Você está na página 1de 1

Maurício de Almeida Abreu nasceu no Rio de Janeiro, em 1948.

Realizo estudos de pós-graduação na Ohio


State University, onde finalizou o seu m estrado e o seu doutorado, retornando ao Brasil como um dos mais
jovens doutores em geografia. Após isso, foi contratado como professor colaborador na UFRJ, e trabalhou em
pesquisa coordenada, onde começou seu interesse pela geografia histórica do Rio de Janeiro. Isso refletiu em
muito de suas obras, como “O Rio de Janeiro no século XIX: da cidade colonial à cidade capitalista”, onde ele
fala sobre a transformação da forma urbana da cidade ao longo do século XIX.
O autor começa, primeiramente, afirmando que só a partir do século XIX que o Rio de Janeiro começou a se
transformar radicalmente, apresentando uma estrutura espacial estratificada em termos de classe social.
Segundo ele, “era uma cidade em que a maria da população era escrava. Quase que uma cidade de
mercadorias, em que poucos eram trabalhadores livres”. Sendo assim, a falta de meios de transporte coletivo
fazia com que todos morassem um perto do outro. Só posteriormente assiste-se as modificações substanciais
na aparência e no conteúdo da cidade, influenciado, sobretudo, pela vinda da família real e o início do reinado
do café. Pouco a pouco, “a cidade passa a ser movida por duas logicas distintas: escravista e capitalista”,
gerando conflitos só resolvidos no século XX com o surgimento de transportes coletivos. Dessa forma, dada a
sua importância na expansão da cidade, é necessário que a evolução do Rio de Janeiro seja analisada em duas
fases: a anterior ao aparecimento dos bondes e trens, e o período posterior a ele.
O texto fala que, a partir de 1868, com a implantação das primeiras linhas de bonde de burro, outro meio
de transporte veio facilitar a expansão da cidade, neste caso em direção aos bairros das atuais zonas sul e
norte. Os primeiros trens e bondes passaram a servir “áreas ainda francamente integradas à cidade, que se
abriram então àqueles que podiam se dar ao luxo de morar fora da área central”. O autor ressalta que os
bondes não só vieram a atender uma demanda já existente, mas sim a ter influência direta no padrão de
acumulação do capital que aí circulava. Dessa forma, o capital nacional, proveniente do café, passou cada vez
mais a ser aplicado em propriedades imóveis nas áreas servidas pelas linhas de bonde. Portanto, “os bondes e
trens possibilitaram a expansão da cidade e permitiram a solidificação de uma dicotomia núcleo-periferia”, e
seria necessária uma modificação drástica da forma das antigas freguesias centrais.
Outro tópico muito abordado no texto é a industrialização carioca no final do século XIX e a emergência da
questão habitacional. Abreu afirma que a atividade industrial, que sofria revezes consideráveis, era
“extremamente dependente do comportamento do setor agrário”, dificultando a reprodução do capital.
Entretanto, apesar desses entraves, a atividade industrial conseguiu se expandir, se caracterizando pela
predominância de pequenos estabelecimentos, de gráficas, metalúrgicas leves e industrias. Desse modo, era o
centro o grande mercado de trabalho em 1890, concentrando não só as atividades tradicionais da cidade,
como também a maioria das industrias. Entretanto, o deslocamento de unidades industriais para São Cristóvão
revelou-se duplamente benéfica para as indústrias.
A cidade do Rio de Janeiro exigia uma nova organização do espaço condizente com esse novo momento de
organização social. Sendo assim, a Reforma Pereira Passos comandou “a maior transformação já verificada no
espaço carioca até então, um verdadeiro programa de reforma urbana”. Passos determinou o
“Embelezamento e Saneamento da Cidade”, com o uso do calcamento asfáltico em várias ruas do centro.
Preocupado com o saneamento e a higiene na cidade, mandou canalizar o Rio Carioca e parte dos rios Berquó,
Maracanã, Joana e Trapicheiro. Dessa forma, o período Passos foi um momento revolucionador da forma
urbana carioca, em que a cidade passou a adquirir uma fisionomia totalmente nova e condizente com as
determinações econômicas e ideológicas do momento.
Portanto, conclui-se então a grande importância da obra “O Rio de Janeiro no século XIX: da cidade colonial
à cidade capitalista”, uma vez que Abreu utiliza de seu conhecimento vasto para tratar sobre a transformação
urbana da cidade. Ilustrado com diagramas, tabelas e fotos da época, o texto passa a ser muito mais
interessante do que já se mostra ser. Também é agradável perceber a semelhança entre o que é dito nas aulas
expositivas e observado nas visitas, e o texto de Abreu.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- ABREU, Maurício. “O Rio de Janeiro no século XIX: da cidade colonial à cidade capitalista”. In: Evolução
Urbana do Rio de Janeiro. 4.ed. Rio de Janeiro: IPLANRIO/Jorge Zahar Ed., 1987. pp. 35-69.
- Site: http://mauricioabreu.com.br/biografia

Você também pode gostar