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01.12.

2023

AULA: CURRÍCULO ANTIRRACISTA


Arthur Roberto Germano Santos
Doutor em História (UFRRJ). Professor de História do Ensino
Fundamental II e Médio da Prefeitura Municipal de São Paulo.
material produzido com a contribuição
fundamental de Talitha Mota Justino

1.O Movimento Negro Brasileiro como


ator político e educador

2.Conquistas políticas do Movimento


Negro Brasileiro (linha do tempo)

3. O debate sobre racismo para além da


questão individual
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1.O movimento negro como ator


político e educador

“Se não fosse a luta do Movimento Negro, nas suas mais


diversas formas de expressão e de organização - com todas as
tensões, os desafios e os limites -, muito do que o Brasil sabe
atualmente sobe a questão racial e africana, não teria
acontecido. E muito do que hoje se produz sobre a temática
racial e africana, em uma perspectiva crítica e emancipatória,
não teria sido construído. E nem as políticas de promoção da
igualdade racial teriam sido construídas e implementadas”.
Nilma Lino Gomes

1.O movimento
negro como
ator político e
educador

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2. Linha do tempo de conquistas políticas do


Movimento Negro

2. Linha do tempo de conquistas políticas do


Movimento Negro

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2. Linha do tempo de conquistas políticas do


Movimento Negro

3. Racismo - Concepção individualista:

“é concebido como uma espécie de “patologia” ou


anormalidade(...) um fenômeno ético ou psicológico de
caráter individual ou coletivo, atribuído a grupos isolados
(...) uma “irracionalidade” a ser combatida no campo
jurídico por meio da aplicação de sanções civis –
indenizações, por exemplo – ou penais. Por isso, (....) pode
não admitir a existência de “racismo”, mas somente de
“preconceito”, a fim de ressaltar a natureza psicológica do
fenômeno em detrimento de sua natureza política”.

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3. O debate sobre racismo para além da


questão individual: racismo institucional

“Significou um importante avanço teórico no estudo das


relações raciais. Nessa perspectiva, o racismo não se
resume a comportamentos individuais, mas é tratado
como o resultado do funcionamento das instituições,
que passam a atuar em uma dinâmica que confere,
ainda que indiretamente, desvantagens e privilégios
com base na raça”.

3. Racismo institucional
“Determinados grupos raciais se tornam hegemônicos
nas instituições e utilizam mecanismos institucionais
para impor seus interesses políticos e econômicos
(pacto da branquitude).

(...) Isso faz com que a cultura, os padrões estéticos e as


práticas de poder de um determinado grupo tornem-se
o horizonte civilizatório do conjunto da sociedade”.

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3. Racismo institucional
“Assim, o domínio de homens brancos em instituições
públicas – o legislativo, o judiciário, o ministério público,
reitorias de universidades etc. – e instituições privadas – por
exemplo, diretoria de empresas – depende, em primeiro
lugar, da existência de regras e padrões que direta ou
indiretamente dificultem a ascensão de negros e/ou
mulheres, e, em segundo lugar, da inexistência de espaços
em que se discuta a desigualdade racial e de gênero,
naturalizando, assim, o domínio do grupo formado
por homens brancos”.
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Pessoas brancas seguem ainda representando a grande maioria (83,8%)


magistrados da Justiça brasileira. De acordo com o mais recente
Diagnóstico Étnico-Racial do Poder Judiciário, elaborado pelo Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), identificam-se como pessoas pretas apenas 1,7%
dos magistrados e magistradas. Já o percentual de juízes que se
autointitulam pardos é um pouco maior: 12,8%.
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O racismo institucional

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O racismo estrutural
“O racismo é uma decorrência da própria
estrutura social, ou seja, do modo “normal”
com que se constituem as relações
políticas, econômicas, jurídicas e até
familiares, não sendo uma patologia social
e nem um desarranjo institucional. O
racismo é estrutural”.

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O racismo estrutural

“Comportamentos individuais e
processos institucionais são
derivados de uma sociedade cujo
racismo é regra e não exceção”.

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O racismo estrutural

“É um projeto de estabelecimento da
supremacia branca global na modernidade”.

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TODO MUNDO TEM LUGAR DE FALA!

“O lugar que ocupamos socialmente nos faz ter


experiências distintas e outras perspectivas.

O lugar social não determina uma consciência


discursiva sobre esse lugar”.
Djamila Ribeiro

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REFERÊNCIAS
ABRAMOWICZ, Anete; OLIVEIRA, Fabiana. Infância, raça e paparicação. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 26, n. 2, p. 209-226, ago. 2010.

ALMEIDA, Silvo. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.

BENTO, Cida. Pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

BORGES, Juliana. Encarceramento em massa. São Paulo: Pólen, 2019.

CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de racialidade: A construção do outro como não ser como fundamento do ser. São Paulo: Zahar, 2023.

CRENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas, 2002,
10(1), 171–188.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador. Saberes construídos na luta por emancipação. Petrópolis, RJ: vozes, 2017.

HOOKS, bell. Olhares negros: raça e representação. São Paulo: Elefante, 2019.

KIPNIS, Beatriz. Questão racial: as demandas do movimento negro e políticas públicas da história recente. Fundação FHC, 2020.

MILLS, Charles W. O contrato racial: Edição comemorativa de 25 anos. Rio de Janeiro: Zahar, 2023.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. 3ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

OLIVEIRA, Fabiana de. Um estudo sobre a creche: o que as práticas educativas produzem e revelam sobre a questão racial?. 2004. 119 f. Dissertação (Mestrado em
Ciências Humanas) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2004.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala. Letramento/Justificando: Belo Horizonte, 2017.

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