o estatuto da pessoa com deficiência, pois sempre cai!!!

#MAPEIAOVADE

NÃO DEIXE DE VER


Art. 196 a 200 da CF
Lei 8.080/90

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RAIO X

Lei 8.742/93
Lei 11.346/06
Lei 7.716/89
Lei 13.146/15
Lei 10.216/01

#RAPIDINHAS: 10 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER:

1. SUS

O SUS vem disposto tanto na CF, como em lei própria:

CF/88 Lei 8.080/90

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Es-


tado, garantido mediante políticas sociais e econô-
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional,
micas que visem à redução do risco de doença e de
as ações e serviços de saúde, executados isolada ou
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
conjuntamente, em caráter permanente ou eventual,
ações e serviços para sua promoção, proteção e re-
por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público
cuperação.
ou privado.
Art. 197. São de relevância pública as ações e servi-
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser hu-
ços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos
mano, devendo o Estado prover as condições indis-
termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização
pensáveis ao seu pleno exercício.
e controle, devendo sua execução ser feita direta-
mente ou através de terceiros e, também, por pessoa § 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste
física ou jurídica de direito privado. na formulação e execução de políticas econômicas e
sociais que visem à redução de riscos de doenças e
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde in-
de outros agravos e no estabelecimento de condições
tegram uma rede regionalizada e hierarquizada e
que assegurem acesso universal e igualitário às ações
constituem um sistema único, organizado de acordo
e aos serviços para a sua promoção, proteção e
com as seguintes diretrizes:    (Vide ADPF 672)
recuperação.
I - descentralização, com direção única em cada es-
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da
fera de governo;
família, das empresas e da sociedade.
II - atendimento integral, com prioridade para as ati-
Art. 3º  Os níveis de saúde expressam a organização
vidades preventivas, sem prejuízo dos serviços assis-
social e econômica do País, tendo a saúde como
tenciais;
determinantes e condicionantes, entre outros, a
III - participação da comunidade. alimentação, a moradia, o saneamento básico, o
meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a
§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos
atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos
termos do art. 195, com recursos do orçamento da
bens e serviços essenciais.         
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, além de outras fontes.     

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RAIO X

§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços
públicos de saúde recursos mínimos derivados da
aplicação de percentuais calculados sobre:         
I - no caso da União, a receita corrente líquida do res-
pectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior
a 15% (quinze por cento);        
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o pro-
duto da arrecadação dos impostos a que se refere o
art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e
159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas
que forem transferidas aos respectivos Municípios; 
III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o
produto da arrecadação dos impostos a que se refe- Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as
re o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 ações que, por força do disposto no artigo anterior,
e 159, inciso I, alínea b e § 3º.          se destinam a garantir às pessoas e à coletividade
condições de bem-estar físico, mental e social.
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo
menos a cada cinco anos, estabelecerá:          Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde,
prestados por órgãos e instituições públicas federais,
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do
estaduais e municipais, da Administração direta e in-
§ 2º;         
direta e das fundações mantidas pelo Poder Público,
II - os critérios de rateio dos recursos da União vin- constitui o Sistema Único de Saúde (SUS).
culados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a § 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as
seus respectivos Municípios, objetivando a progressi- instituições públicas federais, estaduais e municipais
va redução das disparidades regionais;  de controle de qualidade, pesquisa e produção
de insumos, medicamentos, inclusive de sangue e
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle hemoderivados, e de equipamentos para saúde.
das despesas com saúde nas esferas federal, estadu-
al, distrital e municipal;          § 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema
Único de Saúde (SUS), em caráter complementar.
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde
poderão admitir agentes comunitários de saúde
e agentes de combate às endemias por meio de
processo seletivo público, de acordo com a natureza
e complexidade de suas atribuições e requisitos
específicos para sua atuação. 
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o
piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os
Planos de Carreira e a regulamentação das atividades
de agente comunitário de saúde e agente de combate
às endemias, competindo à União, nos termos da
lei, prestar assistência financeira complementar aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o
cumprimento do referido piso salarial.         

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RAIO X

§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e


no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor
que exerça funções equivalentes às de agente
comunitário de saúde ou de agente de combate
às endemias poderá perder o cargo em caso de
descumprimento dos requisitos específicos, fixados
em lei, para o seu exercício.         
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa pri-
vada.
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de
forma complementar do sistema único de saúde,
segundo diretrizes deste, mediante contrato de
direito público ou convênio, tendo preferência as
entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para
auxílios ou subvenções às instituições privadas com
fins lucrativos.
§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de
empresas ou capitais estrangeiros na assistência à
saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que
facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias
humanas para fins de transplante, pesquisa e
tratamento, bem como a coleta, processamento e
transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado
todo tipo de comercialização.
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além
de outras atribuições, nos termos da lei:
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
substâncias de interesse para a saúde e participar da
produção de medicamentos, equipamentos, imuno-
biológicos, hemoderivados e outros insumos;
II - executar as ações de vigilância sanitária e epide-
miológica, bem como as de saúde do trabalhador;
III - ordenar a formação de recursos humanos na
área de saúde;
IV - participar da formulação da política e da execu-
ção das ações de saneamento básico;
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvol-
vimento científico e tecnológico e a inovação;        

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RETA FINAL MP/SP


RAIO X

VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido


o controle de seu teor nutricional, bem como bebi-
das e águas para consumo humano;
VII - participar do controle e fiscalização da produ-
ção, transporte, guarda e utilização de substâncias e
produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
compreendido o do trabalho.

2. SUAS

A Assistência Social vem disciplinada na Lei nº 8.742/93. A assistência social consiste em direito do cidadão e dever
do Estado. Faz parte da Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada
através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, com o escopo de garantir o aten-
dimento às necessidades básicas.

#SELIGANALEI

Art. 2º A assistência social tem por objetivos:                      


I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos,
especialmente:                   
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;                   
b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;                 
c) a promoção da integração ao mercado de trabalho;                  
d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; e                  
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem
não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família;                 
II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a
ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos;                  
III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões socioassisten-
ciais.                 
Parágrafo único.  Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de forma integrada às políticas
setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e promo-
vendo a universalização dos direitos sociais.  

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RAIO X

3. CRAS X CREAS

#TABELALOVERS

Centro de Referência Especializado em Assistência


Centro de Referência de Assistência Social
Social

É responsável pela prevenção de situações de Trata das consequências e acompanha as famílias e


vulnerabilidade social e risco nos territórios.  indivíduos que já tiveram seus direitos violados.
O Cras é a unidade pública municipal, de base ter- O Creas é a unidade pública de abrangência e gestão
ritorial, localizada em áreas com maiores índices de municipal, estadual ou regional, destinada à presta-
vulnerabilidade e risco social, destinada à articulação ção de serviços a indivíduos e famílias que se en-
dos serviços socioassistenciais no seu território de contram em situação de risco pessoal ou social, por
abrangência e à prestação de serviços, programas e violação de direitos ou contingência, que demandam
projetos socioassistenciais de proteção social básica intervenções especializadas da proteção social espe-
às famílias.    cial.     

#APOSTACICLOS

Os Cras e os Creas são unidades públicas estatais instituídas no âmbito do Suas, que possuem interface com
as demais políticas públicas e articulam, coordenam e ofertam os serviços, programas, projetos e benefícios da
assistência social.    

4. SISAN

O Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN tem como escopo assegurar o direito humano
à alimentação adequada (lei 11.346/06):

Art. 1º Esta Lei estabelece as definições, princípios, diretrizes, objetivos e composição do Sistema Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN, por meio do qual o poder público, com a participação da sociedade
civil organizada, formulará e implementará políticas, planos, programas e ações com vistas em assegurar o direi-
to humano à alimentação adequada.
Art. 2º A alimentação adequada é direito fundamental do ser humano, inerente à dignidade da pessoa humana
e indispensável à realização dos direitos consagrados na Constituição Federal, devendo o poder público adotar
as políticas e ações que se façam necessárias para promover e garantir a segurança alimentar e nutricional da
população.
§ 1º A adoção dessas políticas e ações deverá levar em conta as dimensões ambientais, culturais, econômicas,
regionais e sociais.
§ 2º É dever do poder público respeitar, proteger, promover, prover, informar, monitorar, fiscalizar e avaliar a
realização do direito humano à alimentação adequada, bem como garantir os mecanismos para sua exigibilidade.

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RETA FINAL MP/SP


RAIO X

Art. 3º A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e per-
manente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades
essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e
que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.
Art. 4º A segurança alimentar e nutricional abrange:
I - a ampliação das condições de acesso aos alimentos por meio da produção, em especial da agricultura tra-
dicional e familiar, do processamento, da industrialização, da comercialização, incluindo-se os acordos inter-
nacionais, do abastecimento e da distribuição de alimentos, incluindo-se a água, bem como das medidas que
mitiguem o risco de escassez de água potável, da geração de emprego e da redistribuição da renda; 
II – a conservação da biodiversidade e a utilização sustentável dos recursos;
III – a promoção da saúde, da nutrição e da alimentação da população, incluindo-se grupos populacionais espe-
cíficos e populações em situação de vulnerabilidade social;
IV – a garantia da qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica dos alimentos, bem como seu aprovei-
tamento, estimulando práticas alimentares e estilos de vida saudáveis que respeitem a diversidade étnica e racial
e cultural da população;
V – a produção de conhecimento e o acesso à informação; e
VI – a implementação de políticas públicas e estratégias sustentáveis e participativas de produção, comercializa-
ção e consumo de alimentos, respeitando-se as múltiplas características culturais do País.
VII - a formação de estoques reguladores e estratégicos de alimentos. 
Art. 5º A consecução do direito humano à alimentação adequada e da segurança alimentar e nutricional requer
o respeito à soberania, que confere aos países a primazia de suas decisões sobre a produção e o consumo de
alimentos.
Art. 6º O Estado brasileiro deve empenhar-se na promoção de cooperação técnica com países estrangeiros,
contribuindo assim para a realização do direito humano à alimentação adequada no plano internacional.

5. Racismo

Racismo Estrutural

Práticas corriqueiras nos costumes que provocam preconceito.

#SELIGANOEXEMPLO: É comum em piadas ofensivas.

Racismo Institucional

Ocorre no funcionamento das instituições e organizações. Provoca desigualdade na distribuição de serviços, be-
nefícios e oportunidades.

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RAIO X

Racismo Religioso

Ofensa a religiões e crenças. Inclui perseguição e intolerância.

Racismo Ambiental

Exclusão dos lugares de tomada de decisão. Aniquilação do seu espaço, deslegitimação da fala e desqualificação
dos membros.

Racismo Sexual

É definido como preconceito em relações sexuais. Surgiu em razão de um aplicativo de relacionamento amoroso,
no qual havia a opção de selecionar a etnia desejada.

Racismo Recreativo

Prática de racismo disfarçada de “humor”. 

6. Discriminação Positiva

Por muitos anos (primeira dimensão de direitos humanos) acreditou-se na igualdade formal, ou seja, bastava tratar
todos da mesma forma para haver justiça. No entanto, nem todos estão na mesma situação jurídica, econômica,
social. As pessoas são diferentes e carecem de necessidades diversas. Nesse contexto, percebeu que além da igual-
dade formal é imprescindível que exista igualdade material: trata de maneira igual os iguais e desigual os desiguais,
na medida de sua desigualdade. Para que isso seja possível, é necessário que haja uma descriminação positiva,
mediante a criação de políticas pública.

De acordo com Rafael Barretto12, ações afirmativas (discriminação positiva) são ações que visam concretamente
igualdade material, igualdade no plano real, da vida fática, indo além da mera perspectiva formal da igualdade.

A igualdade material pressupõe que todos tenham efetivamente condições de igualdade na vida real, de modo
que, para além da previsão formal de que todos são iguais na lei.

Em prol da igualdade material, o STF se posicionou pela constitucionalidade das cotas raciais:

#AJUDAMARCINHO: É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para
provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública direta e indireta. STF.
Plenário. ADC 41/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017 (repercussão geral) (Info 868).

12  BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 9 ed. – Bahia: Juspodivm,2019.

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RAIO X

Entenda os fundamentos utilizados pelo Tribunal:

Î Em primeiro lugar, a desequiparação promovida pela política de ação afirmativa em questão está em conso-
nância com o princípio da isonomia. Ela se funda na necessidade de superar o racismo estrutural e institucio-
nal ainda existente na sociedade brasileira, e garantir a igualdade material entre os cidadãos, por meio da dis-
tribuição mais equitativa de bens sociais e da promoção do reconhecimento da população afrodescendente.

Î Em segundo lugar, não há violação aos princípios do concurso público e da eficiência. A reserva de vagas
para negros não os isenta da aprovação no concurso público. Como qualquer outro candidato, o beneficiário
da política deve alcançar a nota necessária para que seja considerado apto a exercer, de forma adequada e
eficiente, o cargo em questão. Além disso, a incorporação do fator “raça” como critério de seleção, ao invés
de afetar o princípio da eficiência, contribui para sua realização em maior extensão, criando uma “burocracia
representativa”, capaz de garantir que os pontos de vista e interesses de toda a população sejam considera-
dos na tomada de decisões estatais.

Î Em terceiro lugar, a medida observa o princípio da proporcionalidade em sua tríplice dimensão. A existência
de uma política de cotas para o acesso de negros à educação superior não torna a reserva de vagas nos
quadros da administração pública desnecessária ou desproporcional em sentido estrito. Isso porque: (i) nem
todos os cargos e empregos públicos exigem curso superior; (ii) ainda quando haja essa exigência, os bene-
ficiários da ação afirmativa no serviço público podem não ter sido beneficiários das cotas nas universidades
públicas; e (iii) mesmo que o concorrente tenha ingressado em curso de ensino superior por meio de cotas,
há outros fatores que impedem os negros de competir em pé de igualdade nos concursos públicos, justifi-
cando a política de ação afirmativa instituída pela Lei n° 12.990/2014.

#APOSTACICLOS
O Congresso Nacional promulgou a Convenção Interamericana Contra o Racismo, a Discriminação Racial e
Formas Correlatas de Intolerância (decreto n° 1/2021), aprovada em 2013 na Guatemala, com apoio do Brasil,
durante encontro da Organização dos Estados Americanos (OEA). Agora, o texto será submetido ao Presidente
da República para ratificação. Após, o diploma internacional passará a integrar o ordenamento jurídico com
“status” de emenda constitucional.
A Convenção Interamericana Contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intole-
rância traz o seguinte conceito para discriminação racial:
Discriminação racial é qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência, em qualquer área da vida pública
ou privada, cujo propósito ou efeito seja anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em condições
de igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados nos instrumentos
internacionais aplicáveis aos Estados Partes. A discriminação racial pode basear-se em raça, cor, ascendência
ou origem nacional ou étnica.

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RAIO X

7. Jurisprudência
O então Deputado Federal Jair Bolsonaro proferiu palestra no auditório de determinado clube e ali fez críticas
e comentários negativos a respeito dos quilombolas e também de povos estrangeiros.
No trecho mais questionado de sua palestra, ele afirmou: “Eu fui em um quilombola em El Dourado Paulista.
Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador
eles servem mais. Mais de um bilhão de reais por ano gastado com eles. Recebem cesta básica e mais material
em implementos agrícolas. Você vai em El Dourado Paulista, você compra arame farpado, você compra enxa-
da, pá, picareta por metade do preço vendido em outra cidade vizinha. Por quê? Porque eles revendem tudo
baratinho lá. Não querem nada com nada.”
O STF entendeu que a conduta de Bolsonaro não configurou o crime de racismo (art. 20 da Lei nº 7.716/89).
As palavras por ele proferidas estão dentro da liberdade de expressão prevista no art. 5º, IV, da CF/88, além de
também estarem cobertas pela imunidade parlamentar (art. 53 da CF/88).
O objetivo de seu discurso não foi o de repressão, dominação, supressão ou eliminação dos quilombolas ou
dos estrangeiros.
O pronunciamento do parlamentar estava vinculado ao contexto de demarcação e proveito econômico das
terras e configuram manifestação política que não extrapola os limites da liberdade de expressão.
Além disso, as manifestações de Bolsonaro estavam relacionadas com a sua função de parlamentar. Inclusive,
o convite para a palestra se deu em razão do exercício do cargo de Deputado Federal a fim de dar a sua visão
geopolítica e econômica do País.
Assim, havia uma vinculação das manifestações apresentadas na palestra com os pronunciamentos do parla-
mentar na Câmara dos Deputados, de sorte que incide a imunidade parlamentar.
STF. 1ª Turma. Inq 4694/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915).
_____________________________________________________________________________
A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguido-
res não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão.
Assim, é possível, a depender do caso concreto, que um líder religioso seja condenado pelo crime de racismo (art. 20, §2º,
da Lei nº 7.716/89) por ter proferido discursos de ódio público contra outras denominações religiosas e seus seguidores.
STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 6/3/2018 (Info 893).
Atenção. Compare com RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849).
_____________________________________________________________________________
Em regra, a competência para processar e julgar o crime de racismo praticado pela internet é do lo-
cal de onde partiram as mensagens com base no art. 70 do CPP, tendo em vista que, quan-
do o usuário da rede social posta a manifestação racista, ele, com esta conduta, já consuma o crime.
Logo, se as condutas delitivas foram praticadas por diferentes pessoas a partir de localidades diversas, a prin-
cípio, a competência para julgar seria das Justiças localizadas nos locais de onde partiram as mensagens ra-
cistas. Todavia, tais condutas contaram com o mesmo modus operandi, qual seja, troca e postagem de men-
sagens de cunho racista e discriminatório contra diversas minorias. Dessa forma, estando interligadas as
condutas, constata-se a existência de conexão probatória a atrair a incidência dos arts. 76, III, e 78, II, do CPP.

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RAIO X

Será competente para julgar conjuntamente os fatos o juízo prevento, ou seja, aquele que primeiro conheceu dos fatos.
Resumindo: ainda que os possíveis autores dos fatos criminosos tenham domicílio em localidades distin-
tas do território nacional, compete ao juízo do local onde teve início a apuração das condutas proces-
sar e julgar todos os supostos responsáveis pela troca de mensagens de conteúdo racista em comunida-
des de rede social na internet, salvo quanto a eventuais processos em que já tiver sido proferida sentença.
STJ. 3ª Seção. CC 116926-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 4/2/2013 (Info 515).
_____________________________________________________________________________
Determinado padre escreveu um livro, voltado ao público da Igreja Católica, no qual ele faz críticas ao espiritis-
mo e a religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé.
O Ministério Público da Bahia ofereceu denúncia contra ele pela prática do art. 20, § 2º da Lei nº 7.716/89 (Lei
do racismo).
No caso concreto, o STF entendeu que não houve o crime.
A CF/88 garante o direito à liberdade religiosa. Um dos aspectos da liberdade religiosa é o direito que o indiví-
duo possui de não apenas escolher qual religião irá seguir, mas também o de fazer proselitismo religioso.
Proselitismo religioso significa empreender esforços para convencer outras pessoas a também se converterem
à sua religião.
Desse modo, a prática do proselitismo, ainda que feita por meio de comparações entre as religiões (dizendo
que uma é melhor que a outra) não configura, por si só, crime de racismo.
Só haverá racismo se o discurso dessa religião supostamente superior for de dominação, opressão, restrição de
direitos ou violação da dignidade humana das pessoas integrantes dos demais grupos. Por outro lado, se essa
religião supostamente superior pregar que tem o dever de ajudar os “inferiores” para que estes alcancem um
nível mais alto de bem-estar e de salvação espiritual e, neste caso não haverá conduta criminosa.
Na situação concreta, o STF entendeu que o réu apenas fez comparações entre as religiões, procurando de-
monstrar que a sua deveria prevalecer e que não houve tentativa de subjugar os adeptos do espiritismo.
Pregar um discurso de que as religiões são desiguais e de que uma é inferior à outra não configura, por si, o
elemento típico do art. 20 da Lei nº 7.716/89. Para haver o crime, seria indispensável que tivesse ficado de-
monstrado o especial fim de supressão ou redução da dignidade do diferente, elemento que confere sentido à
discriminação que atua como verbo núcleo do tipo.
STF. 1ª Turma. RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849).
_____________________________________________________________________________
Compete à justiça ESTADUAL processar e julgar crime de incitação à discriminação cometido via internet, quan-
do praticado contra pessoas determinadas e que não tenha ultrapassado as fronteiras territoriais brasileiras.
Obs.: no caso concreto, as ofensas teriam sido praticadas no fórum de discussão Correioweb.
STF. 1ª Turma. HC 121283/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/4/2014 (Info 744).
_____________________________________________________________________________
Configura, em tese, difamação a conduta do agente que publica vídeo de um discurso no qual a frase comple-
ta do orador é editada, transmitindo a falsa ideia de que ele estava falando mal de negros e pobres.
A edição de um vídeo ou áudio tem como objetivo guiar o espectador e, quando feita com o objetivo de difa-
mar a honra de uma pessoa, configura dolo da prática criminosa.

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RAIO X

Vale ressaltar que esta conduta do agente, ainda que praticada por Deputado Federal, não estará protegida
pela imunidade parlamentar.
STF. 1ª Turma. Pet 5705/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 5/9/2017 (Info 876).
_____________________________________________________________________________
Exemplo: Rita e Adriana trabalhavam em um órgão público. Rita ligou para o ramal telefônico de Adriana para
falar sobre um requerimento de abono de faltas que ela havia solicitado. Adriana avisou, então, que Reginaldo
(chefe do setor) havia indeferido o pedido. Ao saber de tal fato, Rita passou a proferir ofensas contra ele, afir-
mando para Adriana: “este macaco, preto sem vergonha está indeferindo a minha falta”. Vale ressaltar, contudo,
que, momentos antes, Reginaldo, que estava no mesmo setor que Adriana, havia retirado o telefone do gan-
cho para fazer uma ligação e acabou por ouvir as palavras injuriosas proferidas por Rita. O Ministério Público
ofereceu denúncia contra Rita pela prática do crime de injúria racial (art. 140, § 3º do CP):
Art. 140 (...) § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou
a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa.
Para o STJ, não houve crime. Isso porque o delito de injúria se consuma quando a ofensa chega ao conheci-
mento da vítima, sendo necessário dolo específico de ofender a honra subjetiva da vítima.
A acusada não tinha como saber que a vítima estava ouvindo o teor da conversa pela extensão telefônica.
Como a injúria se consuma com a ofensa à honra subjetiva de alguém, não há que se falar em dolo específico
no caso em que a vítima não era seu interlocutor na conversa telefônica e, acidentalmente, tomou conheci-
mento do teor da conversa.
O tipo penal em questão exige que a ofensa seja dirigida ao ofendido com a intenção de menosprezá-lo, ofen-
dendo-lhe a honra subjetiva.
STJ. 6ª Turma. REsp 1765673-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/05/2020 (Info 672).
_____________________________________________________________________________
É inconstitucional lei estadual que proíba que a Administração Pública contrate empresa cujo diretor, gerente ou
empregado tenha sido condenado por crime ou contravenção relacionados com a prática de atos discriminatórios.
Essa lei viola os princípios da intransmissibilidade da pena, da responsabilidade pessoal e do devido processo legal.
STF. Plenário. ADI 3092, Rel. Marco Aurélio, julgado em 22/06/2020 (Info 987 – clipping).
_____________________________________________________________________________
O STF determinou que a União elaborasse plano de combate à Covid-19 para população quilombola, com a participação
de representantes da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – Conaq.
Além disso, o STF deferiu pedido para suspender os processos judiciais, notadamente ações possessórias, reivindica-
tórias de propriedade, imissões na posse, anulatórias de processos administrativos de titulação, bem como os recursos
vinculados a essas ações, sem prejuízo dos direitos territoriais das comunidades quilombolas até o término da pandemia.
STF. Plenário. ADPF 742/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 24/2/2021
(Info 1006).

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RAIO X

8. Injúria Racial

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #SAINDODOFORNO

INJÚRIA RACIAL. CRIME IMPRESCRITÍVEL. OFENSA A DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE.


USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA. MATÉRIA ANALISADA, EM CASO ANÁLOGO, PELO STF. AGRAVO REGIMEN-
TAL PARCIALMENTE PROVIDO E INDEFERIDO O PEDIDO DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. 1. Comprovada
a republicação da decisão de inadmissão do recurso especial, é reconsiderada a decisão que julgou intem-
pestivo o agravo. 2. Nos termos da orientação jurisprudencial desta Corte, com o advento da Lei n.9.459/97,
introduzindo a denominada injúria racial, criou-se mais um delito no cenário do racismo, portanto, imprescri-
tível, inafiançável e sujeito à pena de reclusão (AgRg no AREsp 686.965/DF, Rel. Ministro ERICSON MARANHO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA  TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe 31/08/2015). 3. A
ofensa a dispositivo constitucional não pode ser examinada em recurso especial, uma vez que compete ex-
clusivamente ao Supremo Tribunal Federal o exame de matéria constitucional, o qual já se manifestou, em
caso análogo, refutando a violação do princípio da proporcionalidade da pena cominada ao delito de injúria
racial. 4. Agravo regimental parcialmente provido para conhecer do agravo em recurso especial mas negar-
-lhe provimento e indeferir o pedido de extinção da punibilidade. (STF - HC: 154248 DF 0067385-46.2018.1.00.0000,
Rel. Edson Fachin)

9. Estatuto da Pessoa com deficiência

#APOSTACICLOS #NÃOCONFUNDA

Acessibilidade = possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços,
mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas
e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso
coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Desenho universal = concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as
pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva.

Tecnologia assistiva ou ajuda técnica = produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estra-
tégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de
vida e inclusão social.

Barreiras = qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social
da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento
e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre
outros, classificadas em:

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RAIO X

a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso
coletivo;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados;
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes;
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que
dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sis-
temas de comunicação e de tecnologia da informação;
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a participação social da pes-
soa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas;
f ) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias;

Comunicação = forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a
Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunica-
ção tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os
sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de
comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações.

Adaptações razoáveis = adaptações, modificações e ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus
desproporcional e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência
possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos
e liberdades fundamentais.

Elemento de urbanização = quaisquer componentes de obras de urbanização, tais como os referentes a


pavimentação, saneamento, encanamento para esgotos, distribuição de energia elétrica e de gás, iluminação
pública, serviços de comunicação, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as
indicações do planejamento urbanístico.

Mobiliário urbano = conjunto de objetos existentes nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou adiciona-
dos aos elementos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado não provo-
que alterações substanciais nesses elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, terminais
e pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques
e quaisquer outros de natureza análoga.

Pessoa com mobilidade reduzida = aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação,
permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou
da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso.

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RAIO X

Residências inclusivas = unidades de oferta do Serviço de Acolhimento do Sistema Único de Assistência Social
(Suas) localizadas em áreas residenciais da comunidade, com estruturas adequadas, que possam contar com
apoio psicossocial para o atendimento das necessidades da pessoa acolhida, destinadas a jovens e adultos com
deficiência, em situação de dependência, que não dispõem de condições de autossustentabilidade e com víncu-
los familiares fragilizados ou rompidos.

Moradia para a vida independente da pessoa com deficiência = moradia com estruturas adequadas capa-
zes de proporcionar serviços de apoio coletivos e individualizados que respeitem e ampliem o grau de autono-
mia de jovens e adultos com deficiência.

Atendente pessoal = pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem remuneração, assiste ou presta cui-
dados básicos e essenciais à pessoa com deficiência no exercício de suas atividades diárias, excluídas as técnicas
ou os procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas.

Profissional de apoio escolar = pessoa que exerce atividades de alimentação, higiene e locomoção do estu-
dante com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas quais se fizer necessária, em todos os níveis e
modalidades de ensino, em instituições públicas e privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos identifi-
cados com profissões legalmente estabelecidas.

Acompanhante = aquele que acompanha a pessoa com deficiência, podendo ou não desempenhar as funções
de atendente pessoal.

#JÁCAIU

Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: MPE-MT Prova: FCC - 2019 - MPE-MT - Promotor de Justiça Substituto


Segundo o disposto no Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (De-
creto n° 6.949/2009) acerca das comunicações submetidas ao Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Defi-
ciência, por pessoas ou grupo de pessoas que aleguem serem vítimas de violação das disposições da Convenção
por Estados-Partes,
Alternativas13
a) devem ter sido esgotados todos os recursos internos disponíveis, ainda que a tramitação desses recursos se
prolongue injustificadamente.
b) é admissível a comunicação anônima.
c) os fatos que motivaram a comunicação podem ter ocorrido antes da entrada em vigor do Protocolo para o
Estado-Parte em apreço, ainda que não mais continuem ocorrendo.
d) o fato de a comunicação estar precariamente fundamentada ou não suficientemente substanciada não impe-
de a sua admissibilidade.

13  Gabarito: e.

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RAIO X

e) a comunicação será inadmissível quando a mesma matéria já tenha sido ou esteja sendo examinada sob outro
procedimento de investigação ou resolução internacional.

10. Pessoas portadoras de transtornos mentais

A lei 10.216/01 dispõe que:

Art. 1º Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegu-
rados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política,
nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu trans-
torno, ou qualquer outra.
Art. 2º Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis
serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua
recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitaliza-
ção involuntária;
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.
Art. 3º É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção
de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família,
a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que
ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais.
Art. 4º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares
se mostrarem insuficientes.
§ 1º O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.
§ 2º O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa
portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais,
de lazer, e outros.

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RAIO X

§ 3º É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características
asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2º e que não assegurem aos pacientes os
direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o.
Art. 5º O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência
institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica
de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária competente e
supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando
necessário.
Art. 6º A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize
os seus motivos.
Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e
III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.
Art. 7º A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento da
admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.
Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por deter-
minação do médico assistente.
Art. 8º A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado no
Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento.
§ 1º A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério
Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo
procedimento ser adotado quando da respectiva alta.
§ 2º O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal, ou
quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.
Art. 9º A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que
levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais
internados e funcionários.
Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento serão comunicados pela direção
do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à autori-
dade sanitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência.
Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o consenti-
mento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos profis-
sionais competentes e ao Conselho Nacional de Saúde.

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RAIO X

Art. 12. O Conselho Nacional de Saúde, no âmbito de sua atuação, criará comissão nacional para acompanhar
a implementação desta Lei.
Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

#JÁCAIU

Ano: 2021 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: MPE-SC Prova: CESPE / CEBRASPE - 2021 - MPE-SC - Promotor


de Justiça Substituto - Prova 2
Acerca da garantia do direito humano à saúde no Brasil, julgue o próximo item.14
Há duas possibilidades de internação psiquiátrica sem o consentimento do usuário: involuntária, quando solici-
tada por terceiro; e compulsória, quando determinada pela justiça.
Alternativas
( ) Certo
( ) Errado

PONTO: 1.10. Povos e comunidades tradicionais. Atuação do Ministério Público junto aos povos e
comunidades tradicionais (Resolução nº 230/21-CNMP); 1.11. População em situação de rua. Política
Nacional Judicial de Atenção a Pessoas em Situação de Rua e suas interseccionalidades (Resolução
nº 425/21-CNJ) e acesso às dependências do MP (Recomendação nº 53/17-CNMP); 1.12. Violência e
discriminação em razão de identidade de gênero e orientação sexual. Protocolo para julgamento com
perspectiva de gênero (Grupo de Trabalho – CNJ – Portaria nº 27/2021). Atuação do MP no enfrentamento
da violência de gênero e institucional (Recomendação 80/21, CNMP). Direitos da Pessoa LGBTQI+. Direito
ao uso do nome social (Nota Técnica 08/2016, CNMP).

Este ponto reúne vários grupos vulneráveis: comunidades tradicionais, população em situação de rua, comunidade
LGBTQI+. Além das resoluções, recomendações e portarias que o edital exige, preste atenção na jurisprudência
sobre os temas!

#MAPEIAOVADE

NÃO DEIXE DE VER


Resolução nº 230/21-CNMP
Resolução nº 425/21-CNJ
Recomendação nº 53/17-CNMP
Grupo de Trabalho – CNJ – Portaria nº 27/2021
Recomendação 80/21, CNMP
Nota Técnica 08/2016, CNMP

14  Gabarito: certo.

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RAIO X

#RAPIDINHAS: 10 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER:

1. Comunidades Tradicionais

Povos e comunidades tradicionais são grupos culturalmente diferenciados e que se se reconhecem como tais, além
de possuírem formas próprias de organização social. Pensando nisso, a Resolução nº 230/21-CNMP dispõe que:

Art. 2º Os órgãos do Ministério Público deverão orientar as suas unidades quanto ao atendimento dos povos e
comunidades tradicionais e à recepção em suas instalações físicas com base nas seguintes diretrizes:
I – respeito à autoidentificação de pessoa ou grupo como representante de povo ou comunidade tradicional;
II – atenção às especificidades socioculturais dos grupos e flexibilização de exigências quanto a trajes, de modo
a respeitar suas formas de organização e vestimentas, bem como pinturas no corpo, adereços e símbolos;
III – priorização do atendimento presencial e da recepção nas unidades, devendo o atendimento remoto ocorrer
em circunstâncias excepcionais, devidamente motivadas, devendo ser oferecidas à pessoa atendida as condições
necessárias para apresentar suas demandas;
IV – respeito à língua materna e garantia de mecanismos para a tradução ou interpretação das demandas.

2. Pessoas em situação de rua

A Resolução nº 425/21-CNJ institui, no âmbito do Poder Judiciário, a Política Nacional Judicial de Atenção a Pes-
soas em Situação de Rua.

OBJETIVOS
• Assegurar o amplo acesso à justiça às pessoas em situação de rua, de forma célere e simplificada, a fim
de contribuir para superação das barreiras decorrentes das múltiplas vulnerabilidades econômica e social,
bem como da sua situação de precariedade e/ou ausência habitacional;

• Considerar a heterogeneidade da população em situação de rua, notadamente quanto ao nível de esco-


laridade, naturalidade, nacionalidade, identidade de gênero, características culturais, étnicas, raciais, gera-
cionais e religiosas, e com atenção aos aspectos interseccionais no atendimento a essa população, pensan-
do em mulheres, população LGBTQIA+, crianças e adolescentes, pessoas idosas, pessoas convalescentes,
população negra, pessoas egressas do sistema prisional, migrantes, povos indígenas e outras populações
tradicionais, pessoas com deficiência, com especial atenção às pessoas em sofrimento mental, incluindo
aquelas que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas, exigindo tratamento equitativo e políticas afir-
mativas, para assegurar o gozo ou exercício dos direitos, nos termos do art. 5º da Convenção Interameri-
cana contra Toda Forma de Discriminação e Intolerância;

• Monitorar o andamento e a solução das ações judiciais envolvendo a temática;

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RAIO X

• Propor medidas concretas e normativas para o aperfeiçoamento de procedimentos e o reforço à efetivida-


de dos processos judiciais, por meio da implantação e modernização de rotinas, a organização, especiali-
zação e estruturação dos órgãos competentes de atuação do Poder Judiciário para o adequado enfrenta-
mento e solução de demandas envolvendo as pessoas em situação de rua;

• Promover o levantamento de dados estatísticos relativos aos números, à tramitação e outros dados rele-
vantes sobre ações judiciais que envolvam pessoas em situação de rua, visando dar visibilidade à política e
promover a gestão das ações voltadas ao aprimoramento e sua efetividade; inclusive analisando os dados
oficiais e dos centros de defesa, a fim de diagnosticar o grau de acesso à justiça nacional, regional e local
e as barreiras para sua efetividade.

• Estimular a adoção de medidas preventivas de litígios que envolvam as pessoas em situação de rua no
âmbito do sistema multiportas, como Centros de Conciliação, Laboratórios de Inovação e Centros de Inte-
ligência do Poder Judiciário;

• Estimular a atuação articulada com os demais poderes, por seus órgãos integrantes do Sistema de Justiça,
órgãos gestores das políticas de Assistência Social e de Habitação, dentre outras políticas, comitês interins-
titucionais e centros locais de assistência social, como Centro de Referência de Assistência Social (CRAS),
Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), Centro ou CREAS Pop, e Organizações
da Sociedade Civil;

• Fomentar e realizar processos de formação continuada de magistrados e servidores judiciários e demais


órgãos do Poder Público, bem como organizar encontros nacionais, regionais e seminários de membros
do Poder Judiciário, com a participação de outros segmentos do poder público, da sociedade civil, das
comunidades e outros interessados;

• Estimular a cooperação administrativa e judicial entre órgãos judiciais e outras instituições, nacionais ou
internacionais, incluindo centros de pesquisa, instituições de pesquisa e universidades em favor dos direitos
e garantias das pessoas em situação de rua;

• Assegurar o acesso das pessoas em situação de rua à identificação civil básica e ao alistamento eleitoral;

• Promover e garantir os direitos humanos de crianças e adolescentes em situação de rua, reconhecendo-as


como sujeitos de direitos, em consonância com Estatuto da Criança e do Adolescente; e

• Dar especial atenção aos programas, projetos, serviços, ações e atividades direcionados para as pessoas
em situação de rua com deficiência e mobilidade reduzida, observando-se o disposto na Lei nº 13.146/2015
(Lei Brasileira de Inclusão).

3. Recomendação nº 53/17-CNMP

Recomenda a garantia do acesso das pessoas em situação de rua às dependências do Ministério Público brasileiro:

Art. 1º Os ramos do Ministério Público da União e dos Estados devem garantir o direito de acesso da população
em situação de rua às dependências do Ministério Público, sem qualquer formalidade discriminatória.

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RAIO X

Parágrafo único. Para os fins desta Recomendação, considera-se população em situação de rua o grupo popu-
lacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragili-
zados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degra-
dadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de
acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória.
Art. 2º A situação de asseio ou vestimenta não condizentes com as eventualmente exigidas por órgãos do Minis-
tério Público não constituirá óbice ao exercício do direito previsto no artigo anterior pela população em situação
de rua.
Art. 3º Se as normas de segurança interna exigirem a exibição de documento pessoal para acesso às dependên-
cias do Ministério Público, será concedida autorização especial para o ingresso de pessoas em situação rua, sem
que lhe sejam impostas situações de constrangimento ou humilhação.
Parágrafo único. A autorização especial não dispensará a identificação da pessoa em situação de rua, como o
registro fotográfico e o fornecimento de informações pessoais, quando possível.
Art. 4º A garantia de amplo acesso às dependências do Ministério Público não impede que a Unidade Ministerial
adote mecanismos próprios de Segurança Institucional, como o atendimento da pessoa em situação de rua em
ambiente adequado e o seu acompanhamento por agente de segurança ou colaborador devidamente capaci-
tado.
Art. 5º Caso a pessoa em situação de rua não possua documentos de identificação pessoal, o servidor ou co-
laborador responsável pelo acesso às dependências do Ministério Público a encaminhará, após a realização do
atendimento, à unidade da assistência social local, para que sejam tomadas providências para sua confecção.
Art. 6º Recomenda-se que as Unidades Ministeriais providenciem capacitação contínua dos membros, servidores
e colaboradores, visando a sua conscientização para o atendimento humanizado e consequente não discrimina-
ção das pessoas em situação de rua.
Art. 7º Esta Recomendação entra em vigor na data da sua publicação.

4. Princípios de Yogyakarta

#APOSTACICLOS: Os Princípios de Yogyakarta são um documento sobre direitos humanos nas áreas de orientação


sexual e identidade de gênero, publicado em novembro de 2006 como resultado de uma reunião internacional de
grupos de direitos humanos na cidade de Joguejacarta (em indonésio: Yogyakarta), na Indonésia.

Os Princípios foram complementados em 2017, expandindo-se para incluir mais formas de expres-
são de gênero e características sexuais.

No documento há um conjunto de preceitos destinados a aplicar os padrões da lei internacional de direitos huma-
nos ao tratar de situações de violação dos direitos humanos da comunidade LGBTQIA+.

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RAIO X

5. Grupo de Trabalho – CNJ – Portaria nº 27/2021

O Grupo de Trabalho, instituído pela Portaria nº 27, de 27 de fevereiro de 2021, e complementado pela Portaria
n. 116, de 12 de abril de 2021, ambas do Conselho Nacional de Justiça, foi formado com o objetivo de elaborar o
Protocolo de Julgamento com Perspectiva de Gênero.

Este protocolo é fruto do amadurecimento institucional do Poder Judiciário, que passa a reconhecer a influência
que as desigualdades históricas, sociais, culturais e políticas a que estão submetidas as mulheres ao longo da his-
tória exercem na produção e aplicação do direito e, a partir disso, identifica a necessidade de criar uma cultura
jurídica emancipatória e de reconhecimento de direitos de todas as mulheres e meninas.

6. Recomendação 80/21, CNMP

Dispõe sobre a necessidade de aprimoramento da atuação do Ministério Público no enfrentamento da violência de


gênero e da violência institucional.

#SELIGANOEXEMPLO: Recomendar que as Procuradorias-Gerais priorizem a temática violência de gênero no


planejamento estratégico das unidades e ramos, garantindo que todos os procedimentos legais em casos envol-
vendo alegações de violência de gênero contra as mulheres sejam imparciais e justos e não sejam afetados por
estereótipos de gênero ou interpretações discriminatórias de disposições legais, inclusive de direito internacional.

7. Nota Técnica 08/2016, CNMP

Nota Técnica sobre a atuação do Ministério Público na proteção do direito fundamental à não discriminação e não
submissão a tratamentos desumanos e degradantes de pessoas travestis e transexuais, especialmente quanto ao
direito ao uso do nome social no âmbito da Administração Direta e Indireta da União, dos Estados e dos Municípios.

#APOSTACICLOS: Trata-se de Nota Técnica destinada a subsidiar a atuação dos membros do Ministério Público
sobre a temática da atuação ministerial na proteção aos direitos da população LGBTI, especialmente no tocante ao
uso do nome social no âmbito da Administração Direta e Indireta da União e dos Estados.

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RAIO X

8. Transgênero

#AJUDAMARCINHO
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gêne-
ro no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual
poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa.
Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “trans-
gênero”.
Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de
certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial.
Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento
do interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos públi-
cos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos.
STF. Plenário. RE 670422/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2018 (repercussão geral) (Info 911).

Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da reali-


zação de tratamentos hormonais ou patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome e do gênero
(sexo) diretamente no registro civil.
O direito à igualdade sem discriminações abrange a identidade ou expressão de gênero.
A identidade de gênero é manifestação da própria personalidade da pessoa humana e, como tal, cabe ao
Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la.
A pessoa transgênero que comprove sua identidade de gênero dissonante daquela que lhe foi designada ao
nascer por autoidentificação firmada em declaração escrita desta sua vontade dispõe do direito fundamen-
tal subjetivo à alteração do prenome e da classificação de gênero no registro civil pela via administrativa ou
judicial, independentemente de procedimento cirúrgico e laudos de terceiros, por se tratar de tema relativo
ao direito fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade.
STF. Plenário. ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em
28/2 e 1º/3/2018 (Info 892).
Transgênero
Transgênero é o indivíduo que possui características físicas sexuais distintas das características psíquicas.
É uma pessoa que não se identifica com o seu gênero biológico.
A pessoa sente que ela nasceu no corpo errado. Ex: o menino nasceu fisicamente como menino, mas ele se
sente como uma menina.
Assim, o transgênero tem um sexo biológico, mas se sente como se fosse do sexo oposto e espera ser reco-
nhecido e aceito como tal.
Transexual
Da mesma forma, o transexual também possui características físicas sexuais distintas das características psíqui-
cas. Ele também não se identifica com o seu gênero biológico.
Não existe ainda uma uniformidade científica, no entanto, segundo a posição majoritária, a diferença entre
o transgênero e o transexual é a seguinte:
• transgênero: quer poder se expressar e ser reconhecido como sendo do sexo oposto, mas não tem necessi-
dade de modificar sua anatomia.

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RAIO X

• transexual: quer poder se expressar e ser reconhecido como sendo do sexo oposto e deseja modificar sua
anatomia (seu corpo) por meio da terapia hormonal e/ou da cirurgia de redesignação sexual (transgenitaliza-
ção).

Identidade de gênero
Significa a maneira como alguém se sente e a maneira como deseja ser reconhecida pelas demais pessoas,
independentemente do seu sexo biológico.
“A identidade de gênero se refere à experiência de uma pessoa com o seu próprio gênero. Pessoas transgê-
nero possuem uma identidade de gênero que é diferente do sexo que lhes foi designado no momento de seu
nascimento.
Uma pessoa transgênero ou trans pode identificar-se como homem, mulher, trans-homem, trans-mulher, como
pessoa não-binária ou com outros termos, tais como hijra, terceiro gênero, dois-espíritos, travesti,
fa’afafine, gênero queer, transpinoy, muxe, waria e meti. Identidade de gênero é diferente de orientação
sexual. Pessoas trans podem ter qualquer orientação sexual, incluindo heterossexual, homossexual, bissexual
e assexual.” (Nota Informativa das Nações Unidas. Disponível em https://unfe.org/system/unfe-91-Portuge-
se_TransFact_FINAL.pdf?platform=hootsuite)

Se o transexual faz a cirurgia de transgenitalização, ele poderá alterar o prenome e o sexo/gênero nos
assentos do registro civil?
SIM. Essa possibilidade já foi reconhecida há muitos anos pelo STJ:
(...) A interpretação conjugada dos arts. 55 e 58 da Lei n. 6.015/73 confere amparo legal para que transexual
operado obtenha autorização judicial para a alteração de seu prenome, substituindo-o por apelido público e
notório pelo qual é conhecido no meio em que vive. (...)
STJ. 4ª Turma. REsp 737.993/MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 10/11/2009.
Sendo realizada a retificação do registro, os documentos serão alterados e neles não constará nenhuma men-
ção quanto à troca do sexo.

E se não foi feita a cirurgia? Imagine a seguinte situação hipotética:


Mário, pessoa maior de idade que se identifica como transgênero mulher, ajuizou ação de retificação de regis-
tro de nascimento para troca do prenome e do sexo masculino para o feminino.
Na inicial, a pessoa narrou que, desde tenra idade, embora nascida com a genitália masculina e nesse gênero
registrada, sempre demonstrara atitudes de criança do sexo feminino.
Afirmou que foi diagnosticada como portadora de “incongruência de gênero”.
Mário nunca realizou a cirurgia de transgenitalização.
Alegou que sofre muitos transtornos porque sente-se como mulher, veste-se como mulher, mas os dados que
constam em seus documentos são masculinos (nome e sexo).

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RAIO X

Na ação, Mário pediu para que seu prenome seja alterado para Mariana e seu sexo para feminino. Contudo,
o empecilho que encontrou foi pelo fato de que não fez a cirurgia de transgenitalização nem deseja realizar.
 
A questão jurídica enfrentada, portanto, pelo STJ foi a seguinte: é possível que o transgênero altere
seu nome e o gênero no assento de registro civil mesmo que não faça a cirurgia de transgenitalização?
SIM. Inicialmente o STJ decidiu que:
O direito dos transexuais à retificação do prenome e do sexo/gênero no registro civil não é condiciona-
do à exigência de realização da cirurgia de transgenitalização.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.626.739-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 9/5/2017 (Info 608).
 
O STF avançou sobre o tema e, de forma mais ampla, utilizou a expressão transgênero, afirmando que:
Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da
realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome e
do gênero (sexo) diretamente no registro civil.
STF. Plenário. ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado
em 28/2 e 1º/3/2018 (Info 892).
 Premissas da decisão do STF:
1) O direito à igualdade sem discriminações abrange a identidade ou a expressão de gênero. O respeito à
identidade de gênero é uma decorrência do princípio da igualdade.
2) A identidade de gênero é uma manifestação da própria personalidade da pessoa humana. Logo, cabe ao
Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la. Isso significa que o Estado não diz o gênero da
pessoa, ele deve apenas reconhecer o gênero que a pessoa se enxerga.
3) A pessoa não deve provar o que é, e o Estado não deve condicionar a expressão da identidade a qualquer
tipo de modelo, ainda que meramente procedimental. Assim, se cabe ao Estado apenas o reconhecimento
dessa identidade, ele não pode exigir ou condicionar a livre expressão da personalidade a um procedimento
médico ou laudo psicológico. A alteração dos assentos no registro público depende apenas da livre manifes-
tação de vontade da pessoa que visa expressar sua identidade de gênero.
 
Fundamentos jurídicos:
Constituição Federal
• dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF);
• direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem (art. 5º, X, da CF);
• princípio da personalidade;
• princípio da isonomia;

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RAIO X

• direito à saúde;
• direito à felicidade.
 
Pacto de São José da Costa Rica
• direito ao nome (artigo 18);
• direito ao reconhecimento da personalidade jurídica (artigo 3);
• direito à liberdade pessoal (artigo 7.1 do Pacto);
• o direito à honra e à dignidade (artigo 11.2 do Pacto).
 
Opinião Consultiva 24/17, da Corte Interamericana de Direitos Humanos, sobre “Identidade de Gênero e Igual-
dade e Não Discriminação a Casais do Mesmo Sexo”, publicada em 24.11.2017, na qual se definiram as obriga-
ções estatais em relação à mudança de nome, à identidade de gênero e os direitos derivados de um vínculo
entre casais do mesmo sexo. Veja trecho da Opinião Consultiva:
“(...) a Corte Interamericana deixa estabelecido que a orientação sexual e a identidade de gênero, assim como
a expressão de gênero, são categorias protegidas pela Convenção.
Por isso está proibida pela Convenção qualquer norma, ato ou prática discriminatória baseada na orientação
sexual, identidade de gênero ou expressão de gênero da pessoa. Em consequência, nenhuma norma, decisão
ou prática do direito interno, seja por parte das autoridades estatais ou por particulares, podem diminuir ou
restringir, de modo algum, os direitos de uma pessoa à sua orientação sexual, sua identidade de gênero e/ ou
sua expressão de gênero”. (par. 78).
“O reconhecimento da identidade de gênero pelo Estado é de vital importância para garantir o gozo pleno dos
direitos humanos das pessoas trans, incluindo a proteção contra a violência, a tortura e maus tratos, o direito
à saúde, à educação, ao emprego, à vivência, ao acesso a seguridade social, assim como o direito à liberdade
de expressão e de associação.”
 
Interpretação conforme a Constituição e o Pacto de São José da Costa Rica
O art. 58 da Lei nº 6.015/73 (Lei dos Registros Públicos) prevê:
Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios.
 
O STF, contudo, afirmou que se deve fazer uma nova interpretação desse art. 58 à luz da Constituição Federal
e do Pacto de São José da Costa Rica.
 
Exigir cirurgia ou outros procedimentos é contrário à dignidade da pessoa humana

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RAIO X

O Estado deve abster-se de interferir em condutas que não prejudicam a terceiros e, ao mesmo tempo, buscar
viabilizar as concepções e os planos de vida dos indivíduos, preservando a neutralidade estatal.
Mostra-se contrário aos princípios da dignidade da pessoa humana, da integridade física e da autonomia da
vontade condicionar o exercício do legítimo direito à identidade à realização de um procedimento cirúrgico ou
de qualquer outro meio de se atestar a identidade de uma pessoa.
Inadmitir a alteração do gênero no assento de registro civil é atitude absolutamente violadora de sua dignida-
de e de sua liberdade de ser, na medida em que não reconhece sua identidade sexual, negando-lhe o pleno
exercício de sua afirmação pública.
Muitos indivíduos não querem se submeter à cirurgia por uma série de razões, como o temor a ela ou aos seus
resultados, a ausência de condições financeiras para realizá-la na iniciativa privada, ou mesmo a preferência
por manter o órgão sexual que possuem.
Vale ressaltar, ainda, que os procedimentos para a readequação sexual têm sido realizados em prazos muito
alargados e existem dúvidas quanto à sua eficiência do ponto de vista da satisfação psicológica dos pacientes.

Opinião Consultiva
Conforme consta da Opinião Consultiva 24/17, da Corte Interamericana de Direitos Humanos, os Estados (paí-
ses) têm a possibilidade de decidir qual é o procedimento que será adotado para a retificação do sexo ou nos
registros e documentos. No entanto, segundo a Opinão, o procedimento de alteração adotado pelo Estado
(inclusive o Brasil) deve cumprir os seguintes requisitos:
a) o procedimento deve respeitar a identidade de gênero autopercebida pela pessoa requerente;
b) deve estar baseado unicamente no consentimento livre e informado do solicitante, sem que se exijam requi-
sitos como certificações médicas ou psicológicas ou outros que possam resultar irrazoáveis ou patologizantes;
c) deve ser confidencial e os documentos não podem fazer remissão às eventuais alterações;
d) deve ser expedito (célere), e, na medida do possível, gratuito; e
e) não deve exigir a realização de operações cirúrgicas ou hormonais.

O Colegiado assentou seu entendimento nos princípios da dignidade da pessoa humana, da inviolabilidade da
intimidade, da vida privada, da honra e da imagem, bem como no Pacto de São José da Costa Rica.

Vimos acima que o transgênero não precisa fazer cirurgia para requerer a alteração do prenome e do sexo.
Ok. Uma última pergunta, apenas para não ficar dúvidas: a pessoa transgênera precisa de autorização judicial
para essa alteração?
NÃO. O STF entendeu que exigir do transgênero a via jurisdicional para realizar essa alteração representaria
limitante incompatível com a proteção que se deve dar à identidade de gênero.
Assim, o requerimento de alteração do prenome pode ser feito tanto por meio de ação judicial como também
pela via administrativa.

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RAIO X

O pedido de retificação é baseado unicamente no consentimento livre e informado do solicitante, sem a ne-
cessidade de comprovar nada.

Resumindo:
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação
de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do
indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via ad-
ministrativa.
Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo
“transgênero”.
Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expe-
dição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação
judicial.
Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a reque-
rimento do interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros
nos órgãos públicos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos
atos.
STF. Plenário. RE 670422/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2018 (repercussão geral) (Info 911).

9. Comunidade LGBTQIA+

Apesar de lentos passos, a lei e a jurisprudência têm protegido cada vez mais as pessoas que fazem parte da co-
munidade LGBTQIA+. Vale a pena ler essa decisão histórica do STF, que equipara a homofobia ao crime de racismo.

#AJUDAMARCINHO
1. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os mandados de crimi-
nalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da República, as condutas homofóbicas e
transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de gênero
de alguém, por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por
identidade de razão e mediante adequação típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na Lei nº
7.716, de 08.01.1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica, por
configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”);
2. A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe ou limita o exercício da
liberdade religiosa, qualquer que seja a denominação confessional professada, a cujos fiéis e ministros
(sacerdotes, pastores, rabinos, mulás ou clérigos muçulmanos e líderes ou celebrantes das religiões
afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito de pregar e de divulgar, livremente, pela palavra,
pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu pensamento e de externar suas convicções de acordo
com o que se contiver em seus livros e códigos sagrados, bem assim o de ensinar segundo sua orientação
doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e conquistar prosélitos e praticar os atos de culto e respectiva
liturgia, independentemente do espaço, público ou privado, de sua atuação individual ou coletiva, desde
que tais manifestações não configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que
incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual
ou de sua identidade de gênero;

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RAIO X

3. O conceito de racismo, compreendido em sua dimensão social, projeta-se para além de aspectos estritamente
biológicos ou fenotípicos, pois resulta, enquanto manifestação de poder, de uma construção de índole históri-
co-cultural motivada pelo objetivo de justificar a desigualdade e destinada ao controle ideológico, à dominação
política, à subjugação social e à negação da alteridade, da dignidade e da humanidade daqueles que, por inte-
grarem grupo vulnerável (LGBTI+) e por não pertencerem ao estamento que detém posição de hegemonia em
uma dada estrutura social, são considerados estranhos e diferentes, degradados à condição de marginais do
ordenamento jurídico, expostos, em consequência de odiosa inferiorização e de perversa estigmatização, a uma
injusta e lesiva situação de exclusão do sistema geral de proteção do direito.
STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em em 13/6/2019
(Info 944).

10. Gênero

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA

A imposição de discrímen de gênero para fins de participação em concurso público somente é compatível com
a Constituição nos excepcionais casos em que demonstradas a fundamentação proporcional e a legalidade da
imposição, sob pena de ofensa ao princípio da isonomia.
STF. 2ª Turma. RE 528684/MS, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 3/9/2013 (Info 718).
_____________________________________________________________________________
Apesar de haver decisões em sentido contrário, prevalece o entendimento de que a hipossuficiência e a vulne-
rabilidade, necessárias à caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher, são presumidas pela
Lei nº 11.340/2006.
A mulher possui na Lei Maria da Penha uma proteção decorrente de direito convencional de proteção ao gê-
nero (tratados internacionais), que o Brasil incorporou em seu ordenamento, proteção essa que não depende
da demonstração de concreta fragilidade, física, emocional ou financeira. Ex: agressão feita por um homem
contra a sua namorada, uma Procuradora da AGU, que possuía autonomia financeira e ganhava mais que ele.
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 620.058/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 14/03/2017.
STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1720536/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 04/09/2018.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 92.825, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca; Julg. 21/08/2018.
_____________________________________________________________________________
Súmula 600-STJ: Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei nº
11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.
STJ. 3ª Seção. Aprovada em 22/11/2017, DJe 27/11/2017.
_____________________________________________________________________________
O art. 10, III, da Lei nº 9.656/98, ao excluir a inseminação artificial do plano-referência de assistência à saúde,
também excluiu a técnica de fertilização in vitro.
A inseminação artificial compreende a fertilização in vitro, bem como todas as técnicas médico-científicas de
reprodução assistida, sejam elas realizadas dentro ou fora do corpo feminino.

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RAIO X

Isso significa que não é abusiva a negativa de custeio, pela operadora do plano de saúde, do tratamento de
fertilização in vitro, quando não houver previsão contratual expressa.
STJ. 3ª Turma. REsp 1794629/SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. p/ Acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em
18/02/2020 (Info 667).
STJ. 4ª Turma. REsp 1823077-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 20/02/2020 (Info 666).
_____________________________________________________________________________
Os candidatos possuem direito à segunda chamada nos testes físicos em concursos públicos?
REGRA: NÃO.
Os candidatos em concurso público NÃO têm direito à prova de segunda chamada nos testes de aptidão física
em razão de circunstâncias pessoais, ainda que de caráter fisiológico ou de força maior, salvo se houver previ-
são no edital permitindo essa possibilidade.
STF. Plenário. RE 630733/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/5/2013 (repercussão geral) (Info 706).
STJ. 1ªTurma. REsp 1.597.570/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 25/10/2018
STJ. 2ªTurma REsp 1.721.068/MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 08/05/2018.

EXCEÇÃO: as candidatas gestantes possuem.


É constitucional a remarcação do teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época de sua reali-
zação, independentemente da previsão expressa em edital do concurso público.
STF. Plenário. RE 1058333/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/11/2018 (repercussão geral) (Info 924).

É constitucional a remarcação de curso de formação para o cargo de agente penitenciário feminino de can-


didata que esteja lactante à época de sua realização, independentemente da previsão expressa em edital do
concurso público.
STJ. 1ª Turma. RMS 52622-MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 26/03/2019 (Info 645).
_____________________________________________________________________________
É razoável, dada a natureza e as peculiaridades do cargo, exigir-se altura mínima para o ingresso em carreira
militar, devendo esse requisito, contudo, encontrar previsão legal e não apenas editalícia.
A jurisprudência dos Tribunais Superiores é pacífica no sentido de que é constitucional a exigência de altura
mínima para o ingresso em carreiras militares, desde que haja previsão legal específica.
Somente lei formal pode impor condições para o preenchimento de cargos, empregos ou funções públicas.
STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1590450/PE, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 19/10/2017.
STF. 2ª Turma. ARE 1073375 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/03/2018.
_____________________________________________________________________________
Não fere direitos dos candidatos a disposição do edital do certame que prevê limites mínimo e máximo de
idade para o ingresso na carreira militar, em razão da atividade peculiar nela exercida, desde que tal limitação
esteja prevista em legislação específica.
STJ. 1ª Turma. AgInt no RMS 51864/SE, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 21/03/2017.
_____________________________________________________________________________

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RAIO X

A interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocada pela própria gestante (art. 124) ou
com o seu consentimento (art. 126) não é crime.
É preciso conferir interpretação conforme a Constituição aos arts. 124 a 126 do Código Penal – que tipificam o
crime de aborto – para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no
primeiro trimestre.
A criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher, bem como o princípio da pro-
porcionalidade.
STF. 1ª Turma. HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em
29/11/2016 (Info 849).
_____________________________________________________________________________
A extinção de medida protetiva de urgência diante da homologação de acordo entre as partes não afasta a compe-
tência da Vara Especializada de Violência Doméstica ou Familiar contra a Mulher para julgar ação de divórcio fundada
na mesma situação de agressividade vivenciada pela vítima e que fora distribuída por dependência à medida extinta.
STJ. 3ª Turma. REsp 1496030-MT, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/10/2015 (Info 572).
_____________________________________________________________________________
À luz do art. 14, caput e § 1º, do CDC, o fornecedor responde de forma objetiva, ou seja, independentemente
de culpa, pelos danos causados por defeito na prestação do serviço, que se considera defeituoso quando não
fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar.
Em se tratando da realização de exames médicos laboratoriais, tem-se por legítima a expectativa do consumi-
dor quanto à exatidão das conclusões lançadas nos laudos respectivos, de modo que eventual erro de diag-
nóstico de patologia ou equívoco no atestado de determinada condição biológica implica defeito na prestação
do serviço, a atrair a responsabilidade objetiva do laboratório.
O simples fato do resultado negativo do exame de DNA agride, ainda, de maneira grave, a honra e reputação
da mãe, ante os padrões culturais que, embora estereotipados, predominam socialmente. Basta a ideia de que
a mulher tenha tido envolvimento sexual com mais de um homem, ou de que não saiba quem é o pai do seu
filho, para que seja questionada sua honestidade e moralidade.
STJ. 3ª Turma. REsp 1700827-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/11/2019 (Info 660).

PONTO: 1.13. População carcerária e em cumprimento de pena ou de medida socioeducativa. A pessoa


com deficiência auditiva ou visual em privação de liberdade (Recomendação 81/20, CNJ). Direito à
assistência e à diversidade religiosa (Recomendação 119/21, CNJ). Direitos da população LGBTQIA+ (Res.
348/20, CNJ). Fiscalização dos parâmetros de acolhimento das pessoas LGBTI+ privadas de liberdade
(Recomendação 85/21 CNMP).

Este ponto é muito importante para a sua prova, pois trata de temas de interesse do MP, como, por exemplo,
sistema carcerário.

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RAIO X

#MAPEIAOVADE

NÃO DEIXE DE VER


Recomendação 81/20, CNJ
Recomendação 119/21, CNJ
Resolução 348/20, CNJ
Recomendação 85/21 CNMP

#RAPIDINHAS: 10 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER:

1. Estado de coisas inconstitucional

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA

CUSTODIADO – INTEGRIDADE FÍSICA E MORAL – SISTEMA PENITENCIÁRIO – ARGUIÇÃO DE DESCUMPRI-


MENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL – ADEQUAÇÃO. Cabível é a arguição de descumprimento de preceito
fundamental considerada a situação degradante das penitenciárias no Brasil. SISTEMA PENITENCIÁRIO NA-
CIONAL – SUPERLOTAÇÃO CARCERÁRIA – CONDIÇÕES DESUMANAS DE CUSTÓDIA – VIOLAÇÃO MASSIVA
DE DIREITOS FUNDAMENTAIS – FALHAS ESTRUTURAIS – ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL – CONFI-
GURAÇÃO. Presente quadro de violação massiva e persistente de direitos fundamentais, decorrente de falhas
estruturais e falência de políticas públicas e cuja modificação depende de medidas abrangentes de natureza
normativa, administrativa e orçamentária, deve o sistema penitenciário nacional ser caraterizado como “esta-
do de coisas inconstitucional”. FUNDO PENITENCIÁRIO NACIONAL – VERBAS – CONTINGENCIAMENTO. Ante
a situação precária das penitenciárias, o interesse público direciona à liberação das verbas do Fundo Peni-
tenciário Nacional. AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA – OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Estão obrigados juízes e tribu-
nais, observados os artigos 9.3 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos e 7.5 da Convenção Interamericana de
Direitos Humanos, a realizarem, em até noventa dias, audiências de custódia, viabilizando o comparecimen-
to do preso perante a autoridade judiciária no prazo máximo de 24 horas, contado do momento da prisão.
(ADPF 347 MC, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/09/2015, PROCESSO ELETRÔNI-
CO DJe-031 DIVULG 18-02-2016 PUBLIC 19-02-2016)

Nesta ADPF, o STF reconhecer a precariedade do sistema carcerário brasileiro e impôs medidas para sanar a afronta
aos direitos fundamentais.

Não é incomum questionarem se o Poder Judiciário não viola a separação dos poderes quando obriga os outros
poderes exercerem suas funções típicas. Todavia, a resposta correta para esse questionamento é: quando o Poder
Judiciário impõe que o Poder Legislativo legisle e o Poder Executivo execute ele não está fazendo nada mais do
que cumprindo a sua função jurisdicional. A Constituição Federal é vinculante, não existem escolhas a serem feitas
pelos poderes, mas meras obrigações de assegurarem o mínimo existencial ao ser humano.

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RAIO X

Portanto, quando o juiz impõe uma obrigação aos demais poderes ele está cumprindo o seu poder-dever de dizer
o direito e lembrando aos administradores/legisladores o que precisa ser feito, por ordem constitucional.

2. Recomendação 81/20, CNJ

A Recomendação nº 81/20 do CNJ propõe procedimentos ao tratamento de pessoas acusadas, rés, condenadas ou
privadas de liberdade e adolescentes em conflito com a lei com deficiência auditiva e/ou visual, e dá diretrizes para
assegurar os direitos dessa população no âmbito da justiça criminal e da justiça da infância e juventude.

Art. 3º Diante da identificação de pessoa com deficiência auditiva, visual ou ambas, recomenda-se ao juiz com-
petente:

I – identificar, seja por autodeclaração ou por meio de indícios, se a pessoa ré, acusada ou condenada possuiria
deficiência auditiva, visual ou ambas, em especial na audiência de custódia, na primeira audiência criminal e na
audiência de apresentação de adolescentes;

II – comunicar o fato à unidade administrativa do tribunal designada como Comissão Permanente de Acessibili-
dade e Inclusão, prevista na Resolução CNJ nº 230/2016;

III – garantir a presença de intérprete, preferencialmente de forma presencial, em todas as etapas do processo;

IV – autorizar a presença de atendente pessoal, acompanhante ou ambos, desde que haja requerimento da
parte interessada, em todas as etapas do processo;

V – assegurar que a identificação da condição de pessoa com deficiência auditiva, visual ou ambas conste no
registro de todos os atos processuais, bem como informações acerca de recursos e métodos de tecnologia as-
sistiva e adaptação razoável; e

VI – providenciar a anotação nos autos da ação penal e ação de apuração de ato infracional acerca da prioridade
a ser concedida à sua tramitação, em todos os atos e diligências, em que for parte ou interessada pessoa com
deficiência, nos termos do art. 9º da Lei nº 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão.

Parágrafo único. As informações previstas neste artigo deverão constar, especialmente, da ata de audiência de
custódia, em
consonância com o art. 7º da Resolução CNJ nº 213/2015, e da ata de audiência de apresentação de adoles-
cente no processo de apuração de ato infracional.

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RAIO X

#JÁCAIU

#AUDIÊNCIADECUSTÓDIA

Ano: 2021 Banca: MPE-RS Órgão: MPE-RS Prova: MPE-RS - 2021 - MPE-RS - Promotor de Justiça


Assinale a assertiva correta. 
Alternativas15
a) De acordo com Código de Processo Penal, se a infração for afiançável, a falta de exibição do mandado não
obstará a prisão, e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado,
para a realização de audiência de custódia.
b) Segundo a Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas, promulgada pelo Brasil
por meio do Decreto nº 8.766, de 11 de maio de 2016, a audiência de custódia somente poderá ser presidida por
autoridade judiciária competente, diferentemente do previsto na Convenção Americana sobre Direitos Huma-
nos, promulgada por meio do Decreto nº 678, de 6 de novembro de 1992.
c) Segundo a Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas, promulgada pelo Brasil
por meio do Decreto nº 8.766, de 11 de maio de 2016, e Convenção Americana sobre Direitos Humanos, promul-
gada por meio do Decreto nº 678, de 6 de novembro de 1992, a audiência de custódia poderá ser presidida por
autoridade judiciária competente ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais. 
d) De acordo com a Convenção Americana dos Direitos Humanos, transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após a
prisão do agente, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalida-
de da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação
de prisão preventiva.
e) De acordo com o Código de Processo Penal, a não realização da audiência de custódia no prazo por ele fixado
ensejará, incontinente, a ilegalidade da prisão efetuada, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo
da possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.

3. Recomendação 119/21, CNJ

A orientação propõe que os magistrados responsáveis pelas execuções de penas criminais tomem providências
que garantam “o exercício dos direitos à assistência e diversidade religiosa nas diversas matrizes e à liberdade de
crença”.

A recomendação também abrange pessoas sem crença, afirmando que elas não podem ser obrigadas a receber
assistência religiosa indesejada. O ato normativo também inclui unidades socioeducativas, que abrigam adolescen-
tes.

15  Gabarito: b.

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RAIO X

#OLHAOGANCHO

Reeducando, em prisão domiciliar, pode ser autorizado a se ausentar de sua residência para frequentar cul-
to religioso no período noturno.
O cumprimento de prisão domiciliar não impede a liberdade de culto, quando compatível com as condições
impostas ao reeducando, atendendo à finalidade ressocializadora da pena.
STJ. 6ª Turma. REsp 1788562-TO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/09/2019 (Info 657).

4. Resolução 348/20, CNJ

Estabelece diretrizes e procedimentos a serem observados pelo Poder Judiciário, no âmbito criminal, com relação
ao tratamento da população lésbica, gay, bissexual, transexual, travesti ou intersexo que seja custodiada, acusada,
ré, condenada, privada de liberdade, em cumprimento de alternativas penais ou monitorada eletronicamente.

#TABELALOVERS

Objetivos
• Garantia do direito à vida e à integridade física e mental da população LGBTI, assim como à sua integridade
sexual, segurança do corpo, liberdade de expressão da identidade de gênero e orientação sexual;

• Reconhecimento do direito à autodeterminação de gênero e sexualidade da população LGBTI;

• Garantia, sem discriminação, de estudo, trabalho e demais direitos previstos em instrumentos legais e
convencionais concernentes à população privada de liberdade, em cumprimento de alternativas penais ou
monitoração eletrônica em geral, bem como a garantia de direitos específicos da população LGBTI nessas
condições.

5. Recomendação 85/21 CNMP

Dispõe sobre o fomento à fiscalização, pelo Ministério Público, dos parâmetros de acolhimento das pessoas LGBTI+
privadas de liberdade em estabelecimentos penais.

#SELIGANOEXEMPLO: Recomenda-se aos Ministérios Públicos, nos seus respectivos âmbitos de atribuição, que
seja fomentada a fiscalização dos parâmetros de acolhimento das pessoas LGBTI+ privadas de liberdade em esta-
belecimentos penais, inclusive no que tange à observância do direito da pessoa, a qualquer tempo, até a extinção
da punibilidade pelo cumprimento da pena, de se reconhecer como parte da população LGBTI+ por meio de au-
todeclaração, garantida a privacidade e a integridade da declarante.

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RAIO X
6. Nomenclaturas

A Recomendação nº 85/21 do CNMP traz a nomenclatura correta para a comunidade LGBTQIA+:

Lésbicas: denominação específica para mulheres que se relacionam afetiva e/ou sexualmente com outras
mulheres;
Gays: denominação específica para homens que se relacionam afetiva e/ou sexualmente com outros homens;
Bissexuais: pessoas que se relacionam afetiva e/ou sexualmente com pessoas do gênero feminino e masculino;
Travestis: pessoas que pertencem ao sexo masculino na dimensão fisiológica, mas que socialmente se apresen-
tam no gênero feminino;
Transexuais: pessoas que se identificam com gênero oposto àquele que lhe foi atribuído no nascimento;
Intersexuais: pessoas que nascem com anatomia reprodutivo-sexual (incluindo genitais, gônadas e padrões cro-
mossômicos) que não se encaixam nas noções binárias de corpos masculinos e femininos.
Identidade de gênero: consiste na maneira como a pessoa se reconhece e reivindica para si o gênero com o qual
se identifica;
Orientação sexual: consiste no modo como a pessoa se atrai e se relaciona afetiva e/ou sexualmente com outras
pessoas.

7. Criança e adolescente

#DEOLHONARECOMENDAÇÃO

Art. 4º As disposições previstas nesta Recomendação devem ser igualmente observadas quando se tratar de
adolescentes apreendidos, processados por cometimento de ato infracional ou em cumprimento de medida
socioeducativa que se autodeterminem como parte da população LGBTI+, no que couber e enquanto não for
elaborado ato normativo próprio, considerando-se a condição de pessoa em desenvolvimento, o princípio da
prioridade absoluta e as devidas adaptações, conforme previsão do Estatuto da Criança e do Adolescente.

8. Direito de Minorias

O Direito de Minorias é o ramo do direito que estuda as normas jurídicas aplicáveis aos grupos minoritários, assim
entendidos aqueles que demandam especial proteção estatal em razão de sua vulnerabilidade, cujo objetivo é a
garantia da existência, da autonomia, da inclusão e da igualdade material desses grupos na comunidade nacional,
de modo a permitir-lhes a igual fruição dos direitos destinados à maioria, sem que isso signifique perda ou aban-
dono forçado de seus traços diferenciadores.

Nesse sentido, o grupo de minorias podem ser definidos nas seguintes categorias: (i) grupo numericamente re-
duzido ou, pelo menos, inferior à metade da população; (ii) presença de elemento étnico, religioso ou tradicional
distinto do restante da população; (iii) pretensão, por parte da população, de preservação dessa diferença.

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RAIO X

Aplicam-se, neste campo, alguns princípios específicos, tais como:

a) Princípio da existência: É dever do Estado editar leis que garantam a continuidade e autorreprodução do
grupo minoritário, fornecendo-lhe condições de sua subsistência, não apenas física, mas também cultural. Assim,
nenhuma norma destinada a este grupo pode ser interpretada no sentido de prejudicar ou obstar essas condições.

b) Princípio da autonomia: Deve ser resguardada aos grupos minoritários a liberdade de decisão acerca das po-
líticas a eles aplicáveis, do grupo e do modo como serão executadas. Não cabe impor ao grupo minoritário uma
polícia pública, ainda que supostamente benéfica a ele. A materialização desse princípio está no art. 6º da Conven-
ção 169 da OIT por meio do chamado “dever de consulta”:

Art. 6º. 1. Ao aplicar as disposições da presente Convenção, os governos deverão: a) consultar os povos inte-
ressados, mediante procedimentos apropriados e, particularmente, através de suas instituições representativas,
cada vez que sejam previstas medidas legislativas ou administrativas suscetíveis de afetá-los diretamente;

c) Princípio da inclusão: Determina que as políticas públicas e suas respetivas normas devem ser interpretadas de
modo a serem aplicáveis também aos grupos minoritários, desde que de modo consensual.

d) Princípio da igualdade material: Determina que o ordenamento jurídico deve ser orientado de modo a ga-
rantir a igualdade de oportunidades entre os grupos minoritário e a maioria, bem como no sentido de promover
ações que permitam que os grupos minoritários tenham acesso aos bens sociais, em condições equânimes com o
grupo majoritário. Isso implica que devem ser implantadas políticas e ações afirmativas que combatam os óbices
fáticos que impeçam o acesso igualitário, de modo que essa igualdade seja não uma promessa formal e vazia, mas
se converta em algo empiricamente verificável.

9. Jovens privados de liberdade

É importante saber que, em 1990 foi aprovado um conjunto de regras mínimas para a proteção dos jovens privados
de liberdade. O escopo da Assembleia Geral da ONU, neste contexto, foi evitar os maus tratos, respeitar os direitos
e garantir a segurança do menor de 18 anos. Assim, foi definido que a restrição da liberdade (medida socioeduca-
tiva) é excepcional em resposta ao ato infracional, decidida pela autoridade judiciária. Neste conjunto de regras foi
prevista a internação preventiva, mas respeitada a presunção de inocência e com a manutenção em local separado
dos condenados definitivos.

#OLHAOGANHCHO: “As Regras de Beijing” foram editadas pela ONU, como uma ampliação da proteção con-
ferida pela Convenção sobre os Direitos das Crianças. Neste documento é reconhecido que o Juízo da Infância
e Juventude deve ter como escopo a promoção do bem-estar da criança e do adolescente e de sua família. Ex.:
imparcialidade em caso de ato infracional; satisfazer as necessidades da sociedade, sem perder de vista a proteção
dos direitos básicos do jovem; decisões proporcionais; garantias processuais básicas (presunção de inocência, direi-
to de informação, direito ao silêncio, direito à assistência jurídica, direito à presença dos pais e tutores, confrontar
testemunhas, direito a recorrer das decisões).

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RAIO X

Por fim, é importante conhecer as Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinquência Juvenil
(diretrizes de Riad), que tem como escopo a prevenção dos atos infracionais, evitar a criminalização e a penaliza-
ção. As diretrizes devem ser aplicadas de acordo com as condições econômicas, sociais e culturais de cada Estado.
Assim, é possível desenvolver políticas e estratégias, pensando em temas ligados ao bem-estar da família.

10. Jurisprudência
São imprescritíveis e insuscetíveis de anistia, graça ou indulto crimes que caracterizem graves violações de direi-
tos humanos, praticados por agentes públicos ou particulares, diante da Convenção Americana de Direitos Hu-
manos e da pacífica jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos, de observância obrigatória
por todos os órgãos e poderes do Estado brasileiro. (Enunciado 27 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal
CJF/STJ)
_____________________________________________________________________________
A audiência de custódia (ou de apresentação) constitui direito público subjetivo, de caráter fundamental, assegurado
por convenções internacionais de direitos humanos a que o Estado brasileiro aderiu, já incorporadas ao direito posi-
tivo interno (Convenção Americana de Direitos Humanos e Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos). Traduz
prerrogativa não suprimível assegurada a qualquer pessoa. Sua imprescindibilidade tem o beneplácito do magistério
jurisprudencial (ADPF 347 MC) e do ordenamento positivo doméstico (Lei nº 13.964/2019 e Resolução 213/2015 do CNJ).
STF. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/10/2020 (Info 994).
_____________________________________________________________________________
A imunidade de jurisdição de Estado estrangeiro não alcança atos de império ofensivos ao direito internacional
da pessoa humana praticados no território brasileiro, tais como aqueles que resultem na morte de civis em pe-
ríodo de guerra.
Tese fixada pelo STF: “Os atos ilícitos praticados por Estados estrangeiros em violação a direitos humanos não
gozam de imunidade de jurisdição”.
STF. Plenário. ARE 954858/RJ, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 20/8/2021 (Repercussão Geral – Tema 944)
(Info 1026).
_____________________________________________________________________________
Dispensa-se a comprovação de dor e sofrimento, sempre que demonstrada a ocorrência de ofensa injusta à
dignidade da pessoa humana.
A violação de direitos individuais relacionados à moradia, bem como da legítima expectativa de segurança dos
recorrentes, caracteriza dano moral in re ipsa a ser compensado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1292141-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012 (Info 513).
_____________________________________________________________________________
São constitucionais o art. 16, I, o art. 105, o art. 122, II e III, o art. 136, I, o art. 138 e o art. 230 do ECA.
Tais dispositivos estão de acordo com o art. 5º, caput e incisos XXXV, LIV, LXI e com o art. 227 da CF/88.
Além disso, são compatíveis com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), a Convenção sobre
os Direitos da Criança, as Regras de Pequim para a Administração da Justiça de Menores e a Convenção Ame-
ricana de Direitos Humanos.

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RAIO X

STF. Plenário. ADI 3446/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 7 e 8/8/2019 (Info 946).
_____________________________________________________________________________

É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o po-
der de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamen-
te obtidos e publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou
abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a par-
tir dos parâmetros constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privaci-
dade e da personalidade em geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível.
STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 786) (Info
1005).
_____________________________________________________________________________
Custos vulnerabilis significa “guardiã dos vulneráveis” (“fiscal dos vulneráveis”).
Enquanto o Ministério Público atua como custos legis (fiscal ou guardião da ordem jurídica), a Defensoria Pú-
blica possui a função de custos vulnerabilis.
Assim, segundo a tese da Instituição, em todo e qualquer processo onde se discuta interesses dos vulneráveis
seria possível a intervenção da Defensoria Pública, independentemente de haver ou não advogado particular
constituído.
Quando a Defensoria Pública atua como custos vulnerabilis, a sua participação processual ocorre não como
representante da parte em juízo, mas sim como protetor dos interesses dos necessitados em geral.
O STJ afirmou que deve ser admitida a intervenção da Defensoria Pública da União no feito como custos vul-
nerabilis nas hipóteses em que há formação de precedentes em favor dos vulneráveis e dos direitos humanos.
STJ. 2ª Seção. EDcl no REsp 1712163-SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/09/2019 (Info 657).
_____________________________________________________________________________
A definição dos crimes de lesa-humanidade, também chamados de crimes contra a  humanidade,
pode ser encontrada no Estatuto de Roma, promulgado no Brasil por força do Decreto nº 4.388/2002.
No Brasil, no entanto, ainda não há lei que tipifique os crimes contra a humanidade. Diante da ausência de lei in-
terna tipificando os crimes contra a humanidade, não é possível utilizar tipo penal descrito em tratado internacio-
nal para tipificar condutas internamente, sob pena de se violar o princípio da legalidade (art. 5º, XXXIX, da CF/88).
Dessa maneira, não se mostra possível internalizar a tipificação do crime contra a  humani-
dade trazida pelo Estatuto de Roma, mesmo se cuidando de Tratado internalizado por meio
do Decreto n. 4.388, porquanto não há lei em sentido formal tipificando referida conduta.
STJ. 3ª Seção. REsp 1798903-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/09/2019 (Info 659).
_____________________________________________________________________________
É juridicamente possível o pedido de alimentos decorrente do rompimento de união estável homoafetiva.
STJ. 4ª Turma. REsp 1302467-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 3/3/2015 (Info 558).

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RAIO X

TUTELA DE INTERESSES DIFUSOS E COLETIVOS16


Olá, meus queridos alunos e alunas, tudo em paz? Espero que estejam no foco e em dia com a leitura. Hoje vamos
analisar cuidadosamente uma das matérias mais importantes do nosso concurso, que versa sobre a tutela de inte-
resses difusos e coletivo. Teremos 14 questões sobre o tema, e nem preciso dizer que devemos dominar a matéria
né?

Nas últimas provas tivemos um padrão de cobrança no concurso. Sempre é cobrado ao menos umas 2 a 3 ques-
tões doutrinárias sobre a matéria, e o resto é focado na cobrança de jurisprudência e lei seca. Não temos uma ho-
mogeneidade nas leis que são cobradas, mas o que se pode verificar são as leis que SEMPRE estarão presente, e as
cito agora: Lei de improbidade administrativa (atenção na alteração, conversaremos em tópico exclusivo), Código
de defesa do consumidor, Direito ambiental (principalmente SNUC e lc140/2011), Lei de ação civil Pública, Inquérito
Civil e Termo de ajustamento de conduta.

Nosso examinador será um Procurador de Justiça, então é de suma importância o aluno entender a nova visão do
Ministério Público como “Ombudsman” , um MP resolutivo, superando o tradicional e engessado MP demandista.

Aos que ainda não tiveram um contato mais aprofundado com a matéria, posso garantir que a partir de agora irão
mudar completamente a forma de pensar justiça, e se apaixonar ainda mais pela carreira, “Não só de penal vive o
Ministério Público”.

É gratificante utilizar do conhecimento e da carreira para poder transformar a vida de pessoas que necessitam da
presença do parquet, sendo nosso querido MP um verdadeiro transformador social!!

Peço a todos muito foco nessa reta final e acima de tudo VONTADE DE VENCER, acreditem, faz toda a diferença.
Estão prontos? vamos arrebentar!!!

1.Lei de 1. Interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos. Defesa dos interesses difusos,
coletivos e individuais homogêneos em juízo: princípios gerais.

#MAPEIAOVADE

NÃO DEIXE DE VER –


Artigos 81 a 104 CDC
São os artigos mais recorrentes em prova

No primeiro ponto iremos trabalhar a parte teórica, aprofundar nos temas mais espinhosos para nossa prova, com
certeza estaremos bem amparados para acertar qualquer questão mais doutrinária.

16  Leandro Viegas

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RAIO X

O foco aqui é entender o surgimento e evolução dos direitos difusos e coletivos, assim como aprender a diferenciar
as 3 categorias de direito coletivo lato sensu.

Entender melhor os princípios e a descodificação existente em nosso ordenamento jurídico, perpassando pelas
discussões e jurisprudências mais importantes.

#RAPIDINHAS: 10 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER

1. SURGIMENTO DOS DIREITOS COLETIVOS

Temos que consolidar o entendimento de como surgiram os direitos difusos e coletivos, para entender a evolução
até os dias atuais, inclusive foi pergunta da última prova oral do MPSP, estudem já pensando na frente!!!

Em que pese a divergência doutrinária acerca da origem histórica das ações coletivas, a primeira forma de tutela
dos direitos da coletividade remete ao direito romano através das ações populares. As ações populares ganharam
destaque como mecanismo de proteção dos interesses metaindividuais no período moderno e contemporâneo,
com o surgimento do Estado de Direito.

Posteriormente, na segunda fase da Revolução Industrial, a sociedade foi alterada substancialmente em diversos
aspectos. O modelo de produção fordista tinha como principal característica a produção em massa de produtos.
Nessa linha, os produtos eram padronizados - mesmas características – com o objetivo de fabricação em larga
escala.

Com a necessidade de uma mão de obra para sustentar aquela linha de produção, houve um momento de migra-
ção da população agrícola para os grandes centros urbanos, acarretando a formação de uma sociedade industrial.

Esses fenômenos somados ao incremento massivo de máquinas, a formação de um grande mercado de consumo,
o desenvolvimento dos meios de comunicação e o aumento da densidade demográfica mundial acarretaram o sur-
gimento da chamada “sociedade de massa”. A nomenclatura utilizada é a mesma da produção fordista justamente
por ser uma sociedade em que os indivíduos teriam formas de vida semelhantes e padronizadas.

Em consequência houve um processo de massificação de todas as relações sociais e jurídicas: “consumo em massa”,
“contratos em massa”, “lesões em massa” e “conflitos em massa”. O professor Landolfo Andrade ressalta que “numa
sociedade cada vez mais complexa, em que as relações jurídicas foram massificadas, eventual falha em alguma de
suas engrenagens tem potencial para lesar ou ameaçar de lesão interesses de centenas, milhares ou milhões de
pessoas, quando não toda a humanidade. Fez-se campo fértil para os conflitos em massa”.

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RAIO X

Nesse contexto foi necessário a criação de uma nova forma de solução de conflitos sociais, a qual não podia ser
baseada na clássica dicotomia público-privado, já que não se discute direito individual nem estatal, mas direitos de
toda a coletividade.

Após a Segunda Guerra Mundial, há um consenso internacional de reconhecimento e afirmação de uma nova
ordem de interesses “de fraternidade e solidariedade, são direitos de terceira dimensão, em que o direito é instru-
mento garantidor da paz social.

A Carta das Nações de 1945 reconhece que “os direitos humanos devem ser protegidos pelo estado de direito para
que o homem não seja obrigado a recorrer, como último recurso à rebelião contra a tirania e a opressão”. A Carta
tem a preocupação de preservar as gerações futuras reconhecendo os direitos fundamentais do homem, a digni-
dade e valor da pessoa humana. Tem-se um novo modelo, em que a afirmação da dignidade da pessoa humana
ocupa centralidade no debate e não mais a afirmação de direitos eminentemente individuais e patrimoniais.

Esse novo modelo afirma direitos difusos com vistas a proteger gerações atuais e futuras, afirma direitos referentes
à justiça intergeracional, ao meio ambiente, à sadia qualidade de vida, à democracia. O titular desses novos direitos
é uma coletividade indeterminada, não mais o indivíduo isoladamente considerado, ou uma classe ou categoria de
indivíduos. Para a tutela desses direitos, o modelo de processo tradicional tornou-se inadequado, sendo necessário
um regramento processual conformado à essa nova ordem de valores, de conteúdo transindividual.

2. EVOLUÇÃO DOS DIREITOS COLETIVOS NO BRASIL

O Brasil alinhou-se à tendência internacional de ampliar os mecanismos de defesa coletiva, não de forma codifica-
da, mas por meio de legislações esparsas. Apesar da regulamentação até certa maneira tardia, hoje nossa “coletâ-
nea legislativa” disseminada em todo o nosso ordenamento jurídico positivado, criando um verdadeiro microssis-
tema, serve de fonte de inspiração a diversos países, reconhecida como uma das legislações mais avançadas sobre
o tema. Contudo, a evolução do tratamento no plano legislativo ocorreu de maneira lenta, enfrentando alguns
retrocessos pelo caminho.

O desenvolvimento do processo coletivo foi bastante influenciado pela doutrina italiana e pela norte-americana.
Apesar de já existir a ação popular desde antes (Lei 4.717/65), a doutrina costuma vincular o SURGIMENTO do pro-
cesso coletivo no Brasil com a Lei 6.938/1981 (Lei Nacional da Política do Meio Ambiente), que tinha um dispositivo
que dizia que o MP protegeria o meio ambiente por meio da ação civil pública.

A CONSOLIDAÇÃO do processo coletivo só ocorreu em 1985, com a Lei de Ação Civil Pública (7.347/85). Essa lei
resolveu o problema dos bens ou direitos de titularidade indeterminada, mas não o problema dos bens e direitos
cuja tutela individual é inviável e os bens e direitos cuja tutela coletiva é recomendável. Esses últimos dois problemas
só foram efetivamente solucionados com o Código de Defesa do Consumidor, em 1990.

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RAIO X

Em 1990 ocorreu a POTENCIALIZAÇÃO do processo coletivo, com o surgimento do CDC, que permitiu que o
processo coletivo pudesse tutelar as massas e atender aos bens e direitos cuja tutela individual é inviável e aos cuja
tutela coletiva é recomendável.

Avanços: a CF/88, o CDC, o ECA, o Estatuto do Idoso, o Estatuto da Cidade etc. trouxeram diversos avanços no
campo do processo coletivo.

Um dos maiores retrocessos era o até então artigo 16 da lei 7345/85 que recentemente sua limitação foi declarada
inconstitucional pelo STF (tema a ser abordado em outro tópico).

3. AS ONDAS RENOVATÓRIAS

1ª ONDA RENOVATÓRIA: ASSISTÊNCIA JURÍDICA AOS POBRES A primeira onda renovatória guarda referência
com a assistência jurídica aos pobres, revelando a necessidade de órgãos encarregados de prestar assistência aos
menos afortunados, patrocinando os direitos desta parcela humilde da população. Se relaciona com obstáculos
econômicos.

2ª ONDA RENOVATÓRIA: REPRESENTAÇÃO E DEFESA DOS INTERESSES METAINDIVIDUAIS. Relaciona-se com


a superação dos problemas inerentes à representação e defesa dos direitos “difusos” em juízo, especialmente nas
áreas da proteção ambiental e do consumidor. Há o estabelecimento de legitimados para a tutela dos direitos
transindividuais, com o objetivo de garantir o direito de acesso e propiciar a repressão de condutas lesivas aos
mencionados direitos. Se relaciona com o obstáculo organizacional e a tutela coletiva.

3ª ONDA RENOVATÓRIA: PROCEDIMENTOS JUDICIAIS, CUSTOS E TEMPO DE DURAÇÃO. Expõe o problema


dos procedimentos judiciais, seus custos e seu tempo de duração, sendo formuladas propostas alternativas, como
a prevalência da oralidade e a concentração dos ritos processuais; a redução dos custos do processo, seja pela
supressão das custas processuais e da taxa judiciária ou pela instituição de órgãos jurisdicionais autônomos que
possam solucionar questões de pequenas causas de modo gratuito; a adoção de métodos alternativos de solução
de conflitos como a arbitragem, a conciliação e a mediação. Se relaciona com o instrumentalismo do processo e
métodos alternativos de solução dos conflitos.

4ª ONDA RENOVATÓRIA: A DIMENSÃO ÉTICA E POLÍTICA DO DIREITO Tendo como base a sensação comum
na sociedade moderna de estar-se rodeado de injustiça, ao mesmo tempo em que não se sabe onde a justiça
está, preconiza a existência de uma quarta onda de acesso à justiça, expondo a dimensão ética e política da
administração da justiça. “A essência do problema não está mais limitada ao acesso dos cidadãos à justiça, mas
inclui também o acesso dos próprios advogados à justiça”. Isso porque “o acesso dos cidadãos à justiça é inútil
sem o acesso dos operadores do direito à justiça”. A construção teórica retira o foco do acesso e passa a focar na
justiça, realizando a análise crítica das carreiras jurídicas e da estruturação interna corporis do sistema de justiça.
Relaciona-se com “valor justiça”, ou seja, como os operadores do direito interpretam o ordenamento jurídico em
prol de ideais éticos e de uma democracia social.

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RAIO X

5ª ONDA RENOVATÓRIA : A INTERNACIONALIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS (pós Segunda


Guerra Mundial) É possível identificar entre os sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos, três fato-
res impeditivos do acesso à justiça no plano internacional: a) A existência de cortes internacionais aptas a garantir
a tutela jurídica contra atos estatais. Nem todos os países possuem organização suficiente para esta atividade,
como ocorre na Ásia e, até bem pouco tempo atrás, na África; c) A possibilidade de efetivação de uma sentença
internacional. Até que ponto os Estados signatários dos sistemas regionais cumprem eficazmente as decisões pro-
feridas pelos órgãos jurisdicionais internacionais e quais medidas são implementadas para minorar estes efeitos?; c)
A facilitação dos indivíduos, grupos ou entidades à jurisdição internacional e a facilitação do procedimento perante
as Cortes Internacionais. Essa crescente preocupação com a universalidade e a necessária proteção dos direitos
humanos, pode ser claramente atribuída aos três sistemas regionais, revelando esta nova onda do acesso à justiça.
Refere-se à ideia de globalização e Direitos Humanos.

- A doutrina moderna fala, ainda, em SEXTA ONDA, relacionando-a com o conceito de vulnerabilidade digital.

4. DIFERENÇA DOS DIREITOS DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS

#VEMDETABELA

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RAIO X

5. CLASSIFICAÇÕES DOUTRINÁRIAS

Conforme Teori Zavascki, existem duas espécies de proteção dos direitos coletivos em sentido amplo:

-Tutela de direitos coletivos (difusos e coletivos em sentido estrito);

-Tutela coletiva de direitos (individuais homogêneos).

Veja que a disposição do conceito é um diferencial. No primeiro, reconhece-se a natureza coletiva dos direitos tu-
telados. Na segunda, o que é considerada coletiva é a tutela e não o direito, leia-se é dada a proteção coletiva aos
direitos individuais. Conforme Hugo Nigro Mazzilli (doutrina recomendada para o MPSP), não há divisão de tutelas,
todos se submetem ao mesmo procedimento coletivo, acarretando no tratamento comum como direitos coletivos.
Dessa forma, é possível dizer que a classificação de Zavascki considera os aspectos do direito material, enquanto
Mazzilli considera os aspectos processuais ou formais.

Já Barbosa Moreira, por sua vez, divide os direitos coletivos lato sensu em:

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RAIO X
-Direitos essencialmente coletivos (difusos e coletivos em sentido estrito);

-Direitos acidentalmente coletivos (individuais homogêneos).

Por fim, importante salientar outra divisão feita pela doutrina:

-Processo coletivo ESPECIAL: É o processo das ações de controle abstrato de constitucionalidade (ADI, ADC, ADPF).

-Processo coletivo COMUM: O processo coletivo comum é composto por todas as ações para a tutela dos interes-
ses e direitos metaindividuais não relacionados ao controle abstrato de constitucionalidade. São elas: Ação popular
4.717/65, Ação civil pública – Tem previsão da lei 7.347/85.

6. PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DO PROCESSO COLETIVO COMUM

#TEMQUESABER #DEOLHONATABELA

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7. CLASSIFICAÇÃO DE EDILSON VITORELLI

Para desenvolver sua teoria, o autor utiliza uma tipologia de litígios coletivos (não de direitos) e os diferencia através
de duas variáveis – conflituosidade e complexidade. Conforme Edilson Vitorelli, os litígios “são conflitos relativos a
interesses juridicamente relevantes” e litígio coletivo “é o conflito de interesses que se instala envolvendo um grupo
de pessoas, mais ou menos amplo, sendo que essas pessoas são tratadas pela parte contrária como um conjunto,
sem que haja relevância significativa em qualquer de suas características estritamente pessoais”.

-Conflituosidade: dentro do mesmo grupo podem existir um subgrupo que compartilhem certo interesse em co-
mum, como também vários subgrupos que não compartilham dos mesmos interesses e ainda vários membros de
grupo que também não possuam posições uniformes. Esse é um fator relevante, quanto menor for a uniformidade
do interesse de todos esse sujeitos, maior será a conflituosidade e, consequentemente, menores serão as chances
de medidas conciliatórias.

-Complexidade: quando se trata de litígios coletivos pode ser que a resolução jurídica para o caso concreto seja
uma ou apenas algumas – e.g. quando se requer a reparação de um direito material violado. Contudo, há situações
em que há variáveis formas de resolução jurídica e que nem sempre serão óbvias e decorrentes da lei. Quanto mais
difícil for encontrar essas soluções, mais complexidade terá o litígio.

Através dessa ideia de conflituosidade e complexidade, o autor chega a seguinte classificação:

Litígios coletivos globais: decorre de uma lesão que, do ponto de vista individual é pouco significativa, mas do
ponto de vista global, a lesão é juridicamente relevante. Em regra, é difícil identificar com precisão quem são os
membros do grupo e também quem não é membro do grupo. Como esses membros são pouco afetados, não
possuem interesse em eventual processo.

Litígios coletivos locais: essa lesão ou ameaça de lesão atinge pessoas determinadas, em intensidade significativa,
capaz de alterar aspectos relevantes de suas vidas. Essas pessoas compartilham algum tipo de laço de solidarieda-
de social, que as faz pertencer a mesma comunidade que as diferencia dos demais segmentos sociais.

Litígios coletivos irradiados: as lesões são relevantes para toda a sociedade envolvida, mas atinge de modo di-
verso e variado os diferentes subgrupos que estão envolvidos. O professor sugere que pensemos em uma pedra
atirada em um lago. Nessa hipótese, podemos ver a formação daquelas ondas. Quanto mais perto do local em
que a pedra entra em contato com a água (local da lesão), mais intensas são as ondas (os subgrupos são mais atin-
gidos), enquanto quanto mais longe, menos intensas são. Da mesma forma ocorre no litígio de difusão irradiada,
há graus de intensidade diversos, não há um compartilhamento de vínculo de solidariedade, sendo na maioria das
vezes os interesses desses subgrupos conflitantes. Cria-se a ideia de uma sociedade elástica, é a mesma sociedade,
mas sofrendo danos em intensidade diversa.

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8. LITÍGIOS ESTRUTURAIS

A discussão acerca dos litígios estruturais foi iniciada nos Estados Unidos, a partir da década de 1960, especial-
mente por Owen Fiss e Abram Chayes. Diante do caso Brown v. Board of Education of Topeka, a Suprema Corte
norte-americana decidiu que não poderia haver segregação racial na admissão de estudantes em escolas públicas
americanas, determinado a matrícula de estudantes negros nas escolas destinadas, até então, às pessoas brancas.

A partir dessa decisão histórica, pretendeu-se a reformulação de diversas políticas públicas, como o sistema de
saúde, sistema prisional, sistema psiquiátrico, entre outros.

Essa reformulação e implementação de políticas públicas foi baseada no chamado litígio estrutural. A doutrina
conceitua tais litígios como sendo aqueles interesses que transcendem o individual e o privado, tratando-se de
interesse público. Constatado esse interesse público, haveria necessidade de reestruturar determinada organização
social ou política pública para concretização de direitos fundamentais. Esse controle de políticas públicas através do
Poder Judiciário ficou conhecido como public law litigation.

Com referência no modelo processual da common law, autores como Sérgio Arenhart, Hermes Zaneti Jr., Fredie
Didier Jr. e Edilson Vitorelli destacam a reconfiguração do Judiciário na resolução de conflitos coletivos, com uma
atuação voltada a um modelo mais participativo e resolutivo. Cuida-se do modelo experimentalista de repara-
ção, pelo que o juiz deixa de lado sua centralidade no processo, desenvolvendo um programa de resolução do
conflito (aproximação com o professo de falência), com decisões mais flexíveis e provisórias, abrindo espaço
para audiências públicas e amicus curiae.

#SELIGA Desta forma, as chamadas decisões estruturais/estruturantes são medidas judiciais voltadas para
a tutela específica da obrigação, aplicada sobretudo nos casos em que se busca: a) implantar uma reforma
estrutural em uma instituição ou órgão, de modo a concretizar direitos fundamentais; b) realizar uma política
pública; c) resolver litígios coletivos complexos (com diversos interesses sociais, todos dignos de tutela – litígios
de difusão irradiada).

9. AÇÕES PSEUDOINDIVIDUAIS E PSEUDOCOLETIVAS

Ações pseudoindividuais são ações individuais cujos resultados geram necessariamente efeitos sobre toda uma
coletividade (ex.: anulação de prova de concurso); quando a relação jurídica substancial é incindível. Nessas hipó-
teses,o autor KAZUO WATANABE defende a vedação dos processos individuais. Ocorre que a doutrina majoritária,
podendo citar o professor DIDIER descarta a vedação por limitar o princípio constitucional do acesso à Justiça. O
projeto do novo CPC previa a coletivização das ações nesse caso, com a remessa dos autos ao MP (contudo, tal
dispositivo foi vetado).

De outra banda nas ações pseudocoletivas, em realidade, conquanto tenham sido propostas as ações por um único
legitimado extraordinário, na verdade estão sendo pleiteados, específica e concretamente, os direitos individuais de
inúmeros substituídos, caracterizando-se uma pluralidade de pretensões que, em tudo e por tudo, é equiparável

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RAIO X

à do litisconsórcio multitudinário, devendo sua admissibilidade, portanto, submeter-se, em princípio, às mesmas


condições, ou seja, somente poderiam ser consideradas admissíveis quando não prejudicassem o pleno desenvol-
vimento do contraditório ou o próprio exercício da função jurisdicional.

Por não se tratar de verdadeiras ações coletivas, a elas não se aplica o art. 95 do CDC (condenação genérica), nem
o art. 104 do mesmo códex (que afirma não haver litispendência entre as ações coletivas e as ações individuais).

10. RELAÇÃO ENTRE AS DEMANDAS

No processo coletivo, quem define as consequências da identidade total ou parcial da demanda é o SISTEMA, de
modo que ele pode dar soluções distintas caso a caso. Ou seja, nem sempre a identidade total gerará a extinção de
uma das ações, nem a identidade parcial gerará a junção das ações. É possível, até, que a lei determine a suspensão
de uma ação, a depender do tipo de relação entre as demandas.

Obs.: O regime jurídico da conexão em ações coletivas é igual ao aplicado entre ações individuais: o juiz pode
conhecê-la de ofício e a qualquer tempo (pois a prevenção gera competência absoluta), podendo ser alegada por
qualquer das partes.

I. Ação coletiva x ação individual

A ação coletiva não induz litispendência para a ação individual.

IDENTIDADE TOTAL (litispendência): NUNCA será possível a identidade total entre uma ação individual e
uma ação coletiva, já que as partes (legitimados coletivos) e o pedido (de tutela de um interesse difuso ou coletivo
ou, nos individuais homogêneos, de tutela genérica) da coletiva são distintos das partes (indivíduo) e dos pedidos
(pedido certo) da ação individual. Em consequência, o art. 104 do CDC afirma que as ações coletivas não induzem
litispendência para as ações individuais. Embora o dispositivo não aluda às ações envolvendo direitos individuais
homogêneos, a rigor, nem mesmo nestes casos haverá litispendência entre ação coletiva e ação individual.

IDENTIDADE PARCIAL (conexão/continência): É possível a identidade parcial entre uma ação individual e uma
ação coletiva apenas no que diz respeito à CAUSA DE PEDIR. Neste caso, haverá CONEXÃO, e não litispendência.

Mas atente: No processo coletivo, ao contrário do que ocorre no processo individual, a consequência da identidade
parcial entre ação coletiva e ação individual não é a reunião das causas, mas sim a SUSPENSÃO da ação individual.

Essa suspensão pode ser facultativa (requerida pela parte – art. 104, CDC) ou obrigatória judicial (nas ações indivi-
duais multitudinárias).

Obs.: o exercício do right to opt out (quando, embora informado, o indivíduo não suspende o curso de sua ação
individual - art. 104 do CDC) não implica renúncia da situação jurídica individual.

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RAIO X

II. Ação coletiva x ação coletiva

A identidade entre as ações pode ser:

IDENTIDADE TOTAL (litispendência): É plenamente possível a identidade total de elementos entre duas ações
coletivas. Ex.: uma ação popular para impedir a privatização de uma empresa pública numa vara em SP e uma ação
popular para discutir a mesma coisa em uma vara no RJ. A coisa mais comum é haver duas ações coletivas idênticas
para a proteção do meio ambiente (uma do MPE e outra do MPF). CUIDADO: Deve-se lembrar do arts. 106 do
CDC e 16 da LACP (coisa julgada secundum eventum probationis), pois pode ser de, em identidade total, a primeira
ação coletiva ser julgada improcedente por falta de provas. Nesse caso, o MP pode repropor a ação.

Qual é a consequência da litispendência em ações coletivas?

1ª Corrente: O caso é de EXTINÇÃO da ação repetida, mas a parte da ação extinta poderá ingressar como litiscon-
sorte na ação que remanesceu.

2ª Corrente :O caso não é de extinção, mas sim de REUNIÃO para julgamento conjunto (mesmo efeito da conexão
e continência) ou, não sendo isso possível, a SUSPENSÃO de uma delas. Essa posição é MAJORITÁRIA na doutrina.

Observações:

-Em ações coletivas com pedido e causa de pedir idênticos, há litispendência ainda que os legitimados das ações
sejam diferentes, aplicando-se, no caso, a teoria da identidade da relação jurídica e não a teoria da identidade dos
elementos da ação. Assim, é suficiente a identidade da situação jurídica substancial deduzida.

-É possível que haja litispendência entre duas demandas coletivas que tramitem por ritos diversos (ação civil pública
e ação popular), já que a similitude do procedimento é irrelevante diante da atipicidade da tutela jurisdicional co-
letiva (que define que qualquer procedimento pode servir à tutela de um direito coletivo). É o que o STJ denomina
ação popular MULTILEGITIMÁRIA (STJ, Resp 401.964/RO Dj 11/11/2002).

IDENTIDADE PARCIAL (conexão/continência): Se pode haver identidade total, também é possível a iden-
tidade parcial entre as ações. A consequência da conexão/continência será a REUNIÃO das causas para julgamento
simultâneo ou, se não for possível, a SUSPENSÃO.

STJ. Súmula 489: “Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as ações civis públicas propos-
tas nesta e na Justiça estadual.”

Observações: não há litispendência entre ação coletiva que discuta direito difuso e outra que discuta direito indi-
vidual homogêneo, ainda que ambas estejam fundamentadas nos mesmos fatos (causa de pedir remota), mas sim
CONEXÃO.

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2. Principais categorias e legislação respectiva: 2.1. Meio Ambiente e Urbanismo. Bem jurídico
ambiental. Direito do Ambiente: conceito, princípios, objeto, instrumentos legais. Tutela constitucional
do ambiente. Política Nacional do Meio Ambiente. Espaços ambientalmente protegidos. Sistema
Nacional do Meio Ambiente. Tutela administrativa do ambiente: poder de polícia, competência,
licenciamento, responsabilidade administrativa. Tutela e responsabilidade civil do ambiente.
Participação popular na proteção do ambiente. Legislação ambiental, de parcelamento do solo e da
cidade; 2.2. Patrimônio Público: Controle da Administração Pública. Tribunal de Contas. Mandado de
segurança (individual e coletivo). Mandado de Injunção. Ação popular. Ação civil pública. Improbidade
administrativa. Proteção ao patrimônio público e social. Processo Administrativo. Responsabilidade
fiscal. Responsabilidade civil por dano moral coletivo e difuso e dano social. Orçamento público; 2.3.
Idoso. Pessoa com deficiência. Inclusão social. Saúde Pública. Assistência Social. Educação. Serviços
de relevância pública. Acessibilidade. Pessoas portadoras de transtornos mentais. Igualdade racial.
Pessoas LGBTQIA+; 2.4. Consumidor. A proteção e defesa do consumidor na Constituição Federal de
1988. Política nacional de relações de consumo. Direitos básicos do consumidor. Prevenção e reparação
de danos. Desconsideração da personalidade jurídica. Práticas comerciais. Proteção contratual.
Sanções administrativas. Defesa do consumidor em juízo. Ações coletivas. Sistema Nacional de Defesa
do Consumidor; 2.5. Infância e Juventude: Acesso à justiça. Ministério Público. Proteção Judicial dos
Interesses Individuais, Difusos e Coletivos.

#MAPEIAOVADE

Pessoal, pela importância das legislações indicarei as principais leis que deverão ser lidas pelos candidatos, resta
impossível citar apenas alguns artigos devido a importância desse ponto. As leis que serão citadas devem ser lidas
por completo, pois é de suma importância o domínio do candidato quanto ao tema.

-Meio Ambiente: Licenciamento ambiental (Lei Complementar nº 140/2011 e Resolução CONAMA nº 237/1997) ,
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981), Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) (Lei nº 9.985/2000), Lei de Parcelamento do Solo Urbano (Lei
nº 6.766/1979).

-Consumidor: Leitura Integral do Código de defesa do Consumidor.

-Improbidade Administrativa: LEI Nº 14.230, DE 25 DE OUTUBRO DE 2021

-Estatuto do Idoso

-Estatuto da pessoa com deficiência: LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015.

-Saúde: LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990.

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RAIO X

NÃO DEIXE DE VER –


Atenção as leis citadas acima!!

#RAPIDINHAS: 10 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER

1.RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

O CF estabelece um regime de tríplice responsabilidade: civil, administrativa e penal, todas independentes! Art.
225. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Vejamos cada uma delas.

- Responsabilidade Civil

Compete concorrentemente a União, Estados e Distrito Federal legislar sobre responsabilidade por dano ao meio
ambiente. Os Municípios poderão legislar de acordo com o interesse local, além de poderem suplementar a legis-
lação federal e estadual, no que couber.

#SELIGA: A responsabilidade civil existe mesmo que o dano decorra de empreendimento licenciado, pois não tem
caráter sancionatório, sendo fruto do princípio do usuário-pagador.

Com fundamento no art. 14, §1, da PNMA, essa responsabilidade é de natureza objetiva. Assim, verificado o nexo
de causalidade haverá a obrigação de indenizar, independentemente de culpa. Excepcionalmente, essa respon-
sabilidade dispensará, inclusive, o nexo de causalidade. Isso ocorre nos casos de obrigação de reparação pelo
adquirente do imóvel danificado pelo antigo proprietário, por se tratar de uma obrigação propter rem. Nesse caso,
não há nexo causal, pois, o adquirente não foi o causador do dano.

É adotada a Teoria do Risco Integral, de forma que não são aceitas excludentes da responsabilidade, devendo o
sujeito responder a despeito de fato de terceiro, caso fortuito ou força maior.

O dano ambiental é normalmente irreparável in natura, ou seja, planta-se algo semelhante. Se impossibilitada a
reparação ou restauração em espécie, deverá haver uma compensação ambiental. Se não for possível a compen-
sação, a indenização será em pecúnia.

- Responsabilidade Administrativa

Em regra, a competência material ambiental é comum. Isso quer dizer que cada entidade política terá atribuição
para instituir suas próprias infrações administrativas ambientais, inclusive por meio de lei, pois, neste caso, exerce-
rão o poder de polícia, o qual todas as entidades políticas têm.

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RAIO X

É possível que os órgãos ambientais que não licenciaram determinado empreendimento exerçam o poder de polí-
cia e inclusive autuem aquele empreendimento. Todavia, em caso de concorrência de autuação, prevalece o auto
de infração lavrado pelo órgão que tenha atribuição para o licenciamento.

Segundo o art. 70 da Lei 9.605/98, considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que
viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. Observa-se que a
ocorrência de infração administrativa ambiental independe da existência de dano. Portanto, há a consagração do
princípio da prevenção.

No STJ, apesar de certa oscilação e de a doutrina não entender dessa forma, prevalece o entendimento de que a
responsabilização administrativa ambiental é subjetiva.

- Responsabilidade Penal:

Principais disposições da Lei 9.605/98:

• Todos os crimes são de Ação Penal Pública Incondicionada;

• Os infratores poderão ser as pessoas físicas e as jurídicas;

• Admite conduta culposa ou dolosa.

#OLHAAJURIS

É imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental. STF. Plenário. RE 654833, Rel. Alexandre de
Moraes, julgado em 20/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 999) (Info 983 – clipping)

O erro na concessão de licença ambiental não configura fato de terceiro capaz de interromper o nexo causal na
reparação por lesão ao meio ambiente. STJ. 3ª Turma. REsp 1612887-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
28/04/2020 (Info 671).

É imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental. STF. Plenário. RE 654833, Rel. Alexandre de
Moraes, julgado em 20/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 999) (Info 983 – clipping). O princípio da insignifi-
cância é inaplicável em sede de responsabilidade civil ambiental. STJ. 2ª Turma. AREsp 667867/SP, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 17/10/2018.

Apesar de existir decisões no sentido de ser subjetiva, as decisões mais recentes do STJ declaram a responsabili-
dade objetiva do Estado por omissão na fiscalização, quando for determinante para a concretização ou agrava-
mento do dano causado, mas de execução subsidiária. Isto significa que o Estado integra o título executivo sob
a condição de “devedor-reserva” e só será convocado a quitar a dívida se o degradador original não o fizer, em
caso de total ou parcial exaurimento patrimonial, insolvência ou incapacidade. (STJ. REsp: 1326903)

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RAIO X

É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da respon-
sabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A jurisprudência não mais adota a chamada
teoria da “dupla imputação”. STJ. 6ª Turma. RMS 39173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
6/8/2015 (Info 566).

Para que haja a apreensão de veículo utilizado na prática de infração ambiental não é necessário que se compro-
ve que o bem era utilizado de forma reiterada ou rotineiramente na prática de ilícitos ambientais. STJ. 2ª Turma.
AREsp 1084396-RO, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 19/09/2019 (Info 659). É possível a apreender de veículo
utilizado para a prática de infração ambiental mesmo que este bem seja alugado e quem tenha cometido o ilí-
cito tenha sido o locatário. A autoridade administrativa deve notificar o proprietário do veículo locado antes de
decidir sobre a destinação do bem. Cabe ao proprietário do veículo comprovar sua boa-fé, demonstrando que,
pelas circunstâncias da prática envolvida e apesar de ter tomado as precauções necessárias, não tinha condições
de prever a utilização do bem no ilícito ambiental. (STJ. AREsp 1084396)

O transporte em quantidade excessiva de madeira, não acobertada pela respectiva guia de autorização, legitima
a apreensão de toda a mercadoria (e não apenas do excesso). STJ. 2ª Turma. REsp 1784755-MT, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 17/09/2019 (Info 658).

O proprietário do veículo apreendido em razão de infração de transporte irregular de madeira não titulariza
direito público subjetivo de ser nomeado fiel depositário do bem. A administração deverá avaliar eventual pedido
nesse sentido, tomando as providências dos arts. 105 e 106 do Decreto Federal nº 6.514/2008, em fundamentado
juízo de oportunidade e de conveniência. STJ. 1ª Seção. REsp 1805706/CE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
julgado em 10/02/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1043)

2. LICENÇA AMBIENTAL

Licença ambiental é o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localiza-
ção, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degra-
dação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
A competência para conceder o licenciamento é concorrente entre os entes federativos, na forma da LC 140/11,
considerando dois critérios:

• Dimensão do impacto ambiental:

o Impacto local: não ultrapassa as fronteiras do município = Município ou DF

o Impacto estadual: ultrapassa o território de um município, mas fica adstrito às fronteiras de um Estado = Estado
ou DF .

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RAIO X

o Impacto regional ou nacional: ultrapassa o território de um estado, abrangendo uma região ou mesmo todo o
território brasileiro = União

Dominialidade do bem público afetável: a competência será definida de acordo com a titularidade do bem a ser
afetado pelo empreendimento licenciando. É o adotado para os licenciamentos em unidade de conservação.

#SELIGA: De acordo com o art. 12 da LC 140/11, o critério do ente federativo instituidor da unidade de conser-
vação não será aplicado às Áreas de Proteção Ambiental (APAs). A definição do ente federativo responsável pelo
licenciamento e autorização a que se refere o caput, no caso das APAs, seguirá os critérios previstos nas alíneas
“a”, “b”, “e”, “f” e “h” do inciso XIV do art. 7o, no inciso XIV do art. 8o e na alínea “a” do inciso XIV do art. 9º.

Há, ainda, o critério de atuação supletiva, segundo o qual, quando o órgão ambiental do ente federado de menor
extensão territorial não puder licenciar, o de maior abrangência o fará. #NÃOCONFUNDA esse critério não se
confunde com a possibilidade de atuação subsidiária, que ocorre quando um ente federativo atua para auxiliar
outro no desempenho das suas atribuições, operando-se através de apoio técnico, científico, administrativo ou
financeiro.

Aprovado o empreendimento, será concedida uma licença: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental com-
petente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo
empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimento ou atividades
utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qual-
quer forma, possam causar degradação ambiental.

Apesar de conceitualmente a licença ser um ato administrativo vinculado e não precário, no âmbito do direito am-
biental, a licença poderá ser modificada, suspensa ou cancelada quando ocorrer:

• Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais.

• Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença. • Superveniência
de graves riscos ambientais e de saúde.

As licenças ambientais são de 3 espécies, as quais poderão ser concedidas isoladas ou sucessivamente:

• Licença Prévia (LP): concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando
sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicio-
nantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação. Tem prazo máximo de 5 anos.

• Licença de Instalação (LI): autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especifica-
ções constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais
condicionantes. Ter validade máxima de seis meses.

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RAIO X

• Licença de Operação (LO): autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo
cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes de-
terminados. Varia entre quatro e dez anos, a critério do órgão ambiental. O pedido de renovação deverá ser feito
até 120 dias antes do vencimento, ficando automaticamente renovada até a manifestação do ente licenciante.

#OLHAAJURISSS

É inconstitucional norma estadual que estabelece hipóteses de dispensa e simplificação do licenciamento am-
biental para atividades de lavra a céu aberto por invadir a competência legislativa da União para editar normas
gerais sobre proteção do meio ambiente, nos termos previstos no art. 24, §§ 1º e 2º, da Constituição Federal.
Vale ressaltar também que o estabelecimento de procedimento de licenciamento ambiental estadual que torne
menos eficiente a proteção do meio ambiente equilibrado quanto às atividades de mineração afronta o caput
do art. 225 da Constituição por inobservar o princípio da prevenção. STF. Plenário. ADI 6650/SC, Rel. Min. Cár-
men Lúcia, julgado em 26/4/2021 (Info 1014).

3. SUPERENDIVIDAMENTO

#APOSTACICLOS

#NOVIDADELEGISLATIVA

Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do superendividamento da pessoa natural, sobre o crédito res-
ponsável e sobre a educação financeira do consumidor.

§ 1º Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé,


pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial, nos
termos da regulamentação. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

§ 2º As dívidas referidas no § 1º deste artigo englobam quaisquer compromissos financeiros assumidos decorrentes
de relação de consumo, inclusive operações de crédito, compras a prazo e serviços de prestação continuada.
(Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

§ 3º O disposto neste Capítulo não se aplica ao consumidor cujas dívidas tenham sido contraídas mediante fraude
ou má-fé, sejam oriundas de contratos celebrados dolosamente com o propósito de não realizar o pagamento ou
decorram da aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor. (Incluído pela Lei nº 14.181,
de 2021)

Art. 54-B. No fornecimento de crédito e na venda a prazo, além das informações obrigatórias previstas no art. 52
deste Código e na legislação aplicável à matéria, o fornecedor ou o intermediário deverá informar o consumidor,
prévia e adequadamente, no momento da oferta, sobre: (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

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RAIO X

I - o custo efetivo total e a descrição dos elementos que o compõem; (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

II - a taxa efetiva mensal de juros, bem como a taxa dos juros de mora e o total de encargos, de qualquer natureza,
previstos para o atraso no pagamento; (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

III - o montante das prestações e o prazo de validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de 2 (dois) dias; (In-
cluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

IV - o nome e o endereço, inclusive o eletrônico, do fornecedor; (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

V - o direito do consumidor à liquidação antecipada e não onerosa do débito, nos termos do § 2º do art. 52 deste
Código e da regulamentação em vigor. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

§ 1º As informações referidas no art. 52 deste Código e no caput deste artigo devem constar de forma clara e
resumida do próprio contrato, da fatura ou de instrumento apartado, de fácil acesso ao consumidor. (Incluído pela
Lei nº 14.181, de 2021)

§ 2º Para efeitos deste Código, o custo efetivo total da operação de crédito ao consumidor consistirá em taxa
percentual anual e compreenderá todos os valores cobrados do consumidor, sem prejuízo do cálculo padronizado
pela autoridade reguladora do sistema financeiro. (Incluído pela Lei nº 14.181, de 2021)

§ 3º Sem prejuízo do disposto no art. 37 deste Código, a oferta de crédito ao consumidor e a oferta de venda a
prazo, ou a fatura mensal, conforme o caso, devem indicar, no mínimo, o custo efetivo total, o agente financiador
e a soma total a pagar, com e sem financiamento.

#OLHAOGANCHO

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RAIO X

4. FATO E VÍCIO DO PRODUTO

Primeiramente, importante observar que o CDC adotou, como regra, o regime de RESPONSABILIDADE CIVIL
OBJETIVA (sem culpa), sendo certo que, somente no art. 14, §4°, que trata da responsabilidade dos profissionais
liberais por fato do serviço, erigiu o regime de responsabilidade civil subjetiva (com culpa).

Essa responsabilidade se funda na TEORIA DO RISCO DO EMPREENDIMENTO OU DA ATIVIDADE, para a qual


aquele que aufere lucro da atividade empresarial deve responder pelos ônus causados essa atividade. Segue o
brocardo ubi emolumentum, ibi onus, que significa “onde há ganho, há despesa”.

#SELIGA #NÃOCAIANAPEGADINHA: Pessoal, então quer dizer que nessas hipóteses se aplica a TEORIA DO
RISCO INTEGRAL? NÃO! Esta teoria não é utilizada, pois há casos de excludentes da responsabilidade civil no CDC,
como os presentes no art. 12, §3° e no art. 14, §3° do CDC #MAPEIA. Desse modo, guardem o seguinte: Em maté-
ria de responsabilidade civil objetiva, o CDC adotou a teoria do RISCO DA ATIVIDADE, e não do RISCO INTEGRAL.
A prova disso, como se viu, está no art. 12, §3º e no art. 14, §3º, ambos do Código de Defesa do Consumidor.

#OLHAOGANCHO: Fique atento à Teoria do Risco de Desenvolvimento:


Trata-se do risco que não pode ser identificado quando da colocação do produto no mercado, mas, em função
de avanços científicos e técnicos, é descoberto posteriormente, geralmente depois de algum tempo de uso do
produto. Prevalece que não exclui a responsabilidade, porque o fornecedor é sempre responsável pelos efeitos
nefastos de seu produto, ainda que este apresente inteira conformidade com as exigências da tecnologia e da
ciência da época da fabricação. Muito aplicado ao direito ambiental, quando um produto, a princípio, não pa-
recia ser causador de danos e, depois de anos, com o desenvolvimento das pesquisas, descobre-se que ele é
agressivo ao meio ambiente.

Assim, a responsabilidade de reparar o dano é objetiva, mas é possível que se observe, no caso concreto, a inci-
dência de uma excludente. Logo, da leitura dos artigos supracitados, extrai-se que: o consumidor prova dano +
nexo causal e o fornecedor prova que o produto não foi colocado no mercado, que não há defeito ou que houve
culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros (Atenção: é ônus do fornecedor provar as excludentes – inversão
ope legis).

Embora não mencionadas no CDC, o STJ tem admitido a culpa concorrente para reduzir a indenização e o caso
fortuito e força maior para excluir a responsabilidade.

Sobre a ocorrência de fortuitos, é importante estarmos atentos à diferenciação “fortuito interno x fortuito externo”,
relevante para fins de exclusão ou não da responsabilidade. Vejamos:

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RAIO X

#MAISTABELA

FATO  VÍCIO
A utilização do produto ou serviço pode gerar acidentes de Os produtos ou serviços não correspondem
consumo.  às expectativas geradas pelo consumidor. 
Ex: Paulo compra um Playstation®, ele liga o  aparelho, co- Ex: Paulo compra um Playstation® e ele
meça a jogar e, de repente, o  videogame esquenta muito e não “roda”  todos os jogos.
explode, ferindo-o. O prejuízo é intrínseco: o bem só está em 
O prejuízo é extrínseco: não há uma limitação da  inadequa- desconformidade com o fim a que se des-
ção do produto em si, mas uma  tina.
inadequação que gera danos além do produto. Ex.: a caixa de um aparelho de som não
Ex.: curto-circuito no aparelho de som, que pega fogo.  funciona.
Garantia da incolumidade físico-psíquica do consumidor, pro- Garantia da incolumidade econômica do 
tegendo sua saúde e segurança. consumidor.
O produto tem um DEFEITO, que é um vício acrescido de um O produto tem um VÍCIO que o torna ina-
problema extra: gera um dano ao  consumidor. dequado.
Prescrição.  Decadência.
No fato do produto, a responsabilidade do comerciante é di- Comerciante: responsabilidade solidária (o
ferenciada (art. 13). art. 14  fala em “fornecedores”).
No fato do serviço, a responsabilidade dos profissionais libe- A responsabilidade é objetiva (não há dife-
rais é subjetiva.  renciação).

#SELIGA: Atenção para decisão do STJ sobre o que seria o fato/defeito do produto! O aparecimento de grave vício
em revestimento (pisos e azulejos), quando já se encontrava devidamente instalado na residência do consumidor,
configura FATO DO PRODUTO, sendo, portanto, de 5 anos o prazo prescricional da pretensão reparatória (art.
27 do CDC). O art. 12, § 1º do CDC afirma que “defeito” diz respeito a circunstâncias que gerem a insegurança
do produto ou serviço. Está relacionado, portanto, com o acidente de consumo. No entanto, a doutrina e o STJ
entendem que o conceito de “fato do produto” deve ser lido de forma mais ampla, abrangendo todo e qualquer
vício que seja grave a ponto de ocasionar dano indenizável ao patrimônio material ou moral do consumidor. Desse
modo, mesmo o produto/serviço não sendo “inseguro”, isso poderá configurar “fato do produto/serviço” se o vício
for muito grave a ponto de ocasionar dano material ou moral ao consumidor. STJ. 3ª Turma. REsp 1.176.323-SP, Rel.
Min. Villas Bôas Cueva, julgado em 3/3/2015 (Info 557).

5.ESTATUTO DO IDOSO

Pessoal, no tema Proteção ao Idoso, o importante é saber os detalhes do Estatuto, assim como as jurisprudências
atualizadas.

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RAIO X

#LEISECAAAA

Dispositivos legais cuja memorização é MUITO importante:

Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante descontos de
pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem
como o acesso preferencial aos respectivos locais.

Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua subsistência,
nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei
Orgânica da Assistência Social – Loas.

Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado
para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.

Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação de
serviços com a pessoa idosa abrigada.

§ 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a cobrança de participação do idoso no custeio da


entidade.

§ 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma de


participação prevista no § 1o, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício previdenciário
ou de assistência social percebido pelo idoso. § 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante legal
firmar o contrato a que se refere o caput deste artigo.

Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de prioridade
na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o seguinte: I - reserva de pelo menos 3% (três por cento)
das unidades habitacionais residenciais para atendimento aos idosos;

Parágrafo único. As unidades residenciais reservadas para atendimento a idosos devem situar-se, preferencialmen-
te, no pavimento térreo.

Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos
urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços
regulares.

§ 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos
para os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente para idosos.

§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a
critério da legislação local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos meios de transporte previstos
no caput deste artigo.

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RAIO X
Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos da legislação específica:

I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mí-
nimos;

II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para os idosos que excederem as
vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos.

Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos es-
tacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade
ao idoso.

Art. 55. As entidades de atendimento que descumprirem as determinações desta Lei ficarão sujeitas, sem prejuízo
da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos, às seguintes penalidades, observado o devido
processo legal:

I – as entidades governamentais:

a) advertência;

b) afastamento provisório de seus dirigentes;

c) afastamento definitivo de seus dirigentes;

d) fechamento de unidade ou interdição de programa;

II – as entidades não-governamentais:

a) advertência;

b) multa;

c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas;

d) interdição de unidade ou suspensão de programa;

e) proibição de atendimento a idosos a bem do interesse público.

§ 1o Havendo danos aos idosos abrigados ou qualquer tipo de fraude em relação ao programa, caberá o afasta-
mento provisório dos dirigentes ou a interdição da unidade e a suspensão do programa.

Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências
judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em
qualquer instância

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RAIO X

§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá
o benefício à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará as providências a serem
cumpridas, anotando-se essa circunstância em local visível nos autos do processo.

§ 2o A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite,
companheiro ou companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos. § 3o A prioridade se estende aos
processos e procedimentos na Administração Pública, empresas prestadoras de serviços públicos e instituições
financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defensoria Pública da União, dos Estados e do Distrito Federal em
relação aos Serviços de Assistência Judiciária. § 4o Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o fácil
acesso aos assentos e caixas, identificados com a destinação a idosos em local visível e caracteres legíveis.

Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá compe-
tência absoluta para processar a causa, ressalvadas as competências da Justiça Federal e a competência originária
dos Tribunais Superiores.

#OLHAAJURISSSS

-A pessoa com idade igual ou superior a 60 anos que figura como parte ou interveniente na relação processual
possui prioridade na tramitação do feito (arts. 71 da Lei nº 10.471/2003 e art. 1.048 do CPC/2015). Quem tem legi-
timidade para postular a prioridade de tramitação do feito atribuída por lei ao idoso? O próprio idoso. A pessoa
idosa é a parte legítima para requerer a prioridade de tramitação do processo, devendo, para tanto, fazer prova
da sua idade. A prioridade na tramitação depende, portanto, de manifestação de vontade do interessado, por
se tratar de direito subjetivo processual do idoso. A necessidade do requerimento é justificada pelo fato de que
nem toda tramitação prioritária será benéfica ao idoso, especialmente em processos nos quais há alta proba-
bilidade de que o resultado lhe seja desfavorável. Ex: determinada pessoa jurídica ajuizou execução contra um
idoso e pediu prioridade na tramitação do feito alegando que o executado possui mais de 60 anos. O pleito não
foi aceito considerando que falta legitimidade e interesse à exequente para formular o referido pedido. STJ. 3ª
Turma. REsp 1801884/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/05/2019 (Info 650).

-A operadora do plano de saúde tem o dever de custear as despesas de acompanhante do paciente idoso no
caso de internação hospitalar. Fundamento: art. 16 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) e art. 22 da Resolu-
ção Normativa nº 428/2017, da ANS. STJ. 3ª Turma. REsp 1793840-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 05/11/2019 (Info 660).

-A reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mí-
nimos, prevista no art. 40, I, do Estatuto do Idoso, não se limita ao valor das passagens, abrangendo eventuais
custos relacionados diretamente com o transporte, em que se incluem as tarifas de pedágio e de utilização dos
terminais. STJ. 1ª Turma. REsp 1543465-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 13/12/2018 (Info 641).

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RAIO X

-É formalmente inconstitucional lei estadual que concede descontos aos idosos para aquisição de medicamentos
em farmácias localizadas no respectivo estado. STF. Plenário. ADI 2435/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, redator do
acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/12/2020 (Info 1003).

-A instituição financeira se recusa a fazer empréstimo consignado caso a idade do cliente comado com o prazo
do contrato for maior que 80 anos. Ex: cliente tem 78 anos e o contrato de empréstimo teria prazo de paga-
mento de 3 anos. Neste caso, a instituição financeira não aceita celebrar o pacto. Essa restrição não representa
uma discriminação abusiva contra os idosos. A adoção de critério etário para distinguir o tratamento da popu-
lação em geral é válida quando adequadamente justificada e fundamentada no ordenamento jurídico, sempre
atentando-se para a sua razoabilidade diante dos princípios da igualdade e da dignidade da pessoa humana.
Esse critério de vedação ao crédito consignado para tais hipóteses não representa discriminação negativa que
coloque em desvantagem exagerada a população idosa considerando que esta poderá se valer de outras mo-
dalidades de crédito bancário. STJ. 3ª Turma. REsp 1783731-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/04/2019
(Info 647).

#SAINDODOFORNO
-A operadora que resiliu unilateralmente plano de saúde coletivo empresarial não possui a obrigação de for-
necer ao usuário idoso, em substituição, plano na modalidade individual, nas mesmas condições de valor do
plano extinto. STJ. 3ª Turma. REsp 1924526-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 22/06/2021 (Info 703).

6.ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Aqui a observação que faço é idêntica àquela que foi feita quanto ao Estatuto do Idoso. Atenção aos detalhes da
lei e da jurisprudência atualizada.

Dispositivos legais cuja memorização é importante:

Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não so-
frerá nenhuma espécie de discriminação.

§ 1º Considera-se discriminação em razão da deficiência toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por ação
ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exercício
dos direitos e das liberdades fundamentais de pessoa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações razoáveis
e de fornecimento de tecnologias assistivas.

§ 2º A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa.

Art. 7º É dever de todos comunicar à autoridade competente qualquer forma de ameaça ou de violação aos direitos
da pessoa com deficiência.

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RAIO X

Art. 21. Quando esgotados os meios de atenção à saúde da pessoa com deficiência no local de residência, será
prestado atendimento fora de domicílio, para fins de diagnóstico e de tratamento, garantidos o transporte e a
acomodação da pessoa com deficiência e de seu acompanhante.

Art. 28, IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portu-
guesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas;

Art. 32. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, a pessoa com deficiência ou
o seu responsável goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o seguinte:

I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das unidades habitacionais para pessoa com deficiência;

Art. 47. Em todas as áreas de estacionamento aberto ao público, de uso público ou privado de uso coletivo e em
vias públicas, devem ser reservadas vagas próximas aos acessos de circulação de pedestres, devidamente sinali-
zadas, para veículos que transportem pessoa com deficiência com comprometimento de mobilidade, desde que
devidamente identificados.

§ 1º As vagas a que se refere o caput deste artigo devem equivaler a 2% (dois por cento) (o percentual do Estatuto
do Idoso é diferente: 5%) do total, garantida, no mínimo, 1 (uma) vaga devidamente sinalizada e com as especifi-
cações de desenho e traçado de acordo com as normas técnicas vigentes de acessibilidade.

Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem reservar 10% (dez por cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com
deficiência.

Art. 52. As locadoras de veículos são obrigadas a oferecer 1 (um) veículo adaptado para uso de pessoa com de-
ficiência, a cada conjunto de 20 (vinte) veículos de sua frota. Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no
mínimo, câmbio automático, direção hidráulica, vidros elétricos e comandos manuais de freio e de embreagem.

Art. 63, § 3º Os telecentros e as lan houses de que trata o § 2o deste artigo devem garantir, no mínimo, 10% (dez
por cento) de seus computadores com recursos de acessibilidade para pessoa com deficiência visual, sendo asse-
gurado pelo menos 1 (um) equipamento, quando o resultado percentual for inferior a 1 (um).

Art. 68, § 1º Nos editais de compras de livros, inclusive para o abastecimento ou a atualização de acervos de biblio-
tecas em todos os níveis e modalidades de educação e de bibliotecas públicas, o poder público deverá adotar cláu-
sulas de impedimento à participação de editoras que não ofertem sua produção também em formatos acessíveis.

§ 2º Consideram-se formatos acessíveis os arquivos digitais que possam ser reconhecidos e acessados por softwa-
res leitores de telas ou outras tecnologias assistivas que vierem a substituí-los, permitindo leitura com voz sintetiza-
da, ampliação de caracteres, diferentes contrastes e impressão em Braille.

Art. 75. O poder público desenvolverá plano específico de medidas, a ser renovado em cada período de 4 (quatro)
anos, com a finalidade de: (…) Parágrafo único. Para fazer cumprir o disposto neste artigo, os procedimentos cons-
tantes do plano específico de medidas deverão ser avaliados, pelo menos, a cada 2 (dois) anos.

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RAIO X

Art. 76.

I - É vedada a instalação de seção eleitoral exclusiva para pessoas com deficiência. IV - garantia do livre exercício do
direito ao voto e, para tanto, sempre que necessário e a seu pedido, permissão para que a pessoa com deficiência
seja auxiliada na votação por pessoa de sua escolha.

Art. 83. Os serviços notariais e de registro não podem negar ou criar óbices ou condições diferenciadas à prestação
de seus serviços em razão de deficiência do solicitante, devendo reconhecer sua capacidade legal plena, garantida
a acessibilidade.

Parágrafo único. O descumprimento do disposto no caput deste artigo constitui discriminação em razão de defi-
ciência.

Art. 85, § 3o No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar preferência
a pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado.

Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos termos da lei, a pessoa com deficiência moderada ou grave que:

I - receba o benefício de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e
que passe a exercer atividade remunerada que a enquadre como segurado obrigatório do RGPS;

II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) anos, o benefício de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei no
8.742, de 7 de dezembro de 1993, e que exerça atividade remunerada que a enquadre como segurado obrigatório
do RGPS.

Tomada de decisão apoiada (art. 1.783-A do CC).

#DEOLHONAJURISSSS

-São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei nº 13.146/2015, que determinam que as escolas privadas
ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com deficiência sem que possam cobrar
valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa
obrigação. STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2016 (Info 829).

-É constitucional norma de Constituição Estadual que preveja que “o Estado e os Municípios reservarão vagas em
seus respectivos quadros de pessoal para serem preenchidas por pessoas portadoras de deficiência.” Apesar de,
em tese, a Constituição Estadual não poder dispor sobre servidores municipais, sob pena de afronta à autonomia
municipal, neste caso não há inconstitucionalidade, considerando que se trata de mera repetição de norma da
CF/88:Art. 37 (...) VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras
de deficiência e definirá os critérios de sua admissão; STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 25/10/2018 (Info 921).

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RAIO X

-A peculiaridade de que o veículo seja conduzido por terceira pessoa não constitui óbice razoável ao gozo da
isenção fiscal, de sorte que, preponderando o princípio da proteção aos deficientes (físicos ou mentais), ante os
desfavores sociais de que tais pessoas são vítimas, deve ser superado o alcance da norma em prol das ações
afirmativas, já que incumbe ao Estado soberano assegurar por si ou por seus delegatários o cumprimento do
postulado do acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência. STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 137112/SP,
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 13/05/2019.

#SAINDODOFORNO
-A exclusão da previsão de adaptação das provas físicas para candidatos com deficiência viola o bloco de consti-
tucionalidade composto pela Constituição Federal e pela Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência – CDPD (Decreto Legislativo 186/2008), incorporada à ordem jurídica brasileira com o “status” de
Emenda Constitucional, na forma do art. 5º, § 3º, da CF/88. Duas teses fixadas pelo STF para o tema:
1) É inconstitucional a interpretação que exclui o direito de candidatos com deficiência à adaptação razoável em
provas físicas de concursos públicos.
2) É inconstitucional a submissão genérica de candidatos com e sem deficiência aos mesmos critérios em provas
físicas, sem a demonstração da sua necessidade para o exercício da função pública.
STF. Plenário. ADI 6476/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3/9/2021 (Info 1028).
-Depois do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), que alterou os arts. 3º e 4º do Código Civil,
não é mais possível declarar como absolutamente incapaz o maior de 16 anos que, em razão de enfermidade
permanente, encontra-se inapto para gerir sua pessoa e administrar seus bens de modo voluntário e consciente.
A Lei nº 13.146/2015 teve por objetivo assegurar e promover a inclusão social das pessoas com deficiência física
ou psíquica e garantir o exercício de sua capacidade em igualdade de condições com as demais pessoas. A par-
tir da entrada em vigor da referida lei, só podem ser considerados absolutamente incapazes os menores de 16
anos, ou seja, o critério passou a ser apenas etário, tendo sido eliminadas as hipóteses de deficiência mental ou
intelectual anteriormente previstas no Código Civil. O instituto da curatela pode ser excepcionalmente aplicado
às pessoas com deficiência, ainda que agora sejam consideradas relativamente capazes, devendo, contudo, ser
proporcional às necessidades e às circunstâncias de cada caso concreto (art. 84, § 3º, da Lei nº 13.146/2015). STJ.
3ª Turma. REsp 1927423/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 27/04/2021 (Info 694).

7. TUTELA DA SAÚDE

Não preciso nem dizer que esse ponto é #APOSTACICLOS que todos já sabem, principalmente devido a pandemia
que estamos atravessando. Certamente o direito a saúde atualmente é um campo fértil para ser explorado em
diversas disciplinas da nossa prova, principalmente na tutela coletivo do direito à saúde, e no que tange ao forne-
cimento de medicamento pelo poder público. Então máxima atenção ao tema. Importante a leitura da lei do SUS,
como fora indicado no começo do nosso raio x .

Nos termos do art. 196 da Constituição Federal, a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

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RAIO X

Diante disso, o Superior Tribunal de Justiça tem entendimento sedimentado no sentido de que a responsabilidade
dos entes federativos pelo regular funcionamento do Sistema Único de Saúde é de natureza solidária, de modo
que qualquer deles será parte legítima para figurar no polo passivo da ação que tenha a finalidade de promoção
de quaisquer conjuntos de ações e serviços públicos de saúdes.

#DEOLHONAJURIS:

“A jurisprudência deste Tribunal entende pela solidariedade entre União, Estados e Municípios em ação que
objetiva a garantia do acesso à medicação para pessoas desprovidas de recursos financeiros.” (AgRg no REsp
1263581/RR, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 5/2/2015, DJe 18/2/2015)

Dentre os objetivos do Sistema Único de Saúde está a assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica. Nesse
cenário, é possível que os entes federados sejam compelidos a conceder medicamentos, ainda que não incorpo-
rados em atos normativos do SUS.

Inicialmente, cabe destacar a ponderação dos Ministros no sentido de que a intervenção judicial voltada à garantia
da implementação de políticas públicas não implica violação ao princípio da separação dos poderes, substancial-
mente no que tange à garantia do direito social à saúde (art. 6º da CF).

#OLHAESSEFUNDAMENTO: “Não podem os direitos sociais ficar condicionados à boa vontade do Adminis-
trador, sendo de fundamental importância que o Judiciário atue como órgão controlador da atividade adminis-
trativa. Seria uma distorção pensar que o princípio da separação dos poderes, originalmente concebido com o
escopo de garantia dos direitos fundamentais, pudesse ser utilizado justamente como óbice à realização dos
direitos sociais, igualmente fundamentais. Tratando-se de direito fundamental, incluso no conceito de mínimo
existencial, inexistirá empecilho jurídico para que o Judiciário estabeleça a inclusão de determinada política pú-
blica nos planos orçamentários do ente político, mormente quando não houver comprovação objetiva da inca-
pacidade econômico financeira da pessoa estatal. […] “Agravo regimental improvido (AgRg no REsp 1.136.549/RS,
Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 21/6/2010).

#DAOCLOSE

Lei 8.080/1990

Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS): I - a execução de ações:

a) de vigilância sanitária;

b) de vigilância epidemiológica;

c) de saúde do trabalhador; e

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RAIO X

d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; (grifo nosso)

Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere a alínea d do inciso I do art. 6º consiste em:

I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade
com as diretrizes terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o agravo à saúde a ser tratado ou,
na falta do protocolo, em conformidade com o disposto no art. 19-P;

Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS de novos medicamentos, produtos e procedimentos,
bem como a constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz terapêutica, são atribuições do Ministé-
rio da Saúde, assessorado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS.

#ATENÇÃO

A concessão dos medicamentos não incorporados em atos normativos do SUS exige a presença cumulativa dos
seguintes requisitos:

a) Comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado expedido por médico que assiste o
paciente, da imprescindibilidade ou necessidade do medicamento, assim como da ineficácia, para o tratamento da
moléstia, dos fármacos fornecidos pelo SUS;

b) incapacidade financeira de arcar com o custo do medicamento prescrito;

c) existência de registro do medicamento na ANVISA, observados os usos autorizados pela agência.

Além disso, o STJ decidiu alterar a data de início da produção dos efeitos desta decisão:

Modula-se os efeitos do presente repetitivo de forma que os requisitos acima elencados sejam exigidos somente
quanto aos processos distribuídos a partir da data da publicação do acórdão, ou seja, 4/5/2018.

Explicando melhor:

a) Os três requisitos cumulativos estabelecidos no acórdão (REsp 1.657.156-RJ) são aplicáveis a todos os
processos distribuídos na primeira instância a partir de 4/5/2018;

b) Quanto aos processos pendentes, com distribuição anterior a 4/5/2018, é exigível apenas um requisito
que se encontrava sedimentado na jurisprudência do STJ: a demonstração da imprescindibilidade do me-
dicamento.

STJ. 1ª Seção. EDcl no REsp 1657156-RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 12/09/2018 (Recurso Repetitivo -
Tema 106) (Info 633).

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RAIO X
#SELIGA: Pessoal, chamo atenção para esta data: 4/5/2018!!! Caso na prova o examinador queira complicar,
ele pode no enunciado narrar que o processo foi distribuído em primeira instância antes da data citada, e nesse
caso o candidato deverá atentar para o efeito prospectivo modulado da decisão, aplicando apenas o requisito
da “demonstração da imprescindibilidade do medicamento” já que a nova tese somente se aplica aos processos
distribuídos após essa data. Muitos devem se perguntar (Mas isso não seria um estudo mais verticalizado para
a segunda fase? A resposta é um clássico NÃO! Recentemente na prova de primeira fase da Defensoria RJ o
examinador cobrou exatamente essa diferença na questão OBJETIVA, então prestem atenção na hora da prova.

- Não registrado pela ANVISA :

Fornecimento pelo Poder Judiciário de medicamentos não registrados pela ANVISA

1. O Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais.

2. A ausência de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impede, como regra geral, o forneci-
mento de medicamento por decisão judicial.

3. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de medicamento sem registro sanitário, em caso de mora
irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido (prazo superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando preenchidos três
requisitos:

a) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de medicamentos órfãos para doen-
ças raras e ultrarraras);

b) a existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior; e

c) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil.

4. As ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão necessariamente ser
propostas em face da União.

STF. Plenário. RE 657718/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 22/5/2019
(repercussão geral) (Info 941).

-É possível a determinação judicial ao fornecimento de medicamentos com base em prescrição elaborada por mé-
dico particular, não se podendo exigir que a receita seja subscrita por profissional vinculado ao SUS. STJ. 2ª Turma.
AREsp 1534208/RN, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 20/08/2019. STJ. 1ª Turma. AgInt no RMS 47.529/SC,
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 17/06/2019.

Isto porque, segundo a jurisprudência do STJ, a escolha do medicamento compete a médico habilitado e conhece-
dor do quadro clínico do paciente, podendo ser tanto um profissional particular quanto um da rede pública. O que
é imprescindível é a comprovação da necessidade médica e da hipossuficiência econômica.

STJ. 2ª Turma. REsp 1794059/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 22/04/2019.

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RAIO X

8. PESSOAS PORTADORAS DE TRANSTORNOS MENTAIS

Chamo atenção para essa lei, que é bem pequena e de conhecimento de todos, pois sempre cai!! Quando vier
alguma questão, vai ser relacionada ao tema da internação. Portanto, atenção a classificação e aos artigos:

Art. 4º A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se
mostrarem insuficientes.

§ 1º O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.

§ 2º O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa
portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de
lazer, e outros.

Art. 6º A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os
seus motivos.

Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:

I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;

II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e

III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.

Art. 7º A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento da
admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento.

Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por determi-
nação do médico assistente.

Art. 8º A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado no
Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento.

§ 1º A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério
Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo pro-
cedimento ser adotado quando da respectiva alta.

§ 2º O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal, ou quan-
do estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.

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RAIO X

Art. 9º A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que
levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais
internados e funcionários.

Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento serão comunicados pela direção
do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à autoridade
sanitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência.

9. LEI ANTICORRUPÇÃO :LEI Nº 12.846, DE 1º DE AGOSTO DE 2013.

Nesses dois próximos tópicos, vamos falar um pouco sobre a proteção a moralidade e ao patrimônio público, tema
de suma importância para a prova e atuação diária do membro do Ministério Público. Ressalto ser de suma impor-
tância a leitura da lei seca nesse ponto!

A Lei 12.846/2013 dispõe sobre a responsabilidade administrativa e civil das pessoas jurídicas que praticarem atos
contra a administração pública, nacional ou estrangeira. O objetivo da Lei foi o de punir as pessoas jurídicas
envolvidas em casos de corrupção. Antes, se uma sociedade empresária participasse de atos de corrupção na
administração pública, apenas as pessoas físicas (empregados da empresa, agentes públicos etc.) seriam punidas.

Com a Lei, a própria pessoa jurídica receberá graves sanções civis e administrativas, podendo até mesmo ser deter-
minada a sua dissolução compulsória. Exemplo: determinada empresa participa de uma licitação para a construção
de um estádio e um de seus funcionários pagar propina ao presidente da comissão de licitação para que o certame
seja fraudado e a construtora se sagre vencedora.

Além das punições impostas ao funcionário e ao agente público, agora também a pessoa jurídica beneficiada so-
frerá sanções pela prática do ato lesivo à administração pública, nos termos da nova Lei.

RESPONSABILIDADE APLICÁVEL À PESSOA JURÍDICA

A Lei 12.846/2013 prevê que as pessoas jurídicas que praticarem atos lesivos contra a administração pública terão
responsabilidade OBJETIVA, na esfera administrativa e civil.

Assim, haverá responsabilidade da pessoa jurídica sempre que restar comprovada a sua participação em um dos
atos lesivos contra a administração pública elencados pela Lei 12.846/2013.

RESPONSABILIDADE DAS PESSOAS FÍSICAS

As pessoas físicas que concorrerem para a prática dos atos lesivos previstos na Lei 12.846/2013 terão responsabili-
dade SUBJETIVA. A Lei 12.846/2013 determina que os dirigentes ou administradores da pessoa jurídica somente
serão responsabilizados por atos ilícitos na medida da sua culpabilidade.

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RAIO X

COMPLIANCE E A LEI ANTICORRUPÇÃO

Comply é um verbo em inglês que quer dizer cumprir, executar, satisfazer ou realizar o que lhe foi imposto. Vem daí
o termo Compliance. Na prática, significa estar em conformidade com as leis, regulamentos internos e externos e
princípios corporativos que garantem transparência na condução dos negócios.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

A Lei 12.846/2013, trouxe expressamente no artigo 14 a possibilidade de a personalidade jurídica ser desconside-
rada quando utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos
na referida lei ou para provocar confusão patrimonial.

Art. 14. A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que utilizada com abuso do direito para fa-
cilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou para provocar confusão patrimonial,
sendo estendidos todos os efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus administradores e sócios com
poderes de administração, observados o contraditório e a ampla defesa.

Ocorre que mesmo após a previsão legal, parcela da doutrina tem criticado o dispositivo, posto que haveria uma
usurpação da competência do Poder Judiciário, bem como ocorreria o desvirtuamento do propósito da Lei Anti-
corrupção, que é punir pessoas jurídicas e não pessoas físicas.

Todavia, esse posicionamento não deve prosperar, já que os princípios da moralidade, eficiência e supremacia do
interesse público fundamentam a possibilidade de que a Administração Pública possa aplicar o instituto da disre-
gard independente do pronunciamento do Poder Judiciário.

Outrossim, não haverá desvirtuamento do propósito da Lei, posto que as sanções dispostas na Lei são direcionadas
exclusivamente em face da pessoa jurídica infratora. A desconsideração da personalidade jurídica só tem efeito
no plano da execução da pena. Diante do exposto, conclui-se pela possibilidade de que a Administração Pública
aplique a desconsideração da personalidade jurídica no âmbito de processos administrativos, sobretudo no âmbito
da aplicação da Lei 12.846/2013.

O rol dos atos lesivos, previsto no art. 5º da LEI ANTICORRUPÇÃO, segundo a doutrina majoritária, é taxativo/
exaustivo.

Contudo, a formulação genérica dos preceitos do art. 5 ilustra que, por se tratar de responsabilidade civil-adminis-
trativa, a interpretação das regras da LEI ANTICORRUPÇÃO não se submete à noção de tipicidade estrita, própria
do Direito Penal.

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RAIO X

#ACORDODELENIÊNCIA

#TEMQUESABER

Art. 16. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pública poderá celebrar acordo de leniência com as
pessoas jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei que colaborem efetivamente com as in-
vestigações e o processo administrativo, sendo que dessa colaboração resulte:
I - a identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber; e
II - a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob apuração.
§ 1º O acordo de que trata o caput somente poderá ser celebrado se preenchidos, cumulativamente, os seguintes
requisitos:
I - a pessoa jurídica seja a primeira a se manifestar sobre seu interesse em cooperar para a apuração do ato ilícito;
II - a pessoa jurídica cesse completamente seu envolvimento na infração investigada a partir da data de propo-
situra do acordo;
III - a pessoa jurídica admita sua participação no ilícito e coopere plena e permanentemente com as investiga-
ções e o processo administrativo, comparecendo, sob suas expensas, sempre que solicitada, a todos os atos
processuais, até seu encerramento.
2º A celebração do acordo de leniência isentará a pessoa jurídica das sanções previstas no inciso II do art. 6º e
no inciso IV do art. 19 e reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da multa aplicável.
§ 3º O acordo de leniência não exime a pessoa jurídica da obrigação de reparar integralmente o dano causado.
§ 4º O acordo de leniência estipulará as condições necessárias para assegurar a efetividade da colaboração e o
resultado útil do processo.
§ 5º Os efeitos do acordo de leniência serão estendidos às pessoas jurídicas que integram o mesmo grupo
econômico, de fato e de direito, desde que firmem o acordo em conjunto, respeitadas as condições nele
estabelecidas.
§ 6º A proposta de acordo de leniência somente se tornará pública após a efetivação do respectivo acordo, salvo
no interesse das investigações e do processo administrativo.
§ 7º Não importará em reconhecimento da prática do ato ilícito investigado a proposta de acordo de leniência
rejeitada.
§ 8º Em caso de descumprimento do acordo de leniência, a pessoa jurídica ficará impedida de celebrar novo
acordo pelo prazo de 3 (três) anos contados do conhecimento pela administração pública do referido descum-
primento.
§ 9º A celebração do acordo de leniência interrompe o prazo prescricional dos atos ilícitos previstos nesta Lei.
§ 10. A Controladoria-Geral da União - CGU é o órgão competente para celebrar os acordos de leniência no
âmbito do Poder Executivo federal, bem como no caso de atos lesivos praticados contra a administração pública
estrangeira.

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RAIO X

10. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: LEI 8429/92 ALTERADO PELA LEI Nº 14.230, DE 25 DE OUTUBRO
DE 2021

Pessoal, como todos sabem tivemos no mês de outubro a publicação da nova lei que alterou profundamente a
sistemática da punição por ato de improbidade administrativa. Infelizmente seremos cobaia em nosso concurso da
cobrança da nova sistemática. Neste primeiro momento é de suma importância fazer a leitura completa da lei que
é densa e extensa.

Importante frisar que ainda carecemos de discussões doutrinárias e não temos jurisprudência sobre o tema, então
as questões que serão cobradas serão literais, por isso nesse ponto, em um primeiro momento sugiro a leitura
exaustiva das mudanças.

Sinalizo que estou acompanhando os debates prematuro sobre a lei, e infelizmente não temos muita fonte de
consulta neste primeiro momento.

Pela alteração quase que por completo da sistemática, optei por não trazer jurisprudência com base na lei antiga,
já que estão superadas, pois a grande maioria é contrária a literalidade da nova lei, sendo assim, em um primeiro
momento estão superadas.

O que podemos falar sobre Improbidade?

Vejamos o que de fato interessa no momento:

A improbidade está ligada à desonestidade; no que tange à improbidade administrativa está ligada à desonesti-
dade no trato com a coisa pública. Quando a lei 8429/92 entrou em vigor, houve descolamento do significado
normativo de improbidade da sua raiz etimológica porque a lei de improbidade administrativa considerou como
ato ímpobro ação culposa que causa dano ao erário e considerou ato de improbidade a ofensa ao princípio da
eficiência, da legalidade e aqui não está presente

o elemento imoralidade, e isso demonstra o referido descolamento.

OBS.: Temos que ter em mente principalmente a Convenção de Mérida.

A nova lei de improbidade passa exigir dolo para configuração das 03 (três) modalidades e mais do que isso, passa
a exigir uma finalidade específica, qual seja: praticar a conduta dolosamente para obter vantagem indevida pra
si ou para outrem.

A proteção ao patrimônio público é um direito fundamental. Hoje existe um direito fundamental à probidade. O
Brasil ratificou 03 convenções internacionais de combate à corrupção e estes são considerados normas supralegais
(acima da lei infraconstitucional), podendo, inclusive, fazer uso do controle de convencionalidade.

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RAIO X

Houve redução do objeto: Foi excluída a lesão culposa; fechamento do rol do art. 11 (antes era exemplificativo)
e muitos já começam a discutir a constitucionalidade deste fechamento do art. 11, sob o prisma da proibição in-
suficiente.

b) a lei não traz uma norma de extensão temporal diferentemente do CP; ela traz uma norma de extensão tempo-
ral para alcançar e punir aquelas condutas que não atingiram a consumação. Na sistemática originária, a solução
era dada pela norma residual que era o art. 11.

c) no que tange a sujeição, a lei primeiro identifica o sujeito passivo e consequentemente fica claro quem é o sujeito
ativo.

d) não há mais distinção de mais ou menos 50%. Se o erário concorreu no patrimônio ou na receita atual, a pessoa
jurídica pode ser sujeito passivo do ato de improbidade.

e) sujeito ativo: servidor que exerce qualquer tipo de função (transitoriamente ou sem remuneração) nas entidades
referidas no art. 1º.

f ) Hoje se uma pessoa natural receber qualquer recurso público e, posteriormente, desvia esse recurso, ela pratica
ato de improbidade nos termos do art. 2º, parágrafo único.

g) aquele que recebe um benefício (se ele recebeu vantagem) dolosamente a despeito de não ter concorrido
também será responsabilizado (art. 17- C, VI).

h) Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores de pessoa jurídica de direito privado não respondem pelo
ato de improbidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo se, comprovadamente, houver participação
e benefícios diretos, caso em que responderão nos limites da sua participação.

OBS.: A LIA traz um maior encargo probatório para o MP. O MP terá que provar o dolo específico para todas as
condutas dos arts. 9 a 11.
OBS.: O MP a partir de agora, conforme consta do art. 10, terá que provar o efetivo dano ao erário.
OBS.: O MP tem um prazo de 365 dias para concluir a investigação prorrogável uma única vez e 30 dias para
entrar com ação
ANPC: A oitiva do ente lesado não é vinculante; a concordância do ente lesado não é vinculante para tomada
de decisão do MP, mas o ente lesado deve ser ouvido.
Legitimidade ativa: O Ministério Público passou a ser o único legitimado ativo!!!!!!!

Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata esta Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá
o procedimento comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), salvo o
disposto nesta Lei.

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RAIO X

Bom pessoal, essas são algumas das alterações na sistemática da punição aos atos de improbidade administrativa,
mais uma vez reforço a importância da leitura do referido diploma normativo, já que as questões serão sobradas
literalmente neste primeiro momento.

3. Ação civil pública. Conceito e objeto. Tutela principal e provisória. Interesse de agir. Legitimação
ativa e passiva. Litisconsórcio e assistência. Atuação do Ministério Público. Competência. Sentença.
Multa diária e outras cominações. Liminar. Recursos. Coisa julgada. Cumprimento da sentença e fundo
para reconstituição dos bens lesados.

#MAPEIAOVADE

NÃO DEIXE DE VER –


Leitura Integral da lei 7347/85
São os artigos mais recorrentes em prova

Pessoal, leitura integral da lei que trata sobre a ação civil Pública, atenção redobrada aos artigos e aos detalhes da
lei, principalmente nos legitimados, suspensão de segurança, e a ausência de adiantamento de custas. Temos que
bordar temas doutrinários e jurisprudenciais nesse ponto, inclusive no último concurso o examinador com uma
posição peculiar trouxe na prova objetiva questionamento doutrinário acerca da legitimidade adequada, o que
veremos abaixo com calma.

#RAPIDINHAS: 10 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER

1. OBJETO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA

Primeiramente, temos que entender quais direitos visa tutelar a lei de ação civil pública.

O objeto da ACP tem previsão nos artigos 1º, 3º e 11 da LACP. Com efeito, a ACP tem por objeto a tutela
preventiva (inibitória ou de remoção do ilícito) ou ressarcitória (moral ou material) dos seguintes bens ou direitos
metaindividuais:

a) Meio-ambiente (natural, artificial, cultural e do trabalho);

b) Consumidor;

c) Bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; d) Ordem econômica;

e) Ordem urbanística;

a) Honra e dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos (novidade da Lei n. 12.966/2014)

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RAIO X

#DEOLHONAJURIS: “Embora o Estatuto da Igualdade Racial já pudesse servir de fundamento para ações
civis públicas para responsabilizar civilmente aqueles que violem a honra e a dignidade de grupos raciais e
étnicos [...], a Lei n. 12.966/2014 veio tornar incontroversa a pretensão ou o direito subjetivo coletivo nesses
casos, ao acrescentar o inciso VII no art. 1º da LACP” (LEAL, 2014, p. 161).

f ) Ao patrimônio público e social;

g) Qualquer outro interesse ou direito metaindividual (difusos, coletivos ou individuais homogêneos).

Obs.1: Contra ato jurisdicional não se admite ação civil pública. Aquele tem meios próprios de impugnação.
Obs.2: A ACP não pode fazer às vezes de ADI (controle concentrado), embora a inconstitucionalidade
de determinado ato normativo possa ser questão prejudicial. Cabe apenas como meio de controle difuso.
Obs.3: É perfeitamente admissível o manejo de ACP para o fim de responsabilizar alguém por danos morais
causados a quaisquer valores transindividuais de que cuida a lei.

Tutela preventiva e tutela reparatória

Para MARINONI, as tutelas podem ser divididas em dois grandes grupos:

a) Tutela PREVENTIVA: Opera antes da ocorrência do DANO, buscando evitá-lo. MARINONI divide essa tutela em:

▪ Tutela inibitória - É a tutela que tem lugar ANTES DO ILÍCITO, evitando a ocorrência do dano. Ex.: impedir a im-
portação de medicamento não aprovado pela ANVISA.

▪ Tutela da remoção do ilícito - É a tutela que tem lugar DEPOIS DE OCORRIDO O ILÍCITO, MAS ENQUANTO
AINDA NÃO OCORRIDO O DANO (o ilícito já aconteceu, mas ainda não aconteceu o dano). Ex.: cessar a distribui-
ção de medicamento não aprovado pela ANVISA.

b) Tutela RESSARCITÓRIA: Ocorre depois do dano, com o objetivo de repará-lo. Que dano é esse? Existe dano
moral coletivo? Há duas posições:

▪ NÃO: Essa posição já foi adotada pela 1ª Turma do STJ em alguns julgados (Resp 598.281/MG). O STJ en-
tendeu que o dano moral é ofensa a direitos da personalidade (honra ou dignidade da pessoa), e a coletividade
não possui personalidade (é ente despersonalizado).

▪ SIM - Prevalece na doutrina e na 2ª Turma do STJ essa posição, com o argumento de que, embora a coletividade
não possua personalidade, ela tem consciente coletivo (valores não patrimoniais intrínsecos à coletividade), o
qual pode sofrer dano moral.

A 2ª Turma do STJ decidiu, em 2013, que é possível que a sentença condene o infrator ambiental ao pagamento
de quantia em dinheiro a título de compensação por dano moral coletivo (REsp 1.328.753-MG, Rel. Min. Her-
man Benjamin, julgado em 28/5/2013).

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RAIO X

#OLHAAJURISSSSS

-A competência para processar e julgar ação civil pública é absoluta e se dá em função do local onde ocorreu
o dano. STJ. 1ª Seção. AgEg nos EDcl no CC 113.788-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 14/11/2012.

-Súmula 601-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos
e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviço público. STJ. Corte
Especial. Aprovada em 07/02/2018, DJe 14/02/2018.

-A ação civil pública pode ser usada como instrumento de fiscalização incidental de constitucionalidade, pela via
difusa, de quaisquer leis ou atos do Poder Público, desde que a controvérsia constitucional não se identifique
como objeto único ou pedido principal da demanda, e sim como simples questão prejudicial, indispensável para
a solução do litígio principal.

-Sendo o Ministério Público o autor da ação civil pública, sua atuação como fiscal da lei não é obrigatória. Isto
ocorre porque, nos termos do princípio da unidade, o Ministério Público é uno como instituição, motivo pelo
qual, o fato dele ser parte do processo, dispensa a sua presença como fiscal da lei, porquanto defendendo os
interesses da coletividade através da ação civil pública, de igual modo atua na custódia da lei. (REsp 1183504/DF,
Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/05/2010, DJe 17/06/2010).

#VAICAIRR
No julgamento do RE 631.111 (Rel. Min. TEORI ZAVASCKI, DJe de 30/10/2014), sob o regime da repercussão ge-
ral, o PLENÁRIO firmou entendimento no sentido de que certos interesses individuais, quando aferidos em seu
conjunto, de modo coletivo e impessoal, têm o condão de transcender a esfera de interesses estritamente par-
ticulares, convolando-se em verdadeiros interesses da comunidade, emergindo daí a legitimidade do Ministério
Público para ajuizar ação civil pública, com amparo no art. 127 da Constituição Federal, o que não obsta o Poder
Judiciário de sindicar e decidir acerca da adequada legitimação para a causa, inclusive de ofício. No RE 576.155
(Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, DJe de 1º/2/2011), também submetido ao rito da repercussão geral, o PLE-
NÁRIO cuidou da questão envolvendo a vedação constante do parágrafo único do art. 1º da Lei 7.347/1985,
incluído pela MP 2.180- 35/2001, oportunidade em que se reconheceu a legitimidade do Ministério Público para
dispor da ação civil pública com o fito de anular acordo de natureza tributária firmado entre empresa e o Distrito
Federal, pois evidente a defesa ministerial em prol do patrimônio público. A demanda intenta o resguardo de
direitos individuais homogêneos cuja amplitude possua expressiva envergadura social, sendo inafastável a legi-
timidade do Ministério Público para ajuizar a correspondente ação civil pública. É o que ocorre com as preten-
sões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou
outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados (parágrafo
único do art. 1º da Lei 7.347/1985). (...) Tese de repercussão geral proposta: o Ministério Público tem legitimidade
para a propositura de ação civil pública em defesa de direitos sociais relacionados ao FGTS. (STF. Plenário. RE
643978/SE, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 9/10/2019 (repercussão geral – Tema 850 - Info 955).

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RAIO X

2.LEGITIMADOS

A legitimidade para a propositura de ações civis públicas está regulamentada em dispositivos da LACP e do CDC.

Vejamos:

LACP, Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Redação dada pela Lei nº 11.448,
de 2007).

I - o Ministério Público; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de2007).

II - a Defensoria Pública; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de2007).

III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios(Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

V - a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007).

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao

consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao
patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (Redação dada pela Lei nº 13.004, de 2014)

§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.

CDC, Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente: (Redação dada pela Lei
nº 9.008, de 21.3.1995)

I - o Ministério Público,

II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;

III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, es-
pecificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código;

IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a
defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.

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RAIO X

§ 1° O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas ações previstas nos arts. 91 e seguintes,
quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância
do bem jurídico a ser protegido.

A natureza jurídica da legitimidade do processo coletivo é extraordinária: autoriza-se um ente a defender, em juízo,
situação jurídica de que é titular um grupo ou uma coletividade. Não há coincidência entre o legitimado e o titular
a situação jurídica discutida. Quando não há essa coincidência, há legitimação extraordinária - esta é a posição da
doutrina majoritária e dos tribunais superiores. Além de extraordinária a legitimidade para a propositura das ações
coletivas é classificada como concorrente e disjuntiva.

Concorrente, por não ter sido atribuída com exclusividade a determinado legitimado. Assim, qualquer um dos ór-
gãos ou entidades listados podem propor uma ação civil pública.

Disjuntiva, pois não há exigência de que os legitimados atuem em conjunto. O litisconsórcio, se existente, será fa-
cultativo. Significa que cada legitimado pode propor, sozinho, a ação.

#MAISJURIS
-O art. 5º da Lei nº 7.347/85 (Lei da ACP) elencou o rol dos legitimados concorrentes para a propositura de ação
civil pública, nos quais se incluem as autarquias, em cuja categoria estão os Conselhos profissionais.
STJ. 2ª Turma. REsp 1388792/SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 06/05/2014.
-O Ministério Público possui legitimidade ativa para postular em juízo a defesa de direitos transindividuais de
consumidores que celebram contratos de compra e venda de imóveis com cláusulas pretensamente abusivas.
STJ. Corte Especial. EREsp 1378938-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 20/06/2018 (Info 629).
Vale a pena relembrar:
- Súmula 601-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos difusos, coletivos
e individuais homogêneos dos consumidores, ainda que decorrentes da prestação de serviço público.
-A Defensoria Pública pode propor ação civil pública na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homo-
gêneos. É constitucional a Lei nº 11.448/2007, que alterou a Lei 7.347/85, prevendo a Defensoria Pública como
um dos legitimados para propor ação civil pública. STF. Plenário. ADI 3943/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado
em 6 e 7/5/2015 (Info 784).
- O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública sobre direitos individuais homogêneos
quando presente o interesse social.
- O Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública com o objetivo de garantir o acesso a
critérios de correção de provas de concurso público.
- O Ministério Público Federal possui legitimidade para propor ação civil pública a fim de debater a cobrança de
encargos bancários supostamente abusivos praticados por instituições financeiras privadas.

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RAIO X

Ex: ação civil pública ajuizada pelo MPF contra diversos bancos privados pedindo para que seja declarada abu-
siva a cobrança da tarifa bancária pela emissão de cheque de baixo valor.
As atividades desenvolvidas pelas instituições financeiras, sejam elas públicas ou privadas, estão subordinadas ao
conteúdo de normas regulamentares editadas por órgãos federais e de abrangência nacional. Logo, o cumpri-
mento dessas normas por parte dos bancos é um tema de interesse nitidamente federal, suficiente para conferir
legitimidade ao Ministério Público Federal para o ajuizamento da ação civil pública. STJ. 3ª Turma. REsp 1573723-
RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 10/12/2019 (Info 662).
- Para que o Procurador do Estado possa propor ação civil pública (ex: ação civil pública de improbidade admi-
nistrativa), não é necessária autorização do Govenador do Estado. No entanto, é indispensável a anuência do
Procurador-Geral do Estado. STF. 1ª Turma. ARE 1165456 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Roberto Barroso, julgado em 1º/9/2020 (Info 989).
- Súmula 643-STF: O Ministério Público tem legitimidade para promover ação civil pública cujo fundamento
seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares.
-O Ministério Público possui legitimidade para ajuizar ação civil pública em defesa dos direitos individuais homo-
gêneos dos beneficiários do seguro DPVAT, dado o interesse social qualificado presente na tutela dos referidos
direitos subjetivos. Está cancelada a súmula 470 do STJ, que tinha a seguinte redação: “O Ministério Público não
tem legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a indenização decorrente do DPVAT em benefício do segu-
rado.” STJ. 2ª Seção. REsp 858056/GO, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 27/05/2015 (Info 563)

#ATENÇÃO

A doutrina é consolidada no sentido de que para a tutela dos direitos difusos e coletivos strictu senso, o
Ministério Público SEMPRE tem legitimidade, pois, como nesses casos o bem tutelado é indivisível, entende-
-se que há interesse social. A briga em relação à representação adequada (se há controle ou não) é adstrita
aos direitos individuais e homogêneos.

Tem prevalecido no STF e STJ que, em relação aos direitos individuais homogêneos, o MP só tem legitimidade se o
direito for indisponível ou socialmente relevante. Significa que, ainda que não esteja definido quem fará o controle
da representação, deve haver controle.

3.COMPETÊNCIA

Não há prerrogativa de foro na Ação Civil Pública: o julgamento é sempre em 1ª instância. Cuidado com 2 hipóteses
de ação originária do STF prevista na CF: art. 102, I, “f” e “n”.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

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RAIO X

f ) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive
as respectivas entidades da administração indireta;

n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em
que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indireta-
mente interessados;

a-Conflito federativo

b- Na ação de interesse de toda a magistratura.

Critério Territorial

É por meio dele que se define qual a comarca/subseção federal judiciária. No processo coletivo, esse cri-
tério é de competência absoluta.

⮚ Se o dano for local, o ajuizamento da ação civil pública é no local do dano

⮚ Se o dano for regional, o ajuizamento da ACP será na capital do Estado.

⮚ Se o dano for nacional, o ajuizamento da ACP será no DF ou capital dos Estados envolvidos.

CDC. Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local:

I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local;

II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplican-
do-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente.

#VAICAIRR
É inconstitucional o art. 16 da Lei nº 7.347/85, na redação dada pela Lei nº 9.494/97.
É inconstitucional a delimitação dos efeitos da sentença proferida em sede de ação civil pública aos limites da
competência territorial de seu órgão prolator. STF. Plenário. RE 1101937/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 7/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 1075) (Info 1012). II - Em se tratando de ação civil pública de
efeitos nacionais ou regionais, a competência deve observar o art. 93, II, da Lei nº 8.078/90 (CDC). III - Ajuizadas
múltiplas ações civis públicas de âmbito nacional ou regional, firma-se a prevenção do juízo que primeiro conhe-
ceu de uma delas, para o julgamento de todas as demandas conexas.
A doutrina SEMPRE criticou bastante essa alteração promovida no art. 16 e afirmou que a regra ali prevista não
deveria ser aplicada por ser inconstitucional, impertinente e ineficaz.

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RAIO X

Resumo das principais críticas ao dispositivo (DIDIER, Fredie; ZANETI, Hermes):

• Gera prejuízo à economia processual e pode ocasionar decisões contraditórias entre julgados proferidos em
Municípios ou Estados diferentes;

• Viola o princípio da igualdade por tratar de forma diversa os brasileiros (para uns irá “valer” a decisão, para outros
não);

• Os direitos coletivos “lato sensu” são indivisíveis, de forma que não há sentido que a decisão que os define seja
separada por território;

• A redação do dispositivo mistura “competência” com “eficácia da decisão”, que são conceitos diferentes. O le-
gislador confundiu, ainda, “coisa julgada” e “eficácia da sentença”. Sobre esse ponto, vale a pena citar Hugo Nigro
Mazzilli:

“Com efeito, a Lei 9.494/97 confundiu competência com coisa julgada. A imutabilidade erga omnes de uma sen-
tença não tem nada a ver com a competência do juiz que a profere. A competência importa para saber qual órgão
da jurisdição vai decidir a ação; mas a imutabilidade do que ele decidiu estende-se a todo o grupo, classe ou cate-
goria de lesados, de acordo com a natureza do interesse defendido, o que muitas vezes significa, necessariamente,
ultrapassar os limites territoriais do juízo que proferiu a sentença”. (A defesa dos interesses difusos em Juízo. 30ª
ed., São Paulo: Saraiva, 2017, p. 698).

• O art. 93 do CDC, que se aplica também à Lei da ACP, traz regra diversa, já que prevê que, em caso de danos
nacional ou regional, a competência para a ação será do foro da Capital do Estado ou do Distrito Federal, o que
indica que essa decisão valeria, no mínimo, para todo o Estado/DF.

4. LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

A LACP permite que o Poder Público e outras associações legitimadas que não sejam partes na ação possam, pos-
teriormente, habilitar-se como litisconsortes.

Vejamos o que dispõe a lei:

LACP, Art. 5º §2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habi-
litar-se como litisconsortes de qualquer das partes.

O litisconsórcio, no caso, será ulterior e facultativo, e, ao mencionar a expressão “qualquer das partes”, o diploma
permite que ele seja ativo ou passivo.

A LACP também dispõe que: LACP, Art. 5ª §5°Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos
da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei. (Incluído pela
Lei nª 8.078, de 11.9.1990)

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RAIO X

Permite-se, pois, a formação de litisconsórcio entre órgãos do Ministério Público. A validade do dispositivo é objeto
de divergência jurisprudencial e doutrinária. Fala-se, por exemplo, que o ajuizamento da ACP em litisconsórcio só
seria possível perante a Justiça Federal, visto que sempre que algum dos ramos do Ministério Público da União
figurar no processo aquela será a justiça competente.

O tema foi objeto de recente apreciação pelo STJ, o qual entendeu que o litisconsórcio em ação civil pública, exige
a demonstração de alguma razão específica que justifique a presença de ambos os órgãos do MP (no caso MPF
e MPE), para evitar prejuízos ao processo, dentre outras razões: A possibilidade, em tese, de atuação do Minis-
tério Público Estadual e do Federal em litisconsórcio facultativo não dispensa a conjugação de interesses afetos a
cada um, a serem tutelados por meio da ação civil pública. A defesa dos interesses dos consumidores é atribuição
comum a ambos os órgãos ministeriais, o que torna injustificável o litisconsórcio ante a unicidade do Ministério
Público, cuja atuação deve pautar-se pela racionalização dos serviços prestados à comunidade. 5. Recurso especial
conhecido e parcialmente provido. (RECURSO ESPECIAL Nº 1.254.428 – MG, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j.
02.06.2016.

Impende mencionar que o CDC também menciona a possibilidade de litisconsórcio ulterior de outros indivíduos
lesados:

CDC, Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados possam intervir
no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte
dos órgãos de defesa do consumidor.

Ainda sobre o tema litisconsórcio, destaca-se o enunciado doutrinário nº 119 do Fórum Permanente de Processua-
listas Civis, que dispõe:

Enunciado n. 119. (arts. 116 e 259, III; art. 7 º da lei 7.347/198547): Em caso de relação jurídica plurilateral que en-
volva diversos titulares do mesmo direito, o juiz deve convocar, por edital, os litisconsortes unitários ativos incertos
e indeterminados (art. 259, III), cabendo-lhe, na hipótese de dificuldade de formação do litisconsórcio, oficiar ao
Ministério Público, à Defensoria Pública ou a outro legitimado para que possa propor a ação coletiva.

No que diz respeito às modalidades de intervenção de terceiros, em regra, não há impedimentos. Mas é válida a
análise de alguns casos específicos: Processo em que se discutia a prevenção e a repressão às infrações contra a
ordem econômica, possibilidade de assistência simples: intimação do CADE para, querendo, intervir como assisten-
te simples do autor. (STJ, 1ª Turma, AgRg no REsp 1.125.981/RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 28.02.2012,
DJe 05.03.12)

-Vedação de denunciação da lide em demandas consumeristas nas hipóteses do art. 13, p. único do CDC:

CDC, Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: I - o fabricante, o
construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; II - o produto for fornecido sem identifica-
ção clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; III - não conservar adequadamente os produtos
perecíveis.

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RAIO X

Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os
demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.

Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo
autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide.

- Vedação do chamamento ao processo da União nas ações que envolvam a entrega de medicamentos, por se
tratar de medida protelatória. (STJ, Resp 1203244/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 09/04/2014, DJe 17/06/2014).

5. LIMINAR E ASTREINTES

LACP, Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.

§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde,
à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo
recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas
julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.

§2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor,
mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento. (grifos nossos)

O §1º do art. 12 prevê a chamada “suspensão de segurança”. Sobre o instituto, importante lembrar que não tem
natureza jurídica de recurso, mas de incidente processual, dirigido ao Presidente do Tribunal a que competir o jul-
gamento do recurso contra a liminar. Por isso, a interposição do agravo de instrumento contra liminar concedida
nas ações movidas contra o Poder Público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido
de suspensão da execução da liminar.

O instituto também está previsto em outros diplomas, tais como Lei 8.437/1992 (art. 4º, §1º), Lei do Mandado de
Segurança – 12.016/09 (art. 15) e Lei do Habeas Data – 6.507/97 (art. 16).

O §2º, por sua vez, dispõe acerca de multa cominatória, aplicada liminarmente. A doutrina destaca que os valores
pagos a título de multa (seja liminar, seja fixada na sentença), em regra, serão revertidos aos fundos federal ou
estaduais de reparação dos interesses difusos lesados (LACP, art. 13). Mas há exceções!

As multas previstas nos Estatutos do Idoso (EI) e o da Criança e do Adolescente (ECA): o primeiro prevê a desti-
nação das multas ao Fundo do Idoso, ou, onde ele ainda não houver sido instituído, ao Fundo Municipal de As-
sistência Social, ficando seus valores vinculados ao atendimento ao idoso (art. 84), já o segundo determina que as
multas sejam destinadas ao fundo gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo
município (art. 214).

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RAIO X

O regramento quanto ao cumprimento se assemelha à atual redação do CPC:

CPC, Art. 537 §3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em
juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte. (Redação dada
pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

§4º A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto não
for cumprida a decisão que a tiver cominado.

Há previsão de multa também no art. 11: LACP, Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação
de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da ativida-
de nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível,
independentemente de requerimento do autor.

A multa diária (astreinte), possui caráter coercitivo (não ressarcitório) e o juiz pode impô-la a requerimento da
parte, ou mesmo de ofício. Vale destacar que, segundo o STJ, “a cominação de astreintes prevista no art. 11 da Lei
nº 7.347/85 pode ser direcionada não apenas ao ente estatal, mas também pessoalmente às autoridades ou aos
agentes responsáveis pelo cumprimento das determinações judiciais.

6. REGIME DA COISA JULGADA COLETIVA

I. Limites objetivos

Os limites objetivos da coisa julgada são praticamente iguais aos limites do processo individual. Ou seja: a
coisa julgada, em regra, abrange apenas a parte dispositiva do julgado.

II. Limites subjetivos e modo de produção

Neste caso, a ideia do processo coletivo é exatamente o oposto do CPC, visando abranger também quem
não foi parte, mas sempre tendo atenção para não interferir injustamente nas garantias do indivíduo titular
do direito subjetivo (que poderia ficar sujeito à “imutabilidade” de uma decisão da qual não participou) e não gerar
a exposição indefinida do réu ao Judiciário, nem violar a necessária estabilidade jurídica do Estado (que não pode
revisar a todo tempo o que já foi decidido).

Por isso, no processo coletivo não se aplicam os limites do art. 472 do CPC (art. 506 do NCPC). Regem o tema os
arts. 103 e 104 do CDC, art. 16 da LACP e art. 18 da LAP.

CDC. Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:

I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qual-
quer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese
do inciso I do parágrafo único do art. 81 [INTERESSES DIFUSOS];

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RAIO X

II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência
de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do
art. 81 [INTERESSES COLETIVOS];

III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na
hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81 [INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS].

§ 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão interesses e direitos individuais
dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe.

§ 2° Na hipótese prevista no inciso III [direitos individuais homogêneos], em caso de improcedência do pedido, os
interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação de indeni-
zação a título individual.

§ 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de
1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente sofridos, propostas individualmente
ou na forma prevista neste código, mas, se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores,
que poderão proceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.

§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal condenatória.

Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não induzem litispendência
para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e
III do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no
prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.

O regime jurídico da coisa julgada no plano coletivo depende do direito envolvido:

i. DIREITOS DIFUSOS

a. Sentença PROCEDENTE : Eficácia erga omnes (abrange toda a sociedade);

b. Sentença IMPROCEDENTE: Eficácia erga omnes, impedindo nova ação coletiva, salvo no caso de falta de
provas (secundum eventum probationis).

Mas atente: a ação individual nunca será prejudicada (pois a transferência é secundum eventum litis). No caso de
falta de provas, é possível propor nova ação coletiva.

ii. DIREITOS COLETIVOS

a. Sentença PROCEDENTE: Eficácia ultra partes (abrange toda a classe);

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RAIO X
b. Sentença IMPROCEDENTE :Eficácia ultra partes (abrange toda a classe), impedindo nova ação coletiva, salvo no
caso de falta de provas (secundum eventum probationis). Mas atente: a ação individual nunca será prejudi-
cada. No caso de falta de provas, é possível propor nova ação coletiva.

iii. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS

a. Sentença PROCEDENTE: Eficácia erga omnes (abrange toda a sociedade);

b. Sentença IMPROCEDENTE: Eficácia erga omnes, impedindo nova ação coletiva, mesmo no caso de falta
de provas (STJ, Segunda Seção, REsp 1.302.596, DJ 2015). Mas atente: a ação individual nunca será prejudicada.

7. TRANSPORTE IN UTILIBUS

Em razão do Princípio da máxima eficácia da tutela coletiva, a coisa julgada coletiva, em todos os interesses cole-
tivos, nunca prejudica as pretensões individuais (nem mesmo em caso de improcedência da ação coletiva
por motivo outro que não a falta de provas), só beneficia. Logo, a coisa julgada só será transportada ao
particular se for in utilibus (ela somente beneficia, não prejudicando). Portanto, mesmo que a improcedente
a ação coletiva em direitos individuais homogêneos (onde não se distingue o fundamento da falta de provas),
a coisa julgada não impedirá o ajuizamento de ação individual pelo particular.

EXCEÇÃO: Assistentes litisconsorciais. Há apenas uma exceção, hipótese em que a coisa julgada não só
beneficia, mas também prejudica o particular. Ela ocorre quando os lesados individuais intervierem no pro-
cesso coletivo, na qualidade de assistentes litisconsorciais do autor. Esta hipótese está no art. 94 do CDC. De
acordo com MAZZILLI, apesar de o capítulo apenas se referir aos individuais homogêneos, este artigo se aplica aos
interesses coletivos, individuais homogêneos e até mesmo aos interesses difusos (porque, mesmo nesta hipótese,
em certa medida, a procedência poderá ser usada in utilibus, no processo individual).

De acordo com o art. 104 do CDC, para o autor da ação individual já proposta aproveitar o transporte in
utilibus da coisa julgada coletiva, deverá requerer a suspensão da sua ação individual em 30 dias, a contar da data
em que o autor é avisado, nos autos da ação individual, de que há uma ação coletiva (exercício da opção de ser
excluído da abrangência da decisão coletiva, chamado no sistema norte-americano do class action de right
to opt out).

Art. 104 do CDC. As ações coletivas, previstas nos incisos I [difusos] e II [coletivos] e do parágrafo único do art. 81,
não induzem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes ou ultra partes a
que aludem os incisos II [coletivos] e III [individuais homogêneos] do artigo anterior não beneficiarão os autores
das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta dias, a contar da ciência nos autos
do ajuizamento da ação coletiva.

▪ Se eventualmente o autor pedir a suspensão da sua ação individual, e a ação coletiva for julgada procedente, ele
será beneficiado (mas não prejudicado). Caso não peça a suspensão de sua ação individual, o autor não será
beneficiado pela coisa julgada coletiva. Assim, é possível extrair a regra implícita de que a coisa julgada
individual prevalece sobre a coisa julgada coletiva.

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RAIO X

▪ Essa suspensão da ação individual é faculdade da parte ou o juiz pode determinar de ofício? A literalidade do art.
104 do CDC informa que a suspensão do processo é uma faculdade da parte.

#ATENÇÃO: Em out./2009, o STJ, rompendo a facultatividade da suspensão da ação individual, entendeu que,
“ajuizada ação coletiva atinente à macrolide geradora de processos multitudinários [ações repetitivas], sus-
pendem-se OBRIGATORIAMENTE as ações individuais, no aguardo do julgamento da ação coletiva, o que não
impede, entretanto, o ajuizamento da ação individual” - Resp 1.110.549/RS (28.10.2009) – recurso especial
repetitivo, que tem natureza de precedente jurisprudencial vinculante.

8. TEORIA DA RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA

Aplica-se ao processo coletivo a TEORIA DA RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA (além de ser perfeitamente
cabível ação rescisória no prazo de 2 anos). Ela prega que, em virtude dos avanços tecnológicos, é possível a re-
discussão de questões já decididas, à luz da nova ciência. Ex. clássico é a questão da investigação de paternidade,
com o surgimento do exame de DNA. No processo coletivo, essa teoria se aplica, sobretudo, no âmbito do direito
ambiental (ex.: há alguns anos, descobriu-se que a queima da palha da cana prejudica o solo, o que antes era
concebido como algo lícito).

9. LIQUIDAÇÃO DOS DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS

Liquidação/execução da pretensão individual decorrente (art. 97 do CDC)

Art. 97. A liquidação e a execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucessores,
assim como pelos legitimados de que trata o art. 82. Os legitimados são as vítimas e sucessores, que procedem à
liquidação imprópria, tudo como já exposto acima. Em síntese, deve-se provar:

a) O dano individual

b) O nexo de causalidade

c) O montante do dano

II. Liquidação/execução da pretensão individual por entes coletivos (art. 98 do CDC)

O art. 98 do CDC prevê a possibilidade de o legitimado coletivo promover a execução das pretensões
individuais já liquidadas. Ex.: sindicato promovendo a execução de verbas dos trabalhadores.

Atenção: somente as vítimas que já tiverem indenizações liquidadas serão abrangidas.

Art. 98 do CDC. A execução poderá ser coletiva, sendo promovida pelos legitimados de que trata o art. 82,
abrangendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas em sentença de liquidação, sem prejuízo
do ajuizamento de outras execuções. (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)

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RAIO X

§ 1° A execução coletiva far-se-á com base em certidão das sentenças de liquidação, da qual deverá constar
a ocorrência ou não do trânsito em julgado.

§ 2° É competente para a execução o juízo:

I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória, no caso de execução individual;

II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.

▪ Legitimados: São todos aqueles legitimados coletivos para propor a ação civil pública (art. 82 do CDC),
que agem agora como REPRESENTANTES processuais, e não como substitutos processuais.

▪ Destinatários do dinheiro: São as vítimas e sucessores que já tiverem liquidado a sentença coletiva. Se não tiver
liquidação, não é possível essa ação de execução coletiva. Obs.: Em se tratando de direito individual ho-
mogêneo, não há o fundo especial a que alude a LACP.

Competência: Como a execução é coletiva (apesar de a pretensão ser individual), é competente o juízo da con-
denação.

informativo n. 499/2012, . Entendeu-se que, não obstante ser ampla a legitimação para impulsionar a liqui-
dação e a execução da sentença coletiva, admitindo-se que a promovam o próprio titular do direito material,
seus sucessores ou um dos legitimados do art. 82 do CDC, o art. 97 impõe uma gradação de preferência
que permite a legitimidade coletiva subsidiariamente, uma vez que, nessa fase, o ponto central é o dano pessoal
sofrido pelas vítimas.

10. FLUID RECOVERY

Conforme previsto no art. 100 do CDC para a sentença genérica que veicula direitos individuais homogêneos,
passado o prazo de 1 ano sem habilitação de interessados (sem que requeiram a expedição do título no
juízo coletivo e promovam a liquidação em separado), poderão os legitimados coletivos fazer uma estimativa de
quanto seria a indenização devida individualmente, para cada um e executar.

Esse dinheiro todo é enviado para o fundo a que alude a LACP ( já que ninguém apareceu). Para MAZZILLI, essa
regra, prevista apenas para os direitos individuais homogêneos, também deve ser aplicada às condenações que
envolvam direitos coletivos em sentido estrito.

Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível com a gravidade do
dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da indenização devida.

Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei n.° 7.347 [art. 13],
de 24 de julho de 1985.

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RAIO X

Então veja: Em regra, a execução, nos interesses individuais homogêneos, não gera a destinação da eventual
indenização para um fundo especial. Isso somente ocorre se passado 1 ano sem habilitação dos interessados.

Esse período de um ano dobra (passando a ser dois anos) se a ACP objetivar interesses de investidores
lesados no mercado de valores mobiliários (Lei 7.913/89).

4. Inquérito civil. Natureza. Finalidade. Princípios. Instauração. Poderes instrutórios. Termo de


ajustamento de conduta. Arquivamento e Desarquivamento. Controle. Recursos. Recomendações.

#MAPEIAOVADE

NÃO DEIXE DE VER –

Resolução 23/2007 do CNMP , Resolução 179 do


CNMP, resolução 164 do
CNMP, Resolução 174 CNMP

#FOCONADIFERENÇA

Pessoal, chegamos no ponto que trata sobre a nova visão sobre o Ministério Público. Superamos a tradicional fase
do MP demandista, que visava sempre o judiciário para solucionar as demandas, passando a um MP resolutivo,
que trabalha sobre a vertente extrajudicial, sem a necessidade de requerer ao judiciário providências para resolução
dos problemas diários. É um tema muito importante e devemos estar atentos principalmente a dois instrumentos
extrajudiciais muito utilizado pelo MP, quais sejam, o Inquérito Civil e o termo de ajustamento de conduta. Por isso
peço que leiam as resoluções do CNMP sobre o tema e entendam a diferença entre os instrumentos de atuação
extrajudicial do parquet.

#RAPIDINHAS: 10 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER

1. INQUÉRITO CIVIL

Com o objetivo de colher elementos de convicção para subsidiar o ajuizamento da ação civil pública ou a celebra-
ção de termo de ajustamento de conduta, o Ministério Público pode se valer do inquérito civil.

O inquérito civil é procedimento:

a) ADMINISTRATIVO;

b) PREPARATÓRIO – que, em regra, antecede o ajuizamento da demanda;

c) FACULTATIVO – o órgão ministerial pode ajuizar a ação civil pública sem instaurar inquérito civil quando já possuir
elementos para o ajuizamento (art. 1º, parágrafo único, da Resolução 23/2007 do CNMP: O inquérito civil não é

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RAIO X

condição de procedibilidade para o ajuizamento das ações a cargo do Ministério Público, nem para a realização
das demais medidas de sua atribuição própria);

d) PÚBLICO – sendo o sigilo uma exceção, quando necessário para evitar prejuízos à colheita de provas (analogia
ao art. 20 do CPP);

e) INQUISITORIAL – uma vez que dispensa o contraditório, o qual é diferido e ocorre durante a ação coletiva. (Há
doutrina, minoritária em sentido contrário).

f ) PRIVATIVO DO MINISTÉRIO PÚBLICO – art. 129, III, da CF.

#SELIGANAJURIS: A apuração em âmbito criminal não obsta que o mesmo fato seja apurado em inquérito civil.
Nesse sentido se posiciona o STJ:
Ademais, tanto o ordenamento jurídico como a jurisprudência do STJ reconhecem a independência entre as
esferas de responsabilização civil, penal e administrativa, de modo que não socorre os impetrantes a inconfor-
midade quanto à simultaneidade de procedimentos investigatórios para apurar o mesmo fato, especialmente
porque são diversos os objetos da investigação civil e policial (a primeira tendente a verificar ato de improbidade
e a segunda, ilícito penal). (STJ, RMS 37.679/RR, Rei. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em
15/08/2013, DJe 02/02/2015).

2. EFEITOS DA INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO CIVIL

A doutrina esquematiza os efeitos da instauração do inquérito civil:

a) Interrupção da decadência - CDC, art. 26, §2°: “Obstam a decadência: III - a instauração de inquérito civil, até
seu encerramento”.

b) Possibilidade de serem expedidas requisições e notificações e permissão para condução coercitiva em caso de
não comparecimento - art. 129, VI da CF/88; art. 26, I da LOMPE – Lei Orgânica do Ministério Público;

c) Possibilidade de requisição de perícias e informações de entes públicos ou de particulares – prazo não inferior a
10 (dez) dias (art. 8º, §1º da LACP)

Nos termos do art. 10 da LACP constitui crime, punido com pena de reclusão e multa a recusa, o retardamento ou a
omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público.

d) Possibilidade de responsabilização civil estatal em razão de prejuízos sofridos com a instauração e o desenvolvi-
mento de inquérito civil que se mostrou temerário, e causou prejuízo ao investigado.

Ademais, é possível identificar a existência de 3 (três) fases do procedimento:

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RAIO X

1ª) INSTAURAÇÃO – que se dá por meio de portaria (a qual pode ser baixada de 3 formas distintas: de ofício; por
representação; por requisição do Procurador Geral).

O Superior Tribunal de Justiça admite a instauração mediante denúncia anônima:

#JURISSSS O simples fato de o Inquérito Civil ter-se formalizado com base em denúncia anônima não impede
que o Ministério Público realize administrativamente as investigações para formar juízo de valor sobre a veraci-
dade da notícia. (STJ, RMS 38.010/RJ, Rei. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 16/05/2013).
2ª) PRODUÇÃO DE PROVAS;
3ª) CONCLUSÃO (arquivamento, celebração de TAC ou ajuizamento da ação coletiva).

3. ARQUIVAMENTO DO IC

A LACP não estipula prazo para a conclusão do inquérito civil, o que é previsto nos regulamentos locais.
O prazo regulamentar do IC é de 1 ano, prorrogável por sucessivos períodos (Res.23 CNMP). Chegando-se
ao final do inquérito civil, o membro do MP tem 2 opções:

i. Propor a ação civil pública : A partir do momento do ajuizamento, o procedimento deixa de ser extrajudicial,
passando a ser judicializado (os autos do IC seguem como anexo à demanda coletiva).

ii. Promover o arquivamento fundamentado: Ao propor esse arquivamento, o membro do MP encaminha ao


órgão superior do MP, no prazo de 3 dias, sob pena de responsabilidade penal, trazendo os motivos que enten-
der pertinentes. No âmbito do MPF, o controle de arquivamento também é feito por um órgão superior,
qual seja o Conselho Superior do Ministério Público.

Esse órgão superior designa uma sessão de julgamento, que é pública. Na sessão, 3 providências podem
ser tomadas:

a. Homologação do arquivamento: neste caso, homologado o arquivamento, nada impede que qualquer
outro legitimado, ou inclusive outro órgão do MP, proponha ACP sobre os mesmos fatos (até porque a legitimação
é concorrente e disjuntiva).

b. Conversão do julgamento em diligência: é possível que se entenda que o membro do MP, v.g, não realizou
uma perícia que era muito necessária, promovendo-se a diligência;

c. Rejeição da promoção de arquivamento: se o órgão superior rejeita a promoção de arquivamento, automa-


ticamente ele nomeia outro promotor/procurador para a propositura da ACP. Preserva-se, assim, a inde-
pendência funcional do membro que decidiu pelo arquivamento. Atente: designado outro promotor para
ajuizamento da ACP, ele não atua em nome próprio, mas sim como longa manus do Procurador-Geral. É dizer:
ainda que ache que é um absurdo, deverá ajuizar a ACP.

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RAIO X

Obs.1: Nada impede a reabertura do inquérito civil pelo próprio membro do MP que o arquivou.

Obs.2: Ocorre o arquivamento parcial quando o MP resolve propor a ACP só em relação a alguns fatos
ou alguns dos agentes. Neste caso, deverá proceder ao arquivamento em relação aos demais, já que inexis-
te arquivamento implícito de inquérito civil (nem no penal).

Obs.3: uma outra opção é o declínio de atribuição, quando o membro do MP perceber que a causa deve ser con-
duzida por outro órgão (ex.: MPF declina ao MPE).

4. TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA

Trata-se de um importante instrumento de atuação na tutela coletiva, especialmente na seara extrajudicial. Por
meio do TAC, o órgão público legitimado pode tomar dos interessados o compromisso de que, mediante comina-
ções, ajustem suas condutas às exigências legais (mediante obrigações de fazer, não fazer, dar etc.).

A principal previsão legal acerca do termo de ajustamento de conduta é o art. 5, § 6°, da Lei da Ação Civil Pública
(inserido pelo Código de Defesa do Consumidor), no entanto, não é o único diploma a prever o TAC. É importante
lembrar que este instrumento também é previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 211).

Características do TAC:

-Quem pode firmar o TAC? todos os órgãos públicos que têm legitimidade para a tutela coletiva;

→ Diferente do inquérito civil, o TAC não é um instrumento de atuação privativa do Ministério Público. O art. 5., §
6, da LACP possibilita que todos os órgãos públicos legitimados para a tutela coletiva celebrem o compromisso.
Nestes termos, por exemplo, a Defensoria Pública poderá celebrar um TAC quando estiverem em jogo interesses
cuja proteção envolve sua esfera de atuação.

→ a empresa pública que explore atividade econômica pode celebrar termo de ajustamento de conduta? O tema
foi abordado da prova subjetiva do último concurso do MPPR. Conforme o entendimento seguido pela banca, em
que pese a lei fale que todos os órgãos públicos podem celebrar o termo de ajustamento de conduta, empresas
públicas que atuem em atividades econômicas não são legitimadas, justamente para que isso não seja usado para
desequilibrar o mercado.

Conforme constou no espelho da resposta: “a) quando se trate de órgãos pelos quais o Estado administra o inte-
resse público, ainda que integrem a chamada administração indireta (autarquias, fundações públicas ou empresas
públicas), nada obsta que tomem compromissos de ajustamento quando ajam como prestadoras ou exploradoras
de serviço público; b) Contudo, quando as empresas estatais ajam na qualidade de exploradoras da atividade
econômica, não se admite que possam tomar compromissos de ajustamento. Com efeito, a esses órgãos e em-
presas dos quais o Estado participa, quando concorram na atividade econômica em condições empresariais, não
se lhes pode conceder a prerrogativa de tomar compromissos de ajustamento de conduta, sob pena de estimular

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desigualdades afrontosas à ordem jurídica, como é o caso das sociedades de economia mista e empresas públicas
quando ajam em condições de empresas de mercado”.

-Título executivo extrajudicial em regra (será título judicial, caso celebrado em demanda já judicializada);

Liquidez, certeza e exigibilidade são características de qualquer título executivo extrajudicial. Na doutrina: “aten-
te-se que a disciplina dos títulos executivos extrajudiciais está no CPC, e lá se exige que a obrigação seja líquida,
certa e exigível no momento da formação do título executivo. Portanto, não basta dar o nome do TAC para se ter
aí um título executivo extrajudicial. É imprescindível que tal documento represente uma obrigação líquida, certa e
exigível, e, como se sabe, v.g., não basta o reconhecimento da obrigação de fazer o reflorestamento da área, mas é
necessário que estejam especificados a quantidade de árvores, a área de reflorestamento, a área de confrontações,
o tipo de vegetação, como se dará a adubação ao longo do tempo etc., ou ainda, não adianta prever a instalação
de filtro de fábrica, mas é necessário especificar como será a instalação, qual o tipo de filtro etc.” (RODRIGUES,
Marcelo Abelha. Processo civil ambiental. 3. ed. São Paulo: RT, 2011, p. 238 a 239).

-Objeto do TAC: tomar dos interessados o compromisso, mediante cominações, de ajustamento de suas condutas
às exigências legais (obrigações de fazer, não fazer, dar …);

O art. 5, § 6°, da LACP, reza que: “Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso
de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo
extrajudicial”.

As cominações a que se refere à lei, via de regra, serão consubstanciadas na imposição de multa coercitiva (astrein-
te) em caso de descumprimento da obrigação.

Na doutrina, entende-se que a fixação de cominações é obrigatória: “de fato, não há muita razão em se estabe-
lecer obrigações em título executivo extrajudicial sem que o mesmo preveja, de forma preventiva, aplicação de
sanções de natureza pecuniária (geralmente estabelecida por meio de multas diárias) ou de outra natureza (…). A
cominação não se traduz em ato discricionário do representante do órgão público que elabora o compromisso de
ajustamento de conduta, mas, sim, em verdadeiro ato vinculado, que não pode ser afastado da redação do termo
termo próprio (…). Temos que a falta de cominação às obrigações assumidas pelo ajuste no título executivo extra-
judicial que se forma leva mesmo à nulidade do título, por vício extrínseco na formação deste”. (AKAOUI, Fernando
Referendo Vidal. Compromisso de ajustamento de conduta ambiental. 5d. São Paulo: RT, 2015, p. 135/137).

A obrigatoriedade da fixação de cominação é corroborada pela redação do art. 4. da Resolução 179 do CNMP:
“Art. 4º O compromisso de ajustamento de conduta deverá prever multa diária ou outras espécies de cominação
para o caso de descumprimento das obrigações nos prazos assumidos, admitindo-se, em casos excepcionais e
devidamente fundamentados, a previsão de que esta cominação seja fixada judicialmente, se necessária à execução
do compromisso”.

-No TAC não é possível dispor do direito coletivo, apenas modular a forma de efetivação (tempo, prazo, modo…);

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-natureza jurídica de negócio jurídico sui generis (GRAVRONSKI): pressupõe união de vontades, mas não se trata
de uma transação, diante da indisponibilidade dos interesses em jogo.

Caso o órgão público que tenha celebrado o compromisso de ajustamento de conduta fique inerte e não o execute
em caso de descumprimento, a Resolução n. 179 do CNMP traz o dever do Ministério Público executá-lo:

Art. 12. O Ministério Público tem legitimidade para executar compromisso de ajustamento de conduta firmado por
outro órgão público, no caso de sua omissão frente ao descumprimento das obrigações assumidas, sem prejuízo
da adoção de outras providências de natureza civil ou criminal que se mostrarem pertinentes, inclusive em face da
inércia do órgão público compromitente.

5. RECOMENDAÇÃO

A recomendação administrativa enquanto instrumento de atuação extrajudicial do Ministério Público tem previsão
na LC/75 (MPU) e na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei 8.625/93).

O art. 6., XX, da LC/75 traz previsão mais detalhada: “compete ao Ministério Público expedir recomendações, visan-
do à melhoria dos serviços públicos e de relevância pública, bem como ao respeito aos interesses, direitos e bens
cuja defesa lhe cabe promover, fixando prazo razoável para adoção das providências cabíveis”.

a recomendação pode funcionar como:

-instrumento de prevenção de responsabilidade: leva ao conhecimento do investigado fatos que futuramente po-
derão justificar sua responsabilização. “Serve, com esse mesmo fim, para provocar a atuação do órgão ou agente
público que está se omitindo quando deveria agir (por exemplo, para órgão ambiental realizar estudo de impacto
ambiental em caso em que é necessário), evitar que aja contra a lei (no mesmo caso, evitar a expedição de licença
ambiental ilegal) ou fazer com que corrija sua conduta (corrija ou complemente a licença já expedida)”.

-instrumento de concretização de direitos e correção de condutas: “o instrumento [recomendação] é especial-


mente útil em situações de violações a direitos coletivos que se apresentem bastante complexas sob a perspectiva
fática e jurídica (de múltiplas hipóteses interpretativas), ou em que o grau de discricionariedade é elevado, mas há
disposição do apontado responsável pela efetividade desses direitos em aprimorar sua conduta ou adotar uma
nova com apoio ou orientação do Ministério Público (...)”.

-instrumento para alteração de normas: “ainda e por fim, como decorrência de sua origem ligada à função de
Ombudsman, cumpre-nos referir que a recomendação pode ser utilizada para sugerir alteração de normas e da
legislação em vigor (…). A ausência de coercibilidade que a caracteriza afasta qualquer alegação de que sua utili-
zação pelo Ministério Público seja uma afronta ao princípio da separação de poderes. (…) Deve-se apenas ressal-
var que, em caso de não atendimento da recomendação não é cabível ação judicial, destinada a impor o quanto
recomendado ou responsabilizar os destinatários da recomendação (como de regra nas outras hipóteses de uso
do instrumento). Nesses casos, a única, possibilidade de discussão judicial será, quando cabível, a do controle con-
centrado de constitucionalidade”.

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É impossível que o Ministério Público fixe sanções de modo unilateral na recomendação. A fixação de sanções
somente é possível no termo de ajustamento de conduta, que é firmado de forma consensual.

→ Como visto, a recomendação pode ser vista como um “instrumento de alteração de normas”, o que vem sendo
feito com certo sucesso na prática. Pense em uma recomendação para que o Município altere dispositivos da legis-
lação municipal para adequá-los às exigências do Estatuto da Pessoa com Deficiência.

→ A recomendação também é um instrumento de prevenção de responsabilidades. Por exemplo, caso o Ministério


Público recomende ao Prefeito que exonere ocupantes de cargo em comissão em situação de nepotismo, e o Pre-
feito, mesmo devidamente cientificado, não cumpra a orientação, em futura ação de improbidade administrativa
está evidenciado seu dolo, uma vez que foi devidamente avisado acerca da irregularidade.

→ A Recomendação administrativa sempre deve estar vinculada a algum procedimento extrajudicial do Ministério
Público (ou seja, deverá ser expedida no bojo do inquérito civil, procedimento preparatório ou do procedimento
administrativo).

Em situações de urgência, admite-se a expedição de recomendação sem que exista procedimento, desde que esse
seja instaurado posteriormente. Isso está previsto na resolução 164 do CNMP:

Art. 3º O Ministério Público, de ofício ou mediante provocação, nos autos de inquérito civil, de procedimento ad-
ministrativo ou procedimento preparatório, poderá expedir recomendação objetivando o respeito e a efetividade
dos direitos e interesses que lhe incumba defender e, sendo o caso, a edição ou alteração de normas.

§ 1º Preliminarmente à expedição da recomendação à autoridade pública, serão requisitadas informações ao órgão


destinatário sobre a situação jurídica e o caso concreto a ela afetos, exceto em caso de impossibilidade devidamente
motivada.

§ 2º Em casos que reclamam urgência, o Ministério Público poderá, de ofício, expedir recomendação, procedendo,
posteriormente, à instauração do respectivo procedimento.

6. NOTÍCIA DE FATO

Conforme glossário das Tabelas Unificadas do CNMP, Notícia de Fato é notícia de suposta violação a direito, ile-
galidade ou abuso de direito, que chegue ao conhecimento do Ministério Público e seja passível de ensejar sua
atuação institucional. Em outras palavras, trata-se da comunicação de um acontecimento (fato) para o Ministério
Público, que avaliará seu potencial para ser transformado em outras atividades finalísticas extrajudiciais ou em ação
judicial.

Basicamente, a notícia de fato (vulga “NF”) tem como escopo documentar a entrada de denúncias na Promotoria,
sendo que, mediante diligências preliminares, o membro do Ministério Público, na notícia de fato, averigua a per-
tinência de instauração de outro procedimento a respeito daquela denúncia (a notícia de fato pode ser convertida

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em qualquer outro procedimento extrajudicial do MP). Na notícia de fato é expressamente vedada a expedição de
requisições

→ O prazo de conclusão da notícia de fato é de 30 (trinta dias), prorrogáveis apenas uma vez por mais 90 (noventa
dias), conforme art. 3 da Resolução 174 do CNMP.

→ São hipóteses de arquivamento da notícia de fato (Resolução 174 do CNMP):

Art. 4º A Notícia de Fato será arquivada quando: (Redação alterada pela Resolução nº 189, de 18 de junho de 2018):

I – o fato narrado já tiver sido objeto de investigação ou de ação judicial ou já se encontrar solucionado; (Redação
alterada pela Resolução nº 189, de 18 de junho de 2018)

II – a lesão ao bem jurídico tutelado for manifestamente insignificante, nos termos de jurisprudência consolidada
ou orientação do Conselho Superior ou de Câmara de Coordenação e Revisão; (Redação alterada pela Resolução
nº 189, de 18 de junho de 2018);

III – for desprovida de elementos de prova ou de informação mínimos para o início de uma apuração, e o noticiante
não atender à intimação para complementá-la. (Redação alterada pela Resolução nº 189, de 18 de junho de 2018)

São hipóteses de indeferimento da instauração da notícia de fato (Resolução 174 do CNMP):

Art. 4.

(…)

§ 4º Será indeferida a instauração de Notícia de Fato quando o fato narrado não configurar lesão ou ameaça de
lesão aos interesses ou direitos tutelados pelo Ministério Público ou for incompreensível. (Incluído pela Resolução
nº 189, de 18 de junho de 2018)

Note-se que, caso a notícia de fato diga respeito à denúncia de suposto crime, seu arquivamento deve ser sub-
metido à apreciação do juiz, assim como ocorre no inquérito policial e no procedimento investigatório criminal. As
demais notícias de fato são arquivadas na própria Promotoria de Justiça (não há homologação do arquivamento
pelo Conselho Superior do Ministério Público).

7. OMBUDSMAN

A CF/88 optou conferiu ao Ministério Público a função de Ombudsman.

A função constitucional de Ombudsman do MP relaciona-se diretamente com sua atuação na tutela co-
letiva ( judicial e extrajudicial).

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Como explica Alexandre Amaral Gravrosnki: “nos debates e estudos que precederam a Constituição Federal de
1988 identificou-se a conveniência de criar no Brasil função inspirada no modelo sueco de ombudsman, destinado
a receber e apurar as mais diversas reclamações de interesse dos cidadãos contra as autoridades e serviços pú-
blicos nos casos de desrespeito aos direitos constitucionais, e diligenciar para sua solução normalmente sem pro-
vocação do Poder Judiciário. (…) Considerando essa configuração institucional, os constituintes não vislumbraram
necessidade de criação de mais um organismo incumbido de função que melhor poderia ser desempenhada pelo
Ministério Público, decidindo por confiar-lhe as funções de ombudsman ou defensor do povo”.

Conforme o art. 129, II, da CF: “são funções institucionais do Ministério Público (…) zelar pelo efeito respeito dos
Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as
medidas necessárias à sua garantia”.

8. MINISTÉRIO PÚBLICO RESOLUTIVO

Conforme Alexandre Amaral Gravrosnki, citando o Promotor do MPSP Marcelo Pedroso Goulart, “(…) no modelo
demandista o agente do Ministério Público prefere atuar perante o Poder Judiciário, como agente processual,
transferindo-lhe a responsabilidade de resolver as diuturnas afrontas à lei, mormente no que se refere aos direitos
sociais e coletivos; no resolutivo, o agente o Ministério Público, valendo-se dos instrumentos de atuação à sua
disposição (inquérito civil ou procedimento administrativo, compromisso de ajustamento de conduta e recomen-
dação), faz deles uso efetivo e legítimo para a solução dos problemas que atentam contra tais direitos”.

A tendência atual na instituição é a valorização do modelo resolutivo.

9. CARTA DE BRASÍLIA

A Carta de Brasília de cuja redação participaram membros do Ministério Público de todo Brasil, consagrou o mo-
delo de atuação resolutivo. A Carta de Brasília é uma carta de princípios.

Importante citar trecho trazido na elaboração da carta: se faz necessária uma revisitação da atuação jurisdicional
do Ministério Público, de modo a buscar a proatividade e a resolutividade da Instituição e, ao mesmo tempo,
evitar a propositura de demandas judiciais em relação às quais a resolução extrajudicial é a mais indicada”; (…) ‘é
imprescindível a priorização do modelo de Ministério Público de atuação extrajudicial para a efetividade da função
resolutiva, principalmente tendo em vista que o Judiciário está sobrecarregado, com aproximadamente 110 milhões
de processos em tramitação”.

10. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

Os Procedimentos Administrativos destinam-se ao acompanhamento e fiscalização de cunho permanente ou não,


de fatos e políticas públicas, e a demais procedimentos não sujeitos a inquérito civil, procedimento preparatório ou
procedimento investigatório criminal, de atribuição do Ministério Público, e que não tenham o caráter de investiga-
ção cível ou criminal. Além disso, podem ser instaurados como Procedimento Administrativo os casos que versem
sobre direitos individuais, que não envolvam investigação. Regulamentado na resolução n. 174 do CNMP.

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RAIO X

O procedimento administrativo tem a vantagem de seu arquivamento não estar sujeito à homologação por parte
do Conselho Superior do Ministério Público (é arquivado na própria Promotoria de Justiça).

O procedimento administrativo atualmente é usado para casos de individuais indisponíveis (desde que não sejam
individuais e homogêneos, os quais reclamam a utilização do inquérito civil), como questões de fornecimento de
medicamento à pessoa específica ou de crianças em situação de risco, desde que não exista necessidade de inves-
tigação.

O procedimento administrativo (PA) também é essencialmente usado para que o MP acompanhe políticas públicas
(ex: acompanhar a execução de políticas de combate à dengue na comarca).

Como já afirmado, o Procedimento administrativo está previsto na resolução n. 174 do CNMP. Sugere-se que o
candidato ao menos tenha uma noção geral do objeto do PA nos termos da resolução, quais sejam:

Art. 8° O procedimento administrativo é o instrumento próprio da atividade-fim destinado a:

I – acompanhar o cumprimento das cláusulas de termo de ajustamento de conduta celebrado;

II – acompanhar e fiscalizar, de forma continuada, políticas públicas ou instituições;

III – apurar fato que enseje a tutela de interesses individuais indisponíveis; IV – embasar outras atividades não
sujeitas a inquérito civil. Parágrafo único Parágrafo único. O procedimento administrativo não tem caráter de inves-
tigação cível ou criminal de determinada pessoa, em função de um ilícito específico.

o prazo de conclusão do procedimento administrativo é de um ano, prorrogável por quantas vezes forem neces-
sárias (art. 11 da Resolução 174 do CNMP).

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