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INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS

Estaremos classificando os instrumentais cirúrgicos em seis grupos básicos,


sendo cada grupo representativo de uma determinada etapa da cirurgia.

DIÉRESE CIRÚRGICA

Apresentaremos nesse grupo os cabos de bisturi e as tesouras. O


instrumentador cirúrgico deve sempre manter estes instrumentais protegidos, pois
são utilizados para corte.
Os bisturis são os principais instrumentos de corte utilizados pelos cirurgiões.
São compostos por duas peças, o cabo e a lâmina. Os cabos e as lâminas variam
de formato e de tamanho, de acordo com o tipo de cirurgia ou ato cirúrgico a ser
realizado.
Os cabos mais curtos são próprios para os procedimentos cirúrgicos de
superfície, ou seja, o corte do tecido epitelial. Os cabos mais longos destinam-se aos
procedimentos cirúrgicos em cavidades, ou seja, em regiões mais profundas.

TIPOS DE CABOS DE BISTURI


https://www.spruemaster.com/2010/09/falando-sobre-bisturis/

Os bisturis elétricos facilitam muito o processo de coagulação, diminuindo


consideravelmente os sangramentos durante as cirurgias.
As tesouras também variam de tamanho e de formato, podendo ser curvas ou
retas, finas ou grossas de acordo com a sua aplicação. As mais utilizadas, são a
tesoura do tipo “Metzenbaum” que por ser uma tesoura do tipo curva, é a mais
usada pelo cirurgião chefe e a tesoura do tipo “Mayo” que por ser uma tesoura do
tipo reta, é a mais utilizada pelo instrumentador cirúrgico e pelos cirurgiões
auxiliares. Muito útil no corte dos fios cirúrgicos.

PINÇAS HEMOSTÁTICAS

Neste grupo destacam-se as pinças, no mesmo existe uma grande variedade


delas, com diversos tamanhos, podendo ser pequenas, médias e grandes e de
vários formatos, retas ou curvas, traumáticas e não traumáticas.
Dentre as pinças hemostáticas mais empregadas, podemos destacar as
pinças do tipo “Cocheira” que por ser uma pinça traumática, dotada de dentes de
rato, vem sendo empregada com sucesso para preensão da aponeurose dos
músculos. Há também as pinças do tipo “Kelly” e as pinças do tipo “HasItead” por
serem pinças finas, são empregadas com sucesso em cirurgias pediátricas ou em
pequenos procedimentos. Podem ser chamadas também de “mosquitinho” ou
“mosquito”, por serem pequenas.
São bem mais delicadas do que as pinças do tipo Kelly e aplicam-se a vasos
de menor calibre.
Temos também as pinças do tipo “Pean”, as pinças do tipo “Mixter” que são
amplamente utilizadas em cirurgias pulmonar, hepática e renal e as pinças do tipo
“Satinsky” e que são muito utilizadas em cirurgias vasculares.
As pinças do tipo “Faure”, assim como as pinças do tipo “Rochester ”-“Pean”
são pinças de maior resistência, próprias ao pinçamento de tecidos não delicados ou
sensíveis.

EXÉRESE CIRÚRGICA

Neste grupo temos os instrumentos para preensão e os de separação. Os


instrumentais para preensão tem a finalidade de segurar, erguer momentaneamente,
inclinar ou tracionar determinados tecidos durante o procedimento cirúrgico.
Podemos destacar como instrumentais para preensão as pinças do tipo
“Museux”, pinças do tipo “Allis” e pinças do tipo “Babcock” que é um tipo de pinça
preferida para tracionar as alças intestinais.
As pinças do tipo “Duval” também conhecidas como “triangular de Duval”,
possuem grande aplicabilidade em cirurgias pulmonares, no pinçamento dos lobos
pulmonares.
As pinças do tipo “Collin” são também conhecidas como “Collin” oval. As
pinças do tipo “Foerster” que são um tipo de pinça longa, são também empregadas
em curativos profundos, segurando compressas de gaze.
As pinças anatômicas são instrumentos cirúrgicos empregados de forma
acessória em procedimentos de preensão. Dentre as mais usadas, destacam-se as
pinças do tipo “Adson” as do tipo “Potts Smith” e as pinças do tipo “Nelson”.
Os instrumentais que possuem a função de separar são também conhecidos
como afastadores. Os instrumentais para separação ou afastadores, classificam-se
em três diferentes tipos.
O primeiro tipo são os dinâmicos que são instrumentais que deverão ser
empunhados pelo médico-cirurgião, com o objetivo de expor a observação do campo
operatório desejado. Destacam-se os do tipo “Farabeuf”, o do tipo “Volkman” e os do
tipo “Doyen”.
O outro tipo são os autostáticos que são os instrumentos que após serem
posicionados pelo médico-cirurgião, manterão o campo aberto, sem que haja a
necessidade de empunhadura permanente. É comum utilizar em cirurgias como
traqueostomias.
Os classificados como diversos são os de mais instrumentais de separação
ou afastadores que não se enquadram nas duas classes acima descritas. São
espátulas, algumas rígidas e outras maleáveis, de acordo com o propósito desejado.

EXAURIMENTO CIRÚRGICO

Incluímos neste grupo as agulhas cirúrgicas, os porta-agulhas e os fios


cirúrgicos.
As agulhas são instrumentos perfurantes que tem como objetivo, juntamente
com os fios cirúrgicos, recompor os tecidos lesionados, sejam eles internos ou
externos, por meio do procedimento denominado sutura.
Existe um grande número de agulhas, variando de tamanho, calibre e
formato. As agulhas cirúrgicas podem ser classificadas quanto ao formato em quatro
tipos, são elas:
➢ Retas: destinadas a realização de procedimentos de sutura do tecido epitelial,
sem o emprego do porta-agulha.
➢ Curvas: As agulhas meio-círculo possuem uma curvatura bem maior do que
as agulhas semirretas, e são eficazes na sutura de tecidos profundos.
➢ Lanceoladas: São agulhas de secção triangular e são utilizadas em tecidos
mais resistentes como a sutura da aponeurose dos músculos.
➢ Cilíndricas: São agulhas de secção circular e muito empregadas na sutura de
tecidos delicados e sensíveis, tais como a reconstituição de vasos sanguíneos
rompidos.

A classificação das agulhas ainda pode ser feita em relação ao fio cirúrgico
que será utilizado na sutura, em dois tipos:
➢ Com fio perpassado: a agulha já vem de fábrica montada juntamente
com o fio cirúrgico. A base da agulha é interligada com o início do fio,
não havendo nenhum desnível. Trata-se de agulha não traumática, por
possuir um calibre regular e uniforme na junção com o fio.
Com fio a passar: A agulha não vem montada de fábrica com o fio. Será
necessário montá-la, passando o fio cirúrgico desejado, pelo orifício da agulha.
O porta-agulha tem o objetivo de segurar a agulha durante os processos de
sutura. Entre os mais empregados destacam-se o porta-agulha do tipo “Mayo
Hegan” e o porta-agulha do tipo “Mathieu”.

Os fios cirúrgicos podem ser classificados em dois grupos básicos:

➢ Absorvíveis: Os fios vão sendo gradativamente absorvidos pelo organismo,


até desaparecerem por completo. Nestes casos temos o fio Categute simples que
são feitos de fibras de tripas de carneiro e o fio Categute-cromado. Aqui o fio
categute é tratado quimicamente com um banho de cromo. O objetivo desse fio
cromado é frear o tempo de absorção pelo organismo, mantendo-se a tensão do fio
por um período de tempo maior. Esse tipo de material é escolhido, quando se deseja
maior segurança quanto à durabilidade da sutura para que as partes seccionadas
possam se unir.
➢ Não absorvíveis: São fios que não são absorvidos pelo nosso organismo.
Caso não sejam removidos posteriormente, irão ficar de forma definitiva na região
suturada. Dentre esses fios podemos relacionar o de Nylon, o de Algodão, o fio de
Seda, o de Aço e o fio de Mersilene que é composto por uma substância sintática
não absorvida pelo organismo.

INSTRUMENTAIS PARA PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

São instrumentais que não compõem a mesa de instrumentação em cirurgia


geral. São instrumentos específicos para determinadas cirurgias. Existe uma grande
variedade de instrumentos especiais. Podemos citar a pinça do tipo “Lambott” -
“Farabeuf”, e o Clamp de “Kocher” que é empregado em cirurgias intestinais, com o
objetivo de ocluir a alça intestinal.
O Rugina é um instrumento que serve para descolar ou separar as costelas
dos tecidos musculares. Tendo grande aplicação nas cirurgias torácicas. A serra de
“Gigli” é utilizada em neurocirurgias, cirurgias vasculares e em cirurgias ortopédicas.

INSTRUMENTAIS PARA DIVERSOS FINS

Os campos cirúrgicos são peças de pano que em geral medem 1,50m de


comprimento por 1,50m de largura. Existem com o objetivo de isolar o campo
operatório que será alvo da cirurgia, das demais partes do corpo do paciente.
Os campos cirúrgicos são, portanto, panos esterilizados, evitando assim, o
risco da equipe cirúrgica tocar nas demais partes da pele do paciente e contaminar
as roupas, luvas e instrumentais cirúrgicos.

CUIDADOS NO MANUSEIO DO INSTRUMENTAL CIRÚRGICO

Os instrumentais cirúrgicos devem ser usados somente para a finalidade que


lhe foi atribuída. O uso correto e os cuidados razoáveis prolongam a sua vida útil e
protegem a sua qualidade.
As tesouras e as pinças, que frequentemente são usadas de forma irregular,
podem sofrer desalinhamento, danificações como quebras e rachaduras, quando
usadas inadequadamente. As tesouras para tecidos não devem ser usadas para
cortar suturas ou gaze.
As pinças hemostáticas não devem ser usadas como prendedores de toalhas
ou para pinçar tubos de sucção. Obrigatoriamente os instrumentais cirúrgicos devem
ser manejados delicadamente.
Deve-se evitar jogar de forma violenta, deixar cair e colocar equipamento
pesado sobre eles. Durante os procedimentos, o instrumental usado deve ser limpo
com uma compressa úmida, ou colocado dentro de uma bacia com água destilada
estéril, para evitar que o sangue seque sobre o instrumental.
O soro fisiológico nunca deve ser utilizado sobre os instrumentos, pois o seu
conteúdo de sal pode ser corrosivo, aumentando a ferrugem ou deterioração do
metal.
No tempo previsto durante o procedimento, o instrumentador cirúrgico deve
lavar e secar os instrumentos usados, e recolocá-los sobre a mesa de instrumentais
para facilitar o fechamento das contagens.
No fim do procedimento, os instrumentais não devem ser colocados todos
juntos num amontoado. Eles devem ser manejados individualmente ou em pequenos
grupos.
Os instrumentais delicados devem ser dispostos separadamente para o
manuseio e limpeza individuais, de modo a evitar danos e ferimentos acidentais.
Os princípios das precauções universais devem ser aplicados conforme foi
dito pela política institucional. Todos os instrumentais destinados ao procedimento
devem ser esterilizados na fase final ou desinfetados antes da remontagem.
Obrigatoriamente, os instrumentais devem estar completamente limpos para
assegurar esterilização eficaz. Todo instrumental deve ser inspecionado antes e
após cada uso para se detectar imperfeições.
O instrumental deve permanecer em funcionamento adequado para impedir o
desnecessário perigo a segurança do paciente e aumentar o tempo cirúrgico por
circunstância de falha instrumental.
Os fórceps, as pinças e outros instrumentos articulados obrigatoriamente
devem passar por uma inspeção quanto ao alinhamento das garras e dentes. As
garras e os dentes dos instrumentos devem estar em perfeito estado, de modo que
seja ocluído o fluxo sanguíneo sem lesar a veia ou artéria.
As travas devem fechar perfeitamente, mas soltar com facilidade. As
articulações dos instrumentos devem funcionar suavemente. As bordas das tesouras
devem ser testadas quanto ao gume, cortando-se suavemente quatro camadas de
gaze.
Todos os instrumentais devem ser verificados quanto a pontos de desgaste,
saliências, denteamento, rachaduras, ou pontas agudas. Os instrumentais que
apresentarem danificação devem ser colocados de lado e enviados para conserto ou
substituição. O serviço de conserto de instrumentos deve ser escolhido
cuidadosamente e usado para a manutenção regular, como afiar e realinhar.

CONTAGEM DOS INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS


A maior parte das instituições realiza contagem dos instrumentais como
prática padronizada. O estabelecimento de conjuntos instrumentais padronizados
com o número e tipos mínimos de instrumentais neles facilitam a sua contagem, bem
como minimiza a quantidade de tempo e espaço necessário para montar.
As contagens iniciais devem ser feitas em conjunto pela circulante e pelo
instrumentador, antes do procedimento, os materiais adicionados durante o mesmo
devem ser contados e registrados.
As contagens seguintes devem ser feitas antes do fechamento de uma
cavidade ou de uma incisão grande e profunda, quando o instrumentador ou a
circulante é substituída por outras pessoas, e ao término do procedimento.
Os instrumentais desmontados durante a cirurgia, como certos afastadores,
obrigatoriamente devem ser identificados por completo. Todas as contagens devem
ser registradas pela circulante num registro apropriado.

AGULHAS E FIOS CIRÚRGICOS

PARTES DAS AGULHAS

As agulhas possuem um fundo, um corpo e uma ponta, como destacaremos


a seguir.
Em relação ao fundo temos os seguintes tipos:

➢ Sem fundo: o fio é inserido dentro da agulha, sendo que este tipo é chamado
de atraumática. Quando existe agulha em ambas as extremidades do fio, esta é
chamada de dupla.
➢ Fundo regular, alongado;
➢ Fundo quadrado;
➢ Fundo arredondado;
➢ Fundo de Benjamim;
➢ Fundo francês, em garfo ou falso - quando o fio pode ser inserido por
pressão, sem ser inserido.

TIPOS DE FUNDOS

<http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:_0jrAeA7bA0J:www.ufsm.br/tielletcab/
HVfwork/apoptcv/cap4.htm+AGULHAS+E+FIOS+CIR%C3%9ARGICOS&cd=3&hl=ptBR&ct=clnk&gl=br&source=www.google.c
om.br>.

O corpo é classificado de acordo com o formato de sua secção, que pode


variar em relação aos diversos pontos da agulha.
Podem ser redondos, ovalados, triangulares ou em forma de losango. Sua
curvatura pode ser:
➢ Reta;
➢ 3/8 de círculo;
➢ Meio círculo;
➢ 5/8 de círculo;
➢ Meia curva;
➢ Dupla curvatura;
➢ Semirreta.

FORMATOS DO CORPO
<http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:_0jrAeA7bA0J:www.ufsm.br/tielletcab/
HVfwork/apoptcv/cap4.htm+AGULHAS+E+FIOS+CIR%C3%9ARGICOS&cd=3&hl=ptBR&ct=clnk&gl=br&source=www.google.com.br>.

FORMATO DO CORPO DAS AGULHAS CIRCULARES

<http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:_0jrAeA7bA0J:www.ufsm.br/tielletcab/
HVfwork/apoptcv/cap4.htm+AGULHAS+E+FIOS+CIR%C3%9ARGICOS&cd=3&hl=ptBR&ct=clnk&gl=br&source=www.google.c
om.br>.

As pontas devem ser arredondadas, em forma de trocarte, com corpo


cortante triangular, cortante reverso, cortante lateral, redonda com ponta romba
(para fígado), pontiaguda cortante. As cortantes são chamadas de traumáticas e as
não cortantes de atraumáticas.
CORPO, AFILAMENTO E PONTAS

<http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:_0jrAeA7bA0J:www.ufsm.br/tielletcab/
HVfwork/apoptcv/cap4.htm+AGULHAS+E+FIOS+CIR%C3%9ARGICOS&cd=3&hl=ptBR&ct=clnk&gl=br&source=www.google.c
om.br>.

TÉCNICA DE MONTAGEM DE CAIXAS CIRÚRGICAS

As caixas cirúrgicas podem ou não ser padronizadas nos hospitais ou ainda


serem divididas conforme os tipos de cirurgias. Geralmente existem as caixas
básicas, de pequena cirurgia, de laparotomia exploradora, de ortopedia e as demais
caixas específicas por especialidade.
O instrumentador cirúrgico deve conhecer a listagem de cada caixa, para que
possa escolher a caixa adequada ao procedimento cirúrgico que irá participar. As
caixas específicas devem ser trazidas pela equipe cirúrgica ou então solicitadas à
reserva para o hospital.
A montagem da caixa cirúrgica é de responsabilidade do profissional de
enfermagem que trabalha na central de materiais esterilizados, mas o
instrumentador cirúrgico deve saber montá-la, pois assim, poderá preparar as suas
próprias caixas.
Existem hospitais que aceitam que a caixa seja limpa e montada pelo
instrumentador cirúrgico, mas há hospitais que não permitem esse procedimento.
Nestes casos o instrumentador cirúrgico deve acompanhar e conferir o
processamento do seu instrumental cirúrgico.
As caixas devem estar limpas e preparadas de forma que o vapor da
esterilização penetre na caixa e passe por todos os instrumentais. Esta caixa deve
ser perfurada e embalada com campo duplo de algodão.
Os instrumentais podem ficar presos para facilitar sua organização e
conferência antes do início da cirurgia, mais precisamente na montagem da mesa
cirúrgica.
É de responsabilidade do instrumentador cirúrgico, conferir todos os aspectos
relacionados aos instrumentais e materiais exclusivos que serão utilizados pela sua
equipe cirúrgica.

APRESENTAÇÃO DO MATERIAL QUE COMPÕE A MESA DO


INSTRUMENTADOR

BISTURI

Existem alguns métodos para segurar um bisturi, dependendo muito onde e


de que maneira vai ser usado, como descreveremos a seguir.
O cirurgião pode segurá-lo como uma faca, onde o dedo indicador posiciona-
se sobre a porção dorsal posterior da lâmina, com a finalidade de controlar a
pressão dessa sobre o tecido a ser enfocado. Usar esta posição para as incisões de
pele e de tecidos mais duros.

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