O documento discute o racismo na história linguística do Brasil, onde a elite branca estabeleceu uma norma-padrão para o português brasileiro baseada no português falado em Portugal, em vez do português falado pela população mestiça e negra do Brasil, de forma a distanciar a elite branca culturalmente dessas populações.
O documento discute o racismo na história linguística do Brasil, onde a elite branca estabeleceu uma norma-padrão para o português brasileiro baseada no português falado em Portugal, em vez do português falado pela população mestiça e negra do Brasil, de forma a distanciar a elite branca culturalmente dessas populações.
O documento discute o racismo na história linguística do Brasil, onde a elite branca estabeleceu uma norma-padrão para o português brasileiro baseada no português falado em Portugal, em vez do português falado pela população mestiça e negra do Brasil, de forma a distanciar a elite branca culturalmente dessas populações.
Racismo e Linguística no Brasil • existe um racismo profundo na história lingüística do Brasil. • elite intelectual se divertiu com o debate sobre o estabelecimento de uma norma-padrão para o português brasileiro. • Liberais ou conservadores, porém, todos lutavam contra um mesmo fantasma: o português brasileiro falado pela imensa maioria da população, composta de negros e mestiços, e que trazia (e traz) as marcas dos processos de contato lingüístico entre o português e as diferentes línguas africanas aqui chegadas junto com os escravos. Quem é Quem • numa sociedade oligárquica e autoritária como a nossa, venceu o projeto conservador; • acabou por instituir, como norma para o português brasileiro, um padrão inspirado nos usos literários de um punhado de escritores lusitanos do século XIX. • Qual o objetivo? – não era só lingüístico: era também distanciar o máximo possível a elite branca do “populacho” mestiço. – “o falar atravessado dos africanos” debate sobre a norma-padrão para o português brasileiro • De um lado, os defensores da • Do outro, os que recusavam essas “língua brasileira” sustentavam a características e defendiam a autonomia do nosso português com observância rígida das normas relação ao falado na Europa e gramaticais do português lutavam pelo reconhecimento das lusitano. características idiomáticas da nossa fala urbana como legítimas, inclusive para o uso na literatura Negação do outro, negação de si, alienação total e absoluta, esquizofrenia perfeita.
• O português brasileiro é uma língua para a qual confluíram e confluem
matrizes linguísticas europeias, ameríndias e africanas.
• Para fugir disso, estabeleceram como padrão de “língua certa” um modelo
importado que se afastava, ao mesmo tempo, do português popular brasileiro e das variedades urbanas da própria elite branca e letrada. Abismo • separa, até hoje, a língua que os brasileiros falam (e escrevem) – inclusive os altamente letrados com vivência urbana – das prescrições irreais e irracionais de uma norma-padrão fixada, já na origem, como uma impossibilidade de realização plena por parte de qualquer brasileiro. Avaliação • Nas sociedades, democráticas de fato, em que os usos linguísticos reais das camadas letradas urbanas servem de base para se fixar o padrão a ser descrito pelas gramáticas e dicionários, ensinado nas escolas etc. • No Brasil vivemos uma esquizofrenia linguística: falamos o português brasileiro, resultante de 500 anos de contato linguístico com idiomas africanos e indígenas, a terceira língua mais falada do hemisfério ocidental, mas utilizamos, como normas de regulação dessa língua, um conjunto de prescrições absurdas, arcaicas, já obsoletas em meados do século XIX. Linguicídio – produto da colonialidade • “Eu compreendo o conceito de língua” no ocidente como aquele que deriva do fetiche entre perfeição prometida pelo projeto de modernidade e sua performance baseada no mundo greco-romano.” • Esse projeto não apensas institui um fetiche de estética na linguagem baseado em um projeto de elites locais de cada estado-nação, mas também impõe sua língua aos povos colonizados.
Lições sobre a África: Colonialismo e Racismo nas Representações: sobre a África e os Africanos nos Manuais Escolares de História em Portugal (1990-2005)