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EXMO.

SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CIVEL


DO FORO REGIONAL I – SANTANA1 DA COMARCA DE SÃO
PAULO/SP

1. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

ROBERTO CRUZ, brasileiro, solteiro, auxiliar de


escritório, portador de célula de identidade RG n. 12345678-0 SSP/SPP, e
inscrito no CPF sob o nº 017526325-35, residente e domiciliado na Rua
Engenheiro Caetano Álveres n°500, fundos, São Paulo, Capital, CEP 45.604-
000, endereço eletrônico robertocruz@gmail.com.br, neste ato representado
pelo seu advogado ERIC MARX, OAB 29.555/SP, com endereço profissional à
rua Clarice Lispector, nº 42 sala 204 no 2º andar, endereço eletrônico:
ericmarx@gmail.com.br, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, com
fulcro no 539 e seguintes do Código de Processo Civil – Lei 13.105/2015,
interpor

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

Em face do “ CONSÓRCIO SORTEIO É AQUI LTDA”, pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ sob o nº 123456789-0, com sede na Rua Engenheiro
Caetano Álvares noº235, São Paulo, Capital, CEP: 03052-060, telefone:
335533487, WhatsApp: 1194007652, e-mail: sorteioaqui@gmail.com.br, pelas
razões de fato e de direto a seguir aduzidas.

2. DOS FATOS

O autor, ao analisar as possibilidades para


complementar sua baixa renda de 01 salário-mínimo (R$ 1.412) – sendo
assim considerado pelos padrões sociais uma pessoa pobre - que
ganhava como auxiliar de escritório, optou, pela praticidade e poucos
entraves burocráticos, pela atividade de entregador de pizza no bairro
em que mora. Mas para isso necessitava adquirir uma moto e foi assim
que tomou conhecimento do Réu, pois o estabelecimento situava-se
próximo ao seu domicílio.
Como o réu não possuía quantia significativa em dinheiro, fora acordado
entre as partes por meio de contrato que a moto desejada pelo autor –
uma motocicleta da marca Suzuki, modelo 125 cilindradas, ano de
fabricação 2023 e cor azul – seria paga por ele em 80 (oitenta) parcelas
mensais de R$110.00, que seriam corrigidas somente quando o bem
tivesse seu valor aumentado pelo fabricante.
Tudo ocorria conforme o contrato até que, repentinamente e
unilateralmente, após decorridos 40 (quarenta) parcelas o Réu, sem que
houvesse qualquer previsão legal ou contratual, aumentou o valor das
parcelas em 20% (vinte por cento), com a justificativa de que a inflação
anual foi de 4% (quatro por cento).
Consternado com esse aumento repentino e expressivo, o autor não
teve mais condições de realizar os depósitos mensais seguintes e após
uma tentativa de pagamento dos valores mensais contantes no contrato
fora recusado pelo Réu, que se recusou a receber qualquer valor que
não fosse aquele apresentado no boleto.

3. DO DIREITO

a) DA QUEBRA DE CONTRATO

Como houve uma mudança no contrato unilateralmente feita por


parte do Réu sem o consentimento do Autor e ela torna impossível a
continuidade do adimplemento das prestações, pois fora mencionado
sua situação financeira antes de assinarem os contratos, torna-se
evidente que há evidente violação do princípio da boa-fé objetiva
como assim está no Art. 422, do Código Civil. Além do mais, pode-se
observar uma quebra de um dos principais princípios do direito, o
pacta sunt servanda, que estabelece que contratos são vinculativos e
devem ser cumpridos pelas partes conforme o acordado, o que
evidentemente não ocorreu em relação ao Réu.

b) DAS OBRIGAÇÕES

Devido ao objeto se tratar de prestações sucessivas advindas de um


contrato, pode-se conjecturar que se trata também de uma obrigação
por parte do devedor para com o credor, ou seja, de dar coisa
(quantia, no caso) certa. Assim o sendo, pode-se invocar o art. 317
do Código Civil que afirma que quando houver, por motivos
imprevisíveis, desproporção manifesta entre o valor da prestação
devida e o do momento de sua execução, o juiz poderá corrigi-lo de
modo que assegure o valor da real da prestação.

c) DA RECUSA EM RECEBER AS PRESTAÇÕES


VINCENDAS

O Réu, ao recusar o recebimento do valor depositado pelo Autor –


valor contratado – com a justificativa de que não aceitaria qualquer
valor que não fosse aquele que unilateralmente estabeleceu, vai de
encontro ao que estabelece o art. 541 do NCPC que tem como
conteúdo a possibilidade o devedor que está se sujeitando a
prestações sucessivas, caso tenha consignado uma delas, de
continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades,
as que se forem vencendo.

d) DA JUSTIÇA GRATUITA
O autor não possui condições de pagar as custas e despesas do
processo sem prejuízo próprio ou de sua família, conforme
declaração de hipossuficiência anexa, com fundamento no Artigo 5º,
LXXIV da Constituição Federal e Art. 98 do Código de Processo Civil.
Desse modo, o autor faz jus à concessão da gratuidade de Justiça.

4. DOS PEDIDOS

a) A citação do Réu pelo meio mais eficaz para a justiça para que
ele levante o depósito ou ofereça contestação
b) A autorização judicial para consignar a prestação de número 41
(quarenta e um) e as demais no valor de 110 reais, conforme o
contrato.
c) Julgar procedente essa ação declaratória para extinguir as
prestações por meio da quitação
d) Acatar que houve má-fé objetiva por parte do Réu ao modificar
unilateralmente o contrato de acordo com o Art. 422, do Código
Civil
e) Acatar de que se as prestações sucessivas se trata de obrigações
unitárias de dar coisa certa, no caso quantia certa e enquadraria,
por consequência, no art. 317 do Código Civil.
f) Aceitação das prestações pagas pelo Autor conforme consta no
art. 541 do NCPC.
g) A concessão dos benefícios da justiça gratuita, por ser o (a) autor
(a) pobre em sentido legal, conforme os preceitos do Artigo 5º,
LXXIV da Constituição Federal e Art. 98 do Código de Processo
Civil e declaração de hipossuficiência;
h) A condenação do Réu e as devidas sucumbências

5. DAS PROVAS
a) Depoimento pessoal do Autor, para possíveis esclarecimentos
sobre de que forma foi realizado o contrato, nos termos do Art.
385 do CPC
b) Obtenção do contrato indicando não haver qualquer alínea que
indica a possibilidade unilateral dele por parte do alguma das
partes sem o consentimento da outra.

6. DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 4.400 reais, relativo ao montante que falta


para haver a quitação da dívida.

Nestes termos, pede deferimento.

São Paulo, 20 de Março de 2024.

Eric Marx

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