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Feminismo Decolonial

DES 5875 - Gênero e etnia - 2° semestre de 2023

Alunas:
Ana Glória Douetts Diniz
Sylvia Marina Rosa e Paes de Barros
Viviane Nogueira de Moraes Danieleski
Termos: ● DESCOLONIAL: refere-se a processos
decolonial e descolonial histórico-administrativos de desligamento das
metrópoles das ex-colônias

● DECOLONIAL: movimento de tornar


pensamentos e práticas cada vez mais livres da
colonialidade, do pensamento eurocêntrico
● Reconhece as desigualdades existentes entre
as mulheres, considera a interseccionalidade
(gênero, raça, classe) e acrescenta uma crítica
substantiva ao capitalismo

Feminismo decolonial
● Mulheres racializadas: negras; não brancas; não
ocidentais - imigrantes; que trazem marcas
sociais, referentes a cor, religião, língua ou outro
distintivo

● Reposiciona o problema da reprodução social:


biológica (maternidade); trabalho doméstico
(não remunerado no cuidado da casa, parentes,
idosos, pessoas com necessidades especiais);
trabalho precarizado (rebaixamento do status
social; precariedade de direitos; terceirização;
serviços de limpeza; invisibilidade)
● “[...] defendo um feminismo decolonial que
tenha por objetivo a destruição do racismo, do

Conceito de “um”
capitalismo e do imperialismo”. (Françoise
Vergès)

feminismo decolonial
● O feminismo envolve muito mais do que a
igualdade de gênero. E envolve muito mais que
gênero (Angela Davis). Ele também ultrapassa a
categoria “mulheres”, fundada sobre um
determinismo biológico
● O termo feminismo decolonial surge pela primeira
vez em 2008 a partir do texto “Colonialidad y

Surgimento do
género” da filósofa argentina María Lugones.
● No texto, María investiga a intersecção entre raça,

termo “feminismo
gênero, sexualidade e classe na tentativa de entender
a indiferença dos homens colonizados diante das

decolonial” diversas violências que as mulheres de suas


comunidades sofrem, mais especificamente as
mulher negras e não-brancas vítimas da colonização.
● A autora também amplia a teoria da “colonialidade
do poder” do sociólogo peruano Aníbal Quijano,
introduzindo a noção de “sistema moderno-colonial
de gênero” .
Sistema
O sistema moderno-colonial utiliza de estratégias e práticas
discursivas para colonizar os nativos (homens e mulheres)
recorrendo a uma dimensão de gênero. Aplica neste sentido,
moderno-colonial de o conceito moderno de colonialidade, pois, termina por
controlar condutas, determinar normas para que se tenha
gênero bem claro como poder ser homens e mulheres pertencentes
a América Larina. Também, perpassa pelo eurocentrismo,
pois o sistema colonial determina um padrão, isto é, o
homem do ocidente é superior ao homem não ocidental.
Tem dimensão racial, pois mulheres não brancas, as nativas,
são inviabilizadas neste sistema.

Segundo Lugones antes da chegada dos colonizadores nas


américas haviam outras posições de gênero não estas
hierarquizadas e dicotômicas inventadas pelos
colonizadores, que impuseram gêneros binários na qual os
homens assumem o modelo patriarcal, destruindo estruturas
tribais que vivenciavam outros modelos, como os
matriarcais.

(GONÇALVES, Josimere Serrão; RIBEIRO, Joyce Otânia


Seixas. Colonialidade de gênero: o feminismo decolonial de
María Lugones).
De acordo com a professora Susana Castro
Amaral Vieira, professora titular do Departamento
de Filosofia na Universidade Federal do Rio de
Primeiras feministas Janeiro, as primeiras feministas decoloniais
seriam:
decoloniais: - Maria Lugones
- Gloria Anzaldúa
- Yuderkys Espinoza
- Lélia González

https://www.brasildefato.com.br/2023/04/26/o-qu
e-e-teoria-decolonial-curso-online-apresenta-pers
pectiva-ligada-ao-feminismo
● Gloria Anzaldúa foi uma estudiosa da teoria cultural

Gloria Anzaldúa chicana, teoria feminista e teoria queer, entre os seus


princiais trabalhos, figuram o livro autobiográfico
Borderlands/La Frontera: The New Mestiza, uma
obra que mistura prosa e poesia, na qual conta sua
trajetória como acadêmica e mulher chicana.

● Anzaldúa denuncia e questiona as violências às quais


estão submetidas as pessoas que nasceram e habitam
territórios e culturas de fronteira, sobretudo mulheres
“de cor” do terceiro mundo. A fronteira de que
Anzaldúa trata é aquela que divide os Estados
Unidos e o México, contudo, vale ressaltar que para
autora a fronteira é mais do que o simples limite
geográfico entre nações.
● Chicana: faz referência a mulher
Feminismo chicano mexicana-norte-americana/indígena da fronteira,
dos entre-fronteiras, dos entre-lugares, dos
entre-línguas-culturas.

● Tradicionalmente, a cultura chicana é patriarcal e


baseia-se em definições de moralidade e de ordem
social firmado sobre os elementos do sexo
feminino, bem como a dicotomia
virgem/prostituta.

● O feminismo chicano se instala num lugar de fala


que coloca as mulheres entre o poder patriarcal
mexicano e a voz do feminismo norte-americano
que não dá conta das questões raciais e de classe.

EUA (1970)
https://distintaslatitudes.net/archivo/de-malinches-a-
hijas-de-cuauhtemoc-chicanas-y-feministas
Yuderkys Espinoza
● Yuderkys Espinosa Miñoso nasceu na República
Dominicana, é ativista e acadêmica e uma das fortes
vozes do chamado Feminismo Decolonial. Suas
análises articulam a perspectiva antirracista e de
classe dentro dos movimentos. É autora de várias
obras, sobressaindo-se o livro Escritos de una
lesbiana oscura: reflexiones criticas sobre feminismo
y política de identidade en América Latina.

● Yuderkys Espinosa contribuiu para superação de uma


lacuna na difusão de vozes que configuram parcela
de uma corrente que faz a ponte entre feminismo e
descolonialidade, posicionando correntes autônomas
e marginais do movimento feminista e lesbofeminista
regional.
Lélia González
● Lélia Gonzalez foi uma intelectual, autora, ativista,
professora, filósofa e antropóloga brasileira. É uma
referência nos estudos e debates de gênero, raça e
classe no Brasil, América Latina e pelo mundo,
sendo considerada uma das principais autoras do
feminismo negro no país.

● Lélia não chegou a utilizar diretamente o termo


“feminismo decolonial”, mas suas reflexões e
questionamentos acerca do feminismo negro fizeram
parte de um projeto decolonial, ao romper com a
explicação eurocêntrica sobre a colonização e
desmistificação da categoria universal de mulher, ao
apresentar a proposta de intersecção entre categorias
que estruturam o poder.
● liberação sexual
● igualdade no mercado de trabalho

Feminismo liberal
● desconsidera distinções entre as mulheres: visão
universal - utilizada por organismos internacionais
● políticas imperialistas sobre países periféricos
● opressão de povos, opressão de mulheres racializadas
● política de controle de natalidade
● esterilização de mulheres racializadas
● controle dos corpos das mulheres racializadas
● torna visível a dimensão colonial e racial de um
feminismo europeu convencido de ter escapado das
ideologias racistas, da escravatura e do colonialismo

Crítica ao feminismo ● este feminismo: adotou e adaptou os objetivos da


civilizatório missão civilizatória colonial, oferecendo ao
neoliberalismo e ao imperialismo uma política dos
direitos das mulheres que serve a seus interesses

Crítica ao
feminismo
civilizatório
FEMINISTAS
NEGRAS
BRASILEIRAS
Mantra: “Olhar para o passado para projetar o futuro”.

Como se constitui o Pensar na constituição de diversidade.

pensamento das Nova realidade a partir de políticas afirmativas. Sistema de


cotas: Lei nº 12.711/2012.

mulheres negras Mulheres não se perceberam negras apenas na universidade.


Exemplo: Profa. Silvana Santos Bispo, UFBA.

- Como se constitui esse pensamento dentro das famílias


brasileiras? Buscar informações, dizer a verdade às
crianças, estimular o entretenimento com
representatividade, ampliar o leque de referências.
Na sociedade: acesso às organizações de bairro, discussões
raciais, descobrir a história através da arte, perspectiva
feminista dentro das universidades.

Como se constitui o
- Outras possibilidades de pensamento das feministas
negras: não deslocar a própria experiência, aprender com as
histórias do passado e ancestralidade.
pensamento das No Brasil, Movimento de Mulheres Negras (MMN), na
mulheres negras década de 1970, com uma abordagem conjunta das pautas
de gênero e raça pelos movimentos sociais da época.

Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e


Caribenha: 25 de julho de 1992 na República Dominicana,
durante o 1º encontro de mulheres negras da América Latina
e do Caribe, ONU reconheceu a data no mesmo ano.

No Brasil, a Lei nº 12.987/2014, definiu o dia 25 de julho o


Dia Nacional de Tereza de Benguela e o Dia da Mulher
Negra.
Luta contra o racismo, sexismo, violência e violações.

Quais são os
Irmandades Religiosas:

Exemplo: Irmandade do Recôncavo da Bahia, Irmandade da


caminhos a serem Nossa Senhora da Boa Morte é uma confraria religiosa
afro-católica, responsável pela alforria de inúmeros
seguidos pelo escravos.

pensamento das Comunidade de terreiros:

feministas negras Candomblé, processo de organização. O candomblé é um


culto africano que era encarado como bruxaria. No início,
era proibido e sua prática reprimida pelas autoridades
policiais.

Processo chamado de sincretismo religioso: imposição do


catolicismo por parte dos portugueses à população
escravizada e aos povos originários. Práticas e cultos que
incorporaram elementos de diferentes tradições.
Quais são os
caminhos a serem Escolas de samba:
seguidos pelo Nascidas dentro das comunidades, as primeiras escolas de

pensamento das samba (fundadas no início da década de trinta) estão


totalmente relacionadas com as religiões de matrizes
feministas negras africanas e a permanências negra urbana do período logo
após a escravidão. Exemplos: batidas das baterias dos
terreiros e Ala das Baianas.
Comunidades quilombolas:
As narrativas quilombolas de luta por direitos oferecem

Quais são os outros conteúdos, como a autonomia, a territorialidade e a


oralidade, que podem ser instrumentalizadas para
caminhos a serem reconstruir as histórias de liberdade da população negra.

seguidos pelo Valores fundamentais para a democracia: igualdade,


propriedade e cidadania, práticas radicais e cotidianas. Com
pensamento das as comunidades quilombolas, aprende-se que o
enfrentamento ao racismo atravessa as estratégias para
feministas negras recriar a vida negra.

Exemplo: Bernadete Pacífico, 72 anos, liderança


quilombola baiana que foi assassinada a tiros dentro da
Associação do Quilombo Pitanga dos Palmares em 17 de
agosto de 2023. Racismo religioso é mais uma faceta de
conformação racista que estrutura o país e precisa ser
combatido.
Quais são os
caminhos a serem Mulheres negras: dimensão de articular o pensamento das
mulheres negras.
seguidos pelo As mulheres negras militantes sempre discutiram seu

pensamento das cotidiano marcado pela discriminação racial e pelo sexismo


dos homens brancos e negros e, principalmente,
feministas negras reconheciam o sexismo dos homens negros devido ao
“caráter mais acentuado do machismo negro, uma vez que
este se articula com mecanismo compensatórios que são
efeito direto da opressão racial” (Lélia Gonzalez).
Sueli Carneiro usa o conceito de "epistemicídio" para
abordar a tentativa de apagar os saberes das populações

Epistemicídio Racial colonizadas, especialmente das mulheres negras, que são


parte do segmento mais oprimido.
Sueli Carneiro Epistemicídio racial: discorre sobre a tentativa de silenciar,
apagar as memórias negras, os saberes e culturas da
população afro-brasileira, sobretudo as mulheres negras,
grupos quilombolas e indígenas, grupos étnicos mais
oprimidos na sociedade brasileira.

Noção de dispositivo racial: funciona como um operador


das relações biopolíticas que se impõem na nossa sociedade.
O domínio sobre as vidas negras, a partir de regimes de
governança, que define que os corpos negros podem ser
deixados para morrer (física ou simbolicamente), é
revelador do racismo estrutural e de uma política de morte
que encontra nas vidas negras seu alvo central.
Constitui-se numa base mais eficaz da legitimidade da

Epistemicídio Racial violência simbólica, de neutralizar, desumanizar, controlar,


subalternizar e exterminar as memórias afrodiaspóricas da
Sueli Carneiro população negra, com isso, Sueli aponta que o
conhecimento eurocêntrico produzido pelos grupos
dominantes nas universidades, escolas, tem sido fortificado
na luta de grupos conservadores em busca de manter uma
estrutura de racismo velado nas instituições científicas.

Exemplos: currículos educacionais.

Isso faz parte de uma necromemória: quando um projeto de


deixar morrer nossas histórias e culturas afro-brasileiras,
enfatizam uma cultura de embranquecimento da população
brasileira operada pelo Estado branco, a partir de suas
representações políticas, administrativas e educacionais.
Intelectuais
importantes Emergência de um pensamento de intelectuais negras no
Brasil:

Quantos e quantas conhecem e podem citar intelectuais de


nossas histórias?

- Bell Hooks: “Sempre chegam os homens. E as mulheres?”

A internet facilitou. Relações de poder, hegemonia, branca,


cisgênero.

Pensar outras possibilidades do feminismo negro, os eixos


de opressão: racismo, dominação de classe, gênero,
capacitismo, orientação sexual.
Intelectuais Nascida em Porto Alegre, filha de militar e dona de casa. Na
importantes universidade, um amigo do diretório acadêmico apresentou
informações sobre movimentos sociais americanos e os
Panteras Negras. Em 1979, mudou-se para Salvador.
Luiza Bairros “O nosso grande desafio é básico: assegurar o direito do
negro à vida. E este é o aspecto mais profundo do racismo:
a desumanização da pessoa negra”.

Quantas dessas mulheres negras se constroem como


intelectuais e são invisibilizadas? O acesso ao material
ainda é difícil, mesmo com o advento da internet. Esse
empoderamento que se fala das mulheres, ainda não
representa as mulheres negras.
Foi historiadora, militante política e feminista negra nascida
em Aracaju, Sergipe, em 1942. Ela migrou para o Rio de

Intelectuais
Janeiro com sua família em 1949. Entrou para a
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 1969,

importantes
onde se formou em História em 1971.

Dedicou duas décadas à pesquisa sobre os quilombos no


Brasil, defendendo o reconhecimento e titulação das terras
Beatriz Nascimento quilombolas.

Abordou a questão do racismo na educação. Apesar de seu


significativo legado, Beatriz ainda é relativamente
desconhecida em muitos círculos acadêmicos e de ensino.

Buscou a dinâmica de coletividade: empoderamento das


mulheres negras, algo coletivo. Empoderamento é dado e
construído através de uma coletividade transatlântica.

Beatriz afirmou que a história do Brasil foi construída por


mãos brancas.

“Não deixe que nada e nem ninguém viole os direitos


fundamentais para que você viva uma vida com dignidade”.
Nascida em 1935 em Belo Horizonte, Minas Gerais, é
reconhecida como uma intelectual, ativista e feminista
Intelectuais negra. Ela cresceu em Belo Horizonte, mas mudou-se para o

importantes
Rio de Janeiro aos oito anos. Lélia trabalhou como
empregada doméstica e babá na infância.

Lélia Gonzalez é autora de obras como "Lugar de negro"


Lélia Gonzalez (1982, coautora com Carlos Hasenbalg) e "Festas Populares
no Brasil" (1987).

Questionou o feminismo hegemônico, experiências das


mulheres negras eram negligenciadas e que o feminismo
eurocêntrico não abordava adequadamente as questões
raciais.

Lélia também defendeu a descolonização do feminismo e a


criação de um "Feminismo Afrolatinoamericano" liderado
por mulheres negras e indígenas. Ela enfatizou a
importância de reconhecer a especificidade da experiência
das mulheres afro-brasileiras em face do racismo e do
colonialismo.
Intelectuais Seus esforços levaram a uma nova visão crítica do
feminismo e à valorização das contribuições culturais das

importantes populações afrodescendentes na América Latina e no


Caribe, levando à criação do conceito de "Amefricanidade":
diáspora negra pelo extermínio da população indígena das
Lélia Gonzalez Américas e recupera as histórias de resistência e luta dos
povos colonizados contra as violências geradas pela
colonialidade do poder.

Objetivo pensar 'desde dentro' as culturas indígenas e


africanas e, assim, afastar-se cada vez mais de
interpretações centradas na visão de mundo do pensamento
moderno europeu.

A proposta de Lélia Gonzalez é epistemológica, pois, do


ponto de vista da amefricanidade, propõe a abordagem
interligada do "racismo, colonialismo, imperialismo e seus
efeitos”.
Intelectuais
importantes Angela Davis se referiu a Lélia Gonzalez como uma das
"fundadoras" do feminismo negro no Brasil e destacou a
importância das tradições religiosas afro-brasileiras na

Lélia Gonzalez formação do movimento feminista negro no país.

“Estamos cansados de saber que nem na escola, nem nos


livros onde mandam a gente estudar, não se fala da efetiva
contribuição das classes populares, da mulher, do negro, do
índio na nossa formação história e cultural. Na verdade, o
que se faz é folclorizar todos eles. E o que é que fica? A
impressão de que só homens, os homens brancos, social e
economicamente privilegiados foram os únicos a construir
este país. A essa mentira tripla dá-se o nome de sexismo,
racismo e elitismo”.
Nascida em São Paulo em 1950, é uma filósofa, escritora e
Intelectuais ativista antirracismo do movimento social negro brasileiro.

importantes
Ela também fundou o GELEDÉS - Instituto da Mulher
Negra, a primeira organização negra e feminista
independente de São Paulo, em 1988. É responsável pela

Sueli Carneiro
criação do único programa brasileiro de orientação em
saúde específico para mulheres negras, oferecendo
atendimento psicológico e social, bem como palestras sobre
temas relacionados à saúde e sexualidade.

Em 2009, Sueli Carneiro publicou o estudo "Mulheres


negras e poder: um ensaio sobre a ausência", no qual
denunciou a hegemonia masculina e branca nas esferas de
poder, destacando as mulheres negras que, mesmo estando
presentes nas instituições, sofriam discriminação racial e de
gênero.

“Ser mulher negra é experimentar uma condição de asfixia


social”.
Dissertação “Preconceito Racial e Igualdade Jurídica no Brasil”

Intelectuais
(defendida em 10/out/1980) - trabalho interdisciplinar,
utilizando-se de análise histórica e socioeconômica para entender

importantes
a situação jurídica do negro no Brasil e a influência das teorias
racistas no Direito. Questiona o senso comum sobre a passividade
do homem e das mulheres negras escravizadas, e da inexistência

Eunice Prudente de maus-tratos durante a escravidão.

A professora apresenta as situações de desigualdade que marcaram


a vida do negro nas zonas urbanas, falando sobre o papel da
mulher negra como empregada doméstica, o assédio sexual
sofrido por estas, sobre a marginalização dos homens negros como
trabalhadores livres; demarca a resistência dos homens e mulheres
negras a essas situações de desigualdade e a criação de
associações negras.

(Mullheres negras (re)fazendo o Direito: as contribuições das


juristas Dora Lima Lúcia Bertulio e Eunice Prudente para uma
teoria crítica do Direito e das relações raciais brasileiras - Allyne
Andrade e Silva) - in. Raça e Gênero: discriminações,
interseccionalidades e resistências
Intelectuais
importantes - E como todos esses materiais das intelectuais negras
podem ser acessados? É a partir desse lugar que Beatriz
Nascimento tenta mobilizar a produção de professores.

Exemplo: motorista e professora. Precisa ser constrangido,


pois muitas vezes se leva para o geracional, mas a juventude
é passageira.

Transatlanticidade vx transmídia: gestos, falar, registros,


escritos, pensamentos, danças x diálogo com cinema,
contos, poesia, teatro, textos acadêmicos, performances.
Prefere usar categoria multidimensional em lugar da
Françoise Vergés interseccionalidade. Patriarcado, Estado e capital, justiça
reprodutiva, justiça ambiental e crítica da indústria
farmacêutica, direito das imigrantes, dos refugiados e fim
do feminicídio, luta contra o capitalismo racial e luta contra
a criminalização da solidariedade.

Legado ancestral: rompe com a noção hegemônica e de


tempo. Aquilo que permanece e é constante. Os feminismos
decoloniais, os sujeitos, fora ou dentro dos processos de
educação formal, são criminalizados em função de uma
bandeira capitalista.

Poder de um homem que dita o que é certo o que é errado, o


que é legítimo ou não. Por que existe essa permanência de
homens brancos como conhecedores por excelência do
mundo? Não é aleatório, pois o racismo é um sistema
intrinsicamente violento.
Françoise Vergés
Os atravessamentos sociais da mulher negra: são uma
montanha-russa diária, independentemente de estarem no
ambiente de trabalho, nos relacionamentos amorosos ou na
construção de amizades. Elas enfrentam a cruel solidão de
ser frequentemente a única representante em espaços de
poder; encaram a morte de perto quando sofrem a perda
precoce de seus filhos para a violência policial. Trabalham,
em média, pelo menos 10 horas a mais por semana que as
mulheres brancas e ainda ganham menos. São
frequentemente rejeitadas quando não são escolhidas na
prateleira do amor ou tornam-se objeto de
hipersexualização; e são completamente invisibilizadas aos
olhos de uma sociedade predominantemente branca.
Feministas
indígenas
brasileiras
Obviamente, existem indígenas mulheres que se consideram
feministas, contudo, a autoafirmação costuma vir
acompanhada de ressalvas. É o caso, entre tantos, de Ana
Existe feminismo Pankará (2022): “O feminismo ainda tem que melhorar

indígena?
muito sua visão no que diz respeito às mulheres de classe
mais baixa e das mais diversas etnias, visto que hoje em dia
a sororidade ainda não alcança o lar dessas mulheres que,
inclusive, são as que mais sofrem com o patriarcado e
machismo”. Isso se deve ao fato de que as opressões
enfrentadas pelas indígenas mulheres possuem aspectos
distintos daquelas enfrentadas pelas mulheres não
indígenas.

(MENDES, Verônica Araújo. Indígenas mulheres:


Interfaces entre feminismos e decolonialidades)
Termo:
“Indígena mulher”
Utilizo o termo “indígena mulher” ao invés de “mulher
indígena”, pois, em diálogos e convivências com parentas
que também são discentes na Universidade Federal do Pará
(UFPA), percebi em seus discursos o consenso de que a
palavra indígena deveria vir antes da palavra mulher. Isso
porque, antes de sermos mulheres, somos indígenas, somos
Karipuna, Guajajara, Baré, Tembé.

(KARIPUNA, Ana Manoela Primo dos Santos Soares.


Mulheres Originárias: Reflexões com movimentos de
indígenas mulheres sobre as existências e inexistências de
feminismo indígenas. São Paulo: Cadernos de campo, vol.
30, n. 2, p. 1-12, 2021)
- Inicialmente, deve se ter em mente que cada etnia indígena

O papel da mulher
possuía e ainda possui organização social, religião, rituais que
lhe são próprios.
indígena no Brasil - Habilidades técnicas eram exigidas aos homens nos domínios

antes de 1500
básicos da arte de caçar, pescar, fazer roça, construir casa e
fabricar utensílios utilitários, enquanto para as mulheres eram
exigidos os domínios na prática de produção de alimentos,
cuidar de crianças, fabricar artesanatos e ter hábitos de
generosidade em serviços familiares e comunitários.
- O papel da mulher indígena na produtividade foi de suma
importância para consolidação da monocultura, que mais tarde
seria a base da economia colonial.
- No entanto, no universo indígena, a mulher ocupava um espaço
definido e muito valioso nas decisões familiares. As vozes
indígenas feminina e masculina decidiam juntas, inexistia a

Disponível em:
representação do domínio e do poder do gênero masculino,
<http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2011/08/brasil-colonial-diverge porém esse cenário passou por mudanças com a chegada dos
ncia -entre-o.html>. Acesso em: 23 out. 2014.
portugueses.
Mudanças na vida - O processo de adestramento pelo qual as mulheres

das indígenas com a


passaram no período colonial foi marcado por
repressão a sexualidade e suas vontades próprias.

colonização
- A manipulação da mulher era exercida em diversos
momentos e nas mais variadas formas de discursos
normativos. Entretanto, nem sempre eram eficazes,
pois as mulheres encontravam momentos em que
poderiam exercer sua liberdade, mesmo que fosse de
maneira arriscada.

- No Brasil, temos, entre outras, duas figuras


femininas que se destacam na literatura por divulgar
as condições de vidas das mulher indígenas: Graça
Graúna e Eliane Potiguara.
Célia Xakriabá é a primeira indígena
deputada federal em Minas Gerais
Em 2018, Joenia Wapichana foi eleita
deputada federal e a primeira mulher
indígena a ocupar o cargo
Sônia Guajajara, primeira
deputada federal indígena
eleita pelo estado de São
Paulo e a primeira a
ocupar um ministério.
Como o feminismo
decolonial
Diversas vozes

Contestar universalidade
influencia na Perspectiva emancipatória: valores opostos ao capitalismo e
construção do ao racismo

pensamento e no Possibilidade de repensar a implementação da igualdade de


forma inclusiva
combate às diversas
desigualdades?
Obrigada!

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