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Bloqueadores brônquicos
Os tubos endobrônquicos de duplo lúmen são, atualmente, o método mais utilizado para fazer a
separação pulmonar e a VMP. Existem vários tipos diferentes de TDL, mas o modelo de todos eles
é essencialmente semelhante, pelo fato de dois tubos endotraqueais serem “ligados” entre si. Um
dos lumens é suficientemente longo para alcançar um brônquio fonte, e o segundo lúmen termina
com uma abertura na traqueia distal. A separação pulmonar é obtida por insulação de dois cuffs:
um cuff traqueal proximal e um cuff brônquico distal localizado no brônquio fonte. O cuff
endobrônquico de um tubo direito possui orifício projetado para permitir a ventilação do lobo
superior direito, pois o brônquio fonte direito é muito curto para acomodar a ponta do lúmen direito
e um cuff brônquico direito.
Tubo Robertshaw
Seleção de TDL
Brodsky (1996) descreveu uma técnica de escolha do diâmetro do tubo observando o diâmetro
da traqueia medido no Rx posteroanterior de tórax, no nível da clavícula.
Antes da inserção, o TDL deve ser preparado e verificado. O cuff traqueal (alto volume, baixa
pressão) pode acomodar até 20 mL de ar, e o cuff brônquico pode ser verificado com uma seringa
de 3 mL. O tubo deve ser revestido livremente com lubrificante hidrossolúvel. O estilete
deve ser retirado, lubrificado e delicadamente colocado de volta no lúmen brônquico, sem alterar a
curvatura pré-formada do tubo. A lâmina Macintosh é preferida para intubação da traqueia, pois
proporciona maior área para passar o tubo.
1. A inserção do tubo é feita com a curvatura côncava distal voltada para a posição anterior.
2. Depois que a ponta do tubo passar pelas cordas vocais, remove-se o estilete e gira-se o tubo
em 90°. Gira-se o tubo esquerdo 90° para a esquerda; gira-se o tubo direito para a direita.
3. O avanço do tubo cessará quando for constatada resistência moderada à passagem, o que
indica que a ponta do tubo se assentou firmemente no brônquio fonte.
É importante remover o estilete antes de girar e avançar o tubo, para evitar laceração da traqueia
ou dos brônquios. A rotação e o avanço do tubo devem ser realizados delicadamente e mediante
laringoscopia direta e contínua, para evitar que as estruturas hipofaríngeas interfiram no
posicionamento correto.
Uma vez que o tubo esteja na posição adequada, deve-se realizar uma série de etapas para
verificar sua localização.
1. Em primeiro lugar, deve-se inflar o cuff traqueal e estabelecer ventilação igual para ambos os
pulmões. Se o som respiratório não for igual, significa que o tubo está provavelmente muito
abaixo e que a abertura do lúmen traqueal está em um brônquio fonte ou na carina. A retirada
do tubo em aproximadamente 2 cm a 3 cm geralmente iguala o som respiratório.
2. A segunda etapa é grampear o lado direito (no caso do tubo esquerdo) e remover a tampa
direita do conector. Em seguida, deve-se inflar lentamente o cuff brônquico para impedir o
vazamento de ar do lúmen brônquico em torno do cuff brônquico até o lúmen traqueal. Assim,
pode-se assegurar que não será aplicada pressão excessiva ao brônquio, além de ajudar a
evitar laceração. A insulação do cuff brônquico raramente necessita de mais de 2 mL de ar.
3. A terceira etapa é remover o grampo e verificar se ambos os pulmões estão ventilados com
ambos os cuffs inflados. Assim, assegura-se que o cuff brônquico não esteja obstruindo o
hemitórax contralateral, seja total ou parcialmente.
4. A etapa final consiste em grampear cada lado seletivamente e observar a ausência de
movimento e sons respiratórios no lado ipsilateral (grampeado); o lado ventilado deve
apresentar sons respiratórios nítidos, movimento torácico aparentemente complacente,
umidade do gás respiratório a cada ventilação corrente e ausência de vazamento gasoso. Se a
pressão de pico da via aérea durante a ventilação bipulmonar for de 20 cm H2O, ela não deve
exceder 40 cm H2O para o mesmo VC durante a VMP.
Embora existam várias descrições de complicações na literatura, decorrentes do uso desses tubos,
as principais são:
■ trauma das vias aéreas – trauma dos tecidos moles, dos dentes, deslocamento das cartilagens
aritenoides e edema;
■ deslocamento ou mau posicionamento do tubo– pode ser evitado com rigorosa avaliação e
adequada fixação;
■ obstrução – frequente no tubo de Carlens (pe-quena luz), em caso de secreções;
■ hipoxemia – secundária a alterações da relaçãoventilação/perfusão;
■ ruptura brônquica;
■ lesão isquêmica da mucosa respiratória;
■ disfonia pós-operatória;
■ odinofagia pós-operatória;
■ lesão esofágica.