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Anotações sobre o livro “Como ser um educador Antirracista” da autora

Bárbara Carine.

 A autora não propõe um manual antirracista como se fosse uma receita


de bolo. Na verdade, ela se empenha em letrar racialmente o leitor, para
só assim, dar sugestões de ações educacionais que desestruturam o
racismo presente na sociedade brasileira ocidentalizada. Desse modo,
pautas como o privilégio branco, a questão da branquitude nos espaços
de poder, o mito da democracia racial, lugar de fala, a questão das
cotas, além de exemplos de casos racistas, são caminhos que Bárbara
percorre para despertar um choque de realidade em quem ler o livro.
 As sugestões dadas pela autora, são de atividades realizadas na escola
Maria Felipa, a primeira escola Afro-brasileira regular registrada em uma
secretaria de educação no Brasil. A ideia surgiu quando ela adotou sua
filha e se viu preocupada em qual escola a colocaria, pois não a queria
em um lugar que reforçasse os pensamentos racistas já enraizados.
 Quando essas sugestões de práticas pedagógicas são pautadas, o leitor
já não as vê com um olhar ocidentalizado (pelo menos não tanto quanto
antes), justamente por causa das pautas que Bárbara aborda durante a
obra. Agora imagine se o presidente propõe que o calendário acadêmico
ou até mesmo toda a BNCC, obrigatoriamente, siga todo o padrão de
ensino da escola Maria Felipa. O caos que isso geraria seria enorme (se
olharmos para o debate das cotas, veremos uma prova viva disso). Mas,
se é o Brasil um país laico, democrático, por que que geraria esse caos
todo, já que o ensino da escola Afro-brasileira procura incluir as minorias
do nosso território? Justamente porque a grande maioria dos brasileiros,
além de olhar o mundo por uma óptica ocidental, também não são
letrados racialmente. Dessa maneira, fica evidente o porquê de a autora
perpassar por todos aqueles pontos antes de chegar ao “manual” de
como ser um educador antirracista.
 Um outro ponto muito importante da obra, é o que diz respeito à questão
da diversidade, a qual a autora defende que esta deve ser celebrada.
Muito se fala sobre inclusão, mas se pensarmos bem, a diversidade está
presente em todo lugar, então não é sobre incluir, mas sim sobre
“processos de entendimento e aceitação da própria realidade social” –
Bárbara Carine.
 Ainda sobre a questão da diversidade, a autora se preocupa em
respaldar a luta de outras minorias, por mais que o livro se dedique em
sua maior parte sobre a luta antirracista, questões como a de gênero,
religiosa, padrão de corpo, etc., são abordadas como importantes.

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