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As representações gráficas infantis são uma manifestação espontânea do próprio funcionamento psicológico
da criança. Assim, os mesmos servem como instrumentos de diagnóstico, pois expressam as fantasias e conflitos
inconscientes, os medos, alegrias, tensões e impulsos agressivos. O desenho é uma produção, uma brincadeira muito
expressiva.
Existem diversos manejos de interpretação dos gráficos infantis que cabe ao psicólogo. Uma interpretação
equivocada pode atrapalhar mais do que ajudar. É preciso entender a linguagem gráfica da criança e decodificar. O
adulto pode perguntar a ela sobre o desenho, mas precisa ter cuidado para não misturar suas próprias angústias e
fantasias àquela expressão da criança. Por isso uma boa dica é aproveitar o desenho para se favorecer um diálogo,
sabendo que poderá se abrir o mundo da imaginação através dessa conversa.
Desenhar passa a ser para a criança uma representação do seu mundo interno projetado no papel. Além de se
expressar, desenhando, ela mobiliza recursos cognitivos - mentais e emocionais - para buscar resolver conflitos e
diminuir angústias.
O mundo infantil fica representado nos traços, nas cores e nas formas do desenho. Portanto, além de ser um
instrumento que pode facilitar o entendimento de como a criança sente-se, constitui ainda uma forma terapêutica
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25/08/2022 17:49 OS DESENHOS INFANTIS REVELAM O ESTADO EMOCIONAL DA CRIANÇA
Uma das principais funções do desenho no desenvolvimento infantil é a possibilidade que ele oferece de
representação da realidade interna e também de aspectos da realidade externa. Trazer os objetos vistos no mundo,
dentro e fora, para o papel é uma forma de lidar com os elementos do dia a dia, da realidade externa e de elaboração
psíquica.
Assim como algo revela-se através de traços corporais, o que vai nos fornecer algumas pistas são os aspectos
estruturais do desenho, como o tamanho, as cores, a forma, a pressão, a perspectiva, a simetria, as correções,
retoques, entre outros. A interpretação desses dados somada à observação clínica pode nos dizer como essa criança
sente-se e como ela lida com seus conflitos. Partindo do pressuposto de que aspectos da realidade estão sendo
representados pela folha de papel, como a criança se experimenta? Ela ocupa todo o espaço da folha? Seu desenho é
grande ou pequeno? Utiliza cores, quais? Restringe-se a um único espaço da folha? Seu desenho é empobrecido,
apagado ou rico? O que é sentido pelo profissional quando observa esse desenho? A criança diz algo sobre o
desenho? Repare que o desenho pode ser uma porta de entrada para a construção de muitas narrativas e isso
facilitará o conhecimento a cerca dos sentimentos da criança.
Os desenhos, assim como os recursos utilizados, devem ser avaliados de acordo com a idade da criança. Os
pais podem ter em casa um lugar criativo onde possam disponibilizar para a criança materiais para desenhar e pintar.
Não há necessidade de forçá-la a essa atividade, é preciso partir dela. Como dito, uma boa conversa sobre os
desenhos pode abrir espaço de diálogo e facilitar a entrada no mundo da imaginação da criança. Essa interação passa
a ser algo lúdico e facilitador de intimidade e conectividade entre pais e filhos.
Fique atento:
Cores utilizadas e vivacidade das mesmas; força ou interrupção do traço, existência de sombras, isolamento
de determinadas figuras (“fechadas” dentro de um quadrado ou de um círculo, por exemplo); ausência de
determinadas figuras ou representação das mesmas numa escala muito reduzida; agressividade de determinadas
figuras; a criança passa a desenhar, continuadamente, cenários de violência; desenha repetidamente a mesma figura;
desenha figuras sem cabeça ou sem rosto (é hora de conversar e tentar entender); não consegue desenhar-se a si
próprio, numa imagem de família por exemplo; desenha cenários que não são adequados à sua realidade, rasga os
desenhos.
Lembre-se de que a interpretação dos desenhos deve ser feita de acordo com a idade da criança, ou seja, um
desenho todo preto feito por uma criança de dois anos pode não ter nenhuma conotação negativa, uma vez que ela
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ainda não tem uma consciência clara da escolha das cores, ao contrário de uma criança mais velha, de 4 ou 5 anos,
que já compreende.
Como os adultos nem sempre compreendem o que o imaginário infantil transpõe para o papel, é essencial
manter um diálogo aberto.
Procure descobrir a “história” por trás de cada desenho e construir a partir disso uma narrativa. Mas, se os
desenhos da criança continuarem a alarmá-lo, procure ajuda profissional. Se necessário, marque uma reunião com a
coordenação escolar e com a professora, de forma a poder também ter acesso aos desenhos e verificar se esse
padrão também ocorre na escola.
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