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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ___ VARA DA COMARCA DE

___ ESTADO ___.


Processo nº xxx
Gerônimo e a Empresa Alpha, já qualificados nos autos da açã o de cobrança proposta
pelo Hotel X, também já qualificado, vêm por intermédio de seu advogado, com procuraçã o
em anexo, apresentar a seguinte
CONTESTAÇÃO
nos autos do processo em epígrafe, em face de pretensã o manifestada na inicial, pelos
motivos de fato e de direito a segui expostos
DOS FATOS
A requente alega que o senhor Gerô nimo, titular de uma empresa que presta serviços à
Empresa Alpha, esteve no hotel por 10 vezes, no mês de janeiro do ano de 2018 a março de
2019, e 5 pernoites no mês de outubro do ano de 2019, tais hospedagens por motivos de
trabalho.
O hotel utiliza como comprovaçã o de suas alegaçõ es que em seus pernoites o réu assinava
documentos justificando que estava utilizando de serviços do hotel, constando somente a
data e o valor da diá ria, cujo valo de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais).
Vale ressaltar que a açã o foi proposta no mês de setembro de 2020. Pedindo o autor a
condenaçã o dos réus ao pagamento do valor do débito, acrescido de multa de 10%.
É a breve síntese do necessá rio.
DAS PRELIMINARES
DA LEGITIMIDADE PASSIVA DA EMPRESA
É iniludível a ilegitimidade passiva ad causam da empresa para figurar no polo passivo da
presente demanda.
A melhor forma de definir legitimidade é considerar a coincidência entre as partes que
estã o presentes na relaçã o processual como na relaçã o material. No caso fica claro que nã o
possui correspondência entre as partes deste processo e as partes contratantes.
O indivíduo que fez uso dos serviços do hotel foi o Gerô nimo e nã o a empresa. Desta forma,
nã o configurando nenhuma relaçã o jurídica material entre a empresa Alpha e o hotel.
Ademais, destaca-se, como consta na inicial, Gerô nimo é representante comercial
autô nomo, nã o existindo nenhum liame entre este e a empresa.
Desta forma, compreende-se que a Empresa Alpha nã o faz parte da relaçã o jurídica
existente, devendo desta forma ser reconhecida a sua ilegitimidade passiva,
consequentemente a extinçã o do processo sem a resoluçã o do mérito. De acordo com o
artigo 485, inciso VI e artigo 337, inciso XI, ambos do Có digo de Processo Civil.
Por conseguinte, Gerô nimo seria a parte legítima correta, nã o sendo necessá ria a indicaçã o
correta para que seja configurado o polo passivo. De acordo com o artigo 339 do CPC.
DO DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO
Na exordial nã o consta a procuraçã o outorgando poderes ao patrono do Hotel. De acordo
com os artigos 104 e 287 do CPC, é necessá rio que o advogado, ao postular em juízo,
apresente a um instrumento de mandato.
Portanto, encontra-se um defeito de representaçã o conforme o estipula o artigo 337, inciso
IX, deve o autor corrigir o vício, dentro de 15 dias, podendo sofrer a pena de extinçã o do
processo sem que a resoluçã o do mérito (Artigos 76 e 321 do CPC).
DA PREJUDICIAL DO MÉRITO
Nã o fosse suficiente a ilegitimidade da parte, o mérito encontra-se definitivamente
prejudicado pela prescriçã o, pois a açã o foi proposta somente um ano e seis meses apó s a
constituiçã o da obrigaçã o.
A prescriçã o para o caso já se opera, pois trata-se de dívida originá ria de relaçã o de
hospedagem, disposta no art. 206, § 1º, I do Có digo Civil.
MÉRITO
DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO DO AUTOR
Os créditos decorrentes à s estadias estã o irremediavelmente prescritos.
Nos autos sã o discutidos a cobrança de hospedagem por parte dos hospedeiros, como
tratado no Có digo Civil em seu artigo 206, pará grafo 1º, inciso I.
A exordial afirma que a Empresa Apha teria se validado dos serviços de hospedagem entre
janeiro de 2018 e março de 2019, e 5 noites em outubro de 2019.
De acordo com o dispositivo já mencionado do Có digo Civil, o prazo prescricional no caso
em tela é de um ano, desta forma o prazo teria prescrito em março de 2020, data anterior a
distribuiçã o da inicial, a qual deu origem a este processo. Podendo somente e entã o em
razã o do prazo prescricional ser questionado apenas os cinco pernoites do mês de outubro
de 2019 que cujo o prazo se vence em outubro de 2020.
Desta forma, como se vê, o pedido encontra-se ó bice na prescriçã o.
Nos termos do artigo 487, inciso II do Có digo de Processo Civil , de v ocorrer a extinçã o do
processo com resoluçã o de mérito em decorrência da virtude da prescriçã o apontada.
DO DESCABIMENTO DA MULTA, VISTO QUE NÃO PREVISTA PELAS PARTES
CONTRATANTES
Caso a prescriçã o seja afastada, pode se admitir apenas ad argumendum tantum, ordena o
afastamento da multa pleiteada pelo autor.
É correto afirmar que, entre o autor e a ré, se aplica um contrato verbal para a prestaçã o de
serviços do hotel.
No entanto, nã o houve formalizaçã o de um instrumento contratual com uma previsã o de
multa e nã o há informaçõ es sobre essa existência.
No artigo 409 do Có digo Civil, a clausula penal tem que ser estipulada de forma conjunta
com a obrigaçã o ou em ato posterior. Desta forma, a situaçã o apresentada nã o se enquadra,
pois nã o foi estipulada de forma consensual a obrigaçã o acessó ria.
Por conseguinte, diante da inexistência de qualquer acerto antecedente ocorrido entre as
partes, nã o se pode alegar a incidência de multo sob pena de ensejar considerá vel
insegurança jurídica e violaçã o ao princípio da legalidade e d boa-fé objetiva. Conforme o
art. 5.º, inciso II da Constituiçã o Federal e o art. 422 do Có digo Civil.
Deste modo, conclui-se que a multa pleiteada deve ser afastada.
DA RECONVENÇÃO
O art. 343 do CPC estabelece a reconvençã o como capítulo da contestaçã o permitindo que o
réu realize pedidos em face do autor.
A presença do HOTEL na demanda é autorizada pelo § 3º do mesmo artigo que permite a
promoçã o desta em face de terceiro.
É perceptível que o dano causado ao réu é decorrente de uma relaçã o de consumo, como já
apresentado no mérito, submetendo-se ao prazo prescricional de 5 anos pelo fato do
serviço.
DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Ante o exposto requer que se digne V. Exa. a:
a) Reconhecer a preliminar de ilegitimidade da parte, extinguindo o processo sem
resoluçã o de mérito;
b) Caso superada a preliminar, que seja reconhecida a prejudicial de prescriçã o,
extinguindo o processo nos termos do art. 487, II com resoluçã o de mérito;
c) Caso superados os argumentos anteriores, o que esta parte nã o acredita, que seja, no
mérito rejeitado o pedido de condenaçã o quanto à obrigaçã o nã o pactuada.
d) Que seja julgada procedente a reconvençã o, condenando a ré à reparaçã o do dano
material causado ao demandado no valor de R$5.000,00 atualizados desde a data da
ocorrência do evento.
e) Que seja a demanda condenada a pagar as custas e honorá rios advocatícios.
Que seja citado o réu HOTEL a apresentar manifestaçã o sob pena de revelia.
Protesta pelos meios de prova em direito admitidas, em especial a testemunhal e a
documental.
Termos nos quais pede e espera deferimento.
Local, Data
ADVOGADO, OAB

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