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Análise do desenho infantil

Curso em Londrina - O Desenho Infantil - Do Construto aos Indicadores Maturacionais


Objetivos do curso:

- Aprender sobre a perspectiva psicopedagógica do construto infantil;


- Estudar as principais teorias sobre o desenho da criança;
- Demonstrar como a leitura do desenho pode auxiliar no processo de avaliação psicopedagógica.
-Identificar os Indicadores Maturacionais no desenho da Figura Humana
-Avaliar o desenvolvimento da Criança por meio do desenho

O Curso objetiva promover o conhecimento técnico, científico e empírico para a interpretação do


construto infantil, enquanto forma de linguagem e expressão do conteúdo latente do inconsciente humano.

Será dividido em três mini-cursos:

Dia 20 de outubro - O Desenho e o Construto nfantil


Dia 24 de novembro - Os Indicadores Maturacionais contidos no Desenho da Figura Humana
Dia 01 de dezembro - A Avaliação Psicopedagógica do Desenho - Estudos de Casos

Tópicos abordados no curso do dia 20 de outubro:

• Teorias sobre o construto infantil


• Grafismo infantil ( fases do desenho)
• Quadrantes da folha e seus significados
• Cores: o que elas podem indicar?
• Textura: energia e pressão no desenhar
• Formas: análise geométrica das figuras

Valor

O Curso custará R$30,00 cada unidade ( minicurso).


Optando pelos três minicursos o valor total será de R$80,00.

Material do Curso:

Todo o material e a literatura usada no curso serão entregues em mídia digital (DVD)

Certificação:

O Curso está Cadastrado como Livre e de Atualização Profissional e Capacitação Cultural com base
Legal na Lei de Cursos Livres, nº 9394 art. 67 e 87, Inciso III. O Certificado Emitido poderá ser
Homologado e Registrado na Associação Brasileira de medicina Psicossomática.

Inscrição

Os cursistas deverão enviar email de Confirmação até o dia 18 de outubro a fim de que seja confeccionado
o DVD e o Certificado. orlandomarsal@yahoo.com.br

Local

Av. São Paulo, 841 - Centro - Londrina - PR

Data e Horário

Próximo sábado à tarde, dia 20 de outubro, das 14 às 17h30 .


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Aguardo você nessa jornada de novas descobertas


Postado por Orlando Marçal Junior às 10:23 Nenhum comentário:
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quarta-feira, 2 de novembro de 2011
O desenho da criança no período simbólico de 2 a 4 anos de idade

A função semiótica é responsável pela forma como vemos, interpretamos e vivenciamos o mundo. A
partir dela (da semiótica) surge a linguagem, o desenho, a imitação, a dramatização. Quando os objetos não
estão presentes, a criança pode simbolizar e imaginar. As fantasias iniciam sua importância e a criança
mergulha em um mundo de faz de contas, de jogos de brincar, de simbolismos. Ela gosta de contos de
fadas, e mais importante ainda, ela precisa deles para compor seu mundo. Sua curiosidade natural utilizará
do "faz de conta" para que ela tenha coragem de conhecer o que não sabe. O brincar de faz de conta é
brincar de viver, que para a criança é de fato viver. Ao desenhar, desenhará a forma como vê o mundo.

O animismo tem seu lugar e a criança dá voz e vida a objetos inanimados. Sua fala apesar de
parecer ter vínculo social, não responde, mas apenas ecoa o "si mesmo". A criança pode ser vista como
uma egocêntrica socializada. Tudo gira em torno dela. Por isso a composição do círculo tem tanta
relevância. Em sua história, ela divide sua visão de mundo com o mundo que a cerca. Tudo tem vida...vida
sua! Tudo tem voz...voz sua! Tudo deseja...desejo seu. Um fase "esquizoide", tendo em vista que sua voz é
vista como "outro", sendo ela e o outro ainda em simbiose lutando para se dividir. Desenhar o outro é
desenhar a si mesmo!

As coisas passam a ter nomes. Dar nome é uma forma de dominar o objeto. É a fase do
"nominalismo". Mesmo sem saber o nome, ela "inventa". Ao desenhar, escrever, nomina o que fez, fala
sobre sua origem, identifica. O desenho se prende ao real, ao que sente, à forma como vê e não ao que vê
de fato.

Por isso, o desenho dessas crianças estão carregados de simbolismo. A Semiótica, o animismo e
o nominalismo podem ser observado em uma criança desenhando, pois ao desenhar desenha a forma como
vê o mundo e não o mundo em si. Dá voz a este mundo, mas não a voz de outro, mas a de si mesma e
nomeia seu desenho, não com o nome dado, mas o que "inventa" a partir de si. Crescer para a criança é um
processo de amadurecimento de si mesmo para fora.

O desenho inicia dos dois aos sete , quando têm quase sua completude. Nessa fase, para Piaget,
a criança se encontra no Período Pré-operatório. Emerge-se a LINGUAGEM que se compõe da
SEMIÓTICA, do ANIMISMO e do NOMINALISMO. Tudo agregado de um EGOCENTRISMO
INFANTIL, tornando a criança ensimesmada e construindo sua linguagem a partir de si mesma.

A criança fala por meio do desenho. Cada traço é um grafismo que expressa: as cores informam o
humor, os sentimentos; o tamanho expressa a relevância; a posição mostra de quem se sente próxima ou
deseja se aproximar; os traços revelam a intensidade como vivencia o momento em que cristaliza sua
linguagem: O desenho é uma proto linguagem.

Abaixo apresento desenhos colhidos por alunos curso de análise do desenho infantil. A Temática
para as crianças de 2 a 4 anos é livre. Os desenhos expressam a maturidade da criança, seu momento
emocional e a forma como vêem o mundo. Contempla-los é ouvir sua visão de mundo: desvendar o
mistério de microcosmos.
Por Orlando Marçal Júnior
Postado por Orlando Marçal Junior às 09:16 Nenhum comentário:
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terça-feira, 1 de novembro de 2011
Os estágios do desenho da criança

Trabalhar com o desenho infantil é apaixonante tendo em vista que o material agregado
pretende ser a expressão, senão projeção do analisando. Muitos teóricos buscam conhecer melhor a criança
a partir do desenho. Porém, precisamos saber o que queremos com a análise e interpretação do desenho.

Teóricos como Georges-Henri Luquet entendem o desenho como uma busca da realidade.
A perpectiva pela qual Luquet percebe o desenho não faz justiça ao conteúdo projetivo e psicodinâmico
nele contido. Apesar de primoroso e inteligente, Luquet objetiva o desenho como um processo em que o
indivíduo constrói o real em sua mente. Vejamos como ele fala sobre o desenho:
“Todo desenho é a tradução gráfica da imagem visual que forneça o motivo
apresentado e, acreditamos, de uma imagem visual mais ou menos nítida realmente presente no
espírito do desenhista no momento que ele desenha, o que nós denominamos modelo interno.
Qualquer que seja o ponto de vista subjetivo, do ponto de vista objetivo o desenho é incontestavelmente
a tradução gráfica dos caracteres visuais do objeto representado; isto é, tomando emprestado dos
estudiosos da lógica o termo “compreensão” pelo qual eles designam o conjunto
de caracteres de um objeto, o desenho de um motivo pode ser definido como a tradução gráfica da
compreensão visual desse motivo. (...) Nós acreditamos que a preocupação da criança frente a cada um
de seus desenhos é de o fazer exprimir de um modo bem exato, bem completo, pode-
se dizer o mais literal possível, a
compreensão visual do objeto que ele representa. Nenhum nome nos parece
exprimir melhor essa característica que realismo, e nós diremos que o desenho infantil é
essencialmente e voluntariamente realista.” (Luquet, 1913, p.145)"

No entanto, nossa busca pelo desenho será sob a ótica de Marthe Berson onde o desenho
que se busca é aquele que representa, sem vínculo com a comunicação. Na psicanálise a busca do analista
não é aquilo que se vê ou se pretende, mas aquilo que por necessidade do inconsciente se mostra. Nessa
perspectiva o desenho, apesar de parecer com algo, podendo representar aquilo que não se vê, mas do qual
se fala. Para isso, a forma como Berson vê o paralelismo e o continuísmo das fases do desenho tem
relevância na análise. Dessa forma, vejamos como evolui na criança e marca a projeção do homem:

O Estágio dos Rabiscos

O desenho nasce na fase em que a criança se percebe como ser que pode produzir,
extrojetar - a fase anal. Isso ocorre a partir dos 18 meses de vida. Nesse estágio, o traçado é mais ou menos
arredondado, conexo ou alongado e o lápis não sai da folha formando turbilhões. A criança desenha
círculos.

Aos dezoito meses, mais ou menos, apresenta-se o Estágio Vegetativo Motor, o qual consiste na produção
de riscos com o formato quase “arredondado, convexo ou alongado” (MÈREDIEU, 2006, p.25), sem tirar o
lápis do papel.
A forma não traz significado e a busca deve ser na tonicidade do traço. Partindo do
pressuposto de que o papel é o que é dado à criança, por meio de seus rabiscos pode se perceber a força que
exprime em sua vida.

Sobre essa fase, Méredieu chama atenção para a importância do período marcado
pela presença dos rabiscos nas produções das crianças. Para ela, esses representam uma etapa fundamental
da maturação sensório-motora do indivíduo.

Estágio dos desenhos representativo:

A criança avança e dominando o lápis, passa a não se mais guiada pelos espasmos musculares, mas começa
a escolher o local onde desenha. Sem abandonar os rabiscos, que sempre terão seu lugar em sua expressão,
aos três anos começa a significar seus desenhos. Os movimentos ficam mais lentos, a criança começa a tirar
o lápis do papel. Seus círculos começa a contar história. A criança desenha o que sente e não o que vê. Seus
desenhos começam a ser nomeados. Entre dois e três anos são caracterizados pelo aparecimento de formas
isoladas, o traço passa do contínuo para o descontínuo. Ela comenta sua produção.
Estágio dos desenhos comunicativos

Entre três e quatro anos a criança tem vontade de escrever e de comunicar-se com outros. Dessa forma
tenta expressar pelo grafismo o que quer falar. Seu desenho aproxima-se da escrita, buscando símbolos.
Encontra como paradigma a identificação pictórica, visual. O traçado surge em forma de dentes de serra,
que procura reproduzir a escrita dos adultos. O desenho busca o real.

- desenha animais

- Desenha pessoas

-Desenha sua vida.

Dessa forma, o desenho atinge sua fase final. Aos três anos a criança agrega uma nova
característica a seus desenhos: eles tentam corresponder ao mundo que os rodeia.

E importante frisar que na composição das etapas do desenho, elas evoluem não
superposição, substituindo a anterior, mas por agregação, isto é, no momento em que a criança desenha o
real, este real representa algo, que pela fala pode ser identificado.

A composição do desenho é a composição da fala inconsciente. Nele, o material


psicodinâmico se plasma, se adere. Ao decifrar o desenho, decifra-se, como em um sonho, o desenhista.

*Os desenhos foram colhidos por alunos em trabalhos no curso "Análise e Interpretação do
desenho infantil" .

Postado por Orlando Marçal Junior às 21:59 Nenhum comentário:


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terça-feira, 27 de setembro de 2011
A Análise do desenho Infantil

“O desenho fala do sujeito, da sua subjetividade, da sua posição frente ao mundo”

Trabalhar com o desenho é como trabalhar em um sonho. Nos dois temos :

1. O sujeito “Livre” para dizer ou fazer o que quiser, o que o “condena” a revelar o seu desejo. O sonho
realiza o desejo a fim de que sonha não acorde. O desenho realiza o desejo de quem o desenha, afim de que
viva e não morra.
2. No desenho o desenhista não está preso ao tempo atual. Há liberdade de tempo, pois se desenha o
passado, o presente e o futuro. Há plasticidade em lidar-se com o que se desenha.
3. Os desenhos não estão sob o crivo da moral. Mas existem, independente dos valolres da cultura na qual
somos inseridos.Não há bons ou maus desenhos. Há desenhos.
4. O desenho permite a que o plamou dialogar sobre sua obra. Elocubrar, pensar sobre, mergulhar. É
possível ao sujeito falar sobre sua produção sem censura, pudor, recalque ou medo.
O que Pode ser Projetado em um desenho?

O Significativo - No desenho, o indivídiduo percebe de forma consciente e inconsciente sobre si mesmo e


sobre as pessoas significativas do seu ambiente.Ele pode perceber a relevância dos atores de seu mundo e
como estes causam impacto em sua vivência.
A Atuação. A forma como agimos, atuamos e nos podicionamos diante do mundo são expressas pelo
desenho. Somos protagonistas de nossa história. No entanto nos perdemos e não nos reconhecemso.
Agimos sem perceber como agimos e quando no dizem, por ser invasiva a forma, recusamos, recalcamos,
nos negamos a nós mesmo.

Os Conflitos. Os conflitos e sentimentos inconscientes com que lidamos no nosso cotidiano são reprisados
e expressados no desenho. Muitas vezes queremos, mas dizemos não querer. Odiamos, mas dizemos amar.
Desejamos, mas dizemos ser indiferentes. O desenho não mente, mas como um escape do inconsciente,
contamos a verdade.

O indizível é dito. Coisas que o sujeito não seria capaz de expressar em palavras, mesmo que conscientes.
Por medo, recalque. Aquilo que não conseguimos significar por meio da fala, por meio do desenho se vai.
A realização de desejos.

A Auto-imagem idealizada ou realista de si mesmo. Quem sou eu? Essa pergunta é respondida por meio do
real ou do ideal.

A sexualidade.Os conflçitos inerentes aos desejos intimos, obscuros à nossa consciencia são manifestados
no desenho. O sexo, a libido, a plulsão. Tudo se escancara por meio de traços, cores e formas.

O “Stress” situacional. O que vivemos no momento do desenho é plasmado. Denuncia um sofrimento, uma
angústia, um desespero, uma alegria, uma excitação.

O que observar quando a criança desenha? Observar qual é a sua postura frente a essa atividade!

Ele se entrega confiante e confortavelmente a tarefa? Expressa dúvidas sobre sua habilidade e, nesse caso,
expressa essas dúvidas direta ou indiretamente, verbalmente, ou através de atividade motora? Realiza
movimentos, ou exibe expressões verbais que revelam insegurança, ansiedade, autocrítica etc.

A forma como ela se comporta diante a proposta será uma forma "in vitro" de verificar como ela lida com
as propostas da vida. Como disse Freud, “O pensamento é a ação ensaiada”. Quando a criança pensa sobre
o mundo, ela ensaia viver. A mão ´pe dupla, pois enquanto a criança se expressa pelo desenho, também
pelo desenho pode ser tratada.

Mas há limites a este ato!

A análise do desenho não deve ser vista isoladamente, e sim em conjunto com outras técnicas. Entender
este método como uma receita de bolo pode no conduzir a uma interpretação equivocada.

A análise de quem desenha deve ser feita por meio de outros desenhos, da história do sujeito e
principalmente do que o sujeito fala acerca do mesmo. A fala de si é a bússula.

Interpretações são hipóteses e não certezas e não devem se basear em dados isolados ou no imaginário do
profissional que o analisa. da mesma forma que a criança projeta ao desenhar, o analista projetará. E isso
poderá comprometer a imparcialidade da análise ( se é que ela existe).O profissional deve ter o cuidado de
não projetar no desenho analisado seus conteúdos.

O desenho deve ser analisado dentro de um contexto cultural e refere-se a um dado momento. Não há
desenho da vida, mas do momento.

É necessário evitar generalizações, pois cada produção é única. Não somos seres padronizados e rotulados,
mas únicos.

O Que se estuda em um desenho?

Fases do desenvolvimento - O desenho apresenta a fase de desenvolvimento do desenhista. Descobrimos o


seu Cognitivo, psicomotor e sócio-afetivo expressos no ato de desenhar.

No desenho pode-se ver na criança sua:

a) Percepção visual
b) Oralidade
c) Expressão
d) Reprodução
e) Criatividade
f) Traços da Subjetividade
g) Psicopatologia

Segundo Freud a projeção consiste em uma operação pela qual o sujeito expulsa de si e localiza no outro
(pessoa ou coisa) qualidades, sentimentos, desejos e mesmo objetos, que ele desdenha ou recusa em si.
Esse mesmo processo é o que rege os sonhos, o animismo, o pensamento mágico, bem como a produção
artística, através do mecanismo de deslocamento. (LAPLANCHE, p. 478)

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O adolescente ao ser convidado a expressar-se sobre sua vida familiar, desenhou uma casa sem porta ou
janela. Usou a cor azul. Desenho no quadrante esquerdo-inferior. Reforçou a frente da casa.
Um mês após começar a se escutado por uma equipe psicossocial "plasmou" outro tipo de "foto" de sua
realidade familiar. Usou o vermelho, construiu uma casa de dois andares e colocou janelas. O telhado foi
trabalhado. Sua vida familiar mudou!

O desenho serviu para que a criança mostrasse onde o seu sofrimento estava localizado. Sua vida familiar
não lhe permitia vivenciar experiências que desejava. Não havia motivação. Só tristeza e enclausuramento.
O atendimento permitiu que falasse sobre seu sofrimento e proporcionou a possibilidade da casa voltar a ter
a energia de que precisava. Sentia agora espaço para se permitir ver e ser visto!
Orlando Marçal Júnior em 27 de setembro de 2011.

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segunda-feira, 22 de agosto de 2011
O que é desenhar
O que conhecemos do humano, ainda em sua pré-história, contém impressões de um ser que marca seu
percurso por meio de uma inscrição. Antes do humano conseguir significar rabiscos com o que originaria a
escrita, inscreveu em pedras e cavernas expressões, impressões, cronicas...desenhou.
Mas o que é o desenho?
Desenhar é expressar! Expor-se! Projetar. Todo e qualquer ato externo do humano é um projetar-se, um
"por para fora".

Mas para expressar, o humano precisa se introjetado. Em sua formação, o homem inicia sua saga com um
introjetar sem fim. Vazio, desestruturado e em formação, o humano precisa rechear-se daquilo que ainda
não tem. Suas emoções, história, experiências, alimento de sua alma, paralelamente ao fato de alimentar
seu corpo. O humano não nasce humano, mas introjeta sua humanidade a partir do que lhe é
disponibilizado.
Para a psicanálise, este momento é chamado de FASE ORAL: Um momento do humano em que o ato de
alimentar-se está vinculado à pulsão de sugar, trazer para dentro. Não há desenho! Apenas um desejo que
se realiza pelo "por para dentro".

Aos 18 meses o bebê começa a se expressar por meio do objeto. Sua simbiose com o seio, com a mãe,
passa por um novo momento: Expressar-se! O bebê toma o lápis na mão e o risca em algo. Os movimentos
são espasmos de músculos ansiosos por aprender, que encantam aquele que ainda não detém controle do
que faz...mas aprende que pode fazer algo fora de si.

A criança está se preparando para expressar-se, controlar o mundo que a cerca. Uma nova fase se inicia.
Dos 18 aos 36 meses ela descobrirá que o mundo que a cerca poder modificado, impactado, influenciado,
prejudicado, afetado e melhorado por sua ATUAÇÃO! A criança descobre que pode se fazer
compreendida, ouvida! Nesse momento, descobre o lápis e a massinha. Surge a ARTE. Surge a Expressão,
Surge a projeção de si no outro! RABISCOS. Caminham do desordenado ao que é ordenado. Do
involuntário ao proposital. Um história de rabiscos!
"O desenho é uma das manifestações semióticas, isto é, uma das formas através das quais a função de
atribuição da significação se expressa e se constrói. Desenvolve-se concomitantemente às outras
manifestações, entre as quais o brinquedo e a linguagem verbal (PIAGET, 1973).
O desenho, manifestação semiótica que surge no período simbólico, evolui em conjunto com o
desenvolvimento da cognição. Compartilha mais intimamente, por um lado, as fases da evolução da
percepção e da imagem mental, subordinando-se às leis da conceituação e da percepção. Por outro
lado, compartilha a plasticidade do brincar, constituindo-se em meio de expressão particular, isto é, “...um
sistema de significantes construído por ela e dóceis às suas vontades” (PIAGET, 1973, p. 52).
O desenho é precedido pela garatuja, fase inicial do grafismo. Semelhantemente ao brincar, se caracteriza
inicialmente pelo exercício da ação. O desenho passa a ser conceituado como tal a partir do
reconhecimento pela criança de um objeto no traçado que realizou. Nessa fase inicial, predomina
no desenho a assimilação, isto é o objeto é modificado em função da significação que lhe é atribuída, de
forma semelhante ao que ocorre com o brinquedo simbólico. Na continuidade do processo de
desenvolvimento, o movimento de acomodação vai prevalecendo, ou seja, vai havendo cada vez mais
aproximação ao real e preocupação com a semelhança ao objeto representado, direção que pode ser vista
também no jogo de regras (PIAGET, 1971; 1973).
O desenho é a expressão do humano acerca de seu mundo, sua percepção. Ele revela a maturação interior e
o contato exterior exercido de forma ambivalente entre o subjetivo e o objetivo.

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