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MEDICINA LEGAL

DECLARACAO DE OBITO
1. INTRODUÇÃO: separação, de qualquer sinal descrito para o
- A Declaração de Óbito é o documento-base que nascido vivo
serve para o Sistema de Informações sobre Obs.: A DO, em caso de óbito fetal, só é emitida
Mortalidade do Ministério de Saúde (SIM/MS). quando o feto pesa mais que 500g, + 20 semanas
- É composta de três vias auto-copiativas, pré- ou tem mais que 25 cm.
numeradas sequencialmente, fornecida pelo - ABORTO: interrupção da vida do feto dentro do
Ministério de Saúde e distribuída pelas Secretarias ventre materno antes de ser iniciado o trabalho de
Estaduais e Municipais de saúde conforme fluxo parto.
padronizado para todo o País.
3. PAPEL DO MÉDICO:
 Uma via vai para a Secretaria de saúde,
- A emissão da DO é ato médico, segundo a
enquanto que a outra fica com a família
legislação do País. Portanto, ocorrida uma morte,
para ser entregue no Cartório de Registro
o médico tem obrigação legal de constatar e
Civil e a terceira é arquivada com o
atestar o óbito, usando para isto o formulário
prontuário no estabelecimento de saúde
oficial “Declaração de Óbito”.
Obs.: O médico tem responsabilidade ética e
jurídica pelo preenchimento e pela assinatura da
DO, assim como pelas informações registradas em
todos os campos deste documento. Deve, portanto,
revisar o documento antes de assiná-lo
O QUE O MÉDICO DEVE FAZER:
- Esses dados servem os dados de óbitos além da - Preencher os dados de identificação com base
sua função legal, os dados de óbitos são utilizados em um documento da pessoa falecida. Na ausência
para conhecer a situação da população, uma vez de documentação, caberá à autoridade policial,
que as estatísticas de mortalidade são produzidas proceder o reconhecimento do cadáver
com base na DO emitida pelo médico
- Registrar os dados na DO, sempre, com letra
2. CONCEITO:
legível e sem abreviações ou rasuras
- ÓBITO: é o desaparecimento permanente de - Registrar as causas da morte, obedecendo ao
todo sinal de vida, em um momento qualquer disposto nas regras internacionais, anotando um
depois do nascimento, sem possibilidade de diagnostico por linha e o tempo aproximado entre
ressuscitação, conforme definição da OMS o início da doença e a morte
- NASCIDO VIVO: é a expulsão completa do - Revisar se todos os campos estão preenchidos
corpo da mãe, independentemente da duração da corretamente antes de assinar
gravidez, de um produto de concepção que respire
ou apresente qualquer outro sinal de vida, tal O QUE O MÉDICO NÃO DEVE FAZER:
como batimento do coração, pulsações do cordão
- Assinar DO em branco
umbilical ou movimentos efetivos dos músculos
de contração voluntaria, estando ou não cortado o - Preencher a DO sem, pessoalmente, examinar o
cordão umbilical e estando ou não desprendida a corpo e constatar a morte
placenta
- Utilizar termos vagos para o registro das causas
- ÓBITO FETAL/ MORTE FETAL OU de morte como parada cardíaca, parada
PERDA FETAL: é a morte de um produto de cardiorrespiratória ou falência de múltiplos órgãos
concepção antes da expulsão do corpo da mãe,
- Cobrar pela emissão da DO
independente da duração da gravidez. A morte do
feto é caracterizada pela inexistência, depois da
Giulianna Montenegro
Obs.: O ato médico de examinar e constatar o EM QUE SITUAÇÕES DEVE EMITIR A DO:
óbito poderá ser cobrado desde que se trate de
- Em todos os óbitos (natural ou violento)
paciente particular a quem não vinha prestando
assistência - Quando a criança nascer viva e morrer logo após
o nascimento, independentemente da duração da
LEI Nº 6.015/1973:
gestação, do peso do recém-nascido e do tempo
Art. 77 Nenhum sepultamento será feito sem que tenha permanecido vivo
certidão de Oficial de Registro do lugar do
- No óbito fetal, se a gestação teve duração igual
falecimento, extraída após a lavratura do assento
ou superior a 20 semanas, ou o feto com peso
de óbito, em vista do atestado de médico, se
igual ou superior a 500 gramas, ou estatura igual
houver no lugar, ou, em caso contrário, de duas
ou superior a 25 cm
pessoas qualificadas que tiveram presenciado ou
verificado a morte. EM QUE SITUAÇÕES NÃO DEVE EMITIR A
DO:
Obs.: Quando não houver medico na hora do
óbito e enterraram o corpo, a família deve assinar - No óbito fetal, com gestação de menos de 20
a DO. Logo, o médico deve apenas orientar a semanas, ou peso menor que 500 gramas ou
família na hora de assinar. estatura menor que 25 cm
- Peças anatômicas amputadas
Obs.: Para peças anatômicas retiradas por ato
cirúrgico ou de membros amputados. Nesses
casos, o médico elaborará um relatório em papel
timbrado do hospital descrevendo o procedimento
realizado. Esse documento será levado ao
cemitério, caso o destino da peça venha a ser o
sepultamento.
QUEM DEVE EMITIR:
- Morte natural: óbito por causa natural é aquela
cuja causa básica é uma doença ou estado mórbido

 Com assistência médica:


 O médico que vinha prestando
assistência ao paciente, sempre que
possível, em todas as situações
 O medico assistente e, na sua falta,
o medico substituto ou plantonista,
para óbitos de pacientes internados
sob regime hospitalar
 O medico designado pela
instituição que prestava assistência,
para óbitos de pacientes sob regime
ambulatorial
 O médico do Programa Saude da
Familia, Programa Internação
Domiciliar e outros assemelhados,
para óbitos de pacientes em
tratamento sob regime domiciliar
4. DECLARAÇÃO DE ÓBITO:

Giulianna Montenegro
Obs.: O SVO pode ser acionado para emissão da III. Residência: endereço habitual
DO, em qualquer das situações acima, caso o
IV. Local de ocorrência do óbito
médico não consiga correlacionar o óbito com o
quadro clinico concernente ao acompanhamento V. Especifico para óbitos fetais e de menores de
registrado nos prontuários ou fichas médicas um ano: são dados extremamente importantes para
destas instituições estudos da saúde materno-infantil
Obs.²: O médico de plantão NÃO precisa emitir a VI. Condições e causas de óbito: destacam-se os
DO quando o médico do PSF não estiver presente. diagnósticos que levaram à morte, ou
Se caso precisar mandar para o SVO, orienta o contribuíram para mesma, ou estiveram presentes
familiar para buscar o assistente social. no momento do óbito. Dar especial atenção a
óbitos de mulheres em idade fértil ao preencher os
 Sem assistência médica
campos respectivos (43 e 44 do modelo vigente),
 O médico do SVO, nas localidades
visando estudos sobre mortalidade materna
que dispõem deste tipo de serviço
 O médico do serviço público de VII. Os dados do médico que assinou a DO são
saúde mais próximo do local onde importantes e devem ser preenchidos de maneira
ocorreu o evento; e na sua legível, pois trata-se de documento oficial, cujo
ausência, por qualquer médico, nas responsável é o médico. Para elucidação de
localidades sem SVO duvidas sobre informações prestadas, o médico
poderá ser contatado pelos órgãos competentes
Obs.: Deve-se sempre observar se os pacientes
estavam vinculados a serviços de atendimento VIII. Causas externas: os campos deverão ser
ambulatorial ou programas de atendimento preenchidos sempre que se tratar de morte
domiciliar, e se as anotações do seu prontuário ou decorrente de lesões causadas por homicídios,
ficha médica permitem a emissão da DO por suicídios, acidentes ou mortes suspeitas
profissionais ligados a estes serviços ou
programas, conforme sugerido na caixa ao lado. IX. A ser utilizado em localidade onde não exista
médico, quando, então, o registro oficial do óbito
- Morte NÃO natural: óbito por causa externa (ou será feito por duas testemunhas
não natural) é aquele que decorre de lesão
provocada por violência (homicídio, suicídio, Obs.: Se caso um paciente com 85 anos sem
acidente ou morte suspeita) qualquer que tenha comorbidades acabar falecendo em casa e não há
sido o tempo entre o evento lesivo e a morte SVO na localidade, deve-se preencher como
propriamente morte súbita.
5. EXEMPLOS:
 Em local com IML: o médico legista,
qualquer que tenha sido o tempo entre o MORTE NATURAL:
evento violento e a morte propriamente
- Masculino, 65 anos. Há 35 anos, sabia ser
 Em local sem IML: qualquer medico da
hipertenso e não fez tratamento. Há dois anos
localidade, investido pela autoridade
começou a apresentar dispneia de esforço. Foi ao
judicial ou policial, na função de perito
médico, que diagnosticou com hipertensão arterial
louvado
e cardiopatia hipertensiva, iniciando o tratamento.
ITENS QUE COMPÕEM A DO: Há dois meses, insuficiência cardíaca congestiva,
e hoje, edema agudo de pulmão, falecendo após 5
- É composta por nove blocos de informações de horas. Há dois meses, foi diagnosticado com
preenchimento obrigatório, a saber: neoplasia de próstata
I. É a parte da DO preenchida exclusivamente
pelo cartório do Registro Civil
II. Identificação do falecido: o médico deve dar
especial atenção a este bloco, dada a importância
jurídica do documento

Giulianna Montenegro
- Na parte I:
 Linha A: causa direta
 Linha B: consequência
 Linha C: consequência
 Linha D: causa básica
- Na parte II: comorbidades que não estão
envolvidas na cadeia de eventos

MORTE NÃO NATURAL:


- Masculino, 25 anos, pedreiro, estava trabalhando
quando sofreu queda de andaime (altura
correspondente a dois andares). Foi recolhido pelo
serviço de resgate e encaminhado ao hospital,
onde fez cirurgia em virtude de traumatismo
cranioencefálico. Morreu após três dias.
Traumatismo crânioencefálico 3 dias
Queda de andaime 3 dias

- A causa base é a circunstancia que levou a morte


6. PROVA:

- Preencher uma declaração de óbito


- O que o médico deve fazer na DO
- O que o médico não deve fazer na DO
- Para que serve os dados da declaração de óbito?
R.: Bancos estatísticos para dados
epidemiológicos

Giulianna Montenegro

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