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Valéria Guimarães
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A passeata contra a guitarra e a
“autêntica” música brasileira
Valéria Guimarães1
“Abaixo à guitarra!”
3 É Mário que diz no seu Ensaio sobre música brasileira (1928): “a música popu-
lar brasileira é a mais completa, mais totalmente nacional, mais forte criação de
nossa raça até agora” (Andrade apud Napolitano, Wasserman, 2000, p.169).
4 Como expõe Arnaldo Daraya Contier (1998), é possível estabelecer uma rela-
ção entre a chamada “música de protesto” feita por músicos como o Edu Lobo
e o discurso nacionalista perpetrado pelo Centro Popular de Cultura (CPC),
que reunia intelectuais e artistas de esquerda em prol de uma arte popular
revolucionária. Ele também observa na nota 3, com Marcos Napolitano, esta
ambiguidade do sentido da passeata, ao mesmo tempo ideológico e mercantil.
Pois bem, até Roberto Schwarz não deixou escapar esse mo-
mento esdrúxulo de nossa vida cultural, sobretudo quando vis-
lumbramos um contexto de intensa globalização:
Um estilo universal
Nacional ou estrangeiro?
8 E mais, essa memória da geração do “rock anos 1980” parece ter conseguido,
ainda, anular não só manifestações do rock dos anos 1960 e 1970, mas também
as bandas mais radicais de punk e heavy metal contemporâneas. Algumas
dessas bandas, como Legião Urbana, usaram fartamente o argumento de que
começaram como “banda punk” como defesa das acusações de serem “vendi-
das” para indústria cultural. Usado como um mecanismo de legitimação, o
“ato original” desta e de outras bandas vem sempre marcado por um passado
mítico underground que quase nunca corresponde à realidade.
9 Segundo Visconti, é com este segundo grupo que o rock começa a ser tocado,
tendo os anos 1970 como marco da incorporação da guitarra ao que ele chamou
de “nova música popular brasileira”. Embora ele cite o movimento da Jovem
Guarda ou o papel de Sérgio Dias, d’Os Mutantes e seu irmão Cláudio Dias
na difusão do gênero no Brasil, sua intenção é destacar nomes que adaptaram
a guitarra à música nacional como Lanny Gordin ou Pepeu Gomes (Visconti,
2009, p.11).
Considerações finais