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EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO


EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

CURSO: CEJUR NORTE CONCURSOS


DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO
E-BOOK SOBRE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

SUMÁRIO
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ....................................................................................................................4
PROBIDADE X MORALIDADE ........................................................................................................................4
IMPROBIDADE NA CF/88 E A LEI 8.429/92 .............................................................................................5
SUJEITOS DO ATO DE IMPROBIDADE ........................................................................................................ 6
SUJEITO PASSIVO ......................................................................................................................................... 6
SUJEITO ATIVO ...............................................................................................................................................8
Agentes Públicos ..........................................................................................................................................8
Terceiros......................................................................................................................................................... 10
Pessoa jurídica pode ser terceiro para fins de improbidade? ................................................... 11
ESPÉCIES DE ATOS DE IMPROBIDADE ................................................................................................... 12
Atos de improbidade ...................................................................................................................................... 16
SANÇÕES APLICÁVEIS .................................................................................................................................. 17
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E PROCESSO JUDICIAL DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA .............................................................................................................. 21
Legitimidade ..................................................................................................................................................... 23
Competência..................................................................................................................................................... 23
Defesa prévia e recebimento da inicial ................................................................................................. 24
22
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Princípio do in dubio pro societate no recebimento da ação de improbidade ....................... 25


MEDIDAS CAUTELARES ............................................................................................................................... 26
PRAZOS PRESCRICIONAIS ......................................................................................................................... 29
JURISPRUDÊNCIA .......................................................................................................................................... 32
É possível aplicar cassação de aposentadoria como sanção por ato de improbidade?
(FONTE: BUSCADOR DIZER O DIREITO)...................................................................................................... 32
É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão do Tribunal de
Contas (FONTE: BUSCADOR DIZER O DIREITO) ...................................................................................... 33
QUESTÕES DE CONCURSO ......................................................................................................................... 35
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EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

SOBRE O MATERIAL

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EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

PROBIDADE X MORALIDADE
Não há consenso doutrinário a respeito do tema. Há doutrina que considera
probidade como subprincípio da moralidade. Por outro lado, há quem entenda que
probidade possui sentido mais amplo. Há, ainda, doutrinador afirmando que os dois
conceitos são sinônimos (nesse sentido, José dos Santos Carvalho Filho).
Segundo Matheus Carvalho:

“o posicionamento majoritário da Doutrina, que deve ser


seguido para provas de concursos públicos, afirma que a
moralidade e a probidade, enquanto princípios, são expressões
sinônimas, em razão de a Constituição da República ter
mencionado em seu texto a moralidade como princípio no art.
37, caput e a improbidade como lesão ao mesmo princípio.”

Por outro lado, o mesmo autor assevera que a noção de improbidade não se confunde
com a de imoralidade, ressaltando que a imoralidade é uma modalidade de
improbidade, assim nem todo ato de improbidade tipificado em lei corresponde à
violação ao princípio da moralidade.

Marcio Andre Lopes Calvacante entende que o melhor entendimento sobre a questão
é aquele que afirma ser a probidade gênero, sendo a moralidade uma de suas
espécies. Isso porque a Lei n.°8.429/92 prevê, como ato de improbidade
administrativa, não apenas a violação à moralidade, mas também aos demais
princípios da Administração Pública, conforme previsto no art. 11 da referida Lei.
Assim, nem todo ato de improbidade administrativa significa violação ao princípio da
moralidade.

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra


os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que
viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e
lealdade às instituições, e notadamente:

Com efeito, improbidade administrativa representa a desonestidade no tratamento


da res publica por parte dos administradores e funcionários públicos. Trata-se de
um ato praticado por agente público, ou por particular em conjunto com agente
público, e que gera enriquecimento ilícito, causa prejuízo ao erário ou atenta contra
os princípios da Administração Pública.
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IMPROBIDADE NA CF/88 E A LEI 8.429/92

A principal fonte constitucional da ação de improbidade é o art. 37, § 4°, que dispõe:

37, § 4°, Os atos de improbidade administrativa importarão a


suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Conforme entendimento majoritário da doutrina, o rol de sanções previsto na CF é


meramente exemplificativo, não esgotando as sanções a serem aplicadas. Desse
modo, é constitucional a ampliação das sanções realizada pela Lei nº 8.429/92.
Atualmente, a matéria referente à improbidade administrativa praticada pelos
agentes públicos se encontra positivada na Lei 8.429/1992 (LIA).

Atenção
Conforme entendimento do STJ, a Lei 8429/92 não pode ser aplicada retroativamente
para alcançar fatos anteriores a sua vigência, ainda que ocorridos após a edição da
CF/88 (Resp 1129121/GO, Rel. p/Acórdão Min. Castro Meira, julgado em 03/05/2012).
Em relação às normas processuais da LIA, sua aplicabilidade é imediata, respeitados
os efeitos dos atos processuais já praticados.

Na época em que a Lei 8.429/92 foi aprovada, discutia-se se a União possuía


competência para legislar sobre improbidade administrativa de forma nacional.
Assim, a corrente majoritária da doutrina e jurisprudência entendeu que a Lei
8.429/1992 tem aplicabilidade em todo o país. Isso porque ela traz sanções de
natureza civil e regras de direito processual, sendo competência privativa da União
para legislar sobre tais temas (art. 22, I, CF/88).

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;

Por outro lado, há quem entenda que a LIA possui alguns artigos com normas de
cunho eminentemente administrativo e, portanto, quanto a esses, deve-se
interpretar que somente se aplicam à União. Trata-se do art. 13, caput; art. 14, § 3º e
art. 20, parágrafo único. Assim, a União não poderia elaborar normas de Direito
Administrativo aplicáveis aos demais entes, devendo, portanto, respeitar a
autonomia federativa. (Nesse sentido, Rafael Rezende Oliveira).
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SUJEITOS DO ATO DE IMPROBIDADE

SUJEITO PASSIVO

O sujeito passivo do ato de improbidade é a pessoa jurídica, de direito público ou


privado, que sofre os efeitos deletérios da conduta ímproba. De fato, é a pessoa
jurídica que a lei indica como vítima do ato de improbidade administrativa. A matéria
é tratada no art. 1º, caput e parágrafo único:

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente


público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa
incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de
cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos
na forma desta lei.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei
os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade
que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de
órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o
erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por
cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos,
a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição
dos cofres públicos

Ressalta-se que no caso das entidades para cuja criação ou custeio o Erário haja
concorrido ou concorra com menos de 50% do patrimônio ou da receita anual e no
caso das entidades que recebam subvenção, benefício ou incentivo fiscal ou creditício
apenas a sanção patrimonial se limita à repercussão do ilícito sobre a contribuição
dos cofres públicos, sendo as demais sanções aplicadas normalmente. Em relação
aos prejuízos que ultrapassarem as contribuições dos cofres públicos, as entidades
privadas em comento deverão buscar o ressarcimento desse montante por outra via,
distinta da ação de improbidade
Rafael Rezende Oliveira enumera e exemplifica os sujeitos previstos na lei da
seguinte forma:

a) entes da Administração Pública Direta: União, Estados,


Distrito Federal e Municípios. De acordo com o art. 17, § 13, da
Lei 8.429/92, considera-se, também, como pessoa jurídica
interessada o ente tributante que figurar no polo ativo da
obrigação tributária de que trata a LC 116/2003 (ISS de
competência dos Municípios e DF);
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b) entidades da Administração Pública Indireta: autarquias,


empresas públicas, sociedades de economia mista e
fundações estatais de direito público e de direito privado — art.
37, XIX, da CRFB e art. 4°, II, do Decreto-lei 200/67. Aqui devem
ser lembrados, ainda, os consórcios públicos de direito público
(associações públicas), que possuem natureza jurídica de
autarquias plurifederativas, e os consórcios públicos de direito
privado, que podem ser inseridos no gênero das empresas
públicas prestadoras de serviços públicos ou de fundações
estatais de direito privado (art. 6°, I e II, e § 1°, da Lei
11.107/2005);
c) empresa incorporada ao patrimônio público. A alusão às
empresas incorporadas ao patrimônio público parece
equivocada, uma vez que, nesse caso, as referidas empresas
são extintas e absorvidas por pessoa jurídica de direito público
ou de direito privado da Administração Pública;
d) entidade criada ou custeada com recursos do erário (ex.:
Serviços Sociais Autônomos que recebem contribuições
sociais; Organizações Sociais beneficiadas com recursos
públicos repassados por contrato de gestão; Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público que recebam recursos
públicos mediante termo de parceria);
e) entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo,
fiscal ou creditício, de órgão público (ex.: entidade que recebe
financiamento com juros reduzidos).

APROFUNDANDO O TEMA

De acordo com Rafael Rezende Oliveira, as concessionárias e permissionárias de


serviços públicos não são consideradas, em regra, sujeitos passivos da Lei de
Improbidade Administrativa, uma vez que não se enquadram no art. 1° da Lei
8.429/92.

De fato, são pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços públicos
delegados pelo Estado, mediante remuneração, e não integram a Administração
Pública. A instituição e o custeio de tais entidades não dependem do erário, bem
como não há que falar, no caso, em recebimento de "subvenção, benefício ou
incentivo" por parte das delegatárias de serviços públicos.
Na concessão comum (Lei 8.987/1995), a remuneração é efetivada por meio de tarifa
ou receita alternativa. Por outro lado, nas concessões especiais (Parcerias Público-
Privadas), a remuneração pressupõe a contraprestação pecuniária do parceiro
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público (Poder Concedente) ao parceiro privado (concessionário), na forma do art.


2°, § 3°, da Lei 11.079/2004.
De qualquer forma, a remuneração nas concessões não se confunde com
"subvenção, benefício ou incentivo", pois as concessionárias recebem remuneração
pela prestação de determinado serviço público, e as “subvenções, benefícios ou
incentivos” são conferidos às pessoas privadas como forma de estímulo para
efetivação de metas econômicas e/ou sociais.

Em conclusão, entende-se que o fato de serem consideradas


concessionárias/permissionárias de serviço público não as sujeitam
automaticamente à lei de improbidade, mas, se houver nelas injeção de dinheiro
público, na forma de subvenção ou incentivo, por exemplo, pode-se enquadra-las na
situação do parágrafo único do art. 1º da LIA.
Ademais, por essa razão, os empregados e dirigentes das concessionárias e
permissionárias de serviços públicos não se enquadram no conceito de agente
público para fins de improbidade. Por outro lado, a aplicação das sanções, no caso,
seria possível com fundamento no art. 3° da mencionada Lei, que trata dos terceiros.

SUJEITO ATIVO

O sujeito ativo do ato de improbidade refere-se aos responsáveis pela prática do ato
de improbidade administrativa, quais sejam: agentes públicos (art. 2° da LIA) e
terceiros (art. 3° da LIA).

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele
que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma
de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
entidades mencionadas no artigo anterior.
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele
que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a
prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer
forma direta ou indireta.

Lembre-se que o sujeito ativo do ato será o réu na Ação de Improbidade.


Agentes Públicos

A expressão "agentes públicos" possui sentido genérico e engloba todas as pessoas


físicas que exercem funções estatais. Esse conceito amplo foi adotado pelo art. 2° da
Lei 8.429/92
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Percebe-se que, para lei, não importa a forma de investidura, o tipo de vínculo, a
permanência na função (transitoriamente ou não), ou se há retribuição pecuniária.
Conforme dito, o conceito de agente público para a LIA é bastante amplo, englobando
até mesmo os estagiários do serviço público, que podem estar sozinhos no polo
passivo da ação de improbidade.
Importante: Agentes políticos = crimes de responsabilidade X improbidade
Há relevante controvérsia sobre a aplicação da Lei 8.429/1992 aos agentes políticos,
submetidos ao regime especial do crime de responsabilidade.

Atualmente, o STJ entende que, o conceito de agentes públicos para fins de


improbidade é amplo, alcançando até mesmo os "agentes políticos".

Mas quem são os agentes políticos?

Ainda que não haja um consenso sobre o rol dos agentes que tenham essa
denominação, o candidato deve ficar atento para alguns cargos que tem,
notadamente, natureza política. São eles: os detentores de mandato eletivo, como os
Chefes do Executivo e os membros do Legislativo, e os ocupantes de cargo de
Ministro de Estado e de Secretário estadual e municipal.

A divergência girava em torno da possibilidade desses agentes responderem com


base na LIA, uma vez que, já estavam sujeitos a penalização por crimes de
responsabilidade, com base na lei 1.079/50. Contudo, o entendimento atual dos
tribunais superiores é o de que os agentes políticos estão sujeitos ao DUPLO REGIME
SANCIONATÓRIO, respondendo por crimes de responsabilidade e por improbidade
administrativa, não havendo bis in idem na hipótese.

(...) O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de


que os agentes políticos se submetem aos ditames da Lei de
Improbidade Administrativa, sem prejuízo da
responsabilização política e criminal. (...) (STJ. 2ª Turma. AgInt
no REsp 1607976/RJ, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em
17/10/2017.)
ATENÇÃO: Grave esta exceção: Presidente da República.
O STJ firmou entendimento que o Presidente da República
trata-se de exceção à regra acima exposta, haja vista que,
possui regramento constitucional próprio quando pratica atos
de improbidade. De acordo com o art. 85, V, da CF/88, constitui
crime de responsabilidade do Presidente atentar contra a
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probidade na administração, sendo que, o art. 86 da Carta


Magna, dispõe que o Presidente estará sujeito a julgamento
perante o Senado Federal em casos de crime de
responsabilidade por ele cometidos. Assim, o regramento
constitucional especial deve ser observado. (STJ. 1ª Turma.
AgRg no REsp 1099900/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,
julgado em 16/11/2010.)

No mesmo sentido, confira recentíssimo julgado do plenário do STF divulgado


no Informativo nº 901:

“Os agentes políticos, com exceção do Presidente da


República, encontram-se sujeitos a duplo regime
sancionatório, de modo que se submetem tanto à
responsabilização civil pelos atos de improbidade
administrativa quanto à responsabilização político-
administrativa por crimes de responsabilidade. O foro especial
por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal
em relação às infrações penais comuns não é extensível às
ações de improbidade administrativa. (STF. Plenário. Pet 3240
AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, julgado em 10/5/2018 (Info 901).

Terceiros

Além dos agentes públicos, particulares também podem responder por improbidade
(art. 3º da Lei 8.429). Dessa forma, a lei de improbidade não se aplica somente a
agentes públicos, estabelecendo sanções a particulares, alheios à estrutura do
Estado.

A aplicação das penalidades de improbidade administrativa aos terceiros


pressupõe a comprovação da intenção do particular de induzir ou concorrer para a
prática da improbidade ou dela se beneficiar de forma direta ou indireta.
O referido art. 3° determina que as disposições legais sobre a improbidade são
aplicáveis, "no que couber", aos terceiros, tendo em vista que algumas sanções são
incompatíveis com os terceiros (ex.: perda do cargo).

ATENÇÃO: É possível a a propositura da ação de improbidade exclusivamente contra


o particular?

A jurisprudência já entendeu que o terceiro, diante da redação do art. 3º, não pode
figurar sozinho no polo passivo da ação de improbidade, porquanto a conduta
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de induzir ou concorrer, necessariamente, pressupõe a participação de um agente


público:

“Para que o terceiro seja responsabilizado pelas sanções da


Lei n.8.429/92 é indispensável que seja identificado algum
agente público como autor da prática do ato de improbidade.
Assim, não é possível a propositura de ação de improbidade
exclusivamente contra o particular, sem a concomitante
presença de agente público no polo passivo da demanda. (STJ.
1ª Turma. REsp 1.171.017-PA, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
25/2/2014 (Info 535).”

Mas fique atento: a recíproca não é verdadeira! Ou seja, não há litisconsórcio passivo
necessário sob a ótica do agente público, pois, este sim, pode figurar sozinho no polo
passivo da ação de improbidade administrativa:

“Nas ações de improbidade administrativa, NÃO há


litisconsórcio passivo necessário entre o agente público e os
terceiros beneficiados com o ato ímprobo” (Jurisprudência em
Teses do STJ – edição n.º 38, item 9).

Pessoa jurídica pode ser terceiro para fins de improbidade?

Há controvérsias doutrinárias sobre a possibilidade de pessoas jurídicas


enquadrarem-se na expressão "terceiros".

Alguns autores sustentam que as pessoas jurídicas não podem ser


consideradas sujeitos ativos da improbidade, uma vez que o art. 3° da LIA exige as
condutas de indução e colaboração, além do dolo, para a improbidade, que são
próprias de pessoas físicas e incompatíveis com a responsabilização de pessoa
jurídica. Nesse sentido: José dos Santos Carvalho Filho.

Por outro lado, parcela da doutrina considera que os terceiros, mencionados


no art. 3° da Lei 8.429, referem-se tanto às pessoas físicas quanto às pessoas
jurídicas. Para esse parte da doutrina, a norma em questão não diferencia a pessoa
natural da pessoa jurídica; ademais, ainda que os verbos "induzir" e "concorrer"
tenham relação com condutas de pessoas físicas, o dispositivo também considera
terceiro aquele que se beneficie da improbidade, o que é aplicável à pessoa jurídica,
que, enquanto sujeito de direito, possui personalidade jurídica própria e não se
confunde com os seus sócios. Nesse sentido: Emerson Garcia e Rafael Rezende
Oliveira.
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Atente-se que o STJ já acolheu o entendimento da segunda corrente:

“As pessoas jurídicas que participem ou se beneficiem dos


atos de improbidade sujeitam-se à Lei 8.429/1992” (STJ, 2ª
Turma, REsp 1.122.177/MT, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe
27.04.2011)

ESPÉCIES DE ATOS DE IMPROBIDADE

Os atos de improbidade administrativa encontram-se tipificados nos arts. 9°


(enriquecimento ilícito), 10 (dano ao erário), 10-A (concessão ou aplicação indevida
de benefício financeiro ou tributário) e 11 (violação aos princípios da Administração)
da Lei 8.429/92. Ressalta-se que cada um dos artigos traz um rol meramente
exemplificativo de atos.

Caso o sujeito ativo pratique ato que se enquadre em mais de um tipo de ato de
improbidade, responderá por aquele que comina sanção mais grave.
Art. 9º - atos que importam enriquecimento ilícito

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando


enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial
indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego
ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e
notadamente:

Os atos do art. 9º referem-se à obtenção de qualquer tipo de vantagem


patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou
atividade nas entidades mencionadas no art. 1° da LIA.

A circunstância primordial para configuração do enriquecimento ilícito é o


recebimento da vantagem patrimonial indevida, quando do exercício da função
pública, independentemente da ocorrência de dano ao erário.

Ressalta-se que o agente público ou o terceiro deve atuar com dolo para
caracterização do enriquecimento ilícito.

No que tange ao ato de improbidade administrativa que importe enriquecimento


ilícito, o STJ já decidiu:
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“Ainda que não haja dano ao erário, é possível a condenação


por ato de improbidade administrativa que importe
enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei nº 8.429/92), excluindo-se,
contudo, a possibilidade de aplicação da pena de
ressarcimento ao erário.” STJ. 1ª Turma. REsp 1.412.214-PR,
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min.
Benedito Gonçalves, julgado em 8/3/2016 (Info 580).

Art. 10 – atos que causam prejuízos ao erário

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão


ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje
perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
desta lei, e notadamente:

Os atos do art. 10 relacionam-se à ação ou omissão, dolosa ou culposa, que


acarreta perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos
bens ou haveres da Administração Pública e demais entidades mencionadas no art.
1° da LIA.

A premissa central para tipificação do ato de improbidade, no caso, é a


ocorrência de lesão ao erário, sendo irrelevante o eventual enriquecimento ilícito do
agente público ou do terceiro.

Lembre-se que o atos de improbidade que causam dano ao erário podem ser
sancionados a título de dolo ou culpa.

Art. 10-A – atos decorrentes de concessão ou aplicação indevida de benefício


financeiro ou tributário.

Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer ação


ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou
tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei
Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído pela Lei
Complementar nº 157, de 2016) (Produção de efeito)

O art. 10-A da Lei 8.429/92, inserido pela LC 157/16, tipifica como ato de
improbidade qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício
financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o §1° do art. 8°-A da LC
116/03, que dispõe sobre o Imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS), de
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competência municipal. Ressalta-se que os atos do art. 10-A dependem,


necessariamente, da comprovação do dolo dos agentes envolvidos.

Art. 11- violação aos princípios da Administração Pública

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra


os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que
viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e
lealdade às instituições, e notadamente:

Constitui ato de improbidade administrativa a conduta, comissiva ou omissiva, que


contraria os princípios da Administração Pública, em desconformidade com os
deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições.
O pressuposto central para configuração do ato de improbidade, no caso, é a violação
aos princípios da Administração Pública, independentemente do enriquecimento
ilícito do agente ou de lesão ao erário.

Quanto ao elemento subjetivo, exige-se a comprovação do dolo por parte do agente


público ou do terceiro.
O que o STJ vem decidindo sobre o tema

A configuração do ato de improbidade por ofensa a princípio da


administração depende da demonstração do chamado dolo
genérico ou lato sensu" (STJ. 2ª Turma. REsp 1383649/SE, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 05/09/2013).
Ressalte-se que não se exige dolo específico (elemento
subjetivo específico) para sua tipificação (STJ. 2ª Turma. AgRg
no AREsp 307.583/RN, Rel. Min. Castro Meira, julgado em
18/06/2013).

Confira casos interessantes julgados pelo STJ que configuram ato de improbidade
administrativa que atenta contra princípios (art. 11):

Tortura praticada por policiais contra particular caracteriza-se


como ato de improbidade administrativa! Para o STJ, a tortura
de preso custodiado em delegacia por policial constitui ato de
improbidade que atenta contra os princípios da administração
pública (art. 11, Lei nº 8429/92). (STJ. 1ª Seção. REsp 1.177.910-
SE, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 26/08/2015 -
Info 577).
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Configura ato de improbidade administrativa a conduta de


professor da rede pública de ensino que, aproveitando-se
dessa condição, assedie sexualmente seus alunos. (STJ. 2ª
Turma. REsp 1.255.120-SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado
em 21/5/2013. Info 523).

A prática de assédio moral enquadra-se na conduta prevista


no art. 11, caput, da Lei n.° 8.429/92, em razão do evidente
abuso de poder, desvio de finalidade e malferimento à
impessoalidade, ao agir deliberadamente em prejuízo de
alguém. (STJ. 2ª Turma. REsp 1286466/RS, Rel. Min. Eliana
Calmon, julgado em 03/09/2013).

Configura ato de improbidade administrativa a propaganda ou


campanha publicitária que tem por objetivo promover
favorecimento pessoal, de terceiro, de partido ou de ideologia,
com utilização indevida da máquina pública. (STJ. 2ª Turma.
AgRg no AREsp 496.566/DF, Rel. Min. Humberto Martins,
julgado em 27/05/2014. Não divulgado em Info).

A conduta de contratar diretamente serviços técnicos sem


demonstrar a singularidade do objeto contratado e a notória
especialização, e com cláusula de remuneração abusiva fere o
dever do administrador de agir na estrita legalidade e
moralidade que norteiam a Administração Pública,
amoldando-se ao ato de improbidade administrativa tipificado
no art. 11 da Lei de Improbidade. É desnecessário perquirir
acerca da comprovação de enriquecimento ilícito do
administrador público ou da caracterização de prejuízo ao
Erário. O dolo está configurado pela manifesta vontade de
realizar conduta contrária ao dever de legalidade, corroborada
pelos sucessivos aditamentos contratuais, pois é inequívoca a
obrigatoriedade de formalização de processo para justificar a
contratação de serviços pela Administração Pública sem o
procedimento licitatório (hipóteses de dispensa ou
inexigibilidade de licitação). (STJ. 2ª Turma. REsp 1377703/GO,
Rel. p/ Acórdão Min. Herman Benjamin, julgado em 03/12/2013)

Fonte: Marcio Andre Lopes Cavalcante, Dizer o Direito

DICA
Algumas questões trazem no comando um determinado ato de improbidade e exigem
que o candidato identifique em que artigo ele se insere. Apesar de difícil
616
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

memorização, atente-se para buscar a ideia de cada um dos dispositivos, ligadas


justamente ao enriquecimento ilícito, ao dano ao erário e desrespeito aos princípios
da administração pública. Aqui é necessário a repetição da leitura dos dispositivos.
Para facilitar os estudos sobre o tema, vamos descrever as dicas que Gustavo
Scatolino e Joao Trindade trazem em seu Manual (acompanhe com a lei em mãos):

“Para tornar mais fácil o aprendizado dos atos de improbidade previstos na LIA, é
necessário memorizar os verbos que iniciam cada conduta. Raramente o mesmo
verbo será utilizado em mais de um ato.
Atos de improbidade

Enriquecimento ilícito (art. 9º)

VERBOS: Receber, perceber, utilizar, adquirir, aceitar, incorporar, usar


Lesão ao erário (art. 10)

VERBOS: Facilitar, permitir, doar, realizar, conceder, frustrar, ordenar, agir, liberar,
celebrar

Atenta contra princípios da Administração (art. 11)

VERBOS: Praticar, retardar, revelar, negar, frustrar, deixar, revelar ou permitir,


descumprir, transferir

Concessão ou aplicação indevida de benefício financeiro ou tributário (art. 10-A)


VERBOS: Conceder, aplicar ou manter

Deve-se, entretanto, ter cuidado com os seguintes casos:

a) Frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo para


celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos é ato que causa
prejuízo ao erário (art. 10, VIII); mas, frustrar a licitude de concurso público é
ato que viola princípio da Administração (art. 11, V);
b) Utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das
entidades mencionadas no art. 1° da LIA, bem como o trabalho de servidores
públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades é ato que
717
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

importa enriquecimento ilícito (art. 9º, IV); permitir que se utilize é ato que
causa prejuízo ao erário (art. 10, XIII);

A expressão “vantagem econômica” só é utilizada no art. 9º. Assim, essa


expressão se refere a atos que geram enriquecimento ilícito.”

SANÇÕES APLICÁVEIS

Os responsáveis pela prática de improbidade administrativa, sem prejuízo das


sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, estão
sujeitos às sanções previstas no art. 12 da Lei 8.429/92, que podem ser aplicadas
isoladas ou cumulativamente, levando-se em consideração a gravidade do fato.
De acordo com a doutrina majoritária, são sanções de natureza política (suspenção
dos direitos políticos); político-administrativa (perda da função pública);
administrativa (proibição de contratar e receber benefícios ou incentivos fiscais e
creditícios do Poder Público) e civil (multa, ressarcimento do dano e perda dos
valores ou bens acrescidos ilicitamente).

Art. 12, I – sanções aos atos que importem enriquecimento ilícito:


Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio
Ressarcimento integral do dano, quando houver
Perda da função pública
Suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos
Pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo
patrimonial
Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo
de dez anos.

Art. 12, II – sanções aos atos que causam prejuízo ao erário


Ressarcimento integral do dano
Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se
concorrer essa circunstância.
Perda da função pública
Suspensão dos direitos políticos por cinco a oito anos
818
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano


Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo
de cinco anos.

Art. 12, IV – sanções aos atos decorrentes de concessão ou aplicação


indevida de benefício financeiro ou tributário
Perda da função pública
Suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos
Multa civil de até três vezes o valor do benefício financeiro ou tributário
concedido.

Art. 12, III – sanções aos atos que violem princípios administrativos
Ressarcimento integral do dano, se houver
Perda da função pública
Suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos
Pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração
percebida pelo agente
Proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo
de três anos

é possível que o juiz aplique as sanções do art. 12 da Lei 8429/92, abaixo do mínimo
legal previsto no dispositivo?

É cediço que, ao condenar o acusado à prática de atos de improbidade


administrativa, o magistrado possui certa discricionariedade ao aplicar as
penalidades, conforme as peculiaridades do caso concreto. O próprio art. 12 da LIA,
dispõe que o responsável pelo ato de improbidade ficará sujeito às cominações
legais, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato.
Nesse contexto, imagine a seguinte situação: Thiago, servidor público estadual,
praticou conduta ímproba que viola princípio da administração pública (art. 11, da LIA).
Para essa hipótese, a pena de suspensão dos direitos políticos, cominada no art. 12,
é de 3 a 5 anos. O juiz, atentando para a gravidade do fato, aplicou a pena de
919
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

suspensão de direitos políticos a Thiago pelo prazo de 2 anos. E aí, candidato, agiu
corretamente o juiz?

Para o STJ, não. A Corte entendeu que o art. 12 fixou um


conjunto de penalidade para cada uma das modalidades do
atos de improbidade, estabelecendo em seus incisos
cominações máximas e mínimas. Dessa forma, não é dado ao
julgador a faculdade de estipular novos parâmetros, devendo
se ater a margem conferida pela lei. (STJ. 2ª Turma. REsp
1.582.014-CE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2016
- Info 581).

De acordo com o art. 8º da LIA o sucessor daquele que causar lesão ao


patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações
previstas até o limite do valor da herança.

Ademais, na forma do art. 21, I, a aplicação das sanções previstas na LIA


independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena
de ressarcimento. Assim, nos termos da lei, ocorrendo ou não dano ao patrimônio
público poderá o agente responder por ato de improbidade.

Porém, para o STJ, em relação aos atos do art. 10 (atos que causem lesão ao
erário) é necessário a configuração de dano ao Erário (prejuízo econômico) no
sentido financeiro da lesão.

O QUE O STJ VEM DECIDINDO SOBRE O TEMA

Conforme exposto, para a condenação por ato de improbidade


administrativa do art. 10, é indispensável a demonstração de
que ocorreu efetivo dano ao erário.
No casos em que o Prefeito que contrata, sem licitação,
empresa para fornecer material para o Município burlando o
procedimento licitatório por meio da prática conhecida como
fracionamento do contrato, comete ato de improbidade
administrativa (art. 10, VII). Para o STJ, em casos de
fracionamento de compras e contratações com o objetivo de
se dispensar ilegalmente o procedimento licitatório o prejuízo
ao erário é considerado presumido (in re ipsa), na medida em
que o Poder Público, por força da conduta ímproba do
administrador, deixa de contratar a melhor proposta, o que
gera prejuízos aos cofres públicos.
020
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Segundo o art. 21, I, da Lei 8.429/92, o autor do ato de


improbidade somente poderá sofrer a sanção de
ressarcimento ao erário se ficar comprovada a efetiva
ocorrência de dano ao patrimônio público. Tratando-se de
fracionamento de licitação, o prejuízo ao patrimônio público é
presumido, de forma que o autor do ato de improbidade poderá
ser condenado a ressarcir o erário. (STJ. 2ª Turma. REsp
1.376.524-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 2/9/2014
(Info 549)

Importante ressaltar ainda que é possível, mesmo após a aprovação das


contas pelo Tribunal de Contas, a propositura da ação de improbidade, verificado o
cometimento de alguma das infrações estabelecidas em lei, uma vez que aplicação
das sanções também independe da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas (art. 21, II).

Por fim, conforme art. 20 da LIA, a perda da função pública e a suspensão dos
direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.

ATENÇÃO: Conforme visto acima, uma das sanções que podem ser cominadas ao
sujeito condenado por ato de improbidade administrativa consiste na “perda da
função pública”. Quando a Lei fala em “função pública”, isso deve ser interpretado de
forma bem ampla, abrangendo servidores públicos estatutários, servidores
ocupantes de cargo em comissão, empregados públicos, titulares de mandato eletivo,
etc.

Mas o que acontece se, no momento do trânsito em julgado, o condenado ocupa cargo
diferente daquele que exercia na prática do ato de improbidade?

Em recente decisão (REsp 1766149/RJ), a 1ª Turma do STJ


entendeu que se o agente público tiver mudado de cargo, ele
não poderá perder o cargo que atualmente ocupa. Assim, o
condenado só perde a função pública que ele utilizou para a
prática do ato de improbidade. (STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp
1423452/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 01/03/2018. STJ. 1ª
Turma. REsp 1766149/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
08/11/2018.)

Entretanto há decisões anteriores da 2ª Turma do STJ no


sentido de que o agente perde a função pública que estiver
2121
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

ocupando no momento do trânsito em julgado, ainda que seja


diferente daquela que ocupava no momento da prática do ato
de improbidade. (STJ. 2ª Turma. RMS 32.378/SP, Rel.Min.
Humberto Martins, julgado em 05/05/2015.) Esse também é o
entendimento da maioria da doutrina.

PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E PROCESSO JUDICIAL DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA


POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Em relação ao processo administrativo, de acordo com o art. 14, caput, qualquer


pessoa, física ou jurídica, poderá representar à autoridade administrativa
competente para que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de
ato de improbidade. Trata-se de consagração do direito de petição, previsto no art.
5º, XXXIV, da CF/88, o que não afasta a possibilidade de instauração de oficio do
processo administrativo.

Atendidos os requisitos da representação, a autoridade administrativa determinará


a imediata apuração dos fatos, caso contrário, a autoridade rejeitará a representação
em despacho fundamentado, sem prejuízo de nova representação ao Ministério
Público.

Não confunda a possibilidade de representar à autoridade administrativa (que pode


ser feita por qualquer pessoa (atenção: a lei não restringe ao cidadão)) com a
legitimidade para a propositura da Ação de Improbidade (que será vista adiante).

Conforme já salientado, a natureza da ação de improbidade é cível. Assim, como as


instâncias penal, administrativa e cível são independentes, podendo o ato de
improbidade ser sancionado nas três instâncias, a aplicação das sanções de
improbidade (que têm natureza civil) não impede a apuração de responsabilidades
na esfera administrativa e na esfera penal.

Logo, ao praticar um ato de improbidade, o servidor estará sujeito às sanções


administrativas (por meio de processo administrativo disciplinar estipulado no seu
estatuto), sem prejuízo da ação penal nos moldes da legislação pertinente. Haverá
ainda sua responsabilização civil, conforme a lei de improbidade administrativa.

As sanções de improbidade serão aplicadas mediante a propositura da Ação Civil


Pública por Ato de Improbidade (ou, simplesmente, Ação de Improbidade). Não
obstante tenha natureza de Ação Civil Pública, a Ação de Improbidade não é
primordialmente regulamentada pela lei de ACP (lei 7347/85), isso porque a própria
lei 8429/92 define os contornos dessa ação. No entanto, devido a aplicação analógica
222
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

do microssistema das ações coletivas, algumas regras da Lei 7.347/85 e da Lei


4.717/65 (lei da Ação Popular) podem ser aplicadas à Ação de Improbidade.
Ademais, o art. 17, §1°, da LIA estabelece ser proibida expressamente a transação,
acordo ou conciliação nesse tipo de ação.

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo
Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de
trinta dias da efetivação da medida cautelar.
§ 1º As ações de que trata este artigo admitem a celebração de acordo
de não persecução cível, nos termos desta Lei. (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019)

A sentença de procedência determinará a aplicação das sanções previstas no art. 12


da LIA. O STJ consolidou o entendimento de que não é indispensável a aplicação de
todas as penas previstas no art. 12, sempre dependendo a fixação das penas do caso
concreto.
De acordo com Rafael Rezende Oliveia, não obstante a ausência de previsão
expressa na Lei 8.429/1992 a respeito da coisa julgada material, aplicam-se, no caso,
as regras que compõem o microssistema coletivo. A improcedência do pedido por
falta de provas não impede a propositura de nova ação (coisa julgada secundum
eventum probationis).

ATENÇÃO – JURISPRUDÊNCIA EM TESES STJ Edição n° 40

“Nas ações de improbidade administrativa é admissível a


utilização da prova emprestada, colhida na persecução penal,
desde que assegurado o contraditório e a ampla defesa.”

As penalidades aplicadas em decorrência da prática de ato de


improbidade administrativa podem ser revistas em recurso
especial desde que esteja patente a violação aos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade. O STJ entende que isso
não configura reexame de prova, não encontrando óbice na
Súmula 7 da Corte (A pretensão de simples reexame de prova
não enseja recurso especial). STJ. 1ª Seção. EREsp 1.215.121-RS,
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 14/8/2014
(Info 548).
“A revisão da dosimetria das sanções aplicadas em ação de
improbidade administrativa implica reexame do conjunto
fático-probatório dos autos, encontrando óbice na súmula
323
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

7/STJ, salvo se da leitura do acórdão recorrido verificar-se a


desproporcionalidade entre os atos praticados e as sanções
impostas.” (Jurisprudência em teses STJ - Edição nº 38).

Legitimidade

A ação de improbidade pode ser proposta pela pessoa jurídica lesada - ou seja, uma
das entidades elencadas no art. 1° da Lei 8.429/92 que tenha sofrido o ato de
improbidade - ou pelo Ministério Público, conforme art. 17 da LIA.

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo
Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de
trinta dias da efetivação da medida cautelar.

O Ministério Público, quando não for autor da ação, atuará obrigatoriamente, como
fiscal da lei, sob pena de nulidade (art. 17, § 4º).

§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como parte,


atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.

De acordo com Rafael Rezende de Oliveira, se o autor desistir da ação, o Ministério


Público poderá assumir o polo ativo (sucessão processual), tendo em vista a
aplicação analógica do art. 9° da Lei 4.717/1965 (LAP) e no art. 5º, § 3°, da Lei
7.347/1985 (LACP).

Lei 4.717/1965 Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à


absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e
condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a
qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público,
dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita,
promover o prosseguimento da ação.

Lei 7.347/1985 Art 5° § 3° Em caso de desistência infundada ou


abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou
outro legitimado assumirá a titularidade ativa. (Redação dada pela Lei
nº 8.078, de 1990)

Competência

Conforme já explicado, a competência para processo e julgamento da ação de


improbidade administrativa é do Juízo de primeiro grau. Assim, NÃO se aplica foro
por prerrogativa de função às ações de improbidade administrativa
424
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Nas ações propostas pelo Ministério Público Federal e nas ações com a presença
das pessoas indicadas no art. 109, I, da CF/88, a competência será da Justiça Federa1.
Nos demais casos, a competência será da Justiça Estadual.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública
federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes
ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

Defesa prévia e recebimento da inicial

Antes de ser recebida a petição inicial, o juiz ordenará a "notificação" do réu para que
apresente uma defesa prévia, no prazo de 15 dias, que poderá levar ao indeferimento
da inicial (art. 17, § 7°, da LIA).

§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e


ordenará a notificação do requerido, para oferecer manifestação por
escrito, que poderá ser instruída com documentos e justificações,
dentro do prazo de quinze dias. (Vide Medida Provisória nº 2.088-35,
de 2000) (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)

Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de 30 dias, em decisão fundamentada,


rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da
improcedência da ação ou da inadequação da via eleita, abrindo-se caminho para
interposição de apelação (art. 17, § 8°, da LIA).

§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em


decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da
inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da
inadequação da via eleita. (Vide Medida Provisória nº 2.088-35, de
2000) (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)

Por outro lado, recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar
contestação (art. 17, § 9°), admitindo-se a interposição de agravo de instrumento
contra referida decisão (art. 17, § 10).
Jurisprudência em teses do STJ Edição nº 38

“A ausência da notificação do réu para a defesa prévia, prevista


no art. 17, § 7º, da Lei de Improbidade Administrativa, só
acarreta nulidade processual se houver comprovado prejuízo
(pas de nullité sans grief).
525
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Qual é o recurso cabível contra a sentença que rejeita a ação de improbidade contra
apenas alguns réus?

No que tange ao recebimento da peça inicial em ação de


improbidade administrativa deve-se ter em mente três
situações distintas:
a) Contra a decisão que receber a petição inicial: cabe agravo
de instrumento, conforme art. 17, § 10, da Lei 8429/92.
b) Contra a decisão que rejeitar a inicial da ação: cabe
apelação.
c) Contra a decisão que recebe a ação apenas contra alguns
acusados e rejeita quanto aos demais: cabe agravo de
instrumento.
Segundo a jurisprudência do STJ, o recurso cabível da decisão
que extingue o processo com relação a alguns litisconsortes,
prosseguindo quanto aos demais, é o agravo de instrumento.
Contudo, pelo princípio da fungibilidade, ante a ausência má-fé
do recorrente, pode ser aceita a apelação erroneamente
interposta na hipótese, e em prazo compatível com o agravo
de instrumento. Não há erro grosseiro, no caso, uma vez que
a lei de improbidade não traz disposição específica para a
situação em comento. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.305.905-
DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 13/10/2015 (Info
574).

Princípio do in dubio pro societate no recebimento da ação de improbidade

De acordo com o STJ, existindo meros indícios de cometimento


de atos enquadrados como improbidade administrativa, a
petição inicial da ação de improbidade deve ser recebida pelo
juiz, pois, na fase inicial prevista no art. 17, §§ 7º, 8º e 9º, da
Lei 8.429/92, se aplica o princípio do in dubio pro societate, a
fim de possibilitar o maior resguardo do interesse público.
No caso concreto, o STJ entendeu que deveria ser recebida a
petição inicial de ação de improbidade no caso em que
determinado prefeito, no contexto de campanha de estímulo ao
pagamento do IPTU, fizera constar seu nome, juntamente com
informações que colocavam o município entre outros que
detinham bons índices de qualidade de vida, tanto na
contracapa do carnê de pagamento do tributo quanto em
outros meios de comunicação. (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp
2626
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

1.317.127-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em


7/3/2013 - Info 518)

Pergunta de prova: Aplica-se o reexame necessário às ações de improbidade


administrativa?

De acordo com o STJ, SIM! "A sentença que concluir pela


carência ou pela improcedência de ação de improbidade
administrativa está sujeita ao reexame necessário, com base
na aplicação subsidiária do CPC e por aplicação analógica da
primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65." (STJ. 1ª Seção.
EREsp 1.220.667-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
24/5/2017 - Info 607).

Segundo entendimento da Corte Superior o reexame necessário previsto no art. 19


da Lei 4717/65, que trata da Ação Popular pode ser aplicado às ações civis públicas
de improbidade administrativa. Segundo o dispositivo em comento, sempre que a
sentença da ação popular concluir pela carência ou improcedência da ação haverá o
duplo grau de jurisdição, como uma espécie de reexame necessário "invertido", uma
vez que a sucumbência, neste caso é da sociedade e não da Fazenda Pública. Assim,
se ação de improbidade for julgada improcedente haverá remessa necessária
independentemente do valor da sucumbência.

MEDIDAS CAUTELARES

A Lei 8.429/92 traz quatro medidas cautelares que o magistrado pode utilizar para
resguardar o resultado prático do processo (sem prejuízo do chamando poder geral
de cautela do juiz, previsto no art. 139, VI, do CPC), quais sejam:

Afastamento preventivo do servidor


Bloqueio de contas
Sequestro de bens
Indisponibilidades de bens

Importante: Indisponibilidade de bens nas ações de improbidade administrativa


Tema de extrema importância quando se fala em improbidade administrativa é a
medida de indisponibilidade de bens, disposta no art. 7º, parágrafo único, da Lei nº
8429/92. O candidato deve ficar atento, pois grande parte das questões relacionadas
ao tema são extraídas da jurisprudência do STJ e não da letra de lei.
2727
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A medida cautelar de indisponibilidade de bens visa assegurar que o agente que


pratica o ato de improbidade responda pelas sanções do art. 12 do referido diploma
legal.

A priori, ressalta-se que a indisponibilidade deve ser


decretada pelo juiz, a requerimento do MP, antes ou durante a
ação principal, assumindo caráter preparatório ou incidental.
Dessa forma, o entendimento atual é que a referida medida
pode ser decretada antes do recebimento da ação inicial e até
mesmo antes de finalizado o processo administrativo
instaurado para apurar a prática de atos de improbidade,
desde que respeitada a autorização judicial. (STJ, AgRg no
REsp 1317653/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, julgado em 07/03/2013, DJe 13/03/2013).

ATENÇÃO: o Ministério Público precisa fazer requerimento de indisponibilidade com


indicação individualizada dos bens do acusado?

Não. Em se tratando de indisponibilidade de bens do parágrafo


único do art. 7º da LIA, não há tal exigência. Diversamente, no
caso da medida de sequestro de bens do requerido, prevista
no art. 16 da LIA, é necessário que o pedido formulado contenha
a individualização dos bens que se pretende sequestrar. (STJ
AgRg no REsp 1307137/BA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
2ª Turma, julgado em 25/09/2012).
E quais atos de improbidade podem ensejar a indisponibilidade dos bens do
requerido? Vamos à leitura do art. 7º:

Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio


público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à autoridade
administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério
Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste
artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento
do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito.

Pela interpretação literal da lei, verifica-se que apenas os atos de improbidade que
causem enriquecimento ilícito ou acarretem dano ao erário podem ocasionar a
referida medida, hipóteses que se amoldam aos arts. 9º e 10 da LIA.

Contudo, o STJ entende que deve ser feita uma interpretação


sistemática da norma, de modo que a indisponibilidade de bens
pode ser deferida em qualquer das hipóteses de ato de
828
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

improbidade, até mesmo as que violem princípios da


Administração Pública (art. 11 da LIA), uma vez que o poder
geral de cautela do magistrado permite a decretação da
medida para o caso de eventual prejuízo ao erário apurado no
bojo da ação e até mesmo para garantir o pagamento da multa
civil que eventualmente aplicada. (STJ AgRg no REsp
1311013/RO, DJe 13/12/2012).

Outro ponto que merece destaque é o fato de que a indisponibilidade pode ser
deferida pelo juízo sem a prévia oitiva do réu. Segundo o STJ, é admissível a
concessão de liminar inaudita altera pars para a decretação de indisponibilidade e
sequestro de bens, visando assegurar o resultado útil da tutela jurisdicional, qual
seja, o ressarcimento ao erário, o qual ficaria prejudicado caso o réu tomasse
conhecimento da medida previamente. Portanto, é cabível a indisponibilidade antes
mesmo da notificação para apresentar defesa prévia, a qual se refere o art. 17 da LIA.
Ademais, ressaltou a Corte Cidadã que a indisponibilidade pode recair tanto sobre
bens que o agente possuía antes como depois da prática dos atos ímprobos, uma vez
que a medida não está jungida aos bens adquiridos com o produto do ato infracional.
A medida cautelar de indisponibilidade não constitui um sanção, de forma que, tem
por objetivo assegurar o resultado útil do processo, podendo recair, portanto sobre
tantos bens quantos forem necessários para assegurar o integral ressarcimento do
dano e até mesmo o cumprimento da multa civil aplicada como penalidade
autônoma.
O candidato poderia se questionar: já que a medida visa assegurar o resultado útil
do processo, impedindo que o acusado se desfaça do seu patrimônio a fim de se livrar
da reparação ao erário, deve haver indícios de que o agente esteja se desfazendo de
seus bens?

Não! conforme assentou o STJ, seria temerário aguardar atos concretos de


dilapidação do patrimônio para que o acusado sofra a indisponibilidade de bens, uma
vez que a medida se tornaria inócua, bastando que haja a devida fundamentação por
parte do magistrado, sob pena de nulidade, já que a decretação não se dá de forma
automática.
E quanto aos requisitos do fumus boni iuri e periculum in mora? Há necessidade de
comprovação?

Da mesma forma, o STJ entende que não. Para a Corte, o fumus boni iuris deve ser
comprovado por meio de alegações plausíveis pautadas em fundados indícios do ato
de improbidade, sendo o periculum in mora presumido, ou seja, dispensa-se a sua
2929
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

comprovação, dada a relevância do bem jurídico protegido e do interesse público


envolvido.

ATENÇÃO: para o STJ, portanto, a medida cautelar de


indisponibilidade de bens não se trata de tutela de urgência
(art. 300, do NCPC), e sim TUTELA DE EVIDÊNCIA (art. 311, do
NCPC), bastando a comprovação da verossimilhança das
alegações, sendo o perigo de dano presumido, eis que milita
em favor da sociedade, ante a gravidade dos atos de
improbidade. (REsp 1319515/ES, Rel. p/ Acórdão Min. Mauro
Campbell Marques, 1ª Seção, julgado em 22/08/2012).

Por fim, um último questionamento que pode estar na sua prova: é possível que a
indisponibilidade de bens recaia sobre bem de família?

Segundo o STJ, o caráter de bem de família de imóvel não obsta


a determinação de sua indisponibilidade em uma ação civil
pública por improbidade administrativa, pois tal medida,
apesar de ser ato de constrição patrimonial, não implica em
expropriação do bem. (REsp 1204794/SP, Rel. Min. Eliana
Calmon, Segunda Turma, julgado em 16/05/2013). “Os bens de
família podem ser objeto de medida de indisponibilidade
prevista na Lei de Improbidade Administrativa, uma vez que há
apenas a limitação de eventual alienação do bem.”
(Jurisprudência em Teses - STJ - Edição n.40)

PRAZOS PRESCRICIONAIS

Os prazos prescricionais para propositura da ação de improbidade administrativa


variam de acordo com o sujeito ativo da improbidade, a saber:
a) cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de
função de confiança (inciso I);

b) prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis


com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou
emprego (inciso II); e

c) cinco anos da data da apresentação à Administração da prestação de contas final


pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1° da LIA.
OBS. 1
Quanto à primeira hipótese, entende o STJ que, no que tange ao prazo
prescricional de atos praticados no exercício de mandato eletivo, havendo reeleição
030
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

do detentor do mandato, o prazo de prescrição quinquenal começará a fluir apenas


a partir do término do segundo mandato, ainda que a conduta ímproba tenha sido
praticada durante a vigência do primeiro mandato, uma vez que, o objetivo da norma
é garantir um certo lapso temporal após o afastamento do agente, para que seja
possível que as autoridades competentes tomem ciência da infração e pratiquem as
devidas diligências para a apuração e penalização dos responsáveis.

OBS. 2
Quanto à segunda hipótese, ressalta-se que deve-se observar a
legislação específica que regula o regime disciplinar do agente
faltoso. A Lei nº 8112/90 que trata do regime dos servidores públicos
civis federais, estabelece em seu art. 142, I, que prescreve em 5 anos
a ação disciplinar contra as faltas punidas com demissão, sendo este
prazo repetido na grande maioria dos diplomas das demais entidades
políticas.

OBS. 3

Quanto ao prazo de prescrição da conduta ímproba praticada por particular, ante o


silêncio legal, prevalece na doutrina e jurisprudência que deve ser utilizado o mesmo
prazo prescricional aplicado ao agente público que concorreu para a prática do ato

ATENÇÃO: a Ação de Ressarcimento ao erário decorrente de ato de improbidade


praticados dolosamente é imprescritível.

O STJ, por diversas vezes, afirmou que a pretensão de ressarcimento ao erário era
imprescritível. O STF, por sua vez, também reconhecia a imprescritibilidade da
pretensão de ressarcimento dos danos causados por ato de improbidade
administrativa. Todavia, recentemente, o STF, pronunciando-se novamente sobre a
matéria, entendeu que a imprescritibilidade se dá unicamente no caso da pretensão
de ressarcimento quando se relacione com dano decorrente de ato de improbidade
administrativa praticado com dolo.
Assim, fixou a seguinte tese para fins de repercussão geral:

São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário


fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de
Improbidade Administrativa. (STF. Plenário. RE 852475/SP, Rel.
orig. Min. Alexandre de Moraes, Rel. para acórdão Min. Edson
Fachin, julgado em 08/08/2018.)
3131
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Neste contexto, ponderou o STF que a prescritibilidade é a regra, pois visa garantir a
segurança jurídica e a pacificação dos conflitos sociais. Contudo, o próprio texto
constitucional excepciona as ações de ressarcimento ao erário da regra acima
exposta:

Art. 37
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão
dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos
praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem
prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento.

O dispositivo em comento não deve ser interpretado de forma ampla. Assim,


ressalta-se serem prescritíveis as ações de ressarcimento ao erário decorrentes de
ilícitos civis, conforme já decidiu o STF: “É prescritível a ação de reparação de danos
à Fazenda Pública decorrente de ilícito civil.” STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min.
Teori Zavascki, julgado em 03/02/2016 (repercussão geral).

Dito de outro modo, se o Poder Público sofreu um dano ao erário decorrente de um


ilícito civil e deseja ser ressarcido, ele deverá ajuizar a ação no prazo prescricional
previsto em lei.
Da mesma forma, são prescritíveis as ações de ressarcimento ao erário decorrentes
de atos de improbidade praticados com culpa, devendo ser aplicado os prazos
prescricionais do art. 23 da LIA. O candidato deve ficar atento, pois os únicos atos de
improbidade que podem ser punidos se praticados com culpa são os atos que causam
dano ao erário, dispostos no art. 10 da Lei nº 8429/92. Neste caso, as respectivas ações
de ressarcimento devem ser propostas dentro do prazo prescricional. Veja:

Critério objetivo Critério subjetivo

Art. 9º — Atos de improbidade que importam


Exige DOLO
enriquecimento ilícito do agente público

Pode ser DOLO


Art. 10 — Atos de improbidade que causam prejuízo
ou, no mínimo,
ao erário
CULPA
232
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Art. 10-A — Atos de improbidade administrativa


decorrentes de concessão ou aplicação indevida de Exige DOLO
benefício financeiro ou tributário

Art. 11 — Atos de improbidade que atentam contra


Exige DOLO
princípios da administração pública

Portanto, fique de olho quando a prova falar em ato DOLOSO de improbidade


administrativa, pois a ação de ressarcimento, neste caso, será IMPRESCRITÍVEL.
Cuidado para não confundir com as demais sanções previstas na LIA, pois estas, mesmo
que praticadas de forma dolosa só podem ser aplicadas se a ação for proposta dentro
dos prazos do art. 23. Ex.: se um agente pratica dolosamente ato de improbidade que
caracteriza dano ao erário, a sanção de suspensão de direitos políticos de 5 a 8 anos,
por exemplo, só pode ser aplicada se Ação de Improbidade for proposta dentro do prazo
prescricional. Observe que a imprescritibilidade somente diz respeito à Ação de
Ressarcimento.

JURISPRUDÊNCIA

É possível aplicar cassação de aposentadoria como sanção por ato de


improbidade? (FONTE: BUSCADOR DIZER O DIREITO)

ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. AGRAVO


INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CASSAÇÃO DE
APOSENTADORIA. LEGALIDADE ESTRITA.
AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGISLATIVA. IMPOSSIBILIDADE DE
APLICAÇÃO.
1. Na forma da jurisprudência desta Corte, "as normas que
descrevem infrações administrativas e cominam penalidades
constituem matéria de legalidade estrita, não podendo sofrer
interpretação extensiva" (AgInt no REsp 1.423.452/SP, Rel.
Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe
13/03/2018).
2. "O art. 12 da Lei 8.429/92, quando cuida das sanções
aplicáveis aos agentes públicos que cometem atos de
improbidade administrativa, não contempla a cassação de
aposentadoria, mas tão só a perda da função pública. As
normas que descrevem infrações administrativas e cominam
penalidades constituem matéria de legalidade estrita, não
333
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

podendo sofrer interpretação extensiva" (REsp 1.564.682/RO,


Rel.
Ministro OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO
DO TRF 1ª REGIÃO), PRIMEIRA TURMA, DJe 14/12/2015).
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no REsp 1643337/MG, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/04/2018, DJe 26/04/2018)

É prescritível a pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão


do Tribunal de Contas (FONTE: BUSCADOR DIZER O DIREITO)

EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO.


REPERCUSSÃO GERAL. EXECUÇÃO FUNDADA EM ACÓRDÃO
PROFERIDO PELO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO.
PRETENSÃO DE RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. ART. 37, § 5º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRESCRITIBILIDADE. 1. A regra de
prescritibilidade no Direito brasileiro é exigência dos
princípios da segurança jurídica e do devido processo legal, o
qual, em seu sentido material, deve garantir efetiva e real
proteção contra o exercício do arbítrio, com a imposição de
restrições substanciais ao poder do Estado em relação à
liberdade e à propriedade individuais, entre as quais a
impossibilidade de permanência infinita do poder persecutório
do Estado. 2. Analisando detalhadamente o tema da
“prescritibilidade de ações de ressarcimento”, este SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL concluiu que, somente são
imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas
na prática de ato de improbidade administrativa doloso
tipificado na Lei de Improbidade Administrativa – Lei
8.429/1992 (TEMA 897). Em relação a todos os demais atos
ilícitos, inclusive àqueles atentatórios à probidade da
administração não dolosos e aos anteriores à edição da Lei
8.429/1992, aplica-se o TEMA 666, sendo prescritível a ação de
reparação de danos à Fazenda Pública. 3. A excepcionalidade
reconhecida pela maioria do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
no TEMA 897, portanto, não se encontra presente no caso em
análise, uma vez que, no processo de tomada de contas, o TCU
não julga pessoas, não perquirindo a existência de dolo
decorrente de ato de improbidade administrativa, mas,
especificamente, realiza o julgamento técnico das contas à
partir da reunião dos elementos objeto da fiscalização e
apurada a ocorrência de irregularidade de que resulte dano ao
434
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

erário, proferindo o acórdão em que se imputa o débito ao


responsável, para fins de se obter o respectivo ressarcimento.
4. A pretensão de ressarcimento ao erário em face de agentes
públicos reconhecida em acórdão de Tribunal de Contas
prescreve na forma da Lei 6.830/1980 (Lei de Execução Fiscal).
5. Recurso Extraordinário DESPROVIDO, mantendo-se a
extinção do processo pelo reconhecimento da prescrição.
Fixação da seguinte tese para o TEMA 899: “É prescritível a
pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão de
Tribunal de Contas”.
(RE 636886, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal
Pleno, julgado em 20/04/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
157 DIVULG 23-06-2020 PUBLIC 24-06-2020)
535
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

QUESTÕES DE CONCURSO

CESPE - 2018 - PGM - João Pessoa - PB - Procurador do Município


No que se refere a ação de improbidade administrativa, julgue os itens a seguir.
I Segundo entendimento do STJ, pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de ação
de improbidade administrativa.
II Em ação de improbidade administrativa, embora se admita a concessão de tutela
provisória para o bloqueio de bens, não é possível o afastamento cautelar do
agente, o que somente poderá ocorrer após o trânsito em julgado da sentença que
o reconhecer como autor do ato de improbidade.
III É imprescritível a pretensão de ressarcimento de danos causados ao erário pela
prática de ato doloso e tipificado na legislação que regula a ação de improbidade
administrativa.
IV Agentes que pratiquem ato de improbidade administrativa que importe
enriquecimento ilícito estarão sujeitos às cominações de perda dos bens ou
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública e
suspensão dos direitos políticos pelo período de oito a dez anos.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia

Em fevereiro de 2018, o delegado de polícia de uma cidade determinou a realização


de diligências para apurar delito de furto em uma padaria do local. Sem mandado
judicial, os agentes de polícia conduziram um suspeito à delegacia. Interrogado
pelos próprios agentes, o suspeito negou a autoria do crime e, sem que lhe fosse
permitido se comunicar com parentes, foi trancafiado em uma cela da delegacia. A
ação dos agentes foi levada ao conhecimento do delegado, que determinou a
abertura de processo administrativo disciplinar contra eles para se apurar a
suposta ilicitude nos atos praticados.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
De acordo com o entendimento jurisprudencial do STJ, eventual punição dos
636
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

agentes de polícia no âmbito administrativo não impedirá a aplicação a eles das


penas previstas na Lei de Improbidade Administrativa.
Certo
Errado

FCC - 2018 - DPE-AM - Defensor Público - Reaplicação


No que concerne ao alcance, objetivo e subjetivo, das disposições da Lei de
Improbidade, tem-se que

a) abrangem apenas condutas dolosas, exigindo-se, para configuração do


ato de improbidade, a comprovação de vício de legalidade ou má-fé do
agente.
b) atingem particulares que tenham se beneficiado de forma direta ou
indireta da conduta improba.
c) estabelecem, como condição necessária para caracterização de
improbidade, o enriquecimento ilícito do agente cumulado com prejuízo à
Administração.
d) aplicam-se exclusivamente a condutas perpetradas em detrimento de
pessoa jurídica de direito público.
e) atingem condutas comissivas e omissas, ambas com responsabilização
objetiva e solidária dos agentes públicos que praticaram ou se
beneficiaram do ato.

MPE-MS - 2018 - MPE-MS - Promotor de Justiça Substituto


Sobre os diversos aspectos da improbidade administrativa, segundo a
jurisprudência predominante no Superior Tribunal de Justiça, assinale a
alternativa correta.

a) A demissão por ato de improbidade administrativa de membro do


Ministério Público (art. 240, inciso V, alínea b, da LC n. 75/1993) somente
pode ser determinada com o trânsito em julgado de sentença
condenatória em ação específica ajuizada supervenientemente à ação de
improbidade administrativa.
b) Os notários e os registradores não estão abrangidos no conceito amplo
de “agentes públicos”, razão pela qual se encontram fora do espectro de
737
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

incidência da Lei n. 8.429/1992.


c) É possível a ação de improbidade administrativa tendo como sujeito
passivo exclusivamente o terceiro, sem a concomitante presença do
agente público, desde que induza ou concorra a atos de improbidade
segundo os ditames da Lei n. 8.429/92.
d) Para a configuração dos atos de improbidade administrativa que atentam
contra os princípios da administração pública, é indispensável a
comprovação de efetivo prejuízo aos cofres públicos.
e) Há necessidade de análise de elemento subjetivo para a configuração de
ato de improbidade administrativa, qual seja, dolo para condutas
previstas nos artigos 9º e 11 ou, ao menos, culpa para as condutas
previstas no art. 10 da Lei de Improbidade Administrativa.
838
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

QUESTÕES COMENTADAS
CESPE - 2018 - PGM - João Pessoa - PB - Procurador do Município

1- No que se refere a ação de improbidade administrativa, julgue os itens a seguir.


I Segundo entendimento do STJ, pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de ação de
improbidade administrativa.

II Em ação de improbidade administrativa, embora se admita a concessão de tutela


provisória para o bloqueio de bens, não é possível o afastamento cautelar do agente,
o que somente poderá ocorrer após o trânsito em julgado da sentença que o
reconhecer como autor do ato de improbidade.

III É imprescritível a pretensão de ressarcimento de danos causados ao erário pela


prática de ato doloso e tipificado na legislação que regula a ação de improbidade
administrativa.

IV Agentes que pratiquem ato de improbidade administrativa que importe


enriquecimento ilícito estarão sujeitos às cominações de perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública e suspensão dos
direitos políticos pelo período de oito a dez anos.

Estão certos apenas os itens

a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.

GABARITO:D
COMENTÁRIOS:
I – Correto – Segundo o STJ:
“considerando que as pessoas jurídicas podem ser beneficiadas e
condenadas por atos ímprobos, é de se concluir que, de forma
correlata, podem figurar no pólo passivo de uma demanda de
improbidade, ainda que desacompanhada de seus sócios” (REsp
970.393CE).

IV – Correto
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e
administrativas previstas na legislação específica, está o
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
939
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente,


de acordo com a gravidade do fato:

CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia

2 - Em fevereiro de 2018, o delegado de polícia de uma cidade determinou a realização


de diligências para apurar delito de furto em uma padaria do local. Sem mandado
judicial, os agentes de polícia conduziram um suspeito à delegacia. Interrogado pelos
próprios agentes, o suspeito negou a autoria do crime e, sem que lhe fosse permitido
se comunicar com parentes, foi trancafiado em uma cela da delegacia. A ação dos
agentes foi levada ao conhecimento do delegado, que determinou a abertura de
processo administrativo disciplinar contra eles para se apurar a suposta ilicitude nos
atos praticados.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item seguinte.

De acordo com o entendimento jurisprudencial do STJ, eventual punição dos agentes


de polícia no âmbito administrativo não impedirá a aplicação a eles das penas
previstas na Lei de Improbidade Administrativa.
( ) Certo
( ) Errado
GABARITO: ERRADO
A responsabilidade do servidor é subjetiva, portando, exige a
comprovação de DOLO E CULPA.
Já a responsabilidade do Estado é Objetiva, dispensa DOLO OU CULPA

FCC - 2018 - DPE-AM - Defensor Público - Reaplicação


3) No que concerne ao alcance, objetivo e subjetivo, das disposições da Lei de
Improbidade, tem-se que

a) abrangem apenas condutas dolosas, exigindo-se, para configuração do ato


de improbidade, a comprovação de vício de legalidade ou má-fé do agente.
b) atingem particulares que tenham se beneficiado de forma direta ou indireta
da conduta improba.
c) estabelecem, como condição necessária para caracterização de
improbidade, o enriquecimento ilícito do agente cumulado com prejuízo à
Administração.
040
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

d) aplicam-se exclusivamente a condutas perpetradas em detrimento de


pessoa jurídica de direito público.
e) atingem condutas comissivas e omissas, ambas com responsabilização
objetiva e solidária dos agentes públicos que praticaram ou se beneficiaram
do ato.

GABARITO: B
COMENTÁRIOS: LETRA DA LEI, ART 3° DA LEI DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber,
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou
concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se
beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

MPE-MS - 2018 - MPE-MS - Promotor de Justiça Substituto

4) Sobre os diversos aspectos da improbidade administrativa, segundo a


jurisprudência predominante no Superior Tribunal de Justiça, assinale a
alternativa correta.

a) A demissão por ato de improbidade administrativa de membro do Ministério


Público (art. 240, inciso V, alínea b, da LC n. 75/1993) somente pode ser
determinada com o trânsito em julgado de sentença condenatória em ação
específica ajuizada supervenientemente à ação de improbidade
administrativa.
b) Os notários e os registradores não estão abrangidos no conceito amplo de
“agentes públicos”, razão pela qual se encontram fora do espectro de
incidência da Lei n. 8.429/1992.
c) É possível a ação de improbidade administrativa tendo como sujeito passivo
exclusivamente o terceiro, sem a concomitante presença do agente público,
desde que induza ou concorra a atos de improbidade segundo os ditames
da Lei n. 8.429/92.
d) Para a configuração dos atos de improbidade administrativa que atentam
contra os princípios da administração pública, é indispensável a
comprovação de efetivo prejuízo aos cofres públicos.
e) Há necessidade de análise de elemento subjetivo para a configuração de
ato de improbidade administrativa, qual seja, dolo para condutas previstas
nos artigos 9º e 11 ou, ao menos, culpa para as condutas previstas no art. 10
da Lei de Improbidade Administrativa.
4141
EX.: DIREITO ADMINISTRATIVO
EX.: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

GABARITO: E
COMENTARIOS:
O STJ consolidou a tese de ser inviável a responsabilização objetiva
pela Lei n. 8.429/92, sendo necessário a análise dos elementos
subjetivos na forma da afirmativa (STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp
1.500.812/SE, rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 28.05.2015).

CESPE / CEBRASPE - 2021 - TCE-RJ - Analista de Controle

5) Acerca do controle da administração pública e a intervenção do Estado na


propriedade, julgue o item que se segue.
Servidor público que dispensar indevidamente processo licitatório estará sujeito a
responder por improbidade administrativa, somente se a conduta tiver sido dolosa.

( ) CERTO
( ) ERRADO
GABARITO: ERRADO
COMENTARIOS:
L. 8429, Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa
lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que
enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
desta lei, e notadamente:
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo seletivo
para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou
dispensá-los indevidamente;

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