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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA

XX_____ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE XX___________

Autos do processo nº. (número)


Autor: HOTEL (nome)
Réus: TÍCIO (sobrenome) e EMPRESA (nome)

TÍCIO (sobrenome), representante comercial autônomo, 5 (estado civil),


portador da cédula de identidade RG n. (número) e inscrito no CPF sob o
n. (número), residente em (Rua, número, bairro, CEP), n a comarca de
(Comarca), com endereço eletrônico (endereço) e EMPRESA (nome),
com sede e m (Rua, número, bairro, CEP), inscrita no CNPJ sob o n.
(número), com endereço eletrônico (endereço) vem à presença de V .
Exa., por seu advogado (procuração anexa), cujo escritório se localiza em
(endereço), com fundamento na lei, apresentar a presente CONTESTAÇÃO à
ação condenatória proposta por HOTEL (nome), já qualificado, com base
nos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I - DA SÍNTESE DA INICIAL

Busca o autor o Poder Judiciário pleiteando o recebimento dos valores


referentes à utilização dos serviços hoteleiros por parte do corréu TÍCIO. Afirma
a exordial que TÍCIO hospedou-se no HOTEL por nove oportunidades entre
dezembro d e 2014 e fevereiro de 2 015, e que não teria pagado a conta. A
demanda foi ajuizada em março de 2016 também em f ace da EMPRESA,
pedindo o autor a condenação dos réus ao pagamento de (i) R$ 2.2
50,00 (dois mil duzentos e cinquenta reais) referentes à s diárias e (ii) multa de
10% (dez por cento). É a breve síntese do necessário.
II – PRELIMINARMENTE
Antes de adentrar no mérito, mister se faz apontar algumas defesas em sede
preliminar:
1) DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA EMPRESA

É patente a ilegitimidade passiva ad causam da empresa para figurar


no polo passivo da presente demanda. A melhor definição para legitimida
de é a coincidência entre as partes que figuram na relação processual e
aquelas que figuram na relação material; no caso, é cristalina a
ausência de correspondência entre as partes de ste processo e as
partes contratantes. Ora, na própria inicial já se percebe que quem se
valeu dos serviços hoteleiros foi Tício e não a empresa. Portanto, há
relação jurídica material (prestação de serviços hoteleiros) somente
entre o corréu Tício e o hotel. Além disso, é de se apontar que, como
consta da exordial, Tício é representante comercial autônomo, não
havendo qualquer liame entre este e a empresa. Destarte, é indubitável
que a empresa (parte na relação processual) não é parte da relação
jurídica material existente, razão pela qual deve ser reconhecida sua
ilegitimidade passiva – com a consequente extinção do processo10
sem resolução de mérito, em virtude da carência de ação (CPC/2015, a rts.
485, VI, e 337, XI). Considerando que já existe litisconsórcio passivo
com Tício, e que este seria a parte legítima correta, não se faz
necessária a indicação da correta parte a figurar no polo passivo
(CPC/2015, art. 339). 2) DO DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO: F ALTA
DE PROCURAÇÃO A petição inicial não veio instruída com a
procuração outorgando poderes ao patrono do HOTEL.
Nos termos dos artigos 104 e 287 do CPC/2015, é fundamental que o
advogado, ao postular em juízo, apresente instrumento de mandato. Assim,
percebe-se defeito de representação (CPC/2015, art. 337,IX), devendo o
autor corrigir tal vício, em 1 5 dias, sob pena de extinção do processo12
s em resolução de mérito (CPC/2015, arts. 76 e 321). III – MÉRITO Superadas
a s preliminares, o que se admite apenas para argumentar, tampouco no mérito
prosperará a demanda proposta pelo autor. Outrossim, é de apontar também
que, no caso, há questão prejudicial a ser analisada (prescrição). 1) D A
PRESCRIÇ ÃO DA PRETENS ÃO DO AUTOR O crédito referente às estadias
já se encontra irremediavelmente prescrito. Discute-se nestes auos a cobrança
da hospedagem por parte dos hospedeiros, matéria especificamente tratada no
Código Civil (CC, art. 206, § 1.º, I). Afirma-se na inicial que o corréu teria se
valido dos serviços de hospedagem nos meses de dezembro de 2014 e janeiro
e fevereiro de 2015. Nos termos do dispositivo já mencionado da legislação
civil, o prazo prescricional em hipóteses como a presente é de 1 (um) ano –
sendo certo que a prescrição do último mês se efetivaria em fevereiro de
2016, data anterior à distribuição da petição inicial que deu origem a este
processo. Destarte, como se vê, o pedido encontra óbice na prescrição. Assim,
nos termos do art. 487,II, do CPC/2015, deve haver a extinção do
processo com resolução do mérito em virtude da prescrição apontada. 2) DO
DESCABIMENTO DA MULTA, VISTO QUE N ÃO PREVISTA PELAS
PARTES CONTRATANTES

Acaso afastada a prescrição – o que se admite apenas ad


argumentando um tantum –, impõe-se o afastamento da multa pleiteada pelo
autor. É certo que houve, entre autor e o corréu Tício, um contrato verbal de
prestação de serviços hoteleiros. Contudo, não h ouve a formalização de
qual quer instrumento contratual com a previsão de multa, nem tampouco
houve qualquer informação a Tício sobre tal existência. Como bem
destaca o art. 409 do Código Civil, a cláusula penal deve ser estipulada
conjuntamente com a obrigação ou em ato posterior; tal situação não se
configurou na situação sob análise porque não foi estipulada
consensualmente tal obrigação acessória. Portanto, ante a inexistência de
qualquer acerto prévio entre as partes, impossível alegar a incidência de
multa sob pena de ensejar considerável insegurança jurídica e violação
ao princípio da legalidade (CF, art. 5.º, II) e da boa-fé objetiva (CC, art.
422). Assim, conclui-se que a multa pleiteada deve ser afastada. IV - DA
CONCLUSÃO Ante o exposto, requerem os réus a V. Exa.: a) preliminarmente,
seja reconhecida a ilegitimidade passiva d a corré Empresa, com a extinção
do feito em relação a ela, sem resolução de mérito com base no artigo 485, VI,
do CPC/2015; b) preliminarmente, que o autor traga aos autos procuração
outorgando poderes a seu patrono, sob pena de indeferimento da petição
inicial; c) se afastadas as preliminares, no mérito, o reconhecimento da
existência de prescrição, em relação a todo o valor cobrado pelo autor;

d) subsidiariamente, na remota hipótese de procedência do pedido principal,


seja afastada a multa pleiteada; e) a condenação do autor no ônus da
sucumbência, em 10% do valor da causa, nos termos do art. 85, §§ 2º e 6º, do
CPC/2015; f) provar o alegado por todos os meios de prova previstos em lei,
especialmente pelos documentos ora juntados a os autos – e, caso V. Exa.
entenda necessária a realização de audiência, requerem o s réus o
depoimento pessoal do representante legal do autor. Termos em que pede
deferimento.

Cidade, data,

Advogado

OAB/UF

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