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Certo dia, ao ajudar seu filho de três anos a fazer a lição de casa, Aline Lopes, de 30 anos, se
deparou com os seguintes enunciados no livro didático adotado por uma escola particular de
Pernambuco:
A mãe de uma criança de 3 anos, aluna de uma escola particular no Recife, em Pernambuco,
denunciou um livro didático por racismo. Na publicação, da editora Formando Cidadãos, um
dos exercícios propõe que os estudantes circulem o lar em que as pessoas estão felizes. O
enunciado mostra uma família negra triste e outra família, de cor branca feliz, com todos
sentados à mesa.
Em outra página, a atividade pede que os alunos liguem três personagens a suas respectivas
profissões. O aluno deve, então, ligar o único personagem negro, que aparece de vassoura na
mão, ao desenho de um corredor em que podem ser vistos também uma pá e um balde. Os
outros dois personagens, mulheres brancas, devem ser ligados a uma mesa com computador e
a uma sala de aula.
“Tarefa de casa de Nauã, três anos de idade. Ligue os pontos.”
Aline ainda relatou que, em conversa com o colégio particular do filho, a direção da instituição
informou a ela que não compactuava com nenhum tipo de preconceito, mas que não seria
possível deixar de usar o livro por conta do contrato firmado com a editora.
Gerente administrativo da editora Formando Cidadãos, Paulo André Cavalcante Leite defende
que não há preconceito no livro. Ele informa que o material está no mercado há quatro anos e
nunca houve nenhum problema.
O livro não é composto por uma página, a coleção conta com mais de 12 mil páginas, em 148
livros didáticos e literários para crianças de 2 anos até 14 anos. Ela (a mãe) está se pautando
em apenas duas atividades. Nesta mesma coleção, existem outras imagens onde o negro é o
protagonista da cena, como professora negra e bailarina negra. Se houvesse algum tipo de
racismo, com uma obra sendo trabalhada há quatro anos, já teria alguma reclamação - destaca
Leite.
Silva (1995, p. 47) explica que, nos LDs há, normalmente, uma melhor representação de
pessoas brancas em relação às negras, sendo conferida àquelas uma importância maior do que
aos negros. Os seja, os LDs passam a ter papel fundamental na reprodução de ideologias, uma
vez que expandem visões estereotipadas dos segmentos oprimidos da sociedade.