SAÚDE DO ADULTO
INFECTOLOGIA
VARICELA / HERPES - ZOSTER:
1. INTRODUÇÃO:
- Causa duas variedades clinicas distintas:
 Varicela: infecção primária que resulta no
estabelecimento de uma infecção latente
vitalícia dos neurônios dos gânglios sensoriais
 Herpes-zoster: conhecida popularmente como
cobreiro, representa a reativação da infecção
latente
AGENTE ETIOLOGICO:
- É um vírus da família Herpesviridae
- Possui um envelope lipídico
- Tegumento: material amorfo que protege o capsídeo
- Capsídeo proteico: dupla fita de DNA
- Subfamilias:
 Alfa: HSV 1, HSV 2 e VZV
 Beta: CMV, HHV 6, HHV 7
 Gama: EBV, HHV 8
Varicela
2. EPIDEMIOLOGIA:
- Popularmente chamado de catapora, é uma doença
benigna que pode se tornar grave devido a
complicações, principalmente em indivíduos adultos e
imunocomprometidos
Obs.: É extremamente contagiosa de 24 a 48 horas
antes do aparecimento do rash. Assim, se o indivíduo
estiver em contato com outros, não adianta mais isolá-
lo das mesmas pessoas se for dado o diagnóstico no
momento em que já ocorrem as vesículas.
- A maioria das crianças era infectada até os 15 anos
de idade, e menos de 15% dos adultos permaneciam
suscetíveis.
- É uma doença de caráter sazonal, mais presente no
período de inverno, tanto por causa do maior contato
intimo quanto pelo fato de que o vírus é termolábil,
sensível ao calor
3. TRANSMISSÃO:
- Extremamente contagiosa de 24 a 48 h antes do
surgimento das vesículas até a última tornar-se crosta
seca
- Vírus são inoculados através da mucosa do trato
respiratório superior (aerossóis) ou conjuntiva ou por
contato pessoal com paciente com varicela ou herpes-
zoster
4. QUADRO CLÍNICO:
- O período de incubação varia de 12 a 15 dias
- Período prodrômico: dura de horas até 03 dias antes
do exantema e caracteriza-se por sintomas
inespecíficos
 Febre baixa
 Cefaleia
 Anorexia
 Vômitos
 Mialgia e artralgia
 Estado geral preservado
- Período exantemático: dura de 5 a 7 dias e
caracteriza-se por erupções na pele e mucosas de
maculas intensamente pruriginosas, que evoluem para
pápulas e em seguida para vesículas que culminam em
crostas
 Polimorfismo regional, ou seja, em uma
mesma região pode-se encontrar lesões em
diferentes estágios, como pápulas, máculas,
vesículas e crostas concomitantes no braço
direito
- No período exantemático a disseminação é
centrifuga, começando na cabeça, couro cabeludo e
tronco e se disseminando para os membros
VARICELA MODIFICADA:
- É o quadro clinico de varicela apresentado pela
criança que foi vacinada a mais de 42 dias antes da
erupção
- É a forma imunizada da doença, sendo mais branda e
as erupções são predominantemente maculopapular,
sendo as vesículas incomuns
- A febre é baixa ou ausente.
VARICELA PROGRESSIVA:
- Envolvimento de vísceras como pulmão, fígado e
sistema nervoso central
- O individuo pode apresentar coagulopatias e
hemorragia grave, sendo conhecido como varicela
hemorrágica
- Além disso, a varicela progressiva é caracterizada
pelo desenvolvimento contínuo de lesão. Elas
continuamente aparecem e, por isso, se chama de
progressiva também. Não para de aparecer lesões.
GIULIANNA MONTENEGRO
- Grupo de maior risco: crianças com deficiência de
imunidade celular e com neoplasias malignas, crianças
após transplante de órgãos, indivíduos em uso de
corticosteroides sistêmicos e infectadas pelo HIV.
VARICELA ADQUIRIDA NA GESTAÇÃO:
- A infecção primaria durante a gestação é estimada
em 1 a 7 em cada 10.000 gestantes com risco de
transmissão fetal variando entre 0,5 a 6,5%
- Pneumonia é a principal causa de morbidade e
mortalidade materna
- Síndrome da Varicela Congênita: quando a
gestante se infecta entre 0 a 20 semanas de gestação,
manifestando-se no feto:
 Baixo peso ao nascer
 Lesões cicatriciais cutâneas,
 Atrofias de membros,
 Lesões oftálmicas: principalmente catarata,
coriorretinite, microftalmia,
 Meningoencefalite
 Outras alterações neurológicas como
convulsões e atrofia cortical.
- Varicela perinatal: quando a gestante se infecta nos
dias finais da gestação e se manifesta no RN até 10
dias após o nascimento. Os sintomas no RN se iniciam
entre 05 a 10 dias de idade:
 Febre
 Lesões cutâneas
 Pneumonia
 Lesoes necróticas disseminadas nas vísceras
Obs.: A varicela perinatal é mais grave quando a mae
inicia varicela em menos de 05 dias antes do parto até
02 dias após o parto. E se o acometimento materno
ocorrer entre 06 a 21 dias antes do parto, o quadro do
RN será leve.
5. COMPLICAÇÕES:
- Uma das principais complicações é a infecção
bacteriana secundária. Geralmente causada por
germes gram positivos, como Staphylococcus e
Streptococcus.
 Os indivíduos podem apresentar
impetigo, abscesso, linfadenites, celulites e
pode acontecer no herpes-zoster também.
ATAXIA CEREBELAR:
- Vômitos, febre, vertigem, tremores, alteração da fala
e presença de marcha atáxica que caracteriza
comprometimento cerebelar
- É uma complicação que aparece após a varicela, até
21 dias pós-rash
- É benigna em crianças, com resolução que demora de
2 a 4 semanas
MENINGITE:
- Meningite viral causada pelo vírus da varicela
- Se fosse possível fazer um diagnóstico laboratorial,
pode-se detectar o genoma do vírus no líquor
cefalorraquidiano
ENCEFALITE:
- Cefaleia progressiva, diminuição do nível de
consciência, vômitos, febre e convulsões, além de
edema difuso
- É um evento raríssimo, acometendo apenas 0,1 a
0,2% dos casos
- Aparecimento é tardio, sendo após 2 semanas de
doença
- Tem elevada mortalidade: até 20%
- Deixa sequela em 15% dos recuperados
SINDROME DE REYE:
- Associada ao uso de salicilatos, principalmente AAS
- Caracteriza-se por um quadro de insuficiência
hepática e encefalopatia
- Pode levar o paciente ao óbito
PNEUMONITE:
- Caracteriza-se por taquidispneia devido a hipoxia,
tosse, febre e geralmente acontece de 03 a 05 dias após
o inicio do quadro clinico
- O individuo pode ter uma pneumonia bacteriana
secundaria, causada por bactéria que se aproveita da
situação da doença para contaminar e causar infecção.
- Ocorre principalmente nos adultos, nos
imunocomprometidos e nas gestantes
OUTRAS MANIFESTAÇÕES:
- São menos importantes que as anteriores,
estatisticamente, e entre elas pode-se citar miocardite,
nefrite, diáteses hemorrágicas e hepatite
6. DIAGNÓSTICO:
- Tanto na varicela quanto no herpes-zoster, o
diagnostico é predominantemente clinico a partir da
coleta de uma anamnese e exame físico bem feito.
Giulianna Montenegro
- Geralmente existe um vínculo epidemiológico com - A solução de permanganato de potássio funciona
outro quadro de varicela como antisseptico e antimicótico e pode ser utilizada
para deixar sobre as feridas, evitando-o acima do
Ex.: Relato de contato anterior com amigo na escola
pescoço devido ao potencial irritativo para as mucosas
que está infectado ou o pai contaminado em casa
- Esfregaço de Tzanck: coleta-se o conteúdo da base da
vesícula, colore-se com Giemsa e, através da
coloração, visualiza-se a presença de células
multinucleadas com inclusão.
 Não é patognomônico da varicela, porque
outros vírus podem produzir o mesmo achado
- Cultura: observar o efeito citopático do vírus
- PCR no LCR, em secreções respiratórios e fluido
- Aciclovir: diminuição em 25% de novas lesões e dos
vesicular
sintomas constitucionais
- Sorologia: ELISA, fixação do complemento,
 Iniciar nas primeiras 24h
neutralização e imunofluorescência. Porém é realizado
 VO adultos: 400 – 800 mg, tomar 01 cp 5x ao
apenas para diagnostico de infecções passadas para
dia por 5-14 dias
informar a o quadro de imunização
 VO criança: 10 a 20 mg/kg/dose
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:  EV: 10 mg/kg de 8/8h por 5 – 14 dias

- Varíola - paciente não tem polimorfismo regional.
Este é característico dos quadros de varicela);
- Impetigo - não atinge mucosas. “Não existe varicela
sem acometimento de mucosa”;
- Herpes simples - Geralmente é bem localizado, como
só no lábio, só na região genital, etc., além da
informação de que o paciente tem recidivas desse
mesmo quadro;
- Infecção por enterovírus (Coxsackie) – lesões de pele
que o paciente tem lesões no pé, na mão e na boca.
Síndrome mão-pé-boca;
- Dermatite herpetiforme – parece mais com herpes
simples do que com a varicela. Geralmente existe uma
condição de base do doente, como ter dermatites
alérgicas de outras causas, dermatite atópica;
- Farmacodermias – algumas reações medicamen-tosas
podem simular um rash parecido com a varicela, mas é
pouco comum de isso acontecer, já que o rash da
varicela é bem característico.
7. TRATAMENTO:
- Valaciclovir: 1 g VO, 01 cp de 8/8h por 7 a 10 dias
- Fanciclovir: 500 a 750 mg, 01 cp de 8/8h por 7 a 10
8. PROFILAXIA:
- Vacinação tetraviral: já faz parte do calendário básico
e deve ser aplicado aos 15 meses
- A vacinação é contraindicada em paciente
imunossuprimidos, gestantes e história de reação
anafilática a neomicina
- Imunoglobulina especifica está indicada a
imunodeficientes e mulheres gravidas que foram
expostas a pacientes doentes com mais de 1h de
exposição, além de neonatos quando mãe iniciou
varicela 5 dias antes ou 48h após o parto
 Iniciar até 96h após a exposição
 125 UI, IM para cada 10 kg (dose máxima de
625 UI
Herpes-Zoster
1. EPIDEMIOLOGIA:

- É um tratamento extensivo tanto para o quadro de - Acomete com mais frequência idosos > 60 anos
varicela quanto para o de herpes-zoster
- Não apresenta caráter sazonal
- A higiene básica é essencial para prevenir
- Pode estar relacionado a estados de
complicações e infecções bacterianas secundarias
imunocomprometimento
- Anti-histaminico, se prurido intenso ou 2. TRANSMISSÃO:
antibacteriano se necessário

Giulianna Montenegro
- Só pode surgir a partir de uma reativação da infecção
primaria, logo para ser ter o cobreiro deve ter tido
varicela anteriormente
Obs.: Às vezes o paciente não se lembra que já teve a
varicela por ter sido mais branda ou subclínica e após
anos desenvolve o cobreiro.
3. QUADRO CLÍNICO:
- Fase prodrômica: acontece geralmente de 3 a 5 dias
antes do surgimento das lesões cutâneas
 Dor e ardor na área correspondente ao trajeto
do nervo afetado, precedendo as primeiras
lesões cutâneas
Obs.: Pode gerar um diagnostico errado devido ao
relato de dor precordial irradiando para o membro
superior esquerdo, confundindo-se com infarto
- A erupção vesicular ocorre em um ou até dois
dermátomos adjacentes, é unilateral e não ultrapassa a
linha media.
- As regiões mais acometidas são: torácica, cervical,
trigêmeo e lombossacra.
Obs.: Quando há comprometimento do ramo oftálmico
do nervo trigêmeo, tem-se o zoster oftálmico e só é
diagnosticado com exame oftalmológico adequado
- Sd. de Hamsay-Hunt: comprometimento do VII par
de nervo craniano que causa paralisia facial periférica
e erupção do pavilhão auditivo, podendo estar
associada a surdez, vertigem e dor auricular
- A recorrência é rara e varia de 1 a 6%
4. COMPLICAÇÕES:
- Nevralgia pós-herpética: persistência da dor em mais
de 04 a 06 semanas após a erupção. Ela pode ser
mantida por muito mais tempo. Quanto mais idoso for
o indivíduo que apresentou o zoster, maior a
probabilidade de ter nevralgia pós-herpética mais
persistente, podendo vir a falecer ainda sentindo dor. É
um quadro bem importante, que muitas vezes até
limita o paciente.
- Infecção secundária: também pode acometer as
lesões do herpes-zoster, e evolui da mesma forma
como varicela. O indivíduo pode ter abscessos,
linfadenite e celulite. Geralmente por bactérias gram
positivas, como staphylococcus e Streptococcus.
5. TRATAMENTO:
- A higiene básica é essencial para prevenir
complicações e infecções bacterianas secundarias
- Anti-histamínico, se prurido intenso ou
antibacteriano se necessário
- Fazer uso de amitriptilina, carbamazepina,
gabapentina ou pregabalina
- Aciclovir: diminuição em 25% de novas lesões e dos
sintomas constitucionais
 Iniciar nas primeiras 24h
 VO adultos: 400 – 800 mg, tomar 01 cp 5x ao
dia por 5-14 dias
 VO criança: 10 a 20 mg/kg/dose
 EV: 10 mg/kg de 8/8h por 5 – 14 dias
- Valaciclovir: 1 g VO, 01 cp de 8/8h por 7 a 10 dias
- Fanciclovir: 500 a 750 mg, 01 cp de 8/8h por 7 a 10
dias
6. PROFILAXIA:
- Imunização é indicada para pessoas acima de 50 anos
de idade
- A vacina do herpes-zoster é composta pelo vírus
varicela-zoster atenuado
 O mesmo imunizante utilizado na vacina
contra a varicela, mas com uma quantidade
maior de antígenos
Giulianna Montenegro