Você está na página 1de 6

Luis Felipe1Guerra

Declaração de óbito

Dúvidas violentas. A DO deverá ser emitida


por qualquer médico em localidades
onde não houver SVO, em caso de
1- Óbito ocorrido em ambulância
óbito por causa natural, sendo
com médico. Quem deve fornecer
declarado na parte I “CAUSA DA
a DO?
MORTE DESCONHECIDA”.

A responsabilidade do médico que


3) Para recém-nascido com 450g
atua em serviço de transporte,
que morreu minutos após o
remoção, emergência, quando o
nascimento, deve-se ou não
mesmo dá o primeiro atendimento
emitir a DO?
ao paciente, equiparase à do
médico em ambiente hospitalar e,
Considera-se óbito fetal? O conceito
portanto, se a pessoa vier a falecer,
de nascido vivo depende,
caberá ao médico da ambulância a
exclusivamente, da presença de
emissão da DO, se a causa for
sinal de vida, ainda que essa dure
natural e se existirem informações
poucos instantes. Se esses sinais
suficientes para tal. Se a causa for
cessaram, significa que a criança
externa, chegando ao hospital, o
morreu e a DO deve ser fornecida
corpo deverá ser encaminhado ao
pelo médico do hospital. Não se
Instituto Médico Legal (IML).
trata de óbito fetal, dado que existiu
vida extra-uterina. O hospital deve
2) Óbito ocorrido em ambulância
providenciar também a emissão da
sem médico é considerado sem
Declaração de Nascido Vivo, para
assistência médica?
que a família promova o registro
civil do nascimento e do óbito.
Sim. O corpo deverá ser
encaminhado ao Serviço de
4) Médico do serviço público
Verificação de Óbito (SVO) na
emite DO para paciente que
ausência de sinais externos de
morreu sem assistência médica.
violência ou ao IML em mortes
Luis Felipe2Guerra

Posteriormente, por denúncia, Primeiro, deve-se verificar se a


surge suspeita de que se tratava causa da morte é natural ou
de envenenamento. Quais as externa. Se a causa for externa, o
conseqüências legais e éticas corpo deverá ser encaminhado ao
para esse médico? IML. Se for morte natural, o médico
deve esgotar todas as
Ao constatar o óbito e emitir a DO, possibilidades para formular a
o médico deve proceder a um hipótese diagnóstica, inclusive com
cuidadoso exame externo do anamnese e história colhida com
cadáver, a fim de afastar qualquer familiares. Caso persista dúvida e
possibilidade de causa externa. na localidade exista SVO, o corpo
Como o médico não acompanhou o deverá ser encaminhado para esse
paciente e não recebeu informações serviço. Caso contrário, o médico
sobre essa suspeita, não tendo, deverá emitir a DO esclarecendo
portanto, certeza da causa básica que a causa é desconhecida.
do óbito, deverá anotar, na variável
causa, “óbito sem assistência 6) Paciente idoso, vítima de
médica”. Mesmo se houver queda de escada, sofre fratura de
exumação e a denúncia de fêmur, é internado e submetido à
envenenamento vier a ser cirurgia. Evoluía adequadamente,
comprovada, o médico estará isento mas adquire infecção hospitalar,
de responsabilidade perante a vindo a falecer, 12 dias depois,
justiça se tiver anotado, na DO, no por broncopneumonia. Quem
campo apropriado, “não há sinais deve fornecer a DO e o que deve
externos de violência” ser anotado com relação à causa
da morte?
5) Paciente chega ao pronto-
socorro (PS) e, em seguida, tem Segundo a definição, óbito por
parada cardíaca. Iniciadas causa externa é aquele que ocorre
manobras de ressuscitação, em consequência direta ou indireta
estas não tiveram sucesso. O de um evento lesivo (acidental, não-
médico é obrigado a fornecer acidental ou de intenção
DO? Como proceder com relação indeterminada). Ou seja, decorre de
à causa da morte? uma lesão provocada por violência
Luis Felipe3Guerra

(homicídio, suicídio, acidente ou Código de Processo Penal, pode


morte suspeita), qualquer que seja o designar qualquer pessoa (de
tempo decorrido entre o evento e o preferência as que tiverem
óbito. O fato de ter havido habilitações técnicas) para atuar
internação e cirurgia e o óbito ter como perito legista ad hoc em
ocorrido 12 dias depois não municípios onde não existe o IML.
interrompe essa cadeia. O Essa designação não é opcional, e
importante é considerar o nexo de a determinação tem de ser
causalidade entre a queda que obedecida. O perito eventual
provocou a lesão e a morte. O corpo prestará compromisso e seu exame
deve ser encaminhado ao IML e a ficará restrito a um exame externo
DO emitida por médico legista. Esse do cadáver, com descrição, no
deve anotar na DO: laudo necroscópico, das lesões
externas, se existirem. Anotar na
Parte I DO as lesões, tipo de causa
D- Queda de escada externa, mencionar o número do
C - Ação contundente Boletim de Ocorrência.
B- Fratura do fêmur
A- Broncopneumonia 8) Quando o médico for o único
profissional da cidade, é dele a
Parte II obrigação de emitir a DO após o
Cirurgia exame externo do cadáver?

7) Médico de um município onde Se ele não prestou assistência ao


não existe IML é convocado pelo paciente, deve examinar o corpo e,
juiz local a fornecer atestado de não havendo lesões externas, emitir
óbito de pessoa vítima de a DO, anotando “causa da morte
acidente. O médico pode se negar desconhecida” no lugar da causa,
a fazê-lo? mencionando a ausência de sinais
externos de violência. Usar a parte
Embora a legislação determine que II do atestado médico para informar
a DO para óbitos por causa externa patologias anteriores referidas pela
seja emitida pelo IML, a autoridade família e/ou acompanhantes do
policial ou judicial, com base no falecido, podendo os diagnósticos
Luis Felipe4Guerra

estar sinalizados com interrogação suspeita, ao IML. Se o médico


“(?)”, ou os termos “sic” ou acompanhou a transferência, a DO
“provável”. Havendo qualquer lesão, será emitida por ele, caso tenha
deverá comunicar à autoridade elementos suficientes para firmar o
competente e, se for designado diagnóstico da causa de morte.
perito ad hoc, emitir a DO, anotando Porém, se não tiver, o corpo deverá
a natureza da lesão e as ser encaminhado ao SVO, ou, em
circunstâncias do evento. caso de morte suspeita, ao IML. Em
caso de óbito por causa natural, em
9) De quem é a responsabilidade localidades sem SVO, o médico que
de emitir a DO de doente acompanhou ou recebeu o falecido,
transferido de hospital, clínica ou e não tenha elementos para firmar a
ambulatório para hospital de causa básica do óbito, deve emitir a
referência, que morre no trajeto? DO e declarar na parte I – “Morte de
causa da desconhecida”. Usar a
Se o doente foi transferido sem o parte II para informar patologias
acompanhamento de um médico, referidas por acompanhantes,
mas com relatório médico que podendo usar interrogação “(?)”, ou
possibilite o diagnóstico da causa os termos “sic” ou “provável” junto
de morte, a DO poderá ser emitida aos diagnósticos.
pelo médico que recebeu o doente
já em óbito, ou pelo médico que o 10) Quem deverá emitir a DO em
encaminhou. Porém, se o relatório caso de óbito de paciente
não permitir a conclusão da causa assistido pelo Programa de
da morte, o corpo deverá ser Saúde da Família (PSF)?
encaminhado ao SVO, ou, em caso
de morte suspeita, ao IML. Se o Homem 54 anos, lavrador,
doente foi transferido sem médico e apresenta perda de peso acentuada
sem relatório médico, o que é nos últimos três meses. Teve
considerado ilícito ético, a DO diagnóstico de câncer de esôfago
deverá ser emitida pelo médico que no início do quadro, e foi submetido
encaminhou; na impossibilidade, o à cirurgia e sessões de radioterapia,
corpo deverá ser encaminhado ao que foram suspensas há um mês
SVO, ou, em caso de morte após constatação de metástases
Luis Felipe5Guerra

em vários órgãos. O paciente Se, por acaso, o médico preencher


evoluiu para um quadro de caquexia erroneamente a DO, seja qual for o
e vinha recebendo atendimento campo, deverá inutilizá-la,
domiciliar pelo médico do PSF que preenchendo outra corretamente.
o visitava regularmente em casa. A Porém, se a Declaração já tiver sido
família procura o médico na sede do registrada em Cartório de Registro
Programa de Saúde da Família e Civil, a retificação será feita
comunica que, após a última visita, mediante pedido judicial por
o paciente evoluiu com falta de ar, advogado, junto à Vara de Registros
vindo a falecer no domicílio. Públicos ou similar. Nunca rasgar a
DO. O médico deverá escrever
O médico da família emitirá a DO, “anulada” na DO e devolvê-la à
considerando-se que ele prestava Secretaria de Saúde para
assistência médica ao falecido, cancelamento no sistema de
conhecia o quadro clínico informação.
apresentado nos últimos meses,
bem como o prognóstico do quadro. 13) O médico pode cobrar
Contudo, o médico deverá verificar honorários para emitir a DO?
pessoalmente o cadáver, após ter
sido comunicado do óbito. Não. O ato médico de examinar e
constatar o óbito, sim, poderá ser
11) Como proceder para enterrar cobrado, desde que se trate de
peças anatômicas amputadas? paciente particular, a quem o
médico não vinha prestando
O médico fornecerá um relatório assistência. Entenda-se que o
sobre as circunstâncias da diagnóstico da morte exige
amputação, em receituário ou cuidadosa análise das atividades
formulário próprio (nunca DO). A vitais, pesquisa de reflexos e
peça deverá ser sepultada ou registro de alguns fenômenos
incinerada. abióticos, como perda da
consciência, perda da sensibilidade,
12) Como proceder em caso de abolição da motilidade e do tônus
preenchimento incorreto da DO? muscular.
Luis Felipe6Guerra

Casos práticos Ao ser examinada pela médica


plantonista, mostrava-se
desidratada, prostrada, reagindo
CASO 1- Jovem chega ao IML pouco aos estímulos, com choro
vítima de homicídio há 3 horas, débil. Foi iniciada a reidratação
apresenta orifício típico de entrada venosa, porém a criança faleceu
de PAF em região temporal quarenta e cinco minutos após a
esquerda. Ao exame necroscópico internação. Ao exame físico revelou,
evidencia projétil alojado em base além dos sinais de intensa
do crânio, com fratura de crânio e desidratação, evidências de
hemorragia subaracnóidea. desnutrição grave.

C- projetil de arama de fogo , B – C- Desnutrição, B – Diarréia e A-


Fratura de base de crânio, A – Desidratação
Hemorragia subaracóidea.
CASO 4- Mulher com 32 anos,
Outra opção: D- projetil de arama de apresentou dor em baixo ventre e
fogo , C- Ação contudente, B- TCE, hemorragia transvaginal, três horas
A – Hemorragia subaracóidea. depois evoluiu para abortamento
espontâneo, tendo sido submetida à
Como eu disse, tem uma certa curetagem na 22ª semana de
flexibilidade em relação seqüência gestação em ambulatório. No dia
correta mas não podemos viajar e seguinte apresentou um quadro
colocar coisa sem sentido. séptico, permanecendo internada
por quinze dias. Evoluiu para
insuficiência renal, coma e óbito.
CASO 2- Vítima de atropelamento
ocorrido há 2 horas, apresentando D- Abortamento espotaneo, C-
múltiplas fraturas pelo corpo e Quadro septico, B- Insufiência renal
esmagamento do tórax. e A- Coma.

C- Atropelamento, B – Pode faze a memsa squecia sem o


Esmagamento do tórax e A – coma que tá certo também, já que
Choque hemorrágico insuficiencia renal é uma causa
morte.
Outra opção: D- Atropelamento, C-
Ação contudente, B- CASO 5- Homem vítima de
Politraumatismo e A – Choque agressão por arma branca, com
hemorrágico. ferimento pérfuro-cortante em tórax,
com lesão pulmonar, veio a óbito
CASO 3-Criança com quatro meses nas primeiras 24 h de internação.
de idade, deu entrada no Pronto
Socorro com história de que há 1 C- Agressão por arma branca, B-
semana iniciou quadro de diarréia Ferimento pérfuro-cortante em tórax
mucossanguinolenta e que se e A- Choque hemorrágico.
intensificou nas últimas doze horas.

Você também pode gostar