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História

Ciência e racismo

1o bimestre – Aula 10
Ensino Médio
● Teorias do racismo científico. ● Identificar, contextualizar e
criticar tipologias evolutivas e
as oposições dicotômicas.
Todos falam

A animalização do outro foi uma


prática bastante recorrente por
estudiosos em nome do progresso
científico pelo mundo. Atos de
crueldade e racismo foram
expostos e conferidos em
exposições, considerados marcos
da popularização da Ciência à época
como vimos na aula anterior. Colonialismo A Bélgica começa a abordar a
importância do seu "zoológico humano"
congolês de 1958. Ref. Jornal The Guardian.
A partir de meados do século XIX, tornou-se mais comum a exibição de pessoas
em museus, circos, zoológicos, feiras e instituições científicas no Ocidente,
tanto como forma de entretenimento quanto como objeto de estudo. As
teorias raciais predominantes na época estabeleceram classificações que
colocavam negros, índios e outros povos colonizados no estágio inicial da
evolução humana. Esses grupos foram apresentados ao vivo por meses,
juntamente com elementos de sua cultura material, com a intenção de retratá-
los como primitivos, em contraste com as nações mais dirigidas. Essas
exposições contribuíram para fortalecer a noção de inferioridade racial,
ensinando ao público que o racismo tinha fundamentos científicos. Isso, por sua
vez, justificava e desculpava o imperialismo crescente, ao mesmo tempo que
alimentava sentimentos de superioridade entre a população branca e
ocidental. Ref .: Adaptado de. Koutsoukos, Sandra Sofia Machado.
A essência do darwinismo social reside na utilização de
conceitos como "seleção natural" e "luta pela
sobrevivência" para explicar a competição entre
indivíduos ou grupos humanos, à semelhança do que
Darwin fez ao analisar outras espécies animais e
vegetais.
O darwinismo social surgiu no final do século XIX como
uma adaptação por diversos e diferentes autores que
buscavam aplicar os princípios da teoria da evolução Charles Darwin, foi um
de Charles Darwin ao funcionamento das sociedades naturalista, geólogo e
biólogo britânico.
humanas. No entanto, essa aplicação foi severamente
distorcida.
Ref.: Schwarcz, Lilia Moritz
Existem duas correntes principais do darwinismo social, uma das quais
apresenta uma visão racista e colonialista que se desenvolveu
principalmente na Europa. Nessa perspectiva, o foco não está tanto na
disputa entre indivíduos, mas sim no conflito entre raças e povos ao redor
do mundo. No que diz respeito à desigualdade social, o darwinismo social
atribuiu a diferença entre ricos e pobres à suposta maior "aptidão" dos
primeiros para sobreviver e prosperar.

Ref.: Schwarcz, Lilia Moritz


Os “simpatizantes” do darwinismo social argumentaram de forma
espontânea as teses evolutivas de Darwin, utilizando-se da alegação: se a
natureza opera de maneira eficaz por meio do processo de seleção natural,
comparando-se de maneira semelhante a uma competição mortal onde os
mais aptos prevalecem, então as sociedades humanas podem seguir o
mesmo princípio. Curiosamente, a célebre expressão "sobrevivência dos
mais aptos" foi cunhada por Herbert Spencer, um defensor do darwinismo
social, e não pelo próprio cientista Charles Darwin. Dessa forma, o
darwinismo social, propôs analogias entre a evolução do mundo natural e a
trajetória histórica das sociedades humanas.

Ref.: Schwarcz, Lilia Moritz


A relação entre o darwinismo social e o racismo também se manifestaram
numa vertente com visão preconceituosa racista e colonialista, que teve
origem no continente europeu, com foco entre as “diferentes raças” e
povos. Entre os teóricos dessa corrente, destacam-se os franceses Joseph
Arthur de Gobineau (1816-1882) e Georges Vacher de Lapouge (1854-
1936), além do inglês naturalizado alemão Houston Stewart Chamberlain
(1855-1927), que expressava fortes tendências antissemitas.

Ref.: Schwarcz, Lilia Moritz


As teorias racistas de Chamberlain, que pregavam a suposta superioridade
dos grupos arianos, serviram como base doutrinária para o fascismo. É
relevante ressaltar que a divisão clássica das "raças", conforme concebida
pelos darwinistas, não é mais aceita pela comunidade científica atual.Estudos
contemporâneos, fundamentados nos avanços da genética, indicam que o
genoma humano é composto por 30 mil a 50 mil genes diferentes, muitos dos
quais são compartilhados por toda a humanidade. As diferenças morfológicas
entre as chamadas "raças" ou grupos humanos, como cor de pele, tipo de
cabelo e características auditivas, resultam de modificações genéticas
graduais ao longo de milhões de anos, correlacionadas com a adaptação das
populações humanas a fatores geográficos, como radiação solar,
temperatura, entre outros.
Ref.: Schwarcz, Lilia Moritz
O termo "eugenia" ou "eugenismo" foi elaborado em 1883 pelo
matemático e estatístico inglês Francis Galton (1822-1911), que o definiu
como sendo a "ciência para a melhoria das qualidades hereditárias das
populações”.
Assim como o darwinismo social utilizou conceitos como "seleção
natural" e "luta pela sobrevivência" para explicar a competição entre
indivíduos ou grupos na sociedade, a eugenia propôs a aplicação desses
princípios à reprodução humana. A ideia era que, ao direcionar a
reprodução para favorecer características consideradas desejáveis, seria
possível aprimorar geneticamente a sociedade.

Ref.: Schwarcz, Lilia Moritz


Essa abordagem, no entanto, levou a práticas controversas e antiéticas,
como esterilizações forçadas, discriminação racial e social, além de ter
sido associada a políticas eugenistas que resultaram em atrocidades
durante o século XX. Embora o darwinismo social e a eugenia tenham
conexões históricas, é importante notar que essas ideias não são
amplamente aceitas ou praticadas na ciência contemporânea devido às
implicações éticas e morais envolvidas.

Ref.: Schwarcz, Lilia Moritz


De surpresa

1. Quais foram as principais consequências das exposições de pessoas


realizadas em museus, circos, zoológicos, feiras e instituições
científicas no Ocidente no século XIX?
a) Contribuíram para fortalecer a noção de inferioridade racial,
ensinando ao público que o racismo tinha fundamentos científicos.
b) Promoveram a igualdade de direitos entre diferentes povos.
c) Estimularam a convivência multicultural.
d) Despertaram a consciência crítica das pessoas em relação ao racismo
científico.
e) Ajudaram a combater o preconceito racial.
Se você respondeu Alternativa A, parabéns!
Justificativa: as exposições de pessoas em museus, circos, zoológicos, feiras
e instituições científicas no Ocidente no século XIX contribuíram para
fortalecer a noção de inferioridade racial, ensinando ao público que o
racismo tinha fundamentos científicos. As teorias raciais predominantes na
época estabeleceram classificações que colocavam negros, índios e outros
povos colonizados no estágio inicial da evolução humana. Esses grupos
foram apresentados ao vivo por meses, juntamente com elementos de sua
cultura material, com a intenção de retratá-los como primitivos, em
contraste com as nações mais dirigidas.
Todos falam
Com base nos estudos desenvolvidos até o presente momento, pesquise
no artigo intitulado “Darwinismo social, eugenia e racismo ‘científico’: sua
repercussão na sociedade e na educação brasileiras”, disponível em:
https://www.scielo.br/j/er/a/sNH6RP4vvMk6wtPSZztNDyt/?format=pdf
&lang=pt ou em outras fontes confiáveis para responder ao que se pede.
● Aponte e comente as principais repercussões do darwinismo social pelo
mundo e no Brasil.
● Elabore um artigo de opinião a partir da seguinte indagação:
Desconstruindo pseudociência: críticas contundentes ao Darwinismo
social e suas ramificações no racismo científico"
Tarefa para casa: fique atento às orientações do seu professor e ao prazo
de entrega de sua pesquisa.
● Identificamos, contextualizamos e
criticamos as tipologias evolutivas
e as oposições dicotômicas.
Lista de imagens e vídeos
Slide 3: Imagem. Referência: Reportagem do jornal "The Guardian" conta como eram os
zoológicos humanos. Adaptado de: UOL. Último zoológico humano ridicularizava congoleses
durante feira na Bélgica em 1958. Disponível em:
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/04/17/ultimo-zoologico-
humano-ridicularizava-congoleses-durante-feira-em-bruxelas.htm. Acesso em: 27/11/2023.
Slide 5: Imagem. Referência. Wikipédia. Charles Darwin. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin. Acesso em: 27/11/2023
Lemov, Doug. Aula nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto
Alegre: Penso, 2023.
Catells, Manoel. O poder da Identidade. Volume II. Tradução. Klauss Brandini Gerhardt. São
Paulo, Ed. Paz e Terra, 1999.
Botelho, Patrick. Etnocentrismo: entenda a que se refere esse conceito. Disponível em:
https://www.politize.com.br/etnocentrismo/ . Acesso em: 25 nov. 2023.
PUC-Rio. Definições de identidade. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-
rio.br/21902/21902_3.PDF. Acesso em: 25/11/2023.
Contijo, Lorenzo Campomizzi Bueno. A Dominação Epistemológica no Imperialismo: A
construção de uma narrativa de subjugação dos povos colonizados. Cadernos de Relações
Internacionais/vol. 2, Dez 2019 PUC-Rio.
Koutsoukos, Sandra Sofia Machado. Zoológicos Humanos – Gente em exibição na era do
Imperialismo. Editora UNICAMP, 2020.
Schwarcz, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças: cientistas, instituições e questão racial no
Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

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