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TJSP - Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo 16/02/2022 - 23:13

GECON - Gestão do Conhecimento Judiciário


Boletim da Seção de Direito Criminal - Novembro de 2021 - Publicado em 11/2021 Página: 1 de 18

BOLETIM DA SEÇÃO DE DIREITO CRIMINAL

Novembro de 2021

0000369-33.2017.8.26.0637 - DELITO DE TRÂNSITO - Homicídio culposo - Direção de


veículo automotor - Sentença condenatória - Defesa requer a absolvição por insuficiência de
provas - Descabimento - Autoria e materialidade bem definidas - Prova dos autos atesta, sem
sombra de dúvidas, a responsabilidade do acusado pelo acidente - Inobservância do dever
geral de cautela, assumindo, com sua conduta, os riscos pelo acidente - Pena dosada no
mínimo - Regime aberto - Sanção corporal devidamente substituída por duas restritivas de
direito - Recurso improvido. (Apelação Criminal n. 0000369-33.2017.8.26.0637 - Tupã - 1ª
Câmara de Direito Criminal - Relator: Carlos Eduardo Andrade Sampaio - 18/11/2021 -
15000 - Unânime)

1501096-07.2019.8.26.0617 - DROGAS - Tráfico - Apreensão por ocasião de abordagem


rotineira em ônibus interestadual - Quantidade de entorpecentes embalados individualmente
para entrega à terceiros na forma como normalmente é comercializado - Porções individuais
excessivas de substâncias que não dão credibilidade à alegada destinação para uso pessoal -
Sentença condenatória - Interposição de apelação que objetiva a absolvição, por insuficiência
de provas e, alternativamente, a desclassificação da conduta para o crime previsto no artigo 28
da lei antidrogas - Descabimento - Destino ilícito evidenciado - Condenação mantida -
Dosimetria que não comporta reparos não tendo sido sequer objeto de insurgência - Recurso
improvido. (Apelação Criminal n. 1501096-07.2019.8.26.0617 - Jacareí - 1ª Câmara de
Direito Criminal - Relator: Luiz Antonio Figueiredo Gonçalves - 01/11/2021 - 52523 -
Unânime)

2244097-38.2021.8.26.0000 - HABEAS CORPUS - Autoridade coatora - Constrangimento


ilegal - Liminar - Indeferimento - Crime de roubo com o agravamento de concurso de agentes
- Paciente preso em flagrante e denunciado, juntamente com o corréu - Alegação de
processamento repleto de vícios e carente de justa causa - Insubsistência - Hipótese em que o
reconhecimento fotográfico realizado pela vítima é suficiente para início da ação penal - Não
verificada a presença de alguma nulidade que justifique o seu trancamento - Ausência de
violação aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, tampouco a
existência de prova ilícita - Higidez da custódia que já foi analisada pela Turma Julgadora
quando do julgamento do Habeas Corpus nº 2225565-16.2021, que denegou a ordem por
votação unânime - Constrangimento ilegal inocorrente - Ordem denegada. (Habeas Corpus
Criminal n. 2244097-38.2021.8.26.0000 - Guarulhos - 2ª Câmara de Direito Criminal -
Relator: Francisco Orlando de Souza - 22/11/2021 - 45647 - Unânime)

1500363-59.2020.8.26.0244 - PENA - Fixação - Dosimetria - Tráfico de entorpecentes -


Sentença condenatória - Recurso da defesa buscando redução da pena base e concessão do
redutor, com diminuição da pena, abrandamento do regime prisional e substituição de penas -
Circunstâncias judiciais desfavoráveis - Redução da pena base proporcional às circunstâncias -
Descabimento do redutor - Circunstâncias que denotam envolvimento em atividades ilícitas -
Manutenção do regime fechado e descabimento da substituição - Recurso parcialmente provido
no sentido de reduzir as penas. (Apelação Criminal n. 1500363-59.2020.8.26.0244 - Iguape -
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2ª Câmara de Direito Criminal - Relator: Roberto Caruso Costabile e Solimene - 03/11/2021


- 52830 - Unânime)

1500946-02.2020.8.26.0161 - LESÃO CORPORAL - Violência doméstica - Réu que ofendeu a


integridade corporal de sua companheira, provocando-lhe lesões de natureza leve -
Condenação à pena de 03 (três) meses de detenção, em regime inicial aberto - Concessão do
benefício da suspensão condicional da pena, previsto no artigo 77 do Código Penal, pelo prazo
de 02 (dois) anos, devendo, no primeiro ano de prova, prestar serviços à comunidade, na forma
a ser determinada pelo Juízo das Execuções Criminais - Apelação - Pedido de afastamento da
imposição de prestação de serviços à comunidade, apontando violação ao disposto no artigo 46
do Código Penal - Materialidade provada nos autos - Autoria delitiva contra a qual a defesa não
se insurge, ficando suficientemente demonstrada, inclusive com a confissão do próprio apelante
- Pena corporal imposta fixada com equilíbrio e justiça - Diante do montante fixado e
considerando o disposto no artigo 46 do Código Penal, de rigor a substituição da condição de
prestação de serviços à comunidade, em razão da suspensão condicional da pena, pelas
condições previstas no artigo 78, § 2º, do mesmo Diploma Legal - Recurso parcialmente
provido. (Apelação Criminal n. 1500946-02.2020.8.26.0161 - Diadema - 3ª Câmara de Direito
Criminal - Relator: Luiz Toloza Neto - 16/11/2021 - 39163 - Unânime)

0005053-03.2017.8.26.0022 - DROGAS - Tráfico - Insuficiência de provas não configurada -


Negativa de autoria e versão apresentada que restaram isoladas - Testemunhas de defesa que
contrariaram a versão defensiva - Depoimentos dos guardas civis que se mostraram coerentes
e firmes quanto aos fatos - Quantidade de drogas e acondicionamento que encaminham para o
reconhecimento do crime - Condenação mantida - Dosimetria da pena e regime inicial fechado
corretos - Recurso não provido. (Apelação Criminal n. 0005053-03.2017.8.26.0022 - Amparo -
3ª Câmara de Direito Criminal - Relator: Ruy Alberto Leme Cavalheiro - 08/11/2021 - 45746
- Unânime)

0000177-93.2014.8.26.0156 - FURTO QUALIFICADO - Escalada e rompimento de obstáculo


- Subtração pelo réu de 02 (duas) armas e 01 (um) aparelho celular pertencentes à vítima,
policial civil - Sentença condenatória - Pleito de reconhecimento do princípio da insignificância -
Inadmissibilidade - Construção doutrinária, não referendada pela maioria das Câmaras
Criminais do Tribunal de Justiça - Materialidade e autoria comprovadas - Materialidade
demonstrada pelo boletim de ocorrência, pelo laudo pericial, pelo auto de avaliação, bem como
pela prova oral amealhada aos autos - Confissão pelo réu da prática delitiva afirmando ter
pulado o muro da residência, entortado o cadeado da janela e ingressado no quarto, subtraindo
os bens - Depoimentos firmes e coesos da vítima e do policial civil responsável pela
investigação - Afastamento da alegação de atipicidade da conduta - Qualificadoras devidamente
comprovadas - Condenação mantida - Penas adequadamente fixadas e fundamentadas -
Regime fechado bem aplicado - Réu portador de maus antecedentes e reincidente - Inviável a
substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos - Preliminar de inépcia da
inicial rejeitada - Recurso improvido. (Apelação Criminal n. 0000177-93.2014.8.26.0156 -
Cruzeiro - 4ª Câmara de Direito Criminal - Relator: Roberto Teixeira Pinto Porto -
12/11/2021 - 11122 - Unânime)

1504269-08.2020.8.26.0228 - GRATUIDADE DA JUSTIÇA - Custas processuais - Tráfico de


drogas - Materialidade e autoria delitivas suficientemente comprovadas no decorrer da
instrução, tanto que sequer foram questionadas pela defesa ou pela acusação - Condenação
mantida - Recurso defensivo - Pretendida concessão de justiça gratuita - Descabimento -
Admissão de contraprova à declaração de hipossuficiência - Réu assistido por defensor
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constituído, exerce função remunerada e reside com os genitores, o que faz presumir que sua
situação financeira não se incompatibiliza com o pagamento das custas processuais - Ademais,
pedido de Execução, o qual disporá de maiores informes acerca da real situação econômica do
acusado - Recurso desprovido. (Apelação Criminal n. 1504269-08.2020.8.26.0228 - São
Paulo - 4ª Câmara de Direito Criminal - Relator: Camilo Léllis dos Santos Almeida -
09/11/2021 - 37581 - Unânime)

1504269-08.2020.8.26.0228 - PENA - Fixação - Tráfico de Drogas - Sentença condenatória -


Recurso ministerial - Pretendido afastamento do redutor a que alude o artigo 33, § 4º, da Lei nº
11.343/2006 - Possibilidade - Considerável quantidade de entorpecente apreendido em poder
do acusado, bem como dinheiro de origem não comprovada, que evidenciam sua dedicação à
atividade criminosa e afastam a incidência da benesse legal - Precedentes - Fixação do regime
inicial fechado e cassação da substituição da sanção corporal por restritivas de direitos -
Possibilidade - Crime grave, equiparado a hediondo, e 'quantum' infligido que autorizam a
fixação de regime inicial mais gravoso, bem como determinam o afastamento da benesse legal
concedida em primeiro grau - Incidência dos artigos 33, §3º e 44, do Código Penal - Recurso
provido. (Apelação Criminal n. 1504269-08.2020.8.26.0228 - São Paulo - 4ª Câmara de
Direito Criminal - Relator: Camilo Léllis dos Santos Almeida - 09/11/2021 - 37581 -
Unânime)

1505992-59.2020.8.26.0132 - DROGAS - Tráfico - Abordagem realizada por Guardas Civis


Municipais em patrulhamento - Apreensão, quantidade e forma de acondicionamento das
substâncias que dão indícios de objetivo de comércio ilícito pela denunciada - Sentença
condenatória - Apelação - Procedência da súplica, por razão diversa das invocadas - Prisão da
apelante que não decorreu de situação flagrancial presenciada pelos agentes públicos no
desempenho de sua atuação ordinária - Hipótese em que a atividade averiguatória levada a
efeito pelos servidores públicos da Urbe conflitou com o papel constitucional da Guarda
Municipal, tarefa primordialmente voltada à segurança patrimonial - Registre-se que a conduta
dos guardas municipais atuantes no caso não restou amparada pelo artigo 301 do Código de
Processo Penal - Imprestabilidade da prova reunida - Absolvição da ré que se faz necessária -
Cabimento da expedição de alvará de soltura clausulado - Recurso provido. (Apelação
Criminal n. 1505992-59.2020.8.26.0132 - Catanduva - 5ª Câmara de Direito Criminal -
Relator: Geraldo Luís Wohlers Silveira - 08/11/2021 - 39793 - Unânime)

1500337-12.2020.8.26.0616 - RECURSO - Apelação criminal - Tráfico de drogas - Pretensão


de absolvição ao argumento de insuficiência probatória com fulcro no artigo 386, incisos V e VII,
do Código de Processo Penal - Pedidos subsidiários de desclassificação para o crime de porte
de drogas para consumo pessoal; a redução das penas básicas, afastamento da elevação por
conta da reincidência; aplicação da causa de diminuição do §4º, do artigo 33, da Lei nº
11.343/06; e o afastamento da causa de aumento do inciso III, do artigo 40, da Lei nº 11.343/06
- Conjunto probatório robusto a sustentar a condenação - Penas readequadas - Elevação da
primeira fase da dosimetria com fundamento apenas na lesividade das drogas afastada, vez
que aferida pelo legislador ao fixar reprimendas mais rigorosas ao tipo violado - Teses
secundárias restantes não acolhidas - Regime prisional mantido face o Princípio da Suficiência
Penal - Recursos parcialmente providos. (Apelação Criminal n. 1500337-12.2020.8.26.0616 -
Mogi das Cruzes - 5ª Câmara de Direito Criminal - Relator: José Damião Pinheiro
Machado Cogan - 05/11/2021 - 46739 - Unânime)

1501570-16.2020.8.26.0302 - DROGAS - Tráfico - Associação - Réu que chefiava um


importante braço do tráfico de cocaína na região, contando, para tanto, com a colaboração do
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corréu, que era seu empregado no esquema criminoso - Sentença condenatória -


Materialidades e autorias demonstradas - Fixação das penas-bases no mínimo legal -
Impossibilidade - Reconhecimento da confissão espontânea do corréu - Descabimento - Não
aplicação do redutor especial de penas - Proibição da fixação de regime inicial mais brando -
Substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de direitos - Inaplicabilidade -
Restituição do veículo afastada - Condenação mantida - Recursos improvidos. (Apelação
Criminal n. 1501570-16.2020.8.26.0302 - Jaú - 6ª Câmara de Direito Criminal - Relator:
Cassiano Ricardo Zorzi Rocha - 11/11/2021 - 25839 - Unânime)

1505066-43.2020.8.26.0564 - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - Lesão corporal de natureza leve e


ameaça - Dolo - Caracterização - Prática delitiva perpetrada pelo réu contra sua ex-mulher -
Sentença condenatória - Absolvição - Impossibilidade - Intenção manifesta de machucar a
vítima, resultando em lesões corporais descritas no laudo, em tudo compatíveis com a dinâmica
dos acontecimentos dos fatos narrados - Consigne-se justa a condenação do réu por ameaça
em contexto de violência doméstica - Pena aplicada de maneira aceitável - Regime prisional
aberto mantido - Recurso improvido. (Apelação Criminal n. 1505066-43.2020.8.26.0564 - São
Bernardo do Campo - 6ª Câmara de Direito Criminal - Relator: Ricardo Cardozo de Mello
Tucunduva - 03/11/2021 - 56809 - Unânime)

1516478-72.2021.8.26.0228 - DROGAS - Tráfico - Materialidade - Auto de apreensão e laudo


toxicológico que restou positivo para a presença do elemento ativo - Comprovação de que os
materiais apreendidos são drogas (cocaína, crack e maconha) - Autoria - Negativa do réu que
não convence - Validade do depoimento policial que indica a apreensão das drogas e do
dinheiro proveniente da venda das drogas, e que só deve ser visto com reservas quando a
imputação ao réu visa justificar eventual abuso praticado - Inocorrência no caso em tela -
Tráfico - Indícios da destinação das drogas a terceiros pela quantidade das drogas incompatível
com a figura do usuário, a atitude do réu ao notar a aproximação da viatura policial de se
desfazer da sacola que carregava, e a apreensão do dinheiro em poder do acusado, indicando
que era proveniente da venda de outras porções de entorpecentes, fato, inclusive, admitido por
ele informalmente - Pena - Primeira fase - Ministério Público que se insurge contra a base
aplicada no piso - Atendimento ao recurso com o aumento de ½ (metade) da pena com base na
natureza de duas das drogas (cocaína e crack), na quantidade dos entorpecentes, e nos maus
antecedentes - Segunda fase - Aumento tímido de 1/6 (um sexto) da pena - Réu que é
reincidente específico em uma das suas condenações anteriores - Manutenção ante a inércia
ministerial - Sentença que não aplicou a agravante do estado de calamidade pública - Ministério
Público que se insurgiu a respeito - Não provimento ao recurso ministerial - Não comprovação
de que o agente se valeu da pandemia para a prática do crime - Terceira fase - Redutor não
reconhecido - Apelante que ostenta maus antecedentes e é reincidente específico - Substituição
da pena - Impossibilidade, ante o "quantum" da pena fixada - Regime fechado - Necessidade -
Circunstâncias judiciais desfavoráveis ao acusado - Réu que é reincidente, indicando que o
regime menos gravoso não atende à finalidade preventiva específica - Beccaria - Regime
fechado - Necessidade - Não provimento ao apelo defensivo. (Apelação Criminal n. 1516478-
72.2021.8.26.0228 - São Paulo - 7ª Câmara de Direito Criminal - Relator: Lauro Mens de
Mello - 13/11/2021 - 27539 - Unânime)

1513658-80.2021.8.26.0228 - SENTENÇA CRIMINAL - Condenatória - Nulidade -


Inocorrência - Tráfico de drogas - Artigo 33, "caput", da Lei Federal n. 11343/06 - Defesa que,
em sede preliminar, se insurge contra a sentença, requerendo o reconhecimento da sua
nulidade ante a ocorrência da invasão do domicílio - Situação de flagrante permanente - Efetiva
localização dos entorpecentes no interior do imóvel que configura o estado de flagrância, o qual
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autoriza a prisão - Inocorrência de nulidade da sentença - Hipótese em que a decisão


condenatória atende a todos os requisitos legais e não contém qualquer falha ou erro capaz de
acarretar a sua nulidade - Eventual inconformismo com o resultado do mérito ou com a pena
imposta que não significa ausência de fundamento ou não observância dos ditames legais -
Preliminar afastada. (Apelação Criminal n. 1513658-80.2021.8.26.0228 - São Paulo - 7ª
Câmara de Direito Criminal - Relator: Aguinaldo de Freitas Filho - 11/11/2021 - 32926 -
Unânime)

1513658-80.2021.8.26.0228 - DROGAS - Tráfico - Absolvição - Inadmissibilidade -


Existência, nos autos, de conjunto probatório robusto para lastrear o decreto condenatório -
Testemunho dos policiais harmônico e coerente - Não há indícios de que os agentes tenham
sido mendazes ou tivessem interesse em prejudicar o acusado - Testemunhas vizinhas do réu
que não presenciaram a ação policial - Defesa que não logrou produzir qualquer contraprova
suficiente para afastá-lo da condenação - Pena corretamente fixada e, assim, mantida - Pena-
base estabelecida acima do patamar mínimo legal ante aos maus antecedentes - Diminuição da
pena conforme o disposto no § 4º do artigo 33 da Lei de Drogas - Não cabimento - Sua
aplicação só se justifica em hipóteses bastante reduzidas, pela necessidade de estarem
presentes todos os requisitos enumerados no § 4º do artigo 33 da Lei em comento, o que não
se verifica no caso dos autos - Substituição da pena imposta por penas restritivas de direitos -
Inviabilidade - Requisitos do benefício que não foram satisfeitos - Pena final superior a quatro
anos - Mantido o regime inicial semiaberto - Regime que se mostra compatível com as
circunstâncias e a reprovabilidade do crime, bem como com a personalidade do autor - Recurso
improvido. (Apelação Criminal n. 1513658-80.2021.8.26.0228 - São Paulo - 7ª Câmara de
Direito Criminal - Relator: Aguinaldo de Freitas Filho - 11/11/2021 - 32926 - Unânime)

1523557-81.2020.8.26.0602 - DROGAS - Tráfico - Munição de uso permitido - Porte ilegal -


Réus incursos no artigo 33, "caput", da Lei Federal n. 11343/2006, por estarem previamente
ajustados e com identidade de propósitos para entregar ao consumo de terceiros duas porções
de "cannabis sativa L", comumente conhecida como maconha, com peso líquido de 694,59 g,
substância esta que determina dependência física e psíquica, conforme auto de exibição e
apreensão e laudo de constatação preliminar - Réu também incurso no artigo 12, "caput", da Lei
Federal n. 10826/2003, por possuir, sem autorização e em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, 9 munições calibre 380, de uso permitido, consoante auto de exibição e
apreensão - Negativas isoladas dos acusados no decorrer da instrução criminal - Relatos dos
policiais responsáveis pela prisão em flagrante que foram seguros quando narraram a
abordagem, a apreensão da expressiva quantidade da droga, assim como das munições -
Depoimentos de policiais, civis ou militares, que são plenamente válidos como os de qualquer
outra testemunha, principalmente quando colhidos sob o crivo do contraditório - Porte ilegal de
munição de arma de fogo em que não há que se falar em atipicidade do delito, posto que é
delito de perigo abstrato, sendo desnecessária demonstração de qualquer situação de risco no
caso concreto - Inviável a aplicação do redutor previsto no § 4º do artigo 33 da Lei Antidrogas,
pois evidentemente não se trata de traficantes de primeira viagem, mas de acusados que se
dedicavam à atividade criminosa de forma habitual e costumeira, não havendo, portanto, que se
falar em aplicação da benesse pretendida - Gravidade concreta do crime analisada com
supedâneo na quantidade e/ou natureza da droga que autoriza a imposição do regime mais
gravoso, bem como a negativa da substituição penal - Negado provimento aos recursos de
apelações, mantendo-se "in totum" a respeitável sentença condenatória por seus próprios e
jurídicos fundamentos. (Apelação Criminal n. 1523557-81.2020.8.26.0602 - Sorocaba - 8ª
Câmara de Direito Criminal - Relator: Sérgio Antonio Ribas - 11/11/2021 - 45715 -
Unânime)
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1502421-37.2020.8.26.0114 - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - Réu incurso no artigo 129, § 9º, do


Código Penal, por ter causado lesão corporal na vítima consistente em equimose arroxeada no
braço ao golpeá-la com socos após desentendimento - Alegação do réu de que acabou
machucando a vítima de forma acidental - Inadmissibilidade - Patente a prova pericial
corroborada pela narrativa da vítima, que forneceu relato objetivo e coerente quanto às
circunstâncias em que se deram os fatos - Palavra da ofendida que assume especial
importância nos crimes de violência doméstica ou familiar, que são normalmente cometidos fora
das vistas de testemunhas - Bem caracterizado o dolo, não há como se recepcionar o pleito
defensivo de absolvição - Pena fixada em 3 meses de detenção em regime prisional aberto -
Negado provimento ao apelo. (Apelação Criminal n. 1502421-37.2020.8.26.0114 - Campinas -
8ª Câmara de Direito Criminal - Relator: Marco Antônio Pinheiro Machado Cogan -
03/11/2021 - 47380 - Unânime)

1501336-50.2019.8.26.0599 - FURTO QUALIFICADO - Rompimento de obstáculo - Furto


noturno - Réu incurso no artigo 155, § 1º e § 4º, inciso I, do Código Penal - Acervo probatório
que justifica a procedência da ação penal tal como lançada pela MMª Juíza "a quo" - Autoria e
materialidade comprovadas - Conformação quanto à condenação - Recurso adstrito à
dosimetria penal - Reprimenda aplicada de forma adequada - Causa de aumento relativa ao
repouso noturno que encontra-se devidamente comprovada - Pacificação nesta Colenda
Câmara da sua aplicabilidade - Doutrina e jurisprudência dos Tribunais Superiores no mesmo
sentido - Suficiente que a infração ocorra durante o repouso noturno, período de maior
vulnerabilidade para as residências, lojas e veículos - Reconhecimento da tentativa -
Impossibilidade - O delito de furto se consuma com a detenção da "res" pelo agente, ainda que
por breve interregno - Regime aberto adequado ao caso concreto - Reprimenda corporal
acertadamente substituída por restritivas de direitos consistentes na prestação de serviços à
comunidade e prestação pecuniária, à luz do artigo 44 do Código Penal - Apelo não provido.
(Apelação Criminal n. 1501336-50.2019.8.26.0599 - Piracicaba - 9ª Câmara de Direito
Criminal - Relator: Silmar Fernandes - 12/11/2021 - 22616 - Unânime)

0006451-76.2021.8.26.0496 - PENA - Regime - Agravo em execução - Progressão ao


regime semiaberto - Indeferimento - Recurso defensivo - Pretendida concessão do regime
intermediário porque satisfeitos os requisitos para tanto, além de encontrarem-se reabilitadas as
faltas graves cometidas - Descabimento - Penitente que, durante o cumprimento da pena em
regime aberto (prisão albergue domiciliar), descumpriu condição imposta e por ela aceita, de
permanecer em sua residência das 20h às 06h - Ainda, tais faltas não alcançaram o período de
reabilitação - Dessa forma, demonstrou não estar preparada, ainda, para conviver de modo
mais próximo com a sociedade, evidenciando não ter adquirido senso de responsabilidade, e
não conseguindo conter seus impulsos - Destarte, não satisfez o requisito subjetivo para obter a
progressão de regime (artigo 112 da Lei de Execução Penal), devendo, assim, permanecer por
mais tempo no regime fechado - Negado provimento. (Agravo de Execução Penal n. 0006451-
76.2021.8.26.0496 - Ribeirão Preto - 9ª Câmara de Direito Criminal - Relator: Alcides
Malossi Junior - 12/11/2021 - 23140 - Unânime)

0009248-77.2021.8.26.0996 - CRIME CONTINUADO - Requisitos - Não ocorrência -


Reiteração criminosa - Hipótese - Roubo majorado - Agravo em execução - Pedido de
reconhecimento de crimes continuados - Réu que, em dias diversos, pratica roubos em
concurso pessoal e com emprego de arma de fogo - Caso em que a análise (obrigatória, nos
termos do artigo 71, parágrafo único, do Código Penal) da culpabilidade, da personalidade e
dos motivos do agente, leva à conclusão inarredável de que se trata de reiteração criminosa, e
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não de continuidade delitiva - Instituto do crime continuado em que jamais se pretendeu


beneficiar o criminoso contumaz, aquele que faz do crime um hábito e um meio de vida -
Decisão correta - Recurso não provido. (Agravo de Execução Penal n. 0009248-
77.2021.8.26.0996 - Presidente Prudente - 10ª Câmara de Direito Criminal - Relator:
Francisco José Galvão Bruno - 09/11/2021 - 38376 - Unânime)

1500585-35.2020.8.26.0597 - LESÃO CORPORAL LEVE - Injúria qualificada - Cárcere


privado - Apelante foi condenado porque, no âmbito doméstico, ofendeu a integridade corporal
da vítima, sua namorada, causando-lhe lesões corporais de natureza leve, a privou de sua
liberdade, mediante cárcere privado, bem como, nas mesmas condições de tempo, a injuriou,
mediante violência, que por sua natureza e meios empregados, se consideram aviltantes -
Materialidade e autoria devidamente demonstradas pelo conjunto probatório - Oitiva da vítima -
Provas testemunhal e material - Negativa do réu contraditória e isolada nos autos - Elemento
subjetivo no tocante à lesão corporal - Dolo configurado - Acusado que agrediu
deliberadamente a vítima - Injúria - Intenção de humilhar comprovada nos autos - Reprimenda -
Adequação - Regime prisional - Fixação do semiaberto - Possibilidade - Apelo parcialmente
provido. (Apelação Criminal n. 1500585-35.2020.8.26.0597 - Sertãozinho - 10ª Câmara de
Direito Criminal - Relator: Maria de Lourdes Rachid Vaz de Almeida - 05/11/2021 - 41910 -
Unânime)

2136347-74.2021.8.26.0000 - MANDADO DE SEGURANÇA - Liminar - Pedido de restituição


de veículo apreendido - Insurgência contra sentença condenatória que declarou perdido veículo
em favor da União, porquanto utilizado na prática do delito de tráfico - Hipótese em que não foi
analisada a possibilidade de ser a impetrante legítima proprietária do bem e terceira de boa-fé -
Ausência de possibilidade de se afirmar com segurança que a impetrante tivesse ciência de que
o veículo estava sendo utilizado para a prática do tráfico ilícito de entorpecentes - Concessão
da ordem, confirmando-se a liminar antes deferida, para manter a suspensão do confisco do
veículo até o julgamento do recurso de apelação do processo criminal, ficando a impetrante
como depositária fiel do aludido veículo, o qual já lhe foi entregue sem qualquer ônus, bem
como deferindo-se os benefícios da justiça gratuita. (Mandado de Segurança Criminal n.
2136347-74.2021.8.26.0000 - Osvaldo Cruz - 11ª Câmara de Direito Criminal - Relator:
Aben-Athar de Paiva Coutinho - 16/11/2021 - 47989 - Unânime)

1514083-02.2019.8.26.0609 - SENTENÇA CRIMINAL - Absolutória - Receptação dolosa -


Ministério Público que, em alegações finais, requereu a condenação do réu, por ter adquirido
aparelho celular produto de roubo como presente do seu pai, o qual intermediou a venda
através de um primo, não sendo oferecida nota fiscal, e apela da sentença absolutória -
Denúncia que acusou o réu de ter violado o disposto no artigo 157, § 2º, inciso II, do Código
Penal, e que não foi aditada, nos termos do artigo 384 do Código de Processo Penal - Acusado
que não pode ser condenado por fato que não lhe foi imputado na exordial - Impossibilidade de
ser atribuída a ele a conduta de ter recebido o aparelho telefônico ciente da sua origem ilícita,
não se podendo transferir a responsabilidade por perquirir a proveniência de um presente -
Remanescendo dúvida, por menor que seja, acerca da efetiva responsabilidade penal, mais
prudente que seja mantida a absolvição, em homenagem ao princípio da presunção de
inocência - Manutenção da sentença absolutória - Negado provimento ao recurso do Ministério
Público. (Apelação Criminal n. 1514083-02.2019.8.26.0609 - São Paulo - 11ª Câmara de
Direito Criminal - Relator: Nilson Xavier de Souza - 09/11/2021 - 54235 - Unânime)

0010085-11.2014.8.26.0566 - PROVA - Documento - Demonstração - Crime Contra o Meio


Ambiente - Insuficiência - Réus acusados de praticarem a infração das normas dos artigos 60
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e 68 da Lei Federal n. 9605/98 - Sentença de absolvição por falta de provas - Apelação do


Ministério Público - Tipicidade subjetiva - Inexistência nos autos de quaisquer elementos
capazes de abalar a credibilidade dos depoimentos prestados em juízo - Ausência de dolo dos
acusados de operar o aterro de forma irregular - Insuficiência das provas apresentadas -
Manutenção da decisão de primeiro grau - Negado o recurso interposto pelo Ministério Público.
(Apelação Criminal n. 0010085-11.2014.8.26.0566 - São Carlos - 12ª Câmara de Direito
Criminal - Relator: Sérgio Mazina Martins - 09/11/2021 - 16139 - Unânime)

0000082-81.2017.8.26.0601 - AMEAÇA - Caracterização - Réu incurso no artigo 147 por três


vezes, combinado com o artigo 61, II, "f", e com o artigo 69, todos do Código Penal - Acusado
que ameaçou sua ex-convivente por palavras e meio simbólico de lhe causar mal injusto e
grave - Materialidade que está comprovada pela transcrição das mensagens enviadas por
aplicativo - Autoria inconteste, dado que o apelante não nega ter enviado as mensagens -
Versão exculpatória do apelante que não convence - Vítima que declarou receber ameaças do
réu há muito tempo - Palavra da vítima em crimes de violência doméstica que, quando coerente
e harmônica com os elementos colhidos em sede inquisitiva e não confrontada por qualquer
outro elemento de prova, merece credibilidade e é decisiva para a demonstração dos fatos -
Aplicação do concurso material de crimes que se mostra exacerbada - Em que pese as
ameaças terem sido proferidas em pelo menos três diferentes oportunidades, se nota a
constância no comportamento delitivo, circunstância mais bem descrita no artigo 71 do Código
Penal - Regime inicial mais favorável bem fixado em razão das circunstâncias judiciais
favoráveis - Dado parcial provimento ao recurso para reduzir as penas a 1 mês e 10 dias de
reclusão por infração ao artigo 147, por três vezes, combinado com o artigo 61, II, "f", na forma
do artigo 71, todos do Código Penal. (Apelação Criminal n. 0000082-81.2017.8.26.0601 -
Socorro - 12ª Câmara de Direito Criminal - Relator: João Luiz Morenghi - 08/11/2021 -
48644 - Unânime)

1500070-93.2020.8.26.0081 - DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS - Artigo 24-A


da Lei Federal n. 11340/06 - Materialidade e autoria suficientemente demonstradas -
Depoimento das testemunhas oculares que são coerentes, seguros e confirmam a versão da
vítima - Medidas protetivas de urgência, ademais, que estavam em vigor na época dos fatos -
Dosimetria - Pena bem aplicada - Manutenção do regime semiaberto - Incabível a substituição
da pena privativa de liberdade por restritivas de direito, ou mesmo a suspensão condicional da
pena, em razão da reincidência específica - Sentença mantida - Recurso não provido.
(Apelação Criminal n. 1500070-93.2020.8.26.0081 - Adamantina - 13ª Câmara de Direito
Criminal - Relator: Marcelo Semer - 19/11/2021 - 18582 - Unânime)

0000335-74.2021.8.26.0069 - PRESCRIÇÃO CRIMINAL - Execução penal - Concussão -


Prescrição da pretensão executória estatal não reconhecida - Novo entendimento do Colendo
Supremo Tribunal Federal no sentido de que, nos termos do inciso IV do artigo 117 do Código
Penal, o acórdão condenatório sempre interrompe a prescrição, inclusive quando confirmatório
da sentença de primeiro grau, seja mantendo, reduzindo ou aumentando a pena anteriormente
imposta - Prazo prescricional que se inicia com o trânsito em julgado para a acusação, e fluiu
desde o marco inicial - Inteligência do artigo 112, I, do Código Penal - Reconhecimento da
prescrição da pretensão executória e da extinção da punibilidade do sentenciado - Agravo
provido. (Agravo de Execução Penal n. 0000335-74.2021.8.26.0069 - Bastos - 13ª Câmara
de Direito Criminal - Relator: Marcelo Coutinho Gordo - 12/11/2021 - 20694 - Maioria de
votos)

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0004448-50.2015.8.26.0338 - MUNIÇÃO DE USO PERMITIDO - Posse ilegal - Réu incurso no


artigo 12 da Lei Federal n. 10826/03 por manter sob sua guarda 5 cartuchos intactos de
munição calibre 12, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar
- Policiais que, cumprindo o mandado de busca e apreensão domiciliar, se dirigiram ao local dos
fatos, e encontraram os cartuchos íntegros, oportunidade em que o indiciado admitiu a
propriedade das munições, sendo conduzido à presença da Autoridade Policial - Preliminar de
nulidade do julgado por ausência de licitude da prova produzida mediante invasão de domicílio
afastada - Ainda que não houvesse o cumprimento de mandado de busca e apreensão, o
acusado foi surpreendido em plena situação de flagrância na posse de munições, crime
permanente, situação esta que autoriza a entrada no domicílio sem necessidade de autorização
do morador ou de mandado judicial (artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal) - Não socorre
o apelante a tese de atipicidade material da conduta ou a aplicação do princípio da
insignificância - Posse ou guarda de munição que, ainda que desacompanhada de arma,
configura crime de perigo abstrato - Legislação em vigor que tem por escopo proteger a
incolumidade pública - Pena fixada no mínimo legal em 1 ano de reclusão, mais o pagamento
de 5 dias-multa mínimos, substituída a pena privativa de liberdade por restritivas de direitos
consistente na prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas - Correto o regime
aberto fixado - Negado provimento ao apelo defensivo. (Apelação Criminal n. 0004448-
50.2015.8.26.0338 - Mairiporã - 14ª Câmara de Direito Criminal - Relator: Marco Antonio De
Lorenzi - 12/11/2021 - 36687 - Unânime)

0026234-68.2020.8.26.0050 - RECEPTAÇÃO - Corrupção ativa - Réu incurso no artigo 180,


"caput", e artigo 333, "caput", na forma do artigo 69, todos do Código Penal, por ter recebido em
proveito próprio veículo, sabendo tratar-se de produto de crime, bem como, nas mesmas
circunstâncias de tempo e lugar, ter oferecido vantagem indevida a policiais para determiná-los
a omitir ato de prisão - Posse do veículo objeto de furto ocorrido dois dias antes e atitude do réu
em face da aproximação dos policiais de tentativa de retirada do emplacamento dianteiro que
demonstram amplamente o dolo com que se houve o apelante - Ausência de dúvida de que o
apelante ofereceu dinheiro para que os policiais ignorassem a situação de flagrância - Crime de
corrupção ativa que é formal, consumando-se com a mera promessa de vantagem indevida,
sendo irrelevante à configuração do delito a ausência de dinheiro em poder do acusado, não se
tratando, portanto, de crime impossível - Primeira fase de dosimetria da pena em que as penas-
bases foram fixadas nos mínimos legais - Segunda fase em que é reconhecida a atenuante da
menoridade relativa por ter o apelante 20 anos de idade à época dos fatos, compensando-se a
agravante da reincidência com a mencionada atenuante, ambas de natureza subjetiva e,
portanto, equivalentes, em face do disposto no artigo 67 do Código Penal - Derradeira etapa em
que estão ausentes majorantes e minorantes - Reprimendas somadas, nos termos do artigo 69
do Código Penal, que resultam em 3 anos de reclusão e 20 dias-multa - Manutenção do regime
fechado para o início do cumprimento da pena - Impossibilidade da substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos - Dado parcial provimento ao recurso defensivo.
(Apelação Criminal n. 0026234-68.2020.8.26.0050 - São Paulo - 14ª Câmara de Direito
Criminal - Relator: Hermann Herschander - 03/11/2021 - 41676 - Unânime)

1512088-45.2020.8.26.0050 - ROUBO MAJORADO - Extorsão qualificada - Autoria delitiva


provada - Agente que, em um primeiro momento, mediante grave ameaça exercida pelo
emprego de arma de fogo e em concurso, subtraiu os bens da vítima e, em seguida, também
mediante grave ameaça, constrangeu-a a fornecer cartão com a respectiva senha, privando sua
liberdade - Roubo e extorsão - Concurso material - Inconteste a existência de ações diversas
praticadas pelo recorrente, a primeira aperfeiçoando o crime de roubo, e a segunda
configurando o crime de extorsão - Correta a aplicação do concurso material de crimes -
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Dosimetria das penas - Redução da basilar - Necessidade - Réu que agiu com dolo normal aos
crimes que lhe são imputados - Afastamento da agravante prevista no artigo 61, II, alínea "j"
(calamidade pública) - Necessidade - Não há prova de que o réu se valeu da pandemia
causada pelo Covid-19 para praticar o delito - Regime fechado mantido - Parcial provimento do
apelo. (Apelação Criminal n. 1512088-45.2020.8.26.0050 - São Paulo - 15ª Câmara de
Direito Criminal - Relator: Willian Roberto de Campos - 11/11/2021 - 57577 - Maioria de
votos)

0011207-13.2021.8.26.0502 - PENA - Regime - Progressão - Agravo em execução penal -


Cálculo de penas para fins de progressão de regime - Decisão que homologou a fração de 2/5
(dois quintos), equivalente a 40% (quarenta por cento) da pena, para a progressão de regime -
Decisão que deve ser mantida - Reeducando condenado por crime equiparado a hediondo que
ostenta reincidência simples - Pleito para retificação dos cálculos, sob o argumento de que deve
ser adotada a fração de 60% (sessenta por cento), aplicando-se a nova regra inserta no artigo
112, inciso VII, da Lei de Execução Penal - Impossibilidade - A alteração legislativa introduzida
pela Lei Federal n. 13964/2019 não contemplou a hipótese do condenado por crime hediondo
reincidente em crime comum, razão pela qual não há como aplicar o percentual de 60%
(sessenta por cento) previsto no artigo 112, inciso VII, da Lei de Execução Penal (porcentagem
esta equivalente à fração de 3/5), que se destina somente aos condenados por crimes
hediondos ou equiparados a reincidente em crimes dessa natureza - Diante da omissão
legislativa, deve ser adotado o patamar mais favorável ao sentenciado, qual seja, 40%
(quarenta por cento), sob pena de indevida analogia "in malam partem" - Entendimento
pacificado pelo Supremo Tribunal Federal - Decisão de primeiro grau que deve ser mantida -
Agravo ministerial não provido. (Agravo de Execução Penal n. 0011207-13.2021.8.26.0502 -
Campinas - 15ª Câmara de Direito Criminal - Relator: Ricardo Sale Júnior - 04/11/2021 -
27152 - Unânime)

0009630-97.2021.8.26.0502 - ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO - Execução penal -


Porte ou posse ilegal de arma de fogo com numeração raspada - Afastamento do caráter
hediondo, com fundamento em previsão constante da Lei Federal n. 13964, de 23 de dezembro
de 2019 - Insurgência ministerial - Aplicação da lei mais benéfica - Admissibilidade -
Retroatividade fundada no artigo 2º, parágrafo único, do Código Penal - Natureza hedionda que
foi mantida apenas para o porte ilegal de arma de uso proibido - Manutenção do afastamento do
caráter hediondo - Decisão mantida - Agravo ministerial não provido. (Agravo de Execução
Penal n. 0009630-97.2021.8.26.0502 - São Paulo - 16ª Câmara de Direito Criminal - Relator:
Otávio Augusto de Almeida Toledo - 05/11/2021 - 41286 - Unânime)

1502528-15.2019.8.26.0309 - CALÚNIA - Difamação - Delitos cometidos contra servidor


público no exercício de suas funções - Artigos 138 e 139, combinados com o artigo 141,
inciso II, todos do Código Penal, enlaçados em concurso formal delitivo - Preliminar -
Cerceamento de defesa - Nulidade da audiência realizada na forma telepresencial - Vício não
reconhecido - Materialidade e autoria comprovadas pelo conjunto probatório carreado aos autos
- Dolo específico caracterizado - Vontade livre e consciente de imputar falsamente fatos
definidos como crimes de prevaricação e de advocacia administrativa a Promotor de Justiça no
exercício de suas funções, além de lhe imputar fato ofensivo à sua reputação - Tipicidade da
conduta - Difamação que, entretanto, fica salvaguardada pela cláusula de exclusão de
antijuridicidade - Artigo 142, inciso I, do Código Penal - Condenação que se justifica apenas
pelo crime de calúnia - Dosimetria redimensionada - Expressão aritmética da pena inferior a 1
(um) ano que autoriza a fixação de uma única pena restritiva de direitos - Artigo 44, § 2º, do
Código Penal - Manutenção da prestação pecuniária e do regime inicial aberto, compatível com
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o sistema alternativo - Valor fixado com critério - Capacidade econômica do sentenciado -


Custas judiciais - Isenção - Impossibilidade - Sendo a condenação ao pagamento da taxa
judiciária decorrente de previsão da Constituição da República, do Código de Processo Penal e
da Lei Estadual n. 11608/03, deve ser imposta no momento da condenação penal, competindo
ao Juízo das Execuções Criminais a sua análise, respeitada a situação financeira do condenado
- Preliminar rejeitada - Recurso parcialmente provido. (Apelação Criminal n. 1502528-
15.2019.8.26.0309 - Jundiaí - 16ª Câmara de Direito Criminal - Relator: Adalberto José
Queiroz Telles de Camargo Aranha Fº - 04/11/2021 - 32278 - Unânime)

STF

INFORMATIVO STF. Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Altos Estudos,


Pesquisas e Gestão da Informação, n. 1036/2021. Disponível em:
http://portal.stf.jus.br/textos/verTexto.asp?servico=informativoSTF. Data de divulgação:
12 de novembro de 2021.

PLENÁRIO

Imprescritibilidade do crime de injúria racial - HC 154248/DF

Resumo:

O crime de injúria racial, espécie do gênero racismo, é imprescritível.

A prática de injuria racial, prevista no art. 140, § 3º, do Código Penal (CP) (1), traz em seu bojo
o emprego de elementos associados aos que se definem como raça, cor, etnia, religião ou
origem para se ofender ou insultar alguém.

Consistindo o racismo em processo sistemático de discriminação que elege a raça como critério
distintivo para estabelecer desvantagens valorativas e materiais, a injúria racial consuma os
objetivos concretos da circulação de estereótipos e estigmas raciais.

Nesse sentido, é insubsistente a alegação de que há distinção ontológica entre as condutas


previstas na Lei 7.716/1989 e aquela constante do art. 140, § 3º, do CP. Em ambos os casos,
há o emprego de elementos discriminatórios baseados naquilo que sociopoliticamente constitui
raça, para a violação, o ataque, a supressão de direitos fundamentais do ofendido. Sendo
assim, excluir o crime de injúria racial do âmbito do mandado constitucional de criminalização
por meras considerações formalistas desprovidas de substância, por uma leitura geográfica
apartada da busca da compreensão do sentido e do alcance do mandado constitucional de
criminalização, é restringir-lhe indevidamente a aplicabilidade, negando-lhe vigência.

Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, denegou a ordem de habeas corpus,
nos termos do voto do relator. Vencido o ministro Nunes Marques.

(1) CP/1940: "Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a
seis meses, ou multa. (...) § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia,

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religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três
anos e multa."

HC 154248/DF, relator Min. Edson Fachin, julgamento em 28.10.2021

SEGUNDA TURMA

Manifesta e grave ilegalidade na ausência de realização de audiência de


custódia - HC 202579 AgR/ES e HC 202700 AgR/SP

Resumo:

A superveniência da realização da audiência de instrução e julgamento não torna


superada a alegação de ausência de audiência de custódia.

A audiência de custódia tem finalidades sistêmicas totalmente distintas daquelas


desempenhadas pela audiência de instrução e julgamento.

A audiência de custódia possui limitações, pois não se pode antecipar o julgamento de mérito
do processo com aprofundamento instrutório. Contudo, tendo-se em vista que no ato há um
contato da defesa com um juiz, deve-se dar primazia ao exercício do contraditório de modo oral
e com imediação, para controle da legalidade da prisão e especial atenção à revisão de
ilegalidades manifestas.

Ainda que eventualmente questões sobre a prisão ou eventuais abusos possam ser levantadas
pelas partes na audiência de instrução, deve-se perceber que tais questões seriam objeto de
análise incidental, e não o tema central da audiência a ser submetido ao contraditório. A
depender da inércia das partes, esses pontos podem nem mesmo ser abordados.

Além disso, aceitar a superação da necessidade de realização da audiência de custódia pelo


transcurso do prazo e a ocorrência da audiência de instrução findaria por transmitir uma
mensagem distorcida aos operadores do sistema criminal, no sentido da desnecessidade da
medida.

Com base nesse entendimento, a Segunda Turma, diante do empate na votação, deu parcial
provimento aos agravos regimentais, para conceder parcialmente a ordem de habeas corpus.
Vencidos os ministros Nunes Marques (relator) e Edson Fachin, que negaram provimento aos
recursos.

HC 202579 AgR/ES, relator Min. Nunes Marques, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes,
julgamento em 26.10.2021

HC 202700 AgR/SP, relator Min. Nunes Marques, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes,
julgamento em 26.10.2021

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STJ
Informativo nº 0715
Publicação: 3 de novembro de 2021.

SEXTA TURMA

HC 659.527-SP - Violação de domicílio. Tráfico de drogas. Flagrante. Quarto de hotel.


Asilo inviolável. Morada não permanente. Standard probatório diferenciado. Presença de
fundadas razões. Necessidade.

É lícita a entrada de policiais, sem autorização judicial e sem o consentimento do


hóspede, em quarto de hotel não utilizado como morada permanente, desde que
presentes as fundadas razões que sinalizem a ocorrência de crime e hipótese de
flagrante delito.

O quarto de hotel constitui espaço privado que, segundo entendimento do Supremo Tribunal
Federal, é qualificado juridicamente como "casa" (desde que ocupado) para fins de tutela
constitucional da inviolabilidade domiciliar.

Embora a jurisprudência tenha caminhado no sentido de que as autoridades podem ingressar


em domicílio, sem o consentimento do morador, em hipóteses de flagrante delito de crime
permanente - de que é exemplo o tráfico de drogas -, ao julgar o REsp 1.574.681/RS (DJe
30/5/2017), a Sexta Turma do STJ decidiu, à unanimidade, que não se há de admitir que a
mera constatação de situação de flagrância, posterior ao ingresso, justifique a medida.

No referido julgamento, concluiu-se, portanto, que, para legitimar-se o ingresso em domicílio


alheio, é necessário tenha a autoridade policial fundadas razões para acreditar, com lastro em
circunstâncias objetivas, no atual ou iminente cometimento de crime no local onde a diligência
vai ser cumprida.

No caso, verifica-se que, previamente à prisão em flagrante, foram realizadas diligências


investigativas para apurar a veracidade da informação recebida no sentido de que havia
entorpecentes no quarto de hotel em que estava hospedado o réu. Vale dizer, a atuação policial
foi precedida de mínima investigação acerca de tal informação de que, naquele quarto,
realmente acontecia a traficância de drogas, tudo a demonstrar que estava presente o elemento
"fundadas razões", a autorizar o ingresso no referido local.

Esclarece-se que, embora o quarto de hotel regularmente ocupado seja, juridicamente,


qualificado como "casa" para fins de tutela constitucional da inviolabilidade domiciliar (art. 5º,
XI), a exigência, em termos de standard probatório, para que policiais ingressem em um quarto
de hotel sem mandado judicial não pode ser igual às fundadas razões exigidas para o ingresso
em uma residência propriamente dita, a não ser que se trate (o quarto de hotel) de um local de
moradia permanente do suspeito.

Isso porque é diferente invadir uma casa habitada permanentemente pelo suspeito e até por
várias pessoas (crianças e idosos, inclusive) e um quarto de hotel que, como no caso, é
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aparentemente utilizado não como uma morada permanente, mas para outros fins, inclusive, ao
que tudo indica, o comércio de drogas.

Com efeito, presentes as fundadas razões que sinalizem a ocorrência de crime e evidenciem
hipótese de flagrante delito, é regular o ingresso da polícia no quarto de hotel ocupado pelo
acusado, sem autorização judicial e sem o consentimento do hóspede.

HC 659.527-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado
em 19/10/2021, DJe de 25/10/2021.

RMS 47.680-RR - Recusa do advogado a oferecer as alegações finais. Forma ilegítima de


impugnar as decisões judiciais. Acerto da decisão que oportuniza à parte indicar novo
advogado ou que provoca a Defensoria Pública. Respeito a duração razoável do
processo.

O juiz tem poderes diante da omissão de alegações finais pelo advogado para
oportunizar à parte a substituição dele no causídico ou, na inércia, para requerer que a
Defensoria Pública ofereça as alegações finais.

Cinge-se a controvérsia a definir se a ampla defesa engloba a possibilidade de o advogado se


recusar a oferecer as alegações finais por discordar de alguma decisão do juiz da causa na
condução do procedimento.

Não há dúvida da importância da ampla defesa como elemento central de um processo penal
garantista. Todavia, é imprescindível afirmar que tal princípio não tem o condão de legitimar
qualquer atuação por parte da defesa.

A forma legal para impugnar eventuais discordâncias com as decisões tomadas pelo juiz na
condução da ação penal não pode ser a negativa de oferecimento de alegações finais. Admitir,
por hipótese, a validade de tal conduta implicaria, em última instância, conferir o poder de definir
a legalidade da atuação do magistrado não aos Tribunais, mas ao próprio advogado.

Ademais, não se deve admitir a violação da duração razoável do processo, direito fundamental
que não pode ficar dependente de um juízo de oportunidade, conveniência e legalidade das
partes de quando e como devem oferecer alegações finais.

A recalcitrância da negativa de oferecer alegações finais obriga o magistrado a adotar a


providência de nomeação de um defensor ad hoc ou até mesmo a destituição do causídico.

Dessa forma, não há que se falar em ilegalidade ou abuso de poder, mas, sim, em adoção de
medidas legítimas para resguardar a duração razoável do processo e o poder do juiz para
conduzi-lo.

RMS 47.680-RR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado
em 05/10/2021, DJe 11/10/2021

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Boletim da Seção de Direito Criminal - Novembro de 2021 - Publicado em 11/2021 Página: 15 de 18

Informativo nº 0718
Publicação: 22 de novembro de 2021.

QUINTA TURMA

AREsp 1.800.334-SP - Crime de formação de cartel. Momento consumativo. Prescrição.


Termo inicial. Classificação automática como instantâneo ou permanente. Inadequada.

O momento consumativo do crime de formação de cartel deve ser analisado conforme o


caso concreto, sendo errônea a sua classificação como eventualmente permanente.

O crime contra a ordem econômica disposto no art. 4º, II, da Lei n. 8.137/1990 é formal, ou seja,
consuma-se com a simples formação de um acordo visando à dominação do mercado ou à
eliminação da concorrência através da prática de uma das condutas descritas em suas alíneas.

No entanto, a respeito do momento consumativo, a doutrina pouco discorre sobre o assunto,


gerando conflitos de interpretação pelos julgadores e causando insegurança jurídica.

Desse modo, a classificação automática do crime de formação de cartel como instantâneo ou


permanente denota análise prematura sem a investigação pormenorizada dos casos postos a
debate.

Há hipóteses em que se forma apenas um acordo de vontades sem mais ajustes ou reuniões
deliberativas a respeito da medida anticompetitiva e outras em que as medidas nesse sentido
são reforçadas, de forma a tornar a conduta permanente e estável. Esses últimos casos, em
várias vezes pareçam refletir decorrência do primeiro ato, em muitas das situações visam a
promover a continuidade da ação delitiva, por ações constantes dos ofensores. Não é o caso de
se generalizar, mas refletir a respeito da própria natureza do crime em comento, que segue o
fluxo das mudanças de direcionamento da economia e do mercado, exigindo, para tanto, novos
acordos e deliberações que se perpetuam no tempo.

Sendo assim, devem ser perquiridos os casos concretos de forma a definir se o crime de cartel
é instantâneo ou permanente, sendo a nomenclatura "eventualmente permanente" equivocada.
Porque se o agente dispõe de poder para cessar ou dar continuidade à conduta delitiva,
tornando o ato único ou ampliando seu espectro, não pode a ação ser considerada uma só e ao
mesmo tempo ter o efeito de lesionar o bem jurídico de forma permanente, tal como se dá no
crime instantâneo de efeito permanente, pois neste caso a vontade do agente é
desconsiderada.

AREsp 1.800.334-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, por unanimidade,
julgado em 09/11/2021, DJe 17/11/2021.

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Informativo nº 0719
Publicação: 29 de novembro de 2021

QUINTA TURMA

REsp 1.847.488-SP - Ações penais. Mesmos fatos. Justiça Comum Estadual e Justiça
Eleitoral. Garantia contra dupla incriminação. Violação.

O ajuizamento de duas ações penais referentes aos mesmos fatos, uma na Justiça
Comum Estadual e outra na Justiça Eleitoral, viola a garantia contra a dupla
incriminação.

No caso, os mesmos fatos que levaram ao oferecimento da denúncia discutida também foram
apreciados em ação de improbidade administrativa e ação penal na Justiça Eleitoral, sendo que
ambas culminaram com a absolvição.

Frisa-se que a sentença absolutória por ato improbidade não vincula o resultado do presente
feito, porquanto proferida na esfera do direito administrativo sancionador que é independente da
instância penal, embora seja possível, em tese, considerar como elementos de persuasão os
argumentos nela lançados.

No entanto, quanto à absolvição perante a Justiça Eleitoral, a questão adquire peculiaridades


que reclamam tratamento diferenciado. Isso porque a sentença, não recorrida pelo MPE, foi
proferida no exercício de verdadeira jurisdição criminal, de modo que o prosseguimento da ação
penal da qual se originou este habeas corpus encontra óbice no princípio da vedação à dupla
incriminação, também conhecido como double jeopardy clause ou (mais comumente no direito
brasileiro) postulado do ne bis in idem, ou ainda da proibição da dupla persecução penal.

Embora não tenha previsão expressa na Constituição Federal de 1988, a garantia do ne bis in
idem é certamente um limite implícito ao poder estatal, derivada da própria coisa julgada (art. 5º,
XXXVI, da Carta Magna) e decorrente de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil (§
2º do mesmo art. 5º). Isso porque a Convenção Americana de Direitos Humanos (art. 8º, n. 4) e
o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (art. 14, n. 7), incorporados ao direito
brasileiro com status supralegal pelos Decretos 678/1992 e 592/1992, respectivamente, tratam
da vedação à dupla incriminação.

Tendo o Ministério Público, instituição una (à luz do art. 127, § 1º, da CF/1988) ajuizado duas
ações penais referentes aos mesmos fatos, uma na Justiça Comum Estadual e outra na Justiça
Eleitoral, há violação à garantia contra a dupla incriminação.

Por conseguinte, a independência de instâncias não permite, por si só, a continuidade da


persecução penal na Justiça Estadual, haja vista que a decisão proferida na Justiça
Especializada foi de natureza penal, e não cível. Tanto o processo resolvido na esfera eleitoral
como o presente versam sobre crimes, e como tais se inserem na jurisdição criminal, una por
natureza. O que diferencia as hipóteses de atuação da Justiça Comum Estadual e da Justiça
Eleitoral, quando exercem jurisdição penal, é a sua competência; ambas, contudo, realizam
julgamentos em cognição exauriente sobre a prática de condutas delitivas. Sendo distintas as
imputações vertidas num e noutro processo, é certo que cada braço do Judiciário poderá julgá-
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las; inobstante, tratando-se de acusações idênticas, não é o argumento genérico de


independência entre as instâncias que permitirá o prosseguimento da ação penal
remanescente.

REsp 1.847.488-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
20/04/2021, DJe 26/04/2021.

REsp 1.916.733-MG - Homicídio. Qualificadoras fundadas exclusivamente em depoimento


indireto. Hearsay Testimony. Elementos colhidos durante a fase inquisitorial.
Fundamentação da condenação. Proibição. Art. 155 do CPP. Tribunal do júri.
Aplicabilidade.

As qualificadoras de homicídio fundadas exclusivamente em depoimento indireto


(Hearsay Testimony), violam o art. 155 do CPP, que deve ser aplicado aos veredictos
condenatórios do Tribunal do Júri.

Consoante o entendimento atual da Quinta e Sexta Turmas deste STJ, o art. 155 do CPP não
se aplica aos vereditos do tribunal do júri. Isso porque, tendo em vista o sistema de convicção
íntima que rege seus julgamentos, seria inviável aferir quais provas motivaram a condenação.
Tal compreensão, todavia, encontra-se em contradição com novas orientações jurisprudenciais
consolidadas neste colegiado no ano de 2021.

No HC 560.552/RS, a Quinta Turma decidiu que o art. 155 do CPP incide também sobre a
pronúncia. Destarte, recusar a incidência do referido dispositivo aos vereditos condenatórios
equivaleria, na prática, a exigir um standard probatório mais rígido para a admissão da
acusação do que aquele aplicável a uma condenação definitiva.

Não há produção de prova, mas somente coleta de elementos informativos, durante o inquérito
policial. Prova é aquela produzida no processo judicial, sob o crivo do contraditório, e assim
capaz de oferecer maior segurança na reconstrução histórica dos fatos.

Consoante o entendimento firmado no julgamento do AREsp 1.803.562/CE, embora os jurados


não precisem motivar suas decisões, os Tribunais locais - quando confrontados com apelações
defensivas - precisam fazê-lo, indicando se existem provas capazes de demonstrar cada
elemento essencial do crime.

Se o Tribunal não identificar nenhuma prova judicializada sobre determinado elemento


essencial do crime, mas somente indícios oriundos do inquérito policial, há duas situações
possíveis: ou o aresto é omisso, por deixar de analisar uma prova relevante, ou tal prova
realmente não existe, o que viola o art. 155 do CPP.

REsp 1.916.733-MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
23/11/2021, DJe 29/11/2021.

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SEXTA TURMA

HC 703.912-RS - Tribunal do Júri. Sessão de julgamento. Tempo de debates. Art. 477 do


CPP. Possibilidade de dilação do prazo. Necessidade de acordo entre as partes.

No tribunal do júri é possível, mediante acordo entre as partes, estabelecer uma divisão
de tempo para debates de acusação e defesa que melhor se ajuste às peculiaridades do
caso.

A plenitude de defesa é um dos princípios constitucionais básicos que amparam o instituto do


júri (art. 5º, XXXVIII, da CF/1988), razão pela qual é louvável a decisão do magistrado que
busca efetivar tal garantia aos acusados.

Entretanto, é importante que as normas processuais que regem o referido instituto sejam
observadas, a fim de que sejam evitadas futuras alegações de nulidades.

Dessa forma, considerado o rigor formal do procedimento do júri, não é possível que,
unilateralmente, o juiz de primeiro grau estabeleça prazos diversos daqueles definidos pelo
legislador, para mais ou para menos, sob pena de chancelar uma decisão contra legem.

Não obstante, nada impede que, no início da sessão de julgamento, mediante acordo entre as
partes, seja estabelecida uma divisão de tempo que melhor se ajuste às peculiaridades do caso
concreto.

O Código de Processo Civil de 2015, consagrou a denominada cláusula geral de negociação


processual, ao dispor, em seu art. 190, que "Versando o processo sobre direitos que admitam
autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento
para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes,
faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo". Na hipótese, à luz do disposto
no art. 3º do CPP, é viável a aplicação analógica do referido dispositivo.

À vista de tal consideração, ponderadas as singularidades do caso em análise, em reforço ao


que já prevê o art. 477 do CPP, constata-se a viabilidade de que as partes interessadas entrem
em um consenso a fim de dilatar o prazo de debates, respeitados os demais princípios que
regem o instituto do júri.

HC 703.912-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado
em 23/11/2021.

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