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Conceitos

1. Critical Race Studies


a. Iluminismo - todos os homens são iguais
b. Monogenistas - todos os homens descendiam de uma fonte comum (inicialmente, de
Adão e Eva, de acordo com a bíblia), sendo as diferenças explicadas por razões
climáticas ou geográficas.
c. Poligenistas - entendiam que havia diferentes linhagens originais (com fundamentos
bíblicos ou "científicos"), que eram intrínsecas e geravam as várias raças.
d. Critical Race Studies - A ideia central é que raça é uma construção social e que o
racismo não é apenas o produto de preconceitos ou preconceitos individuais, mas
também algo embutido em sistemas jurídicos e políticas.
e. Xenofobia - Odio ao estrangeiro. É por ser estrangeiro, não se concentra nas
características do estrangeiro.
f. Assimilação - O estrangeiro apenas é admitido caso abdique da identidade cultural e seja
assimilado (absorve e é absorvido) pela identidade cultural do local onde reside. Pode ser
admitida a expressão de identidades culturais distintas, mas apenas nos espaços privados
(sem visibilidade).
g. Apropriação cultural - ocorre quando uma cultura adota elementos específicos de outra
cultura.
h. Tolerância - São admitidas expressões culturais distintas nos espaços privados e
públicos, desde que estas não coloquem em causa a ordem pública ou suscitem polémica
(caso francês).
i. Etnocentrismo - O etnocentrismo é a visão preconceituosa e unilateralmente formada
sobre outros povos, culturas, religiões e etnias. Esse conceito refere-se, portanto,
ao hábito de julgar inferior uma cultura diferente da sua própria cultura, considerando
absurdo tudo que dela deriva e considerando a sua como a única correta. Este está
diretamente associado à xenofobia, já que o estrangeiro com uma cultura diferente da do
país é tido como uma ameaça à identidade da sociedade. Isto acontece porque ainda se
acredita que a cultura de um certo país é estática e imutável. Se eu acredito nisso, vou
acreditar que se outras culturas interferirem com a minha isso pode afetar a minha
integridade cultural. Há, assim, uma errada perceção da natureza estática das identidades
culturais, porque, na realidade, a cultura é uma realidade social viva, fluida, e em
constante mutação, podendo beneficiar com o multiculturalismo.
j. Multiculturalismo - Reconhecimento dos particularismo culturais diversos num plano
de igualdade, tentando que possam conviver. Parte da presunção de neutralidade cultural
e tenta encontrar espaços de consenso e limites (não se reconhecem como legítimas
culturas manifestamente contrárias aos direitos humanos).
k. Comunitarismo - Coexistência de comunidades culturalmente diversas autónomas
(tendencialmente fechadas) dentro do mesmo espaço político, com algumas regras
comuns de convivência.
l. Racismo científico - O racismo biológico ou científico consiste na crença
pseudocientífica de que existem evidências empíricas que apoiam o racismo, existindo
raças distintas e havendo uma hierarquia entre elas, sendo a raça caucasiana superior, e
sendo a restantes raças inferiores. Ainda há quem defesa associações entre genética e
características superiores, como a inteligência (sem que haja base cientifica para tal.
m. Racismo cultural – Tem a sua base em argumentos culturais (de atraso no
desenvolvimento) que levam à hierarquização das raças. É neste contexto que surgem as
reações contrárias ao fenómeno da "apropriação cultural", que consiste numa
manifestação de racismo subtil omnipresente e institucional.
n. Racismo institucional - A herança discriminatória da escravidão em conjunto com a
falta de medidas e ações que integrassem as pessoas racializadas na sociedade gerou o
que se entende por racismo institucional, ou seja, uma discriminação racial enraizada na
sociedade. O racismo institucional não diz respeito a um ato discriminatório isolado ou
até mesmo um conjunto de atos dessa natureza. Representa, sim, um processo histórico
em que condições de desvantagens e privilégios a determinados grupos étnico-raciais são
reproduzidos nos âmbitos políticos, econômicos, culturais e até mesmo nas relações
cotidianas.
o. Microagressões - As microagressões são comportamento subtilmente racistas que
mantêm as pessoas racializadas consciêntes do seu lugar na sociedade (lugar inferior), e
continuam a ter um efeito muito negativo na autoestima individual e de grupo.
p. Descriminação - “Prática social de transformação de atitudes preconceituosas numa
forma de segregação de grupos sociais. Parte do pensamento enviesado e concretiza-se
num comportamento dirigido a uma pessoa ou grupo de pessoas. Trata-se de um
comportamento motivado pelo preconceito que tende a excluir ou desfavorecer a pessoa
integrada no grupo alvo.”
q. Enviesamento - “Uma inclinação ou preferência sobre um grupo de pessoas
(abstratamente consideradas) sem justificação objetiva ou justificável que pode colocar
em causa a objetividade ou imparcialidade na realização de juízos de valor sobre o
grupo.”
r. Estereótipo - Estereótipo são opiniões e ideias generalizadas, utilizadas pelas pessoas
para pré-definir alguém ou algo quanto ao seu comportamento, gênero, aparência,
religião, cultura, condição social, etc. Os estereótipos são adquiridos ao longo da nossa
vivência e experiências na sociedade, partindo, principalmente, das ideias do senso
comum. Eles também podem variar de grupo para grupo, conforme a cultura e os
costumes. Os estereótipos funcionam como uma forma de rotular as pessoas ou coisas,
mas sem qualquer conhecimento sobre o assunto ou sobre a pessoa que está sendo
estereotipada.
s. Preconceito- Preconceito é um juízo pré-concebido, que se manifesta numa atitude
discriminatória perante pessoas, crenças, sentimentos e tendências de comportamento. É
uma ideia formada antecipadamente e que não tem fundamento crítico ou lógico. O
preconceito é resultado da ignorância das pessoas que se prendem às suas ideias pré-
concebidas, desprezando outros pontos de vista, por exemplo. Na maioria dos casos, as
atitudes preconceituosas podem ser manifestadas com raiva e hostilidade.
2. Feminismo
a. Feminismo 1ª vaga - O início do movimento feminista caracteriza-se pela reação às
limitações legais da mulher e ao papel que esta desempenhava na sociedade, sendo
especialmente focados a propriedade da mulher pelo marido, os impedimentos de direito
civil (o direito ao divórcio), e o estatuto de cidadã (em especial, o direito ao voto), e os
direitos laborais (direito a trabalhar e primeiras reivindicações salariais). Na transição do
séc. XIX para o séc. XX, o movimento feminista ficou marcado pelas lutas sufragistas e
pelo progressivo reconhecimento do direito ao voto na maior parte dos países do mundo.
b. Feminismo 2ª vaga – Feminismo que surge nos anos 60/70 e se concentra nos direitos
reprodutivos da mulher, questionam-se as verdadeiras fontes culturais de descriminação.
Desafia-se a feminilidade e o que é ser mulher face às tendências sociais da época,
lutando pela eliminação de normas discriminatórias e pela criação da real igualdade de
oportunidades entre os géneros.
c. Feminismo 3ª vaga – Incialmente a 3ª vaga surgiu como uma critica à 2ª, afirmando que
havia uma falta de perspetiva de interseccionalidade, a maior parte das feministas da 2ª
vaga eram brancas de classe média, no entanto, deve-se afirmar que as conquitas foram
aplicadas universalmente a todas as mulheres. A 3.ª vaga associou, assim, o feminismo
às questões de raça e classe, sendo a luta das mulheres invisíveis. Para além disso, foca-
se nos feminismos plurais, apelando para a liberdade de género e para associação ao
feminismo a questão da emancipação identitária da mulher e à identidade e liberdade de
género como foco do feminismo.
d. Feminismo socialista - Parte do feminismo que assenta na igualdade entre os sexos, mas
concentra-se na luta das mulheres operárias, apoiado pelos movimentos sindicais.
Enquanto as mulheres brancas de classe média e alta lutavam para exercerem o direito ao
trabalho, as mulheres pobres sempre tinham trabalhado e lutavam por condições de
trabalho minimamente dignas.
e. Different second wave feminism - Parte do princípio da diferença entre homens e
mulheres, podendo recorrer a argumentos biológicos ou meramente culturais, pelo que
os seus contributos para a construção e evolução social são intrinsecamente distintos.
para que haja equilíbrio de identidades na sociedade, para que haja uma sociedade mais
justa, melhor, são necessárias as contribuições paritárias de homens e mulheres.
f. Equality feminism - Parte do princípio da igualdade tendencial entre os sexos,
admitindo que as diferenças biológicas não determinam quaisquer outras diferenças
relevantes de carater, temperamento, inteligência, força ou capacidade, pelo que
sustentam a igualdade de oportunidades, de direitos e de deveres entre homens e
mulheres
g. Machismo sistémico – Vivemos numa sociedade cuja cultura dominante que é
assimilada na construção da nossa identidade e na formação da nossa personalidade tem
um pendor machista, assim qualquer pessoa, mesmo mulheres, vão assimilar as
mensagens machistas e discriminatórias da sociedade. Se existem juízos negativos sobre
as mulher que não cozinham, é evidente que a mulher vai sentir o dever de o fazer. O
machismo sistémico leva a que as mulheres tenham uma baixa-autoestima.
3. Descriminação positiva
a. Affirmative action: É uma política de favorecer mulheres qualificadas e candidatos de
minorias em vez de homens qualificados ou candidatos não pertencentes a minorias com
os objetivos imediatos de divulgação, remediar a discriminação ou alcançar a
diversidade, e os objetivos finais de atingir um daltônico (racialmente justo) e um gênero
- sociedade livre (sexualmente justa).
i. Soft: promoção da igualdade através da remoção de obstáculos, sensibilização,
formação e campanhas de promoção da igualdade;
ii. Hard: imposição de quotas e de critérios de preferência.
b. Diversity affirmactive action - O objetivo é simplesmente a diversidade, que por sua
vez se justifica em termos de benefícios educacionais ou de sua capacidade de criar uma
força de trabalho mais eficaz em áreas como policiamento e relações com a comunidade.
c. Quotas partidárias: de natureza voluntária, decididas internamento pelos partidos, sem
obrigação ou consequências legais ou constitucionais
d. Quotas eleitorais: quotas decorrentes da lei ou da constituição que se aplicam a todos os
partidos candidatos, estabelecendo mínimos de representatividade ou de paridade ,
aplicando-se sanções (financeiras ou rejeição das listas) em caso de incumprimento
e. Lugares reservados: assentam numa obrigação de igualdade de resultados (ao invés de
mera igualdade de oportunidades), garantindo um certo número de lugares eleitos para
minorias (não limitados às mulheres).
4. Homofobia
a. Homofobia: A discriminação em função da orientação sexual como parte do sistema
machista (moderno).
b. Lésbica: Mulheres que sentem atração romântica ou sexual por outras mulheres.
c. Gay: Homens que sentem atração romântica ou sexual por homens. O termo também
pode ser utilizado para mulheres homossexuais.
d. Bissexual: Pessoas que sentem atração (afetiva ou sexual) por ambos os sexos.
e. Transgênero: Pessoas que não se identificam com seu sexo biológico e estão em
trânsito entre gêneros.
f. Transsexual: São pessoas que se identificam com um sexo diferente do seu nascimento.
Por exemplo: uma pessoa que nasceu homem, mas se identifica como mulher, é uma
mulher transgênero.
g. Queer: Queer engloba todas as orientações e identidades, sem se especificar em apenas
uma delas.
h. Intersexo: É uma variação de características sexuais que incluem cromossomos ou
orgãos genitais que não permitem que a pessoa seja distintamente identificada como
masculino ou feminino.
i. Assexual: É a falta de atração sexual, ou falta de interesse em atividades sexuais — pode
ser considerado a “falta” de orientação sexual.
j. Aliado: São pessoas que se consideram parceiras da comunidade LGBTQ+.
k. Pansexual: É a atração sexual ou romântica por qualquer sexo ou identidade de gênero.

5. Discurso de ódio
a. Discurso de ódio
i. Amplo: Tribunal Europeu dos Direitos Humanos: qualquer tipo de comunicação oral,
escrita ou comportamental, que ataque ou use linguagem pejorativa ou discriminatória
com referência a uma pessoa ou grupo com base na pessoa que são, isto é, com base
em sua religião, etnia, nacionalidade, raça, cor, descendência, gênero ou outra
identidade.
ii. Restrito: decisão-quadro 2008/913/JAI do conselho de 28 de novembro de 2008
relativa à luta por via do direito penal contra certas formas e manifestações de racismo
e xenofobia. Ódio deverá ser entendido como referindo-se ao ódio baseado na raça,
cor da pele, religião, ascendência ou origem nacional ou étnica. Toda a conduta que
incite publicamente à violência ou ao ódio dirigido contra um grupo de pessoas ou um
membro de tal grupo definido por referência à raça, cor, religião, descendência ou
origem nacional ou étnica.
b. Meros conflitos interpessoais vs. Discurso de ódio –
i. Tese Professor Tariq Modood: Um insulto homofóbico, racista, machista ou
xenófobo é sempre considerado discurso de ódio, já que Porque se eu tiver a discutir
com uma pessoa gorda e disser “cala-te, gorda”, essa pessoa vai sentir-se ofendida,
mas essa ofensa não a vai fazer sentir excluída da sociedade onde se insere por essa
característica. Assim, os factores históricos e as correntes de ódio ainda existentes
sobre certos grupos de pessoas fazem com que elas ainda se encontrem em perigo.
Assim, aquela pessoa vive em constante perigo de exclusão social e, por isso, vai ser
sempre discurso de ódio. Nunca pode ser colocado no mesmo plano insultar alguém
por ter óculos, por ser gordo, por ser alto com insultar alguém por causas da raça,
etnia, religião...
ii. Tese Inês Ferreira Leite: A professora apresenta um pré critério, assim, quando
esteja em causa características protegidas, isto é, género, orientação sexual, raça ou
etnia, em princípio estaremos perante um problema de ódio. No entanto, há outros
aspetos a ter em conta, já que nem todos os insultos podem ser tidos como crime de
ódio apenas por serem dirigidas a pessoas com certas características protegidas. Até
porque o ser humano tem a tendência de utilizar essas características quando se vê
num conflito interpessoal. Deste modo, a professora utiliza algumas perguntas para
entender se estamos perante um discurso de ódio ou um mero conflito interpessoal.
Em primeiro lugar, o conflito começou por razões alheias à qualidade dos
intervenientes? Em segundo lugar, o conflito está relacionado com uma questão alheia
a características étnicas culturais, de género, entre outras? Em terceiro lugar, o
conflito manteve-se centrado na questão que o formou, tendo as características
protegidas surgido no conflito apenas de modo secundário? E, por fim, nota-se desde
o início do conflito que existe uma desproporcional violência contra a pessoas
protegida?
c. Discurso de ódio vs. Critica razoável
i. Tese Professor Tariq Modood: O professor Tariq Modood formulou alguns critérios.
Em primeiro lugar, a critica em causa vai assentar numa estereotiparão de grupo ou
na assunção rígida que todas as pessoas daquele grupo merecem a mesma? Em
segundo lugar, a crítica tem o objetivo de iniciar um diálogo com o grupo de pessoas
ou é apenas um monólogo critico, sem qualquer tipo de abertura para o dialogo? Em
terceiro lugar, existe espaço para que o grupo alvo responda criticamente e,
consequentemente, começar uma discussão saudável? Em quarto lugar, o tipo de
linguagem utilizada está dentro dos limites de um discurso razoável? Em quinto
lugar, estamos perante uma critica sincera e construtiva ou é apenas para denegrir o
grupo?,
6. Liberdade religiosa
a. Liberdade da religião - Liberdade de não ter religião, de não ser afetada por qualquer
religião, de não ser perseguido por se ser ateu, ...
7. Populismo
a. Populismo – é um conjunto de práticas políticas que se justificam num apelo ao "povo",
geralmente contrapondo este grupo a uma "elite".
O termo “populismo” começou a ser utilizado no séc. XIX por pequenos agricultores
norte americanos com muitas hipotecas bancárias.
Já a partir dos anos 60 e 70, começou a ser associado ao conservadorismo religioso e dos
costumes, sendo contra o direito ao aborto e aos direitos LGBTQ+. Nos anos 90 e
primeira parte do séc. XXI, a nova onde de corrupção volta a reerguer o populismo, que
passa a comparar o exercício de cargos políticos com a corrupção, criando movimentos
de hipercriminalização de condutas associadas à corrupção e tráfico de influências.
Com a crise migratória na década de 10 para a década de 20, começou-se a associar a
movimentos xenófobos, racistas e nacionalistas.
b. Pânico moral - Caracteriza-se pela exageração de um problema real, a partir do qual se
identifica um inimigo comum de uma sociedade, ocorrendo a radicalização do discurso e
pode conduzir à adoção de medidas securitárias fortemente restritivas de direitos
fundamentais. Ex: Casa Pia e pedofilia / Sócrates e corrupção / ataque à Alcochete
c. Populismo penal - movimento social e político, suportado por uma falsa perceção de
insegurança e de mau funcionamento da justiça, alimentada pela cobertura mediática
excessiva e inadequada do crime. Há uma narrativa assente na opinião do povo, do
cidadão, das pessoas, do homem comum, por oposição ao discurso do sistema que é
visto como sendo dominado por elites. Apresenta as seguintes características: passa-se
de um discurso racional assente na ciência, na estatística, em factos, para um discurso de
emocional; aproveitam-se os momentos de crise para dividir dois tipos de pessoas: o nós
(homens brancos de classe média/média baixa) e o eles (criminosos, reclusos,
minorias...); Utiliza-se o medo como instrumento de controlo através de uma
sobresrepresentação mediática do crime, nomeadamente de crimes excecionais, para
assim haver uma falsa perceção de que o crime aumentou; A vítima é utilizada como
uma figura simbólica, tentando demonstrar que os direitos dos criminosos se sobrepõem
aos da vítima; Aceitação da percepção de segurança jurídica como um bem jurídico; O
crime passa a ser entretenimento; aumento de penas;
d. Conceptualização da vítima - a vítima do populismo penal não é a vítima do crime,
mas representa uma parte maioritária da sociedade que se sente deixada para trás, que é
seduzida pela abordagem securitária do "tough on crime", embora seja tendencialmente
contra a tutela penal das minorias
e. Though on crime - aumento das penas dos crimes tradicionais
f. Perceção de segurança jurídica - não basta que se estejam a tomar as medidas
necessárias e razoavelmente possíveis para garantir a segurança jurídica, passa a ser
exigido do Estado que tome medidas tendentes a reduzir o risco de insegurança -
potencial - a 0 valores.
g. Democracia formal - exercício fútil do voto (ausência de alternativa ou mera
alternância entre escolhas semelhantes); falta de informação (controlo estatal da
informação); faIta de consciência histórica (ausência de memória histórica ou de debate
sobre o contexto histórico).
h. Justiça de tabloide: o interesse dos média por julgamentos advém mais de interesses
comerciais do que educacionais. Ora, primeiramente, deixa-se de lado o papel
educacional dos média, para que o papel de entretenimento surja. Em segundo lugar, a
quantidade de trabalho e recursos investido na cobertura de um determinado caso. E, por
fim, existe um publico desejoso por ver os procedimentos, para supostamente entender o
sistema e conseguir comentar.
 Voyeurismo penal e as redes sociais: A insistência dos media - mas, principalmente, a
forma medieval como é feita a abordagem mediática do crime, os termos utilizados, a
demonização, os comentadores do crime a pedirem sangue e a apontarem o dedo - cria
uma perceção social distorcida da realidade e do fenómeno criminal.
8. Critical Legal studies
a. Critical legal studies: Os estudos críticos do Direito procuram mostrar que não é
exequível que os conflitos existentes entre os interesses individuais e os interesses
sociais sejam regulados através de normas neutras e objetivas. Isto apenas resultaria num
reforço do desequilíbrio dos poderes que já existe na sociedade e na manutenção de um
status quo de profunda desigualdade (na distribuição de recursos e rendimentos). Eles
apelam à fundamental contradiction e à relevância cultural que as perceções sociais têm
sobre a juridicidade, isto é, a legal conscientiousness. Os juizes devem sempre recorrer à
equidade e ao sentido de justiça-
b. Legal liberism: falsa conceção neutra da lei fora de um contexto de luta política,
associado à negação de uma função da lei de intervenção na sociedade ou como
instrumento de manutenção/correção de injustiças sociais. Existe a separação da lei de
qualquer outro controlo social, a norma regula-se a si própria e ao resto, a norma é neutra
e objetiva e deve haver uma previsibilidade e uniformidade da maneira como se aplica a
norma.
c. Legal conscientiousness
i. Restrita: o termo aplica-se ao conjunto de ideias, pressupostos, premissas, pré-juízos
(narrativa inconsciente) que são - inconscientemente - partilhados pelos atores
judiciais (juizes, advogados) e que constituem uma espécie de experiência
inconsciente comum dos membros desta profissão/categoria. Estas ideias são
geralmente inconscientes, embora possam ter um papel forte na rejeição ou aceitação
imediatas (incontestadas - sem questionamento crítico) de determinadas proposições
ii. Ampla: aplica-se à narrativa inconsciente sobre o Estado, Direito, e as instituições
sociais reguladas pelo direito que é partilhada pela generalidade da população. Esta
narrativa não é construída pela população, espontaneamente, ela é criada pelas elites
que dominam as profissões jurídicas e o Estado, mas acaba por ser aceite
(inconscientemente e, tantas vezes, sem reservas), pela restante população.
d. Fundamental contradictions: rejeitam, por um lado, a ideia que a lei possa assentar
numa linha harmoniosa de interesses e, por outro lado, o sentido primário das
contradições mais nucleares, tais como, “público e privado” ou “eu e ele”. Existe uma
incapacidade do modelo legalista liberar de resolver estas contradições.
e. a rejeição, por parte dos estudos críticos, da ideia de que a lei poderia assentar numa
composição harmoniosa de interesses (consciências da profundas e talvez irresolúveis
contradições de interesses na sociedade), e, ainda, o sentido primário das contradições
mais nucleares

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