Você está na página 1de 629

ESTRATÉGIA OAB

Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

1
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Sumário

Direito Previdenciário na Prova da OAB ............................................................................................................ 4

Metodologia do Curso ....................................................................................................................................... 6

Cronograma de Aulas ......................................................................................................................................... 7

Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 9

Seguridade Social ............................................................................................................................................... 9

1 - Conceituação da Seguridade Social .......................................................................................................... 9

2 - Saúde....................................................................................................................................................... 10

3 - Assistência Social .................................................................................................................................... 11

4 - Previdência Social ................................................................................................................................... 11

5 - Organização e Princípios Constitucionais da Seguridade Social ............................................................. 19

5.1 - Universalidade da Cobertura e do Atendimento............................................................................. 20

5.2 - Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às Populações Urbanas e Rurais ............. 22

5.3 - Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e Serviços ......................................... 25

5.4 - Irredutibilidade do valor dos benefícios .......................................................................................... 26

5.5 - Equidade na Forma de Participação no Custeio .............................................................................. 31

5.6 - Diversidade da Base de Financiamento ........................................................................................... 33

5.7 - Caráter Democrático e Descentralizado da Administração, Mediante Gestão Quadripartite, com


Participação dos Trabalhadores, dos Empregadores, dos Aposentados e do Governo nos Órgãos
Colegiados. ............................................................................................................................................... 36

5.8 - Solidariedade ................................................................................................................................... 38

6 - Quadro Resumo da Seguridade Social .................................................................................................... 40

Conselho Nacional de Previdência Social - CNPS ............................................................................................. 42

1 - Membros do CNPS .................................................................................................................................. 42

2 - Competência do CNPS ............................................................................................................................ 42

2
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

3 - Competência dos órgãos governamentais ............................................................................................. 43

4 - Reunião Ordinária e Extraordinária ........................................................................................................ 43

4.1 - Reunião Ordinária ............................................................................................................................ 43

4.2 - Reunião Extraordinária .................................................................................................................... 43

5 - Conselhos de Previdência Social - CPS .................................................................................................... 44

6 - Informações Finais sobre o CNPS ........................................................................................................... 45

Considerações Finais ........................................................................................................................................ 47

3
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

DIREITO PREVIDENCIÁRIO NA PROVA DA OAB


Iniciamos hoje o nosso Curso de Direito Previdenciário para o XXXVIII Exame da OAB, voltado para a prova
objetiva (1ª fase).

Antes de iniciarmos, gostaria de pedir licença para me apresentar. Meu nome é Rubens Maurício. Sou
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil - AFRFB e professor de Direito Previdenciário.

Sou formado em Eletrônica e Direito, com especialização em Direito Tributário e Previdenciário, já tendo
sido aprovado e nomeado nos seguintes concursos:

- Tribunal Regional do Trabalho - 2ª Região;

- Tribunal de Justiça de São Paulo;

- Segundo Tribunal de Alçada Civil de São Paulo;

- Analista Tributário da Receita Federal do Brasil;

- Auditor-Fiscal da Previdência Social; e

- Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (cargo atual).

Atuo também como instrutor e multiplicador de sistemas internos na Receita Federal, com mais de 20 anos
de experiência em provas e concursos.

Vamos lá! O Exame da OAB é composto por duas provas. A 1ª fase possui 80 questões objetivas de múltipla
escolha, com quatro alternativas (A, B, C, D), dos mais variados conteúdos jurídicos estudados na graduação.

A partir da experiência de quem trabalha há anos com a OAB, bem como pela análise meticulosa das provas
anteriores, criamos uma técnica assertiva para você assimilar o máximo de conteúdo em menos tempo.

A partir do 38º Exame de Ordem Unificado, com a inclusão de três novas disciplinas à primeira fase (Direito
Previdenciário, Direito Eleitoral e Direito Financeiro) as questões passarão a ser distribuídas entre as
seguintes matérias: Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito do Trabalho, Direito Penal, Direito
Civil, Direito Empresarial, Direito Tributário e Processual Tributário, Direito Internacional, Direito Processual
Civil, Direito Processual Penal e Direito Processual do Trabalho, Direitos Humanos, Código de Defesa do
Consumidor, Estatuto da Criança e do Adolescente, Direito Ambiental, Filosofia do Direito, Estatuto da
Advocacia e da OAB, seu Regulamento Geral, Código de Ética e Disciplina da OAB, Direito Previdenciário,
Direito Eleitoral e Direito Financeiro.

Em meio a esse vasto conteúdo programático, a disciplina de Direito Previdenciário deverá ter relevância
mediana na prova de 1ª fase, representando algo entre 5% e 10% do total de pontos possíveis.

Você deve estar se perguntando: - Como estudar Direito Previdenciário, já que se trata de uma matéria nova
na OAB?

4
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Como não temos histórico de provas anteriores, levantei alguns temas que são, em regra, os mais presentes
em provas de Direito Previdenciário em provas e concursos. Confira:

50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0

Como resultado da análise realizada, temos uma delimitação clara do que o examinador possivelmente
exigirá na prova vindoura. Desse modo, poderemos conduzir os estudos dos conteúdos a partir dos assuntos
com maior relevância dentro da disciplina e maior probabilidade de cobrança.

Para sua preparação, trataremos dos seguintes assuntos:

CONTEÚDO
SEGURIDADE SOCIAL
Conceito, organização e princípios constitucionais
REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL
Segurados Obrigatórios
Segurados Facultativos
Filiação e Inscrição
FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL
Conceito de empresa e empregador doméstico
Receitas da União
Receitas das contribuições sociais
Salário de Contribuição
Arrecadação e Recolhimento
Prazo de Recolhimento
Recolhimento fora do prazo

5
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
RETENÇÃO E RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
DEPENDENTES DO RGPS
BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS
Fato Gerador
Carência
Salário de benefício
Renda mensal inicial
Data de início do benefício
Data de cessação do benefício
SERVIÇO SOCIAL E REABILITAÇÃO PROFISSIONAL
ACUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS
MANUTENÇÃO E PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO
DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO
JUSTIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA
RECURSOS DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS
AÇÕES JUDICIAIS EM MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA

Assim, em nosso sentir, a melhor técnica para o estudo do Direito Previdenciário, considerando a falta de
histórico de cobrança na OAB, é priorizar temas frequentes em provas de concursos.

Outrossim, a resolução de questões é o que nos permite toda a construção do conhecimento, consolidação
e retenção do conteúdo para a prova. É a partir da análise das questões que nós, professores, conseguimos
preparar aulas focadas dentro daquilo que você precisa para atingir a maior pontuação com menor esforço.

Assim, a sugestão final é: resolva TODAS as questões propostas em nosso material.

METODOLOGIA DO CURSO
IMPORTANTE! LEIA ATENTAMENTE. TODAS AS PRINCIPAIS INFORMAÇÕES SOBRE O NOSSO TRABALHO
ESTÃO EXPLICADAS AQUI!

O Curso de Direito Previdenciário para a OAB observará as seguintes características metodológicas:

PRIMEIRA: como a disciplina e conteúdo são vastos, vamos priorizar os assuntos mais recorrentes e
importantes para a prova. Desse modo, os conceitos e informações apresentados serão objetivos e diretos,
visando à resolução de provas objetivas.

A parte teórica do nosso curso não terá mais do que 500 páginas. Vamos focar no que é mais importante!

SEGUNDA: a cada livro digital, você encontrará aulas em vídeo associadas. Assim, você disporá de dupla
metodologia completa de aprendizado do mesmo conteúdo. Dessa forma, você pode ler e revisar pelo vídeo,
ou estudar o vídeo e revisar com a leitura. Escolha a melhor forma para você absorver o assunto.

6
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

TERCEIRA: serão utilizados, ao longo do curso, questões inéditas, para que você possa treiná-las. Além disso,
comentaremos cada uma das alternativas, para você saber o porquê estão certas ou erradas.

QUARTA: os conteúdos desenvolvidos observarão a doutrina abalizada acerca do Direito Previdenciário.


Além disso, dado o conteúdo exigido na prova, levaremos em consideração também a legislação pertinente
e, inclusive, posicionamento dos tribunais superiores.

QUINTA: você manterá contato direto comigo e com nossa equipe pelo fórum de dúvidas. Em, no máximo
72 horas, as dúvidas postadas são respondidas. Além disso, você pode consultar dúvidas de outros colegas.

SEXTA: para cada aula iremos elaborar um resumo. A finalidade primordial deste material é viabilizar a
revisão da matéria, para fixação dos pontos mais relevantes. O resumo constitui material de fundamental
importância nas semanas que antecedem a prova.

SÉTIMA: o curso segue um cronograma específico, didaticamente organizado para que você possa revisar os
principais conteúdos teóricos daquela matéria. A cada aula vencida, você dará um passo para a aprovação.
Confira-o atentamente. Eventualmente, por razões excepcionais, o cronograma poderá ser alterado.
Contudo, você será avisado na área de recados do curso.

Embora nossa sugestão seja pelo estudo de todo o conteúdo, vamos identificar no cronograma aulas ou
temas que entendemos fundamentais. Isso se dá porque sabemos que você poderá não ter tempo
suficiente para assistir a todas as aulas e ler todos os livros digitais. Não obstante, alguns pontos você
NECESSARIAMENTE deverá estudar. Sem ler esses conteúdos, a chance de insucesso na primeira fase é
grande.

CRONOGRAMA DE AULAS
O nosso Curso compreenderá um total de dez aulas (incluindo esta aula demonstrativa), distribuídas
conforme cronograma abaixo (cujas cores mais escuras indicam maior grau de importância):

AULA CONTEÚDO DATA DE PÚBLICAÇÃO

Seguridade Social: Conceituação.


Demonstrativa
Seguridade Social: Organização e princípios
constitucionais
Legislação Previdenciária. Conteúdo, fontes e
autonomia.
01
Aplicação das normas previdenciárias. Vigência,
hierarquia, interpretação e integração.
Regimes Previdenciários.

02 Filiação e inscrição no RGPS.


Segurados obrigatórios. Conceito, características e
abrangência.

7
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Segurado facultativo: conceito, características, filiação e


inscrição.
Trabalhadores excluídos do Regime Geral.
Financiamento da Seguridade Social. Princípios
Constitucionais.
Conceito Previdenciário de empresa e empregador
doméstico.
03 Receitas da União. Receitas das contribuições sociais:
dos segurados, das empresas e do empregador
doméstico. Receitas de outras fontes.
Contribuições inferiores ao salário-mínimo e
complementação de contribuições.
Salário-de-contribuição. Conceito. Parcelas integrantes e
parcelas não-integrantes do salário-de-contribuição.
04
Salário de Contribuição. Limites mínimo e máximo.
Reajustamento.
Arrecadação e recolhimento das contribuições
destinadas à Seguridade Social. Obrigações da empresa
e demais contribuintes.
Prazo de recolhimento. Recolhimento fora do prazo:
05 juros, multa e atualização monetária.
Obrigações acessórias.
Retenção e responsabilidade solidária: conceitos,
natureza jurídica e característica.
Dependentes do RGPS.
Plano de Benefícios da Previdência Social: Prestações
06 Previdenciárias. Disposições Gerais e Específicas.
Período de Carência.

Salário de Benefício.
Renda mensal inicial do benefício. Reajustamento do
valor do benefício.
07 Data de Início do Benefício.

Data de Cessação do Benefício.


Serviços Previdenciários. Serviço social. Reabilitação
profissional.
Acumulação de benefícios.
08
Manutenção, perda e restabelecimento da qualidade de
segurado.
09 Decadência e Prescrição.

8
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Justificação Administrativa.

Recurso das decisões administrativas.

Ações Judiciais em matéria previdenciária.

Como vocês podem perceber, as aulas são distribuídas para que possamos tratar cada um dos assuntos com
tranquilidade, transmitindo segurança a vocês para um excelente desempenho em prova.

Eventuais ajustes de cronograma poderão ser realizados por questões didáticas e serão sempre informados
com antecedência.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje veremos dois assuntos iniciais do Direito Previdenciário:

1 – Seguridade Social: Conceituação


2 – Seguridade Social: Organização e Princípios
Constitucionais

Recomendo uma atenção especial no segundo capítulo sobre Organização e Princípios Constitucionais da
Seguridade Social, pois é um assunto muito cobrado em provas. Boa aula!

SEGURIDADE SOCIAL

1 - Conceituação da Seguridade Social

Iniciaremos conceituando a Seguridade Social, conceito este que nos é dado pela própria Constituição
Federal, em seu art. 194, conforme segue:

“Art. 194. A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa


dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde,
à previdência e à assistência social.”

Podemos dizer, portanto, que a Seguridade Social é gênero, dos quais são espécies Saúde, Assistência Social
e Previdência Social.

9
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Poderes Públicos
A Seguridade Social
compreende um
de iniciativa dos
conjunto integrado de
ações (Art. 194 CF/88)
Sociedade

destinadas a assegurar os direitos relativos a

Saúde Assistência Social Previdência Social

O conceito constitucional da Seguridade Social não costuma causar quaisquer dificuldades de interpretação
ou de memorização ao candidato. No entanto, muita atenção às palavras-chave destacadas abaixo, pois não
são raras questões de provas abordando tais assuntos:

• As ações destinadas a assegurar os direitos relativos à Saúde, Assistência Social e Previdência Social
são ações integradas.
• As ações destinadas a assegurar os direitos relativos à Saúde, Assistência Social e Previdência Social
são de iniciativa dos “Poderes Públicos” e da “Sociedade”.

Vejamos as principais características das áreas que compõe a Seguridade Social:

2 - Saúde

Destinatários: A saúde é direito de todos e dever do Estado. Assim sendo, os serviços públicos de saúde no
Brasil se destinam a todos, sejam pobres ou ricos, necessitados ou abastados.

10
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Contribuição: Os serviços públicos de saúde são gratuitos, independendo, portanto, de qualquer


contribuição para a Seguridade Social.

A saúde será garantida mediante políticas sociais e econômicas que visem:

• à redução do risco de doença e de outros agravos;


• acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

3 - Assistência Social

Destinatários: A Assistência Social, conforme disposto no art. 203 da Constituição Federal, será prestada a
quem dela necessitar. Assim sendo, a Assistência Social no Brasil não se destina a todos, mas apenas às
pessoas necessitadas.

Contribuição: O art. 203 da CF também determina que a Assistência Social, assim como os serviços públicos
de saúde, será prestada independentemente de contribuição à Seguridade Social.

Objetivos da Assistência Social:

• a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;


• o amparo às crianças e adolescentes carentes;
• a promoção da integração ao mercado de trabalho;
• a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração
à vida comunitária;
• a garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso
que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua
família, conforme dispuser a lei; e
• a redução da vulnerabilidade socioeconômica de famílias em situação de pobreza ou de extrema
pobreza.

4 - Previdência Social

Destinatários: A Previdência Social será destinada aos beneficiários, que são as pessoas que recebem ou
possam vir a receber as prestações previdenciárias (benefícios e/ou serviços). Os beneficiários se dividem
em segurados e dependentes.

Contribuição: Nos termos do Art. 201 da Constituição Federal, a Previdência Social será organizada sob a
forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória. Assim sendo, apenas os segurados
que contribuam para a Previdência Social, bem como seus dependentes, poderão fazer jus às prestações
previdenciárias (benefícios e/ou serviços). Ademais, toda pessoa física que exerça alguma atividade
remunerada será, obrigatoriamente, filiada ao Regime Geral de Previdência Social, exceto se esta atividade
gerar filiação obrigatória a Regime Próprio de Previdência.

11
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Como vimos, a previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de
filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos
termos da lei, a:

• cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade


avançada;
• proteção à maternidade, especialmente à gestante;
• proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
• salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
• pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.

Equilíbrio financeiro é a garantia de equivalência entre as receitas auferidas e as


obrigações do regime previdenciário em cada exercício financeiro.

Equilíbrio atuarial é a garantia de equivalência, a valor presente, entre o fluxo das receitas
estimadas e das obrigações projetadas, apuradas a longo prazo.

Outrossim, relaciono abaixo outras importantes disposições constitucionais aplicáveis à Previdência Social,
que poderão ser objeto de prova, as quais serão detalhadas durante o nosso curso:

• É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de benefícios, ressalvada,


nos termos de lei complementar, a possibilidade de previsão de idade e tempo de contribuição
distintos da regra geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em favor dos segurados:
o com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe
multiprofissional e interdisciplinar;
o cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria
profissional ou ocupação.
• As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social
constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.
• A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos
responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e
prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de
seus recursos.
• Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado
terá valor mensal inferior ao salário-mínimo.
• É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor
real, conforme critérios definidos em lei.
• A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de
assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para
os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.

12
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• São vedados a moratória e o parcelamento em prazo superior a 60 (sessenta) meses e, na forma


de lei complementar, a remissão e a anistia das contribuições sociais a seguir:
o contribuição social do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da
lei, incidentes sobre folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados,
a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
o Contribuição social do trabalhador e dos demais segurados da previdência social.
• A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições sociais do
empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre a receita
ou o faturamento, bem como a contribuição social do importador de bens ou serviços do exterior,
ou de quem a lei a ele equiparar, serão não-cumulativas.
• O segurado somente terá reconhecida como tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdência
Social a competência cuja contribuição seja igual ou superior à contribuição mínima mensal
exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de contribuições.

13
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Seguridade Social

Saúde Assistência Social Previdência Social

direito dos
direito de todos e direito dos que beneficiários
dever do estado necessitarem (segurados/depend
entes)

independe de independe de caráter contributivo


contribuição contribuição e compulsório

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações:
a) De iniciativa da sociedade, reguladas pelos Poderes Públicos e sociedade, destinadas a assegurar os
direitos relativos à saúde, previdência e assistência social.
b) Exclusivas dos Poderes Públicos, destinadas a prover, quando formal e materialmente possível, os direitos
relativos à saúde, previdência e assistência social.
c) Exclusivas dos Poderes Públicos, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, previdência social e
assistência social.
d) De iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde,
previdência e assistência social
COMENTÁRIOS
Nesta questão o examinador cobra os seus conhecimentos a respeito da literalidade do artigo 194 da
Constituição Federal, o qual em seu caput dispõe da seguinte forma:
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos
e da Sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

14
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

a) De iniciativa da sociedade, reguladas pelos Poderes Públicos e sociedade, destinadas a assegurar os


direitos relativos à saúde, previdência e assistência social.
Esta alternativa limita a competência no que tange as iniciativas das ações que compreendem a Seguridade
Social exclusivamente à Sociedade, o que, conforme vimos no caput do artigo supracitado, também pode
partir do Poder Público. Portanto, esta opção está INCORRETA.
b) Exclusivas dos Poderes Públicos, destinadas a prover, quando formal e materialmente possível, os direitos
relativos à saúde, previdência e assistência social.
Ora, conforme também dispõe o art. 194 da CF/88 não há uma exclusividade de competência no que tange
o provimento das ações da Seguridade Social por parte do Poder Público.
Aqui, vale uma dica “fora do tópico”: fique atento, sempre que o examinador apresentar opções com
máximas, tais como, “exclusivamente”, “unicamente”, “somente”, etc... Em geral essas alternativas
costumam apresentar erros.
Bom, no caso, conforme dissemos, a alternativa está INCORRETA.
c) Exclusivas dos Poderes Públicos, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, previdência social e
assistência social.
Aqui o examinador tenta confundir o candidato, praticamente repetindo a alternativa anterior, alterando
apenas alguns elementos da assertiva. Contudo, pela mesma explicação que demos acima, esta alternativa
também está INCORRETA.
d) De iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde,
previdência e assistência social.
Está é a alternativa CORRETA, pois como podemos observar, ela literalmente reproduz o texto do art. 194
(caput), apresentado na CF/88.
Gabarito: D

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Nos termos da Constituição da República Federativa do Brasil, a Seguridade Social compreende um conjunto
de ações
a) integradas e de iniciativa exclusiva do Poder Público Federal e da sociedade, com destinação de garantia
de direitos da previdência social, da saúde, da assistência social, da educação, cultura e desporto.
b) independentes e centralizadas, de iniciativa privativa dos Poderes Públicos, visando exclusivamente à
garantia de direitos relativos à previdência social.
c) integradas de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos
à saúde, à previdência e à assistência social.
d) integradas e de iniciativa privativa dos Poderes Públicos com destinação à garantia de direitos da
previdência social, da saúde, da assistência social, da educação, cultura e desporto.
COMENTÁRIOS:
Essa questão busca testar seus conhecimentos sobre o conceito Seguridade Social e pede que você assinale
a alternativa CORRETA.

15
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

a) integradas e de iniciativa exclusiva do Poder Público Federal e da sociedade, com destinação de garantia
de direitos da previdência social, da saúde, da assistência social, da educação, cultura e desporto.
Essa alternativa é incorreta, pois apesar de ser uma iniciativa integrada, não é exclusiva do Poder Público
Federal e não tem nenhuma relação com os três itens citados (educação, cultura e desporto). Basta conferir
no art. 194 da Constituição Federal.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos
e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Alternativa INCORRETA.
b) independentes e centralizadas, de iniciativa privativa dos Poderes Públicos, visando exclusivamente à
garantia de direitos relativos à previdência social.
Está incorreta, pois não é independente, nem centralizada, nem da iniciativa privativa e não visa
exclusivamente à garantia de direitos relativos à previdência social. Note que é muito comum o examinador
trocar algumas palavras para tentar confundir o candidato. Por exemplo, trocar “integrado” por
“centralizado”. Fique atento e, sempre que puder, releia o texto puro da lei. Alternativa INCORRETA.
c) integradas de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos
à saúde, à previdência e à assistência social.
Repetindo o art. 194 da CF/88:
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos
e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Como podemos ver no referido art. 194, essa alternativa é a correta, pois a seguridade social engloba direitos
à saúde, assistência social e previdência, sendo os dois primeiros direitos garantidos ao cidadão sem nenhum
tipo de contribuição. Alternativa CORRETA.
d) integradas e de iniciativa privativa dos Poderes Públicos com destinação à garantia de direitos da
previdência social, da saúde, da assistência social, da educação, cultura e desporto.
Mais uma vez, como já visto anteriormente a seguridade social não é de iniciativa privativa e não tem relação
com educação, cultura e desporto. Alternativa INCORRETA
Gabarito: C

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A Constituição Federal de 1988 deu novo tratamento à Previdência Social no Brasil em relação às
constituições pretéritas, uma vez que o conceito de Seguridade Social, colocado no Título da Ordem Social,
constitui em um novo paradigma constitucional à medida que:
a) a Previdência Social é vista como um direito social independente e não relacionado à Assistência Social,
apesar de fazerem parte da Seguridade Social.
b) a Previdência Social é vista como um subsistema da Saúde dentro da Seguridade Social.
c) a Previdência Social é vista como um serviço a ser prestado de forma integrada com a Assistência Social e
a Saúde.

16
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

d) Assistência Social, Previdência Social e Seguridade Social são conceitos jurídicos idênticos.
COMENTÁRIOS:
O enunciado pede que assinalemos a ASSERTIVA CORRETA.
A resolução da presente questão tem por base o art. 194 da Constituição Federal, cujo texto transcrevemos
a seguir:
“Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos
e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.”
Podemos afirmar, portanto, que a Seguridade Social é gênero, dos quais são espécies a Saúde, a Previdência
Social e a Assistência Social.
Tomando por base o texto constitucional citado, vamos à análise de cada alternativa:
a) a Previdência Social é vista como um direito social independente e não relacionado à Assistência Social,
apesar de fazerem parte da Seguridade Social. (ERRADA).
Não procede a afirmação da presente assertiva, pois nos termos do art. 194 da CF/88, a Saúde, a Previdência
e a Assistência Social terão seus direitos assegurados por meio de ações INTEGRADAS, não sendo a
Previdência Social, portanto, um direito social independente e não relacionado com a Assistência Social.
b) a Previdência Social é vista como um subsistema da Saúde dentro da Seguridade Social. (ERRADA).
Não procede tal afirmação, pois nos termos do art. 194 da CF/88, a Previdência Social, bem como a
Assistência Social e a Saúde, são subsistemas da Seguridade Social. Como vimos, a Seguridade Social é
Gênero, dos quais são espécies a Saúde, a Previdência Social e a Assistência Social.
c) a Previdência Social é vista como um serviço a ser prestado de forma integrada com a Assistência Social e
a Saúde. (CORRETA).
Conforme disposto no art. 194 da CF/88, a Saúde, a Previdência e a Assistência Social terão seus direitos
assegurados por meio de ações INTEGRADAS, exatamente como disposto na presente assertiva.
d) Assistência Social, Previdência Social e Seguridade Social são conceitos jurídicos idênticos. (ERRADA).
Não procede a afirmação. Apesar das ações da Seguridade Social ser integradas, visando assegurar os
direitos relativos à Saúde, à Previdência e à Assistência social, cada uma das espécies que compõe a
Seguridade Social tem conceito jurídico próprio, conforme segue:
A Saúde é um direito de todos e dever do Estado, cujas disposições gerais estão disciplinadas pelos artigos
196 a 200 da CF/88.
A Previdência Social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação
obrigatória, e tem suas disposições gerais disciplinadas pelos artigos 201 e 202 da CF/88.
A Assistência Social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição, cujas
disposições gerais estão disciplinadas também na CF/88, nos artigos 203 e 204.
Gabarito: C

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)

17
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

À luz da Organização da Seguridade Social definida na Constituição Federal, assinale a alternativa correta:
a) Previdência Social, Educação e Assistência Social são partes da Seguridade Social;
b) a Saúde possui abrangência universal, sendo qualquer pessoa por ela amparada;
c) a Previdência Social pode ser dada gratuitamente à população rural carente;
d) a Assistência Social, por meio de sistema único e centralizado no poder central federal, pode ser dada a
todos os contribuintes individuais da Previdência Social.
COMENTÁRIOS:
a) Previdência Social, Educação e Assistência Social são partes da Seguridade Social. (ERRADO).
Assertiva INCORRETA, pois nos termos do art. 194 da CF/88, os direitos assegurados através da Seguridade
Social são aqueles relativos à Saúde, Previdência Social e Assistência Social. Assim sendo, podemos afirmar
que a Seguridade Social é gênero, dos quais são espécies a Saúde, a Previdência e a Assistência Social. A
educação, portanto, não faz parte do rol de direitos assegurados pela Seguridade Social.
b) a Saúde possui abrangência universal, sendo qualquer pessoa por ela amparada. (CORRETO).
Assertiva CORRETA. Nos termos do art. 196 da CF/88, a Saúde é direito de todos e dever do Estado,
possuindo, portando, abrangência universal e sendo qualquer pessoa por ela amparada.
c) a Previdência Social pode ser dada gratuitamente à população rural carente. (ERRADO).
Assertiva INCORRETA, pois nos termos do art. 201 da CF/88, a Previdência Social será organizada sob a forma
de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, não podendo, portanto, ser oferecida
gratuitamente à população urbana ou rural, ainda que carente.
d) a Assistência Social, por meio de sistema único e centralizado no poder central federal, pode ser dada a
todos os contribuintes individuais da Previdência Social. (ERRADO).
Assertiva INCORRETA. Nos termos do art. 203 da CF/88, a Assistência Social será prestada a quem dela
necessitar, independentemente de contribuição. Assim sendo, não são todas as pessoas por ela amparadas,
mas apenas os necessitados. Ademais, as ações governamentais na área da assistência social serão
organizadas de forma descentralizada, nos termos do art. 204, I, da CF/88.
Gabarito: B

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Marlete, empregada doméstica com deficiência física, e Rosenval Lacerda, empresário dirigente de
multinacional sediada no Brasil, desejam contribuir para o Regime Geral de Previdência Social e com isso
gozar de todos os benefícios e serviços prestados pela Seguridade Social.
De acordo com a situação-problema apresentada acima, é correto afirmar que:
a) Marlete e Rosenval Lacerda podem participar da Assistência Social.
b) Apenas Rosenval Lacerda pode participar da Previdência Social.
c) Marlete pode usufruir dos serviços de Saúde pública em razão da sua deficiência física.
d) Marlete e Rosenval podem participar da Previdência Social.

18
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

COMENTÁRIOS:
Preliminarmente, vamos mencionar as principais características de cada um dos direitos assegurados através
da Seguridade Social:
Saúde: é um direito de todos e dever do Estado, cujas disposições gerais estão disciplinadas pelos artigos
196 a 200 da CF/88.
Previdência Social: será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação
obrigatória, e tem suas disposições gerais disciplinadas pelos artigos 201 e 202 da CF/88.
Assistência Social: será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição, cujas
disposições gerais estão disciplinadas também na CF/88, nos artigos 203 e 204.
Vamos agora à análise de cada alternativa:
a) Marlete e Rosenval Lacerda podem participar da Assistência Social. (ERRADA).
Assertiva INCORRETA. Nos termos do art. 203 da CF/88, a Assistência Social será prestada a quem dela
necessitar, independentemente de contribuição. Assim sendo, não são todas as pessoas por ela amparadas,
mas apenas os necessitados. Desta forma, podemos concluir que Rosenval, por ser dirigente de
multinacional, por certo não será amparado pelos programas de Assistência Social.
b) Apenas Rosenval Lacerda pode participar da Previdência Social. (ERRADA).
Assertiva INCORRETA, pois nos termos do art. 201 da CF/88, a Previdência Social será organizada sob a forma
de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória. Na situação apresentada, não apenas
Rosenval, mas também Marlete, devem necessariamente participar da Previdência Social, pois ambos
exercem atividades que os enquadram como segurados obrigatórios do RGPS.
c) Marlete pode usufruir dos serviços de Saúde pública em razão da sua deficiência física. (ERRADA).
Assertiva INCORRETA. Não procede integralmente a afirmação da presente assertiva. Nos termos do art. 196
da CF/88, a Saúde é direito de todos e dever do Estado, possuindo, portando, abrangência universal e sendo
qualquer pessoa por ela amparada. Desta forma, Marlete pode usufruir dos serviços de Saúde pública, mas
não em razão de sua deficiência física, como afirma a assertiva, pois o direito a saúde independe de sua
condição de deficiente.
d) Marlete e Rosenval podem participar da Previdência Social. (CORRETA).
Assertiva CORRETA. Na situação apresentada, Rosenval Lacerda e Marlete podem participar da Previdência
Social. Fazendo uma análise mais criteriosa, ambos não apenas podem, mas devem necessariamente
participar da Previdência Social, pois exercem atividades que os enquadram como segurados obrigatórios
do Regime Geral de Previdência Social. Por fim, quem deve participar da Previdência Social, por certo pode
fazê-lo.
Gabarito: D

5 - Organização e Princípios Constitucionais da Seguridade Social

Os princípios específicos da Seguridade Social encontram-se elencados no parágrafo único do art. 194 da
Constituição Federal. Além desses princípios, aplicam-se à Seguridade Social, também, alguns princípios
gerais, tais como solidariedade, legalidade e igualdade.

19
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

O parágrafo único do art. 194 da CF/88 não utiliza o termo “princípios”. Em seu lugar, o legislador
constituinte preferiu usar o termo “objetivos”. Para fins de prova, as bancas de concursos às vezes utilizam
o termo “princípios”, outras vezes preferem utilizar o termo “objetivos”. Assim sendo, considere-as como
sinônimos para efeito de provas de concursos.

Uma importante informação que devemos extrair do caput do Art. 194 da Constituição Federal e
memorizar para provas de concursos é:

• A Seguridade Social será organizada apenas pelo “Poder Público”.

Poder Público nos


Compete ao termos
da lei

com base nos


organizar a
seguintes
seguridade social
objetivos/princípios

5.1 - Universalidade da Cobertura e do Atendimento

O princípio da universalidade da cobertura e do atendimento está elencado no art. 194, § único, I da CF/88.
Trata-se, na verdade, de dois princípios em um. Para melhor entendimento, vamos dividi-lo em duas partes:
a universalidade da cobertura e a universalidade do atendimento.

• Universalidade da Cobertura: a proteção social oferecida pela Seguridade Social deve alcançar
todos os riscos sociais (infortúnios), aos quais quaisquer pessoas estão sujeitas, e que possam levá-
las a uma condição de necessidade, tais como: maternidade, velhice, doença, acidente, invalidez,
reclusão e morte.
• Universalidade do Atendimento: Visa tornar a Seguridade Social acessível a todas as pessoas, sejam
nacionais ou estrangeiras.

Para evitar dúvidas acerca da aplicação desses princípios nas três áreas que compõe a Seguridade Social,
vamos explicá-las individualmente:

Saúde: Em relação à saúde, esses princípios são aplicados sem ressalva, pois, como vimos, qualquer pessoa
pode ter acesso a tais serviços, independente de contribuição.

Assistência Social: Em relação à assistência social, todos aqueles que se enquadrem na condição de
necessitados, terão acesso.

20
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Previdência Social: Em relação à previdência social, todos, desde que contribuam, podem participar do
sistema. Eis o problema: e se determinada pessoa não exerce atividade remunerada que o enquadre como
segurado obrigatório, como ter o amparo universal da Previdência Social? Para responder esta pergunta e
atender ao princípio constitucional da Universalidade do Atendimento, foi criada, no Regime Geral de
Previdência Social – RGPS, a figura do segurado facultativo, que poderá ter cobertura previdenciária mesmo
sem exercer atividade remunerada, desde que contribua volitivamente (por livre e espontânea vontade)
para o sistema.

Vejamos a seguir o diagrama com o resumo das informações mais importantes sobre o princípio da
universalidade da cobertura e do atendimento:

Universalidade da cobertura e do atendimento (art. 194, § único, I da


CF/88)

Universalidade da Cobertura – todas as contingências


sociais que gerem necessidade de proteção social
(maternidade, velhice, doença, acidente, invalidez,
reclusão e morte) deverão ser cobertas pela Seguridade
Social.

Universalidade do Atendimento – todas as pessoas serão


indistintamente acolhidas pela Seguridade Social

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A respeito da conceituação, dos princípios e das disposições constitucionais acerca da seguridade social,
assinale a alternativa INCORRETA:
a) De acordo com o princípio da universalidade da seguridade social, os estrangeiros no Brasil poderão
receber atendimento da seguridade social.
b) O princípio constitucional da universalidade da cobertura e do atendimento implica no entendimento de
que o Estado deve prover, por meio da seguridade social, gratuitamente e independentemente de
contribuição, assistência social, saúde e previdência a todos que necessitam desses benefícios e serviços.
c) A universalidade da cobertura e do atendimento inclui-se entre os princípios que regem as ações dos
poderes públicos e da sociedade destinadas a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à
assistência social.
d) a universalidade da cobertura e do atendimento significa a cobertura de todos os riscos, chamados riscos
sociais, que podem atingir as pessoas que vivem em sociedade e que todos os residentes e domiciliados no
território nacional - brasileiros e estrangeiros – devem ser atendidos pelo Sistema de Seguridade Social.
COMENTÁRIOS

21
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

a) De acordo com o princípio da universalidade da seguridade social, os estrangeiros no Brasil poderão


receber atendimento da seguridade social.
A afirmativa está CORRETA. O princípio da universalidade do atendimento tem por objetivo tornar a
Seguridade acessível a todas as pessoas residentes no país, inclusive estrangeiras. Especificamente em
relação à saúde, não há qualquer restrição. Assim sendo, até mesmo um estrangeiro que esteja passando
férias no Brasil e não tenha direito a cobertura previdenciária nem assistencial, ainda assim terá direito a
saúde.
E apesar de só ser atendido por um dos pilares da seguridade social, o estrangeiro no Brasil poderá ser
atendido.
b) O princípio constitucional da universalidade da cobertura e do atendimento implica no entendimento de
que o Estado deve prover, por meio da seguridade social, gratuitamente e independentemente de
contribuição, assistência social, saúde e previdência a todos que necessitam desses benefícios e serviços.
A afirmativa está INCORRETA, pois assistência social e saúde realmente são gratuitos e independem de
qualquer contribuição, sendo que a saúde é um direito de todos e a assistência social é direito daqueles que
necessitem. No entanto, conforme estudamos, com a previdência é diferente. Previdência necessita sim de
contribuição, possuindo caráter contributivo e obrigatório.
c) A universalidade da cobertura e do atendimento inclui-se entre os princípios que regem as ações dos
poderes públicos e da sociedade destinadas a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à
assistência social.
A afirmativa está CORRETA, nos termos do art. 194 e respectivo parágrafo único da CF/88.
d) a universalidade da cobertura e do atendimento significa a cobertura de todos os riscos, chamados riscos
sociais, que podem atingir as pessoas que vivem em sociedade e que todos os residentes e domiciliados no
território nacional - brasileiros e estrangeiros – devem ser atendidos pelo Sistema de Seguridade Social.
Assertiva CORRETA. O enunciado da questão reproduz fielmente o conceito doutrinário referente ao
princípio da universalidade da cobertura e do atendimento, respectivamente.
Gabarito: B

5.2 - Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às Populações


Urbanas e Rurais

O princípio da Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às Populações Urbanas e Rurais está
elencado no art. 194, § único, II da CF/88. Assim como o princípio anterior, vamos estudá-lo em duas partes:
primeiro a uniformidade dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; em seguida, estudaremos
a equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.

• Uniformidade: Refere-se à igualdade quanto aos eventos a serem cobertos para as populações
urbanas e rurais. Assim sendo, diante das mesmas contingências (maternidade, morte, velhice,
doença, etc.) a cobertura deverá se entender tanto a população urbana como rural.
• Equivalência: Refere-se ao valor pecuniário dos benefícios ou qualidade da prestação dos serviços,
em relação às populações urbanas e rurais. Não quer dizer que os valores têm que ser idênticos.
Quer dizer que, se as pessoas estiverem na mesma condição, não poderá haver diferenciação,
devendo tais prestações ser, portanto, equivalentes.

22
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

ATENÇÃO: Esse é o único dos princípios relacionados no parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal
onde são mencionadas as “populações urbanas e rurais”. As provas de concursos costumam inserir esses
termos “urbanos” e “rurais” em conjunto com outros princípios da Seguridade Social, para confundir o
candidato, tornando, portando, errada a questão. Por exemplo: Pode ocorrer de a questão afirmar que um
dos princípios da Seguridade Social é o princípio da Universalidade da Cobertura e do Atendimento às
populações urbanas e rurais. Como acabamos de ver, tal assertiva deve ser considerada errada pelo
candidato, pois, segundo o art. 194, parágrafo único, inciso I, da Constituição Federal, o princípio da
Universalidade da Cobertura e do Atendimento não cita as populações urbanas e rurais em seu enunciado.

Portanto, não esqueçam: O único dos princípios relacionados no parágrafo único do art. 194 da Constituição
Federal que menciona as “populações urbanas e rurais” é o princípio da uniformidade e equivalência dos
benefícios e serviços às populações urbanas e rurais.

Vejamos a seguir o diagrama com o resumo das informações mais importantes sobre o princípio da
uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais:

Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às


populações urbanas e rurais (art. 194, § único, II da CF/88)

Uniformidade – todas as contingências sociais que


gerem necessidade de proteção social (maternidade,
velhice, doença, acidente, invalidez, reclusão e morte)
serão cobertas tanto para as populações urbanas como
para as rurais.

Equivalência – refere-se ao aspecto pecuniário dos


benefícios ou à qualidade dos serviços.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


No que se refere à seguridade social no Brasil, assinale a alternativa correta:
a) Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base no seguinte
objetivo: prevalência dos benefícios e serviços às populações rurais.

23
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

b) Dentre os princípios que regem a previdência social incluem-se a universalidade e a equivalência dos
benefícios e serviços prestados às populações urbanas e rurais.
c) A uniformidade dos benefícios às populações urbanas e rurais refere-se ao aspecto pecuniário e a
equivalência às contingências que serão cobertas.
d) O único dos princípios relacionados no parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal que menciona
as “populações urbanas e rurais” é o princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às
populações urbanas e rurais.
COMENTÁRIOS
a) Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base no seguinte
objetivo: prevalência dos benefícios e serviços às populações rurais.
Assertiva INCORRETA. Não podemos falar em prevalência dos benefícios e serviços às populações rurais, pois
contraria frontalmente o disposto no inciso II, do parágrafo único, do art. 194 da CF/88, que determina como
sendo um dos objetivos da Seguridade Social a “uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às
populações urbanas e rurais”, e não a prevalência de tais prestações às populações rurais, como afirma
erroneamente o enunciado.
A uniformidade mencionada refere-se à igualdade quanto aos eventos a serem cobertos para as populações
urbanas e rurais.
A equivalência, no entanto, refere-se ao valor pecuniário dos benefícios ou qualidade da prestação dos
serviços, em relação às populações urbanas e rurais, devendo tais prestações ser equivalentes.
b) Dentre os princípios que regem a previdência social incluem-se a universalidade e a equivalência dos
benefícios e serviços prestados às populações urbanas e rurais.
Assertiva INCORRETA. Não existe o princípio da universalidade dos benefícios e serviços prestados às
populações urbanas e rurais. O que existe é a uniformidade dos benefícios e serviços prestados às
populações urbanas e rurais.
c) A uniformidade dos benefícios às populações urbanas e rurais refere-se ao aspecto pecuniário e a
equivalência às contingências que serão cobertas.
Assertiva INCORRETA. A uniformidade refere-se à igualdade quanto aos eventos a serem cobertos para as
populações urbanas e rurais. Assim sendo, diante das mesmas contingências (maternidade, morte, velhice,
doença, etc.) a cobertura deverá se entender tanto a população urbana como rural.
A equivalência refere-se ao valor pecuniário dos benefícios ou qualidade da prestação dos serviços, em
relação às populações urbanas e rurais. Assim sendo, se as pessoas estiverem na mesma condição, não
poderá haver diferenciação, devendo tais prestações ser, portanto, equivalentes.
d) O único dos princípios relacionados no parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal que menciona
expressamente as “populações urbanas e rurais” é o princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios
e serviços às populações urbanas e rurais.
CORRETO. Realmente esse é o único dos princípios relacionados no parágrafo único do art. 194 da
Constituição Federal que menciona as “populações urbanas e rurais”.
Gabarito: D

24
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

5.3 - Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e Serviços

O princípio da Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e Serviços está elencado no art.
194, § único, III da CF/88. Assim como os princípios anteriores, vamos estudá-lo em duas partes: primeiro a
seletividade na prestação dos benefícios e serviços; em seguida, estudaremos a distributividade na prestação
dos benefícios e serviços.

• Seletividade: Impõe ao legislador a delimitação do rol de prestações, devendo definir, na lei


orçamentária, onde aplicar os limitados recursos, dentro das ilimitadas demandas da sociedade,
levando-se em conta as prestações sociais de maior relevância para o bem-estar, a justiça social e
as possibilidades econômico-financeiras do sistema.
• Distributividade: Tem por objetivo diminuir as desigualdades sociais, buscando melhor distribuição
de renda, direcionando a atuação do sistema protetivo às pessoas com maior necessidade. Como
exemplo de distributividade podemos citar a assistência social, que é concedida apenas quem dela
necessitar. Também podemos citar o auxílio-reclusão e o salário-família, concedidos não a todos os
segurados, mas apenas aos segurados de baixa renda.

Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e


serviços (Art. 194 § único, III – CF/88)

Seletividade – delimitação do rol de prestações que


são mantidos pela Seguridade Social.

Distributividade – nem todos os segurados terão direito


a todas as prestações que o sistema pode fornecer.
haverá atendimento distintivo e prioritário aos mais
necessitados.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Podemos afirmar, com relação aos objetivos constitucionais da Seguridade Social:
a) Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base na seletividade e
distributividade na prestação dos benefícios e serviços.
b) A Constituição Federal contempla a seletividade na prestação dos benefícios e serviços às populações
urbanas e rurais.
c) Compete ao Poder Público organizar a seguridade social com base na seletividade e distributividade na
prestação dos benefícios. Contudo não há previsão para seletividade e distributividade dos serviços.

25
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

d) Segundo o princípio da distributividade, deverá haver uma delimitação das prestações que são mantidas
pela Seguridade Social.
COMENTÁRIOS
a) Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base na seletividade e
distributividade na prestação dos benefícios e serviços.
Assertiva CORRETA. A presente alternativa reproduz a literalidade do inciso III, do parágrafo único, do art.
194 da CF/88.
b) A Constituição Federal contempla a seletividade na prestação dos benefícios e serviços às populações
urbanas e rurais.
Assertiva INCORRETA. O princípio da Seletividade na Prestação dos Benefícios e Serviços está previsto no
art. 194, § único, inciso III da CF/88, mas não faz nenhuma referência às populações urbanas e rurais.
c) Compete ao Poder Público organizar a seguridade social com base na seletividade e distributividade na
prestação dos benefícios. Contudo não há previsão para seletividade e distributividade dos serviços.
Assertiva INCORRETA. O princípio da Seletividade na Prestação dos Benefícios e Serviços está previsto no
art. 194, § único, inciso III da CF/88. Assim sendo, há previsão para seletividade e distributividade inclusive
dos serviços (e não apenas dos benefícios).
d) Segundo o princípio da distributividade, deverá haver uma delimitação das prestações que são mantidas
pela Seguridade Social.
Assertiva INCORRETA. A alternativa trata do conceito de seletividade e não de distributividade.
Gabarito: A

5.4 - Irredutibilidade do valor dos benefícios

O princípio da Irredutibilidade do Valor dos Benefícios está elencado no art. 194, § único, IV da CF/88.

Tal princípio, quando aplicado aos benefícios da Previdência Social, segundo entendimento emanado pelo
art. 201, §4º da CF/88, bem como pelo art. 1º, parágrafo único, inciso IV, do Regulamento da Previdência
Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, busca manter o valor real do benefício, ou seja, manter o
poder aquisitivo do benefício para que o mesmo não seja corroído com a inflação do período, conforme
podemos observar abaixo:

Constituição Federal/1988

Art. 201. (...)


§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter
permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.

Regulamento da Previdência Social – RPS (Decreto º 3.048/99)

Art. 1º A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos


poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à
previdência e à assistência social.

26
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Parágrafo único. A seguridade social obedecerá aos seguintes princípios e diretrizes:


(...)
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios, de forma a preservar-lhe o poder aquisitivo;
(...)

Exemplo: Se o valor do benefício previdenciário for de R$ 2.000,00 e a inflação medida no


período for de 10%, ele deverá, segundo entendimento do RPS, aumentar para, no mínimo,
R$ 2.200,00, mantendo-se seu valor real. Se o aumento foi para R$ 2.199,99 ou menos,
houve redução do benefício previdenciário, pois o reajuste não manteve seu poder
aquisitivo, considerando a inflação de 10%.

Ocorre, porém, que conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal – STF, tal princípio constitucional,
quando aplicável à Seguridade Social, visa apenas proteger o valor nominal do benefício, uma vez que o
valor real do benefício previdenciário já está protegido pelo art. 201, §4º da CF/88, acima transcrito.
Contudo, tal regra vale apenas para os benefícios da Seguridade Social (exceto para os benefícios
previdenciários). Desta forma, podemos concluir que os benefícios da Assistência Social e da Saúde terão
apenas seu valor nominal protegido, sem a necessidade de preservar o valor real.

Obs.: Valor nominal é o valor numérico original, sem levar em conta qualquer reajuste pela
inflação do período.

Exemplo: Se o valor do benefício de Seguridade Social (exceto o benefício previdenciário)


for de R$2.000,00, ele deverá, segundo a CF/88 e entendimento do STF, ser mantido, no
mínimo, em seu valor nominal, que é R$ 2.000,00. Apenas se o valor for reduzido para R$
1.999,99 ou menos, considerar-se-á violado o princípio em comento.

Assim sendo, apresentamos abaixo uma regra prática para você sempre acertar esta questão na prova:

1) Se a banca perguntar especificamente sobre benefícios da Previdência Social (ou benefícios


previdenciários):
• Segundo a CF/88 e a legislação previdenciária: garantia da manutenção do VALOR REAL;
• Segundo a jurisprudência (STF): garantia da manutenção do VALOR REAL.

2) Se a banca perguntar genericamente sobre benefícios da Seguridade Social (sem especificar qual
a área da Seguridade Social):
• Segundo a CF/88: garantia da manutenção apenas do VALOR NOMINAL;

27
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Segundo a jurisprudência (STF): garantia da manutenção apenas do VALOR NOMINAL.

3) Se a banca perguntar especificamente sobre benefícios da Assistência Social ou da Saúde:


• Segundo a lei: garantia do VALOR NOMINAL;
• Segundo a jurisprudência: garantia do VALOR NOMINAL.

Ou seja, podemos afirmar que a Assistência Social e a Saúde não têm a obrigação constitucional ou legal de
reajustar seus benefícios pelo índice oficial de inflação, para garantir a preservação de seu valor. Busca-se
garantir nestes casos, somente a manutenção do valor nominal destes benefícios. A Previdência Social, no
entanto, é a única obrigada a reajustar seus benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor
real, conforme critérios definidos em lei.

ATENÇÃO: A irredutibilidade refere-se tão somente ao valor dos “benefícios”, e não ao valor dos “serviços”.
Apenas os benefícios têm caráter pecuniário e poderiam, indevidamente, se sujeitar a eventual redução.

Por fim, cabe-nos fazer uma última pergunta sobre o tema:

- Se houver índice NEGATIVO de correção monetária (deflação)?

Para responder esta pergunta, temos que trazer a EMENTA do Recurso Especial (Resp) nº 1.265.580/RS, Rel.
Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJe 18/4/12, conforme segue:

PROCESSUAL CIVIL E ECONÔMICO. EXECUÇÃO DE SENTENÇA QUE DETERMINOU


CORREÇÃO MONETÁRIA PELO IGP-M. ÍNDICES DE DEFLAÇÃO. APLICABILIDADE,
PRESERVANDO-SE O VALOR NOMINAL DA OBRIGAÇÃO.
1. A correção monetária nada mais é do que um mecanismo de manutenção do poder
aquisitivo da moeda, não devendo representar, consequentemente, por si só, nem um
“plus” nem um “minus” em sua substância. Corrigir o valor nominal da obrigação
representa, portanto, manter, no tempo, o seu poder de compra original, alterado pelas
oscilações inflacionárias positivas e negativas ocorridas no período. Atualizar a obrigação
levando em conta apenas oscilações positivas importaria distorcer a realidade econômica
produzindo um resultado que não representa a simples manutenção do primitivo poder
aquisitivo, mas um indevido acréscimo no valor real. Nessa linha, estabelece o Manual de

28
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Orientação de Procedimento de Cálculos aprovado pelo Conselho da Justiça Federal que,


não havendo decisão judicial em contrário, 'os índices negativos de correção monetária
(deflação) serão considerados no cálculo de atualização', com a ressalva de que, se, no
cálculo final, 'a atualização implicar redução do principal, deve prevalecer o valor nominal'
(Corte Especial, REsp 1.265.580/RS, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJe 18/4/12).
2. Recurso Especial Provido.

Ou seja, os índices negativos de correção monetária (deflação) devem ser computados em todos os meses
do ano para se apurar o índice final do período (em regra, de janeiro a dezembro). Contudo, se o resultado
final do período for negativo, implicando em redução do valor principal, tal valor deve ser mantido, ou seja,
em casos de cálculos que resultariam em redução de valor, deve prevalecer o valor nominal, ou seja, não
haverá redução no valor do benefício, mesmo que o índice real fique negativo.

Vejamos o exemplo a seguir, para facilitar o entendimento:

Valor hipotético do benefício previdenciário: R$ 2.000,00

Competência Índice Fictício de Correção


01/2020 +2,00%
02/2020 +1,00%
03/2020 -4,00%
04/2020 -2,00%
05/2020 + 1,50%
06/2020 +1,00%
07/2020 + 2,50%
08/2020 - 3,50%
09/2020 -3,00%
10/2020 -1,00%
11/2020 +2,00%
12/2020 -1,50%
TOTAL NO ANO -5,00%

Neste caso, como o cálculo final resultou num índice de -5,00% (deflação), o benefício não sofrerá redução,
pois em caso de deflação, fica garantido o valor nominal de R$ 2.000,00 (valor hipotético, utilizado no
exemplo).

29
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Caso o índice tivesse ficado em, por exemplo, +3,00%, o benefício previdenciário teria que ter um reajuste
mínimo de 3,00%, para garantir seu valor real (manutenção do poder aquisitivo de compra), passando de
R$2.000,00 para R$ 2.060,00.

Obs.: Os benefícios previdenciários sempre terão o valor nominal garantido em caso de


deflação no cálculo final do período, para evitar que haja redução no valor do benefício
previdenciário por conta do índice negativo de correção apurado ao final do período
considerado.

Irredutibilidade do valor dos benefícios


Dica prática para prova:

Constituição Federal: veda apenas a redução do


valor nominal dos benefícios de seguridade
social.

Se a questão for referente à Seguridade Social

Jurisprudência (SFT): veda apenas a redução do


valor nominal dos benefícios de seguridade
social.

Constituição Federal e legislação previdenciária:


veda a redução do valor real dos benefícios
previdenciários.

Jurisprudência (STF): veda a redução do valor real


Se a questão for referente à Previdência Social
dos benefícios previdenciários.

Jurisprudência (STJ): veda a redução do valor


nominal dos benefícios previdenciários em caso
de deflação.

30
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


No que diz respeito à irredutibilidade do valor dos benefícios, assinale a alternativa correta:
a) Conforme a jurisprudência do STF, a irredutibilidade do valor dos benefícios é garantida
constitucionalmente para assegurar o valor real dos benefícios de seguridade social.
b) Segundo a organização e princípios constitucionais da Seguridade Social, podemos afirmar que o valor dos
benefícios pode ser diminuído gradativamente.
c) o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios, segundo a orientação do Supremo Tribunal Federal,
significa a irredutibilidade do valor real dos benefícios assistenciais, protegendo-os do fenômeno
inflacionário.
d) os benefícios da assistência Social e da saúde terão apenas seu valor nominal protegido, sem a
necessidade de preservar o valor real.
COMENTÁRIOS
a) Conforme a jurisprudência do STF, a irredutibilidade do valor dos benefícios é garantida
constitucionalmente para assegurar o valor real dos benefícios de seguridade social.
Assertiva ERRADA. Conforme a jurisprudência do STF, a irredutibilidade do valor dos benefícios é garantida
constitucionalmente para assegurar o valor nominal dos benefícios de seguridade social. Contudo,
especificamente para os benefícios previdenciário, além da garantia do valor nominal, a CF/88 garante,
também, a manutenção de seu valor real.
b) Segundo a organização e princípios constitucionais da Seguridade Social, podemos afirmar que o valor dos
benefícios pode ser diminuído gradativamente.
Assertiva ERRADA. Tal princípio proíbe a diminuição do valor dos benefícios, conforme disposto no art. 194,
§ único, inciso IV da Constituição Federal. Logo, o valor dos benefícios não pode ser diminuído
gradativamente, pois tem constitucionalmente garantido a manutenção de seu valor nominal.
c) o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios, segundo a orientação do Supremo Tribunal Federal,
significa a irredutibilidade do valor real dos benefícios assistenciais, protegendo-os do fenômeno
inflacionário.
Assertiva ERRADA. Aos benefícios assistenciais e de saúde a CF/88 garante apenas a manutenção do valor
nominal.
d) os benefícios da assistência social e da saúde terão apenas seu valor nominal protegido, sem a necessidade
de preservar o valor real.
Assertiva CORRETA. Aos benefícios assistenciais e de saúde a CF/88 garante apenas a manutenção do valor
nominal, sem a necessidade de preservar o valor real. Apenas para os benefícios previdenciários o valor real
deverá ser preservado.
Gabarito: D

5.5 - Equidade na Forma de Participação no Custeio

O princípio da Equidade na Forma de Participação no Custeio está elencado no art. 194, § único, V da
CF/88. Tal princípio busca a observância dos critérios de justiça e igualdade, e consiste em tratar igualmente
os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Estabelece, também, que a

31
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

contribuição para o sistema será determinada de acordo com a capacidade econômica de cada contribuinte,
ou seja, quem tem maior capacidade contributiva deverá contribuir com mais; quem tem menor capacidade,
com menos.

Exemplo: É com base neste princípio que se estabelece, por exemplo, uma tabela de
contribuição progressiva para os segurados empregados, trabalhadores avulsos e
empregados domésticos, determinando que a contribuição dos citados segurados seja
calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o salário de contribuição
mensal (7,5%, 9%, 12% e 14%). Também pelo princípio da equidade pôde o legislador
cobrar maiores alíquotas das instituições financeiras (22,5%), se comparadas às empresas
em geral (20%). Também haverá uma contribuição simplificada e favorecida para as
microempresas e empresas de pequeno porte, etc.

Vejamos a seguir o diagrama com o resumo das informações mais importantes sobre esse princípio:

Equidade na forma de participação no custeio (Art. 194 § único, V –


CF/88)

Deve-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os


desiguais.

Quem tem maior capacidade contributiva irá contribuir com


mais; quem tem menor capacidade, contribuirá com menos.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Em relação aos objetivos constitucionais aplicáveis à organização da seguridade social, assinale a alternativa
incorreta.
Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes
objetivos:
a) universalidade da cobertura e do atendimento.
b) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços.
c) irredutibilidade do valor dos benefícios.
d) igualdade na forma de participação no custeio.
COMENTÁRIOS

32
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

O enunciado pede para marcarmos a assertiva incorreta. Assim sendo, vamos analisar cada uma das
alternativas:
a) universalidade da cobertura e do atendimento.
Assertiva CORRETA. CF/88, Art. 194, parágrafo único, I.
b) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços.
Assertiva CORRETA. CF/88, Art. 194, parágrafo único, III.
c) irredutibilidade do valor dos benefícios.
Assertiva CORRETA. CF/88, Art. 194, parágrafo único, IV.
d) igualdade na forma de participação no custeio.
Assertiva INCORRETA. Não existe igualdade na forma de participação no custeio. O que a CF/88 prevê é a
equidade na forma de participação no custeio da Seguridade Social. Não devemos confundir equidade com
igualdade. Na equidade, deve-se cobrar mais de quem pode pagar mais e cobrar menos de quem pode pagar
menos. CF/88, Art. 194, parágrafo único, V.
Gabarito: E

5.6 - Diversidade da Base de Financiamento

O princípio da Diversidade da Base de Financiamento está elencado no art. 194, § único, VI da CF/88. O
citado princípio busca garantir a arrecadação de contribuições, de modo que a base de financiamento da
seguridade social seja a mais variada possível, tendo diversas fontes de custeio. Dessa forma, haverá maior
segurança para o sistema, pois caso haja dificuldades na arrecadação de contribuições de determinada fonte,
haverá outras para lhe suprir a falta.

A própria CF/88, em seu art. 195, elenca, com base no princípio da diversidade da base de financiamento,
as contribuições sociais para a Seguridade Social:

33
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Contribuições Sociais
(Art. 195, CF)

empregador empresa trabalhador e demais receita de concurso de importador ou


equiparada segurados prognósticos equiparado

folha de salários e demais rendimentos pagos a pessoa física

receita ou faturamento

lucro

Cabe ressaltar a possibilidade de que sejam criadas contribuições sociais além das citadas, tendo em vista a
competência residual da União em relação às contribuições sociais, prevista no art. 195, §4º da CF/88. Tal
assunto será estudado detalhadamente na próxima aula.

A lei (lei complementar) poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da
Seguridade Social

34
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

novas contribuições para


mediante lei a seguridade social
não cumulativas
complementar (Contribuições Sociais
Residuais)
a União poderá instituir

condições inovar fato gerador

inovar base de cálculo

O texto constitucional ainda destaca a necessidade de se identificar, em rubricas contábeis específicas


para cada área, as receitas e despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social,
preservando o caráter contributivo da previdência social. Em outras palavras, deve haver a especificação
em cada receita ou despesa da seguridade social da área para a qual ela está sendo destinada.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A Constituição Federal, no seu art. 194, parágrafo único, elenca os objetivos da Seguridade Social. Entre os
quais, está correto afirmar:
a) prevalência dos benefícios e serviços às populações rurais.
b) unicidade da base de financiamento.
c) a necessidade de se identificar, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e despesas
vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservando o caráter contributivo da
previdência social.
d) existência de rubrica única para as três áreas que compõe a Seguridade Social.
COMENTÁRIOS

a) prevalência dos benefícios e serviços às populações rurais.

35
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva INCORRETA. Não existe prevalência dos benefícios e serviços às populações rurais. O que a CF/88
determina é a uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais. (CF/88,
Art. 194, parágrafo único, II).
b) unicidade da base de financiamento.
Assertiva INCORRETA. Não existe unicidade da base de financiamento. O que a CF/88 determina é a
diversidade da base de financiamento (CF/88, Art. 194, parágrafo único, VI).
c) a necessidade de se identificar, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e despesas
vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservando o caráter contributivo da
previdência social.
Assertiva CORRETA. Nos termos do inciso VI, do parágrafo único, do art. 194 da CF/88, compete ao Poder
Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base diversidade da base de financiamento,
identificando-se, em rubricas contábeis especificadas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a
ações de saúde, previdência e assistência social, preservando o caráter contributivo da previdência social
(CF/88, Art. 194, parágrafo único, VI).
d) existência de rubrica única para as três áreas que compõe a Seguridade Social.
Assertiva INCORRETA. Deve-se identificar, em rubricas contábeis especificadas para cada área, as receitas e
as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservando o caráter contributivo
da previdência social (CF/88, Art. 194, parágrafo único, VI).
Gabarito: C

5.7 - Caráter Democrático e Descentralizado da Administração, Mediante


Gestão Quadripartite, com Participação dos Trabalhadores, dos
Empregadores, dos Aposentados e do Governo nos Órgãos Colegiados.

Tal princípio está elencado no art. 194, § único, VII da CF/88. Assegura a participação da sociedade na gestão
da Seguridade Social, ou seja, deixa de ser administrada exclusividade do Poder Público, e passa a ser
compartilhada com integrantes da sociedade civil, tendo, portanto, caráter democrático e descentralizado,
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, empregadores, aposentados e do
próprio governo, em órgãos de deliberação colegiados.

Exemplo: O Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS, por exemplo, é um órgão


superior de deliberação colegiada, tendo como objetivo precípuo o estabelecimento do
caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa e que, entre outras
atribuições, deverá estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisões de políticas
aplicáveis à Previdência Social. O CNPS será composto por 6 representantes do governo
federal e 9 representantes da sociedade civil, dos quais 3 representam os aposentados e
pensionistas, 3 representam os trabalhadores e outros 3 representam os empregadores.

Vejamos, a seguir, o diagrama com o resumo das informações mais importantes sobre o caráter democrático
e descentralizado da administração da Seguridade Social, mediante gestão quadripartite, com participação
dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados:

36
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Democrático

Caráter Da administração

Descentralizado

trabalhadores

empregadores
mediante gestão
quadripartite nos órgãos colegiados
aposentados

governo

Temos aqui importantes informações que podemos extrair deste princípio, as quais deverão ser
memorizadas pelo candidato, acerca da Seguridade Social:

• Caráter democrático e descentralizado da administração.


• Gestão quadripartite.
• Gestão com participação dos trabalhadores, empregadores, aposentados e do governo.
• Participação por meio de Órgãos Colegiados

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Com base nas disposições emanadas do direito previdenciário, julgue o item abaixo e assinale a opção
correta:
a) O princípio do caráter democrático da administração da seguridade social preconiza que sua gestão será
quadripartite, com a participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo.

37
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

b) Entre os objetivos em que se baseia a organização da seguridade social no Brasil inclui-se o caráter
democrático e descentralizado da administração, mediante gestão tripartite, com participação dos
trabalhadores, dos empregadores e do governo nos órgãos colegiados.
c) a gestão da Seguridade Social ocorre de forma descentralizada, monocrática e quadripartite.
d) a gestão da Seguridade Social é ato privativo do Poder Público.
COMENTÁRIOS
a) O princípio do caráter democrático da administração da seguridade social preconiza que sua gestão será
quadripartite, com a participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo.
Assertiva CORRETA. Nos termos do inciso VII, do parágrafo único, do art. 194 da CF/88, compete ao Poder
Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base no caráter democrático e descentralizado
da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores,
dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
b) Entre os objetivos em que se baseia a organização da seguridade social no Brasil inclui-se o caráter
democrático e descentralizado da administração, mediante gestão tripartite, com participação dos
trabalhadores, dos empregadores e do governo nos órgãos colegiados.
Assertiva INCORRETA. A administração da Seguridade Social deverá ser quadripartite e não tripartite, pois
conta com a participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo.
c) a gestão da Seguridade Social ocorre de forma descentralizada, monocrática e quadripartite.
Assertiva INCORRETA. A gestão da Seguridade Social ocorre de forma descentralizada, democrática (e não
monocrática) e quadripartite.
d) a gestão da Seguridade Social é ato privativo do Poder Público.
Assertiva INCORRETA. A gestão da Seguridade Social não é ato privativo do Poder Público, devendo ocorrer
de forma democrática e descentralizada da administração, mediante gestão quadripartite, com participação
dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo.
Gabarito: A

5.8 - Solidariedade

O princípio da Solidariedade está elencado no art. 3º, I da CF/88, que assim dispõe:

“Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir


uma sociedade livre, justa e solidária;”

O citado princípio busca reduzir as desigualdades sociais, permitindo que alguns contribuam mais para o
sistema, enquanto outros contribuam menos, de acordo com suas condições financeiras e demais
características individuais previstas em lei.

Vale a regra de quem contribui não o faz para si, mas para toda a sociedade. Não se trata de um regime de
capitalização, onde cada segurado contribui para uma conta vinculada em seu nome e para seu próprio
benefício. A solidariedade é uma contribuição para o sistema, não apenas visando o seu próprio direito, mas
sim visando o bem comum, ou seja, o direito de toda a coletividade.

38
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Exemplo: Imaginemos um trabalhador que, ao final do seu primeiro dia de trabalho, saiu
para comemorar o novo emprego com os amigos. Ficou embriagado e imprudentemente
voltou dirigindo para casa. No trajeto, sofreu um acidente e ficou definitivamente incapaz
para o trabalho. Independentemente da natureza ou da causa do acidente, o empregado
acidentado terá direito de se aposentar por invalidez, mesmo sem ter ainda qualquer
contribuição recolhida para o sistema.

Vejamos a seguir o diagrama com o resumo das informações mais importantes sobre esse princípio da
solidariedade:

Solidariedade

Impede a adoção de um sistema de capitalização


pura na previdência social. Quem contribui
não o faz para si, mas para toda a sociedade.

É esse princípio que permite um segurado ser


aposentado por invalidez em seu primeiro dia
de trabalho, sem ter qualquer contribuição
recolhida para o sistema.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Sobre o princípio constitucional da solidariedade, julgue os itens a seguir e assinale a opção incorreta:
a) A Previdência Social possui caráter contributivo e obrigatório. Assim sendo, os trabalhadores devem
contribuir compulsoriamente em razão da cotização individual ser necessária para a manutenção do sistema
em benefício de toda a coletividade.
b) A solidariedade é um pressuposto para a ação cooperativa da sociedade, pois a contribuição não pertence
a quem contribuiu, mas sim a todo e qualquer beneficiário do sistema.
c) A solidariedade justifica a cobrança de contribuições pelo aposentado que volta a trabalhar, pois quem
contribui não o faz para si, mas sim para toda a sociedade.
d) O Brasil adota na Previdência Social pública o sistema de capitalização, onde a contribuição é direcionada
para o próprio contribuinte individualmente, o que acaba, de forma indireta, contribuindo para toda a
coletividade.
COMENTÁRIOS

39
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

a) A Previdência Social possui caráter contributivo e obrigatório. Assim sendo, os trabalhadores devem
contribuir compulsoriamente em razão da cotização individual ser necessária para a manutenção do sistema
em benefício de toda a coletividade.
Assertiva CORRETA. Quem contribui não o faz para si, mas para toda a sociedade. Não se trata de um regime
de capitalização, onde cada segurado contribui para uma conta vinculada em seu nome e para seu próprio
benefício. A solidariedade é uma contribuição para o sistema, não apenas visando o seu próprio direito, mas
sim visando o bem comum, ou seja, o direito de toda a coletividade.
b) A solidariedade é um pressuposto para a ação cooperativa da sociedade, pois a contribuição não pertence
a quem contribuiu, mas sim a todo e qualquer beneficiário do sistema.
Assertiva CORRETA. A solidariedade é uma contribuição para o sistema, não apenas visando o seu próprio
direito, mas sim visando o bem comum, ou seja, o direito de toda a coletividade.
c) A solidariedade justifica a cobrança de contribuições pelo aposentado que volta a trabalhar, pois quem
contribui não o faz para si, mas sim para toda a sociedade.
Assertiva CORRETA. Quando o aposentado volta a trabalhar, deverá contribuir sobre sua remuneração,
mesmo que não possa se beneficiar de suas contribuições. Tal fato se justifica no sistema solidário adotado
pelo Brasil.
d) O Brasil adota na Previdência Social pública o sistema de capitalização, onde a contribuição é direcionada
para o próprio contribuinte individualmente, o que acaba, de forma indireta, contribuindo para toda a
coletividade.
Assertiva INCORRETA. O Brasil adota na Previdência Social pública o sistema solidário (e não de
capitalização), onde a contribuição é direcionada para o sistema, visando o bem comum, ou seja, o direito
de toda a coletividade.
Gabarito: D

6 - Quadro Resumo da Seguridade Social

40
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Organização poder público

poder público

Iniciativa

sociedade

trabalhadores

empregadores

Administração (Gestão)

aposentados

governo

41
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

CONSELHO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL - CNPS

1 - Membros do CNPS

O Conselho Nacional de Previdência Social, órgão superior de deliberação colegiada, terá como membros:

• 6 representantes do Governo Federal; e


• 9 representantes da sociedade civil, sendo:
o três representantes dos aposentados e pensionistas;
o três representantes dos trabalhadores em atividade; e
o três representantes dos empregadores.

Os membros do Conselho Nacional de Previdência Social e seus respectivos suplentes:

• serão nomeados pelo Presidente da República,


• o mandato dos representantes titulares da sociedade civil será de 2 anos, podendo ser
reconduzidos, de imediato, uma única vez.

Os representantes dos trabalhadores em atividade, dos aposentados, dos empregadores


e seus respectivos suplentes serão indicados pelas centrais sindicais e confederações
nacionais.

2 - Competência do CNPS

Compete ao Conselho Nacional de Previdência Social:

• estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisões de políticas aplicáveis à previdência social;


• participar, acompanhar e avaliar, sistematicamente, a gestão previdenciária;
• apreciar e aprovar os planos e programas da previdência social;
• apreciar e aprovar as propostas orçamentárias da previdência social, antes de sua consolidação na
proposta orçamentária da seguridade social;
• acompanhar e apreciar, mediante relatórios gerenciais por ele definidos, a execução dos planos,
programas e orçamentos no âmbito da previdência social;
• acompanhar a aplicação da legislação pertinente à previdência social;
• apreciar a prestação de contas anual a ser remetida ao Tribunal de Contas da União, podendo, se
for necessário, contratar auditoria externa;

42
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• estabelecer os valores mínimos em litígio, acima dos quais será exigida a anuência prévia do
Procurador-Geral ou do Presidente do Instituto Nacional do Seguro Social para formalização de
desistência ou transigência judiciais, conforme o disposto no art. 353;
• elaborar e aprovar seu regimento interno;
• aprovar os critérios de arrecadação e de pagamento dos benefícios por intermédio da rede bancária
ou por outras formas; e
• acompanhar e avaliar os trabalhos de implantação e manutenção do Cadastro Nacional de
Informações Sociais.

3 - Competência dos órgãos governamentais

Compete aos órgãos governamentais:

• prestar toda e qualquer informação necessária ao adequado cumprimento das competências do


Conselho Nacional de Previdência Social, fornecendo inclusive estudos técnicos; e
• encaminhar ao Conselho Nacional de Previdência Social, com antecedência mínima de dois meses
do seu envio ao Congresso Nacional, a proposta orçamentária da previdência social, devidamente
detalhada.

4 - Reunião Ordinária e Extraordinária

4.1 - Reunião Ordinária

O Conselho Nacional de Previdência Social reunir-se-á, ordinariamente, uma vez por mês, por convocação
de seu Presidente, não podendo ser adiada a reunião por mais de quinze dias se houver requerimento nesse
sentido da maioria dos conselheiros.

4.2 - Reunião Extraordinária

Poderá ser convocada reunião extraordinária por seu Presidente ou a requerimento de um terço de seus
membros, conforme dispuser o regimento interno do Conselho Nacional de Previdência Social.

43
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

5 - Conselhos de Previdência Social - CPS

Ficam instituídos, como unidades descentralizadas do Conselho Nacional de Previdência Social - CNPS, os
Conselhos de Previdência Social - CPS, que funcionarão junto às Gerências-Executivas do INSS.

Os CPS serão compostos por 10 conselheiros e respectivos suplentes, designados pelo titular da Gerência
Executiva na qual for instalado, assim distribuídos:

• 4 representantes do Governo Federal; e


• 6 representantes da sociedade, sendo:
o 2 representantes dos empregadores;
o 2 representantes dos empregados; e
o 2 representantes dos aposentados e pensionistas.

O Governo Federal será representado:

• nas cidades onde houver mais de uma Gerência-Executiva:


o pelo Gerente-Executivo da Gerência-Executiva na qual for instalado;
o outros Gerentes-Executivos; ou
o servidores da Divisão ou do Serviço Benefícios ou de Atendimento ou da Procuradoria Federal
Especializada junto ao INSS de Gerência-Executiva sediadas na cidade, ou de representante da
Secretaria da Receita Federal do Brasil, ou de representante da DATAPREV.
• nas cidades onde houver apenas uma Gerência-Executiva:
o pelo Gerente-Executivo;
o servidores da Divisão ou do Serviço de Benefícios ou de Atendimento ou da Procuradoria Federal
Especializada junto ao INSS da Gerência-Executiva, ou de representante da Secretaria da Receita
Federal do Brasil, ou de representante da DATAPREV.

As reuniões serão mensais ou bimensais, a critério do respectivo CPS, e abertas ao público, cabendo a sua
organização e funcionamento ao titular da Gerência-Executiva na qual for instalado o colegiado.

Os Conselhos de Previdência Social - CPS terão caráter consultivo e de assessoramento, competindo ao


CNPS disciplinar os procedimentos para o seu funcionamento, suas competências, os critérios de seleção
dos representantes da sociedade e o prazo de duração dos respectivos mandatos, além de estipular por
resolução o regimento dos CPS.

As funções dos conselheiros dos CPS não serão remuneradas e seu exercício será considerado serviço público
relevante.

A Previdência Social não se responsabilizará por eventuais despesas com deslocamento ou estada dos
conselheiros representantes da sociedade.

44
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Nas cidades onde houver mais de uma Gerência-Executiva, o Conselho será instalado naquela indicada pelo
Gerente Regional do INSS cujas atribuições abranjam a referida cidade.

Cabe ao Gerente-Executivo a designação dos conselheiros.

É facultado ao Gerente Regional do INSS participar das reuniões do CPS localizados em região de suas
atribuições e presidi-las.

6 - Informações Finais sobre o CNPS

As resoluções tomadas pelo Conselho Nacional de Previdência Social deverão ser publicadas no Diário
Oficial da União.

As reuniões do Conselho Nacional de Previdência Social serão iniciadas com a presença da maioria absoluta
de seus membros, sendo exigida para deliberação a maioria simples de votos.

As ausências ao trabalho dos representantes dos trabalhadores em atividade, decorrentes das atividades do
Conselho Nacional de Previdência Social, serão abonadas, computando-se como jornada efetivamente
trabalhada para todos os fins e efeitos legais.

Aos membros do Conselho Nacional de Previdência Social, enquanto representantes dos trabalhadores em
atividade, titulares e suplentes, é assegurada a estabilidade no emprego, da nomeação até um ano após o
término do mandato de representação, somente podendo ser demitidos por motivo de falta grave,
regularmente comprovada mediante processo judicial.

Compete ao Ministério do Trabalho e Previdência (atual Ministério da Previdência Social) proporcionar ao


Conselho Nacional de Previdência Social os meios necessários ao exercício de suas competências, para o que
contará com uma Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Previdência Social.

Haverá, no âmbito da Previdência Social, uma Ouvidora-geral, cujas atribuições serão definidas em
regulamento.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Sobre o Conselho Nacional de Previdência Social-CNPS, assinale a alternativa incorreta:
a) O CNPS terá, dentre os seus membros, seis representantes do Governo Federal.
b) Os membros do CNPS e seus respectivos suplentes serão nomeados pelo Presidente da República.
c) Os membros do CNPS representantes titulares da sociedade civil terão mandato de 2 (dois) anos, vedada
a recondução.
d) O CNPS reunir-se-á, ordinariamente, uma vez por mês, por convocação de seu Presidente.
COMENTÁRIOS
a) O CNPS terá, dentre os seus membros, seis representantes do Governo Federal.
Assertiva CORRETA (Art. 295, I, do Decreto 3.048/99).

45
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

b) Os membros do CNPS e seus respectivos suplentes serão nomeados pelo Presidente da República.
Assertiva CORRETA (Art. 295, § 1º, do Decreto 3.048/99).
c) Os membros do CNPS representantes titulares da sociedade civil terão mandato de 2 (dois) anos, vedada
a recondução.
Assertiva INCORRETA. Os representantes titulares da sociedade civil mandato de dois anos, podendo ser
reconduzidos, de imediato, uma única vez (Art. 295, § 1º, do Decreto 3.048/99).
d) O CNPS reunir-se-á, ordinariamente, uma vez por mês, por convocação de seu Presidente.
Assertiva CORRETA (Art. 295, § 3º, do Decreto 3.048/99).
Gabarito: C

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


O Conselho Nacional de Previdência Social - CNPS é composto por:
a) 15 membros nomeados pelo Presidente da República, sendo que os representantes titulares da sociedade
civil terão mandato de dois anos, podendo ser reconduzidos, de imediato, uma única vez.
b) 12 representantes do Governo Federal, indicados pelo Congresso Nacional e nomeados pelo Presidente
da República para mandato de dois anos, podendo ser reconduzidos, de imediato, uma única vez.
c) 10 representantes da sociedade civil, sendo 5 representantes dos trabalhadores em atividade e 5
representantes dos empregadores, vedado a nomeação de aposentado ou pensionista.
d) 8 representantes do Governo Federal, indicados pelo Congresso Nacional e nomeados pelo Presidente da
República para mandato de dois anos, vedada a recondução.
COMENTÁRIOS
a) 15 membros nomeados pelo Presidente da República, sendo que os representantes titulares da sociedade
civil terão mandato de dois anos, podendo ser reconduzidos, de imediato, uma única vez.
Assertiva CORRETA. O Conselho Nacional de Previdência Social, órgão superior de deliberação colegiada,
terá 15 membros nomeados pelo Presidente da República, sendo seis representantes do Governo Federal e
nove representantes da sociedade civil, cujo mandato será de dois anos, podendo ser reconduzidos, de
imediato, uma única vez (Art. 295, do Decreto 3.048/99).
b) 12 representantes do Governo Federal, indicados pelo Congresso Nacional e nomeados pelo Presidente
da República para mandato de dois anos, podendo ser reconduzidos, de imediato, uma única vez.
Assertiva INCORRETA. Serão apenas seis representantes do Governo Federal (Art. 295, do Decreto 3.048/99).
c) 10 representantes da sociedade civil, sendo 5 representantes dos trabalhadores em atividade e 5
representantes dos empregadores, vedado a nomeação de aposentado ou pensionista.
Assertiva INCORRETA, Serão nove representantes da sociedade civil, sendo três representantes dos
aposentados e pensionistas, três representantes dos trabalhadores em atividade e três representantes dos
empregadores (Art. 295, do Decreto 3.048/99).
d) 8 representantes do Governo Federal, indicados pelo Congresso Nacional e nomeados pelo Presidente da
República para mandato de dois anos, vedada a recondução.

46
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva INCORRETA. Serão apenas 6 os representantes do Governo Federal, cujo mandato não tem prazo
máximo definido (Art. 295, do Decreto 3.048/99).
Gabarito: A
(Questão Inédita – Direito Previdenciário)
São atribuições do Conselho Nacional de Previdência Social-CNPS, EXCETO:
a) estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisões de políticas aplicáveis à Previdência Social.
b) participar, acompanhar e avaliar, sistematicamente, a gestão previdenciária.
c) apreciar e aprovar os planos e programas da previdência social.
d) prestar toda e qualquer informação necessária ao adequado cumprimento das competências do Conselho
Nacional de Previdência Social, fornecendo inclusive estudos técnicos.
COMENTÁRIOS
a) estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisões de políticas aplicáveis à Previdência Social.
Assertiva CORRETA (Art. 296, I, do Decreto 3.048/99).
b) participar, acompanhar e avaliar, sistematicamente, a gestão previdenciária.
Assertiva CORRETA (Art. 296, II, do Decreto 3.048/99).
c) apreciar e aprovar os planos e programas da previdência social.
Assertiva CORRETA (Art. 296, III, do Decreto 3.048/99).
d) prestar toda e qualquer informação necessária ao adequado cumprimento das competências do Conselho
Nacional de Previdência Social, fornecendo inclusive estudos técnicos.
Assertiva INCORRETA (Art. 297, I, do Decreto 3.048/99).
Gabarito: D

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula demonstrativa.

Tratamos do conceito, organização e princípios constitucionais da Seguridade Social. São assuntos e


introdutórios, porém indispensáveis para a compreensão contextual da nossa disciplina.

Aguardo vocês em nossa próxima aula!

Um forte abraço e bons estudos a todos!

Rubens Maurício

47
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

1
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Sumário
Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 3
Legislação Previdenciária ................................................................................................................................... 3
1 - Conteúdo .................................................................................................................................................. 3
2 - Fontes do Direito Previdenciário .............................................................................................................. 4
3 - Ramo e Autonomia do Direito Previdenciário .......................................................................................... 9
Competência Legislativa .................................................................................................................................. 13
1 – Competência para Legislar sobre Seguridade Social e Previdência Social ............................................ 13
Aplicação das Normas Previdenciárias ............................................................................................................ 16
1 - Introdução............................................................................................................................................... 16
2 - Vigência ................................................................................................................................................... 16
3 - Interpretação .......................................................................................................................................... 19
3.1 - Interpretação quanto ao meio......................................................................................................... 22
3.2 - Interpretação quanto à origem (fonte) ........................................................................................... 24
3.3 - Interpretação quanto à finalidade (efeitos ou resultados) ............................................................. 25
4 - Integração ............................................................................................................................................... 29
4.1 - Analogia ........................................................................................................................................... 31
4.2 - Princípios Gerais da Seguridade Social ............................................................................................ 32
4.3 - Princípios Gerais do Direito ............................................................................................................. 32
4.4 - Equidade .......................................................................................................................................... 33
4.5 - Costumes ......................................................................................................................................... 33
5 - Hierarquia ............................................................................................................................................... 35
5.1 - Normas Constitucionais: .................................................................................................................. 36
5.2 - Normas Infraconstitucionais: ........................................................................................................... 36
Considerações Finais ........................................................................................................................................ 37

2
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje estudaremos 3 assuntos do Direito Previdenciário que tratam de normas previdenciárias:

1 - Legislação Previdenciária. Conteúdo, fontes e


autonomia.

3 - Competência Legislativa

2 - Aplicação das normas previdenciárias. Vigência,


hierarquia, interpretação e integração.

Recomendo uma atenção especial no tópico que trata da interpretação da legislação previdenciária e da
competência legislativa.

Boa aula!

LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

1 - Conteúdo

Legislação Previdenciária é o conjunto de regramentos legais e infralegais que regulamentam o sistema


previdenciário brasileiro. A legislação previdenciária engloba, por exemplo, a Constituição Federal, leis
complementares, leis ordinárias, medidas provisórias, leis delegadas, decretos regulamentares a os atos
administrativos (tais como instruções normativas, portarias, regimentos, resoluções etc.).

A palavra lei, no entanto, tem diferentes sentidos, conforme seu contexto seja estrito (stricto sensu) ou
amplo (lato sensu).

A lei em sentido estrito (stricto sensu), é a norma elaborada pelo Poder Legislativo, que detém a
competência constitucional para legislar. São as denominadas normas legais ou primárias, que podem
inovar no direito previdenciário.

A lei em sentido amplo (lato senso) compreende todo o conjunto de normas referentes ao funcionamento
da Previdência Social, sejam normas legais (conhecidas como primárias, que podem inovar), sejam normas
infralegais (conhecidas como secundárias, que não podem inovar).

3
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Legislação
Previdenciária (leis em
sentido amplo) (Lato
Sensu)

Leis (strictu senso)


(normas legais,
em sentido
estrito) referentes ao
funcionamento

Atos da Previdência
Administrativos Social
(normas
infralegais)

2 - Fontes do Direito Previdenciário

"Fonte do direito" é uma expressão utilizada no meio jurídico para se referir aos componentes utilizados no
processo de composição do direito, enquanto conjunto sistematizado de normas, com um sentido e lógica
próprios, disciplinador da realidade social de um Estado. Trata-se, portanto, da matéria prima da qual nasce
o direito.

A palavra fonte é empregada metaforicamente conforme observa o jurista suíço Claude Du Pasquier, senão
vejamos:

“remontar à fonte de um rio é buscar o lugar de onde as suas águas saem da terra; do mesmo modo,
inquirir sobre a fonte de uma regra jurídica é buscar o ponto pelo qual sai das profundidades da vida social
para aparecer na superfície do Direito.”

Segundo o jurista e doutrinador Miguel Reale, “o termo fonte do direito deve indicar os processos de
produção da norma jurídica, vinculados a uma estrutura do poder, o qual, diante de fatos e valores, opta por
dada solução normativa e pela garantia do seu cumprimento”.

Ao utilizarmos a expressão “fontes do direito”, queremos designar o texto em que o Direito está embasado
ou todos os elementos que possam ajudar na sua aplicabilidade.

Ainda no dizer de Miguel Reale:

4
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

“Por fonte do direito designamos os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se
positivam com legítima força obrigatória, isto é, com vigência e eficácia no contexto de uma estrutura
normativa”.

Fonte do Direito é, portanto, a origem do Direito, suas raízes históricas, de onde se cria (fonte material) e
como se aplica (fonte formal), ou seja, o processo de produção das normas.

São exemplos de fontes do direito: as leis, jurisprudência, doutrina, analogia, princípio geral do direito,
costumes e equidade.

As fontes do Direito Previdenciário podem ser primárias ou secundárias:

Fontes Primárias (também denominadas fonte legal, direta ou imediata), corresponde às que têm força
suficiente para gerar a regra jurídica, podendo inovar no ordenamento jurídico. São atos legislativos
(emanados do Poder Legislativo), ou de natureza legislativa (atos com força de lei, emanados do Poder
Executivo, cujo exemplo mais importante, hoje, são as medidas provisórias), que têm como característica
poderem inovar o direito.

Fontes Secundárias (também denominadas fontes infralegais ou mediatas), correspondem às que não
têm a força das primeiras, mas esclarecem os espíritos dos aplicadores da lei e servem de precioso
substrato para a compreensão e aplicação global do Direito, sem inovar. Têm como característica a
impossibilidade teórica de criar, de forma inaugural, direitos ou obrigações, ou de modificar direitos ou
obrigações previstos em lei ou outros atos primários. São decretos regulamentares e atos administrativos,
que apenas regulamentam a lei, ou seja, detalham seus comandos e uniformizam procedimentos da
administração, a fim de dar execução à lei.

São exemplos de fontes primárias do Direito (atos legais):

• Constituição Federal de 1988


• Emendas constitucionais
• Leis complementares
• Leis ordinárias
• Leis delegadas
• Medidas provisórias
• Decreto legislativo
• Resolução do Senado
• Tratados internacionais

5
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Súmulas Vinculantes

São exemplos de fontes secundárias do Direito (atos infralegais):

• Decretos Regulamentares
• Portarias
• Instruções Normativas

O estudo das “fontes do direito” se inicia com a diferenciação entre direito enquanto forma, no caso das
fontes formais (norma jurídica positivada em leis, decretos, portarias etc.) e direito enquanto matéria, no
caso das fontes materiais (substância/valor/justiça).

Vejamos a seguir o conceito de fontes formais e fontes materiais do direito:

Fonte Formal do Direito: é aquela pela qual o direito se manifesta. Dividem-se em fontes formais imediatas
e fontes formais mediatas, conforme definição abaixo:

• As fontes formais imediatas são aqueles fatos que, por si só, são fatos geradores do direito, como
por exemplo, as normas legais.
• As fontes formais mediatas são os princípios gerais do direito, a jurisprudência e a doutrina. São os
meios de expressão do Direito, as formas pelas quais as normas jurídicas se exteriorizam, tornam-se
conhecidas.

Para que um processo jurídico constitua fonte formal é necessário que tenha o poder de criar o Direito. Este
significa introduzir no ordenamento jurídico novas normas jurídicas.

No Brasil, temos algumas formas de expressão das fontes formais, sendo as leis a principal forma de
expressão; contando também com a jurisprudência (conjunto de entendimentos de determinado tribunal)
e a doutrina.

Dizem respeito ao direito já devidamente formalizado, que revelam um direito vigente, possibilitando a sua
aplicação a um caso concreto.

No sentido formal, portanto, pode-se afirmar que a expressão “fontes do direito” diz respeito aos processos
e estruturas capazes de produzir normas jurídicas aptas a regular as interações entre indivíduos e entre estes
e o governo.

As fontes formais estatais englobam a Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas,
medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções do senado. Englobam, também, decretos
regulamentares do poder executivo, instruções ministeriais, circulares, portarias, ordem de serviço e normas
individuais.

As principais fontes formais da legislação previdenciária são:

• Constituição Federal;
• Lei nº 8.212/91 (custeio) e Lei nº 8.213/91 (benefícios);

6
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• RPS, aprovado pelo decreto nº 3.048/99 (custeio e benefícios);


• Instrução Normativa PRES/INSS nº 128/2022 (benefícios);
• Instrução normativa RFB nº 2110/2022 (custeio);

Fonte Material do Direito: É o estudo filosófico ou sociológico dos motivos éticos ou dos fatos econômicos
que condicionam o aparecimento e as transformações das regras do direito. São constituídas pelos fatos
sociais, pelos problemas que emergem na sociedade e que são condicionados pela moral, economia,
geografia.

As fontes materiais do direito previdenciário consistem, portanto, nos fatores que interferem na produção
de suas normas jurídicas, como, por exemplo, os fundamentos do surgimento dos benefícios previdenciários
e os costumes nas relações entre o INSS e o segurado.

São elementos que emergem da própria realidade social e dos valores que inspiram o comportamento a ser
tutelado e que levam ao vislumbre de um direito. A título exemplificativo, as fontes materiais, dentre outras,
podem ser:

✓ Fontes materiais históricas;


✓ Fontes materiais religiosas;
✓ Fontes materiais econômicas;
✓ Fontes materiais naturais;
✓ Fontes materiais políticas;
✓ Fontes materiais morais.

No sentido material, portanto, pode-se afirmar que todo fato social é fonte do direito. Tudo o que acontece
de relevante pode dar ensejo à criação, alteração ou extinção de direitos.

No campo específico da Seguridade Social, o direito surge de variáveis sociais e econômicas como a
expectativa de vida da população, riqueza do país, Índices de desemprego, saúde dos trabalhadores, número
de acidentes do trabalho etc.

7
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Constituição Federal +

Leis Complementares
atos administrativos em
geral

Leis (sentido amplo) Leis Ordinárias

Fonte Formal ater-se ao disposto em lei,


permitindo sua aplicação
ao caso concreto
Jurisprudência Medida Provisória

Lei Delegada sem trazer inovações

fontes primárias fontes secundárias

Demais Ramos do Direito

Também são considerados fontes do direito previdenciário

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca da legislação previdenciária, especialmente no que se refere às suas fontes, assinale a alternativa
incorreta.
a) As fontes formais do direito previdenciário incluem a CF e as Leis n.º 8.212/1991 e n.º 8.213/1991.
b) As fontes formais imediatas são aqueles fatos que, por si só, são fatos geradores do direito, como ocorre
com as normas legais.
c) São exemplos de fontes formais mediatas os princípios gerais do direito, a jurisprudência e a doutrina.
d) Fontes secundárias do direito correspondem às que têm força suficiente para gerar a regra jurídica,
podendo inovar no ordenamento jurídico.

COMENTÁRIOS:
a) As fontes formais do direito previdenciário incluem a CF e as Leis n.º 8.212/1991 e n.º 8.213/1991.

8
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

A assertiva está CORRETA. As fontes formais do direito são aquelas pela qual o direito se manifesta, como,
por exemplo, as normas citadas.

b) As fontes formais imediatas são aqueles fatos que, por si só, são fatos geradores do direito, como ocorre
com as normas legais.
A assertiva está CORRETA. As fontes formais imediatas são aqueles fatos que, por si só, são fatos geradores
do direito como, por exemplo, as normas legais.

c) São exemplos de fontes formais mediatas os princípios gerais do direito, a jurisprudência e a doutrina.
A assertiva está CORRETA. As fontes formais mediatas são os meios de expressão do Direito, as formas pelas
quais as normas jurídicas se exteriorizam, tornam-se conhecidas, como podemos observar nos princípios
gerais do direito, a jurisprudência e a doutrina.

d) Fontes secundárias do direito correspondem às que têm força suficiente para gerar a regra jurídica,
podendo inovar no ordenamento jurídico.
A assertiva está INCORRETA. Esse é o conceito de fontes primárias do direito (e não das fontes secundárias).
As fontes secundarias correspondem às que não têm a força das normas primárias, mas esclarecem os
espíritos dos aplicadores da lei e servem de precioso substrato para a compreensão e aplicação global do
Direito, sem inovar.

Gabarito: D

3 - Ramo e Autonomia do Direito Previdenciário

O enquadramento do Direito Previdenciários não é pacífico, mas os doutrinadores mais atuais colocam-no
como ramo do direito social, enquanto outros classificam como ramo do direito público (corrente
tradicionalista), voltada para o estudo e a regulamentação da Seguridade Social. Evidentemente, nunca será
direito privado, já que, na relação jurídico-securitária, há a participação do Estado, dotado de seu poder de
império, determinando a filiação compulsória ao sistema e exigindo o pagamento de contribuições.

Trata-se, outrossim, de um ramo didaticamente autônomo do direito público, uma vez que possui métodos,
objeto e princípios jurídicos próprios, além de leis específicas e divisão interna.

9
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Além disso, a própria CF/88 separou a Previdência Social do ramo do Direito do Trabalho, dando àquela vida
autônoma, não mais prevalecendo a antiga concepção de que a previdência pertencia, em termos
normativos, ao direito do trabalho.

Existem duas grandes teorias que versam sobre a autonomia do Direito Previdenciário, senão vejamos:
• A teoria monista diz que o Direito previdenciário está inserido no Direito do Trabalho; e
• A teoria dualista, que dispõe haver plena autonomia do direito previdenciário sem qualquer
interferência do direito trabalhista.

Atualmente a grande maioria dos juristas defende e milita na teoria dualista, que prega a autonomia entre
direito do trabalho e direito previdenciário.

O Direito Previdenciário é definindo como um conjunto de regras que regem o seguro social, que tem
objetos, princípios e instituto próprios e normas específicas que tratam de Seguridade Social, além de conter
um grande repertório jurisprudencial e doutrinário distintos.

Se é verdade que em alguns casos, direito previdenciário e direito do trabalho se aproximam, também é
verdade que na maioria das ocorrências tal relacionamento não acontece, não sendo correto dizer,
atualmente, que o Direito Previdenciário seja um apêndice do Direito Laboral.

O Direito do Trabalho, por cuidar basicamente de relações dentre particulares (relação empregatícia), situa-
se no campo do direito privado; o Direito Previdenciário, no entanto, possui natureza jurídica de direito
público, pois a relação entre as partes estabelece-se por força da lei e não por suas vontades.

O Poder Constituinte de 1988 criou um capítulo próprio para a Seguridade Social no Capítulo II, incluído no
Título VIII (“Da Ordem Social”), no qual constam várias disposições sobre Seguridade Social, abrangendo a
Previdência Social, Assistência Social e Saúde, que vai do artigo 194 até o artigo 204, tornando este instituto
de Direito Previdenciário totalmente desvinculado do Direito do Trabalho, que teve suas prescrições
incluídas no Capítulo II (“Dos Direitos Sociais”) do Título II (“Dos Direitos e Garantias Fundamentais”) no
artigo 7º.

Segundo a doutrina, para caracterizar a autonomia de uma ciência é mister que:


• ela seja bastante vasta a ponto de merecer um estudo de conjunto, adequado e particular;
• ela contenha doutrinas homogêneas dominadas por conceitos gerais comuns e distintos dos
conceitos gerais que informam outras disciplinas;
• possua método próprio, empregando processos especiais para o conhecimento das verdades que
constituem objeto de suas investigações.

O Direito Previdenciário adquiriu status de ramo autônomo do direito por possuir métodos próprios, objeto
próprio, princípios próprios, leis específicas e divisão interna, segundo critérios pacificamente aceitos pela
doutrina dominante.

O objeto do direito previdenciário é disciplinar a Previdência Social regrando a relação jurídica de benefício
e de custeio previdenciário, além de regrar a relação jurídica de previdência complementar.

10
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Porém, não se pode afirmar categoricamente que a autonomia ou distanciamento desses dois importantes
ramos do Direito implica em seu isolamento absoluto, haja vista que do ponto de vista científico o Direito é
uno e as ciências jurídicas do nosso ordenamento são um feixe de regras que se relacionam e se
interpenetram.

Assim sendo, apesar de didaticamente autônimo, o direito previdenciário não é independente


dos demais ramos do direito, devendo suas normas e princípios respeitar e ser compatível com
os demais princípios e ramos do direito.

Direito Previdenciário

Ramo do direito social

Ramo do direito público (Corrente


tradicionalista)

Autonomia do Direito Previdenciário

Decorre da existência de princípios jurídicos próprios

A CF/88, através dos art. 6º e 7º, separou Previdência


e Trabalho, dando vida autônoma a cada segmento
jurídico

11
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca da legislação previdenciária, especialmente no que se refere à sua autonomia, assinale a alternativa
incorreta.
a) O direito previdenciário é classificado como ramo do direito público, tendo reconhecida, pela doutrina
majoritária, sua autonomia didática em relação a outros ramos do direito.
b) O Direito Previdenciário, segundo os doutrinadores mais atuais, enquadra-se como ramo do direito social,
enquanto a corrente tradicionalista classifica como ramo do direito público, voltada para o estudo e a
regulamentação da Seguridade Social.
c) A teoria monista dispõe haver plena autonomia do direito previdenciário, sem qualquer interferência do
direito trabalhista.
d) O direito do trabalho situa-se no campo do direito privado, enquanto o direito previdenciário possui
natureza jurídica de direito público, pois a relação entre as partes estabelece-se por força da lei e não por
suas vontades.

COMENTÁRIOS:
a) O direito previdenciário é classificado como ramo do direito público, tendo reconhecida, pela doutrina
majoritária, sua autonomia didática em relação a outros ramos do direito.
A assertiva está CORRETA. O direito previdenciário é um ramo didaticamente autônomo do direito público,
uma vez que possui métodos, objeto e princípios jurídicos próprios, além de leis específicas e divisão interna.

b) O Direito Previdenciário, segundo os doutrinadores mais atuais, enquadra-se como ramo do direito social,
enquanto a corrente tradicionalista classifica como ramo do direito público, voltada para o estudo e a
regulamentação da Seguridade Social.
A assertiva está CORRETA. Evidentemente, o direito previdenciário nunca será direito privado, já que, na
relação jurídico-securitária, há a participação do Estado, dotado de seu poder de império, determinando a
filiação compulsória ao sistema e exigindo o pagamento de contribuições.

c) A teoria monista dispõe haver plena autonomia do direito previdenciário, sem qualquer interferência do
direito trabalhista.
A assertiva está INCORRETA. A teoria monista diz que o direito previdenciário está inserido no direito do
trabalho. A teoria que dispõe haver plena autonomia do direito previdenciário, sem qualquer interferência
do direito trabalhista, é a teoria dualista.

d) O direito do trabalho situa-se no campo do direito privado, enquanto o direito previdenciário possui
natureza jurídica de direito público, pois a relação entre as partes estabelece-se por força da lei e não por
suas vontades.
A assertiva está CORRETA. Como já vimos, enquanto o direito do trabalho situa-se no campo do direito
privado, o direito previdenciário possui natureza jurídica de direito público.

12
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Gabarito: C

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA

1 – Competência para Legislar sobre Seguridade Social e


Previdência Social

Conforme previsão constitucional, compete privativamente à União legislar sobre questões relacionadas a
seguridade social. Contudo, lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas relacionadas à Seguridade Social.

Ademais, compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre previdência
social.

Nos casos de legislação concorrente entre União, Estados e Distrito Federal, a competência da União limitar-
se-á a estabelecer normas gerais.

Outrossim, a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.

Caso inexista lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para
atender a suas peculiaridades. No entanto, a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspenderá
a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

Segue abaixo as respectivas normas constitucionais que tratam da competência legislativa previdenciária:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


(...)
XXIII - seguridade social;
(...)
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo.
_______________________

13
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre: (...)
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
(...)
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a
estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual,
no que lhe for contrário.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Com relação à competência legislativa, assinale a alternativa correta.
a) Lei complementar editada pela União poderá autorizar os estados e o DF a legislar sobre questões
específicas relacionadas à seguridade social.
b) Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre questões
relacionadas a seguridade social.
c) Compete privativamente à União legislar sobre questões relacionadas a previdência social.
d) A competência da União para legislar sobre normas gerais exclui a competência suplementar dos Estados.

COMENTÁRIOS:
a) Lei complementar editada pela União poderá autorizar os estados e o DF a legislar sobre questões
específicas relacionadas à seguridade social.
A assertiva está CORRETA. Nos termos do parágrafo único, do art. 22 da CF/88, lei complementar poderá
autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas a Seguridade Social.

b) Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre questões
relacionadas a seguridade social.
A assertiva está INCORRETA. Compete privativamente à União legislar sobre questões relacionadas a
seguridade social.

c) Compete privativamente à União legislar sobre questões relacionadas a previdência social.


A assertiva está INCORRETA. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre previdência social.

14
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

d) A competência da União para legislar sobre normas gerais exclui a competência suplementar dos Estados.
A assertiva está INCORRETA. A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.

Gabarito: A

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca dos regimes de previdência social, assinale a alternativa incorreta.
a) Nos casos de legislação concorrente entre União, Estados e Distrito Federal, a competência da União
limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
b) A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos
Estados.
c) Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para
atender a suas peculiaridades
d) Compete privativamente à União legislar sobre previdência social, sendo, portanto, vedado aos estados e
ao Distrito Federal legislar sobre essa matéria.

COMENTÁRIOS:
a) Nos casos de legislação concorrente entre União, Estados e Distrito Federal, a competência da União
limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
A assertiva está CORRETA, nos termos do art. 24, § 1º, da CF/88.

b) A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos
Estados.
A assertiva está CORRETA, nos termos do art. 24, § 2º, da CF/88.

c) Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para
atender a suas peculiaridades
A assertiva está CORRETA, nos termos do art. 24, § 3º, da CF/88.

d) Compete privativamente à União legislar sobre previdência social, sendo, portanto, vedado aos estados e
ao Distrito Federal legislar sobre essa matéria.
A assertiva está INCORRETA. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre previdência social, nos termos do art. 24, XII, da CF/88.

15
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Gabarito: D

APLICAÇÃO DAS NORMAS PREVIDENCIÁRIAS

1 - Introdução

Neste capítulo que se inicia, referente à aplicação das normas previdenciárias, vamos estudar:

• Vigência: diz respeito à existência jurídica da norma em determinado momento;


• Interpretação: busca o sentido e o alcance das normas jurídicas;
• Integração: preenchimento de lacunas no ordenamento jurídico; e
• Hierarquia: é a graduação de autoridade das normas.

Aplicação das Normas


Previdenciárias

Vigência Hierarquia Interpretação Integração

2 - Vigência

A vigência é a propriedade das regras jurídicas que estão prontas para produzir seus efeitos. É uma
característica da norma que indica o lapso de tempo no qual a conduta por esta prescrita é exigível. Em
outras palavras, a vigência indica o período no qual as normas jurídicas têm efeito, bem como diz respeito à
sua existência jurídica em determinado momento.

Não devemos confundir vigência, validade e eficácia, pois possuem conceitos jurídicos distintos, senão
vejamos:

Validade: a validade de uma norma significa, apenas, que ela está integrada ao ordenamento jurídico, ou
seja, pertence ao conjunto das normas jurídicas.

Vigência: é a propriedade das regras jurídicas que estão prontas para produzir seus efeitos.

Eficácia: diz respeito à possibilidade concreta de produção de efeitos.

16
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Obs.: A vigência é requisito necessário para a eficácia da lei, mas tais conceitos não podem ser
confundidos.

Para exemplificar, podemos citar uma lei publicada dia 15 de agosto de 2018, aumentando uma contribuição
previdenciária de 11% para 14%, cuja lei tenha fixado o início da sua vigência em 01 de setembro de 2018.
Assim sendo, no dia 15/08/2018 a lei já é válida, porém ainda não está vigente.

No dia 01 de setembro de 2018 a lei estará válida e vigente, porém ainda não estará eficaz, uma vez que,
para tornar-se eficaz e produzir seus efeitos, a lei que aumenta contribuição de Seguridade Social deverá
respeitar a anterioridade nonagesimal (conhecida também por anterioridade mitigada ou noventena),
somente podendo ser exigida após 90 dias contados da data da publicação da lei. Após os 90 dias contados
da publicação da lei, esta lei terá sua eficácia, além de válida (desde a publicação em 15/08/2018) e vigente
(desde 01/09/2018, conforme previsto na própria lei)

ATENÇÃO: Para esta lei ser eficaz, não são contados 90 dias da vigência, mas sim contados da publicação
da lei.

Geralmente, uma norma entra em vigor no momento de publicação do texto legal que a veicula. No entanto,
pode ser estabelecido no próprio texto legislativo que a norma só passará a viger após certo período de
tempo, contado a partir da sua publicação. Tal período é denominado “vacatio legis”.

No exemplo acima, a “vacatio legis” é o período compreendido entre a publicação da lei, em 15/08/2018 e
sua vigência, em 01/09/2018.

Convém lembrar que a Lei de Introdução às Normas do Direito (LINDB), de 1942, estabelece, em seu artigo
1º, que:

“Art. 1º. Salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e
cinco dias depois de oficialmente publicada”.

Podemos concluir, portanto, que uma lei pode não especificar o seu período de vacância, que então será de
45 dias após oficialmente publicada.

Em relação ao prazo de vigência temos, portanto, algumas situações possíveis abaixo exemplificadas:

• Situação 1: “Esta lei entra em vigor na data de sua publicação”. Neste caso, a vigência é imediata, na
data da publicação;
• Situação 2: “Esta lei entra em vigor no dia 25/09/2018” (data hipotética). Neste caso, a própria lei
determina quando será o início da vigência;
• Situação 3: “Esta lei entra em vigor no primeiro dia do segundo mês subsequente à sua publicação”.
Neste caso, a lei determina uma regra para a apuração da data de início da vigência;

17
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Situação 4: A lei nada diz a respeito da vigência. Neste caso, devemos utilizar a regra de vigência
prevista no art. 1º da LINDB: “Salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país
quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada”

Vigência

Diz respeito à sua existência jurídica em determinando


momento

É requisito necessário para a eficácia da lei

Normalmente a lei começa a vigorar em todo o país na data


nela prevista ou, não havendo disposição em contrário, 45
dias depois de publicada oficialmente (art. 1º da LINDB).

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca da legislação previdenciária, especialmente no que se refere a sua vigência, assinale a alternativa
correta.
a) Validade jurídica, vigência e eficácia são sinônimos dentro do Direito Previdenciário.
b) A vigência da lei de natureza previdenciária segue a regulamentação da Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro - LINDB, de modo que, salvo disposição contrária, entra em vigor quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.
c) Vacatio legis é o período compreendido entre a assinatura da lei e sua publicação.
d) Salvo disposição em contrário, a lei previdenciária começa a vigorar em todo o país noventa dias depois
de oficialmente publicada.

COMENTÁRIOS:
a) Validade jurídica, vigência e eficácia são sinônimos dentro do Direito Previdenciário.
A assertiva está INCORRETA. A validade de uma norma significa, apenas, que ela está integrada ao
ordenamento jurídico, ou seja, pertence ao conjunto das normas jurídicas. A vigência é a propriedade das
regras jurídicas que estão prontas para produzir seus efeitos. A eficácia diz respeito à concreta possibilidade
de já produzir seus efeitos. Podemos ter, por exemplo, uma norma vigente, mas ainda sem eficácia, pois está
cumprindo a anterioridade nonagesimal (noventena das contribuições previdenciárias).

b) A vigência da lei de natureza previdenciária segue a regulamentação da Lei de Introdução às Normas do


Direito Brasileiro - LINDB, de modo que, salvo disposição contrária, entra em vigor quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.
A assertiva está CORRETA, nos termos do artigo 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito (LINDB).

18
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

c) Vacatio legis é o período compreendido entre a assinatura da lei e sua publicação.


A assertiva está INCORRETA. A “vacatio legis” é o período compreendido entre a publicação da lei e sua
vigência.
d) Salvo disposição em contrário, a lei previdenciária começa a vigorar em todo o país noventa dias depois
de oficialmente publicada.
A assertiva está INCORRETA. Segundo o art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - LINDB,
salvo quando houver disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois
de oficialmente publicada.
Gabarito: B

3 - Interpretação

Interpretação é a parte da ciência jurídica que estuda os métodos e processos lógicos que objetivam definir
o conteúdo, sentido e o alcance das normas jurídicas.

Não devemos, contudo, confundir enunciado normativo com norma jurídica.

No Direito Previdenciário o enunciado normativo é o texto “seco” da legislação previdenciária, dissociado


dos fatos sociais e interpretativos. São apenas palavras reunidas.

Já a norma jurídica é o texto legal interpretado, dotada de carga criativa do intérprete, diferentemente do
caráter geral e abstrato que marca o enunciado normativo.

A interpretação decorre, portanto, da análise da norma jurídica, para permitir sua aplicação ao caso
concreto.

Toda lei está sujeita a interpretação, não apenas leis obscuras e ambíguas.

A ciência da interpretação das leis é denominada hermenêutica jurídica e, como toda ciência, tem seus
métodos.

Assim sendo, buscando extrair o preciso alcance, conteúdo e sentido da norma, a doutrina propõe diversos
critérios interpretativos, por meio de modelos, elementos e técnicas, conforme abaixo enumerados:

Interpretação quanto ao meio

19
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Interpretação gramatical ou literal (também conhecida como interpretação semântica, textual ou


verbal);
• Interpretação finalística ou teleológica;
• Interpretação sistemática;
• Interpretação histórica;
• Interpretação lógica.

Interpretação quanto à origem (quanto à fonte)


• Interpretação legislativa ou autêntica;
• Interpretação judicial;
• Interpretação administrativa;
• Interpretação doutrinária.

Interpretação quanto à finalidade (efeitos ou resultados)


• Interpretação declaratória
• Interpretação extensiva
• Interpretação restritiva

20
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Gramatical / Literal

Finalística / Teleológica

Quanto ao Meio Sistemática

Histórica

Lógica

Legislativa / Autêntica

Interpretação (sentido e
alcance das normas Judicial
jurídicas)
Quanto à Origem (fonte)

Administrativa

Doutrinária

Declaratória

Quanto à Finalidade
Extensiva
(Efeitos ou Resultados)

Restritiva

21
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

3.1 - Interpretação quanto ao meio

• Interpretação gramatical ou literal

Nesta técnica interpretativa busca-se o sentido da lei mediante a análise do significado das palavras
utilizadas pelo legislador, levando-se em conta exclusivamente o rigoroso significado literal das
palavras constantes do texto legal, sem considerar outros valores interpretativos.

Por tratar-se de um método muito restrito, não deve, salvo disposição em contrário, ser utilizada
isoladamente.

Gramatical / Literal

Busca-se o sentido da lei mediante a análise do significado das palavras


utilizadas pelo legislador

Método bastante restrito

Não deve ser utilizado isoladamente.

• Interpretação finalística ou teleológica

Nesta técnica interpretativa busca-se o fim almejado pelo legislador, ou seja, o intérprete busca o
sentido da norma por meio do entendimento da finalidade de sua inserção no ordenamento jurídico
e por meio dos valores por ela tutelados.

Finalística ou Teleológica

Busca-se o fim almejado pelo legislador

É o objetivo a ser atingido com o dispositivo legal

• Interpretação sistemática

Nesta técnica interpretativa a norma é analisada como parte de um sistema jurídico na qual está
inserida, uma vez que a lei não existe isoladamente, devendo ser interpretada em conjunto e de

22
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

forma compatível com outros diplomas legais do ordenamento jurídico e com os princípios de direito
envolvidos.

Deve-se buscar harmonia e unicidade, característicos do ordenamento jurídico brasileiro, evitando


contradições.

Sistemática

Interpretação em conjunto e compatível com outros diplomas legais do


ordenamento jurídico e com os princípios de direito envolvidos.

• Interpretação histórica

Por meio desta técnica interpretativa o intérprete deve levar em consideração os antecedentes
normativos e históricos, tais como circunstâncias políticas, sociais, econômicas e culturais presentes
no momento da edição da norma, mediante a análise contextual dos interesses da época.

Histórica

Análise do momento histórico da aprovação

Busca-se o sentido da lei mediante a análise contextual dos interesses da


época

• Interpretação lógica

Nesta técnica interpretativa busca-se o sentido e alcance da norma levando-se em conta a


compatibilidade e concordâncias por meio de raciocínios e conclusões lógicas.

Lógica

Leva-se em conta a compatibilidade e concordâncias por meio de


raciocínios e conclusões lógicas

23
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

3.2 - Interpretação quanto à origem (fonte)

• Interpretação legislativa ou autêntica

A interpretação é denominada autêntica quando é realizada pela mesma autoridade responsável pela
elaboração da lei que se pretenda interpretar.

Tal interpretação pode ser realizada:

a) no texto da própria lei interpretada, quando determinados conceitos e esclarecimentos


interpretativos são definidos no corpo na mesma lei;
b) poderá ser elaborada nova lei para dirimir dúvidas sobre lei já existente.

Legislativa ou Autêntica

Realizada pelo próprio legislador, quando traz esclarecimentos


interpretativos na própria lei ou elabora nova lei para dirimir
dúvidas sobre lei já existente.

• Interpretação judicial

A interpretação é denominada judicial quando for efetivada pelos órgãos do Poder Judiciário (juízes
e tribunais), no exercício da jurisdição, ao analisarem os processos que lhes são submetidos.

Não devemos confundir interpretação judicial com jurisprudência. A decisão de um juiz é fruto de
sua interpretação judicial. No entanto, para falarmos em jurisprudência, é necessário que diversas
decisões se reiterem no mesmo sentido.

Judicial

É efetivada pelos órgãos do pode judiciário, no exercício da


jurisdição, ao analisarem os processos que lhes são submetidos.

• Interpretação administrativa

A interpretação é denominada administrativa quando é realizada pela administração pública, no


exercício de sua função administrativa.

A administração interpreta a lei por meio de atos gerais e abstratos (atos administrativos gerais sem
analisar casos concretos) ou por meio de atos individuais e concretos (atos administrativos
específicos, aplicáveis a casos concretos).

24
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Administrativa

É realizada pela administração pública, no exercício de sua função


administrativa.

• Interpretação doutrinária

A interpretação é denominada doutrinária quando é fruto do trabalho dos estudiosos do direito, ao


analisar didaticamente as normas jurídicas.

Tal técnica interpretativa não é de observância obrigatória, mas é uma importante ferramenta para
que o legislador, juízes e autoridades administrativas fundamentem suas conclusões e
posicionamentos.

Doutrinária

A interpretação é denominada doutrinária quando é fruto do trabalho


dos estudiosos do direito (doutrinadores), ao analisar didaticamente as
normas jurídicas.

Não é de observância obrigatória.

3.3 - Interpretação quanto à finalidade (efeitos ou resultados)

• Interpretação declaratória

Na interpretação declaratória o intérprete, após utilizar-se dos critérios já estudados de


interpretação, conclui que há coincidência entre o que o legislador pretendia dizer e o que
efetivamente ficou disposto no texto legal, dispensando qualquer correção interpretativa do alcance
normativo.

Declaratória

O intérprete conclui que há coincidência entre o que o legislador


pretendia dizer e o que efetivamente ficou disposto no texto
legal, dispensando qualquer correção interpretativa do alcance
normativo.

25
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Interpretação extensiva ou ampla

A interpretação extensiva ocorre quando o legislador diz no enunciado normativo menos do que
pretendia, deixando de abranger situações que deveriam estar contempladas, sendo necessário,
neste caso, ampliar o alcance da norma, alcançado por meio da interpretação extensiva situações
que o legislador originalmente pretendia contemplar.

Extensiva (ampla)

É usada quando o legislador diz menos do que queria e devia,


deixando de abranger situações que deveriam estar
contempladas.

• Interpretação restritiva ou limitativa

A interpretação restritiva ocorre quando o legislador diz no enunciado normativo mais do que
pretendia, abrangendo situações que não deveriam estar contempladas, sendo necessário, neste
caso, restringir o alcance da norma interpretada, alcançado apenas as situações que o legislador
originalmente pretendia contemplar.

Restritiva (limitativa)

É usada quando o legislador diz mais do que queria e devia,


atingindo situações não previstas e indesejadas.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca da interpretação da legislação previdenciária, assinale a alternativa correta.
a) Interpretação é a parte da ciência jurídica que estuda os métodos e processos lógicos que objetivam
definir o conteúdo, sentido e o alcance das normas jurídicas, aplicando-se nos casos de ausência de norma
expressa e específica para o caso.
b) A interpretação é denominada autêntica quando se busca o sentido e alcance da norma levando-se em
conta a compatibilidade e concordâncias por meio de raciocínios e conclusões lógicas.
c) Ao se utilizar do método de interpretação teleológico o intérprete busca compatibilizar o texto legal a ser
interpretado com as demais normas que compõem o ordenamento jurídico, visualizando a lei objeto de
interpretação como parte de um todo.
d) Na interpretação declaratória o intérprete, após utilizar-se dos critérios já estudados de interpretação,
conclui que há coincidência entre o que o legislador pretendia dizer e o que efetivamente ficou disposto no
texto legal, dispensando qualquer correção interpretativa do alcance normativo.

26
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

COMENTÁRIOS:
a) Interpretação é a parte da ciência jurídica que estuda os métodos e processos lógicos que objetivam
definir o conteúdo, sentido e o alcance das normas jurídicas, aplicando-se nos casos de ausência de norma
expressa e específica para o caso.
A assertiva está INCORRETA. A interpretação da norma pressupõe a existência de uma norma expressa e
específica para o caso, cujo objetivo é definir o conteúdo, o sentido e o alcance dessas normas jurídicas.

b) A interpretação é denominada autêntica quando se busca o sentido e alcance da norma levando-se em


conta a compatibilidade e concordâncias por meio de raciocínios e conclusões lógicas.
A assertiva está INCORRETA. A interpretação é denominada autêntica quando é realizada pela mesma
autoridade responsável pela elaboração da lei que se pretenda interpretar. A interpretação dada pela
assertiva é a interpretação lógica.

c) Ao se utilizar do método de interpretação teleológico o intérprete busca compatibilizar o texto legal a ser
interpretado com as demais normas que compõem o ordenamento jurídico, visualizando a lei objeto de
interpretação como parte de um todo.
A assertiva está INCORRETA. Na interpretação finalística ou teleológica busca-se o fim almejado pelo
legislador, ou seja, o intérprete busca o sentido da norma por meio do entendimento da finalidade de sua
inserção no ordenamento jurídico e por meio dos valores por ela tutelados. A situação apresentada na
assertiva é a interpretação sistemática.

d) Na interpretação declaratória o intérprete, após utilizar-se dos critérios já estudados de interpretação,


conclui que há coincidência entre o que o legislador pretendia dizer e o que efetivamente ficou disposto no
texto legal, dispensando qualquer correção interpretativa do alcance normativo.
A assertiva está CORRETA. Esse é exatamente o conceito de interpretação declaratória, conforme estudado.

Gabarito: D

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca da legislação previdenciária, especialmente no que se refere a sua interpretação, assinale a
alternativa incorreta.
a) Na técnica de interpretação literal ou gramatical busca-se o sentido da lei mediante a análise do significado
das palavras utilizadas pelo legislador, levando-se em conta exclusivamente o rigoroso significado literal das
palavras constantes do texto legal, sem considerar outros valores interpretativos.
b) A interpretação é restritiva ou limitativa quando o legislador diz no enunciado normativo menos do que
pretendia, deixando de abranger situações que deveriam estar contempladas, sendo necessário, neste caso,

27
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

ampliar o alcance da norma, alcançado por meio da interpretação situações que o legislador originalmente
pretendia contemplar.
c) A interpretação é denominada judicial quando for efetivada pelos órgãos do Poder Judiciário, por meio de
juízes e tribunais, no exercício da jurisdição, ao analisarem os processos que lhes são submetidos.
d) Na interpretação declaratória o intérprete, após utilizar-se dos demais critérios de interpretação, conclui
que há coincidência entre o que o legislador pretendia dizer e o que efetivamente ficou disposto no texto
legal, dispensando qualquer correção interpretativa do alcance normativo.

COMENTÁRIOS:
a) Na técnica de interpretação literal ou gramatical busca-se o sentido da lei mediante a análise do significado
das palavras utilizadas pelo legislador, levando-se em conta exclusivamente o rigoroso significado literal das
palavras constantes do texto legal, sem considerar outros valores interpretativos.
A assertiva está CORRETA. Esse é exatamente o conceito de interpretação literal ou gramatical, conforme
estudado.

b) A interpretação é restritiva ou limitativa quando o legislador diz no enunciado normativo menos do que
pretendia, deixando de abranger situações que deveriam estar contempladas, sendo necessário, neste caso,
ampliar o alcance da norma, alcançado por meio da interpretação situações que o legislador originalmente
pretendia contemplar.
A assertiva está INCORRETA. A interpretação restritiva ou limitativa ocorre quando o legislador diz no
enunciado normativo mais do que pretendia, abrangendo situações que não deveriam estar contempladas,
sendo necessário, neste caso, restringir o alcance da norma interpretada, alcançado apenas as situações que
o legislador originalmente pretendia contemplar. A situação apresentada na assertiva é a interpretação
extensiva.

c) A interpretação é denominada judicial quando for efetivada pelos órgãos do Poder Judiciário, por meio de
juízes e tribunais, no exercício da jurisdição, ao analisarem os processos que lhes são submetidos.
A assertiva está CORRETA. Esse é exatamente o conceito de interpretação judicial, conforme estudado.

d) Na interpretação declaratória o intérprete, após utilizar-se dos demais critérios de interpretação, conclui
que há coincidência entre o que o legislador pretendia dizer e o que efetivamente ficou disposto no texto
legal, dispensando qualquer correção interpretativa do alcance normativo.
A assertiva está CORRETA. Esse é exatamente o conceito de interpretação declaratória, conforme estudado.
Gabarito: B

28
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

4 - Integração

Como vimos, interpretar é buscar o conteúdo e o alcance de determinada norma jurídica. Ou seja, quando
utilizamos as técnicas de interpretação, estamos diante a norma jurídica existe, cabendo apenas interpretá-
la.

Entretanto, pode ocorrer de não existir no sistema jurídico uma norma para a situação que se apresente
para resolver. Neste caso, a interpretação torna-se prejudicada, pois não norma alguma a se interpretar,
uma vez que estamos diante de lacunas normativas, ou seja, situações não disciplinadas por lei, mas que
precisam de uma solução a ser dada pelo direito. Neste caso, o aplicador da lei utiliza-se das técnicas de
integração da legislação, para garantir a plenitude do direito.

Em resumo, podemos distinguir a interpretação da integração conforme segue:

Interpretação: Pressupõe a existência de uma norma expressa e específica para o caso.

Integração: Aplica-se nos casos de ausência de norma expressa e específica para o caso.

Pelo princípio da plenitude do direito, o juiz está proibido de deixar de decidir os litígios a ele submetidos
sob a alegação de que não existe lei disciplinando a matéria, pois, nestes casos, deverá utilizar as técnicas
de integração, conforme previsto em nosso ordenamento jurídico.

Integrar, portanto, significa preencher as lacunas da lei. Assim sendo, o intérprete fica autorizado a suprir
tais lacunas existentes na norma por meio da utilização de técnicas integrativas.

A regra geral básica para solucionar o problema das lacunas no direito brasileiro está prevista no art. 4º da
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - LINDB, conforme segue:

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.
(grifos nossos)

Segue abaixo relação com as técnicas de integração previstas na LINDB:


• Analogia;
• Costumes; e

29
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Princípios Gerais do Direito

No entanto, tratando-se de contribuições previdenciárias, que são espécies tributárias, a solução do


problema das lacunas deve seguir uma regra mais específica, e que deve prevalecer, prevista no art. 108 do
Código Tributário Nacional – CTN, abaixo transcrito:

Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a


legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:
I - a analogia;
II - os princípios gerais de direito tributário;
III - os princípios gerais de direito público;
IV - a equidade.
§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em
lei.
§ 2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo
devido.
Segue abaixo relação com as técnicas de integração previstas no CTN:
• a analogia;
• os princípios gerais de direito tributário;
• os princípios gerais de direito público; e
• a equidade.
A doutrina previdenciária tem adotado, outrossim, técnicas de integração mais específicas para a Seguridade
Social, como segue:
• a analogia;
• os princípios gerais da Seguridade Social;
• os princípios gerais de direito; e
• a equidade.
Vamos conceituar e analisar cada uma das técnicas de integração previstas na legislação previdenciária, na
doutrina e na jurisprudência:

30
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Analogia

Princípios Gerais da
Seguridade Social
Ferramentas para a
integração
Princípios Gerais do
Direito

Equidade

Segundo o art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), “quando a lei
for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito”

Juiz não pode abster-se de julgar alegando a inexistência de norma sobre determinado
assunto. Tem que usar recursos integrativos.

4.1 - Analogia

Pela analogia, a lacuna deverá ser preenchida buscando-se solução para casos semelhantes no ordenamento
jurídico, para os quais exista norma jurídica. Pelo conceito de analogia, casos parecidos devem ser julgados
de maneira semelhante.

O uso da analogia, nos termos do § 1º do art. 108 do CTN, não poderá resultar na exigência de uma
contribuição previdenciária não previsto em lei.

A utilização da analogia tem por fundamento o princípio da isonomia, pois em casos semelhantes devem-se
aplicar soluções análogas.

31
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Analogia

Baseia-se em situações similares existentes no ordenamento


jurídico.

4.2 - Princípios Gerais da Seguridade Social

Não preenchida a lacuna por meio da analogia, deve o responsável pela aplicação da legislação
previdenciária recorrer-se dos Princípios Gerais da Seguridade Social.

Tais princípios estão previstos na Constituição Federal, mais exatamente nos artigos 194 a 204.

Princípios Gerais da Seguridade Social

Não preenchida a lacuna por meio da analogia, deverá o


intérprete buscar a solução nos princípios gerais da Seguridade
Social, que se encontram nos artigos 194 a 204 da Constituição
Federal.

4.3 - Princípios Gerais do Direito

Não preenchida a lacuna por meio da analogia nem tampouco por meio dos princípios gerais da Seguridade
Social, deve o responsável pela aplicação da legislação previdenciária recorrer-se dos Princípios Gerais do
Direito.

Princípios Gerais do Direito são ideias basilares e fundamentais do direito, que lhe dão apoio e coerência,
fornecendo as principais diretrizes do ordenamento jurídico. Trata-se de enunciações normativas de valor
genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico em sua aplicação e
integração ou mesmo para a elaboração de novas normas. São considerados, por muitos autores, como
sendo os alicerces do ordenamento jurídico.

Trago, também, uma das melhores definições do conceito de princípios, extraída dos ensinamentos de Celso
Antônio Bandeira de Mello:

“Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição
fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para
a sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema
normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que
preside a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico
positivo”

32
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Princípios Gerais do Direito

Fornecem as diretrizes principais do ordenamento jurídico


brasileiro.

4.4 - Equidade

Caso nenhuma das técnicas anteriores preencha a lacuna normativa, a autoridade responsável pela
aplicação da legislação previdenciária se utilizará da equidade, procurando dar a solução mais justa, por meio
da humanização da aplicação normativa.

Quando decide por equidade, o juiz aplicará a norma que estabeleceria se fosse o legislador, com o mais
amplo senso de justiça.

Neste caso, a decisão é carregada de um amplo grau de discricionariedade para preencher a lacuna,
adequando o ordenamento jurídico, na falta de norma específica, às especificidades apresentadas no caso
concreto, decidindo da forma que entenda ser a mais justa.

O uso da equidade, nos termos do § 2º do art. 108 do CTN, não poderá resultar na dispensa de pagamento
de uma contribuição previdenciária devida.

Equidade

É o sentimento do justo. É o recurso intuitivo das exigências da


justiça, em caso de omissão normativa.

4.5 - Costumes

Nos termos do art. 4º da LINDB, quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.

Considera-se costume a prática reiterada no tempo que se subtende obrigatória. A isso chamamos
juridicamente de costume, havendo a presença de dois elementos que o compõem:

• elemento objetivo (reiteração no tempo); e


• elemento subjetivo (obrigatoriedade social).

Preenchidos esses dois requisitos (reiteração no tempo e obrigatoriedade social), podemos dizer, então, que
temos um costume dentro de uma sociedade politicamente organizada. Aliás, as regulações jurídicas, no seu
nascedouro, eram tipicamente consuetudinárias (baseadas nos costumes). Com o passar dos tempos, a lei

33
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

foi assumindo o papel de destaque e os costumes se tornaram secundários nas resoluções dos conflitos
sociais.

No ordenamento jurídico brasileiro é vedada a revogação da lei pelos costumes, seja na hipótese de provocar
o seu desuso, seja no caso de ser contrário à lei.

Costumes

Baseia-se nas práticas reiteradas, de longa data, pela sociedade e


aceitas como corretas.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca da integração da legislação previdenciária, assinale a alternativa correta.
a) Integrar significa preencher as lacunas da lei, definindo o conteúdo, sentido e o alcance das normas
jurídicas, quando há norma expressa e específica para o caso.
b) Pela integração por meio de equidade, a lacuna deverá ser preenchida buscando-se solução para casos
semelhantes no ordenamento jurídico, para os quais exista norma jurídica.
c) Não preenchida a lacuna por meio da analogia, deve o responsável pela aplicação da legislação
previdenciária recorrer-se dos Princípios Gerais da Seguridade Social.
d) Considera-se analogia a técnica de integração decorrente da prática reiterada no tempo que se subtende
obrigatória.

COMENTÁRIOS:
a) Integrar significa preencher as lacunas da lei, definindo o conteúdo, sentido e o alcance das normas
jurídicas, quando há norma expressa e específica para o caso.
A assertiva está INCORRETA. A técnica utilizada para definição do conteúdo, sentido e o alcance das normas
jurídicas, quando há norma expressa e específica para o caso, é e interpretação (e não a integração).

b) Pela integração por meio de equidade, a lacuna deverá ser preenchida buscando-se solução para casos
semelhantes no ordenamento jurídico, para os quais exista norma jurídica.
A assertiva está INCORRETA. A lacuna normativa deverá ser preenchida buscando-se solução para casos
semelhantes no ordenamento jurídico, para os quais exista norma jurídica, pela técnica da analogia (e não
equidade). Caso nenhuma das técnicas preencha a lacuna normativa, a autoridade responsável pela
aplicação da legislação previdenciária se utilizará da equidade, procurando dar a solução mais justa, por meio
da humanização da aplicação normativa.

c) Não preenchida a lacuna por meio da analogia, deve o responsável pela aplicação da legislação
previdenciária recorrer-se dos Princípios Gerais da Seguridade Social.

34
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

A assertiva está CORRETA, conforme estudado.

d) Considera-se analogia a técnica de integração decorrente da prática reiterada no tempo que se subtende
obrigatória.
A assertiva está INCORRETA. Considera-se costumes (e não analogia) a técnica de integração decorrente da
prática reiterada no tempo que se subtende obrigatória.

Gabarito: D

5 - Hierarquia

As normas que compõem o ordenamento jurídico brasileiro guardam hierarquia entre si, ou seja, existem
normas superiores que devem ser respeitadas pelas normas inferiores.

Em se tratando de conflitos positivos (mais de uma norma sobre o assunto), temos as seguintes regras
básicas de solução de antinomias (contradição entre duas leis):

• a norma de hierarquia superior prevalece sobre a norma de hierarquia inferior;


• a norma posterior prevalece sobre a mais antiga;
• a lei especial prevalece sobre a lei geral (critério da especialidade).

Portanto, quanto da aplicação da lei, deve-se seguir uma hierarquia, ou seja, as leis de menor grau devem
obedecer às de maior grau.

• No topo da hierarquia temos as normas constitucionais originais ou reformadoras.


• Seguem-se as leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, as medidas provisórias e os
decretos legislativos que internalizam, no direito brasileiro, as convenções, tratados e acordos
internacionais firmados pelo Brasil.
• Logo abaixo estão, como norma infralegal, as normas regulamentares de âmbito administrativo.
Assim, os decretos expedidos pelo Presidente da República (art. 84, IV, da CF/88), as resoluções, as
portarias, as instruções normativas, as ordens de serviço e os pareceres normativos são aceitos como
fontes formais, na medida em que observem as normas de hierarquia superior, uma vez que estes
atos se destinam a trazer concretude para a norma legal, orientando a forma de proceder da própria
administração.

35
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Como se constata, há uma evidente hierarquia entre as fontes. O ordenamento jurídico nacional caracteriza
as normas em categorias, quanto à hierarquia, da seguinte forma:

5.1 - Normas Constitucionais:

• Constituição Federal;
• Emendas Constitucionais.
• Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros são
equivalentes a emendas constitucionais, nos termos do § 3º do art. 5º da CF/88.

As normas constitucionais são as normas mais importantes do ordenamento jurídico nacional. Por tal razão,
um dos princípios pertinentes à Constituição Federal é o princípio da supremacia Constitucional.

5.2 - Normas Infraconstitucionais:

• Normas Supralegais;
• Normas Legais; e
• Normas Infralegais.

Normas Supralegais: são os tratados internacionais de direitos humanos aprovados pelo procedimento
ordinário. Esses Tratados, conforme dispõe o STF, estão acima de todas as leis e a abaixo da Constituição e
suas emendas.

Normas Legais:

• Leis Complementares;
• Leis Ordinárias;
• Leis Delegadas;
• Medidas Provisórias;
• Decretos Legislativos;
• Resoluções da Câmara dos Deputados;
• Resoluções do Senado Federal; e
• Tratados internacionais que não versarem sobre direitos humanos serão equivalentes às leis
ordinárias (não podendo, portanto, disciplinar matéria reservada a lei complementar).

Caso as normas legais deixem de respeitar a Constituição, as Emendas Constitucionais ou as Normas


Supralegais, deverão ser declaradas inconstitucionais ou ilegais.

Normas Infralegais: são assim divididas:

• Decretos;
• Portarias;
• Instruções Normativas;
• Ordens de Serviço;
• outros atos administrativos.

36
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Esses atos estão no patamar mais baixo da hierarquia normativa. Caso as normas infralegais deixem de
respeitar as Normas Constitucionais, as Normas Supralegais ou as Normas Legais, deverão ser declaradas
inconstitucionais ou ilegais.

A legislação previdenciária é submetida a esta mesma hierarquia estudada, prevalecendo as normas


constitucionais em detrimento das legais e estas, em detrimento das normas complementares (apesar de
haver divergência doutrinária sobre a hierarquia entre leis complementares e leis ordinárias). A princípio,
não há hierarquia entre as duas leis básicas da previdência (Leis nº 8.212/91 e nº 8.213/91), cabendo
algumas regras de preferência em caso de conflitos de normas, como, por exemplo:

• prevalência da norma específica sobre a genérica; e


• in dubio pro misero.

Ainda dentro da legislação previdenciária, vejamos o que está disposto no art. 85-A da lei 8.212/91:

Art. 85-A. Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado


estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre
matéria previdenciária, serão interpretados como lei especial.

Como podemos observar, os tratados, convenções e outros acordos internacionais que versem sobre
matéria previdenciária serão considerados como lei especial e não lei geral. Assim, pelo critério da
especialidade, havendo conflito entre lei interna e um tratado que trade de matéria previdenciária, deverá
prevalecer a norma especial (tratado) sobre a norma geral (lei interna).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula. Estudamos nessa aula conteúdo, fontes e autonomia da legislação
previdenciária, bem como competência legislativa, vigência, hierarquia, interpretação e integração nas
normas previdenciárias.

São assuntos importantes e essenciais para o entendimento do Direito Previdenciário.

Aguardo vocês em nossa próxima aula!

Um forte abraço e bons estudos a todos!

Rubens Maurício

37
oab.estrategia.com |
37
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

1
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Sumário

Considerações Iniciais ............................................................................................................................................................... 4

Regimes Previdenciários .......................................................................................................................................................... 4

1 - Introdução ........................................................................................................................................................................... 4

2 - Regime Geral de Previdência Social - RGPS ........................................................................................................... 6

3 - Regime Próprio de Previdência Social – RPPS ...................................................................................................... 9

4 - Regime de Previdência Complementar ................................................................................................................ 11

Filiação e Inscrição .................................................................................................................................................................. 12

1 - Filiação .............................................................................................................................................................................. 12

2 - Inscrição............................................................................................................................................................................ 14

Segurados Obrigatórios - RGPS ........................................................................................................................................... 17

1 - Segurado Empregado .................................................................................................................................................. 18

2 - Empregado Doméstico ................................................................................................................................................ 33

2.1 - Natureza Contínua ................................................................................................................................................ 33

2.2 - Subordinação .......................................................................................................................................................... 34

2.3 - Onerosidade ............................................................................................................................................................ 34

2.4 - Pessoalidade ........................................................................................................................................................... 34

2.5 - Serviço Prestado a Pessoa ou Família ........................................................................................................... 34

2.6 - Âmbito Residencial .............................................................................................................................................. 34

2.7 - Atividades Sem Fins Lucrativos ...................................................................................................................... 35

2.8 - Mais de 2 (dois) dias por semana ................................................................................................................... 35

3 - Trabalhador Avulso ...................................................................................................................................................... 36

4 - Segurado Especial ......................................................................................................................................................... 39

4.1 - Conceito .................................................................................................................................................................... 39

2
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

4.2 - Regime De Economia Familiar ......................................................................................................................... 41

4.3 - Produtor Rural ....................................................................................................................................................... 43

4.4 - Pescador Artesanal............................................................................................................................................... 44

4.5 - Não Descaracterização Da Condição De Segurado Especial ................................................................. 45

4.6 - Membro Do Grupo Familiar Que Possui Outra Fonte De Rendimento............................................. 46

4.7 - Data Da Exclusão Do Segurado Especial ...................................................................................................... 47

4.8 - Comprovação da atividade do Segurado Especial.................................................................................... 50

5 - Contribuinte Individual .............................................................................................................................................. 50

5.1 - Conceito .................................................................................................................................................................... 50

5.2 - Classificação ............................................................................................................................................................ 51

Lista Exemplificativa - Contribuinte Individual .................................................................................................. 66

Segurado Facultativo - RGPS ................................................................................................................................................ 68

1 - Conceito ............................................................................................................................................................................ 68

2 - Lista Exemplificativa – Segurado Facultativo .................................................................................................... 70

Situações Especiais - RGPS ................................................................................................................................................... 73

1 - Dirigente Sindical .......................................................................................................................................................... 73

2 - Aposentado Que Volta A Trabalhar ........................................................................................................................ 73

3 - Trabalhador Que Exerce Mais De Uma Atividade............................................................................................. 73

4 - Enquadramento Realizado Pela Fiscalização ..................................................................................................... 73

5 - Vínculo Empregatício Entre Cônjuges e Companheiros................................................................................. 73

6 - Trabalhadores Excluídos do RGPS ......................................................................................................................... 75

Considerações Finais .............................................................................................................................................................. 79

3
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje estudaremos os seguintes assuntos do Direito Previdenciário que tratam de normas
previdenciárias:

Regimes Previdenciários.

Filiação e inscrição no RGPS.

Segurados obrigatórios. Conceito, características e


abrangência.

Segurado facultativo: conceito, características,


filiação e inscrição.

Trabalhadores excluídos do Regime Geral.

Recomendo uma atenção especial aos tópicos que tratam de segurados obrigatórios e segurado
facultativo. Boa aula!

REGIMES PREVIDENCIÁRIOS

1 - Introdução

Em nosso curso temos, como principal objetivo, o estudo do Regime Geral de Previdência Social – RGPS.
Entretanto, antes de iniciarmos os estudos do RGPS, estudaremos, de forma resumida, algumas
características dos Regimes Previdenciários brasileiros, pois é de fundamental importância
distinguirmos o Regime Geral de Previdência Social – RGPS dos Regimes Próprios de Previdência
Social – RPPS.

A Previdência Social brasileira possui dois regimes básicos e distintos entre si, ambos de filiação
obrigatória, que são o Regime Geral de Previdência Social – RGPS e os Regimes Próprios de
Previdência Social – RPPS dos servidores públicos e militares.

4
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Além dos regimes básicos acima mencionados, há o Regime de Previdência Privada, de caráter
complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social,
facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por
lei complementar, nos termos do art. 202 da CF.

Enquanto o RGPS é único para todo o Brasil, os RPPS existentes foram criados em cada ente
federativo, aplicando-se apenas aos servidores públicos ocupantes de cargos efetivos das
respectivas unidades federadas, incluídas suas autarquias e fundações.

Regime Geral de Previdência Social - RGPS

Regimes Previdenciários Regime Próprio de Previdência Social - RPPS

Regime de Previdência Complementar

Atualmente, no Brasil, já possuem seus respectivos Regimes Próprios de Previdência Social a União,
cada um dos Estados e o Distrito Federal. Alguns Municípios também já instituíram seus Regimes
Próprios de Previdência Social. No entanto, temos ainda diversos municípios brasileiros que não
instituíram seus Regimes Próprios. Neste caso, excepcionalmente, seus servidores serão vinculados ao
RGPS.

Muitos alunos questionam sobre a possibilidade de uma mesma pessoa ser vinculada ao RGPS e ao
RPPS. Vamos objetivamente à resposta: uma vez que determinado servidor público, ocupante de cargo
efetivo, exerça, além desta sua atividade como servidor público, outra atividade remunerada vinculada
ao RGPS, não apenas poderá, mas deverá obrigatoriamente se filiar aos dois regimes
previdenciários. Nesse caso, contribuirá para ambos, podendo, inclusive, se aposentar pelos dois
regimes.

Exemplo: Suponhamos que um Auditor-Fiscal da Receita Federal do


Brasil (que é servidor público federal ocupante de cargo efetivo) dê
aulas à noite numa instituição particular de ensino. Em relação a sua
atividade como Auditor-Fiscal, será obrigatoriamente filiado ao RPPS
da União. Em relação às aulas, será filiado obrigatoriamente ao RGPS.
Poderá, nesse caso, se aposentar pelos dois regimes.

5
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Obs.: É vedada a acumulação de aposentadorias dentro de um mesmo regime previdenciário,


salvo no Regime Próprio de Previdência Social, nas hipóteses de cargos acumuláveis.

Os regimes previdenciários podem ser, do ponto de vista financeiro, de repartição simples ou de


capitalização, conforme segue:

• Sistema previdenciário de repartição simples:

✓ Caracteriza-se pela formação de um fundo único onde são depositadas as contribuições e


distribuídos para quem tiver o direito de recebê-los;
✓ Os recursos arrecadados são utilizados para pagar os benefícios daqueles que necessitam,
de forma solidária;
✓ Na repartição simples prevalece a solidariedade entre os contribuintes, ou seja, o
trabalhador que está ativo contribui para o pagamento daqueles que estão aposentados.
Posteriormente, quando os que hoje estão ativos se aposentarem, o seu benefício será
custeado por quem estiver trabalhando;
✓ Os sistemas públicos de previdência são organizados com base na repartição simples e
tem, como grande vantagem o fato de que, quando a pessoa passa a contribuir, ela já está
protegida pelo Estado, ou seja, se no dia que se filiar ao respectivo sistema, sofrer um
acidente e se tornar incapaz, já receberá a totalidade dos benefícios que tem direito;
✓ Exemplos: RGPS e RPPS.

• Regime previdenciário de capitalização:

✓ Caracteriza-se pela formação de fundos em que as contribuições de cada segurado são


utilizadas para a concessão de seus próprios benefícios futuros;
✓ Os benefícios são concedidos de acordo com a contribuição realizada por cada um dos
participantes do plano de previdência;
✓ Nesse sistema é criado uma espécie de poupança individual para que, quando chegar o
momento de sua aposentadoria, todo o valor que será utilizado já esteja garantido;
✓ Como esses valores terão seu rendimento vinculados a algum investimento, não é
possível saber, ao certo, qual o valor cada pessoa receberá futuramente;
✓ Os planos de previdência privada são organizados com base no regime de capitalização.

2 - Regime Geral de Previdência Social - RGPS

O Regime Geral de Previdência Social – RGPS é responsável pela cobertura da grande maioria dos
trabalhadores brasileiros. Toda pessoa física que exerça atividade remunerada será obrigatoriamente
filiada a este regime previdenciário, exceto se tal atividade gerar filiação obrigatória a Regime Próprio
de Previdência Social – RPPS.

6
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil, do Ministério da Fazenda, planejar, executar,


acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e
recolhimento das contribuições sociais destinadas ao financiamento da Seguridade Social.

Compete, outrossim, ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, autarquia federal vinculada ao
Ministério da Fazenda, a operacionalização do reconhecimento dos direitos dos beneficiários do
Regime Geral de Previdência Social.

Ao RGPS estão vinculados os trabalhadores brasileiros de modo geral, sendo o regime de previdência
disciplinado no art. 201 da Constituição.

Segundo o Art. 201 da Constituição Federal, o Regime Geral de Previdência Social – RGPS terá caráter
contributivo e filiação obrigatória, senão vejamos:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social,
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a:
I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade
avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.

Resumidamente, podemos afirmar que o RGPS tem caráter contributivo e compulsório e, do ponto de
vista financeiro, é de repartição simples. É administrado pelo INSS e abrange todos aqueles que
exercem atividade remunerada descrita pela Lei de Benefícios (Lei nº 8.213/91).

Considera-se beneficiário do Regime Geral de Previdência Social toda pessoa física que se encontre
vinculada e protegida pela Previdência Social, ou seja, são os destinatários das prestações
previdenciárias (benefícios e/ou serviços). Os benefícios são prestações dotadas de conteúdo
pecuniário, como, por exemplo, uma aposentadoria ou um auxílio por incapacidade temporária. Os
serviços, por sua vez, não possuem natureza pecuniária.

Importante frisar que apenas pessoas físicas poderão ser beneficiárias do RGPS. As pessoas
jurídicas serão, em regra, contribuintes; jamais serão beneficiárias.

Os beneficiários poderão ser os segurados ou seus dependentes. Assim sendo, dizemos que
beneficiário é gênero, do qual são espécies os segurados e os dependentes.

7
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Segurado é o beneficiário filiado ao RGPS que efetivamente contribui para a


manutenção do regime, classificando-se como segurado obrigatório ou
segurado facultativo.

Dependente é o beneficiário que, mesmo sem recolher qualquer contribuição


nesta condição, beneficia-se pela contribuição feita pelo segurado, em razão do
seu vínculo com este. Além dos serviços prestados pelo RGPS, os dependentes
podem fazer jus a dois benefícios: pensão por morte ou auxílio reclusão. Os
dependentes serão estudados oportunamente neste nosso curso de
Direito Previdenciário.

Segue diagrama para fixarmos as duas espécies de beneficiários do RGPS:

Beneficiários

Segurados Dependentes

Obrigatórios Classe I

Facultativos Classe II

Classe III

são as pessoas físicas que fazem jus às prestações previdenciárias

Benefícios (conteúdo pecuniário) Serviços (sem conteúdo pecuniário)

8
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Segurados obrigatórios são aqueles que exercem alguma atividade


remunerada e, consequentemente, filiam-se obrigatoriamente ao RGPS por
imposição legal, independentemente de sua vontade.

Segurados facultativos são aqueles que não exercem atividade remunerada e


ingressam no RGPS por mero ato volitivo, ou seja, por livre e espontânea vontade.

Segurados

Beneficiário que contribui para o


sistema previdenciário

Obrigatórios Facultativos

não exercem
atividade
atividade
remunerada
remunerada

filiação
ato volitivo
compulsória

5 tipos

3 - Regime Próprio de Previdência Social – RPPS

Nos termos do art. 40 da Constituição Federal, os Regimes Próprios de Previdência Social - RPPS dos
servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do
respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, conforme podemos
observar a seguir:

9
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

CF/88. “Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de
cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do
respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.”

Os regimes próprios de previdência social eram organizados por Unidade Federada,


sendo abordados no art. 40 da Constituição. Isto é, cada Ente Federativo (União, Estados, DF e
Municípios) tinha competência para criar um único regime previdenciário para seus servidores, desde
que estes fossem ocupantes de cargo de provimento efetivo.

Como vimos, enquanto o RGPS é único para todo o Brasil, os RPPS são vários, criados por entes
federativos e restritos aos servidores públicos ocupantes de cargos efetivos das respectivas unidades
federadas. Importante destacar que cada Ente Federativo poderá ter um único RPPS.

Os Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS, a exemplo do que ocorre com o RGPS, organizam-se
pelo princípio da solidariedade e são de repartição simples.

Quando o regime próprio de previdência do servidor foi criado, o ente instituiu uma contribuição social
para financiar o sistema, cobrada de seus servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas,
conforme dispõe o §1º do art. 149 da Constituição Federal:

CF/88. Art. 149. (...)


§1° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por meio de lei, contribuições
para custeio de regime próprio de previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos
aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da
base de contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões.

Já estudamos que a União, os Estados e o Distrito Federal já instituíram os seus regimes próprios de
previdência. Contudo, a maioria dos municípios, por sua vez, não criou regimes próprios para seus
servidores, ficando estes amparados pelo RGPS.

Com a Reforma da Previdência (Emenda Constitucional nº 103/2019), não há mais como ser criado
novos regimes próprios de previdência, conforme disposto no §22 ao art. 40 da Constituição.

São segurados obrigatórios do Regime Próprio de Previdência Social – RPPS, quando exercerem as
respectivas atividades em quaisquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações:

• Militares;

• Magistrados;

• Membros do Ministério Público;

• Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas;

10
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Servidores Públicos Ocupantes de Cargo Efetivo.

Importante ressaltar que nem todos os servidores públicos civis são


amparados por Regime Próprio de Previdência Social, mas apenas os
servidores públicos ocupantes de cargo efetivo na União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, incluídas suas autarquias e fundações. Em relação
aos Municípios, vários ainda não instituíram seu regime próprio de
previdência. Assim sendo, os servidores públicos ocupantes de cargo
efetivo nos Municípios somente estarão amparados por regime próprio de
previdência social caso o respectivo município já tenha instituído seu
RPPS, ficando, neste caso, excluídos do RGPS. Nos Municípios onde não há regime próprio, seus
servidores públicos, inclusive os ocupantes e cargo efetivo, serão segurados obrigatórios do RGPS, na
qualidade de segurados empregados.

Não serão filiadas ao RPPS as pessoas físicas que trabalhem para empresas públicas e para sociedades
de economia mista. Nestes casos, serão segurados obrigatórios do RGPS.

Os servidores públicos da administração direta, autárquica ou fundacional, por sua vez, podem ser:

• Ocupante de cargo efetivo;


• Ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração;
• Contratado por tempo determinando;
• Ocupante de emprego público.

Dentre todos os servidores públicos citados, apenas os ocupantes de cargo efetivo podem ser
amparados por Regime Próprio de Previdência Social - RPPS. Os demais são segurados obrigatórios
do RGPS, na qualidade de empregado.

4 - Regime de Previdência Complementar

Além dos regimes básicos da previdência brasileira (RGPS e RPPS), há ainda a possibilidade de qualquer
pessoa ingressar na previdência complementar, que é de natureza facultativa.

É de fundamental importância perceber que a adesão à previdência complementar nunca excluirá a


vinculação obrigatória dos trabalhadores aos regimes básicos.

O regime complementar ao RGPS está disciplinado no art. 202 da Constituição Federal e regulado pelas
Leis Complementares nº 108 e 109, ambas de 2001, e será efetivada por intermédio de entidade
fechada ou aberta de previdência complementar.

Já o regime de previdência complementar para os servidores públicos efetivos encontra-se


previsto no art. 40, §§ 14, 15 e 16, da Constituição Federal.

CF/88. Art. 40. § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por lei de iniciativa do
respectivo Poder Executivo, regime de previdência complementar para servidores públicos ocupantes de

11
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social para o valor
das aposentadorias e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto no § 16.
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na
modalidade contribuição definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio de
entidade fechada de previdência complementar ou de entidade aberta de previdência complementar.
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao
servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do
correspondente regime de previdência complementar.

Nos termos da LC 109/2001, temos que:

Art. 1º. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em
relação ao regime geral de previdência social, é facultativo, baseado na constituição de reservas que
garantam o benefício, nos termos do caput do art. 202 da Constituição Federal, observado o disposto nesta
Lei Complementar.
Art. 2º. O regime de previdência complementar é operado por entidades de previdência complementar que
têm por objetivo principal instituir e executar planos de benefícios de caráter previdenciário, na forma desta
Lei Complementar.

A Lei complementar 108/2001, por sua vez, disciplina a relação entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e
empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadores de entidades fechadas de
previdência complementar, e suas respectivas entidades fechadas.

FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO

1 - Filiação

Nos termos do artigo 20 do Regulamento da Previdência Social - RPS, filiação é o vínculo que se
estabelece entre as pessoas que contribuem para a Previdência Social e esta, do qual decorrem direitos
e obrigações.

Trata-se de um instituto de enorme importância no Regime Geral de Previdência Social - RGPS, pois é
com a filiação que uma pessoa física passará à condição de segurado e terá proteção previdenciária para
si e seus dependentes.

12
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

da qual decorrem
Relação jurídica
direitos e obrigações

Filiação

vínculo que se estabelece entre a Previdência


e as pessoas que para ela contribuem.

Em regra, para os segurados obrigatórios, a filiação será automática e decorrerá do exercício de


atividade laborativa remunerada, na forma do artigo 20 do Regulamento da Previdência Social - RPS,
realizando-se com o início da atividade.

A filiação do trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física por prazo de até dois
meses no período de um ano, para o exercício de atividades de natureza temporária, decorre
automaticamente de sua inclusão em declaração prevista em ato do Secretário Especial da Receita
Federal do Brasil do Ministério da Economia por meio de identificação específica.

Por sua vez, para o segurado facultativo, a filiação apenas ocorrerá com a inscrição formalizada
(cadastro no banco de dados da Previdência Social) e o efetivo recolhimento da primeira
contribuição previdenciária, nos moldes do artigo 20 do RPS, decorrendo necessariamente da sua
manifestação de vontade (ato volitivo), pois não é compulsória.

O exercício de atividade prestada de forma gratuita e o serviço voluntário, nos termos do disposto
na Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, não geram filiação obrigatória ao RGPS.

A idade mínima para a filiação dos segurados obrigatórios será de 16 anos de idade, salvo atividades
insalubres, perigosas ou noturnas (cuja idade mínima é de 18 anos), ou excepcionalmente de 14 anos
de idade, na condição de aprendiz, a teor do artigo 7°, XXXIII, da Constituição Federal, com redação
dada pela EC 20/1998.

A idade mínima para a filiação como segurado facultativo, nos termos o artigo 14, da Lei 8.212/91, é
de 14 anos de idade. Contudo, o artigo 11 do RPS prevê a idade mínima de 16 anos de idade para a
filiação como segurado facultativo.

A Constituição Federal, no entanto, veda o trabalho do menor de 16 anos, salvo na condição de menor
aprendiz. No entanto, tal dispositivo não alcança o segurado facultativo, pois este não exerce atividade
remunerada.

Para efeito de prova, vale ressaltar que a doutrina majoritária e o próprio INSS entendem que a idade
mínima para a filiação do segurado facultativo é de 16 anos de idade. No entanto, se a questão de prova
exigir literalmente o texto da Lei 8.213/91 (artigo 13) ou da Lei 8.212/91 (artigo 14), as bancas
consideram correta a alternativa que traz 14 anos de idade.

Atenção: a idade mínima para a filiação como segurado facultativo deve ser 16 anos de idade, salvo se o
enunciado da questão mencionar expressamente que a resposta deve ser dada “nos termos da lei”, cuja
resposta, neste caso, será 14 anos de idade.

13
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2 - Inscrição

A inscrição é o cadastro do segurado ou do seu dependente no banco de dados da previdência social.

Nos termos do artigo 18 do RPS, considera-se inscrição do segurado, para os efeitos da


Previdência Social, o ato pelo qual o segurado é cadastrado no Regime Geral de
Previdência Social - RGPS, mediante comprovação dos dados pessoais, da seguinte
forma:

• Segurado empregado: pelo empregador, por meio da formalização do contrato


de trabalho e, a partir da obrigatoriedade do uso do Sistema de Escrituração Digital das
Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas - eSocial, ou do sistema que venha a
substituí-lo, por meio do registro contratual eletrônico realizado nesse Sistema;

• Trabalhador Avulso: pelo cadastramento e pelo registro no órgão gestor de mão de obra, no
caso de trabalhador portuário, ou no sindicato, no caso de trabalhador não portuário, e a
partir da obrigatoriedade do uso do eSocial, ou do sistema que venha a substituí-lo, por meio
do cadastramento e do registro eletrônico realizado nesse Sistema;

• Empregado Doméstico: pelo empregador, por meio do registro contratual eletrônico


realizado no eSocial;

• Contribuinte Individual:
o por ato próprio, por meio do cadastramento de informações para identificação e
reconhecimento da atividade, hipótese em que o Instituto Nacional do Seguro Social -
INSS poderá solicitar a apresentação de documento que comprove o exercício da
atividade declarada;
o pela cooperativa de trabalho ou pela pessoa jurídica a quem preste serviço, no caso
de cooperados ou contratados, respectivamente, se ainda não inscritos no RGPS; e
o pelo MEI, por meio do sítio eletrônico do Portal do Empreendedor;

• Segurado Especial: preferencialmente, pelo titular do grupo familiar que se enquadre na


qualidade de segurado, hipótese em que o INSS poderá solicitar a apresentação de
documento que comprove o exercício da atividade declarada; e

• Segurado Facultativo: por ato próprio, por meio do cadastramento de informações pessoais
que permitam a sua identificação, desde que não exerça atividade que o enquadre na
categoria de segurado obrigatório.

Para o segurado obrigatório, a inscrição é o ato que formaliza (materializa) a filiação, cadastrando o
segurado no banco de dados da Previdência Social.

14
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

formalização ou
Cadastramento materialização da
filiação
Inscrição
é a formalização da filiação, ou seja, é o
cadastramento no banco de dados da
previdência social

Atualmente, a inscrição é feita no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS, um sistema


responsável pelo controle das informações de todos os segurados e contribuintes da Previdência Social.
Os dados constantes do CNIS relativos a vínculos, remunerações e contribuições valem como prova de
filiação à previdência social, tempo de contribuição e salários-de-contribuição.

Para o segurado obrigatório, primeiro ocorrerá a filiação com o exercício da atividade laborativa
remunerada. Em um segundo momento, ocorrerá sua inscrição. Já para o segurado facultativo,
primeiro ocorrerá a sua inscrição para, depois, se for o caso, efetivar-se a sua filiação com o
recolhimento da contribuição previdenciária.

Segundo a doutrina, para o segurado obrigatório, a inscrição sem a prévia filiação não produz qualquer
efeito perante a Previdência Social".

O artigo 18, §2º, do RPS, restringe a inscrição dos menores de 16 anos. No entanto, devemos lembrar
que o aprendiz pode se filiar e se inscrever a partir dos 14 anos de idade, conforme previsão
constitucional, sendo considerado segurado empregado.

No caso do segurado especial, a sua inscrição será feita de forma a vinculá-lo ao seu respectivo grupo
familiar e conterá, além das informações pessoais, a identificação da propriedade em que desenvolve a
atividade e a que título, se nela reside ou o município onde reside e, quando for o caso, a identificação e
inscrição da pessoa responsável pela unidade familiar.

Vale frisar que não serão consideradas a inscrição post mortem (após a morte do segurado) de
segurado facultativo e do contribuinte individual.

Entretanto, será permitida a inscrição post mortem do segurado especial, desde que presentes os
pressupostos da filiação, na forma do artigo 18, §5º, do RPS, vez que a filiação dos segurados especiais
ocorrerá com o exercício de atividade agropecuária ou pesqueira artesanal, individualmente ou em
regime de economia familiar, para fins de subsistência.

A legislação é omissa em relação à possibilidade de inscrição post mortem das demais categorias de
segurados.

No caso do dependente, apenas ocorrerá a sua inscrição quando houver requerimento administrativo
de benefício previdenciário, nos termos do artigo 17, §1°, da Lei 8.213/91 e do artigo 22, do RPS, não
cabendo mais ao segurado inscrever previamente seu dependente.

15
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

A filiação na qualidade de segurado facultativo representa ato volitivo, ou seja, de vontade própria,
gerando efeito somente a partir da inscrição e do primeiro recolhimento, não podendo retroagir e não
permitindo, em regra, o pagamento de contribuições relativas a competências anteriores à data
da inscrição.

Outrossim, todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita
ao RGPS, será obrigatoriamente inscrito em relação a cada uma das atividades.

Todo aquele que exercer,


Atividades concomitantemente, mais de Obrigatoriamente inscrito em
concomitantes uma atividade remunerada relação a cada uma delas
sujeita ao RGPS, será:

Por fim, havendo atividade remunerada, a filiação do segurado obrigatório será automática e
compulsória. Neste caso, não poderá o segurado inscrever-se e filiar-se ao RGPS como segurado
facultativo, pois a filiação compulsória sempre se sobrepõe à facultativa.

A filiação
compulsória

Sempre se sobrepões à
facultativa

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A respeito da inscrição e da filiação dos segurados obrigatórios e facultativos na forma do Decreto n.º
3.048/1999, julgue os itens a seguir.
I - A filiação do segurado obrigatório ao RGPS decorre automaticamente do exercício da atividade
remunerada.
II - A filiação ao RGPS na qualidade de segurado facultativo pode retroagir, permitindo-se o
recolhimento das contribuições relativas a competências anteriores à data da inscrição.
III - Os dados constantes dos cadastros informatizados da previdência social, como o Cadastro Nacional
de Informações Sociais (CNIS), valem como prova da filiação à previdência social, do tempo de
contribuição e dos salários-de-contribuição, desde que acompanhados de outras provas documentais.
Estão corretas as seguintes assertivas:

16
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

a) I e II
b) II e III
c) II
d) I

COMENTÁRIOS:
I - A filiação do segurado obrigatório ao RGPS decorre automaticamente do exercício da atividade
remunerada.
ASSERTIVA CORRETA. Decreto 3.048/99. Art. 20. Filiação é o vínculo que se estabelece entre pessoas que
contribuem para a previdência social e esta, do qual decorrem direitos e obrigações. § 1º A filiação à previdência
social decorre automaticamente do exercício de atividade remunerada para os segurados obrigatórios,
observado o disposto no § 2º, e da inscrição formalizada com o pagamento da primeira contribuição para o
segurado facultativo.

II - A filiação ao RGPS na qualidade de segurado facultativo pode retroagir, permitindo-se o


recolhimento das contribuições relativas a competências anteriores à data da inscrição.
ASSERTIVA INCORRETA. Decreto 3.048/99. Art. 11. [...] § 3º A filiação na qualidade de segurado facultativo
representa ato volitivo, gerando efeito somente a partir da inscrição e do primeiro recolhimento, não podendo
retroagir e não permitindo o pagamento de contribuições relativas a competências anteriores à data da inscrição,
(...)

III - Os dados constantes dos cadastros informatizados da previdência social, como o Cadastro Nacional
de Informações Sociais (CNIS), valem como prova da filiação à previdência social, do tempo de
contribuição e dos salários-de-contribuição, desde que acompanhados de outras provas documentais.
ASSERTIVA INCORRETA. Decreto 3.048/99. Art. 19. Os dados constantes do Cadastro Nacional de Informações
Sociais - CNIS relativos a vínculos, remunerações e contribuições valem como prova de filiação à previdência social,
tempo de contribuição e salários-de-contribuição.
O dispositivo legal não apresenta condicionantes. Podemos concluir, portanto, que a afirmativa está errada.

Gabarito: D

SEGURADOS OBRIGATÓRIOS - RGPS


Há 5 espécies de segurados obrigatórios no Regime Geral de Previdência Social – RGPS, conforme segue:

17
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Empregado;
• Empregado Doméstico;
• Contribuinte Individual;
• Trabalhador Avulso e
• Segurado Especial

Empregado
Segurados Obrigatórios

Empregado doméstico

Contribuinte individual

Trabalhador avulso

Segurado especial

1 - Segurado Empregado

Filia-se obrigatoriamente ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS, na qualidade de segurado


empregado:

I. Aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não eventual,
sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado.
✓ Após a Constituição de 1988, não há mais distinção entre o empregado urbano ou rural.
✓ Entende-se por serviço prestado em caráter não eventual aquele relacionado direta ou
indiretamente com as atividades normais da empresa.

Exemplo: Um eletricista contratado por uma padaria, para realizar


uma instalação elétrica, presta um serviço eventual, não relacionado
com as atividades normais da padaria. Por outro lado, o padeiro, o
balconista e o caixa prestam serviços não eventuais, relacionados com
as atividades normais da empresa.

18
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

✓ Subordinação: sujeição do exercício de suas atividades laborais à vontade do


empregador, que na relação detém poderes para dirigir, regulamentar e fiscalizar, ou
seja, a atividade do trabalhador é vinculada à determinação, ordens e comando do
empregador.
✓ Remuneração: Para caracterizarmos o segurado empregado, o trabalho por ele
prestado não deve ser voluntário. O empregador deverá pagar remuneração em
retribuição aos serviços prestados por seu empregado, haja vista ser o salário um dos
pressupostos da relação de emprego.
✓ Pessoalidade: A pessoalidade, emprestada da legislação trabalhista, significa que o
segurado empregado deve prestar o serviço pessoalmente, não podendo se fazer
substituir por vontade própria.

II. aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, na forma prevista em legislação
específica, por prazo não superior a cento e oitenta dias, consecutivos ou não, prorrogável por
até noventa dias, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de
pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviço de outras empresas.
✓ Trata-se do trabalhador temporário.
✓ A empresa de trabalho temporário, uma vez contratada, fornece os trabalhadores para
trabalhar temporariamente sob o comando da empresa tomadora.
✓ O trabalhador temporário é empregado da empresa de trabalho temporário, mesmo
que esteja prestando serviço a outras empresas.
✓ O trabalho temporário somente será utilizado nas duas situações a seguir:
a) atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e
permanente. Exemplo: substituição de funcionários em férias, licenciados,
doentes, etc.
b) acréscimo extraordinário de serviço. Exemplo: aumento de vendas ou de
serviços prestados em épocas de Natal, Ano Novo, Carnaval, etc.
✓ O contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo empregador, não poderá
exceder ao prazo de 180 dias, consecutivos ou não. Tal contrato poderá ser prorrogado
por até 90 dias, além do prazo inicial de 180 dias, quando comprovada a manutenção
das condições que o ensejaram.

III. o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como


empregado no exterior, em sucursal ou agência de empresa constituída sob as leis brasileiras
e que tenha sede e administração no País.
✓ O trabalho ocorrerá no exterior.
✓ Se for estrangeiro deverá, necessariamente, ser domiciliado e contratado no Brasil.
✓ A sucursal ou agência no exterior, onde será realizado o trabalho para o qual foi
contratado, deverá pertencer a empresa constituída sob as leis brasileiras e ter sede e
administração no Brasil.

19
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Exemplo: Pierre, francês, domiciliado no Brasil, foi contratado, também no


Brasil, por um Banco brasileiro, para trabalhar em uma agência deste banco
em Orlando, nos EUA. Nesse caso, Pierre será segurado empregado do RGPS,
mesmo sendo francês e trabalhando nos EUA.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca do RGPS, julgue os itens a seguir.
I - É segurado obrigatório da previdência social o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para
trabalhar como empregado em sucursal de empresa nacional no exterior.
II - Se um cidadão brasileiro domiciliado em Maceió for contratado para trabalhar como empregado em
sucursal de empresa na Bélgica, com sede no Rio de Janeiro e constituída de acordo com as leis
brasileiras, ele será considerado segurado contribuinte individual do RGPS.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I
b) II
c) I e II
d) nenhuma das anteriores.

COMENTÁRIOS:
I - É segurado obrigatório da previdência social o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para
trabalhar como empregado em sucursal de empresa nacional no exterior.
ASSERTIVA CORRETA. Realmente trata-se de segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de segurado
empregado, nos termos do Art. 9°, I, "c", do Decreto 3.048/99.

II - Se um cidadão brasileiro domiciliado em Maceió for contratado para trabalhar como empregado em
sucursal de empresa na Bélgica, com sede no Rio de Janeiro e constituída de acordo com as leis
brasileiras, ele será considerado segurado contribuinte individual do RGPS.
ASSERTIVA INCORRETA. Trata-se de segurado empregado do RGPS (e não comtribuinte individual),
nos termos do Art. 9°, I, "c", do Decreto 3.048/99.

20
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Gabarito: A.

IV. o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como


empregado em empresa domiciliada no exterior com maioria do capital votante pertencente a
empresa constituída sob as leis brasileiras, que tenha sede e administração no País e cujo
controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas
físicas domiciliadas e residentes no País ou de entidade de direito público interno.
✓ O trabalho ocorrerá em empresa domiciliada no exterior.
✓ Se for estrangeiro deverá, necessariamente, ser domiciliado e contratado no Brasil.
✓ A empresa onde se realizará o trabalho, apesar de ser domiciliada no exterior, deverá
possuir a maioria do capital votante (ações com direito de voto) pertencente a empresa
brasileira, com sede e administração no Brasil, controlada por pessoas físicas
domiciliadas e residentes também no Brasil ou controlada por pessoa jurídica de
direito público interno (União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, as
autarquias e as demais entidades de caráter público criadas por lei).

Exemplo: Pierre, francês, domiciliado no Brasil, foi contratado, também no


Brasil, para trabalhar no Chile, como empregado de uma empresa
domiciliada no Chile. Tal empresa, domiciliada no Chile, tem a maioria de
suas ações com direito a voto pertencente a empresa constituída sob as leis
brasileiras, com sede e administração no Brasil e cujo controle efetivo está,
em caráter permanente, sob a titularidade direta de pessoas físicas
domiciliadas e residentes no Brasil. Diante da situação hipotética
apresentada, Pierre, apesar de ser francês e trabalhar no Chile, é segurado
obrigatório do RGPS, na qualidade de empregado.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca do RGPS, julgue o item subsequente.
Situação hipotética: Steve, cidadão norte-americano, domiciliado no Brasil, foi aqui contratado pela
empresa brasileira Master Mega Pro Ltda, para trabalhar em sua filial situada na Holanda. A maior parte
do capital votante dessa filial holandesa é da empresa Master Mega Pro Ltda, constituída sob as leis
brasileiras e com sede e administração no Brasil. Assertiva: Nessa situação, Steve deverá estar vinculado
ao RGPS como:
a) contribuinte individual.
b) segurado empregado.

21
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

c) trabalhador avulso.
d) não será segurado do RGPS.

Comentários:
Para responder essa questão basta consultarmos o Art. 11 da Lei 8.213/91, nos trechos selecionados
abaixo:
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I - como empregado: (...)
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em
empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital
nacional;
Sendo assim, podemos concluir que se trata de um segurado empregado.

Gabarito: B.

V. aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira
estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições,
excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela
legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular.
✓ O trabalho dar-se-á no Brasil.
✓ O serviço será prestado: a) a missão diplomática; b) a repartição consular de carreira
estrangeira; c) a órgãos a elas subordinados; d) a membros dessas missões e
repartições.
✓ O estrangeiro que não tenha residência permanente no Brasil, no caso em questão, está
excluído do RGPS.
✓ Caso o brasileiro seja amparado por regime previdenciário do país da respectiva
missão diplomática ou repartição consular, também estará excluído do RGPS.

VI. o brasileiro civil que trabalha para a União no exterior, em organismos oficiais internacionais
dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se
amparado por regime próprio de previdência social.
✓ O trabalho ocorrerá no exterior.
✓ O trabalho será necessariamente prestado por um brasileiro civil.
✓ O brasileiro civil contratado trabalha PARA a União.
✓ O serviço será prestado em Organismo Oficial Brasileiro ou Internacional.
✓ É obrigatório que o Brasil seja membro efetivo do respectivo Organismo onde ocorrerá o
trabalho.
✓ É irrelevante onde o brasileiro civil seja domiciliado ou contratado.

22
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

✓ Para se enquadrar como segurado empregado do RGPS, o brasileiro civil contratado


não poderá estar amparado por RPPS e nem ser segurado na forma da legislação
vigente do país do domicílio.

VII. o brasileiro civil que presta serviços à União no exterior, em repartições governamentais
brasileiras, lá domiciliado e contratado, inclusive o auxiliar local de que tratam os arts. 56 e 57
da Lei no 11.440, de 29 de dezembro de 2006, este desde que, em razão de proibição legal, não
possa filiar-se ao sistema previdenciário local.
✓ O trabalho ocorrerá no exterior.
✓ O trabalho será necessariamente prestado por um brasileiro civil.
✓ O brasileiro civil contratado trabalha PARA a União.
✓ O serviço será prestado em repartições governamentais brasileiras.
✓ O brasileiro civil deverá ser domiciliado e contratado no exterior, onde está instalada
a respectiva repartição governamental brasileira onde os serviços são prestados.
✓ Também serão segurados da previdência social brasileira, como empregado, os
auxiliares locais, porém apenas os de nacionalidade brasileira, desde que, em razão de
proibição legal, não possam filiar-se ao sistema previdenciário do país de domicílio.
✓ O Auxiliar Local é o brasileiro ou o estrangeiro admitido para prestar serviços ou
desempenhar atividades de apoio que exijam familiaridade com as condições de vida,
os usos e os costumes do país onde esteja sediado o posto.

VIII. o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a Lei no 11.788, de
25 de setembro de 2008.
✓ Apenas serão segurados empregados do RGPS os bolsistas e estagiários contratados
em desacordo com a lei que dispõe sobre o estágio de estudantes.
✓ Se o estágio for regular, o estagiário não será segurado obrigatório do RGPS por tal
atividade, podendo, se cumpridos os demais requisitos, filiar-se como segurado
facultativo.
✓ O estágio não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, desde que observados
os seguintes requisitos:
a) O bolsista e o estagiário deverão estar devidamente matriculados e com frequência
regular em curso de educação superior, de educação profissional, de ensino médio,
da educação especial e nos anos finais do ensino fundamental, na modalidade
profissional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino.
b) Deverá haver celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte
concedente do estágio e a instituição de ensino.
c) Deverá haver compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e
aquelas previstas no termo de compromisso.

23
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

IX. o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias e
fundações, ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração.
✓ Trata-se de um servidor público que trabalha para a União, Estado, Distrito Federal ou
Município, incluídas suas autarquias e fundações.
✓ Tal servidor foi nomeado para um cargo em comissão, declarado em lei de livre
nomeação e exoneração.
✓ Para ser segurado obrigatório do RGPS, tal servidor, nomeado para exercer o cargo em
comissão, não poderá ser, na época da nomeação, servidor ocupante de cargo efetivo,
amparado por RPPS, pois, nesse caso, permanecerá vinculado ao regime próprio de
origem, independentemente se na mesma ou em outra esfera de governo.
✓ Por não ser servidor ocupante de cargo efetivo amparado por RPPS, dizemos que se
trata de um servidor ocupante exclusivamente de cargo em comissão.
✓ Assim sendo, por ocupar exclusivamente o cargo em comissão, declarado em lei de
livre nomeação e exoneração, será segurado empregado do RGPS.

Obs.: Considera-se também segurado empregado, desde que sem vínculo efetivo com a União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias e fundações, o ocupante de cargo de:
• Ministro de Estado,
• Secretário Estadual,
• Secretário Distrital,
• Secretário Municipal.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Alberto, Ministro de Estado e Alencar, Secretário Municipal, ambos sem vínculo efetivo com o poder
público, suas autarquias e fundações, são considerados em relação à Previdência Social, servidores
públicos:
a) Segurados não obrigatórios da Previdência Social.
b) Segurados da Previdência Complementar, obrigatoriamente.
c) empregados e segurados obrigatórios da Previdência Social.
d) contribuintes individuais e segurados obrigatórios da Previdência Social.
COMENTÁRIOS:

24
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

A resposta para essa questão, na qual, o examinador pede pela alternativa correta, podemos encontrar
tanto na Constituição Federal como na lei 8.212/91.
Constituição Federal:
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos
e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste
artigo.
§ 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de
previdência social.
Lei 8.212/91:
Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I - como empregado:
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias,
inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais;
§ 6o Aplica-se o disposto na alínea g do inciso I do caput ao ocupante de cargo de Ministro de Estado, de
Secretário Estadual, Distrital ou Municipal, sem vínculo efetivo com a União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, suas autarquias, ainda que em regime especial, e fundações.

Vamos às alternativas:
a) Segurados não obrigatórios da Previdência Social.
Alternativa incorreta, pois são considerados segurados obrigatórios na qualidade de empregados.
b) Segurados da Previdência Complementar, obrigatoriamente.
Alternativa incorreta, pois são considerados empregados e segurados obrigatórios do RGPS. Lembre-
se, previdência complementar é sempre facultativa.
c) empregados e segurados obrigatórios da Previdência Social.
Alternativa correta. É exatamente o que nos diz a lei quando aplicada ao caso exposto pelo
examinador.
d) contribuintes individuais e segurados obrigatórios da Previdência Social
Alternativa incorreta, pois são considerados empregados do RGPS.

Gabarito: C

X. o servidor do Estado, Distrito Federal ou Município, bem como o das respectivas autarquias e
fundações, ocupante de cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, não esteja amparado por
regime próprio de previdência social.

25
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

✓ Trata-se de um servidor público ocupante de cargo efetivo, não amparado por Regime
Próprio de Previdência Social – RPPS, que trabalhe para o Estado, Distrito Federal ou
Município, incluídas suas autarquias e fundações.
✓ Os únicos servidores públicos civis que podem ser amparados por RPPS são os
ocupantes de cargo efetivo. Porém, para que um servidor ocupante de cargo efetivo
seja amparado pelo RPPS, deverá ter sido instituído, pelo respectivo ente federativo
(Estados, DF ou Município), mediante lei, tal regime previdenciário. Ocorre, contudo,
que os citados entes federativos não são obrigados a criar seu regime próprio de
previdência social.
✓ Caso os Estados, o DF e os Municípios instituam seus Regimes Próprios de Previdência
Social – RPPS, seus respectivos servidores ocupantes de cargos efetivos estarão
amparados por tal regime. No entanto, caso determinado ente federativo não o
institua, seus servidores ocupantes de cargo efetivo serão amparados pelo Regime
Geral de Previdência Social – RGPS, como segurados obrigatórios, na qualidade de
segurados empregados.
✓ Em relação à União, tal possibilidade não existe, pois seus servidores ocupantes de
cargo efetivo já são obrigatoriamente amparados por RPPS, estando, portanto,
excluídos do RGPS.
✓ Por fim, cabe ressaltar que, atualmente, no Brasil, já possuem seus respectivos Regimes
Próprios de Previdência Social a União, cada um dos Estados e o Distrito Federal.
Alguns Municípios também já instituíram seus Regimes Próprios de Previdência Social.
No entanto, temos ainda diversos municípios brasileiros que não instituíram seus
Regimes Próprios. Neste caso, seus servidores, inclusive os ocupantes de cargo efetivo,
serão vinculados ao RGPS.
✓ Podemos concluir, portanto, que a regra em comento se aplica apenas aos servidores
dos municípios que não instituíram, até o momento, seus Regimes Próprios de
Previdência Social – RPPS.

XI. o servidor contratado pela União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como pelas
respectivas autarquias e fundações, por tempo determinado, para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição
Federal.
✓ Trata-se de um servidor público contratado pela União, Estado, Distrito Federal ou
Município, bem como pelas respectivas autarquias e fundações, por tempo
determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.
✓ Para a contratação do servidor por tempo determinado, deverão ser observadas as
regras dispostas na Lei nº 8.745/93.
✓ Em qualquer caso, o servidor contratado por prazo determinado, independentemente
da esfera de governo que trabalhe, será sempre segurado obrigatório do RGPS, na
qualidade de segurado empregado.

XII. o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias e
fundações, ocupante de emprego público.

26
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

✓ Trata-se de um servidor público da União, Estado, Distrito Federal ou Município,


incluídas suas autarquias e fundações, contratado para um emprego público.
✓ Para a contratação do servidor admitido para emprego público na Administração
federal direta, autárquica e fundacional, deverão ser observadas as regras previstas na
Lei nº 9.962/2000.
✓ Tais servidores ocupantes de emprego público terão sua relação de trabalho regida
pela Consolidação das Leis do Trabalho e legislação trabalhista correlata, naquilo que
a lei não dispuser em contrário.
✓ A contratação de pessoal para emprego público deverá ser precedida de concurso
público de provas ou de provas e títulos, conforme a natureza e a complexidade do
emprego.
✓ Em qualquer caso, o servidor ocupante de emprego público, independentemente da
esfera de governo que trabalhe, será sempre segurado obrigatório do RGPS, na
qualidade de segurado empregado.

XIII. o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir de
21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previdência Social,
em conformidade com a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994.
✓ Se contratados a partir de 21/11/1994: o escrevente e o auxiliar contratados por
titular de serviços notariais e de registro são segurados obrigatórios do RGPS, na
qualidade de segurados empregados.
✓ Se contratados até 20/11/1994: eram amparados por RPPS, sendo-lhes dada a opção
de permanecerem vinculados ao RPPS ou aderirem ao RGPS. Caso optem pelo RGPS
passarão a ser segurados obrigatórios desse regime previdenciário, na qualidade de
segurados empregados.
✓ Importante frisar que os escreventes e auxiliares contratados por titular de serviços
notariais e de registro, a partir de 21/11/1994, são segurados empregados. Já o notário
ou tabelião, bem como o oficial de registros, que detêm a delegação e a titularidade das
atividades notariais e de registros, são contribuintes individuais.

XIV. o exercente de mandato eletivo federal, estadual, distrital ou municipal, desde que não
vinculado a regime próprio de previdência social.

✓ Trata o presente item de exercentes de mandato eletivo. Os exercentes de mandato


eletivo no Brasil são:
a) Vereador;
b) Prefeito;
c) Deputado Estadual;
d) Deputado Distrital;
e) Governador;

27
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

f) Deputado Federal;
g) Senador e
h) Presidente da República.
✓ Em regra, tais exercentes de mandato eletivo são segurados obrigatórios do RGPS, na
qualidade de segurado empregado;
✓ Pode ocorrer, porém, de um servidor público ocupante de cargo efetivo, amparado por
RPPS, se candidatar e ser eleito para um dos mandatos citados. Nesse caso, continuarão
vinculados ao regime próprio de origem, independentemente da esfera de governo em
que exerciam o cargo efetivo, ficando, portanto, excluídos do RGPS.
✓ No caso do Vereador, temos algumas peculiaridades a comentar:
a) O vereador poderá, por expressa permissão constitucional, acumular o subsídio do
mandato eletivo de vereador com a remuneração do cargo efetivo que exercia
quando de sua eleição, desde que haja compatibilidade de horários.
b) Caso o vereador não tenha nenhum vínculo efetivo com o serviço público, filia-se
apenas ao RGPS pelo exercício da vereança.
c) Caso o vereador exerça concomitantemente, mandato eletivo e cargo efetivo
amparado por RPPS (havendo compatibilidade de horários), filia-se ao RGPS pelo
cargo eletivo de vereador e ao RPPS pelo cargo efetivo que ocupa no serviço
público.
d) Caso o vereador exerça concomitantemente, mandato eletivo e cargo efetivo NÃO
amparado por RPPS (havendo compatibilidade de horários), filia-se ao RGPS em
relação a ambas atividades exercidas.
e) Não havendo compatibilidade de horários, o servidor terá que se afastar do cargo
efetivo para exercer a vereança, sendo-lhe facultado optar por sua remuneração.
Neste caso, o servidor será filiado apenas a um regime previdenciário: se
amparado por RPPS pelo cargo efetivo do qual se afastou para exercer a vereança,
mantém tal vínculo. Se não era amparado por qualquer RPPS quando eleito, filia-
se apenas ao RGPS.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Nos termos da Lei nº 8.213/1991, NÃO é segurado obrigatório da Previdência Social, como empregado,
o:
a) brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em
sucursal ou agência de empresa nacional no exterior.
b) exercente de mandato eletivo estadual, desde que não vinculado a regime próprio de previdência
social.

28
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

c) exercente de mandato eletivo federal, vinculado a regime próprio de previdência social.


d) brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou
internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se
segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio.

COMENTÁRIOS:
Essa questão busca testar seus conhecimentos sobre o art. 11 da lei nº 8.213/1991, mas atenção, pois o
examinador pede pela alternativa que NÃO condiz com o enquadramento legal para o segurado
obrigatório a previdência social.
Após consultar este importante dispositivo legal, vamos às assertivas:

a) brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em


sucursal ou agência de empresa nacional no exterior.
Alternativa incorreta, conforme podemos verificar no Art. 11 lei nº 8.213/1991, pois trata-se de um
segurado empregado.

b) exercente de mandato eletivo estadual, desde que não vinculado a regime próprio de previdência
social.
Alternativa incorreta. Conforme podemos verificar no Art. 11, inciso XIV, da lei nº 8.213/1991, trata-
se de um segurado empregado.

c) exercente de mandato eletivo federal, vinculado a regime próprio de previdência social.


Alternativa correta. Conforme podemos verificar no Art. 11, inciso XIV, da lei nº 8.213/1991, somente
o exercente de mandato eletivo federal, estadual, distrital ou municipal que não seja vinculado a regime
próprio de previdência social é se será empregado do RGPS.

d) brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou
internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se
segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio.
Alternativa incorreta, conforme podemos verificar no Art. 11 lei nº 8.213/1991, pois trata-se de um
segurado empregado.

Gabarito: C.

XV. o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil,


salvo quando coberto por regime próprio de previdência social.
✓ O trabalho será realizado no Brasil, por empregado brasileiro ou estrangeiro.
✓ O empregado será contratado por organismo oficial internacional ou estrangeiro, para
trabalhar em suas repartições em funcionamento no Brasil.

29
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

✓ Na situação apresentada, tais trabalhadores serão, em regra, segurados obrigatórios


do RGPS, na qualidade de segurado empregado.
✓ Porém, se os trabalhadores em questão forem amparados por RPPS, mantêm sua
filiação, estando, portanto, excluídos do RGPS.

XVI. o trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física, na forma do art. 14-A da Lei
no 5.889, de 8 de junho de 1973, para o exercício de atividades de natureza temporária por
prazo não superior a dois meses dentro do período de um ano.
✓ Trata-se de um trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física,
podendo, inclusive, ser contratado por segurado especial.
✓ A atividade realizada pelo trabalhador rural contratado será, obrigatoriamente,
atividade de natureza temporária.
✓ O prazo máximo para a realização dessas atividades de natureza temporária será de 2
meses, dentro do período de 1 ano. Caso supere os 2 meses, fica convertido em contrato
de trabalho por prazo indeterminado.
✓ O trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física para a realização de
atividades de natureza temporária, por prazo não superior a 2 meses dentro de 1 ano,
é considerado segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de segurado empregado.

XVII. o aprendiz maior de 14 anos e menor de 24 anos, ressalvado o portador de deficiência, ao qual
não se aplica o limite máximo de idade, sujeito à formação técnica-profissional metódica, sob
a orientação de entidade qualificada, conforme disposto nos arts. 428 e 433 da CLT.

✓ O aprendiz é o único segurado que pode filiar-se ao RGPS com


menos de 16 anos de idade.
✓ Segundo disposto na Constituição Federal, em seu art. 7º, XXXIII, é
proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito
e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição
de aprendiz, a partir de quatorze anos.
✓ Nos termos do art. 428 da CLT, contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho
especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se
compromete a assegurar ao maior de 14 anos e menor de 24 anos inscrito em programa
de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu
desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência
as tarefas necessárias a essa formação.
✓ A validade do contrato de aprendizagem pressupõe anotação na Carteira de Trabalho
e Previdência Social, matrícula e frequência do aprendiz na escola, caso não haja
concluído o ensino médio, e inscrição em programa de aprendizagem desenvolvido sob
orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica.
✓ Nas localidades onde não houver oferta de ensino médio, a contratação do aprendiz
poderá ocorrer sem a frequência à escola, desde que ele já tenha concluído o ensino
fundamental.

30
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

✓ Ao menor aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário-mínimo


hora.
✓ O contrato de aprendizagem segue os prazos de duração previstos no § 3º do art. 428
da CLT, exceto quando se tratar de aprendiz portador de deficiência, para o qual não
há limite de prazo.
✓ A formação técnico-profissional caracteriza-se por atividades teóricas e práticas,
metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas
no ambiente de trabalho.
✓ A idade máxima de 24 anos não se aplica a aprendizes portadores de deficiência.
✓ O aprendiz é considerado segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de segurado
empregado.

XVIII. o diretor empregado de empresa urbana ou rural, que, participando ou não do risco econômico
do empreendimento, seja contratado ou promovido para cargo de direção de sociedade
anônima, mantendo as características inerentes à relação de emprego.
✓ As sociedades anônimas podem ter dois tipos de diretores: o diretor empregado e o
diretor não empregado. Trataremos, no momento, apenas do diretor empregado.
✓ O diretor empregado é aquele contratado ou promovido para o cargo de direção da
sociedade anônima.
✓ O diretor empregado mantém as características inerentes à relação de emprego.
✓ O diretor empregado é considerado segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de
segurado empregado.
✓ Estudaremos o diretor não empregado no capítulo correspondente ao contribuinte
individual, haja vista tal diretor não empregado enquadrar-se nesta espécie de
segurado obrigatório.

XIX. o médico ou o profissional da saúde, plantonista, independentemente da área de atuação, do


local de permanência ou da forma de remuneração.
✓ Trata-se do médico plantonista ou demais profissionais de saúde, também
plantonistas.
✓ Independentemente da área de atuação, local de permanência ou forma de
remuneração, será segurado empregado, enquanto plantonista.
✓ Em regra, os médicos e demais profissionais da saúde quando não são plantonistas,
enquadram-se na qualidade de contribuinte individual, salvo se houver subordinação,
o serviço seja prestado em caráter não eventual e não seja voluntário, ou seja, mediante
remuneração.

XX. o treinador profissional de futebol, independentemente de acordos firmados, nos termos da Lei
nº 8.650, de 20 de abril de 1993.
✓ Trata-se do treinador profissional de futebol.

31
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

✓ O treinador profissional de futebol é considerado empregado quando especificamente


contratado por clube de futebol ou associação desportiva, com a finalidade de treinar
atletas de futebol profissional ou amador, ministrando-lhes técnicas e regras de futebol
com o objetivo de assegurar-lhes conhecimentos táticos e técnicos suficientes para a
prática desse esporte.
✓ A Lei nº 8.650, de 20 de abril de 1993 dispõe sobre as relações de trabalho do
Treinador Profissional de Futebol.
✓ A associação desportiva ou clube de futebol é considerado empregador quando,
mediante qualquer modalidade de remuneração, utiliza os serviços de Treinador
Profissional de Futebol.
✓ Os acordos firmados entre a associação desportiva ou clube de futebol e o respectivo
treinador profissional de futebol por eles contratados, não podem ser opostos à
legislação previdenciária e trabalhista, para excluir a condição de empregado do
respectivo treinador profissional de futebol contratado.

XXI. aquele contratado como trabalhador intermitente para a prestação de serviços, com
subordinação, de forma não contínua, com alternância de períodos de prestação de serviços e
de inatividade, em conformidade com o disposto no § 3º do art. 443 da Consolidação das Leis
do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
✓ Trata-se do trabalhador intermitente.
✓ Os serviços são prestados mediante subordinação, de forma não contínua, com
alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade.
✓ Os serviços são prestados em conformidade com o disposto no § 3º do art. 443 da
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio
de 1943, conforme segue:
“Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a
prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo
com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade,
determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de
atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas,
regidos por legislação própria.”

32
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2 - Empregado Doméstico

Nos termos do art. 1º da Lei Complementar nº 150/2015, considera-se empregado doméstico,


devendo filiar-se obrigatoriamente ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS, aquele que presta
serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à
família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, sendo vedada a contratação
de menor de 18 (dezoito) anos para desempenho de trabalho doméstico.

Serviço de natureza contínuo

Mediante subordinação
Empregado doméstico

Mediante remuneração (onerosidade)

De forma pessoal

Para pessoa ou família

Âmbito residencial desta

Atividades sem fins lucrativos

Mais de 2 dias por semana

2.1 - Natureza Contínua

A natureza contínua do serviço prestado, requisito necessário para se caracterizar o vínculo de emprego
doméstico, significa que deverá haver “ausência de interrupção”.
Segundo a Lei Complementar 150/2015, que dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico,
comprovando-se o labor por somente dois dias na semana, configura-se o caráter “descontínuo” da
prestação de trabalho. Neste caso, não teremos configurado o vínculo de emprego doméstico, por falta
de continuidade nos serviços prestados.

Antes da Lei Complementar 150/2015, não existia um número exato de dias em que
a diarista poderia trabalhar na residência para que fosse considerada empregada
doméstica. No entanto, após a publicação da LC 150/2015, ficou expressamente
definido que o empregado doméstico deve trabalhar por mais de 2 (dois) dias por
semana, ou seja, 3 (três) dias ou mais. Até dois dias por semana é considerado
diarista e se enquadra na qualidade de segurado contribuinte individual, como será
estudado adiante.

33
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Outrossim, não podemos confundir a “não eventualidade” com a “continuidade” dos


serviços prestados. A não eventualidade é uma característica do segurado
empregado, e significa que tal atividade se relaciona, de forma direta ou indireta,
com as atividades normais da empresa. Por outro lado, a continuidade pressupõe,
tão somente, ausência de interrupção, sendo tal conceito aplicado ao empregado
doméstico, nos casos em que o trabalho ocorra por mais de 2 (dois) dias por semana.

2.2 - Subordinação
O empregado doméstico está sujeito ao poder de direção do empregador.

2.3 - Onerosidade
O trabalho do empregado doméstico tem que ser remunerado (oneroso).

2.4 - Pessoalidade
Não pode o empregado domésticos se fazer substituir por outro trabalhador.

2.5 - Serviço Prestado a Pessoa ou Família


O serviço tem que ser prestado para pessoa física ou entidade familiar. Não poder ser para pessoa
jurídica (empresa).

2.6 - Âmbito Residencial


Um dos requisitos indispensáveis para que o trabalhador seja considerado empregado doméstico,
refere-se à necessidade de que tais serviços ocorram, necessariamente, no âmbito residencial do
empregador.
No entanto, a expressão “âmbito residencial” deve ser interpretada num sentido amplo, pois, do
contrário, somente o empregado que prestasse serviços dentro da residência seria considerado
doméstico.

Não devemos, entretanto, atrelar o conceito de “âmbito familiar” com o local da


prestação dos serviços, mas a quem o aproveita. No caso, a natureza dos serviços
deverá atender a uma necessidade da pessoa ou família que o contrate, sendo
direcionadas para o bem estar familiar.

O "âmbito residencial" abrange não somente a específica moradia do empregador,


como, também, unidades estritamente familiares que estejam distantes da residência
principal da pessoa ou família que toma o serviço doméstico. É o que ocorre, por exemplo, com a casa
de campo, a casa de praia, além de outras extensões residenciais. No caso do motorista, enfermeiro,

34
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

babá, dentre outros, o deslocamento para fora da residência, no exercício das funções domésticas, não
descaracteriza a relação de trabalho doméstico, pois o que se considera essencial é que o espaço de
trabalho se refira ao interesse pessoal ou familiar.

2.7 - Atividades Sem Fins Lucrativos


Outro requisito indispensável para que o trabalhador seja considerado empregado doméstico, refere-
se à vedação de que seus serviços sejam utilizados em atividades que tenham finalidade lucrativa para
o seu empregador.

Dizer que a atividade não pode ter finalidade lucrativa não significa que o empregado
doméstico não possa receber remuneração. Como vimos, a remuneração é requisito
necessário para se configurar o vínculo do empregado doméstico. No entanto, o
conceito traz restrição tão somente em relação à atividade desempenhada pelo
trabalhador doméstico, que não poderá visar lucro para o empregador.

Caso um empregado doméstico venha a realizar atividades com finalidade lucrativa,


ele deixará de ser enquadrado como doméstico e passará a ser considerado segurado empregado.

Exemplo: Trabalho de limpeza em escritório de advocacia ou consultório médico


(atividades com fins lucrativos). Nesses casos, não será empregado doméstico.

2.8 - Mais de 2 (dois) dias por semana


Se trabalhar nessas atividades domésticas até dois dias por semana não é empregado doméstico. Nesse
caso será considerado diarista, na qualidade de contribuinte individual.

(CESPE - Técnico do Seguro Social - 2016)


Com base no disposto no Decreto n.º 3.048/1999, que aprovou o regulamento da previdência social,
julgue o item subsecutivo.
Aquele que presta serviço de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa ou família, no âmbito
residencial desta, em atividade sem fins lucrativos, é considerado:

35
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

a) empregador doméstico, segurado obrigatório da previdência social.


b) trabalhador avulso, segurado facultativo da previdência social.
c) contribuinte individual, segurado obrigatório da previdência social.
d) empregado doméstico, segurado obrigatório da previdência social.

COMENTÁRIOS:
a) empregador doméstico, segurado obrigatório da previdência social.
Assertiva incorreta. Não podemos confundir o empregado doméstico com o empregador doméstico.

b) trabalhador avulso, segurado facultativo da previdência social.


Assertiva incorreta. Trata-se de um empregado doméstico (e não trabalhador avulso). Ademais, em
quaisquer dos casos, seria segurado obrigatório do RGPS (e não facultativo).

c) contribuinte individual, segurado obrigatório da previdência social.


Assertiva incorreta. Para ser segurado obrigatório, na qualidade de contribuinte individual, é
necessário prestar serviços de natureza NÃO continua, até 2 dias por semana.

d) empregado doméstico, segurado obrigatório da previdência social.


Assertiva correta. Aquele que presta serviço de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa
ou família, no âmbito residencial desta, em atividade sem fins lucrativos, é considerado empregado
doméstico.

Gabarito: D.

3 - Trabalhador Avulso

Considera-se trabalhador avulso aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço de natureza urbana
ou rural, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão
gestor de mão-de-obra ou do sindicato da categoria.

A palavra-chave desse conceito é exatamente a necessidade de intermediação


obrigatória, que poderá ocorrer por meio do órgão gestor de mão-de-obra - OGMO ou
do sindicato da categoria.

36
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Se o trabalhador prestar tal serviço, sem vínculo empregatício, a diversas empresas, porém sem a
intermediação obrigatória do OGMO ou do sindicato, será considerado contribuinte individual.

O órgão gestor de mão-de-obra – OGMO, é quem faz a intermediação da contratação dos trabalhadores
avulsos na atividade portuária. Nas demais atividades, a intermediação será feita pelo sindicato da
respectiva categoria profissional.

Assim, na atividade portuária, o OGMO interpõe-se entre o trabalhador avulso e o Operador Portuário,
requisitante dos serviços, organizando a prestação laborativa, negociando preço, recrutando os
trabalhadores e repassando a cota correspondente a cada trabalhador contratado.

No caso das atividades não portuárias, o sindicato da categoria irá se interpor entre os respectivos
trabalhadores e as empresas requisitantes dos serviços. Mesmo nesse caso, quando deverá haver
intermediação obrigatória do sindicato, não é obrigatório que o respectivo obreiro seja sindicalizado.

Importante frisar que o trabalhador avulso presta serviços sem vínculo empregatício, pois não há
subordinação ao OGMO ou ao sindicato, tampouco às empresas para as quais presta serviços.

Trabalhador avulso com


é aquele que (sindicalizado ou não) intermediação
obrigatória
presta serviços urbana
de natureza rural
órgão gestor
sindicato
de
da
a diversas empresas mão-de-obra
categoria
(ou equiparadas) (ogmo)

sem vínculo na atividade


empregatício portuária

São exemplos de trabalhadores avulsos portuários:

• o trabalhador que exerce atividade portuária de capatazia, estiva, conferência e conserto de carga,
vigilância de embarcação e bloco;
• o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e minério;
• o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios);
• o amarrador de embarcação;
• o carregador de bagagem em porto;
• o prático de barra em porto;

37
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• o guindasteiro;
• o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos.

São exemplos de trabalhadores avulsos não-portuários:


• o ensacador de café, cacau, sal e similares;
• o trabalhador na indústria de extração de sal;
• exerça atividade de movimentação de mercadorias em geral, nos termos do disposto na Lei nº
12.023, de 27 de agosto de 2009, em áreas urbanas ou rurais, sem vínculo empregatício, com
intermediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de acordo ou convenção coletiva de
trabalho, nas atividades de:
o cargas e descargas de mercadorias a granel e ensacados, costura, pesagem, embalagem,
enlonamento, ensaque, arrasto, posicionamento, acomodação, reordenamento, reparação
de carga, amostragem, arrumação, remoção, classificação, empilhamento, transporte com
empilhadeiras, paletização, ova e desova de vagões, carga e descarga em feiras livres e
abastecimento de lenha em secadores e caldeiras;
o operação de equipamentos de carga e descarga; e
o pré-limpeza e limpeza em locais necessários às operações ou à sua continuidade.

Para melhor esclarecer alguns dos termos utilizados acima, acerca do trabalhador avulso, entende-se
por:
➢ Capatazia - a atividade de movimentação de mercadorias nas instalações dentro do porto,
compreendidos o recebimento, a conferência, o transporte interno, a abertura de volumes para
a conferência aduaneira, a manipulação, a arrumação e a entrega e o carregamento e a descarga
de embarcações, quando efetuados por aparelhamento portuário; (Redação dada pelo Decreto
nº 10.410, de 2020).
➢ Estiva - a atividade de movimentação de mercadorias nos conveses ou nos porões das
embarcações principais ou auxiliares, incluindo transbordo, arrumação, peação e despeação,
bem como o carregamento e a descarga das mesmas, quando realizados com equipamentos de
bordo;
➢ Conferência de carga - a contagem de volumes, anotação de suas características, procedência
ou destino, verificação do estado das mercadorias, assistência à pesagem, conferência do
manifesto e demais serviços correlatos, nas operações de carregamento e descarga de
embarcações;
➢ Conserto de carga - o reparo e a restauração das embalagens de mercadoria, nas operações de
carregamento e descarga de embarcações, reembalagem, marcação, remarcação, carimbagem,
etiquetagem, abertura de volumes para vistoria e posterior recomposição;
➢ Vigilância de embarcações - a atividade de fiscalização da entrada e saída de pessoas a bordo
das embarcações atracadas ou fundeadas ao largo, bem como da movimentação de mercadorias
nos portalós, rampas, porões, conveses, plataformas e em outros locais da embarcação; e
➢ Bloco - a atividade de limpeza e conservação de embarcações mercantes e de seus tanques,
incluindo batimento de ferrugem, pintura, reparo de pequena monta e serviços correlatos

38
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

4 - Segurado Especial

4.1 - Conceito
Considera-se Segurado Especial a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou
rural próximo, que exerça suas atividades individualmente ou em regime de economia familiar, ainda
que com o auxílio eventual de terceiros, em condições de mútua colaboração, na condição de:
• Pequeno produtor rural;
• Pescador artesanal ou a este assemelhado;
• Cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de dezesseis anos de idade ou a este
equiparado, que, comprovadamente, tenham participação ativa nas atividades rurais ou
pesqueiras artesanais do grupo familiar.

Pequeno Produtor Rural


Considera-se pequeno produtor rural o:
• Proprietário (titular da propriedade)
• Usufrutuário (direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos)
• Possuidor (tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade, sem ser o proprietário)
• Assentado (beneficiário do programa de reforma agrária)
• Parceiro outorgado (contrato de parceria, dividindo-se os lucros ou prejuízos)
• Meeiro outorgado (contrato de parceria, dividindo-se os rendimentos ou custos)
• Comodatário (empréstimo gratuito)
• Arrendatário rural (utiliza-se da terra mediante pagamento de aluguel, em espécie ou
in natura)
Tais segurados serão considerados segurados especiais desde que explorem as seguintes atividades:

➢ agropecuária em área contínua ou não de até 4 (quatro) módulos fiscais;

➢ de seringueiro ou extrativista vegetal na coleta e extração, de modo


sustentável, de recursos naturais renováveis, e faça dessas atividades o principal
meio de vida (qualquer que seja a área de exploração).

Pescador Artesanal ou Assemelhado


Considera-se pescador artesanal ou a este assemelhado:
• Aquele que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida.

39
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Cônjuge, Companheiro, Filho, Equiparado


Considera-se segurado especial o cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de dezesseis anos
de idade ou a este equiparado :
• do pequeno produtor rural ou pescador artesanal, que, comprovadamente, tenham
participação ativa nas atividades rurais do grupo familiar.

residente em individualmente
Pequeno imóvel rural
produtor ou
rural ou
aglomerado regime de
urbano ou rural economia familiar
Pescador próximo ao
Artesanal imóvel rural
(ou assemelhado) ainda que com o
auxílio eventual
mesmo município de terceiros a
pessoa ou título de mútua
física município contíguo colaboração,
sem subordinação
nem remuneração.

Também se enquadram como Segurado Especial

Cônjuge
ou
do pequeno comprovadamente,
Companheiro produtor rural tenham participação
e ativa nas atividades
rurais ou pesqueiras
Filho maior de do pescador artesanais do
16 anos de idade artesanal grupo familiar.
ou a este
equiparado

O segurado especial recebe tal denominação em razão do seu tratamento diferenciado e favorecido em
relação aos demais segurados, entre os quais se destacam:
a) contribuição com alíquota reduzida e base da cálculo diferenciada, conforme será
oportunamente estudado;
b) sua carência, para fazer jus aos benefícios previdenciários, não é contada em quantidade de
contribuições, mas em número de meses de efetivo exercício de atividade rural ou pesqueira,
ainda que de forma descontínua;

40
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

c) somente terá direito a aposentadoria por tempo de contribuição se contribuir,


facultativamente, com contribuições adicionais, conforme será oportunamente estudado.

4.2 - Regime De Economia Familiar


Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos
membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento
socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e
colaboração, sem a utilização de empregados permanentes.

O grupo familiar poderá utilizar-se apenas de dois tipos de segurados contratados por
prazo determinado, sem que percam a condição de segurado especial:
a) Trabalhador rural contratado por prazo determinado, inclusive aquele
contratado por produtor rural pessoa física para o exercício de atividades de
natureza temporária, por prazo não superior a dois meses dentro do período de um
ano. (Este trabalhador é um segurado empregado);
b) Trabalhador que presta serviço, em caráter eventual, a uma ou mais
empresas, sem relação de emprego, em épocas de safra, à razão de, no máximo, 120
pessoas/dia dentro do ano civil (de 01/janeiro a 31/dezembro), em períodos
corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho, à
razão de 8 horas/dia e 44 horas/semana, hipóteses em que períodos de afastamento
em decorrência de percepção de auxílio por incapacidade temporária não serão
computados. (Este trabalhador é, em regra, um segurado contribuinte individual).

Contratando uma quantidade de trabalhadores superior ao limite estabelecido, o


segurado especial torna-se contribuinte individual, por descumprimento aos
requisitos mencionados.

Vamos explicar com mais detalhes a situação apresentada:


a) TRABALHADOR RURAL CONTRATADO POR PEQUENO PRAZO (Art. 14-A da Lei nº 5.889/73):
• Classificação do segurado contratado: segurado empregado;
• Tipo de atividade: temporária;
• Prazo máximo da contratação: 2 meses dentro do período de 1 ano (não é ano civil, ou
seja, não se limita ao período de 01/janeiro a 31/dezembro);

41
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Consequência pelo descumprimento deste requisito: o contratante, se segurado


especial, perde tal condição e torna-se contribuinte individual.

b) TRABALHADOR RURAL CONTRATADO EM CARÁTER EVENTUAL:


• Classificação do segurado contratado: segurado contribuinte individual;
• Tipo de atividade: eventual (em épocas de safra);
• Prazo máximo da contratação: 120 pessoas/dia dentro do ano civil (120 diárias entre
01/janeiro e 31/dezembro).
• Consequência pelo descumprimento deste requisito: o contratante, se segurado
especial, perde tal condição e torna-se contribuinte individual.
Para não restar dúvidas, vamos esclarecer o que significa esta relação 120 pessoas/dia: significa que o
segurado especial poderá contratar trabalhadores em caráter eventual, limitado ao pagamento de 120
diárias no ano civil.

Exemplo: o segurado especial poderá contratar, entre 01/janeiro e 31/dezembro de


determinado ano, no máximo:
-> 3 trabalhadores pelo período de 40 dias, totalizando 120 diárias pagas, ou
-> 6 trabalhadores pelo período de 20 dias, totalizando 120 diárias pagas, ou
-> 17 trabalhadores num dia, 3 trabalhadores em outro, 9 trabalhadores em outro dia, 1
trabalhador em outro, 23 em outro e assim por diante, desde que a soma não ultrapasse
120 diárias entre 01/janeiro e 31/dezembro.

Não descaracteriza, outrossim, a condição de segurado especial, a exploração da


atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não mais
de 120 dias ao ano.

Exemplo: Consideremos um segurado especial que explore, individualmente ou em


regime de economia familiar, em sua propriedade rural, atividade de produtor
agropecuário, em área contínua de até 4 módulos fiscais, e que, durante os meses de
dezembro, janeiro e fevereiro de cada ano, explore atividade turística na mesma
propriedade, fornecendo, inclusive, hospedagem rústica. Nessa situação apresentada, o
segurado mantém sua condição de segurado especial, pois sua exploração turística
ocorre, anualmente, por menos de 120 dias.

42
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Vejamos, a seguir, o diagrama com o resumo das informações mais importantes sobre as peculiaridades
do regime de economia familiar, contratação de trabalhadores pelo segurado especial e utilização da
propriedade para exploração turística:

Trabalho dos empregados contratados


membros da por prazo determinando
família é
indispensável trabalhador que presta
serviço de caráter
eventual
Regime de Mútua
economia dependência e ou
familiar colaboração
máximo 120 pessoas/ dia
por ano civil (120 diárias)

sem utilização
de empregados em períodos corridos ou intercalados, ou,
permanentes ainda, por tempo equivalente em horas de
trabalho, à razão de oito horas por dia e
quarenta e quatro horas por semana

4.3 - Produtor Rural


O produtor rural, seja ele proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado,
parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore
atividade agropecuária (agricultura e/ou pecuária), somente será considerado
segurado especial se realizar tal atividade em área contínua ou não de até 4
módulos fiscais.

O módulo fiscal varia de um município para outro. Assim sendo, torna-se


irrelevante para o nosso estudo saber qual é o valor de um módulo fiscal. Apenas devemos saber que,
nas atividades agropecuárias, a propriedade rural onde ocorre a respectiva exploração deverá ter, no
máximo, 4 módulos fiscais, em área contínua ou não.

Caso a propriedade seja superior a esse valor, o produtor rural não será segurado especial, mas um
contribuinte individual.

No caso do seringueiro ou extrativista vegetal, que realize atividade de coleta e extração, de modo
sustentável, de recursos naturais renováveis, e faça dessas atividades o principal meio de vida, não
existe limitação de área. Assim sendo, quando exercerem tais atividades, manterão a condição de
segurados especiais, independentemente do tamanho da área onde realizem suas atividades de
extração e coleta.

43
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Vejamos tais informações através do diagrama abaixo, para facilitar sua memorização:

área de até 4 módulos fiscais


atividade agropecuária (vária de municpioio para
município)

Pequeno produtor rural seringueiro

área de qualquer tamanho

extrativista vegetal

4.4 - Pescador Artesanal


Considera-se pescador artesanal aquele que, individualmente ou em regime de economia familiar, faz
da pesca sua profissão habitual ou meio principal de vida, desde que:

a) não utilize embarcação;


b) utilize embarcação de pequeno porte;

Entende-se por embarcação de pequeno porte aquela que possui arqueação bruta – AB menor ou igual
que 20 (vinte), nos termos da lei nº 11.959/2009.
Apenas por curiosidade, arqueação bruta (AB) é a expressão do tamanho total de uma embarcação, de
parâmetro adimensional, determinada de acordo com o disposto na convenção marítima internacional
sobre arqueação de navios (1969) e normas nacionais, sendo função do volume de todos os espaços
fechados, multiplicado por uma variável “k”.
Caso a embarcação utilizada extrapole o limite informado, o pescador não poderá mais ser enquadrado
como segurado especial, passado à condição de contribuinte individual.

44
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

desde que seja embarcação de


Barco próprio ou de terceiros pequeno porte (arqueação bruta
igual ou menos que 20)
Pescador Artesanal (ou
assemelhado)

Sem barco também é segurado especial

Considera-se pescador artesanal aquele que, individualmente ou em regime de economia


familiar, faz da pesca sua profissão habitual ou meio principal de vida, desde que não utilize
embarcação ou utilize embarcação de pequeno porte.

São considerados assemelhados ao pescador artesanal, enquadrando-se igualmente na condição de


segurado especial, aquele que realiza atividade de apoio à pesca artesanal, exercendo trabalhos de
confecção e de reparos de artes e petrechos de pesca e de reparos em embarcações de pequeno porte
ou atuando no processamento do produto da pesca artesanal, bem como o mariscador, o caranguejeiro,
o eviscerador, o observador de cardumes, o pescador de tartarugas, o catador de algas, dentre outros.

4.5 - Não Descaracterização Da Condição De Segurado Especial

Não descaracteriza a condição de segurado especial:


a) a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 50% de
imóvel rural cuja área total, contínua ou descontínua, não seja superior a quatro módulos
fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade,
individualmente ou em regime de economia familiar;
b) a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não
mais de cento e vinte dias ao ano;
c) a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade classista a que
seja associado, em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de
economia familiar;
d) a participação como beneficiário ou integrante de grupo familiar que tem algum componente
que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo;
e) a utilização pelo próprio grupo familiar de processo de beneficiamento ou industrialização
artesanal, na exploração da respectiva atividade;

45
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

f) a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rural; e


g) a incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI sobre o produto das atividades
desenvolvidas em caso de participação do segurado especial em sociedade empresária, em
sociedade simples, como empresário individual ou como titular de empresa individual
de responsabilidade limitada de objeto ou âmbito agrícola, agroindustrial ou agroturístico,
considerada microempresa, desde que, mantido o exercício da sua atividade rural na
qualidade de segurado especial, a pessoa jurídica componha-se apenas de segurados de igual
natureza e sedie-se no mesmo Município ou em Município limítrofe àquele em que eles
desenvolvam suas atividades.

4.6 - Membro Do Grupo Familiar Que Possui Outra Fonte De


Rendimento

Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento, exceto
se decorrente de:
a) benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere
o do menor benefício de prestação continuada da previdência social;
b) benefício concedido ao segurado qualificado como segurado especial,
independentemente do valor;
c) benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar
instituído por entidade classista a que seja associado, em razão da condição de trabalhador
rural ou de produtor rural em regime de economia familiar;
d) exercício de atividade remunerada em período não superior a cento e vinte dias, corridos
ou intercalados, no ano civil, devendo, neste caso, efetuar o recolhimento da contribuição
devida em relação ao exercício de tal atividade;
e) exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de
trabalhadores rurais;
f) exercício de mandato de vereador do município onde desenvolve a atividade rural, ou de
dirigente de cooperativa rural constituída exclusivamente por segurados especiais,
devendo, neste caso, efetuar o recolhimento da contribuição devida em relação ao exercício de
tal atividade;
g) parceria ou meação outorgada, por meio de contrato escrito, de até 50% de imóvel rural
cuja área total, contínua ou descontínua, não seja superior a quatro módulos fiscais, desde
que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou
em regime de economia familiar;
h) atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo
familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que, nesse caso, a renda
46
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da


previdência social; e
i) atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de prestação
continuada da previdência social.

4.7 - Data Da Exclusão Do Segurado Especial


O segurado especial fica excluído dessa categoria:
I – a contar do primeiro dia do mês em que:
a) deixar de satisfazer as condições;
b) se enquadrar em qualquer outra categoria de segurado obrigatório do RGPS, ressalvadas
as exceções expressamente previstas em lei;
c) se tornar segurado obrigatório de outro regime previdenciário; e
d) participar de sociedade empresária, de sociedade simples, como empresário individual
ou como titular de empresa individual de responsabilidade limitada em desacordo com
as limitações impostas na lei.
II – a contar do primeiro dia do mês subsequente ao da ocorrência, quando o grupo familiar a
que pertence:
a) exceder o limite de utilização de trabalhadores temporários (máximo 2 meses por ano)
ou eventuais (máximo 120 pessoas/dia no ano civil);
b) exceder o limite de dias em atividade remunerada corridos ou intercalados (máximo 120
dias no ano civil), devendo, neste caso, efetuar o recolhimento da contribuição devida em
relação ao exercício de tal atividade ; e
c) exceder o limite de dias de hospedagem na propriedade rural (120 dias ao ano).

Obs.: A participação do segurado especial em sociedade empresária ou em sociedade


simples ou a sua atuação como empresário individual ou como titular de empresa
individual de responsabilidade limitada de objeto ou âmbito agrícola, agroindustrial ou
agroturístico, considerada microempresa nos termos do disposto na Lei Complementar
nº 123, de 2006, desde que, mantido o exercício da sua atividade rural na qualidade de
segurado especial e em regime de economia familiar, a pessoa jurídica seja composta
apenas por segurados especiais e sediada no mesmo Município ou em Município limítrofe
àquele em que ao menos um deles desenvolva as suas atividades.

47
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(CESPE - Defensor Público Federal - 2015)


Em relação aos segurados do RGPS e seus dependentes, julgue os itens abaixo.
I - O fato de um dos integrantes do seu núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por
si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, devendo-se proceder à análise
do caso concreto.
II - O pescador que exerça essa atividade como principal meio de vida é considerado segurado especial
mesmo que tenha empregados permanentes.
III - O recebimento de dinheiro decorrente de programa assistencial oficial do governo federal
descaracteriza a condição de segurado especial.
Está correto o que se afirma em:
a) I
b) II
c) I e II
d) II e III

COMENTÁRIOS:
I - O fato de um dos integrantes do seu núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por
si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, devendo-se proceder à análise
do caso concreto.

Assertiva correta. Súmula 41 TNU: A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar


desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como
segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto.

II - O pescador que exerça essa atividade como principal meio de vida é considerado segurado especial
mesmo que tenha empregados permanentes.
Assertiva incorreta. A partir do momento que o pescador artesanal passa a utilizar empregados
permanentes, sua condição de segurado especial é descaracterizada

III - O recebimento de dinheiro decorrente de programa assistencial oficial do governo federal


descaracteriza a condição de segurado especial.
Assertiva incorreta. Receber dinheiro de programas sociais não descaracteriza a condição de segurado
especial, nos termos do Art. 9º, § 18, IV, do Decreto n.º 3.048/1999.

Gabarito: A

48
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


De acordo com a Lei nº 8.213/91, não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir
outra fonte de rendimento, EXCETO se decorrente de:
a) exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores
urbanos.
b) exercício de atividade remunerada em período não superior a 180 dias, corridos ou intercalados, no
ano civil.
c) atividade artística, desde que em valor mensal inferior a dois salários-mínimos.
d) benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do
menor benefício de prestação continuada da Previdência Social.

COMENTÁRIOS:

a) exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores


urbanos.
Assertiva incorreta. Não é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de
rendimento, exceto se decorrente de exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização
da categoria de trabalhadores rurais (e não urbanos).

b) exercício de atividade remunerada em período não superior a 180 dias, corridos ou intercalados, no
ano civil.
Assertiva incorreta. O exercício de atividade remunerada não pode ocorrer em período superior a 120
(cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil.

c) atividade artística, desde que em valor mensal inferior a dois salários-mínimos.


Assertiva incorreta. A atividade artística deve gerar remuneração mensal inferior ao menor benefício
de prestação continuada da Previdência Social.

d) benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do
menor benefício de prestação continuada da Previdência Social.
Assertiva correta. Essa é a exceção pedida pelo examinador, nos termos do § 9o , I, da lei nº 8.213/91.

Gabarito: D

49
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

4.8 - Comprovação da atividade do Segurado Especial

Até a publicação da Medida Provisória 871 de 18/01/2019, a comprovação da atividade como segurado
especial era feita por prova documental contemporânea aos fatos e não era necessário que o segurado
comprovasse o efetivo recolhimento de contribuições para poder usufruir dos benefícios da seguridade
social, sendo necessário somente que o segurado comprovasse a atividade.

A Medida Provisória 871 de 18/01/2019, convertida na Lei 13.846/19, trouxe a previsão de que o
Ministério da Economia manterá um sistema de cadastro dos segurados especiais no CNIS (que
é a base de dados da previdência social que contém as informações relativas aos vínculos empregatícios
dos segurados).

A partir de janeiro de 2023, a comprovação da atividade dos segurados especiais será feita
exclusivamente pelos dados do CNIS. Para períodos anteriores a essa data, o segurado especial
comprovará o tempo de exercício da atividade rural por meio de autodeclaração ratificada por
entidades públicas credenciadas, sendo vedada a atualização após o prazo de 5 anos contados da
data limite da atualização anual prevista em lei.

Se até janeiro de 2023 não houver 50% dos segurados especiais cadastrados no CNIS, a comprovação
da atividade exclusivamente por essa base de dados somente ocorrerá depois que o CNIS atingir a
cobertura mínima de 50% dos segurados especiais, apurada conforme quantitativo da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD).

O CNIS deverá ser atualizado anualmente com as informações necessárias à caracterização do


segurado especial. A atualização das informações referentes à atividade em um dado ano deverá ser
feita até a data de 30 de junho do ano subsequente. Se não houver a atualização até a data prevista, o
segurado especial somente poderá computar a atividade referente àquele ano se tiver efetuado
recolhimento (conforme estudaremos na própria aula) em época própria. Ou seja, se o segurado
especial não providenciou a atualização das informações de sua atividade até o dia 30 de junho do ano
subsequente, não bastará a comprovação da atividade para poder usufruir os benefícios, devendo ter
havido o efetivo recolhimento de contribuição social.

5 - Contribuinte Individual

5.1 - Conceito

A categoria de segurado contribuinte individual foi criada pela Lei nº 9.876/99, e reúne as antigas
categorias de segurados empresário, autônomo e equiparado a autônomo.

Também compõe a categoria de segurado contribuinte individual os segurados que


deixaram de atender algum requisito para se enquadrar nas demais categorias.

50
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

5.2 - Classificação

Filia-se obrigatoriamente ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS, na qualidade de


contribuinte individual:

I. a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título,
em caráter permanente ou temporário, em área, contínua ou descontínua, superior a quatro
módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a quatro módulos fiscais ou atividade
pesqueira ou extrativista, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou
ainda quando deixar de satisfazer as condições para ser segurado especial.

✓ Trata-se de um trabalhador rural ou pescador artesanal, denominado produtor rural


pessoa física, quando não cumpra todos os requisitos para ser enquadrado na condição
de segurado especial, conforme segue:
a) Área do imóvel rural é superior a 4 módulos fiscais;
b) Com o auxílio de empregados por mais de 120 pessoas/dia no ano civil (120
diárias);
c) Possui empregados permanentes;
d) Exerce a atividade por intermédio de prepostos;
e) Deixou de satisfazer outras condições para ser segurado especial.

✓ Assim sendo, tais trabalhadores serão enquadrados como segurados obrigatórios do


RGPS, na qualidade de contribuintes individuais.

II. a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo -,
em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou
sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua.

✓ Trata-se de um trabalhador que explora atividade de extração mineral - GARIMPO.

✓ Considera-se garimpeiro toda pessoa física de nacionalidade brasileira que,


individualmente ou em forma associativa, atue diretamente no processo da extração
de substâncias minerais garimpáveis.

✓ Entende-se por garimpo a localidade onde é desenvolvida a atividade de extração de


substâncias minerais garimpáveis.

✓ O garimpo pode ser de sua propriedade ou não.

✓ O trabalho pode se dar em caráter permanente ou temporário.

51
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

✓ O trabalho pode ser realizado diretamente ou por intermédio de prepostos.

✓ O garimpeiro poderá exercer sua atividade, mantendo a qualidade de contribuinte


individual:

a) individualmente;
b) com auxílio de empregados temporários;
c) com auxilia de empregados permanentes;
d) em regime de economia familiar;
e) mediante contrato de parceria;
f) por intermédio de preposto;
g) em cooperativa;
h) qualquer outra forma de associativismo.

✓ O trabalho pode ser realizado de forma contínua ou não contínua.

OBSERVAÇÃO: O garimpeiro é um contribuinte individual. No entanto, caso realize sua


atividade preenchendo os pressupostos da relação de emprego, em caráter não-eventual,
mediante subordinação, remuneração e pessoalidade, será considerado segurado
empregado.

OBSERVAÇÃO 2: Em nenhuma hipótese o garimpeiro será considerado segurado especial.

OBSERVAÇÃO 3: É proibido o trabalho de garimpagem para menores de 18 anos.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Analise as assertivas abaixo:
I - Pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter
permanente ou temporário, em área, contínua ou descontínua, superior a quatro módulos fiscais.
II - Pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter
permanente ou temporário, em área igual ou inferior a quatro módulos fiscais, com auxílio de
empregados permanentes ou por intermédio de prepostos.
III - Pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo -, em caráter
permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de
empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua.
IV - Pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter
permanente ou temporário, que deixar de satisfazer as condições para ser segurado especial.

52
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

De acordo com a Lei nº 8.212/1991, são segurados obrigatórios da Previdência Social, como
contribuintes individuais os indicados em:
a) I, II, III e IV.
b) I, II e III, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) II e IV, apenas.

COMENTÁRIOS:
I - Pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter
permanente ou temporário, em área, contínua ou descontínua, superior a quatro módulos fiscais.
Assertiva correta. Trata-se de um segurado contribuinte individual, nos termos do art. 9º, V, "a", do
Decreto 3.048/99.

II - Pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter
permanente ou temporário, em área igual ou inferior a quatro módulos fiscais, com auxílio de
empregados permanentes ou por intermédio de prepostos.
Assertiva correta. Trata-se de um segurado contribuinte individual, nos termos do art. 9º, V, "a", do
Decreto 3.048/99.

III - Pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo -, em caráter
permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de
empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua.
Assertiva correta. Trata-se de um segurado contribuinte individual, nos termos do art. 9º, V, "b", do
Decreto 3.048/99.

IV - Pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter
permanente ou temporário, que deixar de satisfazer as condições para ser segurado especial.
Assertiva correta. Trata-se de um segurado contribuinte individual, nos termos do art. 9º, V, "a", do
Decreto 3.048/99.

Gabarito: A

III. o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação


ou de ordem religiosa;

✓ Considera-se ministro de confissão religiosa a pessoa vocacionada, de forma voluntária,


para determinados serviços, eventuais ou permanentes, característicos da referida
confissão, que consagram sua vida a serviço de Deus e do próximo, desde que devidamente

53
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

aprovados para a prática das atividades por autoridade religiosa competente. São
exemplos de ministros de confissão religiosa: padres, pastores, rabinos, sacerdotes, bispos.

✓ Considera-se membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou ordem religiosa


os que emitem voto determinado ou seu equivalente, devidamente aprovado pela
autoridade religiosa competente. São exemplos de membros de instituto de vida
consagrada: freiras, frades, monges

✓ Não se considera como remuneração direta ou indireta, para os efeitos desta Lei, os valores
despendidos pelas entidades religiosas e instituições de ensino vocacional com ministro de
confissão religiosa, membros de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem
religiosa em face do seu mister religioso ou para sua subsistência desde que fornecidos em
condições que independam da natureza e da quantidade do trabalho executado.

✓ No caso em que os valores recebidos por esses religiosos não sejam considerados
remuneração, nos termos do item anterior, tais segurados permanecerão enquadrados
como contribuintes individuais. Contudo, por falta de remuneração, a base de cálculo das
contribuições previdenciárias será o valor por eles declarados, respeitados os limites
mínimos e máximos do salário-de-contribuição, conforme estudaremos mais adiante.

(CESPE - Auditor de Controle Externo - TC-DF – 2014)


No que se refere ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), julgue o item seguinte.
É segurado obrigatório da Previdência Social, como contribuinte individual, exceto:
a) o membro de instituto de vida consagrada.
b) o ministro de confissão religiosa.
c) o garimpeiro.
d) o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a Lei.

COMENTÁRIOS:
a) o membro de instituto de vida consagrada.
Contribuinte Individual. Trata-se de um segurado contribuinte individual, nos termos do art. 9º, V,
"c", do Decreto 3.048/99.

b) o ministro de confissão religiosa.

54
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Contribuinte Individual. Trata-se de um segurado contribuinte individual, nos termos do art. 9º, V,
"c", do Decreto 3.048/99.

c) o garimpeiro.
Contribuinte Individual. Trata-se de um segurado contribuinte individual, nos termos do art. 9º, V,
"b", do Decreto 3.048/99.

d) o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a Lei.


Segurado empregado. Trata-se de um segurado contribuinte individual, nos termos do art. 9º, I, "h",
do Decreto 3.048/99.

Gabarito: D.

IV. o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o
Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por
regime próprio de previdência social;

✓ O trabalho ocorrerá no exterior.

✓ O trabalho será necessariamente prestado por um brasileiro civil.

✓ O brasileiro civil contratado trabalha diretamente para o organismo oficial


internacional do qual o Brasil é membro efetivo.

✓ Não podemos confundir o contribuinte individual em análise com o brasileiro civil que
trabalha PARA A UNIÃO em organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro
efetivo. Se trabalhar PARA A UNIÃO nesse organismo oficial internacional, será
segurado empregado.

✓ O serviço será prestado em Organismo Oficial Internacional.

✓ É obrigatório que o Brasil seja membro efetivo do respectivo Organismo Internacional


onde ocorrerá o trabalho.

✓ É irrelevante onde o brasileiro civil seja domiciliado ou contratado.

✓ Para se enquadrar como segurado empregado do RGPS, o brasileiro civil contratado


não poderá estar amparado por RPPS.

55
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


De acordo com a Lei nº 8.212/1991, o brasileiro civil que trabalha no Canadá para organismo oficial
internacional do qual o Brasil é membro efetivo, sendo domiciliado no Canadá e lá contratado, não
estando coberto por regime próprio de previdência social, bem como a pessoa física que explora
atividade de extração mineral:
a) são considerados segurados obrigatórios da previdência social como contribuintes individuais.
b) são considerados segurados obrigatórios da previdência social como empregados.
c) não são considerados segurados obrigatórios da previdência social.
d) são considerados segurados obrigatórios da previdência social como empregado e contribuinte
individual, respectivamente.

COMENTÁRIOS:
Analisemos alguns dispositivos legais, pois, através destes já abarcamos os comentários para todas as
alternativas deste exercício.
Conforme art. 11 da Lei nº 8.213/1991:
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I - como empregado: (...)
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou
internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se
segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;
(...)
V - como contribuinte individual: (...)
e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é
membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de
previdência social;

Já no art. 12 da Lei nº 8.212/1991:


Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (...)
V - como contribuinte individual: (...)
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo, em caráter
permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de
empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua;

56
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Com isso podemos concluir que ambos são contribuintes individuais.

Gabarito: A

V. O empresário individual e o titular de empresa individual de responsabilidade limitada,


urbana ou rural, desde que recebam remuneração decorrente de trabalho na empresa;

✓ O empresário individual nada mais é do que aquele que exerce em nome próprio
atividade empresarial, sem constituir sociedade.

✓ Deverá oficializar sua condição mediante o registro na Junta Comercial.

✓ O empresário individual e o titular de empresa individual de responsabilidade limitada


poderá exercer atividade empresarial urbana ou rural.

✓ O empresário individual e o titular de empresa individual de responsabilidade


limitada, são contribuintes individuais.

VI. o diretor não empregado e o membro de conselho de administração na sociedade anônima,


desde que recebam remuneração decorrente de trabalho na empresa;

✓ As sociedades anônimas podem ter dois tipos de diretores: o diretor empregado e o


diretor não empregado. O diretor empregado é considerado segurado empregado.
Trataremos, no momento, do diretor não empregado, que é considerado segurado
contribuinte individual.

✓ Considera-se diretor não empregado aquele que, participando ou não do risco


econômico do empreendimento, seja eleito, por assembleia geral dos acionistas, para
cargo de direção das sociedades anônimas, não mantendo as características
inerentes à relação de emprego.

✓ Um dos órgãos fundamentais da sociedade anônima é o Conselho de Administração,


composto por, no mínimo, 3 (três) membros, eleitos pela assembleia-geral e por ela
destituíveis a qualquer tempo, cuja designação é ajudar à diretoria nas estratégias da
companhia.

57
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

✓ Os membros dos órgãos de administração deverão ser, necessariamente, pessoas


naturais.

✓ O diretor não empregado e os membros do conselho de administração na sociedade


anônima, são considerados segurados obrigatórios do RGPS, na qualidade de
contribuinte individual.

✓ Da mesma forma, os membros do conselho fiscal na sociedade anônima, são


considerados segurados obrigatórios do RGPS, na qualidade de contribuinte
individual.

VII. Os sócios nas sociedades em nome coletivo, desde que recebam remuneração decorrente de
trabalho na empresa;

✓ Sociedade em Nome Coletivo:

a) Refere-se à constituição de uma empresa por sociedade, onde todos os sócios


respondem pelas obrigações sociais de forma ilimitada.

b) Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, não
podendo ser constituída por pessoas jurídicas.

c) A administração da sociedade em nome coletivo compete exclusivamente aos


sócios.

d) Todos os sócios da sociedade em nome coletivo são segurados contribuintes


individuais.

VIII. O sócio gerente, o sócio cotista e o administrador, quanto a este último, quando não for
empregado em sociedade limitada, urbana ou rural, desde que recebam remuneração
decorrente de trabalho na empresa;

✓ Sócio Gerente:

a) Sócio gerente é o administrador, contratualmente designado ou por designação em


ato em separado, para administrar uma sociedade limitada.

b) O sócio gerente é o que tem poderes para gerir o negócio e em geral contrair
obrigações em nome da empresa.

c) Determina-se no contrato social quais sócios exercerão a função de gerente e, se for


escolhido mais de um, se assinarão em conjunto ou em separado.

58
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

d) O sócio gerente é segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de contribuinte


individual, uma vez que se trata de um sócio administrador, presumindo-se o
respectivo trabalho remunerado.

✓ Sócio Cotista:

a) O sócio cotista é um sócio que, apesar de participar do capital da sociedade limitada,


não está contratualmente designado, nem tampouco em ato separado, como
administrador da sociedade.

b) Diferentemente do sócio gerente, onde o trabalho remunerado é presumido, para


que o sócio cotista seja considerado segurado obrigatório do RGPS deverá,
necessariamente, se comprovar a retirada de pro labore. Feita tal comprovação, o
sócio cotista será segurado do RGPS, na qualidade de contribuinte individual.

c) Caso o sócio cotista não retire pro labore, poderá se filiar, caso deseje e não haja
vedação legal, como segurado facultativo.

✓ Administrador não Empregado:

a) O administrador não empregado da sociedade limitada é a pessoa física que, mesmo


sem ser sócia, é designada contratualmente ou em ato separado, para ser
administrador deste tipo de sociedade.

b) Para ser considerado contribuinte individual, este administrador não empregado


não poderá ter vínculo empregatício.

IX. o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer
natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade
de direção condominial, desde que recebam remuneração;

✓ Associado eleito para cargo de direção em cooperativa:

a) Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se


obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade
econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro.

b) Nos termos do art. 47 da Lei nº 5.764/71, a cooperativa será administrada por uma
Diretoria ou Conselho de Administração, composto exclusivamente de associados
eleitos pela Assembleia Geral.

59
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

c) Esses associados eleitos para cargos de direção, quando remunerados, serão


segurados do RGPS, na qualidade de contribuinte individual.

✓ Associado eleito para cargo de direção em associações ou entidade de qualquer


natureza ou finalidade:

a) Os associados eleitos para cargo de direção em associações ou entidades de


qualquer natureza ou finalidade, caso recebam alguma remuneração, serão
segurados do RGPS, na qualidade de contribuinte individual.

b) Tal regra não se aplica a dirigentes sindicais, já que eles mantêm, durante o
exercício do mandato, o mesmo enquadramento no RGPS que possuía antes de
assumir o cargo.

✓ Síndico ou administrador de condomínio:

a) O síndico de condomínio, quando remunerado, é segurado obrigatório do RGPS, na


qualidade de contribuinte individual.

b) Considera-se remuneração indireta, inclusive, a isenção da cota condominial em


favor do síndico, sendo considerado neste caso, também, contribuinte individual.

c) Caso o síndico não seja remunerado e nem se beneficie da isenção da cota


condominial, não será segurado obrigatório do RGPS, podendo ser, caso queira,
segurado facultativo.

Obs.: Conforme entendimento do STJ, síndico de condomínio que receber remuneração


pelo exercício dessa atividade será enquadrado como contribuinte individual do RGPS.
Da mesma forma, o síndico isento da taxa condominial, apesar der não ser remunerado
diretamente (sua remuneração é considerada indireta), será também considerado
contribuinte individual do RGPS.

60
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(CESPE - Advogado da União - 2015)


Acerca do RGPS, julgue os itens subsequentes.
I - Conforme entendimento do STJ, síndico de condomínio que receber remuneração pelo exercício
dessa atividade será enquadrado como contribuinte individual do RGPS, ao passo que o síndico isento
da taxa condominial, por não ser remunerado diretamente, não será considerado contribuinte do RGPS.
II - Síndico eleito para exercer atividade de direção condominial é segurado empregado, desde que
receba remuneração.
III - Considera-se contribuinte individual o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, desde
que receba remuneração.
Está correto o que se afirma em:
a) I
b) I e II
c) II e III
d) III

COMENTÁRIOS:
I - Conforme entendimento do STJ, síndico de condomínio que receber remuneração pelo exercício
dessa atividade será enquadrado como contribuinte individual do RGPS, ao passo que o síndico isento
da taxa condominial, por não ser remunerado diretamente, não será considerado contribuinte do RGPS.
Assertiva incorreta. Conforme entendimento do STJ, síndico de condomínio isento da taxa
condominial, apesar der não ser remunerado diretamente (sua remuneração é considerada indireta),
será também considerado contribuinte individual do RGPS.

II - Síndico eleito para exercer atividade de direção condominial é segurado empregado, desde que
receba remuneração.
Assertiva incorreta. síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial,
desde que recebam remuneração, são considerados contribuintes individuais.

III - Considera-se contribuinte individual o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, desde
que receba remuneração.

61
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva correta. Considera-se contribuinte individual o associado eleito para cargo de direção em
cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, desde que recebam
remuneração.

Gabarito: D.
X. quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais
empresas, sem relação de emprego;

✓ Trata-se aqui do trabalhador eventual.

✓ O serviço a ser prestado pode ser de natureza urbana ou rural.

✓ O serviço é prestado a uma ou mais empresas, porém não poderá haver relação de
emprego.

✓ Diferentemente do segurado empregado, o trabalhador eventual presta serviços sem


continuidade, apesar de estar, em regra, sujeito ao poder de direção do contratante,
durante sua atividade.

EXEMPLOS: eletricista, pintor, encanador, etc, quando contratados para uma atividade
específica e sem relação de emprego.

XI. a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com
fins lucrativos ou não;

✓ A atividade econômica exercida por este segurado será, necessariamente, de natureza


urbana.

✓ A atividade em questão não precisará ser exercida apenas a contratantes que possuam
finalidades lucrativas. Assim sendo, tais contratantes poderão, também, ter fins não
lucrativos, como, por exemplo, uma pessoa física que contrate um advogado para
mover uma ação judicial ou contrate um dentista para fazer um tratamento dentário.

✓ O segurado exercerá a respectiva atividade por conta própria, ou seja, sem


subordinação, assumindo os riscos de sua atividade econômica.

✓ O presente segurado era conhecido, antigamente, como autônomo. Atualmente faz


parte da categoria de segurados denominados contribuintes individuais.

EXEMPLOS: advogado, médico, contador, dentista, etc, desde que trabalhem por conta
própria e sem relação de emprego com o contratante. No entanto, se tais profissionais
62
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

trabalharem de forma não eventual e mediante subordinação, terão relação de


emprego com o tomador dos serviços e serão considerados segurados empregados.

XII. o aposentado de qualquer regime previdenciário nomeado magistrado classista temporário


da Justiça do Trabalho, na forma dos incisos II do § 1º do art. 111 ou III do art. 115 ou do
parágrafo único do art. 116 da Constituição Federal, ou nomeado magistrado da Justiça
Eleitoral, na forma dos incisos II do art. 119 ou III do § 1º do art. 120 da Constituição Federal;
(Incluída pelo Decreto nº 3.265, de 1999)

✓ Com a Emenda Constitucional nº 24/1999, foi extinta a categoria de magistrado


classista temporário da Justiça do Trabalho.

✓ No caso dos magistrados temporários da Justiça Eleitoral, nomeados pelo Presidente


da República dentre advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, quando
aposentados, e apenas quando aposentados, caso passem a exercer a atividade de juiz
temporário, serão considerados segurados obrigatórios do RGPS, na qualidade de
contribuintes individuais.

✓ Caso estes magistrados temporários, quando nomeados, ainda não estejam


aposentados, deverão manter o enquadramento do RGPS de antes da investidura no
cargo.

XIII. o cooperado de cooperativa de produção que, nesta condição, presta serviço à sociedade
cooperativa mediante remuneração ajustada ao trabalho executado; e (Incluída pelo Decreto
nº 4.032, de 2001)

✓ As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de


natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos associados.

✓ A cooperativa de produção é a sociedade que, por qualquer forma, detém os meios de


produção e seus associados contribuem com serviços laborativos ou profissionais para
a produção em comum de bens.

✓ Considera-se cooperado o trabalhador associado à cooperativa, que adere aos


propósitos sociais e preenche as condições estabelecidas no estatuto dessa
cooperativa.

✓ O cooperado de cooperativa de produção, quando receba remuneração ajustada ao


trabalho executado é enquadrado no RGPS como segurado obrigatório, na qualidade
de contribuinte individual.

63
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

✓ No caso de segurados especiais que se organizem em forma de cooperativa de


produção, manterão os mesmos sua qualidade de segurados especiais.

XIV. o trabalhador associado a cooperativa que, nesta qualidade, presta serviços a terceiros.

✓ Neste item, estamos tratando do trabalhador associado à cooperativa de trabalho.

✓ Cooperativa de trabalho, espécie de cooperativa também denominada cooperativa de


mão-de-obra, é a sociedade formada por operários, artífices, ou pessoas da mesma
profissão ou ofício ou de vários ofícios de uma mesma classe, que, na qualidade de
associados, prestam serviços a terceiros por seu intermédio.

✓ A cooperativa de trabalho intermedeia a prestação de serviços de seus cooperados,


expressos em forma de tarefa, obra ou serviço, com os seus contratantes, pessoas
físicas ou jurídicas, não produzindo bens ou serviços próprios.

✓ O trabalhador associado a cooperativa de trabalho que, nesta qualidade, presta


serviços a terceiros, é segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de contribuinte
individual.

XV. o Micro Empreendedor Individual - MEI de que tratam os arts. 18-A e 18-C da Lei
Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, que opte pelo recolhimento dos impostos
e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais; (Incluído pelo
Decreto nº 6.722, de 2008).

✓ Considera-se MEI o empresário individual a que se refere o art. 966 da Lei nº 10.406,
de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), que tenha auferido receita bruta, no ano-
calendário anterior, de até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais), optante pelo Simples
Nacional e que não esteja impedido de optar pela sistemática prevista neste artigo.

✓ São vedados de optar pela sistemática de recolhimento aplicada ao MEI o empresário


individual:

a) Que possua mais de um estabelecimento;

b) Que participe de outra empresa como titular, sócio ou administrador;


c) Que contrate empregado, sendo-lhe permitido possuir um único empregado, desde
que este receba exclusivamente um salário mínimo ou o piso salarial da categoria
profissional.

64
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

d) Cuja atividade seja tributada pelos Anexos IV ou V da Lei Complementar nº


123/2006, salvo autorização relativa a exercício de atividade isolada na forma
regulamentada pelo Comitê Gestor.

✓ Cumpridos os requisitos mencionados, dentre outros previstos em lei complementar,


o empresário individual será considerado Micro Empreendedor Individual – MEI e é
segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de contribuinte individual.

XVI. o médico participante do Projeto Mais Médicos para o Brasil, instituído pela Lei nº 12.871, de
22 de outubro de 2013, exceto na hipótese de cobertura securitária específica estabelecida
por organismo internacional ou filiação a regime de seguridade social em seu país de origem,
com o qual a República Federativa do Brasil mantenha acordo de seguridade social;

✓ A Lei nº 12.871/2013 instituiu o Programa Mais Médicos, com a finalidade de formar


recursos humanos na área médica para o Sistema Único de Saúde.

✓ No âmbito do Programa Mais Médicos, foi instituído o Projeto Mais Médicos para o
Brasil, que será oferecido:
• aos médicos formados em instituições de educação superior brasileiras ou com
diploma revalidado no País; e
• aos médicos formados em instituições de educação superior estrangeiras, por meio
de intercâmbio médico internacional.

✓ Para fins do Projeto Mais Médicos para o Brasil, considera-se:


• médico participante: médico intercambista ou médico formado em instituição de
educação superior brasileira ou com diploma revalidado; e
• médico intercambista: médico formado em instituição de educação superior
estrangeira com habilitação para exercício da Medicina no exterior.

✓ O médico participante enquadra-se como segurado obrigatório do Regime Geral de


Previdência Social (RGPS), na condição de contribuinte individual, na forma da Lei nº
8.212, de 24 de julho de 1991.
✓ Não são segurados obrigatórios do RGPS os médicos intercambistas:
• selecionados por meio de instrumentos de cooperação com organismos
internacionais que prevejam cobertura securitária específica; ou
• filiados a regime de seguridade social em seu país de origem, o qual mantenha
acordo internacional de seguridade social com a República Federativa do Brasil.

XVII. o médico em curso de formação no âmbito do Programa Médicos pelo Brasil, instituído pela
Lei nº 13.958, de 18 de dezembro de 2019;

65
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

✓ O médico em curso de formação no âmbito do Programa Médicos pelo Brasil, instituído


pela Lei nº 13.958/2019, enquadra-se como segurado obrigatório do Regime Geral de
Previdência Social, na condição de contribuinte individual.

Lista Exemplificativa - Contribuinte Individual

Além dos contribuintes individuais mencionados em nosso estudo, podemos citar, de forma
exemplificativa, outros importantes segurados que se enquadram no RGPS nesta qualidade, e que
costumam ser cobrados em provas:
I - o condutor autônomo de veículo rodoviário, inclusive como taxista ou motorista de
transporte remunerado privado individual de passageiros, ou como operador de trator, máquina
de terraplenagem, colheitadeira e assemelhados, sem vínculo empregatício;
II - aquele que exerce atividade de auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, em
automóvel cedido em regime de colaboração, sem vínculo empregatício. A cessão do automóvel
somente poderá ser feita para, no máximo, dois outros profissionais;
III - aquele que, pessoalmente, por conta própria e a seu risco, exerce pequena atividade
comercial em via pública ou de porta em porta, como comerciante ambulante. Este segurado
também é conhecido como camelô ou mascate;
IV - o árbitro e seus auxiliares que atuam em conformidade com a Lei nº 9.615/98, que institui
normas gerais sobre desporto;
V - o notário ou tabelião e o oficial de registros ou registrador, titular de cartório, que detêm
a delegação do exercício da atividade notarial e de registro, não remunerados pelos cofres
públicos, admitidos a partir de 21 de novembro de 1994;

Obs.: De acordo com jurisprudência do STF, os serviços de registros públicos, cartorários


e notariais são exercidos em caráter privado por delegação do Poder Público. Os notários
e os registradores exercem atividade estatal, entretanto não são titulares de cargo
público efetivo, tampouco ocupam cargo público. Assim sendo, por não serem servidores
públicos e para os fins do RGPS, devem ser classificados na categoria de contribuinte
individual.

VI - aquele que, na condição de pequeno feirante, compra para revenda produtos


hortifrutigranjeiros ou assemelhados;

66
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

VII - a pessoa física que edifica obra de construção civil. Trata-se do construtor profissional,
que edifica obra de construção civil com fins lucrativos. Não estamos falando de quem constrói
sua própria casa;

VIII - o médico residente de que trata a Lei nº 6.932, de 7 de julho de 1981, desde que preste
tais serviços de acordo com a lei. Caso preste seus serviços em desacordo com a lei nº 6.932/81,
é considerado segurado empregado;

IX - o incorporador, pessoa física, comerciante ou não, que embora não efetuando a construção,
compromisse ou efetive a venda de frações ideais de terreno objetivando a vinculação de tais
frações a unidades autônomas, em edificações a serem construídas ou em construção sob regime
condominial, ou que meramente aceite propostas para efetivação de tais transações,
coordenando e levando a termo a incorporação e responsabilizando-se, conforme o caso, pela
entrega, a certo prazo, preço e determinadas condições, das obras concluídas;

X - o bolsista da Fundação Habitacional do Exército contratado em conformidade com a Lei


nº 6.855, de 18 de novembro de 1980. Caso preste seus serviços em desacordo com a lei nº
6.855/80, é considerado segurado empregado;

XI – o membro de conselho tutelar, quando remunerado. O Conselho Tutelar é órgão


permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente;

XII - aquele que presta serviço de natureza não contínua (até 2 vezes por semana), por conta
própria, a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, sem fins lucrativos. É quase um
empregado doméstico, exceto pelo fato de prestar tais serviços de forma não contínua, enquanto
o empregado doméstico deverá sempre prestar serviços de natureza contínua. Tal segurado,
quando presta serviços de forma não contínua, ou seja, até duas vezes por semana, é conhecido
como “diarista”, e enquadra-se como segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de
contribuinte individual;

XIII – Pescador que trabalha em regime de parceria, meação ou arrendamento, em embarcação


de médio porte (arqueação bruta – AB maior que 20 e menor que 100) ou em embarcação de
grande porte (arqueação bruta – AB igual ou maior que 100);

XIV – o interventor, o liquidante, o administrador especial e o diretor fiscal de instituição


financeira, empresa ou entidade referida no § 6º do art. 201 (banco comercial, banco de
investimento, banco de desenvolvimento, caixa econômica, sociedade de crédito, financiamento
e investimento, sociedade de crédito imobiliário, inclusive associação de poupança e
empréstimo, sociedade corretora, distribuidora de títulos e valores mobiliários, inclusive bolsa
de mercadorias e de valores, empresa de arrendamento mercantil, cooperativa de crédito,
empresa de seguros privados e de capitalização, agente autônomo de seguros privados e de
crédito e entidade de previdência privada);

67
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

XV – o transportador autônomo de cargas e o transportador autônomo de cargas auxiliar;

XVI – o repentista, desde que não se enquadre na condição de empregado em relação à referida
atividade; e

XVII - artesão, desde que não se enquadre em outras categorias de segurado obrigatório do
RGPS em relação à referida atividade.

SEGURADO FACULTATIVO - RGPS

1 - Conceito

No tópico anterior, finalizamos o estudo das cinco espécies de segurados obrigatórios (empregado,
empregado doméstico, trabalhador avulso, segurado especial e contribuinte individual).

Estudaremos agora um segurado peculiar e bastante interessante: o SEGURADO FACULTATIVO.

Trata-se de uma espécie tributária cuja filiação ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS depende
exclusivamente de sua vontade, desde que não seja vedada expressamente esta opção.

É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência
Social, mediante contribuição, desde que não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre
como segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social - RGPS.

No entanto, a idade mínima para a filiação como segurado facultativo, nos


termos do artigo 14, da Lei 8.212/91, é de 14 anos de idade. Contudo, o
artigo 11 do RPS prevê a idade mínima de 16 anos de idade para a filiação
como segurado facultativo.

A Constituição Federal, no entanto, veda o trabalho do menor de 16 anos,


salvo na condição de menor aprendiz. No entanto, tal dispositivo não alcança o segurado facultativo,
pois este não trabalha.

Para efeito de prova, vale ressaltar que a doutrina majoritária e o próprio INSS
entendem que a idade mínima para a filiação do segurado facultativo é de 16
anos de idade. No entanto, se a questão de prova exigir literalmente o texto da
Lei 8.213/91 (artigo 13) ou da Lei 8.212/91 (artigo 14), as bancas
consideram correta a alternativa que traz 14 anos de idade.

68
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Atenção: a idade mínima para a filiação como segurado facultativo deve ser 16 anos de
idade, salvo se o enunciado da questão mencionar expressamente que a resposta deve
ser dada “nos termos da lei”, cuja resposta, neste caso, será 14 anos de idade.

É vedada a filiação ao Regime Geral de Previdência Social, na qualidade de segurado facultativo, de


pessoa participante de Regime Próprio de Previdência Social - RPPS, salvo na hipótese de
afastamento sem vencimento e desde que não permitida, nesta condição, contribuição ao
respectivo regime próprio.

Atenção: No caso de servidor público ocupante de cargo efetivo, vinculado a RPPS, apenas poderá filiar-
se como segurado facultativo no RGPS se houver afastamento do cargo público, sem vencimento, e
desde que não seja permitido, durante seu afastamento, o pagamento de contribuições ao respectivo
RPPS. Se ele puder manter a vinculação ao RPPS, mediante recolhimento mensal da respectiva
contribuição, não poderá filiar-se ao RGPS como segurado facultativo.

Para o servidor público aposentado, qualquer que seja o regime de Previdência Social a que esteja
vinculado, não será permitida a filiação facultativa no RGPS.

Vejamos as principais características do Segurado Facultativo, em forma diagramada:

69
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

maior de 16 anos

não se enquadre como


pessoa física segurado obrigatório do
RGPS
Segurado Facultativo
não seja participante do
não esteja exercendo
Regime Próprio de
atividade remunerada
Previdência Social

não seja aposentado


por qualquer regime

A filiação na qualidade de segurado facultativo representa ato volitivo, ou seja, de vontade própria,
gerando efeito somente a partir da inscrição e do primeiro recolhimento, não podendo retroagir e
não permitindo, em regra, o pagamento de contribuições relativas a competências anteriores à
data da inscrição.

Filiação do Segurado Facultativo Ato Volitivo

Gerando efeitos somente após

Inscrição Primeiro recolhimento

OBS.: Após a inscrição, o segurado facultativo somente poderá recolher contribuições em atraso
quando não tiver ocorrido perda da qualidade de segurado.

2 - Lista Exemplificativa – Segurado Facultativo

São listadas abaixo as principais pessoas que podem filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social –
RGPS, na qualidade de segurado facultativo, e que deverão ser memorizadas para a prova:

I - aquele que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência


(dona-de-casa / dono-de-casa);

II - o síndico de condomínio, quando não remunerado;

70
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

III - o estudante;

IV - o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior;

V - aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social;

VI - o membro de conselho tutelar, quando não remunerado e, consequentemente, não esteja


vinculado a qualquer regime de previdência social. Quando remunerado, torna-se contribuinte
individual;

VII - o estagiário que preste serviços a empresa nos termos do disposto na Lei nº 11.788, de 2008. Caso
prestem tais serviços em desacordo com a Lei, serão considerados segurados empregados;

VIII - o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, pós-graduação,
mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer regime de
previdência social;

IX - o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de
previdência social;

X - o brasileiro residente ou domiciliado no exterior;

XI - o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semiaberto, que, nesta condição, preste
serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da
organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria;

XII - o atleta beneficiário da Bolsa-Atleta não filiado a regime próprio de previdência social ou não
enquadrado como segurado obrigatório do RGPS.

(CESPE - Contador - MPOG - "PGCE"/2015


Analise as assertivas a seguir:
I - O síndico de condomínio ou o administrador que tenha sido eleito para exercer atividade de
administração condominial e que receba remuneração está amparado na lei para se inscrever como
contribuinte facultativo da previdência social.
II - O aprendiz, maior de quatorze e menor de vinte e quatro anos de idade, deve contribuir na qualidade
de segurado facultativo.
III - Síndico do condomínio que esteja dispensado do pagamento da taxa condominial, sem receber
qualquer outro tipo de remuneração, enquadra-se como segurado facultativo do RGPS.

71
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

IV - O bolsista remunerado que se dedica em tempo integral à pesquisa e o segurado recolhido à prisão
sob regime fechado — e que, nesta condição, exerça atividade artesanal por conta própria dentro da
unidade prisional — são segurados obrigatórios do RGPS.
Podemos afirmar que estão incorretas as seguintes assertivas:
a) I e II
b) I, II e III
c) II, III e IV
d) I, II, III e IV

COMENTÁRIOS:
I - O síndico de condomínio ou o administrador que tenha sido eleito para exercer atividade de
administração condominial e que receba remuneração está amparado na lei para se inscrever como
contribuinte facultativo da previdência social.
Assertiva incorreta. O síndico, quando remunerado (direta ou indiretamente), trata-se de um
contribuinte individual.

II - O aprendiz, maior de quatorze e menor de vinte e quatro anos de idade, deve contribuir na qualidade
de segurado facultativo.
Assertiva incorreta. O aprendiz é segurado obrigatório do RGPS, na qualidade de empregado.

III - Síndico do condomínio que esteja dispensado do pagamento da taxa condominial, sem receber
qualquer outro tipo de remuneração, enquadra-se como segurado facultativo do RGPS.
Assertiva incorreta. Trata-se de segurado obrigatório, na qualidade de contribuinte individual e não
facultativo. Como já vimos, isenção de pagamento de taxa condominial equivale a uma remuneração
indireta.

IV - O bolsista remunerado que se dedica em tempo integral à pesquisa e o segurado recolhido à prisão
sob regime fechado — e que, nesta condição, exerça atividade artesanal por conta própria dentro da
unidade prisional — são segurados obrigatórios do RGPS.
Assertiva incorreta. As situações mencionadas são de segurados facultativos (e não segurados
obrigatórios).

Gabarito: D

72
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

SITUAÇÕES ESPECIAIS - RGPS

1 - Dirigente Sindical

O dirigente sindical mantém, durante o exercício do mandato eletivo, o mesmo enquadramento no


Regime Geral de Previdência Social - RGPS de antes da investidura.

2 - Aposentado Que Volta A Trabalhar

O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS que estiver exercendo ou que voltar a
exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade,
ficando sujeito às contribuições de que trata esta Lei, para fins de custeio da Seguridade Social.

3 - Trabalhador Que Exerce Mais De Uma Atividade

Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao Regime
Geral de Previdência Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas.

4 - Enquadramento Realizado Pela Fiscalização

Se o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil constatar que o segurado contratado como contribuinte
individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no
inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento
como segurado empregado.

5 - Vínculo Empregatício Entre Cônjuges e Companheiros

O INSS, em regra, não reconhecia vínculos empregatícios entre cônjuges e companheiros. De acordo
com a IN 77/2015, art. 8º, § 2º, essa situação somente seria admitida quando o cônjuge/companheiro
fosse contratado por sociedade em nome coletivo em que participasse o outro cônjuge ou
companheiro como sócio, desde que houvesse a comprovação do efetivo exercício da atividade
remunerada.

73
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Entretanto, o Decreto 3048/99 regulamentou o tema, tornando superado o entendimento da referida


IN:

Art. 9 § 27. O vínculo empregatício mantido entre cônjuges ou companheiros não impede o
reconhecimento da qualidade de segurado do empregado, excluído o doméstico, (...).

Então, agora não há controvérsias de que pode haver vínculo empregatício entre cônjuges ou
companheiros, desde que não como empregado doméstico.

(CESPE - Defensor Público Federal - 2017)


A respeito da condição de segurados do RGPS, julgue os itens subsequentes.
I - O segurado aposentado pelo RGPS que passar a auferir renda na condição de trabalhador autônomo
será segurado obrigatório em relação a essa atividade e participará do custeio da seguridade social.
II - Um aposentado pelo Regime Próprio de Previdência Social que venha a exercer atividade
remunerada abrangida pelo Regime Geral da Previdência Social deve ser considerado segurado
obrigatório em relação a essa atividade.
III - O servidor público federal filiado ao Regime Próprio de Previdência Social que passar a exercer
atividade remunerada em empresa privada será considerado segurado obrigatório do RGPS.
Está correto o que se afirma em:
a) I e II
b) II e III
c) I e III
d) I, II e III

COMENTÁRIOS:
I - O segurado aposentado pelo RGPS que passar a auferir renda na condição de trabalhador autônomo
será segurado obrigatório em relação a essa atividade e participará do custeio da seguridade social.
Assertiva correta. O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS que estiver exercendo
ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa
atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta Lei, para fins de custeio da Seguridade
Social.

74
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

II - Um aposentado pelo Regime Próprio de Previdência Social que venha a exercer atividade
remunerada abrangida pelo Regime Geral da Previdência Social deve ser considerado segurado
obrigatório em relação a essa atividade.
Assertiva correta. O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social-RGPS que estiver exercendo
ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa
atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta Lei, para fins de custeio da Seguridade
Social.

III - O servidor público federal filiado ao Regime Próprio de Previdência Social que passar a exercer
atividade remunerada em empresa privada será considerado segurado obrigatório do RGPS.
Assertiva correta. Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada,
é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas. Caso passe a exercer atividade remunerada em
empresa privada, será considerado segurado obrigatório do RGPS.

Gabarito: D.

6 - Trabalhadores Excluídos do RGPS

Conforme disposto na legislação previdenciária, são excluídos do Regime Geral de Previdência Social –
RGPS:

1) O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, Estado, Distrito Federal ou
Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, desde que amparados por Regime
Próprio de Previdência Social (RPPS).

Obs.: Caso o servidor público ocupante de cargo efetivo (vinculado ao Regime Próprio de Previdência
Social – RPPS) ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades
abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social - RGPS, tornar-se-ão segurados obrigatórios
também em relação a essas atividades.

Obs. 2: É vedada a filiação ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), na qualidade de segurado
facultativo, de pessoa participante de Regime Próprio de Previdência (RPPS).

2) Trabalhadores brasileiros prestando serviço no exterior a organismos internacionais oficiais, de


que o Brasil seja membro efetivo, amparados por regime próprio de previdência do organismo
internacional.

75
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

3) Trabalhadores brasileiros prestando serviço para a União, no exterior, no âmbito de organismos


internacionais oficiais, de que o Brasil seja membro efetivo, amparados por regime próprio de
previdência do organismo internacional.

4) Aquele que presta serviços a missões diplomáticas/repartições consulares estrangeiras no Brasil,


a seus membros e a órgãos a elas subordinados, bem como estrangeiros prestando serviço no Brasil,
amparados por regimes previdenciários de países estrangeiros.

5) Brasileiro na condição de auxiliar local de nacionalidade brasileira que presta serviço a organismos
oficiais brasileiros no exterior, quando inexistente proibição de que se vincule à previdência do país
em que esteja domiciliado.

6) Os militares, magistrados, ministros dos Tribunais de Contas, Conselheiros dos Tribunais de Contas
e membros do Ministério Público.

7) O militar ou servidor público ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, Estado, Distrito
Federal ou Município, filiados a Regime Próprio de Previdência Social – RPPS, estarão também
excluídos do Regime Geral de Previdência Social – RGPS, devendo permanecer vinculados ao regime
previdenciário de origem, nas seguintes situações:

a) Quando cedido, com ou sem ônus para o cessionário, a órgão ou entidade da administração
direta ou indireta de outro ente federativo;

b) Durante o afastamento do cargo efetivo para exercer mandato eletivo.

Exemplo: Fernando é Agente Fiscal de Rendas do Estado de São Paulo. Atualmente está
ocupando o cargo em comissão de Secretário de Finanças do município de Jundiaí. Nesta
situação, Fernando continuará vinculado ao Regime Próprio de Previdência dos
Servidores Públicos do Estado de São Paulo - RPPS. Estará, portanto, excluído do Regime
Geral de Previdência Social - RGPS.

Observação: Caso o exercente de mandato de vereador seja um servidor público ocupante de cargo
efetivo vinculado a Regime Próprio de Previdência Social e, havendo compatibilidade de horários,
exerça as duas atividades concomitantemente (cargo efetivo + mandato de vereador), deverá filiar-
se da seguinte forma:
• Pelo cargo efetivo: filia-se ao RPPS;
• Pelo mandato eletivo de vereador: filia-se ao RGPS

76
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Josias é militar da União e sua mulher, Valéria, é militar do Estado de Santa Catarina. Nestes casos, em
regra, de acordo com a Lei nº 8.212/91,
a) apenas Josias é excluído do Regime Geral de Previdência Social, independentemente do amparo por
regime próprio de previdência social.
b) Josias e Valéria são, obrigatoriamente, excluídos do Regime Geral de Previdência Social.
c) apenas Valéria é excluída do Regime Geral de Previdência Social, independentemente do amparo por
regime próprio de previdência social.
d) Josias e Valéria são excluídos do Regime Geral de Previdência Social, desde que amparados por
regime próprio de previdência social.
e) Josias e Valéria são segurados obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social.

COMENTÁRIOS:

Art. 13. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, dos Estados, do Distrito Federal
ou dos Municípios, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do Regime Geral de
Previdência Social consubstanciado nesta Lei, desde que amparados por regime próprio de
previdência social.
(Destaques nossos)

Vamos às assertivas:
a) apenas Josias é excluído do Regime Geral de Previdência Social, independentemente do amparo por
regime próprio de previdência social.
Alternativa incorreta, pois conforme podemos verificar na Lei nº 8.212/91, só será excluído do RGPS
se houver amparo do RPPS.

b) Josias e Valéria são, obrigatoriamente, excluídos do Regime Geral de Previdência Social.


Alternativa incorreta, pois eles só serão excluídos se amparados pelo RPPS.

c) apenas Valéria é excluída do Regime Geral de Previdência Social, independentemente do amparo por
regime próprio de previdência social.

77
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Alternativa incorreta, pelo mesmo motivo das anteriores, só serão excluídos do RGPS se amparados
pelo RPPS.

d) Josias e Valéria são excluídos do Regime Geral de Previdência Social, desde que amparados por
regime próprio de previdência social.
Alternativa correta, pois reproduz o que, de fato, é dito no Art. 13 da Lei nº 8.212/91 que
reproduzimos acima.

e) Josias e Valéria são segurados obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social.


Assertiva incorreta. Eles só serão segurados do Regime Geral de Previdência Social, caso não sejam
filiados ao Regime Próprio de Previdência Social, pois se fizer parte do RPPS, ficará excluído do RGPS.

Gabarito: D

78
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula. Estudamos regimes previdenciário, filiação, inscrição, segurados
obrigatórios e segurado facultativo.

São assuntos imprescindíveis para a prosseguimento do nosso estudo. Assim sendo, não prossiga o
estudo sem saber exatamente o conceito de cada tipo de segurado.

Aguardo vocês em nossa próxima aula!

Um forte abraço e bons estudos a todos!

Rubens Maurício

79
oab.estrategia.com |
79
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

"INSERIR CAPA"

Direito Previdenciário

1
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Sumário

Considerações Iniciais................................................................................................................................................................ 5

Financiamento da Seguridade Social ................................................................................................................................... 5

Introdução.................................................................................................................................................................................. 5

Financiamento da Seguridade Social - Princípios Constitucionais ..................................................................... 8

Pessoa Jurídica em Débito com o Sistema de Seguridade Social ..................................................................... 8

Contribuições Sociais Residuais ................................................................................................................................... 9

Princípio da Contrapartida ou Preexistência de Custeio.................................................................................. 11

Anterioridade Nonagesimal ou Anterioridade Mitigada .................................................................................. 13

Imunidades das Entidades Beneficentes de Assistência Social ..................................................................... 15

Contribuições Diferenciadas ........................................................................................................................................ 16

Suspensão, Extinção e Exclusão das Contribuições Social ............................................................................... 18

Empresa e Empregador Doméstico .................................................................................................................................... 19

Conceito de Empresa ........................................................................................................................................................... 19

Conceito de Equiparados a Empresa ............................................................................................................................. 21

Conceito de Empregador Doméstico ............................................................................................................................. 23

Receitas da Seguridade Social ............................................................................................................................................... 25

Financiamento Direto e Indireto .................................................................................................................................... 25

Receitas das Contribuições Sociais ................................................................................................................................ 26

Contribuições Sociais Previdenciárias e Não Previdenciárias ....................................................................... 26

Cálculo das Contribuições Previdenciárias ..................................................................................................................... 27

Introdução................................................................................................................................................................................ 27

Base de Cálculo dos Segurados ........................................................................................................................................ 28

Base de Cálculo das Empresas ......................................................................................................................................... 29

2
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Base de Cálculo do Empregador Doméstico ............................................................................................................... 30

Contribuição dos Segurados .................................................................................................................................................. 30

Contribuição do Empregado, Empregado Doméstico e Trabalhador Avulso ............................................... 30

Contribuição do Contribuinte Individual .................................................................................................................... 33

Contribuinte individual que trabalha por CONTA PRÓPRIA, sem prestar serviço a empresa. ......... 34

Contribuinte individual que presta serviço a EMPRESA (exceto empresas imunes) ........................... 35

Contribuinte individual que presta serviço a EMPRESAS IMUNES.............................................................. 35

Contribuinte individual que presta serviço por intermédio de COOPERATIVA DE TRABALHO ..... 36

Contribuinte individual que presta serviço a COOPERATIVA DE PRODUÇÃO ........................................ 36

Contribuição do Segurado Facultativo ......................................................................................................................... 37

Contribuição do Segurado Especial ............................................................................................................................... 39

Cláusula de Arrependimento............................................................................................................................................ 43

Contribuições abaixo do mínimo .................................................................................................................................... 44

Contribuição Previdenciária da Empresa ........................................................................................................................ 45

Introdução................................................................................................................................................................................ 45

Contribuição da Empresa sobre a Remuneração de Empregados e Trabalhadores Avulsos ................. 47

Contribuição da Empresa sobre a Remuneração dos Contribuintes Individuais........................................ 47

Contribuição da Empresa para o GIL/RAT ................................................................................................................. 47

Fator Acidentário de Prevenção - FAP.......................................................................................................................... 49

Contribuintes com Base de Cálculo Diferenciadas ....................................................................................................... 52

Empregador Rural Pessoa Física .................................................................................................................................... 52

Produtor Rural Pessoa Jurídica ....................................................................................................................................... 54

Agroindústria .......................................................................................................................................................................... 55

Diferença entre Produtor Rural Pessoa Jurídica e Agroindústria ................................................................ 56

3
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Associação Desportiva que Mantém Equipe de Futebol Profissional .............................................................. 57

Contribuições Não Substituídas ...................................................................................................................................... 60

Contribuição Previdenciária dos Empregadores Domésticos ................................................................................. 60

Receitas de Outras Fontes ................................................................................................................................................. 63

As multas, a atualização monetária e os juros moratórios. ............................................................................. 63

A remuneração recebida por serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança prestados a terceiros.


.................................................................................................................................................................................................. 63

As receitas provenientes de prestação de outros serviços e de fornecimento ou arrendamento de


bens. ....................................................................................................................................................................................... 64

As demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras. ............................................................................ 64

As doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais........................................................................ 64

50% dos valores obtidos e aplicados na forma do parágrafo único do art. 243 da Constituição
Federal. ................................................................................................................................................................................. 65

40% do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Receita Federal do Brasil ........................... 65

Seguro obrigatório - DPVAT......................................................................................................................................... 66

Outras receitas previstas em legislação específica. ............................................................................................ 66

Considerações Finais ................................................................................................................................................................ 69

4
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje estudaremos os seguintes assuntos do Direito Previdenciário que tratam de normas
previdenciárias:

Financiamento da Seguridade Social. Princípios


Constitucionais.

Conceito Previdenciário de empresa e


empregador doméstico.

Receitas da União. Receitas das contribuições


sociais: dos segurados, das empresas e do
empregador doméstico. Receitas de outras fontes.

Contribuições inferiores ao salário-mínimo e


complementação de contribuições.

Recomendo uma atenção especial aos tópicos que tratam dos princípios constitucionais aplicáveis
ao financiamento da Seguridade Social. Boa aula!

FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL

1 - Introdução

Iniciaremos nosso estudo do financiamento da Seguridade Social analisando o disposto no caput do art.
195 da Constituição Federal, conforme segue:

“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à
pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;

5
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

c) o lucro;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser adotadas alíquotas
progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. “

Vejamos abaixo, de forma diagramada, os principais pontos sobre o financiamento da Seguridade Social,
estudados neste tópico:

A Seguridade nos termos


toda a da lei
Art. 195 Social será
CF sociedade
financiada por

de forma

direta e indireta

com recursos
provenientes

contribuições União, estados,


sociais DF, municípios

empregador trabalhador receita de


importador ou
empresa e demais concurso de
equiparado
equiparada segurados prognósticos

6
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Não fazem parte da composição das receitas que compõe o orçamento da Seguridade Social, as receitas:
a) de contribuições sociais provenientes de exportação.
b) de contribuições sociais provenientes dos segurados empregados, incidentes sobre o seu salário-de-
contribuição.
c) provenientes do orçamento da União.
d) de contribuições sociais provenientes dos empregadores domésticos.
e) de contribuições sociais das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos
segurados a seu serviço.

COMENTÁRIOS:
a) de contribuições sociais provenientes de exportação.
Esta é a única assertiva que não compõe o orçamento da Seguridade Social, como solicita o enunciado.
Incide contribuição social sobre importações, mas não sobre exportações.

b) de contribuições sociais provenientes dos segurados empregados, incidentes sobre o seu salário-de-
contribuição.
As contribuições sociais provenientes dos segurados empregados, incidentes sobre o seu salário-de-
contribuição compõem o orçamento da Seguridade Social.

c) provenientes do orçamento da União.


As receitas provenientes do orçamento da União o compõem o orçamento da Seguridade Social.

d) de contribuições sociais provenientes dos empregadores domésticos.


As contribuições sociais provenientes dos empregadores domésticos compõem o orçamento da
Seguridade Social.

e) de contribuições sociais das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos
segurados a seu serviço.
As contribuições sociais das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos
segurados a seu serviço, compõem o orçamento da Seguridade Social.

Gabarito: A.

7
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2 - Financiamento da Seguridade Social - Princípios


Constitucionais

2.1 - Pessoa Jurídica em Débito com o Sistema de Seguridade Social

A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá
contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.

Assim sendo, podemos concluir que a prova de quitação de contribuições sociais destinadas à
seguridade social é condição para as seguintes situações:

• Contratar com o poder público;


• Receber benefícios fiscais ou creditícios;
• Receber incentivos fiscais ou creditícios.

Art. 195, como


§3º CF estabelecido em
A pessoa jurídica em lei

débito com o sistema da


Seguridade Social

contratar com o poder público


não
poderá receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A respeito do financiamento da Seguridade Social, analise as assertivas abaixo:
I - É correto afirmar que a pessoa jurídica em débito com o sistema de seguridade social pode contratar
com o poder público federal.
II - Mesmo em débito com o sistema da seguridade social, pode a pessoa jurídica contratar com o poder
público.

8
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

III - A pessoa física em débito com o sistema da seguridade social não poderá contratar com o Poder
Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
Estão corretas as assertivas:
a) I e II
b) I e III
c) II e II
d) todas estão incorretas

COMENTÁRIOS:
I - É correto afirmar que a pessoa jurídica em débito com o sistema de seguridade social pode contratar
com o poder público federal.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 195, § 3º da CF/88, a pessoa jurídica em débito com o sistema
da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.

II - Mesmo em débito com o sistema da seguridade social, pode a pessoa jurídica contratar com o poder
público.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 195, § 3º da CF/88, a pessoa jurídica em débito com o sistema
da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.

III - A pessoa física em débito com o sistema da seguridade social não poderá contratar com o Poder
Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 195, § 3º da CF/88, a pessoa jurídica (e não a pessoa física)
em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o
Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios

Gabarito: D

2.2 - Contribuições Sociais Residuais

Segundo a CF/88, a lei (lei complementar) poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a
manutenção ou expansão da seguridade social.

No entanto, somente a União poderá instituir essas novas contribuições sociais, denominadas
“Contribuições Sociais Residuais”. A União somente poderá instituir essas contribuições sociais
residuais mediante lei complementar, e desde que sejam não-cumulativas e não tenham fato gerador
ou base de cálculo próprios das contribuições discriminadas nesta Constituição.

9
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

ATENÇÃO: As contribuições sociais residuais não poderão ter fato gerador ou base de
cálculo iguais as contribuições sociais já definidas e discriminadas na CF/88. No entanto,
segundo o STF, não há qualquer vedação para que essas novas contribuições sociais para a
seguridade social tenham o mesmo fato gerador e base de cálculo de impostos já existentes.

Portanto, não há impedimento de que a União crie uma contribuição social residual cujo fato
gerador seja a propriedade ou domínio útil de um imóvel urbano, que é o fato gerador do
IPTU (que é um imposto e não uma contribuição social).

Lei
Complementar
Art. 195,
§4º CF A lei poderá instituir outras
fontes destinadas a garantir a manutenção
ou expansão da Seguridade Social

a União novas contribuições para a seguridade social


poderá (Contribuições Sociais Residuais)
instituir
condições
mediante
lei não inovar inovar
complementar cumulativas fato gerador base de cálculo

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Julgue as assertivas abaixo:
I - Segundo o entendimento do STF, mediante lei complementar, é possível criar novas contribuições
sociais — além daquelas previstas no texto constitucional —, que poderão ter base de cálculo e fato
gerador idênticos aos de impostos discriminados na CF.
II - Lei ordinária pode instituir outras fontes de custeio além das previstas na Constituição Federal.
III - A lei complementar não pode instituir outras fontes de custeio além daquelas previstas na
Constituição Federal
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I
b) I e II
c) I e III
d) II e III

10
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

COMENTÁRIOS:
I - Segundo o entendimento do STF, mediante lei complementar, é possível criar contribuições sociais
— além daquelas previstas no texto constitucional —, que poderão ter base de cálculo e fato gerador
idênticos aos de impostos discriminados na CF.
Assertiva correta. É possível criar, mediante lei complementar, contribuições sociais, além daquelas
previstas no texto constitucional, com base de cálculo e fato gerador idênticos aos de impostos
discriminados na CF, mas nunca com fato gerador ou base de cálculo idênticos às contribuições sociais
já existentes.

II - Lei ordinária pode instituir outras fontes de custeio além das previstas na Constituição Federal.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 195, §4º da CF/88, a lei poderá instituir outras fontes
destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social. Porém, conforme disposto no
art. 154, I da CF/88, a União somente poderá fazê-lo mediante lei complementar, desde que sejam não-
cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios das contribuições sociais já
discriminadas na Constituição.

III - A lei complementar não pode instituir outras fontes de custeio além daquelas previstas na
Constituição Federal.
Assertiva incorreta. Nos termos do § 4º do art. 195 da CF/88, “A lei poderá instituir outras fontes
destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154,
I”

Gabarito: A

2.3 - Princípio da Contrapartida ou Preexistência de Custeio

Segundo a CF/88, nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou
estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

Assim sendo, vamos separar as principais palavras-chave da disposição constitucional ora analisada:

• A vedação mencionada proíbe não apenas que o benefício ou serviço da seguridade social
seja criado, mas também proíbe que sejam majorados ou estendidos, quando não houver a
respectiva fonte de custeio total.

• A fonte de custeio tem que ser TOTAL, não se admitindo que seja parcial.

11
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Art. 195, da
§5º CF Seguridade
benefício
Social
Nenhum
serviço

poderá ser

criado majorado estendido

sem a correspondente
fonte de custeio total

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Em relação ao princípio da contrapartida ou preexistência de custeio, podemos afirmar:
a) trata-se de princípio aplicado exclusivamente aos sistemas de previdência.
b) trata-se de princípio aplicado exclusivamente aos sistemas de previdência e assistência, mas não de
saúde.
c) pode ser definido como a diretriz que impõe a existência de prévia fonte de custeio para que um
benefício ou serviço da seguridade social seja criado ou majorado.
d) é princípio não aplicável ao sistema de seguridade social.

COMENTÁRIOS:
a) trata-se de princípio aplicado exclusivamente aos sistemas de previdência.
Alternativa incorreta. O princípio da contrapartida ou preexistência de custeio é aplicado a todas as
áreas da Seguridade Social.

b) trata-se de princípio aplicado exclusivamente aos sistemas de previdência e assistência, mas não de
saúde.
Alternativa incorreta. O princípio da contrapartida ou preexistência de custeio é aplicado a todas as
áreas da Seguridade Social.

c) pode ser definido como a diretriz que impõe a existência de prévia fonte de custeio para que um
benefício ou serviço da seguridade social seja criado ou majorado.

12
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Alternativa correta. Através da leitura do § 5º, do Art. 195, da Constituição Federal, podemos concluir
que a alternativa está correta

d) é princípio não aplicável ao sistema de seguridade social.


Alternativa incorreta. O princípio da contrapartida ou preexistência de custeio é aplicado à
Seguridade Social.

Gabarito: C

2.4 - Anterioridade Nonagesimal ou Anterioridade Mitigada

Segundo a CF/88, as contribuições sociais destinadas ao financiamento da Seguridade Social só poderão


ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou
modificado, não se lhes aplicando o princípio da anterioridade.

Trata-se de uma espécie de noventena, destinada às contribuições sociais de Seguridade Social,


denominada pela maioria dos doutrinadores e bancas de concursos como anterioridade nonagesimal
ou anterioridade mitigada.

Apesar do texto constitucional, em seu art. 195 § 6º, dispor expressamente que o
prazo de noventa dias será contado da data da publicação da lei que houver
instituído ou modificado contribuições sociais de seguridade social, o Supremo
Tribunal Federal – STF, entendendo que a anterioridade nonagesimal existe para
proteger o contribuinte contra mudanças que repercutam negativamente no seu
patrimônio, decidiu que tal artigo só é aplicável no caso de instituição ou
majoração. (e não em qualquer modificação, como consta no texto da
constituição).

Por fim, cabe destacar que não se aplica o princípio da anterioridade do exercício financeiro às
contribuições sociais em questão, ou seja, mesmo que instituídas ou modificadas tais contribuições, as
mesmas poderão ser exigidas no mesmo exercício financeiro que tenha ocorrido a publicação da
respectiva lei, bastando, tão somente, que respeitem o decurso de, pelo menos, noventa dias após a
publicação.

Assim sendo, vamos separar as principais palavras-chave da disposição constitucional ora analisada:

• As contribuições sociais destinadas ao financiamento da Seguridade Social só podem ser


exigidas após decorridos noventa dias. No entanto, não significa que deverão ser exigidas após
noventas dias exatos. Tal prazo é mínimo, ou seja, pode exigir essas contribuições a partir do
nonagésimo dia em diante.

• O prazo é contado da data da publicação da lei, e não da sua vigência ou assinatura, por exemplo.

13
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• A noventena em questão, conhecida como anterioridade nonagesimal ou mitigada, só se aplica


quando houver instituição ou majoração (aumento) de contribuições sociais de seguridade
social. Se, por exemplo, houver redução de alíquota, pode valer imediatamente, bastando a
respectiva lei estar vigente.

para a
Art. 195, Seguridade
§6º CF Social
As contribuições sociais

após decorridos 90 dias


(Anterioridade Nonagesimal ou Anterioridade Mitigada)

só poderão da data da publicação da lei que


ser as houver instituído ou modificado*
exigidas
não lhes aplicando o
princípio da anterioridade
(podem ser exigidas no mesmo ano)

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


No que se refere ao financiamento da seguridade social, julgue os itens a seguir:
I - Lei que aprovar a majoração de contribuição previdenciária para efeito de custeio de benefício ou
serviço da seguridade social só poderá ser aplicada após decorridos noventa dias da data da sua
publicação.
II - As contribuições sociais criadas somente podem ser exigidas no ano seguinte à publicação da
respectiva lei.
III - As contribuições sociais de que trata o art. 195, da CF/88, só poderão ser exigidas após decorridos
noventa dias da assinatura da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o
disposto no art. 150, III, b, da Carta Magna.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I
b) I e II
c) I e III
d) II e III

COMENTÁRIOS:

14
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

I - Lei que aprovar a majoração de contribuição previdenciária para efeito de custeio de benefício ou
serviço da seguridade social só poderá ser aplicada após decorridos noventa dias da data da sua
publicação.
Assertiva correta. A questão é uma disposição literal da Constituição Federal, Art. 195, referente ao
que chamamos de anterioridade nonagesimal, nos termos do art. 195, § 6º da CF/88.

II - As contribuições sociais criadas somente podem ser exigidas no ano seguinte à publicação da
respectiva lei.
Assertiva incorreta. Nos termos do § 6º do art. 195 da CF/88, as contribuições sociais destinadas ao
financiamento da Seguridade Social não se sujeitam ao princípio da anterioridade do exercício
financeiro.

III - As contribuições sociais de que trata o art. 195, da CF/88, só poderão ser exigidas após decorridos
noventa dias da assinatura da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o
disposto no art. 150, III, b, da Carta Magna.
Assertiva incorreta. A data inicial para a contagem desta noventena, conhecida como anterioridade
nonagesimal ou mitigada, será a data da publicação da lei que houver instituído ou modificado as
contribuições sócias de seguridade social, e não a data da assinatura desta lei.

Gabarito: A

2.5 - Imunidades das Entidades Beneficentes de Assistência Social

Segundo a CF/88, são isentas (imunes) de contribuição para a seguridade social as entidades
beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.

Trata-se aqui, na verdade, de uma imunidade, e não de isenção. Apesar de o dispositivo ter em seu texto
a palavra isenção, bem como prever que os requisitos para que as entidades mencionadas gozem do
benefício estejam previstos em lei, é a própria Constituição Federal de 1988, e não a lei, que prevê a
impossibilidade de cobrança do tributo. A lei apenas irá prever as exigências para que tais entidades
sejam imunes.

O art. 14 do Código Tributário Nacional – CTN dispõe que são os seguintes alguns dos requisitos para
que as entidades em questão gozem da imunidade:

• não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;

• aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos


institucionais;

• manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes


de assegurar sua exatidão.

15
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Art. 195,
§7º CF para a
Seguridade
São isentas (imunes) de Social
contribuições sociais

as Entidades Beneficentes de Assistência Social


não distribuírem qualquer parcela
de seu patrimônio ou de suas rendas,
a qualquer título
que atendam as aplicarem integralmente, no país, os
exigências seus recursos, na manutenção dos
estabelecidas seus objetivos institucionais
em lei manterem escrituração de suas
receitas e despesas em livros
revestidos de formalidades
capazes de assegurar sua exatidão

2.6 - Contribuições Diferenciadas

Segundo a CF/88, as contribuições sociais do empregador, empresa ou entidade equiparada poderão


ter alíquotas (apenas alíquotas) DIFERENCIADAS em razão da atividade econômica, da utilização
intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sendo
também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas apenas no caso de contribuições do
empregador sobre a receita ou o faturamento e o lucro.

Desta forma, por exemplo, a microempresa e a empresa de pequeno porte (diferenciação quanto ao
porte) com valor elevado de folha de salários (diferenciação decorrente da utilização intensiva de mão
de obra) contam com uma redução do montante a ser recolhido no Simples Nacional.

Trata-se de um importante estímulo à ampliação do nível de emprego formal na economia brasileira,


pois, no exemplo acima, mesmo se mantido o patamar de receita bruta, o aumento na folha de
pagamento não resultará num aumento da carga tributária a que está sujeito o optante.

Segue, abaixo, as principais palavras-chave da disposição constitucional ora analisada:

• A diferenciação refere-se nas contribuições sociais de Seguridade Social do empregador,


empresa ou entidade equiparada.

• A diferenciação permitida refere-se apenas à alíquota nos seguintes casos;


o Atividade econômica;
o Utilização intensiva de mão de obra;
o Porte da empresa;
o Condição estrutural do mercado de trabalho.

16
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• A diferenciação permitida refere-se apenas à base de cálculo nos seguintes casos;


o Contribuição do empregador, empresa ou equiparada sobre a receita ou faturamento;
o Contribuição do empregador, empresa ou equiparada sobre o lucro.

Outras bases de cálculo diferenciadas somente serão permitidas na contribuição social sobre a
receita ou faturamento e o lucro.

Art. 195,
§9º CF empregador
As
contribuições empresa poderão ter
sociais
equiparado
atividade econômica
Alíquotas utilização intensiva de mão-de-obra
diferenciadas
porte da empresa
em razão da
condição estrutural do mercado de trabalho

Base de Cálculo receita ou faturamento


diferenciadas apenas sobre lucro

Sobre folha de salários e rendimento do trabalho: somente


se a diferenciação foi instituídas antes da EC 103/2019

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Julgue as assertivas abaixo, referente ao custeio da seguridade social.
I - A contribuição social destinada ao financiamento da seguridade social a cargo da empresa poderá ter
alíquota diferenciada unicamente em razão do porte da empresa e da atividade econômica por ela
exercida.
II - As contribuições sociais do empregador, empresa ou entidade equiparada poderão ter alíquota e
base de cálculo diferenciadas em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra,
do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
III - É autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas no caso de contribuições do empregador
sobre a receita ou o faturamento e o lucro.
Estão corretas as assertivas:
a) I
b) II

17
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

c) II e III
d) III

COMENTÁRIOS:
I - A contribuição social destinada ao financiamento da seguridade social a cargo da empresa poderá ter
alíquota diferenciada unicamente em razão do porte da empresa e da atividade econômica por ela
exercida.
Assertiva incorreta. A assertiva está errada, uma vez que outros fatores justificam uma alíquota
diferenciada da empresa, nos termos do § 9º do art. 195, da CF.

II - As contribuições sociais do empregador, empresa ou entidade equiparada poderão ter alíquota e


base de cálculo diferenciadas em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra,
do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
Assertiva incorreta. As contribuições sociais do empregador, empresa ou entidade equiparada
poderão ter apenas as alíquotas (e não a base de cálculo) diferenciadas em razão da atividade
econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do
mercado de trabalho.

III - É autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas no caso de contribuições do empregador


sobre a receita ou o faturamento e o lucro.
Assertiva correta. Nos termos do § 9º do art. 195, da CF, é autorizada a adoção de bases de cálculo
diferenciadas no caso de contribuições do empregador sobre a receita ou o faturamento e o lucro.

Gabarito: D

2.7 - Suspensão, Extinção e Exclusão das Contribuições Social

A EC 103/19 deu nova redação ao § 11 do art. 195 da Constituição Federal, conforme segue:

Art. 195. (...)

§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo superior a 60 (sessenta) meses e,


na forma de lei complementar, a remissão e a anistia das contribuições sociais de que tratam
a alínea "a" do inciso I e o inciso II do caput

18
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Moratória e parcelamento são formas de suspender a exigibilidade de uma contribuição social. A


moratória é, de forma simples, postergar a data do pagamento. Agora parcelamento todos
conhecemos, não é? Quem nunca pagou algo parcelado?

Conforme o § 11 do art. 195 da CF, a moratória e o parcelamento de todas as contribuições sociais do


empregador, da empresa e entidades equiparadas e dos segurados não podem ocorrer em prazo
superior a 60 meses.

Além disso, o § 11 do art. 195 da CF também veda que sejam concedidos remissão ou anistia (formas
de perdoar a dívida) dessas contribuições. Para tanto, é necessária a edição de lei complementar
regulamentadora.

Quanto a esta última regra, perceba que antes da EC 103/19, lei complementar iria fixar um montante
acima do qual seriam proibidos a remissão e a anistia. Agora, a lei complementar não precisa mais fixar
esse valor mínimo para que se proíba concessão e anistia. Ou seja, ela poderá vedar a concessão e anistia
para contribuições de qualquer valor.

EMPRESA E EMPREGADOR DOMÉSTICO

1 - Conceito de Empresa

Para o direito previdenciário, o conceito de empresa vai além do conceito previsto em outros ramos do
direito, sendo mais amplo e abrangente.

O importante, para nosso estudo, é a existência de vínculo de prestação de serviço, seja empregatício
ou não, com os segurados obrigatórios.

O conceito formal de empresa, para o direito previdenciário, encontra-se no art. 15, inciso I, da Lei n
8.212/91, conforme segue:

Considera-se:

Empresa - a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica


urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da
administração pública direta, indireta e fundacional.

19
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Deste conceito, podemos destacar:

• Considera-se empresa tanto a firma individual (atualmente denominado empresário individual)


como a sociedade;

• Esta firma individual ou sociedade deverão assumir o risco da atividade econômica;

• A atividade econômica dessas empresas poderá ser urbana ou rural;

• Poderá haver fins lucrativos ou não;

• Até as pessoas jurídicas de direito público, sejam da administração direta, indireta ou


fundacional, são consideradas empresas perante a Previdência Social;

• ATENÇÃO: os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional não são
“equiparados a empresas”. São considerados, para efeitos previdenciários, “EMPRESAS” (e não
equiparadas).

Art. 15, I
8.212/91
atualmente
empresário
Empresa
individual

Firma urbana
assume o risco da
individual atividade econômica
ou rural

Sociedade com fins lucrativos ou não

ou

Órgãos e entidades da administração


pública direta, indireta e fundacional

20
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2 - Conceito de Equiparados a Empresa

O conceito formal de equiparados a empresa, para o direito previdenciário, encontra-se no parágrafo


único do art. 15, da Lei n 8.212/91, conforme segue:

Equipara-se a empresa, para os efeitos previdenciários, o contribuinte individual e a


pessoa física na condição de proprietário ou dono de obra de construção civil, em
relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou
entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição
consular de carreira estrangeiras.

Deste conceito, podemos destacar:

• São equiparados a empresa aqueles que, mesmo sem ser considerado empresa, são tratados,
para fins previdenciários, como se empresa fossem.

• Nos termos do Regulamento da Previdência Social - RPS, equiparam-se à empresa:

o o contribuinte individual, em relação a segurado que lhe presta serviço;

o a cooperativa, a associação ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade, inclusive a


missão diplomática e a repartição consular de carreiras estrangeiras;

o o operador portuário e o órgão gestor de mão-de-obra; e

o o proprietário ou dono de obra de construção civil, quando pessoa física, em relação a


segurado que lhe presta serviço.

Art. 12
parágrafo único
RPS
Equiparados a Empresa
Contribuinte apenas em relação ao segurado
Individual que lhe preste serviço

Cooperativa

Associação ou de qualquer natureza


Entidade ou finalidade

21
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Missão diplomática ou repartição consular


de carreira estrangeira

Operador Órgão gestor de


portuário + mão-de-obra

Proprietário ou
dono de obra de quando pessoa física, em relação
construção civil a segurado que lhe preste serviço

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


No que se refere ao conceito de empresa e equiparado a empresa, julgue os itens a seguir:
I - Equiparar-se-á a empresa, para os fins do RGPS, a pessoa física que, para fazer uma reforma na
própria casa, contratar pedreiro.
II - Um contribuinte individual que contrata segurados para a prestação de serviços se equipara a uma
empresa para fins de cumprimento de obrigações previdenciárias.
III - Não se considera empresa, nem a ela se equipara, para fins de custeio da Previdência Social, a
cooperativa, a missão diplomática e a repartição consular de carreiras estrangeiras ou a entidade de
qualquer natureza ou finalidade.
IV - Carlos, advogado autônomo, possui escritório no qual trabalham uma secretária e um office-boy.
Nesta situação, podemos afirmar que Carlos deverá contribuir somente sobre os valores auferidos com
o seu trabalho de contribuinte individual autônomo.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) III e IV

COMENTÁRIOS:
I - Equiparar-se-á a empresa, para os fins do RGPS, a pessoa física que, para fazer uma reforma na
própria casa, contratar pedreiro.
Assertiva correta. É exatamente o que está disposto no inciso IV do Art. 12 do Decreto 3.048/99.

II - Um contribuinte individual que contrata segurados para a prestação de serviços se equipara a uma
empresa para fins de cumprimento de obrigações previdenciárias.

22
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva correta. Equiparam-se a empresa o contribuinte individual e a pessoa física na condição de


proprietário ou dono de obra de construção civil, em relação a segurado que lhe presta serviço.

III - Não se considera empresa, nem a ela se equipara, para fins de custeio da Previdência Social, a
cooperativa, a missão diplomática e a repartição consular de carreiras estrangeiras ou a entidade de
qualquer natureza ou finalidade.
Assertiva incorreta. Como a assertiva dispõe que a cooperativa, a missão diplomática e a repartição
consular de carreiras estrangeiras ou a entidade de qualquer natureza ou finalidade NÃO se consideram
equiparadas a empresa, incorreta a afirmação contida no enunciado, pois todas são equiparadas a
empresas.

IV - Carlos, advogado autônomo, possui escritório no qual trabalham uma secretária e um office-boy.
Nesta situação, podemos afirmar que Carlos deverá contribuir somente sobre os valores auferidos com
o seu trabalho de contribuinte individual autônomo.
Assertiva incorreta. Carlos será equiparado a empresa para fins previdenciários, haja vista tratar-se
de um contribuinte individual que possui segurados empregados que lhe prestam serviços.
Assim sendo, Carlos deverá recolher, além de suas contribuições devidas na condição de segurado
contribuinte individual, também as contribuições devidas como equiparado a empresa.

Gabarito: A

3 - Conceito de Empregador Doméstico

O conceito de empregador doméstico encontra-se previsto no art. 12, inciso II, do Decreto 3.048/99,
nos seguintes termos:

Considera-se empregador doméstico - aquele que admite a seu serviço, mediante remuneração, sem
finalidade lucrativa, empregado doméstico.

Quando estudamos os empregados domésticos, vimos que se filiam obrigatoriamente ao Regime Geral
de Previdência Social – RGPS, na qualidade de segurado empregado doméstico, aquele que presta
serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa
ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana.

Assim sendo, após conceituar o empregador doméstico e relembrar o conceito de empregado


doméstico, podemos concluir que, para que exista a figura do empregador doméstico, é imprescindível
que:

• O trabalho do empregado doméstico ocorra de forma contínua, ou seja, mais de dois dias por
semana;

23
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• O empregado doméstico deve estar sujeito às ordens de seu empregador doméstico, para
configurar a subordinação;

• O trabalho deverá ser oneroso, ou seja, o trabalhador doméstico deverá ser remunerado;

• O trabalho deve ser prestado pessoalmente pelo empregado doméstico;

• As atividades prestadas pelo empregado doméstico não poderão ter finalidade lucrativa para
o empregador;

• O empregador doméstico será necessariamente pessoa física, seja pessoa ou entidade familiar,
pois empregado doméstico não pode prestar serviços a pessoa jurídica;

• O trabalho deve ocorrer no âmbito residencial do empregador doméstico, ou seja, para o seu
bem estar e de sua família.

Art. 12, II
RPS
Empregador Doméstico
Pessoa ou família que admite a seu serviço

o empregado doméstico
mediante subordinação
mediante remuneração
mediante pessoalidade
sem finalidade lucrativa
por mais de 2 dias por semana

24
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

RECEITAS DA SEGURIDADE SOCIAL

1 - Financiamento Direto e Indireto

Conforme já mencionamos, o caput do art. 195 da CF/88 dispõe que a seguridade social será financiada
por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei.

A forma direta e indireta de se financiar a seguridade social podem ser assim definidas:

• Forma direta: Financiamento da seguridade Social por meio de recolhimento de contribuições


sociais;

• Forma indireta: Financiamento da Seguridade Social por meio de recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

A contribuição da União é constituída de recursos adicionais do Orçamento Fiscal, fixados


obrigatoriamente na Lei Orçamentária Anual.

As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social
constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União.

Outrossim, a União é responsável pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras da Seguridade


Social, quando decorrentes do pagamento de benefícios de prestação continuada da Previdência Social,
na forma da Lei Orçamentária Anual.

Receitas da Seguridade Social


recursos provenientes dos orçamentos
Forma indireta da União, estados, DF e municípios, fixados
obrigatoriamente na lei orçamentária anual

pagamento compulsório, pela sociedade,


Forma direta das contribuições sociais

a União é responsável pela cobertura de eventuais


insuficiências financeiras da Seguridade Social

25
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2 - Receitas das Contribuições Sociais

2.1 - Contribuições Sociais Previdenciárias e Não Previdenciárias

As contribuições destinadas ao financiamento da Seguridade Social classificam-se, por sua vez, da


seguinte forma:

• Contribuições Previdenciárias;
• Contribuições Não Previdenciárias

Vamos analisar o conceito de cada uma das subespécies de contribuições sociais de seguridade social:

• Contribuições Previdenciárias: contribuições destinadas exclusivamente para o pagamento de


benefícios previdenciários;

• Contribuições Não Previdenciárias: contribuições destinadas a qualquer um dos segmentos da


Seguridade Social (Saúde, Assistência Social ou Previdência Social);

São Contribuições Sociais Previdenciárias aquelas incidentes sobre a folha de salários das empresas,
a contribuição dos segurados e dos empregadores domésticos.

São Contribuições Sociais Não Previdenciárias aquelas incidentes sobre o faturamento e o lucro das
empresas, bem como as contribuições decorrentes das receitas dos concursos de prognósticos e a
cobrada do importador de bens e serviços.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Pode ser classificada como contribuição previdenciária a contribuição:
a) do empregador sobre receita e faturamento.
b) do importador de bens ou serviços do exterior.
c) do empregador sobre a folha de salários.
d) do empregador sobre o lucro.

COMENTÁRIOS:
a) do empregador sobre receita e faturamento.
Alternativa incorreta. Trata-se de contribuição "não previdenciária".

b) do importador de bens ou serviços do exterior.

26
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Alternativa incorreta. Trata-se de contribuição "não previdenciária".

c) do empregador sobre a folha de salários.


Alternativa correta. Trata-se de contribuição "previdenciária", destinada exclusivamente ao
pagamento de benefícios previdenciários.

d) do empregador sobre o lucro.


Alternativa incorreta. Trata-se de contribuição "não previdenciária".

Gabarito: C

CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

1 - Introdução

O cálculo da contribuição social previdenciária é efetuado através da multiplicação de uma alíquota,


definida em lei, por uma base de cálculo.

Passaremos a estudar, a seguir, a base de cálculo dos segurados, das empresas e dos empregadores
domésticos. Subsequentemente estudaremos as alíquotas legais que incidirão sobre cada uma dessas
bases de cálculo.

Contribuições Previdenciárias

% x BC base de
alíquota cálculo

definidas
em lei

27
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2 - Base de Cálculo dos Segurados

A base de cálculo utilizada para o cálculo da contribuição do segurado empregado,


empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual e segurado
facultativo é seu salário-de-contribuição.

Entende-se por salário-de-contribuição:

• Para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas,


assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título,
durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as
gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de
reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do
empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção
ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa, observados os limites mínimo e máximo.

• Para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira Profissional e/ou na


Carteira de Trabalho e Previdência Social, observados os limites mínimo e máximo.

• Para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo


exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observados os limites mínimo e
máximo.

• Para o segurado facultativo: o valor por ele declarado, observados os limites mínimo e máximo.

O limite mínimo do salário-de-contribuição corresponde:

• Para os segurados contribuinte individual e facultativo, ao salário-mínimo.

• Para os segurados empregado, empregado doméstico, e trabalhador avulso, ao piso salarial


legal ou normativo da categoria ou, inexistindo este, ao salário-mínimo, tomado no seu valor
mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o tempo de trabalho efetivo durante o mês.

O limite máximo do salário-de-contribuição é publicado mediante portaria Interministerial MPS/MF,


sempre na mesma época e com os mesmos índices de correção que os do reajustamento dos benefícios
de prestação continuada da Previdência Social.

Para o segurado especial, temos uma situação diferenciada. Para esta espécie de segurado, a base de
cálculo utilizada para o cálculo de suas contribuições é a receita bruta da comercialização de sua
produção rural, nos termos do § 8º do art. 195 da CF/88.

28
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Base de cálculo dos segurados


Empregado
Trabalhador avulso Salário-de-contribuição
Empregado doméstico (tem limite máximo e mínimo)
Contribuinte individual
Salário-de-contribuição
Segurado facultativo valor por ele declarado
(tem limite máximo e mínimo)

Receita bruta da
Segurado especial comercialização da
sua produção rural

3 - Base de Cálculo das Empresas

A base de cálculo utilizada para o cálculo da contribuição das empresas é, em regra, a remuneração
paga ou creditada aos segurados a seu serviço, sem limites mínimos ou máximos.

No entanto, conforme iremos estudar na próxima aula, existem empresas que possuem uma base de
cálculo diferenciada, e o cálculo de suas contribuições deverão obedecer a regras próprias.

Base de cálculo das empresas

Empresas
remuneração paga, devida ou creditada
aos segurados e demais pessoas físicas a seu serviço,
mesmo sem vínculo empregatício

Trabalhadores Contribuintes
Empregados
Avulsos Individuais

29
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

4 - Base de Cálculo do Empregador Doméstico

A base de cálculo utilizada para o cálculo da contribuição do empregador doméstico é o valor do


salário-de-contribuição do empregado doméstico a seu serviço.

Assim sendo, a base de cálculo do empregador doméstico também deverá respeitar o limite mínimo e
máximo do salário-de-contribuição.

Base de cálculo do empregador doméstico

Empregador doméstico

Valor do salário-de-contribuição do
empregado doméstico a seu serviço

CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS

1 - Contribuição do Empregado, Empregado Doméstico e


Trabalhador Avulso

A contribuição do segurado empregado, empregado doméstico e do trabalhador avulso é calculada


mediante a aplicação da correspondente alíquota, de forma progressiva, sobre seu salário de
contribuição, conforme já conceituado, observados os limites mínimo e máximo.

30
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Contribuição dos Segurados

Empregado
Contribuição com
Trabalhador avulso
alíquota progressiva
Empregado doméstico

Conforme princípio da equidade na


forma de participação no custeio

(Quem ganha mais, paga mais. Quem ganha menos, paga menos)

As alíquotas de contribuição destes segurados são progressivas, em observância ao princípio


constitucional da equidade na forma de participação no custeio.

Assim sendo, quanto maior o salário-de-contribuição, maior será a alíquota. Desta forma, o princípio da
equidade será aplicado, pois quem ganha mais deverá contribuir com mais e, quem ganha menos,
contribuirá com menos.

A Emenda Constitucional 103/19, publicada em 13/11/19, alterou a forma de cálculo das contribuições
previdenciárias desses segurados.

A partir de março de 2020, inicia-se a cobrança da alíquota progressiva, PORTARIA


INTERMINISTERIAL MPS/MF Nº 26, DE 10 DE JANEIRO DE 2023 – DOU DE 11/JAN/2023:

Contribuição dos Segurados (Empregado/ Avulso/ Doméstico)

Portaria Interministerial MPS/ MF Nº 26, de 10 de janeiro de 2023 – DOU de 11/ jan/ 2023

Salário-de-contribuição (R$) Alíquota

até 1 salário-mínimo (R$ 1.302,00) 7,5%


de R$ 1.302,01 até R$ 2.571,29 9%
de R$ 2.571,30 até R$ 3.856,94 12%
de R$ 3.856,95 até R$ 7.507,49 (LMSC) 14%

Limite máximo do salário de contribuição – LMSC (TETO)

31
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Como vimos, após a reforma da previdência a contribuição do segurado empregado, empregado


doméstico e contribuinte individual passou a incidir de forma progressiva, ou seja, não será aplicada
a mesma alíquota sobre todo o salário de contribuição do segurado, incidindo cada uma sobre a faixa
de valores compreendida nos respectivos limites.

No caso da contribuição da empresa, a incidência será sobre a remuneração integral, conforme


estudaremos adiante.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


No que se refere ao financiamento da seguridade social, julgue os itens a seguir:
I - A contribuição do segurado empregado é feita de forma isonômica, sendo vedada a distinção de
alíquotas ou valores de contribuição em decorrência de salários diferenciados.
II - A contribuição do segurado empregado e a do trabalhador doméstico recaem sobre o valor dos seus
salários de contribuição, até um teto máximo fixado por lei.
III - A alíquota de contribuição do empregado doméstico para o custeio da seguridade social é inferior
à alíquota aplicável aos demais empregados.
IV - Integram as fontes de custeio da seguridade social as contribuições provenientes do segurado
empregado, cuja alíquota deverá incidir sobre a remuneração auferida de um ou mais empregadores
no decorrer do mês, respeitado o limite máximo da contribuição.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I e II
b) I e III
c) II e IV
d) III e IV

COMENTÁRIOS:
I - A contribuição do segurado empregado é feita de forma isonômica, sendo vedada a distinção de
alíquotas ou valores de contribuição em decorrência de salários diferenciados.
Assertiva incorreta. A assertiva está incorreta, pois a contribuição é variável. Os segurados não pagam
exatamente o mesmo valor, senão, não haveria equidade. As alíquotas serão aplicadas de forma
progressiva, ou seja, quanto maior o salário de contribuição do segurado, maior a alíquota. As alíquotas
previstas incidirão sobre a faixa de valores compreendida nos respectivos limites do salário de
contribuição.

II - A contribuição do segurado empregado e a do trabalhador doméstico recaem sobre o valor dos seus
salários de contribuição, até um teto máximo fixado por lei.
Assertiva correta. Tem sim um teto, conforme o examinador coloca. As alíquotas serão aplicadas de
forma progressiva, ou seja, quanto maior o salário de contribuição do segurado, maior a alíquota. As

32
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

alíquotas previstas incidirão sobre a faixa de valores compreendida nos respectivos limites. Acima do
texto máximo do salário de contribuição não haverá contribuição social previdenciária.

III - A alíquota de contribuição do empregado doméstico para o custeio da seguridade social é inferior
à alíquota aplicável aos demais empregados.
Assertiva incorreta. As faixas das alíquotas são as mesmas para os segurados empregados,
empregados domésticos e trabalhadores avulsos.

IV - Integram as fontes de custeio da seguridade social as contribuições provenientes do segurado


empregado, cuja alíquota deverá incidir sobre a remuneração auferida de um ou mais empregadores
no decorrer do mês, respeitado o limite máximo da contribuição.
Assertiva correta. As contribuições sociais dos segurados empregados integram a fonte de custeio da
Seguridade Social e incidem sobre a remuneração auferida em uma ou mais empresas, devendo
respeitar o limite máximo previsto na legislação, ou seja, incidem sobre seu salário de contribuição.

Gabarito: C

2 - Contribuição do Contribuinte Individual

O contribuinte individual pode contribuir de diversas maneiras, de acordo com a forma de prestação
dos serviços:

• Contribuinte individual que trabalha por conta própria, sem prestar serviço a empresa;

• Contribuinte individual que presta serviço a empresa;

• Contribuinte individual que presta serviço a empresa imune;

• Contribuinte individual que presta serviços por intermédio de cooperativa de trabalho;

• Contribuinte individual que presta serviços por intermédio de cooperativa de produção.

Vamos estudar, a seguir, cada uma das situações e respectivas contribuições do contribuinte individual:

33
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2.1 - Contribuinte individual que trabalha por CONTA PRÓPRIA, sem


prestar serviço a empresa.

Para o contribuinte individual que trabalha por conta própria, sem relação de trabalho com a empresa,
temos 3 (três) formas de contribuição, conforme o caso, senão vejamos:

• A alíquota de contribuição do segurado contribuinte individual é de 20% (vinte por cento)


aplicada sobre o respectivo salário-de-contribuição. Neste caso, o segurado terá direito a se
aposentar por tempo de contribuição.

• Caso o segurado contribuinte individual opte pelo plano simplificado de inclusão previdenciária,
a alíquota de contribuição incidente sobre o limite mínimo mensal do salário-de-contribuição
será de 11%. Neste caso, a base de cálculo será o salário-mínimo, e não o próprio salário-de-
contribuição.

Observação: com a Reforma da Previdência, foram alteradas as regras de aposentadoria,


não existindo mais aposentadoria por tempo de contribuição e por idade. Entretanto, a Lei
8.212/91 ainda não sofreu atualização com as novas regras e continua havendo a previsão
de que o contribuinte individual pode optar por pagar essa alíquota de 11% se optar por
excluir o direito à aposentadoria por tempo de contribuição.

• Caso o segurado contribuinte individual, enquadrado como Microempreendedor Individual -


MEI, opte pelo plano simplificado de inclusão previdenciária (aqui vale a observação que fizemos
anteriormente acerca da Reforma da Previdência), a alíquota de contribuição incidente sobre o
limite mínimo mensal do salário-de-contribuição será de 5%. Neste caso, a base de cálculo
será o salário-mínimo, e não o próprio salário-de-contribuição, e tal alíquota de 5% aplica-se
apenas ao contribuinte individual considerado MEI.

Obs.: Considera-se remuneração do contribuinte individual que trabalha como condutor


autônomo de veículo rodoviário, como auxiliar de condutor autônomo de veículo
rodoviário, em automóvel cedido em regime de colaboração, como operador de trator,
máquina de terraplenagem, colheitadeira e assemelhados, o montante correspondente a
20% (vinte por cento) do valor bruto do frete, carreto, transporte de passageiros ou do
serviço prestado, observado o limite máximo do salário de contribuição.

34
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Contribuinte individual que trabalha por conta


própria, sem prestar serviço a empresa

20% do SC Contribuição convencional.

Optante pelo
11% do SM Plano Simplificado de Inclusão Previdenciária.

Micro empreendedor individual – MEI. Optante pelo


5% do SM Plano Simplificado de Inclusão Previdenciária.

2.2 - Contribuinte individual que presta serviço a EMPRESA (exceto


empresas imunes)

Em relação ao contribuinte individual que presta serviços a empresas, ficará a empresa obrigada a
arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontando-a da
respectiva remuneração.

A alíquota de contribuição a ser descontada, pela empresa (exceto as empresas imunes), sobre a
remuneração paga ou creditada ao contribuinte individual a seu serviço é de 11% sobre o respectivo
salário de contribuição, calculadas da seguinte forma:
Contribuição dos Segurados
Contribuinte individual
Que presta serviços a empresas (exceto empresas imunes)

11% do SC

Não pode optar pelo Plano Simplificado de Inclusão Previdenciária.

2.3 - Contribuinte individual que presta serviço a EMPRESAS IMUNES

Em relação ao contribuinte individual que presta serviços a empresas imunes, ficará a empresa, ainda
que imune das contribuições previdenciárias patronais a seu cargo, obrigada a arrecadar a contribuição
do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração.

A alíquota de contribuição a ser descontada pela empresa imune, incidente sobre a remuneração paga
ou creditada ao contribuinte individual a seu serviço, é de 20% sobre o respectivo salário de
contribuição.

35
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício
Contribuição dos Segurados
Contribuinte individual
Que presta serviço a empresas imunes

20% do SC

Não pode optar pelo Plano Simplificado de Inclusão Previdenciária.

2.4 - Contribuinte individual que presta serviço por intermédio de


COOPERATIVA DE TRABALHO

Cooperativa de trabalho, espécie de cooperativa também denominada cooperativa de mão de obra, é a


sociedade formada por operários, artífices, ou pessoas da mesma profissão ou ofício ou de vários ofícios
de uma mesma classe, que, na qualidade de associados, prestam serviços a terceiros por seu intermédio.

Tal cooperativa intermedeia a prestação de serviços de seus cooperados, expressos em forma de tarefa,
obra ou serviço, com os seus contratantes, pessoas físicas ou jurídicas, não produzindo bens ou serviços
próprios.

A alíquota da contribuição previdenciária devida pelo contribuinte individual que presta serviço a
empresa ou a pessoa física por intermédio de cooperativa de trabalho é:

• de 20% sobre o salário de contribuição (remuneração auferida em uma ou mais empresas ou


pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo do
salário de contribuição); ou

• de 20% sobre o montante correspondente a 20% (vinte por cento) do valor bruto do frete,
carreto, transporte de passageiros ou do serviço prestado, observado o limite máximo do salário
de contribuição, do contribuinte individual que trabalha como condutor autônomo de veículo
rodoviário, como auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, em automóvel cedido em
regime de colaboração, como operador de trator, máquina de terraplenagem, colheitadeira e
assemelhados. Neste caso, portanto, a remuneração considerada será de 20% dos valores brutos
recebidos.

2.5 - Contribuinte individual que presta serviço a COOPERATIVA DE


PRODUÇÃO

Cooperativa de produção, espécie de cooperativa, é a sociedade que, por qualquer forma, detém os
meios de produção e seus associados contribuem com serviços laborativos ou profissionais para a
produção em comum de bens.

36
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Enquadram-se no conceito de cooperativa de produção as cooperativas que detenham os meios de


produção, oferecendo um produto final e não intermediando prestação de serviços de seus cooperados.

A cooperativa de produção é obrigada a descontar 11% (onze por cento) da remuneração paga ou
creditada aos cooperados envolvidos na produção dos bens ou serviços.

A contribuição incidente sobre tal remuneração, no caso de serviços prestados por cooperados a
cooperativa de produção, deverá respeitar o limite mínimo e máximo do salário de contribuição.

3 - Contribuição do Segurado Facultativo

É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência
Social, mediante contribuição, desde que não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre
como segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social - RGPS. A filiação na qualidade de
segurado facultativo representa um ato volitivo, ou seja, de vontade própria.

Para o segurado facultativo, temos três formas de contribuição, conforme o caso, senão vejamos:

1) A alíquota de contribuição do segurado facultativo é de 20% (vinte por cento) aplicada sobre o
respectivo salário de contribuição, observados os limites mínimo e máximo. O salário de
contribuição do segurado facultativo é o valor por ele declarado. Neste caso, o segurado terá direito
a se aposentar por tempo de contribuição.

Em regra
Segurado
Facultativo 20%
do salário de contribuição

Valor por ele declarado

2) Caso o segurado facultativo opte pelo plano simplificado de inclusão previdenciária, a alíquota de
contribuição incidente sobre o limite mínimo mensal do salário de contribuição será de 11%.
Neste caso, a base de cálculo será o salário-mínimo, e não o próprio salário de contribuição.

37
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

3) Caso o segurado facultativo, sem renda própria, que se dedique exclusivamente ao trabalho
doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencente à família de baixa renda, opte pelo
plano simplificado de inclusão previdenciária, a alíquota de contribuição incidente sobre o limite
mínimo mensal do salário de contribuição será de 5%. Neste caso, a base de cálculo será o
salário-mínimo, e não o próprio salário de contribuição. A alíquota de 5% aplica-se apenas ao
segurado facultativo mencionado (popularmente conhecido como “dono(a)-de-casa” ou “do lar”).

Considera-se família de baixa renda, para o fim mencionado, a família inscrita no Cadastro
único para Programas Sociais do Governo Federal – CadÚnico e cuja renda mensal familiar
seja de até 2 salários mínimos.

Segurado Facultativo

Optante pelo Plano Simplificado de Inclusão Previdenciária

Segurado facultativo optante pelo


11% do SM Plano simplificado de inclusão previdenciária
Segurado facultativo sem renda própria que se dedique
5% do SM exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua
residência, desde que pertencente a família de baixa renda.

Família inscrita no cadastro único para programas


Família Sociais do governo federal - cadúnico
de
baixa renda
Renda mensal da família de até 2 salários mínimos

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Julgue os itens abaixo, relativos às contribuições dos segurados facultativos:
I - A alíquota de contribuição, para custeio da seguridade social, dos segurados facultativos e dos
segurados empregados é a mesma e varia segundo o salário-de-contribuição.
II - Caso opte pelo plano simplificado de inclusão previdenciária, é dado ao segurado facultativo a opção
de reduzir pela metade a alíquota de contribuição incidente sobre o seu salário de contribuição.
III - A alíquota de contribuição do segurado facultativo é de 20% (vinte por cento) aplicada sobre o
respectivo salário de contribuição, observados os limites mínimo e máximo.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.

38
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

d) III, apenas.

COMENTÁRIOS:
I - A alíquota de contribuição, para custeio da seguridade social, dos segurados facultativos e dos
segurados empregados é a mesma e varia segundo o salário-de-contribuição.
Assertiva incorreta. A alíquota de contribuição não é a mesma. Para segurados empregados existe uma
tabela progressiva e para segurados facultativos a alíquota padrão é de 20%, podendo ser reduzida para
11% ou 5% nos termos da legislação.

II - Caso opte pelo plano simplificado de inclusão previdenciária, é dado ao segurado facultativo a opção
de reduzir pela metade a alíquota de contribuição incidente sobre o seu salário de contribuição.
Assertiva incorreta. Tal opção é dada ao segurado facultativo. Contudo, a redução não é pela metade,
pois poderá reduzir sua alíquota-padrão de 20% para 11% ou 5%.

III - A alíquota de contribuição do segurado facultativo é de 20% (vinte por cento) aplicada sobre o
respectivo salário de contribuição, observados os limites mínimo e máximo.
Assertiva correta. É exatamente o que está previsto na legislação que acabamos de estudar.

Gabarito: D

4 - Contribuição do Segurado Especial

O segurado especial contribui por meio da aplicação de uma alíquota de 1,3% sobre a receita bruta da
comercialização de sua produção rural, sendo 1,2% de contribuição social + 0,1% de contribuição
social para financiamento das prestações por acidente do trabalho.

Recolhendo tal contribuição de 1,3% sobre a receita bruta da comercialização de sua produção
rural, não contará como tempo de contribuição para dar direito a aposentadoria por tempo de
contribuição.

39
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Integra a receita bruta mencionada, além dos valores decorrentes da comercialização da produção
relativa aos produtos de origem animal ou vegetal, em estado natural ou submetidos a processos de
beneficiamento ou industrialização rudimentar, a receita proveniente:

I - da comercialização da produção obtida em razão de contrato de parceria ou meação de parte


do imóvel rural;
II - da comercialização de artigos de artesanato;
III - de serviços prestados, de equipamentos utilizados e de produtos comercializados no
imóvel rural, desde que em atividades turística e de entretenimento desenvolvidas no
próprio imóvel, inclusive hospedagem, alimentação, recepção, recreação e atividades
pedagógicas, bem como taxa de visitação e serviços especiais;
IV - do valor de mercado da produção rural dada em pagamento ou que tiver sido trocada por
outra, qualquer que seja o motivo ou finalidade;
V - de atividade artística.

Não integra a base de cálculo da contribuição do empregador rural pessoa física a produção rural
destinada ao plantio ou reflorestamento, nem o produto animal destinado à reprodução ou criação
pecuária ou granjeira e à utilização como cobaia para fins de pesquisas científicas, quando vendido pelo
próprio produtor e por quem a utilize diretamente com essas finalidades e, no caso de produto vegetal,
por pessoa ou entidade registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que se
dedique ao comércio de sementes e mudas no País.

Equipara-se ao empregador rural pessoa física o consórcio simplificado de produtores rurais,


formado pela união de produtores rurais pessoas físicas, que outorgar a um deles poderes para
contratar, gerir e demitir trabalhadores para prestação de serviços, exclusivamente, aos seus
integrantes, mediante documento registrado em cartório de títulos e documentos.

O consórcio deverá ser matriculado no INSS em nome do empregador a quem hajam sido outorgados
os poderes, na forma do regulamento.

Os produtores rurais integrantes do consórcio simplificado de produtores rurais serão


responsáveis solidários em relação às obrigações previdenciárias.

Obs.: A alíquota adicional de 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da


sua produção, para financiamento das prestações por acidente do trabalho estava com sua
execução suspensa pela Resolução do Senado Federal nº 15, de 2017, por ter sido declarado
inconstitucional por decisão definitiva proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos
do Recurso Extraordinário nº 363.852. Contudo, o STF, por meio da decisão-STF Petição nº
8.140 – DF, determinou que fosse excluída a referência à suspensão determinada pela
Resolução do Senado Federal.

40
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Segurado Especial

1,2%
(Para a Seguridade Social) 1,3% sobre a
+ receita bruta da
comercialização
0,1% da sua produção rural
(Financiamento das prestações por
acidente do trabalho)

O segurado especial, além da contribuição obrigatória de 1,3% sobre a receita bruta da comercialização
de sua produção rural, poderá contribuir, facultativamente, como se fosse um contribuinte individual
ou facultativo, com uma alíquota de 20% sobre o respectivo salário de contribuição, cujo valor será por
ele declarado, desde que não seja inferior a um salário-mínimo mensal e nem superior ao limite máximo
do salário de contribuição.

Caso tenha optado por contribuir facultativamente, o segurado especial passará a ter direito a
aposentadoria por tempo de contribuição e poderá receber, dependendo da base de cálculo declarada,
benefícios em valores superiores a um salário-mínimo.

ATENÇÃO: Caso o segurado especial tenha optado por contribuir facultativamente, como se
fosse um contribuinte individual ou facultativo, com uma alíquota de 20% sobre o
respectivo salário de contribuição, não ficará desobrigado a contribuir como segurado
especial, por meio da aplicação de uma alíquota de 1,3% sobre a receita bruta da
comercialização de sua produção rural:

Observação: com a Reforma da Previdência, foram alteradas as regras de aposentadoria, não existindo
mais aposentadoria por tempo de contribuição e por idade. Entretanto, a Lei 8.212/91 ainda não sofreu
atualização com as novas regras e continua havendo a previsão de que o segurado especial contribua
facultativamente com 20% sobre o salário-de-contribuição por ele declarado.

Súmula 5/TNU (Turma Nacional de Uniformização): Seguridade social. Previdenciário.


Tempo de serviço rural. Menor de 12 a 14 anos. Admissibilidade. CF/88, art. 7º, XXXIII.

“A prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até o advento da Lei 8.213, de
24/07/91, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para fins previdenciários”

41
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Obs.: Se o segurado especial não atualizar as informações presentes no cadastro dos segurados
especiais referentes à atividade em um dado ano até a data de 30 de junho do ano subsequente, tal
segurado somente poderá computar a atividade referente àquele ano se tiver efetuado
recolhimento de contribuição previdenciária.

Segurado Especial

O segurado especial, além da contribuição obrigatória


de 1,3%, poderá contribuir, facultativamente, da mesma
forma que o contribuinte individual e o facultativo, ou seja:

Para ter direito a contar o recolhimento como tempo


20% do SC de contribuição e para receber benefícios
em valores superiores a um salário mínimo

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Julgue os próximos itens, referente ao custeio da seguridade social.
I - Produtor rural que exerça sua atividade em regime de economia familiar, sem empregados
permanentes, será isento de contribuição para a seguridade social.
II - O segurado especial contribui por meio da aplicação de uma alíquota de 1,3% sobre a receita bruta
da comercialização de sua produção rural.
III - O segurado especial, além da contribuição obrigatória sobre a receita bruta da comercialização de
sua produção rural, poderá contribuir, facultativamente, com uma alíquota de 11% sobre o respectivo
salário de contribuição.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I, apenas.
b) II e III.
c) I e III.
d) II, apenas.

COMENTÁRIOS:
I - Produtor rural que exerça sua atividade em regime de economia familiar, sem empregados
permanentes, será isento de contribuição para a seguridade social.
Assertiva incorreta. A constituição prevê um tratamento diferenciado ao segurado especial, mas não
se trata de isenção, pois deverá recolher suas contribuições sobre a receita bruta da comercialização da
sua produção rural.

42
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

II - O segurado especial contribui por meio da aplicação de uma alíquota de 1,3% sobre a receita bruta
da comercialização de sua produção rural.
Assertiva correta. Assertiva está de acordo com o previsto na legislação e estudado acima.

III - O segurado especial, além da contribuição obrigatória sobre a receita bruta da comercialização de
sua produção rural, poderá contribuir, facultativamente, com uma alíquota de 11% sobre o respectivo
salário de contribuição.
Assertiva incorreta. O segurado especial, além da contribuição obrigatória sobre a receita bruta da
comercialização de sua produção rural, poderá contribuir, facultativamente, com uma alíquota de 20%
(e não 11%) sobre o respectivo salário de contribuição por ele declarado.

Gabarito: D

5 - Cláusula de Arrependimento

O contribuinte individual ou segurado facultativo que tenha optado pela exclusão do direito ao benefício
de aposentadoria por tempo de contribuição (plano simplificado de inclusão previdenciária) e, por
arrependimento, pretenda contar o tempo de contribuição correspondente para fins de obtenção da
aposentadoria por tempo de contribuição, deverá complementar a contribuição mensal, mediante
recolhimento sobre o salário-mínimo mensal, da diferença entre o percentual pago e o de 20% devidos,
acrescido dos juros moratórios.

Observação: Apesar de a Reforma da Previdência ter acabado com a diferenciação entre


aposentadoria por idade e aposentadoria por tempo de contribuição, a Lei 8.212/91 ainda
não foi atualizada e, continua havendo a contribuição diferenciada. Até que haja atualização
da legislação ou regulamentação, continuamos considerando a possibilidade.

Cláusula de Arrependimento

Contribuinte ou Segurado
Individual Facultativo

Quando optantes do Plano Simplificado de Inclusão Previdenciária,


caso se arrependam da opção pelo recolhimento reduzido,
poderão recolher, acrescidos de juros moratórios,
a diferença entre o percentual pago e o de 20%.

43
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

6 - Contribuições abaixo do mínimo

Outra novidade trazida pela EC 103/19 é que, no caso desses segurados, se o somatório de
remunerações auferidas no período de 1 mês for inferior ao limite mínimo mensal do salário de
contribuição, eles poderão:

• complementar a sua contribuição, de forma a alcançar o limite mínimo exigido;


• utilizar o valor da contribuição que exceder o limite mínimo de contribuição de uma
competência em outra; ou
• agrupar contribuições inferiores ao limite mínimo de diferentes competências, para
aproveitamento em contribuições mínimas mensais.

Os ajustes de complementação ou agrupamento de contribuições somente poderão ser feitos ao longo


do mesmo ano civil.

Sendo assim, se em um mês o segurado tiver a contribuição inferior ao limite mínimo mensal, essa
contribuição não será computada para fins de benefícios previdenciários, a não ser que o segurado
complemente a contribuição. Além disso, existe a possibilidade de que o segurado agrupe várias
competências em valores inferiores ao mínimo, até que se atinja o limite mínimo, por exemplo, se em
duas competências ele recebeu meio salário-mínimo, ele poderá juntá-las e elas serão contadas como
apenas uma competência. Além disso, o segurado pode pegar o excesso de uma contribuição e
complementar outra que esteja abaixo do limite mínimo.

Mas todos esses ajustes devem ser feitos dentro do mesmo ano civil. Sendo assim, o segurado não
pode agrupar a competência de dezembro de um ano com a competência de janeiro do ano seguinte.
Caso esse segurado tenha interesse de, no ano seguinte, complementar todas as suas competências
inferiores ao mínimo do ano anterior, também não haverá a possibilidade.

44
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DA EMPRESA

1 - Introdução

As contribuições previdenciárias a cargo da empresa estão previstas na própria Constituição Federal,


especificamente em seu artigo 195, I, “a”, que dispõe que a seguridade social será financiada por toda a
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes, dentre outros,
das contribuições sociais do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei,
incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício.

Dentro desta diretriz constitucional, são contribuições a cargo da empresa, destinadas à Seguridade
Social:

I – 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês,
aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir
o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de
utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente
prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou
do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.

II – 1% ou 2% ou 3% para o financiamento do benefício de aposentadoria especial e daqueles


concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais
do trabalho - RAT, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos
segurados empregados e trabalhadores avulsos, conforme critérios abaixo:

• 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do
trabalho seja considerado leve;

• 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja
considerado médio;

• 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja
considerado grave.

45
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

III – 20% sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês,
aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços;

OBSERVAÇÃO 1: Para o cálculo da contribuição das empresas, a base de


cálculo não sofre qualquer limitação, tal qual ocorre, em regra, com a
contribuição dos segurados. Assim sendo, se a remuneração do segurado
empregado, trabalhador avulso ou contribuinte individual for R$
40.000,00, a contribuição patronal devida (contribuição da empresa) será
de 20% sobre os R$ 40.000,00, totalizando uma contribuição de R$
8.000,00.

OBSERVAÇÃO 2 : No caso de instituições financeiras, tais como bancos


comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas
econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento,
sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de
títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil,
cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização,
agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de
previdência privada abertas e fechadas, é devida contribuição adicional de
2,5% sobre as remunerações dos segurados empregados,
trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, em
acréscimo aos 20% previstos nos itens I e III retro mencionados.

Art. 22
8.212/91
Contribuição das Empresas

Sobre a remuneração paga, devida ou creditada,


20% ao empregado ou trabalhador avulso
que lhe preste serviço
+ +
RAT - para o financiamento da aposentadoria
1% ou 2% ou 3% especial, os benefícios acidentário ou
por incapacidade laborativa

Sobre a remuneração paga ou creditada


20% aos segurado contribuinte individual
que lhe preste serviço

Para melhor entendimento do assunto, vamos estudar cada uma destas contribuições das empresas
(patronais) individualmente.

46
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2 - Contribuição da Empresa sobre a Remuneração de


Empregados e Trabalhadores Avulsos

Como vimos, a empresa contribui com 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou
creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que
lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as
gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste
salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou
tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de
trabalho ou sentença normativa.

No caso de instituições financeiras, a presente alíquota será majorada em 2,5%, totalizando 22,5%.

Considera-se:

• Remuneração paga: aquela que foi efetivamente entregue ao segurado;

• Remuneração devida: aquela que o segurado tem direito a receber, mas ainda não recebeu;

• Remuneração creditada: aquela que foi depositada na conta bancária do segurado.

3 - Contribuição da Empresa sobre a Remuneração dos


Contribuintes Individuais

Como vimos, a empresa contribui com 20% sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a
qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem
serviços.

No caso de instituições financeiras, a presente alíquota será majorada em 2,5%, totalizando 22,5%.

4 - Contribuição da Empresa para o GIL/RAT

Como vimos, a empresa contribui com 1%, 2% ou 3% para o financiamento do benefício de


aposentadoria especial e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade
laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho - RAT (antigo SAT), sobre o total das
remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores
avulsos, conforme critérios abaixo:

47
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do
trabalho seja considerado leve;

b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado
médio;

c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado
grave.

Art. 22, II
8.212/91
RAT – Riscos Ambientais do Trabalho
Visa financiar a aposentadoria especial e os benefícios
acidentários ou por incapacidade laborativa

1% Atividade preponderante com risco leve

2% Atividade preponderante com risco médio

3% Atividade preponderante com risco grave

Risco apurado de acordo com a atividade econômica - CNAE

Obs.: O RAT incide apenas sobre a remuneração dos segurados empregados


e trabalhadores avulsos, não incidindo sobre a remuneração dos
contribuintes individuais.

Considera-se preponderante a atividade que ocupa, na empresa, o maior número de segurados


empregados e trabalhadores avulsos. Quando a empresa exerce mais de uma atividade, considera-se
atividade preponderante aquela que reúna na empresa o maior número de segurados empregados e
trabalhadores avulsos.

A empresa com mais de um estabelecimento e com mais de uma atividade econômica, deverá apurar a
atividade preponderante em cada estabelecimento, individualmente.

O enquadramento nos correspondentes graus de risco é de responsabilidade da empresa, e deve ser


feito mensalmente, de acordo com a sua atividade econômica preponderante, conforme a Relação de
Atividades Preponderantes e Correspondentes Graus de Risco, elaborada com base na CNAE, prevista
no Anexo V do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99.

48
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Apurado o mesmo número de segurados empregados e trabalhadores avulsos em atividades


econômicas distintas, considerar-se-á como preponderante aquela que corresponder ao maior grau de
risco.

Verificado erro no autoenquadramento, a RFB adotará as medidas necessárias à sua correção e, se for
o caso, constituirá o crédito tributário decorrente.

5 - Fator Acidentário de Prevenção - FAP

A contribuição para o financiamento do benefício de aposentadoria especial e daqueles concedidos em


razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho –
RAT (antigo SAT) terá suas alíquotas reduzidas em até cinquenta por cento ou aumentadas em até
cem por cento, em razão do desempenho da empresa em relação à sua respectiva atividade, aferido
pelo Fator Acidentário de Prevenção – FAP.

O FAP consiste num multiplicador variável num intervalo contínuo de cinco décimos (0,5000) a dois
inteiros (2,0000), aplicado com quatro casas decimais, considerado o critério de arredondamento na
quarta casa decimal, a ser aplicado à respectiva alíquota RAT.

Assim sendo, após multiplicarmos o RAT (cujo valor será de 1%, 2% ou 3%, segundo a atividade
preponderante da empresa), pelo FAP, cujo valor é individualizado por empresa, chegaremos ao “RAT
AJUSTADO”, que nada mais é do que o resultado da multiplicação do RAT pelo FAP (RAT x FAP).

Para fins da redução ou majoração do valor do FAP, proceder-se-á à discriminação do desempenho da


empresa, dentro da respectiva atividade econômica, a partir da criação de um índice composto pelos
índices de:

• Gravidade (peso de 50%)


• Frequência (peso de 35%)
• Custo (peso de 15%)

Os índices de frequência, gravidade e custo serão calculados segundo metodologia aprovada pelo
Conselho Nacional de Previdência Social, levando-se em conta:

I - para o índice de frequência, os registros de acidentes ou benefícios de natureza acidentária.

II - para o índice de gravidade, as hipóteses de auxílio por incapacidade temporária, auxílio-acidente,


aposentadoria por incapacidade permanente, pensão por morte e morte de natureza acidentária, aos
quais são atribuídos pesos diferentes em razão da gravidade da ocorrência, da seguinte forma:

a) pensão por morte e morte de natureza acidentária: peso de 50%;

b) aposentadoria por incapacidade permanente: peso de 30%;

c) auxílio por incapacidade temporária: peso de 10%.

49
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

c) auxílio-acidente: peso de 10%.

III - para o índice de custo, os valores dos benefícios de natureza acidentária pagos ou devidos pela
previdência social.

EXEMPLO: Imaginemos duas empresas construtoras. A “Construtora A”, investe em


segurança do trabalho e equipamentos de proteção, possuindo, consequentemente, poucos
afastamentos por acidente do trabalho. Desta forma, praticamente não onera a Previdência
Social.

Por outro lado, a “Construtora B” não investe em segurança do trabalho e nem tampouco em
equipamentos de proteção, causando muitos acidentes do trabalho e um enorme custo para
a Previdência Social.

Antigamente, para o caso apresentado, teríamos as duas empresas construtoras


contribuindo com a mesma alíquota de 3% a título de RAT, haja vista suas atividades
econômicas preponderantes serem as mesmas e de risco grave.

Por outro lado, ao inserir o Fator Acidentário de Prevenção - FAP na legislação


previdenciária, o legislador buscou corrigir esta discrepância, cobrando um RAT menor da
empresa que mais investia em segurança do trabalho e cobrando um RAT maior da empresa
que não realizava tal investimento.

Desta forma, suponhamos a publicação dos seguintes valores de FAP:


“Construtora A”: FAP = 0,6531
“Construtora B”: FAP = 1,8542

Nestes casos, teremos os seguintes percentuais de “RAT AJUSTADO” (RAT x FAP):


“Construtora A”: 3% x 0,6531 = 1,9593%
“Construtora B”: 3% x 1,8542 = 5,5626%

Antes da existência do FAP, as duas construtoras pagavam um RAT igual, de 3% cada.


Atualmente, segundo nosso exemplo, haverá grande diferença entre as alíquotas das duas
construtoras, o que deverá incentivar a “Construtora B” a investir mais em segurança do
trabalho, buscando melhorar seu desempenho e reduzir sua alíquota.

50
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

FAP – Fator Acidentário de Prevenção

RAT “ajustado” = RAT x FAP

0,5000 ≤ FAP ≤ 2,000 (individualizado por empresa)

Frequencia: registros de acidentes ou benefícios de natureza


acidentária.

Gravidade: as hipóteses de auxílio por incapacidade temporária (10%),


Considerados auxílio-acidente (10%), aposentadoria por incapacidade permanente (30%),
pensão por morte e morte de natureza acidentária (50%).

Custo: os valores dos benefícios de natureza acidentária pagos ou devidos


pela previdência social.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, sobre a remuneração paga aos seus
empregados que lhe prestem serviços é
a) vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título,
durante o mês.
b) dada pela aplicação da correspondente alíquota sobre o salário-de-contribuição mensal do
empregado, de forma não cumulativa de acordo com tabela de contribuição divulgada no Diário Oficial.
c) quinze por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título,
durante o mês.
d) vinte por cento sobre o valor do faturamento e do lucro da empresa.

COMENTÁRIOS:
a) vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título,
durante o mês.
Assertiva correta. É exatamente o que está previsto na legislação, como estudamos acima.

b) dada pela aplicação da correspondente alíquota sobre o salário-de-contribuição mensal do


empregado, de forma não cumulativa de acordo com tabela de contribuição divulgada no Diário Oficial.
Assertiva Incorreta. A contribuição a cargo da empresa não incide sobre o salário de contribuição
mensal do segurado a seu serviço, mas sobre o tal da remuneração paga, devida ou creditada.

51
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

c) quinze por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título,
durante o mês.
Assertiva Incorreta. A contribuição a cargo da empresa será de 20% sobre o total das remunerações
pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês (e não 15%).

d) vinte por cento sobre o valor do faturamento e do lucro da empresa.


Assertiva Incorreta. A contribuição a cargo da empresa será de 20% sobre o total das remunerações
pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês (e não sobre o faturamento e lucro).

Gabarito: A

CONTRIBUINTES COM BASE DE CÁLCULO DIFERENCIADAS


Estudaremos, a seguir, algumas empresas que contribuem com uma base de cálculo diferenciada.
Tais empresas merecem nosso destaque e especial atenção.

Por hora, estudaremos as seguintes empresas que possuem base de cálculo diferenciadas:

• Empregador Rural Pessoa Física;


• Produto Rural Pessoa Jurídica;
• Agroindústria;
• Associação Desportiva que Mantém Equipe de Futebol Profissional.

1 - Empregador Rural Pessoa Física

O produtor rural pessoa física que explora a sua atividade com o auxílio de empregados permanentes é
segurado obrigatório da Previdência Social, enquadrado na categoria de contribuinte individual.

Assim sendo, enquanto segurado contribuinte individual, ele recolherá suas contribuições da mesma
maneira que os demais contribuintes individuais que prestam serviços por conta própria.

No entanto, as contribuições aqui estudadas não são por ele devidas na qualidade de segurado. Trata-
se de contribuição do produtor rural pessoa física enquanto empregador, caso contrate
trabalhadores para lhe prestar serviços. Nesta condição, o produtor rural pessoal física é denominado
empregador rural pessoa física, passando a ser, neste caso, equiparado a empresa, nos termos do art.
15 da Lei nº 8.212/1991.

52
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

A contribuição patronal deste empregador rural pessoa física, enquanto equiparado à empresa, tem
alíquotas e base de cálculo diferenciadas das demais empresas, conforme previsto no art. 25 da Lei nº
8.212/91, conforme segue:

Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de


que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na
alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de:
I - 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita bruta proveniente da comercialização
da sua produção; (Redação dada pela Lei nº 13.606, de 2018)
II - 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para financiamento das
prestações por acidente do trabalho.

Nos termos do inciso I do art. 22 da Lei nº 8.212/91, a contribuição de 1,3% do empregador rural
pessoal física é devida em substituição à contribuição da empresa de 20% sobre o total das
remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados
empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços.

Atenção: a contribuição patronal do Empregador Rural Pessoa Física, que totaliza 1,3%, incidentes
sobre a receita bruta da comercialização de sua produção rural, substituem apenas as contribuições
patronais incidentes sobre a remuneração paga aos empregados e trabalhadores avulsos por eles
contratados. Desta forma, não substituem as contribuições patronais por ele devidas caso contrate
contribuintes individuais ou cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho.

O produtor rural pessoa física poderá optar por contribuir com 1,3% sobre a receita bruta da
comercialização de sua produção rural ou sobre a folha de pagamento dos segurados empregados e
trabalhadores avulsos a seu serviço, manifestando sua opção mediante o pagamento da contribuição
incidente sobre a folha de salários relativa a janeiro de cada ano, ou à primeira competência
subsequente ao início da atividade rural, e será irretratável para todo o ano-calendário.

Equipara-se ao empregador rural pessoa física o consórcio simplificado de produtores rurais,


formado pela união de produtores rurais pessoas físicas, que outorgar a um deles poderes para
contratar, gerir e demitir trabalhadores para prestação de serviços, exclusivamente, aos seus
integrantes, mediante documento registrado em cartório de títulos e documentos.

O consórcio deverá ser matriculado no INSS em nome do empregador a quem hajam sido outorgados
os poderes, na forma do regulamento.

Os produtores rurais integrantes do consórcio simplificado de produtores rurais serão


responsáveis solidários em relação às obrigações previdenciárias.

O Supremo Tribunal federal – STF já reconheceu a constitucionalidade da contribuição patronal do


Empregador Rural Pessoa Física no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 718.874, com
repercussão geral reconhecida, conforme tese abaixo:

53
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador


rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/2001, incidente sobre a receita
bruta obtida com a comercialização de sua produção.

Art. 25
8.212/91 Empregador Rural Pessoa Física

É contribuinte individual equiparado a empresa

Não recolhe contribuição patronal Empregado


em relação aos segurados: Trabalhador avulso

1,2% + 0,1% = 1,3%


Em substituição a essas contribuições Sobre a receita bruta
patronais, deverá recolher: da comercialização de sua
produção rural no mês.

2 - Produtor Rural Pessoa Jurídica

A contribuição devida pelo empregador, pessoa jurídica, que se dedique à produção rural, em
substituição à prevista nos incisos I e II do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, nos
termos do art. 25 da Lei nº 8.870/94, passa a ser de 1,8% da receita bruta proveniente da
comercialização da sua produção, conforme segue:

I - 1,7% (um inteiro e sete décimos por cento) da receita bruta proveniente da comercialização da
sua produção;
II - um décimo por cento da receita bruta proveniente da comercialização de sua produção, para
o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho.

A contribuição de 1,7% do produtor rural pessoal jurídica é devida em substituição à contribuição da


empresa de 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante
o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços.

A contribuição de 0,1% do produtor rural pessoal jurídica é devida em substituição à contribuição da


empresa para o RAT, de 1%, 2% ou 3%, sobre o sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no
decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos.

54
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Atenção: as contribuições patronais do Produtor Rural Pessoa Jurídica, incidentes sobre a receita bruta
da comercialização de sua produção rural, substituem apenas as contribuições patronais incidentes
sobre a remuneração paga aos empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço. Desta forma, não
substituem as contribuições patronais por ele devidas caso contrate contribuintes individuais ou
cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho.

O produtor rural pessoa jurídica poderá optar por contribuir com 1,8% sobre a receita bruta da
comercialização de sua produção rural ou sobre a folha de pagamento dos segurados empregados e
trabalhadores avulsos a seu serviço, manifestando sua opção mediante o pagamento da contribuição
incidente sobre a folha de salários relativa a janeiro de cada ano, ou à primeira competência
subsequente ao início da atividade rural, e será irretratável para todo o ano-calendário.

Art. 25
8.870/94 Produtor Rural Pessoa Jurídica

Não recolhe contribuição patronal Empregado


em relação aos segurados: Trabalhador avulso

1,7% + 0,1% = 1,8%


Em substituição a essas contribuições Sobre a receita bruta
patronais, deverá recolher: da comercialização de sua
produção rural no mês

3 - Agroindústria

A agroindústria é o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de
produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros. A agroindústria, portanto, exerce
atividade de produtor rural e de indústria.

A contribuição devida pela agroindústria, incidente sobre o valor da receita bruta proveniente da
comercialização da produção, em substituição às previstas nos incisos I e II do art. 22 da Lei n 8.212/91,
é de 2,6%, assim distribuídos:

I – 2,5% destinados à Seguridade Social;


II – 0,1% para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho
de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade para o trabalho
decorrente dos riscos ambientais da atividade.

Nos termos do inciso I do art. 22 da Lei nº 8.212/91, a contribuição de 2,5% da agroindústria é devida
em substituição à contribuição da empresa de 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou
creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe
prestem serviços.

55
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Nos termos do inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212/91, a contribuição de 0,1% da agroindústria é devida
em substituição à contribuição da empresa para o RAT, de 1%, 2% ou 3%, sobre o sobre o total das
remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores
avulsos.

Tal contribuição não se aplica às sociedades cooperativas e às agroindústrias de piscicultura,


carcinicultura, suinocultura e avicultura, nos termos do §4º, do art. 22-A da Lei 8.212/91.

Atenção: as contribuições patronais da agroindústria, incidentes sobre a receita bruta da


comercialização de sua produção rural, substituem apenas as contribuições patronais incidentes sobre
a remuneração paga aos empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço. Desta forma, não
substituem as contribuições patronais por ele devidas caso contrate contribuintes individuais ou
cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho.

Art. 22-a
8.212/91
Agroindústria

Empregado
Não recolhe contribuição patronal
em relação aos segurados:
Trabalhador avulso

Em substituição a essas contribuições 2,5% + 0,1% = 2,6%


patronais, deverá recolher: sobre a receita bruta da comercialização
de sua produção rural no mês.

A base de cálculo será a receita bruta da comercialização da


produção rural própria ou de terceiros, industrializadas ou não.

3.1 - Diferença entre Produtor Rural Pessoa Jurídica e Agroindústria

Produtor Rural Pessoa Jurídica x Agroindústria

Diferença

Não industrializa sua produção rural


Produtor Rural
Pessoa Jurídica
Vende o produto no estado natural

Industrializa sua produção rural


Agroindústria
Ex: usina que transforma cana em álcool

56
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

4 - Associação Desportiva que Mantém Equipe de Futebol


Profissional

A contribuição empresarial da associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional,


destinada à Seguridade Social, em substituição às previstas nos incisos I e II do art. 22 da Lei nº
8.212/91, é de 5% da receita bruta decorrente de:

• espetáculos desportivos de que participem em todo território nacional em qualquer modalidade


desportiva, inclusive jogos internacionais;
• patrocínio;
• licenciamento de uso de marcas e símbolos;
• publicidade;
• propaganda ;
• transmissão de espetáculos desportivos.

Art. 22, § 6º Associação desportiva que mantém


8.212/91
Equipe de futebol profissional
Em substituição a essas contribuições patronais, deverá recolher
Dos espetáculos desportivos que
participem no território nacional

5% Patrocínio
da Publicidade
receita Propaganda
bruta
Licenciamento pelo uso de marcas e símbolos
Transmissão de eventos desportivos

Nos termos do inciso I do art. 22 da Lei nº 8.212/91, as contribuições acima mencionadas substituem
as seguintes contribuições:

• Contribuição da empresa de 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas
a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe
prestem serviços;

• As contribuições relativas ao RAT, de 1%, 2% ou 3%, sobre o sobre o total das remunerações
pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos.

57
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Atenção: as contribuições patronais da Associação Desportiva que mantém equipe de futebol


profissional, incidentes sobre as circunstâncias retro mencionadas, substituem apenas as contribuições
patronais incidentes sobre a remuneração paga aos empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço.
Desta forma, não substituem as contribuições patronais por ela devidas caso contrate contribuintes
individuais ou cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho.

Associações Desportivas que não mantenham equipe de futebol profissional devem contribuir da
mesma forma que as empresas em geral.

Caberá à entidade promotora do espetáculo a responsabilidade de efetuar o desconto de cinco por


cento da receita bruta decorrente dos espetáculos desportivos e o respectivo recolhimento ao Instituto
Nacional do Seguro Social, no prazo de até dois dias úteis após a realização do evento.

Caberá à associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional informar à entidade
promotora do espetáculo desportivo todas as receitas auferidas no evento, discriminando-as
detalhadamente.

No caso de a associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional receber recursos de
empresa ou entidade, a título de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade,
propaganda e transmissão de espetáculos, esta última ficará com a responsabilidade de reter e
recolher o percentual de cinco por cento da receita bruta decorrente do evento, inadmitida qualquer
dedução.

O Conselho Deliberativo do Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto informará ao Instituto


Nacional do Seguro Social, com a antecedência necessária, a realização de todo espetáculo esportivo de
que a associação desportiva referida no caput participe no território nacional

Art. 22, § 7º e § 9º
8.212/91 Associação desportiva que mantém
equipe de futebol profissional
Informações gerais

Renda bruta dos espetáculos desportivos que Recolhida pela entidade


Participem no território nacional Promotora do evento

Patrocínio
Recolhida pela empresa que
Publicidade
repassou recursos financeiros
Propaganda à associação desportiva
Licenciamento pelo uso de marcas e símbolos
que mantém equipe de
futebol profissional
Transmissão de eventos desportivos

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


No que se refere ao financiamento da seguridade social, julgue os itens subsequentes.

58
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

I - A contribuição empresarial de associação desportiva que mantenha equipe de futebol profissional


distingue-se da contribuição exigida de outras empresas.
II - A receita bruta decorrente dos espetáculos desportivos de que participem em todo território
nacional é base de cálculo das contribuições do produtor rural pessoa jurídica.
III - Caberá à entidade promotora do espetáculo desportivo a responsabilidade de efetuar o desconto
de cinco por cento da receita bruta decorrente do evento e o respectivo recolhimento, no prazo de até
dois dias úteis após sua realização.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) I, apenas.

COMENTÁRIOS:
I - A contribuição empresarial de associação desportiva que mantenha equipe de futebol profissional
distingue-se da contribuição exigida de outras empresas.
Assertiva correta. A contribuição empresarial de associação desportiva que mantenha equipe de
futebol profissional será de 5% sobre renda bruta dos espetáculos desportivos, publicidade, patrocínio,
propaganda, licenciamento e transmissão dos eventos, distinguindo-se, portanto, da contribuição
exigida de outras empresas.

II - A receita bruta decorrente dos espetáculos desportivos de que participem em todo território
nacional é base de cálculo das contribuições do produtor rural pessoa jurídica.
Assertiva incorreta. A receita bruta decorrente dos espetáculos desportivos de que participem em
todo território nacional é base de cálculo das associações desportivas que mantenham equipe de futebol
profissional (e não a base de cálculo do produtor rural pessoa jurídica).

III - Caberá à entidade promotora do espetáculo desportivo a responsabilidade de efetuar o desconto


de cinco por cento da receita bruta decorrente do evento e o respectivo recolhimento, no prazo de até
dois dias úteis após sua realização.
Assertiva correta. Assertiva de acordo com a legislação e com o conteúdo estudado nesse módulo.

Gabarito: B

59
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

5 - Contribuições Não Substituídas

Como vimos, as contribuições patronais estudadas substituem apenas aquelas incidentes sobre a
remuneração paga aos empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço. Desta forma, não substituem
as contribuições patronais devidas caso contratem contribuintes individuais ou cooperados por
intermédio de cooperativa de trabalho.

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS EMPREGADORES


DOMÉSTICOS
Nos termos do art. 24 da Lei 8.212/91, a contribuição do empregador doméstico é de 8,8% incidente
sobre o salário-de-contribuição do empregado doméstico a seu serviço., assim divididas:

• 8% para a Seguridade Social;


• 0,8% para financiamento do seguro contra acidentes de trabalho.

Entende-se por salário-de-contribuição, para o segurado empregado doméstico, a remuneração


registrada na Carteira Profissional e/ou na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observados os
limites mínimo e máximo do salário de contribuição.

O limite mínimo do salário-de-contribuição, para o segurado empregado doméstico, corresponde ao


piso salarial legal ou normativo da categoria ou, inexistindo este, ao salário-mínimo, tomado no seu
valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o tempo de trabalho efetivo durante o mês.

O limite máximo do salário-de-contribuição, atualizado a partir de 01/01/2022, nos termos da


PORTARIA INTERMINISTERIAL MPS/MF Nº 26, DE 10 DE JANEIRO DE 2023 – DOU DE 11/JAN/2023,
é de R$ 7.507,49.

ATENÇÃO: A base de cálculo da contribuição do empregador doméstico é o “salário-de-contribuição”


do empregado doméstico a seu serviço, respeitando, portanto, seus limites mínimos e máximos. Assim
sendo, caso apareça na prova uma assertiva afirmando que a contribuição do empregador doméstico
incide sobre a “remuneração” paga ao empregado doméstico a seu serviço, deverá ser considerada
errada. Diferente é a contribuição da empresa, pois esta sim tem por base, em regra, a remuneração
total paga, devida ou creditada a segurados a seu serviço, sem qualquer limite mínimo ou máximo.

Além destas contribuições previdenciárias, o empregador doméstico também é obrigado, nos termos
do art. 34 da Lei Complementar 150/2015 (Simples Doméstico):

• Reter e recolher a contribuição previdenciária a cargo do empregado doméstico (7,5%, 9%, 12%
e 14%);

• 8% de recolhimento para o FGTS (não se trata de contribuição previdenciária);

60
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• 3,2% destinada ao pagamento da indenização compensatória da perda do emprego, sem justa


causa ou por culpa do empregador. (não se trata de contribuição previdenciária)

Ademais, também cabe ao empregador doméstico o recolhimento do imposto de renda retido na fonte
de que trata o inciso I do art. 7º da Lei 7.713/88, se for o caso.

Salário-de-contribuição
Base de cálculo do empregado doméstico
a serviço do empregador
Não é a remuneração

Contribuição 8% do salário-de-contribuição
do empregado doméstico que
Patronal
lhe presta serviço
+
Seguro contra + 0,8% do salário-de-contribuição
Acidentes do do empregado doméstico que
Trabalho lhe presta serviço

Demais recolhimentos no Simples Doméstico

FGTS 8% da remuneração

Pagamento da indenização compensatória 3,2% da


da perda do emprego, sem justa causa remuneração
ou por culpa do empregador devida

Imposto de Renda Retido na Fonte se incidente

A responsabilidade pelo recolhimento das contribuições é do empregador doméstico, que ficará com
a obrigação de descontar a contribuição do empregado doméstico a seu serviço e recolhê-la, juntamente
com a parcela a seu cargo

Para finalizarmos este assunto, importante destacar que o empregador doméstico deverá fornecer ao
empregado doméstico, mensalmente, cópia do documento de arrecadação do Simples Doméstico.

61
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Julgue as assertivas a seguir:
I - Marina é empregada doméstica na casa de Tadeu, segurado empregado de uma empresa. Como
empregador doméstico, Tadeu deve realizar o recolhimento da contribuição patronal de 8% sobre o
valor registrado na carteira de trabalho de Marina, limitado ao teto do RGPS, além de 0,8% de
contribuição social para financiamento do seguro contra acidentes do trabalho.
II - A contribuição do empregador doméstico é de 20% e incide sobre o salário-de-contribuição do
empregado doméstico a seu serviço.
III - A contribuição do empregador doméstico é de 11% do salário-de-contribuição do empregado
doméstico a seu serviço.
IV - O valor total da remuneração dos empregados domésticos é base de cálculo das contribuições dos
empregadores domésticos.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I
b) I e II
c) I e III
d) II e III

COMENTÁRIOS:
I - Marina é empregada doméstica na casa de Tadeu, segurado empregado de uma empresa. Como
empregador doméstico, Tadeu deve realizar o recolhimento da contribuição patronal de 8% sobre o
valor registrado na carteira de trabalho de Marina, limitado ao teto do RGPS, além de 0,8% de
contribuição social para financiamento do seguro contra acidentes do trabalho.
Assertiva correta. A contribuição do empregador doméstico incidirá sobre a remuneração registrada
na carteira de trabalho da empregada doméstica a seu serviço, limitada ao teto do RGPS, ou seja, sobre
o respectivo salário de contribuição do empregado doméstico.

II - A contribuição do empregador doméstico é de 20% e incide sobre o salário-de-contribuição do


empregado doméstico a seu serviço.
Assertiva incorreta. A contribuição do empregador doméstico é de 8,8% e incide sobre o salário-de-
contribuição do empregado doméstico a seu serviço.

III - A contribuição do empregador doméstico é de 11% do salário-de-contribuição do empregado


doméstico a seu serviço.
Assertiva incorreta. A contribuição do empregador doméstico é de 8,8% e incide sobre o salário-de-
contribuição do empregado doméstico a seu serviço.

62
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

IV - O valor total da remuneração dos empregados domésticos é base de cálculo das contribuições dos
empregadores domésticos.
Assertiva incorreta. A contribuição do empregador doméstico incide sobre o salário-de-contribuição
do empregado doméstico a seu serviço (e não valor total da remuneração do empregado doméstico).

Gabarito: A

1 - Receitas de Outras Fontes

1.1 - As multas, a atualização monetária e os juros moratórios.


As multas e os juros decorrentes do recolhimento fora do prazo são considerados receitas de outras
fontes da Seguridade Social.

As contribuições sociais que sejam recolhidas fora do prazo previsto pela legislação, devem ser
acrescidas de juros e multas. Porém, a atualização monetária não é mais devida desde a competência
01/1995.

1.2 - A remuneração recebida por serviços de arrecadação,


fiscalização e cobrança prestados a terceiros.
Cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades
relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições devidas a
terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, na forma da legislação em vigor.

A retribuição pelos serviços referidos no caput deste artigo será de 3,5% do montante arrecadado, salvo
percentual diverso estabelecido em lei específica.

Tal remuneração será creditada ao Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das


Atividades de Fiscalização – FUNDAF.

São contribuições para outras entidades e fundos, dentre outras:

• Salário-educação, destinada ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE;

• Contribuições para financiamento dos serviços sociais autônomos (conhecidos como sistema
“S”), do qual fazem parte entidades como SESI, SENAI, SESC, SENAC, SEST, SENAT, SENAR,
SEBRAE, INCRA, etc.

Estas contribuições, apesar de não se destinar à Previdência Social, são recolhidas juntamente com as
contribuições previdenciárias, no mesmo documento de arrecadação.

63
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

1.3 - As receitas provenientes de prestação de outros serviços


e de fornecimento ou arrendamento de bens.
Constituem outras receitas da Seguridade Social as receitas provenientes de prestação de outros
serviços de fornecimento ou arrendamento de bens.

Como exemplo podemos citar as receitas decorrentes da concessão a outrem do gozo temporário de um
prédio urbano público da Seguridade Social, no todo ou em parte, mediante retribuição, bem como
locações de imóveis da Seguridade Social, fornecimento de bens pela administração, etc.

1.4 - As demais receitas patrimoniais, industriais e


financeiras.
Constituem outras receitas da Seguridade Social as demais receitas patrimoniais, industriais e
financeiras.

Como exemplo podemos citar as receitas decorrentes da venda de um imóvel pertencente a umas das
entidades da Seguridade Social. Podemos citar, também, os rendimentos decorrentes de aplicações
financeiras obtidas com os recursos da Seguridade Social.

As receitas financeiras são aquelas que não constam da apuração do resultado fiscal, sendo derivadas
de aplicações no mercado financeiro e de privatizações.

As receitas patrimoniais referem-se ao resultado financeiro da fruição do patrimônio, seja decorrente


de bens imobiliários ou mobiliários, seja de participação societária.

As receitas industriais registram o total da arrecadação da receita da indústria de extração mineral, de


transformação, de construção e outros, provenientes das atividades definidas como tais pelo IBGE.

1.5 - As doações, legados, subvenções e outras receitas


eventuais.
Constituem outras receitas da Seguridade Social as doações, legados, subvenções e outras receitas
eventuais.

As doações efetuadas em favor da Seguridade Social são consideradas receitas que integrarão seu
orçamento, assim como os legados decorrentes de testamento em benefício da Seguridade Social,
efetivado por meio da transferência de valores, de bens ou herança.

64
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

As subvenções são um auxílio pecuniário, considerado uma modalidade de transferência de recursos


financeiros públicos, para instituições privadas e públicas, de caráter assistencial, sem fins lucrativos,
com o objetivo de cobrir despesas de seus custeios.

1.6 - 50% dos valores obtidos e aplicados na forma do


parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal.
Assim dispõe o parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal:

Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de


entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal
especializados no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio de atividades
de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias.

Assim sendo, os 50% dos recursos obtidos em decorrência de bens confiscados e leiloados em
decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será revertido para ações de saúde,
especificamente em benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de
viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do
crime de tráfico dessas substâncias.

Bens confiscados e leiloados

Dos bens apreendidos em decorrência do


50% tráfico ilícito de entorpecentes

Recursos vão para a saúde, para tratamento e


recuperação dos viciados em drogas

1.7 - 40% do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela


Receita Federal do Brasil
Os bens apreendidos pela Receita Federal, seja por contrabando ou descaminho, poderão ser leiloados,
destruídos, destinados ou incorporados.

Caso sejam leiloados, 40% do resultado dos leilões serão destinados à Seguridade Social.

65
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Bens apreendidos

Do resultado dos leilões dos bens apreendidos


40% pela Receita Federal em decorrência de
contrabando ou descaminho

Prática ilegal do transporte e comercialização de


Contrabando
mercadorias e bens de consumo de venda proibida por lei

Entrada ou saída de produtos permitidos, mas sem passar


Descaminho
pelos trâmites burocrático-tributários devidos

1.8 - Seguro obrigatório - DPVAT


As companhias seguradoras que mantinham seguro obrigatório de danos pessoais causados por
veículos automotores de vias terrestres e deveriam repassar à Seguridade Social 50% do valor total do
prêmio recolhido e destinado ao Sistema Único de Saúde - SUS, para custeio da assistência médico-
hospitalar dos segurados vitimados em acidentes de trânsito.

Seguro obrigatório (DPVAT)

Do seguro obrigatório (DPVAT) será destinado


à saúde (SUS), para custeio da assistência
50% médico-hospitalar para tratamento decorrentes
de acidentes de trânsito

10% desse valor será redirecionado para programas


de prevenção de acidentes de trânsito

1.9 - Outras receitas previstas em legislação específica.


As receitas de outras fontes, destinadas à Seguridade Social compõe uma lista não exaustiva, ou seja,
legislação específica poderá definir outras receitas além das já mencionadas.

66
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

67
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A respeito do custeio da seguridade social, julgue os itens abaixo.
I - Constitui fonte de receita da seguridade social um percentual incidente sobre os valores arrecadados
com os resultados dos leilões de bens apreendidos pela Receita Federal do Brasil.
II - Constituem outras receitas da seguridade social 60% do resultado dos leilões dos bens apreendidos
pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.
III - constitui receita da seguridade social 40% dos recursos obtidos de bens confiscados e leiloados em
decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I
b) II
c) III
d) I e III

COMENTÁRIOS:
I - Constitui fonte de receita da seguridade social um percentual incidente sobre os valores arrecadados
com os resultados dos leilões de bens apreendidos pela Receita Federal do Brasil.
Assertiva correta. Constitui fonte de receita da seguridade social 40% incidente sobre os valores
arrecadados com os resultados dos leilões de bens apreendidos pela Receita Federal do Brasil.

II - Constituem outras receitas da seguridade social 60% do resultado dos leilões dos bens apreendidos
pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.
Assertiva incorreta. Constitui fonte de receita da seguridade social 40% ( e não 60%) incidente sobre
os valores arrecadados com os resultados dos leilões de bens apreendidos pela Receita Federal do
Brasil.

III - constitui receita da seguridade social 40% dos recursos obtidos de bens confiscados e leiloados em
decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins.
Assertiva incorreta. Constitui receita da seguridade social 50% (e não 40%) dos recursos obtidos de
bens confiscados e leiloados em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins.

Gabarito: A

68
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


O leilão de bens apreendidos pela Receita Federal teve o resultado de R$ 3.000.000,00. Neste caso,
a) R$ 800.000,00 do resultado constituirá receita da Seguridade Social.
b) R$ 1.800.000,00 do resultado constituirá receita da Seguridade Social.
c) R$ 1.500.000,00 do resultado constituirá receita da Seguridade Social.
d) R$ 1.200.000,00 do resultado constituirá receita da Seguridade Social.

COMENTÁRIOS:
O Art. 27, da Lei 8.212/91, prevê que 40% da receita provinda de leilões de apreensões realizadas pela
Receita Federal, componham a categoria de outras receitas da Seguridade Social.
Assim sendo, R$ 3.000.000,00 x 0,4 = R$ 1.200.000,00.

Gabarito: D

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula, onde estudamos o Financiamento da Seguridade Social.

Tal assunto é muito importantes e, em regra, um dos mais cobrados em provas de Direito
Previdenciário.

Aguardo vocês em nossa próxima aula!

Um forte abraço e bons estudos a todos!

Rubens Maurício

69
oab.estrategia.com |
69
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

1
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Sumário

Considerações Iniciais ............................................................................................................................................................... 5

Salário de Contribuição ............................................................................................................................................................. 6

Introdução ................................................................................................................................................................................. 6

Salário de Contribuição x Remuneração ....................................................................................................................... 7

Conceito de Salário de Contribuição - Segurado Empregado e Trabalhador Avulso ................................... 7

Limites do Salário De Contribuição - Segurado Empregado e Trabalhador Avulso ................................ 9

Conceito de Salário de Contribuição - Segurado Empregado Doméstico ...................................................... 12

Limites do Salário De Contribuição - Segurado Empregado Doméstico ................................................... 12

Limites do Salário de Contribuição - Segurado Contribuinte Individual .................................................. 13

Conceito de Salário de Contribuição - Segurado Facultativo.............................................................................. 14

Limites do Salário De Contribuição - Segurado Facultativo ........................................................................... 14

Reajustamento ...................................................................................................................................................................... 16

Pagamento “Pelo Trabalho” x Pagamento “Para o Trabalho” ............................................................................ 17

Indenização e Ressarcimento ......................................................................................................................................... 18

Parcelas Integrantes do Salário de Contribuição .................................................................................................... 19

Salário.................................................................................................................................................................................. 19

Salário Maternidade (cota patronal deixou de integrar o salário de contribuição) ............................. 19

Férias Gozadas ................................................................................................................................................................. 21

Décimo Terceiro Salário (13º Salário).................................................................................................................... 22

Horas Extras...................................................................................................................................................................... 22

Gorjetas ............................................................................................................................................................................... 23

Comissões e Percentagens .......................................................................................................................................... 23

Salário pago sob a forma de utilidades................................................................................................................... 24

2
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Remuneração do aposentado que volta a trabalhar ......................................................................................... 25

Gratificações Ajustadas ou Habituais ...................................................................................................................... 25

Quebra de Caixa ............................................................................................................................................................... 26

Adicional por tempo de serviço................................................................................................................................. 27

Adicionais de Insalubridade, Periculosidade e Noturno ................................................................................. 27

Adicional de Transferência ......................................................................................................................................... 29

Aviso-Prévio ...................................................................................................................................................................... 29

Repouso Semanal Remunerado ................................................................................................................................ 31

Auxílio-Moradia ............................................................................................................................................................... 32

Licença Casamento ......................................................................................................................................................... 32

Licença para Prestação de Serviço Eleitoral......................................................................................................... 33

Salário Paternidade ........................................................................................................................................................ 34

Valor da Compensação Pecuniária a ser paga no âmbito do Programa de Proteção ao Emprego


(PPE) .................................................................................................................................................................................... 35

Seguro Desemprego ....................................................................................................................................................... 35

Terço Constitucional de Férias Gozadas (1/3 de Férias Gozadas) .............................................................. 36

Parcelas Não Integrantes do Salário de Contribuição ........................................................................................... 37

Os Benefícios da Previdência Social, nos termos e limites legais................................................................. 38

As Ajudas de Custo e o Adicional Mensal recebidos pelo aeronauta .......................................................... 39

A parcela "in natura" recebida de acordo com os Programas de Alimentação aprovados pelo
Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei 6.321/76 ....................................... 40

As importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional,


inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias ........................................................ 41

Indenização de 40% do montante depositado no FGTS, por demissão sem justa causa .................... 43

Indenização por despedida sem justa causa nos contratos por prazo determinado ........................... 43

Indenização do tempo de serviço do safrista, quando da expiração normal do contrato .................. 44

3
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Incentivo a demissão ou plano de demissão voluntária (PDV) .................................................................... 44

Abono de Férias ............................................................................................................................................................... 44

Ganhos eventuais expressamente desvinculados do salário, por força de lei ........................................ 44

Licença-prêmio indenizada......................................................................................................................................... 45

Indenização por dispensa sem justa causa, no período de 30 dias que antecede a correção salarial
................................................................................................................................................................................................ 45

A parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação própria .................................... 46

A ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local


de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT................................................................................ 48

As diárias para viagem.................................................................................................................................................. 48

A importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando


paga nos termos da lei .................................................................................................................................................. 50

A Participação nos Lucros ou Resultados da empresa - PLR, quando paga ou creditada de acordo
com lei específica. ........................................................................................................................................................... 50

O abono do Programa de Integração Social - PIS e do Programa de Assistência ao Servidor Público


- PASEP................................................................................................................................................................................ 52

Transporte, alimentação e habitação ...................................................................................................................... 52

A importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxílio por incapacidade


temporária, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa ........ 52

Previdência Complementar ........................................................................................................................................ 53

Assistência médica, odontológica e reembolso de despesas médico-hospitalares ............................... 53

O valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado


e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços ............................................. 54

Ressarcimento de despesas ........................................................................................................................................ 55

Plano educacional ........................................................................................................................................................... 55

Os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais ........................................................ 56

Valor da multa paga ao empregado em decorrência da mora no pagamento das parcelas constantes
do instrumento de rescisão de contrato de trabalho ........................................................................................ 56

4
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

O valor correspondente ao vale-cultura ................................................................................................................ 56

Prêmios e Abonos ........................................................................................................................................................... 57

Seguro de Vida em Grupo ............................................................................................................................................ 58

Valor Dispendido com Ministro de Confissão Religiosa e Membro de Instituto de Vida Consagrada,
de Congregação ou Ordem Religiosa ....................................................................................................................... 59

Indenizações Previstas nos arts. 496 e 997 da CLT. .......................................................................................... 59

Pagamento relativo aos 15 primeiros dias de afastamento do empregado por motivo de doença ou
acidente de trabalho ...................................................................................................................................................... 60

Aviso Prévio Indenizado .............................................................................................................................................. 62

Hora Repouso Alimentação ........................................................................................................................................ 63

Pagamento em Desacordo com a Legislação ............................................................................................................ 64

Proporcionalidade do Salário de Contribuição ........................................................................................................ 64

Considerações Finais .............................................................................................................................................................. 68

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje estudaremos os seguintes assuntos do Direito Previdenciário que tratam de normas
previdenciárias:

Salário-de-contribuição. Conceito. Parcelas


integrantes e parcelas não-integrantes do salário-
de-contribuição.

Salário de Contribuição. Limites mínimo e


máximo. Reajustamento.

Recomendo uma atenção especial aos tópicos que tratam das parcelas não integrantes do salário-
de-contribuição. Boa aula!

5
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO
1 - Introdução
Trata-se de um conceito previdenciário, destinado a identificar quais parcelas recebidas pelo segurado
sofrerão ou não a incidência da contribuição previdenciária.
Podemos afirmar, portanto, que o salário de contribuição é, em regra, a base de cálculo utilizada
para se calcular o valor da contribuição devida pelo trabalhador, destinada à Previdência Social.
Essa regra não é absoluta, pois no caso do segurado especial a base de cálculo é a receita bruta da
comercialização de sua produção rural, e não seu salário de contribuição.
O salário de contribuição, contudo, não deve ser confundido com a remuneração do segurado, pois, em
relação ao salário de contribuição, deve ser observado os limites mínimo e máximo previstos em lei.
Podemos afirmar, portanto, que a remuneração (sem limites mínimo e máximo) é, em regra, a base
de cálculo da contribuição previdenciária das empresas. Por outro lado, o salário de contribuição
é, em regra, a base de cálculo da contribuição dos segurados (exceto segurado especial).

Observação 1: O segurado especial, em regra, não contribui sobre seu salário de


contribuição. Sua contribuição será sobre a receita bruta da comercialização da sua
produção rural. No entanto, como já estudado, o segurado especial poderá recolher
facultativamente uma contribuição de 20% sobre seu salário de contribuição (além da
contribuição obrigatória sobre a receita bruta da comercialização de sua produção rural).
Neste caso, o salário de contribuição do segurado especial será o valor por ele declarado,
observados os limites mínimos e máximo.

Observação 2: A base de cálculo da contribuição do empregador doméstico é o salário de


contribuição do empregado doméstico a seu serviço, respeitando, portanto, os limites
mínimo e máximo. (não é a remuneração total do empregado)

Em regra, é a base de calculo da contribuição dos segurados


(exceto segurado especial)

Totavia, o coneceito do salário-de-contribuiççao é


difenrete para cada segurado

6
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2 - Salário de Contribuição x Remuneração


Como já alertado, não devemos confundir os conceitos previdenciário de salário de contribuição com
remuneração.
Em regra, a base de cálculo das contribuições previdenciárias das empresas é a remuneração paga,
devida ou creditada aos trabalhadores a seu serviço, em retribuição pelo trabalho prestado, não se
sujeitando a qualquer limite mínimo ou máximo.
Por sua vez, o salário de contribuição tem limite mínimo e máximo. Outrossim, o salário de contribuição
não é utilizado como base de cálculo da contribuição da empresa, mas tão somente para cálculo das
contribuições dos segurados e dos empregadores domésticos.
Em exceção a esta regra, temos o segurado especial, cuja base de cálculo é a receita bruta da
comercialização de sua produção rural, e não seu salário de contribuição.
Apesar das noções introdutórias acerca do salário de contribuição, temos um conceito mais específico
para cada tipo de segurado e para o empregador doméstico, conforme estudaremos a seguir.

3 - Conceito de Salário de Contribuição - Segurado Empregado e


Trabalhador Avulso
Nos termos do art. 28, inciso I, da Lei n 8.212/91, entende-se por salário de contribuição, para o
empregado e trabalhador avulso:
Lei 8.212/91.
Art. 28. (...)
I - a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos
pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho,
qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades
e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados,
quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do
contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.

7
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Total de rendimentos pagos, devidos ou


creditados

a qualquer título

durante o mês (período de apuração)


Empregado e trabalhador avulso

destinados à retribuir o trabalho

Inclusive as gorjetas

e os ganhos habituais sobre forma de utilidades

quer pelo serviço efetivamente prestados

quer per tempo à disposição do empredor ou


tomador

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Para o segurado empregado e trabalhador avulso, o conceito do salário-de-contribuição é o total dos
rendimentos pagos, devidos ou creditados:
a) a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir apenas o trabalho sem vínculo empregatício,
qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos eventuais sob a forma de utilidades e os
adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo
tempo à disposição do empregador ou tomador.
b) a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir apenas o trabalho com vínculo empregatício,
inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de
reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do
empregador ou tomador.
c) título remuneratório e indenizatório, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, quaisquer que
sejam as suas formas, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os
adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo
tempo à disposição do empregador ou tomador.

8
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

d) a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma,
inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de
reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do
empregador ou tomador.

COMENTÁRIOS:
Para resolver essa questão, basta uma leitura atenta às alternativas e ter observado o comando da
questão. Do ponto de vista de conhecimento de leis, bastaria lembrar do Art. 28 da lei 8.212/91. Vejamos
os erros de cada alternativa:
a) Alternativa incorreta. Não é destinado a retribuir apenas o trabalho sem vínculo empregatício.
b) Alternativa incorreta. Não é destinado a retribuir apenas o trabalho com vínculo empregatício.
c) Alternativa incorreta. Não é a título remuneratório e indenizatório, mas apenas a título
remuneratório.
d) Alternativa correta.

Sendo assim, podemos concluir que a assertiva “E” é a correta. Apesar de serem assertivas grandes, a
questão é simples, pois a assertiva trata da literalidade da lei.

Gabarito: E.

3.1 - Limites do Salário De Contribuição - Segurado Empregado e


Trabalhador Avulso
Os limites mínimo e máximo do salário de contribuição para o segurado empregado e trabalhador
avulso encontram-se abaixo discriminado:

Limite Máximo: Nos termos da PORTARIA INTERMINISTERIAL MPS/MF Nº 26, DE 10 DE


JANEIRO DE 2023, o limite máximo do salário de contribuição para o ano de 2023 é de R$
7.507,49.

Limite Mínimo: É o piso salarial legal ou normativo da categoria ou, inexistindo este, o
salário-mínimo, tomado no seu valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o
tempo de trabalho efetivo durante o mês.

9
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Empregado e trabalhador avulso

• O limite máximo do salário-de-contribuição


Limite Máxino
(reajustado anualmente)

• É o valor do piso salarial ou normativo da


categoria ou, inexistindo este, o salário
Limite Mínimo
mínimo, no seu valor mensal, diário ou
horário.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


No próximo item, é apresentada uma situação hipotética acerca de salário-de-contribuição. Sobre esse
assunto, julgue as assertivas a seguir:
I - Beatriz mantém vínculo empregatício com a empresa A e com a empresa B, das quais recebe
remuneração mensal equivalente a um e dois salários-mínimos, respectivamente. Nessa situação, a
contribuição previdenciária de Beatriz deverá incidir sobre os valores integrantes do salário de
contribuição recebidos de ambos os empregos.
II - O salário de contribuição de segurado empregado vinculado ao RGPS que integre categoria cuja
remuneração mensal mínima seja fixada em R$ 1.600,00 por acordo coletivo é o salário-mínimo.
III - O limite mínimo do salário de contribuição de segurado empregado e trabalhador avulso é o piso
salarial legal ou normativo da categoria ou, inexistindo este, o salário-mínimo, tomado sempre no seu
valor mensal.
Estão corretas as assertivas:
a) I
b) I e III
c) II e III
d) III

10
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

COMENTÁRIOS:
I - Beatriz mantém vínculo empregatício com a empresa A e com a empresa B, das quais recebe
remuneração mensal equivalente a um e dois salários-mínimos, respectivamente. Nessa situação, a
contribuição previdenciária de Beatriz deverá incidir sobre os valores integrantes do salário de
contribuição recebidos de ambos os empregos.
Assertiva correta. De fato, em se tratando de parcelas integrantes do salário-de-contribuição, a
contribuição previdenciária de Beatriz deverá incidir sobre os valores recebidos de ambos os empregos.

II - O salário de contribuição de segurado empregado vinculado ao RGPS que integre categoria cuja
remuneração mensal mínima seja fixada em R$ 1.600,00 por acordo coletivo é o salário-mínimo.
Assertiva incorreta. Nesse caso, o limite mínimo do salário-de-contribuição é o piso salarial legal ou
normativo da categoria, tomado no seu valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o tempo
de trabalho efetivo durante o mês.

III - O limite mínimo do salário de contribuição de segurado empregado e trabalhador avulso é o piso
salarial legal ou normativo da categoria ou, inexistindo este, o salário-mínimo, tomado sempre no seu
valor mensal.
Assertiva incorreta. O limite mínimo do salário-de-contribuição é o piso salarial legal ou normativo da
categoria ou, inexistindo este, o salário-mínimo, tomado no seu valor mensal, diário ou horário,
conforme o ajustado e o tempo de trabalho efetivo durante o mês.

Gabarito: A

11
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

4 - Conceito de Salário de Contribuição - Segurado Empregado


Doméstico
Nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n 8.212/91, entende-se por salário de contribuição, para o
empregado doméstico:
Art. 28. (...)
II - a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas
a serem estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício e do valor da
remuneração.

Empregado Doméstico

O salário-de-contribuição do empregado doméstico é

a remuneração registrada em sua carteira de trabalho

4.1 - Limites do Salário De Contribuição - Segurado Empregado


Doméstico
Os limites mínimo e máximo do salário de contribuição para o segurado empregado doméstico
encontram-se abaixo discriminado:

Limite Máximo: Nos termos da PORTARIA INTERMINISTERIAL MPS/MF Nº 26, DE 10 DE


JANEIRO DE 2023, o limite máximo do salário de contribuição para o ano de 2023 é de R$
7.507,49.

Limite Mínimo: É o piso salarial legal ou normativo da categoria ou, inexistindo este, ao
salário-mínimo, tomado no seu valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o
tempo de trabalho efetivo durante o mês.

12
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• O limite máximo do salário-de-contribuição


Limite Máxino
(reajustado anualmente)

• É o valor do piso salarial ou normativo da


categoria ou, inexistindo este, o salário
Limite Mínimo
mínimo, no seu valor mensal, diário ou
horário.

5 - Conceito de Salário de Contribuição - Segurado Contribuinte


Individual
Nos termos do art. 28, inciso III, da Lei n 8.212/91, entende-se por salário de contribuição, para o
contribuinte individual:
Art. 28. (...)
III - a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta
própria, durante o mês.

Contribuinte Individual

O salário-de-contribuição do empregado individual é

a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo


exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês

5.1 - Limites do Salário de Contribuição - Segurado Contribuinte


Individual
Os limites mínimo e máximo do salário de contribuição para o segurado contribuinte individual
encontram-se abaixo discriminado:

Limite Máximo: Nos termos da PORTARIA INTERMINISTERIAL MPS/MF Nº 26, DE 10 DE


JANEIRO DE 2023, o limite máximo do salário de contribuição para o ano de 2023 é de R$
7.507,49.

13
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Limite Mínimo: É o salário-mínimo, tomado no seu valor mensal.

*ATENÇÃO: O limite mínimo do salário de contribuição para o contribuinte individual é apenas o


salário-mínimo no seu valor mensal, independentemente de quantos dias tenha trabalhado no mês.

• O limite máximo do salário-de-contribuição


Limite Máxino
(reajustado anualmente)

Limite Mínimo • É o salário mínimo no seu valor mensal

6 - Conceito de Salário de Contribuição - Segurado Facultativo


Nos termos do art. 28, inciso IV, da Lei n 8.212/91, entende-se por salário de contribuição, para o
segurado facultativo:
Art. 28 (...) IV - “o valor por ele declarado”.

Segurado Facultativo

O salário-de-contribuição do segurado facultativo é

O valor por ele declarado

6.1 - Limites do Salário De Contribuição - Segurado Facultativo


Os limites mínimo e máximo do salário de contribuição para o segurado facultativo encontram-se
abaixo discriminado:

14
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Limite Máximo: Nos termos da PORTARIA INTERMINISTERIAL MPS/MF Nº 26, DE 10 DE


JANEIRO DE 2023, o limite máximo do salário de contribuição para o ano de 2023 é de R$
7.507,49.

Limite Mínimo: É o salário-mínimo, tomado no seu valor mensal.

ATENÇÃO: O limite mínimo do salário de contribuição para o segurado facultativo, assim como ocorre
com o contribuinte individual, é apenas o salário-mínimo no seu valor mensal.

• O limite máximo do salário-de-contribuição


Limite Máxino
(reajustado anualmente)

Limite Mínimo • É o salário mínimo no seu valor mensal

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto ao custeio da Seguridade Social, é correto afirmar:
a) As contribuições sociais a cargo do segurado sempre incidirão sobre a totalidade de sua
remuneração.
b) O salário de contribuição é sinônimo do valor da contribuição recolhida à Previdência Social.
c) Entende-se por salário de contribuição o valor da base de cálculo sobre o qual será recolhida
determinada a contribuição.
d) Para o segurado facultativo será o valor da sua remuneração registrada na Carteira de Trabalho e
Previdência Social, respeitados os limites mínimo e máximo previstos na legislação.

COMENTÁRIOS:
a) As contribuições sociais a cargo do segurado sempre incidirão sobre a totalidade de sua
remuneração.

15
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Alternativa incorreta. As contribuições sociais a cargo do segurado não incidirão sempre sobre a
totalidade de sua remuneração, pois deverão ser observados os limites mínimo e máximo do salário de
contribuição.

b) O salário de contribuição é sinônimo do valor da contribuição recolhida à Previdência Social.


Alternativa incorreta. São coisas diferentes. O salário de contribuição é a base de cálculo da
contribuição dos segurados, mas não o valor da contribuição em si, a qual será resultante da aplicação
de uma alíquota sobre essa base de cálculo.

c) Entende-se por salário de contribuição o valor da base de cálculo sobre o qual será recolhida
determinada a contribuição.
Alternativa correta. Salário de contribuição é o valor da base de cálculo sobre o qual será recolhida
determinada a contribuição, conforme estudado.

d) Para o segurado facultativo será o valor da sua remuneração registrada na Carteira de Trabalho e
Previdência Social, respeitados os limites mínimo e máximo previstos na legislação.
Alternativa incorreta. Entende-se por salário de contribuição para o segurado facultativo
o valor por ele declarado.

Gabarito: C.

7 - Reajustamento
Nos termos do art. 28, § 5º, da Lei n 8.212/91, o limite máximo do salário de contribuição será
reajustado na mesma época e com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de
prestação continuada da Previdência Social.
No ano de 2023, o reajustamento do limite máximo do salário de contribuição ocorreu por meio da
PORTARIA INTERMINISTERIAL MPS/MF Nº 26, DE 10 DE JANEIRO DE 2023, que reajustou em
5,93%, a partir de 1º de janeiro de 2023, os benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS), bem como os valores da Tabela de Salários de Contribuição aplicável aos segurados
empregados, domésticos e trabalhadores avulsos.
Os valores foram atualizados segundo o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), medido pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

16
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

O limite máximo do
Reajustamento salário-de-contribuição
é

Reajustado Que o reajustamente


• na mesma época dos benefícios de
• com os mesmos prestação continuado
índices da Previdência Social

8 - Pagamento “Pelo Trabalho” x Pagamento “Para o Trabalho”


Integram o salário de contribuição as parcelas remuneratórias, ou seja, aquelas compreendidas no
conceito de remuneração e pagas ao trabalhador em retribuição ao serviço prestado. Tais parcelas são
pagas PELO TRABALHO (destinadas a retribuir o trabalho), representando um acréscimo ao patrimônio
do trabalhador.
O art. 457 da CLT dispõe, acerca da remuneração, que ela é composta pelo salário mais as gorjetas, senão
vejamos:
“Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do
salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas
que receber.”
Por outro lado, temos parcelas recebidas pelo trabalhador com o objetivo de dar condições ou facilitar
a execução do trabalho, ou a ressarcir um valor que o empregado tenha tido que desembolsar em razão
da sua atividade.
Neste caso, dizemos que tais valores foram pagos PARA O TRABALHO, sem representar um acréscimo
patrimonial. Assim sendo, não deverão integrar o salário de contribuição.
Em regra, os valores pagos, visando uma indenização ou ressarcimento do trabalhador, não são
considerados como parcelas integrantes do salário de contribuição.
Importante destacar que, apesar de remuneração e de salário de contribuição ter conceitos diferentes
dentro do direito previdenciário, as parcelas que não integram o salário de contribuição não integrarão,
também, a remuneração.

17
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Remuneração

Remuneração é a retribuição pelos serviços prestados e integram o salário-de-


contribuição

Valores pagos pelo trabalho • Integram o salário-de-contribuição

Valores pagos pelo trabalho • Não integram o salário-de-contribuição

9 - Indenização e Ressarcimento
Para melhor compreensão do assunto, vamos conceituar indenização e ressarcimento:

Indenização: destina-se a reparar um dano, não integrando o salário de contribuição.

Ressarcimento: é o reembolso de despesas pagas pelo trabalhador, quando executa alguma


atividade de interesse do empregador, não integrando, também, o salário de contribuição.

As parcelas relativas a indenização e a ressarcimento, em geral, não estão incluídas


nos conceitos de salário-de-contribuição e de remuneraçõa

Indenização • Reparação de danos

• Compensação de despesas que o trabalhador


Ressarcimento tenha efetuado em decorrência da execução
do trabalho

18
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

10 - Parcelas Integrantes do Salário de Contribuição


As parcelas integrantes do salário de contribuição são estudadas de forma exemplificativa, pois a
legislação previdenciária relaciona de forma exaustiva em seu texto, tão somente, as parcelas não
integrantes do salário de contribuição. Assim sendo, podemos concluir que, em regra, todas as parcelas
cuja legislação previdenciária não afaste expressamente do campo de incidência e se enquadrem no
conceito de remuneração (direta ou indireta), serão consideradas parcelas integrantes do salário de
contribuição e, consequentemente, estarão no campo de exigência tributária.
Para efeito de prova, segue relação com as principais parcelas que integram o salário de contribuição:

10.1 - Salário
Assim dispõe o § 1º do art. 457 da CLT acerca do salário:
“Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comissões pagas pelo
empregador.”
Além do salário, também integram o salário de contribuição o saldo de salário pagos na rescisão do
contrato de trabalho, pois são pagos pelos dias trabalhados pelo empregado no mês da rescisão. Desta
forma, incidirá contribuição previdenciária sobre o salário e respectivo saldo pago na rescisão.

10.2 - Salário Maternidade (cota patronal deixou de integrar o salário


de contribuição)
Assim dispõe o § 2º do art. 28 da Lei nº 8.212/91:
“O salário-maternidade é considerado salário de contribuição”.

Contudo, Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Recurso Extraordinário nº 576.967/PR,


declarou a inconstitucionalidade de dispositivos da Lei 8.212/1991 que instituíam a cobrança da
contribuição previdenciária patronal (a cargo do empregador) sobre o salário-maternidade. Com base
nesse entendimento, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional editou o PARECER SEI Nº
18361/2020/ME, em que orienta os órgãos da Administração para se adequarem, mediante
autorização para dispensa de contestar e recorrer. A decisão tem repercussão geral, tendo-se fixada a
seguinte tese: “É inconstitucional a incidência da contribuição previdenciária a cargo do empregador
sobre o salário maternidade".

Salário-maternidade é um benefício previdenciário devido à segurada em função de:


• Parto;
• Adoção;
• Guarda judicial para fins de adoção; ou
• Aborto não criminoso

IMPORTANTE: o salário-maternidade era o único dos benefícios devidos pelo Regime Geral
de Previdência Social - RGPS que integrava o salário de contribuição. Agora nenhum

19
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

benefício do RGPS integra o salário de contribuição para o empregador. Contudo, o


entendimento da Procuradoria da Fazenda Nacional e da Secretaria da Receita Federal do
Brasil é no sentido de que continua incidindo a contribuição do segurado sobre a
parcela de salário-maternidade.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A respeito do salário-de-contribuição, analise as alternativas abaixo e assimale a opção incorreta:
a) Fátima, empregada da empresa Fantástica Indústria Ltda, entrou em gozo de licença-maternidade.
Nessa situação, haverá incidência da contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre o valor
recebido por Fátima a título de salário-maternidade.
b) Conforme entendimento do STF, não há incidência de contribuição previdenciária nos benefícios do
RGPS, incluído a cota patronal, tão somente, do salário-maternidade.
c) Não é considerado salário-de-contribuição o salário-maternidade a cargo do empregador.
d) A parcela a cargo do segurado sobre o salário-maternidade é considerada salário de contribuição.

COMENTÁRIOS:
a) Fátima, empregada da empresa Fantástica Indústria Ltda, entrou em gozo de licença-maternidade.
Nessa situação, haverá incidência da contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre o valor
recebido por Fátima a título de salário-maternidade.
Alternativa incorreta. Foi declarado pelo STF que “É inconstitucional a incidência da contribuição
previdenciária a cargo do empregador sobre o salário maternidade". Assim sendo, não haverá
incidência da contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre o valor recebido por Bruna a
título de salário-maternidade.

b) Conforme entendimento do STF, não há incidência de contribuição previdenciária nos benefícios do


RGPS, incluído a cota patronal, tão somente, do salário-maternidade.
Alternativa correta. Foi declarado pelo STF que “É inconstitucional a incidência da contribuição
previdenciária a cargo do empregador sobre o salário maternidade". Sobre a parcela do segurado
incidente sobre o salário maternidade incidirá contribuição previdenciária. Para os demais benefícios
do RGPS não incide contribuição previdenciária.

c) Não é considerado salário-de-contribuição o salário-maternidade a cargo do empregador.


Alternativa correta. Foi declarado pelo STF que “É inconstitucional a incidência da contribuição
previdenciária a cargo do empregador sobre o salário maternidade".

20
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

d) A parcela a cargo do segurado sobre o salário-maternidade é considerada salário de contribuição.


Alternativa correta. A decisão do STF não alcançou a parcela dos segurados, mas tão somente aquela
a cargo do empregador sobre o salário maternidade.

Gabarito: A

10.3 - Férias Gozadas


Trata-se de um direito assegurado pela CF/88 aos empregados e trabalhadores avulsos, que terão
direito a férias anuais remuneradas de 30 dias com, pelo menos, 1/3 a mais que o salário normal, após
cada período de 12 meses de trabalho. No entanto, tal direito foi estendido, também, aos empregados
domésticos pela Lei nº 11.324/2006.

FÉRIAS GOZADAS: São aquelas férias usufruídas pelo trabalhador, durante a vigência do
contrato de trabalho, que se afasta de suas atividades laborativas para descansar, recebendo
sua remuneração acrescida de 1/3.

Não podemos confundir férias gozadas com férias indenizadas. As férias gozadas integram o salário de
contribuição. As férias indenizadas, como estudaremos adiante, não integram.

FÉRIAS INDENIZADAS: são aquelas que não chegaram a ser gozadas pelo trabalhador dentro
do seu contrato de trabalho. Neste caso, caso o trabalhador já tenha adquirido direito às
férias, porém não as tenha gozado oportunamente durante o contrato de trabalho, deverão
ser indenizadas, ou seja, convertidas em dinheiro e pagas ao trabalhador quando da rescisão
do seu contrato de trabalho. As férias indenizadas, pagas ao trabalhador quando da rescisão
do contrato de trabalho, não integram o salário de contribuição, ou seja, sobre elas não
incidirá contribuição social previdenciária.

A Jurisprudência recente do STJ tem decidido favoravelmente à incidência de


contribuição previdenciária sobre as férias gozadas, por considerá-la verba de

21
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

natureza remuneratória e salarial, nos termos do art. 148 da CLT, integrando, portanto,
o salário de contribuição (Resp 1240038/PR, DJe 02/05/2014).

10.4 - Décimo Terceiro Salário (13º Salário)


Também denominado gratificação natalina, o 13º salário corresponde a 1/12 da remuneração devida
em dezembro, por mês de serviço no ano ou fração igual ou superior a 15 dias de trabalho no mês.
O 13º salário integra o salário de contribuição para efeito de recolhimento de contribuição
previdenciária. No entanto, não integrará o cálculo do salário de benefício, para apuração da renda
mensal inicial do benefício a ser pago pelo INSS ao segurado ou seu dependente.
As respectivas contribuições, decorrentes do pagamento do 13º salário, serão devidas quando do
pagamento ou crédito da última parcela ou na rescisão do contrato de trabalho, sendo calculada sempre
em separado da remuneração do mês.

A respeito da incidência de contribuição previdenciária sobre o 13º salário, o STF editou a Súmula 688,
senão vejamos:

“Súmula 688: É legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o 13º


salário”.

10.5 - Horas Extras


Hora extra consiste no tempo laborado além da jornada diária estabelecida pela legislação.
Segundo o art. 7º, inciso XVI, da CF/88, são direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social, a remuneração do serviço extraordinário superior, no
mínimo, em 50% à do normal.
As horas extras têm natureza salarial (e não indenizatória), pois são pagas como uma contraprestação
pelo trabalho prestado após a jornada normal de trabalho.

22
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

O STJ, ao apreciar o REsp1.358.281/SP, em 23/04/2014, decidiu, por unanimidade,


que incide contribuição previdenciária sobre o adicional de horas extras, devendo tal
decisão ser observada pelas instâncias inferiores.

10.6 - Gorjetas
Considera-se gorjeta a parte da remuneração do empregado que não é paga diretamente por seu
empregador, mas por terceiros, normalmente clientes, denominadas gorjetas espontâneas.
Também se considera gorjeta a importância cobrada pela empresa do cliente, como adicional nas
contas, a ser posteriormente distribuída entre seus empregados. Trata-se da gorjeta conhecida como
compulsória. (exemplo: 10% em contas de restaurantes)
O art. 457 da CLT dispõe, acerca da remuneração, que ela é composta pelo salário mais as gorjetas,
senão vejamos:
“Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do
salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas
que receber.
(...)
§ 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado,
como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e
destinado à distribuição aos empregados.”
Como integram o conceito de remuneração, as gorjetas integram o salário de contribuição. Desta forma,
haverá incidência da contribuição previdenciária sobre tais parcelas.

O STJ também tem julgado neste sentido, nos termos do REsp 1.099.319/RJ, publicada em 12/09/2012,
senão vejamos:

"A gorjeta, compulsória ou inserida na nota de serviço, tem natureza salarial. Em


consequência, há de ser incluída no cálculo de vantagens trabalhistas e deve sofrer a
incidência de tributos e contribuições que incidem sobre o salário”

10.7 - Comissões e Percentagens


Comissões é uma recompensa retributiva, na maioria das vezes financeira, condicionada a determinado
serviço realizado pelo trabalhador, oferecida pela intermediação de negócios ou cumprimento de metas
ou objetivos definidos previamente com o intuito de incentivar os resultados comerciais.
Segundo o § 1º, do art. 457 da CLT, acerca das parcelas integrantes do salário, temos que:

23
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

“Art. 457... § 1º - Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as


comissões pagas pelo empregador”.
Assim sendo, as comissões e percentagens integram o salário de contribuição e fazem parte, portanto,
da base de cálculo das contribuições previdenciárias.
Obs.: Caso o empregado seja remunerado exclusivamente por meio de comissões, terá direito a um
salário mensal nunca inferior a um salário-mínimo.

10.8 - Salário pago sob a forma de utilidades


Nos termos do art. 28, inciso I, da Lei n 8.212/91, entende-se por salário de contribuição, para o
empregado e trabalhador avulso:
“Art. 28 (...)
I - a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos
pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho,
qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de
utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente
prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou
do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.”
A CLT admite que uma parte do salário do trabalhador seja paga sob a forma de utilidades, também
conhecido como salário in natura. No entanto, pelo menos 30% do salário deve ser pago em dinheiro.
Considera-se pagamento em utilidades o fornecimento habitual ao trabalhador de outro bem, diferente
do dinheiro, por força de contrato ou de costume, como retribuição pelo seu trabalho.
Consideram-se utilidades, dentre outras:
• Alimentação (máximo 20% do salário-contratual);
• Habitação (máximo 25% do salário-contratual);
• Vestuário;
• Higiene;
• Transporte;
• etc.
Tais pagamentos, em regra, integram o salário de contribuição. No entanto, para que o salário pago sob
forma de utilidades integre o salário de contribuição deverá observar as seguintes condições:
• Fornecimento Habitual;
• Ser concedida em retribuição ao trabalho prestado, ou seja, pelo trabalho.
Se a prestação in natura for fornecida para o trabalho, não terá natureza salarial.
Em relação à alimentação fornecida pela empresa ao trabalhador, não se considera salário-utilidade
quando tal prestação for fornecida de acordo com o Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT,
como iremos estudar adiante.

24
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

EXEMPLO: Algumas empresas oferecem a seus funcionários do alto escalão um imóvel para
que ele resida com sua família. A empresa paga, em regra, o aluguel, condomínio e, muitas
vezes, até mesmo as contas de água, luz, telefone, etc. Nesses casos, temos pagamento de
salários in natura, por meio de utilidades, os quais devem ter seus valores somados à
respectiva remuneração para fins de incidência de contribuições previdenciárias.

10.9 - Remuneração do aposentado que volta a trabalhar


Tal situação está prevista no § 4º, do art. 12 da Lei nº 8.212/91, conforme segue:
“Art. 12...
...
§ 4º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social - RGPS que estiver exercendo ou que
voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa
atividade, ficando sujeito às contribuições previdenciárias, para fins de custeio da Seguridade
Social”.
IMPORTANTE: Não confundir a remuneração recebida por aposentado que volte a trabalhar, em
retribuição a seu trabalho, com a aposentadoria recebida da Previdência Social. Apenas a remuneração
pelo trabalho integrará o salário de contribuição. A aposentadoria, como benefício previdenciário que
é, não sofre incidência de contribuição previdenciária.

O próprio STF , ao julgar o RE 437640/RS, publicado em 02/03/2007, decidiu neste sentido, conforme
segue:

Contribuição previdenciária: aposentado que retorna à atividade: CF, art. 201, § 4º; L.
8.212/91, art. 12: aplicação à espécie, mutatis mutandis, da decisão plenária da ADIn
3.105, red.p/acórdão Peluso, DJ 18.2.05. A contribuição previdenciária do aposentado
que retorna à atividade está amparada no princípio da universalidade do custeio da
Previdência Social (CF, art. 195); o art. 201, § 4º, da Constituição Federal "remete à lei
os casos em que a contribuição repercute nos benefícios"

10.10 - Gratificações Ajustadas ou Habituais


As gratificações ajustadas (combinadas), entre empresa e seus trabalhadores, integram o conceito de
salário, nos termos do art. 457, § 1º, da CLT.
Tais ajustes, podem ser expressos ou tácitos:

25
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

AJUSTES EXPRESSOS: São as gratificações previstas em contrato de trabalho, convenções


coletivas, regulamentos da empresa etc.

AJUSTES TÁCITOS: São as gratificações não previstas formalmente, mas que são fornecidas
ao trabalhador com habitualidade.

Neste sentido, temos a Súmula 207 do STF, conforme segue:

“Súmula 207: As gratificações habituais, inclusive a de Natal, consideram-se


tacitamente convencionadas, integrando o salário.”.

Assim sendo, as gratificações habituais, sejam elas expressas ou tácitas, terão a incidência de
contribuição previdenciária. Se as gratificações forem eventuais, não haverá incidência de contribuição.

10.11 - Quebra de Caixa


Quebra de caixa é a verba destinada a cobrir os riscos assumidos pelos trabalhadores que lidam com
manuseio constante de numerário, diretamente no caixa da empresa, fazendo recebimentos e
pagamentos em nome do empregador, visando compensar possíveis diferenças de caixa.
Usualmente, é paga aos caixas de banco, de supermercados, agências lotéricas, etc.
Não há, na legislação, obrigatoriedade de pagamento do "Adicional de Quebra de Caixa". Porém, é
comum que os Acordos ou Convenções Coletivas de Trabalho fixem tal obrigatoriedade, em relação
àqueles empregados sujeitos ao risco de erros de contagem ou enganos relativos a transações de valores
monetários.

Assim dispõe a Súmula 247 do TST:

“Súmula 247: A parcela paga aos bancários sob a denominação quebra de caixa possui
natureza salarial, integrando o salário do prestador dos serviços, para todos os efeitos
legais”.

26
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

O STJ também tem entendido que tal verba possui natureza salarial, integrando o salário de
contribuição e incidindo, sobre ela, contribuição previdenciária. Vejamos o julgado REsp 1.397.333/RS,
publicado em 09/12/2014:

1. O Tribunal a quo consignou que a verba referente ao adicional de quebra de caixa


possui natureza salarial, de modo a integrar a base de cálculo da contribuição
previdenciária.

2. Quanto ao auxílio "quebra de caixa", consubstanciado no pagamento efetuado mês a


mês ao empregado em razão da função de caixa que desempenha, por liberalidade do
empregador, o STJ assentou a natureza não indenizatória das gratificações feitas por
liberalidade do empregador, devendo incidir nesses casos a contribuição
previdenciária.

3. Agravo Regimental não provido"

(STJ, AgRg no REsp 1.397.333/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA


TURMA, DJe de 09/12/2014).

Desta forma, os valores pagos a título de quebra de caixa integram o salário de contribuição, havendo,
portanto, incidência de contribuição previdenciária.

10.12 - Adicional por tempo de serviço


Trata-se do conhecido anuênio, triênio, quinquênio, etc, pagos pela empresa, basicamente, como uma
forma de incentivar os trabalhadores a permanecerem na empresa por mais tempo e beneficiar os
trabalhadores mais antigos que possuem, teoricamente, mais experiência.

Assim dispõe a Súmula 203 do TST:

“Súmula 203: A gratificação por tempo de serviço integra o salário para todos os efeitos
legais.”.

Desta forma, os valores pagos a título de adicional por tempo de serviço integram o salário de
contribuição, havendo, portanto, incidência de contribuição previdenciária.

10.13 - Adicionais de Insalubridade, Periculosidade e Noturno


Nos termos da CLT, consideram-se:

27
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• ATIVIDADES INSALUBRES: Aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho,
exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em
razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.
Assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 40%, 20% ou 10% sobre o salário-mínimo
(conforme o grau da insalubridade seja, respectivamente, máximo, médio ou mínimo)

• ATIVIDADES PERIGOSAS: São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da


regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza
ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do
trabalhador a:

o Inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;


o Roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança
pessoal ou patrimonial.

Assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 30% sobre o salário básico do empregado.

• ATIVIDADES NOTURNA: Considera-se noturno o trabalho executado por empregado urbano


entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. No entanto, em relação ao trabalho
rural, considera-se trabalho noturno aquele executado entre as 21 horas de um dia e às 5 horas
do dia seguinte na lavoura. Outrossim, na atividade de pecuária, considera-se noturno quando
executado entre as 20 horas de um dia às 4 horas do dia seguinte.

Para o empregado urbano, o adicional noturno será de pelo menos 20% sobre a hora diurna.
Para o trabalhador rural, o adicional será de 25% sobre a remuneração normal.
Tais adicionais de insalubridade, periculosidade e noturno possuem caráter retributivo e,
consequentemente, natureza salarial. Desta forma, tais rubricas integram o salário de contribuição e
sobre estes valores será cobrada contribuição previdenciária.

O STJ, ao julgar o REsp 1.358.281/SP, em 23/04/2014, decidiu, por unanimidade, que


incide contribuição previdenciária sobre os adicionais de insalubridade,
periculosidade e noturno.

28
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

10.14 - Adicional de Transferência


Trata-se de um valor adicional pago ao empregado quando transferido “provisoriamente” para outro
local, importando mudança de residência. Tal adicional não é devido nas transferências definitivas.
No caso de transferências provisórias, o empregador é obrigado a pagar um valor complementar, de
pelo menos 25% do salário contratual que o empregado estiver recebendo na nova localidade, pelo
tempo que durar a transferência provisória.
Tal adicional deverá integrar o salário de contribuição, incidindo sobre ele, portanto, contribuição
previdenciária.

10.15 - Aviso-Prévio
O aviso-prévio é a notificação de rompimento do contrato de trabalho que uma das partes (empregado
ou empregador), dá à outra, sem motivo justificado.
O objetivo do aviso-prévio é:
• dar tempo ao empregado de procurar outro serviço, caso seja dado pelo empregador;
• permitir ao empregado ter tempo de contratar um novo colaborador, caso seja dado pelo
empregado.
Além disso, o aviso-prévio se aplica somente a:

• contratos de trabalho de prazo indeterminado;


• contratos de trabalho de prazo determinado nos quais há uma cláusula que assegure o direito
de ambas as partes rescindirem antecipadamente.

Observação: o aviso-prévio não se aplica a empregados atuando sob contrato de experiência,


de maneira que, em casos assim, qualquer uma das partes possa rescindi-lo sem que haja
necessidade de notificar a outra com antecedência.

Existem dois tipos de aviso-prévio, o trabalhado e o indenizado, conforme explicado abaixo:

AVISO-PRÉVIO TRABALHADO: o empregado trabalha normalmente durante o período de


aviso prévio, não importando se a decisão de desligamento foi tomada por parte dele ou pelo
empregador.

AVISO-PRÉVIO INDENIZADO: a empresa dispensa o colaborador e paga a ele o valor


correspondente ao seu aviso prévio, de modo que o funcionário não precise trabalhar
durante o período.

29
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Quando o aviso-prévio é trabalhado, não há dúvidas de que o valor recebido tem natureza salarial,
integrando o salário de contribuição e sofrendo incidência de contribuição previdenciária.
No entanto, quando o aviso-prévio é indenizado, temos uma divergência entre lei e jurisprudência.
Para a lei, incide contribuição previdenciária tanto no aviso-prévio trabalhado, quanto no indenizado.

No entanto, no julgamento do REsp 1.230.957/RS, em 26/02/2014, o STJ decidiu pela não incidência
de contribuição previdenciária sobre o aviso-prévio indenizado, conforme segue:

DIREITO TRIBUTÁRIO E PREVIDENCIÁRIO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO


PREVIDENCIÁRIA SOBRE O AVISO PRÉVIO INDENIZADO. RECURSO REPETITIVO
(ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).

Não incide contribuição previdenciária a cargo da empresa sobre o valor pago a


título de aviso prévio indenizado. A despeito da atual moldura legislativa (Lei
9.528/1997 e Decreto 6.727/2009), as importâncias pagas a título de indenização, que
não correspondam a serviços prestados nem a tempo à disposição do empregador, não
ensejam a incidência de contribuição previdenciária. A CLT estabelece que, em se
tratando de contrato de trabalho por prazo indeterminado, a parte que, sem justo
motivo, quiser a sua rescisão, deverá comunicar a outra da sua intenção com a devida
antecedência. Não concedido o aviso prévio pelo empregador, nasce para o empregado
o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a
integração desse período no seu tempo de serviço (art. 487, § 1º, da CLT). Desse modo,
o pagamento decorrente da falta de aviso prévio, isto é, o aviso prévio indenizado, visa
reparar o dano causado ao trabalhador que não fora alertado sobre a futura rescisão
contratual com a antecedência mínima estipulada na CF (atualmente regulamentada
pela Lei 12.506/2011). Dessarte, não há como se conferir à referida verba o caráter
remuneratório, por não retribuir o trabalho, mas sim reparar um dano. Ressalte-se
que, se o aviso prévio é indenizado, no período que lhe for correspondente o
empregado não presta trabalho algum, nem fica à disposição do empregador. Assim,
por ser não coincidir com a hipótese de incidência, é irrelevante a circunstância de não
haver previsão legal de isenção em relação a tal verba.

Em prova de concursos, temos que responder da seguinte forma:

30
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Caso a questão pergunte sobre o aviso-prévio indenizado “NOS TERMOS DA LEI”: Responda
que incide contribuição previdenciária.

Caso a questão pergunte sobre aviso-prévio indenizado “SEGUNDO ENTENDIMENTO DA


JURISPRUDÊNCIA”: Responda que não incide contribuição previdenciária

10.16 - Repouso Semanal Remunerado


O descanso semanal remunerado é um direito que todo trabalhador possui e, como o nome sugere,
trata-se de um dia na semana que o trabalhador é dispensado do trabalho sem prejuízo do salário.
É assegurado aos trabalhadores urbanos e rurais o repouso semanal remunerado, preferencialmente
aos domingos, nos termos o art. 7º, inciso XV, da CF/88.
Durante o repouso semanal remunerado, mesmo sem trabalhar, o empregador é obrigado a pagar o
salário do empregado.
Tais valores, pagos pelos dias não trabalhados decorrentes de repouso semanal não remunerado, bem
como os valores pagos pelos feriados não trabalhados, integrarão o salário de contribuição e,
consequentemente, sofrerão incidência de contribuição previdenciária. Esse também é o entendimento
do STJ.

No julgamento do REsp 1.444.203/SC, o STJ entendeu que é “insuscetível classificar


como indenizatório o descanso semanal remunerado, pois sua natureza estrutural
remete ao inafastável caráter remuneratório, integrando parcela salarial, sendo
irrelevante que inexiste a efetiva prestação laboral no período, porquanto mantido o
vínculo de trabalho, o que atrai a incidência tributária sobre a indigitada verba.”

Para o STJ, não importa o fato de que não houve contraprestação do trabalhador.
Acrescenta ainda que: “a ausência de serviço prestado ou mesmo de tempo à
disposição do empregador, consoante aduz a recorrente, não tem o condão de
desconfigurar o caráter remuneratório da verba, pois, do contrário, não seria devida a
contribuição em nenhuma das hipóteses de afastamento legalmente instituído, tal
como ocorre sobre as férias gozadas.”

31
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

10.17 - Auxílio-Moradia
A parcela paga a título de auxílio-moradia não está relacionada entre as exceções legais para deixar de
integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária. Além disso, o STJ já decidiu que o auxílio-
moradia tem natureza remuneratória, integrando, consequentemente, o salário de contribuição e
sofrendo incidência de contribuição previdenciária.
Vejamos abaixo um julgado neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. PROGRAMA DE RESIDÊNCIA DE GERENTES DE


AGÊNCIAS. AUXÍLIO-MORADIA. HABITUALIDADE. CONTRIBUIÇAO PREVIDENCIÁRIA.
INCIDÊNCIA. NATUREZA REMUNERATÓRIA. SÚMULA 7/STJ.

1. O Tribunal regional, com base na análise acurada do "Programa de Residência de


Gerentes de Agências" e das provas dos autos, consignou que a parcela paga a título de
auxílio-moradia na espécie tem notadamente natureza remuneratória. Rever tal
premissa esbarra no óbice da Súmula 7/STJ.

2. Incide contribuição previdenciária sobre o "total da remuneração" paga ou creditada


aos trabalhadores, a qualquer título, exceto as verbas listadas no art. 28, 9º, da Lei
8.212/1991. Precedentes: AgRg nos EDcl no REsp 1.098.218/SP, Rel. Min. Herman
Benjamin, Segunda Turma, DJe 09/11/2009; REsp 486.697/PR, Rel. Min. Denise
Arruda, DJ 17/12/2004.

3. A hipótese em apreço pagamento de auxílio-moradia, não está arrolada dentre as


exceções legais.

4. Agravo regimental não provido.

AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 42.673/RS, Relator Ministro castro


Meira, DJe 09/12/2014.

10.18 - Licença Casamento


Nos termos do inciso II do art. 473 da CLT, o empregado poderá deixar de comparecer ao serviço, sem
prejuízo do salário, até 3 (três) dias consecutivos, em virtude de casamento.
Os valores recebidos durante a licença casamento possuem clara natureza remuneratória. Além disso,
os valores pagos a título de licença casamento não estão relacionados entre as exceções legais para
afastar a incidência contribuição previdenciária.

32
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Sobre a questão, o STJ já decidiu que a licença casamento tem natureza remuneratória, integrando,
consequentemente, o salário de contribuição e sofrendo incidência de contribuição previdenciária,
senão vejamos:

“PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO-


PATERNIDADE. INCIDÊNCIA. ENTENDIMENTO FIRMADO EM REPETITIVO. RESP
PARADIGMA 1230957⁄RS. FÉRIAS GOZADAS. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES. SÚMULA
83⁄STJ. SERVIÇO ELEITORAL. LICENÇA CASAMENTO. CARÁTER REMUNERATÓRIO.
ÔNUS DO EMPREGADOR. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PATRONAL.

(...)

3. Insuscetível classificar como indenizatória a licença para prestação do serviço


eleitoral (art. 98 da Lei n. 9.504⁄97) ou a licença casamento (art. 473, II, da CLT), pois
sua natureza estrutural remete ao inafastável caráter remuneratório, integrando
parcela salarial cujo ônus é do empregador, sendo irrelevante a inexistência da efetiva
prestação laboral no período, porquanto mantido o vínculo de trabalho, o que atrai a
incidência tributária sobre as indigitadas verbas.

4. A recorrente defende tese de que a ausência de efetiva prestação de serviço ou de


efetivo tempo à disposição do empregador justificaria a não incidência da contribuição,
ou seja, qualquer afastamento do empregado justificaria o não pagamento da exação.

5. Tal premissa não encontra amparo na jurisprudência do STJ, pois há hipóteses em


que ocorre o afastamento do empregado e ainda assim é devida a incidência tributária,
tal como ocorre quanto às férias gozadas.

6. O parâmetro para incidência da contribuição previdenciária é o caráter salarial da


verba. A não incidência ocorre nas verbas de natureza indenizatória.”

10.19 - Licença para Prestação de Serviço Eleitoral


Nos termos do art. 98 da Lei 9.504/97, os eleitores nomeados para compor as Mesas Receptoras ou
Juntas Eleitorais e os requisitados para auxiliar seus trabalhos serão dispensados do serviço, mediante
declaração expedida pela Justiça Eleitoral, sem prejuízo do salário, vencimento ou qualquer outra
vantagem, pelo dobro dos dias de convocação.
Os valores recebidos durante a licença para prestação de serviço eleitoral possuem clara natureza
remuneratória. Além disso, os valores pagos a título de licença para prestação de serviço eleitoral não
estão relacionados entre as exceções legais para afastar a incidência contribuição previdenciária.

33
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Sobre a questão, o STJ já decidiu que a licença para prestação de serviço eleitoral tem natureza
remuneratória, integrando, consequentemente, o salário de contribuição e sofrendo incidência de
contribuição previdenciária, senão vejamos:

“PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO-


PATERNIDADE. INCIDÊNCIA. ENTENDIMENTO FIRMADO EM REPETITIVO. RESP
PARADIGMA 1230957⁄RS. FÉRIAS GOZADAS. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES. SÚMULA
83⁄STJ. SERVIÇO ELEITORAL. LICENÇA CASAMENTO. CARÁTER REMUNERATÓRIO.
ÔNUS DO EMPREGADOR. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PATRONAL.

(...)

3. Insuscetível classificar como indenizatória a licença para prestação do serviço


eleitoral (art. 98 da Lei n. 9.504⁄97) ou a licença casamento (art. 473, II, da CLT), pois
sua natureza estrutural remete ao inafastável caráter remuneratório, integrando
parcela salarial cujo ônus é do empregador, sendo irrelevante a inexistência da efetiva
prestação laboral no período, porquanto mantido o vínculo de trabalho, o que atrai a
incidência tributária sobre as indigitadas verbas.

4. A recorrente defende tese de que a ausência de efetiva prestação de serviço ou de


efetivo tempo à disposição do empregador justificaria a não incidência da contribuição,
ou seja, qualquer afastamento do empregado justificaria o não pagamento da exação.

5. Tal premissa não encontra amparo na jurisprudência do STJ, pois há hipóteses em


que ocorre o afastamento do empregado e ainda assim é devida a incidência tributária,
tal como ocorre quanto às férias gozadas.

6. O parâmetro para incidência da contribuição previdenciária é o caráter salarial da


verba. A não incidência ocorre nas verbas de natureza indenizatória.”

10.20 - Salário Paternidade


Considera-se salário paternidade os valores recebidos pelo trabalhador durante sua licença
paternidade, que é um direito constitucional que garante aos homens empregados o direito de estarem
afastados de suas atividades no trabalho durante cinco dias, em razão do nascimento de filho, sem
qualquer prejuízo do salário. Pais adotivos também possuem este direito e fazem parte dos
beneficiados.
Ao contrário do que ocorre com o salário maternidade, o salário paternidade constitui ônus da empresa,
ou seja, não se trata de benefício previdenciário. Desse modo, em se tratando de verba de natureza
salarial, é legítima a incidência de contribuição previdenciária sobre o salário paternidade.

34
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Ressalte-se que "o salário-paternidade deve ser tributado, por se tratar de licença
remunerada prevista constitucionalmente, não se incluindo no rol dos benefícios
previdenciários" (AgRg nos EDcl no REsp 1.098.218/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Herman
Benjamin, DJe de 9.11.2009).

10.21 - Valor da Compensação Pecuniária a ser paga no âmbito do


Programa de Proteção ao Emprego (PPE)
O Programa de Proteção ao Emprego – PPE, instituído pela Lei 13.189/2015, é um programa que visa
preservar os empregos dos trabalhadores de empresas que se encontram temporariamente em situação
de dificuldade econômico-financeira.
No período de adesão ao PPE, os empregados beneficiários do PPE têm jornada de trabalho reduzida,
em até 30%, com redução proporcional do salário.
Durante o Programa, os empregados beneficiados recebem compensação pecuniária de até 50% do
valor da redução salarial, limitado ao montante correspondente a 65% da parcela máxima do benefício
do seguro-desemprego.
O Programa possibilita a preservação dos empregos em momentos de retração da atividade econômica,
além de favorecer a recuperação econômico-financeira das empresas; contribui para sustentar a
demanda agregada em momentos de adversidade; estimula a produtividade do trabalho, por meio do
aumento da duração do vínculo empregatício e fomentar a negociação coletiva e aperfeiçoar as relações
de emprego.
Todas as empresas que atenderem aos critérios estabelecidos pelo Programa poderão solicitar adesão
ao PPE.
Os valores pagos a título de compensação pecuniária, no âmbito do Programa de Proteção ao Emprego
– PPE, integrarão o salário de contribuição e irão compor a base de cálculo da contribuição
previdenciária.

10.22 - Seguro-Desemprego

35
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Nos termos da lei 8.212/91, com as alterações trazidas pela MP 905/2019 (revogada e com vigência
encerrada), o beneficiário do Seguro-Desemprego concedido nos termos da lei era segurado
obrigatório da previdência social.
Durante os meses de percepção, o valor do seguro-desemprego era considerado salário de
contribuição, devendo-se descontar, nos pagamentos ao beneficiário, a respectiva contribuição
previdenciária.
Tal período era computado como tempo de contribuição para efeito de concessão de benefícios
previdenciários.

Observação: A Medida Provisória nº 905/2019 foi REVOGADA pela MP 955, publicada em


20 de abril de 2020. Dessa forma, as alterações e inovações promovidas pela MP 905/2020
perdem a eficácia. A revogação se deu em razão da iminente caducidade da MP que fora
revogada.

10.23 - Terço Constitucional de Férias Gozadas (1/3 de Férias Gozadas)


Trata-se de um direito assegurado pela CF/88 aos empregados, inclusive domésticos, e trabalhadores
avulsos, que terão direito a férias anuais remuneradas de 30 dias com, pelo menos, 1/3 a mais que o
salário normal, após cada período de 12 meses de trabalho.

1/3 de FÉRIAS GOZADAS: Férias gozadas são aquelas férias usufruídas pelo trabalhador,
durante a vigência do contrato de trabalho, que se afasta de suas atividades laborativas para
descansar, recebendo sua remuneração acrescida de 1/3.

Segundo entendimento da Receita Federal, o terço constitucional de férias, incidente sobre as férias
gozadas, integrará o salário de contribuição. Como as férias gozadas têm natureza salarial, entende que
o terço constitucional também deverá ter tal natureza.
Contudo, havia divergência entre a lei e a jurisprudência sobre o tema em questão. Porém, com o
julgamento do RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.072.485 PARANÁ, o Supremo Tribunal Federal - STF, por
maioria, apreciando o tema 985 da repercussão geral, deu parcial provimento ao recurso extraordinário
interposto pela União, assentando a incidência de contribuição previdenciária sobre valores pagos
pelo empregador a título de terço constitucional de férias gozadas, nos termos do voto do Relator,
vencido o Ministro Edson Fachin.
Diante do exposto, o Supremo Tribunal Federal publicou, em 02/10/2020, o acórdão de mérito da
questão constitucional suscitada no RE 1.072.485, do respectivo tema 985, cuja tese foi firmada nos
seguintes termos: “É legítima a incidência de contribuição social sobre o valor satisfeito a título
de terço constitucional de férias”.
Como a tese também teve repercussão geral reconhecida, deve ser aplicada no âmbito de todos os
órgãos do Poder Judiciário, de forma a garantir a racionalidade dos trabalhos e a segurança dos
jurisdicionados.

36
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Deve-se destacar que a posição do STF se aplica apenas ao terço constitucional que incide sobre as
férias gozadas. Isso porque, com relação às férias indenizadas (e respectivo adicional de 1/3), o art.
28, § 9º, “d”, da Lei 8.212/1991, determina expressamente a não incidência de contribuição social.

11 - Parcelas Não Integrantes do Salário de Contribuição


As parcelas não integrantes do salário de contribuição estão relacionadas numa lista exaustiva e
previstas no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 e no § 9º do art. 214 do Regulamento da Previdência
Social (Decreto 3.048/99).
Antes de estudarmos cada uma dessas parcelas que não integram o salário de contribuição, vamos
aprender algumas dicas que visam facilitar nossa compreensão e memorização do assunto.
Em regra, os valores pagos, visando uma indenização ou ressarcimento do trabalhador, são
considerados como parcelas não integrantes do salário de contribuição.
Para melhor compreensão do assunto, vamos conceituar, novamente, indenização e ressarcimento:

INDENIZAÇÃO: destina-se a reparar um dano, não integrando o salário de contribuição.

RESSARCIMENTO: é o reembolso de despesas pagas pelo trabalhador, quando executa


alguma atividade de interesse do empregador, não integrando, também, o salário de
contribuição.

as parcelas relativas a indenização e a ressarcimento, em geral, não estão incluídas


nos conceitos de salário-de-contribuição e de remuneração

Indenização • Reparação de danos

• Compensação de despesas que o trabalhador


Ressarcimento tenha efetuado em decorrência da execução
do trabalho

Vejamos a seguir quais são as parcelas não integrantes do salário de contribuição, previstas na
legislação previdenciária

37
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

11.1 - Os Benefícios da Previdência Social, nos termos e limites legais.


Os benefícios da Previdência Social não integram o salário de contribuição.
O salário-maternidade, entretanto, era exceção absoluta a esta regra, pois integrava o salário de
contribuição e sobre ele incidia contribuição previdenciária.
Contudo, Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Recurso Extraordinário nº 576.967/PR,
declarou a inconstitucionalidade de dispositivos da Lei 8.212/1991 que instituíam a cobrança da
contribuição previdenciária patronal (a cargo do empregador) sobre o salário-maternidade. Com base
nesse entendimento, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional editou o PARECER SEI Nº
18361/2020/ME, em que orienta os órgãos da Administração para se adequarem, mediante
autorização para dispensa de contestar e recorrer.
A decisão tem repercussão geral, tendo-se fixada a seguinte tese: “É inconstitucional a incidência da
contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre o salário maternidade".

IMPORTANTE: o salário-maternidade era o único dos benefícios devidos pelo Regime Geral
de Previdência Social - RGPS que integrava o salário de contribuição. Agora nenhum
benefício do RGPS integra o salário de contribuição a cargo do empregador. Contudo, o
entendimento da Procuradoria da Fazenda Nacional e da Secretaria da Receita Federal do
Brasil é no sentido de que continua incidindo a contribuição do segurado sobre a
parcela de salário-maternidade.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Em relação ao salário de contribuição, julgue os itens a seguir e assinale a alternativa correta:
a) Compõem o salário de contribuição do empregado vinculado ao RGPS as parcelas remuneratórias
decorrentes do seu trabalho, ressalvada a gratificação natalina (décimo terceiro salário), conforme
entendimento do STF.
b) Os aposentados e pensionistas do RGPS deverão contribuir para o financiamento desse mesmo
regime com proventos de seus respectivos benefícios, com a incidência da mesma alíquota aplicada aos
segurados em atividade, desde que o valor de seus proventos supere o limite máximo estabelecido para
o referido regime.
c) Tais adicionais de insalubridade, periculosidade e noturno possuem caráter retributivo e,
consequentemente, natureza salarial. Desta forma, tais rubricas integram o salário de contribuição e
sobre estes valores será cobrada contribuição previdenciária.
d) Integra o salário de contribuição o reembolso de despesas pagas pelo trabalhador, quando executa
alguma atividade de interesse do empregador.

COMENTÁRIOS:
a) Compõem o salário de contribuição do empregado vinculado ao RGPS as parcelas remuneratórias
decorrentes do seu trabalho, ressalvada a gratificação natalina (décimo terceiro salário), conforme
entendimento do STF.

38
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Alternativa incorreta. Segundo a lei e segundo o STF, a gratificação natalina integra normalmente o
salário de contribuição e, sobre ela, deverá incidir contribuição previdenciária.

b) Os aposentados e pensionistas do RGPS deverão contribuir para o financiamento desse mesmo


regime com proventos de seus respectivos benefícios, com a incidência da mesma alíquota aplicada aos
segurados em atividade, desde que o valor de seus proventos supere o limite máximo estabelecido para
o referido regime.
Alternativa incorreta. Aposentadoria ou pensão, quando são concedidas pelo Regime Geral de
Previdência Social - RGPS, não sofrem incidência de contribuição previdenciária.

c) Tais adicionais de insalubridade, periculosidade e noturno possuem caráter retributivo e,


consequentemente, natureza salarial. Desta forma, tais rubricas integram o salário de contribuição e
sobre estes valores será cobrada contribuição previdenciária.
Alternativa correta. Os adicionais de insalubridade, periculosidade e noturno, como estudado,
integram o salário de contribuição.

d) Integra o salário de contribuição o reembolso de despesas pagas pelo trabalhador, quando executa
alguma atividade de interesse do empregador.
Alternativa incorreta. O reembolso de despesas pagas pelo trabalhador, quando executa alguma
atividade de interesse do empregador, não integra o salário de contribuição.

Gabarito: C

11.2 - As Ajudas de Custo e o Adicional Mensal recebidos pelo


aeronauta

AJUDA DE CUSTO: Devido no caso de transferência permanente, com mudança de domicílio,


por período superior a 120 dias. Nesta situação, além do salário, o aeronauta receberá uma
ajuda de custo, nunca inferior ao valor de 4 meses de salário.

ADICIONAL MENSAL: Devido no caso de transferência provisória, por período igual ou


inferior a 120 dias. Nesta situação, além do salário, o aeronauta receberá um adicional, que
nunca poderá ser inferior a 25% do salário recebido na base.

Tais verbas tem caráter indenizatório, não possuindo, portanto, natureza salarial. Desta forma, não
integram o salário de contribuição e não serão base de cálculo das contribuições previdenciárias.

39
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

11.3 - A parcela "in natura" recebida de acordo com os Programas de


Alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência
Social, nos termos da Lei 6.321/76
O Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, aprovado pelo Ministério do Trabalho, quando
devidamente cumprido pelo contribuinte, nos exatos termos da lei, permite que a empresa forneça
alimentação e cestas básicas a seus segurados, sem que tais valores integrem a base de cálculo das
contribuições previdenciárias.
A Receita Federal do Brasil - RFB, até 2011, apurava e cobrava contribuição social incidente sobre os
valores de alimentação e cesta básica fornecidas pela empresa a seus trabalhadores, quando elas não
estavam inscritas no PAT ou descumpriam algum de seus requisitos legais.

Entretanto, o STJ, por diversas vezes, decidiu em sentido contrário, ao firmar


entendimento de que, mesmo não inscrita e não cumprindo os requisitos legais do
Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, não deveria haver incidência de
contribuição previdenciária sobre a alimentação e cestas básicas fornecida aos
trabalhadores, uma vez que não possui natureza salarial.

Diante da jurisprudência já pacificada, e buscando evitar maiores prejuízos para a Fazenda Nacional,
haja vista as sucessivas derrotas na esfera judicial, a própria administração pública reconheceu tal
entendimento e, por meio da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN, emitiu o Parecer nº
2.117/2011. Neste parecer recomenda-se a não apresentação de contestação, a não interposição de
recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações
judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílio-alimentação não
há incidência da contribuição previdenciária.
Desta forma, para questões de prova que discorram sobra a incidência ou não de contribuição
previdenciária sobre o pagamento in natura do auxílio-alimentação, a melhor resposta em qualquer
desses casos, e que tais valores não integram o salário de contribuição.

40
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

No entanto, se o pagamento do auxílio-alimentação for feito em dinheiro, ele integra a base de cálculo
das contribuições previdenciárias. Este, inclusive, é o entendimento da Turma Nacional de
Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (TNU), conforme segue:

TNU, Súmula 67 - O auxílio-alimentação recebido em pecúnia por segurado filiado ao


Regime Geral da Previdência Social integra o salário de contribuição e sujeita-se à
incidência de contribuição previdenciária.

11.4 - As importâncias recebidas a título de férias indenizadas e


respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente
à dobra da remuneração de férias

Considera-se:

FÉRIAS INDENIZADAS: Aquelas que, até o momento da dispensa do trabalhador, já foram


adquiridas, porém não foram gozadas durante a vigência do seu contrato de trabalho. Serão
convertidas em dinheiro e pagas ao segurado na rescisão.

ADICIONAL CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS INDENIZADAS: Trata-se de um direito


assegurado pela CF/88 aos empregados e trabalhadores avulsos, bem como os empregados
domésticos, que terão direito a férias anuais remuneradas de 30 dias com, pelo menos, 1/3
a mais que o salário normal, após cada período de 12 meses de trabalho. Mesmo no caso de
férias indenizadas, o trabalhador terá direito ao terço constitucional de férias respectivo.

DOBRA DE FÉRIAS: Sempre que as férias forem concedidas após o prazo legal, denominado
período concessivo, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração de férias.

No caso de férias vencidas no momento da rescisão, independentemente do motivo, o empregado tem


direito a indenização de férias. No entanto, existem casos em que há férias proporcionais a receber, por
não ter o trabalhador completado o período aquisitivo no momento da rescisão.

No caso das férias proporcionais, vejamos as regras estabelecidas pelo TST:

41
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Sumula 171 – TST: Salvo na hipótese de dispensa do empregado por justa causa, a
extinção do contrato de trabalho sujeita o empregador ao pagamento da remuneração
das férias proporcionais, ainda que incompleto o período aquisitivo de 12 (doze)
meses.

Súmula 261 – TST: O empregado que se demite antes de complementar 12 (doze)


meses de serviço tem direito a férias proporcionais.

Assim sendo, podemos concluir que o empregado só terá direito a férias proporcionais (devida nos
casos em que não completa o período aquisitivo no momento da rescisão) se não for dispensado por
justa causa.
Uma vez que receba indenização de férias, na rescisão de contrato de trabalho (sejam vencidas ou
proporcionais), terão natureza de indenização e sobre tais valores não incide contribuição
previdenciária.
Da mesma forma, o terço constitucional de férias indenizadas (pago na rescisão do contrato de
trabalho), bem como a dobra de férias (por ter sido concedida após o prazo legal), não sofrerão
incidência de contribuição previdenciária.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A respeito do salário de contribuição, analise as assertivas abaixo:
I - O contrato de trabalho de Margarete, empregada da empresa Humildade Ltda., foi rescindido antes
que ele pudesse usufruir de férias vencidas. Nessa situação, haverá a incidência de contribuição
previdenciária sobre a importância paga a título de indenização das férias vencidas e sobre o respectivo
adicional constitucional.
II - Integram o salário de contribuição que equivale à remuneração auferida pelo empregado, as parcelas
referentes ao salário e às férias, ainda que indenizadas.
III - O auxílio-alimentação recebido em pecúnia por segurado filiado ao Regime Geral da Previdência
Social integra o salário de contribuição e sujeita-se à incidência de contribuição previdenciária.
Estão corretas as assertivas:
a) I e II
b) I e III
c) II
d) III

COMENTÁRIOS:
I - O contrato de trabalho de Margarete, empregada da empresa Humildade Ltda., foi rescindido antes
que ele pudesse usufruir de férias vencidas. Nessa situação, haverá a incidência de contribuição

42
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

previdenciária sobre a importância paga a título de indenização das férias vencidas e sobre o respectivo
adicional constitucional.
Assertiva incorreta. Não integram o salário-de-contribuição as importâncias recebidas a título de
férias indenizadas e respectivo adicional constitucional.

II - Integram o salário de contribuição que equivale à remuneração auferida pelo empregado, as parcelas
referentes ao salário e às férias, ainda que indenizadas.
Assertiva incorreta. Somente integram o salário de contribuição as parcelas referentes às férias
gozadas, não incidindo contribuição previdenciária sobre férias indenizadas.

III - O auxílio-alimentação recebido em pecúnia por segurado filiado ao Regime Geral da Previdência
Social integra o salário de contribuição e sujeita-se à incidência de contribuição previdenciária.
Assertiva correta. O auxílio-alimentação, quando pago em dinheiro (pecúnia) integra o salário de
contribuição e sujeita-se à incidência de contribuição previdenciária.

Gabarito: D

11.5 - Indenização de 40% do montante depositado no FGTS, por


demissão sem justa causa
Na ocorrência de despedida arbitrária ou sem justa causa, além das parcelas salariais devidas, o
empregado receberá uma indenização compensatória igual a 40% sobre o montante dos depósitos
efetuados ao FGTS, acrescidos da correção monetária e dos juros capitalizados. Na rescisão por culpa
recíproca ou por força maior, a indenização será de 20%.
Tais verbas tem caráter indenizatório, não possuindo, portanto, natureza salarial. Desta forma, não
integram o salário de contribuição e não serão base de cálculo das contribuições previdenciárias.

11.6 - Indenização por despedida sem justa causa nos contratos por
prazo determinado
Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa causa, despedir o empregado
será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até
o termo do contrato.
Tais verbas tem natureza indenizatória, não possuindo, portanto, natureza salarial. Desta forma, não
integram o salário de contribuição e não serão base de cálculo das contribuições previdenciárias.

43
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

11.7 - Indenização do tempo de serviço do safrista, quando da


expiração normal do contrato
Expirado normalmente o contrato, a empresa pagará ao safrista, a título de indenização do tempo de
serviço, importância correspondente a 1/12 (um doze avos) do salário mensal, por mês de serviço ou
fração superior a 14 (quatorze) dias, nos termos do art. 14 da Lei 5.889/73.
Contrato de safra é aquele que tem sua duração dependente de variações estacionais das atividades
agrárias, assim entendidas as tarefas normalmente executadas no período compreendido entre o
preparo do solo para o cultivo e a colheita.
Tais verbas tem natureza indenizatória, não possuindo, portanto, natureza salarial. Desta forma, não
integram o salário de contribuição e não serão base de cálculo das contribuições previdenciárias.

11.8 - Incentivo a demissão ou plano de demissão voluntária (PDV)


O Plano de Demissão Voluntária (PDV) se consubstancia como um mecanismo de incentivo financeiro
dado pelo empregador a seus empregados, com objetivo de incentivar pedidos de rescisão contratual
pelos trabalhadores.
Os PDVs são, portanto, instrumento de enxugamento de pessoal, que decorrem da falta de interesse do
empregador na manutenção de determinada mão de obra, e que visam a desencadear pedidos de
demissão mediante pagamento de uma indenização baseada no tempo de serviço do trabalhador. Ou
seja, em troca do pedido de dispensa voluntária do obreiro, este é compensado monetariamente,
segundo o período de labor já prestado ao empregador.
Tais verbas tem natureza indenizatória, não possuindo, portanto, natureza salarial. Desta forma, não
integram o salário de contribuição e não serão base de cálculo das contribuições previdenciárias.

11.9 - Abono de Férias


Abono de férias (ou abono pecuniário) é a conversão, em dinheiro, de 1/3 (um terço) dos dias de férias
a que o empregado tem direito.
É uma opção do empregado, independente da concordância do empregador, desde que requerido no
prazo estabelecido na legislação trabalhista.
Tais verbas tem natureza indenizatória, não possuindo, portanto, natureza salarial. Desta forma, não
integram o salário de contribuição e não serão base de cálculo das contribuições previdenciárias.

11.10 - Ganhos eventuais expressamente desvinculados do salário, por


força de lei

GANHOS EVENTUAIS: São verbas pagas por liberalidade do empregador e de forma


eventual, ou seja, sem habitualidade. Quando pagos eventualmente, tais verbas não integram
o salário de contribuição, não incidindo contribuições sociais sobre elas.

44
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

11.11 - Licença-prêmio indenizada

LICENÇA PRÊMIO: É um direito concedido ao trabalhador para licenciar-se do serviço, sem


prejuízo de sua remuneração, após cumprido um determinando período ininterrupto pré-
estabelecido.

Tais regras podem variar de empresa para empresa e nem todas as empresas oferecem este benefício a
seus empregados.
Quando o benefício é concedido, alguns trabalhadores optam por não gozar a licença prêmio a que tem
direito, convertendo este direito em pecúnia, “vendendo” sua licença prêmio à empresa.
Neste caso, a empresa indeniza o trabalhador, pagando-lhe a denominada licença prêmio indenizada.
Pode ocorrer, também, de ter o empregado adquirido o direito à licença-prêmio, mas ter sido demitido
antes de gozá-la. Neste caso, o empregado também receberá em uma indenização em dinheiro, no valor
correspondente aos dias de licença-prêmio não gozada.
Como se trata de indenização, tais valores não integrarão o salário de contribuição do
empregado, tampouco incidirá sobre eles contribuição previdenciária.

11.12 - Indenização por dispensa sem justa causa, no período de 30


dias que antecede a correção salarial
Também conhecido como demissão obstativa, tal situação está prevista no art. 9 da Lei nº 7.238/84,
nos seguintes termos:
O empregado dispensado, sem justa causa, no período de 30 (trinta) dias que antecede a data de sua
correção salarial, terá direito à indenização adicional equivalente a um salário mensal, seja ele
optante ou não pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS.
Tal indenização visa reparar o dano causado ao trabalhador que foi impedido de obter correção salarial
por ter sido demitido, sem justa causa, nos 30 dias que antecedem este aumento.

No mesmo sentido manifestou-se o TST:

É devido o pagamento da indenização adicional na hipótese de dispensa injusta do


empregado, ocorrida no trintídio que antecede a data-base. A legislação posterior não
revogou os arts. 9º da Lei nº 6.708/1979 e 9º da Lei nº 7.238/1984.

O valor desta indenização, equivalente a 1 salário mensal, não tem natureza salarial e, portanto, não
integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias.

45
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

11.13 - A parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da


legislação própria
A Lei nº 8.212/91 apresenta, em seu art. 28, § 9º, uma lista exaustiva das parcelas que não integram o
salário de contribuição. Dentre elas, de acordo com a alínea “f” do mencionado texto legal, aparece a
parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação própria.
A lei que disciplina a concessão de vale-transporte é a Lei nº 7.418/85, regulamentada pelo Decreto nº
95.247/87.
Dentre as principais disposições legais acerca do fornecimento de vale transporte pela empresa,
podemos destacar:
• O Vale-Transporte, concedido nas condições e limites definidos na Lei, no que se refere à
contribuição do empregador:
o não tem natureza salarial, nem se incorpora à remuneração para quaisquer efeitos;
o não constitui base de incidência de contribuição previdenciária ou de Fundo de Garantia
por Tempo de Serviço;
o não se configura como rendimento tributável do trabalhador.
• É vedado ao empregador substituir o Vale-Transporte por antecipação em dinheiro ou qualquer
outra forma de pagamento, ressalvado no caso de falta ou insuficiência de estoque de Vale-
Transporte, necessário ao atendimento da demanda e ao funcionamento do sistema.
• O empregador participará dos gastos de deslocamento do trabalhador com a ajuda de custo
equivalente à parcela que exceder a 6% (seis por cento) de seu salário básico.
Com base no art. 28, § 9º, alínea “f” da Lei nº 8.212/91, combinada com a Lei nº 7.418/85,
regulamentada pelo Decreto nº 95.247/87, a Receita Federal do Brasil – RFB tinha entendimento de
que o vale-transporte pago em dinheiro ao trabalhador sofria a incidência da contribuição
previdenciária, pois não estaria sendo paga na forma da legislação própria.

Todavia, o STF, tem se posicionado no sentido de que o vale-transporte, mesmo sendo


pago em dinheiro, não sofre incidência de contribuição previdenciária, em virtude de
sua natureza não salarial. Diante deste entendimento do STF, o STJ revisou seu
entendimento anterior e passou a decidir no mesmo sentido.

Reconhecendo a jurisprudência já pacificada, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN emitiu


o Parecer nº 2.120/2011, recomendando a não apresentação de contestação, a não interposição de
recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações
judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento de vale transporte em dinheiro não
há incidência da contribuição previdenciária.

46
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

No mesmo ano, foi publicada a Súmula nº 60, de 08 de dezembro de 2011 dispondo sobre o tema,
conforme segue:
"Não há incidência de contribuição previdenciária sobre o vale transporte pago em pecúnia,
considerando o caráter indenizatório da verba".
A presente Súmula vincula a RFB e a Fazenda Nacional, impedindo a cobrança de contribuições
previdenciárias sobre tais verbas, ainda que pagas em dinheiro.
Tais verbas tem natureza indenizatória, não possuindo, portanto, natureza salarial. Desta forma, não
integram o salário de contribuição e não serão base de cálculo das contribuições previdenciárias, ainda
que pagas em dinheiro.
Contudo, se os empregadores descumprirem outras disposições constantes da legislação própria, como,
por exemplo, deixar de efetuar o desconto obrigatório de 6% sobre o salário básico do trabalhador, tais
verbas integrarão o salário de contribuição e serão consideradas base de cálculo para a cobrança de
contribuições previdenciárias.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


No que se refere ao financiamento da seguridade social, julgue os itens a seguir:
I - Segundo a legislação vigente, deve haver incidência de contribuição previdenciária sobre
importância recebida a título de incentivo a demissão voluntária e abono de férias.
II - Segundo entendimento do STF, a indenização de transporte paga em dinheiro não integra o salário
de contribuição.
III - Licença prêmio indenizada não integra o salário de contribuição do empregado, não incidindo sobre
eles contribuição previdenciária.
Estão corretas as assertivas:
a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) todas estão corretas.

COMENTÁRIOS:
I - Segundo a legislação vigente, deve haver incidência de contribuição previdenciária sobre
importância recebida a título de incentivo a demissão voluntária e abono de férias.
Assertiva incorreta. Não integram o salário-de-contribuição as importâncias recebidas a título de
incentivo à demissão e a título de abono de férias.

II - Segundo entendimento do STF, a indenização de transporte paga em dinheiro não integra o salário
de contribuição.

47
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva correta. A indenização de transporte paga em dinheiro não integra o salário de contribuição
e sobre ela não incide, portanto, contibuição previdenciária.

III - Licença prêmio indenizada não integra o salário de contribuição do empregado, não incidindo sobre
eles contribuição previdenciária.
Assertiva correta. Não incide comtribuição previdenciária sobre a licença prêmio indenizada, pois tal
parcela é expressamente excluída do salário de contribuição.

Gabarito: C

11.14 - A ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente


em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na
forma do art. 470 da CLT
As ajudas de custo têm a finalidade de indenizar o empregado, ressarcindo ou antecipando as despesas
do trabalhador com a transferência para local diverso do seu domicílio.
Vejamos o que está disposto sobre ajudas de custo na Lei 8.212/91:
Lei 8.212/91
Art. 28 (...)
§ 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:
(...)
g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local
de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT;
Assim dispõe o art. 470 da CLT:
“Art. 470 - As despesas resultantes da transferência correrão por conta do empregador.”
Assim sendo, a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança
do local de trabalho do empregado, não integrará a base de cálculo para cobrança de contribuições
previdenciárias.

ATENÇÃO: Para que não sofra incidência de contribuição previdenciária, a ajuda de custo
deverá ser paga em parcela única. Caso seja paga em 2 ou mais parcelas, haverá a incidência
da contribuição previdenciária sobre todas elas.

11.15 - As diárias para viagem


As diárias visam indenizar o trabalhador com deslocamento, alimentação, hospedagem, etc., quando
este necessita deslocar-se, temporariamente, para realizar determinada atividade a mando do seu
empregador.

48
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Vejamos o disposto no art. 457, §2º da CLT:


“As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado
seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração
do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de
qualquer encargo trabalhista e previdenciário”.

Após as recentes alterações decorrentes da Lei 13.467/17, a nova redação da lei 8.212/91 a respeito de
diárias para viagem ficou da seguinte forma:
Texto original do § 8º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, antes de ser revogado pela Lei 13.467/17:
“§ 8º Integram o salário-de-contribuição pelo seu valor total: (REVOGADO)
a) o total das diárias pagas, quando excedente a cinquenta por cento da remuneração mensal ”
(REVOGADO)
Texto original do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, antes de ser alterado pela Lei 13.467/17:
“§9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:
h) as diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinquenta por cento) da remuneração
mensal (ALTERADO)

Após a vigência da Lei 13.467/17, a redação nova redação da Lei 8.212/91, a respeito das diárias para
viagem, ficou assim:
Art. 28. Lei 8212/91.(...)
§ 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente (...)
h) as diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinquenta por cento) da remuneração
mensal;
h) as diárias para viagens

CONCLUSÃO: a partir da vigência da Lei nº 13.467/2017, podemos concluir que o total das
diárias pagas, ainda quando excedentes a cinquenta por cento da remuneração mensal, não
mais integrarão o salário de contribuição, em qualquer caso.

Assim sendo, as diárias para viagem, ainda que habituais, não integram a remuneração do empregado e
nem tampouco o salário de contribuição,

IMPORTANTE: Não podemos confundir diárias para viagem com reembolso de despesas
de viagem. As diárias são pagas, em regra, num valor fixo por dia de viagem. Com tal valor o

49
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

empregado deve pagar as despesas com deslocamento, alimentação, hospedagem, etc. O


empregado não precisa, em regra, prestar contas dos seus gastos. Assim sendo, se sobrar ou
faltar dinheiro, não haverá devolução ou complementação de valores. Por outro lado,
quando a empresa adota a prática de reembolso de despesas de viagem, o empregado
apresenta os comprovantes das despesas realizadas em seu deslocamento a trabalho para
que o empregador efetue o devido ressarcimento. Atualmente, em qualquer caso, os valores
das diárias para viagem ou reembolsos de despesas de viagem não integrarão o salário de
contribuição, quaisquer que sejam seus valores.

11.16 - A importância recebida a título de bolsa de complementação


educacional de estagiário, quando paga nos termos da lei
A importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga
nos termos da Lei no 11.788/2008, não integra o salário de contribuição, pois, neste caso, o estagiário
não é considerado segurado obrigatório do RGPS e os valores por ele recebidos não são considerados
remuneração. Assim sendo, se cumpridos os preceitos legais do contrato de estágio, não incidirá
contribuição previdenciária sobre sua bolsa de complementação educacional.
O estagiário, se quiser, poderá filiar-se na condição de segurado facultativo.

ATENÇÃO: se o estágio for realizado em desacordo com a lei, o estagiário será segurado
obrigatório, na qualidade de empregado, os valores recebidos irão integrar o salário de
contribuição e sobre eles incidirá, consequentemente, contribuições previdenciárias.

11.17 - A Participação nos Lucros ou Resultados da empresa - PLR,


quando paga ou creditada de acordo com lei específica.
A CF/88, em seu art. 7º, inciso XI, afirma ser direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
que visem à melhoria de sua condição social, participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da
remuneração.
Sobre a questão, assim dispõe a alínea “j” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991:
“Art. 28...
(...)
§ 9º Não integram o salário de contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:
(...)
j) a participação dos empregados nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada
de acordo com lei específica”.
A lei específica que regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa é a Lei
no 10.101/2000, cujas principais disposições são mencionadas a seguir:
• A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus
empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de
comum acordo:

50
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

o comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo
sindicato da respectiva categoria;
o convenção ou acordo coletivo.
• Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à
fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos
de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da
distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados,
entre outros, os seguintes critérios e condições:
o índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa;
o programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente.
• O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores.
• É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de
participação nos lucros ou resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil
e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil.
Desta forma, a importância paga a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando
paga nos termos da Lei no 10.101/2000, não integra o salário de contribuição.

Por outro lado, se descumpridos os requisitos legais, tal verba será considerada base de cálculo de
contribuições previdenciárias. Neste sentido, vejamos o julgado abaixo do STF:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. ART. 7º, XI,
DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. MP 794/94. Com a superveniência da MP n. 794/94,
sucessivamente reeditada, foram implementadas as condições indispensáveis ao
exercício do direito à participação dos trabalhadores no lucro das empresas [é o que
extrai dos votos proferidos no julgamento do MI n. 102, Redator para o acórdão o
Ministro Carlos Velloso, DJ de 25.10.02]. Embora o artigo 7º, XI, da CB/88, assegure o
direito dos empregados àquela participação e desvincule essa parcela da remuneração,
o seu exercício não prescinde de lei disciplinadora que defina o modo e os limites
de sua participação, bem como o caráter jurídico desse benefício, seja para fins
tributários, seja para fins de incidência de contribuição previdenciária.
Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.(STF, RE 505597 AgRAgR /
RS - RIO GRANDE DO SUL AG.REG.NO AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO,
Relator(a): Min. EROS GRAU, Julgamento: 01/12/2009, Órgão Julgador: Segunda
Turma, Publicação, DJe-237 DIVULG 17-12-2009 PUBLIC 18-12-2009.

51
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

11.18 - O abono do Programa de Integração Social - PIS e do Programa


de Assistência ao Servidor Público - PASEP
A CF/88, em seu art. 239, §3º, dispõe que:
“Aos empregados que percebam de empregadores que contribuem para o Programa de Integração
Social ou para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, até dois salários-
mínimos de remuneração mensal, é assegurado o pagamento de um salário-mínimo anual,
computado neste valor o rendimento das contas individuais, no caso daqueles que já participavam
dos referidos programas, até a data da promulgação desta Constituição. “
Tais valores, denominados abono do PIS/PASEP, não sofrem incidência de contribuição previdenciária,
pois, além de não serem pagos pelo empregador, estão expressamente previstos no §9º, do art. 28, da
Lei n 8.212/91 como parcelas não integrantes do salário de contribuição.

11.19 - Transporte, alimentação e habitação


Os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao
empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras
ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção
estabelecidas pelo Ministério do Trabalho, não integram o salário de contribuição, pois não são
fornecidas ao trabalhador como retribuição por seu trabalho.
Nesta hipótese, as mencionadas utilidades não são concedidas pelo trabalho, mas sim para o trabalho.
Tais elementos são necessários à prestação dos serviços, sem as quais o trabalhador teria prejuízo no
desempenho de suas funções. Tais utilidades não têm natureza salarial e estão fora, portanto, do campo
de incidência das contribuições previdenciárias.
EXEMPLO: O exemplo clássico refere-se ao trabalhador contratado para trabalhar em plataformas
petrolíferas em alto mar. Ora, se não houvesse o fornecimento do transporte pela empresa, o
trabalhador teria sérias dificuldades e alto custo para chegar a seu local de trabalho. Do mesmo modo,
não seria razoável exigir que o segurado providenciasse sua alimentação e habitação, enquanto estiver
desenvolvendo as suas atividades.

11.20 - A importância paga ao empregado a título de


complementação ao valor do auxílio por incapacidade temporária,
desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados
da empresa
A importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxílio por incapacidade
temporária não integra o salário de contribuição, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos
empregados da empresa.
“Art. 28. Lei 8212/91.(...)
§ 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:
(...)

52
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

n) a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxílio por


incapacidade temporária, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da
empresa”
A palavra-chave que devemos memorizar, necessária para que a complementação do auxílio por
incapacidade temporária não integre a base de cálculo das contribuições previdenciárias, é a
obrigatoriedade de que este direito seja extensivo a todos os empregados da empresa.
O auxílio por incapacidade temporária é um benefício previdenciário devido ao segurado que se
encontra temporariamente incapaz para o exercício da sua atividade habitual por período superior a
quinze dias consecutivos, seja por motivo de doença ou acidente. A renda mensal deste benefício é de
91% do salário de benefício do segurado.
Em regra, o valor do auxílio por incapacidade temporária é inferior à remuneração mensal do
trabalhador. Para evitar que o trabalhador tenha uma redução em sua renda, algumas empresas
complementam tal valor, pagando a diferença entre o valor do auxílio por incapacidade temporária
pago pelo INSS e o valor da remuneração do empregado, buscando manter o poder aquisitivo de seus
empregados durante o gozo do benefício.
No entanto, tal complementação somente deixará de integrar o salário de contribuição se for extensiva
à totalidade de empregados da empresa.

11.21 - Previdência Complementar


O valor das contribuições efetivamente pagas pelo empregador, pessoa jurídica, relativo a programa de
Previdência Complementar, aberta ou fechada, desde que disponível à totalidade de seus empregados
e dirigentes, não integra o salário de contribuição.
Contudo, para que tais valores não integrem o salário de contribuição e não haja, consequentemente,
incidência de contribuições previdenciárias sobre eles, é necessário e obrigatório que tal benefício seja
disponibilizado a todos os empregados e dirigentes.
Caso seja concedido em favor de apenas de alguns segurados, sobre tais valores repassados pela
empresa haverá incidência de contribuições previdenciárias.
ATENÇÃO: É necessário que gravemos as seguintes palavras-chave para a prova, para que a previdência
complementar não integre o salário de contribuição:
• Todos os empregados; e
• Todos os dirigentes.

11.22 - Assistência médica, odontológica e reembolso de despesas


médico-hospitalares
Não integra o salário de contribuição, para qualquer efeito, mesmo quando concedido em diferentes
modalidades de planos e coberturas e mesmo que não abranja a totalidade de empregados e dirigente
da empresa, o valor relativo à:
• assistência prestada por serviço médico, próprio da empresa ou por ela conveniado;
• assistência prestada por serviço odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado,
• reembolso de despesas com:

53
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

o medicamentos;
o óculos;
o aparelhos ortopédicos;
o próteses;
o órteses;
o despesas médico-hospitalares e
o outras similares,

Após a vigência da Lei 13.467/17, a redação nova redação da Lei 8.212/91, a respeito de assistência
médica, odontológica e reembolso de despesas médico-hospitalares ficou assim:
“Art. 28. Lei 8212/91.(...)
§ 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:
(...)
q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa
ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos
ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares”
Atualmente a exigência de que a cobertura abranja a totalidade de empregados e dirigentes da empresa
não existe mais. Assim sendo, tais valores não integrarão, em qualquer caso, o salário de contribuição e
não sofrerão incidência de contribuição previdenciária.

CONCLUSÃO: a partir da vigência da Lei nº 13.467/2017, podemos concluir que os valores


relativos à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio ou não,
inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos,
próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras similares não mais integrarão o
salário de contribuição, em qualquer caso.

11.23 - O valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros


acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho
para prestação dos respectivos serviços
Não integram o salário de contribuição, quando fornecidos ao empregado e utilizados no local do
trabalho para prestação dos respectivos serviços, o valor correspondente a:
• vestuários;
• equipamentos; e

54
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• outros acessórios.
Tais itens, quando utilizados no local do trabalho, para a prestação dos respectivos serviços, não são
fornecidas como retribuição pelo trabalho. Nesta hipótese, as mencionadas utilidades são concedidas
para o trabalho.
Tais elementos são necessários à prestação dos serviços, sem as quais o trabalhador teria prejuízo no
desempenho de suas funções. Tais utilidades não têm natureza salarial e estão fora, portanto, do campo
de incidência das contribuições previdenciárias.

11.24 - Ressarcimento de despesas


Não integram o salário de contribuição, quando devidamente comprovadas:
• ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado; e
• reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite
máximo de seis anos de idade da criança.
• reembolso babá, limitado ao menor salário de contribuição mensal e condicionado à
comprovação:
o do registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social da empregada;
o do pagamento da remuneração; e
o do recolhimento da contribuição previdenciária, pago em conformidade com a legislação
trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade da criança.
Os ressarcimentos e reembolso não fazer parte da remuneração do segurado. Não são pagos para
retribuir o trabalho. Desta forma, não têm natureza salarial e estão fora, portanto, do campo de
incidência das contribuições previdenciárias.
No entanto, é necessário que as despesas sejam devidamente comprovadas, sob pena de o fisco
considerá-las base de cálculo de contribuição previdenciária.

11.25 - Plano educacional


Não integra o salário de contribuição o valor relativo a plano educacional ou bolsa de estudo que vise
à:
• Educação básica de empregados e seus dependentes, formada pela educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio;
• Educação profissional e tecnológica de empregados, desde que vinculada às atividades
desenvolvidas pela empresa.
Em quaisquer dos casos mencionados, para que não haja incidência de contribuição previdenciária, é
necessário que:
• Tais valores não sejam utilizados em substituição da parcela salarial;
• O valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não
ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor
correspondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do salário de contribuição, o
que for maior.

55
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

11.26 - Os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos


autorais
Direitos autorais são as denominações utilizadas para definir a posse, exercida pelo autor ou por seus
dependentes, sobre obras intelectuais. Tais obras podem ser artísticas, literárias ou científicas.
O autor poderá ceder seus direitos autorais, para que terceiros comercializem sua obra. Os valores
recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais não integram o salário de contribuição, pois
não são recebidas como contraprestação por serviços prestados, mas sim pela cessão de direitos para
que determinada empresa explore sua obra intelectual.

11.27 - Valor da multa paga ao empregado em decorrência da mora


no pagamento das parcelas constantes do instrumento de rescisão
de contrato de trabalho
Assim está previsto no § 6º do art. 477 da CLT:
“A entrega ao empregado de documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual
aos órgãos competentes bem como o pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão
ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a partir do término do contrato”.
A inobservância do prazo acima mencionados sujeitará o infrator ao pagamento da multa a favor do
empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido, salvo quando,
comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.
A multa paga ao empregado em decorrência da mora no pagamento das parcelas constantes do
instrumento de rescisão de contrato de trabalho é considerada uma penalidade pecuniária, sem
natureza salarial. Desta forma, sobre tais valores não incidirá contribuição previdenciária.

11.28 - O valor correspondente ao vale-cultura


Em 27 de dezembro de 2012 foi publicada a Lei nº 12.761/2012, que criou, dentre outras coisas, o vale-
cultura, com destaque para os seguintes pontos:
• O vale-cultura terá caráter pessoal e intransferível, válido em todo o território nacional, para
acesso e fruição de produtos e serviços culturais, no âmbito do Programa de Cultura do
Trabalhador.
• O vale-cultura deverá ser fornecido ao trabalhador que perceba até 5 (cinco) salários-mínimos
mensais.
• Os trabalhadores com renda superior a 5 (cinco) salários-mínimos poderão receber o vale-
cultura, desde que garantido o atendimento à totalidade dos empregados com a remuneração de
até 5 (cinco) salários mínimos mensais.
• O valor mensal do vale-cultura, por usuário, atualmente estabelecido, será de R$ 50,00
(cinquenta reais).
• É vedada, em qualquer hipótese, a reversão do valor do vale-cultura em pecúnia.

56
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Os valores correspondentes ao vale-cultura não integram o salário de contribuição, por expressa


determinação legal. Logo, sobre eles, não incidirá contribuição previdenciária.

11.29 - Prêmios e Abonos


Nos termos no art. 457, §2, da CLT, “as importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de
custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos
não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não
constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário”

PRÊMIOS: liberalidades concedidas pelo empregador, até duas vezes ao ano, em forma de
bens, serviços ou valor em dinheiro, a empregado, grupo de empregados ou terceiros
vinculados à sua atividade econômica em razão de desempenho superior ao ordinariamente
esperado no exercício de suas atividades.

ABONOS: é um bônus, um “plus” ou complemento salarial, geralmente temporário,


concedido ao empregado.

Após a vigência da Lei 13.467/17, a redação nova redação da Lei 8.212/91, a respeito de prêmios e
abonos, ficou assim:
“Art. 28. Lei 8212/91.(...)
§ 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...)
z) os prêmios e os abonos”
Assim sendo, nos termos da Lei 8.212/91, art. 28, §9º, “z”, combinado com o art. 457, §2, da CLT, não
incide contribuição previdenciária sobre os prêmios e abonos.

CONCLUSÃO: a partir da vigência da Lei nº 13.467/2017, podemos concluir que os prêmios


e os abonos não mais integrarão o salário de contribuição, em qualquer caso.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


De acordo com a legislação previdenciária, para fins de contribuição à Previdência Social:
a) o total das diárias para viagem pagas pela empresa, quando excedente a 50% do salário mensal,
integra o salário de contribuição.

57
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

b) as diárias para viagem pagas pelo empregador, quando devidamente comprovadas, não integram o
salário de contribuição.
c) apenas o percentual das diárias para viagem que exceder 50% do salário mensal do empregado
integra o salário de contribuição.
d) os prêmios e abonos integram o salário de contribuição, desde que decorram de regulamento interno
da empresa.

COMENTÁRIOS:
a) o total das diárias para viagem pagas pela empresa, quando excedente a 50% do salário mensal,
integra o salário de contribuição.
Alternativa incorreta. Atualmente a redação do dispositivo correspondente foi alterada, sendo que as
diárias para viagem não integram mais o salário-de-contribuição, qualquer que seja o seu valor.

b) as diárias para viagem pagas pelo empregador, quando devidamente comprovadas, não integram o
salário de contribuição.
Alternativa correta. As diárias para viagem não integram mais o salário-de-contribuição.

c) apenas o percentual das diárias para viagem que exceder 50% do salário mensal do empregado
integra o salário de contribuição.
Alternativa incorreta. Atualmente a redação do dispositivo correspondente foi alterada, sendo que as
diárias para viagem não integram mais o salário-de-contribuição, qualquer que seja o seu valor.

d) os prêmios e abonos integram o salário de contribuição, desde que decorram de regulamento interno
da empresa.
Alternativa incorreta. Atualmente os prêmios e abonos não integram o salário-de-contribuição.

Gabarito: B

11.30 - Seguro de Vida em Grupo


Não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias o valor das contribuições efetivamente
pagas pela pessoa jurídica relativo a prêmio de seguro de vida em grupo, desde que:
• Previsto em acordo ou convenção coletiva de trabalho;
• Disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes.

58
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

11.31 - Valor Dispendido com Ministro de Confissão Religiosa e


Membro de Instituto de Vida Consagrada, de Congregação ou Ordem
Religiosa
Os valores recebidos pelos ministros de confissão religiosa e membros de instituto de vida consagrada,
de congregação ou ordem religiosa, não serão considerados remuneração e não integrarão o salário de
contribuição, afastando-se a incidência de contribuição previdenciária, nos seguintes casos:
• Sejam pagos em face do seu mister religioso ou para sua sobrevivência; e
• Fornecidos em condições que independam da natureza e quantidade do trabalho executado.

11.32 - Indenizações Previstas nos arts. 496 e 997 da CLT.


Art. 496 - Quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável, dado o grau de
incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente quando for o empregador pessoa física, o
tribunal do trabalho poderá converter aquela obrigação em indenização devida nos termos do
artigo seguinte.
Art. 497 - Extinguindo-se a empresa, sem a ocorrência de motivo de força maior, ao empregado
estável despedido é garantida a indenização por rescisão do contrato por prazo indeterminado,
paga em dobro
Em resumo, nos casos em que for possível a conversão da estabilidade do trabalhador em indenização,
esta não integrará a base de cálculo das contribuições previdenciárias.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Nos termos da legislação previdenciária, sobre salário de contribuição, é incorreto afirmar:
a) O salário de contribuição para o empregado doméstico é a remuneração registrada em Carteira de
Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para
comprovação de vínculo empregatício e os limites mínimo e máximo da remuneração.
b) A gratificação natalina integra o salário de contribuição da empregada, exceto para o cálculo do
salário de benefício.
c) As importâncias recebidas a título de férias gozadas com o respectivo adicional constitucional,
inclusive o valor da dobra da remuneração de férias, não integram o salário de contribuição do
empregado.
d) O salário de contribuição do contribuinte individual é a remuneração auferida em uma ou mais
empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observados os limites
mínimo e máximo previstos no decreto regulamentador.

COMENTÁRIOS:
a) O salário de contribuição para o empregado doméstico é a remuneração registrada em Carteira de
Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para
comprovação de vínculo empregatício e os limites mínimo e máximo da remuneração.

59
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva correta. Nos termos do art. 28, II, da Lei 8.212/91, o salário de contribuição para o
empregado doméstico é a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social,
observadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo
empregatício e do valor da remuneração.

b) A gratificação natalina integra o salário de contribuição da empregada, exceto para o cálculo do


salário de benefício.
Assertiva correta. Nos termos do art. 28, § 7º, da Lei 8.212/91, o décimo-terceiro salário (gratificação
natalina) integra o salário-de-contribuição, exceto para o cálculo de benefício, na forma estabelecida em
regulamento.

c) As importâncias recebidas a título de férias gozadas com o respectivo adicional constitucional,


inclusive o valor da dobra da remuneração de férias, não integram o salário de contribuição do
empregado.
Assertiva incorreta. Não integram o salário-de-contribuição as importâncias recebidas a título de
férias indenizadas (e não férias gozadas) e respectivo adicional constitucional. Sobre férias gozadas,
incide comtribuição previdenciária.

d) O salário de contribuição do contribuinte individual é a remuneração auferida em uma ou mais


empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observados os limites
mínimo e máximo previstos no decreto regulamentador.
Assertiva correta. Nos termos do art. 28, III, da Lei 8.212/91, entende-se por salário-de-contribuição
para o contribuinte individual a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de
sua atividade por conta própria, durante o mês.

Gabarito: C

11.33 - Pagamento relativo aos 15 primeiros dias de afastamento do


empregado por motivo de doença ou acidente de trabalho
Conforme disposto no art. 60, §3º, da Lei 8.213/91, está previsto claramente que o pagamento relativo
aos 15 primeiros dias de afastamento do empregado por motivo de doença ou acidente de trabalho se
trata de parcela remuneratória.
§ 3o Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de
doença, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral.
Assim sendo, nos termos da lei, era claro o entendimento da Receita Federal de que tais parcelas
deveriam integrar o salário de contribuição e sobre eles incidir contribuições previdenciárias

60
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Contudo, o STJ, no julgamento do REsp nº 1.230.957/RS, entendeu pela exclusão da


remuneração (paga pelo empregador ao empregado nos primeiros 15 dias de
afastamento do trabalhador que antecedem o auxílio por incapacidade temporária) da
base de cálculo da contribuição previdenciária patronal disciplinada no art. 22, I, da
Lei nº 8.212, de 1991.

Esse mesmo entendimento foi replicado para a contribuição do empregado, as


contribuições de terceiros e do SAT/RAT.

Observação 1: A dispensa da contribuição do empregado do art. 28, I, da Lei nº 8.212,


de 2002, foi autorizada na Nota PGFN/CRJ Nº 115/2017.

Observação 2: A dispensa da contribuição do empregador de que trata o art. 22, I e §1º,


da Lei nº 8.212, de 2002, foi autorizada na Mensagem Eletrônica PGFN/CRJ/COJUD n.º
08, de 18/09/2020, mas a inclusão em lista foi positivada no Parecer SEI Nº
1446/2021/ME.

Observação 3: A dispensa da contribuição do empregador do art. 22, II, da Lei nº 8.212,


de 2002, (SAT/RAT) do seu adicional regido no art. 57, §6º, da Lei nº 8.213, de 1991,
bem como das contribuições destinadas aos terceiros incidentes sobre a folha de
salários foi autorizada no Parecer SEI Nº 16120/2020/ME.

Dessa forma, com base nesse entendimento, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional
editou o PARECER SEI Nº 16120/2020/ME e o PARECER SEI Nº 1446/2021/ME,
incluindo o tema na lista de dispensa de contestar e de recorrer.

Como vimos, o STJ, no julgamento do REsp 1.230.957/RS, de 26/02/2014, decidiu pela não incidência
da contribuição previdenciárias sobre a importância paga nos primeiros 15 dias que antecedem o
auxílio por incapacidade temporária, conforme segue:

No que se refere ao segurado empregado, durante os primeiros quinze dias


consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença, incumbe ao
empregador efetuar o pagamento do seu salário integral (art. 60, § 3º, da Lei 8.213/91
— com redação dada pela Lei 9.876/99). Não obstante nesse período haja o pagamento

61
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

efetuado pelo empregador, a importância paga não é destinada a retribuir o trabalho,


sobretudo porque no intervalo dos quinze dias consecutivos ocorre a interrupção do
contrato de trabalho, ou seja, nenhum serviço é prestado pelo empregado. Nesse
contexto, a orientação das Turmas que integram a Primeira Seção/STJ firmou-se no
sentido de que sobre a importância paga pelo empregador ao empregado durante os
primeiros quinze dias de afastamento por motivo de doença não incide a contribuição
previdenciária, por não se enquadrar na hipótese de incidência da exação, que exige
verba de natureza remuneratória.

11.34 - Aviso Prévio Indenizado


Quando o aviso-prévio é trabalhado, não há dúvidas de que o valor recebido tem natureza salarial,
integrando o salário de contribuição e sofrendo incidência de contribuição previdenciária, como já
estudado nesta aula.
No entanto, quando o aviso-prévio é indenizado, tínhamos uma divergência entre lei e jurisprudência.
Nos termos da lei, era claro o entendimento da Receita Federal de que o aviso prévio indenizado deveria
integrar o salário de contribuição e sobre ele incidir contribuições previdenciárias, a exemplo do que
ocorre com o aviso prévio trabalhado.

Contudo, firmou-se jurisprudência consolidada do STJ no sentido de que a contribuição


previdenciária não incide sobre o aviso prévio indenizado, tendo, a PGFN, por meio da
Nota PGFN/CRJ Nº 485/2016 incluído o aviso prévio indenizado em lista de dispensa
de atuação judicial, tanto para a contribuição a cargo do empregador, como para a
contribuição a cargo do empregado, incluindo o tema na lista de dispensa de contestar
e de recorrer.

Outrossim, no julgamento do REsp 1.230.957/RS, em 26/02/2014, o STJ já havia decidido pela não
incidência de contribuição previdenciária sobre o aviso-prévio indenizado, conforme segue:

DIREITO TRIBUTÁRIO E PREVIDENCIÁRIO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO


PREVIDENCIÁRIA SOBRE O AVISO PRÉVIO INDENIZADO. RECURSO REPETITIVO
(ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).

Não incide contribuição previdenciária a cargo da empresa sobre o valor pago a


título de aviso prévio indenizado. A despeito da atual moldura legislativa (Lei
9.528/1997 e Decreto 6.727/2009), as importâncias pagas a título de indenização, que
não correspondam a serviços prestados nem a tempo à disposição do empregador, não
ensejam a incidência de contribuição previdenciária. A CLT estabelece que, em se
tratando de contrato de trabalho por prazo indeterminado, a parte que, sem justo
motivo, quiser a sua rescisão, deverá comunicar a outra da sua intenção com a devida
antecedência. Não concedido o aviso prévio pelo empregador, nasce para o empregado
o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a
integração desse período no seu tempo de serviço (art. 487, § 1º, da CLT). Desse modo,
o pagamento decorrente da falta de aviso prévio, isto é, o aviso prévio indenizado, visa

62
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

reparar o dano causado ao trabalhador que não fora alertado sobre a futura rescisão
contratual com a antecedência mínima estipulada na CF (atualmente regulamentada
pela Lei 12.506/2011). Dessarte, não há como se conferir à referida verba o caráter
remuneratório, por não retribuir o trabalho, mas sim reparar um dano. Ressalte-se
que, se o aviso prévio é indenizado, no período que lhe for correspondente o
empregado não presta trabalho algum, nem fica à disposição do empregador. Assim,
por ser não coincidir com a hipótese de incidência, é irrelevante a circunstância de não
haver previsão legal de isenção em relação a tal verba.

11.35 - Hora Repouso Alimentação


Houve, novamente, mudança de entendimento acerca da natureza indenizatória ou
remuneratória da verba relacionada à supressão da hora repouso alimentação – HRA,
paga como retribuição pela hora em que o empregado fica à disposição do empregador.
Na sessão do dia 21 de fevereiro de 2017, a 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
havia concluído o julgamento do Recurso Especial nº 1.328.326, que trata da incidência
de contribuição previdenciária sobre pagamento de hora repouso alimentação (HRA) à
trabalhadores que possuem turno contínuo, sem horário de almoço. O julgamento foi
iniciado em 2016, com o voto do Ministro Relator Gurgel de Faria, que citou a Súmula 437 do Tribunal
Superior do Trabalho (TST) para confirmar a natureza salarial da hora de repouso alimentação, sendo
acompanhado pelo Ministro Sérgio Kukina. Prevaleceu, entretanto, o voto em sentido contrário dos
Ministros Regina Helena Costa, Napoleão Nunes Maia Filho e Benedito Gonçalves, reconhecendo que a
remuneração ao repouso possuía natureza indenizatória, motivo pelo qual não deveria integrar a
base de cálculo das contribuições previdenciárias. Na ocasião, para a maioria dos Ministros da Turma,
o pagamento da verba não remunera qualquer serviço prestado, mas decorre da supressão do intervalo
de repouso e alimentação a que o trabalhador teria direito, o que revela seu caráter indenizatório.
Contudo, houve uma mudança de entendimento no Superior Tribunal de Justiça, conforme podemos
observar no Recurso Especial n° 1.727.114 – BA (2018/0046038-0). Na sessão do dia 14 de janeiro de
2019, decidiu-se que incide contribuição previdenciária sobre a verba relacionada à supressão
da hora repouso alimentação – HRA, paga como retribuição pela hora em que o empregado fica à
disposição do empregador, tendo em vista sua natureza eminentemente salarial.

POSIÇÃO ATUAL DO STJ:


Outrossim, tivemos, mais uma vez, alteração nos mencionados entendimentos, conforme passamos
a expor:
Em decisão monocrática publicada em 04/11/2021 (REsp 1.963.274/SP), o Ministro Herman Benjamin,
da 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça - STJ, determinou que, em situações ocorridas após a
entrada em vigor da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), não incide a contribuição
previdenciária patronal sobre a Hora Repouso Alimentação (HRA).
Em julgado publicado em maio de 2020, a 1ª Seção do STJ já havia se manifestado sobre a questão,
abordando apenas o período anterior à entrada em vigor da Lei 13.467/2017 (Reforma
Trabalhista), onde reconheceu a incidência de contribuição sobre a HRA para casos ocorridos tão
somente antes da Reforma Trabalhista (EREsp 1.619.117). Naquela oportunidade, o Ministro Herman
Benjamin, relator, destacou a “nítida natureza remuneratória” da HRA, sobre a qual deveria incidir

63
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

contribuição previdenciária. Por outro lado, pontuou que, a partir da Lei 13.467/2017, o pagamento
de intervalo intrajornada suprimido passou a ter natureza indenizatória, sobre a qual não incide a
contribuição previdenciária.

O QUE RESPONDER NA PROVA:


Para efeito de prova e segundo a jurisprudência mais recente, temos o seguinte posicionamento:
• Período anterior à entrada em vigor da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista): incide
contribuição previdenciária sobre a verba relacionada à supressão da hora repouso
alimentação – HRA, tendo em vista sua natureza eminentemente salarial (natureza
remuneratória).
• Período posterior à entrada em vigor da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista): não
incide contribuição previdenciária sobre a verba relacionada à supressão da hora
repouso alimentação – HRA, tendo em vista sua natureza indenizatória.
• Se a questão não mencionar se o período é anterior ou posterior à entrada em vigor da
Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista): adotar a posição atual (posterior à entrada em vigor
da Lei 13.467/2017), na qual não incide contribuição previdenciária sobre a verba
relacionada à supressão da hora repouso alimentação – HRA, tendo em vista sua natureza
indenizatória.

12 - Pagamento em Desacordo com a Legislação


As parcelas definidas como não integrantes do salário de contribuição, quando pagas ou creditadas em
desacordo com a legislação pertinente, passam a integrá-lo, para todos fins e efeitos.
Ou seja, mesmo as parcelas não integrantes do salário de contribuição, passarão a integrá-lo, com
incidência de contribuição previdenciária, caso sejam pagas ou creditadas em desacordo com a
legislação.

13 - Proporcionalidade do Salário de Contribuição


Vejamos o disposto no Regulamento da Previdência Social – RPS, art. 214, §1º:
Art. 214. (...)
§1º - Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do empregado ocorrer no curso do
mês, o salário de contribuição será proporcional ao número de dias de trabalho efetivo.
Assim sendo, é possível que um trabalhador que seja contratado no dia 16 de abril mês para ganhar R$
2.000,00/mês receba, no mês de sua contratação, apenas R$ 1000,00, proporcionalmente aos 15 dias
trabalhados.
Apesar de tal valor ser inferior a um salário-mínimo mensal, a legislação previdenciária determina que
para o empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso o limite mínimo do salário de
contribuição é o piso da categoria ou o salário mínimo, considerando seu valor mensal, diário ou
horário, conforme o caso.
Neste exemplo, foi respeitado o salário-mínimo diário em cada um dos dias trabalhados.

64
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Proporcionalidade do salário-de-contribuição

Quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do


empregado, inclusive o doméstico ocorrer no curso do mês,

o salário-de-contribuição será PROPORCIONAL ao número de dias


efetivamente trabalhados

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A respeito do salário de contribuição, analise as assertivas abaixo:
I - Não integram o salário de contribuição a parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da
legislação própria; a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de
mudança de local de trabalho do empregado e as diárias para viagens, qualquer que seja o seu valor.
II - Não integram o salário de contribuição a importância recebida a título de bolsa de complementação
educacional de estagiário quando paga nos termos da lei, o 13° salário, a participação nos lucros ou
resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica e o abono do Programa
de Integração Social-PIS e do Programa de Assistência ao Servidor Público-PASEP.
III - Integram o salário de contribuição os valores correspondentes a transporte, alimentação e
habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da
de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada,
observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho.
Estão corretas as assertivas:
a) I
b) I e III
c) II e III
d) todas estão incorretas

COMENTÁRIOS:
I - Não integram o salário de contribuição a parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da
legislação própria; a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de
mudança de local de trabalho do empregado e as diárias para viagens, qualquer que seja o seu valor.

65
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva correta. Todas as parcelas mencionadas não integram o salário de contribuição, como
estudado.

II - Não integram o salário de contribuição a importância recebida a título de bolsa de complementação


educacional de estagiário quando paga nos termos da lei, o 13° salário, a participação nos lucros ou
resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica e o abono do Programa
de Integração Social-PIS e do Programa de Assistência ao Servidor Público-PASEP.
Assertiva incorreta. Dentre as parcelas acima, o 13º salário integra o aslário de comtribuição.

III - Integram o salário de contribuição os valores correspondentes a transporte, alimentação e


habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da
de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada,
observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho.
Assertiva incorreta. Tais valores não integram o salário de contribuição, como estudado.

GABARITO: A

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A respeito do salário de contribuição, analise as assertivas abaixo:
I - Com relação às normas constitucionais que regem a previdência social, os ganhos habituais do
empregado e o vale-transporte pago em dinheiro incorporam-se ao seu salário para efeito de
contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios.
II - O salário de contribuição é um instituto de direito previdenciário inaplicável ao segurado facultativo
que não exerce atividade remunerada.
III - Não integram o salário de contribuição a parcela in natura recebida de acordo com os programas
de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da lei.

Estão corretas as assertivas:


a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) III

COMENTÁRIOS:
I - Com relação às normas constitucionais que regem a previdência social, os ganhos habituais do
empregado e o vale-transporte pago em dinheiro incorporam-se ao seu salário para efeito de
contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios.
Assertiva incorreta. O vale-transporte pago em dinheiro, quando fornecido nos termos da lei não
integra o aslário de comtribuição.

66
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

II - O salário de contribuição é um instituto de direito previdenciário inaplicável ao segurado facultativo


que não exerce atividade remunerada.
Assertiva incorreta. O salário de contribuição do segurado facultativo é o valor por ele declarado,
respeitados os limites mínimo e máximo. Dessa forma, é um instituto aplicável ao segurado facultativo.

III - Não integram o salário de contribuição a parcela in natura recebida de acordo com os programas
de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da lei.
Assertiva correta. A parcela in natura recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados
pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da lei não integram o salário de
contribuição, como estudado.

GABARITO: D

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A respeito do salário de contribuição, analise as assertivas abaixo:
I - Marlete é empregada vinculada ao RGPS. Nessa situação, o salário de contribuição de Marlete é o
valor total recebido, incluindo os ganhos habituais em forma de utilidades.
II - Victor advogava para diversas empresas na justiça do trabalho, sem manter vínculo de emprego,
auferindo valores fixos mensais de cada uma delas. Nessa situação, o salário de contribuição de Victor
corresponde à soma de todas as remunerações percebidas, independentemente de qualquer limite.
III - A empresa em que Fernando trabalha paga a ele, a cada mês, um valor referente à participação nos
lucros, que é apurado mensalmente. Nessa situação, incide contribuição previdenciária sobre o valor
recebido mensalmente por Fernando a título de participação nos lucros.
Estão corretas as assertivas:
a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) III

COMENTÁRIOS:
I - Marlete é empregada vinculada ao RGPS. Nessa situação, o salário de contribuição de Marlete é o
valor total recebido, incluindo os ganhos habituais em forma de utilidades.
Assertiva incorreta. O salário de contribuição de Marlete é o valor total recebido, incluindo os ganhos
habituais em forma de utilidades, limitado ao teto do RGPS.

67
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

II - Victor advogava para diversas empresas na justiça do trabalho, sem manter vínculo de emprego,
auferindo valores fixos mensais de cada uma delas. Nessa situação, o salário de contribuição de Victor
corresponde à soma de todas as remunerações percebidas, independentemente de qualquer limite.
Assertiva incorreta. O salário de contribuição de Victor corresponde à soma de todas as remunerações
percebidas, limitado ao teto do RGPS.

III - A empresa em que Fernando trabalha paga a ele, a cada mês, um valor referente à participação nos
lucros, que é apurado mensalmente. Nessa situação, incide contribuição previdenciária sobre o valor
recebido mensalmente por Fernando a título de participação nos lucros.
Assertiva correta. O pagamento mensal do valor referente à participação nos lucros está em desacordo
com a lei, motivo pelo qual incide contribuição previdenciária sobre tal valor recebido mensalmente
por Fernando.

GABARITO: D

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula, onde estudamos o salário-de-contribuição.

Tal assunto é um dos mais cobrados em provas de Direito Previdenciário.

Aguardo vocês em nossa próxima aula!

Um forte abraço e bons estudos a todos!

Rubens Maurício

68
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

"INSERIR CAPA"

Direito Previdenciário

1
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Sumário

Considerações Iniciais ............................................................................................................................................................... 5

Arrecadação e Recolhimento - Obrigações da Empresa............................................................................................... 6

1 - Arrecadar e recolher as contribuições dos segurados a seu serviço ........................................................... 6

2 - Contribuição patronal incidente sobre as remunerações dos segurados a seu serviço ....................... 8

3 - Obrigação da empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mão


de obra ........................................................................................................................................................................................ 9

4 - Obrigação da empresa incidente sobre o faturamento e o lucro ................................................................... 9

5 - Obrigação da empresa adquirente, consumidora, consignatária ou cooperativa ................................ 10

6 - Obrigação do produtor rural pessoa jurídica ..................................................................................................... 11

7 - Obrigação da empresa que remunera empregado licenciado para exercer mandato de dirigente
sindical ..................................................................................................................................................................................... 11

8 - Obrigação da entidade sindical que remunera dirigente que mantém a qualidade de segurado
empregado ou trabalhador avulso ................................................................................................................................ 11

9 - Obrigação da entidade sindical que remunera dirigente que mantém a qualidade de contribuinte
individual ................................................................................................................................................................................ 12

Arrecadação e Recolhimento - Obrigações dos Demais Contribuintes ............................................................... 12

1 - Arrecadação das contribuições do empregado ................................................................................................. 12

2 - Arrecadação das contribuições do trabalhador avulso .................................................................................. 12

3 - Arrecadação das contribuições do empregado doméstico ........................................................................... 13

4 - Arrecadação das contribuições do segurado facultativo ............................................................................... 15

5 - Arrecadação das contribuições do contribuinte individual.......................................................................... 15

6 - Arrecadação das contribuições do segurado especial .................................................................................... 16

Prazo de Recolhimento das Contribuições Previdenciárias .................................................................................... 19

1 - Contribuições que vencem até o dia 15 do mês seguinte .............................................................................. 20

2 - Contribuição que vence até o dia 20 de dezembro .......................................................................................... 21

2
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

3 - Contribuição que vence até 2 dias úteis após a realização do evento ...................................................... 21

4 - Contribuições que vencem até o dia 20 do mês seguinte (Lei 14.438/2022) ....................................... 22

5 - Contribuições que vencem até o dia 20 do mês seguinte .............................................................................. 23

6 - Recolhimento Trimestral ........................................................................................................................................... 25

7 - Valor Mínimo para Recolhimento ........................................................................................................................... 26

Recolhimento Fora do Prazo ................................................................................................................................................ 26

1 - Juros de Mora .................................................................................................................................................................. 27

2 - Multa de Mora................................................................................................................................................................. 27

3 - Multa de Ofício................................................................................................................................................................ 28

3.1 - Agravamento da Multa de Ofício ..................................................................................................................... 29

3.2 - Redução da Multa de Ofício............................................................................................................................... 31

Obrigações Acessórias ............................................................................................................................................................ 32

1 - Folha de Pagamento ..................................................................................................................................................... 33

2 - Contabilidade e Documentação Fiscal................................................................................................................... 35

3 - Inscrição dos Empregados, Trabalhadores Avulsos e Contribuintes Individuais a Serviço da


Empresa. ................................................................................................................................................................................. 38

4 - Sistema de Processamento Eletrônico de Dados .............................................................................................. 38

5 - Matrícula de Obra de Construção Civil ................................................................................................................. 38

6 - Acidente de Trabalho ................................................................................................................................................... 39

7 - Encaminhar ao Sindicato Cópia da GPS ................................................................................................................ 39

8 - Afixar Cópia da GPS no Quadro de Horários ....................................................................................................... 39

9 - Informações sobre Comerciantes Ambulantes ................................................................................................. 40

10 - LTCAT e PPP ................................................................................................................................................................ 40

11 - Apresentação de Livros e demais Documentos ............................................................................................. 40

12 - Alvará de Construção Civil ..................................................................................................................................... 41

3
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

13 - Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais ............................................................................................... 41

Retenção de 11% ...................................................................................................................................................................... 42

1 - Cessão de Mão De Obra - Conceito ......................................................................................................................... 43

2 - Empreitada - Conceito ................................................................................................................................................. 44

3 - Local de Prestação dos Serviços .............................................................................................................................. 44

4 - Serviços Sujeitos à Retenção ..................................................................................................................................... 44

4.1 - Na cessão de mão de obra: ................................................................................................................................ 44

4.2 - Serviços comuns a cessão de mão de obra e empreitada: .................................................................... 47

5 - Serviços não Sujeitos à Retenção ............................................................................................................................ 47

6 - Procedimento da Retenção........................................................................................................................................ 47

6.1 - Procedimento da Empresa Contratante (Tomadora) ............................................................................. 47

6.2 - Procedimento da Empresa Contratada (Prestadora): ............................................................................ 48

7 - Adicional RAT na Retenção – Aposentadoria Especial ................................................................................... 49

8 - Base de Cálculo da Retenção ..................................................................................................................................... 49

9 - Retenção em Empresa Optante pelo Simples Nacional .................................................................................. 49

10 - Retenção em Empresa Optante pela Contribuição Previdenciária Sobre a Receita Bruta - CPRB
.................................................................................................................................................................................................... 50

11 - Cooperativa de Trabalho ......................................................................................................................................... 51

Responsabilidade Solidária .................................................................................................................................................. 52

1 - Responsabilidade Solidária na Construção Civil ............................................................................................... 53

2 - Empresas de Comercialização e Incorporação de Imóveis ........................................................................... 54

3 - Empresas que Integram Grupo Econômico ........................................................................................................ 55

4 - Produtores Rurais Integrantes de Consórcio Simplificado ........................................................................... 55

5 - Empresas Integrantes de Consórcio ...................................................................................................................... 55

6 - Operador Portuário e OGMO..................................................................................................................................... 56

4
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

7 - Administradores Públicos.......................................................................................................................................... 56

8 - Cooperativa de Trabalho ............................................................................................................................................ 56

9 - Aferição Indireta na Construção Civil.................................................................................................................... 57

Considerações Finais .............................................................................................................................................................. 59

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje estudaremos os seguintes assuntos do Direito Previdenciário que tratam de normas
previdenciárias:

Arrecadação e recolhimento das contribuições


destinadas à Seguridade Social. Obrigações da
empresa e demais contribuintes.

Prazo de recolhimento. Recolhimento fora do


prazo: juros, multa e atualização monetária.

Obrigações acessórias.

Retenção e responsabilidade solidária: conceitos,


natureza jurídica e característica.

Recomendo uma atenção especial aos tópicos que tratam das obrigações da empresa e demais
contribuintes em relação à arrecadação e recolhimento das contribuições previdenciárias.
Boa aula!

5
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

ARRECADAÇÃO E RECOLHIMENTO - OBRIGAÇÕES DA


EMPRESA
O assunto que passaremos a estudar tem por base legal o art. 30 da Lei nº 8.212/91, bem como o art.
216 do Regulamento da Previdência Social – RPS (Decreto nº 3.048/99).

Vamos de forma direta e objetiva entrar no conteúdo da presente aula, analisando cada uma das
obrigações das empresas no tocante à arrecadação e recolhimento das contribuições previdenciárias.

1 - Arrecadar e recolher as contribuições dos segurados a seu


serviço

A empresa ou equiparada é obrigada a arrecadar a contribuição do segurado empregado, do


trabalhador avulso e do contribuinte individual a seu serviço, descontando-a da respectiva
remuneração.

O produto arrecadado, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer


título, inclusive adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, acordo ou convenção coletiva, aos
segurados empregado, contribuinte individual e trabalhador avulso a seu serviço, deverá ser recolhido
até o dia 20 do mês seguinte àquele a que se referirem as remunerações, antecipando-se o vencimento
para o dia útil imediatamente anterior quando não houver expediente bancário no dia 20.

Obs.: Não poderão ser objeto de parcelamento as contribuições descontadas dos


segurados empregado, inclusive o doméstico, trabalhador avulso e contribuinte individual,
as decorrentes da sub-rogação de que tratam os incisos I e II do § 7º do art. 200 e as
importâncias retidas na forma do art. 219 (Lei 10.522/2002, art. 14, I).

arrecadar a segurados empregados


contribuição trabalhadores avulsos
dos seus contribuintes individuais

descontando da respectiva remuneração

e recolher o
produto
arrecadado

6
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Quanto às gorjetas que as empresas cobram na conta de consumo, devem inserir o valor na nota fiscal.
Ademais, o empregador deve fazer arrecadação na fonte do percentual das gorjetas arrecadadas
para custear os encargos sociais, previdenciários e trabalhistas derivados de sua integração à
remuneração dos empregados. O valor restante deve ser revertido integralmente em favor do
trabalhador. O percentual a ser retido poderá ser de até:

• 20% se a empresa estiver inscrita em regime de tributação federal diferenciado, como por
exemplo, o Simples Nacional;
• 33% para as demais empresas.

Se a gorjeta não for cobrada na nota de consumo, mas for entregue pelo consumidor diretamente ao
empregado, seus critérios serão definidos em acordo ou convenção coletiva e é facultado ao
empregador a retenção conforme os critérios acima expostos.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Com referência a arrecadação e recolhimento das contribuições destinadas à seguridade social, julgue
os itens a seguir:
a) As empresas são obrigadas a arrecadar a contribuição apenas do segurado contribuinte individual a
seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração.
b) Nos termos da legislação previdenciária em vigor, constituem obrigações da empresa o recolhimento
das contribuições incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e
contribuintes individuais.
c) A empresa é desobrigada a arrecadar a contribuição do contribuinte individual a seu serviço.
d) As contribuições devidas à seguridade social já descontadas dos segurados empregados e não
recolhidas até seu vencimento poderão ser objeto de acordo para pagamento parcelado.

COMENTÁRIOS:
a) As empresas são obrigadas a arrecadar a contribuição apenas do segurado contribuinte individual a
seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração.
Assertiva incorreta. As empresas não são obrigadas a arrecadar a contribuição apenas do segurado
contribuinte individual a seu serviço, mas também dos demais segurados a seu serviço.

b) Nos termos da legislação previdenciária em vigor, constituem obrigações da empresa o recolhimento


das contribuições incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e
contribuintes individuais.

7
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva correta. A empresa ou equiparada é obrigada a arrecadar a contribuição do segurado


empregado, do trabalhador avulso e do contribuinte individual a seu serviço, descontando-a da
respectiva remuneração.

c) A empresa é desobrigada a arrecadar a contribuição do contribuinte individual a seu serviço.


Assertiva incorreta. A empresa é obrigada a arrecadar a contribuição do contribuinte individual a seu
serviço.

d) As contribuições devidas à seguridade social já descontadas dos segurados empregados e não


recolhidas até seu vencimento poderão ser objeto de acordo para pagamento parcelado.
Assertiva incorreta. Não poderão ser objeto de parcelamento as contribuições descontadas dos
segurados empregado, inclusive o doméstico, trabalhador avulso e contribuinte individual, as
decorrentes da sub-rogação de que tratam os incisos I e II do § 7º do art. 200 e as importâncias retidas
na forma do art. 219 (Lei 10.522/2002, art. 14, I).

Gabarito: B

2 - Contribuição patronal incidente sobre as remunerações dos


segurados a seu serviço

A empresa ou equiparada é obrigada a recolher as contribuições a seu cargo, incidentes sobre as


remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, inclusive adiantamentos decorrentes de
reajuste salarial, acordo ou convenção coletiva, aos segurados empregado, contribuinte individual e
trabalhador avulso a seu serviço, até o dia 20 do mês seguinte àquele a que se referirem as
remunerações, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente anterior quando não houver
expediente bancário no dia 20.

recolher a segurados empregados


contribuição
a seu cargo, trabalhadores avulsos
incidente sobre as
remunerações dos contribuintes individuais

8
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

3 - Obrigação da empresa contratante de serviços executados


mediante cessão ou empreitada de mão de obra

A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mão de obra,


inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota
fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços e recolher a importância retida, em nome da empresa
contratada, até o dia 20 do mês seguinte àquele a que se referirem as remunerações, antecipando-se o
vencimento para o dia útil imediatamente anterior quando não houver expediente bancário no dia 20.

As empresas prestadoras que recolhem suas contribuições previdenciárias sobre a receita bruta (com
desoneração da folha de pagamento), caso prestem serviços sujeitos à retenção, nos termos da lei,
deverão sofrer uma retenção de apenas 3,5% do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de
serviços (e não de 11%). A retenção deverá ser feita pela empresa contratante e o recolhimento deverá
ser feito em nome da prestadora.

O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna


e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do
recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou
em desacordo com o disposto na Lei ou no Regulamento.

Maiores detalhes sobre as características da cessão de mão de obra e da empreitada, suas semelhanças,
diferenças, bem como a respectiva retenção de 11%, serão objeto de estudo ainda nesta aula.

A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou


empreitada de mão de obra, inclusive no regime de trabalho temporário

deverá reter do valor bruto da nota fiscal,


e recolher fatura ou recibo de
11% prestação de serviços

As empresas prestadoras que recolhem suas contribuições previdenciárias


sobre a receita bruta (com desoneração da folha de pagamento), caso
prestem serviços sujeitos à retenção, nos termos da lei, deverão sofrer
uma retenção de apenas 3,5% do valor bruto da nota fiscal ou fatura de
prestação de serviços (e não de 11%).

4 - Obrigação da empresa incidente sobre o faturamento e o


lucro

Nos termos do art. 216, inciso I, do RPS, a empresa é obrigada a recolher as contribuições incidentes
sobre o faturamento e o lucro (CSLL e COFINS) na forma e prazos definidos pela legislação tributária
federal vigente.

9
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

recolher as contribuições a cargo da empresa,


provenientes do faturamento e do lucro

COFINS CSLL PIS/ PASEP

5 - Obrigação da empresa adquirente, consumidora,


consignatária ou cooperativa

A empresa adquirente, consumidora ou consignatária ou a cooperativa são obrigadas a arrecadar e


recolher a contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial incidente sobre a
receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural, até o dia 20 (vinte) do mês
subsequente ao da operação de venda ou consignação da produção, independentemente de essas
operações terem sido realizadas diretamente com o produtor ou com intermediário pessoa física, na
forma estabelecida em regulamento, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente
anterior quando não houver expediente bancário no dia 20.

A empresa ou cooperativa adquirente, consumidora ou consignatária da produção fica obrigada a


fornecer ao segurado especial cópia do documento fiscal de entrada da mercadoria, para fins de
comprovação da operação e da respectiva contribuição previdenciária.

Quando o segurado especial tiver comercializado sua produção do ano anterior exclusivamente com
empresa adquirente, consignatária ou cooperativa, tal fato deverá ser comunicado à Previdência Social
pelo respectivo grupo familiar.

adquirente
a empresa
consumidora
cooperativa consignatária
são obrigadas a arrecadar e recolher a contribuição incidente
sobre a comercialização da produção rural do

produtor rural pessoa física segurado especial

10
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

6 - Obrigação do produtor rural pessoa jurídica

O produtor rural pessoa jurídica é obrigado a recolher a contribuição incidente sobre o total da receita
bruta proveniente da comercialização de sua produção rural até o dia 20 do mês seguinte ao da
operação de venda, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente anterior quando não
houver expediente bancário no dia 20.

Tais contribuições substituem aqueles incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas
aos segurados empregado e trabalhador avulso, bem como as contribuições provenientes do
faturamento e do lucro.

No entanto, quando o empregador rural pessoa jurídica contrata contribuinte individual, fica obrigada
a pagar as mesmas contribuições que as demais empresas em geral pagam em relação e estes fatos
geradores.

é obrigado a recolher contribuição


o produtor rural incidente sobre a receita bruta
pessoa jurídica proveniente de comercialização
de sua produção rural

7 - Obrigação da empresa que remunera empregado licenciado


para exercer mandato de dirigente sindical

A empresa que remunera empregado licenciado para exercer mandato de dirigente sindical é obrigada
a recolher a contribuição deste, bem como as parcelas a seu cargo, até o dia 20 do mês seguinte àquele
a que se referirem as remunerações, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente
anterior quando não houver expediente bancário no dia 20.

8 - Obrigação da entidade sindical que remunera dirigente que


mantém a qualidade de segurado empregado ou trabalhador
avulso

A entidade sindical que remunera dirigente que mantém a qualidade de segurado empregado,
licenciado da empresa, ou trabalhador avulso, é obrigada a recolher a contribuição destes, bem como
as parcelas a seu cargo, até o dia 20 do mês seguinte àquele a que se referirem as remunerações,
antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente anterior quando não houver expediente
bancário no dia 20.

11
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

9 - Obrigação da entidade sindical que remunera dirigente que


mantém a qualidade de contribuinte individual

A entidade sindical que remunera dirigente que mantém a qualidade de contribuinte individual é
obrigada a recolher a contribuição deste, bem como as parcelas a seu cargo, até o dia 20 do mês seguinte
àquele a que se referirem as remunerações, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente
anterior quando não houver expediente bancário no dia 20.

ARRECADAÇÃO E RECOLHIMENTO - OBRIGAÇÕES DOS


DEMAIS CONTRIBUINTES

1 - Arrecadação das contribuições do empregado

A empresa (ou equiparada) é obrigada a arrecadar a contribuição do segurado empregado a seu serviço,
descontando-a da respectiva remuneração.

O produto arrecadado, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer


título, inclusive adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, acordo ou convenção coletiva, ao
segurado empregado a seu serviço, deverá ser recolhido até o dia 20 do mês seguinte àquele a que se
referirem as remunerações, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente anterior
quando não houver expediente bancário no dia 20.

Empregado
Quem arrecada e recolhe?

empresa ou equiparada

2 - Arrecadação das contribuições do trabalhador avulso

A empresa (ou equiparada) é obrigada a arrecadar a contribuição do trabalhador avulso a seu serviço,
descontando-a da respectiva remuneração.

O produto arrecadado, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer


título, inclusive adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, acordo ou convenção coletiva, ao
trabalhador avulso a seu serviço, deverá ser recolhido até o dia 20 do mês seguinte àquele a que se

12
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

referirem as remunerações, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente anterior


quando não houver expediente bancário no dia 20.

Trabalhador avulso
Quem arrecada e recolhe?
trabalhador
avulso órgão gestor de mão-de-obra (OGM O)
portuário
trabalhador
avulso empresa tomadora do serviço
não portuário

3 - Arrecadação das contribuições do empregado doméstico

O empregador doméstico é obrigado a arrecadar a contribuição do segurado empregado doméstico a


seu serviço e recolhê-la, assim como a parcela a seu cargo, até o dia 20 do mês seguinte àquele a que as
contribuições se referirem (Lei 14.438/22), antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente
anterior quando não houver expediente bancário no dia vinte, estando desobrigado a essa arrecadação
e recolhimento durante o período da licença-maternidade da empregada doméstica.

Empregado doméstico
Quem arrecada e recolhe?

empregador doméstico
junto com a parcela a seu cargo

13
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Com base na disciplina referente a arrecadação e recolhimento das contribuições previdenciárias, é
INCORRETO afirmar que:
a) o empregador doméstico está obrigado a arrecadar a contribuição do segurado empregado a seu
serviço e a recolhê-la, assim como a parcela a seu cargo.
b) o órgão gestor de mão-de-obra é obrigado a arrecadar e recolher a contribuição previdenciária do
trabalhador avulso portuário.
c) O produtor rural pessoa jurídica é desobrigado a recolher a contribuição incidente sobre o total da
receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural.
d) A empresa ou equiparada é obrigada a recolher as contribuições a seu cargo, incidentes sobre as
remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregado, contribuinte
individual e trabalhador avulso a seu serviço.

COMENTÁRIOS:

a) o empregador doméstico está obrigado a arrecadar a contribuição do segurado empregado a seu


serviço e a recolhê-la, assim como a parcela a seu cargo.
Assertiva correta. Como estudamos, o empregador doméstico está obrigado a arrecadar a contribuição
do segurado empregado a seu serviço e a recolhê-la, assim como a parcela a seu cargo.

b) o órgão gestor de mão-de-obra é obrigado a arrecadar e recolher a contribuição previdenciária do


trabalhador avulso portuário.
Assertiva correta. Como estudamos, o órgão gestor de mão-de-obra é obrigado a arrecadar e recolher
a contribuição previdenciária do trabalhador avulso portuário. No caso de trabalhador avulso não-
portuário, a empresa tomadora dos serviços é obrigada a arrecadar e recolher tais contribuições.

c) O produtor rural pessoa jurídica é desobrigado a recolher a contribuição incidente sobre o total da
receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural.
Assertiva incorreta. O produtor rural pessoa jurídica é obrigado a recolher a contribuição incidente
sobre o total da receita bruta proveniente da comercialização de sua produção rural

d) A empresa ou equiparada é obrigada a recolher as contribuições a seu cargo, incidentes sobre as


remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregado, contribuinte
individual e trabalhador avulso a seu serviço.
Assertiva correta. A empresa ou equiparada é obrigada a recolher as contribuições a seu cargo, como
descrito na presente alternativa.

Gabarito: C

14
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

4 - Arrecadação das contribuições do segurado facultativo

O segurado facultativo está obrigado a recolher sua contribuição, por iniciativa própria, até o dia quinze
do mês seguinte àquele a que as contribuições se referirem, prorrogando-se o vencimento para o dia
útil subsequente quando não houver expediente bancário no dia quinze.

Segurado facultativo
Quem arrecada e recolhe?

o próprio segurado facultativo

5 - Arrecadação das contribuições do contribuinte individual

A empresa (ou equiparada) é obrigada a arrecadar a contribuição do contribuinte individual a seu


serviço, descontando-a da respectiva remuneração, inclusive se a empresa for optante pelo Simples
Nacional ou considerada entidade imune.

O produto arrecadado pela empresa ou equiparada deverá ser recolhido até o dia 20 do mês seguinte
àquele a que se referirem as remunerações, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente
anterior quando não houver expediente bancário no dia 20.

Cabe ao próprio contribuinte individual que prestar serviços, no mesmo mês, a mais de uma empresa,
cuja soma das remunerações superar o limite mensal do salário de contribuição, comprovar às que
sucederem à primeira o valor ou valores sobre os quais já tenha incidido o desconto da contribuição, de
forma a se observar o limite máximo do salário de contribuição.

No entanto, quando o segurado contribuinte individual exercer atividade econômica por conta própria
ou prestar serviço a pessoa física ou a outro contribuinte individual, produtor rural pessoa física, missão
diplomática ou repartição consular de carreira estrangeiras, ou quando se tratar de brasileiro civil que
trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo, está
obrigado a recolher sua contribuição, por iniciativa própria, até o dia 15 do mês seguinte àquele a que
as contribuições se referirem, prorrogando-se o vencimento para o dia útil subsequente quando não
houver expediente bancário no dia quinze.

15
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Contribuinte individual
Quem arrecada e recolhe?

quem arrecada e recolhe é


a empresa contratante, se o CI presta
inclusive se optante pelo serviço para
simples nacional ou empresa
sendo empresa imune

OU

o próprio segurado contribuinte individual

Se o CI presta serviço para:


Se o CI presta
- pessoa física
serviço por
- outro contrib. individual
conta própria
- produtor rural pessoa física

Se o CI presta serviço para missão diplomática


ou repartição consular de carreira estrangeira

ou quando tratar-se de brasileiro civil que trabalha


no exterior para organismo oficial internacional
do qual o brasil seja membro efetivo

6 - Arrecadação das contribuições do segurado especial

O próprio produtor rural pessoa física e o segurado especial são obrigados a recolher a contribuição
de 1,3% incidente sobre a receita bruta da comercialização da produção rural, caso comercializem a sua
produção:

• com adquirente domiciliado no exterior;


• diretamente, no varejo, a consumidor pessoa física;
• a outro produtor rural pessoa física; ou
• a outro segurado especial.

No entanto, a contribuição do segurado especial será recolhida pela empresa adquirente


(consumidora ou consignatária) ou a cooperativa, que ficam sub-rogadas no cumprimento das
obrigações do segurado especial, independentemente de as operações de venda ou consignação terem

16
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

sido realizadas diretamente com estes ou com intermediário pessoa física, bem como no caso em que
tal adquirente seja:

• Pessoa Jurídica;
• Pessoa física não produtora rural, que adquire a produção do segurado especial ou do produtor
rural pessoa física para vender, no varejo, a consumidor pessoa física, como, por exemplo, os
feirantes não produtores.

Obs.: O segurado especial que contratar empregados por prazo determinado ou trabalhador rural
em caráter eventual, sem relação de emprego, à razão de no máximo 120 (cento e vinte) pessoas por
dia no ano civil, está obrigado a arrecadar e recolher as contribuições, sob sua responsabilidade, até o
dia 20 do mês seguinte ao da competência (Lei 14.438/22), nas seguintes situações:

• caso comercialize a sua produção:


a) no exterior;
b) diretamente, no varejo, ao consumidor pessoa física;
c) com produtor rural pessoa física;
d) com segurado especial
• caso obtenha receitas:
a) comercializando artigos de artesanato elaborados com matéria-prima produzida pelo
respectivo grupo familiar;
b) comercializando artesanato ou exercendo atividade artística;
c) com serviços prestados, equipamentos utilizados e produtos comercializados no imóvel
rural, desde que em atividades turística e de entretenimento desenvolvidas no próprio
imóvel, inclusive hospedagem, alimentação, recepção, recreação e atividades pedagógicas,
bem como taxa de visitação e serviços especiais;
• caso tenha trabalhadores a seu serviço, devendo recolher a contribuição arrecadada destes
trabalhadores.

Segurado Especial e Produtor Rural Pessoa Física


Quem arrecada e recolhe?
o adquirente da produção rural

se for pessoa jurídica

se for pessoa física, não produtor rural,


que adquira a produção para venda,
no varejo, a pessoas físicas

OU
17
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

o próprio segurado, se vender para

adquirente domiciliado no exterior

diretamente, no varejo, a consumidor pessoa física

produtor rural pessoa física

outro segurado especial

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto à arrecadação e recolhimento das contribuições previdenciárias, analise as assertivas abaixo:
I - A missão diplomática está excluída da obrigação de arrecadar a contribuição do contribuinte
individual, cabendo ao contribuinte recolher a própria contribuição.
II - O próprio produtor rural pessoa física e o segurado especial são obrigados a recolher a contribuição
de 1,3% incidente sobre a receita bruta da comercialização da produção rural, caso comercializem a sua
produção diretamente, no varejo, a consumidor pessoa física.
III - O próprio produtor rural pessoa física e o segurado especial são obrigados a recolher a contribuição
de 1,3% incidente sobre a receita bruta da comercialização da produção rural, caso comercializem a sua
produção com pessoa física não produtora rural, que adquire a produção do segurado especial ou do
produtor rural pessoa física para vender, no varejo, a consumidor pessoa física, como, por exemplo, os
feirantes não produtores.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:

18
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

I - A missão diplomática está excluída da obrigação de arrecadar a contribuição do contribuinte


individual, cabendo ao contribuinte recolher a própria contribuição.
Assertiva correta. Nesse caso, o próprio CI deverá efetuar o recolhimento de suas contribuições.

II - O próprio produtor rural pessoa física e o segurado especial são obrigados a recolher a contribuição
de 1,3% incidente sobre a receita bruta da comercialização da produção rural, caso comercializem a sua
produção diretamente, no varejo, a consumidor pessoa física.
Assertiva correta. Nesta situação apresentada, o próprio produtor rural pessoa física e o segurado
especial são obrigados a recolher a contribuição incidente sobre a receita bruta da comercialização da
produção rural.

III - O próprio produtor rural pessoa física e o segurado especial são obrigados a recolher a contribuição
de 1,3% incidente sobre a receita bruta da comercialização da produção rural, caso comercializem a sua
produção com pessoa física não produtora rural, que adquire a produção do segurado especial ou do
produtor rural pessoa física para vender, no varejo, a consumidor pessoa física, como, por exemplo, os
feirantes não produtores.
Assertiva incorreta. Nesse caso, a contribuição do segurado especial será recolhida pelo adquirente,
como estudamos.

Gabarito: B

PRAZO DE RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES


PREVIDENCIÁRIAS
Já estudamos o prazo para recolhimento da maioria das contribuições previdenciárias, mas, por ora,
vamos apresentar uma regra prática para facilitar a memorização dos respectivos prazos.

Existem, em regra, 5 prazos de vencimento das contribuições previdenciárias, conforme segue:

• 2 contribuições vencem até o dia 15 do mês seguinte;


• 1 contribuição vence até o dia 20 de dezembro;
• 1 contribuição vence em até 2 dias úteis após a realização do evento;
• 2 contribuições vencem até o dia 07* do mês seguinte (Obs.: Foi alterada para o dia 20, nos
termos da lei 14.438/2022, contudo essa alteração ainda não está produzindo efeitos); e
• várias contribuições vencem até o dia 20 do mês seguinte.

19
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Prazo de recolhimento das


contribuições previdenciárias

existem 5 datas de vencimento

2 1 1 2 várias
contribuições
contribuições contribuição contribuição contribuições

até dia 07*


até dia ” 15 ” até dia em até do até dia ” 20 ”
do 20/ dezembro 2 dias úteis mês seguinte do
mês seguinte (*lei 14.438/22) mês seguinte

1 - Contribuições que vencem até o dia 15 do mês seguinte

O Prazo de recolhimento será até o dia 15 do mês seguinte ao da respectiva competência nos seguintes
casos:

• As contribuições dos Segurados Facultativos;

• As contribuições do Contribuinte Individual, quando recolhidas pelo próprio segurado;

ATENÇÃO: Se o vencimento destas contribuições cair em dia não útil, PRORROGA-SE o


vencimento para o dia útil seguinte. São estes os únicos casos dentre os apresentados em
que há possibilidade de prorrogação de prazo de vencimento, quando cair em dia não útil.

até o dia 15 do mês seguinte


contribuição do segurado facultativo

contribuição do segurado contribuinte individual


(quando ele mesmo recolhe)
se o vencimento cair em dia não útil, prorroga para o dia útil seguinte

20
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2 - Contribuição que vence até o dia 20 de dezembro

O Prazo de recolhimento será até o dia 20 de dezembro nos seguintes casos:


• Contribuição incidente sobre o 13º salário, exceto no caso de rescisão de contrato de trabalho,
em que as contribuições devidas deverão ser recolhidas até o dia 20 do mês seguinte ao da
rescisão, computando-se em separado das demais verbas e contribuições calculadas e recolhidas
no mês.

ATENÇÃO: Se o vencimento cair em dia não útil, ANTECIPA-SE o vencimento para o dia útil
anterior.

OBSERVAÇÃO: Conforme disposto no ¶ 1º, do art. 216, do Regulamento da Previdência


Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, o desconto da contribuição do segurado
incidente sobre o valor bruto da gratificação natalina – 13º terceiro salário - é devido quando
do pagamento ou crédito da última parcela e deverá ser calculado em separado, e recolhida,
juntamente com a contribuição a cargo da empresa, até o dia 20 do mês de dezembro,
antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente anterior se não houver
expediente bancário no dia 20.

até o dia 20 de dezembro


referente ao 13º salário
(calculado e recolhido em separado)
quando o 13º salário é pago proporcionalmente, em caso de
rescisão de contrato de trabalho, deverá ser paga a
contribuição até o dia 20 do mês seguinte ao da rescisão.

se o vencimento cair em dia não útil, antecipa para o dia útil anterior

3 - Contribuição que vence até 2 dias úteis após a realização do


evento

O Prazo de recolhimento será até 2 (dois) dias úteis após a realização do evento nos seguintes casos:

21
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Contribuição de 5% incidente sobre a receita bruta da Associação Desportiva que mantém


Equipe de Futebol Profissional, decorrente dos espetáculos desportivos de que participem em
todo território nacional, em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais.

ATENÇÃO: O vencimento sempre cairá em dia útil, pois o será em até 2 dias úteis após a
realização do evento.

em até 2 dias úteis após o evento


a contribuição de 5% incidente
sobre a receita bruta decorrente
dos espetáculos desportivos

4 - Contribuições que vencem até o dia 20 do mês seguinte (Lei


14.438/2022)

*Segundo a lei nº14.438/22, o vencimento das contribuições que estudaremos neste tópico foi
alterado do dia 07 (sete) do mês seguinte para o dia 20 (vinte) do mês seguinte, sendo que tal
alteração só produzirá efeitos a partir da data de início da arrecadação por meio da prestação
dos serviços digitais de geração de guias.

Assim sendo, assim que a lei 14.438/2022 produzir efeitos em relação a essa mudança de prazo de
vencimento, o novo prazo de recolhimento passará a ser até o dia 20 do mês seguinte ao da respectiva
competência nos seguintes casos:

Segurado Especial

O segurado especial que contratar empregados por prazo determinado ou trabalhador rural em
caráter eventual, sem relação de emprego, à razão de no máximo 120 (cento e vinte) pessoas por dia
no ano civil, está obrigado a arrecadar e recolher as contribuições, sob sua responsabilidade, até o dia
20 (vinte) do mês seguinte ao da competência (LEI 14.438/2022), nas seguintes situações:

22
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Contribuições recolhidas pelo próprio segurado especial, incidente sobre a receita bruta da
comercialização da produção rural;

• Contribuições recolhidas pelo próprio segurado especial, nos seguintes casos:


o Sobre comercialização de artigos de artesanato elaborados com matéria-prima produzida
pelo respectivo grupo familiar;
o Sobre comercialização de artesanato ou exercendo atividade artística;
o Sobre receitas provenientes de serviços prestados, equipamentos utilizados e produtos
comercializados no imóvel rural, desde que em atividades turística e de entretenimento
desenvolvidas no próprio imóvel, inclusive hospedagem, alimentação, recepção, recreação
e atividades pedagógicas, taxa de visitação e serviços especiais;

• Contribuição arrecadada pelo segurado especial dos trabalhadores a seu serviço.

Empregador Doméstico

• Contribuição descontada do empregado doméstico pelo empregador doméstico;

• Contribuição patronal do próprio empregador doméstico.

ATENÇÃO: Se o vencimento cair em dia não útil, ANTECIPA-SE o vencimento para o dia útil
anterior.

5 - Contribuições que vencem até o dia 20 do mês seguinte

O Prazo de recolhimento será até o dia 20 do mês seguinte ao da respectiva competência nos demais
casos, tais como:

• Descontadas dos empregados, trabalhadores avulsos e contribuinte individual;

• Contribuições patronais incidentes sobre a remuneração dos segurados a serviço da empresa;

• Retenções de 11% nos casos de cessão de mão de obra ou empreitada;

• Contribuições incidentes sobre a comercialização da produção rural, exceto quando recolhidas


pelo próprio segurado, cujo vencimento, neste caso, será no dia 20 do mês seguinte (LEI
14.438/2022);

• Contribuição de 5% incidentes sobre patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos,


publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos;

23
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Contribuição previdenciária patronal do microempreendedor individual (MEI), incidente sobre


o salário de contribuição do único empregado que lhe presta serviço, se houver (3%);

• Contribuição descontada pelo MEI do seu empregado

ATENÇÃO: Se o vencimento cair em dia não útil, ANTECIPA-SE o vencimento para o dia útil
anterior.

até o dia 20 do mês seguinte

as demais contribuições
se o vencimento cair em dia não útil, antecipa para o dia útil anterior

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto ao custeio da Seguridade Social, analise as assertivas abaixo:
I - Contribuinte individual, quando exercer atividade econômica por conta própria é obrigado a recolher
sua contribuição, por iniciativa própria, até o dia quinze do mês seguinte àquele a que as contribuições
se referirem.
II - Os segurados, contribuinte individual e facultativo, estão obrigados a recolher sua contribuição por
iniciativa própria, até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência.
III - nos termos da legislação de custeio previdenciário em vigor, que se não houver expediente bancário
nas datas legais de recolhimento da contribuição, o recolhimento deverá ser efetuado no dia útil
imediatamente posterior

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

24
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

COMENTÁRIOS:
I - Contribuinte individual, quando exercer atividade econômica por conta própria é obrigado a recolher
sua contribuição, por iniciativa própria, até o dia quinze do mês seguinte àquele a que as contribuições
se referirem.
Assertiva correta. A presente assertiva está correta, pois nos termos do art. 216, inciso II, do
Regulamento da Previdência Social – RPS, o contribuinte individual, quando exercer atividade
econômica por conta própria, é obrigado a recolher sua contribuição, por iniciativa própria, até o dia
quinze do mês seguinte àquele a que as contribuições se referirem.

II - Os segurados, contribuinte individual e facultativo, estão obrigados a recolher sua contribuição por
iniciativa própria, até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência.
Assertiva incorreta. Conforme disposto no art. 30, inciso II, da Lei nº 8.212/91, “o segurado
contribuinte individual e o facultativo estão obrigados a recolher sua contribuição por iniciativa
própria, até o dia quinze do mês seguinte ao da competência”

III - nos termos da legislação de custeio previdenciário em vigor, que se não houver expediente bancário
nas datas legais de recolhimento da contribuição, o recolhimento deverá ser efetuado no dia útil
imediatamente posterior
Assertiva incorreta. Conforme disposto no § 2º do art. 30 da Lei nº 8.212/91, se não houver expediente
bancário nas datas indicadas, teremos duas possibilidades de prazo para recolhimento, conforme segue:
O recolhimento das contribuições dos segurados contribuinte individual e facultativo, quando eles estão
obrigados a recolher sua contribuição por iniciativa própria, deverá ocorrer até o dia quinze do mês
seguinte ao da competência, prorrogando-se para o dia útil imediatamente posterior, se não houver
expediente bancário nas datas indicadas.
O recolhimento das contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a serviço da
empresa, referente aos valores descontados da respectiva remuneração, bem como todas as demais
contribuições cujo prazo de recolhimento também seja até o dia 20 do mês seguinte ao da competência
(inclusive a contribuição incidente sobre o 13º salário, cujo prazo de recolhimento será dia 20 de
dezembro, exceto nos casos de rescisão do contrato de trabalho, quando tais contribuições deverão ser
recolhidas até o dia 20 do mês seguinte ao da rescisão), serão antecipadas para o dia útil imediatamente
anterior, se não houver expediente bancário nas datas indicadas.

Gabarito: A

6 - Recolhimento Trimestral

É facultado aos segurados contribuinte individual (apenas quando recolhem sua contribuição por
conta própria) e facultativo, cujos salários-de-contribuição sejam iguais ao valor de um salário-
mínimo, optarem pelo recolhimento trimestral das contribuições previdenciárias, com vencimento no
dia quinze do mês seguinte ao de cada trimestre civil.

25
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

ATENÇÃO: Se no vencimento destas contribuições, no dia quinze do mês seguinte ao de cada


trimestre civil, não houver expediente bancário, PRORROGA-SE o vencimento para o dia útil
subsequente.

Diante do exposto, podemos concluir que as contribuições que podem ser pagas até o dia 15 do mês
seguinte, quando recolhidas sobre um salário-mínimo, poderão ser recolhidas trimestralmente.

7 - Valor Mínimo para Recolhimento

Nos termos do art. 398 da IN RFB nº 971/2009, na redação dada pela IN RFB nº 1.238/2012, é vedado
o recolhimento, em documento de arrecadação, de valor inferior a R$ 10,00.

Se o valor a recolher na competência for inferior ao valor mínimo estabelecido, deverá ser adicionado
ao devido na competência seguinte, e assim sucessivamente, até atingir o valor mínimo permitido para
recolhimento.

Ficam sujeitos aos acréscimos legais os valores não recolhidos a partir da competência em que for
alcançado o valor mínimo.

RECOLHIMENTO FORA DO PRAZO


Os débitos com a União, decorrentes das contribuições sociais previdenciárias, não pagos nos prazos
previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora.

O dirigente de órgão ou entidade da administração federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal


responde pessoalmente pela multa aplicada por infração a dispositivos deste Regulamento, sendo
obrigatório o respectivo desconto em folha de pagamento, mediante requisição dos órgãos competentes
e a partir do primeiro pagamento que se seguir à requisição.

Recolhimento fora do prazo

os débitos com a união, decorrentes das contribuições sociais


previdenciárias, não pagos nos prazos previstos na legislação,
serão acrescidos de

juros multa
de mora de mora

26
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

1 - Juros de Mora

Quando as contribuições previdenciárias forem pagas após a data de vencimento, incidirão juros que
serão calculados da seguinte forma:

• Acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia


- SELIC, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do mês subsequente ao do
vencimento do prazo até o último dia do mês anterior ao do pagamento;

• 1% no mês do pagamento.

Obs.: Não há cobrança de juros de mora para pagamentos feitos dentro do próprio mês de
vencimento, ainda que pago em atraso. Neste caso, incidirá apenas multa de mora, como
estudaremos a seguir.

Exemplo:
Contribuição patronal da empresa referente à competência out/2022: R$ 100.000,00.
Data do Vencimento: 20/novembro/2022.
Data do Pagamento: 08/março/2023.

Cálculo do Juros de Mora:


Novembro/22: não incide juros de mora, pois é o mês de vencimento.
Dezembro/22: Selic = 0,55%
Janeiro/23: Selic = 0,60%
Fevereiro/23: Selic = 0,49%
Março/23: 1% (alíquota padrão no mês de pagamento)

TOTAL DOS JUROS DE MORA: 2,64% (0,55 + 0,60 + 0,49 + 1)


TOTAL A PAGAR: R$ 2.640,00 (2,64% de R$100.000,00)

Taxa Selic, acumulada mensalmente,


juros
a partir do primeiro dia do mês subsequente
de
ao vencimento do prazo até o mês anterior
mora
ao do pagamento + 1% (no mês do pagamento)

2 - Multa de Mora

Quando as contribuições previdenciárias forem pagas após a data de vencimento, (espontaneamente ou


após terem sido devidamente declaradas ao fisco), serão acrescidos, além dos juros de mora, também a
multa de mora, que serão calculados da seguinte forma:

27
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• 0,33% por dia de atraso, calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do
prazo previsto para pagamento, até o dia em que ocorrer seu efetivo pagamento.

• O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a 20% (ou seja, a partir do 61º dia de atraso,
o valor ficará fixo em 20%).

Exemplo:
Contribuição patronal da empresa referente à competência out/2017: R$ 100.000,00.
Data do Vencimento: 20/novembro/2017.
Data do Pagamento: 08/março/2018.

Cálculo da Multa de Mora:


Novembro/2017: 10 dias de atraso
Dezembro/2017: 31 dias de atraso
Janeiro/2018: 31 dias de atraso
Fevereiro/2018: 28 dias de atraso
Março/2018: 8 dias de atraso

TOTAL DA MULTA DE MORA: 108 dias em atraso x 0,33% = 35,64% (Limitado a 20%).
TOTAL A PAGAR: R$ 20.000,00 (20% de R$ 100.000,00).

multa 0,33% ao dia de atraso, limitado a 20%


de (aplica-se no caso de pagamento espontâneo
mora ou quando houver declaração prévia)

3 - Multa de Ofício

Quando for constatado contribuições previdenciárias devidas e não declaradas em GFIP, caberá à
Receita Federal do Brasil – RFB efetuar lançamento de ofício, por meio da lavratura de auto de infração
ou notificação de lançamento.

Neste caso, a multa a ser aplicada passa a ser de 75%, calculada sobre a contribuição devida e não
recolhida.

Tal multa poderá dobrar de valor, passando de 75% para 150% nos seguintes casos:

• Compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito


passivo;

• Nos casos de evidente intuito de fraude.

28
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

multa de ofício
(através de lavratura de auto-de-infração ou notificação de lançamento)

nos casos de contribuição não integralmente


75% recolhida e não declarada

compensação indevida
em dobro (falsidade da declaração )
150 % nos casos de evidente intuito de fraude

3.1 - Agravamento da Multa de Ofício

Os percentuais da multa de ofício que acabamos de estudar (75% ou 150%, conforme o caso), serão
aumentadas de metade, passando respectivamente para 112,5% e 225%, nos seguintes casos:

• Não atendimento, pelo sujeito passivo, de intimação para prestar esclarecimentos no prazo
determinado;

• Não atendimento, pelo sujeito passivo, de intimação para apresentar arquivos digitais, quando
usuário de sistema de processamento eletrônico de dados, bem como a documentação técnica
completa e atualizada do sistema, suficiente para possibilitar a sua auditoria, facultada a
manutenção em meio magnético, sem prejuízo de sua emissão gráfica, quando solicitada.

Agravamento da multa de ofício


multas não atendimento de intimação
de ofício para prestar esclarecimentos
serão não atendimento de intimação para
aumentadas apresentar arquivos digitais, quando usuária
de metade de sistema de proc. eletrônico de dados

75% aumenta para 112,5%


150% aumenta para 225%

29
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A respeito do recolhimento de contribuição previdenciária fora do prazo, julgue os itens subsequentes:
I - As contribuições sociais incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento ou inscritas em dívida
ativa que forem pagas com atraso estarão sujeitas a atualização monetária, juros de mora e multa.
Acerca da multa de mora, o valor será de 0,66% ao dia, limitado a 20%.
II - Quando as contribuições previdenciárias forem pagas após a data de vencimento, (espontaneamente
ou após terem sido devidamente declaradas ao fisco), serão acrescidos, além dos juros de mora, também
a multa de mora.
III - A multa de ofício poderá dobrar de valor, passando de 75% para 150% no caso de compensação
indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - As contribuições sociais incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento ou inscritas em dívida
ativa que forem pagas com atraso estarão sujeitas a atualização monetária, juros de mora e multa.
Acerca da multa de mora, o valor será de 0,66% ao dia, limitado a 20%.
Assertiva incorreta. Quando as contribuições previdenciárias forem pagas após a data de vencimento,
(espontaneamente ou após terem sido devidamente declaradas ao fisco), serão acrescidos, além dos
juros de mora, também a multa de mora, que serão calculados da seguinte forma:
- 0,33% por dia de atraso, calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo
previsto para pagamento, até o dia em que ocorrer seu efetivo pagamento.
- O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a 20%.

II - Quando as contribuições previdenciárias forem pagas após a data de vencimento, (espontaneamente


ou após terem sido devidamente declaradas ao fisco), serão acrescidos, além dos juros de mora, também
a multa de mora.

30
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva correta. Neste caso, a multa a ser aplicada é a multa de mora (e não a multa de ofício),
exatamente como está na presente assertiva.

III - A multa de ofício poderá dobrar de valor, passando de 75% para 150% no caso de compensação
indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.
Assertiva correta. A multa de ofício poderá dobrar de valor, passando de 75% para 150% nos
seguintes casos:
- Compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo;
- Nos casos de evidente intuito de fraude.

Gabarito: D

3.2 - Redução da Multa de Ofício

Ao sujeito passivo que, notificado, efetuar o pagamento, a compensação ou o parcelamento das


contribuições sociais, será concedida redução da multa de lançamento de ofício nos seguintes
percentuais:

• 50%, se for efetuado o pagamento ou a compensação no prazo de 30 dias, contado da data em


que o sujeito passivo foi notificado do lançamento;

• 40%, se o sujeito passivo requerer o parcelamento no prazo de 30, contado da data em que foi
notificado do lançamento;

• 30%, se for efetuado o pagamento ou a compensação no prazo de 30 dias, contado da data em


que o sujeito passivo foi notificado da decisão administrativa de primeira instância;

• 20%, se o sujeito passivo requerer o parcelamento no prazo de 30 dias, contado da data em que
foi notificado da decisão administrativa de primeira instância.

No caso de provimento ao recurso de ofício interposto por autoridade julgadora de primeira instância
(Delegacia da receita Federal de Julgamento - DRJ), aplica-se a redução de:

• 30%, para o caso de pagamento ou compensação; ou

• 20%, para o caso de parcelamento.

A rescisão do parcelamento, motivada pelo descumprimento das normas que o regulam, implicará
restabelecimento do montante da multa proporcionalmente ao valor da receita não satisfeita e que
exceder o valor obtido com a garantia apresentada.

31
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Redução da multa de ofício


pagamento/
parcelamento
compensação
dentro de 30 dias da
data da notificação redução de 50% redução de 40%
do lançamento
dentro de 30 dias da
ciência da decisão de redução de 30% redução de 20%
1ª instância (drj)

OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
As obrigações acessórias têm por objeto as prestações positivas ou negativas previstas na legislação
tributária, assim entendidas aquelas prestações obrigacionais de fazer ou deixar de fazer, desde que
sejam no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Não se incluem as obrigações de dar
dinheiro ao fisco (pagar tributo ou penalidade pecuniária), porque estas são consideradas "obrigações
principais".

As obrigações acessórias, em síntese, são obrigações meramente instrumentais e burocráticas, que


facilitam o cumprimento das obrigações principais tributárias.

Na esfera previdenciária, as obrigações acessórias têm por finalidade, dentre outras, subsidiar a
fiscalização para a verificação da regularidade fiscal previdenciária do contribuinte.

O art. 32 da lei nº 8.212/91, c/c o art. 225 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo
Decreto n 3.048/99, dispõe sobre as principais obrigações acessórias das empresas em matéria de
interesse do fisco previdenciário. Tal assunto é muito cobrado em provas de concursos e será estudado
de forma detalhada e diagramada a seguir:

32
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

1 - Folha de Pagamento

A empresa (ou equiparada) é obrigada a preparar folhas-de-pagamento das remunerações pagas ou


creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos,
devendo manter, em cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de pagamentos.

A empresa (ou equiparada) também deverá manter à disposição da fiscalização os códigos ou


abreviaturas que identifiquem as respectivas rubricas utilizadas na elaboração da folha de pagamento.
Tais código ou abreviaturas não precisam obedecer a um padrão determinado pela Receita Federal do
Brasil.

A folha de pagamento será elaborada mensalmente, de forma coletiva, por estabelecimento da empresa,
por obra de construção civil e por tomador de serviços, com a correspondente totalização, e deverá:

• discriminar o nome dos segurados, indicando cargo, função ou serviço prestado;


• agrupar os segurados por categoria, assim entendido: segurado empregado, trabalhador avulso,
contribuinte individual;
• destacar o nome das seguradas em gozo de salário-maternidade;
• destacar as parcelas integrantes e não integrantes da remuneração e os descontos legais; e
• indicar o número de quotas de salário-família atribuídas a cada segurado empregado ou
trabalhador avulso.

No que se refere ao trabalhador portuário avulso, o órgão gestor de mão de obra (OGMO) elaborará a
folha de pagamento por navio, mantendo-a disponível para uso da fiscalização, indicando o operador
portuário e os trabalhadores que participaram da operação, detalhando, com relação aos respectivos
trabalhadores:

• os correspondentes números de registro ou cadastro no órgão gestor de mão de obra;


• o cargo, função ou serviço prestado;
• os turnos em que trabalharam; e
• as remunerações pagas, devidas ou creditadas a cada um dos trabalhadores e a correspondente
totalização.

O órgão gestor de mão de obra consolidará as folhas de pagamento relativas às operações concluídas
no mês anterior por operador portuário e por trabalhador portuário avulso, indicando, com relação a
estes, os respectivos números de registro ou cadastro, as datas dos turnos trabalhados, as importâncias
pagas e os valores das contribuições previdenciárias retidas.

Para efeito de observância do limite máximo da contribuição do segurado trabalhador avulso, o órgão
gestor de mão de obra manterá resumo mensal e acumulado, por trabalhador portuário avulso, dos
valores totais das férias, do décimo terceiro salário e das contribuições previdenciárias retidas.

Obs.: Nos termos do art. 216, inciso XII, do RPS, a empresa que remunera contribuinte
individual é obrigada a fornecer a este comprovante do pagamento do serviço prestado
consignando, além dos valores da remuneração e do desconto feito, o número da inscrição

33
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

do segurado no Instituto Nacional do Seguro Social. Já o § 21 do art. 216, por sua vez, dispõe
sobre o compromisso de que o valor da respectiva remuneração será incluído em Guia de
Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social
– GFIP e efetuado o recolhimento da correspondente contribuição.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Em relação às obrigações acessórias das empresas, dos contribuintes equiparados a empresa e dos
segurados da previdência social, assinale a alternativa correta:
a) Os códigos ou abreviaturas que identifiquem as respectivas rubricas utilizadas na elaboração das
folhas de pagamento devem obedecer ao padrão determinado pela Receita Federal do Brasil, órgão
responsável por arrecadar os tributos referentes à Previdência Social.
b) Os registros da folha de pagamentos de obras de construção civil podem ser mantidos centralizados
na sede da empresa construtora.
c) folha de pagamento deve incluir todas as remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a
serviço da empresa, exceto os contribuintes individuais, uma vez que não possuem vínculo
empregatício com a empresa.
d) Constituem obrigações acessórias das empresas, de acordo com o Regulamento da Previdência
Social, preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a
seu serviço, devendo manter, em cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de
pagamento.

COMENTÁRIOS:
a) Os códigos ou abreviaturas que identifiquem as respectivas rubricas utilizadas na elaboração das
folhas de pagamento devem obedecer ao padrão determinado pela Receita Federal do Brasil, órgão
responsável por arrecadar os tributos referentes à Previdência Social.
Assertiva incorreta. Os códigos ou abreviaturas que identifiquem as respectivas rubricas utilizadas na
elaboração das folhas de pagamento deverão ficar à disposição da fiscalização, sem, contudo, obedecer
a um padrão determinado pela Receita Federal do Brasil.

b) Os registros da folha de pagamentos de obras de construção civil podem ser mantidos centralizados
na sede da empresa construtora.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 225 da lei 8.212/91, a empresa é também obrigada a preparar
folha de pagamento da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço,
devendo manter, em cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de pagamentos.

34
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

c) folha de pagamento deve incluir todas as remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a
serviço da empresa, exceto os contribuintes individuais, uma vez que não possuem vínculo
empregatício com a empresa.
Assertiva incorreta. A empresa é também obrigada a preparar folha de pagamento da remuneração
paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, inclusive aqueles sem vínculo
empregatício.

d) Constituem obrigações acessórias das empresas, de acordo com o Regulamento da Previdência


Social, preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a
seu serviço, devendo manter, em cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de
pagamento.
Assertiva correta. Assertiva correta, nos termos do art. 225 da lei 8.212/91.

Gabarito: D

2 - Contabilidade e Documentação Fiscal

A empresa é obrigada a lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma


discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as
contribuições da empresa e os totais recolhidos.

Também é obrigada a prestar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Secretaria da Receita Federal
todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse deles, na forma por eles
estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização.

Os lançamentos contábeis, devidamente escriturados nos livros Diário e Razão, serão exigidos pela
fiscalização após 90 (noventa) dias contados da ocorrência dos fatos geradores das contribuições,
devendo, obrigatoriamente:

• atender ao princípio contábil do regime de competência;

• registrar, em contas individualizadas, todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias


de forma a identificar, clara e precisamente, as rubricas integrantes e não integrantes do salário
de contribuição, bem como as contribuições descontadas do segurado, as da empresa e os totais
recolhidos, por estabelecimento da empresa, por obra de construção civil e por tomador de
serviços.

A empresa deverá, também, manter a disposição da fiscalização os códigos ou abreviaturas que


identifiquem as respectivas rubricas utilizadas na elaboração da folha de pagamento, bem como os
utilizados na escrituração contábil.

35
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

A empresa manterá arquivados os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações


mencionadas e os documentos comprobatórios do pagamento de benefícios previdenciários
reembolsados até que ocorra a prescrição relativa aos créditos decorrentes das operações a que os
documentos se refiram, observados o disposto no § 22 e nas normas estabelecidas pela Secretaria
Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da Economia e pelo Conselho Curador do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço.

A empresa, o segurado da Previdência Social, o serventuário da Justiça, o síndico ou seu representante,


o comissário e o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são obrigados a exibir
todos os documentos e livros relacionados com as contribuições previdenciárias.

Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente,


a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a
importância devida.

Além das obrigações contábeis aqui mencionadas, a empresa é obrigada a cumprir as demais normas
legais e regulamentares referentes à escrituração contábil.

A empresa, agência ou sucursal estabelecida no exterior deverá apresentar os documentos


comprobatórios do cumprimento das obrigações previdenciárias à sua congênere no Brasil, observada
a responsabilidade solidária.

São desobrigadas de apresentação de escrituração contábil:

• o pequeno comerciante, nas condições estabelecidas pelo Decreto-lei nº 486, de 3 de março de


1969, e seu Regulamento;

• a pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, de acordo com a legislação tributária
federal, desde que mantenha a escrituração do Livro Caixa e Livro de Registro de Inventário; e

• a pessoa jurídica que optar pela inscrição no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e
Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples nacional), desde que
mantenha escrituração do Livro Caixa e Livro de Registro de Inventário.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A respeito de obrigações acessórias, é correto afirmar:
a) O síndico não é obrigado a exibir todos os documentos e livros relacionados com as contribuições
previstas na Lei n. 8.212/91.

36
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

b) Constituem obrigações acessórias das empresas, de acordo com o Regulamento da Previdência


Social, prestar à Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de
interesse desta, na forma por esta estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização.
c) A empresa é obrigada exibir à fiscalização da RFB, quando intimada para tal, todos os documentos e
livros com as formalidades legais intrínsecas e extrínsecas, relacionados com as contribuições sociais,
salvo na hipótese em que, justificadamente, tais documentos e livros estejam fora da sede da empresa.
d) É obrigação acessória das contribuições sociais para a previdência social o lançamento semanal, em
títulos contábeis próprios, de forma discriminada, dos fatos geradores de todas as contribuições sociais
a cargo da empresa.

COMENTÁRIOS:
a) O síndico não é obrigado a exibir todos os documentos e livros relacionados com as contribuições
previstas na Lei n. 8.212/91.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 33, § 2º, da Lei 8.212/91, "A empresa, o segurado da
Previdência Social, o serventuário da Justiça, o síndico ou seu representante, o comissário e o liquidante
de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são obrigados a exibir todos os documentos e livros
relacionados com as contribuições previstas nesta Lei"

b) Constituem obrigações acessórias das empresas, de acordo com o Regulamento da Previdência


Social, prestar à Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de
interesse desta, na forma por esta estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização.
Assertiva correta. Nos termos do art. 225, III, do Decreto 3.048/99, a empresa é obrigada a prestar ao
Instituto Nacional do Seguro Social e à Secretaria da Receita Federal todas as informações cadastrais,
financeiras e contábeis de interesse deles, na forma por eles estabelecida, bem como os esclarecimentos
necessários à fiscalização.

c) A empresa é obrigada exibir à fiscalização da RFB, quando intimada para tal, todos os documentos e
livros com as formalidades legais intrínsecas e extrínsecas, relacionados com as contribuições sociais,
salvo na hipótese em que, justificadamente, tais documentos e livros estejam fora da sede da empresa.
Assertiva incorreta. A empresa não pode alegar que tais documentos e livros estejam fora da sede da
empresa para se eximir do cumprimento de sua obrigação.

d) É obrigação acessória das contribuições sociais para a previdência social o lançamento semanal, em
títulos contábeis próprios, de forma discriminada, dos fatos geradores de todas as contribuições sociais
a cargo da empresa.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 32, II, da Lei 8.212/91, a empresa é obrigada a lançar
mensalmente (e não semanalmente) em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada,
os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da
empresa e os totais recolhidos.

Gabarito: B

37
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

3 - Inscrição dos Empregados, Trabalhadores Avulsos e


Contribuintes Individuais a Serviço da Empresa.

A empresa (ou equiparada) é obrigada a inscrever, no RGPS, os segurados empregados e trabalhadores


avulsos a seu serviço.

Outrossim, deverá inscrever, na qualidade de contribuinte individual, as pessoas físicas contratadas


sem vínculo empregatício, bem como os cooperados, no caso de cooperativas, se ainda não inscritos.

• Inscrição do segurado empregado: deverá ser efetuada diretamente pela empresa, mediante
preenchimento dos documentos que o habilitem ao exercício da atividade, formalizado pelo
contrato de trabalho;
• Inscrição do trabalhador avulso portuário: deverá ser efetuada diretamente no Órgão Gestor
de mão de obra (OGMO), mediante cadastramento e registro do trabalhador;
• Inscrição do trabalhador avulso não-portuário: deverá ser efetuada diretamente no sindicato
de classe, mediante cadastramento e registro do trabalhador;
• Inscrição do contribuinte individual e cooperados: deverá ser efetuada diretamente pela
empresa ou cooperativa, caso constate que ainda não estão inscritos.

4 - Sistema de Processamento Eletrônico de Dados

A empresa que utiliza sistema de processamento eletrônico de dados para o registro de negócios e
atividades econômicas, escrituração de livros ou produção de documentos de natureza contábil, fiscal,
trabalhista e previdenciária fica obrigada a arquivar e conservar, devidamente certificados, os sistemas
e os arquivos, em meio eletrônico ou assemelhado, durante o prazo decadencial, os quais ficarão à
disposição da fiscalização.

5 - Matrícula de Obra de Construção Civil

A empresa (ou equiparada) é obrigada a matricular obra de construção civil de sua propriedade, ou
executada sob sua responsabilidade, no prazo de 30 dias do início das respectivas atividades.

A matrícula deverá ser efetuada mediante comunicação obrigatória do responsável por sua execução,
quando obterá número cadastral básico, de caráter permanente, sob pena de multa.

38
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

6 - Acidente de Trabalho

Para fins estatísticos e epidemiológicos, a empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar o


acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso
de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o
limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e
cobrada pela Previdência Social.

Desta comunicação, receberão cópia fiel o acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que
corresponda a sua categoria.

Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus
dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública,
não prevalecendo nestes casos o prazo previsto na legislação. Neste caso, a comunicação por terceiros
não exime a empresa de responsabilidade e da respectiva multa.

Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão acompanhar a cobrança, pela Previdência


Social, das multas aplicadas.

7 - Encaminhar ao Sindicato Cópia da GPS

A empresa (ou equiparada) ERA OBRIGADA a encaminhar ao sindicato representativo da categoria


profissional mais numerosa entre seus empregados, até o dia dez de cada mês, cópia da Guia da
Previdência Social – GPS. relativamente à competência anterior. Tal obrigação foi revogada pelo Decreto
nº 10.410, de 2020.

8 - Afixar Cópia da GPS no Quadro de Horários

A empresa (ou equiparada) é obrigada a afixar cópia da Guia da Previdência Social, relativamente à
competência anterior, durante o período de um mês, no quadro de horário da empresa.

Obs.: Fica dispensado do cumprimento da obrigação acessória acima mencionada o contribuinte


individual, em relação a segurado que lhe presta serviço.

Ademais, também é obrigada a comunicar, mensalmente, os empregados a respeito dos valores


descontados de sua contribuição previdenciária e, quando for o caso, dos valores da contribuição do
empregador incidentes sobre a remuneração do mês de competência por meio de contracheque, recibo
de pagamento ou documento equivalente.

39
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

9 - Informações sobre Comerciantes Ambulantes

A empresa (ou equiparada) é obrigada a informar, anualmente, à Secretaria da Receita Federal do Brasil,
na forma por ela estabelecida, o nome, o número de inscrição na previdência social e o endereço
completo dos segurados que, pessoalmente, por conta própria e a seu risco, exercem pequena atividade
comercial em via pública ou de porta em porta, como comerciantes ambulantes, por ela utilizados no
período, a qualquer título, para distribuição ou comercialização de seus produtos, sejam eles de
fabricação própria ou de terceiros, sempre que se tratar de empresa que realize vendas diretas.

10 - LTCAT e PPP

A empresa (ou equiparada) é obrigada a manter laudo técnico atualizado com referência aos agentes
nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou emitir documento de
comprovação de efetiva exposição em desacordo com o respectivo laudo. Trata-se do Laudo Técnico
das Condições Ambientais do Trabalho – LTCAT.

A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no
ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva
exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita às penalidades previstas na legislação.

Ademais, deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico previdenciário - PPP, abrangendo
as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de
trabalho ou do desligamento do cooperado, cópia autêntica deste documento.

A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário
denominado perfil profissiográfico previdenciário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do
Seguro Social, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições
ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho.

11 - Apresentação de Livros e demais Documentos

A empresa (ou equiparada) é obrigada a exibir à fiscalização da Receita Federal do Brasil, quando
devidamente intimada para tal, todos os documentos e livros relacionados com as contribuições sociais,
contendo todas as formalidades legais intrínsecas (internas) e extrínsecas (externas).

Exemplos de formalidades legais intrínsecas e extrínsecas:

• Intrínsecas (Internas):

- A escrituração deve ser completa;

40
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

- Em idioma nacional;

- Em forma mercantil, com individualização e clareza;

- Por ordem cronológica de dia mês e ano;

- Sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borraduras, rasuras, emendas e transportes para
as margens.

• Extrínsecas (externas):

- Os livros devem ser encadernados com folhas numeradas e em sequência tipograficamente;

- Devem conter termos de Abertura e de Encerramento;

- Devem ser submetidos à autenticação no órgão competente.

12 - Alvará de Construção Civil

O Município, por intermédio do órgão competente, fornecerá à Receita Federal do Brasil, para fins de
fiscalização, mensalmente, relação de todos os alvarás para construção civil e documentos de "habite-
se" concedidos, de acordo com critérios estabelecidos pelo referido órgão, devendo ser encaminhada
até o dia dez do mês seguinte àquele a que se referirem os documentos.

O encaminhamento da relação fora do prazo ou a sua falta e a apresentação com incorreções ou


omissões sujeitará o dirigente do órgão municipal à penalidade prevista na legislação.

13 - Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais

O titular do Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais remeterá ao INSS, no prazo de um dia útil,
pelo Sistema Nacional de Informações de Registro Civil, ou pelo sistema que venha a substituí-lo, a
relação dos nascimentos, dos natimortos, dos casamentos, dos óbitos, das averbações, das anotações e
das retificações registradas na serventia.

Para os Municípios que não dispõem de provedor de conexão à internet ou de qualquer meio de acesso
à internet, fica autorizada a remessa da relação no prazo de cinco dias úteis, conforme critérios
definidos pelo INSS.

Os registros de nascimento e de natimorto conterão, obrigatoriamente, as seguintes informações do


registrado e da filiação:

41
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• nome completo;
• número de inscrição no CPF;
• sexo; e
• data e local de nascimento.

Os registros de casamento e de óbito conterão, obrigatoriamente, as seguintes informações do


registrado:

• nome completo;
• número de inscrição no CPF;
• sexo; e
• data e local de nascimento do registrado.

Além das informações acima, constarão dos registros de casamento e de óbito, caso estejam disponíveis,
os seguintes dados:

• número de inscrição no PIS ou no Pasep;


• NIT;
• número de benefício previdenciário ou assistencial, se o falecido for titular de qualquer benefício
pago pelo INSS;
• número de registro da carteira de identidade e órgão emissor;
• número do título de eleitor; e
• número de registro e série da Carteira de Trabalho e Previdência Social.

Na hipótese de não haver sido registrado nascimento, natimorto, casamento, óbito ou averbação,
anotação e retificação no mês, o titular do Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais comunicará
este fato ao INSS até o quinto dia útil do mês subsequente, na forma estabelecida pelo INSS.

O descumprimento de obrigação imposta acima e o fornecimento de informação inexata sujeitarão o


titular do Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais, além de das penalidades previstas, ação
regressiva, na forma estabelecida pelo INSS.

RETENÇÃO DE 11%
A empresa contratante de serviços prestados mediante cessão de mão de obra ou empreitada,
inclusive em regime de trabalho temporário, a partir da competência fevereiro de 1999, deverá reter
11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços e
recolher a importância retida em nome da empresa contratada, em documento de arrecadação
identificado com a denominação social e o CNPJ desta empresa.

Outrossim, a empresa contratada deverá emitir nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços
específica para os serviços prestados em condições especiais pelos segurados ou discriminar o valor
desses na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços

42
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

A retenção da contribuição social previdenciária, por parte do responsável pelo recolhimento, sempre
se presumirá feito, oportuna e regularmente, não lhe sendo lícito alegar qualquer omissão para se
eximir da obrigação, permanecendo responsável pelo recolhimento das importâncias que deixar de
reter.

Tal sistemática da retenção de 11% é adotada quando


uma empresa (prestadora de serviço ou contratada)
presta serviço a outra empresa (tomadora ou contratante)

cessão de mão-de-obra
mediante
empreitada

1 - Cessão de Mão De Obra - Conceito

Cessão de mão de obra é a colocação à disposição da empresa contratante, em suas dependências ou nas
de terceiros, de trabalhadores que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com sua atividade
fim, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação, inclusive por meio de trabalho
temporário.

Neste conceito, considera-se:

• Dependências de terceiros: aquelas indicadas pela empresa contratante, que não sejam as suas
próprias e que não pertençam à empresa prestadora dos serviços.

• Serviços contínuos: aqueles que constituem necessidade permanente da contratante, que se


repetem periódica ou sistematicamente, ligados ou não a sua atividade fim, ainda que sua
execução seja realizada de forma intermitente ou por diferentes trabalhadores.

• Colocação à disposição da empresa contratante: a cessão do trabalhador, em caráter não


eventual, respeitados os limites do contrato.

Conceito de cessão de mão-de-obra


Entende-se como cessão de mão-de-obra a colocação à disposição
do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de
segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não
com a atividade fim da empresa, independentemente da
natureza e da forma de contratação, inclusive por meio de
trabalho temporário na forma da lei nº 6.019, de 3 de janeiro de
1974.
O serviço é executado nas dependências do
contratante ou na de terceiros, nunca nas
próprias dependências do contratado.

43
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2 - Empreitada - Conceito

Empreitada é a execução, contratualmente estabelecida, de tarefa, de obra ou de serviço, por preço


ajustado, com ou sem fornecimento de material ou uso de equipamentos, que podem ou não ser
utilizados, realizada nas dependências da empresa contratante, nas de terceiros ou nas da empresa
contratada, tendo como objeto um resultado pretendido.

Conceito de empreitada
Empreitada de mão-de-obra é a execução, contratualmente
estabelecida, de tarefa, de obra ou de serviço, por preço ajustado,
com ou sem fornecimento de material ou uso de equipamentos, que
podem ou não ser utilizados, realizada nas dependências da empresa
contratante, nas de terceiros ou nas da empresa contratada, tendo
como objeto um resultado pretendido.

não há qualquer restrição ao lugar em


que o serviço deva ser executado

3 - Local de Prestação dos Serviços

Cessão de mão de obra: os serviços devem ser prestados obrigatoriamente nas dependências da
empresa contratante ou na de terceiros, indicadas pela contratante, mas nunca nas próprias
dependências da empresa contratada, prestadora dos serviços.

Empreitada: Não há qualquer restrição ao local de execução dos serviços, podendo os mesmos ser
prestados nas dependências da empresa contratante, nas dependências de terceiros, indicadas pela
contratante e, inclusive, nas próprias dependências da empresa contratada.

4 - Serviços Sujeitos à Retenção

4.1 - Na cessão de mão de obra:

Estarão sujeitos à retenção, em regra, se contratados mediante cessão de mão de obra, os serviços de:

• limpeza, conservação ou zeladoria, que se constituam em varrição, lavagem, enceramento ou em


outros serviços destinados a manter a higiene, o asseio ou a conservação de praias, jardins,
rodovias, monumentos, edificações, instalações, dependências, logradouros, vias públicas, pátios
ou de áreas de uso comum;

44
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• vigilância ou segurança, que tenham por finalidade a garantia da integridade física de pessoas
ou a preservação de bens patrimoniais;

• construção civil, que envolvam a construção, a demolição, a reforma ou o acréscimo de


edificações ou de qualquer benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo ou obras complementares
que se integrem a esse conjunto, tais como a reparação de jardins ou de passeios, a colocação de
grades ou de instrumentos de recreação, de urbanização ou de sinalização de rodovias ou de vias
públicas;

• natureza rural, que se constituam em desmatamento, lenhamento, aração ou gradeamento,


capina, colocação ou reparação de cercas, irrigação, adubação, controle de pragas ou de ervas
daninhas, plantio, colheita, lavagem, limpeza, manejo de animais, tosquia, inseminação,
castração, marcação, ordenhamento e embalagem ou extração de produtos de origem animal ou
vegetal;

• digitação, que compreendam a inserção de dados em meio informatizado por operação de


teclados ou de similares;

• preparação de dados para processamento, executados com vistas a viabilizar ou a facilitar o


processamento de informações, tais como o escaneamento manual ou a leitura ótica;

• acabamento, embalagem e acondicionamento de produtos;

• cobrança;

• coleta e reciclagem de lixo e resíduos;

• copa e hotelaria;

• corte e ligação de serviços públicos;

• distribuição;

• treinamento e ensino;

• entrega de contas e documentos;

• ligação e leitura de medidores;

• manutenção de instalações, de máquinas e de equipamentos;

• montagem;

• operação de máquinas, equipamentos e veículos;

• operação de pedágio e de terminais de transporte;

• operação de transporte de passageiros, inclusive nos casos de concessão ou sub-concessão;

• portaria, recepção e ascensorista;

45
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• recepção, triagem e movimentação de materiais;

• promoção de vendas e eventos;

• secretaria e expediente;

• saúde; e

• telefonia, inclusive telemarketing.

Na empreitada:

Estarão sujeitos à retenção, em regra, se contratados mediante empreitada, os serviços de:

• limpeza, conservação ou zeladoria, que se constituam em varrição, lavagem, enceramento ou em


outros serviços destinados a manter a higiene, o asseio ou a conservação de praias, jardins,
rodovias, monumentos, edificações, instalações, dependências, logradouros, vias públicas, pátios
ou de áreas de uso comum;

• vigilância ou segurança, que tenham por finalidade a garantia da integridade física de pessoas
ou a preservação de bens patrimoniais;

• construção civil, que envolvam a construção, a demolição, a reforma ou o acréscimo de


edificações ou de qualquer benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo ou obras complementares
que se integrem a esse conjunto, tais como a reparação de jardins ou de passeios, a colocação de
grades ou de instrumentos de recreação, de urbanização ou de sinalização de rodovias ou de vias
públicas;

• natureza rural, que se constituam em desmatamento, lenhamento, aração ou gradeamento,


capina, colocação ou reparação de cercas, irrigação, adubação, controle de pragas ou de ervas
daninhas, plantio, colheita, lavagem, limpeza, manejo de animais, tosquia, inseminação,
castração, marcação, ordenhamento e embalagem ou extração de produtos de origem animal ou
vegetal;

• digitação, que compreendam a inserção de dados em meio informatizado por operação de


teclados ou de similares;

• preparação de dados para processamento, executados com vistas a viabilizar ou a facilitar o


processamento de informações, tais como o escaneamento manual ou a leitura ótica.

Observação: Os serviços de vigilância ou segurança prestados por meio de monitoramento eletrônico


não estão sujeitos à retenção.

46
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

4.2 - Serviços comuns a cessão de mão de obra e empreitada:

Alguns serviços, como pudemos observar nas relações acima, estarão sujeitos à retenção tanto se
contratados mediante cessão de mão de obra como se contratados mediante empreitada. Segue relação
de tais serviços:

• limpeza, conservação e zeladoria;


• vigilância e segurança;
• construção civil;
• serviços rurais;
• digitação; e
• preparação de dados para processamento.

5 - Serviços não Sujeitos à Retenção

Não se aplica o instituto da retenção:

• à contratação de serviços prestados por trabalhadores avulsos por intermédio de sindicato da


categoria ou de OGMO;

• à empreitada total, aplicando-se, nesse caso, o instituto da solidariedade;

• à contratação de entidade beneficente de assistência social isenta (imune) de contribuições


sociais;

• ao contribuinte individual equiparado à empresa e à pessoa física;

• à contratação de serviços de transporte de cargas;

• aos órgãos públicos da administração direta, autarquias e fundações de direito público quando
contratantes de obra de construção civil, reforma ou acréscimo, por meio de empreitada total ou
parcial, ressalvado o caso de contratarem serviços de construção civil mediante cessão de mão
de obra ou empreitada, em que se obrigam a efetuar a retenção de 11%.

6 - Procedimento da Retenção

6.1 - Procedimento da Empresa Contratante (Tomadora)

A empresa contratante (tomadora) dos serviços prestados mediante cessão de mão de obra ou
empreitada, quando se tratar de serviço sujeito à retenção, deverá:

47
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Reter 11% sobre o valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços emitido
pela contratada, a título de contribuição para a seguridade social;

• Recolher a importância retida em nome da empresa cedente da mão de obra, até o dia 20 (vinte)
do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil
imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia.

Procedimento da retenção

Empresa contratante (tomadora)

Deverá reter 11% do valor bruto da nota


fiscal, fatura ou recibo de prestação de
serviços emitido pela contratada

Deverá recolher a importância retida,


em nome da contratada, até o dia 20 do
mês seguinte ao da emissão da nota fiscal.

6.2 - Procedimento da Empresa Contratada (Prestadora):

A empresa contratada (prestadora) dos serviços prestados mediante cessão de mão de obra ou
empreitada, quando se tratar de serviço sujeito à retenção, deverá:

• Destacar na nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços o valor da retenção para a
Seguridade Social;

• Elaborar folha de pagamento e GFIP distintas para cada obra ou estabelecimento das empresas
tomadoras (contratantes);

• Compensar o valor retido e recolhido pela tomadora (contratante), quando do recolhimento de


suas próprias contribuições para a Seguridade Social, incidentes sobre a folha de pagamento dos
segurados a seu serviço.

Procedimento da retenção

Empresa contratada (prestadora)


deverá destacar na nota fiscal o valor
da retenção para a seguridade social.
elaborar folha de pagamento e GFIP para cada
obra ou estabelecimento contratante.
compensar o valor retido pela contratante
quando do recolhimento de suas contribuições
incidentes sobre a folha de pagamento.

48
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

7 - Adicional RAT na Retenção – Aposentadoria Especial

O percentual de retenção do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços relativa a
serviços prestados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, a
cargo da empresa contratante, é acrescido de 4%, 3% ou 2%, relativamente aos serviços prestados pelo
segurado empregado cuja atividade permita a concessão de aposentadoria especial após 15 anos, 20
anos ou 25 anos de contribuição, respectivamente. Assim sendo, o percentual de retenção passará para
15%, 14% e 13%, conforme o caso.

O percentual de 11% será acrescido de


+ + +
4% ou 3% ou 2%

aposent. especial aposent. especial aposent. especial


após 15 anos após 20 anos após 25 anos

relativamente aos serviços prestados


pelos segurados empregados

8 - Base de Cálculo da Retenção

Na contratação de serviços em que a contratada se obriga a fornecer material ou dispor de


equipamentos, fica facultada ao contratado a discriminação, na nota fiscal, fatura ou recibo, do valor
correspondente ao material ou equipamentos, que será excluído da retenção, desde que
contratualmente previsto e devidamente comprovado.

9 - Retenção em Empresa Optante pelo Simples Nacional

SÚMULA 425 DO STJ: “A retenção da contribuição para a seguridade social pelo tomador
do serviço não se aplica às empresas optantes pelo Simples.”

49
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Nos termos da mencionada Súmula, as microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo
Simples nacional, caso prestem serviços mediante cessão de mão de obra ou empreitada, não se
sujeitam à retenção de 11%.

No entanto, existem exceções a esta regra. Assim sendo, as empresas optantes pelo Simples Nacional,
quando exerçam as atividades abaixo, continuam sujeitas à retenção de 11%:

• Construção civil;
• Vigilância;
• Limpeza e conservação.

Súmula 425
STJ
Súmula 425 do superior tribunal de justiça - STJ

“ a retenção da contribuição para a seguridade


social pelo tomador do serviço não se aplica
às empresas optantes pelo simples” .

Exceto em relação às empresas optantes pelo simples nacional


que exerçam atividades de construção civil, vigilância,
limpeza e conservação (continuam sujeitos à retenção de 11%)

10 - Retenção em Empresa Optante pela Contribuição


Previdenciária Sobre a Receita Bruta - CPRB

As empresas prestadoras que recolhem suas contribuições previdenciárias sobre a receita bruta (com
desoneração da folha de pagamento), caso prestem serviços sujeitos à retenção, nos termos da lei,
deverão sofrer uma retenção de apenas 3,5% do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de
serviços (e não de 11%). A retenção deverá ser feita pela empresa contratante e o recolhimento deverá
ser feito em nome da prestadora.

Lei
12.546/2011
retenção nas empresas prestadoras beneficiadas
pela desoneração da folha de pagamento

a empresa contratante deverá reter


3,5% do valor bruto da nota fiscal ou
fatura de prestação de serviços.

50
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

11 - Cooperativa de Trabalho

Não haverá retenção de 11% sobre o valor bruto da nota fiscal emitida por cooperativa de trabalho.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Em relação às obrigações acessórias das empresas, dos contribuintes equiparados a empresa e dos
segurados da previdência social, assinale a alternativa correta:
a) A empresa prestadora de serviços está obrigada a destacar nas notas fiscais, nas faturas ou nos
recibos de prestação de serviços emitidos o valor da retenção para a previdência social.
b) A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mão de obra,
inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor líquido da nota fiscal
ou fatura de prestação de serviço, em nome da empresa cedente da mão de obra.
c) A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mão de obra
deverá reter quinze por cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços e
recolher a importância retida em nome da empresa contratada.
d) A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mão de obra
deverá reter onze por cento do valor bruto dos salários pagos aos segurados ou fatura de prestação de
serviço, em nome da empresa contratante.

COMENTÁRIOS:
a) A empresa prestadora de serviços está obrigada a destacar nas notas fiscais, nas faturas ou nos
recibos de prestação de serviços emitidos o valor da retenção para a previdência social.
Assertiva correta. Art. 31, § 1º, da lei 8.212/91.

b) A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mão de obra,


inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor líquido da nota fiscal
ou fatura de prestação de serviço, em nome da empresa cedente da mão de obra.
Assertiva incorreta. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra,
inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota
fiscal.

51
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

c) a empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mão de obra deverá
reter quinze por cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços e recolher
a importância retida em nome da empresa contratada.
Assertiva incorreta. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada
de mão de obra deverá reter 11% (e não 15%) do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de
prestação de serviços e recolher a importância retida em nome da empresa contratada.

d) A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mão de obra


deverá reter onze por cento do valor bruto dos salários pagos aos segurados ou fatura de prestação de
serviço, em nome da empresa contratante.
Assertiva incorreta. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra,
inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota
fiscal. Não há previsão de retenção de 11% sobre os salários pagos aos segurados.

Gabarito: A

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
O art. 264 do Novo Código Civil dispõe que há solidariedade quando, na mesma obrigação, concorrem
mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito ou obrigado à dívida toda.

Quando concorrem mais de um credor na mesma obrigação, temos a solidariedade ativa. Se os que
concorrem na mesma obrigação forem devedores, temos a solidariedade passiva.

A solidariedade tributária aqui estudada será sempre a passiva, uma vez que não é possível, neste caso,
haver solidariedade ativa, pois apenas um ente federativo possui competência tributária definida
constitucionalmente para instituir o tributo, admitindo-se, outrossim, delegação da capacidade ativa,
para as atribuições de fiscalizar e cobrar tais tributos.

O art. 124 do Código Tributário Nacional – CTN dispõe que são solidariamente obrigadas as pessoas que
tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal e as pessoas
expressamente designadas por lei.

Segundo o parágrafo único do art. 124 do CTN, a solidariedade ali prevista não comporta benefício de
ordem, ou seja, o sujeito ativo pode cobrar a dívida de qualquer um dos devedores solidários, sem
necessitar seguir uma ordem específica, não podendo as pessoas solidariamente responsáveis pela
obrigação se negar a pagar, alegando que outras não pagaram.

52
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

1 - Responsabilidade Solidária na Construção Civil

O proprietário, o incorporador, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária cuja


contratação da construção, reforma ou acréscimo não envolva cessão de mão de obra, são solidários
com o construtor, e este e aqueles com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações para com
a seguridade social, ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da obra e
admitida a retenção de importância a este devida para garantia do cumprimento dessas obrigações, não
se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem.

art. 220
RPS

Responsabilidade Solidária na construção civil

proprietário construção
da unidade
incorporador imobiliária, cuja reforma
contratação da
dono da obra acréscimo

condômino não envolva cessão de mão-de-obra


são solidários com o construtor

e este e aqueles com a subempreiteira

pelo cumprimento das obrigações para com a seguridade social

Ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da


obra e admitida a retenção de importância a este devida para garantia
do cumprimento dessas obrigações, não se aplicando, em qualquer
hipótese, o benefício de ordem.

Obs.: Não se considera cessão de mão de obra a contratação de construção civil em que a
empresa construtora assuma a responsabilidade direta e total pela obra ou repasse o
contrato integralmente.

A responsabilidade solidária em questão será elidida:

• pela comprovação do recolhimento das contribuições incidentes sobre a remuneração dos


segurados, incluída em nota fiscal ou fatura correspondente aos serviços executados, quando
corroborada por escrituração contábil;

• pela comprovação do recolhimento das contribuições incidentes sobre a remuneração dos


segurados, aferidas indiretamente nos termos, forma e percentuais previstos na lei;

53
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• pela comprovação do recolhimento da retenção, quando permitida, porém, opcional.

Observação 1: Nos contratos de construção civil, a retenção de 11% será opcional quando
não envolver cessão de mão de obra. Quando envolver cessão de mão de obra, a retenção de
11% será obrigatória.

Observação 2: O executor da obra deverá elaborar, distintamente para cada estabelecimento


ou obra de construção civil da empresa contratante, folha de pagamento, Guia de
Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social
e Guia da Previdência Social, cujas cópias deverão ser exigidas pela empresa contratante
quando da quitação da nota fiscal ou fatura, juntamente com o comprovante de entrega
daquela Guia.

Observação 3: Considera-se construtor, para os efeitos de retenção e responsabilidade


solidária, a pessoa física ou jurídica que executa obra sob sua responsabilidade, no todo ou
em parte.

Na falta de prova regular e formalizada pelo sujeito passivo, o montante dos salários pagos pela
execução de obra de construção civil pode ser obtido mediante cálculo da mão de obra empregada,
proporcional à área construída, de acordo com critérios estabelecidos pela Secretaria da Receita
Federal do Brasil, cabendo ao proprietário, dono da obra, condômino da unidade imobiliária ou
empresa corresponsável o ônus da prova em contrário.

2 - Empresas de Comercialização e Incorporação de Imóveis

Exclui-se da responsabilidade solidária perante a seguridade social o adquirente de prédio ou unidade


imobiliária que realize a operação com empresa de comercialização ou com incorporador de imóveis,
ficando estes solidariamente responsáveis com o construtor.

Para exemplificar, suponhamos que efetuemos a compra um apartamento em construção por meio de
uma empresa de comercialização ou no stand de vendas de uma incorporadora de imóveis. Neste caso,
não teremos, como adquirentes, qualquer responsabilidade perante a Seguridade Social em relação às
contribuições não recolhidas.

No entanto, a empresa de comercialização ou o incorporador de imóveis, conforme o caso, ficarão


solidariamente responsáveis com o construtor perante à Seguridade Social, para garantir o
cumprimento das obrigações principais previdenciárias.

54
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Observação: nenhuma contribuição à Seguridade Social é devida se a construção residencial


unifamiliar, destinada ao uso próprio, de tipo econômico, for executada sem mão de obra
assalariada, observadas as exigências do Regulamento da Previdência Social – RPS.

3 - Empresas que Integram Grupo Econômico

As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente,
pelas respectivas obrigações previdenciárias.

Caracteriza-se grupo econômico quando duas ou mais empresas estiverem sob a direção, o controle ou
a administração de uma delas, compondo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade
econômica.

Quando do lançamento de crédito previdenciário de responsabilidade de empresa integrante de grupo


econômico, as demais empresas do grupo, responsáveis solidárias entre si pelo cumprimento das
obrigações previdenciárias, serão cientificadas da ocorrência.

4 - Produtores Rurais Integrantes de Consórcio Simplificado

Considera-se consórcio simplificado de produtores rurais aquele formado pela união de produtores rurais
pessoas físicas, que outorgar a um deles poderes para contratar, gerir e demitir trabalhadores para prestação
de serviços, exclusivamente, aos seus integrantes, mediante documento registrado em cartório de títulos e
documentos.

Os produtores rurais integrantes do consórcio simplificado respondem entre si, solidariamente, pelas
respectivas obrigações previdenciárias.

5 - Empresas Integrantes de Consórcio

As empresas integrantes de consórcio constituído para executar determinado empreendimento


(nos termos do disposto nos art. 278 e art. 279 da Lei nº 6.404/76), respondem pelas contribuições
devidas, em relação às operações praticadas pelo consórcio, na proporção de sua participação no
empreendimento.

O consórcio que realizar a contratação, em nome próprio, de pessoas jurídicas e físicas, com ou sem
vínculo empregatício, poderá efetuar a retenção das contribuições e cumprir as respectivas
obrigações acessórias, hipótese em que as empresas consorciadas serão solidariamente responsáveis.

55
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Na hipótese de a retenção das contribuições ou o cumprimento das obrigações acessórias relativas


ao consórcio ser realizado por sua empresa líder, as empresas consorciadas também serão
solidariamente responsáveis.

As regras deste tópico abrangem as contribuições destinadas a outras entidades e fundos (terceiros),
além da multa por atraso no cumprimento das obrigações acessórias.

6 - Operador Portuário e OGMO

O operador portuário e o órgão gestor de mão de obra são solidariamente responsáveis pelo pagamento
das contribuições previdenciárias e demais obrigações, inclusive acessórias, devidas à seguridade
social, relativamente à requisição de mão de obra de trabalhador avulso, vedada a invocação do
benefício de ordem.

O órgão gestor de mão-de-obra deverá, quando exigido pela fiscalização, exibir as listas de escalação
diária dos trabalhadores portuários avulsos, por operador portuário e por navio.

Caberá exclusivamente ao órgão gestor de mão-de-obra a responsabilidade pela exatidão dos dados
lançados nas listas diárias acima mencionadas.

7 - Administradores Públicos

Os administradores de autarquias e fundações públicas, criadas ou mantidas pelo Poder Público, de


empresas públicas e de sociedades de economia mista sujeitas ao controle da União, dos Estados, do
Distrito Federal ou dos Municípios, que se encontrarem em mora por mais de trinta dias, no
recolhimento das contribuições previdenciárias, tornam-se solidariamente responsáveis pelo
respectivo pagamento.

8 - Cooperativa de Trabalho

No caso de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho, não haverá
solidariedade entre a cooperativa e o tomador dos serviços.

56
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

9 - Aferição Indireta na Construção Civil

Na falta de prova regular e formalizada pelo sujeito passivo, o valor da contribuição será obtido
mediante AFERIÇÃO INDIRETA, mediante cálculo da mão de obra empregada, proporcional à área
construída, de acordo com critérios estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, nos
termos o art. 33, § 4º, da Lei 8.212/91, combinada com os art. 234 do Regulamento da Previdência Social
- RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99.

Assim dispõe o art. 33, § 4º, da Lei 8.212/91:

Art. 33... (...) § 4º Na falta de prova regular e formalizada pelo sujeito passivo, o montante dos
salários pagos pela execução de obra de construção civil pode ser obtido mediante cálculo da mão
de obra empregada, proporcional à área construída, de acordo com critérios estabelecidos pela
Secretaria da Receita Federal do Brasil, cabendo ao proprietário, dono da obra, condômino da
unidade imobiliária ou empresa corresponsável o ônus da prova em contrário.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto responsabilidade solidária, é incorreto afirmar:
a) O proprietário responde solidariamente pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade
Social decorrentes de obra.
b) O incorporador responde solidariamente pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade
Social decorrentes de obra.
c) O fiscal de obras do município responde solidariamente pelo cumprimento das obrigações para com
a Seguridade Social decorrentes de obra.
d) o construtor responde solidariamente pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade
Social decorrentes de obra.

COMENTÁRIOS:
a) O proprietário responde solidariamente pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade
Social decorrentes de obra.
Assertiva correta. Conforme disposto no art. 30, inciso VI, da Lei nº 8.212/91, o proprietário, qualquer
que seja a forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, é solidário com o construtor, e
este com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade Social.

57
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

b) O incorporador responde solidariamente pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade
Social decorrentes de obra.
Assertiva correta. Conforme disposto no art. 30, inciso VI, da Lei nº 8.212/91, o incorporador,
qualquer que seja a forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, é solidário com o
construtor, e este com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade
Social.

c) O fiscal de obras do município responde solidariamente pelo cumprimento das obrigações para com
a Seguridade Social decorrentes de obra.
Assertiva incorreta. Em relação ao fiscal de obras do município, nesta condição, não há qualquer
previsão que o torne solidariamente responsável pelo cumprimento das obrigações para com a
Seguridade Social decorrentes de obra que fiscalize.

d) o construtor responde solidariamente pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade
Social decorrentes de obra.
Assertiva correta. Art. 30, inciso VI, da Lei nº 8.212/91.

Gabarito: C

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto ao custeio da Seguridade Social, é incorreto afirmar:
a) Considera-se construtor, para os efeitos do Regulamento da Previdência Social, a pessoa física ou
jurídica que executa obra sob sua responsabilidade, no todo ou em parte.
b) Obra de construção civil realizada em um supermercado não contém prova regular e formalizada do
montante dos salários pagos durante a sua execução. Assim, pode-se concluir que não poderá haver
cobrança de contribuição social pela Receita Federal do Brasil.
c) Empresa de comercialização de imóveis responde solidariamente pelo cumprimento das obrigações
para com a Seguridade Social decorrentes de obra.
d) A respeito da responsabilidade pelo recolhimento de contribuições previdenciárias, é correto
afirmar que as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si,
solidariamente, pelas contribuições previdenciárias.

COMENTÁRIOS:
a) Considera-se construtor, para os efeitos do Regulamento da Previdência Social, a pessoa física ou
jurídica que executa obra sob sua responsabilidade, no todo ou em parte.
Assertiva correta. A resolução da presente questão tem por base o § 4º do art. 220 do Regulamento da
Previdência Social – RPS, que assim dispõe:
Art. 220. (...) § 4º Considera-se construtor, para os efeitos deste Regulamento, a pessoa física ou jurídica
que executa obra sob sua responsabilidade, no todo ou em parte.

58
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

b) Obra de construção civil realizada em um supermercado não contém prova regular e formalizada do
montante dos salários pagos durante a sua execução. Assim, pode-se concluir que não poderá haver
cobrança de contribuição social pela Receita Federal do Brasil.
Assertiva incorreta. Haverá cobrança por aferição indireta, conforme dispõe o art. 33, § 4º, da Lei
8.212/91:
Art. 33. (...) § 4º Na falta de prova regular e formalizada pelo sujeito passivo, o montante dos salários
pagos pela execução de obra de construção civil pode ser obtido mediante cálculo da mão de obra
empregada, proporcional à área construída, de acordo com critérios estabelecidos pela Secretaria da
Receita Federal do Brasil, cabendo ao proprietário, dono da obra, condômino da unidade imobiliária ou
empresa corresponsável o ônus da prova em contrário.

c) Empresa de comercialização de imóveis responde solidariamente pelo cumprimento das obrigações


para com a Seguridade Social decorrentes de obra.
Assertiva correta. Conforme disposto no art. 30, inciso VII, da Lei nº 8.212/91, exclui-se da
responsabilidade solidária perante a Seguridade Social o adquirente de prédio ou unidade imobiliária
que realizar a operação com empresa de comercialização ou incorporador de imóveis, ficando estes
solidariamente responsáveis com o construtor.

d) A respeito da responsabilidade pelo recolhimento de contribuições previdenciárias, é correto


afirmar que as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si,
solidariamente, pelas contribuições previdenciárias.
Assertiva correta. A resolução da presente questão tem por base o art. 30, inciso IX, da Lei 8.212/91.
Assim dispõe o art. 30, inciso IX, da Lei 8.212/91:
Art. 30. (...) IX - as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si,
solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei.

Gabarito: B

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula, onde estudamos a arrecadação e recolhimento das contribuições
previdenciárias.

Aguardo vocês em nossa próxima aula!

Um forte abraço e bons estudos a todos!

Rubens Maurício
59
oab.estrategia.com |
59
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

"INSERIR CAPA"

Direito Previdenciário

1
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Sumário

Considerações Iniciais ............................................................................................................................................................... 6

Dependentes do Regime Geral de Previdência ................................................................................................................ 6

1 - Introdução ........................................................................................................................................................................... 6

2 - Prestações Devidas aos Dependentes ...................................................................................................................... 7

Dependentes de Classe I (Preferenciais) ............................................................................................................................ 8

1 - Cônjuge ................................................................................................................................................................................. 8

2 - Companheiros.................................................................................................................................................................... 9

3 - Companheiros Homossexuais .................................................................................................................................. 10

4 - Concubinato..................................................................................................................................................................... 11

5 - Filhos .................................................................................................................................................................................. 11

6 - Equiparados a Filhos.................................................................................................................................................... 13

7 - Comprovação do Vínculo e Dependência Econômica ..................................................................................... 14

Dependentes de Classe II (Pais).......................................................................................................................................... 16

1 - Pais ...................................................................................................................................................................................... 16

2 - Comprovação do Vínculo e Dependência Econômica ..................................................................................... 16

Dependentes de Classe III (Irmãos) .................................................................................................................................. 17

1 - Irmãos ................................................................................................................................................................................ 17

2 - Comprovação do Vínculo e Dependência Econômica ..................................................................................... 17

Regras aplicáveis aos Dependentes .................................................................................................................................. 17

1 – Dependentes (Regras) ................................................................................................................................................ 17

Perda da Qualidade de Dependente .................................................................................................................................. 18

1 – Dependentes (Perda da Qualidade) ...................................................................................................................... 18

Inscrição dos Dependentes................................................................................................................................................... 19

2
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

1 – Dependentes (Inscrição) ........................................................................................................................................... 19

Prestações do Regime geral de Previdência Social - RGPS ....................................................................................... 24

1 - Introdução ........................................................................................................................................................................ 24

2 - Espécies de Benefícios Previdenciários................................................................................................................ 24

3 - Serviços Prestados Pela Previdência Social ........................................................................................................ 26

4 - Prestações dos Segurados e Dependentes........................................................................................................... 26

4.1 - Prestações dos Segurados ................................................................................................................................. 26

4.2 - Prestações dos Dependentes ............................................................................................................................ 27

5 - Aposentadoria por Incapacidade permanente .................................................................................................. 28

5.1 - Conceito .................................................................................................................................................................... 28

5.2 - Beneficiários ........................................................................................................................................................... 29

5.3 - Informações Adicionais ...................................................................................................................................... 29

6 - Aposentadoria Programada ...................................................................................................................................... 31

6.1 - Conceito .................................................................................................................................................................... 31

6.2 - Aposentadoria por idade do trabalhador rural ......................................................................................... 32

6.3 - Aposentadoria programa do professor ........................................................................................................ 33

6.4 - Beneficiários ........................................................................................................................................................... 34

7 - Aposentadoria da Pessoa com Deficiência .......................................................................................................... 34

7.1 - Aposentadoria por Idade da Pessoa com Deficiência ............................................................................. 36

7.2 - Aposentadoria por Tempo de Contribuição da Pessoa com Deficiência ......................................... 36

7.3 - Beneficiários ........................................................................................................................................................... 39

8 - Aposentadoria Especial .............................................................................................................................................. 39

8.1 - Conceito .................................................................................................................................................................... 39

8.2 - Beneficiários ........................................................................................................................................................... 42

3
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

8.3 - Informações Adicionais ...................................................................................................................................... 43

9 - Auxílio por Incapacidade Temporária .................................................................................................................. 45

9.1 - Conceito .................................................................................................................................................................... 45

9.2 - Beneficiários ........................................................................................................................................................... 46

9.3 - Informações Adicionais ...................................................................................................................................... 46

10 - Auxílio-acidente .......................................................................................................................................................... 49

10.1 - Conceito ................................................................................................................................................................. 49

10.2 - Beneficiários......................................................................................................................................................... 50

10.3 - Informações Adicionais ................................................................................................................................... 51

11 - Salário-maternidade .................................................................................................................................................. 54

11.1 - Conceito ................................................................................................................................................................. 54

11.2 - Beneficiários......................................................................................................................................................... 56

11.3 - Informações Adicionais ................................................................................................................................... 57

12 - Salário-Família ............................................................................................................................................................. 62

12.1 - Conceito ................................................................................................................................................................. 62

12.2 - Beneficiários......................................................................................................................................................... 62

12.3 - Informações Adicionais ................................................................................................................................... 63

13 - Pensão Por Morte ....................................................................................................................................................... 66

13.1 - Conceito ................................................................................................................................................................. 66

13.2 - Beneficiários......................................................................................................................................................... 67

13.3 - Informações Adicionais ................................................................................................................................... 67

14 - Auxílio Reclusão .......................................................................................................................................................... 71

14.1 - Conceito ................................................................................................................................................................. 71

14.2 - Beneficiários......................................................................................................................................................... 72

4
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

14.3 - Informações Adicionais ................................................................................................................................... 73

15 - Habilitação e Reabilitação Profissional .............................................................................................................. 76

15.1 - Conceito ................................................................................................................................................................. 76

15.2 - Beneficiários......................................................................................................................................................... 76

15.3 - Informações Adicionais ................................................................................................................................... 76

16 - Serviço Social................................................................................................................................................................ 78

16.1 - Introdução e Regras Legais ............................................................................................................................ 78

Carência das Prestações do RGPS ...................................................................................................................................... 85

1 - Conceito ............................................................................................................................................................................ 85

2 - Aposentadoria por Incapacidade Permanente e Auxílio por Incapacidade Temporária .................. 87

2.1 - Carência .................................................................................................................................................................... 87

3 - Aposentadoria Programada, aposentadoria por idade do trabalhador rural e aposentadoria


especial .................................................................................................................................................................................... 89

3.1 - Carência .................................................................................................................................................................... 89

4 - Salário-maternidade .................................................................................................................................................... 89

4.1 - Carência .................................................................................................................................................................... 89

5 - Auxílio-reclusão ............................................................................................................................................................. 90

5.1 - Carência .................................................................................................................................................................... 90

6 - Sem Carência – Demais Benefícios e Serviços .................................................................................................... 91

7 - Carência em caso de perda da qualidade de segurado ................................................................................... 92

Considerações Finais .............................................................................................................................................................. 97

5
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje estudaremos os seguintes assuntos do Direito Previdenciário que tratam de normas
previdenciárias:

Dependentes do RGPS.

Plano de Benefícios da Previdência Social:


Prestações Previdenciárias. Disposições Gerais e
Específicas.

Período de Carência.

Recomendo uma atenção especial aos tópicos que tratam dos fatos geradores dos benefícios
previdenciários e carência.
Boa aula!

DEPENDENTES DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA

1 - Introdução

Como já estudado, os beneficiários do Regime Geral de Previdência Social – RGPS são os segurados e
seus dependentes.
Após termos feito o estudo detalhado de cada uma das espécies de segurados, vamos agora estudar cada
um dos dependentes.
Os dependentes são beneficiários do RGPS independentemente de qualquer contribuição, pois seu
vínculo com a Previdência Social decorre da contribuição do segurado com o qual mantenha vínculo de
dependência.
Nos termos do art. 16 da Lei 8.213/91, os dependentes dividem-se em três classes, conforme segue:
• Classe I (1ª Classe) - também conhecido como dependentes preferenciais: o cônjuge, a
companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21
(vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual, mental ou deficiência grave;
• Classe II (2ª Classe): os pais;

6
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Classe III (3ª Classe): o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um)
anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.

não comprovam dependência


econômica cônjuge, companheira (o)
filho não emancipado de qualquer
Classe I condição, menor de 21 anos
filho inválido ou que tenha deficiência
preferenciais intelectual ou mental ou deficiência grave,
nos termos do regulamento (de qualquer idade)
Dependentes enteado e menor sob tutela
(precisam comprovar dependência econômica)
pais
Classe II (precisam comprovar dependência econômica)
irmão de qualquer condição, menor de 21 anos
(precisam comprovar dependência econômica)
Classe III irmão inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental ou deficiência grave,
nos termos do regulamento (de qualquer idade)
(precisam comprovar dependência econômica)

2 - Prestações Devidas aos Dependentes

Os dependentes têm direito apenas a dois benefícios previdenciários, quais sejam:


• pensão por morte e
• auxílio-reclusão.

Além destes benefícios, os dependentes também terão direito aos serviços oferecidos pela Previdência
Social, conforme segue:
• Habilitação e reabilitação profissional; e
• Serviço Social.

7
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Tais benefícios e serviços serão estudados em detalhes, junto com as demais prestações
previdenciárias, durante nosso curso.

Direitos dos
Dependentes

Benefícios Serviços
Habilitação e
Pensão por morte
Reabilitação Profissional

Auxílio-reclusão Serviço Social

DEPENDENTES DE CLASSE I (PREFERENCIAIS)


1 - Cônjuge
Consideram-se cônjuges aqueles matrimonialmente vinculados pelo casamento. Assim sendo, cada um
dos cônjuges é beneficiário do RGPS, na condição de dependente, em relação ao outro cônjuge, quando
estes forem segurados.
Como exemplo podemos afirmar que o marido é dependente da esposa, se ela for segurada. Da mesma
forma, a esposa será dependente do marido, se ele for segurado.
O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, bem como o ex-companheiro, que
recebia pensão de alimentos, concorrerá em igualdade de condições com os dependentes de Classe I.

Obs.: Equipara-se à percepção de pensão alimentícia o recebimento de ajuda econômica ou


financeira sob qualquer forma.

Apesar da legislação previdenciária considerar o recebimento da pensão de alimentos ou ajuda


econômica/financeira como fator determinante para a manutenção da qualidade de dependente para o
ex-cônjuge e ex-companheiro, o STJ tem o seguinte entendimento:

8
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Súmula 336 – STJ: “A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à
pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica
superveniente.”

Apesar da súmula mencionar apenas a separação judicial, tal entendimento aplica-se também aos casos
de divórcio.
Para corroborar com tal entendimento, podemos citar parte da ementa de Julgamento do STJ do Agravo
Regimental no Agravo em Recurso Especial 101062/RJ:
STJ: “Consoante jurisprudência desta Corte, comprovada a dependência econômica em relação ao
de cujus, o cônjuge separado judicialmente faz jus ao benefício de pensão pós-morte do ex-cônjuge,
ainda que não receba pensão alimentícia.”

Na hipótese de o segurado estar, na data do seu óbito, obrigado por determinação judicial a pagar
alimentos temporários a ex-cônjuge ou a ex-companheiro ou ex-companheira, a pensão por morte
será devida pelo prazo remanescente na data do óbito, caso não incida outra hipótese de
cancelamento anterior do benefício.

2 - Companheiros
Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável
com o segurado ou com a segurada.
Considera-se união estável aquela configurada na convivência pública, contínua e duradoura entre
pessoas, estabelecida com intenção de constituição de família, exceto nos casos de impedimento legal
de casamento, que também impedem a constituição de união estável.
Outrossim, no caso em que um dos companheiros ou ambos sejam separados apenas de fato, tal
situação, apesar de impedir casamento, não impedirá a união estável.
Assim sendo, podemos resumir as condições para que se reste caracterizada a união estável em dois
itens:
• convivência pública, contínua e duradoura entre pessoas, estabelecida com intenção de
constituição de família;
• ambos os companheiros sejam solteiros, separados judicialmente, divorciados, viúvos ou
separados de fato.

Para comprovação de dependência econômica e união estável, exige-se início de prova


material contemporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e
quatro) meses anterior à data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não
admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força
maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento.

9
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Obs.: Não é possível o reconhecimento da união estável, bem como dos efeitos
previdenciários correspondentes, quando um ou ambos os pretensos companheiros forem
menores de 16 anos.

Em se tratando de companheiro(a) maior de 16 anos e menor de 18 anos, dada a incapacidade


relativa, o reconhecimento da união estável está condicionado à apresentação de declaração expressa
dos pais ou representantes legais, atestando que conheciam e autorizavam a convivência marital
do menor.

3 - Companheiros Homossexuais
No âmbito do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, as normas que tratam de dependentes para
fins previdenciários devem ser interpretadas de forma a abranger a união estável entre pessoas do
mesmo sexo.
O companheiro ou a companheira do mesmo sexo de segurado inscrito no RGPS integra o rol dos
dependentes e, desde que comprovada a união estável, concorre com os dependentes preferenciais
(dependentes de Classe I), para fins de recebimento de pensão por morte e de auxílio-reclusão,
independentemente de comprovação de dependência econômica.

O STF já se posicionou reconhecendo a legitimidade da união homoafetiva como entidade familiar.


Vejamos o julgado a seguir:
RECONHECIMENTO E QUALIFICAÇÃO DA UNIÃO HOMOAFETIVA COMO ENTIDADE FAMILIAR . - O
Supremo Tribunal Federal - apoiando-se em valiosa hermenêutica construtiva e invocando
princípios essenciais (como os da dignidade da pessoa humana, da liberdade, da autodeterminação,
da igualdade, do pluralismo, da intimidade, da não discriminação e da busca da felicidade) -
reconhece assistir, a qualquer pessoa, o direito fundamental à orientação sexual, havendo
proclamado, por isso mesmo, a plena legitimidade ético-jurídica da união homoafetiva como
entidade familiar, atribuindo-lhe, em consequência, verdadeiro estatuto de cidadania, em ordem a
permitir que se extraiam, em favor de parceiros homossexuais, relevantes consequências no plano
do Direito, notadamente no campo previdenciário, e, também, na esfera das relações sociais e
familiares . - A extensão, às uniões homoafetivas, do mesmo regime jurídico aplicável à união estável
entre pessoas de gênero distinto justifica-se e legitima-se pela direta incidência, dentre outros, dos
princípios constitucionais da igualdade, da liberdade, da dignidade, da segurança jurídica e do
postulado constitucional implícito que consagra o direito à busca da felicidade, os quais configuram,
numa estrita dimensão que privilegia o sentido de inclusão decorrente da própria Constituição da
República (art. 1º, III, e art. 3º, IV), fundamentos autônomos e suficientes aptos a conferir suporte
legitimador à qualificação das conjugalidades entre pessoas do mesmo sexo como espécie do gênero
entidade familiar .(STF, RE 477554 AgR/MG, DJe-164, de 25/08/2011)

10
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

4 - Concubinato
Considera-se concubinato a relação não eventual entre pessoas, impedidas de casar-se. Trata-se de
uma relação impedida e que não pode ser considerada como entidade familiar. No entanto, exclui-se da
noção de concubinato a relação de pessoas separadas judicialmente ou de fato que, apesar de serem
impedidas para novo casamento, podem estabelecer união estável, conforme previsão expressa em lei.
Também se considera concubino(a) a pessoa com quem o cônjuge adúltero tem encontros periódicos
fora do lar.
A doutrina e a jurisprudência consideram as relações de concubinato excluídas do conceito de união
estável, por considerá-las ilegítimas, não alcançando a proteção do Estado. Vejamos decisão do STF
sobre o assunto:

STF - COMPANHEIRA E CONCUBINA - DISTINÇÃO. Sendo o Direito uma verdadeira ciência,


impossível é confundir institutos, expressões e vocábulos, sob pena de prevalecer a babel. UNIÃO
ESTÁVEL - PROTEÇÃO DO ESTADO. A proteção do Estado à união estável alcança apenas as
situações legítimas e nestas não está incluído o concubinato. PENSÃO - SERVIDOR PÚBLICO -
MULHER - CONCUBINA - DIREITO. A titularidade da pensão decorrente do falecimento de servidor
público pressupõe vínculo agasalhado pelo ordenamento jurídico, mostrando-se impróprio o
implemento de divisão a beneficiar, em detrimento da família, a concubina. (STF - RE: 397762 BA,
Relator: MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 03/06/2008)

5 - Filhos
Os filhos também estão incluídos no rol de dependentes de Classe I (dependentes preferenciais),
quando não emancipados, de qualquer condição, quando menores de 21 anos ou, em qualquer
idade, quando inválidos ou que tenha deficiência intelectual, mental ou deficiência grave.
Destaco aqui que os filhos adotivos não são classificados como equiparados a filhos... Filhos adotivos
SÃO FILHOS, sem qualquer distinção (não por equiparação, mas por definição). A Constituição Federal
de 1988 unificou o direito de igualdade entre os filhos de qualquer condição (sejam adotados ou não).
Muitos alunos costumam confundir a dependência dos filhos para efeitos previdenciários com a
dependência para efeito de imposto de renda. Os filhos que tenham entre 21 e 24 anos, quando
universitários ou estejam cursando escola técnica de 2º grau, apesar de dependentes para efeito de
imposto de renda, não são considerados dependentes para efeitos previdenciários.
O filho maior de 21 anos somente manterá a condição de dependente quando inválido ou se tiver
deficiência intelectual, mental ou deficiência grave.

11
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Outro ponto que costuma causar confusão ocorreu após a redução da maioridade promovida pelo Novo
Código Civil, de 21 anos para 18 anos, para aquisição de plena capacidade civil. Essa redução de
maioridade civil para 18 anos em nada altera a idade dos filhos, equiparados a filhos e irmãos
para fins previdenciários, que manterão a qualidade de dependente, quando não emancipados, até
completar 21 anos de idade.
A emancipação, cujo conceito jurídico é a aquisição de capacidade civil antes da idade mínima
definida em lei, ou seja, é a aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil, poderá antecipar a
perda da qualidade de dependente para idades anteriores a 21 anos. Vejamos abaixo as causas de
emancipação:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que,
em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

A cota do filho, do enteado, do menor tutelado ou do irmão dependente que se tornar inválido ou
pessoa com deficiência intelectual, mental ou grave antes de completar vinte e um anos de idade
não será extinta se confirmada a invalidez ou a deficiência.
A invalidez será reconhecida pela Perícia Médica Federal.
A deficiência será reconhecida por meio de avaliação biopsicossocial realizada por equipe
multiprofissional e interdisciplinar.
Portanto, para efeitos de dependência previdenciária sem limite de idade, a invalidez tem que existir
quando o requisito exigido como condição para concessão do benefício for implementado. Assim
sendo, a pensão por morte somente será devida ao filho e ao irmão cuja invalidez tenha ocorrido antes
da emancipação ou antes de completar a idade de vinte e um anos, desde que reconhecida ou
comprovada, pela perícia médica do INSS, a continuidade da invalidez até a data do óbito do segurado.

Exemplo 1: Abelardo, segurado do RGPS, faleceu deixando um filho de 25 anos chamado


Paulo. Seis meses após a morte de Abelardo, Paulo sofreu um acidente e ficou inválido. Nesta
situação, apesar de inválido, Paulo não terá direito à pensão por morte, pois sua invalidez
ocorreu após a morte de seu pai Abelardo e quando Paulo já possuía mais de 21 anos.

Exemplo 2: Agora vamos imaginar que Paulo, quando do falecimento de seu pai Abelardo,
tivesse 16 anos. Caso Paulo fique inválido antes de completar 21 anos, terá direito à
manutenção dos benefícios de pensão por morte, enquanto durar a invalidez,
independentemente de ter ficado inválido antes ou após o óbito do segurado.

12
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual, não


impede a concessão ou manutenção da parte individual da pensão do dependente com deficiência
intelectual ou mental ou com deficiência grave.

6 - Equiparados a Filhos

Equiparam-se aos filhos, na condição de dependente de Classe I (preferencial), exclusivamente o


enteado e o menor tutelado, desde que comprovada a dependência econômica na forma prevista em
Regulamento.

Enteado: considera-se enteado o filho de seu cônjuge ou companheiro atual, proveniente de


um relacionamento anterior.

Tutela: considera-se tutela um encargo conferido a uma pessoa civilmente capaz, para que
esta administre os bens e/ou a conduta de um menor de idade, decorrente de falecimento
dos pais ou estes decaírem do poder familiar.

Os equipados a filhos, quando cumprirem os requisitos exigidos, estão incluídos no rol de dependentes
de Classe I (dependentes preferenciais), desde que sejam menores de 21 anos ou, em qualquer idade,
quando inválidos ou que tenha deficiência intelectual, mental ou deficiência grave.
No caso de equiparado a filho, a inscrição será feita mediante a comprovação da equiparação por:
• documento escrito do segurado falecido manifestando essa intenção;
• da dependência econômica; e
• da declaração de que não tenha sido emancipado.

A maior polêmica está na exclusão dos “menores sob guarda” do rol de dependentes equiparados a
filhos, conforme podemos verificar no art. 16, § 2º, da Lei 8.213/91, com a redação dada pela Lei nº
9.528/97. Após a exclusão dos menores sob guarda, restaram como equiparados a filhos apenas o
enteado e o menor tutelado.
No entanto, o Estatuto da Criança e Adolescente (Lei 8.090/90), em seu art. 33, §1º, determina que:
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos
de direito, inclusive previdenciários.

13
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Como podemos perceber, existe um conflito entre a norma mais específica (Lei 8.213/91) e a norma
mais genérica (Estatuto da Criança e do Adolescente) acerca da equiparação a filho do “menor sob
guarda”, para efeitos previdenciários. Vejamos, resumidamente, cada entendimento:

Lei 8.213/91: Menor sob guarda não é dependente do RGPS.


Lei 8.090/90: Menor sob guarda é dependente do RGPS.

Para resolver tal conflito, a Emenda Constitucional 103/19 (Reforma da Previdência), norma
supralegal, determinou que se equiparam a filho, para fins de recebimento da pensão por morte,
exclusivamente o enteado e o menor tutelado, desde que comprovada a dependência econômica.
Nesse caso, como a Constituição Federal prevalece sobre as leis, podemos concluir que o menor sob
guarda não é dependente do RGPS.
Não obstante, o STF julgou em 2021 a Ação Direta de Inconstitucionalidade 5083, e decidiu que foi
inconstitucional a exclusão do menor sob guarda como equiparado a filho pela Lei 9.517/97.
Portanto, a corte entendeu que o menor sob guarda é considerado dependente para fins
previdenciários.
Porém, esse entendimento deve ser levado para prova somente se a banca fizer menção à
jurisprudência no enunciado da questão. Isso porque a decisão mencionada abrangeu somente a Lei
9.518/97 e não se estende à Emenda Constitucional 103/19. Até agora, a última é considerada válida.
Dessa forma, a decisão do STF só vale para benefícios com fatos geradores até 13/11/2019, já
que a partir dessa data entrou em vigor nova norma de hierarquia constitucional que deixa claro
que somente são dependentes o menor tutelado e o enteado.

7 - Comprovação do Vínculo e Dependência Econômica

Os dependentes de Classe I, também conhecidos como dependentes preferenciais, em regra, não


precisam comprovar dependência econômica, uma vez que tal dependência é presumida.
Os únicos dependentes de Classe I que precisam comprovar dependência econômica são os
equiparados a filhos, conforme segue:
• Enteado; e
• Menor sob Tutela.

14
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

No caso dos demais dependentes de Classe I, mesmo que possuam bens suficientes para garantir seu
sustento e educação e não dependam economicamente do segurado, farão jus às prestações
previdenciárias na qualidade de dependentes.
Para comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso, deverão ser apresentados,
no mínimo, dois documentos, os quais deverão ser contemporâneos dos fatos, produzidos em período
não superior aos vinte e quatro meses anteriores à data do óbito ou do recolhimento à prisão do
segurado, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força
maior ou caso fortuito.

Os documentos que poderão ser aceitos, dentre outros, são:


• certidão de nascimento de filho havido em comum;
• certidão de casamento religioso;
• declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu dependente;
• disposições testamentárias;
• declaração especial feita perante tabelião;
• prova de mesmo domicílio;
• prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos da vida
civil;
• procuração ou fiança reciprocamente outorgada;
• conta bancária conjunta;
• registro em associação de qualquer natureza, onde conste o interessado como dependente do
segurado;
• anotação constante de ficha ou livro de registro de empregados;
• apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa interessada
como sua beneficiária;
• ficha de tratamento em instituição de assistência médica, da qual conste o segurado como
responsável;
• escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome de dependente;
• declaração de não emancipação do dependente menor de vinte e um anos; ou
• quaisquer outros que possam levar à convicção do fato a comprovar.

Obs.: O fato superveniente que importe em exclusão ou inclusão de dependente deve ser comunicado ao
Instituto Nacional do Seguro Social, com as provas cabíveis.

15
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Para comprovação de dependência econômica ou união estável, exige-se início de prova


material contemporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e
quatro) meses anterior à data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não
admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força
maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento.

Será excluído definitivamente da condição de dependente quem tiver sido condenado


criminalmente por sentença com trânsito em julgado, como autor, coautor ou partícipe
de homicídio doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado,
ressalvados os absolutamente incapazes e os inimputáveis.

DEPENDENTES DE CLASSE II (PAIS)


1 - Pais
Os pais (pai e a mãe) do segurado são seus dependentes de Classe II.
Importante lembrar que os dependentes de Classe II somente terão direito às prestações
previdenciárias (benefícios e serviços) caso não exista nenhum dependente de Classe I
(preferencial), uma vez que a existência de dependente de qualquer das classes anteriores exclui do
direito às prestações os das classes seguintes.

2 - Comprovação do Vínculo e Dependência Econômica


Para fins de concessão de benefícios previdenciários, os pais (dependentes de Classe II) devem
comprovar dependência econômica, bem como a inexistência de dependentes de Classe I
(preferenciais).

Para comprovação de dependência econômica ou união estável, exige-se início de prova


material contemporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e
quatro) meses anterior à data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não
admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força
maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento.

Será excluído definitivamente da condição de dependente quem tiver sido condenado


criminalmente por sentença com trânsito em julgado, como autor, coautor ou partícipe
de homicídio doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado,
ressalvados os absolutamente incapazes e os inimputáveis.

16
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

DEPENDENTES DE CLASSE III (IRMÃOS)


1 - Irmãos
Os irmãos são dependentes de Classe III, quando não emancipados, de qualquer condição, quando
menores de 21 anos ou, em qualquer idade, quando inválidos ou que tenha deficiência intelectual,
mental ou deficiência grave.
Importante lembrar que os dependentes de Classe III somente terão direito às prestações
previdenciárias (benefícios e serviços) caso não exista qualquer dependente de Classe I
(preferenciais), nem tampouco qualquer dependente de Classe II, uma vez que a existência de
dependente de qualquer das classes anteriores exclui do direito às prestações os das classes seguintes.

2 - Comprovação do Vínculo e Dependência Econômica


Como vimos, para fins de concessão de benefícios previdenciários, os irmãos (dependentes de Classe
III) devem comprovar dependência econômica, bem como a inexistência de dependentes de Classe
I (preferenciais) e de Classe II.

Para comprovação de dependência econômica ou união estável, exige-se início de prova


material contemporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e
quatro) meses anterior à data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não
admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força
maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento.

Será excluído definitivamente da condição de dependente quem tiver sido condenado


criminalmente por sentença com trânsito em julgado, como autor, coautor ou partícipe
de homicídio doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado,
ressalvados os absolutamente incapazes e os inimputáveis.

REGRAS APLICÁVEIS AOS DEPENDENTES


1 – Dependentes (Regras)

17
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Em relação aos dependentes, temos algumas regras básicas para que sejam considerados beneficiários
do RGPS, conforme segue:
• A existência de dependente de qualquer das classes exclui do direito às prestações os das
classes seguintes.
o Exemplo: Se houver algum cônjuge, companheiro, filho ou equiparado a filho como
dependentes, os pais e irmão não terão qualquer direito ao benefício previdenciário.
• Os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de condições. Assim
sendo, os benefícios dos dependentes (pensão por morte e auxílio-reclusão), quando
devidos, serão divididos em cotas iguais entre cada um dos dependentes.
o Exemplo: Imaginemos uma pensão por morte a ser paga para cinco dependentes, sendo
uma esposa e quatro filhos menores. Se o valor da renda mensal inicial da pensão por
morte for R$ 2.000,00, cada um dos cinco dependentes receberá R$ 400,00.
• Equiparam-se aos filhos, mediante declaração escrita do segurado, e comprovada a
dependência econômica, exclusivamente o enteado e o menor que esteja sob sua tutela.
o Enteado: considera-se enteado o filho de seu cônjuge ou companheiro atual, proveniente
de um matrimônio anterior.
o Tutela: considera-se tutela um encargo conferido a uma pessoa civilmente capaz, para
que esta administre os bens e/ou a conduta de um menor de idade, decorrente de
falecimento dos pais ou estes decaírem dom poder familiar.
• O menor sob tutela somente poderá ser equiparado aos filhos do segurado mediante
apresentação de termo de tutela.
• Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que mantenha união estável com o
segurado ou segurada.
o Considera-se união estável aquela configurada na convivência pública, contínua e
duradoura entre pessoas, estabelecida com intenção de constituição de família, inclusive
na relação homoafetiva.

• A dependência econômica dos dependentes de Classe I é presumida e a das demais deve


ser comprovada.
Obs.: O enteado e menor sob tutela, apesar de considerados dependentes de Classe I,
deverão comprovar a dependência econômica.

PERDA DA QUALIDADE DE DEPENDENTE


1 – Dependentes (Perda da Qualidade)
A perda da qualidade de dependente ocorre:

18
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• para o cônjuge, pela separação judicial ou divórcio, enquanto não lhe for assegurada a
prestação de alimentos, pela anulação do casamento, pelo óbito ou por sentença judicial
transitada em julgado;
• para a companheira ou companheiro, pela cessação da união estável com o segurado ou
segurada, enquanto não lhe for garantida a prestação de alimentos;
• ao completar vinte e um anos de idade, para o filho, o irmão, o enteado ou o menor tutelado,
ou nas seguintes hipóteses, se ocorridas anteriormente a essa idade:
o casamento;
o início do exercício de emprego público efetivo;
o constituição de estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha
economia própria; ou
o concessão de emancipação, pelos pais, ou por um deles na falta do outro, por meio de
instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença
judicial, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos.
• para os dependentes em geral:
o pela cessação da invalidez ou da deficiência intelectual, mental ou grave; ou
o pelo falecimento.

Também será excluído definitivamente da condição de dependente aquele que tiver sido condenado
criminalmente por sentença transitada em julgado, como autor, coautor ou partícipe de homicídio
doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado, ressalvados os
absolutamente incapazes e os inimputáveis.

INSCRIÇÃO DOS DEPENDENTES


1 – Dependentes (Inscrição)
A inscrição do dependente do segurado será promovida quando do requerimento do benefício a
que tiver direito, mediante a apresentação dos seguintes documentos:
• para os dependentes preferenciais
o cônjuge e filhos: certidões de casamento e de nascimento;
o companheira ou companheiro: documento de identidade e certidão de casamento
com averbação da separação judicial ou divórcio, quando um dos companheiros ou
ambos já tiverem sido casados, ou de óbito, se for o caso; e
o equiparado a filho (enteado e menor sob tutela): certidão judicial de tutela e, em
se tratando de enteado, certidão de casamento do segurado e de nascimento do
dependente.
• pais: certidão de nascimento do segurado e documentos de identidade dos mesmos; e

19
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• irmão: certidão de nascimento.

Assim sendo, não há inscrição prévia de dependente. Somente quando do requerimento do benefício de
pensão por morte ou auxílio-reclusão é que os dependentes deverão comprovar sua qualidade de
dependente.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto à qualidade de dependente no RGPS, analise as assertivas abaixo:
I - De acordo com o disposto na Lei n.º 8.213/1991, o filho, ainda não emancipado, quando adquire a
maioridade civil e não é portador de invalidez ou qualquer deficiência, automaticamente perde a
condição de dependente do segurado do RGPS.
II - Carlos é segurado do RGPS e faleceu deixando como único dependente seu filho Gustavo, que tinha
17 anos da data do óbito de seu pai e não era emancipado. Aos 20 anos, Gustavo sofreu um acidente que
o deixou inválido. Tendo em vista estas informações, é correto afirmar que Gustavo fará jus à pensão
por morte enquanto durar sua invalidez.
III - O enteado de segurado do RGPS é considerado seu dependente e concorre em igualdade de
condições com os filhos biológicos, sendo sua dependência econômica presumida.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I.
b) I e II.
c) II.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - De acordo com o disposto na Lei n.º 8.213/1991, o filho, ainda não emancipado, quando adquire a
maioridade civil e não é portador de invalidez ou qualquer deficiência, automaticamente perde a
condição de dependente do segurado do RGPS.
Assertiva incorreta. A idade considerada pela legislação previdenciária para a perda da condição de
dependente é de 21 anos. Isto é diferente da maioridade civil que, segundo o artigo 5º do Código Civil,
cessa aos 18 anos.

II - Carlos é segurado do RGPS e faleceu deixando como único dependente seu filho Gustavo, que tinha
17 anos da data do óbito de seu pai e não era emancipado. Aos 20 anos, Gustavo sofreu um acidente que

20
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

o deixou inválido. Tendo em vista estas informações, é correto afirmar que Gustavo fará jus à pensão
por morte enquanto durar sua invalidez.
Assertiva correta. A pensão por morte somente será devida ao filho e ao irmão cuja invalidez tenha
ocorrido antes da emancipação ou de completar a idade de vinte e um anos, desde que reconhecida ou
comprovada, pela perícia médica do INSS, a continuidade da invalidez até a data do óbito do segurado.
Na questão, como é informado que a invalidez de Gustavo se deu aos 20 anos de idade, ele terá direito
ao benefício enquanto durar a invalidez, validando a assertiva.

III - O enteado de segurado do RGPS é considerado seu dependente e concorre em igualdade de


condições com os filhos biológicos, sendo sua dependência econômica presumida.
Assertiva incorreta. Conforme o §2º do art. 16 da Lei 8213, é necessário que o enteado comprove a
dependência econômica. Como o enunciado informa que a dependência econômica do enteado é
presumida, está incorreta.
Vale lembrar que para os cônjuges, companheiros e filhos, a dependência econômica é presumida.

Gabarito: C

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto à qualidade de dependente no RGPS, analise as assertivas abaixo:
I - Após a EC 103/2019 o menor sob guarda passou a ser equiparado a filho, para fins de recebimento
da pensão por morte, desde que comprovada a dependência econômica.
II - O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual, não
impede a concessão ou manutenção da parte individual da pensão por morte do dependente com
deficiência intelectual ou mental ou com deficiência grave.
III - São exemplos de prestações sociais oferecidas pela Previdência Social ao grupo de dependentes do
segurado os benefícios de pensão por morte, auxílio-reclusão e salário-família.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I.
b) II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - Após a EC 103/2019 o menor sob guarda passou a ser equiparado a filho, para fins de recebimento
da pensão por morte, desde que comprovada a dependência econômica.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 23, § 6º, da EC 103/2019, equiparam-se a filho, para fins de
recebimento da pensão por morte, exclusivamente o enteado e o menor tutelado, desde que

21
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

comprovada a dependência econômica. Sendo a assim, o menor sob guarda não é considerado
dependente do RGPS de acordo com a EC 103/2019.

II - O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual, não


impede a concessão ou manutenção da parte individual da pensão por morte do dependente com
deficiência intelectual ou mental ou com deficiência grave.
Assertiva correta. O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor
individual, não impede a concessão ou manutenção da parte individual da pensão do dependente com
deficiência intelectual ou mental ou com deficiência grave, nos termos do art. 77, § 6º, da lei 8.213/91.

III - São exemplos de prestações sociais oferecidas pela Previdência Social ao grupo de dependentes do
segurado os benefícios de pensão por morte, auxílio-reclusão e salário-família.
Assertiva incorreta. O salário-família, apesar de ser pago em razão dos dependentes do segurado do
baixa-renda, é um benefício que é devido ao próprio segurado e não aos dependentes.

Gabarito: B

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto aos beneficiários do RGPS, julgue as assertivas abaixo:
I - Alberto, segurado empregado do RGPS, é casado com Marlete, de 43 anos de idade, com a qual tem
dois filhos menores de idade. Marlete está desempregada e nunca contribuiu para a previdência social.
A partir dessa situação hipotética podemos afirmar que a dependência econômica de Marlete e de seus
filhos com Alberto deve ser comprovada.
II - Os genitores de segurado do RGPS serão seus dependentes independentemente de comprovação da
dependência econômica.
III - À luz da Lei n.º 8.213/1991, são dependentes do segurado do regime geral de previdência social os
filhos não emancipados e menores de vinte e quatro anos de idade.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) nenhuma.

COMENTÁRIOS:
I - Alberto, segurado empregado do RGPS, é casado com Marlete, de 43 anos de idade, com a qual tem
dois filhos menores de idade. Marlete está desempregada e nunca contribuiu para a previdência social.
A partir dessa situação hipotética podemos afirmar que a dependência econômica de Marlete e de seus
filhos com Alberto deve ser comprovada.

22
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva incorreta. A dependência econômica de cônjuge, companheiro(a) e filhos é presumida, nos


termos do art. 16 da lei 8.213/91.

II - Os genitores de segurado do RGPS serão seus dependentes independentemente de comprovação da


dependência econômica.
Assertiva incorreta. Conforme art. 16 da lei 8.213/91, os genitores do segurado (pais) serão seus
dependentes perante o RGPS, sendo, entretanto, necessária a comprovação de dependência econômica,
ao contrário do que a questão afirma.

III - À luz da Lei n.º 8.213/1991, são dependentes do segurado do regime geral de previdência social os
filhos não emancipados e menores de vinte e quatro anos de idade.
Assertiva incorreta. Conforme o inciso I do art. 16 da Lei 8.213/91, o filho não emancipado é
dependente do RGPS se menor de 21 anos, e não menor de 24 anos como afirma a questão. Caso seja
inválido ou tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, não se aplica o limite de idade.

Gabarito: D

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto aos beneficiários do RGPS, julgue as assertivas abaixo:
I - Os pais de um Segurado da Previdência Social são considerados dependentes, inclusive se houver
cônjuge, companheira, companheiro, filho não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um
anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.
II - Os pais de um segurado podem ser considerados dependentes somente quando não houver irmão
não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental ou deficiência grave.
III - Os pais de um segurado podem ser considerados dependentes na inexistência dependentes de
Classe I.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) III.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - Os pais de um Segurado da Previdência Social são considerados dependentes, inclusive se houver
cônjuge, companheira, companheiro, filho não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um
anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.

23
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva incorreta. Conforme o §1º A do art. 16 da Lei 8.213, a existência de dependente em qualquer
das classes exclui do direto ao benefício os dependentes das classes seguintes. Portanto, a assertiva está
incorreta uma vez que se houve cônjuge, companheira, companheiro ou filho (que se enquadre nos
requisitos), os pais não serão considerados dependentes.

II - Os pais de um segurado podem ser considerados dependentes somente quando não houver irmão
não emancipado, de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido ou que tenha deficiência
intelectual ou mental ou deficiência grave.
Assertiva incorreta. A existência de dependente de qualquer uma das classes exclui do direito às
prestações os dependentes das classes seguinte. Os pais estão previstos no inciso II do art. 16 da Lei
8.213 e os irmãos estão previstos no inciso III do mesmo artigo. Portanto, os pais são classe anterior
aos irmãos, podendo ser considerados dependentes mesmo quando houver dependentes previstos no
inciso III do art. 16.

III - Os pais de um segurado podem ser considerados dependentes na inexistência dependentes de


Classe I.
Assertiva correta. Uma vez que se não houver dependentes previstos no inciso I do art. 16 da Lei 8.213
(Classe I), os pais poderão ser considerados como dependentes desde que comprovem dependência
econômica do segurado.

Gabarito: A

PRESTAÇÕES DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL -


RGPS
1 - Introdução
Prestação Previdenciária é gênero, dos quais são espécies os benefícios e serviços.

BENEFÍCIOS: são as prestações previdenciárias com conteúdo pecuniário, ou seja, são


pagas pelo INSS aos beneficiários (segurados e dependentes)

SERVIÇOS: são as prestações previdenciárias sem conteúdo pecuniário, ou seja, não são
pagas, mas prestadas em favor dos beneficiários (segurados e dependentes)

2 - Espécies de Benefícios Previdenciários


O Regime Geral de Previdência Social – RGPS, após a Reforma da Previdência, compreende 10
benefícios, divididos em 4 aposentadorias, 3 auxílios, 2 salários e 1 pensão.

24
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

São benefícios do RGPS:


• Aposentadoria por Incapacidade Permanente (antiga aposentadoria por invalidez);
• Aposentadoria Programada (idade + tempo de contribuição);
• Aposentadoria por idade do trabalhador rural;
• Aposentadoria Especial (idade + tempo de contribuição);
• Auxílio por Incapacidade Temporária (antigo auxílio-doença)
• Auxílio-Acidente;
• Auxílio-Reclusão.
• Salário-Família;
• Salário-Maternidade;
• Pensão por Morte.

- Aposentadoria por incapacidade permanente


- Aposentadoria programada (idade + tempo de contribuição)
4 Aposentadorias
- Aposentadoria por idade do trabalhador rural
- Aposentadoria especial

- Auxílio por incapacidade temporária


3 Auxílios - Auxílio-acidente
- Auxílio-reclusão (para dependentes)
- Salário-família
2 Salários
- Salário-maternidade

1 Pensão - Pensão por morte (para dependentes)

25
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

3 - Serviços Prestados Pela Previdência Social


O Regime Geral de Previdência Social – RGPS compreende os seguintes serviços.

São serviços do RGPS:


• Habilitação e Reabilitação Profissional;
• Serviço Social.

Serviços

Habilitação e
Serviço Social
Reabilitação Profissional

4 - Prestações dos Segurados e Dependentes


4.1 - Prestações dos Segurados

Dentre as prestações previdenciárias, os segurados fazem jus aos seguintes benefícios e serviços:

➢ BENEFÍCIOS devidos a SEGURADOS do RGPS:


• Aposentadoria por Incapacidade Permanente (antiga aposentadoria por invalidez);
• Aposentadoria Programada (idade + tempo de contribuição);
• Aposentadoria por idade do trabalhador rural;
• Aposentadoria Especial (idade + tempo de contribuição);
• Auxílio por Incapacidade Temporária (antigo auxílio-doença);
• Auxílio-Acidente;

26
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Salário-Família; e
• Salário-Maternidade.

➢ SERVIÇOS devido aos SEGURADOS do RGPS:


• Habilitação e Reabilitação Profissional; e
• Serviço Social.

Não são devidos aos SEGURADOS os seguintes BENEFÍCIOS:


- Pensão por Morte;
- Auxílio-Reclusão.

4.2 - Prestações dos Dependentes

Dentre as prestações previdenciárias, os dependentes fazem jus apenas aos seguintes benefícios e
serviços:
• BENEFÍCIOS devidos aos DEPENDENTES do RGPS:
• Pensão por Morte; e
• Auxílio-Reclusão.

• SERVIÇOS devidos aos DEPENDENTES do RGPS:


• Habilitação e Reabilitação Profissional; e
• Serviço Social.

Não são devidos a DEPENDENTES os seguintes BENEFÍCIOS:


- Aposentadoria por Incapacidade Permanente;
- Aposentadoria Programada;
- Aposentadoria por idade do trabalhador rural
- Aposentadoria Programada Especial;
- Auxílio por Incapacidade Temporária;

27
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

- Auxílio-Acidente;
- Salário-Família; e
- Salário-Maternidade.

Nos termos do § 4º, do art. 18, da Lei 8.213/91, incluído pela Lei 13.846/19, os benefícios
previdenciários poderão ser solicitados, pelos interessados, aos Oficiais de Registro Civil
das Pessoas Naturais, que encaminharão, eletronicamente, requerimento e respectiva
documentação comprobatória de seu direito para deliberação e análise do Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS), nos termos do regulamento.

Nos termos do art. 120, da Lei 8.213/91, com a redação dada pela Lei 13.846/19, a
Previdência Social ajuizará ação regressiva contra os responsáveis nos casos de:
I - negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene do trabalho indicadas para
a proteção individual e coletiva;
II - violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de
agosto de 2006.

Nos termos do art. 121, da Lei 8.213/91, com a redação dada pela Lei 13.846/19, o
pagamento de prestações pela Previdência Social em decorrência dos casos previstos
nos incisos I e II do caput do art. 120, acima mencionados, não exclui a responsabilidade
civil da empresa (no caso de negligência quanto às normas padrão de segurança e higiene
do trabalho indicadas para a proteção individual e coletiva), ou do responsável (no caso de
violência doméstica e familiar contra a mulher).

5 - Aposentadoria por Incapacidade permanente


5.1 - Conceito
A Emenda Constitucional 103/19 chamou a antiga aposentadoria por invalidez de aposentadoria por
incapacidade permanente. Já o texto da Lei 8.213/91 ainda utiliza a denominação anterior
(aposentadoria por invalidez). É apenas uma questão de terminologia, pois trata-se do mesmo
benefício. Contudo, o nome correto atualmente é “aposentadoria por incapacidade permanente”

28
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

A aposentadoria por incapacidade permanente, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência
exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio por incapacidade temporária,
for considerado permanentemente incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de
atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.
A concessão de aposentadoria por incapacidade permanente dependerá da verificação da condição
de incapacidade por meio de exame médico-pericial a cargo da Perícia Médica Federal, de modo que
o segurado possa, às suas expensas, ser acompanhado por médico de sua confiança.
A concessão de aposentadoria por incapacidade permanente, inclusive quando precedida de auxílio
por incapacidade temporária, fica condicionada ao afastamento do segurado de todas as suas
atividades.

Total
da capacidade para
Perda o trabalho
Permanente

insusceptível de reabilitação para o exercício


de atividade que lhe garanta a subsistência

M ediante Perícia M édica Federal

5.2 - Beneficiários
Todos os segurados do RGPS têm direito à aposentadoria por incapacidade permanente.

5.3 - Informações Adicionais

IMPORTANTE: A doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao Regime


Geral de Previdência Social não lhe conferirá direito à aposentadoria por incapacidade
permanente, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou
agravamento dessa doença ou lesão.

O valor da aposentadoria por incapacidade permanente do segurado que necessitar da assistência


permanente de outra pessoa será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento) e atenderá o disposto a
seguir:
• será devido ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal;
• será recalculado quando o benefício que lhe deu origem for reajustado;
• cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da pensão.

29
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

O segurado aposentado por incapacidade permanente poderá ser convocado a qualquer momento para
avaliação das condições que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria, concedida judicial ou
administrativamente, bem como fica obrigado, sob pena de suspensão do pagamento do benefício, a
submeter-se a exame médico-pericial pela Perícia Médica Federal, a processo de reabilitação
profissional a cargo do INSS e a tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a
transfusão de sangue, que são facultativos.
O aposentado por incapacidade permanente que não tenha retornado à atividade estará isento do
exame médico-pericial acima mencionado nos seguintes casos:
• após completar 55 anos de idade e quando decorridos quinze anos da data de concessão da
aposentadoria por incapacidade permanente ou do auxílio por incapacidade temporária que a
tenha precedido; ou
• após completar sessenta anos de idade.

Tal isenção não se aplica quando o exame tem as seguintes finalidades:


• verificação da necessidade de assistência permanente de outra pessoa para a concessão do
acréscimo de 25% sobre o valor do benefício;
• verificação da recuperação da capacidade laborativa, por meio de solicitação do aposentado que
se julgar apto; ou
• subsídios à autoridade judiciária na concessão de curatela.

O aposentado por incapacidade permanente, ainda que tenha implementado as condições para a
isenção do exame médico-pericial, será a ele submetido quando necessário para apuração de fraude.
Obs.: O segurado com síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) fica dispensado da avaliação
médico-pericial, exceto quando necessário para apuração de fraude e nos demais casos em que a
isenção do exame seja afastada, como acabamos de estudar.
A Perícia Médica Federal terá acesso aos prontuários médicos do segurado registrados no Sistema
Único de Saúde - SUS, desde que haja anuência prévia do periciado e seja garantido o sigilo sobre os
seus dados.
O atendimento domiciliar e hospitalar é assegurado pela Perícia Médica Federal e pelo serviço social ao
segurado com dificuldade de locomoção, quando o seu deslocamento, em razão de sua limitação
funcional e de condições de acessibilidade, lhe impuser ônus desproporcional e indevido.
O aposentado por incapacidade permanente que se julgar apto a retornar à atividade deverá solicitar
ao INSS a realização de nova avaliação médico-pericial. Na hipótese de a Perícia Médica Federal
concluir pela recuperação da capacidade laborativa, a aposentadoria do segurado será cancelada.
O segurado que retornar à atividade poderá requerer, a qualquer tempo, novo benefício, tendo este
processamento normal.
• Obs.: O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua
aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno.

30
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Obs.: As informações de carência, renda mensal inicial, data de início do benefício, data da
cessação do benefício, dentre outras, serão objeto de estudo nos demais capítulos do nosso
Curso de Direito Previdenciário.

6 - Aposentadoria Programada
6.1 - Conceito
Antes da Reforma da Previdência ocorrida em 2019, um segurado do Regime Geral de Previdência
Social poderia se aposentar ou por idade ou por tempo de contribuição. Após a reforma, em regra, não
há mais a hipótese de uma pessoa aposentar-se ou por idade ou por tempo de contribuição. Não
existem mais esses dois benefícios, salvo em casos de direito adquirido, regras de transição,
aposentadoria do trabalhador rural e aposentadoria da pessoa com deficiência (que serão
estudados nos próximos tópicos).
Agora, para se aposentar, o segurado deverá preencher, em regra, tanto o requisito de idade como o
requisito de tempo de contribuição.
Para os segurados que se filiaram ao RGPS após 13/11/19 (data em que entrou em vigor a Emenda
Constitucional 103/19), a aposentadoria programada será devida, após cumprida a carência exigida
na lei, ao segurado que cumprir, cumulativamente, os seguintes requisitos:
• 65 anos de idade e 20 anos de contribuição, se homem; e
• 62 anos de idade e 15 anos de contribuição, se mulher.

65 anos de 20 anos de
Completar (Homem)
idade contribuição
a idade e o
tempo de
contribuição (Mulher)
62 anos de 15 anos de
idade contribuição

Vejamos o disposto no art. 201, § 7º, inciso II da CF/88:


art. 201 (...)
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,
obedecidas as seguintes condições:
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se
mulher, observado tempo mínimo de contribuição;
(grifos nossos)

Vejamos o disposto no art. 51 do Decreto 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social):

31
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Art. 51. A aposentadoria programada, uma vez cumprido o período de carência exigido, será
devida ao segurado que cumprir, cumulativamente, os seguintes requisitos: (Redação dada pelo
Decreto nº 10.410, de 2020).
I - sessenta e dois anos de idade, se mulher, e sessenta e cinco anos de idade, se homem; e
(Incluído pelo Decreto nº 10.410, de 2020)
II - quinze anos de tempo de contribuição, se mulher, e vinte anos de tempo de contribuição,
se homem.

Obs.: Para fins de apuração do tempo de contribuição acima, é vedada a inclusão de tempo fictício.
Entende-se como tempo de contribuição fictício todo aquele considerado em lei anterior como tempo
de serviço, público ou privado, computado para fins de concessão de aposentadoria sem que haja, por
parte do servidor ou segurado, cumulativamente:
a) a prestação de serviço; e
b) a correspondente contribuição social.

Obs.: O período pelo qual os segurados contribuinte individual e facultativo tiverem contribuído
segundo o Plano Simplificado de Inclusão Previdenciária (com alíquota e base de cálculo reduzidas),
será considerado como tempo de contribuição, desde que complementem a contribuição mensal por
meio do recolhimento da diferença entre o percentual pago e o de vinte por cento sobre o valor
correspondente ao limite mínimo mensal do salário de contribuição em vigor na competência a ser
complementada, acrescido dos juros moratórios.
Ademais, a aposentadoria pode ser requerida compulsoriamente pela empresa, desde que o
segurado tenha cumprido o tempo de contribuição mínimo, quando completar 70 anos de idade, se
homem, ou 65 anos de idade, se mulher (art. 51 da Lei 8.213/91).
Neste caso, a aposentadoria será compulsória, independentemente, portanto, da vontade do segurado,
sendo-lhe garantida a indenização prevista na legislação trabalhista.
Obs.: A empresa, por sua vez, não é obrigada a requerer a aposentadoria do segurado nas idades
mencionadas. É um direito da empresa, porém não uma obrigação. No entanto, se requerida a
aposentadoria compulsória do segurado, torna-se obrigatória (compulsória) para este segurado. Assim
sendo, podemos concluir que tal aposentadoria será compulsória para o segurado, mas não é compulsória
para a empresa.

6.2 - Aposentadoria por idade do trabalhador rural


A aposentadoria por IDADE do trabalhador rural, uma vez cumprido o período de carência exigido
(180 contribuições), será devida aos segurados abaixo relacionados, quando completarem 55 anos
de idade, quando mulheres, e 60 anos de idade, quando homens, conforme segue:
• segurado empregado rural;
• contribuinte individua que prestam serviços de natureza rural, em caráter eventual, a uma ou
mais empresas, sem relação de emprego;
• trabalhador avulso rural;

32
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• segurado especial (pequeno produtor rural e pescador artesanal); e


• segurado garimpeiro que trabalhe, comprovadamente, em regime de economia familiar

60 anos de Carência = 180


(Homem)
Trabalhador idade contribuições
Rural
e Garimpeiro 55 anos de Carência = 180
(Mulher)
idade contribuições

Vejamos o texto constitucional:


art. 201 (...)
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,
obedecidas as seguintes condições:
(...)
II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher,
para os trabalhadores rurais e para os que exerçam suas atividades em regime de economia
familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
(grifos nossos)

Vejamos agora o texto do Decreto 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social):


Art. 56. A aposentadoria por idade do trabalhador rural, uma vez cumprido o período de carência
exigido, será devida aos segurados a que se referem a alínea “a” do inciso I, a alínea “j” do inciso V
e os incisos VI e VII do caput do art. 9º e aos segurados garimpeiros que trabalhem,
comprovadamente, em regime de economia familiar, conforme definido no § 5º do art. 9º, quando
completarem cinquenta e cinco anos de idade, se mulher, e sessenta anos de idade, se homem.

Para os segurados especiais, não se exige que eles comprovem o pagamento da contribuição
previdenciária para que tenham direito ao benefício. Deverá ser comprovado o efetivo exercício de
atividade rural pelo número de meses iguais ao da carência do benefício.

6.3 - Aposentadoria programa do professor


Para o professor que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo exercício em função de magistério na
educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, desde que cumprido o período de carência
exigido, têm uma redução de 5 anos na idade mínima para obter sua aposentadoria programada. Sendo
assim, deverão cumprir, cumulativamente, os seguintes requisitos:
• 57 anos de idade, se mulher, e 60 anos de idade, se homem; e
• 25 anos de contribuição, para ambos os sexos, em efetivo exercício na função de
magistério na educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.

33
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

60 anos de 25 anos de
Professor Idade
(65 anos - 5 anos = 60 anos)
contribuição

57 anos de 25 anos de
Professora Idade
(62 anos - 5 anos = 57 anos)
contribuição

Exemplo: Clóvis possui 35 anos de idade e trabalhava há 10 como motorista, mas em


dezembro de 2020, conseguiu um emprego como professor de matemática no ensino
fundamental de uma escola particular. Caso continue exercendo a atividade de magistério,
Clóvis conseguirá se aposentar pelo RGPS ao completar 60 anos de idade e 25 anos de
professor.
Entretanto, caso Clóvis desista de ser professor e volte a ser motorista, sem comprovar os
25 anos na atividade de magistério, ele estará sujeito às regrais gerais de aposentadoria.
Nesse caso, ele poderá se aposentar aos 65 anos de idade, caso tenha no mínimo 15 anos de
contribuição. Para ele será exigido 15 e não 20 anos de contribuição porque ele ingressou
no RGPS antes da EC 103/19.

O Supremo Tribunal federal – STF já firmou entendimento de que as atividades de direção de unidade
escolar, coordenação e assessoramento pedagógico também são consideradas funções de
magistério e terão a idade reduzida em 5 anos, desde que exercidas por professores na educação básica
(educação infantil, ensino fundamental e ensino médio).
Também tem decidido o STF que, para efeito de aposentadoria, não é possível conversão de tempo
de magistério em tempo de exercício comum. Ou seja, se o professor não tiver tempo exclusivo de
magistério que permita sua aposentadoria com a redução de 5 anos, os anos de contribuição na
condição de professor serão contados sem nenhum acréscimo.

6.4 - Beneficiários
Todas as categorias de segurados do RGPS têm direito à Aposentadoria Programada.

7 - Aposentadoria da Pessoa com Deficiência


O §1º do art. 201 da CF/88 veda a vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão
de benefícios, ressalvada, nos termos de lei complementar, a possibilidade de previsão de idade e

34
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

tempo de contribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria exclusivamente


em favor dos segurados.
I - com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe
multiprofissional e interdisciplinar;
II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria
profissional ou ocupação.

Obs.: A aposentadoria das pessoas com deficiência já foi prevista na Lei Complementar 142/2013,
não tendo sofrido alteração com a Reforma da Previdência.

Antes da EC 103/19, o texto constitucional proibia, regra geral, a adoção de requisitos e critérios
diferenciados para a concessão de aposentadoria. Para os demais benefícios não havia vedação.
Agora o § 1º do art. 201 ficou mais restritivo. A proibição não é somente para aposentadorias, é para
qualquer benefício.
Mas a norma faz uma ressalva: lei complementar pode prever idade e tempo de contribuição
distintos para aposentadorias exclusivamente em favor de segurados:
a) Com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe
multiprofissional e interdisciplinar;
b) Cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e
biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por
categoria profissional ou ocupação.

No caso das pessoas com deficiência, a lei complementar é a 142/15 e continuam sendo válidas suas
previsões.
Quanto aos segurados que exercem atividades expostos a agentes químicos, físicos e biológicos
prejudiciais à saúde, chamo a atenção para o fato de que é vedada a categorização por categoria
profissional ou ocupação.
Essa categorização já não havia antes da EC 103/19, mas agora ela é expressa constitucionalmente.
Então, não se pode prever requisitos diferenciados para a profissão de médicos, por exemplo, e estendê-
los para todos os profissionais da categoria. É preciso avaliar, caso a caso, os agentes nocivos aos quais
o profissional está exposto.
Os agentes nocivos podem ser:
• químicos (ex: hidrocarbonetos, reagentes, gases tóxicos);
• físicos (ex: altas temperaturas, ruídos, postura inadequada); ou
• biológicos (ex: microrganismos, coronavírus).

35
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

7.1 - Aposentadoria por Idade da Pessoa com Deficiência

É assegurada a concessão de aposentadoria por idade, ao segurado com deficiência, com as idades
mínimas a seguir:
• aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, independentemente do grau de deficiência e
• aos 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, independentemente do grau de
deficiência.

Além das idades acima mencionadas, o segurado com deficiência, para poder se aposentar por idade,
deve contar com no mínimo 15 anos de tempo de contribuição, cumpridos na condição de pessoa
com deficiência, independentemente do grau.

Aposentadoria por idade


(segurado com deficiência)

60 anos de idade
(Homem)
Completar a
Regra
Idade
55 anos de idade
(Mulher)

7.2 - Aposentadoria por Tempo de Contribuição da Pessoa com Deficiência

36
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

A aposentadoria por tempo de contribuição do segurado com deficiência, cumprida a carência, é


devida ao segurado empregado, empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual e
facultativo, observados os seguintes requisitos:
I - aos 25 anos de tempo de contribuição na condição de pessoa com deficiência, se homem, e 20
anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência grave;
II - aos 29 anos de tempo de contribuição na condição de pessoa com deficiência, se homem, e 24
anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência moderada;
III - aos 33 anos de tempo de contribuição na condição de pessoa com deficiência, se homem, e 28
anos, se mulher, no caso de segurado com deficiência leve.

Aposentadoria por tempo de contribuição


(segurado com deficiência)

Deficiência 25 anos 20 anos


Grave (Homem) (Mulher)
Completar o
Tempo de Deficiência 29 anos 24 anos
Contribuição Moderada (Homem) (Mulher)

Deficiência 33 anos 28 anos


Leve (Homem) (Mulher)

Para o reconhecimento do direito à aposentadoria por tempo de contribuição nestas condições,


considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
O grau de deficiência será atestado por perícia própria do INSS, por meio de instrumentos
desenvolvidos para este fim.
A concessão da aposentadoria por tempo de contribuição ou por idade ao segurado que tenha
reconhecido, em avaliação médica e funcional realizada por perícia própria do INSS, grau de deficiência
leve, moderada ou grave, está condicionada à comprovação da condição de pessoa com deficiência
na data da entrada do requerimento ou na data da implementação dos requisitos para o benefício.
Todos os segurados com deficiência têm direito à Aposentadoria por Tempo de Contribuição da pessoa
com deficiência . No entanto, temos que ressalvar situações específicas do segurado especial,
contribuinte individual e segurado facultativo, conforme segue:
• Segurado Especial: somente terá direito a aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa
com deficiência se contribuir, facultativamente e adicionalmente com alíquota de 20% sobre seu
salário de contribuição (além do 1,3% recolhidos sobre a receita bruta da comercialização de
sua produção rural).

37
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Contribuinte Individual: não terá direito a aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa
com deficiência quando trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou
equiparado, caso tenha optado por contribuir com alíquota de 11% sobre o salário-mínimo.
• Microempreendedor Individual (MEI): este contribuinte individual não terá direito a
aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência caso tenha optado por
contribuir com alíquota de 5% sobre o salário-mínimo.
• Segurado Facultativo: não terá direito a aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa
com deficiência caso tenha optado por contribuir com alíquota de 11% ou 5% sobre o salário-
mínimo, conforme o caso.

A critério do INSS, o segurado com deficiência deverá, a qualquer tempo, submeter-se a perícia própria
para avaliação ou reavaliação do grau de deficiência.
A existência de deficiência anterior à data da vigência da Lei Complementar 142/2013 deverá ser
certificada, inclusive quanto ao seu grau, por ocasião da primeira avaliação, sendo obrigatória a fixação
da data provável do início da deficiência.
A comprovação de tempo de contribuição na condição de segurado com deficiência em período anterior
à entrada em vigor Lei Complementar 142/2013 não será admitida por meio de prova
exclusivamente testemunhal.
Para o segurado que, após a filiação ao RGPS, tornar-se pessoa com deficiência, ou tiver seu grau de
deficiência alterado, o tempo de contribuição será proporcionalmente ajustado e os respectivos
períodos serão somados após conversão, considerando o grau de deficiência preponderante, conforme
as tabelas constantes no Regulamento da Previdência Social – RPS.
Considera-se grau de deficiência preponderante aquele em que o segurado cumpriu maior tempo de
contribuição, antes da conversão, e servirá como parâmetro para definir o tempo mínimo necessário
para a aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência e para a conversão.
Quando o segurado contribuiu alternadamente na condição de pessoa sem deficiência e com deficiência,
os respectivos períodos poderão ser somados, após aplicação da conversão.
A redução do tempo de contribuição da pessoa com deficiência não poderá ser acumulada, no
mesmo período contributivo, com a redução aplicada aos períodos de contribuição relativos a
atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, para
efeito de aposentadoria especial (Obs.: o conceito de aposentadoria especial será estudado ainda nesta
aula).
É garantida a conversão do tempo de contribuição cumprido em condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física do segurado, inclusive da pessoa com deficiência, para fins
da aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência, se resultar mais
favorável ao segurado.

Obs.: É vedada a conversão do tempo de contribuição da pessoa com deficiência para fins de
concessão da aposentadoria especial.

38
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Obs.: É facultado ao segurado com deficiência optar pela percepção de qualquer outra
espécie de aposentadoria do RGPS que lhe seja mais vantajosa.

Nos termos do § 3º, do art. 55, da Lei 8.213/91, com a redação dada pela Lei 13.846/19, a
comprovação do tempo de serviço, inclusive mediante justificativa administrativa ou
judicial, só produzirá efeito quando for baseada em início de prova material
contemporânea dos fatos, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na
ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, na forma prevista no regulamento.

Obs.: As informações de carência, renda mensal inicial, data de início do benefício, data da
cessação do benefício, dentre outras, serão objeto de estudo nos demais capítulos do nosso
Curso de Direito Previdenciário.

7.3 - Beneficiários
Para o reconhecimento do direito às aposentadorias por idade ou tempo de contribuição nessas
condições, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras,
podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas.
A concessão da aposentadoria por tempo de contribuição ou por idade ao segurado que tenha
reconhecido, em avaliação médica e funcional realizada por perícia própria do INSS, grau de deficiência
leve, moderada ou grave, está condicionada à comprovação da condição de pessoa com deficiência na
data da entrada do requerimento ou na data da implementação dos requisitos para o benefício.
A critério do INSS, o segurado com deficiência deverá, a qualquer tempo, submeter-se a avaliação
biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar.

Obs.: As informações de carência, renda mensal inicial, data de início do benefício, data da
cessação do benefício, dentre outras, serão objeto de estudo nos demais capítulos do nosso
Curso de Direito Previdenciário.

8 - Aposentadoria Especial
8.1 - Conceito
A aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência e idade mínima exigidas, será devida ao
segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual (no caso do contribuinte
individual somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção), que tenha
trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeito a condições
especiais cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes.

39
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Obs.: É vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.

Até que lei complementar disponha sobre a redução de idade mínima ou tempo de contribuição
prevista nos §§ 1º e 8º do art. 201 da Constituição Federal, será concedida aposentadoria segundo as
regras abaixo:

Tempo de
Idade
Exposição
Mínima
(de acordo com o
Regras de (homem e mulher)
agente nocivo)
Aposentadoria
Especial
15 ANOS 55 ANOS
(Enquanto não for publicada
lei complementar
prevendo as regras
para a concessão de 20 ANOS 58 ANOS
aposentadoria especial)

25 ANOS 60 ANOS

O tempo de contribuição e a idade mínima são os mesmos para segurados de ambos os sexos na
aposentadoria especial.
A concessão da aposentadoria especial dependerá da comprovação, durante o período mínimo de
quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso:
• tempo de trabalho em condições especiais que atenda aos seguintes requisitos:
o trabalho permanente,
▪ trabalho não ocasional,
▪ trabalho não intermitente,

• exposição do segurado aos seguintes agentes nocivos prejudiciais à saúde:


o agentes químicos,
o agentes físicos,
o agentes biológicos ou
o associação desses agentes.

Considera-se tempo de trabalho permanente aquele que é exercido de forma não ocasional e nem
intermitente, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente
nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço, ou seja, aquele em que o

40
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

segurado, no exercício de todas as suas funções, esteve efetivamente exposto a agentes nocivos físicos,
químicos e biológicos ou associação de agentes.

NÃO OCASIONAL: quando não ocorra eventualmente. Assim sendo, a exposição aos
referidos agentes nocivos não poderá ocorrer eventualmente (ocasionalmente)

NÃO INTERMITENTE: algo que não sofre interrupções. Logo, para efeito de aposentadoria
especial, não poderá haver interrupção na exposição aos referidos agentes nocivos previstos
na legislação.

Desta forma, trabalho não ocasional e não intermitente é aquele em que na jornada de trabalho não
houve interrupção ou suspensão do exercício de atividade com exposição aos agentes nocivos, ou seja,
não foi exercida de forma alternada, entre atividade comum e atividade especial com exposição a
agentes nocivos.
Considera-se também tempo de trabalho permanente os períodos de descanso determinados pela
legislação trabalhista, inclusive férias, aos de afastamento decorrentes de gozo de benefícios de auxílio
por incapacidade temporária ou aposentadoria por incapacidade permanente acidentários, bem como
aos de percepção de salário-maternidade, desde que, à data do afastamento, o segurado estivesse
exposto seguintes fatores de risco: agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de
agentes prejudiciais à saúde. No entanto, os períodos de afastamento decorrentes de gozo de
benefício por incapacidade de espécie não acidentária não serão considerados como sendo de
trabalho sob condições especiais.
Obs.: A redução de jornada de trabalho por acordo, convenção coletiva de trabalho ou sentença
normativa não descaracteriza a atividade exercida em condições especiais.
A efetiva exposição a agente prejudicial à saúde configura-se quando, mesmo após a adoção das
medidas de controle previstas na legislação trabalhista, a nocividade não seja eliminada ou
neutralizada.
Considera-se:
Eliminação - a adoção de medidas de controle que efetivamente impossibilitem a exposição ao
agente prejudicial à saúde no ambiente de trabalho; e
Neutralização - a adoção de medidas de controle que reduzam a intensidade, a concentração ou a
dose do agente prejudicial à saúde ao limite de tolerância previsto neste Regulamento ou, na sua
ausência, na legislação trabalhista.
A exposição aos agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou a associação desses
agentes, deverá superar os limites de tolerância estabelecidos segundo critérios quantitativos ou
estar caracterizada de acordo com os critérios da avaliação qualitativa.
A avaliação qualitativa de riscos e agentes nocivos será comprovada mediante descrição:
• das circunstâncias de exposição ocupacional a determinado agente nocivo ou associação de
agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho durante toda a jornada;

41
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• de todas as fontes e possibilidades de liberação dos agentes nocivos ou associação de agentes


nocivos presentes no ambiente de trabalho;
• dos meios de contato ou exposição dos trabalhadores, as vias de absorção, a intensidade da
exposição, a frequência e a duração do contato.

Para o segurado que houver exercido duas ou mais atividades sujeitas a agentes químicos, físicos e
biológicos prejudiciais à saúde, ou a associação desses agentes, sem completar em quaisquer delas o
prazo mínimo exigido para a aposentadoria especial, os respectivos períodos de exercício serão
somados após conversão, hipótese em que será considerada a atividade preponderante para efeito de
enquadramento.
A atividade preponderante será aquela pela qual o segurado tenha contribuído por mais tempo, antes
da conversão, e servirá como parâmetro para definir o tempo mínimo necessário para a aposentadoria
especial e para a conversão.

Aposentadoria especial

Químicos
Trabalhar
exposto Prejudiciais à saúde
Físicos
a agentes
nocivos
Biológicos

A exposição Não ocasional Depende de


tem que ser comprovação da
permanente: Não intermitente efetiva exposição
(Não sofre interrupções)

“ PPP” – Perfil Profissiográfico Previdenciário


Comprovação
(Elaborado pela empresa com base no “ LTCAT” )

“ LTCAT” – Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho


(Elaborado pelo médico do trabalho ou engenheiro de segurança)

8.2 - Beneficiários
São beneficiários da aposentadoria especial:
• segurado empregado;
• trabalhador avulso; e

42
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• contribuinte individual, exclusivamente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou


cooperativa de produção.

Aposentadoria Especial

Segurado empregado

Trabalhador avulso

Segurado cooperado

Cooperativa de trabalho

Cooperativa de trabalho

8.3 - Informações Adicionais


Consideram-se condições especiais que prejudiquem a saúde aquelas nas quais a exposição ao
agente nocivo ou associação de agentes presentes no ambiente de trabalho esteja acima dos limites de
tolerância estabelecidos segundo critérios quantitativos ou esteja caracterizada segundo os critérios da
avaliação qualitativa.
Após a reforma da previdência, os períodos de atividade especial não mais poderão ser
convertidos em atividade comum, aumentando o tempo de contribuição do segurado. Essa nova
regra se aplica aos períodos trabalhados a partir de 13/11/2019. Portanto, independente de quando
for se aposentar, se um segurado exerceu atividade especial até 12/11/2019, ainda poderá haver a
conversão. Para períodos posteriores, veda-se o procedimento.
A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à
saúde, considerados para fins de concessão de aposentadoria especial, consta do Anexo IV do
Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99.
A Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia promoverá a
elaboração de estudos com base em critérios técnicos e científicos para atualização periódica do
disposto no Anexo IV do Regulamento da Previdência Social.
A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário
emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do
trabalho - LTCAT expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. No
entanto, a constatação da presença no ambiente de trabalho, com possibilidade de exposição a ser
apurada na forma da legislação previdenciária, de agentes nocivos reconhecidamente cancerígenos
em humanos, listados pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia,
caso sejam adotadas as medidas de controle previstas na legislação trabalhista que eliminem a
nocividade, será descaracterizada a efetiva exposição.

43
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

No laudo técnico de condições ambientais do trabalho, conterá informações sobre a existência de


tecnologia de proteção coletiva ou individual e sobre a sua eficácia e será elaborado com observância
às normas editadas pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério Economia e aos
procedimentos adotados pelo INSS.
A empresa que não mantiver laudo técnico atualizado com referência aos agentes nocivos existentes no
ambiente de trabalho de seus trabalhadores ou que emitir documento de comprovação de efetiva
exposição em desacordo com o respectivo laudo estará sujeita às penalidades previstas na
legislação.
O INSS estabelecerá os procedimentos para fins de concessão de aposentadoria especial,
podendo, se necessário, confirmar as informações contidas nos documentos destinados a comprovar a
efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos.
A empresa deverá elaborar e manter atualizado o perfil profissiográfico previdenciário – PPP do
trabalhador, contemplando as atividades desenvolvidas durante o período laboral, documento que a ele
deverá ser fornecido, por cópia autêntica, no prazo de trinta dias da rescisão do seu contrato de
trabalho, sob pena de sujeição às sanções previstas na legislação aplicável.
Considera-se perfil profissiográfico previdenciário – PPP o documento com o histórico laboral do
trabalhador, segundo modelo instituído pelo INSS, que, entre outras informações, deve conter:
• o resultado das avaliações ambientais;
• o nome dos responsáveis pela monitoração biológica e das avaliações ambientais;
• os resultados de monitoração biológica; e
• os dados administrativos correspondentes.

O trabalhador ou o seu preposto terá acesso às informações prestadas pela empresa sobre o seu
perfil profissiográfico previdenciário e poderá, inclusive, solicitar a retificação de informações que
estejam em desacordo com a realidade do ambiente de trabalho, conforme orientação estabelecida em
ato do Ministro de Estado da Economia.
A cooperativa de trabalho e a empresa contratada para prestar serviços mediante cessão ou
empreitada de mão-de-obra atenderão às mesmas obrigações acessórias acima citadas, com base nos
laudos técnicos de condições ambientais de trabalho emitidos pela empresa contratante, quando o
serviço for prestado em estabelecimento da contratante.
Nas avaliações ambientais deverão ser considerados, além do disposto no Anexo IV do Regulamento da
Previdência Social - RPS, a metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundação
Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO.
Na hipótese de não terem sido estabelecidos pela FUNDACENTRO a metodologia e procedimentos de
avaliação, caberá ao Ministério da Economia indicar outras instituições para estabelecê-los.
A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerão ao
disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço, ainda que posteriormente
revogada ou modificada.
O STJ tem entendimento de que a classificação dos agentes nocivos constantes dos decretos
regulamentadores (Regulamento da Previdência Social – RPS, por exemplo) são meramente
exemplificativos, cabendo o enquadramento inclusive em situações não previstas, desde que fique
demonstrado a efetiva exposição a fatores de risco. Como exemplo podemos citar a exposição do

44
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

segurado à “eletricidade”. Apesar de tal exposição não estar prevista nos decretos regulamentadores,
tal atividade exposta ao agente pode ser considerada especial.
Outrossim, o STJ também tem entendimento de que o fato da empresa fornecer ao segurado
equipamento de proteção individual – EPI, não afasta, por si só, o direito à aposentadoria especial,
devendo ser apreciado caso a caso.

Obs.: As demais informações sobre a aposentadoria especial serão objeto de estudo nos
demais capítulos do nosso Curso de Direito Previdenciário.

9 - Auxílio por Incapacidade Temporária


9.1 - Conceito
O auxílio por incapacidade temporária (antigamente denominado auxílio-doença) será devido ao
segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido em lei, ficar
incapacitado temporariamente para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de
quinze dias consecutivos, conforme definido em avaliação médico-pericial.
O benefício de auxílio por incapacidade temporária será devido quando o segurado estiver
temporariamente incapacitado para o trabalho por motivo tanto de doença, como decorrente de
acidente, relacionado ou não com o trabalho (não precisa ser acidente do trabalho).
No entanto, se a incapacidade for permanente, o auxílio por incapacidade temporária será convertido
em aposentadoria por incapacidade permanente.
Se a invalidez for constatada de imediato, o segurado será aposentado diretamente por incapacidade
permanente, sem necessidade de receber previamente auxílio por incapacidade temporária.
O auxílio por incapacidade temporária poderá ser concedido ao segurado empregado a contar do
décimo sexto dia do afastamento da atividade e, no caso dos demais segurados, a contar da data do
início da incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz, desde que o afastamento seja superior a
quinze dias.
Quando auxílio por incapacidade temporária for requerido após o trigésimo dia do afastamento da
atividade, somente será devido a contar da data de entrada do requerimento, para todos os
segurados.
Durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença,
incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral.
Se concedido novo benefício decorrente do mesmo motivo que gerou a incapacidade, dentro de
sessenta dias contados da cessação do benefício anterior, a empresa fica desobrigada do pagamento
relativo aos quinze primeiros dias de afastamento, prorrogando-se o benefício anterior e
descontando-se os dias trabalhados, se for o caso.
Quando a incapacidade ultrapassar o período de quinze dias consecutivos, o segurado será
encaminhado ao INSS para avaliação médico-pericial.

45
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Trabalho
Incapacidade
Temporária
Atividade
habitual

Doença Relacionado ou não


Por motivo de
Acidente com o trabalho

9.2 - Beneficiários
Todos os segurados têm direito ao benefício de auxílio por incapacidade temporária.

Auxílio por Incapacidade Temporária

Todas as categorias
de segurados

9.3 - Informações Adicionais


Não será devido auxílio por incapacidade temporária ao segurado que se filiar ao Regime Geral de
Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo
quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.
Indevido
Não será devido auxílio por Já portador da doença ou
Auxílio por incapacidade temporária ao da lesão invocada como
incapacidade segurado que se filiar ao causa para o benefício
temporária RGPS :

Salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de


progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.

Segundo a MP nº 1.113, de 2022, o segurado em gozo de auxílio por incapacidade temporária,


auxílio-acidente ou aposentadoria por incapacidade permanente e o pensionista inválido, cujos
benefícios tenham sido concedidos judicial ou administrativamente, estão obrigados, sob pena de
suspensão do benefício, a submeter-se a:

46
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

I - exame médico a cargo da Previdência Social para avaliação das condições que ensejaram sua
concessão ou manutenção;
II - processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado; e
III - tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são
facultativos.

O segurado poderá recorrer do resultado da avaliação decorrente do exame médico acima mencionado,
no prazo de trinta dias, de competência da Secretaria de Previdência do Ministério do Trabalho e
Previdência, por meio da Subsecretaria de Perícia Médica Federal.
Na impossibilidade de realização do exame médico-pericial inicial antes do término do período de
recuperação indicado pelo médico assistente em documentação, o empregado é autorizado a retornar
ao trabalho no dia seguinte à data indicada pelo médico assistente, mantida a necessidade de
comparecimento do segurado à perícia na data agendada.
O segurado em gozo de auxílio por incapacidade temporária concedido judicial ou
administrativamente poderá ser convocado a qualquer tempo para avaliação das condições que
ensejaram sua concessão ou manutenção.
Ato do Ministro de Estado do Trabalho e Previdência poderá estabelecer as condições de dispensa
da emissão de parecer conclusivo da perícia médica federal quanto à incapacidade laboral,
hipótese na qual a concessão do auxílio por incapacidade temporária será feita por meio de análise
documental, incluídos atestados ou laudos médicos, realizada pelo INSS. (MP nº 1.113/2022).
O segurado que durante o gozo do auxílio por incapacidade temporária vier a exercer atividade
que lhe garanta subsistência poderá ter o benefício cancelado a partir do retorno à atividade.
No entanto, caso o segurado, durante o gozo do auxílio por incapacidade temporária, venha a
exercer atividade diversa daquela que gerou o benefício, deverá ser verificada a incapacidade para
cada uma das atividades exercidas.
O auxílio por incapacidade temporária do segurado que exercer mais de uma atividade abrangida
pela previdência social será devido mesmo no caso de incapacidade apenas para o exercício de uma
delas, devendo a perícia médica ser conhecedora de todas as atividades que o segurado estiver
exercendo. Neste caso, o auxílio por incapacidade temporária será concedido em relação à atividade para
a qual o segurado estiver incapacitado, considerando-se para efeito de carência somente as
contribuições relativas a essa atividade.
Se nas várias atividades o segurado exercer a mesma profissão, será exigido de imediato o afastamento
de todas.
Na hipótese de o segurado exercer mais de uma atividade e não se afastar de todas, o valor do auxílio
por incapacidade temporária poderá ser inferior ao salário-mínimo, desde que, se somado às demais
remunerações recebidas, resulte em valor superior ao salário-mínimo.
O segurado que, durante o gozo do auxílio por incapacidade temporária, vier a exercer atividade
remunerada que lhe garanta a subsistência poderá ter o benefício cancelado a partir do retorno à
atividade.
Sempre que possível, o ato de concessão ou de reativação de auxílio por incapacidade temporária,
judicial ou administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício. Na ausência de
fixação do prazo de duração, o benefício cessará após cento e vinte dias, contado da data de concessão

47
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

ou de reativação do auxílio por incapacidade temporária, exceto se o segurado requerer a sua


prorrogação perante o INSS, na forma do regulamento.
Quando insuscetível de recuperação para sua atividade habitual, o segurado afastado em gozo de
auxílio por incapacidade temporária deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o
exercício de outra atividade. Neste caso, o auxílio por incapacidade temporária será mantido até
que o segurado seja considerado reabilitado para o desempenho de atividade que lhe garanta a
subsistência ou, quando considerado não recuperável, seja aposentado por incapacidade permanente.

Obs.: No entanto, quando o segurado que exercer mais de uma atividade se incapacitar
definitivamente para uma delas, deverá o auxílio por incapacidade temporária ser
mantido indefinidamente, não cabendo sua transformação em aposentadoria por
incapacidade permanente, enquanto essa incapacidade não se estender às demais
atividades.
Nesse caso, o segurado somente poderá transferir-se das demais atividades que exerce após
o conhecimento da reavaliação médico-pericial.

O segurado empregado, inclusive o doméstico, em gozo de auxílio por incapacidade temporária, será
considerado pela empresa e pelo empregador doméstico como licenciado.
A empresa que garantir ao segurado licença remunerada ficará obrigada a pagar-lhe durante o
período de auxílio por incapacidade temporária a eventual diferença entre o valor do benefício e a
importância garantida pela licença remunerada.
A previdência social deve processar de ofício o benefício, quando tiver ciência da incapacidade do
segurado sem que este tenha requerido auxílio por incapacidade temporária.
É facultado à empresa protocolar requerimento de auxílio por incapacidade temporária ou
documento dele originário de seu empregado ou de contribuinte individual a ela vinculado ou a seu
serviço, na forma estabelecida pelo INSS.
A empresa terá acesso às decisões administrativas de benefícios requeridos por seus
empregados, resguardadas as informações consideradas sigilosas, na forma estabelecida em ato do
INSS.

Obs.: Não será devido auxílio por incapacidade temporária para o segurado recluso em
regime fechado. O segurado em gozo de auxílio por incapacidade temporária na data de
recolhimento à prisão terá seu benefício suspenso por até 60 dias, contados da data de
recolhimento à prisão, cessado o benefício após o referido prazo. Na hipótese de o segurado
ser colocado em liberdade antes de 60 dias, o benefício será restabelecido a partir da data
de soltura.
Em caso de prisão declarada ilegal, o segurado terá direito à percepção do benefício por todo
o período devido, efetuado o encontro de contas na hipótese de ter havido pagamento de
auxílio-reclusão com valor inferior ao do auxílio por incapacidade temporária no mesmo
período.
O segurado recluso em cumprimento de pena em regime aberto ou semiaberto fará jus ao
auxílio por incapacidade temporária.

48
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

O STJ tem entendimento que o auxílio por incapacidade temporária é devido ao segurado mesmo
que seja considerado parcialmente incapaz para o trabalho, desde que suscetível de reabilitação
profissional para o exercício de outras atividades laborais.

Obs.: As informações de carência, renda mensal inicial, data de início do benefício, data da
cessação do benefício, dentre outras, serão objeto de estudo nos demais capítulos do nosso
Curso de Direito Previdenciário.

10 - Auxílio-acidente
10.1 - Conceito
O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado ao segurado empregado,
empregado doméstico, ao trabalhador avulso e ao segurado especial, quando, após consolidação
das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas definitivas que
impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
Para ter direito ao auxílio-acidente não é necessário que seja acidente do trabalho. A lei refere-se a
acidente de qualquer natureza.
No entanto, não basta a ocorrência do acidente de qualquer natureza para que o benefício de auxílio-
acidente seja concedido. Faz-se necessário a ocorrência das circunstâncias a seguir:
1) segurado sofra um acidente de qualquer natureza;
2) ocorra a consolidação das lesões (quadro clínico tenha estabilizado);
3) do acidente, resulte sequelas definitivas;
4) haja redução da capacidade laborativa do segurado para o trabalho que habitualmente
exercia.

Enquanto as lesões não se consolidarem e o segurado estiver impossibilitado temporariamente de


voltar ao trabalho, receberá auxílio por incapacidade temporária. Se a perícia constatar que a
incapacidade é total e permanente, será concedida a aposentadoria por incapacidade permanente.

Obs.: O ANEXO III do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto
3.048/99, traz uma lista de situações que dão direito ao auxílio-acidente.

49
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Pré-requisitos
Qualquer
Natureza Acidente Com redução
Ocorrido um parcial da
Consolidação
Acidente capacidade
Das lesões
Qualquer laborativa para a
Causa Sequelas
atividade habitual
Definitivas

Acidente de Constatado isso, cessa o auxílio por incapacidade


trabalho ou temporária e inicia o auxílio-acidente,
não com retorno ao trabalho

10.2 - Beneficiários
Somente poderão beneficiar-se do auxílio-acidente os seguintes segurados:
• Empregado;
• Empregado doméstico;
• Trabalhador avulso; e
• Segurado especial

Portanto, não será devido auxílio-acidente ao contribuinte individual e ao segurado facultativo.


Na hipótese de o trabalhador ter exercido, durante sua vida profissional, diversas atividades,
enquadrando-se em diferentes categorias de segurado, para fins de concessão do auxílio-acidente,
considerar-se-á a atividade exercida na data do acidente.
Portanto, para que o benefício seja concedido é necessário que, na data do acidente, o trabalhador esteja
exercendo alguma atividade que o enquadre como:
• Empregado;
• Empregado doméstico;
• Trabalhador avulso; ou
• Segurado especial

50
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

AUXÍLIO ACIDENTE

Segurado empregado

Empregado doméstico

Trabalhador avulso

Segurado especial

Na hipótese de o trabalhador ter exercido,


durante sua vida profissional, diversas
Auxílio atividades, enquadrando-se em diferentes
Acidente categorias de segurado, para fins de concessão
do auxílio-acidente, considerar-se-á a
atividade exercida na data do acidente.

Assim, para que o benefício seja concedido é necessário


que, na data do acidente, o trabalhador esteja exercendo
alguma atividade que o enquadre como:

Trabalhador Empregado Segurado


Empregado
Avulso Doméstico Especial

10.3 - Informações Adicionais


O auxílio-acidente é recebido como uma indenização, a ser paga ao segurado quando do seu retorno
ao trabalho, como uma forma de compensação pelo esforço adicional que deverá fazer por trabalhar
com redução de sua capacidade laborativa. Enquanto o trabalhador estiver afastado, recebe auxílio
por incapacidade temporária. O auxílio-acidente é devido a partir do retorno ao trabalho.
Em tratando-se de acidente do trabalho, além de devido o auxílio-acidente a ser pago pela Previdência
Social, não será excluída a responsabilidade civil da empresa ou de terceiros.
Para fazer jus ao auxílio-acidente é necessária a confirmação, pela perícia médica do INSS, da efetiva
redução da capacidade laborativa do segurado, em decorrência de acidente de qualquer natureza.
Consequentemente, se não houver redução da capacidade para o trabalho, o auxílio-acidente não
deverá ser concedido.

51
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

O STJ tem entendimento de que para fazer jus ao auxílio-acidente, não basta apenas a comprovação do
dado à saúde do segurado, mas é necessário que se mostre configurado o comprometimento de sua
capacidade laborativa. Vejamos abaixo julgado neste sentido:
AGRAVO REGIMENTAL - RECURSO ESPECIAL - DIREITO PREVIDENCIÁRIO - AUXÍLIO-ACIDENTE -
REQUISITOS - INCAPACIDADE - REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA - IMPOSSIBILIDADE - SÚMULA
7/STJ.
1. Esta Corte Superior de Justiça, no julgamento do REsp 1.108.298/SC, submetido ao rito dos
recursos repetitivos, firmou entendimento segundo o qual "o auxílio-acidente visa indenizar e
compensar o segurado que não possui plena capacidade de trabalho em razão do acidente sofrido,
não bastando, portanto, apenas a comprovação de um dano à saúde do segurado, quando o
comprometimento da sua capacidade laborativa não se mostre configurado".
2. Hipótese em que a Corte a quo examinou a fundamentação à luz do trabalho pericial que,
diferentemente do aduzido pelo agravante, concluiu pela ausência de qualquer restrição para o
trabalho, considerando para tanto o grau extremamente leve da moléstia.(...)
(STJ, AgRg no AREsp 215287 / SP, Rel. Min. DIVA MALERBI, 2ª Turma, DJe 18/12/2012).

Também, no entendimento do STJ, exige-se, para concessão do auxílio-acidente, a existência de lesão,


decorrente de acidente do trabalho, que implique redução da capacidade para o labor habitualmente
exercido, independentemente do nível do dano e do grau do aumento do esforço do segurado. O que
importa é a redução para a capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. Vejamos abaixo o
julgado neste sentido:
PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. AUXÍLIO-
ACIDENTE. LESÃO MÍNIMA. DIREITO AO BENEFÍCIO. 1. Conforme o disposto no art. 86, caput, da
Lei 8.213/91, exige-se, para concessão do auxílio-acidente, a existência de lesão, decorrente de
acidente do trabalho, que implique redução da capacidade para o labor habitualmente exercido. 2.
O nível do dano e, em consequência, o grau do maior esforço, não interferem na concessão do
benefício, o qual será devido ainda que mínima a lesão. 3. Recurso especial provido. (STJ, REsp
1109591 / SC, Rel. Min. CELSO LIMONGI, 3ª SEÇÃO, DJe 08/09/2010).

O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria, não prejudicará


a continuidade do recebimento do auxílio-acidente. Assim sendo, é vedada sua acumulação do
auxílio-acidente com qualquer aposentadoria.
Abaixo, relaciono situações que, nos termos do Regulamento da Previdência Social - RPS, não darão
ensejo ao benefício de auxílio-acidente:
• Caso que apresente danos funcionais ou redução da capacidade funcional sem repercussão na
capacidade laborativa; e

52
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Caso de mudança de função, mediante readaptação profissional promovida pela empresa, como
medida preventiva, em decorrência de inadequação do local de trabalho.
A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do auxílio-acidente
quando, além do reconhecimento do nexo entre o trabalho e o agravo, resultar, comprovadamente,
na redução ou perda da capacidade para o trabalho que o segurado habitualmente exercia.
Assim sendo, para que a perda da audição, em qualquer grau, dê direito à concessão de auxílio-acidente,
é obrigatório que se cumpram, cumulativamente, os requisitos abaixo:
• Nexo causal entre o trabalho exercido e a perda da audição;
• Redução ou perda da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia, em decorrência da
perda da audição.
Ou seja, não será devido o auxílio-acidente, em caso de redução ou perda da audição, se não houver
nexo causal entre o trabalho e a perda auditiva ou, ainda que existente nexo causal, a perda da audição
não provocar a redução ou perda da capacidade laborativa.

O STJ tem manifestado entendimento neste sentido, senão vejamos:


PREVIDENCIÁRIO. DISACUSIA. AUXÍLIO-ACIDENTE. REQUISITOS. NEXO CAUSALE REDUÇÃO DA
CAPACIDADE LABORATIVA. TABELA FOWLER. INAPLICABILIDADE.TERMO INICIAL. CITAÇÃO.
(PRECEDENTES). 1. De acordo com os precedentes deste Superior Tribunal de Justiça, para
concessão de auxílio-acidente fundamentado na redução da capacidade laboral pela perda de
audição, é necessário, somente, que a sequela decorra da atividade exercida e acarrete, de fato, uma
redução da capacidade para o trabalho habitualmente exercido. 2. Conforme jurisprudência desta
Corte, na ausência de requerimento administrativo e prévia concessão do auxílio-doença, o termo
inicial do auxílio-acidente deve ser fixado na citação. 3. Agravo interno ao qual se nega provimento.
(STJ - AgRg no Ag 1364221 SP 2010/0189380-9, DJe 25/05/2011

Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto de mais de um auxílio-
acidente. Desta forma, se o segurado em gozo de auxílio-acidente fizer jus a um novo auxílio-acidente,
decorrente de um outro acidente que acarretou novas sequelas com perda parcial da capacidade para
o trabalho, será mantido apenas um auxílio-acidente, de valor mais vantajoso entre os dois.
No caso de reabertura de auxílio por incapacidade temporária pelo mesmo acidente que tenha dado
origem a auxílio-acidente, este (o auxílio-acidente) será suspenso até a cessação do auxílio por
incapacidade temporária reaberto, quando será reativado o respectivo auxílio-acidente. No entanto, se
o auxílio por incapacidade temporária for decorrente de doença ou acidente diverso daquele que deu
origem ao auxílio-acidente concedido, é perfeitamente possível acumular o auxílio-acidente com o
auxílio por incapacidade temporária (apenas quando decorrentes de causas diversas).
O STJ tem manifestado entendimento neste sentido, senão vejamos:
PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE E AUXÍLIO-DOENÇA. CUMULAÇÃO INDEVIDA. DECISÃO
MANTIDA. 1. A teor da jurisprudência assente no âmbito da Terceira Seção, é indevida a cumulação
53
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

dos benefícios de auxílio-acidente e auxílio-doença oriundos de uma mesma lesão, ex vi do disposto


nos arts. 59 e 60 combinados com o art. 86, § 2º, todos da Lei n. 8.213/1991. 2. Agravo regimental
improvido. (STJ - AgRg no AgRg no REsp: 1075918 SP, DJe 28/02/2011)

Obs.: As informações de carência, renda mensal inicial, data de início do benefício, data da
cessação do benefício, dentre outras, serão objeto de estudo nos demais capítulos do nosso
Curso.

O recebimento de salário ou concessão de outro


Auxílio- benefício, exceto aposentadoria, não prejudicará o
Acidente recebimento do auxilio-acidente.

Assim, é vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria

Salvo no caso de direito adquirido, não é


Auxílio permitido acumular o recebimento de mais de
Acidente um auxílio-acidente. Mantém-se o mais
vantajoso.

O auxílio-acidente não pode ser acumulado


Auxílio
com o auxílio por incapacidade temporária,
Acidente quando decorrerem da mesma causa.

11 - Salário-maternidade
11.1 - Conceito
Salário-maternidade é um benefício previdenciário devido em função das seguintes circunstâncias:
• Parto (inclusive se natimorto);
• Aborto não criminoso;
• Adoção; ou
• Guarda judicial para fins de adoção.

Seguem abaixo breves comentários introdutórios e conceituais acerca das circunstâncias que são
consideradas fatos geradores de salário-maternidade. Em seguida, iremos aprofundar o estudo deste
benefício previdenciário com mais informações:

54
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

PARTO: O salário-maternidade é devido à segurada da previdência social, durante 120


(cento e vinte) dias, com início, em regra, 28 (vinte e oito) dias antes da data prevista para
o parto e término 91 (noventa e um) dias depois do parto, podendo ser prorrogado. Como é
impossível prever, com exatidão a data do parto, caso ocorra nascimento antecipado ou
natimorto, poderá ter início no intervalo de 28 dias antes da data prevista para o parto até a
data do parto, iniciando-se a contagem dos 120 dias de salário-maternidade.
A partir da 23ª semana de gestação, mesmo que natimorto, será considerado parto e dará
direito a 120 dias de salário-maternidade.
Em casos excepcionais, os períodos de repouso anterior e posterior ao parto podem ser
aumentados de mais 2 (duas) semanas, mediante atestado médico específico submetido
à avaliação médico-pericial.
Em caso de parto antecipado ou não, a segurada tem direito aos 120 (cento e vinte dias)
previstos na legislação.

ABORTO NÃO CRIMINOSO: Em caso de aborto não criminoso, comprovado mediante


atestado médico, a segurada terá direito ao salário-maternidade correspondente a 2 (duas
semanas). No entanto, se o aborto for tipificado como crime, a segurada não terá direito ao
salário-maternidade.
Considera-se aborto não criminoso aquele ocorrido nas seguintes circunstâncias:
1. Aborto involuntário;
2. Quando não há outro meio de salvar a vida da gestante;
3. Quando a gravidez resulta de estupro; e
4. Interrupção de gravidez de feto que apresenta anencefalia (entendimento do STF)

ADOÇÃO e GUARDA JUDIAL PARA FINS DE ADOÇÃO: Ao segurado ou segurada da


Previdência Social que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança de
até doze anos de idade é devido salário-maternidade pelo período de 120 (cento e vinte)
dias.
Considera-se criança, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente, a pessoa até 12
anos de idade incompletos. Já o adolescente é q pessoa que tenha entre 12 anos e 18 anos de
idade.
Assim sendo, terá direito ao salário-maternidade, o segurado ou segurada que adotar ou
obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança com até 11 anos de idade completos
(ou 12 anos de idade incompletos). Se a pessoa adotada tiver 12 anos completos ou mais,
não dará direito ao benefício de salário-maternidade.

55
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Parto Pode ser ampliado


(23ª semana 120 dias Em + 2 semanas
(Mediante atestado
em diante) médico específico)

Aborto não criminoso No início No final


(atestado médico)
2 semanas do período do período

No início e final
Adoção do período

120 dias Pode iniciar gozo 28 dias antes


Guarda judicial
do parto, com término 91 dias
para fins de adoção
após.

Para a segurada empregada, inclusive a doméstica, observar-se-á, no que couber, as situações e


condições previstas na legislação trabalhista relativas à proteção à maternidade.

11.2 - Beneficiários
No caso de parto e aborto não criminoso, são beneficiários do salário-maternidade:
• Todas as seguradas do RGPS.
o (apenas do sexo feminino*).

No caso de adoção ou guarda judicial para fins de adoção de criança, são beneficiários do salário-
maternidade:
• Todos os segurados e seguradas do RGPS.
o (do sexo masculino ou feminino)

* Obs.: Ressalvadas as hipóteses de pagamento de salário-maternidade à mãe biológica e de pagamento


ao cônjuge ou companheiro sobrevivente, não poderá ser concedido salário-maternidade a mais de um
segurado ou segurada em decorrência do mesmo processo de adoção ou guarda, ainda que o cônjuge
ou companheiro esteja vinculado a regime próprio de previdência social. Assim sendo, caso ambos os
adotantes forem segurados do RGPS e ou do RPPS, o salário-maternidade somente será devido a um
dos adotantes.
Obs.: No caso de falecimento da segurada ou segurado que fizer jus ao recebimento do salário-
maternidade, o benefício será pago, por todo o período ou pelo tempo restante a que teria direito, ao
cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de segurado, exceto no caso do
falecimento do filho ou de seu abandono, observadas as normas aplicáveis ao salário-maternidade.
Exemplo: Irineu é casado com Adelaide, sendo ambos segurados empregados do RGPS. Caso Adelaide
venha a falecer durante o parto e a bebê sobreviva, Irineu (por também ser segurado), terá direito ao
recebimento do salário-maternidade por 120 dias. Caso o bebê também venha a falecer ou seja
abandonado por Irineu, o benefício de salário-maternidade não será pago.

56
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

11.3 - Informações Adicionais


A percepção do salário-maternidade está condicionada ao afastamento do segurado do trabalho ou
da atividade desempenhada, sob pena de suspensão do benefício.
Para efeito de concessão e pagamento do salário-maternidade, em caso de gêmeos, não há qualquer
alteração de valor ou duração do benefício, sendo devido apenas um único salário-maternidade.
O salário-maternidade é devido à segurada independentemente de a mãe biológica ter recebido o
mesmo benefício quando do nascimento da criança.
Como vimos, em caso de falecimento da segurada ou segurado que fizer jus ao recebimento do salário-
maternidade, o benefício será pago, por todo o período ou pelo tempo restante a que teria direito, ao
cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de segurado, exceto no caso do
falecimento do filho ou de seu abandono, observadas as normas aplicáveis ao salário-maternidade,
devendo ser requerido até o último dia do prazo previsto para o término do salário-maternidade
originário. Neste caso, será pago diretamente pela Previdência Social durante o período entre a data
do óbito e o último dia do término do salário-maternidade originário, aplicando-se, tais regras, também
nos casos de segurado que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção.
Ressalvado o pagamento do salário-maternidade à mãe biológica e o pagamento no ao cônjuge
ou companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de segurado (no caso de falecimento da
segurada ou segurado que fizer jus ao recebimento do salário-maternidade), não poderá ser concedido
o benefício a mais de um segurado, decorrente do mesmo processo de adoção ou guarda, ainda que os
cônjuges ou companheiros estejam submetidos a Regime Próprio de Previdência Social.
Cabe à empresa pagar o salário-maternidade devido à respectiva empregada gestante, efetivando-se
a compensação quando do recolhimento das contribuições incidentes sobre a folha de salários e demais
rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço. Neste caso, a
empregada deve dar quitação à empresa dos recolhimentos mensais do salário-maternidade na própria
folha de pagamento ou por outra forma admitida, de modo que a quitação fique plena e claramente
caracterizada.
Para a comprovação das compensações acima mencionadas, a empresa deve conservar, durante o
prazo decadencial, comprovantes dos pagamentos e atestados ou das certidões correspondentes para
exame pela fiscalização.
O salário-maternidade devido ao segurado ou segurada da Previdência Social que adotar ou obtiver
guarda judicial para fins de adoção de criança, devido pelo período de 120 (cento e vinte) dias, será
pago diretamente pela Previdência Social.
O salário-maternidade devido à empregada do microempreendedor individual, da mesma forma,
será pago diretamente pela Previdência Social.
O salário-maternidade devido à empregada intermitente também será pago diretamente pela
Previdência Social.
Também será paga diretamente pela Previdência Social para os segurados empregado doméstico,
trabalhador avulso, segurado especial, contribuinte individual e segurado facultativo em relação
a todos os fatos geradores do benefício de salário-maternidade.
Obs.: O salário-maternidade não é devido quando o termo de guarda não contiver a observação de
que é para fins de adoção ou só contiver o nome do cônjuge ou companheiro.

57
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Parto Segurada Empresa paga e se


Empregada compensa
Aborto Demais Pago diretamente
não criminoso Seguradas pela Previdência Social

Adoção
Previdência social paga diretamente
Guarda judicial para todos os tipos de segurados
para fins de adoção

Empregada do MEI

Empregada
Intermitente Previdência social paga diretamente
Empregada com
jornada parcial
(SC inferior ao limite mínimo mensal)

Para a concessão do salário-maternidade é indispensável que conste da nova certidão de nascimento


da criança, ou do termo de guarda, o nome da segurada adotante ou guardiã, bem como, deste último,
tratar-se de guarda para fins de adoção.
Quando houver adoção ou guarda judicial para adoção de mais de uma criança, é devido um único
salário-maternidade relativo à criança de menor idade. No entanto, no caso de empregos
concomitantes, a segurada fará jus ao salário-maternidade relativo a cada emprego.
Compete à interessada instruir o requerimento do salário-maternidade com os atestados médicos
necessários.
Quando o benefício for requerido após o parto, o documento comprobatório é a Certidão de
Nascimento, podendo, no caso de dúvida, a segurada ser submetida à avaliação pericial junto ao
Instituto Nacional do Seguro Social.
O início do afastamento do trabalho da segurada empregada (inclusive a doméstica) será
determinado com base em atestado médico ou certidão de nascimento do filho.
Obs.: Nos meses de início e término do salário-maternidade da segurada empregada, o salário-
maternidade será proporcional aos dias de afastamento do trabalho.

IMPORTANTE: O salário-maternidade não pode ser acumulado com benefício por


incapacidade.

Quando ocorrer incapacidade em concomitância com o período de pagamento do salário-


maternidade, o benefício por incapacidade, conforme o caso, deverá ser suspenso enquanto perdurar
o referido pagamento, ou terá sua data de início adiada para o primeiro dia seguinte ao término do
período de cento e vinte dias.

IMPORTANTE: A segurada aposentada que retornar à atividade fará jus ao recebimento do


salário-maternidade.

58
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Se a empregada gestante tiver seu contrato de trabalho extinto sem justa causa ou em razão do
encerramento do prazo de vigência inicialmente firmado entre empregador e empregado ou no caso de
contrato de trabalho com prazo determinado que tenha se encerrado pelo decurso do prazo pré-
estipulado entre as partes, o benefício será pago diretamente pela empresa, em forma de
indenização, quando a segurada estiver grávida na data do encerramento do contrato de trabalho.
Assim sendo, não caberá ao INSS a responsabilidade por tal pagamento.
A segurada que estiver desempregada ou que cessar suas contribuições por qualquer razão, bem como
a segurada especial, terão direito ao salário-maternidade desde que o parto, aborto não criminoso ou
adoção (eventos geradores do benefício) ocorram dentro do prazo de manutenção da qualidade de
segurada, conforme regras que serão estudadas oportunamente. Entretanto, se a perda da qualidade
de segurado vier a ocorrer no período de 28 (vinte e oito) dias anteriores ao parto, ainda assim será
devido o salário-maternidade.

OBSERVAÇÃO: A Lei 13.301/16, que dispõe sobre a adoção de medidas de vigilância em


saúde quando verificada situação de iminente perigo à saúde pública pela presença do
mosquito transmissor do vírus da dengue, do vírus chikungunya e do vírus da zika,
determina em seu §3º do art. 18 que a licença-maternidade da empregada será de 180 dias
no caso das mães de crianças acometidas por sequelas neurológicas decorrentes de doenças
transmitidas pelo Aedes aegypti, assegurado, nesse período, o recebimento de salário-
maternidade por igual período, aplicando-se, no que couber, as mesmas regras a segurada
especial, contribuinte individual, facultativa e trabalhadora avulsa. (apesar da lei não
mencionar a empregada doméstica, entendemos que ela também deverá ser abrangida nesta
regra).

PROGRAMA EMPRESA CIDADÃ: A Lei 11.770/08 criou o Programa Empresa Cidadã,


destinado à prorrogação da licença-maternidade mediante concessão de incentivo fiscal às
empresas participantes. A licença-maternidade será prorrogada por 60 dias e será garantida
à empregada da pessoa jurídica que aderir ao Programa, desde que a empregada a requeira
até o final do primeiro mês após o parto, e será concedida imediatamente após a fruição da
licença-maternidade. Durante o período de prorrogação da licença-maternidade a
empregada terá direito à remuneração integral, nos mesmos moldes devidos no período de
percepção do salário-maternidade pago pelo RGPS. A prorrogação será garantida, na mesma
proporção, à empregada e ao empregado que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de
adoção de criança. No período de prorrogação da licença-maternidade, a empregada não
poderá exercer nenhuma atividade remunerada, e a criança deverá ser mantida sob seus
cuidados. A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá deduzir do imposto
devido, em cada período de apuração, o total da remuneração integral da empregada e do
empregado pago nos dias de prorrogação de sua licença-maternidade, vedada a dedução
como despesa operacional. No entanto, não podemos confundir a prorrogação da licença-
maternidade com a prorrogação do salário-maternidade. O Programa Empresa Cidadã
apenas aumenta o prazo da licença-maternidade. O prazo de duração do salário-
maternidade continua sendo o mesmo. Os valores pagos pela empresa durante a
prorrogação da licença-maternidade são considerados remuneração e não benefício
previdenciário.

59
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Obs.: As informações de carência, renda mensal inicial, data de início do benefício, data da
cessação do benefício, dentre outras, serão objeto de estudo nos demais capítulos do nosso
Curso de Direito Previdenciário.

Regra 1

Salário- É devido à mãe ou pai adotivos, mesmo que a mãe biológica


Maternidade tiver recebido o mesmo benefício por ocasião do nascimento da
criança.

Regra 2

Salário- Em caso de parto antecipado, o período de carência será


Maternidade reduzido em número de contribuições equivalente ao número
de meses em que o parto foi antecipado.

Regra 3

Salário A partir da 23ª semana de gestação, mesmo que natimorto,


Maternidade será considerado parto e dará direito a 120 dias.

Regra 4

Salário Em caso de gêmeos, será devido sempre um único Salário-


Maternidade Maternidade.

Regra 5

Salário Quando houver adoção ou guarda judicial para adoção de mais


Maternidade de uma criança, é devido um único salário-maternidade relativo
à criança de menor idade. No entanto, no caso de empregos
concomitantes, a segurada fará jus ao salário-maternidade
relativo a cada emprego.

60
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Regra 6

Nos casos de adoção ou guarda em conjunto, se ambos os


Salário adotantes forem segurados da previdência social, o salário-
Maternidade maternidade somente será concedido a um dos adotantes.

Regra 7

Em caso de adoção ou guarda judicial para fins de adoção


Salário de criança, o segurado do sexo masculino também pode
Maternidade receber o salário-maternidade pelo período de 120 dias.

Regra 8

No caso de falecimento da segurada ou segurado que fizer jus


ao recebimento do salário-maternidade, o benefício será
Salário pago, por todo o período ou pelo tempo restante a que teria
Maternidade direito, ao cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha
a qualidade de segurado, exceto no caso do falecimento do
filho ou de seu abandono.

Regra 9

Salário A percepção do salário-maternidade está condicionada ao


Maternidade afastamento do segurado do trabalho ou da atividade
desempenhada, sob pena de suspensão do benefício.

Regra 10

Salário O salário-maternidade não pode ser acumulado com benefício


Maternidade por incapacidade. Quando ocorrer incapacidade em
concomitância com o período de pagamento do salário-
maternidade, o benefício por incapacidade, conforme o caso,
deverá ser suspenso enquanto perdurar o referido pagamento,
ou terá sua data de início adiada para o primeiro dia seguinte
ao término do período de cento e vinte dias.

Regra11

Salário A segurada aposentada que retornar à atividade fará jus ao


Maternidade recebimento do salário-maternidade.

61
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

12 - Salário-Família
12.1 - Conceito
O salário-família será devido, mensalmente, ao segurado empregado, empregado doméstico e ao
trabalhador avulso, desde que sejam considerados segurados de baixa renda, ou seja, que tenham
salário-de-contribuição inferior ou igual a R$ 1.754,18 (valor válido para 2023), na proporção do
respectivo número de filhos ou equiparados, de qualquer condição, até 14 anos de idade ou inválidos
de qualquer idade.
Equiparam-se aos filhos, nos termos do art. 16, §3º do RPS, mediante declaração escrita do segurado,
comprovada a dependência econômica, o enteado e o menor que esteja sob sua tutela.
A invalidez do filho, do enteado ou do menor tutelado, desde que comprovada a dependência econômica
dos dois últimos, maior de quatorze anos de idade será verificada em exame médico-pericial realizado
pela Perícia Médica Federal.

Ter filho até Segurado


14 anos Empregado
ou inválido Empregado Aposentados
(ou equiparado) Doméstico + respectivos
Apenas para Trabalhador
segurado de Avulso
baixa renda

Remuneração mensal menor


ou igual a
R$ 1.754,18 (ano de 2023)

12.2 - Beneficiários
O salário-família será pago mensalmente:
• ao empregado, pela empresa, com o respectivo salário;
• ao empregador doméstico, pelo empregador doméstico, com o respectivo salário;
• ao trabalhador avulso, pelo sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra, mediante convênio;
• ao empregado, empregado doméstico e ao trabalhador avulso aposentado por
incapacidade permanente ou em gozo de auxílio por incapacidade temporária, pelo INSS
juntamente com o benefício;
• ao trabalhador rural (empregado ou trabalhador avulso) aposentado por idade aos 60
(sessenta) anos, se do sexo masculino, ou 55 (cinquenta e cinco) anos, se do sexo feminino, pelo
INSS, juntamente com a aposentadoria; e
• aos demais empregados, empregados domésticos e trabalhadores avulsos aposentados
aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, ou aos sessenta anos, se mulher, pelo INSS,
juntamente com a aposentadoria.
62
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Obs. 1: Quando o salário do empregado não for mensal, o salário-família será pago juntamente com o
último pagamento relativo ao mês.
Obs. 2: O salário-família do trabalhador avulso independe do número de dias trabalhados no mês,
devendo o seu pagamento corresponder ao valor integral da cota.
Obs. 3: Quando o pai e a mãe são segurados empregados, empregados domésticos ou trabalhadores
avulsos, ambos têm direito ao salário-família, desde que sejam considerados segurados de baixa
renda.
OBS. 4: As cotas do salário-família pagas pela empresa ou pelo empregador doméstico serão deduzidas
quando do recolhimento das contribuições.

12.3 - Informações Adicionais


O valor da “cada cota” do salário-família por filho ou equiparado de qualquer condição, até 14
(quatorze) anos de idade ou inválido de qualquer idade é de:
• R$ 59,82 para o segurado com remuneração mensal não superior a R$ 1.754,18 (valor válido
para 2023).
Obs.: Valores válidos para 2022, nos termos da Portaria Interministerial MPS/MF nº 26, de 10
de janeiro de 2023 – DOU de 11/01/2023.
Os valores mencionados são corrigidos nas mesmas datas e pelos mesmos índices de correção dos
demais benefícios do RGPS.
O pagamento do salário-família é condicionado à apresentação da certidão de nascimento do filho ou
da documentação relativa ao enteado e ao menor tutelado, desde que comprovada a dependência
econômica dos dois últimos, e à apresentação anual de atestado de vacinação obrigatória, até seis
anos de idade, e de comprovação semestral de frequência à escola do filho ou equiparado, a partir
dos quatro anos de idade.

Obs.: No caso do empregado doméstico, deve ser apresentado apenas a certidão de


nascimento ou a documentação relativa ao enteado e ao menor tutelado, desde que
comprovada a dependência econômica dos dois últimos.

Se o segurado não apresentar o atestado de vacinação obrigatória e a comprovação de frequência


escolar do filho ou equiparado, nas datas definidas pelo Instituto Nacional do Seguro Social, o benefício
do salário-família será suspenso, até que a documentação seja apresentada.
Não é devido salário-família no período entre a suspensão do benefício motivada pela falta de
comprovação da frequência escolar e o seu reativamento, salvo se provada a frequência escolar
regular no período.
A comprovação de frequência escolar será feita mediante apresentação de documento emitido pela
escola, na forma de legislação própria, em nome do aluno, onde consta o registro de frequência
regular ou de atestado do estabelecimento de ensino, comprovando a regularidade da matrícula e
frequência escolar do aluno.

63
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

As cotas do salário-família serão pagas pela empresa ou pelo empregador doméstico, mensalmente,
junto com o salário, efetivando-se a compensação quando do recolhimento das contribuições.

Obs.: Por se tratar de um benefício previdenciário, o encargo financeiro deverá recair sobre
a Previdência Social. Desta forma, embora o valor seja pago pela empresa ou pelo
empregador doméstico, trata-se apenas de uma antecipação compensável, que será
reembolsado quando do recolhimento das contribuições da empresa ou empregador
doméstico, abatendo das respectivas contribuições devidas.

A empresa e o empregador doméstico deverão conservar, durante o prazo decadencial previsto em


lei, os comprovantes dos pagamentos e as cópias das certidões correspondentes, para exame pela
fiscalização.
O salário-família devido ao trabalhador avulso não portuário poderá ser recebido pelo sindicato de
classe respectivo, que se incumbirá de elaborar as folhas correspondentes e de distribuí-lo.
O salário-família correspondente ao mês de afastamento do trabalho será pago integralmente pela
empresa, pelo empregador doméstico ou pelo sindicato ou pelo órgão gestor de mão de obra, conforme
o caso, e, ao mês da cessação de benefício, pelo INSS.
Tendo havido divórcio, separação judicial ou de fato dos pais, ou em caso de abandono legalmente
caracterizado ou perda do pátrio-poder, o salário-família passará a ser pago diretamente àquele a
cujo cargo ficar o sustento do menor, ou a outra pessoa, se houver determinação judicial nesse
sentido.
Para efeito de concessão e manutenção do salário-família, o segurado firmará termo de
responsabilidade, no qual se comprometerá a comunicar à empresa, ao empregador doméstico ou ao
INSS, conforme o caso, qualquer fato ou circunstância que determine a perda do direito ao benefício e
ficará sujeito, em caso de descumprimento, às sanções penais e trabalhistas.
A falta de comunicação oportuna de fato que implique cessação do salário-família e a prática, pelo
segurado, de fraude de qualquer natureza para o seu recebimento autorizam a empresa, o
empregador doméstico ou o INSS, conforme o caso, a descontar dos pagamentos de cotas devidas
com relação a outros filhos, enteados ou menores tutelados ou, na falta delas, do próprio salário do
segurado ou da renda mensal do seu benefício, o valor das cotas indevidamente recebidas, sem
prejuízo das sanções penais cabíveis, devidamente atualizadas.
O empregado, o empregado doméstico ou o trabalhador avulso deve dar quitação à empresa ou ao
empregador doméstico de cada recebimento mensal do salário-família, na própria folha de pagamento
ou por outra forma admitida, de modo que a quitação fique claramente caracterizada.

Obs.: O valor do salário-família, por não substituir a remuneração mensal do segurado,


poderá ter valor inferior ao salário-mínimo.

As cotas do salário-família não serão incorporadas, para qualquer efeito, ao salário ou ao


benefício.

64
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Obs.: As informações de carência, renda mensal inicial, data de início do benefício, data da
cessação do benefício, dentre outras, serão objeto de estudo nos demais capítulos do nosso
Curso de Direito Previdenciário Diagramado.

Regra 1
Salário
Família Para o segurado empregado é pago pela empresa.

Regra 2
Salário Para o empregado doméstico, pelo empregador doméstico.
Família

Regra 3
Salário Para o trabalhador avulso é pago pelo sindicato ou OGMO,
Família mediante convênio.

Regra 4
Salário Ao empregado, empregado doméstico e ao trabalhador avulso
Família aposentado por incapacidade permanente ou em gozo de auxílio por
incapacidade temporária, é pago pelo INSS junto com a aposentadoria.

Regra 5
Salário Ao trabalhador rural (empregado ou trabalhador avulso) aposentado
Família por idade aos 60 (sessenta) anos, se do sexo masculino, ou 55 (cinquenta
e cinco) anos, se do sexo feminino, pelo INSS, juntamente com a
aposentadoria.

Regra 6
Salário Aos demais empregados, empregados domésticos e trabalhadores
Família avulsos aposentados aos sessenta e cinco anos de idade, se homem, ou
aos sessenta anos, se mulher, pelo INSS, juntamente com a aposentadoria.

Regra 7

Quando o pai e a mãe forem empregados, empregados


Salário domésticos ou trabalhadores avulsos de baixa renda, ambos tem
Família o direito ao benefício de salário-família, por filho menor de 14 anos
ou inválido.

Regra 8

Salário Quando o salário família é pago pela empresa ou pelo empregador


Família doméstico será deduzido quando do recolhimento de suas
contribuições.

65
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Regra 9

Salário Quando o salário do empregado não for mensal, o salário-família


Família será pago juntamente com o último pagamento relativo ao mês.

Regra 10

O salário-família do trabalhador avulso independe do número de


Salário dias trabalhados no mês, devendo o seu pagamento corresponder
Família ao valor integral da cota.

Regra 11
Salário Tendo havido divórcio, separação judicial ou de fato dos pais, ou
Família em caso de abandono legalmente caracterizado ou perda do
pátrio-poder, o salário-família passará a ser pago diretamente
àquele a cujo cargo ficar o sustento do menor, ou a outra pessoa,
se houver determinação judicial nesse sentido.

Regra 12
O valor do salário-família, por não substituir a remuneração mensal
Salário do segurado, poderá ter valor inferior ao salário-mínimo.
Família

Regra 13
As cotas do salário-família não serão incorporadas, para qualquer
Salário efeito, ao salário ou ao benefício.
Família

13 - Pensão Por Morte


13.1 - Conceito
Trata-se a pensão por morte de um benefício previdenciário devido ao conjunto de dependentes do
segurado que falecer, aposentado ou não, nos seguintes casos:
• Morte do Segurado;
• Morte Presumida do Segurado.
o Mediante sentença declaratória de ausência
o Em caso de desaparecimento do segurado por motivo de catástrofe, acidente ou desastre.

66
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Morte do
Segurado
Mediante sentença Se reaparecer,
declaratória de ausência cessa o
Morte (expedida por autoridade judiciária) benefício
presumida
do segurado Em caso de desaparecimento
Boa fé:
não devolve
do segurado por motivo de
É a morte do catástrofe, acidente ou desastre Má fé:
segurado, não devolve
do dependente
Mediante prova hábil
(comprovação administrativa)

13.2 - Beneficiários
São beneficiários da pensão por morte os dependentes de todas as espécies de segurados do Regime
Geral de Previdência Social – RGPS.

Pensão por Morte

Dependentes
de todos os
segurados

13.3 - Informações Adicionais


O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, que recebia pensão de alimentos,
receberá a pensão em igualdade de condições com os demais dependentes de Classe I.
A pensão poderá ser concedida, em caráter provisório, por morte presumida:
• mediante sentença declaratória de ausência, expedida por autoridade judiciária, a contar da
data de sua emissão; ou
• em caso de desaparecimento do segurado por motivo de catástrofe, acidente ou desastre, a
contar da data da ocorrência, mediante prova hábil.
Verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da pensão cessa imediatamente, ficando os
dependentes desobrigados da reposição dos valores recebidos, salvo má-fé.
Servirão como prova do desaparecimento, entre outras:
• Boletim de ocorrência lavrado junto a autoridade policial;
• Prova de sua presença no local da ocorrência;

67
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Noticiário nos meios de comunicação.


Caso exista nexo de causalidade entre a catástrofe e o trabalho do segurado, configurar-se-á acidente
do trabalho. Neste caso, será necessário, também, a apresentação da Comunicação de Acidente do
Trabalho – CAT, com o respectivo parecer médico-pericial para caracterização no nexo técnico.
Nas situações de morte presumida, a cada 6 meses o recebedor do benefício deverá apresentar
documento da autoridade competente, contendo informações acerca do andamento do processo de
declaração de ausência, até que seja apresentada a certidão de óbito.
A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou
não e, havendo mais de um pensionista, será rateada entre todos em parte iguais.
Importante lembrar que os dependentes de uma mesma classe concorrem em igualdade de
condições. Além disso, os dependentes de Classe III somente terão direito a pensão por morte caso
não exista qualquer dependente de Classe I, nem tampouco qualquer dependente de Classe II, uma vez
que a existência de dependente de qualquer das classes anteriores exclui do direito às
prestações os das classes seguintes. Desta forma, os pais ou irmãos deverão, para fins de concessão
de benefícios, comprovar a inexistência de dependentes preferenciais, mediante declaração firmada
perante o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.
Equiparam-se aos filhos, mediante declaração escrita do segurado, comprovada a dependência
econômica, exclusivamente o enteado e o menor sob tutela.
O menor sob tutela somente poderá ser equiparado aos filhos do segurado mediante apresentação
de termo de tutela.
No ato de inscrição, o dependente menor de 21 anos deverá apresentar declaração de que não é
emancipado. No caso de enteado e menor sob tutela, a inscrição será feita, também, mediante a
comprovação da equiparação, conforme segue:
• por documento escrito do segurado falecido manifestando essa intenção;
• da dependência econômica; e
• da declaração de que não tenha sido emancipado.
Perde o direito à pensão por morte o condenado criminalmente por sentença transitada em julgado,
como autor, coautor ou partícipe de homicídio doloso, ou de tentativa desse crime, cometido
contra a pessoa do segurado, ressalvados os absolutamente incapazes e os inimputáveis.

IMPORTANTE: Perde o direito à pensão por morte o cônjuge, o companheiro ou a


companheira se comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na
união estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício
previdenciário, apuradas em processo judicial no qual será assegurado o direito ao
contraditório e à ampla defesa.

O cônjuge ausente não exclui do direito à pensão por morte o companheiro ou a companheira atuais
do segurado, e somente fará jus ao benefício a partir da data de sua habilitação e mediante prova
de dependência econômica. Assim sendo, podemos constatar que, apesar do cônjuge, em regra, não
precisar comprovar dependência econômica, excepcionalmente deverá comprovar essa dependência

68
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

econômica quando se tratar de cônjuge ausente, assim entendido aquele se, apesar de não separado
judicialmente, afasta-se do convívio conjugal por longo período.
O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão de alimentos
concorrerá em igualdade de condições com os dependentes de Classe I. Mesmo que houver renúncia
dos alimentos, manterá o direito à pensão por morte do ex-marido e ex-companheiro(a),
comprovada a necessidade econômica superveniente.

Vejamos o entendimento do STJ sobre o tema:


Súmula 336 do STJ: A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à
pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica
superveniente.
Se o segurado instituidor do benefício e/ou seu companheiro ou companheira forem casados com
terceiros, ainda assim poderá ser concedida pensão por morte a este companheiro(a) dependente,
desde que comprovada a separação de fato ou judicial com os respectivos cônjuges e a vida em
comum com o companheiro(a).

Se o segurado falecido estiver, na data de seu óbito, obrigado por determinação judicial a pagar
alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-companheira, a pensão por morte será
devida pelo prazo remanescente na data do óbito, caso não incida outra hipótese de cancelamento
ou cessação anterior do benefício, como estudaremos adiante.
O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual, não
impede a concessão ou manutenção da parte individual da pensão do dependente com deficiência
intelectual ou mental ou com deficiência grave.

Caso haja uma ação judicial para reconhecimento da condição de dependente, este poderá requerer a
habilitação provisória ao benefício de pensão por morte, exclusivamente para fins de rateio com
outros dependentes, vedado o pagamento da respectiva cota até o trânsito em julgado da decisão
judicial que reconhecer a qualidade de dependente, ressalvada a existência de decisão judicial que
disponha em sentido contrário.

69
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Exemplo: Pedro ajuizou ação judicial para reconhecimento de que é filho de João, após o
falecimento deste. João era segurado do RGPS e deixou como dependente Maria, seu cônjuge.
Enquanto estiver em curso a ação judicial, Pedro poderá se habilitar provisoriamente para
o benefício da pensão por morte, mas não receberá sua cota parte até que haja trânsito em
julgado da decisão judicial. Maria, por sua vez, em decorrência da habilitação provisória de
Pedro, receberá como cota parte 50% do valor do benefício.

A concessão da pensão por morte não será protelada pela falta de habilitação de outro possível
dependente, e qualquer habilitação posterior que importe em exclusão ou inclusão de dependente
somente produzirá efeito a contar da data da habilitação.
Nas ações judiciais em que o INSS for parte, este poderá proceder, de ofício (por conta própria), à
habilitação excepcional da pensão objeto da ação apenas para efeitos de rateio, descontados os
valores referentes à habilitação das demais cotas, vedado o pagamento da respectiva cota até o
trânsito em julgado da ação, ressalvada a existência de decisão judicial que disponha em sentido
contrário.
Julgada improcedente a ação de reconhecimento da condição de dependente, o valor retido, corrigido
pelos índices legais de reajustamento, será pago de forma proporcional aos demais dependentes,
de acordo com suas cotas e o tempo de duração de seus benefícios.
Fica assegurada ao INSS a cobrança dos valores indevidamente pagos em decorrência da habilitação.
A pensão por morte será devida ao filho, ao enteado, ao menor tutelado e ao irmão, desde que
comprovada a dependência econômica (no caso do enteado, menor tutelado e irmão), que sejam
inválidos ou que tenham deficiência intelectual, mental ou grave, observadas as condições a seguir:
• a invalidez ou deficiência tenha ocorrido antes da data do óbito;
• a invalidez ou a deficiência intelectual, mental ou grave tenha ocorrido antes de completar 21
anos;
• a invalidez ou a deficiência intelectual, mental ou grave tenha ocorrido antes da sua
emancipação, se ocorrida anteriormente a essa idade.
A invalidez será reconhecida pela Perícia Médica Federal.
A deficiência será reconhecida por meio de avaliação biopsicossocial realizada por equipe
multiprofissional e interdisciplinar.
A condição do dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave poderá ser
reconhecida previamente ao óbito do segurado e, quando necessário, ser reavaliada quando da
concessão do benefício.
O pensionista inválido fica obrigado, sob pena de suspensão do benefício, a:
• submeter-se a exame médico a cargo da Perícia Médica Federal;
• processo de reabilitação profissional a cargo do INSS; e
• tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são
facultativos.
O pensionista inválido que não tenha retornado à atividade estará isento desse exame a partir dos
60 anos de idade.
Contudo, a isenção do exame acima mencionada não se aplica quando o exame tiver a finalidade de:

70
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• verificar a recuperação da capacidade de trabalho, em razão de solicitação do pensionista que se


julgar apto; e
• subsidiar autoridade judiciária na concessão de curatela (em caso de benefício devido a
dependente civilmente incapaz).
O pensionista inválido, ainda que tenha implementado a condição para a isenção desse exame a
partir dos 60 anos de idade, será submetido ao exame médico-pericial quando necessário para
apuração de fraude.

Obs.: Não será concedida pensão por morte aos dependentes do segurado que falecer após
a perda da qualidade de segurado salvo se preenchidos os requisitos para obtenção da
aposentadoria segundo a legislação em vigor à época da implementação das condições para
se aposentar.

Obs.: As informações de carência, renda mensal inicial, data de início do benefício, data da
cessação do benefício, dentre outras, serão objeto de estudo nos demais capítulos do nosso
Curso de Direito Previdenciário.

14 - Auxílio Reclusão
14.1 - Conceito
O auxílio-reclusão, respeitado o tempo mínimo de carência (vinte e quatro contribuições mensais),
será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à
prisão em regime fechado, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de
auxílio por incapacidade temporária, pensão por morte, salário-maternidade, aposentadoria ou
abono de permanência em serviço, desde que seja considerado segurado de baixa renda.
Para fins de concessão do benefício de auxílio-reclusão, considera-se segurado de baixa renda aquele
que tenha renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 1.754,18 (valor válido para 2023), corrigidos
pelos mesmos índices de reajuste aplicados aos benefícios do RGPS, calculada com base na média
aritmética simples dos salários de contribuição apurados no período dos doze meses anteriores ao mês
do recolhimento à prisão.

71
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Segurado Se continuar
recolhido Regime recebendo a
à prisão remuneração
prisional que recebia,
fechado não recebe
Apenas para auxílio-reclusão
segurado de
baixa renda
Não precisa ser condenado,
Renda bruta mensal menor Basta ser preso
ou igual a R$ 1.754,18
(no ano de 2023)

14.2 - Beneficiários
São beneficiários do auxílio reclusão os dependentes dos segurados de baixa renda de todas as
espécies de segurados do Regime Geral de Previdência Social – RGPS.
Como vimos, segurado de baixa renda é aquele que tenha renda bruta mensal igual ou inferior a
R$ 1.754,18 (valor válido para 2023), corrigidos pelos mesmos índices de reajuste aplicados aos
benefícios do RGPS, calculada com base na média aritmética simples dos salários de contribuição
apurados no período dos doze meses anteriores ao mês do recolhimento à prisão.

AUXÍLIO RECLUSÃO

Dependentes
de todos os
segurados
de baixa renda

A renda a ser considerada para efeito de concessão do benefício de auxílio-reclusão é a renda do


segurado recluso e não dos seus dependentes beneficiários. Neste sentido, vejamos abaixo julgado do
STF:

72
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AUXÍLIO-


RECLUSÃO. ART. 201, IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. LIMITAÇÃO DO UNIVERSO DOS
CONTEMPLADOS PELO AUXÍLIO-RECLUSÃO. BENEFÍCIO RESTRITO AOS SEGURADOS PRESOS DE
BAIXA RENDA. RESTRIÇÃO INTRODUZIDA PELA EC 20/1998. SELETIVIDADE FUNDADA NA RENDA
DO SEGURADO PRESO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. I - Segundo decorre do art. 201, IV,
da Constituição, a renda do segurado preso é que a deve ser utilizada como parâmetro para a
concessão do benefício e não a de seus dependentes. II - Tal compreensão se extrai da redação dada
ao referido dispositivo pela EC 20/1998, que restringiu o universo daqueles alcançados pelo auxílio-
reclusão, a qual adotou o critério da seletividade para apurar a efetiva necessidade dos
beneficiários. III - Diante disso, o art. 116 do Decreto 3.048/1999 não padece do vício da
inconstitucionalidade. IV - Recurso extraordinário conhecido e provido.
(RE 587365, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 25/03/2009,
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO. DJe-084 DIVULG 07-05-2009 PUBLIC 08-05-2009 EMENT VOL-
02359-08 PP-01536)

14.3 - Informações Adicionais


Os dependentes somente terão direito ao benefício de auxílio-reclusão se presentes,
cumulativamente, os requisitos abaixo:
• Segurado recolhido a prisão em regime fechado;
• Segurado não receba remuneração a empresa;
• Segurado não esteja em gozo de auxílio por incapacidade temporária, pensão por morte,
salário-maternidade, aposentadoria ou abono de permanência em serviço;
• Seja segurado de baixa renda.

REGIME FECHADO: a execução da pena ocorre em estabelecimento prisional de segurança


máxima ou média.

O requerimento do auxílio-reclusão será instruído com certidão judicial que ateste o


recolhimento efetivo à prisão e será obrigatória a apresentação de prova de permanência na
condição de presidiário para a manutenção do benefício.
Os dependentes do segurado detido em prisão provisória (preventiva ou temporária) terão direito
ao benefício desde que comprovem o efetivo recolhimento do segurado por meio de certidão judicial.

73
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

A aferição da renda mensal bruta para enquadramento do segurado como de baixa renda ocorrerá pela
média dos salários de contribuição apurados no período de doze meses anteriores ao mês do
recolhimento à prisão. Ou seja, para verificar se a renda do segurado é igual ou inferior a R$ 1.754,18
(valor válido para 2023), não se olhará o último salário de contribuição do segurado. Será feita uma
média dos salários de contribuição apurados nos 12 meses anteriores ao mês de recolhimento à prisão.
Obs.: Se o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade em algum dos 12 meses utilizados para
aferição da renda mensal bruta para enquadramento do segurado como de baixa renda, sua duração será
contada considerando-se como salário de contribuição no período o salário de benefício que serviu de
base para o cálculo da renda mensal, reajustado na mesma época e com a mesma base dos benefícios
em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário-mínimo.
É devido auxílio-reclusão aos dependentes do segurado inclusive quando não houver salário-de-
contribuição na data do seu efetivo recolhimento à prisão, desde que mantida a qualidade de segurado
e cujo valor da média dos salários de contribuição apurados no período de doze meses anteriores ao
mês do recolhimento à prisão seja igual ou inferior ao valor para ser considerado de baixa renda.
Equipara-se à condição de recolhido à prisão, a situação do maior de dezesseis e menor de dezoito
anos de idade que se encontre internado em estabelecimento educacional ou congênere, sob custódia
do Juizado da Infância e da Juventude.
Para o maior de dezesseis e menor de dezoito anos, serão exigidos certidão do despacho de internação
e o documento atestando seu efetivo recolhimento a órgão subordinado ao Juiz da Infância e da
Juventude.
Ao término da prisão provisória o auxílio-reclusão pago aos dependentes deverá ser cessado e,
caso nova prisão ocorra, ainda que em razão do mesmo evento causador da primeira privação de
liberdade, proceder-se-á à nova análise de dependência, qualidade de segurado e renda, em novo
requerimento de auxílio-reclusão.
Não cabe a concessão de auxílio-reclusão aos dependentes do segurado que esteja em livramento
condicional ou que cumpra pena em regime semiaberto ou aberto.
O cumprimento de pena em prisão domiciliar não impede o recebimento do benefício de auxílio-
reclusão pelos dependentes, se o regime previsto for o fechado.
A monitoração eletrônica do instituidor do benefício de auxílio-reclusão não interfere no direito do
dependente ao recebimento do benefício, uma vez que tem a função de fiscalizar o preso, desde que
mantido o regime de prisão domiciliar e o regime prisional seja considerado fechado.

O exercício de atividade remunerada iniciada após a prisão do segurado recluso em


cumprimento de pena em regime fechado não acarreta a perda do direito ao recebimento
do auxílio-reclusão para seus dependentes.

Em caso de morte de segurado recluso que tenha contribuído para a previdência social
durante o período de reclusão, o valor da pensão por morte será calculado levando-se em
consideração o tempo de contribuição adicional e os correspondentes salários de
contribuição, facultada a opção pelo valor do auxílio-reclusão.

74
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

O auxílio-reclusão será mantido enquanto o segurado permanecer detento ou recluso em regime


fechado.
No caso de fuga, o benefício será suspenso e, se houver recaptura do segurado, será restabelecido a
contar da data em que esta ocorrer, desde que esteja ainda mantida a qualidade de segurado.
Se houver exercício de atividade dentro do período de fuga, será considerado para a verificação da
perda ou não da qualidade de segurado.
Falecendo o segurado detido ou recluso, o auxílio-reclusão que estiver sendo pago será
automaticamente convertido em pensão por morte.
Não havendo concessão de auxílio-reclusão, em razão da não comprovação da baixa renda, será devida
pensão por morte aos dependentes se o óbito do segurado tiver ocorrido até doze meses após o
livramento, pois estará mantida sua qualidade de segurado por este período, independentemente de
qualquer contribuição para o RGPS, como estudaremos oportunamente.

Obs.: Fica garantido o direito ao auxílio-reclusão ao companheiro ou companheira do mesmo


sexo.

Se a realização do casamento ou constituição de união estável ocorrer durante o recolhimento do


segurado à prisão, o auxílio-reclusão não será devido, considerando a dependência superveniente
ao fato gerador.
O filho nascido durante o recolhimento do segurado à prisão terá direito ao benefício de auxílio-
reclusão a partir da data do seu nascimento.

ATENÇÃO: É vedada a concessão do auxílio-reclusão após a soltura do segurado.

O INSS celebrará convênios com os órgãos públicos responsáveis pelo cadastro dos
presos para obter informações sobre o recolhimento à prisão.

A certidão judicial e a prova de permanência da condição de recluso poderão ser


substituídas pelo acesso à base de dados, por meio eletrônico, a ser disponibilizada
pelo Conselho Nacional de Justiça, com dados cadastrais que assegurem a identificação
plena do segurado e da sua condição de presidiário.

Até que o acesso à base de dados seja disponibilizado pelo Conselho Nacional de Justiça, o
beneficiário apresentará trimestralmente atestado de que o segurado continua em regime
fechado, que deverá ser firmado pela autoridade competente.

75
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Aplicam-se ao auxílio-reclusão as normas referentes à pensão por morte e, no caso de qualificação


de cônjuge ou companheiro ou companheira após a prisão do segurado, o benefício será devido a
partir da data de habilitação, desde que comprovada a preexistência da dependência econômica.
Vejam que nesse caso, apesar de se tratar de dependentes que, em regra, não precisam comprovar
dependência econômica, passarão a ter que efetuar tal comprovação quando a qualificação de
cônjuge, companheiro ou companheira ocorrer após a prisão do segurado.

Obs.: As informações de carência, renda mensal inicial, data de início do benefício, data da
cessação do benefício, dentre outras, serão objeto de estudo nos demais capítulos do nosso
Curso de Direito Previdenciário.

15 - Habilitação e Reabilitação Profissional


15.1 - Conceito
A assistência (re)educativa e de (re)adaptação profissional, instituída sob a denominação genérica
de habilitação e reabilitação profissional, visa proporcionar aos beneficiários, incapacitados parcial ou
totalmente para o trabalho (em caráter obrigatório), independentemente de carência, e às pessoas
portadoras de deficiência (em caráter facultativo), os meios indicados para proporcionar o
reingresso no mercado de trabalho e no contexto em que vivem.
A reabilitação profissional compreende:
• o fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para locomoção quando
a perda ou redução da capacidade funcional puder ser atenuada por seu uso e dos equipamentos
necessários à habilitação e reabilitação social e profissional;
• a reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados no inciso anterior, desgastados pelo
uso normal ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário;
• o transporte do acidentado do trabalho, quando necessário.

15.2 - Beneficiários
Cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social promover tal prestação aos segurados, inclusive
aposentados e, de acordo com as possibilidades administrativas, técnicas, financeiras e as condições
locais do órgão, aos seus dependentes, preferencialmente mediante a contratação de serviços
especializados.
As pessoas com deficiência serão atendidas mediante celebração de convênio de cooperação técnico-
financeira.

15.3 - Informações Adicionais


O processo de habilitação e de reabilitação profissional do beneficiário será desenvolvido por meio das
funções básicas de:

76
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• avaliação do potencial laborativo;


• orientação e acompanhamento da programação profissional;
• articulação com a comunidade, inclusive mediante a celebração de convênio para reabilitação
física restrita a segurados que cumpriram os pressupostos de elegibilidade ao programa de
reabilitação profissional, com vistas ao reingresso no mercado de trabalho; e
• acompanhamento e pesquisa da fixação no mercado de trabalho.

A execução das funções do processo de habilitação e de reabilitação profissional dar-se-á,


preferencialmente, mediante o trabalho de equipe multiprofissional especializada em medicina,
serviço social, psicologia, sociologia, fisioterapia, terapia ocupacional e outras afins ao processo, sempre
que possível na localidade do domicílio do beneficiário, ressalvadas as situações excepcionais em que
este terá direito à reabilitação profissional fora dela.
A avaliação da elegibilidade do segurado para encaminhamento à reabilitação profissional, a
reavaliação da incapacidade de segurados em programa de reabilitação profissional e a prescrição de
órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção e acessórios serão realizadas pela Perícia Médica
Federal.
Quando indispensáveis ao desenvolvimento do processo de reabilitação profissional, o Instituto
Nacional do Seguro Social fornecerá aos segurados, inclusive aposentados, em caráter obrigatório,
prótese e órtese, seu reparo ou substituição, instrumentos de auxílio para locomoção, bem como
equipamentos necessários à habilitação e à reabilitação profissional, transporte urbano e alimentação
e, na medida das possibilidades do Instituto, aos seus dependentes.
No caso das pessoas com deficiência, a concessão dos recursos materiais mencionados acima ficará
condicionada à celebração de convênio de cooperação técnico-financeira.

Obs.: O Instituto Nacional do Seguro Social não reembolsará as despesas realizadas com a
aquisição de órtese ou prótese e outros recursos materiais não prescritos ou não autorizados
por suas unidades de reabilitação profissional.

A programação profissional será desenvolvida mediante cursos e/ou treinamentos, na comunidade,


por meio de contratos, acordos e convênios com instituições e empresas públicas ou privadas.
Nos casos de impossibilidade de instalação de órgão ou setor próprio competente do Instituto Nacional
do Seguro Social, assim como de efetiva incapacidade física ou técnica de implementação das atividades
e atendimento adequado à clientela da previdência social, as unidades executivas de reabilitação
profissional poderão solicitar a celebração de convênios, contratos ou acordos com entidades
públicas ou privadas de comprovada idoneidade financeira e técnica, ou seu credenciamento, para
prestação de serviço, por delegação ou simples cooperação técnica, sob coordenação e supervisão dos
órgãos competentes do INSS.

IMPORTANTE: O treinamento do reabilitando, quando realizado em empresa, não


estabelece qualquer vínculo empregatício ou funcional entre o reabilitando e a empresa,
bem como entre estes e o INSS.

77
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Compete ao reabilitando, além de acatar e cumprir as normas estabelecidas nos contratos, acordos ou
convênios, pautar-se no regulamento daquelas organizações.
Concluído o processo de reabilitação profissional, o INSS emitirá certificado individual indicando a
função para a qual o reabilitando foi capacitado profissionalmente, sem prejuízo do exercício de outra
para a qual se julgue capacitado.
Não constitui obrigação da previdência social a manutenção do segurado no mesmo emprego ou a sua
colocação em outro para o qual foi reabilitado, cessando o processo de reabilitação profissional com a
emissão do respectivo certificado.
Cabe à previdência social a articulação com a comunidade, com vistas ao levantamento da oferta do
mercado de trabalho, ao direcionamento da programação profissional e à possibilidade de reingresso
do reabilitando no mercado formal.
O acompanhamento e a pesquisa da fixação no mercado de trabalho são obrigatórios e tem como
finalidade a comprovação da efetividade do processo de reabilitação profissional.
A empresa com 100 ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% a 5% de seus cargos com
beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:
I - até 200 empregados, 2%;
II - de 201 a 500 empregados, 3%;
III - de 501 a 1000 empregados, 4%; ou
IV - mais de 1000 empregados, 5%.

A dispensa de pessoa com deficiência ou de beneficiário reabilitado pela previdência social ao


final de contrato por prazo determinado de mais de 90 dias e a dispensa imotivada em contrato por
prazo indeterminado somente poderão ocorrer após a contratação de outro trabalhador com
deficiência ou beneficiário reabilitado pela previdência social.
Para a reserva de cargos será considerada somente a contratação direta de pessoa com deficiência,
excluído o aprendiz com deficiência de que trata a Consolidação das Leis do Trabalho.
À Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia compete estabelecer
a sistemática de fiscalização e gerar dados e estatísticas sobre o total de empregados e as vagas
preenchidas por pessoas com deficiência e por beneficiários reabilitados pela previdência social, além
de fornecê-los, quando solicitados, aos sindicatos, às entidades representativas dos empregados ou aos
cidadãos interessados.

16 - Serviço Social
16.1 - Introdução e Regras Legais
Previsto no art. 88 da Lei nº 8.213/91 e no art. 161 do Regulamento da Previdência Social – RPS, o
denominado serviço social constitui atividade auxiliar do seguro social e visa prestar ao beneficiário
orientação e apoio no que concerne à solução dos problemas pessoais e familiares e à melhoria da sua
inter-relação com a previdência social, para a solução de questões referentes a benefícios, bem como,
quando necessário, à obtenção de outros recursos sociais da comunidade.

78
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Compete também ao Serviço Social esclarecer junto aos beneficiários seus direitos sociais e os meios
de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas que
emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da instituição como na
dinâmica da sociedade.
A concessão do Serviço Social independe de carência.
Será dada prioridade aos segurados em benefício por incapacidade temporária e atenção especial aos
aposentados e pensionistas.
Para assegurar o efetivo atendimento dos usuários serão utilizadas intervenção técnica, assistência
de natureza jurídica, ajuda material, recursos sociais, intercâmbio com empresas e pesquisa social,
inclusive mediante celebração de convênios, acordos ou contratos.
O Serviço Social terá como diretriz a participação do beneficiário na implementação e no
fortalecimento da política previdenciária, em articulação com as associações e entidades de classe.
O Serviço Social, considerando a universalização da Previdência Social, prestará assessoramento
técnico aos Estados, Distrito Federal e Municípios na elaboração e implantação de suas respectivas
propostas de trabalho relacionadas com a previdência social.
O atendimento domiciliar e hospitalar é assegurado pela Perícia Médica Federal e pelo serviço social
ao segurado com dificuldade de locomoção, quando o seu deslocamento, em razão de sua limitação
funcional e de condições de acessibilidade, lhe impuser ônus desproporcional e indevido.
Consideram-se beneficiários do serviço social todos os segurados e seus dependentes.
As ações do Serviço Social no INSS são realizadas pelos Assistentes Sociais e desenvolvidas em
consonância com as diretrizes e objetivos estratégicos adotados pela instituição, da seguinte forma:
• Prestar atendimento individual e grupal aos usuários, esclarecendo-os quanto ao acesso aos
direitos previdenciários, tais como: benefícios e serviços, condições e documentos necessários
para o requerimento e concessão dos benefícios previdenciários e assistenciais, manutenção e
possibilidade da perda da qualidade de segurado, entre outros;
• Realizar pesquisa social para identificação do perfil e das necessidades dos usuários.
• Emitir parecer social fornecendo elementos para a concessão, manutenção, recurso de
benefícios e decisão médico-pericial, nos casos de segurados em auxílio por incapacidade
temporária previdenciário ou acidentário, cujas situações sociais interfiram na origem, evolução
ou agravamento de determinadas doenças.
• Assessorar entidades governamentais e não governamentais em assuntos de política e legislação
previdenciária e assistencial.
• Realizar o cadastro dos Recursos Sociais e Grupos Organizados.

Nos termos do art. 305 da IN INSS/PRES nº 128/2022, compete à Perícia Médica Federal e ao Serviço
Social do INSS, para efeito de concessão da aposentadoria da pessoa com deficiência, reconhecer o grau
de deficiência, que pode ser leve, moderado ou grave, bem como fixar a data provável do início da
deficiência e identificar a ocorrência de variação no grau de deficiência.
A avaliação será efetuada por meio de instrumento desenvolvido especificamente para esse fim, que
poderá ser objeto de revalidação periódica.

79
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

A comprovação da deficiência somente se dará depois de finalizadas as avaliações médica e do serviço


social, sendo seu grau definido pela somatória das duas avaliações e sua temporalidade subsidiada pela
data do impedimento e alterações fixadas pela perícia médica.
A atuação destes profissionais visa colaborar na articulação da política previdenciária com as outras
políticas sociais e proporcionar acesso qualificado da população às informações previdenciárias e
assistenciais.
O Serviço Social executa ações profissionais em conjunto com outras áreas do INSS, com organizações
da sociedade civil que favoreçam o acesso da população aos benefícios e aos serviços do RGPS, e com
organizações que favoreçam a participação do usuário na implementação e no fortalecimento da
política previdenciária e de assistência social, com base nas demandas locais e nas diretrizes
estabelecidas pela Diretoria de Saúde do Trabalhador.
Os recursos técnicos utilizados pelo Assistente Social são, entre outros, o parecer social, a pesquisa
social, o estudo exploratório dos recursos sociais, a avaliação social da pessoa com deficiência aos
requerentes do Benefício de Prestação Continuada - BPC/LOAS, estabelecida pelo Decreto n° 6.214, de
26 de setembro de 2007, e a avaliação social da pessoa com deficiência em cumprimento ao disciplinado
na LC n° 142, de 2013.
O Parecer Social consiste no pronunciamento profissional do Assistente Social, com base no estudo de
determinada situação, podendo ser emitido na fase de concessão, manutenção, recurso de benefícios ou
para embasar decisão médico-pericial, por solicitação do setor respectivo ou por iniciativa do próprio
Assistente Social, observado que:
• a elaboração do Parecer Social pautar-se-á em estudo social, de caráter sigiloso, constante de
prontuário do Serviço Social;
• a escolha do instrumento a ser utilizado para elaboração do parecer (visitas, entrevistas
colaterais ou outros) é de responsabilidade do assistente social;
• o parecer social não se constituirá em instrumento de constatação de veracidade de provas ou
das informações prestadas pelo usuário;
• nas intercorrências sociais que interfiram na origem, na evolução e no agravamento de
patologias, o parecer social objetivará subsidiar decisão médico-pericial; e
• deverá ser apresentado aos setores solicitantes por formulário específico denominado Parecer
Social.

A pesquisa social constitui-se recurso técnico fundamental para a realimentação do saber e do fazer
profissional, voltado para a busca do conhecimento crítico e interpretativo da realidade, favorecendo a
identificação e a melhor caracterização das demandas do INSS e do perfil socioeconômico-cultural dos
beneficiários como recursos para a qualificação dos serviços prestados, o que propiciará:
• o conhecimento da realidade social na qual se inserem os usuários da política de seguridade
social, considerando o seu contexto político, cultural e socioeconômico, em sua relação com a
Previdência Social;
• a elaboração de planos, programas e projetos vinculados com a proposta teórico-metodológica
que embasa as ações do Serviço Social;
• a produção e divulgação de novos conhecimentos que possam contribuir para a ampliação da
proteção social e melhoria dos serviços prestados.

80
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

O Estudo Exploratório dos Recursos Sociais constitui instrumento que facilita a necessária articulação
da política previdenciária com a rede socioassistencial para o desenvolvimento do trabalho do Serviço
Social e atendimento aos usuários da Previdência Social.
A avaliação social, em conjunto com a avaliação médica da pessoa com deficiência, consiste num
instrumento destinado à caracterização da deficiência, e considerará os fatores ambientais, sociais,
pessoais, a limitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social dos requerentes
do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social.
Para assegurar o efetivo atendimento aos beneficiários, podem ser utilizados mecanismos de
intervenção técnica, ajuda material, articulação com a rede socioassistencial, intercâmbio com
empresas, instituições públicas e entidades da sociedade civil, inclusive, mediante celebração de
convênios, acordos ou termos de cooperação técnica, conforme regulamentos do INSS.
O Serviço Social tem como diretriz a participação do beneficiário na implementação e fortalecimento da
Seguridade Social, especialmente no que tange à política previdenciária e da assistência social, em
articulação com as associações e entidades de classe e com as outras áreas do INSS, entidades
governamentais e organizações da sociedade civil.
O Serviço Social presta assessoramento técnico aos Estados, Distrito Federal e Municípios na elaboração
de suas respectivas propostas de trabalho relacionadas com a Previdência Social, bem como compor
comitês intersetoriais de políticas sociais.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto aos benefícios do RGPS, julgue as assertivas abaixo:
I - A aposentadoria por idade pode ser requerida pela empresa, desde que o segurado empregado tenha
cumprido o período de carência e completado 70 (setenta) anos de idade, se do sexo masculino, ou 65
(sessenta e cinco) anos, se do sexo feminino, sendo compulsória para o segurado.
II - Acerca dos princípios constitucionais da Previdência Social é correto afirmar os requisitos de idade
e tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil, no ensino fundamental, no
ensino médio e no ensino superior.
III - O auxílio-reclusão será devido nas condições da pensão por morte, respeitado o tempo mínimo de
carência de 24 meses, aos dependentes do segurado de baixa renda recolhido à prisão em regime
fechado, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio por incapacidade
temporária, pensão por morte, salário-maternidade, aposentadoria ou abono de permanência em
serviço.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I.
b) I e II.

81
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - A aposentadoria por idade pode ser requerida pela empresa, desde que o segurado empregado tenha
cumprido o período de carência e completado 70 (setenta) anos de idade, se do sexo masculino, ou 65
(sessenta e cinco) anos, se do sexo feminino, sendo compulsória para o segurado.
Assertiva correta, nos termos do art. 51 da Lei 8.213/91.

II - Acerca dos princípios constitucionais da Previdência Social é correto afirmar os requisitos de idade
e tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil, no ensino fundamental, no
ensino médio e no ensino superior.
Assertiva incorreta. A redução de 5 anos no tempo de contribuição na aposentadoria por tempo de
contribuição para professor se aplica aos professores da educação infantil, ensino fundamental e médio,
e não se aplica aos professores de ensino superior.

III - O auxílio-reclusão será devido nas condições da pensão por morte, respeitado o tempo mínimo de
carência de 24 meses, aos dependentes do segurado de baixa renda recolhido à prisão em regime
fechado, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio por incapacidade
temporária, pensão por morte, salário-maternidade, aposentadoria ou abono de permanência em
serviço.
Assertiva correta. Trata-se do contido no art. 25 e art. 80 da Lei 8.213/91.

Gabarito: C

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto aos benefícios do RGPS, julgue as assertivas abaixo:
I - Emanuel se formou no curso de medicina, aos 25 anos, em dezembro de 2019 e desde então começou
a trabalhar como plantonista em um hospital particular em sua cidade, filiando-se ao RGPS na qualidade
de segurado empregado. Nessas condições, podemos afirmar que Emanuel poderá se aposentar ao
completar 35 anos de contribuição.
II - Marli é estudante de curso superior e, preocupada com as notícias sobre a Reforma da Previdência,
começou a contribuir com o RGPS na qualidade de segurada facultativa em dezembro de 2019, sendo
esta sua primeira contribuição para o sistema. Caso mantenha a regularidade de suas contribuições,
Marli poderá se aposentar pelo RGPS ao completar 60 anos de idade, desde que tenha 15 anos de tempo
de contribuição.

82
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

III - Leila é segurada do RGPS na qualidade de contribuinte individual e após 6 anos de contribuições
ininterruptas foi acometida por incapacidade multiprofissional total e permanente para o trabalho.
Nessas condições, é possível se afirmar que Leila terá direito a receber do INSS o benefício de
aposentadoria por incapacidade permanente.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) III.

COMENTÁRIOS:
I - Emanuel se formou no curso de medicina, aos 25 anos, em dezembro de 2019 e desde então começou
a trabalhar como plantonista em um hospital particular em sua cidade, filiando-se ao RGPS na qualidade
de segurado empregado. Nessas condições, podemos afirmar que Emanuel poderá se aposentar ao
completar 35 anos de contribuição.
Assertiva incorreta. Para quem ingressou no RGPS após a promulgação da Emenda Constitucional
103/19, não existe mais a hipótese de aposentadoria por tempo de contribuição sem idade mínima.
Para os homens, a regra geral para aposentadoria é completar 65 anos de idade e 20 anos de
contribuição. No caso de Emanuel, apesar de ele já possuir e superar o tempo mínimo de contribuição
ao completar 35 nãos de contribuição, ele possuirá apenas 60 anos nessa ocasião, idade inferior aos 65
exigidos para aposentadoria no âmbito do RGPS.

II - Marli é estudante de curso superior e, preocupada com as notícias sobre a Reforma da Previdência,
começou a contribuir com o RGPS na qualidade de segurada facultativa em dezembro de 2019, sendo
esta sua primeira contribuição para o sistema. Caso mantenha a regularidade de suas contribuições,
Marli poderá se aposentar pelo RGPS ao completar 60 anos de idade, desde que tenha 15 anos de tempo
de contribuição.
Assertiva incorreta. A regra geral de aposentadoria exige que as mulheres possuam 62 anos de idade,
e não 60 como afirmado na questão, além tempo mínimo de contribuição de 15 anos.

III - Leila é segurada do RGPS na qualidade de contribuinte individual e após 6 anos de contribuições
ininterruptas foi acometida por incapacidade multiprofissional total e permanente para o trabalho.
Nessas condições, é possível se afirmar que Leila terá direito a receber do INSS o benefício de
aposentadoria por incapacidade permanente.
Assertiva correta, nos termos do art. 42 da Lei 8.213/91.

Gabarito: D

83
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto aos benefícios do RGPS, julgue as assertivas abaixo:
I - O segurado especial terá direito a aposentadoria por idade com requisito diferenciado, desde que
comprove o exercício da atividade rural por tempo igual ao número de meses exigidos para a carência
do benefício.
II - Adami é segurado do RGPS desde 15/08/1995, na qualidade de contribuinte individual. Ele pretende
solicitar ao INSS, em 15/08/2030, dia do seu aniversário de 55 anos, sua aposentadoria programada.
Na data de seu referido aniversário, João ainda não terá cumprido os requisitos para começar a receber
aposentadoria programada.
III - Isabel, filiada ao regime geral de previdência social e contribuinte há dez meses, sofreu um acidente
de carro, que lhe causou incapacidade para o trabalho pelo período de quinze dias. Nesse caso, Isabel
receberá auxílio por incapacidade temporária, independentemente do preenchimento do período de
carência.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - O segurado especial terá direito a aposentadoria por idade com requisito diferenciado, desde que
comprove o exercício da atividade rural por tempo igual ao número de meses exigidos para a carência
do benefício.
Assertiva correta. O segurado especial terá direito a aposentadoria por idade com requisito
diferenciado, desde que comprove o exercício da atividade rural por tempo igual ao número de meses
exigidos para a carência do benefício, nos termos do art. 201, § 7º, II, da CF/88.

II - Adami é segurado do RGPS desde 15/08/1995, na qualidade de contribuinte individual. Ele pretende
solicitar ao INSS, em 15/08/2030, dia do seu aniversário de 55 anos, sua aposentadoria programada.
Na data de seu referido aniversário, Adami ainda não terá cumprido os requisitos para começar a
receber aposentadoria programada.
Assertiva correta. Na situação hipotética, Adami possuirá 35 anos de contribuição 15/08/2030, tempo
superior ao mínimo de 15 anos exigidos para aposentadoria no RGPS. Entretanto, ele não possuirá a
idade mínima exigida, que seria de 65 anos.

III - Isabel, filiada ao regime geral de previdência social e contribuinte há dez meses, sofreu um acidente
de carro, que lhe causou incapacidade para o trabalho pelo período de quinze dias. Nesse caso, Isabel
receberá auxílio por incapacidade temporária, independentemente do preenchimento do período de
carência.

84
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva incorreta. Em regra, a concessão de auxílio por incapacidade temporária exige um período
de carência de 12 contribuições mensais. Entretanto, como no caso em tela, quando o benefício é
decorrente de acidente de qualquer natureza, não se exige a carência. Mas, de qualquer forma, Joana
não terá direito ao auxílio por incapacidade temporária, pois não ficou incapacitada por mais de 15 dias.

Gabarito: B

CARÊNCIA DAS PRESTAÇÕES DO RGPS


1 - Conceito
Período de carência é o tempo correspondente ao número mínimo de contribuições mensais
indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas as competências cujo
salário de contribuição seja igual ou superior ao seu limite mínimo mensal. Ou seja, sem cumprir
o período de carência do benefício (quando existente), não terá direito ao seu recebimento.
Para o segurado especial, considera-se período de carência, para fins de concessão dos benefícios a
que façam jus, o tempo mínimo de efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma
descontínua, igual à quantidade de meses necessária à concessão do benefício requerido.
Não é computado para efeito de carência o tempo de atividade do trabalhador rural anterior à
competência novembro de 1991.
Para efeito de carência, considera-se presumido o recolhimento das contribuições do segurado
empregado, empregado doméstico e do trabalhador avulso.
Relativamente ao contribuinte individual, considera-se presumido o recolhimento das contribuições
descontadas pela empresa a partir da competência abril de 2003.
Para fins de carência, as contribuições anteriores à data de publicação da Emenda à Constituição nº 103,
de 12 de novembro de 2019 (Reforma da Previdência), serão consideradas em conformidade com a
legislação vigente à época.
O período de carência é contado:
• para o segurado empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso, da data de filiação
ao Regime Geral de Previdência Social - RGPS;
• para o contribuinte individual e facultativo e o segurado especial (que contribui
adicionalmente com contribuição complementar de 20% sobre o salário de contribuição
por ele declarado, da mesma forma que o facultativo), da data do efetivo recolhimento da
primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas para esse fim as contribuições
recolhidas com atraso referentes a competências anteriores.
• Para o segurado especial (que não contribui com contribuição complementar de 20%
sobre o salário de contribuição por ele declarado), o período de carência é contado a partir
do efetivo exercício da atividade rural, mediante comprovação feita mediante documentos que
comprovem o exercício de atividade nos períodos a serem contados, devendo esses documentos
ser contemporâneos dos fatos a comprovar e mencionar as datas de início e término.

85
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Para os segurados contribuinte individual e facultativo optantes pelo recolhimento


trimestral, o período de carência é contado a partir do mês de inscrição do segurado, desde que
efetuado o recolhimento da primeira contribuição no prazo estipulado.

Para os segurados contribuinte individual e facultativo, na hipótese de perda da qualidade de


segurado, somente serão consideradas, para fins de carência, as contribuições efetivadas após novo
recolhimento sem atraso. Contudo, deve-se observar que a partir de 13 de novembro de 2019
(Reforma da Previdência), para fins de carência, somente serão consideradas as competências cujo
salário de contribuição seja igual ou superior ao limite mínimo mensal do salário de
contribuição.
Nem todos os períodos considerados pela legislação previdenciária como tempo de contribuição
irão contar para como tempo de carência. Assim sendo, segue alguns exemplos de períodos que,
apesar de contarem como tempo de contribuição, não são computados para efeito de carência:
• Tempo de serviço militar (voluntário ou obrigatório);
• Tempo de serviço do trabalhador rural anterior à competência novembro/2011, quando ainda
não contribuía para a Previdência Social;
• Contribuições recolhidas com atraso, relativas a competências anteriores à data do recolhimento
da primeira contribuição sem atraso dos segurados contribuinte individual e facultativo.

O STJ decidiu ser possível considerar o período em que o segurado esteve em gozo de benefício
por incapacidade (auxílio por incapacidade temporária ou aposentadoria por incapacidade
permanente) para fins de carência, desde que intercalados com períodos contributivos, conforme
segue:
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. VIOLAÇÃO DO
ART. 535 DO CPC. CÔMPUTO DO TEMPO DE BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE COMO PERÍODO DE
CARÊNCIA. POSSIBILIDADE, DESDE QUE INTERCALADO COM PERÍODO DE EFETIVO TRABALHO.
POSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO.
EFEITOS ERGA OMNES LIMITADOS À COMPETÊNCIA TERRITORIAL DO ÓRGÃO PROLATOR.
1. Ação civil pública que tem como objetivo obrigar o INSS a computar, como período de carência, o
tempo em que os segurados estão no gozo de benefício por incapacidade (auxílio-doença ou
aposentadoria por invalidez).
2. O acórdão recorrido julgou a lide de modo fundamentado e coerente, não tendo incorrido em
nenhum vício que desse ensejo aos embargos de declaração e, por conseguinte, à violação do art. 535
do Código de Processo Civil.

86
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

3. É possível considerar o período em que o segurado esteve no gozo de benefício por incapacidade
(auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez) para fins de carência, desde que intercalados com
períodos contributivos.
4. Se o período em que o segurado esteve no gozo de benefício por incapacidade é excepcionalmente
considerado como tempo ficto de contribuição, não se justifica interpretar a norma de maneira
distinta para fins de carência, desde que intercalado com atividade laborativa.
5. Possibilidade de execução da obrigação de fazer, de cunho mandamental, antes do trânsito em
julgado e independentemente de caução, a ser processada nos moldes do art. 461 do Código de
Processo Civil.
6. Prevalece nesta Corte o entendimento de que a sentença civil fará coisa julgada erga omnes nos
limites da competência territorial do órgão prolator, nos termos do art. 16 da Lei n. 7.347/85,
alterado pela Lei n. 9.494/97.
7. O valor da multa cominatória fixada pelas instâncias ordinárias somente pode ser revisado em sede
de recurso especial se irrisório ou exorbitante, hipóteses não contempladas no caso em análise. 8.
Recurso especial parcialmente provido.

2 - Aposentadoria por Incapacidade Permanente e Auxílio por


Incapacidade Temporária
2.1 - Carência
A concessão dos benefícios de aposentadoria por incapacidade permanente e auxílio por
incapacidade temporária dependem do cumprimento da carência de 12 contribuições mensais.

No entanto, Independe de carência a concessão destes benefícios nos seguintes casos:


• Incapacidade decorrente de acidente de qualquer natureza ou causa;
• Incapacidade decorrente de doença profissional ou do trabalho;
• segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções
especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Economia, atualizada a cada
3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro
fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado.

87
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

OBSERVAÇÃO: Até que seja elaborada a lista de doenças e afecções mencionada acima,
independe de carência a concessão de auxílio por incapacidade temporária e de
aposentadoria por incapacidade permanente ao segurado que, após filiar-se ao RGPS, for
acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, esclerose
múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e
incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante,
nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da
deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em
conclusão da medicina especializada.

Em casos de acidente, a legislação previdenciária afirma que a dispensa da carência será concedida para
acidentes decorrentes de qualquer natureza ou causa, independentemente de tratar-se ou não de
acidente de trabalho. Assim sendo, até mesmo uma lesão sofrida por segurado durante uma partida de
futebol com os amigos no final de semana, se resultar em perda ou redução permanente ou temporária
da capacidade laborativa, é motivo para concessão do benefício, independente do cumprimento de
qualquer carência.
Para o segurado especial, como já estudado, a contagem da carência não é efetuada necessariamente
com base no número de contribuições mensais recolhidas, mas sim pela comprovação do exercício de
atividade rural pelo período equivalente ao número de meses correspondente à carência do benefício
requerido. Assim sendo, para ter direito à aposentadoria por incapacidade permanente ou auxílio por
incapacidade temporária, basta o segurado especial comprovar 12 meses de efetivo exercício na
respectiva atividade agropecuária ou pesqueira (exceto nos casos em que a carência é dispensada).
Entende-se como acidente de qualquer natureza ou causa aquele de origem traumática e por
exposição a agentes exógenos, físicos, químicos ou biológicos, que acarrete lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou a redução permanente ou temporária da
capacidade laborativa.

Aposentadoria por Incapacidade Permanente


e Auxílio por Incapacidade Temporária

Regra 12 contribuições
incapacidade decorrente de acidente de
qualquer natureza ou causa
doença profissional ou do trabalho
Sem segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das
carência doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos
Ministérios da Saúde e da Economia, atualizada a cada 3 (três)
anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação,
mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade
e gravidade que mereçam tratamento particularizado.

88
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

3 - Aposentadoria Programada, aposentadoria por idade do


trabalhador rural e aposentadoria especial
3.1 - Carência
A concessão dos benefícios de aposentadoria (exceto por incapacidade permanente) depende do
cumprimento da carência de 180 contribuições mensais.
No entanto, para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, a carência
das aposentadorias (exceto por incapacidade permanente) obedecerão a uma regra de transição,
levando-se em conta o ano em que o segurado implementou todas as condições necessárias à
obtenção do benefício.

Para o segurado especial, como já estudado, a contagem da carência não é


necessariamente efetuada com base no número de contribuições mensais
recolhidas, mas sim pela comprovação do exercício de atividade rural pelo
período equivalente ao número de meses correspondente à carência do
benefício requerido. Assim sendo, para ter direito à aposentadoria
programada e aposentadoria especial, basta o segurado especial comprovar 180
meses de efetivo exercício na respectiva atividade agropecuária ou pesqueira
(exceto se sujeito à regra de transição, em que o período de carência será
menor).

Carência 180 contribuições

Exceção segurados inscritos até 24/ 07/ 1991


(véspera da publicação da lei 8.213/91)

carência passou de
60 para 180 contribuições
(regra de transição – art. 142 da lei 8.213/91)

4 - Salário-maternidade
4.1 - Carência
A concessão do salário-maternidade para o contribuinte individual, segurada facultativa e
segurada especial depende do cumprimento da carência de 10 contribuições mensais.
Será devido o salário-maternidade à segurada especial, no valor de um salário-mínimo, desde que
comprove o exercício de atividade rural nos últimos 10 meses imediatamente anteriores à data
do parto ou do requerimento do benefício, quando requerido antes do parto, mesmo que de forma
descontínua.

89
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Para os segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso não há carência a ser
cumprida para recebimento do benefício de salário-maternidade.

IMPORTANTE: Em caso de parto antecipado, o período de carência do salário-


maternidade será reduzido em número de contribuições equivalente ao número de
meses em que o parto foi antecipado.

Assim sendo, se o parto de uma segurada facultativa, segurada especial ou contribuinte individual for
antecipado em 3 meses, a carência será reduzida de 10 contribuições mensais para 7 contribuições
mensais.

MUITO IMPORTANTE: Independe de carência a concessão de salário-maternidade para


as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica.

Salário-maternidade
Empregada
Trabalhadora avulsa “sem carência”
Empregada doméstica

Contribuinte individual
Segurada facultativa 10 contribuições
Segurada especial*

Em caso de parto antecipado, o período de carência será reduzido em número de


contribuições equivalente ao número de meses em que o parto foi antecipado.

5 - Auxílio-reclusão

5.1 - Carência
A concessão do benefício de auxílio-reclusão depende do cumprimento da carência de 24
contribuições mensais.

90
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Essa é uma das principais alterações trazidas pela Medida Provisória 871/19, convertida na Lei
13.846/19. Antes disso, não era exigido carência para a concessão de auxílio reclusão.

Auxílio-reclusão

Carência
24
contribuições mensais

6 - Sem Carência – Demais Benefícios e Serviços

Independem de carência a concessão das seguintes prestações do RGPS:


• pensão por morte;
• auxílio-acidente;
• salário-família;
• habilitação e reabilitação profissional.

Pensão por morte


Auxílio-acidente
Salário-família

“sem carência”

Habilitação e Reabilitação Profissional


Serviço Social

“sem carência”

91
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Como já estudado, também independem de carência os seguintes benefícios, nas condições abaixo
especificadas:
• auxílio por incapacidade temporária e aposentadoria por incapacidade temporária nos
casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem
como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e
afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Economia, atualizada
a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência
ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento
particularizado;
• salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada
doméstica.

7 - Carência em caso de perda da qualidade de segurado

Na hipótese de perda da qualidade de segurado, para fins da concessão dos benefícios de auxílio por
incapacidade temporária, de aposentadoria por incapacidade permanente, de salário-
maternidade e de auxílio-reclusão, o segurado deverá contar, a partir da data da nova filiação à
Previdência Social, com metade dos períodos de carência previstos para tais benefícios.

Carência em caso de perda da qualidade de segurado

Na hipótese de perda da qualidade de segurado, para fins da concessão


dos benefícios abaixo, as contribuições anteriores à perda somente serão
computadas para fins de carência depois que o segurado contar, a partir da
nova filiação ao RGPS, com metade do número de contribuições exigidas
para o cumprimento do respectivo período de carência, conforme segue:

Auxílio por incapacidade temporária (metade de 12 = 6 contribuições);

Aposentadoria por incapacidade permanente (metade de 12 = 6 contribuições);

Salário-maternidade (metade de 10 = 5 contribuições);

Auxílio-reclusão (metade de 24 = 12 contribuições).

92
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto aos benefícios do RGPS, julgue as assertivas abaixo:
I - Os benefícios de aposentadoria por incapacidade permanente e auxílio por incapacidade temporária
independem de carência quando originários de causa acidentária de qualquer natureza.
II - Independentemente de carência, a concessão das prestações de auxílio por incapacidade temporária
é garantida ao segurado acometido por tuberculose ativa, hanseníase ou hepatopatia grave, por tais
doenças constarem de lista de doenças elaboradas pelo poder público e atualizadas a cada 3 anos, de
acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira
especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado.
III - Considere que o INSS, após a revisão do ato administrativo de concessão de um auxílio por
incapacidade temporária decorrente de acidente de trabalho, tenha decidido pela sua anulação, sob o
fundamento de que o segurado não haveria cumprido carência. Nessa situação, o fundamento utilizado
pelo INSS não é procedente, pois o auxílio por incapacidade temporária em questão independe de
carência.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) I, II e III.

COMENTÁRIOS:
I - Os benefícios de aposentadoria por incapacidade permanente e auxílio por incapacidade temporária
independem de carência quando originários de causa acidentária de qualquer natureza.
Assertiva correta. Em regra, a concessão de aposentadoria por incapacidade permanente e auxílio por
incapacidade temporária exigem um período de carência de 12 contribuições mensais. Entretanto,
como corretamente afirmado, quando o benefício é decorrente de acidente de qualquer natureza, não
se exige a carência, nos termos do art. 26, II, da lei 8.213/91.

II - Independentemente de carência, a concessão das prestações de auxílio por incapacidade temporária


é garantida ao segurado acometido por tuberculose ativa, hanseníase ou hepatopatia grave, por tais
doenças constarem de lista de doenças elaboradas pelo poder público e atualizadas a cada 3 anos, de
acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira
especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado.

93
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva correta. Art. 26, II, da lei 8.213/91.

III - Considere que o INSS, após a revisão do ato administrativo de concessão de um auxílio por
incapacidade temporária decorrente de acidente de trabalho, tenha decidido pela sua anulação, sob o
fundamento de que o segurado não haveria cumprido carência. Nessa situação, o fundamento utilizado
pelo INSS não é procedente, pois o auxílio por incapacidade temporária em questão independe de
carência.
Assertiva correta. O fundamento utilizado pelo INSS não é procedente, pois o auxílio por incapacidade
temporária, decorrente de acidente de qualquer natureza ou causa, independe de carência, exatamente
como afirma o enunciado.

Gabarito: D

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto aos benefícios do RGPS, julgue as assertivas abaixo:
I - O período de carência do salário maternidade será reduzido em 50% do número de contribuições
necessárias, independentemente de quantos meses o parto foi antecipado.
II - A concessão do benefício do salário-maternidade não está sujeita à carência, em qualquer hipótese.
III - O período de carência legal do salário maternidade, quando exigido, será reduzido em número de
contribuições equivalentes ao número de meses em que o parto foi antecipado.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d III.

COMENTÁRIOS:
I - O período de carência do salário maternidade será reduzido em 50% do número de contribuições
necessárias, independentemente de quantos meses o parto foi antecipado.
Assertiva incorreta. Nos termos do parágrafo único do art. 25 da lei 8.213/91, em caso de parto
antecipado, o período de carência do salário maternidade será reduzido em número de contribuições
equivalente ao número de meses em que o parto foi antecipado.

II - A concessão do benefício do salário-maternidade não está sujeita à carência, em qualquer hipótese.


Assertiva incorreta. Existe carência para o salário maternidade (10 contribuições mensais) no caso de
contribuinte individual, segurado especial e segurado facultativo.

94
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

III - O período de carência legal do salário maternidade, quando exigido, será reduzido em número de
contribuições equivalentes ao número de meses em que o parto foi antecipado.
Assertiva correta, nos termos do parágrafo único do art. 25 da lei 8.213/91.

Gabarito: D

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto aos benefícios do RGPS, julgue as assertivas abaixo:
I - Apenas a pensão por morte e o salário-família são devidos sem exigência de quaisquer períodos de
carência.
II - O auxílio-reclusão será devido aos dependentes do segurado sem a exigência de qualquer período
de carência.
III - A aposentadoria programada tem prazo de carência de 180 contribuições mensais.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I.
b) I e II.
c) III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - Apenas a pensão por morte e o salário-família são devidos sem exigência de quaisquer períodos de
carência.
Assertiva incorreta. Não são apenas a pensão por morte e o salário-família que são concedidos
independentemente de carência.

II - O auxílio-reclusão será devido aos dependentes do segurado sem a exigência de qualquer período
de carência.
Assertiva incorreta. A carência exigida para a concessão de auxílio-reclusão é de 24 contribuições
mensais.

III - A aposentadoria programada tem prazo de carência de 180 contribuições mensais.


Assertiva correta. A aposentadoria programada exige uma carência de 180 contribuições mensais,
como estudamos.

Gabarito: C

95
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Conforme a Lei nº 8.213/1991, a concessão das prestações do Regime Geral de Previdência Social
depende do seguinte período de carência:
a) 20 contribuições mensais para auxílio reclusão.
b) 10 contribuições mensais para salário-maternidade de trabalhadora avulsa.
c) 180 contribuições mensais para aposentadoria especial.
d) 4 contribuições mensais para pensão por morte.
e) 12 contribuições mensais para auxílio-acidente.

COMENTÁRIOS:
a) 20 contribuições mensais para auxílio reclusão.
Alternativa incorreta. A carência exigida para a concessão de auxílio-reclusão é de 24 contribuições
mensais

b) 10 contribuições mensais para salário-maternidade de trabalhadora avulsa.


Alternativa incorreta. Para a segurada trabalhadora avulsa não há exigência de carência no salário-
maternidade

c) 180 contribuições mensais para aposentadoria especial.


Alternativa correta. Art. 25, II, da lei 8.213/91

d) 4 contribuições mensais para pensão por morte.


Alternativa incorreta. A pensão por morte independe de carência

e) 12 contribuições mensais para auxílio-acidente.


Alternativa incorreta. O auxílio-acidente independe de carência

Gabarito: C

96
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula. Nesta aula estudamos os dependentes e os fatos geradores das
prestações previdenciárias do Regime Geral de Previdência Social - RGPS.
Aguardo vocês em nossa próxima aula!
Um forte abraço e bons estudos a todos!

Rubens Maurício

97
oab.estrategia.com |
97
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

"INSERIR CAPA"

Direito Previdenciário

1
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Sumário

Considerações Iniciais ............................................................................................................................................................... 4

Salário-de-benefício ................................................................................................................................................................... 5

1. Conceito ............................................................................................................................................................................. 5

2. Cálculo do Salário-de-benefício ................................................................................................................................ 6

3. Salário-de-benefício (Atividades Concomitantes).......................................................................................... 10

Fator Previdenciário ............................................................................................................................................................... 12

1. Conceito .......................................................................................................................................................................... 12

2. Cálculo do Fator Previdenciário ............................................................................................................................ 12

Renda Mensal Inicial - RMI ................................................................................................................................................... 13

1. Conceito .......................................................................................................................................................................... 13

1.1. Limites da Renda Mensal do Benefício........................................................................................................... 14

1.2. Reajustamento do Valor do Benefício ............................................................................................................ 15

2. Aposentadoria por Incapacidade permanente – Renda Mensal Inicial (RMI)..................................... 16

3. Aposentadoria Programada (por Idade e Tempo de Contribuição) – Renda Mensal Inicial (RMI)
19

4. Aposentadoria Especial – Renda Mensal Inicial (RMI) ................................................................................. 21

5. Aposentadoria por Idade do Trabalhador Rural – (RMI) ............................................................................ 23

6. Aposentadoria da Pessoa Com Deficiência (RMI) .......................................................................................... 24

7. Auxílio por Incapacidade Temporária – Renda Mensal Inicial (RMI) ..................................................... 24

8. Auxílio-Acidente – Renda Mensal Inicial (RMI)............................................................................................... 25

9. Salário-Maternidade – Renda Mensal Inicial (RMI) ....................................................................................... 26

10. Salário-Família – Renda Mensal Inicial (RMI) ............................................................................................. 28

11. Pensão por Morte – Renda Mensal Inicial (RMI) ........................................................................................ 29

12. Auxílio-Reclusão – Renda Mensal Inicial (RMI) .......................................................................................... 34

2
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Data de Início do benefício - DIB ........................................................................................................................................ 38

1. Conceito .......................................................................................................................................................................... 38

2. Aposentadoria por Incapacidade Permanente – Data de Início do Benefício (DIB) ......................... 38

3. Aposentadoria Programada (por idade e por tempo de contribuição) – Data de Início do Benefício
(DIB) ......................................................................................................................................................................................... 40

4. Aposentadoria Especial – Data de Início do Benefício (DIB) .................................................................... 41

5. Auxílio por Incapacidade Temporária – Data de Início do Benefício (DIB) ......................................... 42

6. Auxílio-Acidente – Data de Início do Benefício (DIB) ................................................................................... 44

7. Salário-Maternidade – Data de Início do Benefício (DIB)............................................................................ 45

8. Salário-Família – Data de Início do Benefício (DIB) ...................................................................................... 47

9. Pensão por Morte – Data de Início do Benefício (DIB) ................................................................................. 48

10. Auxílio-Reclusão – Data de Início do Benefício (DIB) ............................................................................... 50

Data da Cessação do benefício - DCB ................................................................................................................................ 53

1. Conceito .......................................................................................................................................................................... 53

2. Aposentadoria por Incapacidade Permanente – Data da Cessação do Benefício (DCB) ................. 54

3. Aposentadoria Programada – Data da Cessação do Benefício (DCB) ..................................................... 55

4. Aposentadoria Especial – Data da Cessação do Benefício (DCB) ............................................................ 56

5. Auxílio por Incapacidade Temporária – Data da Cessação do Benefício (DCB) ................................. 57

6. Auxílio-Acidente – Data da Cessação do Benefício (DCB) ........................................................................... 58

7. Salário-Maternidade – Data da Cessação do Benefício (DCB) ................................................................... 58

8. Salário-Família – Data da Cessação do Benefício (DCB) .............................................................................. 59

9. Pensão por Morte – Data da Cessação do Benefício (DCB) ......................................................................... 59

9.1. Cessação da Cota Individual da Pensão por Morte .................................................................................... 60

9.2. Cessação do Benefício de Pensão por Morte ................................................................................................ 63

10. Auxílio-Reclusão – Data da Cessação do Benefício (DCB) ....................................................................... 63

3
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

10.1. Cessação da Cota Individual do Auxílio-Reclusão ................................................................................... 63

10.2. Cessação do Benefício de Auxílio-Reclusão ............................................................................................... 65

10.3. Suspensão Temporária do Benefício de Auxílio-Reclusão................................................................... 65

Considerações Finais .............................................................................................................................................................. 68

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje estudaremos os seguintes assuntos do Direito Previdenciário que tratam de normas
previdenciárias:

Salário de Benefício.

Renda mensal inicial do benefício. Reajustamento


do valor do benefício.

Data de Início do Benefício.

Data de Cessação do Benefício.

Serviços Previdenciários. Serviço social.


Reabilitação profissional.

Recomendo uma atenção especial aos tópicos que tratam da Renda Mensal Inicial do Benefício - RMI.
Boa aula!

4
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO

1. Conceito

Salário-de-benefício é o valor básico utilizado para cálculo da renda mensal dos benefícios de
prestação continuada da Previdência Social (exceto o salário-família, salário-maternidade, pensão por
morte e auxílio reclusão).

Ou seja, o salário-de-benefício é o valor básico utilizado para cálculo da renda mensal dos
seguintes benefícios:

• aposentadoria por incapacidade permanente;


• aposentadoria programada;
• aposentadoria por idade do trabalhador rural;
• aposentadoria especial;
• auxílio por incapacidade temporária; e
• auxílio-acidente.

Não serão calculados com base no salário-de-benefício o valor dos seguintes benefícios de prestação
continuada da Previdência Social (porém utilizam INDIRETAMENTE o salário-de-benefício no seu
cálculo, como estudaremos oportunamente):

• pensão por morte (cálculo indireto por meio do salário-de-benefício).

Por outro lado, não serão calculados com base no salário-de-benefício o valor dos seguintes
benefícios de prestação continuada da Previdência Social:

• salário-família;
• salário-maternidade;
• auxílio-reclusão; e
• os demais benefícios previstos em legislação especial.

Podemos afirmar, em síntese, que o salário-de-benefício será utilizado, em regra, como valor base para
o cálculo da renda mensal dos benefícios.

Como vimos, o salário-maternidade e o salário-família não são calculados com base no salário-de
benefício, conforme estudaremos adiante, ainda nessa aula.

Outrossim, a pensão por morte e o auxílio-reclusão, apesar da legislação previdenciária não utilizar
diretamente o salário-de-benefício como forma de cálculo, serão calculados indiretamente por meio
do salário-de-benefício, como estudaremos também nessa aula.

5
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2. Cálculo do Salário-de-benefício

Para os benefícios de aposentadoria programada, aposentadoria especial, aposentadoria por


incapacidade permanente, auxílio por incapacidade temporária e auxílio-acidente, o SALÁRIO-
DE-BENEFÍCIO será a média aritmética simples dos salários-de-contribuição, considerados para a
concessão do benefício atualizados monetariamente, correspondentes a 100% (cem por cento) do
período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se
posterior àquela competência.

Nos termos do art. 135-A, da Lei 8.213/91, recentemente incluído pela Lei nº 14.331/22, foi
estabelecido um divisor mínimo no cálculo do salário-de-benefício, conforme segue:

Art. 135-A. Para o segurado filiado à Previdência Social até julho de 1994, no cálculo do salário de
benefício das aposentadorias, exceto a aposentadoria por incapacidade permanente, o divisor
considerado no cálculo da média dos salários de contribuição não poderá ser inferior a 108 (cento
e oito) meses.

Em resumo, isso significa que para os benefícios requeridos após 05/05/2022 (data da publicação da
Lei 14.331/2022), ao calcular a média dos salários de contribuição, o divisor (denominador) não poderá
ser menor que 108.

Dessa forma, ainda que o segurado tenha menos de 108 contribuições realizadas após JUL/1994 (data
de início do período básico de cálculo), é necessário efetuar o cálculo da média dividindo a soma dos
salários de contribuição por 108.

Exemplo: Caso o segurado tenha realizado apenas 90 contribuições para o RGPS a partir de
JUL/1994, o cálculo de seu SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO será resultante da soma desses 90
salários-de-contribuição, considerados para a concessão do benefício e atualizados
monetariamente, dividido por 108 (e não mais dividido pelo número de contribuições que, no
nosso exemplo, seria 90).

Como pudemos observar, o salário-de-benefício é calculado com base nos salários-de-contribuição do


segurado. Salário-de-contribuição é, em regra, a base de cálculo da contribuição previdenciária dos
segurados (exceto segurado especial), sobre a qual se calculou e houve incidência de contribuição
previdenciária.

6
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Os salários-de-contribuição utilizados no cálculo do salário-de-benefício serão reajustados de acordo


com a variação integral do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), atualizando, desta
forma, todos os salários-de-contribuição para valor presente.

ATENÇÃO: O valor do salário-de-benefício não será inferior ao de um salário-mínimo, nem


superior ao do limite máximo do salário-de-contribuição, na data de início do benefício.

Serão considerados para cálculo do salário-de-benefício os ganhos habituais do segurado empregado, a


qualquer título, sob forma de moeda corrente ou de utilidades, sobre os quais tenha incidido
contribuições previdenciárias, exceto o décimo-terceiro salário (gratificação natalina).

Obs.: Não será considerado, para o cálculo do salário-de-benefício, o aumento dos salários-de-
contribuição que exceder o limite legal, inclusive o voluntariamente concedido nos 36 (trinta e seis)
meses imediatamente anteriores ao início do benefício, salvo se homologado pela Justiça do
Trabalho, resultante de promoção regulada por normas gerais da empresa, admitida pela
legislação do trabalho, de sentença normativa ou de reajustamento salarial obtido pela categoria
respectiva.

Assim, no momento do cálculo do salário-de-benefício, os seguintes passos serão seguidos:

• serão levantados todos os salários-de-contribuição desde 07/1994, mês a mês;


• todos esses salários serão multiplicados por um índice de correção, para trazê-los para um valor
presente. Por exemplo: um salário de R$ 200,00 em 1995, não vale o mesmo hoje. Somente
saberemos o quanto vale hoje após a aplicação do índice de atualização.
• É feita uma média aritmética simples de todos os salários-de-contribuição corrigidos. Para se
fazer essa média, soma-se o valor de todos os salários corrigidos e divide-se pelo número de
salários. Por exemplo, se um segurado possui 240 salários-de-contribuição para serem
analisados, soma-se o valor atualizado desses 240 salários-de-contribuição e divide-se o
resultado obtido por 240.
• Contudo, para os benefícios requeridos após 05/05/2022 (data da publicação da Lei
14.331/2022), ao calcular a média dos salários de contribuição, o divisor (denominador) não
poderá ser menor que 108. Assim, caso o segurado tenha menos de 108 contribuições realizadas
após JUL/1994 (data de início do período básico de cálculo), é necessário efetuar o cálculo
dividindo a soma dos salários de contribuição por 108.
• Neste último caso, se tivermos apenas 90 salários-de-contribuição desde JUL/1994, teremos que
somar o valor atualizado desses 90 salários-de-contribuição e dividirmos por 108, para
chegarmos ao valor do salário-de-benefício.

7
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

ATENÇÃO: Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por
incapacidade, sua duração será contada para cálculo do salário-de-benefício. Neste período,
considerar-se-á como salário-de-contribuição o respectivo salário-de-benefício que serviu
de base para o cálculo da renda mensal do benefício por incapacidade, reajustado nas
mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1 (um)
salário-mínimo e nem superior ao limite máximo do salário-de-contribuição.

O salário-de-benefício do segurado especial consiste, em regra, num valor equivalente ao salário-


mínimo. No entanto, quando o segurado especial contribui, adicional e facultativamente, com 20%
sobre o salário-de-contribuição, o salário-de-benefício será calculado da mesma forma que o cálculo
efetuado para os demais segurados.

No cálculo do valor da renda mensal do benefício, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, serão
computados:

• Para o segurado empregado, empregado doméstico e o trabalhador avulso: serão computados


os salários-de-contribuição referentes aos meses de contribuições devidas, ainda que não
recolhidas pela empresa ou pelo empregador doméstico;

• Para o contribuinte individual, segurado especial e segurado facultativo: serão computados


apenas os salários-de-contribuição referentes aos meses de contribuições efetivamente
recolhidas.

CONSIDERA-SE PERÍODO CONTRIBUTIVO

- Para o empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso: o conjunto de meses em


que houve ou deveria ter havido contribuição em razão do exercício de atividade
remunerada sujeita a filiação obrigatória ao RGPS.

- Para os demais segurados, inclusive o facultativo: o conjunto de meses de efetiva


contribuição ao RGPS.

Obs.: Para o segurado empregado, inclusive o doméstico, o trabalhador avulso e o segurado


especial, o valor mensal do auxílio-acidente deverá integrar o salário-de-contribuição,
para fins de cálculo do salário-de-benefício de qualquer aposentadoria. O segurado especial
que não contribuir facultativamente com a alíquota de 20% sobre o salário-de-contribuição,
o valor da aposentadoria será um salário-mínimo somado ao valor do auxílio-acidente
que recebia na data de início da respectiva aposentadoria.

Ao segurado empregado, inclusive o doméstico, e ao trabalhador avulso que tenham cumprido todas
as condições para a concessão do benefício pleiteado, mas não possam comprovar o valor de seus
salários-de-contribuição no período básico de cálculo, será considerado, para o cálculo do benefício
referente ao período sem comprovação do valor do salário de contribuição, o valor do salário-mínimo
e essa renda será recalculada quando da apresentação de prova dos salários de contribuição.

8
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Quando inexistirem salários de contribuição a partir de julho de 1994, as aposentadorias terão o


valor correspondente ao do salário-mínimo. Contudo, a renda mensal inicial pro rata (proporcional)
dos benefícios concedidos com base em acordos internacionais, será proporcional ao tempo de
contribuição para previdência social brasileira e poderá ter valor inferior ao do salário-mínimo.

Para os segurados contribuinte individual e facultativo optantes pelo recolhimento trimestral, que
tenham solicitado qualquer benefício previdenciário, o salário-de-benefício consistirá na média
aritmética simples de todos os salários-de-contribuição integrantes da contribuição trimestral,
desde que efetivamente recolhidos.

No cálculo do salário-de-benefício serão considerados os salário-de-contribuição vertidos para


regime próprio de previdência social de segurado oriundo desse regime, após a sua filiação ao
Regime Geral de Previdência Social.

Para fins do cálculo das aposentadorias programadas (aposentadorias programada, especial e por
idade do trabalhador rural e as aposentadorias transitórias por idade e por tempo de contribuição) para
as quais seja exigido tempo mínimo de contribuição, existe a possibilidade de se excluir da média para
cálculo do salário-de-benefício os salários-de-contribuição que estejam reduzindo o valor do benefício,
caso ele já tenha o tempo mínimo necessário para a concessão do benefício pleiteado. Entretanto, será
vedada a utilização do tempo de contribuição referente para qualquer fim, inclusive para:

• o acréscimo do percentual da renda mensal;


• o somatório de pontos das aposentadorias por tempo de contribuição e especial;
• o cumprimento de período adicional exigido para as aposentadorias por tempo de contribuição;
• a averbação em outro regime previdenciário; ou
• a obtenção dos proventos de inatividade.

Exemplo: Vamos supor que um segurado do sexo masculino tenha trabalhado por 20 anos
contribuindo sobre o limite máximo do salário-de-contribuição. Após, trabalhou mais 1
ano recebendo um salário-mínimo. Essas contribuições desse 1 ano no salário-mínimo
diminuirão o salário-de-benefício do segurado, então existe a possibilidade de se excluir
essas contribuições do cálculo. Entretanto, esse 1 ano de contribuição não será computado
para qualquer fim, não podendo inclusive ser averbado em certidão de tempo de
contribuição. É como se o segurado não tivesse trabalhado aquele ano.

A exclusão de tais contribuições não altera o direito à aposentadoria previamente reconhecido, desde
que mantida a quantidade de contribuições equivalentes ao período de carência e observado o tempo
mínimo de contribuição necessário à elegibilidade da aposentadoria requerida.

9
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Todos os salários-de-contribuição utilizados no cálculo do salário-de-benefício serão corrigidos, mês a


mês, de acordo com a variação integral do Índice Nacional de Preço ao Consumidor - INPC, referente ao
período decorrido a partir da primeira competência do salário-de-contribuição que compõe o período
básico de cálculo até o mês anterior ao do início do benefício, de modo a preservar o seu valor real.

Aposentadoria por incapacidade permanente


Aposentadoria programada (idade + tempo de contribuição)
Aposentadoria por idade do trabalhador rural Fórmula = M
Aposentadoria especial (idade + tempo de contribuição)
Auxílio por incapacidade temporária Média
aritmética*
Auxílio-acidente

O salário-maternidade, o salário-família e o auxílio-reclusão


não serão calculados com base no salário-de-benefício.
A pensão por morte será calculada indiretamente pelo salário-de-benefício.

M = média aritmética simples dos salários-de-contribuição, considerados para a concessão do


benefício atualizados monetariamente, correspondentes a 100% (cem por cento) do período
contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior
àquela competência

3. Salário-de-benefício (Atividades Concomitantes)

O salário-de-benefício do segurado que contribuir em razão de atividades concomitantes será


calculado com base na soma dos salários-de-contribuição das atividades exercidas na data do
requerimento ou do óbito, ou no período básico de cálculo.

Entretanto, isso não se aplica ao segurado que, em obediência ao limite máximo do salário-de-
contribuição, contribuiu apenas por uma das atividades concomitantes ou que tenha sofrido redução
do salário-de-contribuição das atividades concomitantes em respeito ao limite máximo desse
salário.

Sendo assim, um segurado que possui dois empregos não terá direito a duas aposentadorias, já que a
aposentadoria no RGPS é única. Entretanto, no momento do cálculo do seu benefício, os salários dos
dois empregos serão somados, até que a soma atinja o limite máximo do salário-de-contribuição.

10
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

O salário de benefício do auxílio por incapacidade temporária será calculado com base na soma dos
salários de contribuição referentes às atividades para as quais o segurado seja considerado
incapacitado.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca dos benefícios do RGPS, analise as assertivas abaixo:
I - a aposentadoria especial será devida ao segurado que tiver trabalhado durante dez, quinze ou vinte
anos, conforme a atividade profissional, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física.
II - O salário-de-benefício das aposentadorias do Regime Geral de Previdência Social é obtido pela média
aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o
período contributivo do segurado.
III - São benefícios que poderão ser prestados a todas as categorias de segurados do RGPS aposentadoria
por incapacidade permanente, aposentadoria programada, auxílio por incapacidade temporária e o
salário-maternidade.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I
b) I e II
c) II e III
d) III

COMENTÁRIOS
I - Assertiva incorreta. Nos termos do art. 57 da Lei 8.213/91, a aposentadoria especial será devida, uma
vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos, conforme dispuser
a lei.

II - Assertiva incorreta. Nos termos do art. 32 do Decreto 3.048/99, o salário de benefício consiste no
resultado da média aritmética simples dos salários de contribuição, considerados para a concessão do
benefício, atualizados monetariamente, correspondentes a cem por cento do período contributivo
desde a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior a essa competência.

III - Assertiva correta. São benefícios que podem ser prestados a todos as categorias de segurados do
RGPS: aposentadorias por incapacidade permanente, aposentadoria programada, salário-maternidade
e auxílio por incapacidade temporária.

Gabarito: D

11
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

FATOR PREVIDENCIÁRIO

1. Conceito

Com a publicação da Reforma da Previdência (EC 103/2019), o uso do fato previdenciário tornou-se
bastante restrito, sendo utilizado apenas em uma das regras de transição, nos casos de direito
adquirido e nas aposentadorias por idade e tempo de contribuição da pessoa com deficiência
(nestes últimos casos, desde que seja mais vantajoso para o segurado). Trata-se o Fator Previdenciário
de um coeficiente calculado, caso a caso, para ajustar, quando for o caso, o valor do salário-de-benefício
da aposentadoria por tempo de contribuição e idade, aplicado na regra de transição do pedágio
de 50% (que analisaremos oportunamente), objetivando inibir e desestimular aposentadorias
precoces, levando-se em conta os seguintes elementos:

• Idade do segurado;
• Tempo de contribuição;
• Expectativa de sobrevida;
• Alíquota fixa de contribuição no valor de 0,31.

Obs.: O cálculo é realizado mediante uma fórmula, conforme estudaremos no próximo item.

2. Cálculo do Fator Previdenciário

Como acabamos de ver, o coeficiente do Fator Previdenciário será calculado, caso a caso, para ajustar
o valor do salário-de-benefício da aposentadoria pela regra de transição do pedágio de 50% e caso
seja mais vantajoso nos benefícios de aposentadoria por idade ou tempo de contribuição da
pessoa com deficiência, além dos casos em que houver direito adquirido, levando-se em conta os
seguintes elementos:

• Idade do segurado;
• Tempo de contribuição;
• Expectativa de sobrevida;
• Alíquota fixa de contribuição no valor de 0,31.

A expectativa de sobrevida do segurado será obtida a partir da tábua completa de mortalidade


construída pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), para toda a população brasileira,
considerando a média nacional única para ambos os sexos, sem levar em conta, portanto, uma tabela de
expectativa de sobrevida específica para homens e outra para mulheres.

Ou seja, mesmo as mulheres tendo uma maior expectativa de vida, não haverá nenhum prejuízo para
elas, pois será considerada a média entre homens e mulheres.

12
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Para efeito da aplicação do fator previdenciário, serão adicionados ao tempo de contribuição do


segurado:

I - cinco anos, quando se tratar de mulher;

II - cinco anos, quando se tratar de professor que comprovem exclusivamente tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

III - dez anos, quando se tratar de professora, que comprovem exclusivamente tempo de efetivo
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

O valor do fator previdenciário, após ser calculado, poderá resultar em 3 situações possíveis:

• Fator Previdenciário > 1 (aumenta o valor do salário-de-benefício);


• Fator Previdenciário = 1 (não interfere no valor do salário-de-benefício);
• Fator Previdenciário < 1 (reduz o valor do salário-de-benefício).

Em relação aos elementos que compõe o Fator Previdenciário, podemos chegar às seguintes conclusões:

1. Quanto maior a idade, maior será o fator previdenciário (aumentando o salário-de-benefício);


2. Quanto maior for o tempo de contribuição, maior será o fator previdenciário (aumentando o
salário-de-benefício);
3. Quanto maior for a expectativa de sobrevida, menor será p fator previdenciário (reduzindo o
salário-de-benefício).

RENDA MENSAL INICIAL - RMI

1. Conceito

Considera-se renda mensal inicial o valor do benefício que será efetivamente pago ao beneficiário,
logo após sua concessão, sem levar em conta os reajustes posteriores a que estiver sujeito, para
preservar o real valor do benefício.

Exceto o salário-família e o salário-maternidade (que não utilizam o salário-de-benefício no cálculo de


sua renda mensal inicial), bem como a pensão por morte e auxílio reclusão (que são calculados
utilizando o salário de benefício de forma indireta), todos os demais benefícios previdenciários
serão calculados por meio da aplicação de um percentual previsto em lei sobre o respectivo
salário-de-benefício.

A renda mensal inicial do benefício será calculada a partir da aplicação dos percentuais definidos em lei
e ratificados no Regulamento da Previdência Social (Decreto 3.048/99), para cada espécie, sobre o
salário de benefício.

13
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

EM REGRA

RMI = % x SB

RENDA MENSAL SALÁRIO DE


INICIAL BENEFÍCIO

1.1. Limites da Renda Mensal do Benefício

Em regra, a renda mensal de benefício de prestação continuada que substituir o salário de contribuição
ou o rendimento do trabalho do segurado não poderá ser inferior a um salário-mínimo mensal e
nem superior ao limite máximo do salário-de-contribuição. No entanto, existem algumas exceções
que devem ser observadas:

• Aposentadoria por incapacidade permanente: caso o segurado necessite a assistência


permanente de outra pessoa, terá direito a um acréscimo de 25% no valor de sua aposentadoria
por incapacidade permanente. Neste caso, com o acréscimo de 25% o valor da renda inicial do
benefício superar o limite máximo do salário-de-contribuição;
• Salário-maternidade: para a segurada empregada e trabalhadora avulsa, a renda mensal inicial
do salário-maternidade será igual à sua remuneração integral, podendo, portanto, superar o
limite máximo do salário-de-contribuição;
• Auxílio-acidente e salário-família: poderão ter valores inferiores ao do salário-mínimo
mensal, pois não substituem a renda mensal do segurado (segurados recebem tais valores em
conjunto com a sua remuneração pelo trabalho);
• Auxílio por incapacidade temporária: O auxílio por incapacidade temporária do segurado que
exercer mais de uma atividade abrangida pela previdência social será devido mesmo no caso de
incapacidade apenas para o exercício de uma delas. Neste caso, o auxílio por incapacidade
temporária será concedido em relação apenas à atividade para a qual o segurado estiver
incapacitado, podendo seu valor, em tal circunstância, ser inferior ao salário-mínimo mensal
(desde que somado às demais remunerações recebidas pelas outras atividades para as quais não
se incapacitou, resultar valor superior ao salário-mínimo mensal).

O valor dos benefícios de pensão por morte e auxílio-reclusão (que são devidos apenas aos
dependentes, e não aos segurados), não poderão ter seu valor global inferior ao salário-mínimo
mensal. No entanto, a cota individual de cada dependente poderá ser inferior ao salário-mínimo.

14
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Observação: Como vimos, existem alguns casos em que a renda mensal inicial poderá ser
maior do que o limite máximo do salário-de-contribuição e menor do que o salário-mínimo.
No entanto, em relação ao salário-de-benefício (utilizado para cálculo da renda mensal
inicial), não existe exceção, ou seja, o salário-de-benefício nunca poderá ser inferior ao
salário-mínimo e nem superior ao limite máximo do salário-de-contribuição.

É devido abono anual ao segurado e ao dependente da Previdência Social que, durante o ano, recebeu
auxílio por incapacidade temporária, auxílio-acidente ou aposentadoria, salário-maternidade, pensão
por morte ou auxílio-reclusão. Trata-se de pagamento equivalente ao 13º salário (gratificação natalina).

O abono anual será calculado, no que couber, da mesma forma que a Gratificação de Natal dos
trabalhadores, tendo por base o valor da renda mensal do benefício do mês de dezembro de cada ano.

O pagamento do abono anula será efetuado em duas parcelas, da seguinte forma:

I - a primeira parcela corresponderá a até 50% do valor do benefício devido no mês de agosto e será
paga juntamente com os benefícios dessa competência; e

II - a segunda parcela corresponderá à diferença entre o valor total do abono anual e o valor da primeira
parcela e será paga juntamente com os benefícios da competência de novembro.

O valor do abono anual correspondente ao período de duração do salário-maternidade será pago, em


cada exercício, juntamente com a última parcela do benefício nele devida.

1.2. Reajustamento do Valor do Benefício

Segundo disposto no § 4º do art. 201 da CF/88: “É assegurado o reajustamento dos benefícios para
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.”

Nos termos do art. 41-A da Lei 8.213/91, o valor dos benefícios em manutenção será reajustado,
anualmente, na mesma data do reajuste do salário-mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas
datas de início ou do último reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor -
INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

No primeiro reajuste do benefício, o índice de tal reajuste deverá ser aplicado de forma proporcional
entre a data da concessão do benefício e seu primeiro reajustamento.

Nenhum benefício reajustado poderá exceder o limite máximo do salário-de-benefício na data do


reajustamento, respeitados os direitos adquiridos, nem inferior ao valor de um salário-mínimo.

Atenção: Apesar do benefício do RGPS sofrer reajuste na mesma data do reajuste do salário-mínimo,
não será utilizado o mesmo índice de reajuste do salário-mínimo.

15
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2. Aposentadoria por Incapacidade permanente – Renda


Mensal Inicial (RMI)

A renda mensal inicial da aposentadoria por incapacidade permanente será, em regra:

• Se o benefício for decorrente de acidente de trabalho, doença profissional ou doença do trabalho:


100% do salário-de-benefício;

• Nos demais casos:


o Homem: 60% do salário-de-benefício + 2% do salário-de-benefício para cada ano de
contribuição que exceder o tempo de 20 anos de contribuição.

o Mulher: 60% do salário-de-benefício + 2% do salário-de-benefício para cada ano de


contribuição que exceder a 15 anos de contribuição.

Exemplo 1: Eduardo, foi contratado por uma empresa, ganhando R$2.000,00 mensais. Após 12 meses
de trabalho, ele houve complicações em uma doença degenerativa que ele descobriu há pouco tempo e
ele ficou permanentemente incapacitado para o trabalho. Nos primeiros 15 dias de afastamento seu
empregador deverá pagar seu salário integral. A partir do 16º dia, como ele já cumpriu a carência
exigida, ele receberá o benefício de aposentadoria por incapacidade permanente do INSS. O cálculo do
valor que ele receberá será feito da seguinte forma:

𝟏𝟐 × 𝟐𝟎𝟎𝟎
𝒔𝒂𝒍á𝒓𝒊𝒐 𝒅𝒆 𝒃𝒆𝒏𝒆𝒇í𝒄𝒊𝒐 (𝑺𝑩) =
𝟏𝟐

𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎
= = 𝑹$𝟐𝟎𝟎𝟎
𝟏𝟐

𝟔𝟎 𝒙 𝟐𝟎𝟎𝟎
𝑹𝑴𝑰 = 𝟔𝟎% 𝒅𝒐 𝑺𝑩 = = 𝑹$𝟏. 𝟐𝟎𝟎, 𝟎𝟎
𝟏𝟎𝟎

Portanto, o benefício de Eduardo será R$1.200,00.

16
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Exemplo 2: Após 6 meses trabalhando como contribuinte individual e contribuindo com R$2.000,00
mensalmente para o INSS, Betina sofreu um acidente de trabalho, o qual a deixou permanentemente
incapacitada para o trabalho. O benefício de aposentadoria por incapacidade dela será calculado da
seguinte forma:

𝟔 × 𝟐𝟎𝟎𝟎 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎 + 𝟐𝟎𝟎𝟎


𝒔𝒂𝒍á𝒓𝒊𝒐 𝒅𝒆 𝒃𝒆𝒏𝒆𝒇í𝒄𝒊𝒐 (𝑺𝑩) = = = 𝑹$𝟐𝟎𝟎𝟎
𝟔 𝟔

𝑹𝑴𝑰 = 𝟏𝟎𝟎% 𝒅𝒐 𝑺𝑩 = 𝑹$𝟐. 𝟎𝟎𝟎, 𝟎𝟎

Para o segurado especial que não contribui facultativamente com 20% sobre o salário-de-
contribuição, a renda mensal inicial da sua aposentadoria por incapacidade permanente será um
salário-mínimo.

Caso o segurado especial tenha optado por contribuir facultativamente com 20% sobre o salário-de-
contribuição, terá direito a uma renda mensal de benefício calculada da mesma forma que os demais
segurados.

O valor da aposentadoria por incapacidade permanente do segurado que necessitar da assistência


permanente de outra pessoa (observada a relação constante do Anexo I do Regulamento da
Previdência Social - RPS), será acrescido de 25%, sendo devido ainda que o valor da aposentadoria
atinja o limite máximo legal, devendo ser recalculado quando o benefício que lhe deu origem for
reajustado.

Outrossim, segundo entendimento do STJ, o acréscimo de 25% depende de requerimento do segurado


aposentado por incapacidade permanente interessado.

Obs.: O acréscimo de 25% cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporado ao
valor da pensão por morte.

Aposentadoria por Incapacidade Permanente:

17
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Decorrente de acidente de trabalho,


doença profissional ou doença do trabalho

100% do salário de benefício

Nos demais casos

Homem: 60% do salário-de-benefício + 2% do salário-de-benefício para cada ano de


contribuição que exceder o tempo de 20 anos de contribuição.

Mulher: 60% do salário-de-benefício + 2% do salário-de-benefício para cada ano de


contribuição que exceder a 15 anos de contribuição.

Quando houver necessidade de


assistência permanente de outra pessoa
Acréscimo (Vide anexo I do RPS)
De 25% Sendo devido ainda que o valor da
aposentadoria atinja o limite máximo legal,
devendo ser recalculado quando o
benefício que lhe deu origem for reajustado
Tal acréscimo depende de requerimento do segurado interessado e
cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporado
ao valor da pensão por morte.

RELAÇÃO DAS SITUAÇÕES PREVISTAS NA LEGISLAÇÃO EM QUE O APOSENTADO POR


INVALIDEZ TERÁ DIREITO À MAJORAÇÃO DE 25% (ANEXO I do RPS):

• Cegueira total.
• Perda de nove dedos das mãos ou superior a esta.
• Paralisia dos dois membros superiores ou inferiores.
• Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for impossível.
• Perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese seja possível.
• Perda de um membro superior e outro inferior, quando a prótese for impossível.
• Alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e social.
• Doença que exija permanência contínua no leito.

18
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Incapacidade permanente para as atividades da vida diária.

3. Aposentadoria Programada (por Idade e Tempo de


Contribuição) – Renda Mensal Inicial (RMI)

A reforma da previdência também trouxe uma alteração significativa no momento do cálculo da Renda
Mensal Inicial do benefício de aposentadoria programada. Com as novas regras, se um segurado se
aposentar com o tempo mínimo de contribuição exigido para a aposentadoria, ou seja, 20 anos para os
homens e 15 anos para mulheres e, o valor da renda mensal inicial será de 60% do salário-de-
benefício. Para cada ano de trabalho que o segurado tenha além desse mínimo exigido, acrescenta-se
mais 2%. Nesse cálculo, as mulheres conseguirão se aposentar com 100% do salário-de-benefício aos
35 anos de contribuição e os homens, aos 40 anos de contribuição.

Resumindo, a renda mensal inicial da aposentadoria programada será:

• 60% do salário-de-benefício caso tenha atingido o tempo mínimo de contribuição (20 anos
para os homens e 15 anos para mulheres) e
+
• 2% do salário-de-benefício para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 anos de
contribuição, para os homens, ou de 15 anos de contribuição, para as mulheres.

Obs.: Os homens que já estavam filiados ao RGPS na data da publicação da EC 103/19 poderão se
aposentar com 15 anos de contribuição, (assim como as mulheres). Mesmo nesse caso, o adicional de
2% para os homens só começará a ser computado a partir dos 20 anos de contribuição. Ou seja, se o
homem se aposentar com 15, 16, 17, 18, 19 ou 20 anos de contribuição, ele terá direito a apenas 60%
do salário-de-benefício, sem nenhum adicional.

Algumas observações:

• As novas regras permitem que um segurado receba mais de 100% do seu salário-de-
benefício, desde que o valor total da aposentadoria não exceda ao teto previdenciário (limite
máximo do salário-de-contribuição). Portanto, se um homem tiver mais de 40 anos de

19
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

contribuição e uma mulher tiver mais de 35 anos de contribuição, a porcentagem poderá ser
maior que 100%.

• Caso no cálculo do valor da Renda Mensal Inicial da aposentadoria do segurado se obtenha um


valor inferior ao salário-mínimo, o benefício será no valor do salário-mínimo. Não haverá
aposentadoria em valor inferior ao salário-mínimo.

• Na regra geral, não existe mais a aplicação do fator previdenciário para aposentadoria
programada.

• Em duas das regras de transição que veremos mais adiante, o cálculo será feito de forma
diferente da estudada nesse tópico.

Exemplo 1: Edson, segurado que se filiou ao RGPS após a promulgação da EC 103/19, espera
se aposentar, com as novas regras, com 65 anos de idade e 35 anos de contribuição. Neste
caso, a renda mensal inicial de Edson será calculada da seguinte forma:
Adicional: 30%, uma vez que Edson contribuiu 15 anos além dos 20 anos (que é o período
mínimo necessário), tendo um adicional de 2% para cada ano.
RMI = 60% + 30% = 90% do salário-de-benefício.

Exemplo 2: Eliana sempre se dedicou ao trabalho doméstico em sua residência e se filiou ao


RGPS aos 50 anos, em janeiro de 2020, como segurada facultativa. Por estar sujeita às novas
regras da previdência, Eliana se aposentará ao completar 15 anos de contribuição, quando
já estava com 65 anos de idade. A aposentadoria programada para Eliana não poderá ser em
momento anterior porque, ao completar 62 anos de idade (mínimo exigido para
aposentadoria), ela ainda não tinha o tempo de contribuição necessário (15 anos de
contribuição). Sendo assim, a renda mensal inicial da aposentadoria dela será de 60% do
salário-de-benefício. Não haverá acréscimo nessa porcentagem porque Eliana contribuiu
apenas pelo tempo mínimo necessário.

Para o segurado especial que não contribui adicionalmente com 20% sobre o salário-de-contribuição,
a renda mensal inicial da sua aposentadoria será um salário-mínimo. No entanto, quando a sua
aposentadoria for precedida de auxílio-acidente, deverá somar-se ao valor da aposentadoria a renda
mensal do auxílio-acidente vigente na data de início da referida aposentadoria.
20
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Caso o segurado especial tenha optado por contribuir facultativamente com 20% sobre o salário-de-
contribuição, terá direito a uma renda mensal de benefício calculada da mesma forma que os demais
segurados (60% do salário-de-benefício + 2% do salário-de-benefício para cada ano que exceda ao
tempo de contribuição mínimo).

Renda M ensal Inicial da aposentadoria programada

60% do salário-de-benefício caso tenha atingido o tempo mínimo


de contribuição (15 anos para mulheres e 20 anos para os
homens).

+
acrescido de 2% do salário de benefício para cada ano de
contribuição que exceder o tempo mínimo de 20 anos de
contribuição, para os homens, ou de 15 anos de contribuição,
para as mulheres.

4. Aposentadoria Especial – Renda Mensal Inicial (RMI)

Como já estudado, a aposentadoria especial, uma vez cumprida a carência e idade mínima exigidas,
será devida ao segurado empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual (no caso do
contribuinte individual somente quando cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção),
que tenha trabalhado durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos, conforme o caso, sujeito a
condições especiais cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos,
físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes.

A reforma da previdência trouxe uma alteração significativa no cálculo da Renda Mensal Inicial da
aposentadoria especial. Atualmente, a renda mensal inicial da aposentadoria especial, será:

➢ Para as aposentadorias que exijam tempo exposição de 20 ou 25 anos:

• 60% do salário-de-benefício;
+
• 2% do salário-de-benefício para cada ano de contribuição que exceder o tempo de 20 anos de
contribuição, para os homens, ou de 15 anos de contribuição, para as mulheres.

21
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

➢ Para as aposentadorias que exijam tempo exposição de 15 anos:

• 60% do salário-de-benefício;
+
• 2% do salário-de-benefício para cada ano de contribuição que exceder o tempo mínimo de 15
anos de contribuição, tanto para os homens quanto para as mulheres.

Algumas observações:

• As novas regras permitem que um segurado receba uma aposentadoria especial maior de 100%
do seu salário-de-benefício, desde que o valor total da aposentadoria não exceda ao teto
previdenciário (limite máximo do salário-de-contribuição).

• Caso no cálculo do valor da Renda Mensal Inicial da aposentadoria especial do segurado se


obtenha um valor inferior ao salário-mínimo, o benefício será no valor do salário-mínimo. Não
haverá aposentadoria em valor inferior ao salário-mínimo.

Exemplo 1: Ciro é segurado filiado ao RGPS após a promulgação da EC 103/19. Exerce


atividade nociva que permite aposentadoria com 25 anos de exposição ao agente
nocivo. Espera se aposentar, com as novas regras, aos 60 anos de idade e 25 anos de
contribuição na atividade nociva mencionada. Neste caso, a renda mensal inicial de Ciro será
calculada da seguinte forma:
Adicional: 10%, uma vez que Ciro contribuiu 5 anos além dos 20 anos de contribuição, tendo
um acréscimo de 2% para cada ano adicional.
RMI = 60% + 10% = 70% do salário-de-benefício.

Exemplo 2: Ciro é segurado filiado ao RGPS após a promulgação da EC 103/19. Exerce


atividade nociva que permite aposentadoria com 15 anos de exposição ao agente
nocivo. Espera se aposentar, com as novas regras, aos 55 anos de idade e 25 anos de
contribuição na atividade nociva mencionada. Neste caso, a renda mensal inicial de Ciro será
calculada da seguinte forma:
Adicional: 20%, uma vez que Ciro contribuiu 10 anos além dos 15 anos de contribuição,
tendo um acréscimo de 2% para cada ano adicional.

22
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

RMI = 60% + 20% = 80% do salário-de-benefício.

5. Aposentadoria por Idade do Trabalhador Rural – (RMI)

A aposentadoria por IDADE do trabalhador rural, uma vez cumprido o período de carência exigido
(180 contribuições), será devida quando completarem 55 anos de idade (quando mulheres) e 60
anos de idade (quando homens) sem exigir tempo mínimo de contribuição, aos segurados abaixo
relacionados:

• segurado empregado rural;


• contribuinte individua que prestam serviços de natureza rural, em caráter eventual, a uma ou
mais empresas, sem relação de emprego;
• trabalhador avulso rural;
• segurado especial (que contribua facultativamente); e
• garimpeiros que trabalhem, comprovadamente, em regime de economia familiar

Para os segurados especiais, não se exige que eles comprovem o pagamento da contribuição
previdenciária para que tenham direito ao benefício. Deverá ser comprovado o efetivo exercício de
atividade rural pelo número de meses iguais ao da carência do benefício.

A renda mensal inicial da aposentadoria por idade dos trabalhadores rurais acima mencionados e
para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, (no caso do segurado
especial, somente se contribuir facultativamente na forma do art. 21 da Lei 8.212/91) incluídos o
produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal, será de:

• 70% do salário-de-benefício
+
• 1% do salário-de-benefício para cada ano de contribuição (desde o 1° ano)

Para o segurado especial que realize suas contribuições apenas sobre a receita bruta da comercialização
de sua produção rural, o valor da renda mensal inicial – RMI da aposentadoria por idade do trabalhador
rural será de um salário-mínimo (nos termos do art. 39, §2º, I, do Decreto 3.048/99 c/c art. 56, §3º,
do Decreto 3.048/99).

Exemplo: Marcelino, empregado rural, completou 60 anos de idade e já havia contribuído para o
RGPS durante 18 anos (216 contribuições). Neste caso, a renda mensal inicial do benefício de
aposentadoria por idade de Marcelino será calculada da seguinte forma:
➔ 216 contribuições = 18 anos de contribuição
➔ RMI = 70% + 18% = 88%

23
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

6. Aposentadoria da Pessoa Com Deficiência (RMI)

A renda mensal inicial da aposentadoria por tempo de contribuição da pessoa com deficiência será
de:

• 100% do salário-de-benefício.

A renda mensal inicial da aposentadoria por idade da pessoa com deficiência será de:

• 70% do salário-de-benefício
+
• 1% do salário-de-benefício para cada grupo de 12 contribuições

Exemplo: Dorival, pessoa com deficiência, completou 60 anos de idade e já havia contribuído
para o RGPS durante 24 anos (288 contribuições). Neste caso, a renda mensal inicial do
benefício de aposentadoria por idade de Dorival será calculada da seguinte forma:
➔ 288 contribuições = 24 grupos de 12 contribuições
➔ RMI = 70% + 24% = 94%

7. Auxílio por Incapacidade Temporária – Renda Mensal Inicial


(RMI)

A renda mensal inicial do auxílio por incapacidade temporária será de:

• 91% do salário-de-benefício.

IMPORTANTE: O auxílio por incapacidade temporária não poderá exceder a média


aritmética simples dos últimos 12 (doze) salários-de-contribuição, inclusive em caso
de remuneração variável, ou, se não alcançado o número de 12 (doze), a média aritmética
simples dos salários-de-contribuição existentes.

Para o segurado especial que não contribui adicionalmente com 20% sobre o salário-de-contribuição,
a renda mensal inicial da sua aposentadoria por idade será um salário-mínimo.

Caso o segurado especial tenha optado por contribuir facultativamente com 20% sobre o salário-de-
contribuição, terá direito a uma renda mensal de benefício calculada da mesma forma que os demais
segurados (91% do salário-de-benefício).

EXEMPLO 1:

24
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Salário-de-benefício = R$ 3.600,00
Média aritmética simples dos últimos 12 (doze) salários-de-contribuição = R$ 3.400,00

Neste caso, a renda mensal inicial do auxílio por incapacidade temporária será R$ 3.276,00
(91% de R$ 3.600,00) e não excedeu os R$ 3.400,00).

EXEMPLO 2:
Salário-de-benefício = R$ 4.200,00
Média aritmética simples dos últimos 12 (doze) salários-de-contribuição = R$ 3.400,00

Neste caso, a renda mensal inicial do auxílio por incapacidade temporária será R$ 3.400,00
(uma vez que 91% de R$ 4.200,00 excede o valor máximo de R$ 3.400,00).

Renda M ensal Inicial do Auxílio por Incapacidade Temporária

91% do salário de benefício

IM PORTANTE: O auxílio por incapacidade temporária não


poderá exceder a média aritmética simples dos últimos 12 (doze)
salários-de-contribuição, inclusive em caso de remuneração
variável, ou, se não alcançado o número de 12 (doze), a média
aritmética simples dos salários-de-contribuição existentes.

8. Auxílio-Acidente – Renda Mensal Inicial (RMI)

A renda mensal inicial do auxílio-acidente será de:

• 50% do salário-de-benefício que deu origem ao auxílio por incapacidade temporária do segurado,
corrigido até o mês anterior ao do início do auxílio-acidente e será devido até a véspera de início de
qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado.

O valor da renda mensal inicial do auxílio-acidente poderá ser inferior ao salário-mínimo, pois tal
benefício não substitui o rendimento do trabalho, podendo ser acumulado com salário e outros
benefícios (exceto aposentadoria), conforme será estudado.

25
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

O valor mensal do auxílio-acidente integra o salário-de-contribuição, para fins de cálculo do salário-


de-benefício de qualquer aposentadoria, apesar de não integrar o salário-de-contribuição para fins de
cálculo de contribuição previdenciária.

9. Salário-Maternidade – Renda Mensal Inicial (RMI)

A renda mensal inicial do salário-maternidade será calculada de acordo com as regras abaixo:

• Segurado empregado e trabalhador avulso: remuneração Integral, limitado ao subsídio mensal dos
Ministros do STF;

• Empregado doméstico: valor correspondente a seu último salário de contribuição;

• Segurado especial (que não contribua facultativamente): um salário-mínimo;

• Segurado contribuinte individual, facultativo ou desempregado que mantenha a qualidade de


segurado: 1/12 (um doze avos) da soma dos doze últimos salários-de-contribuição, apurados em um
período não superior a quinze meses.

Caso o segurado especial tenha optado por contribuir facultativamente e adicionalmente com 20%
sobre o salário-de-contribuição, seu salário-maternidade será calculado da mesma forma que se calcula
o salário-maternidade do contribuinte individual.

Segundo o art. 7º, XVIII, da CF/88, a segurada em licença à gestante não pode sofrer prejuízo do salário,
nos termos abaixo:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social: (...)
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; (...)

No entanto, nos termos do art. 248 da CF/88, combinado com o art. 37, XI da CF/88, nenhum benefício
previdenciário poderá exceder o valor do subsídio mensal dos Ministros do STF.

Assim sendo, caso a remuneração integral mensal da segurada empregada ou trabalhadora avulsa seja
superior ao subsídio mensal dos Ministros do STF, caberá à empresa o pagamento da diferença.

Ou seja, o ônus financeiro da Previdência Social está limitado ao valor do subsídio mensal dos ministros
do STF. O que passar deste valor, deverá ser assumido pela empresa, pois os segurados empregados e
trabalhadores avulsos não poderão sofrer prejuízo no seu emprego e salário, nos temos da CF/88 acima
mencionados.

Exemplo:
26
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Priscila é segurada empregada do RGPS e está afastada em licença à gestante.


Sua remuneração mensal na empresa é de R$100.000,00.
No ano de 2020, o subsídio mensal dos ministros no STF é de R$ 39.293,32.
Neste caso, o INSS arcará com o ônus de R$ 39.293,32 e a empresa arcará, com recursos
próprios, com a diferença no valor de R$ 60.706,68 (R$100.000,00 – R$ 39.293,32 =
R$60.706,68).

Como vimos, o salário-maternidade para a segurada empregada consiste numa renda mensal igual à
sua remuneração integral e será pago pela empresa, efetivando-se a compensação, observado o
disposto no art. 248 da Constituição (ou seja, limitado ao subsídio dos Ministros do STF), quando do
recolhimento das contribuições incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço.

Sobre a renda mensal do salário-maternidade deve-se aplicar a incidência da tabela progressiva para a
cobrança da contribuição previdenciária do segurado (pois o salário-maternidade continua
sofrendo incidência de contribuição previdência sobre o valor recebido pelo segurado, apesar do STF
ter declarado inconstitucional a cobrança da contribuição previdenciária patronal sobre o salário-
maternidade).

A empregada deve dar quitação à empresa dos recolhimentos mensais do salário-maternidade na


própria folha de pagamento ou por outra forma admitida, de modo que a quitação fique plena e
claramente caracterizada.

A empresa deve conservar, durante o prazo decadencial, comprovantes dos pagamentos e atestados
ou das certidões correspondentes para exame pela fiscalização.

A segurada que exerça atividades concomitantes fará jus ao salário-maternidade relativo a cada
atividade para a qual tenha cumprido os requisitos exigidos, observadas as seguintes condições:

• na hipótese de uma ou mais atividades ter remuneração ou salário de contribuição inferior ao


salário-mínimo mensal, o benefício somente será devido se o somatório dos valores auferidos
em todas as atividades for igual ou superior a um salário-mínimo mensal;

• o salário-maternidade relativo a uma ou mais atividades poderá ser inferior ao salário-mínimo


mensal; e

• o valor global do salário-maternidade, consideradas todas as atividades, não poderá ser inferior
ao salário-mínimo mensal.

Nos meses de início e término do salário-maternidade da segurada empregada, inclusive da doméstica,


o salário-maternidade será proporcional aos dias de afastamento do trabalho.

27
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Empregada
Salário integral
Trabalhadora avulsa Não sujeito ao teto do RGPS

Empregada doméstica Último salário de contribuição

Segurada especial Um salário mínimo*

Contribuinte individual, 1/ 12 da soma dos 12 últimos salários


segurado facultativo e de contribuição, apurados em
desempregado* período não superior a 15 meses.
(*que mantenha a qualidade de segurado)

10. Salário-Família – Renda Mensal Inicial (RMI)

A renda mensal do salário-família corresponde a uma cota em relação a cada filho ou equiparado
(enteado e menor sob tutela), de até 14 anos de idade ou inválido de qualquer idade.

O valor da cota do salário-família por filho ou por equiparado, desde que comprovada a dependência
econômica do equiparado (enteado e do menor sob tutela), até 14 anos de idade ou inválido de qualquer
idade, para o ano de 2023, é de:

• R$ 59,82 para segurado com remuneração mensal não superior a R$ 1.754,18 (baixa
renda).

Tais valores serão reajustados na mesma data e pelo mesmo índice de correção dos demais benefícios
do RGPS.

O salário-família, como podemos perceber, poderá ter seu valor inferior a um salário-mínimo, pois não
é benefício que tenha a finalidade de substituir a remuneração mensal do trabalhador.

O segurado de baixa renda receberá tantas cotas quantas sejam o número de filhos ou equiparados de
até 14 anos ou inválidos de qualquer idade.

Apenas os segurados de baixa renda terão direito ao recebimento do salário-família, ou seja, apenas
os que tenham remuneração mensal de até R$ 1.754,18. (valor válido para o ano de 2023).

Para fins de pagamento do salário-família, considera-se remuneração mensal do segurado o valor


total do respectivo salário-de-contribuição, ainda que resultante da soma dos salários-de-
contribuição correspondentes a atividades simultâneas.

28
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Observação: O direito à cota do salário-família é definido em razão da remuneração que


seria devida ao empregado no mês, independentemente do número de dias efetivamente
trabalhados.
Exemplo: Se o empregado tem uma remuneração mensal de R$ 2.600,00, mesmo que trabalhe
apenas 15 dias no mês e receba R$ 1.300,00, não terá direito ao salário-família, pois, para fins
de definição de baixa renda, deverá ser considerada a remuneração mensal que seria devida
ao empregado no mês, independentemente do número de dias efetivamente trabalhados.

O salário-família do trabalhador avulso independe do número de dias trabalhados no mês,


devendo o seu pagamento corresponder ao valor integral da cota.

O salário-família correspondente ao mês de afastamento do trabalho será pago integralmente pela


empresa, pelo empregador doméstico ou pelo sindicato ou pelo órgão gestor de mão de obra,
conforme o caso, e, ao mês da cessação de benefício, pelo INSS.

Todas as importâncias que integram o salário-de-contribuição serão consideradas como parte


integrante da remuneração do mês, exceto o décimo terceiro salário e o adicional de férias previsto
no inciso XVII do art. 7º da Constituição, para efeito de definição do direito à cota do salário-família.

Como já estudado, quando o pai e a mãe são segurados empregados ou trabalhadores avulsos de baixa
renda, ambos têm direito ao salário-família. No entanto, tendo havido divórcio, separação judicial ou
de fato dos pais, ou em caso de abandono legalmente caracterizado ou perda do pátrio-poder, o salário-
família passará a ser pago diretamente àquele a cujo cargo ficar o sustento do menor, ou a outra
pessoa, se houver determinação judicial nesse sentido.

ATENÇÃO: A cota do salário-família não será incorporada, para qualquer efeito, ao salário
ou ao benefício.

11. Pensão por Morte – Renda Mensal Inicial (RMI)

A pensão por morte será equivalente a uma cota familiar de 50% do valor da aposentadoria recebida
pelo segurado ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente
na data do óbito, acrescida de cotas de 10% por dependente, até o máximo de 100%. Se o número
de dependentes for superior a 5, a pensão por morte se manterá em 100%. Em qualquer caso, o valor
global do benefício não será inferior ao salário-mínimo.

29
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Dessa forma, se o segurado possuía 1 dependente, a pensão por morte será de 60% do valor do valor
que o segurado recebia de aposentadoria ou receberia se estivesse aposentado por invalidez na
data do óbito. Se houver 2 dependentes, a pensão será de 70% (50% + 10% a mais para cada
dependente). Se o número de dependentes for três, a pensão por morte será de 80%. Se o número de
dependentes for quatro, a pensão por morte será de 90%. Se o número de dependentes for cinco ou
mais, a pensão por morte será de 100%.

Na hipótese de existir dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o valor
da pensão por morte será, independentemente do número de dependentes, equivalente a 100%
(cem por cento) da aposentadoria recebida pelo segurado ou daquela a que teria direito se fosse
aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, até o limite máximo de benefícios do
Regime Geral de Previdência Social.

Número de Dependentes Percentual da Pensão por Morte


1 60%
2 70%
3 80%
4 90%
5 ou mais 100%
Existindo dependente
inválido ou com deficiência
intelectual, mental ou 100%
deficiência grave (qualquer
quantidade de dependentes)

Importante destacar que o valor final obtido será divido igualmente por todos os dependentes. Além
disso, as cotas por dependente cessarão com a perda dessa qualidade e não serão reversíveis aos
demais dependentes, preservado o valor de 100% (cem por cento) da pensão por morte quando o
número de dependentes remanescente for igual ou superior a 5 (cinco) ou enquanto existir dependente
inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave.

O fato de a cota de um dependente não ser reversível aos demais implica que o valor global da pensão
por morte diminuirá em 10% cada vez que um dependente perde esta qualidade.

O valor total da pensão por morte não poderá ser inferior a um salário-mínimo. No entanto, cada
dependente que esteja dividindo a mesma pensão por morte poderá receber uma cota no valor abaixo
de um salário-mínimo. Mas, como já vimos, a soma de todas as cotas não poderá ser inferior a um
salário-mínimo.

30
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Exemplo: Um segurado falece estando aposentado e recebendo R$3.000,00 por mês. Esse
segurado deixou 3 dependentes no INSS: sua mulher e 2 filhos não inválidos menores de 21
anos. O valor da pensão por morte será de 80% (50% + 10% a mais por dependente) do
valor da aposentadoria que esse segurado recebia, ou seja, será de R$2.400,00. Cada um dos
beneficiários receberá mensalmente 1/3 do valor total do benefício, ou seja R$800,00.
Quando o filho mais velho completar 21 anos, ele perderá a qualidade de dependente e sua
pensão por morte cessará. Assim, o valor global da pensão por morte passará a ser de 70%
da aposentadoria que o segurado recebia, ou seja, 70% de R$3.000,00, totalizando
R$2.100,00. Cada um dos dependentes receberá mensalmente R$1.050,00.
Quando o filho mais novo também completar 21 anos, somente a mulher receberá o
benefício, que passará a ser de 60% de R$3.000,00, ou seja, R$1.800,00.

Enquanto o dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave mantiver essa
condição, independentemente do número de dependentes habilitados ao benefício, o valor da pensão
será mantido em 100% da aposentadoria recebida pelo segurado ou daquela a que teria direito se fosse
aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, e será rateado entre todos os dependentes
em partes iguais.

Quando não houver mais dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o valor
da pensão será recalculado, seguindo a regra geral, ou seja, uma cota familiar de 50% do valor da
aposentadoria recebida pelo segurado ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por
incapacidade permanente na data do óbito/reclusão, acrescida de cotas de 10% por dependente, até
o máximo de 100%.

A condição como dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, pode ser
reconhecida previamente ao óbito do segurado, por meio de avaliação biopsicossocial realizada
por equipe multiprofissional e interdisciplinar, observada revisão periódica na forma da legislação.

31
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Exemplo: Um segurado falece estando aposentado e recebendo R$6.000,00 por mês de


aposentadoria. Esse segurado deixou 3 dependentes no INSS: cônjuge, um filho menor (sem
invalidez/deficiência) e um filho maior de 21 anos inválido. O valor global da pensão por
morte, por haver dependente inválido, será de 100% do valor da aposentadoria que o
segurado recebia, ou seja, será de R$6.000,00. Tal valor será rateado em partes iguais entre
os 3 dependentes. Portanto, cada um deles receberá R$2.000,00.
Quando o filho menor completar 21 anos, ele perderá a qualidade de depende do RGPS.
Contudo, a cônjuge e o filho inválido continuarão recebendo o benefício, o qual continuará
tendo valor global de R$6.000,00, uma vez que ainda há dependente inválido. Cada um dos
pensionistas receberá R$3.000,00 mensalmente.
Agora vamos supor que o filho inválido venha a falecer. Nesse caso, a pensão deixará de ser
100%, pois não há mais nenhum dependente inválido. A única dependente restante
(cônjuge) receberá o benefício, que passará a ser de 60% de R$6.000,00, ou seja, $3.600,00.

É importante destacar que, se o segurado instituidor já era aposentado ou adquiriu o direito à


aposentadoria antes da entrada em vigor da EC 103/19 (mesmo que ainda não tivesse requerido
sua aposentadoria), o cálculo da pensão por morte levará em consideração o valor dessa
aposentadoria. Entretanto, caso o segurado não fosse aposentado e não tivesse direito adquirido
a aposentadoria na data do óbito, a base de cálculo da pensão por morte será obtida por meio de uma
simulação do valor da aposentadoria a que ele teria direito se fosse aposentado por incapacidade
permanente na data do óbito, devendo ser calculado conforme as novas regras abaixo:

Salário-de-benefício: média aritmética simples de todos os salários-de-contribuição desde 07/1994,


corrigidos monetariamente.

Renda Mensal Inicial:

• 60% do salário-de-benefício caso tenha atingido o tempo mínimo de contribuição (15 anos
para mulheres e 20 anos para os homens)
+
• 2% do salário-de-benefício para cada ano de contribuição que excedam ao tempo mínimo de
15 anos de contribuição para mulheres e 20 anos de contribuição para os homens.

Aposentadoria = Salário-de-benefício x RMI

Exemplo: Luiz era segurado do RGPS há 10 anos quando veio a falecer em um acidente de
carro, deixando como dependente sua esposa Luíza e seu filho Luizinho, de 10 anos. Como
Luiz não era aposentado, o valor do benefício de pensão por morte será calculado da
seguinte forma:

Primeiramente, calculamos o valor do salário-de-benefício de Luiz. Vamos supor que a


média dos salários-de-contribuição dele seja igual a R$4.000,00.
A RMI da aposentadoria que ele receberia se estivesse aposentado por incapacidade
permanente na data do óbito seria de 60% do salário-de-benefício. Como Luiz não tinha
mais de 20 anos de contribuição, não haverá nenhum adicional. Portanto, a RMI que ele

32
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

receberia se tivesse aposentado por incapacidade permanente da data do óbito (por


simulação) será de 60% de R$4.000,00, que é R$2.400,00.

O valor global da pensão por morte será de 50% + 10% por dependente sobre a base de
cálculo acima calculada. Sendo assim, como há dois dependentes (Luiza e Luizinho), a
pensão por morte será de 50% + 10% + 10%, ou seja, 70% de R$2.400,00, que é igual a
R$1.680,00, a ser dividido entre os dois dependentes em partes iguais.
Dessa forma, a esposa Luiza receberá R$840,00 e o filho Luizinho também receberá
R$840,00.

Devemos lembrar que o valor global do benefício não deverá ser inferior a um salário-
mínimo. Contudo, cada dependente que esteja dividindo a mesma pensão por morte poderá
receber uma cota no valor abaixo de um salário-mínimo.

Obs.: Se o segurado era aposentado por incapacidade permanente e recebia o adicional de 25%, por
necessitar da assistência permanente de outra pessoa, esse acréscimo não será integrado ao valor da
pensão.

O valor da pensão por morte será recalculado quando:

• a invalidez ou deficiência intelectual, mental ou grave sobrevier à data do óbito, enquanto


estiver mantida a qualidade de dependente; ou

• deixar de haver dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave.

Obs.: O valor recebido a título de auxílio-acidente pelo segurado não aposentado irá integrar o cálculo
do valor do benefício da aposentadoria por incapacidade permanente que servirá de base para o valor
da pensão por morte (caso o segurado não seja aposentado na data do óbito). Contudo, tal valor não
deverá ser somado ao valor da pensão, mas ao salário de contribuição para a obtenção do salário de
benefício, observando o limite máximo estabelecido por Portaria do Ministério da Economia.

O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual, não


impede a concessão ou manutenção da parte individual da pensão do dependente com
deficiência intelectual ou mental ou com deficiência grave.

O valor da pensão por morte, no caso de morte de segurado recluso que tenha contribuído para a
previdência social durante o período de reclusão, será calculado de modo a considerar o tempo
de contribuição adicional e os correspondentes salários de contribuição.

33
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Renda Mensal Inicial da pensão por morte

Equivalente a uma cota familiar de 50% do valor da aposentadoria


recebida pelo segurado ou daquela a que teria direito se fosse
aposentado por incapacidade permanente na data do óbito.

cotas de 10% por dependente, até o máximo de 100%.

Obs. 1: Se o número de dependentes for superior a 5, a pensão por morte se manterá em 100%.

Obs. 2: Na hipótese de existir dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o
valor da pensão por morte será, independentemente do número de dependentes, equivalente a 100%
(cem por cento) da aposentadoria recebida pelo segurado ou daquela a que teria direito se fosse
aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, até o limite máximo de benefícios do
Regime Geral de Previdência Social.

Obs. 3: Em qualquer caso, o valor global do benefício não será inferior ao salário-mínimo. No entanto,
cada dependente que esteja dividindo a mesma pensão por morte poderá receber uma cota no valor
abaixo de um salário-mínimo. Mas a soma de todas as cotas não poderá ser inferior a um salário-
mínimo.

12. Auxílio-Reclusão – Renda Mensal Inicial (RMI)

Segundo a EC 103/2019 (Reforma da Previdência), até que lei discipline o valor do auxílio-reclusão, de
que trata o inciso IV do art. 201 da Constituição Federal, seu cálculo será realizado na forma daquele
aplicável à pensão por morte, não podendo exceder o valor de 1 (um) salário-mínimo.

Assim sendo, com as regras trazidas pela Reforma da Previdência, o valor global do auxílio-reclusão
não poderá exceder a 1 salário-mínimo.

34
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Como não poderá ser inferior e nem superior a um salário-mínimo, então será, até que lei discipline o
seu valor, exatamente no valor de um salário-mínimo.

Lembre-se que o auxílio-reclusão, havendo mais de um dependente, será rateado entre todos os
dependentes beneficiários em parte iguais, bem como reverterá em favor dos demais a parte
daquele cujo direito ao auxílio-reclusão cessar.

Como vimos, o valor total do auxílio reclusão será exatamente um salário-mínimo. No entanto, cada
dependente que esteja dividindo o auxílio reclusão poderá receber uma cota no valor abaixo de um
salário-mínimo. Mas, como já vimos, a soma de todas as cotas não poderá ser inferior a um salário-
mínimo (nem superior).

Ou seja, o valor do auxílio reclusão é exatamente um salário-mínimo a ser dividido entre os


dependentes.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Abelardo é filiado ao RGPS na condição de contribuinte individual e completará sessenta e cinco anos
de idade no dia 15/08/2023, data após a qual ele pretende requerer aposentadoria programada em
uma agência da previdência social.
Nessa situação hipotética, Abelardo
a) terá o benefício calculado em 100% do salário-de-benefício, independentemente do seu tempo de
contribuição.
b) não fará jus a abono anual sobre sua aposentadoria programada.
c) somente terá direito ao benefício caso tenha, no mínimo, trinta e cinco anos de tempo de contribuição
e 65 anos de idade.
d) terá direito ao benefício caso tenha cumprido a carência de 180 contribuições mensais.

COMENTÁRIOS
a) Alternativa incorreta. A renda mensal inicial da aposentadoria será de 60% do salário-de-benefício
caso tenha atingido o tempo mínimo de contribuição (15 anos para mulheres e 20 anos para os homens)
+ 2% do salário-de-benefício para cada grupo de 12 contribuições que excedam ao tempo mínimo.

b) Alternativa incorreta. Nos termos do art. 120 do Decreto 3.048/99, será devido abono anual ao
segurado e ao dependente que, durante o ano, receberam auxílio por incapacidade temporária, auxílio-
acidente, aposentadoria, salário-maternidade, pensão por morte ou auxílio-reclusão.

35
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

c) Alternativa incorreta. De acordo com a regra geral, para um homem se aposentar pelo RGPS
(aposentadoria programada), ele deverá ter, no mínimo 65 anos de idade, além de 20 anos de
contribuição.

d) Alternativa correta. Art. 29, II, do Decreto 3.048/99.

Gabarito: D

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca dos benefícios do RGPS, analise as assertivas abaixo:
I - Se, após consolidado seu tratamento, o trabalhador que estava afastado do trabalho após ter sofrido
um acidente permanecer com sequela que implique redução da capacidade para o trabalho que exercia,
ele fará jus a auxílio-acidente, correspondente a 70% de seu salário.
II - Adelaide sofreu acidente de trabalho, ficando afastada da empresa em que trabalha por seis meses,
recebendo auxílio por incapacidade temporária até a data imediatamente anterior ao seu retorno.
Durante o afastamento por incapacidade temporária, a renda mensal inicial do benefício previdenciário
recebido por Adelaide deve ter correspondido, necessariamente, a 91% do salário-de-benefício.
III - Jonas possui trinta anos de tempo de contribuição. Assim sendo, podemos afirmar que o percentual
aplicado para apuração da RMI de sua aposentadoria programada deve de 90% do salário de benefício,
em razão do tempo de contribuição.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I
b) I e II
c) I e III
d) todas estão incorretas

COMENTÁRIOS
I - Assertiva incorreta. Nos termos do art. 104, § 1º, o auxílio-acidente mensal corresponderá a
cinquenta por cento do salário-de-benefício que deu origem ao auxílio-doença do segurado, corrigido
até o mês anterior ao do início do auxílio-acidente e será devido até a véspera de início de qualquer
aposentadoria ou até a data do óbito do segurado.

II - Assertiva incorreta. Nos termos do § 23, do art. 32, do Decreto 3.048/99, o auxílio por incapacidade
temporária não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos doze salários de contribuição,
inclusive no caso de remuneração variável, ou, se não houver doze salários de contribuição, a média
aritmética simples dos salários de contribuição existentes.

36
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

III - Assertiva incorreta. Nos termos do art. 53 do Decreto 3.048/99, o valor da aposentadoria
programada corresponderá a 60% do salário de benefício, com acréscimo de 2% para cada ano de
contribuição que exceder o tempo de 20 anos de contribuição, para os homens, ou de 15 anos de
contribuição, para as mulheres. Nesse caso, a RMI ad aposentadoria programada de Jonas será 80% do
salário de benefícios [(60% + (2% x 10)].

Gabarito: D

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca dos benefícios do RGPS, analise as assertivas abaixo:
I - Leila, segurada do RGPS na qualidade de contribuinte individual, entrou em gozo do benefício de
salário-maternidade. Podemos afirmar que o valor do salário-maternidade consistirá em um doze avos
da soma dos doze últimos salários-de-contribuição, apurados em um período não superior a quinze
meses.
II - A renda mensal inicial do salário-maternidade para a segurada empregada corresponde à sua
remuneração integral
III - De acordo com o Decreto 3.048/99, o auxílio por incapacidade temporária não poderá exceder a
média aritmética simples dos últimos 12 salários-de-contribuição, inclusive em caso de remuneração
variável.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I
b) I e II
c) II e III
d) I, II e III

COMENTÁRIOS
I - Assertiva correta. Art. 101, III, do Decreto 3.048/99.

II - Assertiva correta. Art. 94 do Decreto 3.048/99.

III - Assertiva correta. Art. 32, § 23, do Decreto 3.048/99.

Gabarito: D

37
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


De acordo com a Lei nº 8.213/1991, o valor da aposentadoria por incapacidade permanente do
segurado que necessitar da assistência permanente de outra pessoa será acrescido de
a) 25%, acréscimo este que cessará com a morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da
pensão.
b) 25%, acréscimo este que não cessará com a morte do aposentado, sendo incorporável ao valor da
pensão.
c) 30%, ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal.
d) 20%, ainda que o valor da aposentadoria atinja o limite máximo legal.

COMENTÁRIOS
a) Alternativa correta. Art. 45 da lei 8.213/91.

b) Alternativa incorreta. Nos termos do art. 45, "c", da lei 8.213/91, o acréscimo de 25% cessará com a
morte do aposentado, não sendo incorporável ao valor da pensão.

c) Alternativa incorreta. O acréscimo será de 25%, nos termos do art. 45 da lei 8.213/91.

d) Alternativa incorreta. O acréscimo será de 25%, nos termos do art. 45 da lei 8.213/91.

Gabarito: A

DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO - DIB

1. Conceito

Considera-se “Data de Início do Benefício – DIB” a data a partir da qual o benefício é devido e deverá
ser pago pelo INSS ao beneficiário.

2. Aposentadoria por Incapacidade Permanente – Data de


Início do Benefício (DIB)

A data de início da aposentadoria por incapacidade permanente deverá obedecer às regras abaixo:

38
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Quando for precedida de auxílio por incapacidade temporária: dia imediatamente após ao
da cessação do auxílio por incapacidade temporária.

• Quando não for precedida de auxílio por incapacidade temporária:


o Segurado empregado:
▪ a contar do 16º dia de afastamento da atividade; ou
▪ a partir da data de entrada do requerimento, se entre o afastamento e a entrada
do requerimento decorrerem mais de 30 dias.

o Demais segurados:
▪ a contar da data do início da incapacidade; ou
▪ a partir da data de entrada do requerimento, se entre o afastamento por
incapacidade e a entrada do requerimento decorrerem mais de 30 dias.

Durante os primeiros 15 dias de afastamento da atividade por motivo de invalidez, caberá à empresa
pagar ao segurado empregado o salário.

Vejamos abaixo a Súmula 576 do STJ sobre esse assunto, quando a aposentadoria por incapacidade
permanente não tiver sido precedida de auxílio por incapacidade temporária e não houver prévio
requerimento administrativo:

Súmula 576 – STJ - Ausente requerimento administrativo no INSS, o termo inicial para a implantação da
aposentadoria por invalidez (atualmente denominada aposentadoria por incapacidade permanente)
concedida judicialmente será a data da citação válida. (grifos nossos)

39
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Aposentadoria por Incapacidade Permanente

Precedida de auxílio por Dia imediatamente após ao da cessação


incapacidade temporária do auxílio por incapacidade temporária

Requerida A partir do 16º dia do


em 30 dias afastamento das atividades
Empregado
Requerida A partir da data da
após 30 dias entrada do requerimento
Requerida A partir do início
em 30 dias da incapacidade
Demais
Segurados Requerida A partir da data da
após em 30 dias entrada do requerimento

3. Aposentadoria Programada (por idade e por tempo de


contribuição) – Data de Início do Benefício (DIB)

A data de início da aposentadoria programada (por idade e tempo de contribuição) deverá obedecer
às regras abaixo:

• Segurado empregado e empregado doméstico:

o A partir da data do desligamento do emprego: quando requerida no prazo de 90 dias


contados da data do desligamento.

o A partir da data do requerimento: quando não houver desligamento do emprego ou


quando for requerida depois de 90 dias, contados da data do desligamento.

• Demais segurados:

o A partir da data de entrada do requerimento.

Quando não houver prévio requerimento administrativo da aposentadoria programada, ingressando-


se diretamente com ação judicial, o termo inicial para a implantação do benefício concedido
judicialmente será a data da citação válida do INSS.

40
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Aposentadoria Programada

Direito desde Quando desligado do emprego e


a data do requerer no prazo de 90 dias,
Empregado desligamento contados da data do desligamento
e
Empregado Não houver desligamento do emprego
Direito desde
Doméstico a data do
Quando requerido após 90 dias
requerimento
do desligamento

Demais
Direito desde a data do requerimento
segurados

4. Aposentadoria Especial – Data de Início do Benefício (DIB)

A data de início da aposentadoria especial deverá obedecer às regras abaixo:

• Segurado empregado:

o A partir da data do desligamento do emprego: quando requerida no prazo de 90 dias


contados da data do desligamento.

o A partir da data do requerimento: quando não houver desligamento do emprego ou


quando for requerida depois de 90 dias, contados da data do desligamento.

• Trabalhador Avulso e Contribuinte Individual (o contribuinte individual APENAS quando


cooperado filiado a cooperativa de trabalho ou de produção):

o A partir da data de entrada do requerimento.

41
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Aposentadoria Especial

Direito desde Quando desligado do emprego e


a data do requerer no prazo de 90 dias,
desligamento contados da data do desligamento
Empregado
Direito desde Não houver desligamento do emprego OU
a data do
Quando requerido após 90 dias
requerimento
do desligamento

Trabalhador Avulso
e CI (cooperado) Direito desde a data do requerimento

5. Auxílio por Incapacidade Temporária – Data de Início do


Benefício (DIB)

A data de início do auxílio por incapacidade temporária deverá obedecer às regras abaixo:

o Segurado empregado:

▪ a contar do 16º dia de afastamento da atividade; ou

▪ a partir da data de entrada do requerimento, quando requerido após o


trigésimo dia do afastamento da atividade.

o Demais segurados:

▪ a contar da data do início da incapacidade (desde que o afastamento seja


superior a quinze dias); ou

▪ a partir da data de entrada do requerimento, quando requerido após o


trigésimo dia do afastamento da atividade.

Durante os primeiros 15 dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de


incapacidade temporárias para o trabalho, incumbirá à empresa pagar ao segurado empregado o seu
salário integral.

Quando o acidentado não se afastar do trabalho no dia do acidente, os 15 dias de responsabilidade da


empresa pela sua remuneração integral são contados a partir da data do afastamento.

42
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Obs.: Se concedido novo benefício decorrente da mesma doença dentro de 60 dias contados
da cessação do benefício anterior, a empresa fica desobrigada do pagamento relativo aos
quinze primeiros dias de afastamento, prorrogando-se o benefício anterior e descontando-
se os dias trabalhados, se for o caso.

Se o segurado empregado, por motivo de incapacidade, afastar-se do trabalho durante o período de


15 dias, retornar à atividade no 16º sexto dia e voltar a se afastar no prazo de 60 dias, contado da
data de seu retorno, em decorrência do mesmo motivo que gerou a incapacidade, este fará jus ao
auxílio por incapacidade temporária a partir da data do novo afastamento. No entanto, neste caso, se
o retorno à atividade tiver ocorrido antes de 15 dias do afastamento, o segurado fará jus ao
auxílio por incapacidade temporária a partir do dia seguinte ao que completar os 15 dias.

Exemplo: Segurado empregado afastou-se do trabalho por 10 dias, por motivo de


incapacidade, retornando ao trabalho já no 11º dia. Caso volte a se afastar do trabalho
dentro de 60 dias desse retorno, em decorrência da mesma doença, o segurado fará jus ao
auxílio por incapacidade temporária a partir do 6º dia, pois faltavam 5 dias para completar
o período de 15 dias sob responsabilidade da empresa.

Cabe à empresa que dispuser de serviço médico próprio ou em convênio o exame médico e o abono das
faltas correspondentes aos primeiros quinze dias de afastamento.

Quando a incapacidade ultrapassar o período de quinze dias consecutivos, o segurado será


encaminhado ao INSS para avaliação médico-pericial.

Na impossibilidade de realização do exame médico-pericial inicial antes do término do período de


recuperação indicado pelo médico assistente em documentação, o empregado é autorizado a retornar
ao trabalho no dia seguinte à data indicada pelo médico assistente, mantida a necessidade de
comparecimento do segurado à perícia na data agendada.

Auxílio por Incapacidade Temporária

Requerida A partir do 16º dia do


em 30 dias afastamento das atividades
Empregado
Requerida A partir da data de
após 30 dias entrada do requerimento

Requerida A partir do início da


em 30 dias incapacidade
Demais
Segurados Requerida A partir da data de
após em 30 dias entrada do requerimento

43
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

6. Auxílio-Acidente – Data de Início do Benefício (DIB)

O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio por incapacidade
temporária, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado,
vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria.

O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das
lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas definitivas que impliquem:

• redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia;

• redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia e exija maior esforço para o
desempenho da mesma atividade que exercia à época do acidente; ou

• impossibilidade de desempenho da atividade que exerciam à época do acidente, porém permita


o desempenho de outra, após processo de reabilitação profissional, nos casos indicados pela
perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.

No entanto, como vimos, não basta a ocorrência do acidente de qualquer natureza para que o benefício
de auxílio-acidente seja concedido. Faz-se necessário a ocorrência das circunstâncias a seguir:

1) segurado sofra um acidente de qualquer natureza;


2) ocorra a consolidação das lesões (quadro clínico tenha estabilizado);
3) do acidente, resulte sequelas definitivas;
4) haja redução da capacidade laborativa do segurado.

Enquanto as lesões não se consolidarem e o segurado estiver impossibilitado temporariamente de


voltar ao trabalho, receberá auxílio por incapacidade temporária. Quando ocorrer a consolidação das
lesões, restando sequelas definitivas com redução da capacidade para o trabalho que habitualmente
exercia, cessará o auxílio por incapacidade temporária e, no dia seguinte, terá início o auxílio-
acidente. Se a perícia constatar que a incapacidade é total e permanente, será concedida a
aposentadoria por incapacidade permanente.

Conforme entendimento do STF, quando não houver concessão de auxílio por incapacidade temporária,
nem tampouco prévio requerimento administrativo do auxílio-acidente, ingressando-se diretamente
com ação judicial, o termo inicial para a implantação do benefício concedido judicialmente será a data
da citação válida do INSS.

44
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Auxílio-Acidente

Devido a partir do dia seguinte à cessação


do auxílio por incapacidade temporária
• independentemente de qualquer remuneração
ou rendimento auferido pelo acidentado.

• vedada sua acumulação com qualquer


aposentadoria.

7. Salário-Maternidade – Data de Início do Benefício (DIB)

Salário-maternidade é um benefício previdenciário devido em função das seguintes circunstâncias:

• Parto;
• Aborto não criminoso;
• Adoção; ou
• Guarda judicial para fins de adoção.

PARTO (data de início do benefício): Em caso de parto, o benefício de salário-maternidade é devido


à segurada da previdência social, durante 120 (cento e vinte) dias, com início, em regra, 28 (vinte e
oito) dias antes da data prevista para o parto e término 91 (noventa e um) dias depois do parto.

Como é impossível prever, com exatidão, a data do parto, caso ocorra nascimento antecipado, poderá
ter início no intervalo de 28 dias antes do parto até a data do parto, iniciando-se a contagem dos 120
dias de salário-maternidade. Nesse caso, a data de início do benefício (DIB) será fixada conforme
atestado médico original e específico, apresentado pela segurada, ainda que o requerimento seja
realizado após o parto.

A partir da 23ª semana de gestação, mesmo que natimorto, será considerado parto e dará direito a 120
dias de salário-maternidade.

Em casos excepcionais, os períodos de repouso anterior e posterior ao parto podem ser aumentados
de mais 2 (duas) semanas, mediante atestado médico específico submetido à avaliação médico-
pericial.

Em caso de parto antecipado ou não, a segurada tem direito aos 120 (cento e vinte dias) previstos na
legislação.

45
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

ABORTO NÃO CRIMINOSO (data de início do benefício): Em caso de aborto não criminoso,
comprovado mediante atestado médico, a segurada terá direito ao salário-maternidade correspondente
a 2 (duas) semanas, iniciando o benefício do salário-maternidade na data do fato gerador (no
caso, considera-se fato gerador a data do aborto não criminoso). No entanto, se o aborto for tipificado
como crime, a segurada não terá direito ao salário-maternidade.

Considera-se aborto não criminoso aquele ocorrido nas seguintes circunstâncias:

• Aborto involuntário;
• Quando não há outro meio de salvar a vida da gestante:
• Quando a gravidez resulta de estupro; e
• Interrupção de gravidez de feto que apresenta anencefalia (entendimento do STF)

ADOÇÃO e GUARDA JUDIAL PARA FINS DE ADOÇÃO (data de início do benefício): Em acaso de
adoção ou guarda judicial para fins de adoção, ao segurado ou segurada da Previdência Social que
adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança é devido salário-maternidade pelo
período de 120 (cento e vinte) dias, contados da data do fato gerador (no caso, considera-se fato
gerador a data da adoção ou da guarda judicial para fins de adoção).

A percepção do salário-maternidade está condicionada ao afastamento do segurado do


trabalho ou da atividade desempenhada, sob pena de suspensão do benefício.

Para efeito de concessão e pagamento do salário-maternidade, em caso de gêmeos, não há


qualquer alteração de valor ou duração do benefício, sendo devido apenas um único salário-
maternidade.

O salário-maternidade é devido à segurada independentemente de a mãe biológica ter


recebido o mesmo benefício quando do nascimento da criança.

O início do afastamento do trabalho da segurada empregada será determinado com base em


atestado médico ou certidão de nascimento do filho.

46
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Salário-Maternidade

Parto (com início, em regra, 28 dias antes da data


prevista para o parto e término 91 dias depois do parto)

Data do
Em regra Aborto não criminoso
fato gerador
Adoção ou guarda judicial
para fins de adoção

Se afastar
Data de início fixada conforme atestado médico
antes do
original e específico apresentado pela segurada,
dia do
com a data prevista para o nascimento.
parto

8. Salário-Família – Data de Início do Benefício (DIB)

O pagamento do salário-família será devido a partir da data da apresentação da certidão de


nascimento do filho ou da documentação relativa ao equiparado (enteado e menor sob tutela),
estando condicionado à apresentação anual de atestado de vacinação obrigatória, até 6 anos de idade,
e de comprovação semestral de frequência à escola do filho ou equiparado, a partir dos 4 anos de
idade.

Obs.: O enteado e o menor sob tutela deverão comprovar a dependência econômica.

Se o segurado não apresentar o atestado de vacinação obrigatória e a comprovação de frequência


escolar do filho ou equiparado, nas datas definidas pelo INSS, o benefício do salário-família será
suspenso, até que a documentação seja apresentada.

Não é devido salário-família no período entre a suspensão do benefício motivada pela falta de
comprovação da frequência escolar e o seu reativamento, salvo se provada a frequência escolar
regular no período.

A comprovação semestral de frequência escolar será feita mediante apresentação de documento


emitido pela escola, na forma de legislação própria, em nome do aluno, onde conste o registro de
frequência regular ou de atestado do estabelecimento de ensino, comprovando a regularidade da
matrícula e frequência escolar do aluno.

Para recebimento do salário-família, o empregado doméstico apresentará ao seu empregador apenas


a certidão de nascimento do filho ou a documentação relativa ao enteado e ao menor tutelado,
desde que comprovada a dependência econômica dos dois últimos, estando, portanto, dispensado de
apresentar atestado de vacinação e comprovação de frequência escolar.

O salário-família correspondente ao mês de afastamento do trabalho será pago integralmente pela


empresa, pelo empregador doméstico ou pelo sindicato ou pelo órgão gestor de mão de obra, conforme
o caso, e, ao mês da cessação de benefício, pelo INSS.

47
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Salário-Família

O pagamento do salário-família será devido a partir da


data da apresentação da certidão de nascimento do
filho ou da documentação relativa ao equiparado
(enteado e menor sob tutela).

apresentação anual de atestado de vacinação


obrigatória, até 6 anos de idade.

Condições
comprovação semestral de frequência à escola
do filho ou equiparado, a partir dos 4 anos de
idade.

9. Pensão por Morte – Data de Início do Benefício (DIB)

A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer (qualquer tipo
de segurado), aposentado ou não, a contar da data:

• do óbito, quando requerida em até 180 dias após o óbito, para os filhos menores de 16 anos;
• do óbito, quando requerida em até 90 dias após o óbito, para os demais dependentes;
• do requerimento, quando requerido após 180 dias do óbito, para os filhos menores de 16
anos;
• do requerimento, quando requerido após 90 dias do óbito, para os demais dependentes;
• da decisão judicial, no caso de morte presumida.

A pensão poderá ser concedida, em caráter provisório, por morte presumida:

• mediante sentença declaratória de ausência, expedida por autoridade judiciária, a contar da


data de sua emissão; ou

• em caso de desaparecimento do segurado por motivo de catástrofe, acidente ou desastre,


a contar da data da ocorrência, mediante prova hábil.

Verificado o reaparecimento do segurado, o pagamento da pensão cessa imediatamente, ficando os


dependentes desobrigados da reposição dos valores recebidos, salvo má-fé.

Nos casos em que a data de início do pagamento da pensão por morte se der na data do
requerimento, temos uma situação peculiar: para efeito de cálculo, a data de início do benefício será a

48
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

data do óbito, aplicados os devidos reajustamentos até a data de início do pagamento, não sendo devida
qualquer importância relativa ao período anterior à data de entrada do requerimento.

Exemplo: Josias faleceu em 15/01/2018. Sua esposa Fátima requereu a pensão por morte
100 dias após o óbito, em 24/04/2018. Neste caso, a pensão por morte será devida desde o
requerimento, em 24/04/2018. No entanto, para efeito de cálculo, considerar-se-á a data de
início do benefício a data do óbito, em 15/01/2018. Uma vez apurado o valor do benefício
em 15/01/2018, tal valor será atualizado até 24/04/2018, a partir de quando o pagamento
da pensão por morte será devido.

Antes da publicação da Medida Provisória 871 de 18/01/19 (convertida na lei 13.846/2019), que
limitou em 180 dias o prazo para que o menor de 16 anos requeira a pensão morte e receba o pagamento
desde o óbito, o entendimento do STJ era de que tratando-se de dependente absolutamente incapaz
ou menor de 16 anos, tal beneficiário teria direito a pensão por morte no período compreendido entre
o óbito do segurado e a data do requerimento administrativo, independentemente da data de tal
requerimento. Atualmente, devemos considerar a regra da lei 13.846/2019 (decorrente da conversão
da Medida Provisória 871/19), ou seja, se requerer a pensão por morte após 180 dias do óbito, o
menor de 16 anos receberá os pagamentos desde a data do requerimento tão somente.

Outrossim, são inaplicáveis o prazo de decadência e prescrição para requerimento e recebimento da


pensão são por morte ao pensionista menor, incapaz ou ausente, na forma da lei. Ou seja, não se
aplica o período decadencial de 10 anos para limitar todo e qualquer direito ou ação do segurado ou
beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte
ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da
decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo.

Também não e aplica aos menores, incapazes e ausentes a prescrição de 5 anos, a contar da data em
que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer
restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social.

Segundo o STF, a pensão por morte deve ser regida pela lei vigente à época do óbito do seu instituidor.
Desta forma, a pensão por morte de fatos geradores ocorridos antes da vigência da Lei 8.213/91, é

49
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

devida desde o óbito do segurado instituidor, independentemente de ter sido requerido tardiamente,
ressalvando-se, contudo, a prescrição quinquenal (prazo de 5 anos para mover ação para haver
prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social).

Requerida Para os filhos


Devida a partir
em até 180 dias menores de
16 anos
da data do óbito
do óbito
Requerida Para
Devida a partir
em até 90 dias os demais
dependentes
da data do óbito
do óbito
Requerida Para os filhos
Devida a partir da
após 180 dias menores de
16 anos
data do requerimento
do óbito
Requerida Para
Devida a partir da
após 90 dias os demais
dependentes
data do requerimento
do óbito

M orte
Da decisão judicial
presumida

Data da emissão da sentença judicial


Em declaratória de ausência
caráter
provisório Data da ocorrência do desaparecimento
do segurado por motivo de catástrofe,
acidente ou desastre, mediante prova
administrativa hábil junto ao INSS.

10. Auxílio-Reclusão – Data de Início do Benefício (DIB)

Considerando que, nos termos do art. 80 da lei 8.212/91, o auxílio-reclusão será devido nas condições
da pensão por morte, podemos afirmar que tal benefício será devido:

• a contar da data do efetivo recolhimento do segurado à prisão, quando requerida em até 180
dias após a prisão, para os filhos menores de 16 anos;
• a contar da data do efetivo recolhimento do segurado à prisão, quando requerida em até 90
dias após a prisão, para os demais dependentes;

50
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• do requerimento, quando requerido após 180 dias da prisão, para os filhos menores de 16
anos;
• do requerimento, quando requerido após 90 dias da prisão, para os demais dependentes.

Os dependentes somente terão direito ao benefício de auxílio-reclusão se presentes, cumulativamente,


os requisitos abaixo:

• Cumprida a carência de 24 contribuições mensais;

• Segurado recolhido a prisão em regime fechado;

• Segurado não continue recebendo remuneração da empresa;

• Segurado não esteja em gozo de auxílio por incapacidade temporária, pensão por morte, salário-
maternidade, aposentadoria ou abono de permanência em serviço;

• Seja segurado de baixa renda, ou seja, que tenha salário-de-contribuição igual ou inferior a R$
1.503,25 (valor válido para 2021).

Auxílio-Reclusão

Requerida Para os filhos


Devida a partir
em até 180 dias menores de
16 anos
da data da prisão
da prisão
Requerida Para
Devida a partir
em até 90 dias os demais
dependentes
da data da prisão
da prisão
Requerida Para os filhos
Devida a partir da
após 180 dias menores de
16 anos
data do requerimento
da prisão
Requerida Para
Devida a partir da
após 90 dias os demais
dependentes
data do requerimento
da prisão

51
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca dos benefícios do RGPS, analise as assertivas abaixo:
I - A pensão por morte, será devida ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado
ou não, a contar da data do óbito, quando requerida em até cento e oitenta dias após o óbito, para os
filhos menores de dezesseis anos, ou em até noventa dias após o óbito, para os demais dependente.
II - Marcelino era aposentado por incapacidade permanente pelo RGPS e veio a falecer deixando como
dependentes sua esposa Lucélia, com 46 anos, e sua filha Bruna, com 15 anos. Passados 120 dias do
óbito de Marcelino, Lucélia e Bruna requereram pensão por morte junto ao INSS. Tendo em vista estas
informações, podemos afirmar que Lucélia e Bruna farão jus ao recebimento de pensão por morte
contada da data do requerimento do benefício.
III - O salário-maternidade deve ser requerido pela empregada gestante diretamente ao Instituto
Nacional do Seguro Social no prazo de vinte e oito dias antes da data provável do parto.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I
b) I e II
c) I e III
d) II e III

COMENTÁRIOS
I - Assertiva correta. Art. 74, I, da lei 8.213/91.

II - Assertiva incorreta. O requerimento foi apresentado quando havia decorrido 120 dias do óbito.
Nesse caso, temos que: Bruna receberá o benefício desde o óbito, uma vez que ela é menor de 16 anos
e o benefício foi requerido dentro de 180 dias contados do óbito, sendo aplicado o inciso I do art. 74;
Lucélia receberá o benefício desde a data do requerimento, uma vez que requereu o benefício após 90
dias do óbito.

III - Assertiva incorreta. Nos termos do § 1º, do art. 72, da lei 8.213/91, o salário-maternidade para a
segurada empregada ou trabalhadora avulsa consistirá numa renda mensal igual a sua remuneração
integral, cabendo à empresa pagar o salário-maternidade devido à respectiva empregada gestante,
efetivando-se a compensação quando do recolhimento das suas contribuições.

Gabarito: A

52
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca dos benefícios do RGPS, analise as assertivas abaixo:
I - Segundo a Lei nº 8.213/1991, o auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado
quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem
sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
II - a doença ou lesão de que o segurado já era portador ao filiar-se ao regime geral não lhe conferirá
direito à aposentadoria por incapacidade permanente, salvo quando a incapacidade sobrevier por
motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.
III - a aposentadoria programada será devida ao segurado que, cumprida a carência exigida em lei,
completar sessenta anos de idade, se homem, e cinquenta e cinco, se mulher.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I
b) I e II
c) I e III
d) II e III

COMENTÁRIOS
I - Assertiva correta. Art. 86 da Lei 8.213/91.
II - Assertiva correta. Art. 42, § 2º, da Lei 8.213/91.
III - Assertiva incorreta. Nos termos do art. 201, § 7º, da CF/88, é assegurada aposentadoria no regime
geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: 65 anos de idade, se
homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, observado tempo mínimo de contribuição de
20 anos para home e 15 anos para mulher.

Gabarito: B

DATA DA CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO - DCB

1. Conceito

Considera-se “Data da Cessação do Benefício – DCB” a data a partir da qual o benefício deixará de ser
devido pela Previdência Social.

53
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2. Aposentadoria por Incapacidade Permanente – Data da


Cessação do Benefício (DCB)

A aposentadoria por incapacidade permanente cessará nos seguintes casos:

• Aposentado por incapacidade permanente que retornar voluntariamente à atividade.


Neste caso, a aposentadoria será automaticamente cancelada, a partir da data do retorno;
• Recuperação da capacidade laborativa, verificada mediante avaliação médica da perícia do
INSS;
• Morte do segurado.

Verificada a recuperação da capacidade laborativa do aposentado por incapacidade permanente,


será observado o seguinte procedimento:

• Quando a recuperação for total e ocorrer no prazo de 5 (cinco) anos, contados da data do
início da aposentadoria por incapacidade permanente ou do auxílio por incapacidade
temporária que a antecedeu sem interrupção, o benefício cessará:
o de imediato, para o segurado empregado que tiver direito a retornar à função que
desempenhava na empresa quando se aposentou, na forma da legislação trabalhista,
valendo como documento, para tal fim, o certificado de capacidade fornecido pela
Previdência Social; ou
o após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio por incapacidade
temporária e da aposentadoria por incapacidade permanente, para os demais
segurados;
• Quando a recuperação for parcial ou ocorrer após 5 (cinco) anos, contados da data do início
da aposentadoria por incapacidade permanente ou do auxílio por incapacidade temporária que
a antecedeu sem interrupção, ou ainda quando o segurado for declarado apto para o exercício
de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem
prejuízo da volta à atividade:
o no seu valor integral, durante 6 (seis) meses contados da data em que for verificada a
recuperação da capacidade;
o com redução de 50% (cinquenta por cento), no período seguinte de 6 (seis) meses;
o com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual período de 6 (seis)
meses, ao término do qual cessará definitivamente.

Como vimos, há casos em que o segurado poderá voltar ao trabalho e, mesmo assim, continuará
recebendo, por algum tempo, a aposentadoria por incapacidade permanente. Trata-se da conhecida
mensalidade de recuperação.

54
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

3. Aposentadoria Programada – Data da Cessação do


Benefício (DCB)

A aposentadoria programada (por idade e por tempo de contribuição) cessará apenas com a morte
do segurado.

Nos termos do Regulamento da Previdência Social, as aposentadorias programadas concedidas pela


previdência social são irreversíveis e irrenunciáveis.

Neste sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) se pronunciou pela inviabilidade da


desaposentação e reaposentação dos segurados no RGPS.

A desaposentação é a renúncia pelo segurado da aposentadoria percebida a fim de requerer uma nova
aposentadoria (reaposentação). Foi uma tese criada para permitir que aposentados que continuavam a
trabalhar e, portanto, a contribuir, pudessem incorporar os novos salários-de-contribuição, bem como
um fator previdenciário mais benéfico pelo aumento da idade, do tempo de contribuição e diminuição
da expectativa de vida por ocasião da nova aposentadoria.

Administrativamente, sempre houve recusa pelo INSS em aceitar os pedidos de desaposentação. No


entanto, o STJ firmou entendimento que seria possível a renúncia à aposentadoria por tempo de serviço
(desaposentação), e concessão de novo benefício mais vantajoso da mesma natureza (reaposentação),
com o cômputo dos salários-de-contribuição posteriores à aposentadoria, acréscimo de tempo de
contribuição, incremento da idade e redução da expectativa de vida, sem a necessidade de devolução
dos valores recebidos no benefício renunciado.

Seguindo a mesma tendência, a Turma Nacional de Uniformização (TNU), órgão jurisdicional de cúpula
dos Juizados Especiais Federais, também firmou posicionamento admitindo a desaposentação.

A questão chegou ao Supremo Tribunal Federal que se pronunciou, no julgamento do RE661256


RG/DF, com repercussão geral reconhecida, pela inviabilidade da desaposentação.

O STF utilizou, dentre outros argumentos, o art. 18, § 2º, da Lei 8.213/91, in verbis:

Lei 8.213/91
Art. 18. (...)

55
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

§ 2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social — RGPS que permanecer em atividade sujeita a
este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência
do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado.
(grifos nossos)

Ou seja, afora as duas situações legalmente pontuadas, o aposentado que voltasse a trabalhar não
possuiria direito a nenhum outro benefício (inclusa a desaposentação/reaposentação) pelo fato de
estar novamente pagando contribuições para a Previdência Social.

A corte também compreendeu que houve silêncio da Constituição, que, apesar de não proibir o direito
à "desaposentação", também não o previu. Neste caso, caberia ao legislador ordinário estabelecer ou
não essa possibilidade e, no caso, o art. 18, § 2º da Lei nº 8.213/91 proibiu.

Um dos argumentos utilizados pelos advogados dos aposentados é que o artigo da lei 8.213/91 seria
inconstitucional, porque desconsideraria contribuições efetivamente vertidas para custeio do sistema.
Porém, essa alegação restou afastada ao argumento que o sistema previdenciário brasileiro é solidário
e contributivo.

4. Aposentadoria Especial – Data da Cessação do Benefício


(DCB)

A aposentadoria especial cessará nos seguintes casos:

• Com a morte do segurado;


• Caso o segurado que já receba aposentadoria especial retorne ao exercício de atividade ou
operação que o sujeite aos riscos e agentes nocivos constantes do Anexo IV do Regulamento
da Previdência Social - RPS, ou nele permanecer, na mesma ou em outra empresa, qualquer que
seja a forma de prestação do serviço ou categoria de segurado, será imediatamente notificado da
cessação do pagamento de sua aposentadoria especial, no prazo de 60 dias contado da data
de emissão da notificação, salvo comprovação, nesse prazo, de que o exercício dessa atividade
ou operação foi encerrado.

Nos termos do Regulamento da Previdência Social, a aposentadoria programada (por idade e tempo de
contribuição), bem como a aposentadoria especial, concedidas pela previdência social são
irreversíveis e irrenunciáveis.

56
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

5. Auxílio por Incapacidade Temporária – Data da Cessação do


Benefício (DCB)

O auxílio por incapacidade temporária cessará nos seguintes casos:

• recuperação da capacidade para o trabalho;


• transformação em aposentadoria por incapacidade permanente;
• concessão do auxílio-acidente (na hipótese de o evento causador da redução da capacidade
laborativa ser o mesmo que gerou o auxílio por incapacidade temporária);
• reclusão em regime fechado por período superior a 60 dias.
• morte do segurado.

O segurado que durante o gozo do auxílio por incapacidade temporária vier a exercer
atividade que lhe garanta subsistência poderá ter o benefício cancelado a partir do retorno
à atividade. No entanto, caso o segurado, durante o gozo do auxílio por incapacidade
temporária, venha a exercer atividade diversa daquela que gerou o benefício, deverá ser
verificada a incapacidade para cada uma das atividades exercidas.

O segurado em gozo de auxílio por incapacidade temporária, insuscetível de recuperação para sua
atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de
outra atividade.

O auxílio por incapacidade temporária será mantido até que o segurado seja considerado
reabilitado para o desempenho de atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado
não recuperável, seja aposentado por incapacidade permanente.

Atenção: Não será devido auxílio por incapacidade temporária para o segurado recluso em
regime fechado. O segurado em gozo de auxílio por incapacidade temporária na data de
recolhimento à prisão terá seu benefício suspenso por até 60 dias, contados da data de
recolhimento à prisão, cessado o benefício após o referido prazo. Na hipótese de o segurado
ser colocado em liberdade antes de 60 dias, o benefício será restabelecido a partir da data
de soltura.

Obs.: Em caso de prisão declarada ilegal, o segurado terá direito à percepção do benefício
por todo o período devido.

57
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Obs.: O segurado recluso em cumprimento de pena em regime aberto ou semiaberto terá


direito ao auxílio por incapacidade temporária.

6. Auxílio-Acidente – Data da Cessação do Benefício (DCB)

O auxílio-acidente cessará nos seguintes casos:

• Aposentadoria do segurado (qualquer aposentadoria);


• Morte do segurado;
• Data da emissão da Certidão de Tempo de Contribuição - CTC.

A Certidão de Tempo de Contribuição (CTC) é expedida, mediante solicitação do segurado, com a


finalidade de transferir seu tempo de contribuição do RGPS para o RPPS (ou vice-versa), dentro de um
instituto chamado contagem recíproca de tempo de contribuição, onde o segurado aproveita o seu
tempo de contribuição de um regime previdenciário para aposentar-se em outro regime previdenciário.

Outrossim, a doutrina discute a legalidade da cessação do auxílio-acidente com a emissão da CTC, pois,
apesar de constar no Regulamento da Previdência Social, não encontra amparo em lei.

7. Salário-Maternidade – Data da Cessação do Benefício (DCB)

O salário-maternidade cessará nos seguintes casos:

• Após o decurso do prazo legal;


• Pelo óbito do beneficiário (salvo quando o benefício for pago ao cônjuge ou companheiro
sobrevivente que tenha a qualidade de segurado);
• Pela dispensa sem justa causa da segurada empregada, durante o período de estabilidade,
pois, neste caso, a empresa indeniza a empregada (em substituição ao pagamento do salário-
maternidade).

O prazo legal de duração do salário-maternidade, como já estudado, será:

• PARTO: 120 dias (em casos excepcionais, os períodos de repouso anterior e posterior ao parto
podem ser aumentados em mais 2 semanas cada, mediante atestado médico específico)
• ABORTO NÃO CRIMINOSO: 2 semanas;
• ADOÇÃO e GUARDA JUDIAL PARA FINS DE ADOÇÃO: 120 dias.

58
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Atenção: No caso de falecimento da segurada ou segurado que fizer jus ao recebimento


do salário-maternidade, o benefício será pago, por todo o período ou pelo tempo restante
a que teria direito, ao cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de
segurado, exceto no caso do falecimento do filho ou de seu abandono, observadas as normas
aplicáveis ao salário-maternidade.

8. Salário-Família – Data da Cessação do Benefício (DCB)

O salário-família cessará automaticamente nos seguintes casos:

• por morte do filho ou equiparado, a contar do mês seguinte ao do óbito;


• quando o filho ou equiparado completar 14 anos de idade, salvo se inválido, a contar do mês
seguinte ao da data do aniversário;
• pela recuperação da capacidade do filho ou equiparado inválido, a contar do mês seguinte
ao da cessação da incapacidade;
• pelo desemprego do segurado, ainda que mantenha a qualidade de segurado; ou
• pela morte do segurado.

Para efeito de concessão e manutenção do salário-família, o segurado deve firmar termo de


responsabilidade, no qual se comprometa a comunicar à empresa ou ao INSS qualquer fato ou
circunstância que determine a perda do direito ao benefício, ficando sujeito, em caso do não
cumprimento, às sanções penais e trabalhistas.

A falta de comunicação oportuna de fato que implique cessação do salário-família, bem como a prática,
pelo empregado, de fraude de qualquer natureza para o seu recebimento, autoriza a empresa, o INSS, o
sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra, conforme o caso, a descontar dos pagamentos de cotas
devidas com relação a outros filhos ou, na falta delas, do próprio salário do empregado ou da renda
mensal do seu benefício, o valor das cotas indevidamente recebidas, sem prejuízo das sanções penais
cabíveis.

O empregado deve dar quitação à empresa, sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra de cada
recebimento mensal do salário-família, na própria folha de pagamento ou por outra forma admitida, de
modo que a quitação fique plena e claramente caracterizada.

9. Pensão por Morte – Data da Cessação do Benefício (DCB)

Estudaremos dois grupos de situações que geram a cessação da pensão por morte:

• cessação da cota individual de cada pensionista; e

59
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• cessação do benefício.

9.1. Cessação da Cota Individual da Pensão por Morte

O direito à percepção de cada cota individual da pensão por morte cessará:

• pela morte do pensionista;

• para o filho, pessoa a ele equiparada (enteado e menor sob tutela) ou o irmão, de ambos os sexos,
ao completar vinte e um anos de idade, salvo se o pensionista for inválido ou tiver deficiência
intelectual ou mental ou deficiência grave;

• para filho, pessoa a ele equiparada (enteado e menor sob tutela) ou irmão inválido, pela
cessação da invalidez;

• para filho, pessoa a ele equiparada (enteado e menor sob tutela) ou irmão que tenha deficiência
intelectual ou mental ou deficiência grave, pelo afastamento da deficiência, nos termos do
regulamento;

• pela adoção, para o filho adotado que recebia pensão por morte dos pais biológicos.

Cessação da cota individual da pensão por morte do cônjuge/companheiro(a):

• para CÔNJUGE ou COMPANHEIRO(A):

o se inválido ou com deficiência, cessa a cota individual da pensão por morte pela cessação
da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os períodos mínimos
abaixo.

o em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer:

▪ sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais; ou

▪ se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois)


anos antes do óbito do segurado.

o transcorridos os períodos abaixo, estabelecidos de acordo com a idade do cônjuge ou


companheiro(a) na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18
(dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento
ou da união estável (CONFORME PORTARIA ME Nº 424, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2020):

▪ 3 (três) anos, com menos de 22 (vinte e dois) anos de idade;

▪ 6 (seis) anos, entre 22 (vinte e dois) e 27 (vinte e sete) anos de idade;

▪ 10 (dez) anos, entre 28 (vinte e oito) e 30 (trinta) anos de idade;

60
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

▪ 15 (quinze) anos, entre 31 (trinta e um) e 41 (quarenta e um) anos de idade;

▪ 20 (vinte) anos, entre 42 (quarenta e dois) e 44 (quarenta e quatro) anos de


idade;

▪ vitalícia, com 45 (quarenta e cinco) ou mais anos de idade.

Poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades na tabela acima, em ato do Ministério da
Economia, após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que nesse período se verifique o
incremento mínimo de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspondente à
expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer, limitado o acréscimo na comparação
com as idades anteriores ao referido incremento.

ATENÇÃO: Se o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer natureza ou de


doença profissional ou do trabalho, mesmo que o segurado não tenha vertido 18
contribuições mensais ou tenha menos de 2 anos de casamento ou da união estável, não se
aplicará o prazo mínimo de 4 meses. Dever-se-á, neste caso, aplicar a tabela de idades
acima ou, tratando-se de cônjuge ou companheiro(a) inválido ou com deficiência, pela
cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os períodos mínimos
da tabela de idades, conforme o caso.

Obs.: O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) será


considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais da regra acima estudada.
Obs.: Perde o direito à pensão por morte o condenado criminalmente por sentença com
trânsito em julgado, como autor, coautor ou partícipe de homicídio doloso, ou de
tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado, ressalvados os
absolutamente incapazes e os inimputáveis.

Obs.: Perde o direito à pensão por morte o cônjuge, o companheiro ou a companheira se


comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união estável, ou
a formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, apuradas
em processo judicial, assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.

Obs.: As cotas por dependente cessarão com a perda dessa qualidade e não serão reversíveis
aos demais dependentes, preservado o valor de 100% (cem por cento) da pensão por
morte quando o número de dependentes remanescente for igual ou superior a 5 (pois
a RMI da pensão por morte equivale a 50% + 10% por dependente), exceto quando pelo
menos um dos dependentes for inválido ou tiver deficiência intelectual, mental ou

61
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

deficiência grave, pois, nesse caso, a pensão por morte será sempre paga na totalidade,
independentemente do número de dependentes.

Atenção: O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor


individual, não impede a concessão ou manutenção da parte individual da pensão do dependente com
deficiência intelectual ou mental ou com deficiência grave.

Cessação da cota individual (Cônjuge ou Companheiro(a)

Cessa a pensão por morte em 4 meses:


(Exceto quando decorrente de acidente de qualquer natureza
ou de doença profissional ou do trabalho )
Se o óbito ocorrer sem que o segurado
tenha vertido 18 contribuições
Ou
Se o óbito ocorrer sem que o casamento ou a
união estável tiverem sido iniciados em menos de 2
anos antes do óbito do segurado.

Cessação da cota individual


(Cônjuge, companheiro ou companheira)

Transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a


idade do beneficiário na data de óbito do segurado, se o óbito
ocorrer depois de vertidas 18 contribuições mensais e pelo menos 2
anos após o início do casamento ou da união estável:
Idade do cônjuge ou companheiro na Duração da cota individual da pensão
Data do óbito do segurado Por morte do cônjuge ou companheiro
menos de 22 anos receberá por 3 anos
entre 22 e 27 anos receberá por 6 anos
entre 28 e 30 anos receberá por 10 anos
entre 31 e 41 anos receberá por 15 anos
entre 42 e 44 anos receberá por 20 anos
45 anos ou mais vitalícia

Obs.: Se o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doença profissional


ou do trabalho, mesmo que o segurado não tenha vertido 18 contribuições mensais ou tenha menos

62
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

de 2 anos de casamento ou da união estável, não se aplicará o prazo mínimo de 4 meses. Dever-se-á,
neste caso, aplicar a tabela de idades acima ou, tratando-se de cônjuge ou companheiro(a) inválido
ou com deficiência, pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os
períodos mínimos da tabela de idades, conforme o caso

9.2. Cessação do Benefício de Pensão por Morte

A pensão por morte cessará, por completo, nos seguintes casos:

• Com a extinção da cota do último pensionista;


• Verificado o reaparecimento do segurado, em caso de pensão provisória por morte presumida,
pois, nesse caso, o pagamento da pensão cessará imediatamente, desobrigados os dependentes
da reposição dos valores recebidos, salvo de comprovada má-fé.

10. Auxílio-Reclusão – Data da Cessação do Benefício


(DCB)

Estudaremos dois grupos de situações que geram a cessação do auxílio-reclusão:

• cessação da cota individual de cada dependente; e


• cessação do benefício.

O auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, respeitado o período
mínimo de carência de 24 meses, aos dependentes do segurado recolhido à prisão em regime fechado,
desde que não recebam remuneração da empresa nem estejam em gozo de auxílio por incapacidade
temporária, pensão por morte, salário-maternidade, aposentadoria ou abono de permanência em
serviço.

O requerimento do auxílio-reclusão deverá ser instruído com certidão do efetivo recolhimento à


prisão, sendo obrigatória, para a manutenção do benefício, a apresentação de declaração de
permanência na condição de presidiário.

10.1. Cessação da Cota Individual do Auxílio-Reclusão

O direito à percepção de cada cota individual do auxílio-reclusão cessará:

• pela morte do dependente;


• para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, ao completar vinte e um
anos de idade, salvo se for inválido ou tiver deficiência intelectual ou mental ou deficiência
grave;

63
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez;


• para filho ou irmão que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, pelo
afastamento da deficiência, nos termos do regulamento;
• pela adoção, para o filho adotado que recebia auxílio-reclusão dos pais biológicos;
• para cônjuge ou companheiro, pelo decurso do prazo de recebimento, nas mesmas condições
apresentadas na pensão por morte, conforme segue:

o se inválido ou com deficiência, pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da


deficiência, respeitados os períodos mínimos abaixo;

o em 4 (quatro) meses, se a reclusão ocorrer:

▪ sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais; ou


▪ se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois)
anos antes da reclusão do segurado;

o transcorridos os períodos abaixo, estabelecidos de acordo com a idade do cônjuge ou


companheiro(a) na data da reclusão do segurado, se a reclusão ocorrer depois de
vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do
casamento ou da união estável (CONFORME PORTARIA ME Nº 424, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2020):

▪ 3 (três) anos, com menos de 22 anos de idade;


▪ 6 (seis) anos, entre 22 e 27 anos de idade;
▪ 10 (dez) anos, entre 28 e 30 anos de idade;
▪ 15 (quinze) anos, entre 31 e 41 anos de idade;
▪ 20 (vinte) anos, entre 42 e 44 anos de idade;
▪ vitalícia, com 45 ou mais anos de idade.

Obs.: O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) será


considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais da regra acima estudada.

O exercício de atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual, não


impede a concessão ou manutenção da parte individual do auxílio-reclusão do dependente com
deficiência intelectual ou mental ou com deficiência grave.

Obs.: Perde o direito ao auxílio reclusão o condenado criminalmente por sentença com
trânsito em julgado, como autor, coautor ou partícipe de tentativa de homicídio doloso,
cometido contra a pessoa do segurado, ressalvados os absolutamente incapazes e os
inimputáveis. (Se o homicídio doloso for consumado, tal dependente perderá também o
direito à pensão por morte).

64
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Obs.: Perde o direito ao auxílio reclusão o cônjuge, o companheiro ou a companheira se


comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união estável, ou
a formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, apuradas
em processo judicial no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.

10.2. Cessação do Benefício de Auxílio-Reclusão

O auxílio-reclusão cessará, por completo, nos seguintes casos:

• Com a extinção da última cota individual;


• Caso o segurado, ainda que recluso, passar a receber aposentadoria;
• Pelo óbito do segurado (neste caso o auxílio-reclusão será convertido em pensão por morte);
• Na data do livramento; e
• Quando o segurado deixar a prisão por livramento condicional ou progredir para
cumprimento de pena em regime semiaberto ou aberto.

10.3. Suspensão Temporária do Benefício de Auxílio-Reclusão

No caso de fuga, o benefício será suspenso e, se houver recaptura do segurado, será restabelecido a
contar da data em que esta ocorrer, desde que esteja ainda mantida a qualidade de segurado.

Os pagamentos do auxílio-reclusão também serão suspensos se o dependente deixar de apresentar


atestado trimestral, firmado pela autoridade competente, para prova de que o segurado permanece
recolhido à prisão.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Sobre o benefício previdenciário de salário-maternidade, assinale a alternativa correta:
a) O salário-maternidade para a segurada empregada ou trabalhadora avulsa consistirá no último
salário-de-contribuição.
b) No caso de falecimento da segurada ou segurado que fizer jus ao recebimento do salário-
maternidade, o benefício será pago, por todo o período ou pelo tempo restante a que teria direito, ao
cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de segurado, mesmo no caso de
falecimento do filho.

65
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

c) Ao segurado da Previdência Social que adotar ou obtiver guarda para fins de adoção é devido o
salário-maternidade pelo período de 2 semanas.
d) O salário-maternidade para a segurada contribuinte individual será calculado sobre 1/12 da soma
dos 12 últimos salários-de-contribuição, apurados em um período não superior a 15 meses.

COMENTÁRIOS

a) Alternativa incorreta. O salário-maternidade para a segurada empregada ou trabalhadora avulsa será


calculado sobre a remuneração integral, nos termos do § 2º, II, do art. 71-B, da lei 8.213/91.

b) Alternativa incorreta. Nos termos do art. 71-B, da lei 8.213/91, no caso de falecimento da segurada
ou segurado que fizer jus ao recebimento do salário-maternidade, o benefício será pago, por todo o
período ou pelo tempo restante a que teria direito, ao cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha
a qualidade de segurado, exceto no caso do falecimento do filho ou de seu abandono, observadas as
normas aplicáveis ao salário-maternidade.

c) Alternativa incorreta. Nos termos do art. 71-A, da lei 8.213/91, ao segurado ou segurada da
Previdência Social que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança é devido salário-
maternidade pelo período de 120 dias.

d) Alternativa correta. Art. 73, III, da lei 8.213/91.

Gabarito: D

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca dos benefícios do RGPS, analise as assertivas abaixo:
I - Rosenval, que por 16 meses foi contribuinte da previdência social e que era casado, há quatro anos,
com Clóvis, de quarenta e cinco anos idade, faleceu após complicações de saúde decorrentes de uma
cirurgia bariátrica. Nessa situação, Clóvis terá direito ao benefício de pensão por morte em caráter
vitalício.
II - Josivaldo era segurado da Previdência Social e veio a falecer estando, na data o óbito, obrigado por
determinação judicial a pagar pensão alimentícia temporariamente à Yara, sua ex-cônjuge. Nessa
situação, Yara fará jus à pensão por morte pelo prazo remanescente da pensão de alimentos, caso não
incida outra hipótese de cancelamento do benefício em data anterior.
III - Ao cônjuge de segurado falecido por causa acidentária será assegurado o direito à pensão por morte,
por apenas quatro meses, se transcorridos menos de dois anos entre a data do casamento e do óbito.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I

66
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

b) I e II
c) II
d) III

COMENTÁRIOS
I - Assertiva incorreta. O direito à percepção da cota individual da pensão por morte cessará em 4
meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 contribuições mensais ou se o
casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 anos antes do óbito do segurado,
nos termos do art. 77, § 2º, V, "b", da lei 8.213/91.

II - Assertiva correta. Art. 76, § 3º, da Lei 8.213/91.

III - Assertiva incorreta. Nos termos do art. 77, § 2º-A, da lei 8.213/91, se o óbito do segurado decorrer
de acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independentemente do
recolhimento de 18 contribuições mensais ou da comprovação de 2 anos de casamento ou de união
estável será aplicada a tabela de idades (e não será devida por apenas 4 meses).

Gabarito: C

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Joel era segurado do RGPS há 12 anos e faleceu deixando viúva Lisandra, de 46 anos, com quem era
casado havia 18 meses. Além disso, Joel deixou seu filho Pedro, que tinha 16 anos da data do óbito de
seu pai, era inválido e não era emancipado. Tendo em vista este caso hipotético apresentado, julgue as
assertivas a seguir e assinale a incorreta:
a) Pedro fará jus à pensão por morte enquanto durar sua invalidez.
b) Se Pedro for condenado criminalmente por sentença transitada em julgado como partícipe de crime
de tentativa de homicídio doloso cometido contra a pessoa do segurado, ele perderá o direito à pensão
por morte.
b) Se for comprovado mediante regular processo judicial que houve simulação ou fraude no casamento
com o fim específico de constituir benefício previdenciário, Lisandra perderá o direito à pensão por
morte.
d) Se Joel estivesse, na data do óbito, obrigado por determinação judicial a pagar pensão alimentícia
temporariamente à Lisandra, sua ex-cônjuge e atualmente com 52 anos de idade, Lisandra fará jus à
pensão por morte vitalícia.

COMENTÁRIOS

67
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

a) Assertiva correta. Art. 108 do Decreto 3.048/99.

b) Assertiva correta. Art. 74, § 1º, da Lei 8.213/91.

c) Assertiva correta. Art. 74, § 2º, da Lei 8.213/91.

d) Assertiva incorreta. Nos termos do art. 76, § 3º, da Lei 8.213/91, na hipótese de o segurado falecido
estar, na data de seu falecimento, obrigado por determinação judicial a pagar alimentos temporários a
ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-companheira, a pensão por morte será devida pelo prazo
remanescente na data do óbito, caso não incida outra hipótese de cancelamento anterior do benefício.

Gabarito: D

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula. Nesta aula fizemos um estudo mais detalhado e aprofundado dos
benefícios e serviços do Regime Geral de Previdência Social - RGPS.
Aguardo vocês em nossa próxima aula!
Um forte abraço e bons estudos a todos!

Rubens Maurício

68
oab.estrategia.com |
68
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

"INSERIR CAPA"

Direito Previdenciário

1
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Sumário

Considerações Iniciais ............................................................................................................................................................... 3

Acumulação de Benefícios ....................................................................................................................................................... 4

1 - Introdução ........................................................................................................................................................................... 4

2 - Benefícios Inacumuláveis.............................................................................................................................................. 4

3 - Informações Adicionais ................................................................................................................................................. 9

4 - Principais Benefícios Acumuláveis ......................................................................................................................... 10

5 - Conflito entre Lei e Jurisprudência ........................................................................................................................ 12

6 - Limites de acumulação ................................................................................................................................................ 13

7 - Direito Adquirido .......................................................................................................................................................... 16

8 - Acumulação de Salário com Benefício Previdenciário.................................................................................... 17

9 - Acumulação de Benefícios do RGPS com Benefício do RPPS ....................................................................... 17

10 - Observações acerca da Acumulação de Benefícios........................................................................................ 18

Manutenção da Qualidade de Segurado .......................................................................................................................... 19

1 - Período de Graça ........................................................................................................................................................... 19

1.1 - Conceito .................................................................................................................................................................... 19

2 - Prazos de Manutenção da Qualidade de Segurado .......................................................................................... 20

2.1 - Fundamentação Legal ......................................................................................................................................... 20

2.2 - Cessação de Benefício por Incapacidade ou Cessação das Contribuições ...................................... 22

2.3 - Segurado em gozo de benefício ....................................................................................................................... 29

2.4 - Segurado acometido de doença de segregação compulsória............................................................... 32

2.5 - Segurado detido ou recluso .............................................................................................................................. 35

2.6 - Segurado incorporado às forças armadas para prestar serviço militar .......................................... 37

2.7 - Segurado facultativo ............................................................................................................................................ 39

2
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

3 - Segurado que se desvincular de Regime Próprio de Previdência Social ................................................. 41

4 - Direitos Preservados Durante o Período de Graça........................................................................................... 41

Perda Qualidade de Segurado ............................................................................................................................................. 42

1 - Conceito ............................................................................................................................................................................ 42

2 - Prazo de Reconhecimento da Perda da Qualidade de Segurado................................................................. 42

3 - Efeitos da Perda da Qualidade de Segurado ....................................................................................................... 43

4 - Situação Excepcional de Perda da Qualidade de Segurado ........................................................................... 44

4.1 - Contribuinte Individual ...................................................................................................................................... 44

Considerações Finais .............................................................................................................................................................. 47

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje estudaremos os seguintes assuntos do Direito Previdenciário que tratam de normas
previdenciárias:

Acumulação de benefícios.

Manutenção, perda e restabelecimento da


qualidade de segurado.

Recomendo uma atenção especial aos tópicos que tratam das novidades trazidas pela EC 103/2019
(Reforma da Previdência) acerca da Acumulação de Benefícios.
Boa aula!

3
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

ACUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS
1 - Introdução
A acumulação dos benefícios securitários (Previdência Social e Assistência Social) está prevista em
diversas normas do nosso ordenamento, sem ser exaurido apenas pela leitura do artigo 124 da Lei nº
8.231/91, conforme segue:
▪ Lei n.º 8.213/1991
▪ Decreto n.º 3.048/1999
▪ Instrução Normativa INSS n.º 77/2015, com texto atualizado até a Instrução Normativa INSS n.º
86/2016;
▪ Lei n.º 8.742/1993, com texto atualizado até a Lei nº13.146/2015;
▪ Decreto n.º 6.214/2007, com texto atualizado até o Decreto nº 8.805/2016.

Observação: Em regra, é permitida a acumulação de benefícios previdenciários pelo mesmo


segurado ou dependente, exceto nos casos proibidos pela legislação, seja de forma expressa,
seja de forma implícita.

Apesar das regras que estudaremos abaixo, deverão ser respeitados os direitos adquiridos à
acumulação nas hipóteses em que o segurado ou dependente estejam acumulando benefícios que,
posteriormente, foram proibidos de acumular.
Assim sendo, a possibilidade ou não de acumulação de benefícios deverão ser aferidas de acordo com a
lei em vigor no momento de sua ocorrência, em respeito ao princípio do Tempus Regit Actum, segundo
o qual o tempo rege o ato, no sentido de que os atos jurídicos se regem pela lei da época em que
ocorreram. Assim sendo, deve-se verificar a possibilidade ou não de acumulação de acordo com as
regras vigentes à época de sua ocorrência.

2 - Benefícios Inacumuláveis
A proteção previdenciária tem por escopo a cobertura de determinados riscos sociais eleitos pelo
legislador como relevantes, de modo a merecer atenção especial da Previdência Social.
Nesse sentido, tem-se que a cada um dos riscos sociais eleitos (tais como doença, invalidez, morte,
redução da capacidade laborativa, proteção à maternidade, idade avançada, etc.) corresponde uma
prestação previdenciária específica, destinada à cobertura da situação que, em regra, implicam em
afastamento do segurado de atividade laboral que lhe garanta a sobrevivência ou o amparo a seus
dependentes.

4
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Daí a instituição dos diversos benefícios, cada um tendo como pressuposto um evento específico, de
modo que, em princípio, para cada situação de risco corresponderia um único benefício, uma vez que a
concessão de mais de um benefício para a mesma situação é contrária à lógica da proteção
previdenciária, com sérios riscos à sustentabilidade financeira e atuarial do sistema.
A legislação previdenciária prevê as hipóteses em que é vedada a acumulação de benefícios, seja de
forma expressa ou implícita, em razão dos princípios que norteiam o sistema ou decorrentes de
incompatibilidade lógica.
A seguir iremos analisar as hipóteses legais de vedação à acumulação de benefícios previdenciários no
âmbito do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, bem como aquelas em que é possível o
recebimento conjunto de mais de um benefício previdenciário pelo segurado ou seus dependentes.

Não é permitido acumular os seguintes benefícios:

• Aposentadoria com auxílio por incapacidade temporária (auxílio-doença);


• Mais de uma aposentadoria (exceto com data de início anterior a janeiro/1967, de
acordo com o Decreto-lei nº 72/66, em respeito ao direito adquirido);
• Aposentadoria com abono de permanência em serviço (extinto).
• Salário Maternidade com auxílio por incapacidade temporária (auxílio-doença).
(Obs.: Caso a segurada esteja em gozo de auxílio por incapacidade temporária (auxílio-
doença), este deverá ser suspenso durante o período de recebimento do salário-
maternidade, pois são inacumuláveis, devendo ser reativado oportunamente, após a
cessação do salário-maternidade, caso a segurada ainda se encontre incapaz para o
trabalho);
• Salário-maternidade com aposentadoria por incapacidade permanente
(aposentadoria por invalidez). Obs.: O salário-maternidade pode ser acumulado com as
demais aposentadorias, sendo vedada a acumulação com a aposentadoria por
incapacidade permanente (aposentadoria por invalidez).
• Mais de um auxílio-acidente. Quando o segurado em gozo de auxílio-acidente fizer jus
a um novo auxílio-acidente, em decorrência de outro acidente ou de doença, serão
comparadas as rendas mensais dos dois benefícios e mantido o benefício mais vantajoso.

5
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• Mais de uma pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro(a), facultado
ao dependente optar pela mais vantajosa (exceto se o óbito tenha ocorrido até
28/04/1995, véspera da publicação da Lei nº 9.032/95, período em que era permitida a
acumulação. Nada impede, contudo, a acumulação de mais de uma pensão por morte em
outros casos, como, por exemplo, recebimento de pensão na qualidade de cônjuge e outra
na qualidade de filho do segurado.
• Pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro (a) com auxílio-reclusão
de outro cônjuge ou companheiro (a), para evento ocorrido a partir de 29/04/1995,
data da publicação da Lei nº 9.032/1995. Neste caso, o requerente poderá optar pelo
benefício que tiver o valor mais vantajoso, ressaltando a impossibilidade de reativação
da pensão, após a assinatura do termo de opção;

• Auxílio-acidente com aposentadoria (após a Lei 9.528/97);


• Auxílio-acidente com auxílio por incapacidade temporária (auxílio-doença),
quando decorrentes da mesma causa.
• Mais de um auxílio por incapacidade temporária (auxílio-doença), inclusive
acidentário, mesmo que tenha havido vínculos concomitantes, devendo somar os
respectivos salários-de-contribuição para cálculo da renda mensal inicial – RMI.
• Mais de um auxílio-reclusão de instituidor cônjuge ou companheiro, facultado o
direito de opção pelo mais vantajoso, para evento ocorrido a partir de 29/04/1995, data
da publicação da Lei nº 9.032/95.
• Auxílio-reclusão pago aos dependentes, com auxílio por incapacidade temporária
(auxílio-doença), pensão por morte, aposentadoria ou abono de permanência em
serviço (extinto) ou salário-maternidade do segurado recluso. (Observação: IN INSS
n.º 77/2015, Art. 383, parágrafo 3º: “O segurado recluso, ainda que contribua como
facultativo, NÃO TERÁ DIREITO aos benefícios de auxílio por incapacidade temporária
(auxílio-doença), salário-maternidade e aposentadoria durante a percepção, pelos
dependentes, do Auxílio Reclusão, permitida a opção pelo benefício mais vantajoso”.
• Aposentadoria com auxílio-acidente.
• Seguro-desemprego com qualquer benefício de prestação continuada da
Previdência Social, exceto pensão por morte, auxílio-reclusão, auxílio-acidente, auxílio
suplementar (já extinto) ou abono de permanência em serviço (extinto).
• Benefícios de amparo assistencial ao idoso ou ao deficiente (Benefício de
Prestação Continuada previsto na Lei Orgânica da Assistência Social - BPC da
LOAS), com qualquer outro benefício no âmbito da Seguridade Social (Previdência
Social ou Assistência Social) ou de outro regime (Regimes Próprios de Previdência
Social), inclusive o seguro-desemprego, ressalvados o de assistência médica e a pensão
especial de natureza indenizatória, bem como a remuneração advinda de contrato de

6
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

aprendizagem no caso da pessoa com deficiência. A acumulação do BPC/LOAS com a


remuneração advinda do contrato de aprendizagem pela pessoa com deficiência está
limitada ao prazo máximo de 2 anos.
• Renda mensal vitalícia com qualquer outra espécie de benefício da Previdência
Social;
• aposentadoria com auxílio-suplementar.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Em relação a acumulação de benefícios, analise as assertivas abaixo:
I - A respeito dos benefícios e serviços do RGP e não havendo direito adquirido, a legislação
previdenciária veda a cumulação de auxílio-acidente com aposentadoria.
II - Aparecida está aposentada pelo RGPS e voltou a exercer atividade remunerada sujeita a esse regime.
Em razão de doença que a incapacitou para o trabalho, afastou-se por seis meses consecutivos e
engravidou. Nessa situação, não havendo direito adquirido e considerando a legislação previdenciária,
Aparecida não poderá acumular os benefícios de auxílio por incapacidade temporária e aposentadoria,
mas poderá acumular a aposentadoria com o salário-maternidade.
III - Em relação à situação hipotética da assertiva anterior, Aparecida poderá acumular os benefícios de
auxílio por incapacidade temporária com salário-maternidade.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - A respeito dos benefícios e serviços do RGP e não havendo direito adquirido, a legislação
previdenciária veda a cumulação de auxílio-acidente com aposentadoria.
Assertiva correta. Art. 167, IX, do Decreto 3.048/99

7
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

II - Aparecida está aposentada pelo RGPS e voltou a exercer atividade remunerada sujeita a esse regime.
Em razão de doença que a incapacitou para o trabalho, afastou-se por seis meses consecutivos e
engravidou. Nessa situação, não havendo direito adquirido e considerando a legislação previdenciária,
Aparecida não poderá acumular os benefícios de auxílio por incapacidade temporária e aposentadoria,
mas poderá acumular a aposentadoria com o salário-maternidade.
Assertiva correta. Aparecida não poderá acumular os benefícios de auxílio por incapacidade
temporária e aposentadoria (Art. 167, I, do Decreto 3.048/99). Contudo, não há vedação na legislação à
acumulação aposentadoria com o salário-maternidade.

III - Em relação à situação hipotética da assertiva anterior, Aparecida poderá acumular os benefícios de
auxílio por incapacidade temporária com salário-maternidade.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 167, IV, do Decreto 3.048/99, exceto na hipótese de direito
adquirido, não é permitido o recebimento conjunto de salário-maternidade com auxílio por
incapacidade temporária.

Gabarito: B

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Em relação a acumulação de benefícios, analise as assertivas abaixo:
I - Aposentadoria por incapacidade permanente poderá ser cumulada com o auxílio-acidente.
II - Segurado do RGPS que se encontre aposentado (aposentadoria programada) e continue trabalhando
sob o mesmo regime fará jus ao auxílio por incapacidade temporária, caso fique temporariamente
impossibilitado para o trabalho.
III - É permitido que o segurado do RGPS receba concomitantemente os benefícios de aposentadoria
programada e auxílio por incapacidade temporária, desde que estes decorram de diferentes
contingências.
IV - Fátima encontra-se afastada de suas atividades laborais e recebe o auxílio por incapacidade
temporária. Nessa situação, caso engravide e tenha um filho, Fátima poderá receber, ao mesmo tempo,
o auxílio por incapacidade temporária e o salário-maternidade

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) II.
c) III e IV
d) Todas estão incorretas.

COMENTÁRIOS:
I - Aposentadoria por incapacidade permanente poderá ser cumulada com o auxílio-acidente.

8
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva incorreta. Nos termos do Art. 167, IX, do Decreto 3.048/99, exceto na hipótese de direito
adquirido, não é permitido o recebimento conjunto de auxílio-acidente com qualquer aposentadoria.

II - Segurado do RGPS que se encontre aposentado (aposentadoria programada) e continue trabalhando


sob o mesmo regime fará jus ao auxílio por incapacidade temporária, caso fique temporariamente
impossibilitado para o trabalho.
Assertiva incorreta. Nos termos do Art. 167, I, do Decreto 3.048/99, exceto na hipótese de direito
adquirido, não é permitido o recebimento conjunto de aposentadoria com auxílio por incapacidade
temporária.

III - É permitido que o segurado do RGPS receba concomitantemente os benefícios de aposentadoria


programada e auxílio por incapacidade temporária, desde que estes decorram de diferentes
contingências.
Assertiva incorreta. Nos termos do Art. 167, I, do Decreto 3.048/99, exceto na hipótese de direito
adquirido, não é permitido o recebimento conjunto de aposentadoria com auxílio por incapacidade
temporária.

IV - Fátima encontra-se afastada de suas atividades laborais e recebe o auxílio por incapacidade
temporária. Nessa situação, caso engravide e tenha um filho, Fátima poderá receber, ao mesmo tempo,
o auxílio por incapacidade temporária e o salário-maternidade
Assertiva incorreta. Nos termos do Art. 167, IV, do Decreto 3.048/99, exceto na hipótese de direito
adquirido, não é permitido o recebimento conjunto de salário-maternidade com auxílio por
incapacidade temporária.

Gabarito: D

3 - Informações Adicionais
Além das informações acima, segue mais algumas informações acerca da acumulação de benefícios
previdenciários:

• Nos casos de aposentadoria especial, o retorno do aposentado à atividade nociva,


prejudicial a sua saúde, prejudicará o recebimento de sua aposentadoria.
• A partir de 23/01/2014, data do início da vigência do artigo 71-B da Lei nº 8.213/1991,
o salário-maternidade que seria devido ao cidadão(ã) que veio a óbito, poderá ser
pago ao cônjuge ou companheiro(a) sobrevivente (caso seja segurado do RGPS),
mesmo que de forma concomitante com a pensão por morte daquele que faleceu, não
ficando caracterizado neste caso uma acumulação indevida.

9
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

4 - Principais Benefícios Acumuláveis


Estudamos acima as situações em que não se admite a acumulação de benefícios. Passaremos agora à
análise daquelas cuja acumulação é possível.
Preliminarmente devemos considerar, como regra geral, que na ausência de vedação expressa ou
implícita (por incompatibilidade lógica) é possível a percepção cumulada de mais de um benefício
previdenciário pelo mesmo segurado ou dependente. Partindo deste pressuposto, vamos à análise dos
principais benefícios acumuláveis.

É permitido acumular os seguintes benefícios:


• A pensão por morte pode ser acumulada com aposentadoria, pois são benefícios com
pressupostos fáticos e fatos geradores diversos. (Exemplo: Maria poderá acumular a
pensão por morte recebida em virtude do óbito de seu cônjuge com sua aposentadoria
por tempo de contribuição).
• Salário-família com salário-maternidade.
• Salário-maternidade com aposentadoria (exceto aposentadoria por incapacidade
permanente)

• A concessão de outro benefício, exceto o de aposentadoria, não prejudicará a


continuidade do recebimento do auxílio-acidente.
• Pensão por morte: é possível cumular mais de uma pensão por morte quando uma
for proveniente de falecimento de cônjuge ou companheiro e a outra de falecimento
de filho. Como a vedação legal é no sentido da percepção de mais de um benefício de
pensão por morte instituído por cônjuge ou companheiro, em tese é possível a cumulação
de pensão por morte decorrente do óbito de cônjuge com outra instituída por filho, por
exemplo. Outrossim, o inciso VI do art. 124 da Lei 8213/91 somente foi introduzido no
ordenamento jurídico pela Lei 9.032/95, que alterou a redação do art. 124. Desse modo,
considerando as normas acerca do direito adquirido, é possível a cumulação de duas
pensões por morte de cônjuge ou companheiro, desde que concessão de ambos os
benefícios tenha se dado antes da alteração do mencionado artigo, facultado o direito de
opção pela mais vantajosa.

10
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• admitida a acumulação de mais de um salário-maternidade, no caso de empregos


concomitantes, fazendo jus a segurada ao salário-maternidade relativo a cada emprego,
nos termos do art. 98 do RPS;
• Auxílio por incapacidade temporária e auxílio-acidente: O auxílio-acidente é devido
como indenização ao segurado, a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença,
independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado.
Assim, a concessão do benefício de auxílio-acidente pressupõe a cessação do auxílio-
doença anteriormente recebido, sendo indevida sua acumulação com o auxílio-doença
quando as lesões forem decorrentes do mesmo fato gerador. Porém, pode ocorrer que o
segurado já em gozo de auxílio-acidente venha a sofrer novo acidente que enseje a
concessão de auxílio-doença, diverso daquele que deu origem ao auxílio-acidente. Neste
caso será possível a acumulação dos dois benefícios.
• admitida a acumulação de auxílio por incapacidade temporária (auxílio-doença), de
auxílio-acidente ou de auxílio-suplementar, desde que originário de outro acidente ou
de outra doença, com pensão por morte e/ou com abono de permanência em serviço.
• Será permitida ao menor sob guarda a acumulação de recebimento de pensão por morte
em decorrência do falecimento dos pais biológicos com pensão por morte de um
dos seus guardiões, somente quando esta última ocorrer por determinação judicial.
• permitida a acumulação dos benefícios previdenciários do RGPS com o benefício de
que trata a Lei nº 7.070/1982 (Pensão Especial aos Deficientes Físicos Portadores da
Síndrome da Talidomida), que não poderá ser reduzido em razão de eventual aquisição
de capacidade laborativa ou de redução de incapacidade para o trabalho ocorrida após a
sua concessão.
• Segundo entendimento do STJ, é admitida a acumulação de benefício previdenciário
com a pensão civil ex delicto, pois possuem natureza distintas. A pensão civil tem
natureza reparatória, enquanto o benefício previdenciário tem natureza contributiva e,
em regra, substitutiva da remuneração do segurado.
• Seguro-desemprego e auxílio-reclusão: O Decreto 3.048/99 inova ao permitir, em seu
art. 167, § 2º, a acumulação de seguro-desemprego com o auxílio-reclusão, hipótese não
contida no parágrafo único do art. 124.
• Aposentadoria e salário-família: O artigo 18, § 2º., da n. Lei 8.213/91 versa que “o
aposentado pelo RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele
retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do
exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando
empregado.” Assim, é garantido ao segurado aposentado que retorna à atividade o
recebimento, enquanto exercer essa nova atividade remunerada, do salário-família.
• O benefício de pensão especial vitalícia aos ex-combatentes de que trata o art. 53, II,
do ADCT, com outro benefício no âmbito do RGPS, conforme podemos extrair da
leitura a seguir: “Art. 53. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de

11
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

operações bélicas durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12
de setembro de 1967, serão assegurados os seguintes direitos: (…) II – pensão especial
correspondente à deixada por segundo-tenente das Forças Armadas, que poderá ser
requerida a qualquer tempo, sendo inacumulável com quaisquer rendimentos recebidos
dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciários, ressalvado o direito de opção”.

5 - Conflito entre Lei e Jurisprudência

• Temos um conflito entre a jurisprudência e a IN INSS/PRES 128/2022, pois a TNU fixou a tese
de que o benefício de pensão especial vitalícia de seringueiro “soldados da borracha” de
que trata o art. 54 do ADCT, pode ser cumulado com outro benefício no âmbito do RGPS,
ante a inexistência de vedação legal. No âmbito do STJ este entendimento também já foi
adotado, como se pode ver do julgamento do REsp 501.035: “Decidindo que não há vedação legal
na cumulação da pensão especial de seringueiro com a aposentadoria por idade, não há reparo
a fazer ao acórdão atacado, pois realmente não pode a Administração, por meio de ato
regulamentador, impor restrição não existente na lei”.

Contudo, a IN INSS/PRES nº 128/2022 traz em seu art. art. 489 que é vedada a percepção
cumulativa dessa pensão mensal vitalícia com qualquer outro benefício de prestação
continuada mantido pelo RGPS ou RPPS, ressalvada a possibilidade de opção pelo benefício
mais vantajoso.”
Assim sendo, para efeito de prova, se a questão perguntar sobre a possibilidade de acumulação do
benefício de pensão especial vitalícia de seringueiro “soldados da borracha” de que trata o
art. 54 do ADCT, com qualquer outro benefício de prestação continuada mantido pelo RGPS
ou RPPS, nos termos da IN 128/2022, a resposta deve ser no sentido de que é vedada tal
acumulação. Se a pergunta for nos termos da jurisprudência (TNU ou STJ), a resposta é que não
é vedada a acumulação.

Obs.: Ficaram conhecidos como os Soldados da Borracha os seringueiros que foram trabalhar na
Amazônia extraindo látex para a fabricação de pneumáticos que seriam utilizados pelos ‘aliados’ na
segunda guerra mundial. Vejamos o que dispõe o art. 54 do ADCT: “Art. 54. Os seringueiros
recrutados nos termos do Decreto-Lei nº 5.813, de 14 de setembro de 1943, e amparados pelo
Decreto-Lei nº 9.882, de 16 de setembro de 1946, receberão, quando carentes, pensão mensal
vitalícia no valor de dois salários-mínimos. § 1º O benefício é estendido aos seringueiros que,
atendendo a apelo do Governo brasileiro, contribuíram para o esforço de guerra, trabalhando na

12
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

produção de borracha, na Região Amazônica, durante a Segunda Guerra Mundial. § 2º Os benefícios


estabelecidos neste artigo são transferíveis aos dependentes reconhecidamente carentes. § 3º A
concessão do benefício far-se-á conforme lei a ser proposta pelo Poder Executivo dentro de cento e
cinquenta dias da promulgação da Constituição”.

6 - Limites de acumulação

Com a reforma da previdência, continuou sendo vedada a acumulação de mais de uma pensão por
morte deixada por cônjuge ou companheiro, no âmbito do mesmo regime de previdência social,
havendo a possibilidade de se escolher o benefício mais vantajoso. Entretanto, pode-se acumular:
• pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social
com pensão por morte concedida por outro regime de previdência social ou com pensões
decorrentes das atividades militares;
• pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social
com aposentadoria concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de regime próprio
de previdência social;
• pensões decorrentes das atividades militares com aposentadoria concedida no âmbito do
Regime Geral de Previdência Social ou de regime próprio de previdência social.
Ou seja, é possível acumular pensão por morte deixada por cônjuge/companheiro de regimes
previdenciários distintos. Também é possível acumulação de pensão por morte com
aposentadoria.
Só que após a EC 103/19, nestas hipóteses de acumulação, não mais se receberá o valor total de cada
um dos benefícios. Fica garantido o recebimento do valor integral (100%) do benefício mais vantajoso
e de uma parte do benefício de menor valor (caso ele seja superior ao salário-mínimo).
Se o benefício de menor valor for igual ao salário-mínimo, o beneficiário irá recebê-lo também
integralmente.
Se o benefício de menor valor for superior ao salário-mínimo, recebe-se integralmente um salário-
mínimo e uma parte do que exceder, apurada cumulativamente de acordo com as seguintes faixas:

Faixa salarial: Porcentagem paga

13
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

dentro de cada faixa:

Até 1 salário-mínimo 100%

Maior que 1 salário-mínimo e menor


que 2 salários-mínimos 60%

Maior que 2 até 3 salários-mínimos 40%

Maior que 3 até 4 salários-mínimos 20%

Maior que 4 salários-mínimos 10%

Exemplo: Mara é aposentada pelo RGPS e sua aposentadoria é de R$5.000,00. Seu marido,
que também era segurado do RGPS, veio a falecer e ela requereu pensão por morte. O INSS
calculou que o valor da pensão por morte seria R$3.000,00, sem redução.
Nesta situação, Mara poderá acumular os dois benefícios, já que aposentadoria e pensão por
morte são acumuláveis.
Ela receberá 100% do valor da aposentadoria, que é mais vantajosa, e a pensão por morte
terá reduções.
Sabendo-se que o salário-mínimo é R$1.320,00 (a partir de maio/2023), ela receberá, de
pensão:
• R$1.320,00 (até 1 salário-mínimo recebe-se o valor integral);
• + 60% do que exceder a 1 salário-mínimo e for menor que 2 salários-mínimos = 60% de
R$2.640,00 – R$1.320,00 = 60% de R$1.320,00 = R$792,00;
• + 40% do que exceder a 2 salários-mínimos e for menor que 3 salários-mínimos = 60% de
R$3.000,00 (que é o valor da pensão) – R$2.640,00 = 40% de R$360,00 = R$144,00;
Somando todas as parcelas, Mara receberá de pensão: R$1.320,00 + R$792,00 + R$144,00
= R$2.256,00.

Devemos lembrar que o redutor no benefício de menor valor é aplicado exclusivamente nas seguintes
acumulações:
• pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social
com pensão por morte concedida por outro regime de previdência social ou com pensões
decorrentes das atividades militares;

14
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social
com aposentadoria concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de regime
próprio de previdência social;
• pensões decorrentes das atividades militares com aposentadoria concedida no âmbito do
Regime Geral de Previdência Social ou de regime próprio de previdência social.

Atenção: Quando se acumula duas ou mais pensões por morte, essa forma de cálculo se
aplica se uma das pensões é deixada por cônjuge ou companheiro. Portanto, se uma criança
ficar órfã e tiver direito a receber uma pensão por morte deixada pela mãe e outra pensão
por morte deixada pelo pai, independente do regime a que pertençam essas pensões, a
criança irá receber o valor integral de cada uma delas.

Por fim, referente às alterações que a EC 103/19 fez no texto do art. 202 da CF/88, foi incluído o
parágrafo 15, conforme segue:
Art. 201 § 15. Lei complementar estabelecerá vedações, regras e condições para a acumulação de
benefícios previdenciários.
Assim sendo, é necessário LEI COMPLEMENTAR para estabelecer vedações, regras e condições para a
acumulação de benefício.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A respeito dos benefícios e serviços do RGPS, julgue o as assertivas abaixo:
I - É vedada a cumulação da pensão por morte de trabalhador rural com o benefício da aposentadoria
por incapacidade permanente, uma vez que ambos os casos apresentam pressupostos fáticos e fatos
geradores análogos.
II - É vedada a acumulação de pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de
previdência social com pensão por morte concedida por outro regime de previdência social.
III - É permitida a acumulação de pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro do RGPS com
aposentadoria do mesmo regime e de regime próprio de previdência social, garantindo-se o
recebimento do valor integral do benefício mais vantajoso.

15
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I, apenas.
b) I e II.
c) II e III.
d) III, apenas.

COMENTÁRIOS:
I - É vedada a cumulação da pensão por morte de trabalhador rural com o benefício da aposentadoria
por incapacidade permanente, uma vez que ambos os casos apresentam pressupostos fáticos e fatos
geradores análogos.
Assertiva incorreta. Enquanto aposentadorias possuem como beneficiários os próprios segurados,
pensão por morte e o auxílio-reclusão possuem como beneficiários os dependentes. Assim sendo, nestes
casos não há que se falar em proibição de cumulação.

A pensão por morte, portanto, pode ser acumulada com aposentadoria, pois são benefícios com
pressupostos fáticos e fatos geradores diversos, sem vedação na legislação previdenciária.

II - É vedada a acumulação de pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de
previdência social com pensão por morte concedida por outro regime de previdência social.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 167-A, I, do Decreto 3.048/99, será admitida a acumulação de
pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro do RGPS com pensão por morte concedida por
outro regime de previdência social.

III - É permitida a acumulação de pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro do RGPS com
aposentadoria do mesmo regime e de regime próprio de previdência social, garantindo-se o
recebimento do valor integral do benefício mais vantajoso.
Assertiva correta. Art. 167-A, II e § 1º do Decreto 3.048/99.

Gabarito: D

7 - Direito Adquirido
Merece destaque a menção feita no caput do art. 124 da Lei n. 8.213/91 às situações de direito
adquirido. Isto porque, como é cediço, a concessão e manutenção de benefícios previdenciários deve
observar princípio tempus regit actum, de modo que deverá ser respeitado o direito adquirido à
acumulação, na hipótese de o segurado ou dependente ter acumulado benefícios que, posteriormente,

16
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

passaram a não mais poder ser acumulados, devendo a possibilidade ou não de acumulação ser
verificada de acordo com as regras vigentes à época de sua ocorrência.

8 - Acumulação de Salário com Benefício Previdenciário


• Salvo nos casos de aposentadoria por incapacidade permanente, o retorno do aposentado à
atividade não prejudica o recebimento de sua aposentadoria, que será mantida no seu valor
integral.
• O recebimento de salário não prejudicará o recebimento do auxílio-acidente.
• É permitido ao segurado acumular o recebimento de salário e salário-família. Tal acúmulo faz
parte da própria essência do salário-família.
• A acumulação do BPC/LOAS com a remuneração advinda do contrato de aprendizagem pela
pessoa com deficiência é permitida, porém está limitada ao prazo máximo de 2 anos.
• Por outro lado, é vedado o recebimento concomitante de salários com:
o Auxílio por incapacidade temporária;
o Auxílio-maternidade;
o Auxílio-reclusão; e
o Aposentadoria por incapacidade permanente.

9 - Acumulação de Benefícios do RGPS com Benefício do RPPS


• Não existe na legislação previdenciária proibição à acumulação de aposentadorias em regimes
distintos (uma no RGPS e outra no RPPS), desde que sejam computados os tempos de contribuição
realizados em atividades concomitantes em cada sistema previdenciário, com a respectiva
contribuição para cada regime.
• Não há óbice, em princípio, ao recebimento de duas pensões por morte, ambas decorrentes de
falecimento de cônjuge ou companheiro, desde que sejam oriundas de regimes previdenciários
distintos, observados os limites de acumulação apresentados acima.

17
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(CESPE - Defensor - Defensoria Pública do Estado de Pernambuco - 2015).


Julgue o item abaixo, relativo a regimes previdenciários.
Segundo a legislação, é vedado ao segurado receber mais de uma aposentadoria do RGPS. Entretanto,
não há impedimento a que o segurado receba aposentadoria desse regime e aposentadoria por tempo
de contribuição do serviço público.
( ) CERTO
( ) ERRADO

COMENTÁRIOS:
De fato, a assertiva está correta. Não existe na legislação previdenciária proibição à acumulação de
aposentadorias em regimes distintos (uma no RGPS e outra no RPPS, por exemplo), desde que sejam
computados os tempos de serviços realizados em atividades concomitantes em cada sistema
previdenciário, com a respectiva contribuição para cada regime. Ademias, nota-se claramente que não
há transgressão a lei ao receber até três aposentadorias, desde que sejam de regimes diferenciados
(RGPS, RPPS e Previdência Complementar).

Gabarito: CORRETO

10 - Observações acerca da Acumulação de Benefícios

Observação 1: É vedada a acumulação de mais de uma pensão por morte deixada por
cônjuge ou companheiro(a), facultado ao dependente optar pela mais vantajosa (exceto se o
óbito tenha ocorrido até 28/04/1995, véspera da publicação da Lei nº 9.032/95, período em
que era permitida a acumulação). Nada impede, contudo, a acumulação de mais de uma
pensão por morte em outros casos, como, por exemplo, recebimento de pensão na
qualidade de cônjuge e outra na qualidade de filho do segurado.

Observação 2: Somente será vedada a acumulação do auxílio-acidente com auxílio por


incapacidade temporária (auxílio-doença), quando decorrentes da mesma causa. Se
forem decorrentes de causas distintas, a acumulação será permitida.

18
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Observação 3: É vedada a pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro(a) com
auxílio-reclusão de outro cônjuge ou companheiro (a), para evento ocorrido a partir de
29/04/1995, data da publicação da Lei nº 9.032/1995. Neste caso, o requerente poderá
optar pelo benefício que tiver o valor mais vantajoso, ressaltando a impossibilidade de
reativação da pensão, após a assinatura do termo de opção. Nada impede, contudo, a
acumulação de pensão por morte com auxílio-reclusão em outros casos, como, por
exemplo, recebimento de pensão na qualidade de cônjuge e auxílio-reclusão na
qualidade de filho do segurado.

Observação 4: É vedada a acumulação de mais de um auxílio-reclusão de instituidor cônjuge


ou companheiro, para evento ocorrido a partir de 29 de abril de 1995, data da publicação da
Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995, facultado o direito de opção pelo mais vantajoso. Nada
impede, contudo, a acumulação mais de auxílio-reclusão em outros casos, como, por
exemplo, recebimento de auxílio-reclusão na qualidade de cônjuge e auxílio-reclusão
na qualidade de filho do segurado.

Observação 5: O segurado recluso, ainda que exerça atividade remunerada na unidade


prisional, somente poderá contribuir como segurado facultativo e não poderá acumular o
benefício de auxílio-reclusão pago aos dependentes com auxílio por incapacidade
temporária (auxílio-doença) do mesmo instituidor que se encontra preso.

Observação 6: a partir de 23/01/2014, data do início da vigência do artigo 71-B da Lei nº


8.213/1991, o salário-maternidade que seria devido ao cidadão(ã) que veio a óbito, poderá
ser pago ao cônjuge ou companheiro(a) sobrevivente, mesmo que de forma concomitante
com a pensão por morte daquele que faleceu, não ficando caracterizado neste caso uma
acumulação indevida.

MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO


1 - Período de Graça
1.1 - Conceito
Como já estudado, a previdência social brasileira possui caráter contributivo e compulsório, exigindo-
se o pagamento de contribuições previdenciárias para a ocorrência de sua filiação e manutenção como
segurado. Assim sendo, para o segurado obrigatório manter sua qualidade de segurado, deverá exercer

19
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

atividade remunerada, reconhecida como de filiação obrigatória ao RGPS e, no caso do segurado


facultativo, enquanto estiver recolhendo suas contribuições previdenciárias.
Outrossim, também estudamos um importante princípio aplicado à Seguridade Social brasileira, que
serve como pedra fundamental do nosso regime previdenciário: o Princípio da Solidariedade. Assim
sendo, quem contribui para a Seguridade Social não o faz apenas para si, mas para toda a sociedade.
Desta forma, não seria justo que no momento de maior dificuldade financeira, principalmente após
perder o emprego ou deixar de exercer sua atividade laborativa por qualquer outra razão, acarretando
a cessação das contribuições, perdesse imediatamente a condição de segurado.
Para ajustar esta situação, o art. 15 da Lei 8.213/91 (bem como o art. 13 do Regulamento da Previdência
Social – RPS) prevê lapsos temporais nas quais o segurado, mesmo sem exercer atividade
remunerada e sem verter contribuições ao fundo previdenciário, mantém a qualidade de
segurado.
Para tal período, em que o segurado mantém esta qualidade mesmo sem trabalhar e sem recolher
contribuições, a doutrina denomina período de graça ou manutenção extraordinária da qualidade
de segurado.

Período de Graça

Período em que uma pessoa filiada à previdência social


mantém sua qualidade de segurado, independentemente
do recolhimento de contribuições.
Durante o período de graça, seus direitos previdenciários
são preservados. Contudo, o salário-família cessa
automaticamente pelo desemprego do segurado.
Só se pode manter a qualidade de segurado,
se você for segurado.

2 - Prazos de Manutenção da Qualidade de Segurado


2.1 - Fundamentação Legal

20
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

De acordo com o art. 13 do Decreto nº 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social), com a redação
dada pelo Decreto nº 10.410/2020, mantém a qualidade de segurado, independentemente de
contribuições, pelos seguintes prazos e nas seguintes circunstâncias:
Art. 13. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:
I - sem limite de prazo, o segurado que estiver em gozo de benefício, exceto na hipótese de auxílio-acidente;
II - até doze meses após a cessação de benefício por incapacidade ou das contribuições, observado o
disposto nos § 7º e § 8º e no art. 19-E;
III - até doze meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória;
IV - até doze meses após o livramento, o segurado detido ou recluso;
V - até três meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço
militar; e
VI - até seis meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo.
§ 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até vinte e quatro meses, se o segurado já tiver pago mais
de cento e vinte contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.
§ 2º O prazo do inciso II ou do § 1º será acrescido de doze meses para o segurado desempregado, desde
que comprovada essa situação por registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e Emprego.
§ 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a previdência social.
§ 4º Aplica-se o disposto no inciso II do caput e no § 1º ao segurado que se desvincular de regime próprio de
previdência social.
§ 5º A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão das aposentadorias por tempo
de contribuição e especial.
§ 6º Aplica-se o disposto no § 5º à aposentadoria por idade, desde que o segurado conte com, no mínimo, o
número de contribuições mensais exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício.
§ 7º Para o contribuinte individual, o período de manutenção da qualidade de segurado inicia-se no
primeiro dia do mês subsequente ao da última contribuição com valor igual ou superior ao salário-
mínimo.
§ 8º O segurado que receber remuneração inferior ao limite mínimo mensal do salário de contribuição
somente manterá a qualidade de segurado se efetuar os ajustes de complementação, utilização e
agrupamento a que se referem o § 1º do art. 19-E e o § 27-A do art. 216.
Art. 14. O reconhecimento da perda da qualidade de segurado no termo final dos prazos fixados no art. 13
ocorrerá no dia seguinte ao do vencimento da contribuição do contribuinte individual relativa ao mês
imediatamente posterior ao término daqueles prazos.

21
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2.2 - Cessação de Benefício por Incapacidade ou Cessação das Contribuições

O segurado do RGPS mantém sua qualidade de segurado, independentemente do recolhimento de


contribuições, até 12 meses após a cessação de benefício por incapacidade ou após a cessação das
contribuições (período de graça).
Tal prazo será prorrogado para até 24 meses, se o segurado já tiver pago mais de 120 contribuições
mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.
Quaisquer dos prazos acima (seja 12 meses ou 24 meses, conforme o caso), serão acrescidos de mais
12 meses para o segurado desempregado, desde que comprovado o desemprego involuntário por
registro no órgão próprio da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério do Trabalho e
Previdência, podendo comprovar tal condição, dentre outras formas:
• por comprovação do recebimento do seguro-desemprego; ou
• pela inscrição cadastral no Sistema Nacional de Emprego - SINE, órgão responsável pela política
de emprego nos Estados da federação.

Apesar do INSS não aceitar outros meios de prova, a Turma Nacional de Uniformização – TNU,
competente para processar e julgar pedido de uniformização de interpretação de lei federal, editou o
enunciado de Súmula 27, aduzindo que “A ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho
não impede a comprovação do desemprego por outros meios admitidos em Direito”. Segundo o
STJ, admite-se, inclusive, prova testemunhal.
O STJ também tem entendido que a ausência de anotação laboral na carteira de trabalho do segurado
não é suficiente para comprovar sua situação de desemprego, uma vez que a ausência de anotação
na CTPS não afasta possível exercício de atividade remunerada na informalidade.

Observação 1: Somente serão consideradas as competências cujo salário de contribuição seja igual ou
superior ao limite mínimo mensal do salário de contribuição.

22
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Observação 2: O segurado que receber remuneração inferior ao limite mínimo mensal do salário de
contribuição somente poderá computar tais competências para manter a qualidade de segurado se
efetuar os ajustes de complementação, utilização e agrupamento.
Resumidamente, podemos afirmar que o período de graça do segurado que deixar de contribuir ou
após a cessação de benefício por incapacidade será de:

• 12 meses:
o caso o segurado não tenha mais de 120 contribuições mensais.

• 24 meses:
o se o segurado já tiver pago mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que
acarrete a perda da qualidade de segurado; ou
o caso o segurado não tenha mais de 120 contribuições, porém comprove que permanece
em situação de desemprego involuntário.

• 36 meses:
o se o segurado já tiver pago mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que
acarrete a perda da qualidade de segurado e comprove, também, que permanece em
situação de desemprego involuntário.

Após a cessação do benefício por incapacidade


Até
12 meses
Após a cessação das contribuições

Somente serão consideradas as competências cujo salário de contribuição seja


igual ou superior ao limite mínimo mensal do salário de contribuição.
O segurado que receber remuneração inferior ao limite mínimo mensal do salário
de contribuição somente manterá a qualidade de segurado se efetuar os ajustes
de complementação, utilização e agrupamento.

se recolhidas até 120 contribuições mensais sem interrupção


que acarrete a perda da qualidade de segurado.

23
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Após a cessação do benefício por incapacidade


Até
24 meses
Após a cessação das contribuições

se recolhidas mais de 120 contribuições mensais sem


Interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.

Segurado desempregado
(Desemprego involuntário)
+
12 meses Comprovada a situação pelo registro no órgão próprio da
Secretaria Especial da Previdência e Trabalho do Ministério da Economia
Exemplo: inscrição cadastral no Sistema Nacional de Emprego - SINE,
seguro desemprego ou por outros meios admitidos em direito.

se recolhidas até 120 contribuições mensais


até 24 meses sem interrupção que acarrete a perda da
(12 meses + 12 meses) qualidade de segurado e comprovar que está
involuntariamente desempregado

se recolhidas mais de 120 contribuições mensais


até 36 meses sem interrupção que acarrete a perda da
(24 meses + 12 meses) qualidade de segurado e comprovar que
está involuntariamente desempregado

24
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Jurandir, filiado ao RGPS há doze anos, foi demitido do emprego em agosto de 2022, interrompendo o
recolhimento das contribuições sociais. Acerca da situação proposta, julgue as assertivas abaixo:
I - Jurandir manterá a qualidade de segurado até a readmissão em novo emprego, desde que esta ocorra
no prazo de quarenta e oito meses.
II - Jurandir perderá a qualidade de segurado se não voltar a contribuir para o regime geral de
previdência social, ainda que como facultativo, em até cento e oitenta dias após a demissão.
III - Jurandir perdeu a qualidade de segurado, automaticamente, na data da demissão, se esta ocorreu
por justa causa.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) I e II.
c) II e III.
d) Todas estão incorretas.

COMENTÁRIOS:
I - Jurandir manterá a qualidade de segurado até a readmissão em novo emprego, desde que esta ocorra
no prazo de quarenta e oito meses.
Assertiva incorreta. Conforme podemos conferir no enunciado, Jurandir já contribui por 12 anos
(tendo recolhido, portanto, mais de 120 contribuições) e, por tal razão, tem o direito a um período de
graça de 24 meses. Caso seja comprovada a situação de desemprego involuntário ele tem direito a 36
meses de período de graça. Em nenhum caso manterá sua qualidade de segurado por 48 meses, nos
termos do art. 15 e §§ 1º e 2º da lei 8.212/91.

II - Jurandir perderá a qualidade de segurado se não voltar a contribuir para o regime geral de
previdência social, ainda que como facultativo, em até cento e oitenta dias após a demissão.
Assertiva incorreta. Conforme podemos conferir no enunciado, Jurandir já contribui por 12 anos
(tendo recolhido, portanto, mais de 120 contribuições). Desta forma, tem o direito a um período de
graça de 24 meses e, caso seja comprovada a situação de desemprego involuntário, ele terá direito a 36
meses de período de graça. Assim sendo, não existe a obrigatoriedade de Jurandir contribuir para o
RGPS dentro de 180 dias após sua demissão para manter a qualidade de segurado, nos termos do art.
15 e §§ 1º e 2º da lei 8.212/91.

III - Jurandir perdeu a qualidade de segurado, automaticamente, na data da demissão, se esta ocorreu
por justa causa.
Assertiva incorreta. Conforme podemos conferir no enunciado, Jurandir já contribui por 12 anos
(tendo recolhido, portanto, mais de 120 contribuições). Desta forma, tem o direito a um período de
graça de 24 meses. No caso em questão, Jurandir não perderá sua qualidade de segurado na data de sua

25
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

demissão, pois, mesmo sendo demitido por justa causa, manterá a qualidade de segurado durante o
período de graça, nos termos do art. 15 e § 1º da lei 8.212/91.

Gabarito: D

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


A respeito do regramento do RGPS sobre manutenção da qualidade de segurado, analise as assertivas
abaixo:
I - Empregado demitido de determinada empresa após ter contribuído por quinze anos de serviço
manterá a qualidade de segurado por até trinta e seis meses, caso comprove a situação de desemprego
em órgão próprio da previdência social
II - Em agosto de 2021, depois de pagar ininterruptamente por mais de dez anos contribuições mensais
à previdência social, Joana foi demitida da empresa onde trabalhava como vendedora e, desde então,
ela não recolheu contribuições para a previdência social. Em face dessa situação hipotética, é correto
afirmar que, em abril de 2023, Joana ainda mantinha a qualidade de segurada.
III - Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, o segurado obrigatório,
por até 48 meses após a cessação das contribuições.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - Empregado demitido de determinada empresa após ter contribuído por quinze anos de serviço
manterá a qualidade de segurado por até trinta e seis meses, caso comprove a situação de desemprego
em órgão próprio da previdência social.
Assertiva correta. Conforme podemos conferir no enunciado, caso o segurado já tenha contribuído por
15 anos (portanto, mais de 120 meses) terá direito a um período de graça de 24 meses e, caso seja
comprovada a situação de desemprego, ele tem direito a uma prorrogação de mais 12 meses,
totalizando 36 meses de período de graça, nos termos do art. 15 e §§ 1º e 2º da lei 8.212/91..

II - Em agosto de 2021, depois de pagar ininterruptamente por mais de dez anos contribuições mensais
à previdência social, Joana foi demitida da empresa onde trabalhava como vendedora e, desde então,
ela não recolheu contribuições para a previdência social. Em face dessa situação hipotética, é correto
afirmar que, em abril de 2023, Joana ainda mantinha a qualidade de segurada.
Assertiva correta. Conforme podemos conferir no enunciado, Joana já contribui há mais de 10 anos
(ou seja, já possui mais de 120 contribuições mensais recolhidas ininterruptamente). Assim sendo,

26
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Maria tem o direito a um período de graça de 24 meses e, caso seja comprovada a situação de
desemprego, ela tem direito a uma prorrogação de mais 12 meses, totalizando 36 meses de período de
graça. Desta forma, é correto afirmar que, em abril de 2023, Joana ainda mantinha a qualidade de
segurada, mesmo que não comprove a situação de desemprego e não faça jus à prorrogação por mais
12 meses, nos termos do art. 15 e § 1º da lei 8.212/91.

III - Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, o segurado obrigatório,


por até 48 meses após a cessação das contribuições.
Assertiva incorreta. O período de graça do segurado obrigatório, após cessar suas contribuições,
poderá ser de 12, 24 ou 36 meses, conforme o caso. Não existe previsão de período de graça de 48 meses
nas hipóteses previstas na legislação, nos termos do art. 15 e §§ 1º e 2º da lei 8.212/91.

Gabarito: B

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Em relação a manutenção e perda da qualidade de segurado, analise as assertivas abaixo:
I - Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, por até trinta e seis meses,
o segurado desempregado, desde que tal situação esteja comprovada por registro no Ministério do
Trabalho e Previdência ou outro meio admitido e tenham sido vertidas mais de 120 contribuições sem
interrupção que tenha acarretado a perda da qualidade de segurado.
II - A qualidade de segurado da Previdência Social é mantida, independentemente de contribuições por
até 24 meses após a cessação das contribuições, para o segurado que deixar de exercer atividade
remunerada abrangida pela Previdência Social.
III - Josias já pagou mais de 120 contribuições mensais, ininterruptas, à Previdência Social. Encontra-se
cadastrado no órgão próprio do Ministério do Trabalho e Previdência. Josias está desempregado de
forma involuntária há vinte e seis meses. Em face desta situação, Josias não ostenta mais a qualidade de
segurado da Previdência Social.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, por até trinta e seis meses,
o segurado desempregado, desde que tal situação esteja comprovada por registro no Ministério do
Trabalho e Previdência ou outro meio admitido e tenham sido vertidas mais de 120 contribuições sem
interrupção que tenha acarretado a perda da qualidade de segurado.

27
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva correta. Para o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela
Previdência Social, manterá a qualidade de segurado (período de graça), por até 12 meses,
independentemente do recolhimento de contribuições.
Tal prazo será aumentado para 24 meses, pois o segurado já pagou mais de 120 contribuições mensais
sem interrupção que tenha acarretado a perda da qualidade de segurado.
O prazo de 24 meses será acrescido de mais 12 meses por se tratar de segurado desempregado, uma
vez que tenha comprovado essa situação por registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e
Previdência.
Assim sendo, mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, por até trinta e
seis meses, o segurado da questão em análise, nos termos do art. 15 e §§ 1º e 2º da lei 8.212/91.

II - A qualidade de segurado da Previdência Social é mantida, independentemente de contribuições por


até 24 meses após a cessação das contribuições, para o segurado que deixar de exercer atividade
remunerada abrangida pela Previdência Social.
Assertiva incorreta. Para o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela
Previdência Social, manterá a qualidade de segurado (período de graça), por até 12 meses,
independentemente do recolhimento de contribuições. Tal prazo somente será aumentado para 24
meses caso o segurado tenha pago mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que tenha
acarretado a perda da qualidade de segurado, nos termos do art. 15 e § 1º da lei 8.212/91.

III - Josias já pagou mais de 120 contribuições mensais, ininterruptas, à Previdência Social. Encontra-se
cadastrado no órgão próprio do Ministério do Trabalho e Previdência. Josias está desempregado de
forma involuntária há vinte e seis meses. Em face desta situação, Josias não ostenta mais a qualidade de
segurado da Previdência Social.
Assertiva incorreta. Conforme podemos conferir no enunciado, Josias já pagou mais de 120
contribuições mensais sem interrupção. Por tal razão, já teria direito a 24 meses de manutenção na
qualidade de segurado. No entanto, como comprovou situação de desemprego involuntário, este prazo
será prorrogado por mais 12 meses, totalizando 36 meses de período de graça. Como Josias está
desempregada há 26 meses, ainda mantém sua qualidade de segurado, nos termos do art. 15 e §§ 1º e
2º da lei 8.212/91.

Gabarito: A

28
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2.3 - Segurado em gozo de benefício

Para os segurados em gozo de benefício (exceto do auxílio-acidente), o período de graça, com a


respectiva manutenção da qualidade de segurado, independentemente do recolhimento de
contribuições, não terá limite de prazo.

Exemplo 1: Teobaldo está há 10 anos recebendo aposentadoria sem recolher qualquer


contribuição. Neste caso, caso venha a falecer, seus dependentes terão direito a pensão por
morte, pois Teobaldo manteve sua qualidade de segurado, apesar de estar, no exemplo
acima, há 10 anos sem recolher qualquer contribuição.

Exemplo 2: Josephina é psicóloga e está afastada de suas atividades profissionais há 3 anos,


por motivo de um acidente, causando incapacidade temporária para o trabalho. Josephina
está afastada do trabalho e recebendo auxílio por incapacidade temporária (auxílio-doença),
sem recolher qualquer contribuição previdenciária neste período. Neste caso, apesar de
estar sem recolher contribuições há 3 anos, Josephina mantém a qualidade de segurada, sem
limite de prazo, pois está em gozo de benefício previdenciário.

Após a cessação do benefício por incapacidade, como já estudamos, o segurado em gozo de benefício
manterá a qualidade de segurado (período de graça), independentemente de contribuições, por mais
12 meses. Ou seja, manterá a qualidade de segurado por todo o período em que esteve em gozo de
benefício e ainda pelos próximos 12 meses, após a cessação do respectivo benefício.
Tal prazo poderá ser aumentado para 24 meses após a cessação do benefício por incapacidade, se
o segurado já tiver pago mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda
da qualidade de segurado.
Quaisquer dos prazos acima (seja 12 meses ou 24 meses, conforme o caso), serão acrescidos de mais
12 meses para o segurado involuntariamente desempregado, desde que comprovada essa situação
por registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e Previdência, podendo comprovar tal
condição, dentre outras formas:
• por comprovação do recebimento do seguro-desemprego; ou
• pela inscrição cadastral no Sistema Nacional de Emprego - SINE, órgão responsável pela política
de emprego nos Estados da federação.

29
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Apesar do INSS não aceitar outros meios de prova, a Turma Nacional de Uniformização – TNU editou o
enunciado de Súmula 27, aduzindo que “A ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não
impede a comprovação do desemprego por outros meios admitidos em Direito”. Segundo o STJ, admite-
se, inclusive, prova testemunhal.
O STJ também tem entendido que a ausência de anotação laboral na carteira de trabalho do segurado
não é suficiente para comprovar sua situação de desemprego, uma vez que a ausência de anotação na
CTPS não afasta possível exercício de atividade remunerada na informalidade.

Exemplo: No exemplo anterior, Josephina manteve sua qualidade de segurada durante todo
o período em que esteve em gozo de benefício (recebendo auxílio por incapacidade
temporária), independentemente do prazo de duração do benefício. Outrossim, assim que
cessar seu benefício, Josephina manterá sua qualidade de segurada por mais 12 meses,
independentemente do recolhimento de qualquer contribuição previdenciária neste
período. No entanto, se Josephina já tiver pago, durante sua vida, mais de 120 contribuições
mensais, sem interrupção que tenha acarretado a perda da sua qualidade de segurada,
manterá sua qualidade de segurada por 24 meses após a cessação do benefício por
incapacidade, independentemente do recolhimento de qualquer contribuição
previdenciária neste período. Se Josephina não estiver recolhendo contribuições por
situação de desemprego comprovado, seu período de graça, em quaisquer das situações
acima, será ampliado em mais 12 meses.

Resumidamente, podemos afirmar que o período de graça do segurado em gozo ou após a cessação do
benefício por incapacidade poderá ser:

• Sem limite de prazo:


o Caso o segurado esteja em gozo de benefício (exceto do auxílio-acidente).

• 12 meses após a cessação do benefício por incapacidade:


o caso o segurado não tenha mais de 120 contribuições mensais.

• 24 meses após a cessação do benefício por incapacidade:

30
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

o caso o segurado tenha mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que acarrete
a perda da qualidade de segurado; ou
o caso o segurado tenha 120 contribuições mensais ou menos, mas comprove que
permanece em situação de desemprego após a cessação do benefício por incapacidade.

• 36 meses após a cessação do benefício por incapacidade:


o caso o segurado tenha mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que acarrete
a perda da qualidade de segurado e comprove, também, que permanece em situação de
desemprego após a cessação do benefício por incapacidade.

M antém a qualidade de segurado,


sem limite de prazo

quem está em gozo de benefício

exceto auxílio-acidente

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto a manutenção e perda da qualidade de segurado, analise as assertivas abaixo:
I - Juarez, filiado ao RGPS há mais de dez anos, foi demitido do emprego em agosto de 2022,
interrompendo o recolhimento das contribuições sociais. Nesse caso, Juarez manterá a qualidade de
segurado, sem limite de prazo, se estiver em gozo de auxílio por incapacidade temporária.
II - O segurado que estiver em gozo de benefício, exceto auxílio-acidente, manterá a qualidade de
segurado pelo período equivalente ao seu tempo de contribuição.
III - O trabalhador que, em razão de estar incapacitado para o trabalho, deixar de contribuir para a
previdência social por mais de doze meses consecutivos perderá a qualidade de segurado, pois
incapacidade não é hipótese legalmente prevista para a manutenção da qualidade de segurado do
trabalhador que deixe de exercer atividade remunerada.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

31
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

COMENTÁRIOS:
I - Juarez, filiado ao RGPS há mais de dez anos, foi demitido do emprego em agosto de 2022,
interrompendo o recolhimento das contribuições sociais. Nesse caso, Juarez manterá a qualidade de
segurado, sem limite de prazo, se estiver em gozo de auxílio por incapacidade temporária.
Assertiva correta. Nos termos do art. 15, I, da lei 8.213/91. mantém a qualidade de segurado,
independentemente de contribuições, sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exceto do
auxílio-acidente.

II - O segurado que estiver em gozo de benefício, exceto auxílio-acidente, manterá a qualidade de


segurado pelo período equivalente ao seu tempo de contribuição.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 15, I, da lei 8.213/91. mantém a qualidade de segurado,
independentemente de contribuições, sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exceto do
auxílio-acidente. Não há qualquer previsão de que o segurado manterá a qualidade de segurado pelo
período equivalente ao seu tempo de contribuição.

III - O trabalhador que, em razão de estar incapacitado para o trabalho, deixar de contribuir para a
previdência social por mais de doze meses consecutivos perderá a qualidade de segurado, pois
incapacidade não é hipótese legalmente prevista para a manutenção da qualidade de segurado do
trabalhador que deixe de exercer atividade remunerada.
Assertiva incorreta. Conforme podemos conferir no enunciado, o segurado deixou de contribuir por
mais de 12 meses consecutivos em razão de sua incapacidade. Ora, neste caso, o segurado incapacitado
para o trabalho estará em gozo de benefício por incapacidade. Assim sendo, manterá sua qualidade de
segurado, independentemente de contribuições, sem limite de prazo, nos termos do art. 15, I, da lei
8.213/91.

Gabarito: A

2.4 - Segurado acometido de doença de segregação compulsória

O segurado acometido de doença de segregação compulsória manterá a qualidade de segurado


(período de graça) por mais 12 meses após cessar a segregação, independentemente do recolhimento
de contribuições.

32
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

No entanto, o segurado acometido de doença de segregação compulsória, manterá a qualidade de


segurado sem limite de prazo, enquanto estiver em gozo de benefício por incapacidade decorrente da
sua doença de segregação compulsória. O prazo de 12 meses será contato após a cessar a segregação.
Considera-se doença de segregação compulsória aquela em que se faz necessário isolamento
obrigatório do enfermo, com seu afastamento do convívio social, para evitar risco de contaminação e
risco à saúde pública.
Resumidamente, podemos afirmar que o período de graça do segurado acometido de doença de
segregação compulsória será:

• Sem limite de prazo:


o Enquanto o segurado estiver em segregação compulsória e, consequentemente, em gozo
de benefício.

• 12 meses:
o após a cessação da segregação compulsória.

Até
Após cessar a segregação
12 meses

No caso de segurado acometido de


doença de segregação compulsória

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca da manutenção e perda da qualidade de segurado, analise as assertivas abaixo:
I - Manterá a condição de segurado, pelo máximo de até dezoito meses após cessar a segregação, o
segurado acometido de doença de segregação compulsória.
II - Conforme previsão contida no Plano de Benefícios da Previdência Social, mantém a qualidade de
segurado, independente de contribuições, até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado
acometido de doença de segregação compulsória.
III - Poliana passou a integrar, pela primeira vez, o RGPS, na condição de segurada, quando se empregou
em empresa privada em agosto de 2015. Desde janeiro de 2023, adoecida, goza de auxílio por
incapacidade temporária. Assim sendo, a manutenção de sua condição de segurada não ultrapassará 12
meses, enquanto perdurar sua segregação, em razão de ter sido acometido por doença de segregação
compulsória.

Estão corretas as seguintes assertivas:


33
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

a) I.
b) II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - Manterá a condição de segurado, pelo máximo de até dezoito meses após cessar a segregação, o
segurado acometido de doença de segregação compulsória.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 15, II, da lei 8.213/91, mantém a qualidade de segurado,
independentemente de contribuições, por até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado
acometido de doença de segregação compulsória.

II - Conforme previsão contida no Plano de Benefícios da Previdência Social, mantém a qualidade de


segurado, independente de contribuições, até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado
acometido de doença de segregação compulsória.
Assertiva correta. Nos termos do art. 15, II, da lei 8.213/91, mantém a qualidade de segurado,
independentemente de contribuições, por até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado
acometido de doença de segregação compulsória.

III - Poliana passou a integrar, pela primeira vez, o RGPS, na condição de segurada, quando se empregou
em empresa privada em agosto de 2015. Desde janeiro de 2023, adoecida, goza de auxílio por
incapacidade temporária. Assim sendo, a manutenção de sua condição de segurada não ultrapassará 12
meses, enquanto perdurar sua segregação, em razão de ter sido acometido por doença de segregação
compulsória.
Assertiva incorreta. Poliana mantém sua qualidade de segurada por até 12 meses após cessar a
segregação, por estar acometido de doença de segregação compulsória. Enquanto perdurar a
segregação, manterá a qualidade de segurado sem limite de prazo, e não apenas por 12 meses. O prazo
de 12 meses será contato após cessar a segregação compulsória, nos termos do art. 15, II, da lei
8.213/91.

Gabarito: B

34
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2.5 - Segurado detido ou recluso

O segurado detido ou recluso (que já era segurado do RGPS antes de ser preso) manterá a qualidade
de segurado (período de graça) por mais 12 meses após o livramento, independentemente do
recolhimento de contribuições.
No entanto, durante o período em que estiver preso, manterá a qualidade de segurado sem limite de
prazo. O prazo de 12 meses será contato a partir do livramento.
Resumidamente, podemos afirmar que o período de graça do segurado detido ou recluso será:

• Sem limite de prazo:


o Enquanto o segurado estiver preso.

• 12 meses:
o após o livramento.

Até
Após o livramento
12 meses

No caso de segurado detido ou recluso

35
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca da manutenção e perda da qualidade de segurado, analise as assertivas abaixo:
I - Renan, que era empregado filiado ao RGPS e recebia um salário-mínimo de seu empregador, foi
demitido e, 60 dias depois, condenado à pena de prisão em regime fechado. Considerando essa situação
hipotética, podemos afirmar que, assim que Renan terminar de cumprir a pena, deixará de ser segurado
da previdência social.
II - Manterá a condição de segurado, pelo máximo de até três meses após o livramento, o segurado retido
ou recluso.
III - A qualidade de segurado da Previdência Social é mantida, independentemente de contribuições, até
12 meses após o livramento, para o segurado retido ou recluso.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I.
b) I e II.
c) II e III.
d III.

COMENTÁRIOS:
I - Renan, que era empregado filiado ao RGPS e recebia um salário-mínimo de seu empregador, foi
demitido e, 60 dias depois, condenado à pena de prisão em regime fechado. Considerando essa situação
hipotética, podemos afirmar que, assim que Renan terminar de cumprir a pena, deixará de ser segurado
da previdência social.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 15, IV, da Lei 8.213/91, mantém a qualidade de segurado,
independentemente de contribuições, até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou
recluso. Notem ainda que, mesmo ele tendo sido demitido 30 dias antes de ir à prisão, ainda mantinha
a sua condição de segurado, conforme prevê o inciso II do mesmo artigo 15 em questão.

II - Manterá a condição de segurado, pelo máximo de até três meses após o livramento, o segurado retido
ou recluso.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 15, IV, da Lei 8.213/91, mantém a qualidade de segurado,
independentemente de contribuições, até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou
recluso.

III - A qualidade de segurado da Previdência Social é mantida, independentemente de contribuições, até


12 meses após o livramento, para o segurado retido ou recluso.
Assertiva correta. Art. 15, II, da lei 8.213/91.

Gabarito: D

36
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2.6 - Segurado incorporado às forças armadas para prestar serviço militar

O segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar (que já era segurado do
RGPS antes de ser incorporado às Forças Armadas) manterá a qualidade de segurado (período de graça)
por mais 3 meses após o licenciamento, independentemente do recolhimento de contribuições.
No entanto, durante o período em que estiver incorporado às Forças Armadas para prestar serviço
militar, manterá a qualidade de segurado sem limite de prazo. O prazo de 3 meses será contato a partir
do licenciamento.
Trata-se aqui da prestação do serviço militar obrigatório, suspendendo-se o curso do contrato de
trabalho a partir da data em que o trabalhador se afasta do trabalho para servir. Durante este período
em que esteja prestando o serviço militar, o trabalhador mantém seus direitos trabalhistas e
previdenciários.
Resumidamente, podemos afirmar que o período de graça do segurado incorporado às Forças
Armadas para prestar serviço militar será:

• Sem limite de prazo:


o Enquanto o segurado estiver incorporado.

• 3 meses:
o após o licenciamento.

Até
Após o licenciamento
3 meses

No caso de segurado incorporado às forças


armadas para prestar serviço militar

37
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca da manutenção e perda da qualidade de segurado, analise as assertivas abaixo:
I - Manterá a condição de segurado, pelo máximo de até seis meses após o licenciamento, o segurado
incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar.
II - Conforme previsão contida na Lei no 8.213/91, mantém a qualidade de segurado, independente de
contribuições, por até três meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para
prestar o serviço militar.
III - Mantém a qualidade de segurado da Previdência Social, independentemente de contribuições, até
doze meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço
militar.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - Manterá a condição de segurado, pelo máximo de até seis meses após o licenciamento, o segurado
incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 15, V, da Lei 8.213/91, mantém a qualidade de segurado,
independentemente de contribuições, até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado
às Forças Armadas para prestar serviço militar.

II - Conforme previsão contida na Lei no 8.213/91, mantém a qualidade de segurado, independente de


contribuições, por até três meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para
prestar o serviço militar.
Assertiva correta. Art. 15, V, da Lei 8.213/91.

III - Mantém a qualidade de segurado da Previdência Social, independentemente de contribuições, até


doze meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço
militar.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 15, V, da Lei 8.213/91, mantém a qualidade de segurado,
independentemente de contribuições, até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado
às Forças Armadas para prestar serviço militar.

Gabarito: B

38
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2.7 - Segurado facultativo

O segurado facultativo manterá a qualidade de segurado (período de graça) por até 6 meses após a
cessação das contribuições.
Ou seja, o segurado facultativo poderá atrasar suas contribuições previdenciárias por até 6 meses
consecutivos e ainda manterá sua qualidade de segurado. No entanto, se atrasar suas contribuições
previdenciárias por 7 meses consecutivos perderá sua qualidade de segurado.
Nos termos da IN INSS 77/2015, art. 137 §7º, o segurado facultativo, após a cessação de benefícios por
incapacidade e salário-maternidade, manterá a qualidade de segurado pelo prazo de 12 meses.
Nos termos da IN INSS 77/2015, art. 137 §8º, o segurado obrigatório que, durante o gozo de período de
graça (12, 24 ou 36 meses, conforme o caso), se filiar ao RGPS na categoria de facultativo, ao deixar de
contribuir como facultativo, terá direito de usufruir o período de graça de sua condição anterior, se mais
vantajoso.
Nos termos da IN INSS 77/2015, art. 137 §9º, o segurado obrigatório que, durante o período de
manutenção da qualidade de segurado decorrente de percepção do benefício por incapacidade, salário
maternidade ou auxílio-reclusão, se filiar ao RGPS na categoria de facultativo, terá direito de usufruir
do período de graça decorrente da sua condição anterior, se mais vantajoso.
Resumidamente, podemos afirmar que o período de graça do segurado facultativo será de até:

• 6 meses:
o após a cessação das contribuições.

• Situação mais vantajosa:


o Quando sujeito a regras concomitantes de manutenção da qualidade de segurado, por se
enquadrar em mais de uma das situações estudadas.

39
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Após a
cessação das contribuições
Até
6 meses

No caso de segurado facultativo

Obs: o segurado facultativo é o único que perde a qualidade


de segurado por falta ou atraso no pagamento.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca dos períodos de graça e da condição de segurado, julgue os itens a seguir:
I - Cleiton é segurado facultativo da Previdência Social e está enfrentando problemas financeiros que o
impossibilitaram de recolher as contribuições dos últimos quatro meses. Neste caso, em regra, Cleiton
mantém a qualidade de segurado até seis meses após a cessação das contribuições.
II - Em regra, mantêm a qualidade de segurado por até doze meses, independentemente de
contribuições, o segurado empregado, o avulso, o doméstico e o facultativo.
III - Manterá a condição de segurado, pelo máximo de até seis meses após a cessação das contribuições,
o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela previdência social.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - Cleiton é segurado facultativo da Previdência Social e está enfrentando problemas financeiros
que o impossibilitaram de recolher as contribuições dos últimos quatro meses. Neste caso, em
regra, Cleiton mantém a qualidade de segurado até seis meses após a cessação das contribuições.
Assertiva correta. Nos termos do art. 15, VI, da Lei 8.213/91, mantém a qualidade de segurado,
independentemente de contribuições, até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado
facultativo.

II - Em regra, mantêm a qualidade de segurado por até doze meses, independentemente de


contribuições, o segurado empregado, o avulso, o doméstico e o facultativo.

40
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assertiva incorreta. Em regra, mantêm a qualidade de segurado por até doze meses,
independentemente de contribuições, apenas os segurados obrigatórios. O segurado facultativo
mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, até 6 (seis) meses após a
cessação das contribuições, nos termos do art. 15, VI, da Lei 8.213/91.

III - Manterá a condição de segurado, pelo máximo de até seis meses após a cessação das
contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela
previdência social.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 15, II, da Lei 8.213/91, mantém a qualidade de segurado,
independentemente de contribuições, até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o
segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social. O período de
graça de 6 meses é aplicado apenas ao segurado facultativo, nos termos do art. 15, VI, da Lei 8.213/91.

Gabarito: A

3 - Segurado que se desvincular de Regime Próprio de


Previdência Social
Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições, até 12 meses após a
cessação das contribuições, o segurado que se desvincular de regime próprio de previdência social.
Tal prazo será prorrogado para até 24 meses, se o segurado que se desvincular de regime próprio
de previdência social já tiver pago mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que acarrete
a perda da qualidade de segurado.

4 - Direitos Preservados Durante o Período de Graça

Durante o período de graça, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência
Social, com exceção ao salário-família, que cessará, automaticamente, pelo desemprego do segurado,
nos termos do art. 88, IV, do Regulamento da Previdência Social – RPS).
Outrossim, o período de graça não é contado para fins de:
• Carência;
• Tempo de contribuição.

41
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

PERDA QUALIDADE DE SEGURADO


1 - Conceito
A perda da qualidade de segurado extingue a relação jurídica entre o segurado e a Previdência Social.
Após transcorrido todo o prazo a que se tinha direito para manter a condição de segurado do INSS,
mesmo sem efetuar recolhimentos, haverá a chamada “perda da qualidade de segurado”.
Nesse caso, o segurado deixa de estar coberto pelo seguro social (INSS) e não terá mais direito a
benefícios previdenciários, caso ocorra o fato gerador do benefício a partir da data em que perdeu a
qualidade de “segurado”.

2 - Prazo de Reconhecimento da Perda da Qualidade de


Segurado

De acordo com o art. 14 do Regulamento da Previdência Social - RPS, o reconhecimento da perda da


qualidade de segurado ocorrerá em uma data única para todos os segurados, definida no dia seguinte
ao do vencimento da contribuição do contribuinte individual relativa ao mês imediatamente posterior
ao término dos prazos de período de graça estudados.

Ou seja, considerando que a data de vencimento da contribuição do contribuinte individual, quando


recolhe suas contribuições por conta própria, é todo dia 15 de cada mês, a data em que será fixada a
perda da qualidade de segurado será no 16º dia do 2º mês subsequente ao término do “período de
graça”, incluindo-se as prorrogações, se for o caso.

42
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Exemplo: Josué foi demitido da empresa em 31/01/2021, comprovando situação de desemprego por
meio do recebimento do seguro-desemprego. Considere que Josué tenha recolhido 100 contribuições
até o momento de sua demissão.
• Período de graça comum = 12 meses = 31/01/2022;
• Prorrogação (desemprego involuntário) = + 12 meses = 31/01/2023;
• Término do período de graça = 31/01/2023;
• Data da perda da qualidade de segurado = 16/03/2023 (16º dia do 2º mês subsequente ao
término do período de graça, que corresponde ao dia seguinte ao do vencimento da
contribuição do contribuinte individual relativa ao mês imediatamente posterior ao término dos
prazos de período de graça).
Obs.: O segurado não terá 12 meses adicionais de prorrogação, além da prorrogação já concedida, pois
não conta com mais de 120 contribuições mensais recolhidas.
Como pode ser visto no exemplo, apesar de a data do período de graça terminar no dia 31/01/2023 já
com a prorrogação (pelo fato de estar involuntariamente desempregado), a data de fixação da perda da
qualidade de segurado dar-se-á somente em 16/03/2023 (16º dia do 2º mês subsequente ao término
do período de graça).
A explicação é pelo fato de que, caso o segurado (do exemplo acima) queira efetuar recolhimento na
condição de contribuinte individual referente ao mês de janeiro/2023, a lei lhe garante o prazo para
pagamento até o dia 15/02/2023 e portanto, os direitos de “segurado” devem ser mantidos até do
vencimento da contribuição do contribuinte individual relativa ao mês imediatamente posterior ao
término dos prazos de período de graça estudados, ou seja, manterá a qualidade de segurado até o dia
15/03/2023, perdendo tal qualidade apenas em 16/03/2023.

3 - Efeitos da Perda da Qualidade de Segurado


Nos termos do caput do art. 102 da Lei 8.213/91, a perda da qualidade de segurado importa em
caducidade dos direitos inerentes a essa qualidade.
No entanto, a perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à aposentadoria para cuja
concessão tenham sido preenchidos todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que
estes requisitos foram atendidos.
Outrossim, a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão das
aposentadorias por tempo de contribuição e especial.
Da mesma forma, não será considerada a perda da qualidade de segurado na hipótese de aposentadoria
por idade, desde que o segurado conte com, no mínimo, o número de contribuições mensais exigido
para efeito de carência na data do requerimento do benefício.
Ademais, não será concedida pensão por morte aos dependentes do segurado que falecer após a
perda desta qualidade, salvo se preenchidos os requisitos para obtenção da aposentadoria, segundo
a legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos.

43
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Neste sentido, vejamos a seguir julgado do STJ:


“PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. BENEFÍCIO DE PENSÃO POR
MORTE. DE CUJUS. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. POSSIBILIDADE DE DEFERIMENTO DA PENSÃO,
NOS TERMOS DO ART. 102 DA LEI N.º 8.213/91, SE RESTAR COMPROVADO O ATENDIMENTO DOS
REQUISITOS PARA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA, ANTES DA DATA DO FALECIMENTO. 1. É assegurada
a concessão do benefício de pensão por morte aos dependentes do de cujos que, ainda que tenha perdido a
qualidade de segurado, tenha preenchido os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria, antes da
data do falecimento. 2. Embargos de divergência conhecidos, porém, rejeitados” (STJ, EREsp 524006/MG, Rel.
Min. Laurita Vaz, DJ 30/03/2005).

A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão das


aposentadorias programada e especial.

4 - Situação Excepcional de Perda da Qualidade de Segurado


4.1 - Contribuinte Individual

Para o contribuinte individual, o período de manutenção da qualidade de segurado inicia-se no


primeiro dia do mês subsequente ao da última contribuição com valor igual ou superior ao
salário-mínimo.
O segurado que receber remuneração inferior ao limite mínimo mensal do salário de
contribuição somente manterá a qualidade de segurado se efetuar os ajustes de
complementação, utilização e agrupamento a que se referem o § 1º do art. 19-E e o § 27-A do art.
216.

Em suma, se o salário de contribuição foi inferior ao mínimo, aquela contribuição não valerá para
manutenção da qualidade de segurado. É como se não houvesse contribuição.

44
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Para que ela seja contada, deverá haver a regularização por uma das hipóteses:
a) complementação da contribuição, de forma a alcançar o limite mínimo exigido;
b) transferência do valor excedente ao salário-mínimo de outra contribuição daquele mesmo ano
civil, para aquela competência menor que o mínimo;
c) agrupamento de contribuições inferiores ao limite mínimo de diferentes competências. Nesse
caso, serão agrupadas em uma competência para que ela atinja o salário-mínimo. Também só
podem ser usadas competências do mesmo ano civil.

Contudo, a Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais – TNU
tem entendimento excepcional acerca da perda da qualidade de segurado para o contribuinte
individual, quando este deveria recolher suas contribuições por conta própria, mas deixa de efetuar os
respectivos recolhimentos, senão vejamos:
Ementa: PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. RECONHECIMENTO DA
QUALIDADE DE SEGURADO PELO SIMPLES EXERCÍCO DE ATIVIDADE INFORMAL. REGULARIZAÇÃO POST
MORTEM DO RECOHIMENTO DAS CONSTRIBUIÇÕES. IMPOSSIBILIDADE. INCIDENTE PROVIDO. 1. Este
Colegiado possui entendimento consolidado no sentido de que a qualidade de segurado do contribuinte
individual não decorre do simples exercício de atividade remunerada, mas do concomitante recolhimento das
contribuições exigíveis. Assim, revela-se incabível, para fins de obtenção de pensão por morte, a regularização
do recolhimento das contribuições posteriormente ao óbito. [...] (TNU, PEDILEF 2005.63.02.013290-9)

Como vimos, segundo entendimento da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos


Juizados Especiais Federais – TNU, o contribuinte individual que continua exercendo suas
atividades laborais, mas deixa de recolher suas contribuições previdenciárias, não estará
apenas em débito com a Previdência Social, mas poderá, também, perder sua qualidade de
segurado.
Ou seja, o contribuinte individual poderá perder a qualidade de segurado se atrasar suas contribuições
por um período superior a 12, 24 ou 36 meses, conforme o caso, ainda que continue exercendo atividade
remunerada.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca dos períodos de graça e da condição de segurado, julgue os itens a seguir:
I - Suponha que Leandro, segurado facultativo, tenha recolhido sua última contribuição previdenciária
em 15/06/2022 e falecido em 17/02/2023. Nesse caso, Leandro perdera a qualidade de segurado antes
da data do óbito.

45
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

II - Um segurado que tenha perdido a qualidade de segurado não fará jus à concessão de aposentadoria
programada ao completar idade mínima e número mínimo de contribuições mensais exigidos na data
do requerimento, por não ter mais a qualidade de segurado.
III - A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à aposentadoria para cuja concessão
tenham sido preenchidos todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que estes
requisitos foram atendidos.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - Suponha que Leandro, segurado facultativo, tenha recolhido sua última contribuição previdenciária
em 15/06/2021 e falecido em 17/02/2022. Nesse caso, Leandro perdera a qualidade de segurado antes
da data do óbito.
Assertiva correta. Vamos à análise de caso:
- Última contribuição recolhida por Leandro: 15/06/2022.
- Término do período de graça (6 meses após a cessação das contribuições): dezembro/2022.
- Data da perda da qualidade de segurado: 16/02/2023 (16º dia do 2º mês subsequente ao término do
período de graça).
Ou seja, na data de seu falecimento, em 17/02/2023, Leandro já tinha perdido sua qualidade de
segurado no dia anterior.

II - Um segurado que tenha perdido a qualidade de segurado não fará jus à concessão de aposentadoria
programada ao completar idade mínima e número mínimo de contribuições mensais exigidos na data
do requerimento, por não ter mais a qualidade de segurado.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 102, § 1º, da lei 8.213/91, a perda da qualidade de segurado
não prejudica o direito à aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os
requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos.

III - A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à aposentadoria para cuja concessão
tenham sido preenchidos todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que estes
requisitos foram atendidos.
Assertiva correta. Nos termos do art. 102, § 1º, da lei 8.213/91, a perda da qualidade de segurado não
prejudica o direito à aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os requisitos,
segundo a legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos.

Gabarito: C

46
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula. Nesta aula estudamos acumulação de benefícios, bem como
manutenção e perda da qualidade de segurado no Regime Geral de Previdência Social - RGPS.
Aguardo vocês em nossa próxima aula!
Um forte abraço e bons estudos a todos!

Rubens Maurício

47
oab.estrategia.com |
47
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

1
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Sumário

Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 4

Decadência e Prescrição .................................................................................................................................... 4

1 - Conceito .................................................................................................................................................... 4

2 - Introdução da Decadência e Prescrição no Custeio Previdenciário ......................................................... 5

3 - Decadência no Custeio Previdenciário ..................................................................................................... 6

3.1 - Regra Geral de Decadência ................................................................................................................ 7

3.2 - Decadência no Lançamento por Homologação ................................................................................. 9

3.3 - Decadência em Caso de Anulação de Lançamento por Vício Formal. ............................................ 13

3.4 - Decadência na Regra de Antecipação de Contagem ....................................................................... 15

4 - Decadência em Matéria de Benefícios ................................................................................................... 19

4.1 - Regra Geral ...................................................................................................................................... 19

4.2 - Prazo para a Previdência Social anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis
para os beneficiários ................................................................................................................................ 22

5 - Prescrição no Custeio Previdenciário ..................................................................................................... 24

5.1 - Prazo de Prescrição .......................................................................................................................... 24

5.2 - Interrupção do Prazo Prescricional.................................................................................................. 27

6 - Prescrição em matéria de Benefícios ..................................................................................................... 28

6.1 - Regra Geral ...................................................................................................................................... 28

6.2 - Prescrição para ajuizar ação referente à prestação por acidente de trabalho ............................... 31

Justificação ....................................................................................................................................................... 32

1 - Conceito .................................................................................................................................................. 32

2
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2 - Justificação Administrativa (JA) .............................................................................................................. 32

3 - Do Processamento da Justificação Administrativa (JA) .......................................................................... 35

4 - Impossibilidade de Justificação .............................................................................................................. 36

Recurso das Decisões Administrativas............................................................................................................. 38

1 - Processo Relativo ao Custeio Previdenciário .......................................................................................... 38

1.1 - Competência para Julgamento ........................................................................................................ 39

1.2 - Do Julgamento em Primeira Instância ............................................................................................. 40

1.3 - Recurso ao CARF .............................................................................................................................. 42

1.4 - Recurso Voluntário ao CARF ............................................................................................................ 42

1.5 - Recurso de Ofício ao CARF ............................................................................................................... 43

1.6 - Recurso à Câmara Superior de Recursos Fiscais - CSRF................................................................... 44

2 - Processo Relativo aos Benefícios Previdenciários .................................................................................. 45

2.1 - Instâncias Recursais ......................................................................................................................... 45

2.2 - Efeito dos Recursos .......................................................................................................................... 49

2.3 - Renúncia à Instância Administrativa................................................................................................ 50

Ações Judiciais em Matéria Previdenciária ...................................................................................................... 50

1 - Prévio Requerimento na Via Administrativa (INSS). ............................................................................... 51

2 - Competência das Ações Previdenciárias ................................................................................................ 52

2.1 - Benefícios de Natureza Comum e Assistencial. ............................................................................... 52

2.2 - Benefícios de Natureza Acidentária................................................................................................. 53

3 - Competência dos Juizados Especiais Federais (JEF) ............................................................................... 55

4 - Tutela Antecipada ................................................................................................................................... 56

3
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

5 - Coisa Julgada Previdenciária ................................................................................................................... 56

Considerações Finais ........................................................................................................................................ 58

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Na aula de hoje estudaremos os seguintes assuntos do Direito Previdenciário que tratam de normas
previdenciárias:

Decadência e Prescrição.

Justificação Administrativa.

Recurso das decisões administrativas.

Ações Judiciais em matéria previdenciária.

Recomendo uma atenção especial aos tópicos que tratam das ações judiciais em matéria previdenciária.
Boa aula!

DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO

1 - Conceito

A prescrição e a decadência são institutos muito parecidos, porém não devemos confundi-los. Ambos
possuem em comum, essencialmente, a perda de um direito ante a falta de iniciativa de seu titular em

4
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

exercê-lo dentro dos prazos legais. Constituem, outrossim, instrumentos que têm a finalidade de garantir a
segurança jurídica, haja vista que a pretensão do titular do direito não pode se perpetuar no tempo. No
entanto, inobstante as semelhanças, existem pontuais diferenças entre os institutos, as quais serão
destacadas a seguir:

Decadência:
• é a perda de um direito que não foi exercido pelo seu titular no prazo previsto em lei;
• é a perda do próprio direito em si, em razão do decurso do tempo;
• é a perda do direito pelo seu não uso no prazo legalmente previsto;
• é a perda próprio direito material, por não ter formalizado o pedido de seu direito dentro de um
prazo definido.

Prescrição:
• é a perda do direito de mover ação judicial para reaver um direito violado;
• é a perda do direito de exigir algo pela via jurisdicional, pelo decurso do prazo legal;
• é a perda de uma pretensão de exigir judicialmente de alguém um determinado comportamento;
• é a perda do direito à pretensão em razão do decurso do tempo;
• é a perda do direito de ação, de modo de o direito material subsiste, contudo, não pode mais ser
alcançado pelas vias judiciais, em razão da extinção do direito de pleitear em juízo.

2 - Introdução da Decadência e Prescrição no Custeio Previdenciário

Na mesma linha conceitual já apresentada, vamos agora analisar os conceitos específicos de decadência e
prescrição dentro do custeio previdenciário:

Decadência no custeio previdenciário: É a extinção do direito de constituir o crédito


previdenciário através do lançamento. Ou seja, é o prazo que a Receita Federal do Brasil tem para lavrar o
auto-de-infração ou emitir a notificação de lançamento contra o sujeito passivo devedor. Assim sendo, o
prazo para que a Administração Tributária, por meio da autoridade competente, promova o lançamento, é
um prazo decadencial.

Prescrição no custeio previdenciário: É a extinção do direito de cobrar judicialmente, por meio


de uma ação de execução fiscal, o crédito previdenciário já definitivamente constituído, tendo em vista o
inadimplemento do sujeito passivo. Na prescrição não se perde o direito material em si (pois este direito já
foi garantido pela lavratura do auto-de-infração ou notificação de lançamento), mas tão somente a

5
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

oportunidade de exigir judicialmente este direito, por meio de uma ação judicial de execução fiscal. Assim
sendo, o prazo para que se ajuíze a ação de execução fiscal é prescricional.

Em resumo, podemos afirmar que o lançamento é o marco que separa, na linha do tempo, a prescrição da
decadência.

3 - Decadência no Custeio Previdenciário

A decadência no custeio previdenciário segue as mesmas regras do da decadência tributária, previstas no


Código Tributário Nacional - CTN, em seu art. 150, §4º e art. 173, conforme segue:

Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação
atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da
autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando
conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.
(...)
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência
do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado,
considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se
comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5
(cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o
lançamento anteriormente efetuado.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o
decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição
do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória
indispensável ao lançamento.

Como podemos perceber pela leitura dos dispositivos mencionados acima, o prazo de decadência para o
fisco constituir o crédito tributário/previdenciário pelo lançamento é de 5 anos, em qualquer caso. No
entanto, para cada situação mencionada, temos um marco inicial específico para a contagem deste prazo,
senão vejamos:

6
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

1º marco inicial (regra geral): primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter
sido efetuado;

2º marco inicial: da ocorrência do fato gerador;

3º marco inicial: da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o
lançamento anteriormente efetuado.

4º marco inicial: da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao
sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.

A seguir, vamos estudar detalhadamente quando utilizamos cada um dos pontos de partida para a contagem
do prazo decadencial.

Decadência (Custeio Previdenciário)

ART. 150, § 4º

Código ART. 173, INCISO I


Tributário
Nacional ARTIGO 173, INCISO II

ART. 173, PARÁGRAFO ÚNICO

3.1 - Regra Geral de Decadência

Vamos iniciar nosso estudo de decadência no custeio previdenciário pela regra geral, prevista no inciso I do
art. 173 do CTN, conforme segue:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;
(...)

7
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Esta regra de contagem de prazo decadencial ocorre quando o contribuinte não realizou qualquer
pagamento ou quando agiu com dolo, fraude ou simulação.

Exemplo:
Vamos supor que ocorreram fatos geradores de contribuição previdenciária em maio/2018, com
a prestação dos serviços de empregados a uma determinada empresa.
A empresa teria, consequentemente, que recolher suas contribuições, juntamente com as
contribuições arrecadadas do emprego a seu serviço, até o dia 20 do mês seguinte (no exemplo,
até 20/junho/2018).
Caso não recolha qualquer contribuição até o vencimento, a Receita Federal poderá, por meio
do auditor-fiscal (autoridade competente), lavrar um respectivo auto-de-infração (lançamento
tributário) para constituir o crédito tributário correspondente.
O prazo para que a autoridade competente lavre o auto-de-infração e constitua o crédito
tributário será de 5 anos, contados de 01/01/2019, pois este é primeiro dia do exercício seguinte
(ano seguinte) àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
No exemplo acima, o lançamento poderia ter sido efetuado pelo fisco a partir do dia seguinte ao
vencimento da contribuição previdenciária, sem que tenha havido qualquer pagamento. E o
primeiro dia do exercício seguinte (ano seguinte) àquele em que o lançamento poderia ter sido
efetuado é 01/01/2019, sendo este o termo inicial da contagem do prazo decadencial.
Consequentemente, a decadência estará consumada em 01/01/2024, de forma que o
lançamento somente poderia ser realizado até 31/12/2023.

Como podemos perceber, por esta regra a Administração Tributária acaba tendo maias de 5 anos para
exercer seu direito de constituir o crédito tributário, pois a contagem dos 5 a os só tem início no primeiro
dia do ano seguinte, conferindo um maior prazo para que o Fisco tome conhecimento da ocorrência do fato
gerador.

Esta regra, como dissemos, é aplicável nos seguintes casos:

• o sujeito passivo não realizou qualquer pagamento;


• ficar provado que o sujeito passivo agiu com dolo, fraude ou simulação.

8
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

A seguir, vamos estudar outras situações e seus respectivos inícios de contagem do prazo decadencial.

Decadência (art. 173, inciso I – CTN)

O direito da Fazenda Pública constituir seus créditos


extingue-se após 5 anos, contados:

Do primeiro dia do exercício seguinte àquele


em que o lançamento poderia ter sido efetuado

Regra geral ou quando não realizou qualquer pagamento


ou quando for comprovado dolo, fraude ou simulação

3.2 - Decadência no Lançamento por Homologação

Vamos estudar agora a decadência no custeio previdenciário segundo a regra aplicável aos tributos sujeitos
a lançamento por homologação, desde que não se comprove dolo, fraude ou simulação por parte do sujeito
passivo, conforme previsto no § 4º do art. 150 do CTN abaixo:

Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao
sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa,
opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida
pelo obrigado, expressamente a homologa.
(...)
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se
homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de
dolo, fraude ou simulação.

Esta regra de contagem de prazo decadencial ocorre quando o contribuinte realizou qualquer pagamento
ou quando não agiu com dolo, fraude ou simulação.

Inicialmente, para melhor compreensão desta contagem de prazo decadencial, temos que esclarecer o que
é lançamento por homologação:

O lançamento por homologação é usado em relação aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo
o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. Ou seja, o próprio

9
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

contribuinte apura o tributo que entende devido, declara ao fisco e efetua o pagamento, sem prévio exame
da autoridade administrativa. Contudo, após realizado o pagamento pelo contribuinte dos valores que este
entende devidos, compete a autoridade fiscal homologá-lo, aceitando o cálculo e pagamento realizados pelo
contribuinte, ou recusar a homologação.

No caso de recusar a homologação, o fisco deverá efetuar o lançamento e cobrar a diferença correspondente
ao tributo que deixou de ser pago pelo contribuinte, acrescido de juros e multa.

Este lançamento, por se tratar de tributos sujeitos a lançamento por homologação, deve ser realizado dentro
de 5 anos, contados da data da ocorrência do fato gerador, salvo se comprovado dolo, fraude ou simulação,
como estudamos pela regra anterior.

Entretanto, passado o prazo sem qualquer providência ou discordância do fisco em relação aos valores
apurados e recolhidos pelo sujeito passivo, o lançamento por homologação reputa-se legalmente efetuado,
decaindo, portando, o direito de a Administração Tributária lançar de ofício as diferenças apuradas.

Assim sendo, passados os 5 anos contados do fato gerador, sem manifestação contrária da autoridade
competente, considera-se realizado tacitamente o lançamento por homologação, tendo tal prazo natureza
decadencial, pois ele implica na perda do direito do fisco de efetuar, de ofício, o lançamento de eventuais
diferenças devidas.

Para que ocorra o lançamento por homologação é necessário que exista algum pagamento por parte do
contribuinte, ainda que insuficiente para cobrir a totalidade do crédito tributário. No entanto, caso não
exista qualquer pagamento, o prazo decadencial é computado pela regra geral, prevista no inciso I do art.
173 do CTN, ou seja, a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter
sido efetuado.

No entanto, nunca é demais repetir: se houver dolo, fraude ou simulação por parte do sujeito passivo, com
a intenção de reduzir ou suprimir tributo devido, o dia inicial para a contagem do prazo decadencial deixará
de ser a data do fato gerador, passando a obedecer a regra geral, ou seja, iniciará a contagem no primeiro
dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.

As contribuições previdenciárias são tributos sujeitos a lançamento por homologação, ou seja, cabe ao
próprio sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento que entende devido sem prévio exame da

10
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

autoridade administrativa. Assim sendo, para as contribuições previdenciárias o prazo decadencial deverá
ser contado da data da ocorrência do fato gerador, salvo nos seguintes casos:

• se o sujeito passivo não efetuou qualquer pagamento;


• se ficar provado que o sujeito passivo agiu com dolo, fraude ou simulação;

Obs.: Nestes dois casos acima, o prazo decadencial será contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele
em que o lançamento poderia ter sido efetuado.

Assim sendo, se o contribuinte realizou pagamento de contribuição previdenciária dentro do prazo legal,
ainda que o valor recolhido tenha sido ínfimo, a homologação tácita ocorrerá em 5 anos contados da data
do fato gerador, sendo este o prazo que o fisco tem para cobrar as diferenças que apurar. No entanto, se o
contribuinte não antecipou qualquer valor, o prazo para a realização do lançamento de ofício começará a
fluir a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.

Decadência (Art. 150, § 4º – CTN)

O Direito da Fazenda Pública constituir seus créditos


extingue-se após 5 Anos, contados:

Da data da ocorrência do fato gerador

Desde que exista algum pagamento


Lançamento por
(salvo se comprovado
Homologação
fraude, dolo ou simulação)

11
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Segundo o entendimento atual do Superior Tribunal de Justiça – STJ, temos os seguintes posicionamentos:

1) Contribuição previdenciária não declarada e nem paga:


• Termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado.
• Art. 173, I, do CTN.

2) Contribuição previdenciária declarada a menor e for realizado algum pagamento:


• Termo inicial do prazo decadencial é a data do fato gerador, para o fisco homologar
expressamente o pagamento efetuado pelo contribuinte (caso concorde com os valores
recolhidos), ou efetuar lançamento suplementar em relação aos valores devidos.
• Art. 150, §4º, do CTN.

3) Contribuição previdenciária declarada corretamente e não paga integralmente:


• Não há que se falar em decadência, pois o crédito tributário já se considera constituído pela
própria declaração de débito do contribuinte, sendo possível a imediata inscrição em dívida ativa
e posterior ajuizamento da ação de execução fiscal.
• Súmula STJ 436: “A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui
o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco”

Exemplo:
Vamos supor que ocorreu fato gerador de contribuição previdenciária em 31/maio/2018.
Em decorrência de tais fatos geradores, o sujeito passivo deveria ter declarado e recolhido
R$800.000,00. No entanto, a empresa apenas declarou e recolheu R$300.000,00. Neste caso, a
Receita Federal do Brasil poderá, por meio do auditor-fiscal (autoridade competente), lavrar um
respectivo auto-de-infração (lançamento tributário) para constituir o crédito tributário sobre a
diferença de R$500.000,00 (com os devidos acréscimos de juros e multa), uma vez que tais
valores não foram declarados e nem recolhidos pelo sujeito passivo.
O prazo para que a autoridade competente lavre o auto-de-infração e constitua o crédito
tributário, neste caso, será de 5 anos, contados do fato gerador. Desta forma, o prazo de
decadência para se cobrar os valores ainda devidos pelo sujeito passivo inicia-se em 31/05/2018
e termina em 31/05/2023.

Utilizando os mesmos dados do exemplo acima, vamos trabalhar com a seguinte situação:

• Valor correto que deveria ser declarado e pago pelo contribuinte: R$ 800.000,00.

12
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Diante desta premissa, vamos ver algumas situações possíveis e os respectivos prazos para início da
contagem da decadência:

Situação 1: Declarou R$ 300.000,00 e pagou R$ 300.000,00. Como o contribuinte declarou a menor sua
contribuição previdenciária devida e efetuou algum recolhimento, ainda que menor que o devido, temos um
caso típico de contagem de prazo desde a ocorrência do fato gerador (Art. 150, §4º, do CTN).

Situação 2: Declarou R$ 800.000,00 e não efetuou qualquer pagamento. Como o contribuinte declarou
corretamente o valor devido, sem ter recolhido tais valores conforme declarado, não há que se falar em
decadência, pois o crédito tributário já se considera constituído pela própria declaração de débito do
contribuinte, sendo possível a imediata inscrição em dívida ativa e posterior ajuizamento da ação de
execução fiscal, nos termos da Súmula STJ 436.

Situação 3: Declarou R$ 800.000,00 e pagou R$ 300.000,00. Como o contribuinte declarou corretamente o


valor devido, sem ter recolhido a totalidade dos valores conforme declarado, não há que se falar em
decadência, pois o crédito tributário já se considera constituído pela própria declaração de débito do
contribuinte, sendo possível a imediata inscrição em dívida ativa e posterior ajuizamento da ação de
execução fiscal, nos termos da Súmula STJ 436.

Situação 4: Não declarou e nem pagou qualquer valor. Como o contribuinte nada declarou e nada pagou,
temos um caso típico de contagem de prazo que tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em
que o lançamento poderia ter sido efetuado (Art. 173, I, do CTN).

Situação 5: Nos casos em que houver dolo, fraude ou simulação, temos, também, um caso típico de
contagem de prazo que tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia
ter sido efetuado (Art. 173, I, do CTN).

3.3 - Decadência em Caso de Anulação de Lançamento por Vício Formal.

Vamos estudar agora a decadência no custeio previdenciário em caso de anulação, por vício formal, de um
lançamento anteriormente efetuado, conforme previsto no inciso II do art. 173 do CTN:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:
(...)
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento
anteriormente efetuado.

13
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Esta regra de contagem de prazo decadencial ocorre quando é efetuado um lançamento, dentro do prazo
legal, porém com vício de forma, sendo posteriormente anulado por uma decisão administrativa ou judicial
definitiva.

Considera-se vício formal, neste contexto, situações em que se verifique desrespeito a alguma regra do
procedimento de lançamento. Ou seja, o vício formal não se refere ao conteúdo do ato, mas sim a um
aspecto formal.

Como exemplo podemos citar um auto-de-infração lavrado por pessoa incompetente (sem competência
legal) para a prática do ato, bem como erro de identificação do sujeito passivo, cerceamento do direito de
defesa, etc.

Assim sendo, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento
anteriormente efetuado.

Exemplo:
Vamos supor que ocorreu fato gerador de contribuição previdenciária em 31/05/2013.
Em decorrência de tais fatos geradores, o sujeito passivo deveria ter declarado e recolhido
R$800.000,00. No entanto, o respectivo contribuinte apenas declarou e recolheu R$300.000,00.
Neste caso, a Receita Federal do Brasil poderá, por meio do auditor-fiscal (autoridade
competente), lavrar um respectivo auto-de-infração (lançamento tributário) para constituir o
crédito tributário sobre a diferença de R$500.000,00 (com os devidos acréscimos de juros e
multa), uma vez que tais valores não foram declarados e nem recolhidos pelo sujeito passivo.
O prazo para que a autoridade competente lavre o auto-de-infração e constitua o crédito
tributário, neste caso, será de 5 anos, contados do fato gerador. Desta forma, o prazo de
decadência para se cobrar os valores ainda devidos pelo sujeito passivo inicia-se em 31/05/2013
e termina em 31/05/2018.
Admita-se que, no dia 15/04/2016 um agente público sem competência legal promova o
lançamento das contribuições previdenciárias devidas e que, posteriormente, o sujeito passivo
impugne o lançamento realizado, resultando em anulação, por vício formal, decorrente da
incompetência da autoridade lançadora.

14
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Admita-se, ainda, que a declaração de nulidade se tornou definitiva no dia 15/08/2018.


Pelas regras que acabamos de estudar, como trata-se de anulação por vício formal, a partir de
15/08/2018 começará a fluir, novamente, um prazo decadencial de 5 anos, para que o fisco
realize um novo lançamento (desta vez sem o vício formal), o qual poderá ser realizado, neste
exemplo, até 15/08/2023.

Decadência (art. 173, inciso II – CTN)

O direito da fazenda pública constituir seus créditos


extingue-se após 5 anos, contados:
Da data em que se tornar definitiva a decisão
que houver anulado, por vício formal,
o lançamento anteriormente efetuado.

Ocorreu o lançamento Mas foi anulado por


dentro do prazo legal questões formais

3.4 - Decadência na Regra de Antecipação de Contagem

Vamos estudar agora a decadência no custeio previdenciário no caso em que ocorre a antecipação do início
da contagem do prazo decadencial, conforme previsto no parágrafo único do art. 173 do CTN:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos,
contados:
(...)
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do
prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário
pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.

Trata-se aqui de uma situação em que poderá ocorrer antecipação do início da contagem do prazo
decadencial, quando, originalmente, sua contagem teria início no primeiro dia do exercício seguinte.

15
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Aplica-se este dispositivo se, durante o lapso de tempo compreendido entre o fato gerador e o início da
fluência do prazo decadencial (nos casos em que tal contagem teria início no primeiro dia do exercício
seguinte), o fisco adota medida preparatória para o lançamento, antecipando-se o início da contagem do
prazo decadencial para esta data.

Como exemplo de medida preparatória para o lançamento podemos citar o recebimento, pelo
sujeito passivo, de um Termo de Início de Procedimento Fiscal, tomando ciência do início do
procedimento de fiscalização relativo ao fato.

Uma vez que a administração tributária iniciou procedimento de fiscalização relativo ao contribuinte (ou deu
ciência ao contribuinte de qualquer outra medida preparatória indispensável ao lançamento), antecipa-se o
marco inicial da decadência (caso ainda não tenha iniciado) para a data em que o sujeito passivo foi
cientificado das medidas preparatórias adotadas pelo fisco.

Caso o prazo decadencial já esteja em curso, não haverá qualquer alteração. Tal regra somente tem o condão
de antecipar a contagem de prazo, não gerando qualquer efeito sobre o prazo que já teve sua fluência
iniciada.

Exemplo:
Vamos supor que ocorreram fatos geradores de contribuição previdenciária em maio/2018, com
a prestação dos serviços de empregados a uma determinada empresa.
A empresa teria, consequentemente, que recolher suas contribuições, juntamente com as
contribuições arrecadadas do emprego a seu serviço, até o dia 20 do mês seguinte (no exemplo,
até 20/junho/2018).
Caso não recolha qualquer contribuição até o vencimento, a Receita Federal poderá, por meio
do auditor-fiscal, lavrar um respectivo auto-de-infração para constituir o crédito tributário
correspondente.
Considerando que não houve qualquer declaração ou pagamento por parte do sujeito passivo, o
prazo para que a autoridade competente lavre o auto-de-infração e constitua o crédito tributário
será de 5 anos, contados de 01/01/2019, pois este é primeiro dia do exercício seguinte àquele
em que o lançamento poderia ter sido efetuado.

16
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

No entanto, vamos considerar que o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil mandou um


Termo de Início de Fiscalização para o sujeito passivo, tendo este tomado ciência do início do
procedimento de fiscalização relativo ao fato em 15/07/2018.
Desta forma, e nos termos do parágrafo único do art. 173 do CTN, o início da contagem do prazo
decadencial (que seria em 01/01/2019) será antecipado para 15/07/2018.

Decadência (art. 173, parágrafo único – CTN)

O direito da fazenda pública constituir seus créditos


extingue-se após 5 anos, contados:

Da data em que tenha sido iniciada a constituição do


crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de
qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento
Esta regra serve apenas para
antecipar o início da
contagem do prazo.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca da Decadência aplicada ao custeio previdenciário, analise as assertivas abaixo:
I - Caso a contribuição previdenciária não seja declarada e nem paga, o termo inicial do prazo decadencial
será o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
II - Caso a contribuição previdenciária seja declarada a menor e for realizado algum pagamento, o termo
inicial do prazo decadencial será o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia
ter sido efetuado, para o fisco homologar expressamente o pagamento efetuado pelo contribuinte ou
efetuar lançamento suplementar em relação aos valores devidos.
III - Caso a contribuição previdenciária seja declarada corretamente e não paga integralmente, não há que
se falar em decadência, pois o crédito tributário já se considera constituído pela própria declaração de débito

17
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

do contribuinte, sendo possível a imediata inscrição em dívida ativa e posterior ajuizamento da ação de
execução fiscal.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - Caso a contribuição previdenciária não seja declarada e nem paga, o termo inicial do prazo decadencial
será o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
Assertiva correta. Art. 173, I, do CTN.

II - Caso a contribuição previdenciária seja declarada a menor e for realizado algum pagamento, o termo
inicial do prazo decadencial será o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia
ter sido efetuado, para o fisco homologar expressamente o pagamento efetuado pelo contribuinte ou
efetuar lançamento suplementar em relação aos valores devidos.
Assertiva incorreta. Caso a contribuição previdenciária seja declarada a menor e for realizado algum
pagamento, o termo inicial do prazo decadencial será a data do fato gerador, para o fisco homologar
expressamente o pagamento efetuado pelo contribuinte (caso concorde com os valores recolhidos), ou
efetuar lançamento suplementar em relação aos valores devidos, nos termos do art. 150, §4º, do CTN.

III - Caso a contribuição previdenciária seja declarada corretamente e não paga integralmente, não há que
se falar em decadência, pois o crédito tributário já se considera constituído pela própria declaração de débito
do contribuinte, sendo possível a imediata inscrição em dívida ativa e posterior ajuizamento da ação de
execução fiscal.
Assertiva correta. Súmula STJ 436: “A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal
constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco”.

Gabarito: C

18
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

4 - Decadência em Matéria de Benefícios

4.1 - Regra Geral

Estudaremos agora os prazos determinados por lei para que os beneficiários do RGPS (segurados e
dependentes) possam pleitear seus direitos previdenciários.

Começaremos com o estudo da decadência em matéria de benefícios, conforme disposto no caput do art.
103 da Lei 8.213/91, na nova redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019, reproduzido a seguir (o qual foi
declarado inconstitucional nos termos da ADIN 6096):

Art. 103. O prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou beneficiário para a revisão do
ato de concessão, indeferimento, cancelamento ou cessação de benefício e do ato de deferimento,
indeferimento ou não concessão de revisão de benefício é de 10 (dez) anos, contado: (...) (Vide ADIN
6096).

Agora que o STF decidiu pela inconstitucionalidade, retorna redação anterior do art. 103 da Lei 8.213,
limitando o prazo decadencial somente para a revisão do ato de concessão de benefício, conforme segue:

Art. 103. É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou
beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte
ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento
da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo. (Redação dada pela Lei nº 10.839, de
2004)

Dessa forma, o resultado do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) nº 6096 rechaça a
restrição normativa decenal para ajuizamento de ação visando à revisão dos atos administrativos
previdenciários de indeferimento, cancelamento, cessação, restabelecimento ou de revisão de benefícios,
reconhecendo-lhe a inconstitucionalidade.

O Supremo Tribunal Federal – STF, na mencionada ADI nº 6096, decidiu pela inconstitucionalidade do art.
24 da Lei n° 13.846/19, que havia dado nova redação para o art. 103 da Lei n° 8.213/91, de modo que esta
redação limitava o direito fundamental à concessão de benefício ao prazo decadencial para revisão.

19
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Segundo o relator, ministro Edson Fachin, “o direito à previdência social constitui direito fundamental e,
uma vez implementados os pressupostos de sua aquisição, não deve ser afetado pelo decurso do tempo.”

Ademais, segundo a nova redação da Súmula 81 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados
Especiais Federais – TNU (redação alterada em 09/12/2020), temos que:

SÚMULA 81 (TNU): “A impugnação de ato de indeferimento, cessação ou cancelamento de benefício


previdenciário não se submete a qualquer prazo extintivo, seja em relação à revisão desses atos, seja em
relação ao fundo de direito.”

Assim sendo, nos termos da ADIN nº 6096 e segundo a nova redação da Súmula 81 da TNU, este prazo
decadencial de 10 anos não pode ser invocado nos casos abaixo, os quais não se submetem a qualquer
prazo extintivo, seja em relação à revisão desses atos, seja em relação ao fundo de direito:

• para impugnação de ato de indeferimento;


• para impugnação de cessação de benefício previdenciário; e
• para impugnação de cancelamento de benefício previdenciário.

Contudo, fora mantido o prazo decadencial de 10 anos de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou
beneficiário para a:

• revisão do ato de concessão de benefício


o a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou,
o quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no
âmbito administrativo.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca da Decadência aplicada à matéria de benefícios previdenciário, analise as assertivas abaixo:
I - É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para
a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da

20
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória
definitiva no âmbito administrativo
II - O prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de
impugnação de ato de indeferimento, cancelamento ou cessação de benefício é de 10 (dez) anos a contar
do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em
que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo.
III - O prazo decadencial decenal não pode ser invocado para impugnação de ato de indeferimento, para
impugnação de cessação de benefício previdenciário e para impugnação de cancelamento de benefício
previdenciário, os quais não se submetem a qualquer prazo extintivo, seja em relação à revisão desses atos,
seja em relação ao fundo de direito.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para
a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da
primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória
definitiva no âmbito administrativo.
Assertiva correta. O STF decidiu pela inconstitucionalidade disposto no caput do art. 103 da Lei 8.213/91,
na nova redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019. Dessa forma, retorna redação anterior do art. 103 da Lei
8.213, limitando o prazo decadencial somente para a revisão do ato de concessão de benefício, conforme
consta na assertiva.

II - O prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de


impugnação de ato de indeferimento, cancelamento ou cessação de benefício é de 10 (dez) anos a contar
do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em
que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo.
Assertiva incorreta. O STF decidiu pela inconstitucionalidade disposto no caput do art. 103 da Lei 8.213/91,
na nova redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019. Dessa forma, retorna redação anterior do art. 103 da Lei
8.213, limitando o prazo decadencial somente para a revisão do ato de concessão de benefício, conforme
consta na assertiva, não se aplicando qualquer prazo extintivo para impugnação de ato de indeferimento,

21
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

para impugnação de cessação de benefício previdenciário e para impugnação de cancelamento de benefício


previdenciário.

III - O prazo decadencial decenal não pode ser invocado para impugnação de ato de indeferimento, para
impugnação de cessação de benefício previdenciário e para impugnação de cancelamento de benefício
previdenciário, os quais não se submetem a qualquer prazo extintivo, seja em relação à revisão desses atos,
seja em relação ao fundo de direito.
Assertiva correta. O STF decidiu pela inconstitucionalidade disposto no caput do art. 103 da Lei 8.213/91,
na nova redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019. Dessa forma, retorna redação anterior do art. 103 da Lei
8.213, limitando o prazo decadencial somente para a revisão do ato de concessão de benefício, conforme
consta na assertiva, não mais se aplicando qualquer prazo extintivo para impugnação de ato de
indeferimento, para impugnação de cessação de benefício previdenciário e para impugnação de
cancelamento de benefício previdenciário.

Gabarito: C

4.2 - Prazo para a Previdência Social anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os beneficiários

Do lado da administração pública, a revisão de benefício concedido também sofre prazo decadencial de 10
anos. Ou seja, o INSS tem lapso temporal decenal (10 anos) para exercer o seu direito de revisão do benefício
concedido, sob pena de decadência pelo transcurso do tempo, nos termos do art. 103-A, da Lei 8.213/91,
conforme segue:

Art. 103-A. O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados,
salvo comprovada má-fé.
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo decadencial contar-se-á da percepção do
primeiro pagamento.

22
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que


importe impugnação à validade do ato.

O prazo decadencial de 10 anos fixados para que o INSS possa revisar e anular os benefício previdenciários
concedidos não poderia ser eterno, sob pena de prejudicar o direito à ampla defesa dos segurados, uma vez
que demandar beneficiários sobre a legalidade de seus benefícios após longos lapsos temporais implica,
indiretamente, no cerceamento ou total exclusão do direito à ampla defesa, pois, por óbvio, o beneficiário
raramente terá todos os documentos solicitados pelo INSS, bem como o próprio beneficiário poderá já se
encontrar em idade avançada, sem a menor condição física ou psicológica para fazer prova perante a
Previdência Social.

Por outro lado, quando comprovada má-fé do beneficiário, o mencionado prazo decadencial não irá correr.
Importante destacar, por oportuno, que a má-fé deve ser única e exclusivamente do beneficiário, excluindo,
assim, a má-fé de terceiros sem conhecimento do beneficiário.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Em relação a decadência e prescrição previdenciárias, analise as assertivas abaixo:
I - O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-
fé.
II - O INSS tem lapso temporal decenal para exercer o seu direito de revisão do benefício concedido, sob
pena de decadência pelo transcurso do tempo.
III - Não há prazo extintivo do direito da Previdência Social anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os seus beneficiários, quando houver erro no ato de concessão.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

23
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

COMENTÁRIOS:
I - O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-
fé.
Assertiva correta. Art. 103-A da Lei 8.213/91.

II - O INSS tem lapso temporal decenal para exercer o seu direito de revisão do benefício concedido, sob
pena de decadência pelo transcurso do tempo.
Assertiva correta. É exatamente o que consta no art. 103-A da Lei 8.213/91, senão vejamos: " Art. 103-A. O
direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé."

III - Não há prazo extintivo do direito da Previdência Social anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os seus beneficiários, quando houver erro no ato de concessão.
Assertiva incorreta. Como vimos nos comentários anteriores, o direito da Previdência Social de anular os
atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos,
contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé, nos termos do art. 103-A da Lei
8.213/91.

Gabarito: B

5 - Prescrição no Custeio Previdenciário

5.1 - Prazo de Prescrição

Estudaremos agora a prescrição em relação às contribuições previdenciárias. Como sabemos, a prescrição,


neste caso, é a extinção do direito da Fazenda Pública de cobrar judicialmente, por meio de uma ação de
execução fiscal, o crédito previdenciário já definitivamente constituído, tendo em vista o inadimplemento
do sujeito passivo.

A regra de prescrição das contribuições previdenciárias segue a mesma regra da prescrição dos demais
tributos, prevista no Código Tributário Nacional - CTN, em seu art. 173 e art. 150, §4º, conforme segue:

24
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da
sua constituição definitiva.
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito
pelo devedor.

Na prescrição, como já estudado, não se perde o direito material em si (pois este direito já foi garantido pelo
lançamento), mas tão somente a oportunidade de exigir judicialmente este direito, por meio de uma ação
judicial de execução fiscal.

Uma vez constituído o crédito previdenciário pelo lançamento, surge para a União (sujeito ativo), por meio
da Fazenda Pública, o direito de cobrá-lo judicialmente, mediante uma ação judicial de execução fiscal.

Assim sendo, opera-se a prescrição quando a Fazenda Pública não propõe, no prazo legal, a respectiva ação
judicial de execução fiscal, para exigir do sujeito passivo devedor a satisfação do crédito previdenciário.

O prazo legal para a Fazenda Pública propor a ação de execução fiscal é de 5 anos, constados da data da
constituição definitiva do crédito previdenciário.

Considera-se definitivamente constituído o crédito previdenciário quando não possa mais ser modificado
administrativamente, ou seja, não caiba mais qualquer impugnação ou recurso administrativo por parte do
sujeito passivo dentro do processo contencioso administrativo fiscal.

Quando o sujeito passivo é notificado do lançamento, o crédito tributário está constituído. Neste caso, não
falamos mais em decadência, pois houve a constituição tempestiva do crédito tributário pelo lançamento.
No entanto, para que ele esteja definitivamente constituído, como vimos, é necessário que não possa mais
ser modificado na esfera administrativa.

25
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assim sendo, podemos concluir que o curso da decadência termina no momento da ciência do auto-de-
infração ou notificação de lançamento pelo sujeito passivo, quando se considera constituído o crédito
previdenciário. Outrossim, o prazo de prescrição só tem início com a constituição definitiva do crédito
previdenciário, após concluído todo o processo contencioso administrativo fiscal referente a este
lançamento (auto-de-infração ou notificação de lançamento). Assim, no intervalo entre a ciência do
lançamento e a decisão administrativa final não corre nem prazo de decadência e nem prazo de prescrição.

De forma resumida, podemos afirmar que a ação para a cobrança do crédito previdenciário prescreve em 5
anos, contados da data da sua constituição definitiva, ou seja, 5 anos contados:

• Da data em que expirar o prazo para o sujeito passivo impugnar o lançamento;


• Da data em que expirar o prazo para recorrer de decisão administrativa que manteve o lançamento,
no todo ou em parte;
• Da data da ciência da decisão administrativa final, para a qual não caiba mais recurso.

Caso a contribuição previdenciária tenha sido declarada em GFIP (ou por meio do eSocial ou por qualquer
outro documento legal de declaração dos fatos gerados previdenciários), nos termos da Súmula STJ 436, os
valores declarados já se consideram definitivamente constituído, independentemente de qualquer
procedimento administrativo, conforme segue:

Súmula STJ 436: “A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o
crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.”

Neste caso, a contagem do prazo prescricional se inicia:

• GFIP (ou documento equivalente) entregue antes do vencimento do prazo para pagamento da
contribuição previdenciária: o prazo prescricional começa a fluir no dia seguinte ao do vencimento
da contribuição.
• GFIP (ou documento equivalente) entregue após o vencimento do prazo para pagamento da
contribuição previdenciária: o prazo prescricional começa a fluir no dia seguinte ao da entrega.

26
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Prescrição - art. 174 – CTN (custeio previdenciário)

Ação de execução fiscal

A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em


5 anos, contados da data da sua constituição definitiva.

Constituição definitiva significa que não poderá mais


ser modificado na via administrativa.

5.2 - Interrupção do Prazo Prescricional

Existem situações legalmente previstas em que o prazo prescricional poderá ser interrompido. Tais situações
estão enumerados no art. 174 do CTN, conforme segue:

Art. 174. (...)


(...)
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito
pelo devedor.

Interrupção da prescrição implica na devolução integral do prazo ao interessado, com o reinício de sua
contagem, desconsiderando o tempo já decorrido.

Como vimos, uma vez que o crédito previdenciário esteja definitivamente constituído, começa o curso da
prescrição. No entanto, se antes de decorridos os 5 anos ocorre umas das hipóteses de interrupção prevista
no CTN, o prazo decorrido é desconsiderado e a contagem volta a ser iniciada.

27
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Assim sendo, nos termos do parágrafo único do art. 174 do CTN, interrompem o prazo de prescrição:

• o despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;


• o protesto judicial;
• qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
• qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo
devedor.

6 - Prescrição em matéria de Benefícios

6.1 - Regra Geral

O estudo da prescrição em matéria de benefícios está disposto no parágrafo único do art. 103 da Lei
8.213/91, reproduzido a seguir:

Art. 103. (...)


Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e
qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela
Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil.

Em outras palavras, podemos dizer que os beneficiários do RGPS têm um prazo de 5 anos para promover
toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela

28
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Previdência Social. Esse prazo de 5 anos será contado da data em que deveriam ter sido pagas tais
prestações, restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social.

Assim sendo, mesmo que reconhecido um erro no cálculo do benefício nos últimos 10 anos, o beneficiário
só terá direito a receber a diferença dos últimos 5 anos.

Obs.1: Não é considerado pedido de revisão de decisão indeferitória definitiva, mas de novo pedido de
benefício, o que vier acompanhado de outros documentos além dos já existentes no processo.

Obs. 2: Nas hipóteses de requerimento de revisão de benefício em manutenção ou de recurso de decisão


do INSS com apresentação de novos elementos extemporaneamente ao ato concessório, os efeitos
financeiros serão fixados na data do pedido de revisão ou do recurso.

O prazo prescricional que estamos estudando apenas garante o recebimento dos valores devidos pela
Previdência Social aos beneficiários referentes aos últimos 5 anos, mesmo que se prove diferenças devidas
em período superior a 5 anos.

Enquanto a decadência permite que o beneficiário solicite ao INSS uma revisão do ato de concessão do seu
benefício no prazo de até 10 anos, a prescrição só garante o recebimento de valores devidos referente aos
últimos 5 anos, contados da data em que deveriam ter sido pagas tais prestações, restituições ou
diferenças devidas pela Previdência Social.

Devemos destacar, outrossim, nos termos do parágrafo único, do art. 103, da Lei 8.213/91, em sua parte
final, que não se aplica o prazo de prescrição que acabamos de estudar aos menores, incapazes ou ausentes,
na forma do Código Civil.

Prescrição (Benefícios Previdenciários)

Prescreve em 5 anos, a contar da data em que deveriam


ter sido pagas, toda e qualquer ação para:

haver quaisquer
haver
restituições ou diferenças
prestações vencidas devidas pela previdência social

salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes,


na forma do código civil

29
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Em relação a prescrição previdenciária, analise as assertivas abaixo:
I - Prescreve em dez anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver
prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito
dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil.
II - A ação para a cobrança do crédito previdenciário prescreve em cinco anos, contados da data da ciência
do lançamento.
III - O despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal interrompe o prazo de prescrição.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) III.

COMENTÁRIOS:
I - Prescreve em dez anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver
prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito
dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil.
Assertiva incorreta. Nos termos do parágrafo único, do art. 103, da Lei 8.213/91, prescreve em cinco anos
(e não em 10 anos), a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver
prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito
dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil.

II - A ação para a cobrança do crédito previdenciário prescreve em cinco anos, contados da data da ciência
do lançamento.
Assertiva incorreta. Nos termos art. 174 do CTN, a ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em
cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva (e não da ciência do lançamento).

30
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

III - O despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal interrompe o prazo de prescrição.
Assertiva correta. Art. 174, parágrafo único, I.

Gabarito: D

6.2 - Prescrição para ajuizar ação referente à prestação por acidente de trabalho

As ações referentes à prestação por acidente do trabalho prescrevem em 5 (cinco) anos, contados da data:

• do acidente, quando dele resultar a morte ou a incapacidade temporária, verificada esta em perícia
médica a cargo da Previdência Social; ou
• em que for reconhecida, pela Previdência Social, a incapacidade permanente ou o agravamento das
sequelas do acidente.

Esta regra está prevista no art. 104, da Lei 8.212/91, conforme segue:

Art. 104. As ações referentes à prestação por acidente do trabalho prescrevem em 5 (cinco) anos,
observado o disposto no art. 103 desta Lei, contados da data:
I - do acidente, quando dele resultar a morte ou a incapacidade temporária, verificada esta em perícia
médica a cargo da Previdência Social; ou
II - em que for reconhecida pela Previdência Social, a incapacidade permanente ou o agravamento das
sequelas do acidente.

31
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

JUSTIFICAÇÃO

1 - Conceito

A Justificação Administrativa (JA) é um procedimento que, quando cabível, temo objetivo de proporcionar
aos beneficiários do RGPS (segurados e dependentes), oportunidade para se provar certos fatos ou
determinadas circunstâncias, com a finalidade de suprir a falta ou insuficiência de documento, sempre de
interesse previdenciário, quando não haja outra forma de comprová-los perante o INSS.

A Justificação Administrativa (JA) é processada perante a própria previdência, sem ônus para o interessado,
com a vantagem de economia de tempo. Serve, por exemplo, para suprir a falta ou a insuficiência de
documento que evidencie tempo de serviço prestado, dependência econômica do instituidor do benefício
em relação ao beneficiário, união estável, identidade e relação de parentesco.

2 - Justificação Administrativa (JA)

Como vimos, a justificação administrativa constitui recurso utilizado para suprir a falta ou insuficiência de
documento ou produzir prova de fato ou circunstância de interesse dos beneficiários, perante a
previdência social.

A justificação administrativa é parte do processo de atualização de dados do CNIS ou de reconhecimento de


direitos, vedada sua tramitação na condição de processo autônomo.

Quando a concessão do benefício depender de documento ou de prova de ato ao qual o segurado não tenha
acesso, exceto quanto a registro público ou início de prova material, a justificação administrativa será
oportunizada, somente sendo admitido seu processamento quando necessário para corroborar o início de
prova material apto a demonstrar a plausibilidade do que se pretende comprovar.

A prova material somente terá validade para a pessoa referida no documento, vedada a sua utilização por
outras pessoas.

A justificação administrativa ou judicial, no caso de prova de tempo de serviço ou de contribuição,


dependência econômica, identidade e de relação de parentesco, somente produzirá efeito quando baseada
em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal.

A JA para confirmar a identidade e relação de parentesco constitui hipótese de exceção e será utilizada
quando houver divergência de dados a respeito da correspondência entre a pessoa interessada e os
documentos exibidos.

32
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

No caso de exigência de início de prova material, tal exigência será dispensada quando houver ocorrência
de motivo de força maior ou caso fortuito.

Caracteriza motivo de força maior ou caso fortuito a verificação de ocorrência notória, tais como
incêndio, inundação ou desmoronamento, que tenha atingido a empresa na qual o segurado
alegue ter trabalhado, devendo ser comprovada mediante registro da ocorrência policial feito
em época própria ou apresentação de documentos contemporâneos dos fatos, e verificada a
correlação entre a atividade da empresa e a profissão do segurado.

No registro da ocorrência policial, da certidão do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil, ou de outro órgão
público competente para emitir certidão sobre o evento, deverá constar a identificação da empresa atingida
e a extensão dos danos causados.

Se a empresa não estiver mais em atividade, deverá o interessado juntar prova oficial de sua existência no
período que pretende comprovar, salvo na possibilidade de verificação por meio de sistemas coorporativos
disponíveis.

No caso dos segurados empregado doméstico e contribuinte individual, após a homologação do processo,
este deverá ser encaminhado ao setor competente de arrecadação para levantamento e cobrança do
crédito.

O início de prova material deve ser contemporâneo aos fatos alegados, observadas as seguintes disposições:

• o segurado deverá apresentar documento com a identificação da empresa ou equiparada, referente


ao exercício do trabalho que pretende provar, na condição de segurado empregado;
• o empregado rural deverá apresentar também, documento consignando a atividade exercida ou
qualquer outro elemento que identifique a condição rurícola;
• deverá ser apresentado um documento como marco inicial e outro como marco final, e, na existência
de indícios que tragam dúvidas sobre a continuidade do período, ou seja, o período entre o
documento apresentado do marco inicial e final, poderão ser exigidos documentos intermediários; e
• a aceitação de um único documento está restrita à prova do(s) ano(s) a que ele se referirem.

A homologação da justificação judicial processada com base em prova exclusivamente testemunhal dispensa
a justificação administrativa, se complementada com início razoável de prova material contemporânea dos
fatos.

Para o processamento de justificação administrativa, o interessado deverá apresentar requerimento no qual


exponha, clara e minuciosamente, os pontos que pretende justificar, além de indicar testemunhas idôneas,

33
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

em número não inferior a dois nem superior a seis, cujos depoimentos possam levar à convicção da
veracidade do que se pretende comprovar.

Deverá ser oportunizada ao interessado a complementação dos dados necessários, mediante exigência para
cumprimento no prazo máximo de trinta dias.

As testemunhas, no dia e no horário marcados, serão inquiridas a respeito dos pontos que forem objeto da
justificação.

Caso uma ou mais testemunhas residam em localidade distante do local do processamento da JA, a oitiva
poderá ser realizada na Unidade de Atendimento mais próxima da residência de cada uma delas, mediante
requerimento do interessado.

A JA deverá ser analisada e concluída na Unidade de Atendimento do protocolo, realizando-se apenas a


oitiva das testemunhas em Unidade diversa, se assim requerido.

Não podem ser testemunhas:

• o menor de dezesseis anos;


• o cônjuge, o companheiro ou a companheira, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o
terceiro grau, por consanguinidade ou afinidade.

Obs.: A pessoa com deficiência poderá testemunhar em igualdade de condições com as demais
pessoas e lhe serão assegurados todos os recursos de tecnologia assistiva.

A justificação administrativa será avaliada globalmente quanto à forma e ao mérito, valendo perante o INSS
para os fins especificamente visados, caso considerada eficaz.

A justificação administrativa será processada sem ônus para o interessado e nos termos das instruções do
INSS.

Aos autores de declarações falsas, prestadas em justificações processadas perante a Previdência Social,
serão aplicadas as penas de Falsidade Ideológica previstas no Código Penal.

Somente será admitido o processamento de justificação administrativa quando necessário para corroborar
o início de prova material apto a demonstrar a plausibilidade do que se pretende comprovar.

Para a comprovação de atividade rural em qualquer categoria, caso os documentos apresentados não sejam
suficientes, por si só, para a prova pretendida, mas se constituam como início de prova material, a pedido
do interessado, poderá ser processada JA.

34
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Tratando-se de comprovação na categoria de segurado especial, o documento existente em nome de um


dos componentes do grupo familiar poderá ser utilizado como início de prova material, por qualquer dos
integrantes deste grupo, assim entendidos os pais, os cônjuges, companheiros, inclusive os homoafetivos e
filhos solteiros ou a estes equiparados.

Caso os documentos apresentados não sejam suficientes para a comprovação da área, contínua ou
descontínua, ou da embarcação utilizada pelo segurado especial, para o desenvolvimento da atividade,
assim como a comprovação da identificação do proprietário por meio do nome e CPF, deverá ser
apresentada a declaração do segurado neste sentido.

Somente será aceito laudo de exame documentoscópico com parecer grafotécnico como início de prova
material se realizado por perito especializado em perícia grafotécnica acompanhado dos documentos
originais que serviram de base para a realização do exame.

Poderá ser processada a JA para eliminar possível dependente em favor de outro, situado em ordem
concorrente ou preferencial, por inexistir qualquer condição essencial ao primeiro, observando-se que:

• cada pretendente ao benefício deverá ser cientificado, antes da realização da JA, quanto à existência
de outro possível dependente e ser orientado a requerer, também, a oitiva de testemunhas ou
realizar a comprovação de dependência econômica, quando couber;
• sempre que o dependente a excluir for incapaz, a JA somente poderá ser realizada se ele estiver
devidamente representado; e
• no caso de dependente incapaz, em razão da concorrência de interesses, o representante legal não
poderá ser pessoa que venha a ser beneficiada com a referida exclusão, hipótese em que não caberá
o processamento de JA, devendo o interessado fazer a prova perante o juízo de direito competente.

3 - Do Processamento da Justificação Administrativa (JA)

Como já mencionado, para o processamento de justificação administrativa, o interessado deverá apresentar


requerimento no qual exponha, clara e minuciosamente, os pontos que pretende justificar, além de indicar
testemunhas idôneas, em número não inferior a dois nem superior a seis, cujos depoimentos possam levar
à convicção da veracidade do que se pretende comprovar.

As testemunhas, no dia e no horário marcados, serão inquiridas a respeito dos pontos que forem objeto da
justificação.

Realizado o procedimento de depoimento das testemunhas, análise quanto à forma e emitindo parecer, o
processo será encaminhado, preferencialmente, àquele que determinou o processamento da JA, a fim de:

35
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• confrontar a prova oral produzida e o parecer conclusivo do justificante com o início de prova
material e as demais informações dos sistemas corporativos; e
• emitir decisão fundamentada esclarecendo se a JA foi eficaz para comprovar os fatos alegados pelo
justificante.

Caso a JA tenha sido eficaz para comprovar parcialmente os fatos ou períodos de contribuição alegados pelo
justificante, o parecer deverá conter a delimitação clara entre o que foi e o que não foi reconhecido.

Se, após o processamento da JA, ficar evidenciado que a prestação de serviço ocorreu sem relação de
emprego, será feito o reconhecimento da filiação na categoria correspondente, com obrigatoriedade do
recolhimento das contribuições, quando for o caso.

Caso a JA não seja processada por não preencher os requisitos necessários, ou por ausência de início de
prova material, ou ainda, por não compreender todo o período pretendido, o segurado deverá ser
cientificado, expressamente, da possibilidade de recurso, informando o prazo.

Não caberá recurso da decisão conclusiva do INSS que considerar eficaz ou ineficaz a JA.

Após a conclusão da JA, se o interessado apresentar documentos de início de prova adicionais que,
confrontados com os depoimentos, possam ampliar os períodos já homologados, poderá ser efetuado termo
aditivo e reconhecidos os novos períodos.

Não caberá reinquirição de testemunhas ou novo processamento de JA para o mesmo objeto quando a
anterior já tiver recebido análise de mérito.

A JA processada por determinação judicial deverá ser analisada quanto à forma e quanto ao mérito, de
acordo com o disposto na legislação previdenciária.

Se ausentes os requisitos para o processamento ou homologação da justificação, tais como inexistência de


início de prova material ou insuficiência do número de testemunhas, a JA realizada será declarada ineficaz,
ainda que processada por determinação judicial.

Restará encerrado o processo administrativo com a decisão administrativa não mais passível de recurso,
ressalvado o direito de o requerente pedir a revisão da decisão no prazo decadencial de 10 anos, previsto
na Lei de Benefícios.

4 - Impossibilidade de Justificação

Não será admitida a justificação administrativa quando o fato a comprovar exigir registro público de
casamento, de idade ou de óbito, ou de qualquer ato jurídico para o qual a lei prescreva forma especial.

36
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

A justificação administrativa ou judicial, para fins de comprovação de tempo de contribuição, dependência


econômica, identidade e relação de parentesco, somente produzirá efeito quando for baseada em início de
prova material contemporânea dos fatos e não serão admitidas as provas exclusivamente testemunhais.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca da justificação administrativa, analise as assertivas abaixo:
I - A justificação administrativa constitui recurso utilizado para suprir a falta ou insuficiência de documento
ou produzir prova de fato ou circunstância de interesse dos beneficiários, perante a previdência social.
II - A justificação administrativa, no caso de prova de tempo de serviço ou de contribuição, dependência
econômica, identidade e de relação de parentesco, somente produzirá efeito quando baseada em início de
prova material, admitida prova exclusivamente testemunhal.
III - Para o processamento de justificação administrativa, o interessado deverá apresentar requerimento no
qual exponha, clara e minuciosamente, os pontos que pretende justificar, além de indicar testemunhas
idôneas, em número não inferior a três nem superior a nove, cujos depoimentos possam levar à convicção
da veracidade do que se pretende comprovar.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - A justificação administrativa constitui recurso utilizado para suprir a falta ou insuficiência de documento
ou produzir prova de fato ou circunstância de interesse dos beneficiários, perante a previdência social.
Assertiva correta. Art. 142 do Decreto 3.048/99.

37
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

II - A justificação administrativa, no caso de prova de tempo de serviço ou de contribuição, dependência


econômica, identidade e de relação de parentesco, somente produzirá efeito quando baseada em início de
prova material, admitida prova exclusivamente testemunhal.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 143 do Decreto 3.048/99, a justificação administrativa ou judicial,
para fins de comprovação de tempo de contribuição, dependência econômica, identidade e relação de
parentesco, somente produzirá efeito quando for baseada em início de prova material contemporânea dos
fatos e não serão admitidas as provas exclusivamente testemunhais.

III - Para o processamento de justificação administrativa, o interessado deverá apresentar requerimento no


qual exponha, clara e minuciosamente, os pontos que pretende justificar, além de indicar testemunhas
idôneas, em número não inferior a três nem superior a nove, cujos depoimentos possam levar à convicção
da veracidade do que se pretende comprovar.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 145 do Decreto 3.048/99, para o processamento de justificação
administrativa, o interessado deverá apresentar requerimento no qual exponha, clara e minuciosamente, os
pontos que pretende justificar, além de indicar testemunhas idôneas, em número não inferior a dois nem
superior a seis, cujos depoimentos possam levar à convicção da veracidade do que se pretende comprovar.

Gabarito: A

RECURSO DAS DECISÕES ADMINISTRATIVAS

1 - Processo Relativo ao Custeio Previdenciário

Atualmente, conforme previsto na Lei 11.457/2007, passaram a ser regidos pelo Decreto nº 70.235/1972 os
procedimentos fiscais e os processos administrativo-fiscais de determinação e exigência de créditos
tributários referentes às contribuições sociais previdenciárias e contribuições devidas a terceiros
(outras entidades e fundos).

Uma vez formalizada a exigência fiscal pela lavratura do auto-de-infração ou notificação de lançamento, 4
hipóteses são possíveis:

• Pagamento;
• Parcelamento;
• Impugnação, contestando a exigência fiscal; e
• Revelia, pela ausência do contraditório por parte do contribuinte.

38
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Auto-de-infração ou Notificação de Lançamento

Formalizada a exigência pela lavratura de auto-de-infração


ou notificação de lançamento, quatro hipóteses são possíveis:

Pagamento

Parcelamento

Impugnação (contestando a exigência fiscal)

Revelia (ausência do contraditório)

1.1 - Competência para Julgamento

O julgamento do processo de exigência das contribuições previdenciárias administradas pela Secretaria da


Receita Federal compete:

• em primeira instância, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento - DRJ, órgãos de deliberação


interna e natureza colegiada da Secretaria da Receita Federal;
• em segunda instância, ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, órgão colegiado,
paritário, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, com atribuição de julgar recursos de
ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos de natureza especial.

O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF será constituído por seções e pela Câmara Superior
de Recursos Fiscais - CSRF. As seções serão especializadas por matéria e constituídas por câmaras. As
câmaras poderão ser divididas em turmas.

A Câmara Superior de Recursos Fiscais – CSRF será constituída por turmas, compostas pelos Presidentes e
Vice-Presidentes das câmaras.

O Ministro de Estado da Fazenda poderá criar, nas seções, turmas especiais, de caráter temporário, com
competência para julgamento de processos que envolvam valores reduzidos, que poderão funcionar nas
cidades onde estão localizadas as Superintendências Regionais da Receita Federal do Brasil.

39
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

As turmas da Câmara Superior de Recursos Fiscais - CSRF serão constituídas pelo Presidente do Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, pelo Vice-Presidente, pelos Presidentes e pelos Vice-Presidentes
das câmaras, respeitada a paridade.

A presidência das turmas da Câmara Superior de Recursos Fiscais - CSRF será exercida pelo Presidente do
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF e a vice-presidência, por conselheiro representante dos
contribuintes.

Os cargos de Presidente das Turmas da Câmara Superior de Recursos Fiscais - CSRF, das câmaras, das suas
turmas e das turmas especiais serão ocupados por conselheiros representantes da Fazenda Nacional, que,
em caso de empate, terão o voto de qualidade, e os cargos de Vice-Presidente, por representantes dos
contribuintes.

Os conselheiros serão designados pelo Ministro de Estado da Fazenda para mandato, limitando-se as
reconduções, na forma e no prazo estabelecidos no regimento interno.

1.2 - Do Julgamento em Primeira Instância

O julgamento do processo de exigência das contribuições previdenciárias compete, em primeira instância,


às Delegacias da Receita Federal de Julgamento - DRJ, órgãos de deliberação interna e natureza colegiada da
Receita Federal do Brasil - RFB.

Obs.: O INSS, a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho e, nas decisões relacionadas à


compensação financeira, os entes federativos poderão reformar suas decisões e deixar de
encaminhar, no caso de reforma favorável ao interessado, a contestação ou o recurso à instância
competente ou de rever o ato para o não prosseguimento da contestação ou do recurso.

A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento.

A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será
apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da
exigência.

A impugnação mencionará:

I - a autoridade julgadora a quem é dirigida;

II - a qualificação do impugnante;

40
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

III - os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas
que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)

IV - as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as
justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de
perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de
1993)

V - se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição.

A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em


outro momento processual, a menos que:

a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;

b) refira-se a fato ou a direito superveniente;

c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.

A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição
em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições acima mencionadas.

Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for
interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância.

Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.

Não sendo cumprida nem impugnada a exigência, a autoridade preparadora declarará a revelia,
permanecendo o processo no órgão preparador, pelo prazo de trinta dias, para cobrança amigável.

Esgotado o prazo de cobrança amigável sem que tenha sido pago o crédito tributário, o órgão preparador
declarará o sujeito passivo devedor remisso e encaminhará o processo à autoridade competente para
promover a cobrança executiva.

41
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Impugnação

É a forma que o sujeito passivo utiliza para


manifestar sua inconformidade com a exigência fiscal.

Instaura a fase litigiosa do procedimento, suspende a


exigibilidade do crédito previdenciário e a fluência da prescrição.

Será formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se


fundamentar, devendo ser apresentada ao órgão preparador no prazo de
30 dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência.

1.3 - Recurso ao CARF

Da decisão de primeira instância, proferida pela Delegacias da Receita Federal de Julgamento – DRJ, caberá
recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, conforme segue:

• recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência
da decisão.
• recurso de ofício, interposto pela própria autoridade julgadora (DRJ)

Da decisão de primeira instância não cabe pedido de reconsideração.

1.4 - Recurso Voluntário ao CARF

Da decisão de primeira instância, proferida pela Delegacias da Receita Federal de Julgamento – DRJ, caso
seja contrária total ou parcialmente ao sujeito passivo, caberá recurso voluntário ao Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência
da decisão.

42
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Recurso Voluntário ao CARF

Da decisão de primeira instância, proferida pela


Delegacias da Receita Federal de Julgamento – DRJ,
caso seja contrária total ou parcialmente ao sujeito
passivo, caberá recurso voluntário ao Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais – CARF.

com efeito suspensivo;

dentro dos 30 dias seguintes à ciência


da decisão.

1.5 - Recurso de Ofício ao CARF

O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ)


recorrerá de ofício (ou seja, recorrerá contra a própria decisão), ao Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais – CARF, sempre que a decisão:

• exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$
15.000.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda
(atualmente fixado pela Portaria MF nº 02, de 17 de janeiro de 2023).
• deixar de aplicar pena de perda de mercadorias ou outros bens cominados à infração denunciada na
formalização da exigência.

O recurso será interposto mediante declaração na própria decisão.

43
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Recurso de Ofício ao CARF

A autoridade de primeira instância (Delegacias da Receita Federal


de Julgamento – DRJ) recorrerá de ofício (ou seja, recorrerá
contra a própria decisão), ao Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais – CARF, sempre que a decisão:

- exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos


de multa de valor total a ser fixado em ato do Ministro de Estado da
Fazenda, atualmente estabelecido em R$ 15.000.000,00 (Portaria MF
nº 02, de 17 de janeiro de 2023).

- deixar de aplicar pena de perda de mercadorias ou outros bens


cominada à infração denunciada na formalização da exigência.

1.6 - Recurso à Câmara Superior de Recursos Fiscais - CSRF

Caberá recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais - CSRF, no prazo de 15 (quinze) dias da
ciência do acórdão ao interessado, de decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe
tenha dado outra Câmara, turma de Câmara, turma especial ou a própria Câmara Superior de Recursos
Fiscais.

Ou seja, compete à Câmara Superior de Recursos Fiscais – CSRF a unificação da interpretação em matéria
tributária.

Recurso à Câmara Superior de Recursos Fiscais - CSRF

Caberá recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais -


CSRF, no prazo de 15 dias da ciência do acórdão ao interessado, de
decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe
tenha dado outra Câmara, turma de Câmara, turma especial ou a
própria Câmara Superior de Recursos Fiscais.

Ou seja, compete à Câmara Superior de Recursos Fiscais – CSRF a


unificação da interpretação em matéria tributária.

44
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2 - Processo Relativo aos Benefícios Previdenciários

Compete ao Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS processar e julgar:

• os recursos das decisões proferidas pelo INSS nos processos de interesse de seus beneficiários;
• as contestações e os recursos relativos à atribuição, pelo Ministério do Trabalho e Previdência, do
FAP aos estabelecimentos das empresas;
• os recursos das decisões proferidas pelo INSS relacionados à comprovação de atividade rural de
segurado especial ou às demais informações relacionadas ao CNIS relativos a vínculos, remunerações
e contribuições;
• os recursos das decisões relacionadas à compensação financeira de que trata a Lei nº 9.796/99;
• os recursos relacionados aos processos sobre irregularidades verificadas em procedimento de
supervisão e de fiscalização nos regimes próprios de previdência social e aos processos sobre
apuração de responsabilidade por infração às disposições da Lei nº 9.717/98.

O prazo para interposição de contestações e recursos ou para oferecimento de contrarrazões será de trinta
dias, contado:

• no caso das contestações, da publicação no Diário Oficial da União das informações sobre a forma de
consulta ao FAP;
• no caso dos recursos, da ciência da decisão; e
• no caso das contrarrazões, da interposição do recurso.

Obs.: O INSS, a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho e, nas decisões relacionadas à


compensação financeira, os entes federativos poderão reformar suas decisões e deixar de
encaminhar, no caso de reforma favorável ao interessado, a contestação ou o recurso à instância
competente ou de rever o ato para o não prosseguimento da contestação ou do recurso.

2.1 - Instâncias Recursais

O Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS é órgão colegiado de julgamento, integrante da


estrutura do Ministério do Trabalho e Previdência.

O Conselho de Recursos da Previdência Social - CRPS compreende os seguintes órgãos:

• Juntas de Recursos, com a competência para julgar:

45
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

o os recursos das decisões proferidas pelo INSS nos processos de interesse de seus
beneficiários, exceto o julgamento dos recursos das decisões constantes de parecer
conclusivo quanto à incapacidade laboral e à caracterização da invalidez do dependente, de
competência da Secretaria de Previdência do Ministério do Trabalho e Previdência, por meio
da Subsecretaria de Perícia Médica Federal;
o os recursos das decisões proferidas pelo INSS relacionados à comprovação de atividade rural
de segurado especial ou às demais informações relacionadas ao CNIS;
o os recursos de decisões relacionadas à compensação financeira de que trata a Lei nº 9.796/99;
o as contestações relativas à atribuição do FAP aos estabelecimentos da empresa; e
o os recursos relacionados aos processos sobre irregularidades verificadas em procedimento
de supervisão e de fiscalização nos regimes próprios de previdência social e aos processos
sobre apuração de responsabilidade por infração às disposições da Lei nº 9.717/98.

• Câmaras de Julgamento, com sede em Brasília, Distrito Federal, com a competência para julgar os
recursos interpostos contra as decisões proferidas pelas Juntas de Recursos.
• Conselho Pleno, com a competência para uniformizar a jurisprudência previdenciária mediante
enunciados, podendo ter outras competências definidas no Regimento Interno do Conselho de
Recursos da Previdência Social.
Obs.: A quantidade de Juntas de Recursos e de Câmaras de Julgamento do CRPS será estabelecida no decreto
que aprovar a estrutura regimental do Ministério do Trabalho e Previdência.

O CRPS é presidido por representante do Governo, com notório conhecimento da legislação previdenciária,
nomeado pelo Ministro de Estado do Trabalho e Previdência, cabendo-lhe dirigir os serviços administrativos
do órgão.

As Juntas de Recursos e as Câmaras de Julgamento, presididas por representante do Governo federal, são
integradas por quatro conselheiros em cada turma, nomeados pelo Ministro de Estado do Trabalho e
Previdência, com a seguinte composição:

• para os órgãos com competência para processar e julgar as contestações ou os recursos das decisões
proferidas pelo INSS nos processos de interesse de seus beneficiários, as contestações e os recursos
relativos à atribuição, pelo Ministério do Trabalho e Previdência, do FAP aos estabelecimentos das
empresas e os recursos das decisões proferidas pelo INSS relacionados à comprovação de atividade
rural de segurado especial ou às demais informações relacionadas ao CNIS:
o dois representantes do Governo federal;
o um representante das empresas; e
o um representante dos trabalhadores; e

• para os órgãos com competência para processar e julgar os recursos das decisões relacionadas à
compensação financeira de que trata a Lei nº 9.796/99 e os recursos relacionados aos processos

46
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

sobre irregularidades verificadas em procedimento de supervisão e de fiscalização nos regimes


próprios de previdência social e aos processos sobre apuração de responsabilidade por infração às
disposições da Lei nº 9.717/98:
o dois representantes do Governo federal;
o um representante dos entes federativos; e
o um representante dos servidores públicos.

O mandato dos conselheiros do CRPS é de três anos, permitida a recondução, cumpridos os seguintes
requisitos:

• os representantes do Governo federal serão escolhidos entre servidores federais, preferencialmente


do Ministério do Trabalho e Previdência ou do INSS, ou de outro órgão da administração pública
federal, estadual, municipal ou distrital, com graduação em Direito, os quais prestarão serviços
exclusivos ao CRPS, sem prejuízo dos direitos e das vantagens percebidos no cargo de origem;
• os representantes das empresas e dos trabalhadores serão escolhidos entre os indicados em lista
tríplice pelas entidades de classe ou sindicais das respectivas jurisdições, com graduação em Direito,
e serão enquadrados como segurados obrigatórios do RGPS na condição de contribuintes individuais
• os representantes dos entes federativos e dos servidores públicos serão escolhidos entre os
indicados em lista tríplice pelo Conselho Nacional dos Regimes Próprios de Previdência Social,
observadas as respectivas representações, com graduação em Direito, e manterão a qualidade de
segurados do regime próprio a que estejam vinculados;
• os representantes não poderão incidir em situações que caracterizem conflito de interesses, nos
termos do disposto no art. 10 da Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013.

A gratificação dos membros de Câmara de Julgamento e Junta de Recursos será definida em ato do Ministro
de Estado do Trabalho e Previdência.

O conselheiro afastado por qualquer das razões elencadas no Regimento Interno do Conselho de Recursos
da Previdência Social, exceto quando decorrente de renúncia voluntária, não poderá ser novamente
designado para o exercício desta função antes do transcurso de cinco anos, contados do efetivo
afastamento.

O limite máximo de composições por Câmara de Julgamento ou Junta de Recursos, do Conselho de Recursos
da Previdência Social, será definido em ato do Ministro de Estado do Trabalho e Previdência, por proposta
fundamentada do presidente do referido Conselho, em função da quantidade de processos em tramitação
em cada órgão julgador.

O afastamento do representante dos trabalhadores da empresa empregadora ou dos servidores do ente


federativo não constitui motivo para alteração ou rescisão de seu vínculo contratual ou funcional.

47
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Compete ao Ministro de Estado do Trabalho e Previdência aprovar o Regimento Interno do CRPS.

Obs.: Compete à Secretaria de Previdência do Ministério do Trabalho e Previdência, por meio da


Subsecretaria de Perícia Médica Federal, o julgamento dos recursos das decisões constantes de parecer
conclusivo quanto à incapacidade laboral e à caracterização da invalidez do dependente. Nesse caso, a
atribuição para o julgamento será dos integrantes da carreira de Perito Médico Federal e o julgador será
autoridade superior, de acordo com a hierarquia administrativa do órgão, àquela que tenha realizado o
exame médico pericial.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Quanto ao recurso das decisões administrativas, analise as assertivas abaixo:
I - Caso seja interposto recurso contra a decisão do INSS que indeferiu o pedido de segurado para converter
seu auxílio por incapacidade temporário em aposentadoria por incapacidade permanente, o órgão regional
do INSS que proferiu a decisão não poderá reformá-la, devendo encaminhar o recurso à instância
competente.
II - Contra a decisão do INSS pelo indeferimento de benefício previdenciário, o segurado poderá interpor
recurso administrativo, que será julgado, em primeira instância, pela Câmara de Julgamento da Previdência
Social.
III - Compete às juntas de recursos julgar os recursos das decisões proferidas pelo INSS nos processos de
interesse de seus beneficiários.

Estão corretas as seguintes assertivas:


a) I.
b) I e II.
c) II e III.
d) III.

COMENTÁRIOS
I - Caso seja interposto recurso contra a decisão do INSS que indeferiu o pedido de segurado para converter
seu auxílio por incapacidade temporário em aposentadoria por incapacidade permanente, o órgão regional

48
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

do INSS que proferiu a decisão não poderá reformá-la, devendo encaminhar o recurso à instância
competente.
Assertiva incorreta. Nos termos do art. 305, § 3º, do Decreto 3.048/99, o INSS, a Secretaria Especial de
Previdência e Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência e, quando for o caso, os entes federativos
poderão reformar suas decisões e deixar de encaminhar, no caso de reforma favorável ao interessado, a
contestação ou o recurso à instância competente ou de rever o ato para o não prosseguimento da
contestação ou do recurso.

II - Contra a decisão do INSS pelo indeferimento de benefício previdenciário, o segurado poderá interpor
recurso administrativo, que será julgado, em primeira instância, pela Câmara de Julgamento da Previdência
Social.
Assertiva incorreta. A Câmara de Julgamento tem com a competência para julgar os recursos interpostos
contra as decisões proferidas pelas Juntas de Recursos. O julgamento das decisões proferidas pelo INSS nos
processos de interesse de seus beneficiários será de competência, em primeira instância, das Juntas de
Recursos, nos termos do art. 303, § 1º, do Decreto 3.048/99.

III - Compete às juntas de recursos julgar os recursos das decisões proferidas pelo INSS nos processos de
interesse de seus beneficiários.
Assertiva correta. Art. 305, I, do Decreto 3.048/99.

Gabarito: D

2.2 - Efeito dos Recursos

Os recursos interpostos tempestivamente contra decisões proferidas pelas Juntas de Recursos e pelas
Câmaras de Julgamento do CRPS têm efeito:

• Suspensivo: As decisões proferidas em primeira instância não poderão ser executadas até o
julgamento do recurso; e
• Devolutivo: Devolve toda matéria para reexame em instância superior, para que decisão de primeira
instância seja anulada, reformada, ou, se for o caso, mantida.

49
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

2.3 - Renúncia à Instância Administrativa

A propositura pelo interessado de ação judicial que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual verse o
processo administrativo importará renúncia ao direito de contestar e recorrer na esfera administrativa,
com a consequente desistência da contestação ou do recurso interposto.

Considera-se idêntica a ação judicial que tiver as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido
do processo administrativo.

AÇÕES JUDICIAIS EM MATÉRIA PREVIDENCIÁRIA


Pode-se dizer que as ações previdenciárias propostas pelo segurado ou seus dependentes se dividem,
principalmente, em duas:
• Ação de concessão do benefício previdenciário.
o Comum
o Acidentária
o Assistencial

• Ação de revisão.
o Comum
o Acidentária
o Assistencial

Antes da propositura da ação previdenciária, é necessário verificar qual o tipo de ação, a natureza do
benefício, se houve prévio requerimento na via administrativa (INSS), qual o valor da causa, entre outros
elementos.

50
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

1 - Prévio Requerimento na Via Administrativa (INSS).

A Turma de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNUJEF) entende que é necessário o exaurimento
da via administrativa para posteriormente dar entrada na via judicial, senão vejamos:

“É necessário o prévio requerimento administrativo para fins de demonstração da


existência da pretensão resistida por parte da autarquia previdenciária...”

No entanto, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem o entendimento oposto, ou seja, não
há necessidade de prévio requerimento administrativo para a propositura de ação previdenciária judicial,
senão vejamos:

“É desnecessário impor ao segurado que percorra a via administrativa antes do ingresso


em juízo, apenas como uma exigência formal para ver sua pretensão apreciada pelo
Estado-juiz”.

Assim sendo, podemos observar que existe divergência de entendimentos sobre a necessidade ou não do
prévio requerimento administrativo antes do ajuizamento da ação previdenciária. Resumidamente, temos:

• Para alguns doutrinadores, tal exigência é desnecessária.


Argumento: a Constituição Federal de 1988 não vincula a ação judicial ao prévio exaurimento da via
administrativa (Art. 5.º, inciso XXXV) - Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição.

• Outros doutrinadores pátrios afirmam categoricamente que o segurado-litigante não pode optar
diretamente pela via judicial, sem a prévia impugnação na via administrativa.
Argumento: sem o inconformismo na via administrativa, estaria caracterizada a ausência de conflito
de interesses entre o segurado e o INSS, ou seja, a ação judicial não poderá prosperar pela
inexistência de interesse em agir.

51
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

• A questão do prévio requerimento, ou não, na via administrativa, também é controversa entre os


tribunais. Vejamos a posição de cada um:

• Turma de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNUJEF): entende que é


necessário o exaurimento da via administrativa para posteriormente dar entrada na via
judicial

• Superior Tribunal de Justiça (STJ): tem o entendimento da necessidade de prévio


requerimento administrativo para a propositura de ação previdenciária judicial.

• Supremo Tribunal Federal (STF): tem o entendimento de que a concessão de benefícios


previdenciários depende de requerimento do interessado, não se caracterizando
ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS, ou se
excedido o prazo legal para sua análise.

2 - Competência das Ações Previdenciárias

2.1 - Benefícios de Natureza Comum e Assistencial.

Cabem aos juízes federais processarem e julgarem as ações previdenciárias, pois nesse tipo de ação, a
União, por meio do INSS, configura um dos polos da ação, na condição de autora, ré, assistente ou oponente.
Logo, as ações previdenciárias de concessão e de revisão de benefícios previdenciários, de natureza
comum ou assistencial, serão propostas perante a Justiça Federal.

Observação: não se aplica a regra acima às ações de natureza acidentária.

No entanto, serão processadas e julgadas na Justiça Estadual, no foro do domicílio dos segurados ou
beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a
comarca não seja sede de vara do juízo federal. Verificada essa condição, portanto, a lei poderá permitir
que as causas sejam processadas e julgadas pela justiça estadual. Estamos diante de uma hipótese

52
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

constitucional de incidente de deslocamento de competência da Justiça Federal para a Justiça Estadual,


para processar e julgar ações previdenciárias.

Esse deslocamento de competência se refere somente ao 1.º grau de jurisdição. Mesmo na hipótese do
deslocamento de competência da Justiça Federal para a Justiça Estadual, o recurso cabível será sempre para
o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. Apesar de a ação tramitar
primeiramente em uma vara estadual por motivo do deslocamento de competência, o possível recurso não
será interposto ao Tribunal de Justiça (TJ) do respectivo Estado, e sim ao Tribunal Regional Federal (TRF) da
região judiciária a qual pertence o município-sede da vara estadual.

Obs.: SÚMULA 689/STF: “O segurado pode ajuizar ação contra a instituição previdenciária perante o juízo
federal do seu domicílio ou nas varas federais da Capital do Estado-Membro”. Assim sendo, a propositura
de ação contra o INSS pode ocorrer tanto no domicílio do segurado como no da Capital do Estado-membro.

Nos casos de Mandado de Segurança, não cabe o deslocamento de competência da Justiça Federal para a
Justiça Estadual, uma vez que é privativo à Justiça Federal o julgamento desse tipo de ação contra ato de
autoridade federal (INSS).

2.2 - Benefícios de Natureza Acidentária

As ações ajuizadas pelos segurados contra o INSS, decorrentes de benefícios previdenciários de natureza
acidentária, ou seja, que decorram de acidente do trabalho, devem ser ajuizadas perante a Justiça Estadual.
Os litígios e medidas cautelares relativos a acidentes do trabalho serão apreciados, na via judicial, pela
Justiça dos Estados e do Distrito Federal, segundo o Rito Sumaríssimo, inclusive durante as férias forenses,
mediante petição instruída pela prova de efetiva notificação do evento à Previdência Social, através de
Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), sendo isento do pagamento de quaisquer custas e de verbas
relativas à sucumbência.

Assim sendo, as ações que objetivem a revisão e a concessão de auxílio por incapacidade temporária, auxílio-
acidente, pensão por morte, decorrentes de acidente de trabalho, bem como doença profissional ou do

53
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

trabalho, devem ser ajuizados perante a Justiça Estadual, cabendo inclusive recurso junto ao Tribunal de
Justiça do respectivo Estado.

Súmula 501/STF: "Compete à Justiça ordinária estadual o processo e o julgamento, em


ambas as instâncias, das causas de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a
União, suas autarquias, empresas públicas ou sociedades de economia mista.”

Súmula 235/STF: “É competente para a ação de acidente do trabalho a Justiça Cível


comum, inclusive em segunda instância, ainda que seja parte autarquia seguradora.”

A jurisprudência de nossos Tribunais tem-se manifestado no sentido de que, tratando o feito originário de
ação regressiva na qual o INSS postula indenização contra as empresas negligentes, com base no artigo
120 da Lei nº 8.213 /1991, a competência para processar e julgar o feito é da Justiça Federal.

No entanto, as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente do trabalho,
serão julgadas na Justiça do Trabalho em 1ª e em 2ª instância.

Competência Competência
Tipo da ação Natureza do benefício
1ª instância 2ª instância

Justiça Federal
Comum
Justiça Estadual*
TRF
Ação de Justiça Federal
concessão e Assistencial
Justiça Estadual*
TRF
revisão
ACIDENTÁRIA Justiça Estadual TJ**
* Deslocamento de competência
** Exceto as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente do trabalho,
que serão julgadas na Justiça do Trabalho em 1ª e em 2ª instância.

54
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

Quanto à prescrição, no caso das ações judiciais referentes ao Acidente do Trabalho, ocorre em 5 anos, a
contar:
1. Do acidente, quando dele resultar a morte ou a incapacidade temporária, verificada esta
em perícia médica a cargo da Previdência social, ou;

2. Em que for reconhecida pela Previdência Social a incapacidade permanente ou o


agravamento das sequelas do acidente.

Por fim, importante destacar que, conforme entendimento do STF, quando se tratar de acumulação de
benefício previdenciário de natureza comum com benefício previdenciário de natureza acidentária, a
competência para julgar ações nesse sentido não cabe à Justiça Estadual, mas sim à Justiça Federal.

3 - Competência dos Juizados Especiais Federais (JEF)

Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça
Federal até o valor de 60 salários-mínimos, bem como executar as suas sentenças.

A competência dos JEFs em razão do valor da causa é absoluta, por isso, o autor não pode optar pela Justiça
Federal quando o valor da causa for inferior a 60 salários-mínimos.

Essa competência absoluta não é verificada nos casos em que não haja Vara do JEF no foro competente para
a causa.

Em qualquer caso, quando o valor da causa ultrapassar os 60 salários-mínimos, o segurado-litigante (autor


da ação) poderá renunciar ao valor excedente para fins de competência para ter acesso ao JEF. A renúncia
deve ser expressa, não sendo aceita renúncia tácita.

Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas (a vencer), para fins de competência do Juizado
Especial, a soma de 12 parcelas não poderá exceder a 60 salários-mínimos.

Quando se tratar de prestações vencidas e vincendas, o valor da causa, que ser· apurado pelo somatório das
parcelas vencidas com 12 parcelas vincendas, não poderá ultrapassar 60 salários-mínimos.

55
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

4 - Tutela Antecipada

A tutela antecipada é perfeitamente possível e válida nas ações previdenciárias para concessão e revisão de
benefícios. Nem sempre é possível a impetração do mandado de segurança, em razão da ausência de prova
de direito líquido e certo, o que implica na necessidade de tutela antecipada nas ações ordinárias.

5 - Coisa Julgada Previdenciária

Na concessão de benefícios por incapacidade (Aposentadoria por incapacidade permanente ou auxílio por
incapacidade temporária), não se pode falar em coisa julgada quando houver o agravamento ou mesmo
surgimento de nova doença após a perícia judicial.

Outra situação em que não há coisa julgada ocorre, por exemplo, nas ações de reconhecimento de tempo
de contribuição em que, tanto o pedido administrativo, quanto o judicial, são indeferidos por ausência de
documento necessário à comprovação do direito. Futuramente, caso o segurado obtenha as provas
necessárias para se provar o tempo que alega ter contribuído, poderá ingressar na via administrativa e/ou
judicial novamente para fazer valer seus direitos.

(Questão Inédita – Direito Previdenciário)


Acerca das ações judiciais em matéria previdenciária, analise as assertivas abaixo:
I - Serão processadas e julgadas na Justiça Estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as
causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja
sede de vara do juízo federal.
II - Na hipótese do deslocamento de competência da Justiça Federal para a Justiça Estadual, o recurso cabível
será interposto ao Tribunal de Justiça (TJ) do respectivo Estado.
III - Compete à Justiça ordinária estadual o processo e o julgamento, em ambas as instâncias, das causas de
acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a União, suas autarquias, empresas públicas ou
sociedades de economia mista.
Estão corretas as seguintes assertivas:
a) I.

56
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.

COMENTÁRIOS:
I - Serão processadas e julgadas na Justiça Estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as
causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja
sede de vara do juízo federal.
Assertiva correta. As ações previdenciárias de concessão e de revisão de benefícios previdenciários, de
natureza comum ou assistencial, serão propostas perante a Justiça Federal. Contudo, serão processadas e
julgadas na Justiça Estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem
parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo
federal. Verificada essa condição, portanto, a lei poderá permitir que as causas sejam processadas e julgadas
pela justiça estadual. Estamos diante de uma hipótese constitucional de incidente de deslocamento de
competência da Justiça Federal para a Justiça Estadual, para processar e julgar ações previdenciárias.

II - Na hipótese do deslocamento de competência da Justiça Federal para a Justiça Estadual, o recurso cabível
será interposto ao Tribunal de Justiça (TJ) do respectivo Estado.
Assertiva incorreta. O deslocamento de competência da Justiça Federal para a Justiça Estadual se refere
somente ao 1.º grau de jurisdição. Mesmo na hipótese do deslocamento de competência da Justiça Federal
para a Justiça Estadual, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição
do juiz de primeiro grau. Apesar de a ação tramitar primeiramente em uma vara estadual por motivo do
deslocamento de competência, o possível recurso não será interposto ao Tribunal de Justiça (TJ) do
respectivo Estado, e sim ao Tribunal Regional Federal (TRF) da região judiciária a qual pertence o município-
sede da vara estadual.

III - Compete à Justiça ordinária estadual o processo e o julgamento, em ambas as instâncias, das causas de
acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a União, suas autarquias, empresas públicas ou
sociedades de economia mista.
Assertiva correta. Súmula 501/STF.

Gabarito: C

57
oab.estrategia.com |
58
ESTRATÉGIA OAB
Direito Previdenciário - Prof. Rubens Maurício

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula e do nosso curso. Nesta aula estudamos Decadência, Prescrição, Justificação
Administrativa, Recurso das decisões administrativas e Ações Judiciais em matéria previdenciária.
Espero que você tenha muito sucesso e prosperidade nessa sua jornada como advogado.
Um forte abraço,

Rubens Maurício

58
oab.estrategia.com |
58

Você também pode gostar