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CONSIDERAÇÕES ACERCA DO TRABALHO DOMÉSTICO

REMUNERADO A PARTIR DO FEMINISMO DECOLONIAL


Mariana Borelli Rodrigues; Karla Galvão Adrião

Universidade Federal de Pernambuco; mari.borelli@gmail.com; galvaoadriao@gmail.com.

Resumo: O trabalho doméstico remunerado é tido como uma das ocupações mais inferiorizadas do
Brasil. Majoritariamente realizado por mulheres, possui uma diferença racial marcante: as mulheres
negras são maioria e essa ocupação permanece sendo a principal entre as mesmas (IPEA, 2016). Tal
trabalho é tido pela literatura como forte resquício do sistema colonial escravocrata brasileiro e tem,
como consequência de sua intensa desvalorização, um atraso considerável no que concerne a garantia
de direitos trabalhistas. Para além do importante debate feminista sobre Divisão Sexual do Trabalho,
partimos da perspectiva de que as dinâmicas do trabalho doméstico remunerado no Brasil não são
somente resquícios do sistema escravocrata, mas são fortes atualizações/continuações das relações
coloniais no país. Nesse sentido, acreditamos ser importante que as ciências humanas, no geral, olhem
pra essa ocupação a partir da ótica feminista decolonial. Para a decolonialidade, no contexto latino-
americano, não faz sentido se pensar classe social e raça de formas isoladas. Já o feminismo decolonial
nos fornece elementos para compreender como a colonialidade do poder e o sistema moderno colonial
de gênero tendem a desumanizar e sujeitificar mulheres, no caso aqui, as trabalhadoras domésticas.
Nesse sentido, a partir de revisão da literatura na área e da pesquisa em andamento no curso de
doutorado da primeira autora, temos por objetivo promover considerações sobre o trabalho doméstico,
compreendido a partir da racialização de gênero e de trabalho, através da ótica feminista decolonial.
Palavras-chave: trabalho doméstico remunerado, feminismo decolonial, colonialidade.

Introdução pesquisa tem por objetivo compreender as


Este trabalho tem por objetivo experiências de maternidades em suas
promover considerações acerca do trabalho relações com classe social e racialização,
doméstico remunerado no Brasil através da no contexto do trabalho doméstico
perspectiva feminista decolonial, remunerado no Recife, capital de
considerando a colonialidade do gênero e Pernambuco.
do trabalho no país. Se concretiza a partir Nossos encontros com o campo
das reflexões que temos feito em decolonial, e mais especificamente com o
decorrência da pesquisa de doutorado da feminismo decolonial, têm se aprofundado
primeira autora, ainda em andamento, pela nos últimos anos e nos possibilitado uma
Pós-Graduação em Psicologia da
remunerado no Recife” é realizada por Mariana
Universidade Federal de Pernambuco1. Tal Borelli Rodrigues, estudante do curso de
doutorado pelo PPGPsi-UFPE, sob orientação da
professora Karla Galvão Adrião, teve parecer
1
O projeto de pesquisa “Maternidades, raça e consubstanciado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
classe: hierarquias, privilégios e opressões entre em Seres Humanos da instituição em 01 de junho
mulheres mães no contexto do trabalho doméstico do presente ano
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ótica cada vez mais situada ao contexto As relações políticas, científicas,
latino-americano e sua fundante econômicas, sociais e subjetivas
estruturação marcada pela colonialidade do permanecem construídas e permeadas pela
poder (QUIJANO, 2005); e do gênero Colonialidade do Poder, do Saber e do Ser

(LUGONES, 2008, 2014). (QUIJANO, ibdem).

A crítica decolonial situa o lugar Por fim, o feminismo decolonial,

das américas para o Sistema-Mundo para o qual trago aqui María Lugones

Moderno/Colonial. A suposta “descoberta” (2008; 2014), articula a leitura da

das Américas e o colonialismo decorrente modernidade/colonialidade proposta por

da mesma é vista como condição sine qua Quijano com a perspectiva analítica da

non para a modernidade. Para a construção interseccionalidade proposta pelo

do referencial de modernidade, sendo o feminismo negro, a partir da compreensão

mesmo eurocentrado, foi e se faz de que gênero, tal qual o compreendemos,

necessária a colonialidade. Tais processos foi uma imposição colonial às mulheres

se fundam a partir da construção da colonizadas. Tal imposição tornou a

diferença entre colonizadores e mulher colonizada uma categoria vazia,

colonizados através da divisão hierárquica invisível, digna dos lugares mais

primária desse sistema-mundo: a divisão inferiorizados da sociedade. Isso se

entre humanos e não-humanos (QUIJANO, expressa na profunda relação entre gênero,

2005). classe social e raça. Exploraremos essas

Tal divisão é pautada pela criação relações através das experiências de

da diferenciação racial entre colonizadores trabalho doméstico remunerado.

e colonizados. Os europeus seriam os Para Lugones (2012), não há

detentores da razão, marca da civilização. despatriarcalização sem decolonização que

Já os povos colonizados e escravizados não seja racista. Ou seja, não faz sentido

seriam inferiorizados, tidos como animais, falar em feminismos, nos contextos em que

bestializados e hipersexualizados, a colonialidade ainda opera, sem falar em

caracterizando o não-moderno, o atrasado decolonialidade. Sendo assim: “a tarefa

e passível de ser controlado (QUIJANO, feminista descolonial inicia-se com ela

2005). De acordo com esta perspectiva que é vendo a diferença colonial e enfaticamente

teórica, mas também política e epistêmica, as resistindo ao seu próprio hábito de apaga-
relações de colonialidade não findaram la” (LUGONES, 2014, p.948).
juntamente com o término das colonizações. Ochy Curiel (2007) vê o feminismo

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decolonial a partir das feministas negras, 2005), partimos do pressuposto que o
latino-americanas e caribenhas que põem trabalho doméstico no Brasil é racializado
em evidência os séculos em que a de tal maneira a colocar as trabalhadoras e
colonialidade se esconde atrás do discurso trabalhadores num lócus de subalternidade.
da mestiçagem (que, para ela, é um dos Inicialmente a questão do trabalho
grandes causadores da violência de raça e doméstico era mais visibilizada pelos
classe) e unem esforços desde a feminismos em sua forma não remunerada,
solidariedade às formas diversas de ou seja, aquele que é realizado
resistirem à escravidão e à colonialidade. (majoritariamente) pelas mulheres no
Nesse sentido, propomos a perspectiva próprio lar. O campo de produção de
do feminismo decolonial (ou seja, aquele conhecimento feminista foi o principal a
que resiste à colonialidade) como forma de analisar o trabalho doméstico, a partir do
olhar para o trabalho doméstico no Brasil, conceito de Divisão Sexual do Trabalho,
sobre o qual discorreremos adiante. que o situa como sendo constitutivo do
âmbito reprodutivo da vida (ou seja, no
O Trabalho Doméstico Remunerado no âmbito privado) delegado às mulheres (em
Brasil contraposição ao âmbito público da vida,
Levando em consideração que o delegado aos homens) pela sua suposta
trabalho doméstico na América colonizada natureza também reprodutiva, cuidadora e
e no Brasil tem origem com o sistema materna; mantendo assim as relações
escravocrata (DAVIS, 1983; sociais de sexo de maneira hierárquica
FERNANDES, 1978) e que hoje, em sua entre homens e mulheres (KERGOAT,
forma remunerada, é ocupado em sua 2009; FOUGEYROLLAS-SCHWEBEL,
maioria por mulheres negras, sendo estas 2009).
as que têm as piores condições de trabalho Esse tipo de análise feminista, foi o
e remuneração (IPEA, 2016), predominante nas análises sobre o trabalho
argumentamos que se trata de uma doméstico, mas por muito tempo teve
ocupação com fortes indícios de como base um sujeito “mulher” universal,
atualização da relação colonizador- não levando em consideração às
colonizado(a). Considerando ainda que nas desigualdades entre as próprias mulheres,
sociedades colonizadas e, especificamente materializadas na experiência do trabalho
no contexto brasileiro, há uma forte relação doméstico remunerado. Só posteriormente
entre classe social e raça (QUIJANO, foi sendo incorporada como uma questão

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não somente de desigualdade de gênero, Pensando a partir da
mas este em sua imbricação à classe social decolonialidade, Quijano (apud
e racialização2. LUGONES, 2008, p.80) expõe o padrão de
No campo marxista brasileiro, a poder capitalista eurocentrado e global, no
socióloga brasileira Heleieth Saffioti qual capitalismo faz referência a
(1978) indicava que a ocupação da esfera “articulação estrutural de todas as formas
pública por parte das mulheres, ocasionada conhecidas de controle do trabalho ou
pelo desenvolvimento do capitalismo, não exploração, a escravidão, a servidão, a
as retira da esfera privada. Para poderem pequena produção mercantil, o trabalho
desempenhar as diversas ocupações, as assalariado e a reciprocidade, sob a
mais abastadas utilizam a força do trabalho hegemonia da relação capital-salário”. Para
doméstico de outras mulheres, geralmente Lugones (2008), ao pensarmos capitalismo
pobres. Nesse sentido, faz-se também uma na américa colonizada, devemos considerar
crítica aos estudos que centram as análises que a divisão do trabalho se faz
da questão do trabalho doméstico somente completamente racializada e
em termos de “duplas ou triplas” jornadas geograficamente diferenciada. A
de trabalho das mulheres e não na colonialidade do trabalho se dá justamente
“delegação” do trabalho doméstico a outras no entrecruzamento entre trabalho e raça.
mulheres. Desenvolve-se, portanto, a Dito isso, discorremos que com o
consciência de que o trabalho doméstico fim da escravidão no Brasil, o destino de
remunerado envolve questões de gênero e muitas mulheres escravizadas foi o
de classe social, revelando inclusive trabalho doméstico. De acordo com
intensas desigualdades entre as próprias Bergman Pereira (2012), no fim do século
mulheres. XIX e início do século XX, mais de 70%
da população ex-escravizada
economicamente ativa estava inserida
2
Importante ressaltar que estamos nos referindo nesse ramo do trabalho. Com a abolição, as
aqui a uma questão de visibilidade da produção
teórica. Em termos de luta política, a questão de
mulheres brancas pobres e imigrantes
classe social e de raça no âmbito do trabalho também procuravam o trabalho doméstico
doméstico já era problematizada desde o período
pós-escravismo no Brasil. Como exemplo, temos a como forma de remuneração. Diversos(as)
fundação do primeiro Sindicato de Trabalhadoras
Domésticas no Brasil no ano de 1936, em Santos são os(as) autores(as) das ciências sociais e
(SP) por Laudelina de Campos Melo, militante da humanas que situam o serviço doméstico
Frente Negra Brasileira e do Partido Comunista
Brasileiro, Laudelina militou contra a exclusão e como uma das ocupações mais
discriminação das pessoas negras no Trabalho
Doméstico Remunerado.
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subalternizados do país (SANCHES, 2009; constituinte de 1988 teve poucos direitos
BERNARDINO-COSTA, 2007; ÁVILA, garantidos. Diante da recomendação da
2009; BRUSCHINNI, LOMBARDI; Organização Internacional do Trabalho
2000). (OIT), foi criado em 2012, o Projeto de
A legislação mais atual referente ao Emenda Constitucional nº66/2012,
trabalho doméstico no Brasil, considera amplamente conhecida como PEC das
empregado(a) doméstico(a), “aquele que domésticas, que ampliou os direitos
presta serviços de forma contínua, trabalhistas das mesmas, buscando
subordinada, onerosa e pessoal e de equipará-las aos demais trabalhadores
finalidade não lucrativa à pessoa ou à urbanos e rurais. A maior parte desses
família, no âmbito residencial destas, por direitos só veio a ter validade em junho de
mais de 2(dois) dias por semana”. De 2015, a partir da aprovação da lei
acordo com o IPEA (2016), apesar de a regulamentar nº150, a qual regulamentou a
proporção de mulheres no trabalho emenda3.
doméstico ter caído lentamente nos últimos
anos, em 2014, 14% das brasileiras Metodologia
ocupadas eram trabalhadoras domésticas, A construção deste trabalho se dá a
um total de 5,9 milhões de pessoas. partir da revisão da literatura sobre o
Conforme o órgão, encontra-se nessa Trabalho Doméstico Remunerado, feita
ocupação uma diferença racial marcante: através dos indexadores Scielo, Biblioteca
17,7% das trabalhadoras domésticas eram Brasileira de Teses e Dissertações
negras naquele ano, ainda a principal (BDTD-IBICT) e de livros sobre a
ocupação entre as mesmas, ao passo que temática. Desta revisão buscamos olhar
10% das trabalhadoras eram brancas, para para o panorama da situação histórica e
as quais as ocupações principais, antes do social do trabalho doméstico a partir da
trabalho doméstico, eram o comércio e a ótica da decolonialidade e do feminismo
indústria. Neste mesmo ano, cerca de 70% decolonial.
da categoria ainda estava na informalidade, Além disso, trazemos informações-
não tendo sua carteira de trabalho assinada chave recolhidas no diário de campo da
e seus direitos básicos garantidos. pesquisadora responsável pelo projeto de
O trabalho doméstico não foi
3
incluso na Consolidação das Leis Começou-se, então, a se assegurar jornada
máxima de 44h semanais, não ultrapassando 8h
Trabalhistas (CLT), no ano de 1943, e na diárias; pagamento de hora-extra, adicional
noturno, seguro desemprego e Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS).
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doutorado citado anteriormente. O campo patrões e patroas e não “direitos” das
da pesquisa (ainda em andamento) é trabalhadoras (MOTTA, 1977; ÁVILA,
realizado, em parte, a partir de observações 2009). No geral, principalmente para as
participantes nas Assembleias do Sindicato trabalhadoras mensalistas residentes5, mas
das Trabalhadoras Domésticas de também para as externas, há uma
Pernambuco, situado no Recife dificuldade em se fixar as horas a serem
(Sindoméstica-PE). As assembleias trabalhadas diariamente (BERNARDINO-
acontecem mensalmente, num dia de COSTA, 2007).
domingo, e reúnem as integrantes da As mulheres que residiam na casa
diretoria e demais trabalhadoras dos(as) empregadores(as) relataram nas
sindicalizadas ou não, com o objetivo de pesquisas serem as primeiras a acordar e as
dialogar sobre os assuntos referentes ao últimas a se recolherem na residência,
trabalho domésticos, assim como tirar chegando a ser acordadas de madrugada
dúvidas das trabalhadoras. A pesquisadora para realizarem algum serviço
responsável tem participado das (BERNARDINO-COSTA, 2007). Nas
assembleias no Sindicato desde o mês de observações no Sindoméstica-PE, não
julho do presente ano. obtivemos nenhum relato de trabalhadoras
residentes na casa dos patrões e patroas, o
Resultados e Discussão que pode indicar que essa modalidade de
Trabalho doméstico remunerado no trabalho tem sido cada vez mais deixada de
Brasil: dialogando com as pesquisas e o lado devido à obrigatoriedade do
campo pagamento de horas extras. Contudo,
As pesquisas anteriores à também foram constantes os relatos de
regulamentação da PEC 66/2012 e a lei trabalhadoras que tinham dificuldade em
regulamentar nº1504, mostram casos de receber o pagamento concernentes a tais
carga-horária de empregadas de até 18 horas, mesmo após a lei assegurá-las.
horas diárias (FRAGA, 2010; ÁVILA,
2009). Mostram ainda que férias e folgas
5
seriam muitas vezes “concessões” dos Trabalhadoras mensalistas são aquelas que
trabalham mais de dois dias na semana na mesma
casa. É um termo que se contrapõe a diaristas,
4
Ainda são incipientes as pesquisas que relatem a modalidade do trabalho doméstico em que a
situação das empregadas domésticas após a trabalhadora oferta seus serviços no máximo dois
regulamentação de seus direitos, em 2015. dias da semana numa mesma casa. Trabalhadoras
Levamos em consideração que a modificação das residentes são aquelas que residem na casa dos/as
leis é de extrema importância, porém apenas um patrões; as externas são aquelas que ofertam o
passo de uma mudança mais culturalmente mais serviço diariamente e retornam pra seus próprios
ampla lares.
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Em alguns trabalhos também são episódio de violência doméstica e se
citadas agressões físicas sofridas pelas encontrava com uma rede de apoio
empregadas (BERNARDINO-COSTA, extremamente frágil. Necessitava
2007), agressões por usarem elevadores completamente daquele trabalho para seu
sociais e não os de “serviço” (BAPTISTA, sustento e de sua filha. A forma de
2010 apud FREITAS, 2010); e violência priorizar sua filha, era, portanto,
sexual seguida de aborto forçado (ÁVILA, mantendo-se no trabalho, mesmo que este
2009). fosse fonte de violência para a mesma.
Nas assembleias do Sindoméstica- Pois ao mesmo tempo que era fonte de
PE, obtivemos relatos de trabalhadoras que violência, era sua única forma de sustento.
sofreram assédio sexual, moral e, um caso Em pesquisa, o DIEESE (2013)
em que a filha da trabalhadora (na época afirma que o trabalho doméstico é marcado
com dois anos) sofreu agressão física da por relações interpessoais e familiares, que
empregadora por quebrar um cinzeiro de acabam por descaracterizar o caráter
cristal. Este relato ocorreu no dia em que a profissional da ocupação. Esta questão da
pesquisadora foi pela primeira vez numa ambiguidade entre afetividade-formalidade
reunião da diretoria, com o objetivo de é vista como uma intensa marca do
falar com as mesmas sobre a pesquisa. Ao trabalho doméstico, que acaba por
discorrer sobre as possíveis opressões invisibilizar as opressões e violências
referentes à maternidade na intersecção sofridas pelas trabalhadoras.
com o trabalho doméstico, as trabalhadoras Uma das lutas históricas dos
começaram a trazer suas experiências. sindicatos de trabalhadoras domésticas se
Enquanto uma falava que “sempre digo refere exatamente ao rompimento com os
pra minha patroa que meu filho e minha laços afetivos, buscando-se uma ruptura
mãe estão em primeiro lugar e que se ela com a concepção de que a empregada é um
precisar me demitir por isso que demita”, membro da família, além de uma
outra trabalhadora, que estava ao meu lado, conscientização de classe pelas
murmurou esse episódio, afirmando que trabalhadoras (BERNARDINO-COSTA,
infelizmente, em nem toda a situação, é 2007).
possível colocar os/as filhos/as em Essa análise vai ao encontro do que
prioridade ao trabalho. tenho observado no Sindoméstica-PE. Por
No caso, a trabalhadora havia se mais de uma vez, a questão de “ser ou não
separado do pai da criança depois de um ser” da família foi posta em discussão

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pelas trabalhadoras em assembleias. A A trabalhadora levou a carta ao sindicato
pesquisadora presenciou, algumas vezes, por não saber ler.
uma das membras da diretoria contar que As pesquisas indicaram ainda que
sempre que sua ex-patroa lhe dizia que a os quartos das trabalhadoras nas casas e
trabalhadora era de sua família, a mesma apartamentos dos patrões são geralmente
respondia negativamente, afirmando que equiparado à senzala da colônia, e o
ela era da família x (dizia seu sobrenome) e restante da casa com a casa-grande.
que a patroa era da família y (dizendo o Quartos minúsculos, muitas vezes sem
sobrenome da patroa) e que se ela não circulação de ar, no qual as empregadas
participava das decisões sobre a família, se dividem o espaço com utensílios
não estava inclusa no plano de saúde nem domésticos dos patrões. Também são
no plano funerário, se não se alimentava na relatadas as limitações de liberdade quanto
mesma mesa que os patrões, não poderia a receber visitas, namorados, filhos.
ser da família, reiterando então que a (BERNARDINO-COSTA, 2007; ÁVILA,
residência da patroa era seu local de 2009; FRAGA, 2010; FREITAS, 2010).
trabalho. Dizia que muitas vezes era Maria Bethânia Ávila analisa que residir na
chamada de “atrevida” por tal discurso. casa da patroa é um elemento que pode ser
Diante disso, é importante ressaltar definido por um modo específico de
que ao tentarem romper com o discurso servidão, “no qual o controle do uso do
dominante sobre elas, ou ao tentarem tempo, a forma de organizar os objetos
impor limites às opressões, a família pessoais, a falta de espaço para si e as suas
empregadora tende a agir de forma a relações pessoais estão totalmente sobre o
recoloca-las num lugar de subalternidade. controle patronal” (ÁVILA, 2009, p.
Numa das assembleias do Sindoméstica- 195)”.
PE, também foi relatado um episódio em Apesar dos fortes indícios de
que uma trabalhadora, que se encontrava limitação de liberdade e de não garantia de
adoecida, disse ao patrão que não poderia direitos, a questão da afetividade é tão
ficar diariamente se abaixando para retirar fortemente assimilada e enraizada pelas
o mato do jardim. E que, além de estar próprias trabalhadoras, que no estudo de
doente, a jardinagem não era sua função na Alexandre Fraga (2010) relata-se um caso
casa. Acabou sendo coagida a assinar uma de uma empregada que ao ser demitida
carta, redigida pelo patrão, afirmando que procurou o Sindicato dos Trabalhadores
ela era, dentre outras coisas, desobediente. Domésticos do Rio de Janeiro não para

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garantir seus direitos, mas para reclamar o dessa nação (SALES-JR, 2006). Propagou-
“direito” de visitar os(as) filhos(as) de seus se ideologia da “nacionalidade morena” do
ex-patrões (OLIVEIRA apud FRAGA, “povo mestiço”, ideologia esta que
2010, p. 132). Fraga analisa que quanto sustentou o populismo de Getúlio Vargas
mais próxima é a relação da trabalhadora como “pai dos pobres” e uma das
com os(as) filhos(as) dos(as) patrões, mais responsáveis pela criação do mito da
a dimensão afetiva divide espaço com a democracia racial no país.
dimensão trabalhista, ou até ocupa o Tal ideologia foi sustentada ainda
espaço desta. pelo pensamento histórico-social
Para Ávila (2009) a questão de ser brasileiro, através do qual podemos falar
membro da família enviesa as percepções na obra Casa Grande e Senzala, de
das relações de trabalho e pode se reverter Gilberto Freyre, que também se fez
numa maneira de não assegurar os direitos responsável pela criação da concepção de
das trabalhadoras. identidade nacional por via da positividade
Diante desses aspectos do povo brasileiro, através da exaltação a
problematizados até então, traremos miscigenação entre as raças.
adiante suas relações com a perspectiva No entanto, como ressalta Abdias
teórico-epistêmico-política decolonial e do Nascimento (1978), a mestiçagem no
feminista. Brasil se trata de um processo imposto de
embranquecimento da população pela elite,
Olhando para o trabalho doméstico a partir de várias estratégias de genocídio
remunerado a partir do feminismo da população negra. Dentre elas estavam a
decolonial vinda maciça de imigrantes europeus para
O Brasil se constituiu como nação a ocuparem os postos de trabalho e o estupro
partir de uma falsa perspectiva de que as das mulheres negras.
relações entre seu povo era harmônica e A partir dessa concepção,
não marcada por desigualdades raciais. criticando fortemente a construção do mito
Após o período escravista, a incorporação da democracia racial e dos estereótipos das
do(a) negro(a) se dá através de medidas mulheres negras pelo pensamento social
populistas, nas quais as políticas sociais brasileiro, podemos trazer a análise de
não foram nem compensatórias nem Lélia Gonzalez (1984) no que se refere as
redistributivas, mas inscritas no construções sobre as mulheres negras
movimento mais amplo de construção de através de três noções, que de acordo com

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ela seriam atribuições do mesmo sujeito: a para então analisar que a doméstica se trata
mulata, a doméstica e a mãe-preta. A da mucama permitida na atualidade “não-
mulata se refere à mulher negra exaltada escravocrata” por desempenharem
no momento carnavalesco. É nesse atividades que não implicam “lidar com o
momento, que de acordo com a autora, o público”, ou seja, nas quais não são vistas;
mito da democracia racial é fortemente por se tornar “natural” que as mulheres
atualizado no Brasil. Trata-se de quando a negras ocupem os serviços de serventes,
mulher negra perde seu anonimato e se faxineiras, cozinheiras, babás; e, por
transfigura numa mulher adorada e último, por se naturalizar a exploração
desejada. sexual das mesmas.
A autora retoma à escravidão para A teórica e ativista Ângela Davis
problematizar o sentido de “mucama” (2006) também denunciou as
afirmando que a mulata e a doméstica são desigualdades de raça e classe entre as
derivações da mesma. Buscando, no mulheres, compreendendo que não era
dicionário a etimologia da palavra de sobre todas as mulheres que o feminismo
origem quimbunda, Lélia encontra que se “dominante” falava. Ao discorrer sobre o
trata de “A escrava negra moça de contexto da escravatura estadunidense,
estimação que era escolhida para auxiliar analisa que o período em que a ideologia
nos serviços caseiros ou acompanhar da “mulher maternal” crescia e se
pessoas da família e que, por vezes era enfatizava os papéis de mães cuidadoras,
ama-de leite”. A autora analisa essa dóceis companheiras e donas de casa, “as
passagem, buscando demonstrar que o mulheres negras eram quase uma
“por vezes” oculta algo, que demonstra anomalia” (DAVIS, ibdem, p.10). Ainda
historicamente ser a exploração sexual das para a autora:
mulheres negras. A doméstica nada mais
A enervante obrigação
seria do que a “mucama” permitida na doméstica provocou
nas mulheres em geral
atualidade, sendo a figura oposta à mulata, um flagrante sexismo.
Por causa do intruso
por ser do âmbito do cotidiano. A racismo, um vasto
exaltação carnavalesca termina quando, no número de mulheres
que tinham de fazer as
cotidiano, a mulher negra se transfigura em suas tarefas, bem com
as daquelas para quem
doméstica. trabalhavam e esse
trabalho algumas vezes
A autora afirma que é preciso conduziu à situações de
mulheres negras
articular divisão racial e sexual do trabalho negligenciarem a sua
própria casa e até os

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seus filhos. Como brasileira invisibiliza suas cotidianas
assalariadas de serviço
doméstico foram produções de violências e é utilizada para a
chamadas para
substituir esposas e manutenção de seus privilégios. Isso
mães em milhões de
casa de brancos
também fica evidente quando levamos em
(DAVIS, ibdem, p.168) consideração a intensa resistência
33
midiática, política e social que as
Portanto, o grande espaço que o alterações na legislação sobre o trabalho
trabalho ocupa na vida das mulheres doméstico sofreu (FURNO, 2016). Houve
negras se trata de uma reprodução do uma forte resistência para a garantia de
padrão estabelecido na escravidão: “o direitos básicos das empregadas, que
ponto de partida de qualquer exploração da significava uma intervenção do Estado nas
vida das mulheres negras na escravidão dinâmicas da família. Tal intervenção
seria uma avaliação de seu papel como parece pôr em risco a governabilidade da
trabalhadoras” (DAVIS, ibdem, p.17). família hegemônica sobre si mesma e seus
Pensando, nesse sentido, em entes, tão apreciada desde os tempos
sociedades nas quais a colonialidade do coloniais pela elite brasileira.
poder se perpetua, tal qual o Brasil, onde A cordialidade se disfarça em
se tem ainda uma forte e ilusória solidariedade dos patrões e patroas, através
concepção de democracia racial, como da qual “garantias de direitos” se revestem
pensar o trabalho doméstico remunerado em “ajuda” da família; “contrato de
sem levar em consideração esses fatores? trabalho” se reveste em “membro da
De acordo com Ronaldo Sales Jr. o mito da família”; “violências” se revestem em
democracia racial se presentifica através “direitos da família”. Desconsideram-se as
das relações cordiais. A “cordialidade” das relações formais de trabalho que, apesar de
relações raciais é a expressão da todas as suas contradições, devem ser a
estabilidade da desigualdade e da garantia das trabalhadoras de seus direitos
hierarquia raciais, e existe pra diminuir o e autonomia.
nível de tensão racial: “são frutos de regras A articulação entre cordialidade,
de sociabilidade que estabelecem uma clientelismo e patrimonialismo configura,
reciprocidade assimétrica que, uma vez nas palavras de Sales-Jr o que chamamos
rompida, justifica a “suspensão” do trato de “Complexo de Tia Anastácia”, na qual a
amistoso e a adoção de práticas violentas” pessoa negra aparece “como se fosse da
(SALES-JR, 2006, p.230, grifos do autor). família”, o que se torna extremamente
A cordialidade da família branca

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comum no caso de trabalhadoras brasileira. Nesse sentido, tomamos a
domésticas. No entanto, Sales-Jr admite perspectiva do feminismo decolonial, com
que a cordialidade se mantém enquanto as María Lugones, para a qual gênero foi uma
pessoas negras não transgridam o pacto do imposição colonial. Para a autora, a
silêncio e aceitem a sua integração Modernidade/Colonialidade foi fundada a
subordinada aos brancos. A cordialidade partir das lógicas categoriais dicotômicas,
“não é para negros impertinentes” (2006, hierárquicas e atomizadas. A lógica
p.230). Podemos nos lembrar da diretora primária seria a divisão entre humanos e
do sindicato que é chamada de “atrevida” não humanos. A partir disso, só humanos
quando argumenta que não é da família, da seriam homens ou mulheres. O homem
trabalhadora que é induzida a escrever uma europeu branco, cristão, heterossexual,
carta afirmando ser “desobediente”, e, burguês, se torna o agente da vida pública,
quiçá, de toda a revolta da elite branca ser dotado de mente e razão. A mulher
brasileira diante das conquistas de direitos europeia burguesa não era vista como seu
das trabalhadoras. Revolta essa, que complemento, mas como alguém que por
podemos articular com o crescimento do estar atada ao lar, à serviço do homem,
próprio movimento de extrema-direita que reproduzia raça e capital através da
fez eleger para presidente do Brasil, no passividade: “A imposição dessas
presente ano, o único deputado federal que categorias dicotômicas ficou entretecida
votou contra a PEC das domésticas. com a historicidade das relações, incluindo
Faz-se extremamente importante as relações íntimas” (LUGONES, 2014,
ressaltar que, pensar o trabalho doméstico p.936). Tal dicotomia serviu/serve como
através do feminismo decolonial não é norma para subjugar e condenar os/as
somente pensar o lugar das mulheres colonizados/as, sempre vistos como
negras. É fundamentalmente necessário bestais, animalizados e hipersexualizados.
pensar e problematizar como se constroem Nesse sentido, só as mulheres não
as experiências na dimensão relacional colonizadas seriam “mulheres”. “A
com a branquitude6 da família hegemônica consequência semântica da colonialidade
do gênero é que “mulher colonizada” é
6
Maria Aparecida Bento (2002) discorre sobra a uma categoria vazia: nenhuma mulher é
branquitude enquanto os traços da identidade
racial do branco, a partir da ideia de colonizada nenhuma fêmea colonizada é
branqueamento. A branquitude tende, através do mulher” (LUGONES, 2006, p.936). Se
pacto de silencio entre as pessoas brancas, a negar
a sua própria racialização, mantendo-se como
referencial racial no mundo, visando manter seus neutralização da sua própria raça, negam-se suas
próprios privilégios. Através do silencio e heranças privilegiadas do período escravocrata.
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utilizamos essa ferramenta analítica trabalho doméstico no Brasil, à guisa de
fornecida por Lugones para o trabalho um desejo de mudança e transformação
doméstico, vemos ainda que “possuir” uma social para essa categoria, faz-se
trabalhadora doméstica em casa, torna-se fundamentalmente necessária a
um meio de mulheres brancas construírem consideração da colonialidade do poder, do
gênero. Voltando a Lélia Gonzales, ao trabalho e do gênero no país.
falar da mãe-preta atualizada nos dias Importante ressaltar ainda que, falar
atuais: afinal quem exerce o cuidado e o em feminismo decolonial, é falar em
maternal? “Quem é que amamenta, que dá resistência à diferença colonial desde a
banho, que limpa cocô, que põe prá perspectiva da colonizada. A importância
dormir, que acorda de noite prá cuidar, que dos Sindicatos de Trabalhadoras
ensina a falar, que conta história por aí a Domésticas nesse sentido é bem
fora?” (GONZALES, 1984, p.232). Seriam significativa. Ao entrarmos em contato
as trabalhadoras domésticas? No entanto, com trabalhadoras envolvidas ativamente
questionamos, seriam as mesmas no sindicato, percebemos o quanto o
consideradas enquanto “mulheres”? discurso de resistência das mesmas é bem
fortalecido. O conhecimento sobre suas
Conclusão opressões, o reconhecimento e a busca pela
O trabalho doméstico parece ser a garantia de seus direitos, a rede de apoio e
via em que as contradições nas quais as a solidariedade existente entre as próprias
famílias hegemônicas brasileiras estão trabalhadoras se constitui, como analisou
imersas se visibilizam: uma máscara de Joaze Bernardino-Costa (2015), como um
solidariedade, de trato cordial e de projeto decolonial de reexistência que
hospitalidade, em frente a um pano de supere a formação moderno/colonial.
fundo que demonstra que nas relações
cotidianas “a outra” (a outra classe social, Referências
a outra raça, a mulher trabalhadora
doméstica) é digna das piores condições ÁVILA, Maria Bethânia de Melo. O tempo de
trabalho das empregadas domésticas:
materiais, subjetivas e simbólicas (o tensões entre dominação/exploração e
resistência. Tese (doutorado em Sociologia).
quartinho pequeno e escuro; não receber Recife, Universidade Federal de Pernambuco,
visitas; usar obrigatoriamente o elevador 2009.
BERNARDINO-COSTA, Joaze. Sindicato
de serviço; não acessar direitos). Somos
das trabalhadoras domésticas no Brasil:
categóricas ao afirmar que, para analisar o teoria da descolonização e saberes
subalternos. Tese (doutorado em Sociologia).

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