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MÚSICA DE PROTESTO

Música de Protesto é uma categoria que engloba canções de música


popular compostas com o intuito de chamar a atenção do ouvinte a um determinado
problema de um certo país, seja ele de origem social, política ou econômica. Era um tipo
de música muito comum nos anos 60 e 70 do século XX, durante a ditadura
militar brasileira ou nos últimos anos do Estado Novo português.
No Brasil, pode-se dizer que a primeira canção de protesto foi: a "Canção do
subdesenvolvido", gravada em 1961 e composta por Carlos Lyra e Chico de Assis, na
época ligados ao Centro Popular de Cultura. Esse estilo alcançaria maior sucesso por
meio dos Festivais da Música Popular exibidos por diversas emissora de TV, que
possibilitaram o grande público ter acesso a artistas que se transformariam em ícones do
gênero música de protesto. Após o governo de Costa e Silva decretar o AI-5 em 13 de
dezembro de 1968, a liberdade artística, e a liberdade como um todo na sociedade
brasileira, sofreu com a censura rígida. Artistas tiveram que encontrar formas alternativas
de passarem suas mensagens ou em alguns casos se viram obrigados a sair do Brasil,
fugindo da inevitável perseguição a que seriam vítimas por parte dos militares.

Brasil
No Brasil, o golpe de estado de 1964 que destituiu João Goulart da presidência, e a
ditadura militar que se seguiu e que durou por 21 anos, se assemelhou em muitos
aspectos às características das ditaduras militares latino-americanas em geral. Desde o
período anterior à ditadura, artistas brasileiros já apresentavam suas críticas por meio de
suas músicas; mas seria com os festivais de canção transmitidos pela televisão (TV
Excelsior, TV Record, TV Globo), que as canções de protesto ganhariam cada vez mais
espaço. Os cantores concorriam em diversas categorias, como Melhor Canção e Melhor
intérprete, apresentando-se para um público formado principalmente por jovens
estudantes. Estes festivais projetaram nomes como o de Elis Regina, Chico Buarque,
Gilberto Gil, Caetano Veloso, entre outros.

Em 1967, surgiu o tropicalismo, liderado por Gilberto Gil e Caetano Veloso, que,
misturando elementos da cultura popular e da cultura de massas, buscava criar uma
música tipicamente brasileira. Embora as letras não contivessem mensagens tão
explicitamente políticas quanto canções como “Pra não dizer que não falei das flores” de
Geraldo Vandré, ou “Apesar de você” de Chico Buarque, o movimento foi perseguido por
questionar o conservadorismo da sociedade brasileira e propor uma revolução dos
costumes. Quando, em 1968, o governo militar baixou o Ato Institucional n° 5, o regime
chegou ao ápice da repressão e censura em todas as esferas; com isso, muitos artistas
mais engajados na luta revolucionária contra a ditadura, foram presos ou mandados para o
exílio

Canção do Subdesenvolvido – Carlos Lyra e Chico de Assis

O Brasil é uma terra de amores


Alcatifada de flores
Onde a brisa fala amores
Em lindas tardes de abril
Correi pras bandas do sul
Debaixo de um céu de anil
Encontrareis um gigante deitado
Santa Cruz...hoje o Brasil Bento que bento é o frade - frade!
Mas um dia o gigante despertou Na boca do forno - forno!
Deixou de ser gigante adormecido
E dele um anão se levantou
Era um país subdesenvolvido Tirai um bolo - bolo!
Subdesenvolvido, subdesenvolvido, etc. Fareis tudo que seu mestre mandar?
(refrão) Faremos todos, faremos todos...

E passado o período colonial Começaram a nos vender e nos comprar


O país passou a ser um bom quintal Comprar borracha - vender pneu
E depois de dar as contas a Portugal Comprar madeira - vender navio
Instaurou-se o latifúndio nacional, ai! Pra nossa vela - vender pavio
Subdesenvolvido, subdesenvolvido (refrão) Só mandaram o que sobrou de lá
Matéria plástica,
Que entusiástica
Então o bravo povo brasileiro Que coisa elástica,
Em perigos e guerras esforçado Que coisa drástica
Mas que prometia a força humana Rock-balada, filme de mocinho
Plantou couve, colheu banana.. Ar refrigerado e chiclet de bola
Bravo esforço do povo brasileiro E coca-cola...!
Mas não vi o capital lá do estrangeiro Subdesenvolvido, subdesenvolvido... etc.
Subdesenvolvido, subdesenvolvido... etc. (refrão)
(refrão)
O povo brasileiro tem personalidade
As nações do mundo para cá mandaram Não se impressiona com facilidade
Os seus capitais tão "desinteressados" Embora pense como americano
As nações, coitadas, queriam ajudar Embora dance como americano
E aquela "Ilha Velha" não roubou ninguém Embora cante como americano
Lá, lá, la, la, la, la
Êh, êh, meu boi
País de pouca terra, só nos fez um bem Êh, roçado bão
Um "big" bem, un "big" bem, bom, bem, O meior do meu sertão, thu, thu, thu
bom Comeram o boi...
Nos deu luz, ah! Tirou ouro, oh!
Nos deu trem, ahhh! Mas levou o nosso
tesouro O povo brasileiro embora pense, dance e
Subdesenvolvido, subdesenvolvido... etc. cante
(refrão) como americano
Não come como americano
Não bebe como americano
Mas data houve que se acabaram Vive menos, sofre mais
Os tempos duros e sofridos Isso é muito importante
Pois um dia aqui chegaram os capitais Muito mais do que importante
dos.. Pois difere os brasileiros dos demais
Paises amigos Personalidade, personalidade
País amigo desenvolvido Personalidade sem igual
País amigo, país amigo Porém... subdesenvolvida,
subdesenvolvida
Amigo do subdesenvolvido E essa é que é a vida nacional!
País amigo, país amigo
E nossos amigos americanos Adicionar à playlist
Com muita fé, com muita fé
Nos deram dinheiro e nós plantamos
Só café!
É uma terra em que plantando tudo dá
Pode se plantar tudo que quiser
Mas eles resolveram que nós iríamos
plantar
SÓ CAFÉ! SÓ CAFÉ!

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