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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 2º JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE IMPERATRIZ - MA

Autos n.º 0800230-09.2023.8.10.0047

HOTELARIA ACCOR BRASIL S.A., inscrita no CNPJ/MF sob o n°


09.967.852/0001-27, com sede na Dra. Avenida Dra. Ruth Cardoso, 7815 – Torre 2, andar 9,10
e 11 Parte, Pinheiros, São Paulo/SP, CEP 05425-070, vem, por seu advogado infra-assinado
(Procuração Anexa) nos autos da ação Indenizatória movida por João Ricardo de Sa Pinto,
vem, perante Vossa Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO em face dos argumentos de fato
e de direito adiante delineados.

Inicialmente, requer a V. Exa. que conste em todas as publicações do Diário


Oficial, sempre, o nome da advogada Maria Victoria Santos Costa, OAB/RJ 49.600 como
patrona da Ré, sob pena de nulidade.

1. DA SÍNTESE DOS FATOS ALEGADOS

Trata-se de ação indenizatória movida em face da Unidade, na qual alega o Autor


alega que realizou a reserva de hospedagem no Hotel Stendhal Place Vendôme Paris-MGallery,
no dia 05/08/2022, através do site ALL - Accor Live Limitless, para o período de 22 a 27 de
maio de 2023, realizando o pagamento mediante 54.000 pontos, acrescido de 32,75 EUR.

Aduz que, por circunstâncias adversas, precisou realizar o cancelamento da


reserva, sendo surpreendido com a informação de que o valor/pontos pagos não poderiam ser
reembolsados.

www.mvcosta.com.br
Rua Lauro Müller, 116 - Conj. 1408 - Botafogo - Rio de Janeiro - RJ | (21) 2526-7188
Rua Funchal, 263 - Conj. 34 – Vila Olímpia - São Paulo - SP | (11) 4064-8200
Diante do exposto, requer antecipação de tutela para determinar que a Ré cancele
a reserva e reembolse o valor pago, além de indenização por danos materiais no valor de R$
6.135,88 (seis mil cento e trinta e cinco reais e oitenta e oito centavos) ou a restituição dos
pontos equivalentes ou, alternativamente, a aplicação de multa ao Autor de 10% sobre o valor
pago (R$ 613,58), com a restituição do valor de R$ 5.522,29 (cinco mil quinhentos e vinte e
dois reais e vinte e nove centavos).

Com efeito, a presente demanda não merece prosperar, seja porque se baseia em
premissas fáticas e jurídicas equivocadas, seja porque a pretensão contraria o melhor
entendimento jurisprudencial e doutrinário atinente ao caso concreto, consoante restará
demonstrado, urgindo seja julgado totalmente improcedente o pleito formulado.

2. PRELIMINARMENTE

Diante das especificidades do caso, se faz necessária a arguição de duas


importantes questões preliminares.

(a) Ilegitimidade Passiva da Hotelaria Accor Brasil S.A.

Especialmente, cabe observar que o valor pago pela reserva foi direcionado
ao Hotel Stendhal Place Vendôme Paris-MGallery, e que toda e qualquer questão
envolvendo a reserva em si somente podem ser tratadas com aquele hotel.

Isso significa que a relação jurídica proposta pelo Autor envolve fatos que
remetem à responsabilidade contratual específica firmada/assumida pelo Hotel Stendhal Place
Vendôme Paris-Mgallery.

Ainda, importante observar que, conforme comprovado pelo próprio Autor,


todas as tratativas e informações prestadas sobre a reserva foram assumidas e desenvolvidas
diretamente pelo hotel, com base nas diretrizes constantes na política de reserva/cancelamento
daquela empresa.
Resta patente que a empresa Ré não tem qualquer dever e não assumiu
qualquer tipo de responsabilidade em relação aos fatos alegados e reclamados na inicial, e por
isso é parte ilegítima na ação. Ou seja, jamais poderia ser compelida a cumprir qualquer
obrigação ainda que decorrente de eventual condenação, uma vez que a hipótese dos autos
definitivamente não se caracteriza como obrigação contratual, ação, omissão, ou solidariedade
por parte da empresa Ré. Desse modo, o que se discute na presente demanda somente poderá
gerar efeitos entre o Autor e o hotel envolvido na lide, conforme exposto acima.

Dessa forma, sob qualquer ângulo que se análise a questão, a conclusão é


uníssona no sentido de que empresa Ré Hotelaria Accor Brasil S.A. é PARTE ILEGÍTIMA
para figurar no polo passivo da presente lide.

Isto posto, uma vez comprovada de forma inequívoca a ilegitimidade passiva


ad causam, requer, pelas regras dos artigos 338 e seguintes do Código de Processo Civil, que
seja facultado ao Autor a alteração da petição inicial, excluindo a Hotelaria Accor Brasil S/A
do polo passivo da presente demanda, com a consequente aplicação das regras e encargos
processuais atinentes.

Outrossim, caso o Autor não promova a alteração da petição inicial, requer,


com base na regra do inciso VI, do artigo 485, somada às disposições do inciso II do artigo 330
e artigo 17, todos do Código de Processo Civil, a extinção do feito sem o julgamento do mérito,
por não haver qualquer reclamação a ser imputada à empresa de hotelaria demandada.

(b) Incompetência do Juizado Especial Cível para Processar e Julgar a Presente Demanda
em Razão da Complexidade Envolvida na Causa

A presente ação, conforme informado, envolve fato decorrente de reserva


realizada em hotel internacional, localizado em Paris. Diante da total ausência de vínculo, a
parte Ré não possui condições de obter qualquer tipo de subsídio ou esclarecimento sobre os
fatos alegados pelo Autor.
Sabe-se que o processo é o instrumento pelo qual o Estado presta a atividade
jurisdicional. Assim, necessário o cumprimento de atos preparatórios, que se sucedem
ordenadamente, a fim de proporcionar ao julgador o necessário conhecimento da situação de
direito material sobre a qual incidirá o provimento.

Como expoente desta premissa básica, para o fim de se alcançar a realização


de uma instrução processual probatória adequada e justa, a doutrina moderna reconhece a
necessidade de aprofundamento da análise pelo Poder Judiciário quanto aos pressupostos de
constituição e eficácia do processo.

No caso dos autos, considerando todas as especificidades explicadas nos


tópicos acima, tem-se que se faz necessária a modulação processual de substituição do polo
passivo, ou, alternativamente, de chamamento à lide. Tudo para se garantir os direitos
constitucionais ao contraditório e a ampla defesa.

Porém, tais fenômenos processuais são complexos e não coadunam com os


princípios básicos que norteiam o funcionamento dos Juizados Especiais - simplicidade,
informalidade, economia processual e celeridade (artigo 2º da Lei 9.099/95).

Assim sendo, requer a extinção do processo, sem julgamento de mérito, na


forma do inciso II do artigo 51 da Lei nº 9.099/95, em razão da complexidade, que torna o
Juizado Especial Cível incompetente para julgar e processar a presente demanda.

3. DO MÉRITO

Conforme demonstrado acima, quanto aos fatos reclamados na exordial, a ora


Ré ou qualquer preposto seu não participou do contrato e não esteve presente em qualquer
tratativa realizado pelo Autor junto ao Hotel Stendhal Place Vendôme Paris-MGallery e, por
óbvio, não teria como produzir provas elucidativas em relação aos fatos.
Por outro lado, se afastadas as questões preliminares arguidas acima, o que se
considera apenas em princípio da eventualidade dos debates, com base na documentação trazida
aos autos, passa a Ré a apresentar as questões de direito relacionadas ao mérito da ação.

(a) Dos Princípios que Regem as Relações Contratuais


Ausência de Requisitos Essenciais para Imputar Responsabilidade à Empresa Ré

Como se sabe, para que seja estabelecida e/ou apurada


obrigação/responsabilidade decorrente de contrato é necessário que se verifique com atenção
dois princípios básicos das relações contratuais, indispensáveis para a formação dessa relação
e, por conseguinte, para a constituição da obrigação, quais sejam, o princípio do
consensualismo e o da relatividade contratual.

Com base nestes princípios, um contrato somente pode gerar deveres, direitos
e obrigações, se for o mesmo: (i) consentido, assinado, firmado por alguém; e (ii) seus efeitos
somente podem atingir os contratantes.

A doutrina categoriza o consensualismo como condição de constituição e de


vínculo contratual. Assim, a constituição do vínculo contratual se estabelece no instante em
que, consensualmente, as partes expressam sua vontade, condição típico e praticamente
inexorável dos contratos mercantis. Nesse sentido, trazemos à baila a lição de Fábio Ulhoa
Coelho1:

“Pelo princípio do consensualismo, um contrato se constitui, via de regra,


pelo encontro das vontades manifestadas pelas partes, não sendo
necessária mais nenhuma outra condição. Há, no entanto, algumas
exceções a este primado, isto é, determinados tipos de contrato que exigem,
para a sua formação, além da convergência da vontade das partes, também
algum outro elemento. [...]”

1 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa. 18ª. ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Saraiva, 2007.
Sem consensualismo não há que se falar em obrigação. Assim, haverá
apuração de obrigações e/ou responsabilidade apenas se a parte firmar o contrato, ou seja, se a
parte assumir obrigações, encargos.

Já o princípio da relatividade contratual tem por base o fundamento no


sentido de que os terceiros não envolvidos em determinada relação contratual não podem ser
submetidos aos efeitos desta (res inter alios acta neque prodest). Assim, a eficácia contratual e
as observações quanto as obrigações estabelecidas no contrato somente podem ser aplicáveis
às pessoas que efetivamente participam do contrato. O ilustre Fábio Ulhoa Coelho, na mesma
obra citada acima, bem define o conceito:

“Pelo princípio da relatividade, o contrato gera efeitos apenas entre as


partes por ele vinculadas, não criando, em regra, direitos ou deveres para
pessoas estranhas à relação […]”.

Além disso, no direito privado vige a liberdade contratual. Uma vez


negociado e celebrado o contrato, deve ser cumprido. Esta é a regra consolidada no direito
canônico sobre o brocardo pacta sunt servanda, e prevista na regra do artigo 422 do Código
Civil. Caio Mário da Silva Pereira, nesse lineamento, ensina:

“A ordem jurídica oferece a cada um a possibilidade de contratar, e dá-lhe


a liberdade de escolher os termos da avença, segundo as suas preferências.
Concluída a convenção, recebe da ordem jurídica o condão de sujeitar, em
definitivo, os agentes. Uma vez celebrado o contrato, com observância dos
requisitos de validade, tem plena eficácia, no sentido de que se impõe a cada
um dos participantes, que não têm mais a liberdade de se forrarem às suas
consequências, a não ser com a cooperação anuente do outro. Foram as
partes que acolheram os termos de sua vinculação, e assumiram todos os
riscos. A elas não cabe reclamar, e ao juiz não é dado preocupar-se com a
severidade das cláusulas aceitas, que não podem ser atacadas sob a
invocação de princípios de equidade...”
(Instituições de Direito Civil, vol. III, n.º 185, pág. 6, Forense, 1995)

Em que pesem os argumentos acima, relativamente ao que se discute nos


autos, é de grande importância a observação de um aspecto fático.

O aspecto fático mencionado diz respeito às condições que permearam a


contratação da reserva. É importante ressaltar que, durante a efetivação da compra, nos termos
e Condições de Venda de Tarifa, o cliente é informado sobre eventual possibilidade de
cancelamento sem qualquer penalidade ou sobre a condição de tarifa “não reembolsável”.

Neste último caso, que ao que tudo indica, corresponde ao cenário fático
trazido pelo autor, trata-se de tarifa com condições especiais e que autoriza a retenção do valor
pago no momento da reserva, em caso de cancelamento unilateral pelo cliente.

Ou seja, cumpre esclarecer que a reserva foi efetuada com base em uma tarifa
promocional, com autorização para pagamento antecipado no cartão de crédito informado, e
sem a possiblidade de reembolso em caso de cancelamento, assumindo os riscos e benefícios
decorrentes da escolha por tais tarifas.

Como se sabe, os serviços de hotelaria são compostos por uma gama


diversificada de atividades correlacionadas que vão além da reserva em si, como, por exemplo,
serviços de transporte, traslados, alimentação, etc. Nesse contexto, geralmente após a
concretização da reserva, a empresa de hotelaria e todos os demais envolvidos nos serviços já
passam a envidar esforços e, muitas vezes, adiantando recursos para poder assegurar que tudo
o que especificamente foi reservado/contratado seja realizado em prol dos interesses do
adquirente/cliente. Especialmente em hotéis localizados em outros países.

Portanto, assim como em qualquer atividade oferecida, sujeita a formalização


decorrente de contratação, os serviços prestados pela empresa Ré são permeados por
especificidades que justificam a inserção da cláusula de não reembolso integral, que opera
efeitos de cláusula penal.
Portanto, a retenção não pode ser considerada abusiva, pois não há como se
afirmar que a Ré, ou qualquer outra empresa ou prestador de serviço do ramo de hospedagem,
poderia, ou não, conseguir, em curto intervalo de tempo, reinserir o quarto para outra
hospedagem, na mesma data reservada, ou, então, repassar o quarto a terceiros.

Por fim, importante observar que a cobrança de penalidade equivalente a


100% do contratado não pode ser considerada abusiva à luz dos princípios da boa-fé contratual,
ou da proporcionalidade, uma vez que o Código Civil somente veda a imposição de cláusula
penal cujo valor exceda o da obrigação principal (artigo 412).

Portanto, tendo em vista que a Ré prestou adequadamente o serviço que


dispôs ao autor, não pode sofrer prejuízos em decorrência de um evento totalmente estranho à
sua esfera de atuação, sob pena de se configurar um indesejável e desnecessário desequilíbrio
contratual, e também econômico. Sobre o tema, eis a jurisprudência especializada:

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE RESERVA EM HOTÉIS AÇÃO


INDENIZATÓRIA Hotel reservado - Desistência do autor às vésperas da
viagem Cláusula penal de não-reembolso legítima Força maior,
caracterizada pelo falecimento da sogra do autor, que não pode causar
reflexos à esfera patrimonial da ré Mitigação da multa compensatória,
nos termos do art. 413, do CC Cabimento, face às peculiaridades do caso
concreto - Danos morais não configurados - Ação parcialmente procedente
Recurso do autor desprovido Recurso da ré parcialmente provido.
(TJSP. 0012105-76.2013.8.26.0576. Relator: Melo Bueno. 35ª Câmara de
Direito Privado. Data do julgamento: 13/10/2014. Data de publicação:
13/10/2014)

Diante do exposto, resta evidente a excludente de responsabilidade da


requerida, não sendo caracterizado qualquer ato ilícito, razão pela qual nenhuma
responsabilidade lhe é cabida, conforme os termos do artigo 188, inciso I do Código Civil.
Inexiste, portanto, qualquer defeito na prestação do serviço ou dano causado ao segurado como
consequência de uma conduta imputável a ré, face a ausência do indispensável nexo de
causalidade.

Ademais, conforme exaustivamente exposto, no caso dos autos, a empresa Ré


NÃO assumiu qualquer obrigação relacionada à reserva de hospedagem que o Autor efetuou
perante o Hotel Stendhal Place Vendôme Paris-MGallery. Portanto, a ação deve ser julgada
improcedente em face da Ré.

(b) Da Inexistência de Qualquer Ato Praticado pela Empresa Ré


Flagrante Ausência de Nexo em Relação às Causas de Pedir
Patente Inexistência de Dever de Indenizar

Conforme resta provado nos autos, foi a gerência do Hotel Stendhal Place
Vendôme Paris-MGallery que adotou todo o canal de comunicação com a parte autora. A
Ré, por sua vez, NÃO assumiu qualquer obrigação envolvendo a reserva da estadia, tampouco
praticou qualquer ato que esteja relacionado aos fatos reclamados na ação.

De acordo com as leis em vigor, cada qual deve assumir a responsabilidade


do negócio, no limite em que dele participou. Não é possível se praticar qualquer tipo de
“ramificação de responsabilidade”, sob pena de se fomentar enriquecimento sem causa, o que
é vedado por nosso ordenamento jurídico.

Nesta ação não há qualquer questionamento acerca de atos relacionados à Ré.


As especificidades dos autos comprovam que não caberia à Ré qualquer tipo de
atuação/participação na gestão do hotel Ibis Budget Paris Porte de Bagnolet. Assim, não é
possível, sob hipótese alguma, exigir da mesma que assuma responsabilidade pelos fatos
reclamados pelo Autor nesta ação.

De acordo com as especificidades do presente caso, não há que se falar em


qualquer tipo de ato praticado pela Ré, tampouco em responsabilidade contratual. Assim, as
pretensões do Autor devem ser apuradas perante o hotel Ibis Budget Paris Porte de Bagnolet.

No Código Civil, as regras a respeito de responsabilidade civil estão


materializadas nos artigos 186, 187, 188 e 927. O instituto da responsabilidade civil é
constituído por quatro pilares, quais sejam: a ação/omissão imputada ao agente, a culpa do
agente, o dano experimentado e o nexo de causalidade. Assim, a apuração de responsabilidade
civil deve sempre se valer da análise criteriosa a respeito desses quatro elementos.
No Código de Defesa do Consumidor, a responsabilidade do prestador de
serviço pressupõe a identificação exata do prestador, bem como da relação firmada entre ele e
o consumidor. E no caso dos autos, inexiste qualquer relação entre o Autor e a empresa Ré.

Por conta dos elementos fáticos e aspectos jurídicos relacionados acima, não
há qualquer fundamento que autorize qualquer tipo de responsabilidade relacionada à Ré. A
ação deve ser julgada improcedente em face desta.

(c) Flagrante Inexistência de Solidariedade da Ré em Relação ao Hotel Stendhal Place


Vendôme Paris-MGallery

Além das regras de reponsabilidade contratual, importante lembrar da regra


do artigo 265 do Código Civil2, que estabelece que a solidariedade não se presume, e que
somente pode ser configurada a partir de texto legal, ou por vontade das partes. Já as regras dos
artigos 932 a 934 do mesmo diploma elenca hipóteses específicas de responsabilidades por
atos de terceiros.

Ainda que não haja qualquer pedido ou referência à responsabilidade solidária


na petição inicial, esclareça-se que tais regras não se aplicam ao presente caso, por conta das
seguintes especificidades: (i) ausência de responsabilidade (seja contratual, ou extracontratual)
da Ré por ato de terceiro, afastando a incidência da regra do artigo 932 do Código Civil; e (ii)
ausência de solidariedade, porque não participou do contrato, por inexistência de previsão legal,
e porque não houve qualquer assunção de responsabilidade, ou por alguma obrigação.

Portanto, para a hipótese de responsabilidade contratual, não há qualquer


fundamento que autorize a aplicação da regra de solidariedade, evitando assim qualquer tipo de
extensão, de ramificação, de responsabilidade contratual à Ré. Dessa forma, a ação deve ser
julgada improcedente em face da Ré.

2
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
4. CONCLUSÃO

Relativamente às questões PRELIMINARES apresentadas nesta contestação,


requer:

a. com base nas regras dos artigos 338 e seguintes do Código de Processo Civil,
que seja facultado ao Autor a alteração da petição inicial, excluindo a empresa Ré
do polo passivo da presente demanda, com a consequente aplicação das regras e
encargos processuais atinentes. Ou, alternativamente, declarar a extinção do
processo sem julgamento de mérito, nos termos do artigo 485, Inciso VI do CPC,
em virtude da ilegitimidade passiva da empresa Hotelaria Accor Brasil S.A.;

b. a extinção do processo sem julgamento de mérito, nos termos do artigo 51, II


da Lei 9.099/95 em virtude da complexidade da causa

Por fim, diante de todo o exposto, contestando integralmente a peça inicial,


requer a V. Exa. que, se ultrapassadas todas as questões preliminares, roga-se que, ao final,
sejam julgados TOTALMENTE IMPROCEDENTES os pedidos formulados na petição
inicial.

Na eventualidade de ser julgado procedente o pedido de danos morais, requer


desde já que sejam verificadas as questões eventuais referentes a observância do princípio da
razoabilidade quanto a fixação de eventual indenização por danos morais.

Termos em que,
Pede deferimento.
Imperatriz/MA, 12 de abril de 2023

Maria Victoria Santos Costa


OAB/RJ 49.600

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