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M515a
Meireles Neto, Ilson (org.)
Anatomia - Módulo 03 / Organizador: Ilson Meireles Neto.– 1. ed.– Salvador, BA
: Editora Sanar, 2021. 192 p.; 17x24 cm. (Coleção Super Material).
Inclui bibliografia.
ISBN 978-65-89822-04-2
1. Anatomia. 2. Medicina. 3. Sanarflix. 4. Super Material. I. Título. II. Assunto. III.
Meireles Neto, Ilson.
CDD: 611
CDU: 611
Revisores
AMANDA RISTOW REINERT
Graduação em Medicina pela Universidade Federal da
Bahia (UFBA)
Boa leitura!
01. MEMBROS SUPERIORES
1. INTRODUÇÃO
O esqueleto apendicular superior é caracterizado por
sua mobilidade e capacidade de executar atividades
motoras finas. Pode ser dividido em 4 segmentos principais:
o ombro e a cintura escapular, formada pelo complexo
musculoarticular do ombro; o braço, segmento mais longo
que vai da articulação do ombro até o cotovelo; o
antebraço, que vai do cotovelo ao punho; e a mão, que
consiste em punho, palma, dorso da mão e dedos.
Os dois membros superiores estão unidos ao tronco
(esqueleto axial) apenas anteriormente pelo esterno e a
movimentação de cada membro é independente do outro.
2. CINTURA ESCAPULAR
A cintura escapular é o segmento mais proximal do
esqueleto apendicular superior e se superpõe a partes do
tórax e dorso. A cintura escapular é formada por dois ossos:
a clavícula (componente anterior) e a escápula
(componente posterior).
Componente ósseo
A clavícula é o osso que une o esqueleto apendicular
superior com o tronco e funciona como um suporte móvel
para a escápula se mover. Embora seja longa, não possui
canal medular (como os ossos longos). Pode ser dividida em
corpo e extremidades esternal e acromial: a extremidade
esternal tem forma alargada e triangular, compondo a
articulação esternoclavicular; já a extremidade acromial é
plana, fazendo parte da articulação acromioclavicular.
Possui a forma de “S”, sendo os dois terços mediais
convexos anteriormente e o terço lateral, côncavo.
Componente ósseo
O úmero é o maior osso do membro superior e articula-
se com a escápula na articulação do ombro e com o rádio e
a ulna, no cotovelo. Na sua parte proximal, há a cabeça do
úmero, que se articula com a cavidade glenoidal; o colo
anatômico do úmero, formado pelo sulco que divide a
cabeça em tubérculos maior e menor; e o colo
cirúrgico, que corresponde à parte estreira distal da
cabeça, local frequente de fraturas.
Os tubérculos maior e menor fazem a transição da cabeça
para o corpo do úmero e são locais de fixação e alavanca
para alguns músculos escapuloumerais. O tubérculo maior é
mais lateral, enquanto o menor encontra-se anteriormente
ao osso.
O corpo do úmero possui 2 pontos importantes: a
tuberosidade para o músculo deltoide (lateralmente), onde
este músculo se fixa; e o sulco do nervo radial oblíquo
(posteriormente). A extremidade inferior do corpo se alarga,
terminando no epicôndilo medial e lateral, locais de
fixação muscular.
A parte mais distal do úmero inclui algumas estruturas
importantes: a tróclea, proeminência que faz articulação
com a ulna; o capítulo, que faz articulação com a cabeça
do rádio; e as fossas do olécrano. As fossas anteriores são:
fossa coronóidea, que recebe o processo coronoide da
ulna durante a flexão completa do cotovelo; e a fossa
radial, que se encontra acima do capítulo, é mais rasa e
recebe a cabeça do rádio durante a flexão. Posteriormente,
há a fossa do olécrano, que recebe o olécrano da ulna
durante a extensão total.
Figura 8. Úmero - vista anterior e posterior. Fonte: studiovin/Shutterstock.com
Articulação
A articulação do ombro, por sua vez, é sinovial do tipo
esferoide, que permite uma grande amplitude de
movimentos, porém é menos estável do que as anteriores.
Composta pela cabeça do úmero e pelaa cavidade glenoidal
da escápula, que acomoda apenas cerca de 1/3 da cabeça
do úmero. Alguns músculos são responsáveis por manter
essas estruturas unidas: o músculo supraespinhal,
infraespinhal, redondo menor e subescapular, que juntos
formam o manguito rotador, como veremos adiante.
Os ligamentos glenoumerais, transverso umeral e
coracoumeral fazem parte da membrana fibrosa que
circunda a articulação e reforçam a cápsula anterior. O arco
coracoacromial é uma estrutura muito importante que
contém o ligamento coracoacromial, que impede o
deslocamento superior da cabeça do úmero.
Componente muscular
Dos 4 principais músculos do braço, 3 deles são flexores
(bíceps braquial, braquial e coracobraquial) e estão no
compartimento anterior; o extensor (tríceps braquial) está
posterior, juntamente com o músculo ancôneo (auxiliar do
tríceps braquial).
O bíceps braquial origina-se na extremidade do
processo coracoide (cabeça curta) e tubérculo
supraglenoidal da escápula (cabeça longa); insere-se na
tuberosidade do rádio e fáscia do antebraço; e tem a função
de supinar e flexionar o antebraço.
O coracobraquial origina-se na extremidade do
processo coracoide; insere-se no terço médio da face medial
do úmero; e tem a função de ajudar a flexionar e aduzir o
braço.
O braquial origina-se na metade distal da face anterior
do úmero; insere-se no processo coronoide e tuberosidade
da ulna; e tem a função de fletir o antebraço em todas as
posições.
4. ANTEBRAÇO
O antebraço se estende do cotovelo ao punho e consiste
nas regiões antebraquiais anterior e posterior, compostas
pelo rádio e ulna.
Componente ósseo
A ulna é o osso mais medial e mais longo, responsável
pela estabilização do antebraço. Na sua extremidade
proximal, faz articulação com o úmero e com a cabeça do
rádio (lateralmente). Para a articulação com o úmero,
existem duas proeminências importantes: o olécrano, que
se projeta da sua face posterior; e o processo coronoide,
que se projeta anteriormente.
Inferiormente ao processo coronoide há a tuberosidade
da ulna, onde se fixa o tendão do músculo braquial;
lateralmente, há a incisura radial, que recebe a parte
larga da cabeça do rádio. O corpo da ulna é cilíndrico e se
torna mais fino no sentido distal, mas na sua extremidade
distal, volta a se alargar, constituindo a cabeça da ulna,
porém não participa diretamente da articulação com os
ossos do carpo.
Figura 10. Ulna e Rádio. Fonte: studiovin/Shutterstock.com
Componente muscular
O compartimento anterior pode ser dividido em
superficial, intermediário e profundo; os músculos que
compõem a camada superficial são o pronador redondo, o
flexor radial do carpo, o palmar longo e o flexor ulnar do
carpo. O músculo da camada intermediária é o flexor
superficial dos dedos; já os que compõem a camada
profunda são o flexor profundo dos dedos, o flexor longo do
polegar e o pronador quadrado.
Já no compartimento posterior, na camada superficial
temos o braquirradial, o extensor radial longo do carpo, o
extensor radial curto do carpo, o extensor dos dedos, o
extensor do dedo mínimo e o extensor ulnar do carpo. Já na
camada profunda, há o supinador, o extensor do indicador,
o abdutor longo do polegar, o extensor longo do polegar e o
extensor curto do polegar.
Músculos do compartimento
anterior superficial
O pronador redondo origina-se no processo cornoide
(cabeça ulnar) e epicôndilo medial (cabeça umeral); insere-
se na convexidade da face lateral do rádio; e tem a função
de fazer a pronação e flexão do antebraço.
O flexor radial do carpo origina-se no epicôndilo
medial; insere-se na base do 2º metacarpal; e tem a função
de fletir e abduzir a mão.
O palmar longo origina-se no epicôndilo medial; insere-
se na metade distal do retináculo dos flexores e ápice da
aponeurose palmar; e tem a função de fletir a mão e
tensionar a aponeurose palmar.
O flexor ulnar do carpo origina-se no epicôndilo medial
(cabeça umeral) e olécrano e margem posterior da ulna
(cabeça ulnar); insere-se no osso pisiforme, hâmulo do
hamato e 5º metacarpal; e tem a função de fletir e aduzir a
mão.
Músculo do compartimento
anterior intermediário
O flexor superficial dos dedos origina-se no epicôndilo
medial e processo coronoide (cabeça umeroulnar) e metade
superior da margem anterior (cabeça radial); insere-se nos
corpos das falanges médias dos quatro dedos mediais; e
tem a função de fletir as falanges nas articulações
interfalangeanas proximais, podendo atuar sobre as
metacarpofalangeanas também.
Músculos do compartimento
anterior profundo
O flexor profundo dos dedos origina-se nos ¾
proximais das faces medial e anterior da ulna e membrana
interóssea; insere-se nas bases das falanges distais do 2º ao
5º dedos; e tem a função de fletir as falanges distais dos
dedos nas articulações interfalangeanas distais.
O flexor longo do polegar origina-se na face anterior
do rádio e membrana interóssea; insere-se na base da
falange distal do polegar; e sua função é fletir as falanges
do polegar.
O pronador quadrado origina-se no quarto distal da
face anterior da ulna; insere-se no quarto distal da face
anterior do rádio; e sua função é unir rádio e ulna e fazer a
pronação do antebraço.
Músculos do compartimento
posterior superficial
O braquiorradial origina-se 2/3 proximais da crista
supraepicondilar lateral; insere-se na face lateral da porção
distal do rádio; e sua função é fazer a flexão do antebraço,
mais fortemente em pronação média.
O extensor radial longo do carpo origina-se na crista
supraepicondilar lateral; insere-se na face dorsal da base do
2º metacarpal; e sua função é estender e abduzir a mão na
articulação radiocarpal.
O extensor radial curto do carpo origina-se no
epicôndilo lateral; insere-se na face dorsal da base do 3º
metacarpal; e sua função é estender e abduzir a mão.
O extensor dos dedos origina-se no epicôndilo lateral;
insere-se nas expansões extensoras dos quatro dedos
mediais; e sua função é estender os dedos nas articulações
metacarpofalangeanas e interfalangeanas.
O extensor do dedo mínimo origina-se no epicôndilo
lateral; insere-se na expansão do músculo extensor do 5º
dedo; e sua função é estender o 5º dedo.
O extensor ulnar do carpo origina-se no epicôndilo
lateral e margem posterior da ulna; insere-se na face dorsal
da base do 5º metacarpal; e sua função é estender e aduzir
a mão na articulação radiocarpal.
Figura 14. Músculos do compartimento posterior do antebraço. Fonte; Alila
Medical Media/Shutterstock.com
Músculos do compartimento
posterior profundo
O supinador: origina-se no epicôndilo lateral, ligamentos
colaterais e anular do rádio, “fossa” e crista do supinador;
insere-se nas faces lateral, posterior e anterior do terço
proximal do rádio; e sua função é supinar o antebraço e
girar a palma anterior e superiormente.
O extensor do indicador origina-se na face posterior do
terço distal da ulna e membrana interóssea; insere-se na
expansão do extensor do 2º dedo; e sua função é estender
de forma independente o indicador e auxiliar na extensão
da mão.
O abdutor longo do polegar origina-se na face
posterior das metades proximais da ulna, rádio e membrana
interóssea; insere-se na base do 1º metacarpal; e sua
função é estender e abduzir o polegar na articulação
carpometacarpal.
O extensor longo do polegar origina-se na face
posterior do terço médio da ulna e membrana interóssea;
insere-se na face dorsal da base da falange distal do
polegar; e sua função é estender as articulações
interfalângica, metacarpofalângica e carpometacarpal.
O extensor curto do polegar origina-se na face
posterior do terço distal do rádio e membrana interóssea;
insere-se na face dorsal da base da falange proximal do
polegar; e sua função é estender as articulações
metacarpofalângica e carpometacarpal.
5. MÃO
A mão é a parte mais distal do esqueleto apendicular
superior, formada pelo carpo, pelo metacarpo e pelas
falanges, é uma região muito rica em terminações nervosas
sensitivas (tato, dor e temperatura).
Componente ósseo
Os ossos do carpo são em número de 8, dispostos em
duas fileiras, que deslizam entre si, ampliando os
movimentos da articulação do punho. Na fileira proximal, de
lateral para medial encontram-se: escafoide, que apresenta
o tubérculo do escafoide; semilunar, que possui uma forma
de lua; piramidal, osso em forma de pirâmide; e pisiforme,
situado na face palmar do piramidal.
Na fileira distal do carpo, também de lateral para medial,
encontramos: trapézio, que tem quatro faces; trapezoide,
um osso cuneiforme; capitato, o maior osso carpal; e o
hamato, também de formato cuneiforme, que apresenta
uma proeminência em gancho na porção anterior, o hâmulo
do hamato.
O metacarpo é constituído por 5 ossos, formando o
esqueleto da palma da mão. Esses ossos têm uma base,
que se relaciona com os ossos carpais, um corpo e uma
cabeça, que se articula com as falanges proximais.
Cada dedo possui três falanges, a proximal, a média e
distal, com exceção do primeiro quirodáctilo, que possui
apenas a falange proximal e a distal. As falanges, assim
como os metacarpos, possuem uma base proximal, um
corpo e uma cabeça distal; as proximais são maiores e as
terminais, achatadas nas extremidades sob os leitos
ungueais.
6. IRRIGAÇÃO ARTERIAL
A irrigação arterial do membro superior se inicia através
da artéria axilar, continuação da subclávia. No seu trajeto,
essa artéria é dividida em 3 partes: a primeira, na margem
da 1ª costela, dá origem à artéria torácica superior; na
segunda, posterior ao músculo peitoral menor, dá origem às
artérias toracoacromial e torácica lateral; e a terceira, que
dá origem à artéria subescapular, circunflexas anterior e
posterior do úmero.
Na sequência, a artéria axilar dá origem à artéria
braquial, principal artéria do braço, que origina ramos
musculares e a artéria braquial profunda. Esta segue
posterior ao corpo do úmero e termina se dividindo em
artérias colaterais média e radial, que participam das
anastomoses periarticulares do cotovelo, com as artérias
colaterais ulnares superior e inferior.
No antebraço existem duas artérias principais, a ulnar e a
radial, que dão origem a ramos que participam das
anastomoses do cotovelo. Ambas, em sua porção final, dão
origem aos arcos palmares profundos e superficial, que
fazem parte da anastomose do punho. Esses arcos dão
origem às artérias metacarpais palmares, digitais palmares
comuns e digitais próprias, que suprem a mão e os dedos.
Figura 16. Irrigação arterial do membro superior. Fonte: Anna
Bessmertnaya/Shutterstock.com
7. DRENAGEM VENOSA E
LINFÁTICA
A drenagem venosa do membro é dividida em rede
superficial e profunda; as veias perfurantes fazem a
comunicação entre essas redes. As principais veias
superficiais do membro superior, as veias cefálica e basílica,
originam-se no dorso da mão a partir da rede venosa dorsal.
A veia basílica surge na extremidade medial da rede
dorsal da mão e continua na face medial do antebraço; em
seguida, entre o terço inferior e médio do braço, passa
profundamente, perfurando a fáscia e seguindo até a axila
para formar a veia axilar.
A veia cefálica se origina na face lateral da rede dorsal,
prosseguindo lateralmente ao punho e se tornando
anterolateral no antebraço e braço. Segue superiormente
entre os músculos deltoide e peitoral maior e entra no
trígono clavipeitoral, unindo-se à parte terminal da veia
axilar.
A veia intermédia do antebraço é variável, mas surge na
base do dorso do polegar e ascende no meio da face
anterior do antebraço, entre as veias cefálica e basílica.
Figura 17. Drenagem venosa superficial. Fonte: Anna
Bessmertnaya/Shutterstock.com
Articulações do quadril
Além das articulações que unem os ossos primários do
quadril, a qual o torna um osso único, ou seja, não há
movimento entre suas partes, o quadril possui as seguintes
articulações: sacroilíacas, coxofemoral (articulação do
quadril) e a sínfise púbica.
A articulação sacroilíaca é uma articulação sinovial
especial por possuir mobilidade limitada, consequência de
seu papel na transmissão do peso da maior parte do corpo
para os ossos do quadril, principalmente através dos
ligamentos sacroilíacos interrósseos. Muitas vezes o
movimento da articulação sacroilíaca é limitado a leves
movimentos de deslizamento e rotação pelo entrelaçamento
dos ossos que se articulam e os ligamentos sacroilíacos.
Além dos ligamentos sacroilíacos interrósseos, esta
articulação é composta pelo ligamentos sacroilíacos
anteriores e posteriores.
A sínfise púbica é o disco interpúbico fibrocartilagíneo, que
une anteriormente os ossos do quadril, sendo geralmente
mais largo em mulheres. Anteriormente, essa articulação é
reforçada pelos músculos reto e oblíquo externo do abdome.
Em mulheres em trabalho de parto, as sínfises púbicas ficam
mais elastecidas pelo efeito do hormônio relaxina. Esta
articulação também auxilia movimento da articulação
sacroilíaca com a distribuição do peso da marcha.
A articulação coxofemoral, também chamada de
articulação do quadril, é sinovial do tipo esferoide e fica
entre a cabeça do fêmur e o acetábulo. Depois da
articulação do ombro (glenoumeral), é a mais móvel do
corpo, realizando papel semelhante à glenoumeral.
A coxofemoral é composta por quatro ligamentos:
iliofemoral, pubofemoral, isquiofemoral (externos) e o
ligamento da cabeça do fêmur (interno). O ligamento
isquiofemoral é mais fraco dos três ligamentos externos,
enquanto o ligamento iliofemoral é o mais forte, o qual atua
impedindo a hiperextensão da articulação do quadril durante
a postura ereta.
Já o ligamento pubofemoral é responsável por impedir a
abdução excessiva do quadril, sendo tensionado durante a
abdução e extensão dessa articulação. O ligamento da
cabeça do fêmur é basicamente uma prega sinovial que
conduz um vaso sanguíneo, ou seja, é importante na
nutrição sanguínea dessa região, sendo assim um ligamento
fraco e com pouca importância no fortalecimento da
articulação do quadril.
Músculos
Os músculos da região do quadril formam o assoalho
pélvico e a região glútea. A região glútea é uma zona de
transição entre o tronco e o membro inferior, sendo parte do
tronco fisicamente e parte do membro inferior
funcionalmente. O desenvolvimento de uma proeminência
nessa região é associado ao bipedalismo e da postura ereta.
O assoalho pélvico é formado pelo diafragma da
pelve, composta pelos músculos isquiococcígeo e
levantador do ânus. Assim, o diafragma da pelve confere
aparência de rede suspensa à pelve menor, fechando grande
parte do anel do cíngulo do membro inferior.
O músculo levantador do ânus é dividido em
puborretal, pubococcígeo e iliococcígeo. A parte
puborretal é medial e delimita o hiato urogenital, que é a
passagem da uretra e do canal vaginal, além de atuar na
manutenção da continência fecal. Este músculo forma um
assoalho dinâmico para sustentar as vísceras
abdominopélvicas e permanece em contração tônica na
maior parte do tempo, a fim de manter a sustentação das
vísceras e a continência urinária e fecal. O levantador do
ânus é perfurado no centro pelo canal anal e sua contração
leva ao encurtamento anterior deste canal.
3. COXAS
As coxas são compostas basicamente pelo fêmur e pelos
músculos anteriores, posteriores e mediais das coxas. Além
disso, essa região também compreende uma parte da
articulação do joelho e consequentemente a patela, osso
que protege essa articulação.
Figura 8. Visão lateral da coxa. Fonte: stihii/Shutterstock.com
Ossos da coxa
O fêmur é o mais pesado e o mais longo osso do
corpo. Esse osso possui um corpo e duas extremidades,
uma proximal, que se articula com o quadril, e uma distal,
que se articula com a tíbia e a patela. A extremidade
distal é composta por cabeça, colo e dois trocanteres
(maior e menor). Na cabeça do fêmur, há uma depressão
medial chamada de fóvea da cabeça do fêmur, onde se
encaixa o ligamento da cabeça do fêmur (articulação
coxofemoral), nos primeiros anos de vida, esse ligamento dá
passagem para uma artéria que irriga a epífise da cabeça.
Para melhor sustentar a postura bípede ereta, os fêmures
são oblíquos. Esse fenômeno é mais acentuado em mulheres
por conta da maior largura da pelve. Essa obliquidade é
conferida pelo colo do fêmur, que forma o ângulo de
inclinação com o corpo do osso, tendo maior abertura ao
nascimento e sendo menor em mulheres, por conta da maior
largura do acetábulo. Esse ângulo também permite maior
mobilidade do fêmur na articulação do quadril.
Quando o ângulo de inclinação é reduzido, chama-se coxa
vara, e quando está aumentado, chama-se coxa valga. A
coxa vara causa leve encurtamento do membro inferior e
limita a abdução passiva do quadril.
O fêmur possui ainda o ângulo de torção/declinação
(vista superior), que associado ao ângulo de inclinação,
permite que os movimentos giratórios da cabeça do fêmur
dentro do acetábulo sejam convertidos em flexão/extensão,
abdução/adução e movimentos giratórios da coxa.
Drenagem linfática
O membro inferior tem vasos linfáticos superficiais e
profundos. Os vasos superficiais acompanham as veias
safenas e suas tributárias. Aqueles que acompanham a veia
safena magna terminam nos linfonodos inguinais
superficiais, cuja maior parte converge para os linfonodos
ilíacos externos, situados ao longo da veia ilíaca externa.
Outra parte dos vasos superficiais também segue para os
linfonodos inguinais profundos. Os vasos que acompanham a
veia safena parva entram nos linfonodos poplíteos, situada
em torno da veia poplítea.
Os vasos linfáticos profundos acompanham as veias
profundas e também entram nos linfonodos poplíteos e a
maior parte dessa linfa é drenada para os linfonodos
inguinais profundos, que segue até os linfonodos ilíacos
externos e chega aos troncos linfáticos lombares.
A linfa da região glútea drena para os linfonodos glúteos
superiores e inferiores e daí para os linfonodos ilíacos
internos, externos e comuns e deles para os linfonodos
laterais (aórticos/cavais) lombares. A linfa dos tecidos
superficiais dessa região entra nos linfonodos inguinais
superficiais, que também recebe linfa da coxa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOORE, L. Keith, et al. Anatomia orientada para Clínica.
7ªed. Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2014.
NETTER F. H. Atlas De Anatomia Humana – 7ª Ed. 2019.
NETTER. Netter’s clinical anatomy : 4th edition. [2019]
STANDRING, S. Gray's Anatomia. A base anatômica da
prática clínica. 40a Ed. Rio de Janeiro. Elsevier Editora Ltda,
2010.
3. ANATOMIA: TIREOIDE E
PARATIREOIDE
1. INTRODUÇÃO
O pescoço é a área do corpo humano que funciona como
uma ponte entre o crânio e o tórax, sendo composta por
fáscias, vasos, nervos, estruturas ósseas e cartilaginosas,
músculos e vísceras, sendo essas últimas o foco do nosso
estudo.
As vísceras da região cervical humana se dispõem em 3
camadas que, da porção posterior à anterior, são:
2. ASPECTOS ANATÔMICOS DA
TIREOIDE
Situada na região cervical, a tireoide “abraça” a traqueia
(localizada em posição posterior) e, por isso, em um corte
transversal, a glândula possui o mesmo formato da letra “U”
ou de uma ferradura. Desse modo, pode-se dizer que a
tireoide está localizada ântero-lateralmente em relação
à traqueia. Em sua porção superior, a tireoide possui
relação com a laringe e, em sua porção posterior, também
possui relação com o esôfago e com um importante nervo
que passa entre ela, o esôfago e a traqueia: o nervo
laríngeo recorrente.
Se liga! O nervo laríngeo recorrente, ramo
do nervo vago, é uma importante estrutura da
região cervical por exercer papel fundamental
na fala, uma vez que ele inerva quase todos os
músculos da laringe responsáveis pela fonação.
Desse modo, esse nervo deve sempre ser
notado durante a realização de qualquer
procedimento cirúrgico na região cervical.
Quando se é realizada uma tireoidectomia
(retirada parcial ou total da glândula tireoide),
por exemplo, deve-se, primeiro, identificar e,
então, preservar esse nervo, pois qualquer
lesão ao longo de seu trajeto provoca rouquidão
no paciente.
4. VASCULARIZAÇÃO E
INERVAÇÃO DA TIREOIDE E DA
PARATIREOIDE
Tendo em vista que a tireoide é o maior órgão
endócrino do organismo, além do fato de os hormônios
produzidos por ela terem grande participação no
metabolismo do corpo, entende-se que essa glândula
necessita de uma extensa vascularização. A tireoide
depende de grande aporte sanguíneo para levar oxigênio e
nutrientes às suas células e, mais especialmente,
necessitará de uma vasta drenagem venosa para liberar
suas secreções (hormônios) para a corrente sanguínea.
Por estarem intimamente conectadas, as glândulas
tireoide e paratireoides terão irrigação arterial,
drenagem venosa, drenagem linfática e inervação
relativamente comuns entre si.
Inervação da tireoide e da
paratireoide
As glândulas tireoide e paratireoide sofrem uma
modulação neuro-hormonal muito significativa em seu
funcionamento corriqueiro. Por meio de mecanismos de
feedback, os níveis hormonais (de TSH, T3, T4, calcitonina e
paratormônio) e de eletrólitos (como o cálcio e o iodo) no
sangue vão fazer um controle mais apurado da produção e
da liberação dos hormônios tireoidianos e paratireoidianos.
No entanto, há também uma interação nervosa que
apresenta grande relevância para o funcionamento
fisiológico dessas glândulas.
Os nervos da tireoide são derivados dos gânglios
cervicais superiores, médios e inferiores, os quais são
gânglios simpáticos que recebem nervos advindos tanto
da coluna vertebral quanto da divisão suprassegmentar do
sistema nervoso central. O gânglio cervical inferior é um
gânglio simpático formado na maioria das vezes em fusão
com o primeiro gânglio torácico, sendo assim, também é
chamado de gânglio cervicotorácico ou gânglio estrelado.
Essa inervação chega à glândula através dos plexos cardíaco
e periarteriais tireóideos superior e inferior, os quais
acompanham as artérias tireóideas em seu trajeto. Vale
ressaltar que essas fibras são VASOMOTORAS e, por isso,
elas não induzem ou inibem diretamente a secreção da
glândula, mas promovem a constrição dos vasos sanguíneos
que a vascularizam. A secreção endócrina da tireoide é
controlada hormonalmente por meio das alças de
feedback.
A inervação das glândulas paratireoides é vasta,
sendo derivada dos ramos tireóideos dos gânglios cervicais
(simpáticos). Portanto, assim como ocorre na tireoide, essa
inervação é vasomotora, e não secretomotora. A
secreção endócrina da paratireoide também é controlada
hormonalmente por meio das alças de feedback.
5. FISIOLOGIA DA TIREOIDE
A tireoide é um órgão folicular – seus folículos possuem
uma área central preenchida por coloide e são
revestidos por células foliculares que delimitam esse
conteúdo coloidal. Os vasos sanguíneos de menor calibre
que penetram no parênquima da tireoide passam por entre
os folículos.
6. FISIOLOGIA DA PARATIREOIDE
A paratireoide é secretora de um dos principais hormônios
relacionados ao metabolismo do cálcio – o paratormônio
(PTH). Ele é responsável (principalmente) pelo aumento da
concentração de cálcio no sangue – por isso, pode-se dizer
que ele aumenta a calcemia. Além disso, o PTH é essencial
na produção de vitamina D por atuar em uma de suas
etapas de conversão, o que também interfere no
metabolismo do cálcio, pois essa vitamina tem como uma de
suas funções o aumento da absorção intestinal desse íon.
Saiba mais! A deficiência de Vitamina
D no organismo pode dar origem a raquitismo
e osteomalácia. Ambas são doenças
caracterizadas pelo defeito de mineralização
dos ossos.
7. CORRELAÇÕES CLÍNICAS
Hipertireoidismo
O hipertireoidismo é uma doença que resulta da
hiperatividade da tireoide, o que resulta em uma taxa
anormalmente alta de secreção de hormônios
tireoidianos. Com isso, seus efeitos no organismo se
tornam exacerbados, dando origem a uma série de sintomas
relacionados ao aumento patológico da taxa metabólica
basal, como: nervosismo, ansiedade, irritação, intolerância a
temperaturas quentes, tremor e suor nas mãos, insônia,
perda de peso, dentre outros.
O hipertireoidismo pode ser decorrente de doenças na
própria tireoide (hipertireoidismo primário) ou de
doenças na hipófise, como tumores produtores de TSH
(hipertireoidismo secundário). Uma forma de determinar
o tipo de hipertireoidismo é através da dosagem de TSH: no
caso da doença primária, a produção de T3 e T4 passa a
ser independente da regulação do hormônio tireotrófico, e as
taxas elevadas de hormônios tireoidianos realizam feedback
negativo intenso na hipófise (baixos níveis de TSH). Já no
caso da doença secundária, o tumor na hipófise faz com
que as células produtoras de TSH fiquem irresponsivas ao
feedback negativo dos hormônios tireoidianos,
hiperestimulando a tireoide de forma contínua (altos níveis
de TSH).
Hipotireoidismo
O hipotireoidismo é uma doença que resulta da
hipoatividade da tireoide, o que resulta em uma taxa
anormalmente baixa de secreção de hormônios tireoidianos.
Com isso, o organismo sofre os efeitos da falta desses
hormônios, dando origem a uma série de sintomas
relacionados à diminuição patológica da taxa metabólica
basal, como: depressão, cansaço excessivo, falhas na
memória, perda de atenção, intestino preso, pele seca e
opaca, queda de cabelo, ganho de peso, aumento de
colesterol no sangue, dentre outros.
Assim como no hipertireoidismo, o hipotireoidismo pode
ser decorrente de doenças na própria tireoide
(hipotireoidismo primário) ou de doenças na hipófise
(hipotireoidismo secundário). Uma forma de determinar o
tipo de hipotireoidismo é através da dosagem de TSH: no
caso da doença primária, a produção de T3 e T4 fica
comprometida por problemas na tireoide,
independentemente dos níveis de TSH. Por isso, a baixa
quantidade de hormônios tireoidianos circulantes estimula a
hipófise de forma contínua, o que acarreta altas taxas de
TSH no organismo. Já no caso da doença secundária, há
deficiência na produção de TSH em quantidades normais
mesmo com baixo feedback negativo (baixos níveis de TSH),
o que faz com que a tireoide não seja estimulada o suficiente
para produzir e secretar os níveis fisiológicos de hormônios
tireoidianos.
HIPERTIREOIDISMO HIPOTIREOIDISMO
Nervosismo,
Depressão
Irritação
Insônia Fadiga
Intolerância ao
Intolerância ao Frio
Calor
Hiperparatireoidismo
O hiperparatireoidismo é uma doença que
apresenta altas taxas de secreção de paratormônio,
situação patológica que decorre de tumores produtores de
PTH ou de hiperplasias que acometem mais de uma das
paratireoides. Dessa forma, a sintomatologia da doença está
diretamente relacionada a efeitos intensificados da atividade
do paratormônio, dando origem principalmente a
hipercalcemia e hipofosfatemia.
Como uma das principais ações do PTH é a reabsorção
óssea, no hiperparatireoidismo os ossos passam a
apresentar grandes áreas de reabsorção excessiva em
seu interior descritas como “tumores marrons” (áreas
de proliferação de osteoclastos e macrófagos). No entanto,
enquanto determinadas áreas diminuem sua densidade de
osso, outras passam a formá-lo de maneira exacerbada,
dando origem às chamadas calcificações metastáticas.
Nesses casos, a calcitonina (hormônio de ação antagônica
ao PTH) está tão alta, que algumas regiões começam a
mineralizar osso de forma descontrolada. Mesmo assim,
no balanço geral, o que acontece é a redução significativa da
mineralização óssea.
Se liga! Em radiografias, o osso aparece com
muitas áreas mais apagadas devido à
diminuição de densidade óssea nessas regiões.
Hipoparatireoidismo
O hipoparatireoidismo é uma doença que apresenta baixas
taxas de secreção de paratormônio. Essa doença não
apresenta manifestações clínicas facilmente identificáveis,
mas o sintoma principal é a hipocalcemia. A diminuição
patológica na concentração de cálcio no organismo dá
origem a certos problemas relacionados diretamente ao
balanço sanguíneo desse íon, como a tetania (espasmos
musculares fortes decorrentes de instabilidades na
despolarização – geração de potenciais de ação
anômalos).
Bócio
O aumento patológico da tireoide não decorrente de
processos neoplásicos ou patológicos chama-se “bócio”.
Existem dois tipos principais de bócio: o multinodular, de
fator genético, mas com causa desconhecida, e o
endêmico, causado pela carência de iodo no organismo.
Essa falta de iodo no organismo é, muitas vezes, decorrente
de dieta não balanceada com baixa ingestão do eletrólito –
por isso, essa condição é mais comum em regiões
específicas do mundo (embora não restritas a elas). No
Brasil, de forma a prevenir a incidência de bócio endêmico
na população, o iodo é adicionado ao sal antes de ser
comercializado.
Esse aumento na glândula pode comprimir a traqueia, o
esôfago e os nervos laríngeos recorrentes, e é impedida de
migrar em sentido superior em razão das fixações superiores
dos músculos esternotireoideo e esterno-hióideo. Em sentido
inferior, embora menos comum de acontecer, a glândula
pode projetar-se para baixo do esterno (extensão
subesternal – bócio “mergulhante”).
Tireoidectomia
A remoção da tireoide pode se dar de forma parcial
(hemitireoidectomia) ou total (tireoidectomia). Em casos
mais graves de hipertireoidismo cujo tratamento requer
cirurgia, a parte posterior de cada lobo da glândula é
preservada para manter as glândulas paratireoides e os
nervos laríngeos recorrentes direito e esquerdo a salvo de
secção.
Hemorragias pós-operatórias após cirurgias na tireoide
podem comprimir a traqueia e dificultar a respiração, dado o
acúmulo de sangue na cápsula fibrosa deste órgão.
Traqueostomia
A traqueostomia consiste em uma incisão transversal
da pele do pescoço e da parede anterior da traqueia,
estabelecendo uma via respiratória alternativa para
pacientes com obstrução das vias superiores ou com
insuficiência respiratória. Nesses procedimentos, o istmo da
tireoide é dividido ou empurrado superiormente de
forma a abrir espaço para a realização da perfuração na
traqueia e posterior introdução de um tubo especial.
8. EXAMES DE IMAGEM
No cotidiano médico, a fim de visualizar as glândulas
tireoide e paratireoide para identificar a existência (ou
não) de alguma situação patológica sem que seja necessário
a realização de procedimentos invasivos no paciente,
podemos fazer uso de alguns exames de imagem.
Ultrassonografia
A ultrassonografia é um exame muito comum para o
estudo das vísceras abdominais e pélvicas, mas ela também
pode ser feita na região cervical, onde será possível
visualizar os órgãos endócrinos. Esse exame possui uma
acurácia de imagem muito boa, principalmente, na
visualização de lesões císticas (nódulos) da tireoide.
As paratireoides não são glândulas de fácil visualização,
mesmo em peças anatômicas – por isso, em exames de
imagem a situação não é diferente. Tanto na tomografia
quanto no ultrassom é difícil conseguir uma boa visão dessas
glândulas, exceto nos casos em que ela está aumentada de
tamanho ou com uma vascularização também expandida,
seja por lesão ou tumor.
A tireoide, por sua vez, apresenta uma acurácia de
imagem significativa, sendo facilmente identificada no
ultrassom. É importante notarmos como as imagens de atlas
se correlacionam com a realidade: a tireoide forma algo
parecido com uma ferradura, abraçando a traqueia
centralmente. Na imagem abaixo, é possível identificar
muito bem os lobos e o istmo da glândula, além de ser
viável mensurar o seu tamanho, identificar a existência de
alguma alteração em seu parênquima e perceber se há
alguma lesão.
Cintilografia
A cintilografia representa um método de diagnóstico por
imagem da medicina nuclear que se utiliza de substância
radioativas (radiofármacos) para analisar o funcionamento e
a presença de lesões em determinados órgãos do corpo
humano. Tal exame é altamente dependente da afinidade
do órgão de interesse ao radiofármaco escolhido.
Assim, para que seja realizada uma cintilografia,
radiofármacos específicos são inseridos na corrente
sanguínea e, então, pelas propriedades físico-químicas
semelhantes às de medicamentos, são transportados e
metabolizados por determinado órgão-alvo. Por suas
propriedades radioativas, tais substâncias emitem um tipo
de radiação eletromagnética (normalmente a gama), a qual
é captada pela câmara de cintilação.
Ê
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOORE, Keith L; DALLEY, Arthur F.; AGUR, A. M.R. Anatomia
orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara
Koogan, c2014. xviii, 1114 p. ISBN 9788527725170
DRAKE, Richard L. Ph.D.; GRAY, Henry; VOGL, Wayne;
MITCHELL, Adam W. M. Gray’s anatomia para estudantes.
3ed. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2015.1192 p. ISBN
9788535279023
NETTER, Frank Henry. Atlas de anatomia humana. 6. ed. Rio
de Janeiro, RJ: Elsevier, c2015. 640p. ISBN 9788535279696.
HANSEN, John T. Netter, anatomia para colorir. 1 ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2010. ISBN 9788535235517.
Radiologia Blog. Como Funciona a Cintilografia da Tireoide.
Saiba Mais Sobre Esse Exame. Acesso em: 29 abr. 2020.
Radiologia Blog. Saiba mais sobre Radiofármacos. Acesso
em: 29 abr. 2020.
Radiologia Blog. CINTILOGRAFIA, {Tudo sobre Cintilografia}.
Entenda de forma simples. Acesso em: 29 abr. 2020.
Radiologia Blog. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA, Como
Funciona? Entenda Mais Sobre o Exame. {Tudo Sobre
Tomografia}. Acesso em: 29 abr. 2020
ABC MED, 2016. Cintilografia da tireoide. Acesso em: 29 abr.
2020.
GALILEU, 2014. Veja como o corpo humano funciona através
da ressonância magnética. Acesso em: 29 abr. 2020.
Gartner L, Hiatt J. Tratado de Histologia em Cores. 4 ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2017.
Ross MH, Pawlina W. Ross Histologia texto e atlas –
correlações com Biologia Celular e Molecular. 7 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
Hipotireoidismo. Acesso em: 29 abr. 2020.
Hipertireoidismo. Acesso em: 29 abr. 2020.
04. ANATOMIA DO TIMO E DAS
GLÂNDULAS SUPRARRENAIS
1. DEFINIÇÃO
As glândulas suprarrenais podem ser chamadas também
de glândulas adrenais. Apesar de sua localização próxima
aos rins ser evidenciada no próprio nome, as glândulas
suprarrenais são parte do sistema endócrino, possuindo
função complemente separada da função renal.
Figura 1. Glândulas adrenais em suas posições: superiores aos respectivos rins.
Fonte: Double Brain/Shutterstock.com
2. LOCALIZAÇÃO
As glândulas suprarrenais são duas, direita e esquerda, e,
como o nome revela, estão situadas superiormente aos rins.
Mais exatamente, localizam-se entre o diafragma e as faces
superomediais dos rins.
Elas são revestidas pela fáscia renal, que,
superiormente, é contínua com a fáscia diafragmática. Dessa
forma, a fixação principal de tais glândulas consiste
nos pilares diafragmáticos e não nos rins, como é comum
imaginar. As glândulas são, inclusive, separadas dos rins por
um fino septo formado por parte da fáscia renal.
3. REVESTIMENTO
As adrenais, juntamente com os rins, são circundadas por
uma cápsula adiposa (gordura perirrenal) que, por sua vez, é
revestida (exceto inferiormente) por uma camada
membranácea e condensada de fáscia renal. Além disso,
ainda há uma cobertura pelo corpo adiposo pararrenal
(gordura pararrenal). Todas essas estruturas contribuem
para a posição relativamente fixa dos rins e das glândulas
suprarrenais.
4. DIVISÃO FUNCIONAL
Cada glândula suprarrenal tem duas partes: o córtex e a
medula. Essas partes têm diferentes origens embriológicas e
diferentes funções.
Córtex suprarrenal
Essa parte deriva do mesoderma e é responsável pela
secreção de corticosteroides e androgênios. Esses
hormônios causam retenção renal de sódio e água em
resposta ao estresse, aumentando o volume sanguíneo e a
pressão arterial.
Medula suprarrenal
A medula suprarrenal tem origem nervosa, sendo derivada
das células da crista neural associadas à divisão
simpática do sistema nervoso. Possui células cromafins, que
secretam catecolaminas (noradrenalina e, principalmente,
adrenalina) para a corrente sanguínea em resposta a sinais
neuronais. Essas substâncias, por sua vez, ativam o corpo
para uma resposta de fuga ou luta ao estresse traumático,
aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial,
dilatando os bronquíolos e modificando os padrões de fluxo
sanguíneo.
5. FORMATO
As glândulas suprarrenais, de cor amarelada em pessoas
vivas, se apresentam de diferentes formas do lado direito e
esquerdo. A glândula direita possui formato piramidal, é
menor e tem posição mais apical no rim direito. Já a glândula
adrenal esquerda possui formato semilunar, é a maior das
duas e é medial à metade superior do rim esquerdo.
Cada uma possui um hilo, pelo qual saem da glândula
somente as veias e os vasos linfáticos. As artérias e os
nervos entram nas glândulas por diversos locais.
Tabela 1. Comparação entre as glândulas suprarrenais direita e esquerda.
8. DRENAGEM VENOSA
Em contrapartida ao suprimento arterial múltiplo, a
drenagem venosa consiste, de cada lado, em uma única
veia que deixa o hilo de cada glândula, a veia
suprarrenal. A veia suprarrenal direita é curta e drena para a
veia cava inferior, enquanto a veia suprarrenal esquerda é
mais longa e drena para a veia renal esquerda,
frequentemente se unindo à veia frênica inferior nesse
trajeto.
9. DRENAGEM LINFÁTICA
Os vasos linfáticos suprarrenais originam-se de um plexo
situado profundamente à cápsula da glândula e de um plexo
em sua medula. Muitos vasos linfáticos saem das glândulas
adrenais, pelo hilo.
A linfa segue então para os linfonodos lombares. Estes,
por sua vez, drenam através dos troncos linfáticos
lombares para a cisterna do quilo.
Figura 4. Vasos linfáticos e linfonodos dos rins e glândulas suprarrenais. Fonte:
Blamb/Shutterstock.com
10. INERVAÇÃO
As glândulas suprarrenais são ricamente inervadas, pelos
plexos suprarrenais direito e esquerdo. A inervação é
proveniente do plexo celíaco e dos nervos esplâncnicos
abdominopélvicos (maior, menor e imo).
As fibras simpáticas pré-ganglionares mielínicas dos
segmentos medulares T10 a L1 atravessam os gânglios
paravertebrais e pré-vertebrais, sem fazer sinapse, e são
distribuídas para as células cromafins da medula
suprarrenal.
11. CARACTERÍSTICAS
RADIOGRÁFICAS
Na ultrassonografia, a varredura transversal anterior é a
melhor abordagem, mas as glândulas suprarrenais
geralmente são difíceis de ver. A glândula adrenal esquerda
é mais difícil de visualizar do que a direita, porque
geralmente é posterior ao estômago e obscurecida por
gases; isso pode ser superado por varredura intercostal na
linha axilar posterior e varredura através do baço e do rim
esquerdo com o lado esquerdo do paciente elevado.
Os avanços tecnológicos em imagem, como tomografia
computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM), e seu
amplo uso na prática clínica resultam em achados ocasionais
de lesão de glândula adrenal durante a realização de um
exame de imagem, chamados de incidentalomas. Esse
conceito é aplicável somente para pacientes que não sejam
portadores de sinais e sintomas associados a patologias
adrenais que podem ter passado despercebidos ao médico
responsável pela solicitação do exame de imagem. Essas
imagens, conforme suas características, indicam ou não uma
intervenção cirúrgica.
A glândula adrenal direita está localizada superior ao polo
superior do rim direito aparece como linear, em forma de V
ou em vírgula. A glândula adrenal esquerda está localizada
superior e anteromedial ao polo superior do rim esquerdo e
aparece como uma forma triangular ou em Y.
ANATOMIA DO TIMO
1. DEFINIÇÃO
O timo é um órgão linfoide primário, essencial
principalmente na infância. Ele é responsável pelo
desenvolvimento, pela seleção e pela liberação dos
linfócitos T, células importantíssimas na resposta
imunológica. Os linfócitos T são produzidos na medula óssea,
mas somente após maturação e seleção no timo essas
células estão aptas a realizarem corretamente o seu papel
no organismo.
Além disso, o timo também atua como uma glândula,
produzindo e liberando a timosina. Esse hormônio é
responsável por estimular a maturação dos linfócitos T e,
também, atua como um imunomodulador.
3. FORMATO
É um órgão único, de estrutura assimétrica, plano e
bilobado. Seus lobos têm formato de cantil.
4. LOCALIZAÇÃO
O timo localiza-se na região do tórax. É o componente
mais anterior do mediastino superior, situando-se
imediatamente posterior ao manúbrio do esterno. O
prolongamento da sua parte superior pode ocupar, também,
a parte inferior do pescoço. A parte inferior do timo estende-
se ao mediastino anterior, estando anteriormente ao
pericárdio fibroso.
Sobre o mediastino, é um grande compartimento que se
estende do esterno, anteriormente, às vértebras torácicas,
posteriormente, e da abertura superior à abertura inferior do
tórax. Lateralmente, é delimitado pela parte mediastinal da
pleura parietal nos dois lados. Ele contém o timo, o
pericárdio, o coração, a traqueia e as grandes artérias
e veias. Além disso, serve também como passagem para
estruturas que atravessam o tórax em direção ao abdome,
tal como o esôfago, o ducto torácico e componentes do
sistema nervoso.
Mediastino superior
O mediastino superior é posterior ao manúbrio do esterno.
É contínuo com o pescoço superiormente, sendo o seu limite
o plano entre a incisura jugular superior e a margem superior
da vértebra T I. Inferiormente, é contínuo com o mediastino
inferior. As estruturas do mediastino superior apresentam-se
em camadas ordenadas.
Mediastino anterior
Situa-se entre o corpo do esterno e músculos transversos
do tórax e o pericárdio. É formado por tecido conectivo
frouxo, gordura, vasos linfáticos, alguns linfonodos e
ramos dos vasos torácicos internos. Em lactentes e
crianças, o mediastino anterior contém a parte inferior do
timo. Em casos incomuns, o timo pode estender-se até o
nível das quartas cartilagens costais.
5. IRRIGAÇÃO ARTERIAL
Substancialmente, a irrigação arterial do timo provém
principalmente dos ramos intercostais anteriores e
mediastinais anteriores das artérias torácicas
internas. Além disso, há vascularização proveniente dos
vasos pericárdicos e dos vasos da parede torácica.
Figura 9. Parte da vascularização arterial torácica. Fonte: Autoria Própria
6. DRENAGEM VENOSA
As veias do timo terminam nas veias braquiocefálica
esquerda, torácica interna e tireóideas inferiores.
7. DRENAGEM LINFÁTICA
Os vasos linfáticos do timo seguem para os linfonodos
mediastinais anteriores e, então para os linfonodos
paraesternais (ao longo das artérias torácicas internas),
traqueobronquiais (na bifurcação da traqueia) e
braquiocefálicos (na raiz do pescoço).
8. INERVAÇÃO
O timo recebe inervação parassimpática pelo nervo
vago e inervação simpática através do gânglio
estrelado, formado pela união do gânglio cervical inferior
(C7) e do primeiro gânglio torácico (T1).
9. CARACTERÍSTICAS
RADIOGRÁFICAS
O timo do recém-nascido caracteriza-se,
radiologicamente, por alargamento do mediastino
acima da imagem cardíaca na incidência anteroposterior e
por aumento da densidade retroesternal na incidência em
perfil.
O timo também pode apresentar configurações peculiares
normais, compreendendo o sinal da onda, que corresponde
a uma suave ondulação em seus contornos produzida pela
compressão dos arcos costais anteriores, mais comum à
esquerda; o sinal da incisura, representado pela junção do
timo normal com a silhueta cardíaca; e o sinal da vela,
decorrente de um formato peculiar do timo, apresentando
uma configuração triangular da silhueta mediastinal
superior, sendo mais comum à direita.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Moore, Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. –
Rio de Janeiro: Koogan, 2014.
Drake, Richard L. Gray’s Anatomia Clínica para
Estudantes. 3 ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
Netter, Frank H. Altas de anatomia humana. 6 ed. – Rio de
Janeiro: Elsevier, 2014.
ÁLVARES, Beatriz Regina et al. Achados normais no exame
radiológico de tórax do recém-nascido. Radiologia
Brasileira, v. 39, n. 6, p. 435-440, 2006.
5. ANATOMIA APLICADA À
CIRURGIA
1. INTRODUÇÃO
O conhecimento anatômico é fundamental para o médico,
em especial o cirurgião. Logo, conhecer alguns pontos,
também chamados de marcos anatômicos, é essencial para
a prática médica. Inicialmente, precisamos relembrar sobre
as linhas de tensão da pele: linhas perpendiculares a maior
força de tensão do músculo, como por exemplo: na região
frontal da face, local em que o músculo frontal está
posicionado de cranial para caudal (sentido vertical), as
linhas de tensão estarão posicionadas horizontalmente. A
importância do conhecimento dessas linhas se dá pelo fato
de ser, justamente, na direção delas, o local/direção mais
adequado para realização de incisões cirúrgicas e suturas,
pois é o local onde se consegue uma cicatriz de maior
qualidade.
Supraumbilical,
Longitudinal Mediana e paramediana infraumbilical e
xifopúbica.
Supraumbilical e
Transversal
infraumbilical
Subcostal, epigástrica,
supraumbilical,
Oblíqua
infraumbilical e
lomboabdominal
Toracoabdominal
Combinadas
Figura 2. Incisões abdominais. 1 – Kocher; 2 – Mediana transumbilical; 3 –
McBurney; 4 e 6 – Paramedianas; 5- Rock-Davis; 7 – Transversa; 8 – Obliqua; 9 –
Pfannestiel. Fonte: logika600/Shutterstock.com