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2018

Título: Coleção Super Material: Anatomia Módulo 3


Editor: Guilherme Melo
Projeto gráfico: Bruno Bru
Revisão de texto: Lindsay Viola
Diagramação: Editorando Birô
Capa: Mateus Machado
Conselho Editorial: Caio Vinicius Menezes Nunes, Itaciara Larroza Nunes, Paulo
Costa Lima, Sandra de Quadros Uzêda e Silvio José Albergaria da Silva

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo, SP)

M515a
Meireles Neto, Ilson (org.)
Anatomia - Módulo 03 / Organizador: Ilson Meireles Neto.– 1. ed.– Salvador, BA
: Editora Sanar, 2021. 192 p.; 17x24 cm. (Coleção Super Material).
Inclui bibliografia.
ISBN 978-65-89822-04-2
1. Anatomia. 2. Medicina. 3. Sanarflix. 4. Super Material. I. Título. II. Assunto. III.
Meireles Neto, Ilson.
CDD: 611
CDU: 611

ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO


1. Medicina.
2. Medicina.
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes - CRB-8
8846

Editora Sanar Ltda.


Rua Alceu Amoroso Lima, 172
Caminho das Árvores
Edf. Salvador Office e Pool, 3º andar.
CEP: 41820-770 – Salvador/BA
Telefone: 0800 337 6262
sanarsaude.com
atendimento@sanar.com
SUMÁRIO
01. MEMBROS SUPERIORES
1. Introdução
2. Cintura Escapular
3. Braço
4. Antebraço
5. Mão
6. Irrigação Arterial
7. Drenagem venosa e linfática
Referências Bibliográficas
02. MEMBROS INFERIORES
1. Introdução e definição
2. Quadril e cíngulo do membro inferior
3. Coxas
4. Pernas
5. Pés
6. Vascularização dos membros inferiores
Referências bibliográficas
03. ANATOMIA: TIREOIDE E PARATIREOIDE
1. Introdução
2. Aspectos Anatômicos da Tireoide
3. Aspectos Anatômicos das Paratireoides
4. Vascularização e Inervação da Tireoide e da
Paratireoide
5. Fisiologia da Tireoide
6. Fisiologia da Paratireoide
7. Correlações Clínicas
8. Exames de Imagem
Referências Bibliográficas
04. ANATOMIA DO TIMO E DAS GLÂNDULAS
SUPRARRENAIS
ANATOMIA DAS GLÂNDULAS SUPRARRENAIS
1. Definição
2. Localização
3. Revestimento
5. Formato
7. Irrigação arterial
8. Drenagem venosa
9. Drenagem linfática
10. Inervação
11. Características radiográficas
ANATOMIA DO TIMO
1. Definição
2. Alterações com a idade
3. Formato
4. Localização
6. Drenagem venosa
7. Drenagem linfática
8. Inervação
9. Características radiográficas
Referências Bibliográficas
05. ANATOMIA APLICADA À CIRURGIA
1. Introdução
2. Acessos cirúrgicos
Referências Bibliográficas
Coordenador
ILSON MEIRELES NETO
CRM BA - 35068
Coordenador Pedagógico SANAR
Graduação em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina
e Saúde Pública

Revisores
AMANDA RISTOW REINERT
Graduação em Medicina pela Universidade Federal da
Bahia (UFBA)

ANA CLARA DE FREITAS BRITO ARÊAS


Acadêmica do curso de Medicina da Escola Bahiana de
Medicina e Saúde Pública

ANNA MARIA EUGENIA PRIETO SCUCATO


Graduação em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina
e Saúde Pública
BRUNA RODRIGUES DE SANTANA
PISANESCHI MARQUES
Acadêmica do curso de Medicina da Universidade Federal
da Bahia (UFBA)

DIANA CASTRO DE JESUS LIMA


Acadêmica do curso de Medicina da Universidade Federal
da Bahia (UFBA)

GABRIEL LIMA SILVA


Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Federal
da Bahia (UFBA)

GEOVALDO BARRETO CORREIA JUNIOR


Acadêmico do curso de Medicina da Universidade Federal
da Bahia (UFBA)

LAURA MARIA DA CRUZ BATISTA


Acadêmica do curso de Medicina da Universidade Federal
da Bahia (UFBA)

Autores – Módulo 3 – Anatomia


Catarina Secundino Tavares de
Araujo
Leticia Agatha Cruz do Espírito
Santo
Catarina Secundino Tavares de
Araujo
Gabriela Nascimento Brugnaro
Gabriel Campos Lobo
Paula Maltez Ribeiro Guedes
PREFÁCIO

Os primeiros semestres dos cursos universitários têm


importância decisiva para a motivação dos estudantes e se
constituem no momento privilegiado para despertar seu
entusiasmo.
Além de ser o primeiro contato do estudante com os
conhecimentos básicos da Medicina, esse início da
formação, o ciclo básico, proporciona também o
desenvolvimento de um raciocínio científico sólido e crítico,
tendo um papel muito relevante como verdadeiro alicerce
para a graduação e a atuação na prática clínica.
É por isso que nossa equipe assumiu o desafio de
estimular o processo de aprendizagem do ciclo básico e de
otimizar o aprendizado dos estudantes de Medicina.
Dessa forma, a Sanar traz a coleção de Super Material de
Anatomia, com conteúdo selecionado dos principais temas,
oferecendo-o de forma fluida e didática com textos, mapas
mentais, figuras e fluxogramas embasados em artigos
atualizados e livros clássicos.
Essa ferramenta enfatiza, assim, nosso comprometimento
com uma educação transformadora e nossa consciência da
importância do ciclo básico na formação do profissional
médico.

Boa leitura!
01. MEMBROS SUPERIORES

1. INTRODUÇÃO
O esqueleto apendicular superior é caracterizado por
sua mobilidade e capacidade de executar atividades
motoras finas. Pode ser dividido em 4 segmentos principais:
o ombro e a cintura escapular, formada pelo complexo
musculoarticular do ombro; o braço, segmento mais longo
que vai da articulação do ombro até o cotovelo; o
antebraço, que vai do cotovelo ao punho; e a mão, que
consiste em punho, palma, dorso da mão e dedos.
Os dois membros superiores estão unidos ao tronco
(esqueleto axial) apenas anteriormente pelo esterno e a
movimentação de cada membro é independente do outro.
2. CINTURA ESCAPULAR
A cintura escapular é o segmento mais proximal do
esqueleto apendicular superior e se superpõe a partes do
tórax e dorso. A cintura escapular é formada por dois ossos:
a clavícula (componente anterior) e a escápula
(componente posterior).

Componente ósseo
A clavícula é o osso que une o esqueleto apendicular
superior com o tronco e funciona como um suporte móvel
para a escápula se mover. Embora seja longa, não possui
canal medular (como os ossos longos). Pode ser dividida em
corpo e extremidades esternal e acromial: a extremidade
esternal tem forma alargada e triangular, compondo a
articulação esternoclavicular; já a extremidade acromial é
plana, fazendo parte da articulação acromioclavicular.
Possui a forma de “S”, sendo os dois terços mediais
convexos anteriormente e o terço lateral, côncavo.

Figura 1. Clavícula – visão superior e inferior. Fonte: studiovin/Shutterstock.com

A escápula é um osso plano, triangular, situado na face


posterior do tórax, ao nível da 2ª a 7ª costelas. Sua face
posterior é convexa e possui a espinha da escápula, que
a divide em fossa supraespinal e infraespinal.
Medialmente, a espinha escapular apresenta o tubérculo
deltoide, ponto de fixação do músculo deltoide. A face
anterior é côncava e forma uma grande fossa
subescapular. Essas três fossas são superfícies ósseas
onde se fixam os múculos.
A espinha da escápula se continua lateralmente como o
acrômio, que forma o ponto mais proeminente do ombro e
se articula com a extremidade acromial da clavícula. Na
superfície lateral há a cavidade glenoidal, uma fossa oval,
côncava e rasa, com direção anterolateral que se articula
com o úmero.

Figura 2. Cintura escapular. Fonte: Tefi/Shutterstock.com


Articulação
A articulação esternoclavicular é o único ponto de
transmissão de choques do membro superior para o
esqueleto axial; é sinovial do tipo selar e dividida em dois
compartimentos por um disco articular. Esse disco está
fixado aos ligamentos esternoclaviculares anterior e
posterior e ao ligamento interclavicular. O ligamento
interclavicular se estende de uma clavícula a outra, na
extremidade esternal superior, o que torna a articulação
muito forte.

Figura 3. Articulação esternoclavicular. Fonte: Autoria Própria

A articulação acromioclavicular também é sinovial,


plana, formada pela extremidade acromial da clavícula e o
acrômio da escápula. A membrana fibrosa reveste a cápsula
articular; internamente, é revestida pela membrana sinovial.
Essa articulação é reforçada pelo ligamento
acromioclavicular, ligamento coracoacromial e pelo
ligamento coracoclavicular, que é composto pelo
ligamento conoide e trapezoide.
Figura 4. Articulações acromioclavicular e glenoumeral. Fonte: Alila Medical
Media/Shutterstock.com

Saiba mais! A articulação


acromioclavicular (AC) propriamente dita é
fraca, sendo facilmente lesada por um golpe
direto. Em esportes de muito contato, como
futebol americado e artes marciais, uma queda
sobre o ombro ou sobre o MMSS estendido não
raro leva à luxação da articulação AC.
Componente muscular
Músculos toracoapendiculares anteriores: juntos
movem o cíngulo do membro superior; são eles: peitoral
maior, peitoral menor, subclávio e serrátil anterior.
O peitoral maior origina-se na metade medial da
clavícula, face anterior do esterno e seis cartilagens costais
superiores; insere-se na lateral do sulco intertubercular do
úmero; e tem a função de aduzir e rodar medialmente o
úmero e mover a escápula anterior e inferiormente.
O peitoral menor origina-se nas costelas 3 a 5, próximo
de suas cartilagens costais; insere-se na margem medial e
face superior do processo coracoide da escápula; e tem a
função de estabilizar a escápula, deslocando-a
anteroinferiormente.
O subclávio origina-se na junção da 1ª costela e sua
cartilagem costal; insere-se na face inferior do terço médio
da clavícula; e tem a função de fixar e deprimir a clavícula.
O serrátil anterior origina-se nas faces externas das
laterais das costelas 1 a 8; insere-se na face anterior da
margem medial da escápula; e tem a função de protrair (ato
de empurrar) a escápula, mantê-la contra a parede torácica
e girá-la.

Figura 5. Músculos do ombro – vista anterior. Fonte: Ren B/Shutterstock.com


Músculos toracoapendiculares posteriores: trapézio,
latíssimo do dorso, levantador da escápula, romboide menor
e romboide maior.
O trapézio origina-se no terço medial da linha nucal
superior, protuberância occipital externa, ligamento nucal e
processos espinhosos das vértebras C7 a T12; insere-se no
terço lateral da clavícula, acrômio e espinha da escápula; e
tem a função de retrair a escápula e girar a cavidade
glenoidal superiormente.
O latíssimo do dorso origina-se nos processos
espinhosos de T7 a T12, fáscia toracolombar, crista ilíaca e
3 costelas inferiores; insere-se no assoalho do sulco
intertubercular do úmero; e tem a função de estender,
aduzir, girar medialmente o úmero e elevar o corpo em
direção aos braços durante escaladas.
O levantador da escápula origina-se nos tubérculos
posteriores dos processos transversos das vértebras C1 a
C4; insere-se na margem medial da escápula superior; e
tem a função de elevar a escápula e girar sua cavidade
glenoidal inferiormente.
O romboide menor origina-se no ligamento nucal e
processos espinhosos das vértebras C7 e T1; insere-se na
extremidade medial da espinha da escápula; e tem a função
de fixar a escápula à parede torácica, retraí-la e girar sua
cavidade glenoidal inferiormente.
O romboide maior origina-se nos processos espinhosos
das vértebras T2 a T4; insere-se na margem medial da
escápula, da espinha até o ângulo; e tem a função de fixar a
escápula à parede torácica, retraí-la e girar sua cavidade
glenoidal inferiormente.
Figura 6. Músculos do ombro – vista posterior. Fonte: Hank
Grebe/Shutterstock.com

Músculos escapuloumerais: deltoide, redondo maior,


redondo menor, supraespinal, infraespinal e subescapular.
O deltoide origina-se no terço lateral da clavícula,
acrômio e espinha da escápula; insere-se na tuberosidade
do úmero; e tem a função de fletir, estender, abduzir e
rodar medial e lateralmente o membro superior.
O redondo maior origina-se na face posterior do ângulo
inferior da escápula; insere-se no lábio medial do sulco
intertubercular; e tem a função de aduzir e rodar
medialmente o braço.
O redondo menor origina-se na parte média da margem
lateral da escápula; insere-se na face inferior do tubérculo
maior; e tem a função de rodar lateralmente o braço.
O supraespinal origina-se na fossa supraespinal
escapular; insere-se na face superior do tubérculo maior; e
tem a função de auxiliar o deltoide na abdução dos MMSS.
O infraespinal origina-se na fossa infraespinal escapular;
insere-se na face média do tubérculo maior; e tem a função
de rodar lateralmente os MMSS.
O subescapular origina-se na fossa subescapular;
insere-se no tubérculo menor; e tem a função de rodar
medialmente os MMSS.

Se liga! Os músculos redondo menor,


supraespinal, infraespinal e subescapular
fazem parte do manguito rotador. Esses 4
músculos formam um componente
musculotendíneo ao redor da articulação do
ombro, que protege e estabiliza a articulação. A
contração desses músculos mantém a cabeça
do úmero na rasa cavidade glenoidal durante a
movimentação do braço.

Figura 7. Músculos do manguito rotador. Fonte: VectorMine/Shutterstock.com


3. BRAÇO
O braço é a parte mais móvel do esqueleto apendicular
superior e a mais longa, unindo a articulação do ombro com
a do cotovelo.

Componente ósseo
O úmero é o maior osso do membro superior e articula-
se com a escápula na articulação do ombro e com o rádio e
a ulna, no cotovelo. Na sua parte proximal, há a cabeça do
úmero, que se articula com a cavidade glenoidal; o colo
anatômico do úmero, formado pelo sulco que divide a
cabeça em tubérculos maior e menor; e o colo
cirúrgico, que corresponde à parte estreira distal da
cabeça, local frequente de fraturas.
Os tubérculos maior e menor fazem a transição da cabeça
para o corpo do úmero e são locais de fixação e alavanca
para alguns músculos escapuloumerais. O tubérculo maior é
mais lateral, enquanto o menor encontra-se anteriormente
ao osso.
O corpo do úmero possui 2 pontos importantes: a
tuberosidade para o músculo deltoide (lateralmente), onde
este músculo se fixa; e o sulco do nervo radial oblíquo
(posteriormente). A extremidade inferior do corpo se alarga,
terminando no epicôndilo medial e lateral, locais de
fixação muscular.
A parte mais distal do úmero inclui algumas estruturas
importantes: a tróclea, proeminência que faz articulação
com a ulna; o capítulo, que faz articulação com a cabeça
do rádio; e as fossas do olécrano. As fossas anteriores são:
fossa coronóidea, que recebe o processo coronoide da
ulna durante a flexão completa do cotovelo; e a fossa
radial, que se encontra acima do capítulo, é mais rasa e
recebe a cabeça do rádio durante a flexão. Posteriormente,
há a fossa do olécrano, que recebe o olécrano da ulna
durante a extensão total.
Figura 8. Úmero - vista anterior e posterior. Fonte: studiovin/Shutterstock.com

Articulação
A articulação do ombro, por sua vez, é sinovial do tipo
esferoide, que permite uma grande amplitude de
movimentos, porém é menos estável do que as anteriores.
Composta pela cabeça do úmero e pelaa cavidade glenoidal
da escápula, que acomoda apenas cerca de 1/3 da cabeça
do úmero. Alguns músculos são responsáveis por manter
essas estruturas unidas: o músculo supraespinhal,
infraespinhal, redondo menor e subescapular, que juntos
formam o manguito rotador, como veremos adiante.
Os ligamentos glenoumerais, transverso umeral e
coracoumeral fazem parte da membrana fibrosa que
circunda a articulação e reforçam a cápsula anterior. O arco
coracoacromial é uma estrutura muito importante que
contém o ligamento coracoacromial, que impede o
deslocamento superior da cabeça do úmero.

Componente muscular
Dos 4 principais músculos do braço, 3 deles são flexores
(bíceps braquial, braquial e coracobraquial) e estão no
compartimento anterior; o extensor (tríceps braquial) está
posterior, juntamente com o músculo ancôneo (auxiliar do
tríceps braquial).
O bíceps braquial origina-se na extremidade do
processo coracoide (cabeça curta) e tubérculo
supraglenoidal da escápula (cabeça longa); insere-se na
tuberosidade do rádio e fáscia do antebraço; e tem a função
de supinar e flexionar o antebraço.
O coracobraquial origina-se na extremidade do
processo coracoide; insere-se no terço médio da face medial
do úmero; e tem a função de ajudar a flexionar e aduzir o
braço.
O braquial origina-se na metade distal da face anterior
do úmero; insere-se no processo coronoide e tuberosidade
da ulna; e tem a função de fletir o antebraço em todas as
posições.

Figura 9. Músculos anteriores do braço. Fonte: Alila Medical


Media/Shutterstock.com

O tríceps braquial origina-se no tubérculo infraglenoidal


da escápula (cabela longa), face posterior do úmero,
superior ao sulco do nervo radial (cabeça curta) e inferior ao
sulco do nervo radial (cabeça medial); insere-se na
extremidade proximal do olécrano e fáscia do antebraço; e
tem a função de estender o antebraço e resistir à luxação
do úmero durante a abdução.
O ancôneo origina-se no epicôndilo lateral do úmero;
insere-se na face lateral do olécrano e parte superior da
face posterior ulnar; e tem a função de auxiliar o tríceps na
extensão do antebraço e estabilizar a articulação do
cotovelo.

4. ANTEBRAÇO
O antebraço se estende do cotovelo ao punho e consiste
nas regiões antebraquiais anterior e posterior, compostas
pelo rádio e ulna.

Componente ósseo
A ulna é o osso mais medial e mais longo, responsável
pela estabilização do antebraço. Na sua extremidade
proximal, faz articulação com o úmero e com a cabeça do
rádio (lateralmente). Para a articulação com o úmero,
existem duas proeminências importantes: o olécrano, que
se projeta da sua face posterior; e o processo coronoide,
que se projeta anteriormente.
Inferiormente ao processo coronoide há a tuberosidade
da ulna, onde se fixa o tendão do músculo braquial;
lateralmente, há a incisura radial, que recebe a parte
larga da cabeça do rádio. O corpo da ulna é cilíndrico e se
torna mais fino no sentido distal, mas na sua extremidade
distal, volta a se alargar, constituindo a cabeça da ulna,
porém não participa diretamente da articulação com os
ossos do carpo.
Figura 10. Ulna e Rádio. Fonte: studiovin/Shutterstock.com

O rádio encontra-se lateralmente no antebraço e é o


osso mais curto desse segmento. Na sua porção proximal
apresenta 3 proeminências importantes: a cabeça do
rádio, que se articula com o capítulo do úmero e com a
incisura radial da ulna; o colo; e a tuberosidade do rádio,
que separa a cabeça e o colo do corpo do rádio. O tubérculo
dorsal do rádio está entre os sulcos dos tendões dos
músculos do antebraço.

Figura 11. Úmero distal e rádio e ulna proximais. Fonte:


studiovin/Shutterstock.com

Diferentemente da ulna, o rádio aumenta sua espessura


no sentido distal, terminando com o processo estiloide,
que faz parte da articulação com os ossos do carpo.
Articulação
A articulação do cotovelo é sinovial, constituída pela
articulação umeroulnar e umerorradial. A cápsula
articular é reforçada nas laterais por ligamentos colaterais e
sua membrana fibrosa reveste todas as estruturas
articulares. Os principais ligamentos são: ligamento
colateral radial (se origina no epicôndilo lateral do úmero e
se funde com o ligamento anular do rádio) e o ligamento
colateral ulnar (que se origina no epicôndilo medial).
Figura 12. Articulação do cotovelo.Fonte: Viktoriia_P/Shutterstock.com

A articulação radioulnar proximal é sinovial e permite


o movimento da cabeça do rádio sobre a incisura radial da
ulna através do ligamento anular do rádio, que circunda a
articulação. Já a articulação radioulnar distal, também
sinovial, permite o movimento da extremidade do rádio
sobre a cabeça da ulna e a estrutura de união é o ligamento
triangular.
O rádio e a ulna são ossos paralelos e unidos pela
membrana interóssea, que tem suas fibras no sentido
oblíquo (superior e medialmente). Constitui-se como uma
espécie de articulação fibrosa, que permite alguns
movimentos entre os ossos, como o de pronossupinação.

Componente muscular
O compartimento anterior pode ser dividido em
superficial, intermediário e profundo; os músculos que
compõem a camada superficial são o pronador redondo, o
flexor radial do carpo, o palmar longo e o flexor ulnar do
carpo. O músculo da camada intermediária é o flexor
superficial dos dedos; já os que compõem a camada
profunda são o flexor profundo dos dedos, o flexor longo do
polegar e o pronador quadrado.
Já no compartimento posterior, na camada superficial
temos o braquirradial, o extensor radial longo do carpo, o
extensor radial curto do carpo, o extensor dos dedos, o
extensor do dedo mínimo e o extensor ulnar do carpo. Já na
camada profunda, há o supinador, o extensor do indicador,
o abdutor longo do polegar, o extensor longo do polegar e o
extensor curto do polegar.

Músculos do compartimento
anterior superficial
O pronador redondo origina-se no processo cornoide
(cabeça ulnar) e epicôndilo medial (cabeça umeral); insere-
se na convexidade da face lateral do rádio; e tem a função
de fazer a pronação e flexão do antebraço.
O flexor radial do carpo origina-se no epicôndilo
medial; insere-se na base do 2º metacarpal; e tem a função
de fletir e abduzir a mão.
O palmar longo origina-se no epicôndilo medial; insere-
se na metade distal do retináculo dos flexores e ápice da
aponeurose palmar; e tem a função de fletir a mão e
tensionar a aponeurose palmar.
O flexor ulnar do carpo origina-se no epicôndilo medial
(cabeça umeral) e olécrano e margem posterior da ulna
(cabeça ulnar); insere-se no osso pisiforme, hâmulo do
hamato e 5º metacarpal; e tem a função de fletir e aduzir a
mão.

Figura 13. Músculos do compartimento anterior do antebraço Fonte: Alila


Medical Media/Shutterstock.com

Músculo do compartimento
anterior intermediário
O flexor superficial dos dedos origina-se no epicôndilo
medial e processo coronoide (cabeça umeroulnar) e metade
superior da margem anterior (cabeça radial); insere-se nos
corpos das falanges médias dos quatro dedos mediais; e
tem a função de fletir as falanges nas articulações
interfalangeanas proximais, podendo atuar sobre as
metacarpofalangeanas também.

Músculos do compartimento
anterior profundo
O flexor profundo dos dedos origina-se nos ¾
proximais das faces medial e anterior da ulna e membrana
interóssea; insere-se nas bases das falanges distais do 2º ao
5º dedos; e tem a função de fletir as falanges distais dos
dedos nas articulações interfalangeanas distais.
O flexor longo do polegar origina-se na face anterior
do rádio e membrana interóssea; insere-se na base da
falange distal do polegar; e sua função é fletir as falanges
do polegar.
O pronador quadrado origina-se no quarto distal da
face anterior da ulna; insere-se no quarto distal da face
anterior do rádio; e sua função é unir rádio e ulna e fazer a
pronação do antebraço.

Músculos do compartimento
posterior superficial
O braquiorradial origina-se 2/3 proximais da crista
supraepicondilar lateral; insere-se na face lateral da porção
distal do rádio; e sua função é fazer a flexão do antebraço,
mais fortemente em pronação média.
O extensor radial longo do carpo origina-se na crista
supraepicondilar lateral; insere-se na face dorsal da base do
2º metacarpal; e sua função é estender e abduzir a mão na
articulação radiocarpal.
O extensor radial curto do carpo origina-se no
epicôndilo lateral; insere-se na face dorsal da base do 3º
metacarpal; e sua função é estender e abduzir a mão.
O extensor dos dedos origina-se no epicôndilo lateral;
insere-se nas expansões extensoras dos quatro dedos
mediais; e sua função é estender os dedos nas articulações
metacarpofalangeanas e interfalangeanas.
O extensor do dedo mínimo origina-se no epicôndilo
lateral; insere-se na expansão do músculo extensor do 5º
dedo; e sua função é estender o 5º dedo.
O extensor ulnar do carpo origina-se no epicôndilo
lateral e margem posterior da ulna; insere-se na face dorsal
da base do 5º metacarpal; e sua função é estender e aduzir
a mão na articulação radiocarpal.
Figura 14. Músculos do compartimento posterior do antebraço. Fonte; Alila
Medical Media/Shutterstock.com

Músculos do compartimento
posterior profundo
O supinador: origina-se no epicôndilo lateral, ligamentos
colaterais e anular do rádio, “fossa” e crista do supinador;
insere-se nas faces lateral, posterior e anterior do terço
proximal do rádio; e sua função é supinar o antebraço e
girar a palma anterior e superiormente.
O extensor do indicador origina-se na face posterior do
terço distal da ulna e membrana interóssea; insere-se na
expansão do extensor do 2º dedo; e sua função é estender
de forma independente o indicador e auxiliar na extensão
da mão.
O abdutor longo do polegar origina-se na face
posterior das metades proximais da ulna, rádio e membrana
interóssea; insere-se na base do 1º metacarpal; e sua
função é estender e abduzir o polegar na articulação
carpometacarpal.
O extensor longo do polegar origina-se na face
posterior do terço médio da ulna e membrana interóssea;
insere-se na face dorsal da base da falange distal do
polegar; e sua função é estender as articulações
interfalângica, metacarpofalângica e carpometacarpal.
O extensor curto do polegar origina-se na face
posterior do terço distal do rádio e membrana interóssea;
insere-se na face dorsal da base da falange proximal do
polegar; e sua função é estender as articulações
metacarpofalângica e carpometacarpal.
5. MÃO
A mão é a parte mais distal do esqueleto apendicular
superior, formada pelo carpo, pelo metacarpo e pelas
falanges, é uma região muito rica em terminações nervosas
sensitivas (tato, dor e temperatura).

Componente ósseo
Os ossos do carpo são em número de 8, dispostos em
duas fileiras, que deslizam entre si, ampliando os
movimentos da articulação do punho. Na fileira proximal, de
lateral para medial encontram-se: escafoide, que apresenta
o tubérculo do escafoide; semilunar, que possui uma forma
de lua; piramidal, osso em forma de pirâmide; e pisiforme,
situado na face palmar do piramidal.
Na fileira distal do carpo, também de lateral para medial,
encontramos: trapézio, que tem quatro faces; trapezoide,
um osso cuneiforme; capitato, o maior osso carpal; e o
hamato, também de formato cuneiforme, que apresenta
uma proeminência em gancho na porção anterior, o hâmulo
do hamato.
O metacarpo é constituído por 5 ossos, formando o
esqueleto da palma da mão. Esses ossos têm uma base,
que se relaciona com os ossos carpais, um corpo e uma
cabeça, que se articula com as falanges proximais.
Cada dedo possui três falanges, a proximal, a média e
distal, com exceção do primeiro quirodáctilo, que possui
apenas a falange proximal e a distal. As falanges, assim
como os metacarpos, possuem uma base proximal, um
corpo e uma cabeça distal; as proximais são maiores e as
terminais, achatadas nas extremidades sob os leitos
ungueais.

Figura 15. Ossos da mão. Fonte: studiovin/Shutterstock.com


Articulação
A articulação radiocarpal é sinovial e une a extremidade
distal do rádio com a fileira proximal dos ossos carpais,
exceto o pisiforme (que se relaciona apenas com o osso
piramidal). A ulna não participa diretamente dessa
articulação, apenas auxilia na fixação da membrana fibrosa.
A cápsula é reforçada por ligamentos dorsais e palmares,
que permitem os movimentos de pronação e supinação,
respectivamente. Os ligamentos colaterais ulnar e radial se
fixam nos processos estiloides e nos ossos carpais.
As articulações intercarpais são planas, divididas em
fileiras proximal e distal. A articulação mediocarpal é
complexa e une as fileiras proximal e distal; já a articulação
do pisiforme ocorre entre o osso pisiforme e a face palmar
do osso piramidal.
Há uma cavidade articular única que envolve todas as
articulações intercarpais, além das carpometacarpais, com
exceção da articulação carpometacarpal do polegar, que é
independente. A maior parte dos movimentos de flexão e
adução ocorrem na articulação radiocarpal, enquanto os de
extensão e abdução ocorrem principalmente na
mediocarpal.
A articulação carpometacarpal e intermetacarpais
são envolvidas por uma cápsula articular comum e são
planas, com exceção da carpometacarpal do polegar. O
movimento principal envolve a oposição do polegar. As
articulações metacarpofalângicas permitem os
movimentos de flexão-extensão e adução-abdução; já as
interfalângicas têm cápsulas articulares únicas e apenas
permitem flexão e extensão.
Componente muscular
Músculos intrínsecos da mão – tenares
O oponente do polegar origina-se no retináculo dos
músculos flexores e tubérculos do escafoide e trapézio;
insere-se na face lateral do 1º metacarpal; e sua função é
levar o 1º metacarpo em sentido medial, para o centro da
palma.
O abdutor curto do polegar origina-se no retináculo
dos músculos flexores e tubérculos do escafoide e trapézio;
insere-se na face lateral da base da falange proximal do
polegar; e sua função é abduzir o polegar e ajudar na
oposição.
O flexor curto do polegar origina-se no retináculo dos
músculos flexores e tubérculos do escafoide e trapézio;
insere-se na face lateral da base da falange proximal do
polegar; e sua função é fletir o polegar.
O adutor do polegar origina-se nas bases do 2º e 3º
metacarpais e capitato e face anterior do corpo do 3º
metacarpal; insere-se na face medial da base da falange
proximal; e sua função é aduzir o polegar em direção à
margem lateral da palma.

Músculos intrínsecos da mão –


hipotenares
O abdutor do dedo mínimo: origina-se no osso
pisiforme; insere-se na face medial da base da falange
proximal do dedo mínimo; e tem a função de abduzir o dedo
mínimo e ajudar na flexão da falange proximal do dedo
mínimo.
O flexor curto do dedo mínimo origina-se no hâmulo
do hamato e retináculo dos flexores; insere-se na face
medial da base da falange proximal do dedo mínimo; e sua
função é fletir a falange proximal do dedo mínimo.
O oponente do dedo mínimo origina-se no hâmulo do
hamato e retináculo dos flexores; insere-se na margem
medial do 5º metacarpal; e sua função é deslocar o 5º
metacarpal anteriormente, opondo o dedo mínimo ao
polegar.

6. IRRIGAÇÃO ARTERIAL
A irrigação arterial do membro superior se inicia através
da artéria axilar, continuação da subclávia. No seu trajeto,
essa artéria é dividida em 3 partes: a primeira, na margem
da 1ª costela, dá origem à artéria torácica superior; na
segunda, posterior ao músculo peitoral menor, dá origem às
artérias toracoacromial e torácica lateral; e a terceira, que
dá origem à artéria subescapular, circunflexas anterior e
posterior do úmero.
Na sequência, a artéria axilar dá origem à artéria
braquial, principal artéria do braço, que origina ramos
musculares e a artéria braquial profunda. Esta segue
posterior ao corpo do úmero e termina se dividindo em
artérias colaterais média e radial, que participam das
anastomoses periarticulares do cotovelo, com as artérias
colaterais ulnares superior e inferior.
No antebraço existem duas artérias principais, a ulnar e a
radial, que dão origem a ramos que participam das
anastomoses do cotovelo. Ambas, em sua porção final, dão
origem aos arcos palmares profundos e superficial, que
fazem parte da anastomose do punho. Esses arcos dão
origem às artérias metacarpais palmares, digitais palmares
comuns e digitais próprias, que suprem a mão e os dedos.
Figura 16. Irrigação arterial do membro superior. Fonte: Anna
Bessmertnaya/Shutterstock.com
7. DRENAGEM VENOSA E
LINFÁTICA
A drenagem venosa do membro é dividida em rede
superficial e profunda; as veias perfurantes fazem a
comunicação entre essas redes. As principais veias
superficiais do membro superior, as veias cefálica e basílica,
originam-se no dorso da mão a partir da rede venosa dorsal.
A veia basílica surge na extremidade medial da rede
dorsal da mão e continua na face medial do antebraço; em
seguida, entre o terço inferior e médio do braço, passa
profundamente, perfurando a fáscia e seguindo até a axila
para formar a veia axilar.
A veia cefálica se origina na face lateral da rede dorsal,
prosseguindo lateralmente ao punho e se tornando
anterolateral no antebraço e braço. Segue superiormente
entre os músculos deltoide e peitoral maior e entra no
trígono clavipeitoral, unindo-se à parte terminal da veia
axilar.
A veia intermédia do antebraço é variável, mas surge na
base do dorso do polegar e ascende no meio da face
anterior do antebraço, entre as veias cefálica e basílica.
Figura 17. Drenagem venosa superficial. Fonte: Anna
Bessmertnaya/Shutterstock.com

A rede venosa profunda está situada internamente à


fáscia muscular e as veias geralmente são pares, seguindo
as principais artérias do membro e recebendo o nome
destas.
A drenagem linfática também é subdividida em
superficial e profunda. Os vasos linfáticos superficiais se
originam de plexos linfáticos na pele dos dedos, palma e
dorso da mão, e sobem com as veias superficiais (cefálica e
basílica). Em relação à rede de linfonodos, há os linfonodos
cubitais (próximos ao epicôndilo medial) e os linfonodos
axilares umerais.
Os vasos linfáticos profundos são menos
numerosos e acompanham as veias profundas,
terminando também nos linfonodos axilares umerais.
Drenam a linfa das cápsulas articulares, periósteo, tendões,
nervos e músculos. Os linfonodos axilares drenam para o
tronco linfático subclávio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. 6ª ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2015.
DRAKE, R.L. Greay’s Anatomia para estudantes. 2ª ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2015.
GRAAF, K.M.V.D. Anatomia Humana. 6ª ed. Barueri, São
Paulo: Manole, 2013.
MOORE, K.L. Moore Anatomia Orientada para a Clínica. 7ª
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
1. INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO
Os membros inferiores são extensões do tronco,
responsáveis pela sustentação do peso corporal,
locomoção e manutenção do equilíbrio. Para isso, os
membros inferiores possuem esqueleto formado pelo cíngulo
do membro inferior e pelos ossos dos membros livres. O
peso corporal é transferido da coluna vertebral para o
cíngulo do membro inferior através das articulações
sacroilíacas, que unem o quadril ao sacro, e do cíngulo
para os fêmures por meio das articulações do quadril.

Se liga! Os fêmures não se articulam com a


fíbula, então o peso corporal é transferido
totalmente para a tíbia e daí para a articulação
talocrural, que distribui a carga de forma
uniforme entre o calcanhar e a parte anterior do
pé.

O cíngulo do membro inferior é formado pelos ossos do


quadril, unidos anteriormente pela sínfise púbica e pelo
sacro, e com isso ele fixa o membro livre ao esqueleto axial,
ou seja, o cíngulo do membro inferior é comum aos
esqueletos axial e apendicular. Esse anel ósseo também
forma o esqueleto da parte inferior do tronco,
desempenhando função de proteção e suporte para o
abdome, a pelve e períneo.
Com isso, o membro inferior é composto por quatro
regiões principais: região glútea, que é a área de transição
entre o tronco e os membros inferiores, região da coxa,
composta na maior parte pelo fêmur e músculos extensores
e flexores do quadril, região crural, que consiste na perna e
a região do pé.

Figura 1. Membro inferior separado por regiões. Fonte:


studiovin/Shutterstock.com
2. QUADRIL E CÍNGULO DO
MEMBRO INFERIOR
Os ossos do quadril direito e esquerdo em conjunto com o
sacro formam a cintura pélvica (pelve), também chamada
de cíngulo do membro inferior, lembre-se que o sacro é parte
da coluna vertebral. A cintura pélvica tem como principais
funções a sustentação do peso do membro superior e
suporte para músculos e movimentos do membro inferior.
Cada quadril é formado por três ossos primários unidos
por articulações, que são o ísquio, o ílio e o púbis. Em
lactentes e crianças, esses ossos são unidos por uma
cartilagem hialina trirradiada no acetábulo. Com a
puberdade, o ílio, o ísquio e púbis se unem formando o
quadril e na fase adulta não há mais divisão entre esses
ossos, sendo a nomenclatura utilizada apenas para
localização.
A pelve é dividida em pelve maior (falsa) e pelve menor
(verdadeira). A pelve maior é delimitada pelas cristas ilíacas
(asas do ílio), enquanto a pelve menor é demarcada pelo
sacro/cóccix e púbis, ou seja, pelve menor e cavidade
pélvica não são sinônimos, visto que pelve é a cintura
pélvica, a cavidade é o local demarcado pela cintura pélvica
e a pelve menor é a região por onde o bebê atravessa
durante o parto vaginal. As relações de tamanho da pelve
são importantes para determinar se uma mulher pode ou
não ter parto normal.

Se liga! Diâmetros pélvicos: a pelve possui


alguns diâmetros, os quais podem ser úteis na
determinação da possibilidade de parto natural.
São eles o diâmetro transversal, diâmetro
conjugado e diâmetro oblíquo. O diâmetro
transversal é um dos diâmetros que mais
aumenta com o relaxamento da sínfise púbica e
das articulações sacroilíacas, favorecendo o
parto. O diâmetro verdadeiro (conjugado), que é
a menor distância (cerca de 11 cm) fixa que a
cabeça do feto precisa atravessar em um parto
vaginal e o qual é medido no exame de toque.
No entanto, por conta da localização da bexiga,
essa medida não pode ser medida diretamente
com um exame pélvico, e por isso se mede
então o diâmetro diagonal. E o diâmetro
oblíquo, que vai da junção entre o púbis com o
ísquio de um lado ao ligamento sacrotuberal e
espinhal do outro lado.
Ossos do quadril
O ílio forma a maior parte do osso do quadril e
compõe a parte superior do acetábulo, que é a cavidade com
a qual o fêmur se articula com o quadril. Suas partes mediais
são espessas, servindo principalmente para sustentação do
peso, enquanto as porções laterais (asas), que são mais
finas, servem para a fixação dos músculos glúteos.
Anteriormente, o ílio tem as espinhas ilíacas
anterossuperiores (EIAS) e anteroinferiores (EIAS),
onde se fixam os ligamentos e os tendões dos músculos dos
membros inferiores, e entre elas há a crista ilíaca, que é o
limite da pelve maior e serve como um “para-choque”,
protegendo contra possíveis impactos sofridos nessa região.
Uma proeminência externa da crista ilíaca forma o
tubérculo ilíaco.
A face lateral da asa do ílio possui três linhas, que
são as linhas glúteas, onde se inserem as fixações proximais
dos três grandes músculos glúteos, o máximo, o médio e o
mínimo. Na face medial, essa asa possui a fossa ilíaca, onde
se insere a fixação proximal do músculo ilíaco, e a
tuberosidade ilíaca, que se articula com o sacro na
articulação sacroilíaca.
O ísquio compõe a porção posteroinferior do osso do
quadril, sendo formado basicamente pelo corpo e pelo ramo.
A parte superior do corpo do ílio participa da formação do
acetábulo, enquanto o ramo do ísquio se une ao ramo
inferior do púbis formando o ramo isquiopúbico, que
constitui o limite inferomedial do forame obturado. Outros
importantes componentes do ísquio são as incisuras
isquiáticas maior e menor, a espinha isquiática e o túber
isquiático. A incisura isquiática menor funciona como uma
tróclea ou polia para um músculo que se inicia na pelve
óssea e o túber isquiático é o local onde o peso do corpo se
apoia na posição sentada, e também é local da fixação
proximal dos músculos da coxa.

Figura 2. Ossos do quadril – lado direito – face medial. Fonte:


SciePro/Shutterstock.com

O forame obturado é uma abertura irregular no osso do


quadril, limitado pelo púbis e ísquio. Esse forame é fechado
pela membrana obturadora, exceto no local de passagem
para o nervo e vasos obturatórios, conhecido como canal
obturatório. A importância desse forame é que ele diminui a
massa óssea e com isso o peso do quadril, enquanto a
membrana obturadora serve de local para fixação de
músculos.
O púbis forma a parte anteromedial do osso do quadril,
compondo a parte anterior do acetábulo e onde se fixa os
músculos mediais da coxa. O púbis é dividido em corpo e
ramos superior e inferior. Na parte medial, possui a face
sinfisial, onde os púbis direito e esquerdo formam a sínfise
púbica, cuja margem anterossuperior compõe a crista
púbica, que é local de fixação para músculos abdominais.
Nas laterais, o púbis possui os tubérculos púbicos, que são
importantes pontos de referência das regiões inguinais. Na
margem posterior do ramo superior, o púbis possui a linha
pectínea, que forma a parte da abertura superior da pelve.
O acetábulo, composto pelos três ossos primários do
quadril, é uma cavidade que se articula com a cabeça do
fêmur formando a articulação do quadril. Ele possui
basicamente três regiões: incisura, fossa e face
semilunar, que é a face que recebe propriamente dito a
cabeça do fêmur.
Figura 3. Ossos do quadril – lado direito – face lateral. Fonte:
SciePro/Shutterstock.com

Saiba mais! As fraturas do anel pélvico


costumam ser múltiplas ou associadas à
luxação. Essas fraturas podem ocorrer na
prática de esportes que exigem forças de
aceleração e frenagem súbitas, como em
corridas de velocidade ou chutes no futebol.
Essas lesões ocorrem principalmente nos locais
de fixação dos músculos, que são as espinhas
ilíacas anterossuperiores e anteroinferiores,
túberes isquiáticos e ramos isquiopúbicos. As
fraturas da pelve são mais frequentes nos
ramos do púbis, acetábulos, asas do ílio e
regiões das articulações sacroilíacas.

Articulações do quadril
Além das articulações que unem os ossos primários do
quadril, a qual o torna um osso único, ou seja, não há
movimento entre suas partes, o quadril possui as seguintes
articulações: sacroilíacas, coxofemoral (articulação do
quadril) e a sínfise púbica.
A articulação sacroilíaca é uma articulação sinovial
especial por possuir mobilidade limitada, consequência de
seu papel na transmissão do peso da maior parte do corpo
para os ossos do quadril, principalmente através dos
ligamentos sacroilíacos interrósseos. Muitas vezes o
movimento da articulação sacroilíaca é limitado a leves
movimentos de deslizamento e rotação pelo entrelaçamento
dos ossos que se articulam e os ligamentos sacroilíacos.
Além dos ligamentos sacroilíacos interrósseos, esta
articulação é composta pelo ligamentos sacroilíacos
anteriores e posteriores.
A sínfise púbica é o disco interpúbico fibrocartilagíneo, que
une anteriormente os ossos do quadril, sendo geralmente
mais largo em mulheres. Anteriormente, essa articulação é
reforçada pelos músculos reto e oblíquo externo do abdome.
Em mulheres em trabalho de parto, as sínfises púbicas ficam
mais elastecidas pelo efeito do hormônio relaxina. Esta
articulação também auxilia movimento da articulação
sacroilíaca com a distribuição do peso da marcha.
A articulação coxofemoral, também chamada de
articulação do quadril, é sinovial do tipo esferoide e fica
entre a cabeça do fêmur e o acetábulo. Depois da
articulação do ombro (glenoumeral), é a mais móvel do
corpo, realizando papel semelhante à glenoumeral.
A coxofemoral é composta por quatro ligamentos:
iliofemoral, pubofemoral, isquiofemoral (externos) e o
ligamento da cabeça do fêmur (interno). O ligamento
isquiofemoral é mais fraco dos três ligamentos externos,
enquanto o ligamento iliofemoral é o mais forte, o qual atua
impedindo a hiperextensão da articulação do quadril durante
a postura ereta.
Já o ligamento pubofemoral é responsável por impedir a
abdução excessiva do quadril, sendo tensionado durante a
abdução e extensão dessa articulação. O ligamento da
cabeça do fêmur é basicamente uma prega sinovial que
conduz um vaso sanguíneo, ou seja, é importante na
nutrição sanguínea dessa região, sendo assim um ligamento
fraco e com pouca importância no fortalecimento da
articulação do quadril.

Figura 4. Ligamentos da articulação do quadril. Fonte: Hank


Grebe/Shutterstock.com

Saiba mais! As faces articulares do


acetábulo e da cabeça do fêmur coincidem
melhor na quadrúpede, podendo-se concluir
que para assumir a posição bípede, sacrificou-
se um grau relativamente pequeno de
estabilidade articular para maximizar a
sustentação do peso. E é por isso os fêmures
são oblíquos e não retos.
A articulação do quadril (coxofemoral) é a mais
estável do corpo, graças à sua arquitetura, à resistência de
sua cápsula e às fixações de músculos que atravessam a
articulação. O grau de flexão/extensão possível nessa
articulação depende da posição do joelho. Se o joelho estiver
fletido, relaxando os músculos isquiotibiais, o quadril é capaz
de fletir até a coxa tocar o abdome. Parte desse movimento
resulta da flexão da coluna vertebral, por isso a dor
percebida no quadril pode ser referida da coluna. A partir da
posição anatômica, a amplitude de abdução é maior que a
de adução do quadril. Além disso, a rotação lateral é muito
mais forte que a medial.

Figura 5. Ligamento da cabeça do fêmur. Fonte:Autoria Própria

Se liga! Luxação da articulação do quadril:


ocorre quando a cabeça do fêmur não está bem
localizada no acetábulo. As luxações posteriores
são mais comuns, quando a cabeça do fêmur é
forçada a sair do acetábulo, causando
encurtamento do membro afetado. Pode causar
lesão do nervo isquiático, por estiramento ou
compressão, que por vez pode gerar paralisia
dos músculos isquiáticos e de músculos distais
do joelho, além de alterações sensitivas na pele
da perna e sobre grande parte do pé.

Músculos
Os músculos da região do quadril formam o assoalho
pélvico e a região glútea. A região glútea é uma zona de
transição entre o tronco e o membro inferior, sendo parte do
tronco fisicamente e parte do membro inferior
funcionalmente. O desenvolvimento de uma proeminência
nessa região é associado ao bipedalismo e da postura ereta.
O assoalho pélvico é formado pelo diafragma da
pelve, composta pelos músculos isquiococcígeo e
levantador do ânus. Assim, o diafragma da pelve confere
aparência de rede suspensa à pelve menor, fechando grande
parte do anel do cíngulo do membro inferior.
O músculo levantador do ânus é dividido em
puborretal, pubococcígeo e iliococcígeo. A parte
puborretal é medial e delimita o hiato urogenital, que é a
passagem da uretra e do canal vaginal, além de atuar na
manutenção da continência fecal. Este músculo forma um
assoalho dinâmico para sustentar as vísceras
abdominopélvicas e permanece em contração tônica na
maior parte do tempo, a fim de manter a sustentação das
vísceras e a continência urinária e fecal. O levantador do
ânus é perfurado no centro pelo canal anal e sua contração
leva ao encurtamento anterior deste canal.

Figura 6. Diafragma da pelve – vista inferior. Fonte: Jinnicha/Shutterstock.com


A contração ativa do músculo levantador do ânus ocorre
em situações como expiração forçada, tosse, espirro,
vômito e fixação do tronco durante fortes movimentos do
membro superior. Isso serve para aumentar a sustentação
das vísceras quando do aumento da pressão intra-abdominal
e também para auxiliar no aumento da pressão. Para micção
e defecção, por sua vez, o levantador do ânus deve relaxar,
elevando o assoalho pélvico, o que gera a descida do
diafragma da pelve, já o aumento da pressão intra-
abdominal para defecção é proporcionado pela contração
do diafragma torácico e os músculos da parede
anterolateral do abdome.
Os músculos da região glútea são organizados em
camadas superficial e profunda. A camada superficial
inclui os três grandes glúteos, que são o máximo, o médio e
o mínimo, e tensor da fáscia lata, que atuam principalmente
como extensores, abdutores e rotadores mediais da
coxa. A camada profunda é formada pelos músculos
piriforme, obturador interno, quadrado femoral e
gêmeos superior e inferior, que atuam como rotadores
laterais da coxa além de auxiliar na estabilização da cabeça
do fêmur no acetábulo, reforçando a articulação do quadril.

Se liga! A fenda interglútea é o sulco que


separa as nádegas e o sulco infraglúteo
demarca o limite entre as nádegas e as coxas.
O glúteo máximo é o músculo mais superficial, com as
fibras mais grossas do corpo. Quando a coxa é fletida, a
margem inferior desse músculo desloca-se para cima,
deixando o túber isquiático em posição subcutânea. Assim,
não sentamos sobre o glúteo máximo, mas sim sobre o
tecido fibroadiposo e a bolsa isquiática situada entre o túber
isquiático e a pele.
As principais ações deste músculo são extensão e
rotação lateral da coxa. Além disso, embora seja o
extensor mais forte do quadril, atua principalmente quando
há necessidade de força (movimento rápido ou contra
resistência). Seu movimento é mais intenso entre as
posições fletida e reta da coxa, como ao se levantar da
posição sentada, assumir postura ortostática a partir da
posição inclinada ou subir escadas.
O glúteo máximo não é usado na posição em pé/imóvel e
é pouco usado na marcha, apenas na parte inicial da fase de
apoio, assim, sua paralisia não afeta seriamente a marcha
em superfície plana, apenas em declives. Em conjunto com o
tensor da fáscia lata, esse músculo promove a
estabilização do joelho estendido, porém sem a
liberdade necessária para produzir movimento.
Além disso, o glúteo máximo é separado das estruturas
adjacentes por bolsas da região glútea, que são sacos
membranáceos revestidos por membrana sinovial. O
objetivo dessas bolsas é reduzir o atrito e permitir
movimento livre. No glúteo máximo, há três bolsas
associadas: trocantérica, isquiática e intermuscular do
músculo glúteo.
Os músculos glúteo médio e mínimo possuem fibras
que convergem para o mesmo alvo, possuindo mesmas
ações e inervações. Atuam na abdução ou estabilização da
coxa e na sua rotação medial.
O tensor da fáscia lata é basicamente flexor da coxa em
razão da localização anterior, mas não tem ação
independente. Para gerar flexão, atua em conjunto com os
músculos iliopsoas e reto femoral. Com a paralisia do
iliopsoas, o tensor da fáscia lata hipertrofia para compensar.
Também atua em conjunto com músculos abdutores e
rotadores medias da coxa, provavelmente contribuindo como
sinergista ou fixador. O tensor da fáscia lata tensiona
também o trato iliotibial (fáscia longa localizada
lateralmente à coxa), gerando pouco ou nenhum movimento
na perna. Porém, quando em extensão completa do joelho,
contribui para a força de extensão, aumentando
estabilidade.

Se liga! Os abdutores e rotadores mediais


da articulação do quadril desempenham
essencial papel na locomoção, avançando e
evitando a queda do lado não sustentado da
pelve durante a marcha. A boa atuação desses
músculos depende do nervo glúteo superior,
articulações do quadril além de resistência e
angulação do fêmur. Além disso, todos os
músculos da região glútea realizam rotação
lateral da coxa, exceto os glúteos médio e
mínimo.
O músculo piriforme serve como ponto de referência da
região glútea, visto que os vasos e nervos glúteos superiores
emergem superiormente a ele e os vasos e nervos glúteos
inferiores emergem inferiormente a ele.
Os músculos obturador interno e gêmeos formam o
tríceps do quadril. Os músculos gêmeos são reforços
extrapélvicos do obturador interno. Embora o gêmeo inferior
receba inervação separada do quadrado femoral, deve-se
considerar esses três músculos, pois não possuem ação
independente.
O músculo quadrado femoral é um forte rotador lateral
da coxa, enquanto o músculo obturador externo atua
como rotador lateral da coxa, principalmente com o quadril
fletido, e assim como outros músculos curtos ao redor da
articulação do quadril, estabiliza a cabeça do fêmur no
acetábulo.

Figura 7. Músculo da região glútea. Fonte: MadiGraphic/Shutterstock.com


Inervação dos membros inferiores
Os membros inferiores são controlados pelo plexo sacral e
coccígeo. O plexo sacral é formado pelo tronco lombossacral,
ramos ventrais de S1, S2 e S3 e parte de S4 (a outra parte
de S4 se une ao plexo coccígeo). Esses nervos atravessam
pelo forame
isquiático maior, e com isso emitem seus ramos colaterais
e um ramo que forma uma das partes do nervo isquiático
(ciático).
Os ramos colaterais desse plexo formam os nervos glúteos
superior e inferior e os nervos para os músculos piriforme,
obturador interno, quadrado da coxa, gêmeo superior,
levantador do ânus, coccígeo, e outros nervos para vísceras
da região pélvica.
O nervo isquiático é composto pelo nervo fibular comum e
nervo tibial. O nervo fibular comum, na região da fossa
poplítea, bifurca-se nos nervos fibulares superficial e
profundo.
Os plexos lombar e sacral também inervam os dermátonos
dos membros inferiores, referentes à sensibilidade cutânea.

Se liga! Injeções na região glútea devem


ser realizadas no quadrante súperolateral para
evitar a lesão do nervo isquiático. A parestesia
do nervo isquiático irradia para o pé por conta
da anestesia dos nervos plantares, que são
ramos terminais do nervo tibial derivado do
isquiático. Se o nervo ciático sofrer secção
completa, ocorre o comprometimento da
extensão do quadril e da flexão da perna, além
da perda de todos os movimentos do tornozelo
e do pé.

3. COXAS
As coxas são compostas basicamente pelo fêmur e pelos
músculos anteriores, posteriores e mediais das coxas. Além
disso, essa região também compreende uma parte da
articulação do joelho e consequentemente a patela, osso
que protege essa articulação.
Figura 8. Visão lateral da coxa. Fonte: stihii/Shutterstock.com

Ossos da coxa
O fêmur é o mais pesado e o mais longo osso do
corpo. Esse osso possui um corpo e duas extremidades,
uma proximal, que se articula com o quadril, e uma distal,
que se articula com a tíbia e a patela. A extremidade
distal é composta por cabeça, colo e dois trocanteres
(maior e menor). Na cabeça do fêmur, há uma depressão
medial chamada de fóvea da cabeça do fêmur, onde se
encaixa o ligamento da cabeça do fêmur (articulação
coxofemoral), nos primeiros anos de vida, esse ligamento dá
passagem para uma artéria que irriga a epífise da cabeça.
Para melhor sustentar a postura bípede ereta, os fêmures
são oblíquos. Esse fenômeno é mais acentuado em mulheres
por conta da maior largura da pelve. Essa obliquidade é
conferida pelo colo do fêmur, que forma o ângulo de
inclinação com o corpo do osso, tendo maior abertura ao
nascimento e sendo menor em mulheres, por conta da maior
largura do acetábulo. Esse ângulo também permite maior
mobilidade do fêmur na articulação do quadril.
Quando o ângulo de inclinação é reduzido, chama-se coxa
vara, e quando está aumentado, chama-se coxa valga. A
coxa vara causa leve encurtamento do membro inferior e
limita a abdução passiva do quadril.
O fêmur possui ainda o ângulo de torção/declinação
(vista superior), que associado ao ângulo de inclinação,
permite que os movimentos giratórios da cabeça do fêmur
dentro do acetábulo sejam convertidos em flexão/extensão,
abdução/adução e movimentos giratórios da coxa.

Figura 9. Fêmur. Fonte: studiovin/Shutterstock.com

O trocanter menor serve de local para fixação para


o tendão do músculo iliopsoas, enquanto o trocanter
maior serve de fixação e alavanca para os abdutores e
rotadores da coxa. A linha intertroncantérica, região de
união entre o corpo e o colo do fêmur, é formada pelo
ligamento iliofemoral, e Essa linha segue pelo corpo como a
linha espiral.
O corpo do fêmur é curvo anteriormente, e essa
convexidade pode ficar mais acentuada em condições como
raquitismo. A maior parte do corpo é local de fixação
proximal dos extensores do joelho, exceto na linha áspera,
que serve de fixação para os adutores da coxa.
Na extremidade distal, o fêmur possui os côndilos
medial e lateral, os quais se articulam com os meniscos e
com os côndilos da tíbia, formando a articulação do joelho,
lembrando que a fíbula não se articula com o fêmur.
Posteriormente, os côndilos são separados pela fossa
intercondilar e anteriormente se fundem formando a face
patelar, onde a patela se articula com o fêmur. Na lateral do
côndilo lateral e na face medial do côndilo medial há os
epicôndilos lateral e medial, respectivamente, os quais
são locais de fixação proximal dos ligamentos colaterais
medial e lateral da articulação do joelho.
O ângulo formado pela tíbia e fêmur é chamado de ângulo
Q. Quando esse ângulo é pequeno, chama-se joelho varo,
caracterizado por pernas arqueadas, o que acarreta
sustentação desigual do peso. Quando o ângulo é maior,
chama-se joelho valgo, o qual gera distensão exagerada do
ligamento colateral tibial e consequente tensão excessiva no
menisco lateral e nas cartilagens dos côndilos laterais do
fêmur e da tíbia. Joelho valgo (inclinado para dentro) pode
ser consequência da coxa vara, enquanto joelho varo
(inclinado para fora) consequência da coxa valga (“quem é
valgo não cavalga”).
Figura 10. Alteração no joelho e articulação do fêmur. Fonte:
Intarapong/Shutterstock.com

A patela é o maior osso sesamoide do corpo, que se


articula com o fêmur, cobrindo e protegendo a face anterior
da articulação do joelho. Esse osso possui base (superior),
ápice (inferior), face articular e face anterior, e ele é
tracionado pelo tendão do quadríceps quando a pessoa
ajoelha, e pelo ligamento da patela quando a perna é
estendida. O ligamento da patela, na realidade, é uma
continuação do tendão do quadríceps que fixa à
tuberosidade da tíbia. Na prática, o lado da patela é aquele
para o qual sua lateral fica mais encostada na superfície.
Figura 11. Localização da patela e articulação do joelho direito. Fonte:
Axel_Kock/Shutterstock.com

As fraturas no fêmur ocorrem com mais frequência no seu


colo, o que causa rotação lateral do membro inferior.
Geralmente ocorrem no colo, porque é a parte mais estreita
e mais fraca do osso e faz um ângulo acentuado com a linha
de sustentação de peso (tração da gravidade). Por conta do
ângulo de inclinação, essas fraturas são instáveis e geram
impactação, que gera encurtamento do membro, assim
como o espasmo muscular.
As fraturas na patela podem resultar de um golpe no
joelho ou uma contração súbita do quadríceps, e com isso o
fragmento proximal é tracionado para cima com o tendão do
quadríceps femoral, enquanto o fragmento distal permanece
com o ligamento da patela.
Saiba mais! O reflexo patelar é um reflexo
miotático, tendíneo, que avalia a integridade do
nervo femoral e dos segmentos espinais L2-L4.
A diminuição ou ausência do reflexo patelar
pode resultar de qualquer lesão que interrompa
a inervação do quadríceps.
Articulação do joelho
A articulação do joelho é a maior e mais superficial
articulação do corpo, classificada como sinovial do tipo
gínglimo. Essa articulação é relativamente fraca
mecanicamente, devido à incongruência de suas faces
articulares. A posição ereta e estendida é a mais estável da
articulação, pois as faces articulares ficam em maior contato.
Além disso, nessa posição os ligamentos colaterais e
cruzados estão tensionados, imobilizando o joelho
juntamente com os tendões que circundam a articulação. O
músculo mais importante na estabilidade do joelho é o
quadríceps femoral.
A articulação do joelho formada por três articulações:
duas femorotibiais (lateral e medial), entre os côndilos
laterais e mediais do fêmur e da tíbia, e uma
femoropatelar, entre o fêmur e a tíbia. A cápsula articular
do joelho é fortalecida por ligamentos extracapsulares, que
são o ligamento da patela, ligamentos colaterais fibular e
tibial, ligamento oblíquo e ligamento poplíteo arqueado, e
por ligamentos intracapsulares, que são os ligamentos
cruzados e meniscos, que ficam entre as faces articulares.
O ligamento da patela é importante para o alinhamento
da patela com a face articular patelar do fêmur. O
posicionamento oblíquo do fêmur e a linha da tração do
quadríceps femoral em relação ao eixo do tendão patelar e
da tíbia favorece o deslocamento lateral da patela.
Os ligamentos colaterais são tensionados na extensão
completa do joelho, contribuindo para a estabilidade na
posição de pé. Durante a flexão, eles se tornam cada vez
mais frouxos, permitindo e limitando a rotação do joelho, ou
seja, funcionam como ligamento de contenção.
Os ligamentos cruzados cruzam-se dentro da cápsula
articular, fora da cavidade sinovial. Durante a rotação medial
da tíbia sobre o fêmur, esses ligamentos espiralam-se ao
redor um do outro, e se desenrolam durante a rotação
lateral, a qual é mais ampla com o joelho fletido. O
ligamento cruzado anterior limita a rolagem posterior do
fêmur sobre o platô tibial durante a flexão, convertendo esse
movimento em rotação. Além disso, impede o deslocamento
posterior do fêmur sobre a tíbia e a hiperextensão da
articulação do joelho.
O ligamento cruzado posterior é o mais forte dos dois,
limita a rolagem anterior do fêmur sobre o platô tibial
durante a extensão, também convertendo em rotação, além
de impedir o rolamento anterior do fêmur sobre a tíbia e
evitar a hiperextensão do joelho. Com o joelho fletido com
sustentação de peso, esse ligamento é o principal
estabilizador do fêmur. A ruptura do ligamento cruzado
anterior pode causar deslizamento anterior da tíbia livre sob
o fêmur fixado, conhecido como sinal da gaveta anterior,
enquanto as rupturas do ligamento cruzado posterior
permitem que a tíbia deslize posteriormente sob o fêmur
fixado, conhecido como sinal da gaveta posterior.
Os meniscos, por sua vez, são lâminas de fibrocartilagem
no formato de meia-lua, sendo importantes na absorção de
choques. O ligamento transverso do joelho une-se às
margens anteriores dos meniscos, fixando-os um ao outro
durante movimentos do joelho. O menisco medial é menos
móvel sobre o platô tibial do que o menisco lateral, que é
menor. A ruptura dos ligamentos colaterais tibiais costuma
resultar em ruptura do menisco medial, que se rompe com
maior facilidade do que o menisco lateral, que é mais
protegido por ter mais mobilidade.
Se liga! Estando completamente estendido
com o pé apoiado no solo, o joelho “trava” por
causa da rotação medial dos côndilos do fêmur
sobre o platô tibial. Essa posição torna o
membro inferior uma coluna sólida e melhor
adaptada para sustentação de peso. Quando o
joelho é “travado”, os músculos da coxa e da
perna podem relaxar sem tornarem o joelho
instável demais. Para “destravar” o joelho, o
músculo poplíteo se contrai, girando o fêmur
lateralmente sobre o platô, permitindo o
movimento de flexão.

Figura 12. Articulação do joelho – vista anterior. Fonte:


Viktoriia_P/Shutterstock.com
Postura e marcha
Os membros inferiores são responsáveis pela postura
ereta, sustentando o peso corporal, bem como pela
marcha, que possibilita a locomoção. O ciclo da marcha
tira vantagem da gravidade e do impulso, gerando pouco
gasto energético, e consiste em um ciclo de balanço e um
ciclo de apoio por cada membro.
A fase de apoio, que é a maior parte da marcha, é
composta pelas etapas de duplo apoio, quando os dois pés
estão no chão, apoio simples, a qual inclui os momentos em
que se estar equilibrando em apenas um pé e apoio
terminal. Essa fase da marcha começa com o toque do
calcâneo no solo, sustentando todo o peso do corpo
(resposta à carga), o que leva à propulsão, que consiste na
saída da parte anterior do pé. A propulsão é feita pela
contração concêntrica dos flexores plantares, que empurram
para baixo a parte anterior do pé, permitindo a saída. Nessa
fase, os dedos são flexionados para se fixarem ao solo,
potencializando a propulsão. Os inversores e eversores do pé
são os principais estabilizadores desse membro durante a
fase de apoio, ajudando a sustentar os arcos do pé e
auxiliando os músculos intrínsecos da planta do pé.
A fase de balanço começa depois da propulsão, quando
os dedos saem do solo e termina quando o calcanhar toca o
solo novamente. Na corrida, não ocorre apoio duplo, visto
que não há tempo para os dois pés tocarem ao chão. Essa
fase de balanço consiste no balanço inicial, no balanço
médio e no balanço terminal, e também exige flexão do
quadril para que a aceleração do membro livre seja maior do
que o movimento anterior do corpo. Durante o balanço
inicial ocorre flexão do joelho (impulso), seguida pela
dorsiflexão na articulação talocrural (flexão do tornozelo). A
contração dos extensores do joelho é mantida durante o
contato inicial do calcâneo até a fase de carga para absorver
o choque e evitar a deformação do joelho até que haja
extensão completa. É importante salientar que todas essas
etapas ocorrem em cada membro, ou seja, se a marcha
começa pela perna direita (membro direito à frente), o toque
do calcâneo direito começa o movimento, e nesse momento
à apoio duplo, e essa perna (direita) faz a propulsão, para
que a perna esquerda se mova para à frente, e daí
sucessivamente.
Figura 13. Ciclo da marcha. Fonte: Autoria Própria

Na posição ortostática relaxada, as articulações do quadril


e do joelho são estendidas e estão mais estáveis, devido ao
contato máximo das faces articulares para transferência de
peso e tensão dos ligamentos de sustentação. A linha de
gravidade fica situada entre os dois membros. Assim, a
tendência de cair para frente é neutralizada pela contração
bilateral dos músculos da panturrilha. O afastamento ou
angulação dos pés aumenta a estabilidade lateral, que
também é controlada pelos músculos abdutores do
quadril.
Músculos da coxa
Os músculos da coxa podem ser separados em
compartimento anterior, medial e posterior. O
compartimento anterior é formado pelos músculos pectíneo,
iliopsoas, sartório e quadríceps femoral, que são
basicamente flexores do quadril e extensores do joelho e
inervados pelo nervo femoral, que é o maior ramo do plexo
lombar.
O compartimento medial é formado pelos músculos
adutor longo, adutor curto, adutor magno, grácil e
obturador externo. Todos são supridos pelo nervo
obturatório, exceto o adutor magno e o pectíneo. E o
compartimento posterior é composto pelos músculos
isquiotibiais, que são os músculos semitendíneo,
semimembranáceo e bíceps femoral, que são
controlados pela parte tibial do nervo isquiático.
O músculo pectíneo aduz, flete e auxilia na rotação
medial da coxa e, devido à inervação dupla (nervo femoral e
ramos do nervo obturatório), é um músculo de transição
entre os compartimentos anterior e medial da coxa.
O músculo Iliopsoas é o principal flexor da coxa,
podendo contribuir para a deformidade e a incapacidade em
caso de malformação, disfunção ou doença, sobretudo se
estiver encurtado. É ativo durante a caminhada em declive,
quando sua contração excêntrica resiste à
gravidade/aceleração. Também é um músculo postural, ativo
na posição ortostática, pois mantém lordose lombar normal.
A contração bilateral do iliopsoas inicia a flexão do tronco no
quadril sob a coxa fixa, como ocorre no exercício abdominal,
o que gera aumento da lordose lombar da coluna, visto que
muitas vezes o exercício é realizado da maneira incorreta.
O músculo sartório flete a articulação do quadril e
participa da flexão do joelho. Também realiza abdução fraca
e rotação lateral da coxa. As ações desse músculo geram a
posição sentada com as pernas cruzadas. É essencialmente
um músculo sinergista, ou seja, não tem força
“independente”, auxiliando movimento dos músculos
adjacentes. É importante pontuar que a flexão do quadril
ocorre em conjunto com a flexão do joelho, assim como a
extensão.
Figura 14. Flexão e extensão do quadril e do joelho. Fonte: Autoria Própria

O quadríceps femoral é um músculo composto por


quatro cabeças: reto femoral, vasto lateral, vasto
medial e vasto intermédio. Ele é o grande extensor da
perna e responsável pela absorção do choque do impacto do
calcanhar e sua atividade continua à medida que sustenta o
peso no início da fase de apoio em resposta à carga durante
a marcha. A capacidade do reto femoral de estender o joelho
é comprometida com a flexão do quadril, mas contribui para
a força de extensão durante a fase de saída dos dedos
(marcha), quando a coxa é estendida. É bastante eficiente
em movimentos que associam extensão do joelho e flexão
do quadril a partir de uma posição de hiperextensão do
quadril e flexão do joelho, como chutar uma bola.
Os músculos vastos são denominados de acordo com sua
posição em torno do fêmur, sendo difícil isolar suas ações. O
músculo articular do joelho é derivado do vasto intermédio e
ativo na tração da membrana sinovial superiormente com a
extensão da perna, evitando que pregas da membrana
sejam comprimidas entre o fêmur e a patela na articulação
do joelho.
O músculo grácil é o mais fraco dos mediais, sendo
sinergista na adução da coxa, flexão do joelho e rotação
medial da perna com o joelho fletido, ou seja, ele contrai
durante esses movimentos mas não é o principal músculo
para que eles sejam realizados.
Os três músculos adutores, adutor curto, adutor
longo e adutor magno são usados em todos os
movimentos de adução das coxas.

Figura 15. Músculos anteriores da coxa – vista anterior. Fonte: Hank


Grebe/Shutterstock.com

Os músculos isquiotibiais, também chamados de


músculos do jarrete, são os extensores do quadril, atuando
na caminhada em superfície plana, quando a atividade do
glúteo máximo é reduzida. Além disso, também realizam a
flexão do joelho. Esses músculos têm maior atividade
durante a contração excêntrica, resistindo à flexão do
quadril e à extensão do joelho durante o balanço terminal na
marcha. Porém, as duas ações dos isquiotibiais não podem
acontecer ao mesmo tempo: a flexão completa do joelho
exige encurtamento dos isquiotibiais, impedindo a contração
necessária para a extensão completa da coxa, assim como a
extensão completa do quadril encurta os isquiotibiais,
impedindo sua contração e atuação plena sobre a flexão do
joelho. Os músculos isquiotibiais são ativos na extensão da
coxa em todas as situações, com exceção da flexão
completa do joelho, como já mencionado, inclusive na
manutenção da postura em pé relaxada. Uma pessoa com
paralisia dos isquiotibiais tende a cair para frente, porque os
músculos glúteos máximos não conseguem manter o tônus
muscular necessário para manter a postura.
O músculo semitendíneo é assim chamado porque
metade dele é tendínea, sendo formado por um ventre
fusiforme interrompido por uma intersecção tendínea e um
tendão longo. Na parte distal, esse tendão forma, com os
tendões dos músculos sartório e grácil, a chamada pata de
ganso.
O músculo semimembranáceo é assim chamado por conta
do formato de sua inserção proximal no túber isquiático, que
é similar a uma membrana achatada. Distalmente, o tendão
desse músculo se divide em três partes: uma parte de
fixação direta no côndilo medial da tíbia, uma parte que se
funde à fáscia poplítea e uma parte que forma o ligamento
poplíteo oblíquo, que é um dos reforços da cápsula articular
do joelho. Os músculos semitendíneo e semimembranáceo
são mediais e não são tão ativos quanto o bíceps femoral,
que é lateral e é o verdadeiro “burro de carga” da extensão
do quadril.
O bíceps femoral é assim denominado por possuir uma
cabeça longa e outra curta, sendo essa última inervada pela
divisão fibular enquanto os isquiotibiais têm inervação
comum da divisão tibial do nervo ciático. Esse músculo, além
de promover a extensão do quadril, atua na rotação do
joelho fletido, em conjunto com o tensor da fáscia lata.

Figura 16. Músculos posteriores da coxa – vista posterior. Fonte: Hank


Grebe/Shutterstock.com
4. PERNAS
Os ossos que formam a perna são a tíbia e a fíbula.
Como já mencionado, a tíbia se articula com os côndilos do
fêmur, formando a articulação do joelho, da qual a fíbula não
faz parte. A fíbula atua basicamente como local para fixação
dos músculos da perna, os quais são divididos em
compartimentos anterior, lateral e posterior, e também é
importante na estabilidade da articulação do tornozelo.

Ossos e articulações da perna


A tíbia é o segundo maior osso do corpo e serve de
local para fixação distal do ligamento da patela, que se
insere na tuberosidade da tíbia. A extremidade superior da
tíbia é formada pelos côndilos medial e lateral, que
constituem o platô tibial. Esse platô é formado por duas
faces articulares, uma medial (côncava) e uma lateral
(convexa), as quais se articulam com os côndilos do fêmur.
Essas faces articulares são separadas pelos tubérculos
intercondilares, que se encaixam na fossa intercondilar do
fêmur. Esses tubérculos e as áreas intercondilares são locais
de fixação dos meniscos e ligamentos principais do joelho. O
côndilo lateral possui ainda uma face articular fibular, a qual
se articula com a cabeça da fíbula.
Abaixo dos côndilos, há a tuberosidade da tíbia, onde
se fixa o ligamento da patela. A parte distal desse osso é
composta pelo maléolo medial, qual se articula com o
tálus, assim como o maléolo lateral da fíbula, formando a
articulação talocrural. A tíbia possui também, na sua porção
posterior proximal a linha do músculo sóleo.
A fíbula, como já mencionado, não tem função de
sustentação de peso, sua principal função é de fixação
muscular. Ela é fixada pela sindesmose tibiofibular na tíbia,
cujas fibras são organizadas para resistir à tração
descendente final da fíbula. A sindesmose tibiofibular inclui a
membrana interóssea, a qual une a tíbia à fíbula pelo corpo,
assim como ocorre no antebraço com o rádio e a ulna.
A fíbula possui cabeça na sua parte proximal, a qual
possui um ápice. Há ainda o colo e o corpo. O corpo da fíbula
é triangular ao corte transversal, assim como a tíbia,
possuindo três margens, a anterior, a interóssea e a
posterior, e três faces: medial, posterior e lateral. A
extremidade distal é composta pelo maléolo lateral, que
compõe a articulação talocrural.
A articulação tibiofibular é sinovial do tipo plana,
realiza pouco movimento durante a dorsiflexão do pé.
A sindesmose tibiofibular é fibrosa e constitui a união entre a
tíbia e a fíbula por meio da membrana interóssea e os
ligamentos tibiofibulares anterior, interósseo e
posterior. A integridade dessa sindesmose é essencial para
a estabilidade da articulação talocrural, porque mantém o
maléolo lateral firmemente contra a face lateral do tálus.
Além da sindesmose tibiofibular (tibiofibular inferior), que
compreende a membrana interóssea, a tíbia e a fíbula
também são unidas na articulação tibiofibular superior.
As fraturas dos maléolos lateral e medial são
comuns em jogadores de futebol e basquete. As
fraturas da fíbula podem ser dolorosas em razão da ruptura
das fixações musculares. A marcha é comprometida em
razão do osso na estabilidade do tornozelo.
Figura 17. Tíbia e fíbula. Fonte: sciencepics/Shutterstock.com
Músculos da perna
Os músculos da perna são divididos em compartimento
anterior, posterior e lateral. Os músculos de cada
compartimento possuem funções e inervações iguais. Os
músculos anteriores são os músculos tibial anterior,
extensor longo dos dedos, extensor longo do hálux e
fibular terceiro. Eles são dorsiflexores da articulação
talocrural, elevando a parte anterior do pé e abaixando o
calcanhar. O compartimento anterior é inervado pelo nervo
fibular profundo, um dos ramos do nervo fibular comum.
Embora seja um movimento fraco e curto (1/4 da força da
flexão plantar), a dorsiflexão é usada ativamente na fase de
balanço da marcha, quando a contração concêntrica
mantém a parte anterior do pé elevada para sair do solo
enquanto o membro livre avança. Na fase de apoio, a
contração excêntrica do tibial anterior controla a
descida da parte anterior do pé até o solo após o toque do
calcâneo. Isso é importante para a marcha uniforme e para
desaceleração em relação à corrida e marcha em declive.
Na posição de pé, os dorsiflexores puxam anteriormente a
perna, de forma reflexa, sobre o pé fixo quando o corpo
começa a se inclinar posteriormente. Na marcha em declive,
principalmente em superfícies moles, a dorsiflexão é usada
fortificar o calcanhar.
O músculo tibial anterior é o dorsiflexor mais forte
graças à sua vantagem mecânica promovida pela maior
distância do eixo da articulação do tornozelo. Possui ação
sinérgica, assim como o tibial posterior, na inversão do pé.
Isso porque, embora sejam antagonistas (tibial posterior e
anterior), ambos cruzam as articulações talocalcânea e
transversa do tarso.
O músculo fibular terceiro é derivado do músculo extensor
dos dedos e contribui pouco para a dorsiflexão, mas também
atua nas articulações talocalcânea e transversa do tarso,
contribuindo para eversão relativa do pé, permitindo que as
plantas dos pés se apoiem de maneira mais completa no
solo.
O músculo extensor longo dos dedos é o mais lateral dos
músculos anteriores. Esse músculo se torna tendíneo acima
do tornozelo, formando quatro tendões, um para cada dedo
do pé, com exceção do hálux, e uma bainha sinovial circunda
esses quatro tendões e o músculo fibular terceiro no ponto
em que eles divergem até suas fixações distais. Cada tendão
forma uma expansão sobre a falange proximal, dividindo-se
em duas faixas laterais, que se inserem na falange distal, e
uma central, que se insere na falange média.
O músculo extensor longo do hálux fica situado entre o
extensor longo dos dedos e o tibial anterior, seguindo ao
longo da crista do dorso do pé até o hálux.

Figura 18. Movimentos dos pés. Fonte: Auttapon Wongtakeaw/Shutterstock.com

Saiba mais! Contração concêntrica é


quando o músculo encurta suas fibras na
contração, enquanto na contração excêntrica as
fibras se alongam. Em outras palavras, na
contração concêntrica a força supera a
resistência, enquanto na contração excêntrica
ocorre o contrário, ou seja, a força muscular é
superada pela resistência.
Os músculos laterais são os músculos fibulares
longo e curto. Ambos são eversores do pé, atuando nas
articulações talocalcânea e transversa do tálus, e
contribuem também para a flexão plantar no tornozelo.
Esses músculos são inervados pelo nervo fibular superficial,
um ramo terminal do nervo fibular comum.
Na prática, a principal função dos eversores do pé não é
elevar a margem lateral do pé e sim deprimir ou fixar a
margem medial do pé na sustentação da fase de saída
dos dedos na marcha, sobretudo na corrida, e resistir à
inversão acidental ou excessiva do pé. Na posição de pé, os
músculos fibulares contraem-se para resistir ao balanço
medial, ou seja, ajudam a recentralizar a linha de gravidade
que sofreu desvio medial por tração lateral da perna
enquanto deprime a margem medial do pé.

Figura 19. Músculos da perna.Fonte: VectorMine/Shutterstock.com

Os músculos posteriores da perna, assim como na


coxa, são divididos em grupo superficial e profundo,
separados pelo septo intermuscular transverso. Esses
músculos realizam flexão plantar do tornozelo, inversão das
articulações talocalcânea e transversa do tarso, além de
flexão dos dedos. A flexão plantar gera impulso, aplicado
basicamente no arco transverso do metatarso, que é usado
para impulsionar o corpo para frente e para cima, sendo o
principal componente das forças geradas durante as
subfases de saída e da fase de apoio da marcha e corrida. A
ausência de flexão plantar gera rotação lateral do pé durante
a fase de apoio para evitar a dorsiflexão passiva e permitir
movimento efetivo por meio da extensão do quadril e do
joelho exercida pela parte média do pé.
A porção superficial dos músculos posteriores da perna
incluem os músculos gastrocnêmio e sóleo, que formam
tríceps sural e possuem um tendão comum, o tendão do
calcâneo, também chamado de tendão de Aquiles, o qual
possui capacidade elástica para absorção de choques.
Quando ocorre ruptura do tendão do calcâneo, esses
músculos não conseguem gerar a força necessária para
levantar o peso do corpo (ficar nas pontas dos pés).
O tríceps sural é composto pelas duas cabeças do
gastrocnêmio e uma do sóleo e eles geram a maior parte
da força da flexão plantar. No entanto, apesar de possuírem
um tendão em comum, os músculos sóleo e o gastrocnêmio
agem separadamente (“você passeia com o músculo sóleo,
mas ganha a corrida de salto à distância com o
gastrocnêmio”).
O músculo gastrocnêmio é o mais proeminente da
panturrilha. Como a maioria de suas fibras é do tipo branco,
de contração rápida, suas contrações produzem movimentos
rápidos durante a corrida e o salto. Além disso, esse músculo
atua sobre as articulações do joelho e talocrural, mas não
pode exercer toda sua força sobre as duas ao mesmo tempo.
O gastrocnêmio é mais eficaz quando o joelho está estendido
e é ativado ao máximo quando a extensão do joelho é
associada à dorsiflexão, como na partida de uma corrida.
Esse músculo é incapaz de produzir flexão plantar quando o
joelho está completamente fletido.
O músculo sóleo, por sua vez, é o “burro de carga” da
flexão plantar. Pode ser palpado de cada lado do músculo
gastrocnêmio quando se fica nas pontas dos pés. Além disso,
pode agir em conjunto com o gastrocnêmio na flexão plantar
da articulação talocrural, não podendo agir sozinho sobre a
articulação do joelho e atuando sozinho quando o joelho está
fletido. Quando o pé está apoiado no solo, o músculo sóleo
traciona os ossos da perna para trás. Isso é importante para
ficar de pé porque a linha da gravidade passa anteriormente
ao eixo ósseo da perna.
A porção profunda do compartimento posterior da perna
inclui os músculos poplíteo, flexor longo dos dedos, flexor
longo do hálux e tibial posterior.
O músculo poplíteo é insignificante como flexor da
articulação do joelho propriamente dita, mas durante a
flexão, ele ajuda a tracionar o menisco lateral
posteriormente, um movimento produzido passivamente por
compressão, como ocorre com o menisco medial. Quando a
pessoa está de pé com o joelho parcialmente fletido, o
músculo poplíteo contrai para ajudar o ligamento cruzado
posterior na prevenção do deslocamento anterior do fêmur
sobre o platô tibial inclinado. Além disso, o poplíteo pode
auxiliar os músculos isquiotibiais mediais a girar a tíbia
mediamente sob os côndilos do fêmur quando pé está fora
do solo e o joelho está fletido.
O músculo flexor longo do hálux atua na marcha logo
depois do tríceps sural dá o impulso da flexão plantar para a
parte proeminente da planta do pé, abaixo do 1º e 2º
metatarsais, dando o impulso final através da flexão do
hálux para a fase de pré-balanço da marcha. Porém, vale
ressaltar que isso ocorre quando se está descalço, com o uso
de calçados o impulso da flexão plantar é propiciado pela
parte anterior do pé.
O músculo tibial posterior, quando o pé está fora do solo,
pode ter ação sinérgica ao tibial anterior para inverter o pé,
com anulação mútua de suas funções normalmente
antagonistas. Entretanto, o principal papel do tibial posterior
é manter o arco longitudinal medial do pé durante a
sustentação do peso;sendo assim, há contração estática do
músculo durante toda a fase de apoio da marcha, exceto se
a frenagem exigir contração excêntrica.

Figura 20. Músculos posteriores profundos da perna. Fonte: Autoria Própria

Na posição de pé, principalmente com apoio em um pé só,


os músculos tibial anterior e posterior cooperam para
abaixar a face lateral do pé e tracionar medialmente a perna
quando necessário para neutralizar a inclinação lateral e
manter o equilíbrio.
O nervo tibial supre todos os músculos do
compartimento posterior da perna (superficiais e
profundos), sendo o maior dos dois ramos terminais do nervo
isquiático. Um ramo do nervo tibial, o nervo cutâneo sural
medial, geralmente se une ao ramo fibular comunicante do
nervo fibular comum para formar o nervo sural, que inerva
a pele da parte lateral e posterior do terço inferior da perna
e região lateral do pé.

Se liga! Como o nervo e os vasos sanguíneos


que suprem o compartimento posterior e a
planta do pé atravessam a parte profunda
desse compartimento, quando há um edema
nessa região ocorre uma síndrome
compartimental com consequências graves,
como necrose muscular e paralisia, devido ao
bloqueio do fluxo sanguíneo e transmissão
nervosa.
5. PÉS
O pé e seus ossos são divididos em três partes anatômicas
e funcionais: retropé (tálus e calcâneo), mediopé
(navicular, cuboide e cuneiformes) e antepé (metatarsais e
falanges). A região do pé também compreende o tornozelo,
que é formado pelas partes estreita e maleolar da região
distal da perna, proximal ao dorso do pé e calcanhar, e inclui
a articulação talocrural.
Os ossos dos pés com os ligamentos formam os arcos dos
pés, os quais são importantes na marcha e na sustentação
do peso corporal.

Ossos e articulações dos pés


O pé possui 7 ossos tarsais, 5 metatarsais e 14
falanges. O tarso é formado pelos ossos tálus, calcâneo,
cuboide, navicular e três cuneiformes, dos quais apenas o
tálus articula-se com os ossos da perna. Além disso, o tálus
é o único osso tarsal que não tem fixações musculares
ou tendíneas e maior parte de sua superfície é coberta por
cartilagem articular.
O calcâneo é o maior e mais forte osso do pé,
transmite a maior parte do peso do corpo do tálus para o
solo. Os três cuneiformes são o osso cuneiforme medial,
cuneiforme intermédio e cuneiforme lateral, sendo o maior
deles o cuneiforme medial e o menor, o cuneiforme
intermédio.
O metatarsal I é o mais curto e mais forte dos
metatarsais e o metatarso II é o mais longo. Além
disso, as bases dos ossos metatarsais I e V possuem grandes
tuberosidades que permitem a fixação de tendões. O
metatarso I se comunica com o hálux.
O hálux, osso do dedão do pé, possui duas falanges e os
outros quatro dedos do pé possuem três falanges cada, que
são as falanges proximal, média e distal. O hálux também
possui ossos sesamoides, que sustentam o peso do corpo,
principalmente na última parte da fase de parada da
marcha.
Figura 21. Ossos do pé. Fonte: Vector Tradition/Shutterstock.com

Entre as articulações intertarsais, que ligam os ossos


tarsais entre si, as mais importantes são articulação
talocalcânea e a articulação transversa do tarso. Os
principais movimentos dessas articulações são inversão e
eversão do pé. As outras articulações intertarsais e as
articulações tarsometatarsais e intermetatarsais são
relativamente pequenas e firmemente unidas por
ligamentos, havendo apenas pequenos movimentos entre
elas.
A articulação talocalcânea anatômica fica entre a face
articular calcânea posterior do tálus, sustentada pelos
ligamentos talocalcâneos medial, lateral, posterior e
interósseo. Os ortopedistas usam este termo (articulação
talocalcânea) para designar a articulação funcional formada
pela articulação talocalcânea anatômica mais a parte
talocalcânea da articulação talocalcaneonavicular.
A articulação transversa do tarso é composta por duas
articulações separadas alinhadas transversalmente: a parte
talonavicular da articulação talocalcaneonavicular e
articulação calcaneocubóidea, as quais são reforçadas
pelos ligamentos calcaneonavicular plantar,
calcaneocubóideo plantar e plantar longo.
O ligamento calcaneonavicular plantar sustenta a
cabeça do tálus e tem papel importante na transferência
de peso do tálus e na manutenção do arco longitudinal do
pé. O ligamento plantar longo também é importante para
manter o arco longitudinal do pé, bem como o ligamento
calcaneocubóideo plantar.

Figura 22. Articulações do pé-tornozelo. Fonte: medicalstocks/Shutterstock.com

Saiba mais! Os arcos do pé distribuem o


peso sobre o pé, agindo na absorção de
choques e na produção do impulso para a
marcha, corrida e salto. Os arcos também
aumentam a capacidade do pé de se adaptar a
alterações no contorno da superfície. Se os pés
fossem estruturas rígidas, cada impacto no solo
produziria choques enormes que seriam
propagados pelo sistema esquelético. Como o
pé é formado por muitos ossos unidos por
ligamentos, tem considerável flexibilidade, o
que permite sua deformação a cada contato
com o solo e a absorção de grande parte do
choque. Somado a isso, os arcos auxiliam na
sustentação do peso e resiliência do pé. Desse
modo, forças musculares menores e de maior
duração são transmitidas através do sistema
esquelético.

O pé possui dois arcos longitudinais, um lateral e


outro medial, e um arco transverso. O arco
longitudinal medial é mais alto e mais importante que
o arco longitudinal lateral. O arco medial é formado pelo
calcâneo, tálus, navicular, os três cuneiformes e três
metatarsais mediais, sendo que a cabeça do tálus é a parte
mais importante desse arco. O arco lateral é formado pelo
calcâneo, cuboide e dois metatarsais laterais (4º e 5º),
é mais plano do que a parte medial, apoiando-se no solo na
posição de pé.
O arco transverso do pé é formado pelo cuboide,
cuneiformes e bases dos metatarsais. As partes medial e
lateral do arco longitudinal atuam como pilares para o arco
transverso. Os ligamentos plantares e a aponeurose plantar
suportam a maior tensão e são importantes na manutenção
dos arcos do pé.
Figura 23. Arcos do pé. Fonte: Excellent Dream/Shutterstock.com

A articulação talocrural é a articulação do tornozelo,


classificada como sinovial do tipo gínglimo. Essa articulação
é relativamente instável durante a flexão plantar porque a
tróclea do tálus é mais estreita na parte posterior e, assim,
fica relativamente frouxa no encaixe com os maléolos medial
e lateral. É durante a flexão plantar que ocorre a maioria das
lesões do tornozelo (com inversão súbita, por exemplo). Essa
articulação é reforçada pelos ligamentos colaterais medial e
lateral.
O ligamento medial se divide nas partes
tibionavicular, tibiocalcânea e partes tibiotalares
anterior e posterior, e é responsável por estabilizar a
articulação talocrural durante a eversão e impede a
subluxação da articulação. O ligamento lateral, por sua
vez, é composto por três ligamentos separados: ligamento
talofibular anterior, ligamento talofibular posterior e
ligamento calcaneofibular.
Os principais movimentos da articulação talocrural são
dorsiflexão e flexão do pé, que ocorrem em torno de um
eixo transversal que passa pelo tálus. Como a extremidade
estreita da tróclea do tálus está situada frouxamente entre
os maléolos quando o pé está em flexão plantar, é possível
algum movimento de abdução, adução, inversão e eversão.
Músculos dos pés
Os músculos do pé se dividem em músculos plantares,
dorsais e intermediários. Os músculos plantares atuam
basicamente como um grupo durante a fase de suporte do
apoio, mantendo os arcos do pé. Essencialmente, eles
resistem às forças que tendem a reduzir o arco longitudinal
quando o peso é recebido pelo calcanhar e transferido para
a bola do pé e para o hálux . Esses músculos tornam-se mais
ativos na última parte do movimento para estabilizar o pé
para a propulsão, um momento em que as forças também
tendem a achatar o arco transverso do pé. Além disso,
também são capazes de refinar ainda mais as ações dos
músculos longos, produzindo supinação e pronação para
permitir que o pé se ajuste ao solo irregular.
Os músculos do pé são pouco importantes
individualmente, pois o controle fino dos dedos não é
importante para a maioria das pessoas. Eles são mais ativos
na fixação do pé ou no aumento da pressão aplicada contra
o solo por várias áreas da planta ou dos dedos para manter o
equilíbrio.
Os músculos dorsais incluem o músculo extensor
curto dos dedos e o extensor curto do hálux, que na
verdade é parte do extensor curto dos dedos. A parte média
do pé inclui as inserções distais dos músculos tibial anterior
e tibial posterior.
Figura 24. Músculos dorsais do pé. Fonte: Blamb/Shutterstock.com

Os músculos plantares, por sua vez, são dispostos


em cerca de quatro camadas. A camada mais superficial
é composta pelos músculos abdutor do hálux, flexor curto
dos dedos e abdutor do dedo mínimo. Depois há uma
camada formada pelos músculos quadrado plantar e
lumbricais. A 3ª camada é composta pelos músculos flexor
curto do hálux, adutor do hálux e flexor do dedo mínimo. A
camada mais profunda da planta do pé possui os músculos
interósseos plantares e interósseos dorsais.
O músculo quadrado plantar auxilia o músculo flexor
longo dos dedos na flexão dos quatro dedos laterais,
enquanto os músculos lumbricais são responsáveis pela
flexão das falanges proximais e extensão das falanges
médias e distais dos quatro dedos laterais.
O músculo adutor do hálux é provavelmente o mais
ativo durante a fase de saída do apoio na tração dos
quatro metatarsais laterais em direção ao hálux, fixação do
arco transverso do pé e resistência às forças que afastariam
as cabeças dos metatarsais quando há aplicação de peso e
força à parte anterior do pé.
O nervo tibial divide-se, posteriormente ao maléolo
medial, em nervos plantares medial e lateral. Esses nervos
suprem os músculos intrínsecos da face plantar do pé.

Figura 25. Músculos da 1ª e 2ª camadas da planta do pé. Fonte: Autoria Própria

Os músculos dorsais são inervados pelo nervo


fibular profundo e os músculos plantares são
controlados pelos nervos plantar lateral e plantar
medial.
6. VASCULARIZAÇÃO DOS
MEMBROS INFERIORES
Irrigação arterial
A irrigação arterial dos membros inferiores é derivada
principalmente das artérias ilíacas. Assim, a região glútea
é suprida pelas artérias glútea superior, glútea inferior e
artéria pudenda interna, que são derivadas das artérias
ilíacas internas. A artéria glútea inferior também participa da
nutrição arterial do compartimento posterior da coxa, porém
esse compartimento é suprido principalmente pela artéria
perfurante.
O compartimento anterior e medial da coxa recebe
sangue principalmente da artéria femoral, que é a
continuação da artéria ilíaca externa. A artéria femoral
origina a artéria femoral profunda, que é a principal artéria
da coxa e dela são emitidas artérias perfurantes, que
suprem os músculos adutor magno, vasto lateral e os
isquiotibiais.
A artéria femoral profunda também dá origem às artérias
circunflexas femorais medial e lateral, que suprem a cabeça
e colo do fêmur (artérias posteriores do retináculo) e
músculos da face lateral da coxa, respectivamente. A coxa
conta ainda com a artéria obturatória, que ajuda a femoral
profunda a suprir os músculos adutores.
A artéria femoral continua com a artéria poplítea,
que se bifurca nas artérias tibiais anterior e posterior. A
artéria tibial anterior supre os músculos anteriores da perna,
e na articulação talocrural este vaso se torna a artéria dorsal
do pé, que supre a parte anterior do pé.
A artéria tibial posterior supre os músculos posteriores
da perna. O compartimento lateral da perna é suprido por
ramos perfurantes da artéria tibial anterior e da
artéria fibular. A artéria tibial posterior também dá origem
às artérias plantar medial e plantar lateral, que irrigam a
planta dos pés, seguindo os nervos de mesmo nome.

Figura 26. Irrigação e drenagem venosa do membro inferior Fonte:


GraphicsRF.com/Shutterstock.com
Drenagem venosa
O membro inferior tem veias superficiais e profundas, que
ficam localizadas no tecido subcutâneo e na fáscia muscular
respectivamente. As duas principais veias superficiais
são a veia safena magna e safena parva. A safena
magna, que ascende anteriormente ao maléolo medial,
desemboca na veia femoral, e a safena parva, que ascende
posteriormente ao maléolo lateral, drena para a veia
poplítea. A maioria das tributárias dessas veias não tem
nome. A safena magna recebe algumas tributárias que se
comunicam com a safena parva em vários locais, as
tributárias da face medial e posterior se unem formando a
veia safena acessória, que quando presente é a principal
comunicação entre as safenas magna e parva.
Assim, a veia safena parva se origina da veia marginal
lateral e a safena magna é a continuação da veia marginal
medial, que são as veias que drenam o sangue do pé. Ao
contrário da perna e da coxa, a drenagem venosa do pé é
feita principalmente por artérias superficiais.
Há ainda veias perfurantes, que penetram a fáscia
muscular próximo ao local onde se originam as veias
superficiais e possui válvulas que permitem o fluxo
sanguíneo apenas das veias superficiais para as veias
profundas, o que é importante para o bom retorno venoso
dos membros inferiores.
As veias profundas acompanham as grandes artérias, e
essas veias acompanhantes normalmente são pares. As
veias perfurantes drenam para a veia tibial anterior do
compartimento anterior da perna. As veias plantares medial
e lateral formam as veias tibiais posteriores e as fibulares e
todas essas três (tibiais anterior e posterior e fibular) drenam
para a veia poplítea, que se torna a veia femoral. A veia
femoral também recebe sangue da veia femoral
profunda, formada por quatro veias perfurantes, e se
torna a veia ilíaca externa.
As veias glúteas drenam o sangue da região glútea e são
tributárias das veias ilíacas internas. As veias glúteas
superiores e inferiores acompanham as artérias
correspondentes e se comunicam com tributárias da veia
femoral, possibilitando o retorno venoso se a veia femoral
estiver obstruída. As veias pudendas internas acompanham
as artérias pudendas internas e se unem formando uma veia
que entra na ilíaca interna. Há ainda as veias perfurantes
que drenam o sangue do compartimento posterior da coxa
para a veia femoral profunda.
As veias ilíacas drenam para as veias ilíacas comuns
e daí para a veia cava inferior.

Drenagem linfática
O membro inferior tem vasos linfáticos superficiais e
profundos. Os vasos superficiais acompanham as veias
safenas e suas tributárias. Aqueles que acompanham a veia
safena magna terminam nos linfonodos inguinais
superficiais, cuja maior parte converge para os linfonodos
ilíacos externos, situados ao longo da veia ilíaca externa.
Outra parte dos vasos superficiais também segue para os
linfonodos inguinais profundos. Os vasos que acompanham a
veia safena parva entram nos linfonodos poplíteos, situada
em torno da veia poplítea.
Os vasos linfáticos profundos acompanham as veias
profundas e também entram nos linfonodos poplíteos e a
maior parte dessa linfa é drenada para os linfonodos
inguinais profundos, que segue até os linfonodos ilíacos
externos e chega aos troncos linfáticos lombares.
A linfa da região glútea drena para os linfonodos glúteos
superiores e inferiores e daí para os linfonodos ilíacos
internos, externos e comuns e deles para os linfonodos
laterais (aórticos/cavais) lombares. A linfa dos tecidos
superficiais dessa região entra nos linfonodos inguinais
superficiais, que também recebe linfa da coxa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOORE, L. Keith, et al. Anatomia orientada para Clínica.
7ªed. Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2014.
NETTER F. H. Atlas De Anatomia Humana – 7ª Ed. 2019.
NETTER. Netter’s clinical anatomy : 4th edition. [2019]
STANDRING, S. Gray's Anatomia. A base anatômica da
prática clínica. 40a Ed. Rio de Janeiro. Elsevier Editora Ltda,
2010.
3. ANATOMIA: TIREOIDE E
PARATIREOIDE

1. INTRODUÇÃO
O pescoço é a área do corpo humano que funciona como
uma ponte entre o crânio e o tórax, sendo composta por
fáscias, vasos, nervos, estruturas ósseas e cartilaginosas,
músculos e vísceras, sendo essas últimas o foco do nosso
estudo.
As vísceras da região cervical humana se dispõem em 3
camadas que, da porção posterior à anterior, são:

1. Camada alimentar: composta pela faringe e pelo


esôfago.
2. Camada respiratória: composta pela laringe e pela
traqueia.
3. Camada endócrina: composta pelas glândulas
tireoide e paratireoide.

As glândulas presentes na camada endócrina das vísceras


cervicais são grandes representantes do nosso sistema
endócrino, sendo a tireoide a maior glândula endócrina
do corpo humano. Tal estrutura é a responsável pela
produção dos seguintes hormônios: T3 (Triiodotironina) e
T4 (Tetraiodotironina ou Tiroxina), ambos encarregados
de regular a taxa metabólica basal, e a Calcitonina, um dos
responsáveis pela regulação do metabolismo do cálcio. Uma
característica da tireoide que revela a importância dessa
glândula no organismo é o fato de ela poder influenciar
todas as áreas do corpo, exceto o baço, os testículos, o útero
e ela própria.
As glândulas paratireoides, por sua vez, sintetizam e
liberam o Paratormônio (PTH), que, além de controlar o
metabolismo do cálcio por ação antitética (ou seja, com
efeito inverso ao da calcitonina), também regula o
metabolismo do fósforo no corpo. Diferentemente da
tireoide, as paratireoides possuem uma ação mais reduzida,
atuando no esqueleto, nos rins e no intestino (embora neste
último seja de forma indireta).

2. ASPECTOS ANATÔMICOS DA
TIREOIDE
Situada na região cervical, a tireoide “abraça” a traqueia
(localizada em posição posterior) e, por isso, em um corte
transversal, a glândula possui o mesmo formato da letra “U”
ou de uma ferradura. Desse modo, pode-se dizer que a
tireoide está localizada ântero-lateralmente em relação
à traqueia. Em sua porção superior, a tireoide possui
relação com a laringe e, em sua porção posterior, também
possui relação com o esôfago e com um importante nervo
que passa entre ela, o esôfago e a traqueia: o nervo
laríngeo recorrente.
Se liga! O nervo laríngeo recorrente, ramo
do nervo vago, é uma importante estrutura da
região cervical por exercer papel fundamental
na fala, uma vez que ele inerva quase todos os
músculos da laringe responsáveis pela fonação.
Desse modo, esse nervo deve sempre ser
notado durante a realização de qualquer
procedimento cirúrgico na região cervical.
Quando se é realizada uma tireoidectomia
(retirada parcial ou total da glândula tireoide),
por exemplo, deve-se, primeiro, identificar e,
então, preservar esse nervo, pois qualquer
lesão ao longo de seu trajeto provoca rouquidão
no paciente.

Figura 1. Vista cirúrgica de um lobo da tireoide rebatido para mostrar a


associação com o nervo laríngeo recorrente. Fonte: Casa
nayafana/Shutterstock.com

A tireoide possui relação íntima com os músculos


platisma, esternocleidomastoideo, esternotireoideo, esterno-
hióideo e omo-hióideo, no nível das vértebras CV a T1. Tais
músculos, juntamente com as fáscias cervicais superficial e
profunda, conferem proteção aos grandes vasos e às
vísceras do pescoço.
A tireoide é formada principalmente por dois lobos: o lobo
direito e o lobo esquerdo, que estão situados
anterolateralmente à laringe e à traqueia. A região central
da glândula, mais estreita, é chamada de istmo e une os
dois lobos, sendo geralmente localizado em região anterior
ao segundo e terceiro anéis traqueais.

Se liga! Centralmente, na região do istmo, a


tireoide “abraça” apenas a traqueia e,
lateralmente, nas porções dos lobos, ela abraça
tanto a traqueia quanto a laringe.

Figura 2. Vista anterior da glândula tireoide. Fonte: Vecton/Shutterstock.com


Em alguns casos (cerca de 50% dos indivíduos) há um
lobo extra na nossa glândula: o lobo piramidal. Seu
tamanho é variável e projeta-se superiormente a partir do
istmo da tireoide, normalmente inclinado mais à esquerda do
plano mediano. Há ainda casos de indivíduos cujo istmo é
completamente ausente ou incompleto. Outra
característica que também pode estar presente é a
existência de uma faixa de tecido conjuntivo do ápice do
lobo piramidal até o osso hióide. Esse lobo, a faixa de tecido
conjuntivo ou ainda, caso existam, concentrações de tecido
tireoideo acessório (se desenvolvem a partir de
remanescentes embrionários do epitélio e do tecido
conjuntivo do ducto tireoglosso).

Saiba mais! Partes do ducto tireoglosso


podem persistir e formar tecido tireoideo
acessório. Esse tecido é normalmente
encontrado no músculo tireo-hióideo e, apesar
de ser funcional, seu tamanho não é suficiente
para produzir a quantidade esperada de
hormônios tireóideanos caso a tireoide seja
removida.
Figura 3. Tecido tireóideo acessório. Fonte: Autoria Própria

Hora da revisão! A glândula tireoide é


originada de uma proeminência mediana do
assoalho da faringe, próximo à base da língua.
O local de origem para a formação dessa
saliência é o forame cego da língua e o
trajeto de migração da glândula até a sua
localização final na fase adulta é marcado pelo
ducto tireoglosso. Este último costuma
desaparecer no início do desenvolvimento,
contudo, remanescentes podem persistir
como cistos ou como conexões com o
forame cego (em uma fístula, por exemplo).
Figura 4. Persistência do ducto tireoglosso. Fonte: Autoria Própria.

A tireoide é circundada por uma cápsula fibrosa fina que


envia septos profundos ao interior da glândula, fixada à
cartilagem cricóidea e aos anéis traqueais superiores por
tecido conjuntivo denso. Externamente a essa cápsula, há
uma bainha formada pela parte visceral da lâmina pré-
traqueal da fáscia cervical, formando uma cobertura mais
geral dessa região.
Além da relação com as vias aéreas, com o tubo
digestório, com músculos e com o nervo laríngeo recorrente,
a tireoide também possui uma íntima relação com os vasos
cervicais mais calibrosos: as artérias carótidas e as veias
jugulares. Assim, uma lesão nessa víscera pode levar a um
comprometimento desses grandes vasos da região cervical,
além de uma eventual obstrução das vias aéreas.
Hora da revisão: Histologia da
tireoide Histologicamente, a glândula
tireoide é revestida por uma delgada cápsula de
tecido conjuntivo denso não modelado, a qual é
oriunda da fáscia cervical profunda. Alguns
septos emitidos por essa cápsula acabam
dividindo a tireoide em lóbulos ao mesmo
tempo em que promovem a sustentação e a
condução de vasos e nervos ao parênquima
(porção funcional) da glândula.

As unidades funcionais da tireoide são os


folículos tireoidianos, estruturas semelhantes a
cistos ou “bolhas”, nas quais, em seu lúmen, é
armazenado os produtos de secreção da
glândula (os hormônios tireoidianos). Tais
folículos são formados por um epitélio cúbico
simples que envolve um lúmen preenchido por
coloide (uma massa gelatinosa que contêm
tireoglobulina, uma glicoproteína precursora dos
hormônios tireoidianos). Na tireoide,
encontramos principalmente 2 tipos celulares:
as células foliculares (ou principais) e as células
parafoliculares (também chamadas de células
claras ou células C). As células foliculares,
aquelas que compõem os folículos tireoidianos,
são as responsáveis pela síntese de T3 e T4,
enquanto, as células parafoliculares,
encontradas isoladas ou em pequenos grupos
associados aos folículos, produzem a
calcitonina.
No corte histológico, é possível observar os
folículos tireoidianos (FT) e folículos em corte
transversal (FCT), que variam quanto ao
formato e ao acúmulo de coloide em seu lúmen.
As células foliculares em torno da região central
do folículo formam um epitélio cuboide simples,
isto é, uma única camada de células de formato
cúbico ao colunar baixo altamente associadas
entre si. Por ser uma glândula, a tireoide é
vastamente vascularizada, sendo possível
encontrar vasos sanguíneos (VS) e numerosos
capilares na extensão do tecido conjuntivo (TC)
que reveste suas unidades funcionais. Por fim,
em uma observação mais atenta, na superficial
apical (ou luminal) do epitélio folicular há
pequenas regiões não coradas (vacúolos), nos
indicando a ocorrência da reabsorção do coloide
para o interior das células foliculares, fenômeno
indispensável para a clivagem do precursor dos
hormônios tireoidianos e, consequentemente,
para a liberação de T3 e T4.

3. ASPECTOS ANATÔMICOS DAS


PARATIREOIDES
As paratireoides são 4 diminutas glândulas ovais e
achatadas situadas na face posterior da tireoide, estando
intimamente associadas a esse órgão. Dessa forma,
patologias que afetam a tireoide podem facilmente
acometer também as paratireoides, e vice-versa. Elas
dividem-se em: glândulas paratireoides superiores direita e
esquerda e glândulas paratireoides inferiores direita e
esquerda.

Figura 5. Glândulas paratireoides tópicas. Fonte: Designua/Shutterstock.com

As paratireoides superiores costumam ter um


posicionamento mais constante: aproximadamente 1 cm
acima do local de entrada das artérias tireóideas inferiores
na tireoide e ao nível da margem inferior da cartilagem
cricoide. Já as inferiores têm sua posição habitual próxima
aos polos inferiores da tireoide, aproximadamente 1 cm
abaixo daquele ponto de entrada arterial (mas também
podem ocupar outros sítios). Cerca de 1 a 5% das pessoas
têm uma glândula paratireoide inferior localizada
profundamente no mediastino superior.
Se liga! Apesar de a maioria das
pessoas possuir 4 paratireoides, é possível
que um indivíduo apresente um número de
glândulas maior do que esse, assim como
também existem pessoas que possuem apenas
2 glândulas paratireoides.

Hora da revisão: Histologia das


glândulas paratireoides Assim como
ocorre na tireoide, extensões da cápsula de
tecido conjuntivo denso não modelado
penetram o seu parênquima (porção funcional),
formando septos que o sustentam e permitindo
a entrada da vasos sanguíneos, linfáticos e
nervos na glândula.

Diferentemente da tireoide (que organiza suas


células de modo folicular), as paratireoides
possuem seu parênquima organizado de
forma cordonal, isto é, semelhante a um
cordão. O tecido conjuntivo na paratireoide
costuma ter uma abundante presença de
células adiposas, podendo chegar a ocupar
cerca de 60% do estroma (tecido de
sustentação) da glândula em idosos.

Nas paratireoides, encontramos 2 tipos


celulares: as células principais e as células
oxífilas. As células principais são as
responsáveis pela síntese do
paratormônio, logo, representam as células
funcionais da glândula. As células oxífilas, por
sua vez, ainda não têm sua função bem
definida, mas acredita-se que elas
correspondam a uma fase inativa das células
principais.

No corte histológico, é válido notar a presença


dos vasos sanguíneos (VS) associados às
trabéculas (septos) de tecido conjuntivo que
penetram no parênquima da glândula, o qual
assume conformação similar a de cordões ou
folhetos de células separados entre si por esses
septos do tecido conjuntivo. As células
principais (CP) são as que se apresentam em
maior número na glândula, sendo
caracterizadas por um núcleo esférico basófilo
circundado por um delgado citoplasma. Em
menor número, as células oxífilas (CO)
caracterizam-se por serem notoriamente
maiores que as células principais, contudo,
possuem núcleos levemente menores e de
coloração mais intensa, além de um citoplasma
mais amplo e demarcadamente eosinófilos, o
que nos permite aferir com certa precisão o
limite entre essas células. Por fim, devemos
notar a presença de adipócitos (a) nesse recorte
da glândula.

4. VASCULARIZAÇÃO E
INERVAÇÃO DA TIREOIDE E DA
PARATIREOIDE
Tendo em vista que a tireoide é o maior órgão
endócrino do organismo, além do fato de os hormônios
produzidos por ela terem grande participação no
metabolismo do corpo, entende-se que essa glândula
necessita de uma extensa vascularização. A tireoide
depende de grande aporte sanguíneo para levar oxigênio e
nutrientes às suas células e, mais especialmente,
necessitará de uma vasta drenagem venosa para liberar
suas secreções (hormônios) para a corrente sanguínea.
Por estarem intimamente conectadas, as glândulas
tireoide e paratireoides terão irrigação arterial,
drenagem venosa, drenagem linfática e inervação
relativamente comuns entre si.

Irrigação arterial e da tireoide e


paratireoide
A tireoide, por ser um órgão endócrino, é altamente
vascularizada e, por isso, receberá vasos de diferentes
regiões do pescoço. Os vasos mais relevantes para a sua
irrigação arterial são as artérias tireóideas superiores
e as artérias tireóideas inferiores, que estão localizados
entre a cápsula fibrosa da tireoide e a bainha fascial frouxa
que a reveste.
As artérias tireóideas superiores esquerda e direita
constituem os primeiros ramos das artérias carótidas
externas que, por sua vez, são ramos das artérias carótidas
comuns. As artérias tireóideas superiores apresentam um
trajeto descendente após a sua formação, em direção aos
polos superiores da glândula. Tais artérias perfuram a lâmina
pré-traqueal da fáscia cervical e dividem-se em ramos
anterior e posterior, que vão suprir, majoritariamente, a
face anterossuperior da tireoide.

Hora da revisão! No trajeto do arco da


aorta, ramificações são emitidas: o tronco
braquiocefálico, para a direita, e a artéria
carótida comum e a artéria subclávia, para
a esquerda. Tais ramificações do arco da aorta
representam os vasos que vão distribuir
sangue para a cabeça e membros
superiores. Na direita, o tronco braquiocefálico
termina se ramificando em artéria subclávia
direita e artéria carótida comum direita, ao nível
da articulação esternoclavicular. Tanto a artéria
carótida comum direita quanto a esquerda, a
partir daí, ascendem em direção ao crânio,
onde, no nível da margem superior da
cartilagem tireóidea da laringe (articulação C3-
C4), bifurcam-se em artérias carótidas internas
e externas. A artéria carótida interna ascende
de forma íntegra ao crânio, onde promove a
irrigação arterial das estruturas dessa área. Já a
artéria carótida externa, tão logo à sua
formação, emite diversos ramos para fazer a
nutrição arterial tanto de vísceras da região
cervical quanto de estruturas da face.

As artérias tireóideas inferiores, por sua vez, são os


maiores ramos do tronco tireocervical. Tal tronco,
originário da artéria subclávia (tanto esquerda como direita),
emite vasos que vão realizar tanto a vascularização de áreas
da região cervical quanto de áreas do ombro e próximas ao
músculo trapézio, à clavícula e às regiões supraclavicular e
supraespinhal da escápula.
As artérias tireóideas inferiores, após a sua formação,
seguem superomedialmente e posteriormente às bainhas
carótidas até atingirem a face posterior da tireoide. Tais
artérias também se dividem em vários ramos, os quais vão
perfurar a lâmina pré-traqueal da fáscia cervical e vão
irrigar a face posteroinferior da glândula,
especialmente os polos inferiores dela.
Como as artérias tireóideas inferiores suprem,
primariamente, a face posterior da tireoide, as glândulas
paratireoides, localizadas nessa região, são nutridas
principalmente por ramos dessas artérias. Contudo, as
paratireoides também podem ser supridas por ramos das
artérias tireóideas superiores, pela artéria tireóidea ima ou
pelas artérias laríngeas, traqueais e esofágicas.

Figura 6. Irrigação arterial da tireoide e paratireoide. Fonte:


udaix/Shutterstock.com

Um vaso que está presente em cerca de 10% das pessoas


é a artéria ima, uma pequena artéria ímpar que pode ser
oriunda do tronco braquiocefálico (união entre a artéria
subclávia e a artéria carótida comum no lado direito), do
arco da aorta ou das artérias carótida comum direita,
subclávia ou torácica interna. Essa artéria ima,
normalmente, ascende pela face anterior da traqueia,
emitindo pequenos ramos para ela durante esse trajeto e
prossegue até o istmo da tireoide, onde se divide para
irrigá-la. Apesar de estar presente em apenas 10% das
pessoas, essa artéria não deve ser subestimada! Sua
existência deve sempre ser considerada na realização
de qualquer procedimento na região cervical.
Um fato que deve ser notado é que tanto as artérias
tireóideas superiores quanto as inferiores emitem ramos
para outras estruturas, mas, em relação à tireoide e à
paratireoide, elas representam os vasos mais importantes da
irrigação arterial.
Se liga! É preciso destacar que essas
artérias realizam extensas anastomoses dentro
da tireoide, garantindo uma vascularização
efetiva dentro desse órgão, ao mesmo tempo
em que proporcionam uma potencial circulação
colateral entre as artérias subclávias e a
carótida externa.
Drenagem venosa da tireoide e da
paratireoide
A drenagem venosa da tireoide é realizada por 3 pares de
veias que formam um plexo venoso tireóideo na face
anterior da glândula.

Figura 7. Drenagem venosa da tireoide. Fonte: lotan/Shutterstock.com

As veias tireóideas superiores acompanham as artérias


tireóideas superiores em seu trajeto e drenam o sangue
advindo dos polos superiores da tireoide para a veia jugular
interna. As veias tireóideas médias, por sua vez, não
acompanham as artérias, mas, em compensação, seguem
trajetos praticamente paralelos às artérias tireóideas
inferiores. Elas drenam o sangue da região intermédia dos
lobos também para a veia jugular interna.
Por fim, as veias tireóideas inferiores, que,
normalmente, têm trajeto independente, drenam o sangue
dos polos inferiores da glândula, diretamente, para as veias
braquiocefálicas, diferente das veias superiores e médias,
que drenam para a veia jugular interna.
Hora da revisão: A veia braquiocefálica
é formada pela união entre a veia jugular
interna (que drena o sangue vindo da cabeça)
e a veia subclávia (que drena o sangue vindo
dos membros superiores) em ambos os lados do
corpo. A união entre as veias braquiocefálicas
direita e esquerda, no nível da margem inferior
da 1ª cartilagem costal direita, origina a veia
cava superior, que irá conduzir o sangue de
todas as estruturas superiores ao diafragma
(exceto os pulmões e o miocárdio) até o átrio
direito do coração.
Quanto às glândulas paratireoides, a drenagem venosa é
realizada pelas veias paratireoides que conduzem o sangue
até o plexo venoso tireoideo. Do plexo venoso, o sangue
vindo das paratireoides alcança as veias jugulares internas
e/ou as veias braquiocefálicas e, então, é conduzido à veia
cava superior e ao coração.

Drenagem linfática da tireoide e da


paratireoide
Existe uma extensa rede de linfonodos e vasos linfáticos
extremamente exuberante e ramificada na região cervical,
tanto superficial quanto profunda. Os vasos linfáticos da
tireoide seguem em seu tecido conjuntivo interlobular,
normalmente próximo às artérias, e se comunicam com a
rede capsular de vasos linfáticos. A partir desse ponto, esses
vasos se dirigem, primeiramente, aos linfonodos pré-
laríngeos, pré-traqueais e paratraqueais.
Os linfonodos pré-laríngeos drenam a linfa para os
linfonodos cervicais profundos superiores, enquanto os
linfonodos pré-traqueais e paratraqueais drenam para
os linfonodos cervicais profundos inferiores. Os linfonodos
cervicais profundos são mais laterais e encontram-se
próximos aos grandes vasos do pescoço.
Lateralmente, alguns vasos linfáticos que estão situados
ao longo das veias tireóideas superiores acabam drenando
diretamente para os linfonodos cervicais profundos
inferiores. Além disso, alguns vasos linfáticos podem drenar
diretamente para os linfonodos braquiocefálicos ou para o
ducto torácico.
Retomando a arquitetura do pescoço, a tireoide, traqueia
e esôfago estão localizados na porção mais anterior e central
da região cervical, enquanto os grandes vasos (artérias
carótidas e veias jugulares internas) são estruturas mais
laterais e posteriores. Os linfonodos cervicais, por sua vez,
também se encontram nesta área, acompanhando os
grandes vasos, e recebem vasos linfáticos de outros locais
das regiões cervical e craniana. Por fim, toda a linfa captada
no lado esquerdo do corpo é direcionada ao ducto torácico e
toda a linfa captada no lado direito é encaminhado ou
diretamente para a veia braquiocefálica ou para o ducto
linfático direito para, então, chegar à veia braquiocefálica.
Todos os vasos linfáticos da cabeça e do pescoço drenam,
direta ou indiretamente, para os linfonodos cervicais
profundos, uma cadeia de linfonodos que está situada ao
longo da veia jugular interna na região cervical. A linfa
proveniente desses linfonodos é drenada até o tronco
linfático jugular, que vai se unir ao ducto torácico (o qual
desemboca próximo à união das veias jugular interna e
subclávia esquerdas) quando vier do lado esquerdo do corpo
e, quando for oriundo do lado direito, pode entrar
diretamente na região de junção entre as veias jugular
interna e subclávia direitas ou indiretamente, através de um
curto ducto linfático direito. Independentemente da forma de
entrada, toda a linfa da cabeça e do pescoço acaba
sendo drenada para o sistema venoso, próximo ou
diretamente nas veias braquiocefálicas.
Os vasos linfáticos das paratireoides vão drenar essas
glândulas juntamente aos vasos linfáticos da tireoide para os
linfonodos paratraqueais ou diretamente para os linfonodos
cervicais profundos.

Inervação da tireoide e da
paratireoide
As glândulas tireoide e paratireoide sofrem uma
modulação neuro-hormonal muito significativa em seu
funcionamento corriqueiro. Por meio de mecanismos de
feedback, os níveis hormonais (de TSH, T3, T4, calcitonina e
paratormônio) e de eletrólitos (como o cálcio e o iodo) no
sangue vão fazer um controle mais apurado da produção e
da liberação dos hormônios tireoidianos e paratireoidianos.
No entanto, há também uma interação nervosa que
apresenta grande relevância para o funcionamento
fisiológico dessas glândulas.
Os nervos da tireoide são derivados dos gânglios
cervicais superiores, médios e inferiores, os quais são
gânglios simpáticos que recebem nervos advindos tanto
da coluna vertebral quanto da divisão suprassegmentar do
sistema nervoso central. O gânglio cervical inferior é um
gânglio simpático formado na maioria das vezes em fusão
com o primeiro gânglio torácico, sendo assim, também é
chamado de gânglio cervicotorácico ou gânglio estrelado.
Essa inervação chega à glândula através dos plexos cardíaco
e periarteriais tireóideos superior e inferior, os quais
acompanham as artérias tireóideas em seu trajeto. Vale
ressaltar que essas fibras são VASOMOTORAS e, por isso,
elas não induzem ou inibem diretamente a secreção da
glândula, mas promovem a constrição dos vasos sanguíneos
que a vascularizam. A secreção endócrina da tireoide é
controlada hormonalmente por meio das alças de
feedback.
A inervação das glândulas paratireoides é vasta,
sendo derivada dos ramos tireóideos dos gânglios cervicais
(simpáticos). Portanto, assim como ocorre na tireoide, essa
inervação é vasomotora, e não secretomotora. A
secreção endócrina da paratireoide também é controlada
hormonalmente por meio das alças de feedback.

Se liga! A tireoide recebe fibras importantes


do nervo vago (X par craniano).

Figura 8. Inervação da região cervical. Fonte: lotan/Shutterstock.com

5. FISIOLOGIA DA TIREOIDE
A tireoide é um órgão folicular – seus folículos possuem
uma área central preenchida por coloide e são
revestidos por células foliculares que delimitam esse
conteúdo coloidal. Os vasos sanguíneos de menor calibre
que penetram no parênquima da tireoide passam por entre
os folículos.

Figura 9. Imagem ilustrativa do aspecto histológico da tireoide. Fonte:


Sakurra/Shutterstock.com

O T3 é o hormônio de fato biologicamente ativo, mas a


maior parte da secreção tireoidiana é composta de T4. A
tireoide libera mais tiroxina pois, uma vez lançado no
organismo, esse hormônio só será captado e convertido em
T3, a depender da necessidade metabólica momentânea de
determinado tecido. Assim, se o tecido muscular está mais
ativo e precisa de mais T3 que o tecido nervoso, por
exemplo, a captação de T4 será maior pelas células
musculares, havendo conversão de T4 em T3 em seu
interior. A liberação de T3 no organismo em maior
quantidade que T4 faria com que todos os tecidos que
entrassem em contato com o hormônio fossem estimulados,
alterando a homeostase do metabolismo de uma forma
geral.
Os efeitos de T3 e T4 no organismo são múltiplos, mas,
de forma geral, aumentam a taxa metabólica basal dos
tecidos. Isso significa que o consumo de oxigênio e
nutrientes é mais elevado (o que leva a efeitos respiratórios,
cardiovasculares e metabólicos associados), a produção de
calor aumenta, o desenvolvimento dos tecidos é fomentado
(logo, tecidos relacionados ao crescimento, como ossos,
cartilagens e colágeno, são estimulados), dentre outros.
A calcitonina é um hormônio produzido pelas células
parafoliculares (também chamadas de “células C”) da
tireoide, que têm como função principal a formação óssea
(deposição de cálcio no osso). Como ela atua removendo
cálcio do sangue para mineralizar os ossos, pode-se dizer
que ela atua reduzindo a calcemia (hormônio
hipocalcemiante) – por isso, fica claro entender que um dos
estímulos mais fortes para sua secreção são os altos níveis
de cálcio sérico. Sua atuação também envolve o bloqueio da
atuação do paratormônio (hormônio que aumenta a
reabsorção de cálcio, aumentando sua concentração no
sangue) e dos osteoclastos.

6. FISIOLOGIA DA PARATIREOIDE
A paratireoide é secretora de um dos principais hormônios
relacionados ao metabolismo do cálcio – o paratormônio
(PTH). Ele é responsável (principalmente) pelo aumento da
concentração de cálcio no sangue – por isso, pode-se dizer
que ele aumenta a calcemia. Além disso, o PTH é essencial
na produção de vitamina D por atuar em uma de suas
etapas de conversão, o que também interfere no
metabolismo do cálcio, pois essa vitamina tem como uma de
suas funções o aumento da absorção intestinal desse íon.
Saiba mais! A deficiência de Vitamina
D no organismo pode dar origem a raquitismo
e osteomalácia. Ambas são doenças
caracterizadas pelo defeito de mineralização
dos ossos.

O PTH é secretado pelas células principais da paratireoide,


e sua secreção é regulada principalmente pela concentração
de cálcio sérico.
O PTH age em 3 frentes diferentes para aumentar a
concentração de cálcio no sangue:

• Promove reabsorção óssea por meio da


ativação de osteoclastos: o PTH não possui
receptores para os osteoclastos, apenas para os
osteoblastos. Os osteoblastos, quando ativados,
sinalizam para os osteoclastos que, então, passam a
realizar reabsorção.

• Aumenta reabsorção de cálcio nos rins:


através da troca de cálcio por fosfato, o PTH não
apenas aumenta a calcemia como também
reduz a fosfatemia.

• Aumenta ativação da Vitamina D: o PTH atua


em uma das etapas de síntese da vitamina D e
estimula sua ativação, o que se caracteriza como
uma ação indireta do hormônio no aumento da
absorção de cálcio pelo trato gastrointestinal
(mais especificamente, pelo intestino)

7. CORRELAÇÕES CLÍNICAS

Hipertireoidismo
O hipertireoidismo é uma doença que resulta da
hiperatividade da tireoide, o que resulta em uma taxa
anormalmente alta de secreção de hormônios
tireoidianos. Com isso, seus efeitos no organismo se
tornam exacerbados, dando origem a uma série de sintomas
relacionados ao aumento patológico da taxa metabólica
basal, como: nervosismo, ansiedade, irritação, intolerância a
temperaturas quentes, tremor e suor nas mãos, insônia,
perda de peso, dentre outros.
O hipertireoidismo pode ser decorrente de doenças na
própria tireoide (hipertireoidismo primário) ou de
doenças na hipófise, como tumores produtores de TSH
(hipertireoidismo secundário). Uma forma de determinar
o tipo de hipertireoidismo é através da dosagem de TSH: no
caso da doença primária, a produção de T3 e T4 passa a
ser independente da regulação do hormônio tireotrófico, e as
taxas elevadas de hormônios tireoidianos realizam feedback
negativo intenso na hipófise (baixos níveis de TSH). Já no
caso da doença secundária, o tumor na hipófise faz com
que as células produtoras de TSH fiquem irresponsivas ao
feedback negativo dos hormônios tireoidianos,
hiperestimulando a tireoide de forma contínua (altos níveis
de TSH).

Se liga! Nem sempre hipertireoidismo


está associado a bócio, depende da causa da
patologia.

Hipotireoidismo
O hipotireoidismo é uma doença que resulta da
hipoatividade da tireoide, o que resulta em uma taxa
anormalmente baixa de secreção de hormônios tireoidianos.
Com isso, o organismo sofre os efeitos da falta desses
hormônios, dando origem a uma série de sintomas
relacionados à diminuição patológica da taxa metabólica
basal, como: depressão, cansaço excessivo, falhas na
memória, perda de atenção, intestino preso, pele seca e
opaca, queda de cabelo, ganho de peso, aumento de
colesterol no sangue, dentre outros.
Assim como no hipertireoidismo, o hipotireoidismo pode
ser decorrente de doenças na própria tireoide
(hipotireoidismo primário) ou de doenças na hipófise
(hipotireoidismo secundário). Uma forma de determinar o
tipo de hipotireoidismo é através da dosagem de TSH: no
caso da doença primária, a produção de T3 e T4 fica
comprometida por problemas na tireoide,
independentemente dos níveis de TSH. Por isso, a baixa
quantidade de hormônios tireoidianos circulantes estimula a
hipófise de forma contínua, o que acarreta altas taxas de
TSH no organismo. Já no caso da doença secundária, há
deficiência na produção de TSH em quantidades normais
mesmo com baixo feedback negativo (baixos níveis de TSH),
o que faz com que a tireoide não seja estimulada o suficiente
para produzir e secretar os níveis fisiológicos de hormônios
tireoidianos.
HIPERTIREOIDISMO HIPOTIREOIDISMO

Nervosismo,
Depressão
Irritação

Insônia Fadiga

Sudorese em Mãos Pele Seca

Perda de Peso Ganho de Peso

Intolerância ao
Intolerância ao Frio
Calor

Intestino Solto Intestino Preso


Fraqueza Muscular Aumento do
Colesterol

Tabela 1. Hipertireoidismo e hipotireoidismo.

Hiperparatireoidismo
O hiperparatireoidismo é uma doença que
apresenta altas taxas de secreção de paratormônio,
situação patológica que decorre de tumores produtores de
PTH ou de hiperplasias que acometem mais de uma das
paratireoides. Dessa forma, a sintomatologia da doença está
diretamente relacionada a efeitos intensificados da atividade
do paratormônio, dando origem principalmente a
hipercalcemia e hipofosfatemia.
Como uma das principais ações do PTH é a reabsorção
óssea, no hiperparatireoidismo os ossos passam a
apresentar grandes áreas de reabsorção excessiva em
seu interior descritas como “tumores marrons” (áreas
de proliferação de osteoclastos e macrófagos). No entanto,
enquanto determinadas áreas diminuem sua densidade de
osso, outras passam a formá-lo de maneira exacerbada,
dando origem às chamadas calcificações metastáticas.
Nesses casos, a calcitonina (hormônio de ação antagônica
ao PTH) está tão alta, que algumas regiões começam a
mineralizar osso de forma descontrolada. Mesmo assim,
no balanço geral, o que acontece é a redução significativa da
mineralização óssea.
Se liga! Em radiografias, o osso aparece com
muitas áreas mais apagadas devido à
diminuição de densidade óssea nessas regiões.

Hipoparatireoidismo
O hipoparatireoidismo é uma doença que apresenta baixas
taxas de secreção de paratormônio. Essa doença não
apresenta manifestações clínicas facilmente identificáveis,
mas o sintoma principal é a hipocalcemia. A diminuição
patológica na concentração de cálcio no organismo dá
origem a certos problemas relacionados diretamente ao
balanço sanguíneo desse íon, como a tetania (espasmos
musculares fortes decorrentes de instabilidades na
despolarização – geração de potenciais de ação
anômalos).

Cistos e tireoide ectópica


Os cistos remanescentes do epitélio embrionário podem
ser formados ao longo do trajeto do ducto tireoglosso,
situando-se normalmente no pescoço. Muitas vezes, esses
cistos formam uma protrusão na parede anterior do pescoço
e a excisão cirúrgica faz-se necessária. No entanto, é
importante diferenciar os cistos das glândulas
tireoides ectópicas, que são tecidos glandulares funcionais.
Muitas vezes, a tireoide ectópica é o único tecido tireoideo
presente e, por isso, deve ser corretamente diferenciado de
um cisto para evitar tireoidectomias por engano.

Bócio
O aumento patológico da tireoide não decorrente de
processos neoplásicos ou patológicos chama-se “bócio”.
Existem dois tipos principais de bócio: o multinodular, de
fator genético, mas com causa desconhecida, e o
endêmico, causado pela carência de iodo no organismo.
Essa falta de iodo no organismo é, muitas vezes, decorrente
de dieta não balanceada com baixa ingestão do eletrólito –
por isso, essa condição é mais comum em regiões
específicas do mundo (embora não restritas a elas). No
Brasil, de forma a prevenir a incidência de bócio endêmico
na população, o iodo é adicionado ao sal antes de ser
comercializado.
Esse aumento na glândula pode comprimir a traqueia, o
esôfago e os nervos laríngeos recorrentes, e é impedida de
migrar em sentido superior em razão das fixações superiores
dos músculos esternotireoideo e esterno-hióideo. Em sentido
inferior, embora menos comum de acontecer, a glândula
pode projetar-se para baixo do esterno (extensão
subesternal – bócio “mergulhante”).

Tireoidectomia
A remoção da tireoide pode se dar de forma parcial
(hemitireoidectomia) ou total (tireoidectomia). Em casos
mais graves de hipertireoidismo cujo tratamento requer
cirurgia, a parte posterior de cada lobo da glândula é
preservada para manter as glândulas paratireoides e os
nervos laríngeos recorrentes direito e esquerdo a salvo de
secção.
Hemorragias pós-operatórias após cirurgias na tireoide
podem comprimir a traqueia e dificultar a respiração, dado o
acúmulo de sangue na cápsula fibrosa deste órgão.

Traqueostomia
A traqueostomia consiste em uma incisão transversal
da pele do pescoço e da parede anterior da traqueia,
estabelecendo uma via respiratória alternativa para
pacientes com obstrução das vias superiores ou com
insuficiência respiratória. Nesses procedimentos, o istmo da
tireoide é dividido ou empurrado superiormente de
forma a abrir espaço para a realização da perfuração na
traqueia e posterior introdução de um tubo especial.

Figura 10. Relação anatômica do tubo de traqueostomia. Fonte:


Blamb/Shutterstock.com
Remoção acidental das
paratireoides
A posição variável das paratireoides no pescoço
(principalmente no caso das inferiores, as quais podem
chegar até ao mediastino superior) aumenta enormemente o
risco de lesão acidental ou excisão em casos de cirurgias no
pescoço.
A remoção cirúrgica acidental completa de todas as
glândulas paratireoides interfere diretamente no
metabolismo do cálcio e, consequentemente, em sua
concentração sanguínea. Essa condição dá origem a
problemas neuromusculares graves como a tetania
(síndrome neurológica que desencadeia espasmos
musculares e cãibras). Quando esses espasmos passam
a acometer músculos respiratórios ou da laringe, o
quadro pode evoluir a óbito se o paciente não for tratado
a tempo.
Para evitar secção ou excisão cirúrgica acidental das
glândulas paratireoides em operações mais agressivas da
tireoide (como em casos de remoção completa da glândula),
muitos cirurgiões as isolam cuidadosamente (juntamente
com seu suporte sanguíneo) antes de começar o
procedimento da tireoidectomia. Em alguns casos especiais
de cirurgia e radioterapia subsequente, as paratireoides são
removidas do pescoço e transplantadas integralmente para
outra região do corpo (normalmente os braços).

8. EXAMES DE IMAGEM
No cotidiano médico, a fim de visualizar as glândulas
tireoide e paratireoide para identificar a existência (ou
não) de alguma situação patológica sem que seja necessário
a realização de procedimentos invasivos no paciente,
podemos fazer uso de alguns exames de imagem.

Tendo em vista que esses exames não nos fornecem


fotografias tão esclarecidas quanto aquelas presentes nos
atlas, é de suma importância direcionar um espaço do nosso
estudo para elas, sempre tentando correlacionar as
estruturas anatômicas que conhecemos às imagens obtidas
nesses exames.
De modo a recapitular a arquitetura das estruturas
anatômicas, é válido analisar calmamente a imagem abaixo,
na qual é passível de ser observado, em uma posição mais
ventral, a glândula tireoide abraçando a traqueia e o
esôfago, localizados mais posteriormente em relação a ela.
Entre a tireoide, a traqueia e o esôfago, é possível observar
um pequeno ponto amarelo, que representa o nervo laríngeo
recorrente. Ainda nessa imagem, é válido destacar a
presença dos grandes vasos cervicais (a artéria carótida
comum e a veia jugular interna), localizados mais
lateralmente à face posterior da glândula. Por fim, é de suma
importância reconhecer a musculatura que envolve essas
estruturas viscerais da região cervical.

Ultrassonografia
A ultrassonografia é um exame muito comum para o
estudo das vísceras abdominais e pélvicas, mas ela também
pode ser feita na região cervical, onde será possível
visualizar os órgãos endócrinos. Esse exame possui uma
acurácia de imagem muito boa, principalmente, na
visualização de lesões císticas (nódulos) da tireoide.
As paratireoides não são glândulas de fácil visualização,
mesmo em peças anatômicas – por isso, em exames de
imagem a situação não é diferente. Tanto na tomografia
quanto no ultrassom é difícil conseguir uma boa visão dessas
glândulas, exceto nos casos em que ela está aumentada de
tamanho ou com uma vascularização também expandida,
seja por lesão ou tumor.
A tireoide, por sua vez, apresenta uma acurácia de
imagem significativa, sendo facilmente identificada no
ultrassom. É importante notarmos como as imagens de atlas
se correlacionam com a realidade: a tireoide forma algo
parecido com uma ferradura, abraçando a traqueia
centralmente. Na imagem abaixo, é possível identificar
muito bem os lobos e o istmo da glândula, além de ser
viável mensurar o seu tamanho, identificar a existência de
alguma alteração em seu parênquima e perceber se há
alguma lesão.

Figura 11. Visão anatômica e radiológica do corte transversal da


glândula. Fonte: rumruay/Shutterstock.com

Não obstante, também em uma ultrassonografia cervical,


é factível identificarmos os grandes vasos: a artéria
carótida (mais centralmente) e a veia jugular interna
(mais lateralmente).

Cintilografia
A cintilografia representa um método de diagnóstico por
imagem da medicina nuclear que se utiliza de substância
radioativas (radiofármacos) para analisar o funcionamento e
a presença de lesões em determinados órgãos do corpo
humano. Tal exame é altamente dependente da afinidade
do órgão de interesse ao radiofármaco escolhido.
Assim, para que seja realizada uma cintilografia,
radiofármacos específicos são inseridos na corrente
sanguínea e, então, pelas propriedades físico-químicas
semelhantes às de medicamentos, são transportados e
metabolizados por determinado órgão-alvo. Por suas
propriedades radioativas, tais substâncias emitem um tipo
de radiação eletromagnética (normalmente a gama), a qual
é captada pela câmara de cintilação.

Relembrando: Na cintilografia, a radiação


emitida interage com o detector do aparelho de
cintilografia, produzindo uma cintilação
(emissão de luz) que é convertida em sinal
elétrico e interpretada pelo aparelho, o que
culmina com a geração de uma imagem
funcional.

Nesse exame, as características do órgão-alvo que podem


ser analisadas são: a localização e morfologia do tecido que
está emitindo radiação (que está cintilando) e a
funcionalidade do órgão pela intensidade da luz que está
sendo emitida.
Tendo em vista que, para a síntese dos hormônios
tireoidianos (T3 e T4), a tireoide utiliza, além de
aminoácidos, uma quantidade substancial de iodo
advinda da circulação sanguínea, a cintilografia torna-se um
exame viável para análise dessa glândula, haja vista que é
possível injetar no sangue uma variável radioativa dessa
substância.
Por meio desse exame, então, é possível localizar a
glândula na região cervical e, ao visualizarmos a sua
cintilação, podemos avaliar a sua morfologia (identificando
se há alguma alteração em seu tamanho ou se há a
presença de lesão no parênquima) e suspeitar de qualquer
modificação funcional. Dessa forma, se o radiofármaco
utilizado for o iodo, será possível inferir que, em uma
situação de baixa captação da substância, há um
quadro de hipotireoidismo. De forma análoga, em
situações de captação demasiada do iodo, pode-se inferir
que o paciente apresenta um quadro de hipertireoidismo.

Saiba mais! Atualmente, uma outra


substância é mais utilizada do que o iodo
radioativo: o Tecnécio 99m. Esse radiofármaco
possui uma alta captação pela tireoide, o que
produz imagens de boa qualidade, além de
emitir doses de radiação menores que o Iodo.
Por isso, essa é a substância mais utilizada em
cintilografias atuais.

Ê
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de Janeiro: Elsevier, 2017.
Ross MH, Pawlina W. Ross Histologia texto e atlas –
correlações com Biologia Celular e Molecular. 7 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
Hipotireoidismo. Acesso em: 29 abr. 2020.
Hipertireoidismo. Acesso em: 29 abr. 2020.
04. ANATOMIA DO TIMO E DAS
GLÂNDULAS SUPRARRENAIS

ANATOMIA DAS GLÂNDULAS


SUPRARRENAIS

1. DEFINIÇÃO
As glândulas suprarrenais podem ser chamadas também
de glândulas adrenais. Apesar de sua localização próxima
aos rins ser evidenciada no próprio nome, as glândulas
suprarrenais são parte do sistema endócrino, possuindo
função complemente separada da função renal.
Figura 1. Glândulas adrenais em suas posições: superiores aos respectivos rins.
Fonte: Double Brain/Shutterstock.com

2. LOCALIZAÇÃO
As glândulas suprarrenais são duas, direita e esquerda, e,
como o nome revela, estão situadas superiormente aos rins.
Mais exatamente, localizam-se entre o diafragma e as faces
superomediais dos rins.
Elas são revestidas pela fáscia renal, que,
superiormente, é contínua com a fáscia diafragmática. Dessa
forma, a fixação principal de tais glândulas consiste
nos pilares diafragmáticos e não nos rins, como é comum
imaginar. As glândulas são, inclusive, separadas dos rins por
um fino septo formado por parte da fáscia renal.

Se liga! No transplante renal, a existência


do fraco septo de fáscia renal que separa o rim
da glândula suprarrenal permite que, em
transplantes renais, o rim do doador seja
removido sem lesão à glândula.

3. REVESTIMENTO
As adrenais, juntamente com os rins, são circundadas por
uma cápsula adiposa (gordura perirrenal) que, por sua vez, é
revestida (exceto inferiormente) por uma camada
membranácea e condensada de fáscia renal. Além disso,
ainda há uma cobertura pelo corpo adiposo pararrenal
(gordura pararrenal). Todas essas estruturas contribuem
para a posição relativamente fixa dos rins e das glândulas
suprarrenais.

4. DIVISÃO FUNCIONAL
Cada glândula suprarrenal tem duas partes: o córtex e a
medula. Essas partes têm diferentes origens embriológicas e
diferentes funções.

Córtex suprarrenal
Essa parte deriva do mesoderma e é responsável pela
secreção de corticosteroides e androgênios. Esses
hormônios causam retenção renal de sódio e água em
resposta ao estresse, aumentando o volume sanguíneo e a
pressão arterial.

Medula suprarrenal
A medula suprarrenal tem origem nervosa, sendo derivada
das células da crista neural associadas à divisão
simpática do sistema nervoso. Possui células cromafins, que
secretam catecolaminas (noradrenalina e, principalmente,
adrenalina) para a corrente sanguínea em resposta a sinais
neuronais. Essas substâncias, por sua vez, ativam o corpo
para uma resposta de fuga ou luta ao estresse traumático,
aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial,
dilatando os bronquíolos e modificando os padrões de fluxo
sanguíneo.

Figura 2. Corte transversal de glândula suprarrenal, evidenciando suas divisões.


Fonte: Shanvood/Shutterstock.com

5. FORMATO
As glândulas suprarrenais, de cor amarelada em pessoas
vivas, se apresentam de diferentes formas do lado direito e
esquerdo. A glândula direita possui formato piramidal, é
menor e tem posição mais apical no rim direito. Já a glândula
adrenal esquerda possui formato semilunar, é a maior das
duas e é medial à metade superior do rim esquerdo.
Cada uma possui um hilo, pelo qual saem da glândula
somente as veias e os vasos linfáticos. As artérias e os
nervos entram nas glândulas por diversos locais.
Tabela 1. Comparação entre as glândulas suprarrenais direita e esquerda.

6. RELAÇÕES COM OUTROS


ÓRGÃOS E ESTRUTURAS
Anteriormente à glândula suprarrenal direita estão parte
do lobo hepático direito e a veia cava inferior.
Anteriormente à glândula esquerda encontram-se parte do
estômago, o pâncreas e o baço, ocasionalmente.
Posteriormente, ambas as glândulas relacionam-se com o
pilar diafragmático de seu respectivo lado.
Há, aproximadamente, de 4 a 5 cm de distância entre as
margens mediais das glândulas suprarrenais direita e
esquerda. Nessa área entre elas encontramos, da direita
para a esquerda, a veia cava inferior, o pilar direito do
diafragma, o gânglio celíaco, o tronco celíaco, a artéria
mesentérica superior e o pilar esquerdo do diafragma.
7. IRRIGAÇÃO ARTERIAL
Devido à sua função endócrina, o suprimento arterial
para as glândulas suprarrenais é abundante. Para isso, as
artérias suprarrenais se ramificam livremente antes de
entrarem, fazendo com que aproximadamente 50 ou 60
artérias adentrem cada uma das duas glândulas em
múltiplos pontos de sua superfície, após penetrarem
pela cápsula.
As artérias suprarrenais têm 3 origens principais, segundo
as quais são classificadas em superiores, médias e inferiores,
conforme descrito a seguir.
Figura 3. Suprimento arterial para as glândulas suprarrenais. Fonte:
VectorMine/Shutterstock.com

8. DRENAGEM VENOSA
Em contrapartida ao suprimento arterial múltiplo, a
drenagem venosa consiste, de cada lado, em uma única
veia que deixa o hilo de cada glândula, a veia
suprarrenal. A veia suprarrenal direita é curta e drena para a
veia cava inferior, enquanto a veia suprarrenal esquerda é
mais longa e drena para a veia renal esquerda,
frequentemente se unindo à veia frênica inferior nesse
trajeto.

9. DRENAGEM LINFÁTICA
Os vasos linfáticos suprarrenais originam-se de um plexo
situado profundamente à cápsula da glândula e de um plexo
em sua medula. Muitos vasos linfáticos saem das glândulas
adrenais, pelo hilo.
A linfa segue então para os linfonodos lombares. Estes,
por sua vez, drenam através dos troncos linfáticos
lombares para a cisterna do quilo.
Figura 4. Vasos linfáticos e linfonodos dos rins e glândulas suprarrenais. Fonte:
Blamb/Shutterstock.com

10. INERVAÇÃO
As glândulas suprarrenais são ricamente inervadas, pelos
plexos suprarrenais direito e esquerdo. A inervação é
proveniente do plexo celíaco e dos nervos esplâncnicos
abdominopélvicos (maior, menor e imo).
As fibras simpáticas pré-ganglionares mielínicas dos
segmentos medulares T10 a L1 atravessam os gânglios
paravertebrais e pré-vertebrais, sem fazer sinapse, e são
distribuídas para as células cromafins da medula
suprarrenal.
11. CARACTERÍSTICAS
RADIOGRÁFICAS
Na ultrassonografia, a varredura transversal anterior é a
melhor abordagem, mas as glândulas suprarrenais
geralmente são difíceis de ver. A glândula adrenal esquerda
é mais difícil de visualizar do que a direita, porque
geralmente é posterior ao estômago e obscurecida por
gases; isso pode ser superado por varredura intercostal na
linha axilar posterior e varredura através do baço e do rim
esquerdo com o lado esquerdo do paciente elevado.
Os avanços tecnológicos em imagem, como tomografia
computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM), e seu
amplo uso na prática clínica resultam em achados ocasionais
de lesão de glândula adrenal durante a realização de um
exame de imagem, chamados de incidentalomas. Esse
conceito é aplicável somente para pacientes que não sejam
portadores de sinais e sintomas associados a patologias
adrenais que podem ter passado despercebidos ao médico
responsável pela solicitação do exame de imagem. Essas
imagens, conforme suas características, indicam ou não uma
intervenção cirúrgica.
A glândula adrenal direita está localizada superior ao polo
superior do rim direito aparece como linear, em forma de V
ou em vírgula. A glândula adrenal esquerda está localizada
superior e anteromedial ao polo superior do rim esquerdo e
aparece como uma forma triangular ou em Y.

ANATOMIA DO TIMO
1. DEFINIÇÃO
O timo é um órgão linfoide primário, essencial
principalmente na infância. Ele é responsável pelo
desenvolvimento, pela seleção e pela liberação dos
linfócitos T, células importantíssimas na resposta
imunológica. Os linfócitos T são produzidos na medula óssea,
mas somente após maturação e seleção no timo essas
células estão aptas a realizarem corretamente o seu papel
no organismo.
Além disso, o timo também atua como uma glândula,
produzindo e liberando a timosina. Esse hormônio é
responsável por estimular a maturação dos linfócitos T e,
também, atua como um imunomodulador.

Figura 5. Anatomia do Timo. Fonte: Lightspring/Shutterstock.com


Se liga! As glândulas paratireoides
desenvolvem-se a partir da terceira bolsa
faríngea que também forma o timo. O timo é,
portanto, um local comum para glândulas
paratireoides ectópicas e, potencialmente, para
a produção ectópica do paratormônio.

2. ALTERAÇÕES COM A IDADE


Em um mesmo indivíduo, o timo sofre alterações de
tamanho ao decorrer do tempo. Envolvido no
desenvolvimento inicial do sistema imune, o timo é uma
estrutura grande na criança. Após a puberdade, começa a
atrofiar, sofrendo involução gradual devido à
substituição do parênquima por tecido adiposo em sua
maior parte.

Figura 6. Involução do timo. Na infância, esse órgão linfoide é


proporcionalmente maior em relação às outras vísceras torácicas. Fonte: Alila
Medical Media/Shutterstock.com

3. FORMATO
É um órgão único, de estrutura assimétrica, plano e
bilobado. Seus lobos têm formato de cantil.

Figura 7. Timo e sua localização no tórax. Fonte:


medicalstocks/Shutterstock.com

4. LOCALIZAÇÃO
O timo localiza-se na região do tórax. É o componente
mais anterior do mediastino superior, situando-se
imediatamente posterior ao manúbrio do esterno. O
prolongamento da sua parte superior pode ocupar, também,
a parte inferior do pescoço. A parte inferior do timo estende-
se ao mediastino anterior, estando anteriormente ao
pericárdio fibroso.
Sobre o mediastino, é um grande compartimento que se
estende do esterno, anteriormente, às vértebras torácicas,
posteriormente, e da abertura superior à abertura inferior do
tórax. Lateralmente, é delimitado pela parte mediastinal da
pleura parietal nos dois lados. Ele contém o timo, o
pericárdio, o coração, a traqueia e as grandes artérias
e veias. Além disso, serve também como passagem para
estruturas que atravessam o tórax em direção ao abdome,
tal como o esôfago, o ducto torácico e componentes do
sistema nervoso.

Figura 8. Subdivisões do mediastino.. Fonte: Autoria Própria

O mediastino é didaticamente dividido em superior e


inferior pelo plano transverso do tórax, que inclui,
anteriormente, o ângulo do esterno e se estende
posteriormente até a junção das vértebras T IV e T V. O
mediastino inferior é também subdivido em mediastino
anterior, médio e posterior, sendo o médio constituído pelo
pericárdio e pelo coração. Dessa forma, o mediastino
anterior situa-se entre o esterno e o pericárdio e o posterior,
entre o pericárdio e as vértebras torácicas.

Mediastino superior
O mediastino superior é posterior ao manúbrio do esterno.
É contínuo com o pescoço superiormente, sendo o seu limite
o plano entre a incisura jugular superior e a margem superior
da vértebra T I. Inferiormente, é contínuo com o mediastino
inferior. As estruturas do mediastino superior apresentam-se
em camadas ordenadas.

Se liga! Durante a lactância e a infância, o


timo é o componente proeminente do
mediastino superior, podendo chegar até a
comprimir a traqueia em alguns lactentes.

Mediastino anterior
Situa-se entre o corpo do esterno e músculos transversos
do tórax e o pericárdio. É formado por tecido conectivo
frouxo, gordura, vasos linfáticos, alguns linfonodos e
ramos dos vasos torácicos internos. Em lactentes e
crianças, o mediastino anterior contém a parte inferior do
timo. Em casos incomuns, o timo pode estender-se até o
nível das quartas cartilagens costais.

5. IRRIGAÇÃO ARTERIAL
Substancialmente, a irrigação arterial do timo provém
principalmente dos ramos intercostais anteriores e
mediastinais anteriores das artérias torácicas
internas. Além disso, há vascularização proveniente dos
vasos pericárdicos e dos vasos da parede torácica.
Figura 9. Parte da vascularização arterial torácica. Fonte: Autoria Própria

6. DRENAGEM VENOSA
As veias do timo terminam nas veias braquiocefálica
esquerda, torácica interna e tireóideas inferiores.

Figura 10. Dissecção superficial do mediastino superior, com destaque para a


vascularizaçãodo timo. Fonte: Autoria Própria

7. DRENAGEM LINFÁTICA
Os vasos linfáticos do timo seguem para os linfonodos
mediastinais anteriores e, então para os linfonodos
paraesternais (ao longo das artérias torácicas internas),
traqueobronquiais (na bifurcação da traqueia) e
braquiocefálicos (na raiz do pescoço).
8. INERVAÇÃO
O timo recebe inervação parassimpática pelo nervo
vago e inervação simpática através do gânglio
estrelado, formado pela união do gânglio cervical inferior
(C7) e do primeiro gânglio torácico (T1).

9. CARACTERÍSTICAS
RADIOGRÁFICAS
O timo do recém-nascido caracteriza-se,
radiologicamente, por alargamento do mediastino
acima da imagem cardíaca na incidência anteroposterior e
por aumento da densidade retroesternal na incidência em
perfil.
O timo também pode apresentar configurações peculiares
normais, compreendendo o sinal da onda, que corresponde
a uma suave ondulação em seus contornos produzida pela
compressão dos arcos costais anteriores, mais comum à
esquerda; o sinal da incisura, representado pela junção do
timo normal com a silhueta cardíaca; e o sinal da vela,
decorrente de um formato peculiar do timo, apresentando
uma configuração triangular da silhueta mediastinal
superior, sendo mais comum à direita.

Figura 23. Sinal da onda. Fonte: Autoria Própria

Figura 24. Sinal da incisura. Fonte: Autoria Própria


Figura 25. Sinal da vela. Fonte: Autoria Própria

Na ultrassonografia, a ecogenicidade é tipicamente


homogênea semelhante ou ligeiramente menor que a do
fígado e baço, com focos hiperecoicos dispersos
semelhantes a um céu estrelado. A forma pode ser distorcida
por pulsações cardíacas e movimentos respiratórios, pois é
flexível e não deve comprimir ou deslocar estruturas
adjacentes.
A tomografia computadorizada (TC) do tórax com
contraste intravenoso é normalmente usada para avaliar as
anormalidades observadas nas radiografias simples. A
ressonância magnética (RM) no tórax e/ou cardíaca é útil
para distinguir compressão versus invasão, particularmente
em casos de grandes massas mediastinais anteriores em
que essa distinção pode ser difícil na TC, mesmo quando se
usa contraste intravenoso.
As lesões do timo estão entre as mais frequentes causas
de massas mediastinais, sendo a maioria benigna,
representada principalmente por timomas, timolipomas e
hiperplasia tímica. Os timomas benignos apresentam
baixo sinal T1, alto sinal T2, às vezes com componentes
císticos, e sua cápsula contínua pode ser demonstrada na
RM, enquanto o timoma invasivo apresenta descontinuidade
da cápsula, aspecto multinodular e invasão das estruturas
adjacentes. O carcinoma tímico é menos frequente e
apresenta sinal heterogêneo, com áreas císticas irregulares,
necrose e hemorragia. O timolipoma contém gordura,
facilmente identificada pela RM. A hiperplasia tímica
normalmente representa uma glândula aumentada, com
morfologia e intensidade de sinal conservada, e a RM pode
auxiliar na diferenciação entre hiperplasia e tumores em
casos duvidosos ou atípicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Moore, Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. –
Rio de Janeiro: Koogan, 2014.
Drake, Richard L. Gray’s Anatomia Clínica para
Estudantes. 3 ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
Netter, Frank H. Altas de anatomia humana. 6 ed. – Rio de
Janeiro: Elsevier, 2014.
ÁLVARES, Beatriz Regina et al. Achados normais no exame
radiológico de tórax do recém-nascido. Radiologia
Brasileira, v. 39, n. 6, p. 435-440, 2006.
5. ANATOMIA APLICADA À
CIRURGIA

1. INTRODUÇÃO
O conhecimento anatômico é fundamental para o médico,
em especial o cirurgião. Logo, conhecer alguns pontos,
também chamados de marcos anatômicos, é essencial para
a prática médica. Inicialmente, precisamos relembrar sobre
as linhas de tensão da pele: linhas perpendiculares a maior
força de tensão do músculo, como por exemplo: na região
frontal da face, local em que o músculo frontal está
posicionado de cranial para caudal (sentido vertical), as
linhas de tensão estarão posicionadas horizontalmente. A
importância do conhecimento dessas linhas se dá pelo fato
de ser, justamente, na direção delas, o local/direção mais
adequado para realização de incisões cirúrgicas e suturas,
pois é o local onde se consegue uma cicatriz de maior
qualidade.

Se liga! As linhas de tensão são


perpendiculares ao sentido de movimento do
músculo sob o qual ela está localizada.
2. ACESSOS CIRÚRGICOS
Neste material, abordaremos dois tipos de acessos
cirúrgicos, que são muito comuns e importantes, o
abdominal – laparotomia e o torácico – toracotomia.

• Laparotomia – existem algumas formas de se


fazer uma incisão na laparotomia, fazendo com que
haja variações quanto as camadas que terão que ser
ultrapassadas, até chegar à cavidade abdominal.
Nesse sentido, considerando a laparotomia mediana,
as camadas são: pele, tecido subcutâneo (fáscia de
Camper e Scarpa), aponeurose do músculo reto
abdominal (que forma a linha alba), fáscia
transversalis, gordura pré-peritoneal, peritônio e,
após ele, a cavidade abdominal. Porém, vale lembrar
que, na região da musculatura do reto abdominal, há
uma diferença anatômica na presença da bainha
posterior do músculo reto, ou seja, acima da linha
arqueada (situada 2 cm abaixo da cicatriz
umbilical), há presença da bainha posterior do reto
do abdome, e abaixo dela não há essa bainha.

Figura 1. Camadas da parede abdominal. Fonte: Autoria Própria


Se liga! A formação das bainhas do músculo
reto abdominal: a bainha anterior é formada,
quando acima da linha arqueada, por metade
da bainha do oblíquo interno com a bainha do
músculo oblíquo externo, e quando abaixo
dessa linha é formada pela junção das bainhas
do oblíquo externo, interno e do transverso. Já a
bainha posterior, que só existe acima da linha
arqueada, é formada através da junção da outra
metade da bainha do obliquo interno com a
bainha do transverso do abdome.

CLASSIFICAÇÃO DAS LAPAROTOMIAS

Supraumbilical,
Longitudinal Mediana e paramediana infraumbilical e
xifopúbica.

Supraumbilical e
Transversal
infraumbilical

Subcostal, epigástrica,
supraumbilical,
Oblíqua
infraumbilical e
lomboabdominal

Toracoabdominal

Combinadas
Figura 2. Incisões abdominais. 1 – Kocher; 2 – Mediana transumbilical; 3 –
McBurney; 4 e 6 – Paramedianas; 5- Rock-Davis; 7 – Transversa; 8 – Obliqua; 9 –
Pfannestiel. Fonte: logika600/Shutterstock.com

As incisões representadas na figura 2 são as formas mais


conhecidas de acesso à cavidade abdominal, sendo
utilizadas para fins específicos.
Incisão de Kocher: muito utilizada na colecistectomia, ou
em cirurgias hepáticas menores.

• Mediana: muito utilizada em cirurgias que não


necessitam de um campo cirúrgico muito grande.

• McBurney: muito utilizada para as


apendicectomias.

• Paramedianas: usadas para cirurgias mais


específicas, como de estômago, ou para acessar a
pelve.

• Rock-Davis: utilizada para apendicectomia, porém


com uma melhor aparência cicatricial.
• Pfannestiel: muito utilizada nas cirurgias
ginecológicas e obstétricas.

É digno de nota que, com o avanço tecnológico, essas


incisões podem ser substituídas por acessos menos
invasivos, que causem menos danos ao paciente, como uma
menor resposta endócrino, metabólica e imunológica ao
trauma (REMIT), menos tempo de internação e uma menor
extensão cicatricial, ou seja, uma melhora estética.
Após acessar a cavidade abdominal, deve ser feito o que
chamamos de inventário da cavidade abdominal. É
necessário avaliar todas as estruturas abdominais,
examinando-as, em especial, aquelas envolvidas na suspeita
diagnóstica, que pode ser direcionado por exames de
imagem, mas lembre-se que, sempre que possível, todas as
vísceras devem ser avaliadas. Logo, após a abertura do
peritônio, encontramos uma estrutura anatômica chamada
de omento maior, que, ao ser rebatido permite a
visualização de outras estruturas, relacionadas à localização
anatômica. No andar superior do abdome, é possível
visualizar o estômago, o fígado, a vesícula biliar, acessando
através do ligamento da pequena curvatura do estômago, é
possível encontrar o corpo do pâncreas e rebatendo o
estômago é possível visualizar a cauda do pâncreas e do
baço. No andar inferior do abdome, rebatendo o omento
maior, encontra-se as alças do intestino delgado e o
intestino grosso (cólons – ascendente, transverso e
descendente), lembrando que o cólon descendente é melhor
visualizado quando o delgado é rebatido, bem como o
sigmoide e o parte do reto. Continuando o inventário dessa
cavidade, uma outra porção é o retroperitônio, estando
nesse espaço alguns órgãos, como: algumas porções do
cólon (aderência da face posterior do ascendente e do
descendente, gerando impressões mesentéricas), rins,
adrenais, veia cava, aorta e os seus ramos, pâncreas e
duodeno (exceto a primeira parte – superior). Segue a
seguir, algumas imagens que ilustram essas estruturas
anatômicas citadas acima.

Se liga! Qual o marco anatômico que


separa o andar superior do andar inferior da
cavidade abdominal? Mesocólon transverso
(situado abaixo do pâncreas).

Se liga! Manobras de acesso ao


retroperitônio:

• Kocher: através do descolamento da


segunda e terceira porção do duodeno,
com a cabeça do pâncreas para o acesso
da veia cava inferior e o rim D;

• Cattel e Braasch: através do


descolamento da região do cólon
ascendente do retroperitônio e manobra
dessas estruturas juntamente com o
delgado para o andar superior do
abdome, permitindo um acesso adequado
para rim D, aorta e veia cava;

• Mattox: descolamento do cólon


descendente para o lado direito do
paciente, para o acesso do lado
esquerdo, ou seja, rim E e aorta.

Por fim, a síntese (ou seja, o fechamento) da cavidade


abdominal. Deve ser feito por camadas, sem que seja
deixado espaço morto ou tecidos desvitalizados, com uma
boa união das bordas, para a facilitação do processo
cicatricial e para evitar o surgimento de complicações, como
a deiscência de anastomose e as hérnias incisionais.

• Toracotomia – assim como na laparotomia,


existem várias formas de acesso na toracotomia, ou
seja, várias maneiras de acessas a cavidade torácica.
Dentre elas, uma das mais conhecidas e mais usadas
é a esternotomia, ou toracotomia mediana, mas
existem outras também, como: infraclavicular,
anterolateral, vertical na região lateral do tórax,
posterolateral e as oblíquas, que estão representadas
na figura a seguir. A forma de acesso depende muito
de qual estrutura o cirurgião quer avaliar, como por
exemplo – acesso anterolateral para avaliação do
pulmão e esternotomia para avaliação do coração.
Figura 3. Diferentes formas de abordagem na toracotomia. 1 – esternotomia; 2 –
infraclavicular; 3 – posterolateral; 4 – oblíqua; 5 – vertical lateral. Fonte: Autoria
Própria

Se liga! Muito cuidado com as úlceras por


pressão. Sempre lembrar de colocar coxins, em
especial, se o procedimento tiver uma duração
maior do que 2 horas.

Se liga! Lembre-se, as abordagens devem


ser sempre pela borda superior da costela, para
que não haja lesão de vasos nervosos e
sanguíneos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TOWNSEND C.D., BEUCHAMP R.D., EVERS B.M., MATTOX K.L.
Sabiston: Tratado de Cirurgia, A Base da Prática
Cirúrgica Moderna. 18ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
Table of Contents
Capa
Créditos
Sumário
Autores
PREFÁCIO
01. MEMBROS SUPERIORES
1. Introdução
2. Cintura Escapular
3. Braço
4. Antebraço
5. Mão
6. Irrigação Arterial
7. Drenagem venosa e linfática
Referências Bibliográficas
02. MEMBROS INFERIORES
1. INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO
2. QUADRIL E CÍNGULO DO MEMBRO INFERIOR
3. COXAS
4. PERNAS
5. PÉS
6. VASCULARIZAÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES
Referências Bibliográficas
3. Anatomia: Tireoide e Paratireoide
1. Introdução
2. Aspectos Anatômicos da Tireoide
3. Aspectos Anatômicos das Paratireoides
4. Vascularização e Inervação da Tireoide e da
Paratireoide
5. Fisiologia da Tireoide
6. Fisiologia da Paratireoide
7. Correlações Clínicas
8. Exames de Imagem
Referências Bibliográficas
04. ANATOMIA DO TIMO E DAS GLÂNDULAS
SUPRARRENAIS
Anatomia das Glândulas Suprarrenais
1. DEFINIÇÃO
2. LOCALIZAÇÃO
3. REVESTIMENTO
4. DIVISÃO FUNCIONAL
5. FORMATO
6. RELAÇÕES COM OUTROS ÓRGÃOS E
ESTRUTURAS
7. IRRIGAÇÃO ARTERIAL
8. DRENAGEM VENOSA
9. DRENAGEM LINFÁTICA
10. INERVAÇÃO
11. CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS
Anatomia do Timo
1. DEFINIÇÃO
2. ALTERAÇÕES COM A IDADE
3. FORMATO
4. LOCALIZAÇÃO
5. IRRIGAÇÃO ARTERIAL
6. DRENAGEM VENOSA
7. DRENAGEM LINFÁTICA
8. INERVAÇÃO
9. CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS
Referências Bibliográficas
5. anatomia aplicada à cirurgia
1. Introdução
2. Acessos cirúrgicos
Referências Bibliográficas

Você também pode gostar