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Medicina de Urgência

Ressuscitação cardiopulmonar: uma


abordagem prática
Cardiopulmonar resuscitation: a pratical review
Hélio Penna Guimarães
1,2,3,4,5

1,2,3,6
Renato Delascio Lopes
1,3,7
Uri Adrian Prync Flato
1,3,8
Gilson Soares-Feitosa Filho

1
Médico Especialista em Clínica Médica com Área de Atuação em Medicina de Urgência pela Socieda-
de Brasileira de Clínica Médica (SBCM).
2
Médico Assistente da Disciplina de Clínica Médica da Universidade Federal de São
Paulo – Escola Paulista de Medicina (Unifesp-EPM).
3
Diretor / Coordenador do Curso SimUrgen: Curso de Simulação em Medicina de Urgência Sociedade
Brasileira de Clínica Médica Médica (SBCM).
4
Presidente do Capítulo de Medicina de Urgência da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM).
5
Coordenador do Centro de Treinamento e Capacitação em Emergências do Instituto Dante Pazzane-
se e do Centro de Treinamento em Medicina de Urgência da Sociedade Brasileira de Clínica Médica
(SBCM).
6
Doutor em Ciências pela UNIFESP; Pós-Doutorado, Cardiology Fellow and Co-chief Fellow of Duke
Clinical Research Institute, Duke University - USA.
7
Coordenador dos Cursos de ACLS do Centro de Treinamento em Emergências do Instituto Dante
Pazzanese de Cardiologia.
8
Doutorado em Cardiologia pelo InCor/HCFMUSP.Médico-assistente de Clínica Médica e Cardiologia
do Hospital Santa Izabel da Santa Casa de Misericórdia da Bahia.

Trabalho realizado na UTI da Disciplina de Clínica Médica da UNIFESP, São Paulo, SP, Brasil

Descritores: Ressuscitação cardiopulmonar. Parada car- Foi realizada busca por artigos originais através das pala-
diorrespiratória. Ressuscitação cardiocerebral. vras-chave “ressuscitação cardiopulmonar; parada cardiorres-
piratória; ressuscitação cardiocerebral” nas bases de artigos
Key words: Cardiopulmonary resuscitatio. Cardiac arrest. pubmed/MedLine. Adicionalmente, referências destes artigos
Cardiocerebral resuscitation. e capítulos de livros foram considerados, particularmente, por
seus aspectos práticos, para esta revisão. Foram identificados e
INTRODUÇÃO revisados 473 artigos, e o presente estudo condensou os princi-
pais resultados descritos. Foram considerados ensaios clínicos
No cenário da Clínica Médica e Medicina de Urgência, na língua inglesa, estudos retrospectivos e artigos de revisão,
bem como em todas as demais especialidades médicas, o cor- além de capítulos e livros de autoria dos autores desta revisão
reto atendimento à parada cardiorrespiratória (PCR) deve ser narrativa.
conhecimento e prática prioritários a toda equipe1-4. A neces-
sidade de atitudes rápidas e precisas determinam a contínua Definições e descrições
necessidade do domínio das técnicas e constante atualização A parada cardiorrespiratória (PCR) é a cessação súbita da
nas diretrizes de ressuscitação cardiopulmonar1,4.Esta revisão circulação sistêmica de atividades ventricular útil e ventilatória
tem por objetivo apresentar de forma prática e objetiva as prin- em indivíduo com expectativa de restauração da função car-
cipais diretrizes para o atendimento à PCR e sua aplicabilidade diopulmonar e cerebral, não portador de doença intratável ou
no cenário da Medicina de Urgência. em fase terminal. Desta forma, define-se a ressuscitação car-
diopulmonar (RCP) como o conjunto de procedimentos reali-
Métodos zados após uma PCR com o objetivo de manter artificialmente
a circulação de sangue arterial ao cérebro e outros órgãos vitais
até a ocorrência do retorno da circulação espontânea (RCE)2-5.
Correspondência: Hélio Penna Guimarães
UTI da Disciplina de Clínica Médica-UNIFESP-EPM Quadro clínico e diagnóstico2,3,5,6
Rua Napoleão de Barros,715, 3o andar
CEP: 04024-002 São Paulo, SP A tríade inconsciência, ausência de respiração e ausência
E-mail:heliopg@yahoo.com.br de pulso central (carotídeo ou femoral) determina a PCR. A

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Ressuscitação cardiopulmonar: uma abordagem prática

avaliação do nível de consciência faz-se chamando a vítima cardíaco. Este é o momento fundamental na determinação da
em elevado tom de voz e contato vigoroso com a vítima pelos melhor seqüência do tratamento a ser efetuado de acordo com
ombros (Fig. 1). Logo após constatada a inconsciência, solici- mecanismo de parada.
ta-se imediata presença de ‘código azul’ ou equipe capacitada
a atender a PCR, com o material adequado completo para o Figura 3 - Checagem do pulso carotídeo
atendimento (“carro de parada” e desfibrilador)

Figura 1 – Avaliação do nível de consciência

Fonte: Guimarães HP40


Diagnóstico: modalidades de PCR

Assistolia
Fonte: Guimarães HP40
A assistolia é a ausência de qualquer atividade ventricular
A ausência de respiração é determinada pela abertura da contrátil e elétrica em pelo menos duas derivações eletrocardio-
via área através da elevação do mento e avaliação da saída de gráficas (Fig.4). Trata-se do mecanismo comumente mais pre-
ar através de sensação auditiva, táctil e visual (“ver, ouvir e sente nas PCRs intra-hospitalares; dois registros de UTIs gerais
sentir”) ( Fig. 2). brasileiras utilizando protocolo Utstein demonstraram sua pre-
valência variando de 76,4% a 85% dos casos de PCR7-9.

Figura 2 – Abertura de via área e detecção da ventilação Figura 4 - ECG de assistolia

Para a confirmação do diagnóstico deve ser sempre realiza-


do o protocolo ”da linha reta” (Tabela 1).
A assistolia é considerada o ritmo final de todos os meca-
nismos de PCR e de pior prognóstico1,3.
Fibrilação ventricular

A fibrilação ventricular (FV) caracteriza-se pela ausência


de atividade elétrica organizada, com distribuição caótica de
Fonte: Guimarães HP40 complexos de várias amplitudes, impossibilitando atividade
elétrica; este quadro gera contração incoordenada do miocár-
Por fim, a avaliação de pulso central não deve consumir dio, resultando na ineficiência total do coração em manter fra-
mais do que 5 a 10 segundos (Fig. 3), consistindo da palpação ção de ejeção sangüínea adequada 3,10,11.
do pulso femoral ou carotídeo Sob o ponto de vista fisiopatológico, podemos dividir a
A etapa final na seqüência diagnóstica de PCR é a defini- evolução temporal da FV em três fases: elétrica, hemodinâmi-
ção da modalidade de parada, que requer monitoração do ritmo ca e metabólica1,3,4,6,12-14:

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Guimarães HP et al.

Tabela 1 - Protocolo da linha reta Figura 5 - ECG de fibrilação ventricular: A-FV grossa B-FV
Verificar Ações envolvidas fina

Verificar ligação do desfibrilador/monitor:

Se o monitor estiver conectado ao paciente


=> checar todas as conexões na seqüência:
desfibrilador → cabos do monitor →
eletrodos.
Cabos
Se a monitoração se faz pelas pás do
desfibrilador => checar conexões na
seqüência: desfibrilador → cabos das pás
→ pás → interface condutora → pele do por minuto) chegando à ausência de pulso arterial palpável por
paciente. deterioração hemodinâmica3,4. Segundo registros brasileiros, a
TV sem pulso corresponde a 5% das PCR em UTI7-9. O ECG
Checar ganho ou sensibilidade no monitor
Ganhos apresenta-se com repetição de complexos QRS alargados (su-
ou desfibrilador, aumentando-o.
periores a 0,12 segundos) não precedidos de ondas P (Fig. 6).
Se o paciente estiver conectado ao
monitor, mudar a derivação empregada.
Se pás forem usadas, mudar o eixo de Figura 6 - ECG de taquicardia ventricular
posicionamento das pás em 90 graus (ou
Derivações
seja, mover a pá da borda esternal superior
direita para borda esternal inferior direita e
mover a pá situada no ápice cardíaco para
a borda esternal superior esquerda).

• A primeira, chamada de elétrica é mais susceptível à des-
fibrilação, durando em torno de cinco minutos.
• A segunda, chamada de fase hemodinâmica: trata-se de Atividade elétrica sem pulso
crucial etapa à perfusão cerebral e coronária, quando compres-
sões torácicas são fundamentais para otimizar pressão de per- A atividade elétrica sem pulso (AESP) é caracterizada com
fusão coronariana e aumentar sucesso da desfibrilação e retor- ausência de pulso, na presença de atividade elétrica organiza-
no à circulação espontânea . da3,4,13,15-17. Neste cenário, o ECG pode se apresentar normal até
• Fase metabólica: trata-se de fase na qual o desencadea- ritmo idioventricular com freqüência baixa (Fig. 7).
mento de citocinas inflamatórias, radicais livres e lesão celular
já estão deflagrados, ocasionando alterações miocárdicas mui- Causas de PCR1,3,4,6,13,15-17
tas vezes irreversíveis como “Stone Heart” e disfunção neuro-
lógica, geralmente após 10 minutos do início da PCR. As causas da PCR são variadas, de acordo com a idade,
normalmente resultando de isquemia miocárdica, choque cir-
A fibrilação ventricular é a modalidade mais comum de pa- culatório, choque séptico, trauma, doença cardiovascular en-
rada cardiorrespiratória fora do ambiente hospitalar, estiman- tre diversas outras causas. A associação de uma modalidade
do-se que 85% das PCRs extra-hospitalares não-traumáticas de PCR a uma específica causa não é real, como por muito se
ocorram neste ritmo3-6,13. No cenário de UTIs brasileiras, a FV condicionou a fibrilação ventricular a isquemia miocárdica. A
é a terceira causa de PCR intra-hospitalar (5,4%). Ao ECG, Tabela 2 resume as principais causas de PCR de acordo com as
apresenta-se com ondas irregulares com amplitude e duração diretrizes mundiais de RCP.
variáveis (Fig. 5)7-9.
Conduta, tratamento e seguimento
Taquicardia ventricular sem pulso
Suporte Básico de Vida (SBV/BLS)2-5,13,16-18
A taquicardia ventricular (TV) sem pulso é a seqüência
rápida de batimentos ectópicos ventriculares (superior a 100 O suporte básico de vida (SBV) ou Basic Life Support

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Figura 7 - ECG de AESP em ritmo idioventricular

Tabela 2 - Causas mais freqüentes PCR Figura 8 - Abertura das vias aéreas

“5Ts”
Tamponamento cardíaco.
Tensão do tórax (pneumotórax hipertensivo).
Trombose (coronária [infarto agudo do miocárdio] e
pulmonar [trombo embolismo pulmonar]).
Tóxicos (intoxicação por antidepressivos tricíclicos, beta-
bloqueadores, digitálicos, bloqueadores dos canais de
cálcio)
Trauma
Fonte: Guimarães HP40
“6Hs”
Hipovolemia Depois de realizada a desobstrução da VAS, deve-se avaliar
Hipóxia a presença de respiração espontânea; esta avaliação deve ser
feita no máximo em cinco segundos. A ausência de respiração
Hipercalemia/Hipocalemia
condiciona imediata passagem à próxima etapa da sistematiza-
Hipotermia ção do atendimento a RCP, a ventilação3,6,16,17.
H+ (acidemia)
B – Breathing – Ventilação
Hipoglicemia
Na ventilação artificial no ambiente hospitalar é comumen-
(BLS) consiste em procedimentos básicos de emergência, ob- te realizada utilizando em duas modalidades: unidades bolsa-
jetivando o atendimento inicial do paciente vítima de parada valva-máscara ou intubação traqueal.
cardiorrespiratória. Trata-se do ponto primordial do atendi- A ventilação inicial com as unidades bolsa-valva-máscara
mento à PCR e sua sistematização consiste da seqüência de (Fig. 9) com reservatório de oxigênio 15L por minuto, caso o
atendimento ABCD: paciente não esteja intubado. Convém citar que a máscara deve
ser hermeticamente adaptada a face do paciente para que não
A – Abertura das vias aéreas (airway); ocorra escape de ar ( Fig. 10) ; para tal, recomenda-se o uso da
B – Ventilação (breathing); manobra do “C e E”, em que os dois primeiros dedos ficam em
C – Circulação artificial (circulation); formato de “C” segurando a máscara e evitando escape de ar
D – Diagnóstico e desfibrilação. no contato com a face, enquanto os três últimos dedos retificam
a via aérea pela tração da mandíbula3,4.
A –Airway - Abertura e controle das vias aéreas2-5,13,16-18
C – Circulation – Circulação artificial
O estado de inconsciência habitualmente acarreta redução
do tônus muscular da língua, propiciando a queda de sua base Uma vez caracterizada a ausência de pulso central após a
sobre a faringe, obstruindo a via aérea superior. Neste cenário, duas ventilações iniciais, deve ser iniciada compressão toráci-
simples manobras como dorsoflexão da cabeça, determinam a ca externa (CTE). O paciente deve estar em decúbito horizon-
progressão anterior da mandíbula e promovem a desobstrução tal dorsal apoiado em uma superfície rígida interposto entre o
da faringe (Fig. 8). doente e o leito. Freqüentemente, em UTI ou Centro cirúrgico,

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Guimarães HP et al.

Figura 9 - Unidade bolsa-valva-mascara com reservatório Figura 11 - Braços em extensão e compressões suficientes
para deprimir o esterno de 3,5 a 5,0cm.

Figura 10 - Ventilação com unidade bolsa-valva-máscara


Fonte: Guimarães HP41
compressões torácicas devem ser limitadas ao menor tempo
possível (inferior a cinco segundos)3,6,16,17.
Se o ritmo cardíaco voltar ao normal, mantém-se ventila-
ção artificial a cada cinco segundos até o paciente retornar à
ventilação espontânea. Caso não haja retorno da circulação es-
pontânea, a CTE deve ser contínua até a disponibilização de
um desfibrilador3,6,16,17 (Fig. 12).

Figura 12 – Desfibrilador monofásico convencional


Fonte: Guimarães HP40

utiliza-se a “tábua” ou “prancha”de PCR sob o paciente, para


se garantir tal superfície2,3.
A identificação precisa do local CTE é obtida posicionan-
do-se a região hipotenar da mão com mãos ficam sobrepostas
sobre linha imaginária intermamilar, no centro do tórax sobre
o externo3,18.Os braços do ressuscitador devem permanecer em
extensão com as articulações dos cotovelos fixas, transmitindo
ao esterno do paciente a pressão exercida pelo peso dos seus
ombros e tronco, reduzindo a fadiga. A pressão aplicada deve
ser suficiente para deprimir o esterno de 3,5 a 5,0 cm no adulto
(equivalente a 30-40kg)3,16-18 (Fig. 11).
As compressões devem ser de pelo menos 100 por minuto
no adulto, obedecendo à sincronização de 30 compressões para Fonte: Arquivo pessoal dos autores.
cada duas ventilações enquanto o paciente não estiver intubado.
Para casos em que um suporte avançado à via aérea já foi esta-
belecida (intubação orotraqueal, combitube, traqueostomia), as D - Desfibrilação3,6,16,17
compressões torácicas devem ser contínuas para associadas às
ventilações (8 a 10 ventilações por minuto)3,6,16,17. O acesso a um desfibrilador condiciona imediata monito-
Após cinco ciclos de compressão e ventilação (aproxima- ração e potencial aplicação do choque, caso presença de FV e
damente dois minutos), deve-se reavaliar a presença de pulso TV sem pulso.
ou respiração espontânea, repetindo-se a reavaliação somente As pás do desfibrilador devem ser posicionadas correta-
na presença de alteração do ritmo cardíaco do paciente moni- mente, de modo a proporcionar que a maior corrente elétri-
torizado ao cardioscópio. Convém citar que as interrupções das ca possível atravesse o miocárdio. Isso é obtido colocando-se

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Ressuscitação cardiopulmonar: uma abordagem prática

uma pá à direita infraclavicular e para-esternal, e a outra pá à lação, marca-passo e cuidados após a ressuscitação.
esquerda linha médio axilar, no ápice do coração, evitando-se Considerando a execução do suporte básico de vida até este
os mamilos. Nos portadores de marca-passos implantados na momento e que o paciente apresenta ventilação artificial e cir-
região infraclavicular direita, a alternativa pode ser posicionar culação artificial através da massagem cardíaca externa, deve-
uma pá no precórdio e outra na região dorsal, na região infraes- se seguir o suporte avançado de vida de acordo com o tipo de
capular esquerda, denominando-se posição ântero-posterior. mecanismo de PCR.
A recomendação de cargas varia de acordo com o tipo de
desfibrilador, sendo preferenciais os bifásicos devido a menor Fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular
lesão miocárdica e maior taxa de retorno à circulação espontâ- (TV) sem pulso3,6,16,17
nea35 conforme descrito na Tabela 3.
A FV e TV sem pulso são tratadas com desfibrilação elétri-
ca, aplicando-se um choque de 120 - 200J (bifásico) ou de 360J
Tabela 3 - Comparação de ondas bifásicas vs (monofásico); o não retorno do ritmo cardíaco normal caracte-
monofásicas para a desfibrilação riza a refratariedade da FV à desfibrilação, e se deve manter as
Variável Onda bifásica Onda monofásica manobras de ressuscitação (compressão torácica e ventilação)
seqüenciadas, pós cinco ciclos (30:2), ou dois minutos, de no-
Direção corrente Bidirecional Unidirecional vas tentativas de desfibrilação.
Nível de energia 120-200 360 O insucesso do primeiro choque recomenda a realização da
intubação orotraqueal (IOT) para garantir a qualidade da ven-
Taxa de sucesso 10 tilação. Convém citar que a IOT não deve justificar a interrup-
90-95% 60-90%
choque ção das compressões torácicas, a despeito de sua dificuldade
Retorno circulação de realização. A implantação de acesso intravenoso (IV) ou in-
42% 27% tra-ósseo (IO)19,20,21 para administração de fármacos e monito-
espontânea
ração contínua do ritmo cardíaco, são também efetuadas neste
Melhora na momento. É importante lembrar que, para cada administração
NS NS
sobrevida de fármaco, deve ser administrado bolus ou flush de 20 mL de
soro fisiológico 0,9% ou água destilada e a elevação do mem-
Melhora
NS NS bro com acesso, para a facilitação do retorno venoso3,16,17.
neurológica
O fármaco inicial de escolha é a epinefrina/adrenalina, ad-
ministrando 1mg IV/IO a cada três a cinco minutos ou dose
única de vasopressina 40U IV/IO3,12,16,17. A administração dos
SUPORTE AVANÇADO DE VIDA (SAV) ou Advanced fármacos, de acordo com as novas diretrizes, não está condi-
Cardiac Life Support-(ACLS) cionada de forma temporal a nova desfibrilação, como em di-
retrizes anteriores. Estes são procedimentos que devem seguir
O SAV inclui recursos como monitoração cardíaca, uso de sua própria seqüência temporal independente (Fig. 13).
fármacos, desfibriladores, equipamentos especiais para venti- Em caso de não abolição da FV/TV sem pulso após as me-

Figura 13 – Fibrilação ventricular e TV sem pulso: seqüência para tratamento para ACLS. Adaptado de Advanced Cardiovascu-
lar Life Support. Currents in Emergency Cardiovascular Care, 2006;16(4)18-22.

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didas inicialmente descritas acima, deve-se administrar 300mg uma derivação, conforme protocolo da linha reta (Tabela 1).
IV/IO de amiodarona, que pode ser repetida após 5 a 10 minu- Nesta modalidade de PCR, devem ser administrados adre-
tos, em caso de recorrência, na dose de 150mg IV/IO3,6,16,17. nalina IV/IO 1,0mg a cada três a cinco minutos, intercalando-
A lidocaína também pode ser utilizada para reverter a FV/ se com atropina IV/IO 1,0mg a cada três a cinco minutos. A
TV sem pulso na dose de 1,0 a 1,5 mg/kg IV/IO em bolus, atropina deve ser utilizada até a dose máxima 3mg objetivando
podendo ser repetida de três a cinco minutos em dose 0,5 - a reversão da causa principal.
0,75mg/kg (dose cumulativa máxima de 3mg/kg), seguida de
desfibrilação3,6,16,17. PROTOCOLOS DE CONDUTAS3,4,6,16,17
Em TV polimórfica, torsades de pointes (Fig. 14) e suspeita
de hipomagnesemia, pode-se utilizar sulfato de magnésio 1 a Na Tabela 4 e Fig. 16 (algoritmo) são demonstradas as con-
2g IV em bolus diluídos em 10mL de soro glicosado 5% segui- dutas preconizadas pela últimas diretrizes mundiais de RCP
da de desfibrilação3,6,16,17. (ILCOR/ AHA).

Figura 14 – Torsades de pointes TRATAMENTO APÓS O RETORNO DA CIRCULA-


ÇÃO ESPONTÂNEA (RCE)

A maioria das mortes após uma ressuscitação ocorre nas


primeiras horas pós-RCE24-29. Por isso, toda a atenção deve ser
dada na monitoração e tratamento destes pacientes. Primeira-
mente, na administração de droga antiarrítmica adequada, caso
a PCR tenha sido em FV/TV sem pulso. A oferta inicial de oxi-
Atividade elétrica sem pulso (AESP) gênio deve ser de 100%. Todo o perfil de exames laboratoriais,
incluindo eletrólitos e marcadores de lesão miocárdica, deve
A seqüência do atendimento da AESP assemelha-se à reali- ser solicitado3,16,17,28.
zada na assistolia e, como as demais, deve também manter es- Embora não exista nenhuma grande evidência de benefício
pecial atenção a potencial causa do evento relembrando a regra do rígido controle glicêmico no período pós-PCR, evidências
mnemônica dos “5Ts” e “6Hs” (Tabela 4). A Fig. 15 demonstra extrapoladas de outras situações clínicas30 sugerem benefícios
esquematicamente esta seqüência do atendimento3,6,13,15-17. deste controle em se mantendo os valores glicêmicos inferiores
• Na abordagem secundária deve-se realizar avaliações e a 150mg/dl.
tratamentos específicos. A via aérea deve ser mantida com dis- Diferentes formas de proteção neurológica têm sido estu-
positivo orotraqueal (IOT), ventilação e circulação efetivas. dadas para melhorar o prognóstico do paciente. Até o momento
é recomendada indução de hipotermia terapêutica (32 a 34 graus
Assistolia3,6,13,15-17,24 Celsius) em todas as vítimas de PCR em FV/TV sem pulso, ex-
tra-hospitalar, que se mantém comatosos até 4h após recuperação
A assistolia deve ter seu diagnóstico confirmado em mais de da circulação espontânea, por 12 a 24 horas31-34. A hipotermia

Figura 15 – Atividade elétrica sem pulso e assistolia: seqüência de tratamento para ACLS. Adaptado de Advanced Cardiovascu-
lar Life Support. Currents in Emergency Cardiovascular Care, 2006;16(4)18-22.

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Tabela 4 - Resumo das manobras ABCD BLS para adultos


MANOBRAS VÍTIMAS ADULTAS
Acionar socorro. Se houver a probabilidade de parada por asfixia, chamar
ACIONAR
ajuda após aplicar cinco ciclos (cerca de dois minutos) de RCP.
Inclinação da cabeça – elevação do queixo (suspeita de trauma cervical, use a
VIAS AÉREAS
técnica de elevação da mandíbula).
VENTILAÇÃO DE RESGATE Duas ventilações de um segundo/ventilação
Ventilação de resgate sem compressão 10 a 12 ventilações/minuto (aproximadamente uma ventilação a cada cinco a
torácica seis segundos).
Ventilação de resgate para RCP com via Oito a 10 ventilações/minuto (aproximadamente uma ventilação a cada seis a
aérea avançada oito segundos).
CIRCULAÇÃO (verificar o pulso) Carótida ou artéria femoral
Pontos de referência para compressão Centro do peito, entre os mamilos.
Método de compressão Compressão forte e rápida, permitir o retorno total do tórax, duas mãos.
Profundidade da compressão Quatro a cinco centímetros.
Freqüência da compressão Aproximadamente 100 por minuto.
Relação compressão-ventilação 30:2 (um ou dois socorristas).
Choque único de 360 J (desfibrilador monofásico) ou 120 a 200 J
DESFIBRILAÇÃO
(desfibrilador bifásico).
Basic Life Support (American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency
Cardiovascular Care; Circulation. 2005; 112:IV-1–IV-15).

terapêutica em outros ritmos e em eventos intra-hospitalares
Tabela 5 - Efeitos fisiológicos esperados quando utilizada
hipotermia terapêutica (32 a 34 graus) ainda é, por enquanto, considerada opcional16,17,33,34.
Neurológico Aumento relativo da perfusão cerebral Disfunção miocárdica pós-ressuscitação cardiopulmonar27,35,36
Cardiovascular Bradicardia
Discreto aumento na pressão arterial A disfunção miocárdica pós-ressuscitação apresenta-se
Alterações eletrocardiográficas como com freqüência em sobreviventes humanos de parada cardior-
alargamento dos intervalos PR, QRS e respiratória.
QT, surgimento das ondas de Osborne Esta disfunção tem importância na determinação da sobre-
Aumento da pressão venosa central vida do paciente ressuscitado em curto e médio prazos.
Aumento da resistência vascular sistêmica A disfunção ventricular pós-ressuscitação é descrita como
Discreta redução do débito cardíaco
um atordoamento do coração globalmente isquêmico e que,
Respiratório Tendência à alcalose respiratória presumivelmente, apresenta os mesmos mecanismos fisiopato-
Renal Aumento da diurese lógicos da disfunção contrátil pós-reperfusão descrita em mo-
Distúrbios hidro-eletrolíticos delos de isquemia miocárdica. Seus principais determinantes
Digestivo Redução da motilidade gastro-intestinal são a intensa isquemia miocárdica que ocorre durante a PCR
Leve pancreatite
Aumento das enzimas hepáticas e a lesão adicional que resulta da reperfusão do miocárdico
Hematológico Redução do número e função das
isquêmico. Portanto, é o tempo que a vítima da parada car-
plaquetas diorrespiratória ficou sem o suporte básico de vida o principal
Alteração da cascata de coagulação determinante da disfunção27,35.
Redução em número e função dos O tratamento de um paciente que foi recuperado de uma
leucócitos PCR de qualquer etiologia deve ser tratado, nos primeiros mi-
Maior risco de sangramento e infecção nutos, de acordo com o protocolo estabelecido pelas diretrizes
Metabólico Redução do consumo de oxigênio da American Heart Association (AHA), no Suporte Avançado
Redução da secreção e sensibilidade à de Vida em Cardiologia (SAVC) descritos sumariamente acima
insulina
Aumento da adrenalina e noradrenalina utilizando-se cristalóide IV ou drogas vasoativas para aumen-
Aumento do cortisol sérico to da pressão arterial médica e adicionando-se inotrópicos IV,
Tendência à acidose metabólica se necessário como a dobutamina. Neste ponto, a transferên-
Redução no clearance de várias cia para uma unidade de terapia intensiva, visando instalação
medicações, como sedativos, analgésicos precoce de monitoração hemodinâmica invasiva, é fundamen-
e relaxantes musculares tal16,17.

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Guimarães HP et al.

Figura 16 - Algoritmo para atendimento a PCR

Fonte: Guimarães HP41

Os pacientes admitidos no hospital pós-RCP pré-hospitalar


Aplicação terapêutica da hipotermia após parada car- geralmente demonstram importante lesão neurológica anóxica,
diorrespiratória31-34 o que leva a alta mortalidade. Nos últimos dez anos surgiram
vários estudos em modelos experimentais demonstrando que a
A hipotermia terapêutica pode ser definida como uma redu- lesão neurológica após anóxia global severa é reduzida quando
ção controlada da temperatura central do paciente com objeti- aplicada HT.
vo de reduzir em até 25% o metabolismo celular cardiocerebral As técnicas testadas para resfriamento são diversas: bolsas
atenuando a lesão hipoxica-isquêmica. A Tabela 5 destaca os de gelo, infusões geladas na artéria carótida, circulação extra-
possíveis efeitos fisiológicos da hipotermia. corpórea com este propósito, capa contendo soluções bastante

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Ressuscitação cardiopulmonar: uma abordagem prática

geladas (-30 graus), lavagem nasal, lavagem gástrica, lavagem de compressões torácicas ininterruptas de 100 por minuto, as-
vesical, lavagem peritonial, lavagem pleural, catéteres resfria- sociada a choque único, quando necessário, através do uso de
dores, infusão de líquido gelado, manta com circulação de ar desfibrilador que permita análise de ritmo sem interrupção das
gelado, entre outros. O princípio que deve nortear a escolha compressões torácicas38,39.
da forma de resfriamento ideal deve ser o que resfrie de modo
controlado e prático associado à monitoração da temperatura REFERÊNCIAS
de forma central (termômetro esofágico,timpânico ou retal).
A recomendação para manutenção da hipotermia tera- 1. Feitosa-Fil ho GS; Feitosa GF; Guimarães H P; Lo -
pêutica é de 12 a 24 horas. O reaquecimento pode ser passivo pes R D; Moraes Jr R; Souto F;Vasques R; Timer man
S; At ualização em Ressuscit ação Cardiopul monar:
(aproximadamente 0,5o C por hora) ou ativo (usando cobertor O que mudou com as novas di ret r izes!.Revist a Bra-
térmico – aproximadamente 5o C por hora). Em resumo, os silei ra de Terapia I ntensiva 2006;18(3):10 -16.
critérios de inclusão utilizados para protocolo de hipotermia te- 2. Guimarães H P, Lopes R D, Cost a M PF. Supor te Bá-
rapêutica foram predominantemente de pacientes com fibrilação sico de Vid a. I n: Guimarães H P, Lopes R D, Lopes
ventricular ressuscitados fora do ambiente hospitalar e que são AC eds. Parad a Cardior respi ratór ia. São Paulo:
Editora Atheneu, 2005:7-37.
admitidos no hospital em Glasgow9 ou abaixo disso31-34. 3. Cost a M PF, Guimarães H P. Ressuscit ação Cardio -
pul monar: u ma abord agem multidiscipli nar. São
QUANDO PARAR ESFORÇOS DE RESSUSCITAÇÃO? Paulo: Editora Atheneu, 2007:404.
4. Falcão LFR , Guimarães H P, Lopes R D, Barbosa
O.Ressuscit ação Cardiopul monar e Cerebral em
Um dos maiores dilemas do médico consiste no momento UTI. I n: Guimarães H P, Falcão LFR , Orlando J MC
de parar, ou mesmo não iniciar a RCP. Por princípio, se apli- eds. Guia Prático de UTI. São Paulo:Editora Athe-
ca RCP para vítimas de PCR em que os procedimentos não neu, 2008.
são fúteis. Idealmente, cada caso internado no hospital deveria 5. Stiell IG, Wells GA, Field B, et al. Advanced car-
ser previamente discutido quanto à possível RCP, caso even- diac life suppor t i n out- of-hospit al cardiac ar rest. N
Engl J Med 2004;351(7):647-56.
tualidade ocorresse e uma recomendação do próprio pacien- 6. A mer ican Hear t Association. Aspectos mais Re -
te deveria estar exposta no prontuário. No entanto, questões levantes d as Di ret r izes d a A mer ican Hear t As-
éticas e legais em nosso País ainda suscitam discussão sobre sociation sobre Ressuscit ação Cardiopul monar e
este ato. A decisão de terminar o suporte avançado de vida é Atendimento Cardiovascular de Emergência. Cu r-
individualizada e muito influenciada pelas condições pré-PCR, rents i n Emergency Cardiovascular Care. Dez /05
- Fev/06;16(4):27.
pela qualidade do atendimento da atual PCR e até mesmo por 7. Guimarães H P, Resque A P, Cost a M PF, et al. Car-
desejos manifestados pelo paciente antes da perda de consci- diac ar rest i n ICU: the Utstei n method results i n ge-
ência3,6,16,17,37,38. neral i ntensive care. Fi rst I nter national Sy mposiu m
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Perspectivas futuras ti n A mer ica. Cr itical Care 2001;5(Suppl 3):S6 .
8. Guimarães H P, Resque A P, Cost a M PF et al. Car-
diac ar rest i n the i ntensive care u nit: the i nitial re-
A despeito de todo o conhecimento em RCP acumulado nos sults of the utstei n st yle method i n Brazil. I ntensive
últimos anos, as taxas de sobrevida, pós-PCR, até a alta hospi- Care Med 2001; 27(Suppl 2):173.
9. G r ion CMC, Cardoso LTQ, Canesi n M F et al. Res-
talar das últimas três décadas, continuam entre 15% a 3%36,37.
suscit ação cardiopul monar em pacientes g raves:
Desde os trabalhos dos primeiros trabalhos de Karl Kern e con hecendo a nossa realid ade e recon hecendo as
Norman Paradis, no início da década de 90, estima-se que a oti- nossas necessid ades. Trabal ho apresent ado no V II
mização da pressão de perfusão coronária supera a ventilação, Cong resso Paulist a de Terapia I ntensiva. R ibei rão
como prioridade, para recuperação da circulação espontânea e Preto. 2001
10. Ker n K B, Sanders A B, Raife J, Milander M M, Ot to
menor chance de lesão neurológica. Desta forma, as compres-
CW, Ew y GA. A st udy of chest compression rates
sões torácicas permanecerão com a principal palavra de ordem du r i ng cardiopul monar y resuscit ation i n hu mans:
para as diretrizes da, futuramente denominada, Ressuscitação the impor t ance of rate- di rected chest compressions.
Cardiocerebral, buscando sempre a melhora da sobrevida com A rch I nter n Med. 1992;152:145 –149
alta hospitalar e melhor desfecho neurológico aos pacientes ví- 11. Cobb LA, Fah renbr uch CE, Walsh TR ,et al. I n-
f luence of cardiopul monar y resuscit ation pr ior to
timas de PCR.
def ibr illation i n patients with out- of-hospit al ven-
Também a implementação, na prática clínica, de tais diretri- t r icular f ibr illation. JA M A. 1999; 281:1182– 8.
zes englobará estratégias de educação, treinamento exaustivo e 12. Au ng K, Ht ay T. Vasopressi n for cardiac ar rest: a
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