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O Procedimento da Sutura
sutura é o termo usado para designar todo material utilizado para ligar (amarrar) vasos sanguíneos ou
aproximar (costurar) tecidos.
a evolução dos materiais utilizados permite que a redução da dificuldade de aproximação dos retalhos, além
de diminuir o potencial de infecção pós-operatória.
na Odontologia, o objetivo principal da sutura é posicionar e manter firme o retalho cirúrgico a fim de
promover cura e cicatrização da ferida, dando conforto ao paciente através de uma boa redução tecidual a
ser reparado, promoção de hemostasia e evitar destruição óssea desnecessária.
se os retalhos não forem aproximados adequadamente, haverá uma hemostasia inadequada, sangue e soro
se acumularão abaixo do tecido, retardando o processo de cicatrização devido a separação do retalho do
osso subjacente, resultando em cicatrização por segunda intenção.
uma sutura inadequada também pode resultar em um retalho desagregado do dente e área exposta de osso
alveolar, contribuindo para necrose, dor, perda óssea e retardo da cura.
Materiais de Sutura
Suturas Não-Absorvíveis
Seda
filamentos de seda torcidos ou trançados (é preferencialmente usada em virtude das qualidades superiores
de manipulação) formando um cordão.
facilidades do uso: lisura do fio e elasticidade natural do material que garantem segurança ao nó.
por não ser reabsorvível, a seda pode resultar em um “efeito pavio”, isto é, a seda atrai bactérias e fluidos
para o local da ferida.
Poliéster
dois tipos fabricados disponíveis: monofilamento (o náilon é usado em 90% dos casos) e o
politetrafluoroetileno (PTFE).
o fio traçado das fibras de poliéster é revestido por um lubrificante que melhora a passagem do fio pelo
tecido e facilita a amarração do nó.
a fibra de poliéster e a camada de lubrificante são biologicamente inertes.
em virtude da lisura do náilon e do poliéster, é possível que os nós se desamarrem.
Suturas Absorvíveis
- resultam em menos inflamação pós-operatória e em um estado pós-operatório mais confortável já que não é
necessária a sua remoção.
Naturais
são digeridas por enzimas orgânicas e apresentam dois tipos de fios cirúrgicos fabricados a partir de
filamentos processados de colágeno altamente purificados: gut liso e gut crômico.
vantagens das suturas gut: são absorvíveis, economizam tempo no pós-operatório, reduzem a ansiedade do
paciente já que a necessidade de remoção foi eliminada e resistem à tração de média a moderada.
desvantagem das suturas gut: necessidade do cuidado de não usar esse tipo de material de sutura caso o
paciente relate alguma disfunção que envolva aumento da secreção salivar o que resultaria em uma
dissolução mais rápida destas suturas.
Gut Liso
- demonstram resistência média à tração e perdem 50% da força da sutura após 24 horas de exposição aos fluidos
bucais.
- a taxa de absorção é de 3 a 5 dias quando usada intra-oralmente.
Gut Crômico
- essa sutura é tratada com uma solução salina de cromo que permite ao material a resistir às enzimas do organismo
durante um período de 7 a 10 dias intra-oralmente.
- vantagens da sutura gut crômico: absorvível com taxa prolongada, economiza-se tempo no estado pós-operatório e
diminui a ansiedade do paciente por não necessitar de remoção.
- mantém a força média de tração em aproximadamente 40 a 50% durante uns 5 dias.
Sintéticas
são hidrofóbicos e, portanto, são dissolvidas pelo processo de hidrólise, além de reduzir a velocidade de
penetração de água nos filamentos, diminuindo a taxa de absorção
suturas de PGA (ácido poliglicólico): são fabricadas a partir de um polímero lactídeo e glicolídeo que existe
no corpo como parte do processo metabólico.
vantagens das suturas de PGA: absorção lenta (21 a 28 dias, intra-oralmente), é inerte e provoca, apenas,
reação tecidual moderada, demonstra maior resistência à tração e, por isso, usado quando é necessária
uma maior resistência, na sutura em músculo, por exemplo.
sutura de poliglecaprone 25: é outra alternativa de sutura absorvível com taxa de absorção de 90 dias intra-
oralmente, apresenta muita resistência à tração, mas é muito duro, após amarrada com o nó do cirurgião,
uma ponta acaba sendo um incômodo à bochecha ou à língua do paciente.
O Tamanho da Sutura
- refere-se ao diâmetro da sutura, variando entre 1-0 a 10-0 (menor diâmetro e menor resistência à tração que
nunca deve exceder à resistência do tecido segurado).
- em Odontologia, a 4-0 é a mais comumente utilizada e a 5-0 é mais indicada para cirurgias mucogengivais
delicadas.
- é certo utilizar uma sutura de menor diâmetro, mas que possa segurar adequadamente o tecido da ferida,
minimizando o trauma quando ela é passada pelo tecido, esperando que ela seja tão forte quando o tecido saudável
onde estão sendo colocadas.
Agulhas de Sutura
componentes básicos: conexão final (serrilhada ou perfurada), corpo e extremidade (ponta ativa).
a maioria das agulhas já traz, na conexão final, o fio já preso (agulha atraumática), o que permite ao cirurgião
puxar a agulha mais facilmente e com menos trauma ao tecido.
os porta-agulhas disponíveis para o clínico são aqueles de aço inoxidável e os com carboneto de tungstênio
(que assegura uma presa mais firme e dá maior durabilidade ao porta-agulha, além de evitar deformação na
agulha quando utilizada) inserido nas faces de apreensão da ponta ativa (ponta de Wídea – ou Vídea).
a face interna da ponta ativa tem ranhuras de secção cruzadas para permitir a apreensão da agulha e o
material de sutura.
empunhadura: os dedos anular e polegar são inseridos nas argola do cabo, o dedo indicador é mantido ao
longo do eixo do porta agulha para estabilizá-lo e guiá-lo.
as agulhas devem ser seguras em uma área que seja aproximadamente a metade da distância entre o
encaixe do fio e a extremidade, a uma distancia de 2mm a 3mm da extremidade da ponta ativa.
ao inserir a agulha no tecido, a força deve ser aplicada na direção da curvatura da agulha.
a agulha não deve ser usada para unir ou aproximar os tecidos a serem suturados.
quando montada no porta-agulha, a agulha deverá estar apontando para a direção a qual será usada, sem
necessidade de ajuste.
a maioria dos fabricantes fornece um tipo de pacote dual que consiste em uma cobertura externa não estéril
e um pacote interno estéril, onde estão a agulha e a sutura.
por não ser estéril, é necessária a realização de uma desinfecção da cobertura externa de modo que possam
ser colocados vários pacotes na mesa cirúrgica.
ao abrir a embalagem, a agulha não poderá ser retirada do pacote sendo agarrada pela extremidade /
quando se estica o fio de sutura, tanto a agulha quanto o fio devem ser agarrados pelo porta-agulha, de
forma que o fio não seja puxado do seu encaixe.
Técnicas de Nós Cirúrgicos
Nós
- o objetivo dos nós é unir as pontas da sutura (chicote) de maneira segura, porém, delicada, com firmeza suficiente
para evitar o deslizamento e o desprendimento do retalho, além de evitar branquear os tecidos, o que pode
comprometer o suprimento sanguíneo, causando necrose.
- são geralmente colocados na face vestibular dos retalhos, onde tem melhor probabilidade de irritar a língua do
paciente, onde haverá o menor depósito de resíduos alimentares e menor trauma tecidual e da sutura, o que
dificultaria a cicatrização da ferida.
Nó de Cirurgião
- é um nó cego modificado, formado por dois semi-nós, cada um finalizado em direções opostas.
- o primeiro semi-nó é duplo (o que evita o deslizamento e a soltura, sobretudo, quando os retalhos estão sob
tensão) e o segundo, simples.
- quando é utilizado um material de sutura com menor coeficiente de fricção (náilon, por exemplo), é necessária
realização de mais de dois nós chuleados para evitar o afrouxamento.
Remoção da Sutura
- quanto mais tempo o fio de sutura ficar no local, melhor processo de cicatrização ele produzirá.
- geralmente, consultas pós-operatóras são realizadas de 7 a 10 deias após a cirurgia.
- todo material usado extra-oralmente pode ser removido mais cedo.