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SECRETARIA DE ESTADO DA
EDUCAÇÃO
Praça da Liberdade
Belo Horizonte/MG
Outubro/2008
3.1 - ANÁLISE HISTÓRICO-DOCUMENTAL
1
A proclamação da República brasileira se deu no dia 15 de novembro de 1889, na cidade do Rio de
Janeiro, acompanhando uma tendência mundial de viés capitalista - da qual o país estava atrasado - de
formação de um governo que deveria preconizar os direitos e deveres de grupos, indivíduos e instituições
sociais. Para esse fim, então, o país não poderia ter marcas coloniais, como a escravidão, por exemplo.
Mas, no Brasil, o movimento republicano foi de tomada de poder pelos militares – poder que lhes
escapava desde o início da Regência. Daí em diante, julgaram-se donos e salvadores da República. (ver
“Os Bestializados”, de José Murilo de Carvalho).
transformadores para um país ainda desacostumado a grandes mudanças
sociais.
Assim, aprovada a emenda que escolheu Belo Horizonte para a nova
capital de Minas, “o povo que vinha acompanhando em crescente
ansiedade os debates no Congresso [...] deliberou no mais intenso
entusiasmo, nadando em júbilo”. 2 Nesse contexto de expectativas e de
mudanças sociais, aconteceram os primeiros estudos técnicos no local
escolhido para a implantação da nova capital de Minas Gerais, com as
construções calcadas, como já dissemos, sob a égide desse espírito de
unificação.
Foi nesse novo cenário que a planta geral da futura cidade6 foi elaborada,
conforme abaixo. Sua orientação foi generosa, já que se supunha que a
Nova Capital abrigaria 200.000 habitantes no séc. XXI. A planta foi
também moderna, já que o engenheiro Aarão Reis, com sua retórica
positivista nacional-progressiva, estava em sintonia com o espírito da
5
BARRETO, p.71/72
6
Conforme documental da Comissão Construtora da Nova Capital, APC-BH: A planta geral da futura
cidade foi organizada dispondo-se na parte central, no local do atual arraial, a área urbana de
8.815.382m., dividida em quarteirões de 120m x 120m pelas ruas, largas e bem orientadas, que se
cruzam se ângulos rectos, e por algumas avenidas que as cortam em ângulos de 45º. Às ruas fiz dar a
largura de 35m, sufficiente para dar-lhes a belleza e o conforto que deverão, de futuro, proporcionar à
população. Apenas a uma das avenidas – que corta a zona urbana de norte a sul, e é destinada à ligação
dos bairros opostos – dei uma largura de 50m, para construí-la em centro obrigando a cidade a, assim,
forçar a população, quanto possível, a ir-se desenvolvendo do centro para a peripheria, como convém à
economia municipal, à manutenção da hygiene sanitária, e ao prosseguimento regular dos trabalhos
téchnicos.
Essa zona urbana é delimitada e separada da suburbana por uma avenida de contornos, que facilitará a
conveniente distribuição dos impostos locaes, e que, de futuro, será uma das mais apreciadas bellezas da
cidade.
época. Nesse sentido, seu ideário construtivo era a cidade como metáfora
do país - e o país deveria se orientar pelos ideários aplicados em outros
lugares, notadamente em Paris.
Planta geral de Belo Horizonte. Fonte: Álbum de Belo Horizonte. Organização Raymundo Alves Pinto e
Tito Lívio Pontes, 1911.
7
SALGUEIRO, p.33.
8
Claude-Henri de Rourroy, o Conde de Saint-Simom (17/10/1760 - 19/05/1825), filósofo e economista
francês, foi um dos fundadores do Socialismo Moderno e teórico do Socialismo Utópico. Ele pregava uma
nova sociedade, onde os cientistas deveriam os grandes condutores. Na nova sociedade, tudo deveria se
parecer com uma fábrica: um local onde haveria a substituição da exploração do homem pelo homem pela
administração coletiva.
Auguste Comte9 em suas atividades de planejador da Nova Capital, através
da criação de um corpo orgânico de sábios especialistas, cada um em sua
função, sob uma organização sistemática de divisões e subdivisões. Os seus
preceitos buscam se orientar das mesmas medidas e propósitos do que foi
feito pelo prefeito Haussmann10, em Paris, com suas seções e subseções dos
serviços de obras públicas, ocupadas quase todas pelos engenheiros da
Ecole Polytechnique.
9
Isidore Auguste Marie François Xavier Comte (19/01/1798– 05/09/1857) foi filósofo francês, o pai da
Sociologia e o fundador do Positivismo. A filosofia positiva de Comte nega que a explicação dos
fenômenos naturais, assim como sociais, provenha de um só princípio. Tendo por método dois critérios, o
histórico e o sistemático, outras ciências abstratas antes da Sociologia, segundo Comte, haviam atingido a
positividade: a Matemática, Astronomia, a Física, a Química e a Biologia. Assim como nestas ciências,
em sua nova ciência chamada de física social e posteriormente Sociologia, Comte usaria da observação,
da experimentação, da comparação, da classificação e da filiação histórica como método para a obtenção
dos dados reais.
10
Barão Georges-Eugène Haussmann (1809-1891), nasceu e morreu em Paris, advogado, funcionário
público, político, administrador francês, foi nomeado prefeito por Napoleão III. Foi o grande remodelador
de Paris, cuidando do planejamento da cidade durante 17 anos, com a colaboração dos melhores
arquitetos e engenheiros. Haussmann demoliu ruas sujas e apinhadas da cidade medieval e criou uma
capital ordenada sobre a geometria de avenidas e bulevares. Criou parques e melhorou outros existentes,
construindo vários edifícios públicos. Aperfeiçoou o sistema de distribuição de água e criou a grande rede
de esgotos entre La Villette e Les Halles. Paris se transformou radicalmente, tornando-se a cidade mais
imponente da Europa. O plano criado para o centro da cidade, previa a reformulação da área em um dos
extremos dos Champs-Elysées (Campos Elíseos). Haussmann criou uma estrela de 12 avenidas amplas
em volta do Arco do Triunfo, onde grandes mansões foram erguidas entre 1860 e 1868.
11
Nesse sentido, vale a análise da República no Brasil como um movimento da elite brasileira que
buscava a garantia da continuidade dos poderes e, portando, desprovido da participação direta do povo no
país, que participava como espectador, ou figurante. O povo não poderia participar diretamente já que
“não se enquadrava nos padrões europeus, nem pelo comportamento político, nem pela cultura, nem pela
maneira de morar, nem pela cara”. CARVALHO, p. 162.
Portanto, esse cenário conturbado recebe outro revés no trabalho de
construção da nova capital: em 1895, Aarão Reis, por divergências com o
secretário de Agricultura e Obras Públicas, Dr. Francisco Sá, fez o pedido
de sua exoneração da coordenação da Comissão Construtora da Nova
Capital, embora com a alegação de “pertinaz enfermidade que exigia
repouso e tranqüilidade absoluta por alguns meses” 12. O tempo de trabalho
de Reis foi de pouco mais de 14 meses (14/02/1894 a 22/05/1895), mas
suficientes para deixar as obras adiantadas, principalmente àquelas
relacionadas à infra-estrutura da cidade. Ao seu substituto, Dr. Francisco de
Paula Bicalho, caberiam os trabalhos de execução. Nesse mesmo ano,
1895, aconteceu a inauguração do Ramal Férreo, ligando a cidade à Rede
Viária Provincial e Federal. 13
12
BARRETO, p. 266.
13
Francisco de Paula Bicalho, nascido em 18.07.1847 em São João del Rey-MG e falecido em
Petrópolis- RJ no dia 18.11.1919, formou-se Bacharel em Ciências Matemáticas e Físicas e Engenheiro,
pela Escola Central. Começou sua carreira como Engenheiro das Obras Hidráulicas do Rio de Janeiro, e
trabalhou como engenheiro ferroviário durante longos anos. Assim, foi Chefe e Diretor de obras de
Abastecimento de Água da Cidade do Rio de Janeiro, e Chefe da Seção de Prolongamento da Estrada de
Ferro D. Pedro II. Encarregado pelo Governo de Minas, o engenheiro chefiou a Construção da Alfândega
de Juiz de Fora, de 1893 a 1895. Na Comissão Construtora, Bicalho permaneceu no cargo até o fim da
obra, ou seja, até sua inauguração, em 12 de Dezembro de 1897.
Projetos das Secretarias de Agricultura, Interior e Finanças em substituição ao Palácio da Administração
não aprovado. Fonte: livro Belo Horizonte: Memória Histórica e Descritiva – História Média, de Abílio
Barreto, Edição Atualizada, 1995.
Nos anos entre 1895 e 1897 houve a construção dos edifícios mais
importantes, num ritmo febril que impulsionou, inclusive, o crescimento
populacional da Nova Capital. Foi, inclusive, nesse período, em 1896, que
pela primeira vez o Dr. Francisco Antônio Salles, Secretário das Finanças,
visitou a cidade em construção.
Construção das Secretarias do Interior (Educação) e Finanças. A fonte: livro Belo Horizonte – Um espaço
para a República, de Beatriz de Almeida Magalhães e Rodrigo Ferreira Andrade, UFMG, 1989.
Palácio da Liberdade no inicio do século XX. Fonte: livro: Bello Horizonte: bilhete postal. Coleção
Otávio Dias Filho, 1997.
Secretaria do Interior, depois da Educação, no início do século XX. Fonte: livro: Bello Horizonte: bilhete
postal. Coleção Otávio Dias Filho, 1997.
14
MARX, p. 26.
Antiga Secretaria da Agricultura, atual Secretaria de Obras, no início do século XX. Fonte: livro: Bello
Horizonte: bilhete postal. Coleção Otávio Dias Filho, 1997.
Secretaria das Finanças, no início do século XX. Fonte: livro: Bello Horizonte: bilhete postal. Coleção
Otávio Dias Filho, 1997.
Quanto à inauguração, deve-se dizer que ela foi oficializada por assinatura
do Presidente Bias Fortes, sob o decreto n.º1085, e contou com a presença
das autoridades provinciais, com os membros da Comissão Construtora,
operários e populares. O evento foi celebrado pelo jornal A Capital como
solene, de grandiosa e irradiadora importância. Em sua matéria, o jornal
não poupou adjetivos à festa de inauguração, denominando-o com termos
superlativos, como “exuberante”, “essencial” e “soberbo”. Na visão do
diário, a Nova Capital passará a ser, fora de dúvida, fundamental para a
vida e para o progresso do Estado.
Festa de inauguração da cidade, na Praça da Liberdade.. Fonte: Álbum de Belo Horizonte. Organização
Raymundo Alves Pinto e Tito Lívio Pontes, 1911.
16
VASCONCELOS, p. 235
17
Fenômeno histórico que inaugurou realmente o século XX, a primeira Guerra Mundial de 1914-1918,
provocou profundas transformações. Foram resultados da guerra, direta ou indiretamente, o
enfraquecimento europeu, o despontar dos Estados Unidos como potência mundial, o surgimento da
União Soviética, a crise de 1929, o aparecimento de novos valores culturais, e outros. Nesse cenário
catastrófico, as indústrias mundiais (e da América Latina) começar a crescer para dar conta de substituir
as importações européias para o mundo. Esse fenômeno é intensificado no período pós-guerra. (ler mais
em: “A Primeira Guerra Mundial”, de Augustin Wernet).
A partir de 1924 é iniciado o processo de construção das rodovias mineiras.
Em 1930, é inaugurada a Estrada de Ferro Vitória-Minas, facilitando o
transporte de produtos siderúrgicos. Em 1941, a Cidade Industrial é criada,
numa forma de intervenção do Estado que expressava a preocupação de se
aprofundar a vocação industrial da região.
18
Pedreira então existente na cidade, onde hoje se localiza o bairro da Serra em Belo Horizonte.
pesquisas citarem que a estrutura metálica foi toda importada da Bélgica, as
linhas apresentam carimbos com a indicação “Rio de Janeiro”.
19
Nascido em Pernambuco, no ano de 1851, José de Magalhães formou-se em engenharia na Escola
Central do Rio de Janeiro e estudou arquitetura na Ècole des Beaux-Arts de Paris, transferindo-se para
Belo Horizonte para fazer parte da Comissão Construtora da Nova Capital como chefe da Seção de
Arquitetura.
20
BICALHO, Francisco. Relatório Minas Gerais. Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras. Ouro
Preto: Imprensa Oficial, v. 2, 1896.
intuito de atender a expectativa de renovação progressista do movimento
republicano.
21
Alemão nascido em 1834, radicou-se no Rio de Janeiro por mais de 30 anos. Steckel foi pintor e
estucador formado pela Escola de Belas Artes de Berlim.
Os trabalhos ficaram foram conduzidos por Manoel Couto e Pedro Sigaud,
engenheiros encarregados da obra que iria iniciar a liberação de áreas do
prédio para ocupação. No dia 05 de setembro de 1897, o primeiro
pavimento pôde ser ocupado, provisoriamente, pela Repartição de Terras,
órgão da Secretaria da Agricultura. Cinco dias depois, o Tribunal de
Relação, da Secretaria do Interior, já estava em condições de começar a
funcionar. Nesse mesmo ano, artigo publicado pelo jornal A Capital,
descreve a situação em que se encontra o prédio, com informações que se
coadunam com este histórico ora em elaboração, conforme texto abaixo.
Isso serve para demonstrar a importância na utilização do edifício para as
futuras instalações de outros setores públicos.
Dividi-se este pavimento em uma sala central de 6 metros multiplicados
por 10, que dá portas para o terraço da frente, duas grandes salas
lateraes com 8m x 9m, um corredor central com 3m x 10m, que dá
accesso aos dois pavimentos elevados. Os tectos do 3º pavimento,
excepto o do vão da escada, são de frisos de madeira, bem como as
cimalhas e molduras; estão pintados a óleo a 4 meios tons; sendo os da
lateraes divididos em 6 paineis por caixotões; são singelos, mas de
aspecto agradável estes tectos. Os soalhos são de pinho de Riga
espinhadas nas duas salas lateraes e divididos em painéis corridos e
guarnições são de cedro e estão pintadas a óleo; as paredes são pintadas
a colla. No vão da escada, há muito tempo, está concluída a decoração
do tecto, que é primorosa e muito abona a competência artística do sr.
Frederico Antônio Steckel e de seu auxiliar, o sr. Bertholino Machado.
Este tecto é dividido por caixões em três grandes painéis ao centro e
quatorze menores em redor daquelles, todos armados com bellas
decorações de estuque – cartão, cimelhas, tabellas e florões e pinturas
decorativas de fino valor. As paredes do vão da escada estão sendo
pintadas a óleo com figuras decorativas. No 2º pavimento, diversos
tectos já estão pintados e decorados a estuque-cartão, devendo-se
destacar de entre elles, pelo realce da pintura, a decoração do gabinete
de despachos. Está sendo também assentado o “plafond” especial que
veio da Bélgica para a sala que se destina às conferências e despachos
do Governo do Estado. Neste pavimento já estão 8 entarugamento nos
outros commodos, estando também adeantado o revestimento das
paredes e faltando apenas assentar as esquadrias que, por serem
envernizadas, só serão collocadas depois de concluída a pintura das
paredes e tectos.
No 1º pavimento, que, naturalmente, é o mais atrazado, já está também
assentados os forros de madeira e alguns soalhos de pinho de riga.
O revestimento exterior do edifício está adeantado, já tendo dado
começo a pintura externa cor de rosa. Infelizmente, ainda não chegou da
Europa a cupola da parte central, que fica detraz do grande arco do
frontão, que dará ao edifício aspecto monumental22.
22
BARRETO, p. 499 (o artigo do jornal A Capital foi transcrito por Abílio Barreto em sua obra.)
23
LIMA, P. 19/20.
Vista geral da Praça da Liberdade e edifício da Secretaria ao fundo ainda sem o acréscimo posterior
Reprodução. Disponível em: http://portal2.pbh.gov.br/pbh/index.html?id_conteudo=13496&id_nivel1=-1
24
A criação da nova pasta de Secretaria de Educação e Saúde Pública estava ancorada em um contexto
inovador acerca da educação, a partir do surgimento do movimento Escola Nova em Minas Gerais, com
perceptíveis contribuições para a transformação da concepção do papel social da escola, como uma
espécie de agente de reconstrução social e canal de inserção do indivíduo em seu meio social.
25
Dotações orçamentárias para obras através da Lei 1.180 de 11/10/1930 e Decreto 9.945 de 29/05/1931
comprovam o fato. Existe, inclusive, através da fonte relacionada às Leis Mineiras (1930), referência ao
pagamento das últimas obras no edifício da agora Secretaria de Educação e Saúde, além de outras
citações que mostram menções a compras (ou pedidos) de peças complementares da escada, e de outros
materiais.
desses reparos que, talvez, não tenham sido muito significativos.
Entretanto, prospecções feitas pelo Instituto Estadual do Patrimônio
Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA-MG no início dos anos
1980 revelaram intervenções que retiraram as características originais nos
elementos artísticos do monumento, presumivelmente ocorridas nesse
período.
Aqui caber anotar que esse prédio foi um dos primeiros construídos em
Belo Horizonte com andares livres, sem paredes divisórias, permitindo
flexibilidade para divisões posteriores. Esse anexo abrigou atividades da
Secretaria de Educação até 1993, quando, ali, passou a funcionar a Reitoria
da UEMG – Universidade Estadual de Minas Gerais.
26
IEPHA-MG – Edital de notificação de tombamento: Estado de Minas, Belo Horizonte – 25 de março de
1977.
Ressalta-se nessa etapa a introdução de importantes alterações no
prédio, como resultado de obras e adaptações indevidas feitas no
decurso do tempo: aberturas e vedação de vãos de porta e guarda-
corpo de janelas e modificação de característica tipológica dos
forros, com rebaixamentos em gesso.
27
IEPHA-MG. GERÊNCIA: Pasta referente ao Curso de Especialização em Restauração e Conservação
de Monumentos e Conjuntos Históricos.
Educação, depois de uma intervenção que teve o objetivo de paralisar o
processo de degradação pelo qual passava o edifício. À CODEURB-MG
novamente coube a responsabilidade de execução do projeto
restaurador. A arquiteta responsável pela obra foi Silvana Resende
Xavier. O trabalho de restauro de bens artísticos foi feito por equipe
coordenada por Antônio Fernando Batista dos Santos. A direção da obra
ficou a cargo da Construtora Walter Coscarelli Ltda, com os trabalhos
de engenharia sob a responsabilidade de Márcia Regina Coelho Fraga
Vilela e de arquitetura sobre a responsabilidade de Mauro Marques. Os
serviços realizados compreenderam:
Mas todo esse trabalho gerou discordância por parte da equipe do IEPHA-
MG responsável pelo acompanhamento técnico do projeto de restauração.
No entender desse Instituto, havia pontos polêmicos no trabalho executado,
já que essas intervenções estavam sendo feito em ritmo muito acelerado e
sem o devido cuidado acerca das características arquitetônicas originais do
edifício, como indica uma Comunicação Interna (CI) de 10/03/1988, da
responsável do Setor de arquitetura na época, Maria Carmen Perilo.
28
As dimensões das atividades do CERP visam a execução de trabalhos ligados à memória da educação
no Estado de Minas Gerais, norteando uma visão de futuro na escola pública. A proposta é que essas
dimensões sejam dinamizadas e consolidadas por meio dos seguintes componentes: Museu da escola de
Minas Gerais, Centro de Documentação, Exploratório – Ciências Contemporâneas, Tecnologia e
inovação curricular, Centro de Referência Virtual do Professor.
Fica criado, na estrutura orgânica da Secretaria de Estado de
Educação, na Subsecretaria de Desenvolvimento Educacional, de
que trata a Lei nº 10.933, de 24 de novembro de 1992, o Centro
de Referência do Professor, com a finalidade de propiciar a
realização de estudos e investigações científicas, a utilização da
tecnologia no processo pedagógico e a reconstrução da história
do ensino em Minas Gerais, com vistas ao aperfeiçoamento
técnico-pedagógico dos profissionais da educação.
Mas com respeito às obras de restauração, elas ainda não haviam sido
terminadas (e o prazo previsto para a conclusão já estava mais que
extrapolado), mesmo que seu objetivo fosse o de fazer pequenas
modificações, já que uma mudança muito drástica aumentaria o risco de
infiltrações. Essa etapa de trabalho no edifício foi executada pela ACE
Empreendimentos Ltda.
Vista da cobertura do prédio da Secretaria de Educação, com os novos terraços e telhados das alas
posteriores. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Belo_Horizonte_Panor%C3%A2mica.jpg
29
Esse museu, que passa a ocupar nove salas no andar térreo do prédio, é um projeto extensivo de
valorização da escola e do professor que busca, conjuntamente à preservação da história do ensino, a
realização de estudos e de pesquisas no campo da História da Educação. Assim, através do Museu da
Escola, as práticas educativas passam a ser analisadas como manifestações eminentemente culturais. Seu
acervo foi totalmente doado por várias escolas de Belo Horizonte e do interior do estado de Minas Gerais
e chegou a se constituir de 5 mil objetos. O Museu da Escola recebe anualmente de 10 a 12 mil visitantes.
A composição mais comum do acervo é de manuais, diplomas, cartilhas, cadernos, medalhas, etc. Ou
seja, fragmentos históricos das escolas de Minas Gerais em seus diferentes aspectos. Em suas atividades,
destacam-se exposições temporais e itinerárias; práticas de Educação Patrimonial e de História Oral.
30
O projeto Circuito Cultural Praça da Liberdade visa ser o maior pólo de cultura do Estado e um dos
maiores do Brasil. O que se busca é alcançar um conjunto amplo e variado de centros e atividades
culturais, artísticas, educacionais, de lazer e de turismo cultural, através da construção de museus, centros
de memória, salas de espetáculos e exibições, áreas de exposições, espaços para oficinas, cursos e ateliês
abertos, áreas de serviços, alimentação e comercialização de produtos culturais: tudo junto, em uma das
regiões mais representativas da cidade, pelo expressivo valor histórico e arquitetônico: a Praça da
Liberdade.
desenvolvimento de atividades e temas ligados à educação. Ou seja, o
CERP não iria sofrer alterações mais drásticas em suas diretrizes, apenas
passaria a se integrar a uma concepção mais abrangente, ligada a um
conceito em formulação em seu entorno.
Para isso, o circuito quer ser um exemplo da retomada do espaço público pela população. Suas diretrizes
estão em consonância com uma série de movimentos iniciados, nas últimas décadas, em cidades
européias como Barcelona, Berlim e Paris, na proposição de um cenário natural próprio que contempla a
diversidade cultural e a troca cultural com maior liberdade e fluidez.
Nesse sentido, o circuito planeja ser um complexo de lazer e convivência, que seja capaz de refletir a
riqueza cultural do Estado de Minas Gerais, dinamizando, assim, a produção, o consumo e a fruição
culturais, além de atuar como um fator de inclusão social, geração de empregos e de renda. Esse será um
espaço de divulgação e apreciação do trabalho dos artistas e produtores culturais de Minas e do Brasil,
que oferecerá ao povo de Belo Horizonte e seus visitantes a oportunidade de conhecer e participar
ativamente e, ao mesmo tempo, ter acesso a diferentes aspectos e eventos da cultura produzida em nosso
país e no exterior.
Essa é uma iniciativa do Governo Aécio Neves, por meio da Secretaria de Estado de Cultura de Minas
Gerais, – viabilizada pela parceria com a iniciativa privada – que, junto à Linha Verde e à transferência
das secretarias do Estado para um novo Centro Administrativo, na zona norte da capital, compõe um dos
projetos estruturadores do Plano Plurianual de Ação Governamental 2004-2008.
Outra destacada matéria do Jornal O Tempo, no Caderno Cidades, do dia
19/02/06 destaca como manchete “Cultura quer Casa Rosa desocupada”.
Segundo o texto, a Secretaria de Cultura aguarda que o Centro de
Referência do Professor deixe o prédio no segundo semestre de 2006, pois
o local deverá ser transformado num centro de arte, cultura e indústria para
integrar o novo Circuito Cultural. O CERP deverá ser transferido para um
novo espaço ainda não definido.
31
O Museu de Mineralogia Professor Djalma Guimarães, é um museu brasileiro que trata da mineralogia
mineira e mundial. Localiza-se na Praça da Liberdade em Belo Horizonte, e está instalado em um dos
prédios com mais características pós-modernas da cidade. Apelidado de "Rainha da Sucata", o prédio foi
projetado pelos arquitetos Sylvio de Podestá e Éolo Maia. A primeira vista destoa totalmente das
construções que se encontram no complexo cultural da Praça da Liberdade. Aliando diversos materiais
tipicamente mineiros como cerâmica, cimento e aço, a construção choca quem a vê por ser extremamente
esfuziante e aliar formas geométricas que aparentemente não se comunicam entre si. O museu, foi criado
pelo prefeito Oswaldo Pieruccetti em 1974 e implantado com a colaboração da administração do Estado
de Minas Gerais, que cedeu o acervo da antiga Feira Permanente de Amostras. O seu acervo conta com
cerca de mil amostras expostas, de um conjunto total de três mil, sendo 70 a 80% dele procedentes de
Minas Gerais, cerca de 10 a 15% de outros estados, e o restante de outros países
32
A EBX é um holding que desenvolve e administra negócios nos setores de mineração, logística,
petróleo e gás, energia, fontes renováveis e entretenimento, há 23 anos. A EBX implanta, nos locais em
que atua , vários projetos de sustentabilidade social garantindo benefícios à população que se estendem
As obras do museu serão realizadas pela iniciativa privada, sem qualquer
incentivo fiscal, em parceria com o Governo de Minas e supervisão do
IEPHA-MG. O projeto arquitetônico é de Paulo Mendes da Rocha e a
concepção museográfica é de Marcello Dantas.
até depois do término do projeto de negócios. Por isso, investe em programas de geração de renda, em
capacitação profissional, educação infantil, além de programas ambientais e incentivos culturais.
33
Na sua concepção, o Museu das Minas será instalado no segundo andar, onde os visitantes poderão
conhecer as minas, os minérios, os minerais industriais e ainda recursos minerais energéticos como
petróleo e seus derivados. Além disso, o Museu terá uma Sala de Minas, onde será contada a história de
dez importantes minas do Estado, com seus aspectos econômicos e culturais. As salas terão tratamento
cenográfico, com expositores construídos em madeira e/ou alumínio, que receberão acabamento com
textura dos minérios em destaque. No centro do espaço estarão expostas pepitas, minérios brutos e
processados.
Ainda de acordo com o projeto, o Museu das Minas terá uma Sala de Miragens, onde haverá uma
exposição virtual que mostrará os minérios e seus derivados flutuando no ar. Haverá também a Sala Chão
de Estrelas, onde o visitante poderá observar minérios e pedras preciosas que estarão dispostos sob um
piso elevado de vidro.
O segundo andar será o local onde será abrigado o acervo do Museu de Mineralogia Professor Djalma
Guimarães. Nesse andar, haverá a Sala de Acervo, local onde ficará a coleção de gemas com cerca de
1.000 amostras.
Além disso, o Museu do Metal ocupará todo o terceiro pavimento do prédio, onde será instalada a Sala
de Tabela Periódica, onde as pessoas encontrarão um conjunto de tubos metálicos, representando os seus
respectivos metais, que projetam os símbolos no chão e emitem sons ao se tocarem. Na Sala da Língua
Afiada, a história dos metais será contada com texto e vídeo projetados em uma gigantesca escultura
dourada de metal. Na Sala das Janelas para o Mundo, o visitante poderá observar inúmeras cenas da
vidad real onde o metal aparece com grande protagonista da vida atual.
Além disso, haverá o Mapa das Minas, onde será apresentada a localização das jazidas minerais e da
atividade metalúrgica em Minas Gerais, do período colonial aos dias atuais e nas Estações Interativas,
onde diversas experiências interativas estarão disponíveis, com vivências sobre a propriedade dos metais,
seus processos de produção e manipulação.
aproximar o saber e a ciência do cotidiano das pessoas. O projeto foi
elaborado pela arquiteta Maria Josefina Vasconcellos Maia e as obras estão
em andamento. O programa arquitetônico foi dimensionado para receber
mais de 300 mil visitantes por ano, e idealizado para se tornar um
importante instrumento na promoção, divulgação e popularização do
conhecimento científico e tecnológico de Minas Gerais, colocando à
disposição da população, principalmente de estudantes, um observatório
astronômico e o primeiro planetário do Estado, com recursos tecnológicos
de última geração, que o colocaram como um dos mais modernos do Brasil.
www.pbh.gov.br/evolucaodasestruturas
http://www.fae.ufmg.br/pensareducacao/downloads/artigos/centrorefprof.p
ps
http://www.circuitoliberdade.mg.gov.br/galeria/projeto.php
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Belo_Horizonte
http://www.circuitoliberdade.mg.gov.br/galeria/projeto.php
http://www.fae.ufmg.br/pensareducacao/downloads/artigos/centrorefprof.p
ps
http://portal2.pbh.gov.br/pbh/index.html?id_conteudo=13496&id_nivel1=-
1
http://www.fae.ufmg.br/pensareducacao/downloads/artigos/centrorefprof.p
ps.
http://www.fae.ufmg.br/pensareducacao/downloads/artigos/centrorefprof.p
p
:http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Belo_Horizonte_Panor%C3%A2mica
.jpghttp://www.fae.ufmg.br/pensareducacao/downloads/artigos/centrorefpr
of.pps
Fontes consultadas no ARQUIVO DO IEPHA-MG – Diretoria de
Promoção/Gerência de Documentação e Informação
Pesquisa Histórica
Responsabilidade de Execução
Século 30 - Arquitetura e Restauro Ltda