Cuida-se de Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica
proposto por CELG DISTRIBUIÇÃO S.A. – CELG D em face de CERÂMICA FLORESCENTE LTDA., devidamente qualificados. Em suma, alegou que a requerida atua de forma omissiva, frustrando as diversas tentativas da exequente de buscar a satisfação dos débitos contraídos pela executada. Em razão disso, postulou pela desconsideração da personalidade jurídica da executada, com a inclusão dos sócios Robério de Carvalho Barros e Tácio Assis Barros no polo passivo da ação. O incidente foi recebido na movimentação 64. Citados, os sócios suscitaram a ausência de abuso da personalidade jurídica, não podendo a medida ser deferida apenas pela falta de ativos financeiros depositados em conta bancária, eis que as buscas de bens passíveis de penhora sequer foram esgotadas. Ao final, pugnaram pelo indeferimento do incidente de desconsideração da personalidade jurídica. Vieram conclusos. DECIDO. A desconsideração da personalidade jurídica é disposta no artigo 50 do Código Civil e pressupõe o desvio de finalidade ou a confusão patrimonial. Nos autos, não há prova inequívoca de que o executado se encontra em abuso da personalidade jurídica. A dificuldade em se encontrar bens passíveis de satisfação do débito, por si só, não autoriza a desconsideração da personalidade jurídica. Entendimento do Superior Tribunal de Justiça que corrobora o exposto:
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 06/07/2022 14:29:31 Assinado por ROMERIO DO CARMO CORDEIRO Validação pelo código: 10463565820236906, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/p AGRAVO INTERNO NO AGRAVO (ART. 1.042 DO NCPC)- EXECUÇÃO - DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE DEU PROVIMENTO AO RECLAMO PARA AFASTAR A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA. INSURGÊNCIA DO EXEQUENTE. 1. A teoria da desconsideração da personalidade jurídica, medida excepcional prevista no art. 50 do Código Civil de 2002, pressupõe a ocorrência de abusos da sociedade, advindos do desvio de finalidade ou da demonstração de confusão patrimonial. 2. A mera inexistência de bens penhoráveis ou eventual encerramento irregular das atividades da empresa não ensejam a desconsideração da personalidade jurídica. 3. Manutenção da decisão monocrática que, ante a ausência dos requisitos previstos no art. 50 do CC/2002, afastou a desconsideração da personalidade jurídica. 4. Agravo interno desprovido. (STJ - AgInt no AREsp: 1018483 SP 2016/0303810-1, Relator: Ministro MARCO BUZZI, Data de Julgamento: 12/12/2017, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/02/2018) Destaco que foi instaurado o presente incidente a pedido da parte exequente, mas esta, todavia, não trouxe aos autos nenhuma prova de desvio de finalidade ou confusão patrimonial praticado pela empresa ré. Ante o exposto, INDEFIRO o pedido de desconsideração da personalidade jurídica. INTIME-SE a parte exequente para requerer o que lhe for devido, no prazo de 15 (quinze) dias.
GOIÂNIA.
ROMÉRIO DO CARMO CORDEIRO
Juiz de Direito (Datado e Assinado Digitalmente)
Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 06/07/2022 14:29:31 Assinado por ROMERIO DO CARMO CORDEIRO Validação pelo código: 10463565820236906, no endereço: https://projudi.tjgo.jus.br/p