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EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DO TRABALHO DA

COMARCA DE NOVA FRIBURGO - RJ.

Processo n° 0000161-86.2014.5.01.0512

DALVA REGINA NOGUEIRA TEIXEIRA, já devidamente qualificada nos autos,


que move em face de, SCMM SERVIÇOS DE LIMPEZA E CONSERVAÇÃO
LTDA, e ESTADA DO RIO DE JANEIRO, todos já devidamente qualificados, vem a
presença de V. Exa., através de seus procuradores, requerer o seguinte;

Conforme pesquisa realizada pelo digníssimo Tribunal ao BacenJud ter-se


demonstrada frustrada, assim como não há indícios de bens da empresa reclamada
disponível para realização de penhora capaz de solver o crédito trabalhista ora
executado.

Desta forma faz necessário que a aplicação do INCIDENTE DE


DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA, com fulcro no artigo
855-A da CLT e do artigo 134 do CPC/2015, buscando satisfazer o crédito trabalhista
devido, assim como efetivando a justiça.

A legislação pátria é enfática quanto ao instituto da desconsideração da personalidade


jurídica, sendo demonstrado no artigo 50 do Código Civil de 2002 e no artigo 28 da
lei 8078/90

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica,


caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que
os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações
sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou
sócios da pessoa jurídica.

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica


da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver
abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato
ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A
desconsideração também será efetivada quando houver
falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da
pessoa jurídica provocados por má administração.

De tal forma, necessário à garantia do crédito em favor do ora peticionante, a


determinação da desconsideração da pessoa Jurídica, recaindo a penhora sobre
os bens dos sócios da empresa ora executada.

Da mesma forma vem se posicionando a jurisprudência:

CABIMENTO – Penhora dos bens dos sócios. Legitimidade. É legítima a penhora dos
bens de sócios da executada nos autos principais, pois os mesmos respondem pelas
dívidas da empresa quando esta não possuir outros bens que possam levar a bom
termo a execução. Tal fenômeno é denominado pela doutrina como disregard of the
legal entity: nos casos em que a empresa não oferecer condições de solvabilidade de
seus compromissos, sua personalidade jurídica é desconstituída a fim de que os
sócios sejam responsabilizados pela satisfação dos débitos. (TRT 2ª R. – Ac.
1999009692 – Relª Juíza Vânia Paranhos – DOESP 13.07.1999)
PENHORA – BENS PARTICULARES DOS SÓCIOS – ATO FRAUDULENTO –
Configura ato fraudulento da sociedade o não pagamento das verbas devidas aos seus
empregados, o que autoriza a penhora dos bens particulares de seus sócios para a
satisfação da divida, caso a sociedade não tenha condições financeiras para tal.
Agravo de petição a que se nega provimento. (TRT 6ª R. – AP 42/95 – 2ª T. – Rel. Juiz
Adalberto Guerra Filho – DOEPE 20.06.1995)

Assim, merece ser amparado o ora peticionante com tal garantia ao adimplemento de
seu crédito. Requer então seja desconsiderada a personalidade jurídica da empresa, ora
executada, recaindo a penhora sobre bens de propriedade dos sócios, livres e
desembaraçados, suficientes à garantia da execução.

Buscando efetivo resguardo dos direitos do Exequente, merece especial atenção o


fato, de haverem excluído do polo passivo o ESTADO DO RIO DE JANEIRO, sendo
este o responsável subsidiário conforme verifica-se na súmula 331, IV e V

IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte


do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do
tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que
haja participado da relação processual e conste também do
título executivo judicial.

V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e


indireta respondem SUBSIDIARIAMENTE, nas mesmas
condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa
no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de
21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como
empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela
empresa regularmente contratada.

Assim segue o entendimento do TST:

É lícita a atividade das empresas prestadoras de serviços, mediante contratos de


natureza civil com terceiros, incluindo os bancos, para execução de serviço de
limpeza e conservação. A prestadora de serviço dirige, fiscaliza, controla e remunera
o trabalho e assume os riscos da atividade econômica, preocupando-se a empresa
cliente apenas com a efetivação da obra. Em nada se confundem com as" empresas
interpostas "ou locadoras de mão-de-obra." (Ac. TST RR 40.221/91.9, Rel. Min. Ney
Doyle, Ac. 2a. T. 225/93, in Nova Jurisprudência em Direito do Trabalho, 1994,
Valentin Carrion, v. 2399, pg. 326).

Ante todo o exposto, requer a aplicação do incidente de


desconsideração da personalidade jurídica da empresa reclamada.

Requer também a reinclusão do Estado do Rio de Janeiro no polo


passivo como órgão responsável subsidiariamente pela contratação da
empresa reclamada.

Bem como expedição de oficio a JUCERJA para que a mesma forneça as


cópias de registros empresariais da reclamada dos últimos dois anos
visando alcançar o objetivo da execução.

Nestes termos

Pede-se deferimento

Nova Friburgo; 27 de agosto de 2018.

Igor Ramos Teixeira


OAB-RJ 170.529

Janice Rocha do Couto


OAB-RJ 093.318

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