Você está na página 1de 65

DIREITO PROCESSUAL

DO TRABALHO
ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA

PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO
PROCESSO DO TRABALHO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

SUMÁRIO
I – Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional, Inafastabilidade de
Jurisdição, Ubiquidade ou Revisibilidade Judicial...............................................9
II – Princípio do Devido Processo Legal......................................................... 10
III – Princípio da Publicidade....................................................................... 12
IV – Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa........................................ 13
V – Princípio da Congruência, da Correspondência ou da Adstrição da Sentença
aos Limites do Pedido........................................................................................ 15
VI – Princípio da Extrapetição/Ultrapetição.................................................... 16
VII – Princípio da Instrumentalidade ........................................................... 19
VIII – Princípio da Imparcialidade...................................................................... 20
IX – Princípio da Identidade Física do Juiz .......................................................... 20
X – Princípio da Isonomia........................................................................... 22
XI – Princípio da Oralidade.......................................................................... 25
XII – Princípio da Concentração dos Atos Processuais .................................... 26
XIII – Princípio da Duração Razoável do Processo e Princípio da Celeridade....... 27
XIV – Princípio da Subsidiariedade .............................................................. 28
XV – Princípio do Jus Postulandi................................................................... 30
XVI – Princípio da Imediação....................................................................... 32
XVII – Princípio do Livre Convencimento Motivado......................................... 32
XVIII – Princípio do Juiz Natural.................................................................. 33
XIX – Princípio da Demanda e Princípio Dispositivo......................................... 34
XX – Princípio Inquisitivo ........................................................................... 35
XXI – Princípio da Lealdade Processual ou da Boa-Fé...................................... 38
XXII – Princípio da Conciliação.................................................................... 39
XXIII – Princípio da Irrecorribilidade Imediata das Decisões Interlocutórias....... 41
XIV – Princípio da Estabilidade da Demanda.................................................. 43
XXV – Princípios da Eventualidade e da Preclusão.......................................... 44

www.grancursosonline.com.br 2 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

XXVI – Princípio da Impugnação Específica................................................... 46


XXVII – Princípio da Cooperação.................................................................. 47
XXVIII – Princípio da Perpetuatio Jurisdictionis.............................................. 48
XXIX – Princípio da Simplificação Processual ou da Informalidade..................... 50
XXX – Princípio da Economia Processual....................................................... 50
A Nossa Revisão........................................................................................ 51
Questões de Concursos.............................................................................. 56
Gabarito................................................................................................... 61
Gabarito Comentado.................................................................................. 62
Referências Bibliográficas........................................................................... 65

www.grancursosonline.com.br 3 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

JOSÉ GERVÁSIO A. MEIRELES


Juiz Federal do Trabalho, pós-graduado em Direito Constitucional pela
Universidade de Brasília (UnB). Leciona Direito do Trabalho, Direito
Processual do Trabalho e Direito Administrativo em cursos preparatórios
para concursos públicos. Ocupou os cargos de Procurador da Fazenda
Nacional (AGU) e Procurador do Estado de Goiás (PGE).

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Futuro a) Analista(a) do TST,

Fico extremamente feliz por começar o nosso estudo de Direito Processual do

Trabalho com você. Meu objetivo é fornecer, de forma simples e didática, o máximo

de informações realmente necessárias para sua preparação adequada para o con-

curso de Analista Judiciário – Área Judiciária do TST.

Apenas para você possa me conhecer melhor, sou Juiz Federal do Trabalho vin-

culado ao Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região há mais de doze anos, atual-

mente atuando como juiz auxiliar da Presidência do Tribunal Superior do Trabalho.

No TST, além das atividades rotineiras, atuo também como Supervisor do Núcleo

de Recursos de Revista e Embargos Repetitivos (NURER-PRES) junto à Presidência.

Sou Pós-graduado em Direito Constitucional pela UnB. Já fui advogado e já

ocupei os cargos de Procurador da Fazenda Nacional (AGU) e Procurador do Estado

(PGE).

Na Corte Superior Trabalhista, integro, como gestor nacional, o Comitê Gestor

Nacional do Sistema Processo Judicial Eletrônico da Justiça do Trabalho e o Comitê

Gestor de Tecnologia da Informação e das Comunicações da Justiça do Trabalho

(ambos vinculados ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho).

www.grancursosonline.com.br 4 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

No Tribunal Superior do Trabalho, já atuei, ainda, como Supervisor do Núcleo

de Repercussão Geral e Recursos Repetitivos (NURER) junto à Vice-Presidência da

Corte Superior, Gestor Nacional do Comitê Gestor Nacional do Programa Trabalho

Seguro, Gestor Nacional da Comissão de Erradicação do Trabalho Infantil e de Es-

tímulo à Aprendizagem (sendo ambos os comitês vinculados ao Conselho Superior

da Justiça do Trabalho).

As aulas serão preparadas com muita atenção ao que vem sendo cobrado nas

provas e sempre levo em consideração que você tenha pouco tempo para estudar

todas as matérias cobradas no concurso. Conheço a dificuldade do candidato e me

deixa extremamente honrado cada vez que um aluno me informa que foi aprovado.

Então, peço que me acompanhe nestas aulas, que tentarei tornar as mais inte-

ressantes possíveis.

E lembre-se: persista no estudo. Não desista. A vitória pressupõe disciplina. Não

espere que tenha tempo sobrando para começar a estudar. Muitos procuram pelo

sucesso, mas ele é consequência lógica do estudo eficiente. O estudo é que deve

ser buscado, o sucesso aparece sozinho durante a busca. Henry David Thoreau, fi-

lósofo, já dizia: “O sucesso normalmente vem para quem está ocupado demais para

procurar por ele”.

Forte abraço,

Prof. José Gervásio A. Meireles

www.grancursosonline.com.br 5 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Roteiro das Aulas

As aulas serão preparadas com muita atenção ao que vem sendo cobrado nas

provas de Tribunais do Trabalho, com foco total no concurso do TST e na banca

FCC, organizadora do último certame e a mais cotada para realizar o concurso de

2017. Caso a banca definida seja outra, não se preocupe, adaptaremos todo o ma-

terial para que seja direcionado a ela.

A ordem de liberação das aulas pode não coincidir com a sequência abaixo indi-

cada, o que em nada compromete seu aprendizado já que as matérias são tratadas

de forma autônoma.

Se o edital liberado justificar alteração do programa para incluir novos subitens

não tratados originalmente nas aulas, essas aulas serão adaptadas conforme o as-

sunto respectivo.

As aulas irão abranger os seguintes conteúdos:

1. Do processo judiciário do trabalho: princípios gerais do processo trabalhista

(aplicação subsidiária do CPC).

2. Da Justiça do Trabalho: organização. Das Varas do Trabalho, dos Tribunais

Regionais do Trabalho e do Tribunal Superior do Trabalho. Dos serviços auxiliares

da Justiça do Trabalho: das secretarias das Varas do Trabalho; dos distribuidores;

dos oficiais de justiça e oficiais de justiça avaliadores. Do Ministério Público do Tra-

balho: organização. Da distribuição.

3. Da jurisdição e competência.

4. Dos atos, termos e prazos processuais. Das custas e emolumentos. Das par-

tes e procuradores; do jus postulandi; da substituição e representação processu-

ais; da assistência judiciária; dos honorários de advogado. Das nulidades.

5. Das exceções. Das audiências: de conciliação, de instrução e de julgamento;

www.grancursosonline.com.br 6 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

da notificação das partes; do arquivamento do processo; da revelia e confissão. Dos

dissídios individuais: da forma de reclamação e notificação; da reclamação escrita

e verbal; da legitimidade para ajuizar. Do procedimento ordinário e sumaríssimo.

6. Das provas.

7. Da sentença e da coisa julgada.

8. Dos procedimentos especiais: inquérito para apuração de falta grave, ação

rescisória e mandado de segurança.

9. Da liquidação da sentença: por cálculo, por artigos e por arbitramento.

10. Dos dissídios coletivos: extensão, cumprimento e revisão da sentença nor-

mativa.

11. Da execução: execução provisória; execução por prestações sucessivas. Da

citação; do depósito da condenação e da nomeação de bens; do mandado e pe-

nhora; dos bens penhoráveis e impenhoráveis; da impenhorabilidade do bem de

família – Lei n. 8.009/1990. Das custas na execução.

12. Da execução contra a fazenda pública; execução contra a massa falida.

13. Dos embargos à execução; da impugnação à sentença; dos embargos de

terceiros. Da praça e leilão; da arrematação; da remição.

14. Dos recursos no processo do trabalho.

15. Processo Judicial Eletrônico: Resolução CSJT n. 136/2014.

AULA 01

www.grancursosonline.com.br 7 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

PRINCÍPIOS RELEVANTES AO DIREITO PROCESSUAL DO


TRABALHO

Caro(a) aluno(a),

A nossa primeira TÁTICA é estudar os PRINCÍPIOS que regem o Direito Indi-

vidual do Trabalho ou que, mesmo sendo gerais do Direito, influenciam nesse ramo

do Direito. Veremos, portanto, os princípios relevantes para sua prova do concurso.

Antes de tudo, o que são e para que servem os princípios?

Princípios são padrões centrais em torno dos quais gravitam todo o siste-

ma jurídico. Exercem três funções principais:

Função informativa - é destinada ao legislador. Inspira o legislador como

sugestão quando esse cria novas regras jurídicas ou atualiza as regras jurídicas

já existentes.

Função interpretativa - é destinada ao aplicador do Direito, pois os prin-

cípios auxiliam na compreensão dos significados e sentidos das normas que

compõem o ordenamento jurídico.

Função normativa ou integrativa – auxilia na solução dos casos concre-

tos, já que permite que o operador do Direito possa encontrar no princípio uma

resposta para casos em que não existe nenhuma regra expressa prevista no

ordenamento ou quando a regra precisa ser afastada.

Para o candidato, é evidente que as funções mais importantes serão a interpre-

tativa e a normativa. Ora, diante de uma regra prevista em lei, o candidato deve

utilizar os princípios para interpretar a regra.

Além disso, deve-se ainda utilizar os princípios quando houver conflito entre

www.grancursosonline.com.br 8 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

regras aplicáveis a um caso. Assim, é possível que haja duas regras diferentes apli-

cáveis a determinado caso, quando, então, haverá necessidade de que se opte por

uma delas ou mesmo que haja aplicação limitada de ambas. São os princípios que

ajudam nesse trabalho.

Você não pode negar que existe efetivamente a possibilidade de conflito entre

princípios, o que deve ser resolvido com base em uma análise de importância en-

tre os bens ou direitos em jogo. É o que chamamos de ponderação. O operador

do Direito, olhando o problema concreto, verifica qual o bem ou direito mais re-

levante e maximiza o princípio que o protege, minimizando a incidência do outro

princípio. Assim, os princípios não se excluem, devendo ser comparados (so-

pesados), avaliados, para se apurar qual deles deve prevalecer em um certo caso

prático.

Feitas essas considerações iniciais, vamos ao estudo dos princípios mais rele-

vantes aplicáveis ao Processo do Trabalho:

I – Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional, Ina-


fastabilidade de Jurisdição, Ubiquidade ou Revisibilidade Judi-
cial

Esse princípio também é denominado princípio do acesso à justiça ou ubi-


quidade. Sua premissa está na Constituição:

Art. 5º (…)
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Assim, diante de uma lesão ou ameaça de lesão a direito, não pode o


legislador impedir o Judiciário de exercer sua missão constitucional de re-

solver o conflito.
Claro que o princípio, ao determinar que o Estado julgue o conflito (litígio), não

www.grancursosonline.com.br 9 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

o obriga, necessariamente, a deferir a pretensão requerida pelo autor da ação, haja


vista que a parte pode não ter o direito ou não provar os fatos necessários para que
seu pedido seja acolhido pelo juiz. Poderá, também, ocorrer que a parte não tenha
cumprido alguma condição da ação ou pressuposto processual estabelecido em lei,
o que inviabiliza o exame do pedido do autor da ação.

Em razão do princípio, não se exige, como regra, o esgotamento da via admi-


nistrativa ou meio anterior outro de solução como condição para se bus-
car o Judiciário. No entanto, apenas para hipóteses ressalvadas na própria
Constituição será possível condicionar o exercício do direito de ação a ten-
tativas anteriores de solução por outro meio.

É o caso, por exemplo, do dissídio coletivo de natureza econômica (processo


coletivo do trabalho, que veremos em outra aula), ação que tem como pressuposto

uma tentativa de acordo ou recusa à arbitragem. Leia o preceito da Constituição:

Art. 114 (…)


§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem,
é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza
econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições
mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

II – Princípio do Devido Processo Legal

O princípio do devido processo legal (due process of law) é um dos postu-


lados mais importantes do Estado Democrático de Direito, evitando, desse modo,
que a arbitrariedade do poder público ou de particulares poderosos possam impor
restrições injustas aos direitos dos indivíduos. Sua matriz encontra-se na Consti-

tuição:
Art. 5º (…)
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

www.grancursosonline.com.br 10 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

O devido processo legal possui dois sentidos: a) o formal ou processual; b) o

substancial ou material.

O sentido formal, em sua análise mais basilar, refere-se à necessidade de se

seguir os procedimentos e regras processuais preexistentes, sendo que a

violação importaria em nulidade do ato processual e a contaminação dos

atos que dependam ou sejam consequência do ato nulo. Assim, por exemplo,

o art. 195, § 2º, da CLT menciona que, alegando a parte insalubridade e periculosi-

dade, o juiz deveria determinar a realização da perícia, sob pena de nulidade. Veja:

Art. 195. (…)


§ 2º Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja
por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado
na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do
Ministério do Trabalho. 

Logo, a regra é a realização de perícia obrigatória quando se pede adicional de

insalubridade ou periculosidade.

No entanto, existe o princípio na sua acepção material ou substancial.

Nesse caso, incide o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade na

interpretação das regras de processo, as quais devem ser lidas sem descon-

siderar critérios de bom senso, prudência e noção da finalidade da norma.

Não se pode ser obrigado a cumprir uma norma quando as peculiaridades do

caso permitem ou exigem a flexibilização da regra processual.

O próprio CPC impõe que a razoabilidade e proporcionalidade sejam conside-

radas:

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exi-
gências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e
observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a
eficiência.

Voltando a nosso exemplo, o próprio TST, valendo-se de razoabilidade, já fle-

www.grancursosonline.com.br 11 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

xibilizou a obrigatoriedade da realização perícia em diversas situações, dentre as

quais citamos:

Súmula 453 do TST


ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. PAGAMENTO ESPONTÂNEO. CARACTERIZA-
ÇÃO DE FATO INCONTROVERSO. DESNECESSÁRIA A PERÍCIA DE QUE TRATA O
ART. 195 DA CLT. (conversão da Orientação Jurisprudencial n. 406 da SBDI-I) - Res.
194/2014, DEJT divulgado em 21, 22 e 23/05/2014
O pagamento de adicional de periculosidade efetuado por mera liberalidade da empre-
sa, ainda que de forma proporcional ao tempo de exposição ao risco ou em percentual
inferior ao máximo legalmente previsto, dispensa a realização da prova técnica exigida
pelo art. 195 da CLT, pois torna incontroversa a existência do trabalho em condições
perigosas.

OJ 278 da SDI-I do TST


ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. PERÍCIA. LOCAL DE TRABALHO DESATIVADO
(DJ 11/08/2003)
A realização de perícia é obrigatória para a verificação de insalubridade. Quando não for
possível sua realização, como em caso de fechamento da empresa, poderá o julgador
utilizar-se de outros meios de prova.

Logo, não seria razoável ser obrigado a determinar a perícia quando o local de

trabalho não mais existe ou mesmo quando o pagamento de um adicional inferior

já evidencia a condição perigosa.

III – Princípio da Publicidade

Os atos processuais, em regra, são públicos, somente podendo haver a

restrição a essa publicidade quando o exigir o interesse público, o interes-

se social e a preservação da intimidade.

A regra e as exceções podem ser constatadas na Constituição Federal, na CLT

e no CPC:
CF
Art. 5º (…)

www.grancursosonline.com.br 12 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pesso-


as, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;  
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado;
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a de-
fesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;

Art. 93. (…)


IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;

CLT
Art. 770. Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário determinar o
interesse social (…)

CPC
Art. 11.  Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos,
e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único.  Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença so-
mente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.

Art. 189.  Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de
justiça os processos:
I – em que o exija o interesse público ou social;
III – em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;

Nessas hipóteses, pode o acesso aos autos ficar limitado às partes, aos advoga-
dos, aos defensores públicos e ao Ministério Público.

IV – Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa

A Constituição Federal preceitua:

Art. 5º (…)
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;

O contraditório cuida de garantia de que a parte seja ouvida, não poden-

www.grancursosonline.com.br 13 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

do o juiz decidir a causa sem que os interessados tenham oportunidade

de interferir em seu convencimento, por meio de alegações. O processo será,

portanto, conduzido de maneira que se permita que cada manifestação ou pe-

dido de uma parte seja seguido da oportunidade de manifestação de seu

adversário. Além disso, a cada manifestação de terceiro ou do juiz ou de

sujeito auxiliar da Justiça (ex.: perito), as partes e interessados podem se

manifestar. Não bastasse, as partes têm direito à ciência de todo e qualquer ato

praticado no processo.

O próprio CPC prevê:

Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direi-


tos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação
de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.

A importância da manifestação da parte é tamanha que não se admite a “de-

cisão surpresa”, não podendo o juiz decidir com base em fundamento sobre os

quais as partes não se manifestaram. Veja:

CPC
Art. 10.  O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamen-
to a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda
que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.

A ampla defesa cuida de garantia que está intrinsecamente ligada ao

contraditório e envolve inclusive a possibilidade de a parte utilizar todos

os meios e recursos a ela inerentes para sustentar suas alegações. Logo,

por exemplo, se parte afirma que a assinatura do documento é falso, o requerimen-

to de realização de perícia grafotécnica e a formulação de quesitos são exterioriza-

ções dessa ampla defesa.

V – Princípio da Congruência, da Correspondência ou da Adstrição

www.grancursosonline.com.br 14 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

da Sentença aos Limites do Pedido

Como você percebe, são diversos nomes para o mesmo princípio. Ele parte da

premissa de que, no Direito Processual, o juiz é proibido de proferir decisão de

natureza diferente daquela pedida ou mesmo condenar o réu em quantida-

de maior ou bem/direito diferente do que foi pedido.

Assim, se o autor da ação trabalhista pede adicional de insalubridade, não pode

o juiz, constatando que não existe agente insalubre no local de trabalho, mas existe

agente perigoso, deferir o adicional de periculosidade. Se o juiz deferir esse adicio-

nal de periculosidade, haverá um julgamento extra petita (fora do pedido).

Da mesma maneira, se o trabalhador na ação trabalhista pede indenização por

danos materiais causados pelo empregador no valor de R$ 10.000,00 gastos com

remédios e consultas para tratar doença adquirida no trabalho, não pode o juiz

deferir mais se verificou que o valor gasto foi maior (R$ 15.000,00, por exemplo).

Se o juiz deferir mais de R$ 10.000, a sentença (decisão) é ultra petita (excede o

pedido).

Existem duas regras no Código de Processo Civil que envolvem esse prin-

cípio:

Art. 141.  O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado
conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
Art. 492.  É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como
condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi deman-
dado.

Dessa forma, a atuação do juiz ou do Tribunal, ao julgar um processo, deve fi-

car restrita aos limites estabelecidos pelas partes no processo. A matéria que

será discutida é definida pela petição inicial e pela contestação e/ou reconvenção.

Vejamos um julgado do TST sobre o referido direito:

www.grancursosonline.com.br 15 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

RECURSO DE REVISTA. (…) JULGAMENTO ULTRA PETITA. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO


AOS VALORES ESPECIFICADOS NA PETIÇÃO INICIAL. Os artigos 128 e 460 do CPC/73
(arts. 141 e 492 do CPC/15) consagram o princípio da adstrição ou da congruência ob-
jetiva, de forma que o Juiz, ao decidir a lide, deve se ater aos limites em que esta foi
proposta, sendo-lhe defeso proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da
pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que
lhe foi demandado. Configura julgamento ultra petita a inobservância pelo Julgador do
quantum indicado na inicial pelo autor, em relação a cada um dos pedidos formulados.
Recurso de revista conhecido e provido. (RR – 10628-03.2014.5.15.0103, Relator Mi-
nistro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de Julgamento: 08/03/2017, 6ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 10/03/2017)

VI – Princípio da Extrapetição/Ultrapetição

Esse princípio é uma exceção ao princípio da congruência anteriormente

estudado. Ele considera que, em hipóteses especiais, pode o juiz deferir ou

determinar algo que não pedido pelas partes.

Existem casos previstos em lei que demonstram claramente a aplicação desse

princípio. Veja alguns exemplos:

a) Juros e correção monetária – se uma parte pede uma parcela em dinhei-

ro, mas não pede os juros e a correção monetária, pode o juiz incluir os juros

e a correção independentemente de a parte ter pedido. Exemplo disso seria

quando o trabalhador pede o salário de agosto do ano anterior que não foi pago, o

magistrado defere o salário corrigido e com juros. A contadoria tem que considerar

todas essas parcelas.

Essa noção está clara no art. 322, § 1º, do CPC:

Art. 322.  O pedido deve ser certo.


§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de
sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.

Aliás, a Súmula 211 do TST preceitua na mesma direção:

www.grancursosonline.com.br 16 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Súmula 211 do TST


JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. INDEPENDÊNCIA DO PEDIDO INI-
CIAL E DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL.
Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o
pedido inicial ou a condenação.

b) Multa cominatória no caso de descumprimento de obrigação de en-

tregar, fazer ou não fazer – uma vez que o juiz tenha condenado o réu a cum-

prir uma obrigação de entregar, fazer ou não fazer, ou mesmo se impuser

essa obrigação em uma liminar, pode forçar o cumprimento da decisão

mediante o estabelecimento de multa para o descumprimento.

Exemplo disso ocorre quando o trabalhador ajuíza uma ação alegando que o

empregador não está fornecendo os equipamentos de proteção individual e o juiz,

se convencendo desse fato, profere uma decisão determinando que o emprega-

dor forneça imediatamente os equipamentos de proteção sob pena de multa de

10.000,00 por dia.

A previsão dessa ideia pode ser vista em diversos artigos do CPC:

Art. 500.  A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa fixada
periodicamente para compelir o réu ao cumprimento específico da obrigação.

Art. 536.  No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obri-


gação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para
a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equiva-
lente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente.
§ 1º Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras me-
didas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o
desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário,
requisitar o auxílio de força policial.

Art. 537.  A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase
de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde
que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável
para cumprimento do preceito.
§ 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da

www.grancursosonline.com.br 17 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que:


I – se tornou insuficiente ou excessiva;
II – o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa
causa para o descumprimento.
§ 4º A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da deci-
são e incidirá enquanto não for cumprida a decisão que a tiver cominado.
§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que
reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional.

Como você viu, o juiz pode alterar o valor dessa multa e até excluí-la (art. 537,

§ 2º, do CPC). Essa multa é devida à parte contrária.

c) Conversão da reintegração em indenização pecuniária (em dinheiro),

caso o retorno ao emprego revele-se desaconselhável – existem situações

em que, embora tenha o autor requerido a nulidade da rescisão do contrato e a

reintegração no emprego (retorno) porque possui estabilidade, o juiz en-

tende que isso não seria aconselhável. Nesse caso, o juiz converte o pedido de

reintegração em indenização.

Exemplo disso ocorre com a empregada doméstica gestante que foi dispensada

sem justa causa. De fato, essa empregada possui estabilidade da confirmação da

gravidez até cinco meses após o parto (art. 10, II, “b”, do ADCT e art. 25, parágrafo

único, da LC n. 150/2015). A empregada, então, propõe uma ação requerendo a

nulidade da dispensa e reintegração no emprego. O juiz, diante da irregularidade

da rescisão, mas considerando o risco de conflitos que o retorno da doméstica po-

deria gerar e preocupado com a segurança e bem-estar da trabalhadora e própria

família, não reintegra a mesma. O juiz, então, converte a estabilidade em inde-

nização, condenando o empregador a pagar indenização equivalente a salários e

direitos trabalhistas da dispensa até cinco meses após o parto.

Veja a Súmula 396 do TST:

www.grancursosonline.com.br 18 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

ESTABILIDADE PROVISÓRIA. PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO. CONCESSÃO DO SALÁRIO


RELATIVO AO PERÍODO DE ESTABILIDADE JÁ EXAURIDO. INEXISTÊNCIA DE JULGA-
MENTO “EXTRA PETITA” (conversão das Orientações Jurisprudenciais ns. 106 e 116 da
SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25/04/2005
(…)
II – Não há nulidade por julgamento “extra petita” da decisão que deferir salário quando
o pedido for de reintegração, dados os termos do art. 496 da CLT.

VII – Princípio da Instrumentalidade

Nesse princípio, você deve entender que, via de regra, os atos processuais
não dependem de observância a uma forma determinada, salvo quando a
lei o exigir. Assim, se o ato processual for praticado de uma determinada maneira
e ele atingir sua finalidade, esse ato deve ser reputado válido.
O Código de Processo Civil expressa:

Art. 188.  Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo
quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de ou-
tro modo, lhe preencham a finalidade essencial.
Art. 277.  Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato
se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.

Além disso, só haverá nulidade processual caso o ato impugnado, além de


irregular, tenha causado prejuízo efetivo à parte que não a causou e que, no
momento oportuno, requereu a declaração de invalidade.

Veja as previsões da CLT:

Art. 795. As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes,
as quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos
autos.
Art. 796. A nulidade não será pronunciada:
b) quando arguida por quem lhe tiver dado causa.

www.grancursosonline.com.br 19 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Apenas para contextualizar o princípio na prática, leia a Súmula 427 do TST:

Súmula 427 do TST


INTIMAÇÃO. PLURALIDADE DE ADVOGADOS. PUBLICAÇÃO EM NOME DE ADVOGADO
DIVERSO DAQUELE EXPRESSAMENTE INDICADO. NULIDADE (editada em decorrência
do julgamento do processo TST-IUJERR 5400 – 31.2004.5.09.0017) - Res. 174/2011,
DEJT divulgado em 27, 30 e 31/05/2011
Havendo pedido expresso de que as intimações e publicações sejam realizadas ex-
clusivamente em nome de determinado advogado, a comunicação em nome de outro
profissional constituído nos autos é nula, salvo se constatada a inexistência de prejuízo.

VIII – Princípio da Imparcialidade

A base do princípio é bastante simples: para que o Estado possa fornecer uma

tutela jurisdicional adequada (decisões judiciais aceitáveis), é necessário que o

juiz seja imparcial, ou seja, atue de forma isenta. Apenas para que você possa

ter uma adequada noção de imparcialidade, veja o que prevê o art. 8º do Código

de Ética da Magistratura, editado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ):

Art. 8º O magistrado imparcial é aquele que busca nas provas a verdade dos fatos, com
objetividade e fundamento, mantendo ao longo de todo o processo uma distância equi-
valente das partes, e evita todo o tipo de comportamento que possa refletir favoritismo,
predisposição ou preconceito.

No sentido de assegurar essa imparcialidade, o legislador criou a suspeição e

o impedimento do juiz nos arts. 144 e 145 do CPC e art. 801 da CLT. Os detalhes

serão estudados no capítulo sobre defesa do réu.

IX – Princípio da Identidade Física do Juiz

Esse princípio indica que o juiz que concluir a instrução do feito (momento

no processo em que as provas são produzidas) julgará o conflito (a lide), salvo

se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou apo-

sentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor.

www.grancursosonline.com.br 20 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Assim, para resumir: a regra seria que o juiz que colhe as provas é o juiz

que julga o processo. A premissa considera que o juiz que esteve em contato

com as provas tem melhores condições de proferir uma decisão mais justa.

A previsão estava no art. 132 do antigo CPC, mas esse preceito não foi re-

petido no novo Código de Processo Civil. Entretanto, existe parte da doutrina

que entende que esse princípio estaria implícito no art. 366 do novo CPC:

Art. 366.  Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá sentença
em audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias.

O TST possuía a Súmula 136, que não aceitava o princípio da identidade física

do juiz no Processo do Trabalho. Todavia, essa Súmula foi cancelada.

O cancelamento sem a edição de nova orientação decorreu da necessidade de

se reabrir o debate, não significando que o TST tenha adotado tese oposta no

sentido de aplicabilidade do princípio no Processo do Trabalho. Na verdade, existe

tanto a posição no sentido de sua inaplicabilidade quanto na direção de

que o princípio seria aplicável; mas, nesse último caso, a jurisprudência

admite exceções (logo, o princípio, se aplicável, é mitigado):

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1. NULIDADE DA SENTENÇA.


IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. Não obstante o cancelamento da Súmula nº 136 do TST
pela Resolução n. 185/2012, necessário registrar que esta Corte consagra entendimento
de que a aplicação do princípio da identidade física do juiz não é absoluta, sendo excep-
cionada pelo próprio artigo 132 do CPC/73, de forma que o mero julgamento do feito
por magistrado diverso daquele que conduziu a audiência de instrução, por si só, não
torna nula a decisão, mormente em face dos princípios constitucionais da celeridade,
da efetividade e da rápida duração do processo, aplicáveis ao processo do trabalho. No
caso, não há premissa fática no acórdão regional que justifique a declaração de nulidade
da sentença. Incólume o art. 132 do CPC/73. (…) (AIRR – 131209-58.2015.5.13.0009,
Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 14/12/2016, 8ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 19/12/2016)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RECURSO DE REVISTA INTER-


POSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N. 13.015/2014. NULIDADE DO PROCESSO POR VIO-
LAÇÃO DO PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. Cinge-se a controvérsia em

www.grancursosonline.com.br 21 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

verificar-se a nulidade do processo em razão de não ter sido o mesmo juiz que prolatou
a sentença que participou da fase instrutória do fato. (…). Não obstante o cancelamen-
to da Súmula n. 136 desta Corte, ainda assim tem-se que a aplicação do princípio da
identidade física do juiz não é automática, em face do que dispõe a parte final do artigo
132 do CPC/1973. Ali estão ressalvados os casos nos quais o juiz estiver convocado,
licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado. É entendimento
desta Corte que o princípio da identidade física do juiz, não obstante ser compatível com
o processo do trabalho, não é absoluto, de forma que não induz ofensa automática a tal
princípio o simples fato de não ser o mesmo o juiz o prolator da sentença e aquele que
instruiu o feito. Precedentes. Agravo de instrumento desprovido. (…) (AIRR – 10607-
79.2014.5.15.0118, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento:
23/11/2016, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/11/2016)

Veja que as decisões, embora recentes, referem-se a casos de época em

que vigorava o CPC anterior. Ainda não temos uma posição consolidada

sobre o novo CPC diante da recente entrada em vigor do novo Código.

X – Princípio da Isonomia

A redução das desigualdades é um dos objetivos fundamentais da Repú-

blica brasileira (art. 3º, IV, da Constituição Federal). Não bastasse, a isonomia

é direito fundamental de todos os cidadãos, previsto no art. 5º:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantin-
do-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

Essa isonomia (igualdade) também deve existir no processo de maneira

que as partes recebam o mesmo tratamento. Aliás, o novo Código de Processo

Civil estabelece uma obrigação ao juiz:

CPC
Art. 139.  O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbin-
do-lhe:
I – assegurar às partes igualdade de tratamento;

www.grancursosonline.com.br 22 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Além disso, veja a previsão genérica e importantíssima do art. 7º do CPC:

Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direi-


tos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação
de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.

Assim, compreendemos por que o princípio da igualdade ou isonomia também

recebe a denominação de princípio da paridade de armas.

A igualdade pretendida não pode ser meramente formal, mas material, isto é,

os desiguais devem ser tratados diferentemente até mesmo no processo.

Por isso, a lei trata os desiguais desigualmente, constituindo vantagens no

processo àquele que na prática disporia de meios mais precários de defesa

em juízo ou em virtude dos interesses públicos que representa.

Nesse raciocínio, a jurisprudência vem entendendo que não fere o princí-

pio da igualdade a instituição legal de vantagens para os hipossuficientes,

tais como a assistência judiciária gratuita (art. 14 da Lei n. 5.584/1970 e art.

14, caput, da LC n. 80/1994), a isenção de despesas processuais (art. 790-A,

caput, da CLT) e o arquivamento do processo (extinção sem resolução de

mérito) pela ausência injustificada do reclamante na audiência (art. 844 da

CLT). Veja:

CLT
Art. 790-A. São isentos do pagamento de custas, além dos beneficiários de justiça
gratuita:  (…)

Art. 844. O não comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento da


reclamação, e o não comparecimento do reclamado importa revelia, além de confissão
quanto à matéria de fato.

www.grancursosonline.com.br 23 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Lei n. 5. 584/1970
Art 14. Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária a que se refere a Lei n. 1.060,
de 5 de fevereiro de 1950, será prestada pelo Sindicato da categoria profissional a que
pertencer o trabalhador.

LC n. 80/1994
Art. 14. A Defensoria Pública da União atuará nos Estados, no Distrito Federal e nos
Territórios, junto às Justiças Federal, do Trabalho, Eleitoral, Militar, Tribunais Superiores
e instâncias administrativas da União.

CPC
Art. 185.  A Defensoria Pública exercerá a orientação jurídica, a promoção dos direitos
humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, em todos os
graus, de forma integral e gratuita.
Art. 186.  A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas manifes-
tações processuais.

Alguns doutrinadores entendem que essas vantagens processuais em favor


de hipossuficientes envolve o princípio da proteção no processo do traba-
lho ou do protecionismo processual. As bancas de concurso têm utilizado esse
entendimento. Veja um caso:

(CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA/TRT 8ª REGIÃO/2016)


Assinale a opção correta a respeito dos princípios gerais do processo trabalhista.
C) C
onfigura hipótese de aplicação do princípio da proteção no processo do traba-
lho a regra de que o não comparecimento do reclamante à audiência importa no
arquivamento da reclamação.1

Por outro contexto, não fere o princípio o estabelecimento de vantagens


para órgãos públicos ou entes/entidades públicas, diante da necessidade de
se preservar o interesse público ou social relevante envolvido. É o caso das
prerrogativas do Ministério Público do Trabalho e da Fazenda Pública em sua atua-

ção judicial. Leia alguns exemplos da lei:

1
A letra “c” foi apontada como verdadeira.

www.grancursosonline.com.br 24 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

CLT
Art. 790-A. São isentos do pagamento de custas (…):
I – a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e respectivas autarquias e
fundações públicas federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade eco-
nômica; 
II – o Ministério Público do Trabalho.

CPC
Art. 180.  O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos,
que terá início a partir de sua intimação pessoal (…).
Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas au-
tarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas
manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.

Você deve se lembrar de que, na execução, as partes não possuem exata-


mente as mesmas prerrogativas, o que se justifica em decorrência das diferentes
posições processuais (exequente e executado). Existem prerrogativas di-
ferenciadas na lei, mas isso não viola o princípio estudado, já que o juiz vai
assegurar o cumprimento da lei, não admitindo que os limites dessas prerrogati-
vas sejam ultrapassados.

XI – Princípio da Oralidade

No sentido de assegurar a celeridade e a concentração dos atos processuais,


o legislador estimula a oralidade no Processo do Trabalho. Isso significa que
diversos atos processuais são praticados de forma oral, verbal, ficando o
registro nos autos do processo. A preferência é dada ao ato oral em detrimento
do ato escrito.
Posso mencionar diversos atos que envolvem o uso da oralidade: apresentação
de reclamação trabalhista verbal; leitura da reclamação em audiência para ser, em
seguida, praticada a defesa oral, no prazo de 20 minutos; o diálogo das partes com
mediação do magistrado, durante as tentativas de conciliação; a oitiva das partes
e testemunhas, sempre por intermédio do juiz; razões finais orais pelo prazo de 10

minutos; etc.

www.grancursosonline.com.br 25 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Veja alguns preceitos legais:

CLT
Art. 840. A reclamação poderá ser escrita ou verbal.
Art. 846. Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.
Art. 847. Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir sua defesa,
após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.
Art. 848. Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo o presi-
dente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz temporário, interrogar os litigantes. 
§ 2º Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se houver.
Art. 820. As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente, podendo
ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento dos vogais, das partes, seus repre-
sentantes ou advogados.
Art. 850. Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não
excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente reno-
vará a proposta de conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão.

Como expressão da oralidade, temos: irrecorribilidade das decisões interlocu-

tórias; concentração dos atos processuais; imediatidade ou imediação do julgador

com a prova.

XII – Princípio da Concentração dos Atos Processuais

Esse princípio apresenta a necessidade de se praticar o máximo de atos

processuais em um determinado momento processual. A título exemplifica-

tivo, temos a busca da solução do litígio numa única audiência, só havendo des-

dobramento desta se não for possível conciliar ou julgar no mesmo dia. Veja as

previsões legais que ilustram o princípio:

Art. 845. O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados das


suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas.
Art. 849. A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por moti-
vo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continu-
ação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.
Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em
audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convo-
cado para atuar simultaneamente com o titular.

www.grancursosonline.com.br 26 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Art. 852-H. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento,


ainda que não requeridas previamente.
§ 1º Sobre os documentos apresentados por uma das partes manifestar-se-á imediata-
mente a parte contrária, sem interrupção da audiência, salvo absoluta impossibilidade,
a critério do juiz.

O princípio da concentração decorre muitas vezes da própria oralidade do

processo, já que as manifestações verbais permitem a realização de inúmeros

atos em juízo.

XIII – Princípio da Duração Razoável do Processo e Princípio da


Celeridade

A Constituição Federal estabeleceu que os processos devem ter uma dura-

ção considerada razoável, isto é, não podem se prolongar por tempo exces-

sivo, devendo o juiz ou Tribunal zelar pela celeridade do mesmo. Preceitua a

Carta Magna:

Art. 5º (…)
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável du-
ração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 

A ideia de duração razoável gera diversas consequências de ordem práti-

ca. Primeiramente, legitima a aplicação de penalidades àqueles que atuam

de forma protelatória, autorizando a incidência de multas, seja por litigância de

má-fé, seja por recurso protelatório, além de fixação de multas diárias para even-

tual retardamento injustificado no cumprimento de obrigações de fazer, não fazer

e entregar. Vamos a exemplos na lei:

CPC
Art. 80.  Considera-se litigante de má-fé aquele que:
IV – opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
VII – interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

www.grancursosonline.com.br 27 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Art. 1.026. (…)


§ 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribu-
nal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa
não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.

Em segundo lugar, o princípio consagra a regularidade de normas processu-

ais e administrativas para impor ao juiz o dever de observância da celeri-

dade, estabelecendo responsabilidades pelo retardamento. Veja um caso:

CPC
Art. 143.  O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
II – recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofí-
cio ou a requerimento da parte.
Parágrafo único.  As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois
que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apre-
ciado no prazo de 10 (dez) dias.

Portanto, todos os sujeitos do processo devem colaborar para uma solu-

ção rápida do processo, mas sem prejudicar o direito à ampla defesa e ao

contraditório. O novo CPC inclusive aponta:

CPC
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito,
incluída a atividade satisfativa.
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em
tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

XIV – Princípio da Subsidiariedade

Segundo esse princípio, se o ordenamento processual trabalhista contiver

uma omissão (faltar alguma regra processual), podemos buscar suprir essa fa-

lha utilizando as regras do Processo Civil, mas a regra a ser utilizada deve

ser compatível com o Processo do Trabalho.

CLT
Art. 769. Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do
direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas
deste Título.

www.grancursosonline.com.br 28 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Se a regra processual civil não for compatível, não pode ser aplicada no Proces-
so do Trabalho. Por exemplo, o art. 229 do CPC dispõe:

CPC
Art. 229.  Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de ad-
vocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações,
em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.
§ 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida
defesa por apenas um deles.
§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.

Essa regra não é compatível com o Processo do Trabalho, segundo o Tribu-


nal Superior do Trabalho:

OJ 310 da SDI-I do TST


LITISCONSORTES. PROCURADORES DISTINTOS. PRAZO EM DOBRO. ART. 229,
CAPUT E §§ 1º E 2º, DO CPC DE 2015. ART. 191 DO CPC DE 1973. INAPLICÁVEL
AO PROCESSO DO TRABALHO (atualizada em decorrência do CPC de 2015) - Res.
208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e 26/04/2016
Inaplicável ao processo do trabalho a norma contida no art. 229, caput e §§ 1º e 2º, do
CPC de 2015 (art. 191 do CPC de 1973), em razão de incompatibilidade com a celerida-
de que lhe é inerente.

(CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 10ª REGIÃO/2013) Julgue


o próximo item, no que se refere aos princípios gerais do processo trabalhista.
Segundo o TST, quando litisconsortes forem representados por diferentes procura-
dores, serão contados em dobro os prazos a eles disponíveis para contestar, para
recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.2

No âmbito do Novo CPC, vale lembrar o art. 15:

Art. 15.  Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou
administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidia-
riamente.

2
Essa regra não é compatível com o Processo do Trabalho. Logo, o item é falso.

www.grancursosonline.com.br 29 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

A aplicação supletiva significa que muitas vezes existe a regra no Proces-

so do Trabalho, mas a melhor compreensão e a complementação podem

ser feitas utilizando as regras do Processo Civil. Um exemplo ocorre com

os embargos declaratórios (espécie de recurso) para corrigir erro material. A CLT

menciona:

Art. 897-A. (…)


§ 1º Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento de qualquer
das partes. 

Nesse particular, embora essa previsão de correção a requerimento da parte

esteja dentro do artigo sobre embargos declaratórios, poderia haver certa dúvida

sobre se os embargos de declaração podem ser utilizados para isso. E a aplicação

supletiva do CPC comprova que sim:

Art. 1.022.  Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
III – corrigir erro material.

Um ponto ainda é relevante. Na execução trabalhista, devemos, no caso de

lacuna (omissão) no Processo do Trabalho, aplicar primeiramente a Lei de Exe-

cução Fiscal (Lei n. 6.830/1980) e, se esta também for omissa, aplicamos o

CPC. Veja a previsão da CLT:

Art. 889. Aos trâmites e incidentes do processo da execução são aplicáveis, naquilo
em que não contravierem ao presente Título, os preceitos que regem o processo dos
executivos fiscais para a cobrança judicial da dívida ativa da Fazenda Pública Federal.

XV – Princípio do Jus Postulandi

O jus postulandi envolve a capacidade postulatória, isto é, a aptidão para

requerer perante o juiz ou Tribunal. No Processo do Trabalho, essa capacidade

pertence, se o caso envolver relação de emprego, ao empregado e ao empregador:

www.grancursosonline.com.br 30 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

CLT
Art. 791. Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente pe-
rante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.

Isso quer dizer que, como regra, se for relação de emprego o caso do pro-

cesso, o empregado e o empregador não precisam de advogado, podendo

atuar sozinhos. Essa regra comporta exceções, sendo importante lembrar da Sú-

mula 425 do TST:

Súmula 425 do TST


JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE – Res. 165/2010, DEJT
divulgado em 30/04/2010 e 03 e 04/05/2010
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Tra-
balho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação
cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior
do Trabalho.

Quando o caso não envolver relação de emprego, existe a necessidade da

presença de advogado.

Muito embora haja debate se o jus postulandi constitui princípio efetivo, o fato

é que a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho assim o tem considerado:

(…) INÉPCIA DA INICIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. (…) No processo do trabalho,


não se exige rigor no exame desses requisitos. Basta que do contexto da petição inicial
se possa extrair a pretensão, sem exigência de maiores formalidades. Tanto que se
admite até a possibilidade do próprio reclamante vir a juízo, de acordo com o
princípio do jus postulandi. No caso, a exordial contém causa de pedir e pedido certo,
uma vez que expõe os fatos e articula de modo claro a sua tese, o que atende ao dispos-
to nos artigos acima mencionados. Agravo de instrumento a que se nega provimento.
(…) (AIRR – 616-49.2010.5.01.0073, Relator Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão,
Data de Julgamento: 22/02/2017, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 06/03/2017)
(…) II – RECURSO DE REVISTA. RECLAMAÇÃO TRABALHISTA AJUIZADA CONTRA DOIS
RECLAMADOS. DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO SEGUNDO.
FALTA DE PEDIDO EXPRESSO. POSSIBILIDADE DIANTE DOS FATOS NARRADOS. JUL-
GAMENTO EXTRA PETITA NÃO CONFIGURADO (…) 3. O § 1º do art. 840 da CLT dispõe

www.grancursosonline.com.br 31 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

que a petição inicial deverá conter “uma breve exposição dos fatos de que resulte o
dissídio e o pedido”. Por outro lado, no processo do trabalho, não se observa o rigor
formal excessivo no exame dos requisitos da inicial. Até porque há a possibilidade
de o próprio reclamante vir a Juízo para pleitear os seus direitos, de acordo
com o princípio do jus postulandi. Assim, pode o julgador dar aos fatos o enquadra-
mento jurídico que entender pertinente, como ocorreu no caso dos autos, sem que isso
configure julgamento extra ou ultra petita. 4. Recurso de revista de que se conhece e
a que se dá provimento. (RR – 1123-70.2010.5.04.0026, Relatora Ministra: Kátia Ma-
galhães Arruda, Data de Julgamento: 13/08/2014, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
22/08/2014)

XVI – Princípio da Imediação

A imediação ou imediatidade refere-se ao contato direto do julgador com

os litigantes, testemunhas, peritos e demais pessoas que intervêm no fei-

to, bem como com os elementos probatórios, favorecendo, desse modo, que o

juiz tenha um conhecimento das circunstâncias do litígio, ficando o mais próximo

possível da verdade real.

Alguns artigos claramente demonstram essa proximidade do juiz:

CLT
Art. 820. As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente, podendo
ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento dos vogais, das partes, seus repre-
sentantes ou advogados.

CPC
Art. 385.  Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que
esta seja interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do
juiz de ordená-lo de ofício.
Art. 481.  O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do pro-
cesso, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à
decisão da causa.

XVII – Princípio do Livre Convencimento Motivado

Segundo esse princípio, todo tipo de decisão judicial, seja interlocutória,

seja definitiva, seja terminativa do feito, necessariamente deve ser moti-

vada, sob pena de nulidade. A Constituição prevê:

www.grancursosonline.com.br 32 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Art. 93. (…)


IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamen-
tadas todas as decisões, sob pena de nulidade (…)

É claro que o juiz tem liberdade de firmar a sua convicção, mas precisa explicá-

-la. A motivação possibilita às partes e à sociedade o conhecimento trans-

parente acerca das razões que provocaram o deferimento ou indeferimento

de uma determinada pretensão apresentada em Juízo.

Aliás, a CLT preceitua:

Art. 832. Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e da de-
fesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão.

O CPC segue na mesma linha:

Art. 11.  Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e funda-
mentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.

XVIII – Princípio do Juiz Natural

Esse princípio pode ser inferido diretamente da Constituição:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, (…), nos
termos seguintes:
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

O princípio do juiz natural ou do juiz constitucional demonstra que nosso

ordenamento jurídico repudia a possibilidade de criação de um tribunal es-

pecífico para julgamento de uma determinada causa, criado depois da ocor-

rência do fato a ser objeto de exame. Para atuar no feito, então, deverá o órgão

judicial ser anterior, isto é, preexistente e criado em conformidade com a

Constituição.

www.grancursosonline.com.br 33 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Além disso, por esse princípio, será garantido sempre um julgamento isen-

to, por órgão independente e com competência firmada na própria Consti-

tuição e nas leis para atuar no litígio.

Veja uma aplicação prática do princípio:

RECURSO DE REVISTA (…) CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRINCÍPIO DO


JUIZ NATURAL. A garantia constitucional do juiz natural impõe que os órgãos do
poder judiciário devem ser constituídos antecipadamente, segundo regras ob-
jetivas de competência, a fim de assegurar às partes absoluta independência
e imparcialidade. Assim, a redistribuição do presente autos a órgão julgador diverso
do previamente distribuído sem qualquer amparo legal viola o devido processo legal.
Recurso de revista conhecido e provido. (RR – 105500-06.2009.5.11.0003, Relator Mi-
nistro: Márcio Eurico Vitral Amaro, Data de Julgamento: 14/12/2016, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 19/12/2016)

XIX – Princípio da Demanda e Princípio Dispositivo

O princípio da demanda está inserido dentro do princípio dispositivo

(que é mais amplo). Por esse princípio da demanda, apenas se inicia uma

relação processual se houver iniciativa da parte. Assim, somente haverá

jurisdição (aplicação do Direito a um caso concreto pelo Estado através do Poder

Judiciário) se houver provocação de uma parte. Veja o disposto no CPC:

Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso


oficial, salvo as exceções previstas em lei.

Como se vê, existem exceções em que a relação processual não começa

por iniciativa parte, mas de ofício (por iniciativa judicial) pelo juiz. Um exem-

plo seria o art. 878, caput, da CLT, que menciona a possibilidade da execução ser

promovida de ofício pelo juiz ou Tribunal:

CLT
Art. 878. A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio
pelo próprio Juiz ou Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo
anterior.

www.grancursosonline.com.br 34 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Outra exceção ocorre com o previsto no art. 39 da CLT, o qual trata da neces-

sidade da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (antiga DRT), órgão

federal de fiscalização do trabalho, remeter para a Justiça do Trabalho a discussão

sobre a existência ou não de relação de emprego surgida no curso da fiscalização:

CLT
Art. 39. Verificando-se que as alegações feitas pelo reclamado versam sobre a não
existência de relação de emprego ou sendo impossível verificar essa condição pelos
meios administrativos, será o processo encaminhado a Justiça do Trabalho ficando, nes-
se caso, sobrestado o julgamento do auto de infração que houver sido lavrado.

Já o princípio dispositivo envolve, além do poder de decidir movimentar

o Judiciário, ajuizando ou não uma ação trabalhista (princípio da demanda), o

poder da parte de dispor, abrir mão de determinadas prerrogativas duran-

te o processo. Pode a parte, por exemplo, deixar de querer ouvir uma testemunha

ou de pedir a realização de perícia. Pode a parte, também a título ilustrativo, re-

nunciar um crédito já reconhecido judicialmente ou mesmo desistir de um recurso.

XX – Princípio Inquisitivo

Uma vez iniciado o processo, deve o processo seguir seu curso até o final,

cabendo o juiz impulsioná-lo de ofício. Também conhecido como princípio do

impulso oficial. Veja o art. 2º do CPC:

Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso ofi-
cial, salvo as exceções previstas em lei.

Dizer que o juiz impulsiona o processo cria diversos espaços para que o

magistrado possa atuar com maior liberdade na condução do feito, empur-

rando-o na busca de uma justa solução para o conflito. Isso abrange uma série de

atitudes que o juiz assume no decorrer do processo. Exemplos seriam: o juiz pode

www.grancursosonline.com.br 35 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

determinar provas que entender necessárias para solucionar o caso; pode impor, de

ofício, multas de maneira a assegurar o cumprimento de obrigações ou coibir a má-

-fé; pode determinar medidas para garantir o cumprimento da ordem judicial etc.

Veja preceitos que correspondem a esses exemplos:

CPC
Art. 139.  O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbin-
do-lhe:
III – prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir pos-
tulações meramente protelatórias;
IV – determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogató-
rias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações
que tenham por objeto prestação pecuniária;
VIII – determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inqui-
ri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso;

Art. 81.  De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar
multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor cor-
rigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar
com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.

Art. 370.  Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas


necessárias ao julgamento do mérito.
Parágrafo único.  O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou
meramente protelatórias.

Art. 537.  A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase
de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde
que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável
para cumprimento do preceito.

CLT
Art. 765. Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do proces-
so e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência
necessária ao esclarecimento delas.

O princípio inquisitivo permite retirar o magistrado da posição de mero

expectador do processo, posição que poderia ocorrer se o princípio dispositivo

fosse aplicado sem limites.

www.grancursosonline.com.br 36 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Esse princípio inquisitivo mais reforçado fez surgir um princípio sobre provas

chamado princípio da iniciativa instrutória do juiz.

(FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 16ª REGIÃO/2014) No to-

cante ao Procedimento Sumaríssimo, dispõe o artigo 852-D da CLT que: O juiz

dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas,

considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo limitar ou excluir as que

considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias, bem como para apreciá-las

e dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica. Neste caso, está

presente o Princípio

a) da Imediatidade.

b) Dispositivo.

c) da Identidade física do juiz.

d) Inquisitivo.

e) do Juiz natural.3

Claro que não existe um sistema processual que seja 100% inquisitivo ou

100% dispositivo. Os dois princípios existem em qualquer sistema. Assim,

em cada momento processual é que vemos a prevalência de um sobre o

outro. Por exemplo, para iniciar o processo, incide o princípio dispositivo (que in-

clui o princípio da demanda). No momento de impedir procrastinações de uma par-

te ou de determinar uma prova não produzida, mas essencial, prevalece o princípio

do impulso oficial.

3
Letra d. A liberdade do juiz na determinação de provas e no indeferimento daquelas desnecessárias envolve
atuação ativa do juiz, típico do princípio inquisitivo.

www.grancursosonline.com.br 37 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

XXI – Princípio da Lealdade Processual ou da Boa-Fé

No processo, como em qualquer relação jurídica, exige-se que as partes e

todos aqueles que de qualquer forma participam no processo devem agir

com lealdade e boa-fé. A obrigação é de todos que participam do processo:

CPC
Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acor-
do com a boa-fé.

Como consequência, se houver violação dessa obrigação, haverá a possibilidade

de punição ao litigante (parte) ou terceiro que aja no processo em descumprimento

aos preceitos éticos elencados na lei. Leia a previsão do Código de Processo Civil

sobre condutas que demonstram deslealdade e a punição respectiva:

Art. 79.  Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou
interveniente.

Art. 80.  Considera-se litigante de má-fé aquele que:


I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;
II – alterar a verdade dos fatos;
III – usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV – opuser resistência injustificada ao andamento do processo;
V – proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;
VI – provocar incidente manifestamente infundado;
VII – interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Art. 81.  De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar
multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor cor-
rigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar
com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.
§ 2º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em
até 10 (dez) vezes o valor do salário mínimo.

Na fase recursal, também, por evidente, existe o dever ético das partes,

de maneira que, por exemplo, se o recorrente interpuser um recurso protelatório,

pode haver multa. Veja a penalidade prevista no CPC:

www.grancursosonline.com.br 38 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

CPC
Art. 1.026. (…)
§ 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribu-
nal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa
não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.

Do mesmo modo, na fase de execução, haverá punição àquele que praticar

atos considerados atentatórios à dignidade da justiça:

CPC
Art. 774.  Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omis-
siva do executado que:
I – frauda a execução;
II – se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos;
III – dificulta ou embaraça a realização da penhora;
IV – resiste injustificadamente às ordens judiciais;
V – intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e
os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão
negativa de ônus.
Parágrafo único.  Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante não
superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será rever-
tida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuízo
de outras sanções de natureza processual ou material.

XXII – Princípio da Conciliação

No Processo do Trabalho, deve o Judiciário estimular o acordo entre as

partes como forma de solucionar os conflitos existentes. Esse acordo pode

ser tentado a qualquer momento no processo, inclusive após os momentos

de tentativa previsto em lei e até mesmo na execução que venha a existir. A CLT é

clara:

Art. 764. Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do


Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.
§ 1º Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre
os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos.
§ 3º É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda mesmo de-
pois de encerrado o juízo conciliatório.

www.grancursosonline.com.br 39 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

O acordo entre as partes pode ser atingido por meios de autocomposição (meios

através das quais as partes atingem um acordo). Os meios mais comuns são a me-

diação e a conciliação.

A definição do conceito dessas formas pode ser vista no art. 1º da Resolução n.

174/2016 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Esses conceitos, embora

elaborados para a Resolução, facilitam bem a sua compreensão do que seria cada meio

de autocomposição. Vejamos os trechos que importam:

Art. 1º Para os fins desta resolução, considera-se:


I – “Conciliação” é o meio alternativo de resolução de disputas em que as partes confiam
a uma terceira pessoa – magistrado ou servidor público por este sempre supervisionado
–, a função de aproximá-las, empoderá-las e orientá-las na construção de um acordo
quando a lide já está instaurada, com a criação ou proposta de opções para composição
do litígio;
II – “Mediação” é o meio alternativo de resolução de disputas em que as partes confiam
a uma terceira pessoa – magistrado ou servidor público por este sempre supervisionado
–, a função de aproximá-las, empoderá-las e orientá-las na construção de um acordo
quando a lide já está instaurada, sem a criação ou proposta de opções para composição
do litígio;

Como se vê, a principal diferença é que, na mediação, o mediador não faz

propostas, mas apenas incentiva a conciliação com técnicas apropriadas. Na

conciliação, os conciliadores atuam de forma mais ativa, inclusive sugerindo

propostas de conciliação. Os juízes podem atuar tanto como mediadores como con-

ciliadores na solução dos conflitos individuais.

O próprio CPC estabelece:

Art. 139.  O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbin-
do-lhe:
V – promover, a qualquer tempo, a autocomposição, (…)

www.grancursosonline.com.br 40 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

XXIII – Princípio da Irrecorribilidade Imediata das Decisões In-


terlocutórias

No Processo do Trabalho, vigora a regra no sentido de que as decisões inter-

locutórias não são passíveis de recurso imediato.

Nesse ponto, apenas para que você entenda melhor, se você não sabe o que é

uma decisão interlocutória, saiba que se trata de toda decisão judicial que não

seja uma sentença (art. 203, § 1º, do CPC).

A premissa do princípio trabalhista está no art. 893, § 1º, da CLT:

Art. 893. (…)


§ 1º Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitin-
do-se a apreciação do merecimento das decisões interlocutórias somente em recursos
da decisão definitiva. 

Apenas para ilustrar como se aplica esse princípio, imagine que Danilo tenha

processado o ex-empregador Gran Cursos Online, requerendo o pagamento de ho-

ras extras. Na audiência trabalhista, Danilo queria ouvir testemunhas para provar

que fez horas extras, mas o juiz indeferiu a oitiva sob o argumento de que entendia

ser a prova desnecessária. A decisão do juiz de indeferimento é uma decisão inter-

locutória.

Assim, Danilo deve protestar em audiência (protesto é apenas uma manifesta-

ção de discordância que fica registrada no processo e impede a preclusão). Esse

protesto não é um recurso. No exemplo, então, o processo segue naturalmente

até a sentença, quando Danilo, se tiver perdido o pedido de horas extras, pode, no

recurso contra a sentença, atacar a decisão da audiência que indeferiu a oitiva das

testemunhas e pedir ao Tribunal para anular a sentença e determinar a reabertura

da instrução para a oitiva das testemunhas.

www.grancursosonline.com.br 41 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Aqui temos de ter um cuidado. Existem casos excepcionais em que a decisão

interlocutória pode ser objeto de recurso imediato. Podemos ver essa excep-

cionalidade na Súmula 214 do TST:

DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE (nova redação) - Res.


127/2005, DJ 14, 15 e 16/03/2005
Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutó-
rias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do
Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para
Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o
disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Se você tem dificuldade entendendo a letra “b”, aqui vai uma ilustração: ima-

gine que houve o ajuizamento de um mandado de segurança contra uma decisão

de um juiz federal do trabalho. Mandados de segurança (MS) são ações constitu-

cionais. Se ajuizadas contra um ato de juiz, o órgão competente para julgá-las é o

TRT. Quanto o MS chega no TRT, é designado um Desembargador relator, que vai

examinar o pedido de liminar contra o juiz. A decisão do Desembargador será uma

decisão interlocutória. Se o Desembargador defere a liminar contra o ato do juiz, ou

mesmo se indefere, dessa decisão do Desembargador cabe agravo (recurso) para

o Tribunal.

Caso você tenha dificuldade com a letra “c”, aqui vai um exemplo: Danilo ajuíza

ação contra o Gran Cursos Online em Goiânia, mas não foi contratado e tampouco

trabalhou naquela cidade. Logo, a empresa apresenta ao juiz de Goiânia uma peti-

ção de defesa (exceção) alegando a incompetência territorial e o juiz a acolhe (de-

www.grancursosonline.com.br 42 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

cisão interlocutória), mandando o processo para Brasília (onde Danilo trabalhou).

Se Danilo, por qualquer motivo, entender que a decisão está errada, deve interpor

recurso imediatamente, já que o processo sairá do TRT de Goiás (18ª Região) e vai

para outro TRT (10ª Região – DF e TO). O recurso será apreciado pelo TRT de Goiás

(ao qual está vinculado o juiz de Goiânia - “juízo excepcionado”).

XIV – Princípio da Estabilidade da Demanda

Uma vez proposta a ação no Processo Civil, o autor da ação apenas possui

liberdade de alterar suas alegações e pretensões (chamado de “aditamen-

to”) sem a concordância do réu até a citação (comunicação do réu de que está

sendo processado). Ocorrida a citação do réu, apenas com o consentimento

dele é que pode haver essas alterações e, ainda assim, até a decisão de

saneamento do processo (decisão que elimina vícios e irregularidades e prepara

o processo para a fase de instrução, isto é, produção de provas). Veja:

CPC
Art. 329.  O autor poderá:
I – até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de
consentimento do réu;
II – até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com
consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifes-
tação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova
suplementar.

No Processo do Trabalho, a ideia é diferente. Como no Processo do Traba-

lho o ato equivalente à citação, denominado “notificação” (art. 841, caput, da CLT),

não é determinado pelo juiz e não tem o efeito de abrir imediatamente o

prazo de defesa do réu (a defesa é apresentada em audiência, como veremos),

entende-se que o autor poderá, até a audiência, e antes do recebimento

da defesa pelo juiz, promover tal mudança no pedido ou em suas alega-

www.grancursosonline.com.br 43 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

ções (fazer o aditamento) sem o consentimento do réu. Após o recebimento

a defesa, apenas se houver consentimento do réu e não houver prejuízo para a

celeridade do processo.

Leia julgados do TST sobre o tema:

(…) ADITAMENTO À PETIÇÃO INICIAL. INDEFERIMENTO. POSSIBILIDADE. O aditamento


à petição inicial, caso tenha sido apresentada a contestação, somente é admissível com
a concordância da parte adversa (CPC, art. 294). Como o Tribunal Regional registrou
que a reclamada não concordou com tal pedido, formulado na réplica da autora à con-
testação, inexiste ofensa ao art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. Agravo de instru-
mento não provido. (AIRR – 2550-49.2012.5.12.0046, Relator Desembargador Convo-
cado: Francisco Rossal de Araújo, Data de Julgamento: 21/10/2015, 7ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 23/10/2015)
AGRAVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. DECISÃO MONOCRÁ-
TICA DENEGATÓRIA DE SEGUIMENTO. NULIDADE DA SENTENÇA. ADITAMENTO À INI-
CIAL ANTES DA APRESENTAÇÃO DA CONTESTAÇÃO. ABERTURA DE PRAZO PARA A RE-
CLAMADA APRESENTAR RESPOSTA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. (…) 2. Incontroverso nos
autos que o aditamento à inicial foi protocolado antes da apresentação da contestação
pela reclamada, de modo que, em observância aos princípios da celeridade, informalida-
de e da economia processual, e também porque não foi verificado prejuízo à defesa da
reclamada (art. 794 da CLT), uma vez que foi garantido o contraditório e ampla defesa,
não se reconhece a nulidade suscitada. 3. Incólumes os arts. 264 e 294 do CPC. Agravo
conhecido e não provido. (…) (Ag-AIRR – 1924-23.2010.5.09.0195, Relator Ministro:
Hugo Carlos Scheuermann, Data de Julgamento: 11/02/2015, 1ª Turma, Data de Publi-
cação: DEJT 20/02/2015)

Claro que se a alteração, na visão do réu, provocar prejuízo ao exercício do con-

traditório e da ampla defesa, deverá o magistrado suspender a audiência, marcar

nova data e dar prazo para o réu apresentar nova defesa.

XXV – Princípios da Eventualidade e da Preclusão

Segundo o princípio da eventualidade, os atos processuais e alegações per-

tinentes dos sujeitos processuais devem ser realizadas no momento ade-

quado, sob pena de perda da faculdade processual.

www.grancursosonline.com.br 44 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Essa noção de eventualidade explica a preclusão. Dentre as várias formas

de preclusão, as formas mais clássicas de preclusão são:

a) Temporal – perde-se a faculdade de praticar um ato, uma vez que o prazo

para o fazer foi ultrapassado. Exemplo: o prazo para recorrer era de oito dias e a

parte não recorreu.

b) Lógica – é a impossibilidade de a parte praticar um ato em virtude da in-

compatibilidade com outro ato já praticado anteriormente. Exemplo: se a parte ré

pede para um juiz analisar uma preliminar arguida em defesa, não pode, se o juiz

rejeitar a liminar, alegar suspeição do juiz. Ora, se o juiz não era suspeito para jul-

gar a preliminar, então não é suspeito para o restante do processo.

c) Consumativa – é a impossibilidade de a parte praticar um ato em virtude

de já ter praticado o ato anteriormente. Exemplo: a parte tinha prazo de cinco dias

para impugnar o laudo pericial e fez a impugnação no terceiro dia. Não poderá mais

fazer a impugnação.

A noção sobre preclusão é muito importante. A própria CLT explicita um caso em

que incide preclusão para alegação de nulidades. Veja:

Art. 795. As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação das partes,
as quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos
autos.

(FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 24ª REGIÃO/2011) De acor-

do com o artigo 795 da CLT, as nulidades não serão declaradas senão mediante

provocação das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem

de falar em audiência ou nos autos. Neste caso, trata-se especificamente do Prin-

cípio da

www.grancursosonline.com.br 45 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

a) Estabilidade da Lide.

b) Preclusão.
c) Eventualidade.
d) Concentração.
e) Lealdade Processual.4

Como consequência do princípio da eventualidade, cabe à parte ré susten-


tar todas as teses que lhe são favoráveis, ainda que de forma sucessiva ou
subsidiária, sob pena de preclusão. O CPC prevê:

Art. 336.  Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo
as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as
provas que pretende produzir.

Assim, suponha que Danilo tivesse processado o Gran Cursos Online por horas
extras. A empresa, então, no momento da defesa, pode não somente negar a exis-
tência de horas extras como também pode apresentar defesas subsidiárias – tais
como que, se as horas extras foram prestadas, que todas foram compensadas com
folga, e se não foram compensadas, foram devidamente pagas. Essas diferentes
defesas em ordem sucessiva são perfeitamente possíveis e se justificam pelo fato
de que o réu não terá outro momento para inovar na sua defesa.

XXVI – Princípio da Impugnação Específica

De acordo com esse princípio, feita uma alegação baseada em fatos por
uma das partes, compete à outra impugnar de forma específica os fatos
alegados, sob pena de se presumirem verdadeiros. Claro que essa presunção
é meramente relativa, o que significa que pode sucumbir diante de prova cabal em

contrário.
4
Letra b. Como estudamos, a regra evidencia a necessidade de manifestação no tempo oportuno sob pena
de preclusão.

www.grancursosonline.com.br 46 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Uma das mais claras manifestações desse princípio pode ser constatada no art.

341 do CPC:

Art. 341.  Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de


fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo
se:
I – não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da
substância do ato;
III – estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único.  O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defen-
sor público, ao advogado dativo e ao curador especial.

Por essa regra, se o autor alegar, por exemplo, que foi assediado moralmente

durante todo o contrato, mediante tratamento inadequado, humilhações e restri-

ções indevidas, cabe ao réu impugnar cada um dos fatos alegados na petição ini-

cial, sob pena de se presumirem verdadeiros.

Nesse ponto, você deve se lembrar de um detalhe importante. Esse princípio

também se aplica à Fazenda Pública (União, Estados, DF, Municípios, autar-

quias e fundações públicas). Logo, mesmo que o réu seja, a título ilustrativo, a

União, cabe ao ente público impugnar de forma específica os fatos descritos pelo

autor, já que a consequência do descumprimento é a mesma.

XXVII – Princípio da Cooperação

Esse princípio parte da premissa de que o desenvolvimento regular e legí-

timo do processo decorre da contribuição/participação dos integrantes do

processo. O juiz não assume uma postura passiva de mero expectador do

curso do processo impulsionado pelas partes, mas atua de forma paritária com

elas.

www.grancursosonline.com.br 47 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

O juiz não é apenas sujeito detentor de poderes, enquanto que as partes

possuem apenas deveres/ônus. O juiz também possui um poder-dever. Esse

dever decorre da necessidade de assegurar às partes o exercício pleno do

contraditório e da ampla defesa, dever de dar e pedir esclarecimento sobre

questões duvidosas, dever de prevenir deslealdade nas postulações das partes etc.

Quanto às partes, a necessidade de colaboração é evidente e consagrada

no dever de lealdade, no dever de tornar claras suas pretensões e argu-

mentos, no dever de não causar tumulto no processo etc.

O novo CPC preceitua:

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em
tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

XXVIII – Princípio da Perpetuatio Jurisdictionis

Segundo esse princípio (perpetuação), a definição sobre competência da

ação se dá no momento da propositura da demanda, e o órgão competente

o será durante todo o processo, mesmo que haja modificações de fato ou de

direito ocorridas posteriormente, exceto quando houver extinção de órgão ju-

diciário ou alteração de competência absoluta.

Assim, por exemplo, se Danilo processa o ex-empregador Empadão Ltda. em

Brasília, pedindo adicional de insalubridade, e a empresa foi adquirida pela multina-

cional Pequi Goianish S.A., a qual não possui filial em Brasília e termina extinguindo

o estabelecimento na capital, o processo continua correndo em Brasília. A alteração

no estado de fato (extinção do estabelecimento) e a alteração no estado de direito

(incorporação da empresa Empadão pela multinacional – sucessão trabalhista) não

afetam o processo ajuizado por Danilo.

www.grancursosonline.com.br 48 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Essa regra encontra-se no art. 43 do CPC:

Art. 43.  Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da pe-


tição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas
posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência
absoluta.

Como se constata, existem exceções na parte final. Assim, se houver, por

exemplo, alteração na competência absoluta, essa mudança afeta quem

continuará e julgará o processo.

Isso ocorreu com as causas sobre acidente de trabalho entre empregado e em-

pregador, cuja competência era da Justiça Comum e foi, com a Emenda Constitu-

cional n. 45/2004, para a Justiça do Trabalho (art. 114, VI, da CF). Os processos

que estavam tramitando na Justiça Comum Estadual ou Distrital e que não tinham

ainda sentença proferida foram encaminhados à Justiça do Trabalho para serem

julgados.

Aqui, especificamente nessas causas envolvendo acidente de trabalho, ocorreu

um detalhe. Para se dar segurança jurídica, o STF entendeu que, se o processo já

tinha sentença, a causa continua na Justiça Comum. Aí a perpetuação da jurisdição

é aplicada. Isso não ocorre com toda a modificação de competência, mas ocorreu

com as causas sobre acidente de trabalho. Veja a Súmula 367 do Superior Tri-

bunal de Justiça e a Súmula Vinculante 22 do Supremo Tribunal Federal:

Súmula 367 do STJ


A competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança os processos já sentencia-
dos.

Súmula Vinculante 22 do STF


A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por
danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empre-
gado contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito
em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional n. 45/2004.

www.grancursosonline.com.br 49 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

XXIX – Princípio da Simplificação Processual ou da Informalidade

Esse princípio parte da premissa de que se deve buscar a redução das forma-

lidades, a maior praticidade na obtenção do resultado do processo e a di-

minuição dos incidentes, de maneira a tornar o acesso à prestação jurisdicional

(à decisão do Estado) na solução do conflito mais fácil. O processo não deve ser

valorizado como um fim, mas como um meio de se atingir a pacificação das

disputas.

Aplicações desse princípio podem ser vistas em diversos momentos na legisla-

ção, tais como na concentração dos atos processuais em audiência, na atribuição

do jus postulandi ao empregado e ao empregador (art. 791 da CLT) e na possibi-

lidade de formulação de petição inicial verbal (art. 840, caput, da CLT). Como se

percebe, esse princípio está diretamente ligado a diversos outros princípios.

XXX – Princípio da Economia Processual

Por tal princípio, deve-se buscar o maior resultado possível com o menor

dispêndio de energia, tempo e dinheiro, objetivo que pode ser alcançado por

vários meios, tais como: atos que impeçam a realização de incidentes protelató-

rios; concentração dos atos processuais; prática de atos oralmente; medidas que

tornam o processo célere.

Assim, os princípios da oralidade, concentração dos atos processuais e

celeridade, já estudados, são derivados do princípio da economia processu-

al. É como se fossem subprincípios.

www.grancursosonline.com.br 50 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

A NOSSA REVISÃO

Princípios orientam como devem ser a compreensão, a interpretação, a integração e a aplicação


do direito processual penal aos casos concretos no Brasil.

Princípios
Linha mestra Observações
regentes

Diante de uma lesão ou ameaça de lesão a direito,


não pode o legislador impedir o Judiciário de exer-
Inafastabilidade cer sua missão constitucional. Além disso, não se
do controle exige, como regra, o esgotamento da via admi- Art. 5º, XXXV, da CF.
jurisdicional nistrativa ou meio anterior outro de solução como
condição para se buscar o Judiciário, exceto nas
hipóteses já previstas na Constituição.

Possui dois sentidos: o formal e o material. O pri-


meiro refere-se, na sua matriz básica, à neces-
Devido processo sidade de se seguir os procedimentos e regras Art. 5º, LIV, da CF e
legal processuais preexistentes, sob pena de nulidade. art. 8º do CPC.
O segundo alude à aplicação da razoabilidade na
interpretação das regras de processo.

O ordenamento jurídico repudia a possibilidade de


criação de um tribunal específico para julgamento
de uma determinada causa, criado depois da ocor-
rência do fato a ser objeto de exame. O órgão judi- Art. 5º, XXXVIII e
Juiz natural cial ser anterior, isto é, preexistente e criado em LIII, da CF.
conformidade com a Constituição.
Assim, será garantido sempre um julgamento
isento, por órgão independente e com competência
firmada na própria Constituição e nas leis.

Os atos processuais, em regra, são públicos, Arts. 5º, X, XXXIII,


somente podendo haver a restrição a essa publi- LX, e 93, IX, da CF;
Publicidade
cidade quando o exigir o interesse público, o inte- arts. 10 e 189 do CPC;
resse social e a preservação da intimidade. art. 770 da CLT.

www.grancursosonline.com.br 51 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

A cada manifestação de terceiro ou do juiz ou de


sujeito auxiliar da Justiça (ex.: perito), as partes
Contraditório
e interessados podem se manifestar. Devem ser
e Ampla defesa Art. 5º, LV, da CF.
assegurados às partes as faculdade processuais
(meios e recursos) de defender suas alegações.

A definição sobre competência da ação se dá no


momento da propositura da demanda, e o órgão
competente o será durante todo o processo, mesmo
Perpetuatio
que haja modificações de fato ou de direito ocorri- Art. 43 do CPC.
jurisdictionis
das posteriormente, exceto quando houver extin-
ção de órgão judiciário ou alteração de competên-
cia absoluta.

Livre Todo tipo de decisão judicial, seja interlocutória,


Art. 93, IX, da CF e
convencimento seja definitiva, seja terminativa do feito, necessa-
art. 11 do CPC.
motivado riamente deve ser motivada, sob pena de nulidade.

Envolve o contato direto do julgador com os litigan-


tes, testemunhas, peritos e demais pessoas que
Imediação intervêm no feito, bem como com os elementos
probatórios, ficando o juiz mais próximo possível
da verdade real.

Envolve a capacidade postulatória, isto é, a aptidão


para requerer perante o juiz ou Tribunal. No Pro- Art. 791, caput, da
Jus postulandi cesso do Trabalho, essa capacidade pertence, se o CLT e Súmula 425 do
caso envolver relação de emprego, ao empregado TST.
e ao empregador.

Se o ordenamento processual trabalhista contiver


uma omissão, podemos buscar suprir essa falha Art. 769 da CLT e art.
Subsidiariedade
utilizando as regras do Processo Civil, desde que 15 do CPC.
haja compatibilidade com o Processo do Trabalho.

Duração
Os processos não podem se prolongar por tempo Art. 5º, LXXVIII, da
razoável do
excessivo, devendo o juiz ou Tribunal e as partes CF e arts. 4º e 6º do
processo e
zelar pela celeridade do mesmo. CPC.
celeridade

Concentração dos Deve-se buscar praticar o máximo de atos proces- Art. 845, 849, 852-C
atos processuais suais em um determinado momento processual. e 852-H da CLT.

www.grancursosonline.com.br 52 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Estimula-se a oralidade no Processo do Trabalho.


Arts. 820, 840, 846,
Assim, diversos atos processuais são praticados de
Oralidade 847, 848 e 850 da
forma oral, verbal, ficando o registro nos autos do
CLT.
processo.

As partes devem receber o mesmo tratamento.


Entretanto, essa igualdade não é formal, material,
Art. 5º, caput, da CF
sendo possível haver prerrogativas processuais
Isonomia e arts. 7º e 139, I, do
especiais para quem na prática disporia de meios
CPC.
mais precários de defesa em juízo ou em virtude
dos interesses públicos que representa.

O art. 132 do CPC


antigo não foi repro-
O juiz que concluir a instrução do feito (momento
Identidade duzido no novo CPC,
no processo em que as provas são produzidas) jul-
física do juiz gerando polêmica
gará o conflito.
sobre a manutenção
do princípio.

Art. 8º do Código de
O juiz deve atuar de forma isenta, sem que haja Ética da Magistratura
Imparcialidade
motivos para suspeição ou impedimento. e arts. 144 e 145 do
CPC.

Os atos processuais não dependem de observân-


cia a uma forma determinada, salvo quando a lei o Arts. 188 e 277 do
Instrumentalidade
exigir. Assim, se o ato processual atingir sua finali- CPC.
dade, esse ato deve ser reputado válido.

O juiz é proibido de proferir decisão de natureza


diferente daquela pedida ou mesmo condenar o réu Arts. 141 e 492 do
Congruência
em quantidade maior ou bem/direito diferente do CPC.
que foi pedido.

É uma exceção ao princípio da congruência ante-


Extrapetição riormente estudado. Considera que, em hipóteses
ou ultrapetição especiais, possa o juiz deferir ou determinar algo
que não pedido pelas partes.

Pelo princípio da demanda, apenas se inicia uma


relação processual se houver iniciativa da parte.
Demanda ou
O princípio dispositivo é mais amplo, abrangendo Art. 2º do CPC.
dispositivo
também o poder da parte de dispor, abrir mão de
determinadas prerrogativas durante o processo.

www.grancursosonline.com.br 53 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Uma vez iniciado o processo, o juiz deve impulsio-


Arts. 2º, 139, 370,
ná-lo de ofício na direção de uma solução justa e
Inquisitivo 537 do CPC e art. 765
célere. Justifica inclusive a iniciativa instrutória do
da CLT.
juiz.

As partes e todos aqueles que de qualquer forma Arts. 5º, 79, 80, 81,
Lealdade e boa-fé participam no processo devem agir com lealdade e 774, e 1.026, §2º, do
boa-fé. CPC.

Deve-se buscar o maior resultado possível com o


Economia menor dispêndio de energia, tempo e dinheiro. Os
processual princípios da oralidade, celeridade e concentração
dos atos processuais decorrem dele.

Deve o Judiciário estimular o acordo entre as partes


como forma de solucionar os conflitos existentes.
Esse acordo pode ser tentado a qualquer momento
Conciliação Art. 764 da CLT.
no processo, inclusive após os momentos de tenta-
tiva previstos em lei e até mesmo na execução que
venha a existir.

Vigora a regra no sentido de que as decisões inter-


Irrecorribilidade
locutórias não são passíveis de recurso imediato. O Art. 893, § 1º, da CLT
imediata das
princípio comporta exceções que admitem recurso e Súmula 214 do TST.
interlocutórias
imediato.

O autor poderá, até a audiência, e antes do recebi-


mento da defesa pelo juiz, promover o aditamento
da petição inicial, alterando ou modificando sua
Estabilidade da pretensão. Após a defesa ser recebida, a demanda
demanda é estabilizada sem o consentimento do réu. Após o
recebimento a defesa, apenas se houver consenti-
mento do réu e não houver prejuízo para a celeri-
dade do processo.

Os atos processuais e alegações pertinentes dos


As espécies mais clás-
sujeitos processuais devem ser realizadas no
sicas de preclusão
Eventualidade momento adequado, sob pena de perda da facul-
são: temporal, lógica
dade processual. A eventualidade está diretamente
e consumativa.
ligada à preclusão.

As alegações de fato feitas por uma das partes


Impugnação devem ser impugnadas de forma específica pela
Art. 341 do CPC.
específica parte contrária, sob pena de presunção relativa de
veracidade.

www.grancursosonline.com.br 54 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

O desenvolvimento regular e legítimo do processo


Cooperação decorre da contribuição e/ou participação dos inte- Art. 6º do CPC.
grantes do processo, inclusive o próprio juiz.

Deve-se buscar a redução das formalidades, a


Simplificação maior praticidade na obtenção do resultado do pro-
processual cesso, a diminuição dos incidentes, de maneira a
tornar o acesso à prestação jurisdicional.

Ultrapassada a teoria, vamos ver seu conhecimento nas questões de concurso

para melhorar a fixação da matéria.

www.grancursosonline.com.br 55 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

QUESTÕES DE CONCURSOS

1. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 16ª REGIÃO/2014) No

tocante ao Procedimento Sumaríssimo, dispõe o artigo 852-D da CLT que: o juiz

dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas,

considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo limitar ou excluir as que

considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias, bem como para apreciá-las

e dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica. Neste caso, está

presente o Princípio

a) da Imediatidade.

b) Dispositivo.

c) da Identidade física do juiz.

d) Inquisitivo.

e) do Juiz natural.

2. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 5ª REGIÃO/2013) Em re-

lação aos princípios gerais do processo trabalhista, é INCORRETO afirmar:

a) A aplicação subsidiária do direito processual comum ao direito processual do

trabalho deve ser feita de acordo com o prudente arbítrio do juiz.

b) Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo

e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligên-

cia necessária ao esclarecimento delas.

c) Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Tra-

balho serão sempre sujeitos à conciliação.

d) É lícito às partes celebrar acordo que ponha fim ao processo, ainda mesmo de-

pois de encerrado o juízo conciliatório.

e) A compensação, ou retenção, somente poderá ser arguida como matéria de

defesa.

www.grancursosonline.com.br 56 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

3. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 8ª REGIÃO/2013) No

que se refere aos princípios gerais do processo trabalhista, assinale a opção corre-

ta.

a) A verdade real, derivada do direito material do trabalho, não tem aplicação no

campo processual, pois o que importa para o julgamento é a prova documental

apresentada nos autos pelas partes.

b) O princípio dispositivo, segundo o qual o juiz está impedido de prestar a tutela

jurisdicional sem que a parte interessada a requeira, não é aplicado no processo do

trabalho, instância na qual impera a instauração processual por impulso oficial em

favorecimento ao trabalhador.

c) Não se aplica ao processo do trabalho o princípio da oralidade, devendo os atos

processuais ser expressamente formalizados para que a parte possa impugná-los

quando viciados.

d) O princípio da proteção, claramente evidenciado no direito material do trabalho,

é também aplicável ao processo do trabalho e com base nele o juiz do trabalho

pode instituir privilégios processuais ao trabalhador, conferindo tratamento não

isonômico entre as partes.

e) A inclusão na liquidação de sentença de juros de mora e de correção monetá-

ria, ainda que a petição inicial e a condenação tenham sido omissas a tal respeito,

exemplifica o princípio da extrapetição, aplicável ao processo do trabalho.

4. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 10ª REGIÃO/2013) Jul-

gue o próximo item, no que se refere aos princípios gerais do processo trabalhista.

Segundo o TST, quando litisconsortes forem representados por diferentes procura-

dores, serão contados em dobro os prazos a eles disponíveis para contestar, para

recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.

www.grancursosonline.com.br 57 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

5. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 1ª REGIÃO/2013) Consi-

derando-se os princípios gerais do processo aplicáveis ao processo judiciário traba-

lhista é correto afirmar:

a) A irrecorribilidade das decisões interlocutórias é um dos aspectos da oralidade,

plenamente identificado no processo trabalhista.

b) Não se aplica o princípio da concentração dos atos processuais em audiência,

como ocorre no processo comum.

c) Não há omissão das normas processuais na Consolidação das Leis do Trabalho

que justifique a aplicação subsidiária do processo comum.

d) Havendo omissão das normas processuais na Consolidação das Leis do Trabalho

fica a critério de cada Juiz a aplicação do direito processual comum, cujo critério

para adoção é a concordância das partes.

e) A execução trabalhista poderá ser promovida apenas pelas partes interessadas,

não havendo o impulso oficial ex officio pelo próprio Juiz competente.

6. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 24ª REGIÃO/2011) De

acordo com o artigo 795 da CLT, as nulidades não serão declaradas senão mediante

provocação das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem

de falar em audiência ou nos autos. Neste caso, trata-se especificamente do Prin-

cípio da

a) Estabilidade da Lide.

b) Preclusão.

c) Eventualidade.

d) Concentração.

e) Lealdade Processual.

www.grancursosonline.com.br 58 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

7. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 9ª REGIÃO/2010) De

acordo com o artigo 820 da Consolidação das Leis do Trabalho: “as partes e teste-

munhas serão inquiridas pelo juiz, podendo ser reinquiridas, por seu intermédio, a

requerimento das partes, seus representantes ou advogados” e de acordo com o

artigo 342 do Código de Processo Civil: “o juiz pode, de ofício, em qualquer estado

do processo, determinar o comparecimento pessoal das partes, a fim de interro-

gá-las sobre os fatos da causa”. Nestes artigos, está presente, especificamente o

princípio

a) da instrumentalidade ou finalidade.

b) da imparcialidade do juiz.

c) do devido processo legal.

d) da normatização coletiva.

e) da imediatidade ou imediação.

8. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 9ª REGIÃO/2007) Com

relação aos princípios inerentes ao processo do trabalho, julgue o item subsequen-

te.

De acordo com o princípio da oralidade, os atos processuais prescindem de forma

ou transcrição escrita do inteiro teor ou do respectivo resumo e são sempre reali-

zados em audiência perante o juiz do trabalho.

9. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 6ª REGIÃO/2006) De

acordo com o parágrafo primeiro do artigo 893 da CLT, “os incidentes do processo

serão resolvidos pelo próprio Juízo ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do me-

recimento das decisões interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva”.

Este dispositivo consagra o princípio

www.grancursosonline.com.br 59 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

a) do devido processo legal.

b) do jus postulandi.

c) do jus variandi.

d) da proteção ao hipossuficiente.

e) da irrecorribilidade das decisões interlocutórias.

10. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 16ª REGIÃO/2005)

Com relação aos princípios gerais que informam o processo trabalhista, julgue o

item seguinte.

O princípio da isonomia impõe ao magistrado o dever de assegurar aos litigantes

idêntico tratamento, durante a instrução do processo.

11. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 16ª REGIÃO/2005)

Como expressão do postulado ético-jurídico da motivação das decisões, o juiz do

trabalho está obrigado a expor, no julgamento, as razões determinantes para a for-

mação de seu convencimento.

12. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL/TRT

14ª REGIÃO/2016) Em relação aos princípios gerais do processo trabalhista, não

havendo norma trabalhista para a prática de determinado ato processual

a) aplica-se subsidiariamente a Lei de Execuções Fiscais seja qual for a fase pro-

cessual.

b) a Consolidação das Leis do Trabalho não prevê nenhuma norma específica sobre

o tema, cabendo ao magistrado escolher a norma processual que melhor se aplica

ao caso.

c) será aplicado o Código de Processo Civil para solucionar o caso, exceto nas fases

recursal e de execução, pois nessas fases se aplica a Lei de Execuções Fiscais.

www.grancursosonline.com.br 60 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

d) nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito

processual do trabalho, exceto quando houver incompatibilidade com as normas do

processo judiciário do trabalho.

e) poderá ser aplicado de forma supletiva o direito processual comum, seja qual

for a fase processual, bastando apenas que haja omissão da norma trabalhista.

GABARITO

1. d

2. a

3. e

4. e

5. a

6. b

7. e

8. E

9. e

10. C

11. C

12. d

www.grancursosonline.com.br 61 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

GABARITO COMENTADO

5. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 1ª REGIÃO/2013) Consi-


derando-se os princípios gerais do processo aplicáveis ao processo judiciário traba-
lhista é correto afirmar:
a) A irrecorribilidade das decisões interlocutórias é um dos aspectos da oralidade,
plenamente identificado no processo trabalhista.
b) Não se aplica o princípio da concentração dos atos processuais em audiência,
como ocorre no processo comum.
c) Não há omissão das normas processuais na Consolidação das Leis do Trabalho
que justifique a aplicação subsidiária do processo comum.
d) Havendo omissão das normas processuais na Consolidação das Leis do Trabalho
fica a critério de cada Juiz a aplicação do direito processual comum, cujo critério
para adoção é a concordância das partes.
e) A execução trabalhista poderá ser promovida apenas pelas partes interessadas,
não havendo o impulso oficial ex officio pelo próprio Juiz competente.

Letra a.
A irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias é uma das faces da orali-
dade. Considerando a celeridade dos atos orais, o recurso imediato seria inviável.
A letra “b” é falsa, pois o princípio da concentração dos atos processuais é mais
visível em audiência, onde ocorre a prática de uma séria de atos verbalmente (ten-
tativas de conciliação, apresentação de defesa, depoimentos pessoais, inquirição
de testemunhas etc).
As letras “c” e “d” são falsas. Existe uma série de omissões na CLT que justificam,
por haver compatibilidade, a aplicação subsidiária de regras do Processo Civil, in-
dependentemente da concordância das partes.

A letra “e” é falsa. A execução pode ser iniciada de ofício pelo juiz (art. 878 da CLT).

www.grancursosonline.com.br 62 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

11. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA/TRT 16ª REGIÃO/2005)

Como expressão do postulado ético-jurídico da motivação das decisões, o juiz do

trabalho está obrigado a expor, no julgamento, as razões determinantes para a for-

mação de seu convencimento.

Certo.

A questão trata da importância da necessidade de fundamentação das decisões

judiciais. Essa necessidade é inclusive constitucionalmente prevista (art. 93, IX, da

CF).

12. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL/TRT

14ª REGIÃO/2016) Em relação aos princípios gerais do processo trabalhista, não

havendo norma trabalhista para a prática de determinado ato processual

a) aplica-se subsidiariamente a Lei de Execuções Fiscais seja qual for a fase pro-

cessual.

b) a Consolidação das Leis do Trabalho não prevê nenhuma norma específica sobre

o tema, cabendo ao magistrado escolher a norma processual que melhor se aplica

ao caso.

c) será aplicado o Código de Processo Civil para solucionar o caso, exceto nas fases

recursal e de execução, pois nessas fases se aplica a Lei de Execuções Fiscais.

d) nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito

processual do trabalho, exceto quando houver incompatibilidade com as normas do

processo judiciário do trabalho.

e) poderá ser aplicado de forma supletiva o direito processual comum, seja qual

for a fase processual, bastando apenas que haja omissão da norma trabalhista.

www.grancursosonline.com.br 63 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

Letra d.

A letra “a” está errada. Como vimos, a Lei de Execução Fiscal (Lei n. 6.830/1980)

é aplicável subsidiariamente quando se trata de omissão na execução, e não em

qualquer fase processual.

A letra “b” está errada. A CLT prevê, no art. 769, a aplicação subsidiária das normas

do Processo Civil se houver omissão e compatibilidade.

A letra “c” está errada. Na fase recursal, aplicam-se, no caso de omissão, as nor-

mas do Código de Processo Civil que sejam compatíveis.

A letra “e” está errada. Não basta que haja omissão na norma trabalhista, devendo

haver compatibilidade da regra de processo civil com o Processo do Trabalho.

A letra “d” está correta. É a ideia disposta no art. 769 da CLT.

www.grancursosonline.com.br 64 de 65
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Aula 01 – Princípios Aplicáveis ao Processo do Trabalho
Prof. José Gervásio A. Meireles

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANDÃO, Cláudio/MALLET, Estêvão. Processo do trabalho. 2. ed. Salvador:


JusPODIVM, 2016.
CAIRO JR., José. Curso de Direito Processual do Trabalho. 9. ed. Salvador: Jus-
PODIVM, 2016.
CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa/NETO, Francisco Ferreira Jorge. Di-
reito processual do trabalho. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
DELGADO, Maurício Godinho Delgado. Curso de direito do trabalho. 16. ed. São
Paulo: LTr, 2017.
DUARTE, Bento Herculano. O novo CPC aplicado ao processo do trabalho. São
Paulo: LTr, 2016.
GIGLIO, WAGNER D. Direito processual do trabalho. 16. ed. São Paulo: Saraiva,
2007.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 14. ed.
São Paulo: LTr, 2016.
LIMA, Francisco Menton. Elementos de direito do trabalho e processo trabalhis-
ta. 16. ed. São Paulo: LTr, 2016.
MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. Manual esquemático de direito e proces-
so do Trabalho. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 19. ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2016.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. 29. ed.
São Paulo: Saraiva, 2015.
SAAD, Eduardo Gabriel. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr,
2014.
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12. ed. São Paulo:
LTr, 2017.
TEIXEIRA FILHO, Manuel Antônio. Comentários ao Novo Código de Processo Ci-
vil sob a perspectiva do processo do trabalho. São Paulo: LTr, 2016.

www.grancursosonline.com.br 65 de 65

Você também pode gostar