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TRANSMISSÃO
O contato físico próximo é a principal via de transmissão de humano
para humano, o que pode exigir contato próximo prolongado. A transmissão
pode ocorrer através do contato com lesões cutâneas de pacientes
infectados, objetos contaminados e gotículas respiratórias.
Raramente, resulta da transmissão viral através da placenta. Como
existem protocolos rígidos para triagem de doações de sangue, não houve,
até o momento, relatos de disseminação de VMH através de transfusões. No
surto atual, erupções cutâneas de VMH têm sido comumente encontradas na
área genital e provavelmente contribuem para a transmissão durante o
contato sexual.
Além disso, as erupções cutâneas da varíola podem se assemelhar às
de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo herpes e sífilis.
FATORES DE RISCO
Além daqueles que têm contato próximo com pacientes com VMH ou
contato com um animal infectado e imunocomprometidos (como, por
exemplo, HIV positivos) também podem estar em risco. Outros fatores de
risco têm sido relatados na literatura, como recém-nascidos, crianças,
gestantes, prática de sexo com outros homens e sexo sem preservativo.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
O sinal mais comum de VMH em crianças e adolescentes é uma
erupção cutânea que progride de lesões maculopapulares para vesículas,
pústulas e, finalmente, crostas, semelhante às infecções em adultos. Antes
do surto, febre e linfadenopatia eram comumente associadas à VMH; no
entanto, durante o surto atual, isso nem sempre ocorreu.
Outros sintomas podem incluir fadiga e cefaleia. Disfagia ou tosse
podem ocorrer quando lesões orofaríngeas estão presentes. Lesões
intraoculares, edema palpebral ou crostas palpebrais podem ocorrer
quando há lesões oculares ou próximas aos olhos do paciente, quando o
paciente toca esses locais com a mão após contato com uma lesão.
A síndrome clínica pode ser dividida em duas fases. Após um período
de incubação de 7 a 13 dias, variando de 5 a 21, geralmente há um período
prodrômico de 1 a 5 dias com febre, linfadenopatia e um quadro gripal
precedendo o início de uma erupção cutânea (embora a erupção possa
ocorrer sem pródromos).
Tanto a morfologia quanto a distribuição da erupção evoluem ao longo
da doença, começando como máculas e progredindo ao longo de 2 a 3
semanas pelos estágios papular, vesicular, pustuloso e umbilicado antes da
formação de crostas e descamação. Durante esse período, a erupção
geralmente se move da área facial distalmente para as extremidades,
incluindo as palmas das mãos e plantas dos pés (disseminação centrífuga).
O envolvimento da mucosa orofaríngea, anogenital ou ocular pode
resultar em ulceração, que pode ser dolorosa e resultar em desidratação,
desnutrição e outras manifestações graves, como encefalite e sepse. A VMH
é geralmente uma doença autolimitada com sintomas que duram de 2 a
4 semanas, podendo ocorrer complicações:
Quadro 1 – MANIFESTAÇÕES DA VARÍOLA DOS MACACOS EM CRIANÇAS
Fase secundária
Erupção cutânea em evolução em estágios sequenciais – máculas, pápulas,
vesículas, pústulas e umbilicação, antes da formação de crostas e
descamação por um período de 2 a 3 semanas.
A erupção tende a ser centrífuga, começando na face e progredindo em
direção a mãos e pés, podendo envolver as membranas mucosas orais,
conjuntiva, córnea e/ou genitália.
As observações do surto de 2022 descrevem lesão(ões) começando na
genitália (geralmente com apenas uma única lesão observada) e uma
predisposição para erupção cutânea sem uma fase prodrômica.
Manifestações graves
Infecções bacterianas da pele e tecidos moles (celulite, abscessos,
necrosante de tecidos moles).
Pneumonia grave.
Ceratite (que pode levar à perda de visão).
Vômitos e diarreia (que podem resultar em desidratação grave,
anormalidades eletrolíticas e choque).
Sepse.
Encefalite.
Fonte: Adaptado de Huang et al., 2022 e Webb et al., 2022 (2,8).
Imunossuprimidos.
TECOVIRIMAT
Modo de administração VO ou IV
Posologia Adultos: 600 mg duas vezes ao dia por 14 dias.
Crianças:
13 a 25 kg: 200 mg duas vezes por 14 dias.
25 a 40 kg: 400 mg duas vezes ao dia por 14
dias.
> 40 kg: 600 mg duas vezes diariamente por 14
dias.
Mecanismo de ação Inibidor da proteína de envolvimento do
envelope do Orthopoxvirus VP37
Efeitos adversos Cefaleia.
Dor abdominal.
Náuseas e vômitos.
Reações no local da infusão podem ocorrer com
a administração IV.
Interações medicamentosas Repaglinida – hipoglicemia (monitorar a
glicemia e seus sintomas em caso de
coadministração).
Midazolam – diminuição da eficácia do
midazolam.
Observações VO – Não é necessário ajuste hepático/renal.
IV – Não deve ser administrado em pacientes
com insuficiência renal grave.
A monitorização da função renal (no mínimo
semanalmente) é recomendada durante o
tratamento de crianças e adolescentes
recebendo tecovirimat IV, especialmente em
pacientes com menos de 2 anos de idade.
Fonte: Rizk et al., 2022 e Centers for Disease Control and Prevention, 2022 (3,9).
PREVENÇÃO
Medidas de isolamento e controle de infecção podem impedir a propagação
do vírus. Cuidados extras devem ser tomados para garantir que
imunocomprometidos evitem contato próximo com pacientes infectados
pelo monkeypox. Se inevitável, as crianças com idade superior a dois devem
usar uma máscara bem ajustada ao interagir com membros da família que
estejam com a doença. Se uma criança ou adolescente desenvolver VMH,
deve evitar o contato com pessoas e animais de estimação não infectados
até que a erupção tenha desaparecido, as crostas tenham caído e uma nova
camada de pele intacta tenha se formado. O CDC aconselha que, quando
possível, seja no hospital ou em casa, o número de cuidadores seja limitado
a uma pessoa. Os cuidadores devem cobrir as áreas de pele acometidas na
medida do possível e evitar o contato direto com a erupção cutânea. Luvas
devem ser descartadas após o uso, seguidas de lavagem das mãos. Se
alguma roupa, ou do cuidador ou do paciente, entrar em contato com a
erupção cutânea, ela deve ser lavada imediatamente.
VACINAS
Conforme orientações da OMS, alguns países estão recomendando a
vacinação para pessoas em risco, sendo que a vacinação em massa não é
recomendada neste momento. Embora a vacina contra a varíola tenha
demonstrado ser protetora no passado, os dados atuais sobre a eficácia das
vacinas mais recentes contra varíola/VMH na prevenção na prática clínica e
em ambientes de campo são limitados.