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Algumas considerações


Os estudos pós-coloniais e decoloniais vêm alterando a
maneira como olhamos o mundo ao desestabilizar
concepções eurocêntricas e hierarquizantes do pensamento
e conhecimento ocidentais.

Ao estabelecer uma epistemologia opcional ao paradigma
eurocêntrico à crítica decolonial fornece um espaço
alternativo ao discurso dominante e tem legitimado os
significados culturais e o conhecimento produzido nos
países do Sul
Algumas considerações

O decolonialismo é um campo de estudos bastante heterogêneo e analisa entre outras
propostas:

1. as relações de poder e as consequentes resistências,


2. os impactos do colonialismo em vários espaços, o local e a apropriação do global,
3. questões de ideologia e representação, a diferença cultural, o discurso do universalismo,
4. a ideia de nação e o nacionalismo, o conceito de etnicidade, a identidade racial e o racismo,
5. a dupla colonização das mulheres,
6. a língua como poder, a voz do subalterno,
7. as identidades fluidas e suas diásporas
8. a emergência do sagrado
Uma crítica a construção do norte
global

De acordo com Fanon: “A Europa é literalmente


uma criação do Terceiro Mundo”, pois foi
construída sobre o roubo das riquezas do
mundo e, portanto, “a riqueza dos países
imperialistas é também nossa riqueza”
Estudos decoloniais

● Teóricos dos estudos pós-coloniais - Conhecimento estava


organizado por regiões de poder (terceiro mundo).

● No discurso colonial, segundo BHABHA, o ideal de “sujeito


humano universal” (homem branco, europeu e racional) x
outros sujeitos considerados pelos dominadores como
hierarquicamente inferiores.
Estudos decoloniais

● Estudos DECOLONIAIS
● Intelectuais latino-americanos de várias universidades das
Américas criam o Grupo Modernidade/Colonialidade (M/C) -
anos 1990.
● Movimento - renovação crítica e utópica das ciências
sociais na América Latina no século XXI: noção de “giro
decolonial”.
Estudos decoloniais Estudos DECOLONIAIS -
Colonialidade do PoDER e Categoria Raça

● Raça e identidade racial foram estabelecidas como instrumentos de


classificação social básica da população no processo de dominação colonial.
● Raça converteu-se no primeiro critério fundamental para a distribuição da
população mundial nos níveis, lugares e papéis na estrutura de poder da
nova sociedade. Em outras palavras, no modo básico de classificação social
universal da população mundial. (QUIJANO, 2005, p. 2).
● A classificação racial demonstrou ser o mais eficaz e durável instrumento de
dominação social universal. Outro também igualmente universal, no entanto
mais antigo é o gênero(LUGONES, 2008).
Estudos decoloniais Estudos DECOLONIAIS -
Colonialidade do PoDER e Categoria Raça

Para Anibal Quijano (2014), a formação do


mundo colonial do capitalismo deu lugar a uma
estrutura de poder cujos elementos cruciais
foram a combinação de uma novidade histórica
Estudos decoloniais Estudos DECOLONIAIS -
Colonialidade do PoDER e Categoria Raça
1. De um lado, a articulação de diversas relações de exploração e trabalho em torno do
capital e seu mercado. Por outro lado, a produção de diversas identidades históricas,
tais como: “índio”, “negro”, “branco” e “mestiço”, que foram impostas como categorias
básicas das relações de dominação e como fundamento de uma cultura de racismo e
etnicismo.
2. Todas as outras determinações e critérios de classificação social da população do
mundo e sua localização nas relações de poder, desde então, atuam em inter-relação
com o racismo e o etnicismo, especialmente, mas não somente, entre europeus e não-
europeus.
3. Para o autor, a colonialidade não deixou de ser o caráter central do poder social atual.
Colonialidade e Gênero

● Estudos DECOLONIAIS - Colonialidade do GÊNERO - Maria Lugones


● Ochy Curiel – Critica à teoria pós-colonial da academia pela posição
elitista e androcêntrica.
● Julieta Paredes - Descolonização do feminismo e feminismo
comunitário
● Sistema escravista foi responsável por produzir as assimetrias sociais
mais acentuadas e permanentes em relação às mulheres negras e
indígenas.
Colonialidade e Gênero

Para Maria Lugones (2008), é importante considerar as mudanças que a


colonização trouxe para entender o alcance da organização do sexo e do
gênero sob o colonialismo e no interior do capitalismo global e eurocentrado.

Ela analisa que o lugar do gênero nas sociedades précolombianas,ocorreu
por conta de um giro paradigmático no entendimento da natureza e no
alcance das mudanças da estrutura social que foram impostas por
processos constitutivos do capitalismo eurocentrado colonial/moderno.

E foram permeadas pela colonialidade do poder, que violentamente
inferiorizaram as mulheres colonizadas.
Colonialidade e Gênero

Angela Davis

O povo negro era definido como propriedade no sistema escravista,
no qual, para os proprietários de escravos, as mulheres eram
privadas de gênero e vistas como unidade de trabalho, tanto
quanto os homens.

“Mas as mulheres também sofriam de forma diferente, porque eram
vítimas de abuso sexual e outros maus-tratos bárbaros que só
poderiam ser infligidos a elas.” (DAVIS, 2016)
Colonialidade e Gênero

Isildinha Nogueira

O corpo da mulher negra sofreu uma destituição histórica de sua condição humana,
sendo objetificado para alimentar a sexualidade perversa de seus senhores.

Foi também utilizado para a reprodução e comercialização de seus filhos de acordo
com os interesses do seu proprietário.

A possibilidade do exercício da maternidade geralmente era realizada pelo trabalho
de ama de leite do filho do senhor.

“Isto é, a mulher negra é historicamente desinvestida de qualquer possibilidade que
a permitisse exercer sua feminilidade.” (NOGUEIRA, 1999)
Colonialidade e Gênero

A decolonialidade revisa as categorias de classificação


social (sexo, raça, AméricaEuropa, barbárie-
civilização, cultura-natureza) que impõe e produz um
sistema violento de diferenças a fim de naturalizar e
justificar o sistema capitalista, racista e
héteropatriarcal que cria o continente europeu como
cerne da civilização
Colonialidade e Gênero

A decolonialidade revisa as categorias de classificação


social (sexo, raça, América, Europa, barbárie-
civilização, cultura-natureza) que impõe e produz um
sistema violento de diferenças a fim de naturalizar e
justificar o sistema capitalista, racista e
héteropatriarcal que cria o continente europeu como
cerne da civilização
Síntese
Os movimentos feministas de política decolonial, junto a outros movimentos decoloniais e a
todos os movimentos de emancipação, enfrentam um momento de aceleração do capitalismo
que atualmente regula o funcionamento das democracias. Eles devem encontrar alternativas
ao absolutismo econômico e à fabricação infinita de mercadorias. Nossas lutas constituem
uma ameaça aos regimes autoritários que acompanham o absolutismo econômico do
capitalismo. Elas ameaçam também a dominação masculina, assustada por ser obrigada a
renunciar a seu poder – e que, por todo lugar, mostra sua proximidade com as forças
fascistas. Elas desestabilizam igualmente o feminismo civilizatório que, ao transformar os
direitos das mulheres em uma ideologia de assimilação e de integração à ordem neoliberal,
reduz as aspirações revolucionárias das mulheres à demanda por divisão igualitária dos
privilégios concedidos aos homens brancos em razão da supremacia racial branca.
Cúmplices ativas da ordem capitalista racial, as feministas civilizatórias não hesitam em
apoiar políticas de intervenção imperialistas, políticas islamofóbicas ou negrofóbicas

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