br - R$ 15,00
P&D
Validação experimental da
continuidade em pilares pré-
moldados segmentados com ligações
de luvas metálicas grauteadas
PONTO DE VISTA
Paulo Sanchez - vice-presidente
de tecnologia e qualidade do
SindusCon-SP
05
Luís André Tomazoni (Cassol)
Diretor de Marketing PONTO DE VISTA
Silvia Gadelha de Almeida (T&A) Entrevista - Paulo Rogério Luongo Sanchez
Diretor Técnico
Marcelo Cuadrado Marin (Leonardi)
08
CONSELHO ESTRATÉGICO
Presidente
André Carvalho Pagliaro (Alveolare)
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
BIM e o pré-fabricado de concreto
Vice-presidente
Nivaldo de Loyola Richter (BPM)
16
CONSELHEIROS
Décio Previato (CPI Engenharia) - Guilherme Fiorese Philippi INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
(Marna Pré-Fabricados) - João Gualberto (Incopre) - José Uma análise da aplicação do BIM na industrialização
Antonio Tessari (Rotesma) - Marcelo Monteiro de Miranda em concreto com o uso do pré-fabricado no mundo
(Precon Engenharia) - Rodrigo Yida Moreira (Protendit) - Rui
Sérgio Guerra (Premodisa) - Conselheiros (Ex-Presidentes)
19
- Carlos Alberto Gennari (Leonardi) - Paulo Sérgio Teixeira
Cordeiro (in Memoriam) - Milton Moreira Filho (Protendit) INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
CONSELHO FISCAL "...E esse tal de "BIM" aí?..."
Efetivo
Claudio Renato M. Bressan (Diarc Pré-fabricados) - Fernando
28
Palagi Gaion - (Stamp Pré-Fabricados Arquitetônicos)
Marcelo Bandeira (Bemarco Industrial)
ABCIC EM AÇÃO
ABNT publica normas do setor
Suplente
João Mota da Silva Júnior (Prefaz Pré-Fabricados de Concreto)
de pré-fabricados de concreto
- Marcelo Caleffi (Concrelaje) - Marcelo de Carvalho Pagliaro
32
(Ibpré)
37
EDIÇÃO
Mecânica de Comunicação - www.meccanica.com.br
ARTIGO TÉCNICO
Jornalista Responsável - Enio Campoi – MTB 19.194/SP Validação experimental da continuidade em pilares pré-moldados
segmentados com ligações de luvas metálicas grauteadas
REDAÇÃO
Sylvia Mie - sylvia@meccanica.com.br
44
Tels.: (11) 3259-6688/1719
ESPAÇO EMPRESARIAL
PRODUÇÃO GRÁFICA Futuro promissor
Diagrama Comunicação
www.diagramacomunicacao.com.br
Projeto gráfico: Miguel de Oliveira
45
Diagramação: Rodrigo Clemente e Juscelino Paiva
Ilustração: Juscelino Paiva CENÁRIO ECONÔMICO
Fotos Capa: Divulgação Sinco Engenharia
Além do retrovisor
PUBLICIDADE E COMPRA DE EXEMPLARES
Rua General Furtado do Nascimento, 684 - Cj. 63
46
Alto de Pinheiros - São Paulo/SP - CEP 05465-070
abcic@abcic.org.br
Tel.: (11) 3763-2839 GIRO RÁPIDO
50
Impressão: Gráfica QuatroCor
AGENDA
ESPAÇO ABERTO
Envie seus comentários, sugestões de pauta,
artigos e dúvidas para abcic@abcic.org.br
EDITORIAL
GLOBALIZAÇÃO, TECNOLOGIA
E DESIGUALDADES
Prezados Leitores, vard, Sunil Gupta, e comentada pelo presidente
Iniciamos mais um ano com muitos desafios, e da instituição, que reuniu uma plateia lotada de
nas entidades de uma maneira geral não tem sido empresários dos mais diversos setores de nossa
fácil manter as atividades e ações em andamen- indústria, consultores e comentaristas.
to. É elevado o nível de exigência para manter as Ato contínuo, recebi esta edição da IC-10, que
empresas que as integram vivas, conseguir não entregamos aos nossos associados e leitores e tive
só vender, mais também receber e reduzir custos, a nítida sensação de que estamos trilhando o ca-
tendo à frente não um mercado competitivo e sim minho certo. Não queremos impor nada ao setor
"predador", na medida em que se trabalha para e tão pouco que a conclusão seja: “Não tem jeito,
manter as suas estruturas funcionando e já se abre teremos que aderir ao BIM!”, mas sim que estamos
mão, inclusive, da rentabilidade, que possibilita a disponibilizando todas as informações para que
expansão, a geração de empregos e o investimento haja a compreensão de que se trata de um pro-
em novas tecnologias. O cenário atual tem exauri- cesso complexo, antes de tudo envolve pessoas,
do as nossas energias. que não existem atalhos para o êxito, tem que ser
Porém, assim como as empresas devem se man- planejado e é uma peça chave para o avanço, mas
ter vivas, a Abcic não pode parar. Somos essen- que precisa nos trazer os melhores resultados. É
cialmente indutores de desenvolvimento e não um exemplo prático de que a tecnologia é um fator
podemos tirar os olhos do futuro. Não podemos que impacta grandes mudanças sociais inclusive
retroceder no que já conquistamos e tão pouco vi- no nosso negócio.
ver do nosso passado. Ele é a nossa história, nos Me despeço, chamando a atenção para todo o
serve de exemplo, mas não sustenta o presente conteúdo da edição e para a maior conquista do
e tão pouco por si só sustentará as necessidades setor dos últimos anos, que é a publicação da revi-
atuais e futuras. são ABNT NBR 9062 – Projeto e Execução de Estru-
O fato é que, em meio à crise, vivenciamos tem- turas Pré-Moldadas, juntamente com a Publicação
pos, em que, se nos deixarmos sucumbir apenas a da ABNT NBR 16475 – Painéis de Parede de Con-
rotina diária, não perceberemos que também esta- creto Pré-Moldado, a terceira da nossa proposta à
mos inseridos em outro contexto relevante, a cha- ABNT de três normas de produtos: Lajes Alveolares
mada 4ª Revolução Industrial. A história continua, (2011), Estacas (2014) e agora os painéis (2017),
o mundo não parou, era diferente antes e certa- lembrando que a padronização é base para o de-
mente será após. Os três aspectos centrais do Fó- senvolvimento sustentável de um setor.
rum Econômico Mundial 2017, realizado em Davos
foram: globalização, tecnologia e desigualdades. Que todos possam ler e refletir, um grande abraço!
Este tema é gerador de grandes mudanças, inclu-
sive no modelo de negócios atual. A partir deste
contexto, precisamos vigiar para que a realidade
atual não nos paralise e, assim, possamos inovar e
sermos mais eficientes.
Fui impactada assistindo uma reportagem sobre
o fórum. Dias mais tarde, um amigo me recomen-
dou ler o livro a 4ª Revolução Industrial, de Klaus
Schwab, fundador do fórum. Minha visão se abriu
ainda mais. Na última quarta-feira, tive a oportu-
nidade de assistir na FIESP a palestra ministrada
pelo professor de administração de empresas e Íria Lícia Oliva Doniak,
presidente do programa de Gestão Geral da Har- Presidente Executiva da Abcic
4 | Abril 2017
PONTO DE VISTA
O
engenheiro Paulo Rogério Luongo Sanchez é
Jorge Rosenberg/SindusCon-SP
um entusiasta do Building Information Mo-
delling (BIM). Considerado uma referência e
um dos principais especialistas no assunto,
o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Sin-
dicato da Indústria da Construção Civil do Estado de
São Paulo (SindusCon-SP) tem se dedicado à difusão
e implantação da tecnologia em todo o território nacio-
nal. Atualmente, ele também lidera o projeto “Disse-
minação do BIM” da Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC), que tem buscado elaborar estudos,
orientar empresas e promover capacitação profissional
para que o BIM se torne ainda mais conhecido e inclu-
ído nos projetos.
Sua atuação para a aplicação do BIM na construção
estende-se também na área empresarial. A Sinco En-
genharia, na qual é diretor, utiliza a ferramenta desde
2011, quando foi criado o departamento BIM. Hoje, to-
das as obras realizadas pela construtora, com mais de
trinta anos de mercado, são modeladas e acompanha-
das com o auxílio da tecnologia. Em entrevista exclusi-
va para a Industrializar em Concreto, Sanchez faz uma
análise do uso do BIM no Brasil e no mundo, ressalta
suas vantagens para o setor e para a área das estruturas
pré-fabricadas de concreto, fala sobre políticas públicas
e define seu impacto nos negócios de construtoras, in-
corporadora e empresas de engenharia e arquitetura. esse índice fica ainda menor.
“Você trabalha de uma forma muito mais transparente, No entanto, temos iniciativas para difusão do BIM.
porque o BIM é a melhor ferramenta para socializar as Hoje, a CBIC está promovendo um roadshow em todo o
informações”, avalia. Brasil, mostrando como está ocorrendo implementação
Na sequência, confira os principais pontos abordados do BIM. Eu, como organizador, irei para Belo Horizon-
por ele: te, Fortaleza, Recife, Manaus, Salvador, Curitiba, Santa
O BIM já é uma ferramenta usual ou ainda está em Catarina, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, enfim,
implementação nas construtoras? Qual o percentual de na maioria das capitais para mostrar, justamente, que
empresas que já busca a contratação em BIM? qualquer construtora já tem condições de utilizar o BIM
O BIM já é uma ferramenta usual. No mercado de dentro das suas obras.
São Paulo, as construtoras já enxergam as vantagens Quais os principais benefícios resultantes do uso do
da utilização do BIM, incluindo aquela que está direta- BIM?
mente ligada à parte financeira, porque elas conseguem Os principais benefícios são a garantia da produtivida-
economizar recursos com o BIM. de no empreendimento, garantia do prazo de entrega da
Sobre o percentual, vou fazer o mapeamento da se- obra e melhor visualização da construção virtual. O BIM
guinte forma: dentro do Comitê de Tecnologia e Quali- é uma construção virtual inteligente, porque possibilita
dade (CTQ) do SindusCon-SP, somos em trinta empre- modelar sua obra e colocar informações técnicas (quan-
sas, que são consideradas as maiores do Estado de São tidade, prazo e execução). Então é possível enxergar, an-
Paulo, e 70% delas já utilizam o BIM. Esse percentual tes do seu início, como será a execução desde começo
cai consideravelmente se compararmos com o mercado até o final. O profissional consegue ver as interferências
de São Paulo, que está estimado em aproximadamente que surgirão, os prazos determinados, a logística feita.
duas mil empresas. E em relação ao mercado nacional, Com isso, a construtora tem lucro, pois há um aumento
da produtividade e diminuição das A utilização do BIM muda as áre- Eu considero que o uso do BIM
interferências de estrutura, alvena- as de projetos, planejamento, orça- vai privilegiar as empresas que fa-
ria, instalações, entre outras, já que mentos e canteiro de obras de uma zem engenharia tanto de projetos
tudo pode ser feito antes mesmo do construtora? quanto de construção.
planejamento. Além disso, é possí- Sim, ela muda pra melhor. Todos Já encontram fornecedores que
vel entregar no prazo porque a obra começam a fazer engenharia e não atendam as demandas em BIM?
foi construída virtualmente. existe mais a improvisação. Quando Como a cadeia produtiva está se
Além dos benefícios técnicos, se constrói um prédio virtualmen- organizando?
quais são os impactos do uso do te, nós conseguimos ver, antes de Hoje, já existem empresas que
BIM nos negócios das construto- começar a obra, todas as interfe- estão se mobilizando pra fornecer
ras? rências possíveis. Então, pode-se os entregáveis em BIM, como o
É possível trabalhar de uma forma melhorar o canteiro de obra, seu projeto e o planejamento. Já existe
muito mais transparente, porque o planejamento, o departamento de um movimento muito grande nesse
BIM é a melhor ferramenta para suprimentos e de engenharia. sentido.
socializar as informações. O con- Como o BIM pode melhorar a Poderia fazer uma avaliação so-
tratante sabe exatamente o que vai produtividade dos projetos no Bra- bre o uso das dimensões (3D a 7D)
ser construído, em que prazo, em sil? nas construtoras brasileiras?
que condições, qual a quantificação A partir do momento em que é As construtoras brasileiras estão
exata, e com isso se evita, também, feita a projeção da obra em 3D, começando a fazer o uso da 3D,
possíveis desvios. diminui-se bastante as não confor- indo para o 4D. Poucas estão fa-
Quais os maiores entraves na im- midades de um projeto, o que resul- zendo o 5D. Já o 6D, não conheço
plantação do BIM? ta num aumento da produtividade. ou vi nenhuma empresa fazendo
É única e exclusivamente o co- Uma empresa que projeta em 3D e do 7D para frente, ninguém fez.
nhecimento. Hoje o mercado está gasta menos tempo e num custo Em 3D, as obras são feitas virtu-
maduro e existem empresas que menor do que quando ela projetava almente na terceira dimensão co-
podem fornecer uma modelagem em 2D. locando informações técnicas. Em
para construtora para que ela utilize Quais análises já são possíveis de 4D, pega-se essa modelagem e
o BIM. ser feitas nos modelos em BIM? passa para o planejamento, con-
6 | Abril 2017
PONTO DE VISTA
seguindo ver a obra crescer. Em logia em BIM. Esse tratado também pré-fabricadas de concreto?
5D, adiciona-se o orçamento e foi feito com o governo do Chile e Eu acho excelente, inclusive a
controle de custo. Já em 6D é a nós estamos muito próximos do que Sinco Engenharia acabou de entre-
operação da obra, e em 7D para esse país está fazendo. Estamos se- gar um shopping center com cons-
frente começa a questão da sus- guindo o modelo inglês, porque é trução em pré-fabricado de con-
tentabilidade. Na verdade, esta- aquele que melhor engloba a parte creto, e o controle e a logística das
mos ainda no começo e os outros de políticas públicas e privadas. peças pré-moldadas foram todas
países também. A vantagem é que Como essa ferramenta integra to- feitas virtualmente em BIM. Se não
o nosso nível tecnológico é o mes- dos os projetos e diversas áreas da fosse a ferramenta nós não teríamos
mo do mundo inteiro. construtora, apresentando um di- entregue a obra na data estipulada.
O que é necessário fazer para al- ferencial único, qual sua avaliação Em sua opinião, o BIM pode con-
cançar um alto nível de implemen- sobre o futuro da construção por tribuir para elevar a industrializa-
tação do BIM, como ocorre nos Es- meio da utilização do BIM? ção na construção civil do país?
tados Unidos e em países da União O futuro é o presente, já que a Sim e muito, porque se pode pré-
Europeia? partir do momento em que todos -fabricar utilizando a ferramenta
Começar, somente isso. começarem a entregar os projetos BIM. O que observei nos Estados
Qual o modelo internacional de em BIM, poderão enxergar as in- Unidos é que as empresas daquele
políticas públicas e ações de im- terferências. Estamos vivendo este país estão utilizando BIM para fabri-
plantação do BIM que na ótica do momento, e as empresas que estão cação, tanto na parte de pré-molda-
Sinduscon seria mais adequado utilizando o BIM estão obtendo ren- do de concreto, como de estrutura
como referencial para o Brasil? tabilidade. metálica, de instalações elétricas e
O governo brasileiro assinou re- Qual sua avaliação sobre o uso hidráulicas. Então, a pré-fabricação
centemente um tratado com o Reino do BIM para obras de infraestrutu- está diretamente ligada com a ferra-
Unido para transferência de tecno- ra e de edificações, com estruturas menta BIM.
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10 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
O
s segmentos da cons-
trução, engenharia e
arquitetura do Brasil
adotaram o Building
Information Modelling (BIM) como
uma solução completa capaz de
quebrar paradigmas. Na última dé-
cada, as principais entidades do se-
tor têm se empenhado em trazer co- apresentaram um percentual su-
nhecimento e fomentar discussões perior à média de todas as regiões
(24%) no uso do BIM 5D, e 41% Detalhes da estrutura em BIM
técnicas para que toda a cadeia
do Viaduto Casemiro de Abreu.
produtiva possa compreender o das construtoras em todos os mer-
verdadeiro conceito dessa filosofia, cados globais pesquisados citam
que une tecnologia, multidisciplina- como os três principais fatores que financeira e administrativa das em-
ridade, integração e gestão, trazen- melhorariam o ROI (Retorno sobre presas.
do uma série de benefícios no que o Investimento) no BIM, o fato de a “O BIM é uma nova cultura, uma
tange à produtividade, sustentabi- tecnologia contribuir para a redução nova maneira de pensar e fazer, é
lidade, confiabilidade, qualidade, do custo do projeto. uma inovação radical e quem não
eficiência, precisão e rentabilidade. No entanto, a implementação do incluir este contexto na vida de suas
E isso tem trazido resultados, BIM não é fácil, segundo Alfredo empresas num futuro não muito
com construtoras, incorporadoras e Andia, professor da Universidade longínquo enfrentará dificuldades.
escritórios de arquitetura e de pro- Internacional da Flórida, nos Es- Por outro lado, por se tratar de uma
jetos utilizando o BIM na maioria e/ tados Unidos, que é considerado nova cultura, sua assimilação e
ou totalidade de seus projetos. Al- um dos principais especialistas no implementação é gradual", afirma
gumas delas, inclusive, já realizam estudo de tecnologias desenvol- Íria Doniak, presidente executiva
a integração com ferramentas de vidas para a área de construção e da Associação Brasileira da Cons-
planejamento (BIM 4D) e outras já engenharia. Em uma pesquisa que trução Industrializada de Concreto
caminham nas experiências com o ele realizou com 30 escritórios de (ABCIC). “Além disto, a formação
BIM 5D, que integra a variável cus- arquitetura, construtoras e universi- das pessoas envolvidas no proces-
to, possibilitando a geração de orça- dades que estavam implementando so deve ser contínua, contribuindo
mentos e análises quantitativas. Se- o BIM, ele constatou que é neces- desta forma para que haja essa mu-
gundo um estudo da Dodge Data & sário não apenas aprender a lidar dança cultural”, acrescenta.
Analytics, as construtoras no Japão com a ferramenta (software), mas Para Marcelo Pulcinelli, diretor de
(53%), no Brasil (52%), na Fran- também é preciso mudar a cultura, engenharia da Matec Engenharia,
ça (48%) e na Alemanha (41%) a formação da equipe e a estrutura apenas as organizações com visão
sistêmica e integrada estão efetiva-
mente utilizando o BIM. "O discurso
de que BIM é mais caro não cabe
mais nos dias de hoje. As organi-
zações que não entenderem que o
BIM agrega valor em todo o proces-
so produtivo, desde a sua concep-
ção até a manutenção do edifício,
em um futuro próximo, não irão
mais conseguir estar ativamente no
mercado”, enfatiza.
No segmento de pré-fabricados
de concreto, a maioria das empre-
sas já iniciou a implementação da
tecnologia ou se encontra nos pri-
meiros níveis, ou seja, a visão 3D
Divulgação Fleury
nais), 4D (planejamento e prazos)
e 5D (custos). De acordo com a
Sondagem de Expectativas da In-
dústria de Pré-fabricados de Con-
creto, elaborada pela Fundação
Getulio Vargas (FGV), a pedido da
ABCIC, 53,3% das empresas en-
trevistadas conhecem e já implan-
taram a ferramenta, ou pretendem
fazê-lo nos próximos dois anos.
O BIM e a construção em pré-
-fabricados, de acordo com Íria,
possuem as mesmas essências: os
dois contextos exigem muito plane-
Unidade de Alphaville do laboratório Fleury
jamento antecipado, visão sistêmi-
foi construída com sistemas construtivos
ca dos empreendimentos, avaliação industrializados e a plataforma BIM,
e resolução prévia de todas as in- como importante apoio para as etapas de
terfaces, alta qualidade e precisão compatibilização de projetos, planejamento
de projetos, garantia de exatidão no e execução
estabelecimento de prazos e custos,
extrema redução de desperdícios e pelos projetistas das várias disci-
perdas com retrabalhos, qualida- plinas, o que evita interferências e
de e sustentabilidade. “A principal possibilita uma visualização perfei-
vantagem está na confiabilidade ta dos conflitos em regiões críticas
no detalhamento, por ser uma fer- do detalhamento”, explica.
ramenta multidisciplinar em que Marcelo Cuadrado Marin, diretor
o projeto pode ser compartilhado técnico da ABCIC, corrobora com a
12 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
visão de Íria, ao avaliar que um dos também a definição do processo de nheiro projetista Carlos Melo.
benefícios da modelagem (BIM) montagem e execução. Ele vai mui- O principal desafio dessa obra foi
é reduzir erros e aumentar a pro- to além do aspecto projeto, permite o prazo para realizar uma série de
dutividade na fase de projeto e no discussões internas de planejamen- edificações, que para cada qual,
planejamento das operações na fá- to, sequenciamento e interface com era necessário o levantamento de
brica e campo. Além disso, segundo as demais disciplinas”, explica Mar- tubulações, equipamentos, inter-
ele, o BIM também contribui quan- celo Pulcinelli, que acrescenta que ferências e a realização das bases.
do há a utilização de dois ou mais o BIM é usado na Matec em todos “Tínhamos ainda edificações com
sistemas construtivos, uma vez que os projetos, independentemente cargas dinâmicas, que precisaram
permite a compatibilização e a inte- do porte da construção, já que faz ser estudadas quanto a vibração”,
gração entre eles. parte do processo organizacional de afirma Melo, que complementa
Para Leonardo Patricio Chaves, desenvolvimento de projeto. que, no caso das estruturas pré-
diretor da Casagrande Engenharia, Em uma obra para uma indústria -fabricadas de concreto, o desafio
a utilização do BIM possui excelen- do ramo de alimentos e bebidas, estava em coordenar todas as dis-
te aplicação para o uso de peças a Matec Engenharia centralizou o ciplinas e elas darem retorno no
pré-moldadas, visto que as peças sistema BIM, compatibilizando os momento da execução do projeto
são modeladas como elementos es- projetos de todas as disciplinas, do pré-fabricado. “Pelo fato de a es-
paciais com as suas características repassando as informações das in- trutura ser o caminho crítico e uma
geométricas, sendo uma ferramenta terferências e as necessidades de das primeiras disciplinas a entrar
de grande aplicação para detalha- alteração no projeto. "Com a dimi- na obra, usualmente as instalações
mento e quantitativo, além de au- nuição das interferências, identifi- e equipamentos ainda não tem
xiliar na compreensão da peça e do cadas ainda na fase de projeto, a seus projetos definidos para que a
funcionamento da estrutura. obra sempre transcorreu em uma integração seja realizada”, explana.
“Entendemos ser fundamental o velocidade muito grande. E a utili- A BM Pré-Moldados foi a empresa
uso do BIM em pré-fabricados, uma zação das estruturas pré-fabricadas responsável pelo fornecimento das
vez que ele permite não só o deta- de concreto contribui para esse ga- estruturas pré-fabricadas de concre-
lhamento de todas as peças, mais nho de agilidade", explicou o enge- to. Para esta obra complexa, foram
com os estribos das vigas longari- etapas de montagem, assim como projetos do método convencional.
nas, onde eles devem respeitar rigo- identificar possíveis interferências “Também encontramos barreiras
rosamente o espaçamento do nicho, que poderiam passar despercebidas em alguns clientes que, por não co-
devido às dimensões do nicho na e viriam a ser um problema apenas nhecer o poder e as vantagens que
laje o espaço para desvios constru- na etapa de obra, sendo muito mais a utilização de BIM oferece, tiveram
tivos ser pequeno. oneroso ao cliente. resistência em aceitar o método, op-
O uso do BIM neste projeto permite A Casagrande Engenharia busca tando pelo desenvolvimento do pro-
um estudo detalhado dos elementos utilizar a tecnologia BIM em todos jeto da forma convencional”.
pré-moldados, assim como de seus os produtos desenvolvidos, devido
encaixes. "A implementação do Via- aos ganhos na produção de desenho Softwares
duto em BIM foi um desafio interes- e do estudo mais aprofundado que As empresas de softwares tam-
sante. Por se tratar de uma Obra de a ferramenta possibilita. "A apresen- bém analisam que o segmento do
Arte Especial, seus elementos estru- tação do projeto ao cliente também pré-fabricado de concreto é um dos
turais não seguem a convenção dos ganha valor ao apresentar uma ma- que pode obter mais benefícios com
programas de modelagem 3D, por- quete digital que possibilita visuali- o uso do BIM. "Nos países desenvol-
tanto tiveram que ser desenvolvidos zar como a obra ficará finalizada”, vidos, onde a pré-fabricação domi-
um a um, de acordo com o projeto”, enfatiza Chaves. na o mercado, o BIM é mandatório.
conta Chaves, que acrescenta que Sobre as dificuldades, o diretor da No Brasil, a adoção por parte das
a modelagem em BIM em conjunto empresa avalia que a interface com empresas de pré-fabricado de con-
com uma impressora 3D permite a as demais disciplinas ainda é con- creto ainda é menor do que em ou-
impressão dos elementos estruturais siderada um problema, pois mui- tros segmentos da construção. Além
da obra em escala reduzida, sen- tos escritórios ainda não utilizam disso, o setor assim como a área da
do possível simular seus encaixes, a tecnologia, desenvolvendo seus construção civil foi duramente afeta-
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BIM NO MUNDO
A adoção do BIM nos países desenvolvidos ou que passam da construção, deve acelerar sua implementação. "Está claro
por grandes processos de investimentos no segmento da que é preciso mudar a maneira de trabalhar a fim de mitigar
construção é bastante alta. “O exemplo é o recente convênio riscos, evitar desperdícios e retrabalhos e o BIM, em nossa
assinado pelo Brasil com o Reino Unido para absorção das visão, deve iniciar nas primeiras etapas de um projeto como
experiências de sucesso do uso do BIM nas obras dos Jogos o Estudo de Viabilidade Técnica”, analisa.
Olímpicos de Londres e a consequente consolidação destes Outra diferença importante, de acordo com Fátima, é a
processos naquele país", conta Fátima Gonçalves, da diretoria questão educacional. "Vemos nos países desenvolvidos que
de Novos Negócios da Trimble. o curriculum prevê que os estudantes, já na graduação sejam
Segundo Fátima, a adoção do BIM no Brasil ainda está capazes de elaborar vários projetos em BIM, com os principais
atrás desses mercados, mas quando o mercado retomar suas softwares do mercado, participando de competições locais e
atividades, após a crise que afetou duramente o segmento globais”.
16 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
Nurnberg destaca ainda que toda demais softwares são estruturados tar todo o detalhamento da estru-
a cadeia da construção precisa ter e como os dados devem ser expor- tura. Além da exportação direta, é
maior conhecimento sobre as van- tados. Claramente, esta não é uma possível exportar em formato IFC,
tagens associadas ao BIM, como, tarefa que seja imediata e exige uma que é padrão para softwares BIM”,
melhor controle de custos, melhor consciência das empresas para a detalhou. Na área de fábrica, há a
controle de execução de toda edifi- importância de terem seus dados integração com o Precast Control,
cação (não apenas a estrutura), me- preparados para trabalhar no con- da empresa Plannix, que permite
nor número de interferências entre texto BIM”, explica. às fábricas de pré-moldados con-
as diversas instalações e estrutura, Sobre a integração entre softwa- trolar a programação, estoques,
melhor controle de manutenção. re, Nurnberg conta que a TQS tem acompanhar produção. Tudo é fei-
Mas, ele alerta para o fato de dado ênfase na parte onde ela é to com transmissão eletrônica de
que BIM traz também mudanças mais forte, ou seja, na modelagem informações.
no mercado de softwares no Brasil, de estruturas definidas predomi- Marcelo Pulcinelli, diretor de En-
como por exemplo, a maior proximi- nantemente por planos horizontais genharia da Matec Engenharia, en-
dade entre as empresas que atuam e verticais, com dimensionamento, fatiza a importância dos softwares
nesse segmento. "É um grande de- detalhamento e desenho automáti- para a adoção de BIM. "Atualmen-
safio para as empresas, pois não é co, buscado maior integração com te é possível cada organização use
simples a tarefa de exportar dados softwares utilizados pela cadeia aquele que for mais conveniente. No
entre softwares. A maneira como do pré-fabricado no dia a dia da mercado existem sistemas que con-
os dados são organizados é muito produção da fábrica. “Assim, te- seguem integrar modelos de qual-
diferente de um software para ou- mos integração direta com Tekla e quer software, ou seja, não pode-
tro. Assim, é necessário um grande Revit, incluindo exportação de ar- mos usar isso como desculpa para o
investimento para estudar como os maduras, onde é possível comple- não uso do BIM”, finaliza.
Morumbi Town
A
industrialização em tos individuais e dos sistemas possíveis da estrutura ou da fa-
concreto, neste tex- construtivos que o integram chada pré-fabricada com outros
to representado pela (2D e 3D), o planejamento da sistemas ou subsistemas cons-
indústria das estru- execução (4D), os custos (5D), trutivos desde o convencional
turas pré-fabricadas no mun- os requisitos de sustentabilida- às demais possibilidades in-
do, tem se mobilizado em de ou ambientais (6D) e manu- dustrializadas.
torno do conhecimento e da tenção ao longo da vida útil de Apesar da dúvida comum: Quan-
introdução do processo Buil- um empreendimento (7D), até do estaremos operando em BIM?
ding Information Modeling a possibilidade final da repre- Trouxemos nesta matéria a
(BIM). Processo é uma termi- sentação na íntegra do projeto visão de que inciativas gover-
nologia adotada comumente construído. namentais também em nosso
dentro do ambiente industrial, É consenso internacional de país vem sendo tomadas e o
pois traz em sua composição que o BIM na construção civil desenvolvimento da norma-
a mão de obra, as máquinas mundial está associado a uma lização assim como a diretriz
(equipamentos), a metodologia maior quantidade de soluções 2014/24/EU da União Euro-
(procedimentos de execução), construtivas industrializadas, peia que determinou que os pa-
a medição incluindo a inspeção pelos motivos já expostos ao íses membros pudessem exigir
ou verificação e completando longo desta matéria. a adoção do BIM nas concor-
os chamados “emes”, e tam- O benefício, portanto, para a rências e concursos públicos,
bém do inglês “management”, indústria, do avanço da tecno- desencadeando desta forma
o gerenciamento. logia e da implantação do BIM, uma série de desdobramentos
Segundo Terry Laisern, ana- além de indutor do seu próprio junto a Comissão Europeia de
lista industrial, o BIM é um desenvolvimento, induz a todos Normalização (CEN/TC422)
processo de representação que os intervenientes do projeto a a fim de que a normalização
cria e mantém informações trabalharem de forma coordena- correspondente para o devido
multidimensionais através do da, promovendo a comunicação supor te fosse providenciada e
ciclo de vida de uma edifica- e a sinergia entre os mesmos disponibilizada.
ção, que tem por objetivos prin- reduzindo desta forma os erros Evidentemente que em para-
cipais, o compartilhamento de e modificações desnecessárias lelo, assim como no Brasil, ao
informações, a colaboração, a que geram retrabalhos e outros mesmo tempo em que organis-
simulação e a otimização. custos, melhorando sobre tudo mos como MDIC (Ministério do
Uma vez entendido como o planejamento que é essencial Desenvolvimento da Indústria e
processo e analisada a sua ex- para que sejam mensurados os Comércio Exterior), CBIC (Câ-
tensão e abrangência numa vi- benefícios da adoção do siste- mara Brasileira da Indústria
são mais conceitual, passa a ma pré-fabricado de concreto, da Construção), ABDI (Agência
ser possível correlacionar com em seu máximo potencial. Brasileira do Desenvolvimento
o aspecto mais prático e afir- Outro fator importante a men- Industrial), ABNT (Associação
marmos que o BIM engloba cionar no que tange as inter- Brasileira de Normas Técni-
geometricamente as caracte- faces dos intervenientes é a cas) estejam em andamento
rísticas técnicas dos elemen- diversidade de combinações com a elaboração de Normas
18 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
e Manuais, em paralelo a ini- É claro que os ganhos são Recomendo também assis-
ciativa privada antecipou a sua muitos, mas precisamos de fato tir o vídeo: BIM-BAM-BOM
utilização, como é o caso das nos dispor a enfrentar o nível de “The future of Building In-
empresas integrantes do CTQ exigência que estas mudanças dustry”: http://www.archdaily.
do SINDUSCON/SP e outras requerem. E evidentemente as com/262008/the-future-of-
inciativas que já começam a transformações mercadológicas, -the-building-industry-bim-
exigir a apresentação dos pro- acabam catalisando todo o pro- -bam-boom
jetos em BIM. cesso. Ler o depoimento: “How far
Os três grandes desafios da Por esta razão, apresenta- has Bim come to the Precast
implantação pautam a indústria mos também nesta matéria concrete Industry?”, publi-
no mundo todo, nos seguintes um apanhado geral das princi- cado na homepage da NPCA
aspectos: na interoperabilida- pais ações em andamento no (National Precast Concrete
de entre os softwares, a fim de Brasil, a fim de contextualizar Association – USA): http://
que os ganhos obtidos sejam em que momento nos encon- precast.org/2010/07/how-far-
alcançados de fato, nas inter- tramos e ter a noção de que, -has-bim-come-in-the-precast-
faces dos subsistemas que ge- assim como outras mudanças, -concrete-industry/
ram grande amplitude de inter- que ao longo da história, não Um material muito interes-
venientes dos processos e que somente da engenharia, o ser sante do National Institute of
por vezes estão em diferentes humano se adaptou, esta é ou- Building Sciences: http://fia-
“timing” de implementação e tra que ele também se adapta- tech.org/images/stories/tech-
na cultura dos profissionais rá. Afinal, trata-se da evolução projects/project_deliverables/
que desenvolvem ou contratam e de termos a consciência de bpc_bimforprecastconcrete.pdf
os trabalhos em BIM. que estamos na era digital, e É no meu entendimento, o ma-
Trata-se do mesmo problema que não somente uma decisão terial mais completo, um “road
que o pré-fabricado de concre- de implementar um novo pro- map”, para a implementação do
to tem para rever ter uma obra cesso poderá trazer impacto às BIM nas empresas de pré-fabri-
projetada em sistema conven- nossas empresas, mas talvez cado, produzido na Austrália,
cional, para se obter todas as até uma necessidade de re- trata-se de um guia completo
vantagens do sistema constru- ver nosso modelo de negócio, com diversas orientações de
tivo industrializado. considerando o fato de estar- forma didática que certamente
É necessária uma mudan- mos adentrando, ou melhor, já traz uma visão sistêmica de toda
ça de mentalidade e não uma tenhamos adentrado em uma a implantação do BIM, seus
adaptação da mentalidade nova era. possíveis gargalos e a metodo-
existente para o convencional. Em relação a pré-fabricação logia para superá-los: https://
A pergunta é: Melhora? no mundo, de tudo o que te- www.academia.edu/8582251/
Sim melhora, mas não na to- nha acessado e visto chamo BIM_and_Precast_Concrete_-_A_
talidade que se poderia atingir atenção para o destaque do Strategic_Guide_to_Adoption_and_
e isto invariavelmente leva a BOX da página 20: Extraído de Implementation?auto=download
uma segunda pergunta: um artigo publicado na revista Espero que as informações
Valeu a pena mudar? FCI /CPI (Fábrica de Concreto possam auxiliar a indústria neste
As medições corretas não Internacional), o engenheiro processo e que possamos conti-
foram acompanhadas e nin- Alessandro, Diretor Técnico da nuar seguindo por mais este ca-
guém sabe responder ao cer to ANDECE, publicou “TO BIM or minho, tendo a consciência que é
e então vem a outra resposta: not TO BIM - Desafio para a uma questão relativa à melhoria
”Achamos que sim”. Indústria de Pré-Moldados”, de processo. Mas, não invalida
Justamente por esta razão é onde destacamos a par te do ou não faz sentido sem a exper-
que se entende que a indústria texto no que diz respeito a uti- tise da indústria, ou seja, isola-
será beneficiada, pois haverá lização de softwares, as ferra- damente sem o conhecimento
uma quebra de paradigmas na mentas que nos auxiliam neste acumulado pelas empresas como
introdução do BIM que nos “leva- processo. Recomendo a leitura outros processos por si só não são
rão de carona” a uma nova fase. de todo o artigo. autossuficientes. E vice-versa.
20 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
1
Segundo o dicionário o termo ´exegese´ significa a análise, explicação e interpretação de uma obra de maneira cuidadosa e detalhada.
Lembro-me que não faz muito tempo que ouvi pela primeira vez esta palavra e que foi numa palestra religiosa, onde o palestrante, doutor
em teologia, explicava aos presentes que uma adequada interpretação das parábolas bíblicas, só poderia ser feita a partir de um exercício de
uma abstração da realidade atual; ou seja, o leitor deveria transportar-se mentalmente para aquele contexto e para aquele momento histórico,
quando a parábola foi escrita. E é claro que este exercício de exegese não é simples nem tampouco fácil de se fazer.
Outros apontaram barreiras culturais e peculiarida- 15965, que consiste num sistema de classificação
des do ambiente brasileiro e listaram pontos como: das informações, especificamente desenvolvido para
• Porque não costumamos valorizar o planejamento atender à indústria da construção civil.
e o projeto e preferimos ´sair fazendo´ Mas o que seria um “sistema de classificação das
• Porque não temos ainda suficiente quantidade de informações”?
profissionais capacitados em BIM O texto-base escolhido para o desenvolvimento do
• Porque os brasileiros ainda acreditam e apostam sistema de classificação das informações brasileiro
em soluções ´rápidas e baratas´ foram as 15 tabelas do OmniClass (sistema Norte-
• Porque não temos interesse pelo trabalho colabo- -Americano).
rativo, cada um se preocupa só com sua parte O OmniClass consiste em 15 Tabelas, ou 15 dife-
• Porque muitos são céticos e pensam que BIM é rentes tipos (ou ‘classes’) de informações (ou conteú-
um ´modismo´ passageiro dos). A partir da combinação de diferentes conteúdos
• Porque alguns preferem o caos e a indefinição (termos codificados), faz com que seja possível des-
para tentar tirar proveito desses embaraços crever e classificar tudo e qualquer coisa da indústria
• Porque as margens brasileiras na construção ain- da construção civil norte-americana.
da são altas, quando comparadas com mercados O ponto a destacar aqui é justamente a abran-
mais maduros, e os erros e desperdícios ainda gência de um sistema que se propõe a classificar
são considerados ´normais´ e aceitáveis tudo e qualquer coisa de uma indústria, sejam uni-
Um ponto muito interessante apontado foi o atual dades construídas, que são formadas por espaços,
´modelo´ de negócio e contratação que atualmente é que integram diferentes disciplinas e demandam re-
o mais utilizado nas construções no Brasil. cursos de diversos tipos (componentes, equipamen-
Os maiores beneficiados com a adoção BIM são tos, mão-de-obra) para a realização dos processos
os contratantes, sejam proprietários ou investidores. construtivos, que se dividem em fases e assim por
Mas o BIM precisa começar com o desenvolvimento diante.
dos projetos, porque sem isso, não existe BIM. Para O BIM e formatos modernos de “Procurement” exi-
os Arquitetos e projetistas, no entanto, a exigência gem a definição de sistemas de classificação das
do BIM significa necessidade de investimento e ca- informações, para a viabilização da troca de dados
pacitação, além de aumento de escopo e responsa- entre os diversos participantes (intervenientes) e
bilidades, sem que sua remuneração seja adequa- aplicações (software) que necessariamente precisam
damente rediscutida e negociada. Esse é um ´nó´ se inter-relacionar durante o desenvolvimento de um
que precisa ser desatado. empreendimento típico da indústria da construção
Além de todas essas razões, sim, estamos enfren- civil.
tando uma crise econômica sem precedentes, mas A parte 2 da Norma Internacional ISO 12006 de-
não são justamente nos momentos de dificuldades fine uma estrutura para sistemas de classificação
que se exige maior precisão e eficácia na realização de informações no setor e identifica um conjunto
dos trabalhos, para produzir mais, e mais rápido, de tabelas de conteúdos recomendados, com seus
com menos recursos? respectivos títulos e definições. O OmniClass e, por
decorrência, a norma brasileira, foram desenvolvidos
em compatibilidade com a norma ISO 12006-2.
2. O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DAS Considere no diagrama mostrado a seguir, as di-
INFORMAÇÕES DA CONSTRUÇÃO ferentes classes de informações definidas pela ISO
Então, meu primeiro contato com BIM foi em Ja- 12006-2, assim como as principais inter-relações e
neiro de 2010 na CEE-134 da ABNT, onde está sen- inter-dependências entre os diferentes tipos de infor-
do desenvolvida a 1ª. Norma BIM Brasileira, a NBR- mações ou classes conceituados.
2
Os 5 Guias BIM e uma cartilha focada nos principais benefícios
podem ser baixados gratuitamente no website da CBIC: http://cbic.org.br/bim/index.html
22 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
Figura 1: Diagrama do conceito de classificação das informações sentado com cola e rejuntado com
para a indústria da construção civil, de acordo com a Norma ISO 12006- rejuntamento “Z”, cor creme, com
2:2015 juntas de 2mm.
Ao olhar para essa especificação
sob as lentes de um sistema de
classificação, podemos construir
vários raciocínios. O primeiro seria
que, considerando o nível de deta-
lhamento da especificação, trata-
-se de um empreendimento que
já estaria, no mínimo numa fase
de projeto executivo ou posterior
(construção ou operação). Porque,
obviamente, houve um momento
anterior, considerando o ciclo de
vida deste empreendimento que,
embora se tivesse a certeza de que
haveria um revestimento no piso,
ainda não se sabia qual seria seu
tipo e especificação.
Os sistemas de classificação defi-
nem diversos conceitos aplicáveis a
Fonte: ISO 12006-2:2015 – Building Construction – Organization of information about construction Works esse exemplo.
Part 2: Framework for classification – traduzida e adaptada pelo autor.
Enquanto não se sabia ainda qual
Mesmo tendo trabalhado mais de o BIM ´enxerga´ a construção civil seria o piso a ser aplicado, mas,
30 anos com engenharia em diver- pelas lentes da TI, ou seja, como por exemplo, era preciso fazer uma
sos cargos e empresas, nunca havia bancos de dados que são inter-re- estimativa do custo do empreendi-
parado e feito uma reflexão tão in- lacionados. mento, poderia ser utilizada uma
teressante quanto esta, provocada No desenvolvimento de qualquer classificação do ´elemento´ piso,
pelo esforço de tentar entender o sistema de TI uma das primeiras ta- para o qual se poderia atribuir um
sistema de classificação das infor- refas necessárias é justamente a de preço estimado (do serviço já reali-
mações da indústria da construção. separar e diferenciar as informações zado, compreendendo o piso, mão-
Talvez esse seja o principal e real em diversos ´bancos de dados´, -de-obra e materiais de aplicação).
´valor´ proporcionado por um sis- para então mapear e identificar as Na NBR-15965 há a Tabela 3E
tema de classificação das informa- regras de relacionamento e interde- – Elementos, que é utilizada para
ções, a ampliação do nível de com- pendência entre esses dados. classificar elementos da construção,
preensão sobre a indústria que ele Aplicando a abordagem de aná- quando ainda não se sabe bem que
´descreve´, da forma mais abran- lise na indústria da construção, material ou que tipo específico de
gente possível. Sua adequada com- percebemos que, sem a definição solução técnica será aplicada em
preensão provocou em mim uma de um sistema organizado e com- alguma parte de uma construção.
sequência de insights e reflexões pleto para a classificação das infor- Um dos usos principais dos conte-
sobre a indústria e facilitou muito o mações, acabamos confundindo e údos desta tabela de elementos é o
meu entendimento do BIM. misturando coisas e conceitos. Por desenvolvimento de estimativas de
BIM é um processo baseado em exemplo: na especificação de um custos.
objetos que, por definição, pode ser piso cerâmico para uma dada cons- Continuando a análise do exem-
aplicado a todo o ciclo de vida de trução, não raramente podemos en- plo do piso cerâmico, após a es-
um empreendimento e onde são contrar algo como: timativa de custos, assumindo
empregados e utilizados muitos Piso cerâmico porcelanato em que o empreendimento tenha se
conceitos oriundos da tecnologia da placas de 60cm x 60cm x 2cm, mostrado viável, na evolução pelo
informação (TI). PEI 4, fabricante “X”, linha “Y”, seu ciclo de vida, chegaria o mo-
Então, talvez se possa dizer que cor creme, acabamento fosco, as- mento da especificação detalhada
do piso, quando já teriam sido escolhidos os fabri- Resumindo, o sistema de classificação em que con-
cantes e modelos específicos. Para a classificação de siste a NBR-15965, oferecerá informações (termos,
produtos ou componentes, que correspondam a itens palavras) padronizadas, em bom Português, de com-
fabricados e comercializados, há na NBR-15965, a preensão inequívoca, refletindo as práticas construti-
Tabela 2C – Componentes, que pode ser utilizada vas brasileiras, codificadas, para que sejam entendidas
para a classificação nesta fase do ciclo de vida do também por computadores (softwares), organizadas e
empreendimento. estruturadas em 13 tabelas de conteúdos. Conteúdos
Já a classificação do piso específico e já assentado, (ou Tabelas) cuidadosamente conceituados (definidos),
considerando inclusive a mão-de-obra, a argamassa abrangendo todo o ciclo de vida dos empreendimentos,
(ou cola) e também o rejunte, ou seja, todos os re- de tal forma que, combinando as palavras destas tabe-
cursos necessários para realização completa do servi- las³, seja possível classificar tudo e qualquer coisa da
ço, há na NBR-15965, a Tabela 3R – Resultados da indústria da construção civil, incluindo não apenas edifi-
construção. cações, mas também empreendimentos de infraestrutura
Ou seja, o sistema de classificação deixa claro que e construções específicas (mineração, óleo e gás, etc.).
uma coisa é um componente fabricado e comercializa- Cabe observar que os conteúdos das tabelas da nor-
do e outra é o serviço de instalação ou assentamento ma brasileira não são uma tradução simples das tabe-
deste componente, para incorporá-lo num ‘ambiente’ de las Omniclass™, e incluem um trabalho de exclusão de
uma ‘unidade construída’. itens tipicamente utilizados no mercado norte-america-
Prosseguindo neste raciocínio, um sistema de classifi- no e a inclusão das soluções e técnicas construtivas
cação das informações, oferece de maneira organizada utilizadas no Brasil.
e estruturada, as várias ´lentes´ pelas quais se pode
´olhar´ e analisar uma indústria e ajuda a consolidar Quadro 1: As tabelas da ABNT NBR 15965
conceitos e entendimentos, discernindo fases, recursos,
processos, etc. de uma maneira organizada e inequívo- TEMA ASSUNTO TABELA NBR OMNICLASS
ca, ou seja, com fronteiras bem definidas e bem con- Características
Materiais 0M 41
dos objetos
ceituadas. Propriedades 0P 49
Ainda raciocinando sobre o exemplo do piso cerâmi-
co, algumas perguntas que podem emergir a partir da Processos Fases 1F 31
análise baseada num sistema de classificação das infor- Serviços 1S 32
Disciplinas 1D 33
mações, poderiam ser:
• Piso cerâmico para que tipo de ambiente? As Recursos Funções 2N 34
características do piso precisam estar coordena- Equipamentos 2Q 35
Componentes 2C 23
das e adequadas ao tipo de ‘ambiente´ onde ele
será instalado (anti-derrapante em áreas molha- Resultados da
Elementos 3E 21
das, resistência superficial adequada para tráfe- construção
go intenso (comércio por exemplo). Construção 3R 22
• Que atividade lhe interessa, sobre o piso cerâ- Unidades e
mico? Fabricar o piso? Especificá-lo? Instalá-lo? espaços da Unidades 4U 11 e 12
Fazer sua manutenção? construção
• A quem interessariam informações sobre um Espaços 4A 13 e 14
piso cerâmico? A um incorporador, a um orça- Informação da
mentista, a um planejador, etc. Informação 5I 36
construção
• • Quais seriam os equipamentos e ferramentas Fonte: Adaptado de ABNT NBR 15965-1:2011
relacionados aos pisos cerâmicos? Obviamen- A comissão de estudo especial, CEE-134, respon-
te dependeria da atividade relacionada: para sável pelo desenvolvimento da NBR-15965, foi cria-
fabricar? para assentar? para manter? E aqui, da no segundo semestre de 2009. O desenvolvimen-
observa-se a característica ´facetada´ do uso do to da norma foi planejado para ser realizado em 7
sistema de classificação das informações.Quais partes, sendo que, atualmente, 4 delas já foram pu-
seriam as propriedades relacionadas a um piso blicadas e 3 ainda estão em desenvolvimento, como
cerâmico? ilustra a figura mostrada a seguir.
³ Classificação ´facetada´ e não apenas hierarquizada, embora cada uma das Tabelas, individualmente, seja organizada hierarquicamente.
24 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
Figura 2: Lista das partes planejadas para a elaboração da ABNT NBR 15965 com indicação das Tabelas
que já foram publicadas e daquelas que estão em desenvolvimento.
Fonte: Autor
incrível o uso de dispositivos eletrônicos móveis, inter- a construtibilidade de instalações complexas, definir se-
conectados, e agora temos algo como o crowd-funding, quenciamentos, simular o planejamento de uma cons-
e a computação na nuvem e recursos de telecomunica- trução, determinando visualmente as interdependências
ções quase ilimitados; ou seja, popularizou-se o acesso das atividades. Modelos também podem ser usados
a recursos que, há bem pouco tempo atrás, só poderiam para controlar a evolução de uma construção.
ser viabilizados e acessados por grandes corporações ou Durante a fase de desenvolvimento dos projetos, as
governos, e a um altíssimo custo. E é inexorável se che- interferências entre diferentes subsistemas podem ser
gar à conclusão de que as mudanças atingem diversas detectadas automaticamente por softwares BIM, facili-
indústrias, porque os sinais são concretos e visíveis. tando o trabalho de coordenação dos projetos, e elevan-
Especificamente quanto à construção civil, não há ou- do o nível de qualidade e precisão de toda documen-
tro caminho para o futuro senão o da inovação. tação, que também é gerada automaticamente, como
Comparando com a tecnologia predecessora, o CAD uma consequência dos modelos tridimensionais.
(computer aided design), quando o desafio era só da O BIM facilita e viabiliza a concepção e o detalhamen-
representação e os processos eram apenas baseados to de construções geometricamente complexas, que
em documentos (desenhos), o BIM oferece inúmeras agora são projetadas com formas orgânicas e curvas,
vantagens e benefícios. e exigem a utilização de diferentes materiais e soluções
A primeira vantagem é a própria modelagem tridimen- construtivas em exercícios de coordenação que seriam
sional. Embora nem tudo que é 3D seja BIM, se é BIM, praticamente impossíveis de realizar utilizando apenas
é 3D. Apenas a correta e precisa visualização do que recursos tradicionais de projeto.
está sendo projetado por si, já facilita a comunicação e
Figura 3: Dubai´s Opera House, projetada pelo
a compreensão de todos envolvidos no desenvolvimento
Arquiteto Janus Rostock (Atkins Architecture).
de um empreendimento e isso é valioso para a indústria
da construção, que necessariamente demanda o envol-
vimento de muitas pessoas, que possuem motivações
diversas, capacitações e limitações diferentes e preci-
sam realizar inúmeras trocas de informações.
O segundo ponto é que com o BIM, pode-se não ape-
nas modelar o objeto que se deseja construir como tam-
bém o próprio processo de construção deste objeto, seja
um edifício, instalação ou infraestrutura. Ou seja, com o
BIM pode-se ´ensaiar´ o processo de construção e essa
é uma possibilidade muito valiosa para uma indústria
que, na prática, só constrói protótipos.
A terceira grande vantagem do BIM é a possibilidade
de extrair automaticamente as quantidades dos objetos
incorporados nos modelos. Considere, por exemplo, o
levantamento de quantidades de componentes de uma
instalação elétrica ou hidráulica. Com os métodos tra-
dicionais e baseados apenas em desenhos gerados no
CAD é praticamente impossível acertar e garantir preci- Wikipedia (https://en.wikipedia.org/wiki/Dubai_Opera - acessado em 03.04.2017)
são neste tipo de levantamento de quantidades. Com o
BIM, desde que o modelo tenha sido criado com cuida- O BIM é fundamental para que os processos de van-
dos mínimos de organização e distinção entes os obje- tagens do uso de tecnologias para captura da realidade
tos, uma lista de quantidades detalhada e precisa pode sejam concretizados e realizados.
ser gerada com alguns clicks do mouse. O uso de laser scanning será cada vez mais comum e
Com o BIM também se pode ensaiar o desempenho frequente nos empreendimentos construtivos. Os laser
de uma construção ou instalação, seja das deformações scanners serão utilizados antes, durante e depois da
de uma estrutura, do consumo de energia, dos níveis fase de construção. A precisão de alguns equipamen-
de iluminação natural, ou das solicitações devidas ao tos é tamanha que possibilitam até mesmo a contagem
vento, por exemplo. da quantidade de chapas de madeira empilhadas num
Modelos BIM podem ser usados para simular e definir canteiro de obras (inventário).
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INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
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INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
3
MOU – Memorandum of Understanding – assinado em 7/12/2016 em Brasília, pelo Ministro Marcos Antônio Pereira do Ministério
da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), pelo Secretário Wellington Moreira Franco da Secretaria do Programa de Parce-
ria de Investimentos (PPI) e pelo Dr. Liam Fox do Departamento para negócios, energia e estratégia industrial do governo do Reino
Unido, representando o UK BIM Task Group.
A
Associação Brasileira de Normas Técni- turas pré-moldadas e a ABCIC, cabe destacar a
cas (ABNT) publicou no dia 15 de março contribuição dos profissionais da academia, em
duas importantes normas para a constru- especial, o professor Marcelo de Araújo Ferrei-
ção industrializada de concreto: a ABNT ra, que tem se dedicado ao tema de ligações
NBR 9062:2017 - Projeto e execução de estruturas e, em conjunto com fabricantes, tem desenvol-
de concreto pré-moldado, que revisa a ABNT NBR vido trabalhos importantes em escala real no
9062:2006, e a ABNT NBR 16475: 2017 - Pai- NETPRÉ – Núcleo de Estudo e Tecnologia em
néis de parede de concreto pré-moldado - Requisi- Pré-moldados, da Universidade Federal de São
tos e procedimentos. Carlos (UFSCar) e o Professor Mounir Khalil El
Segundo Íria Doniak, presidente-executiva da Debs, da Escola de Engenharia de São Carlos,
Associação Brasileira da Construção Industria- que contribuiu Carlos Melo: Nossa proposta foi
lizada de Concreto (ABCIC), a entrada em vigor transformá-la em uma norma de fácil leitura, di-
dessas duas normas representa uma conquista dática e de fácil interpretação. expressivamente
para o setor, contribuindo para a evolução tec- com os aspectos relacionados aos blocos de fun-
nológica e fortalecendo, ainda mais, a aplicação dação. “Ambos acompanharam integralmente o
do sistema no mercado da construção. “Foi um desenvolvimento dos trabalhos dando suas con-
trabalho árduo, que somente foi possível, pelo tribuições e transferindo os seus conhecimen-
empenho das empresas e dos profissionais as- tos”, recorda Íria.
sociados que colaboram com informações rele- A presidente executiva da ABCIC enfatiza, tam-
vantes, possibilitando a realização de estudos, a bém, a importância do Selo de Excelência Abcic
fim de que pudéssemos contribuir de forma mais neste contexto, já que o programa realiza audito-
efetiva nas sessões plenárias”, ressalta. “Tam- rias periódicas conduzidas pelo Instituto Falcão
bém tivemos o importante apoio da Associação Bauer de Qualidade em plantas de produção e
Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural obras. “Foi impressionante a evolução do setor
(Abece), da academia, e do Instituto Brasileiro e, em especial, das empresas que integram o
do Concreto (Ibracon)”, acrescenta. programa. A partir de um sistema documentado
Além de entidades do setor ligadas às estru- e com base nos seus indicadores de desempe-
30 | Abril | 2017
ABCIC EM AÇÃO
obtiveram o DATEC investiram muito. No início, tratégico, vê nas ações da ABCIC, como o Selo
questionamos o fato de estarmos sendo consi- de Excelência, par ticipação no SINAT, realiza-
derados inovadores pelo programa quando o ção das Missões Técnicas Internacionais e a
sistema é largamente aplicado em sistemas ha- atuação na Comissão 6 de pré-fabricados da
bitacionais desde a Europa do pós-guerra, inclu- fib , associadas ao grande volume de obras
sive no Brasil, mas depois entendemos que era produzidas pelo setor em diferentes segmen-
necessário comprovar o desempenho. O SINAT tos, durante o período compreendido entre
possibilitou ao setor trabalhar nesta comprova- 2008 e 2016, fontes impor tantes de levanta-
ção, mesmo antes da entrada em vigor da NBR mento de necessidades que induzem a revisão
15575, e estes conhecimentos também contri- das normas. “Entendemos que, além da ABNT
buíram favoravelmente ao desenvolvimento da NBR 9062, para alguns produtos pela sua
norma, neste caso a de painéis”, complementa complexidade de fabricação ou tipologias, ne-
Íria. cessitávamos de uma norma específica como
André Pagliaro, presidente do Conselho Es- foi o caso das lajes alveolares, estacas e, ago-
32 | Abril | 2017
ABCIC EM AÇÃO
34 | Abril | 2017
DE OLHO NO SETOR
WORKSHOP CANTECHIS:
INDUSTRIALIZAÇÃO CONTRIBUI PARA MELHORAR A
SUSTENTABILIDADE E A SEGURANÇA NOS CANTEIROS DE OBRAS
Mesa de abertura: Carlos Eduardo Sartor (FINEP), Francisco Ferreira Cardoso (USP), Francisco A. de Vasconcellos
Neto (Sinduscon/SP), Sheyla Mara Baptista Serra (UFSCar) e Jorge Batlouni Neto (Sinduscon/SP)
Evento foi promovido na sede do Sinduscon-SP e contou com a apresentação das quatro
universidades brasileiras, que atenderam chamada pública do Ministério da Ciência e
Tecnologia para iniciar o projeto em 2011, que contou com o apoio decisivo da Abcic e da Cbic
O
s desafios enfrentados nos de obras em habitações de interesse em dados, em análises de causas e
canteiros de obras em em- social, por meio da participação de naquilo que melhor se adapta ao con-
preendimentos de habitação quatro universidades e coordenação da sumidor brasileiro e, também, em cada
de interesse social no que tange à sus- professora Sheyla Mara Baptista Serra, região do país, representaria uma gran-
tentabilidade ambiental, às condições da UFSCar, que apresentou a palestra de mudança”, acrescentou.
de trabalho e à segurança podem ser Instalações Provisórias de Canteiro de Vasconcellos Neto participou do
minimizados com a industrialização. Obras com Soluções Tecnológicas Sus- debate após a realização de três pai-
Essa foi uma das principais conclu- tentáveis, com professor Racine Tadeu néis: o Diagnóstico das Principais Ne-
sões do Workshop Cantechis, realizado Araujo Prado, da USP. (vide box na cessidades Tecnológicas em Canteiros
na sede do Sindicato da Indústria da pág. 36). de Obras, ministrado pela professora
Construção do Estado de São Paulo “Não vejo como nosso setor possa Dayana Bastos Costa, da Universidade
(SindusCon-SP), no dia 22 de feve- reagir às demandas hoje presentes, Federal da Bahia (UFBA), Emissão de
reiro, que contou com a presença da que não seja por meio do uso intensi- Material Particulado nas Vizinhanças
ABCIC, representada por meio da par- vo da tecnologia e da industrialização”, de Canteiros, proferida pelo professor
ticipação no debate final da engenheira comentou Francisco A. de Vasconcellos Francisco Ferreira Cardoso, da Escola
Íria Doniak, presidente executiva da Neto, vice-presidente do Sinduscon-SP. Politécnica da Universidade de São
entidade. “Quando pensamos no grande volume Paulo (Poli/USP), e Tecnologias de Exe-
O Cantechis foi criado para desenvol- da produção e na complexidade de cução para Melhoria das Condições de
ver um estudo e propor soluções em nossa atividade, a promoção de uma Trabalho e Redução de Resíduos, apre-
cinco aspectos importantes no canteiro industrialização mais radical, baseada sentadas pelos professores Carlos Tor-
res Formoso, da Universidade Federal “Todo esse arcabouço que será gera- dade no canteiro de obras”.
do Rio Grande do Sul (UFRGS) e José do pela rede vai resultar em muitas Batlouni Neto enfatizou a questão da
Carlos Paliari, da Universidade Federal informações para que as construtoras industrialização ao falar sobre a neces-
de São Carlos (UFSCar). Ele disse que possam compreender os desafios e as sidade de baixar a emissão de material
a qualidade dos trabalhos apresenta- soluções”. particulado e ruído pelas obras. “A so-
dos mostra que o setor da construção Para a Íria, seria importante que lução de industrializar as fachadas das
está caminhando na direção correta, houvesse a continuidade dessa rede. edificações seria uma mudança na tec-
que há condições de o Brasil ampliar “É de fundamental importância nologia de execução e pode ser muito
a sustentabilidade nos canteiros de que esse projeto siga em frente, bem-vinda”, disse.
obras. a partir de algumas conclusões O professor Francisco Ferreira Car-
Jorge Batlouni Neto, vice-presidente obtidas neste evento, como por doso, da USP, endossou a opinião de
de Tecnologia e Qualidade do Sindus- exemplo, a questão da inovação Batlouni Neto ao avaliar que a indus-
Con-SP, ressaltou a importância da sempre agregar novas tecnologias trialização contribui para a diminuição
discussão sobre o meio ambiente e para melhorar a qualidade, segu- da emissão de material particulado
a segurança na área da construção. rança, sustentabilidade e produtivi- (MP) em dois aspectos, tanto na fá-
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brica como no canteiro de obras. “A implementadas medidas para conter sobre a segurança e a saúde do tra-
produção do pré-fabricado de concre- essas emissões. balhador. “É um item muito comple-
to ocorre na fábrica. Então, se houver Sobre a melhoria da condição de xo, mas de fundamental importância
atividades, no momento da operação, trabalho, o professor José Carlos Pa- para o país, afinal ela não espera, ela
é possível mais facilmente associar os liari, da UFSCar, recordou que as ati- acontece. Por isso, em muitas situa-
equipamentos com máquinas de suc- vidades no canteiro de obras envolvem ções, estamos correndo atrás dessas
ção, filtros e armazenamento que evi- riscos ergonômicos, que vão desde o questões”, enfatizou.
tem que o MP contamine o ambiente recebimento de material até a execu- Segundo ele, aproximadamente
de trabalho e cause prejuízos ao traba- ção das tarefas. Já os professores da 80% dos empresários não percebem
lhador”, explicou. UFBa, Ricardo Fernandes Carvalho e que, ao não cuidar da saúde e da
Já no canteiro de obras, Cardoso da UFRGS, Tarcísio Saurin, trouxeram segurança do trabalho, estão geran-
afirmou que na forma tradicional de a necessidade de inserir a cultura da do um ônus para suas empresas, em
construção, mexe-se com areia, com segurança no ambiente de trabalho du- especial, por conta do Fator Acidentá-
o cimento e com a cal, e há ainda rante a apresentação Sistemas de Pro- rio Previdenciário (FAP), multiplicador
atividades de serragem e perfuração, teção Coletiva para Canteiros de Obras. calculado anualmente que incide so-
o que gera, naturalmente, material Para Jorge Batlouni, do Sinduscon-SP, bre a alíquota do Seguro Acidente de
particulado. “Assim, ao trocá-la pelo “a industrialização também pode ser Trabalho (SAT) pago pelas empresas.
pré-moldado de concreto, evidente- uma saída porque pode diminuir, por “Se houver uma gestão pode-se redu-
mente, diminui-se a produção de MP exemplo, a questão da repetição do ar- zir esse custo. Assim, precisamos de
no local, reduzindo também o impac- mador que trabalha agachado”. canteiros de obras sustentáveis e com
to no entorno da obra e para o traba- Haruo Ishikawa, vice-presidente de segurança”. Ele defendeu também que
lho”, analisou o professor que, em sua Relações Capital-Trabalho e Respon- os estudantes de cursos relacionados
apresentação mostrou os impactos da sabilidade Social do Sinduscon-SP, ao setor da construção civil deveriam
emissão de MP para que possam ser destacou a importância desse debate ter conteúdos de Saúde e Segurança
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saltou que projetos como o Cante- tria da Construção (CBIC), que foi re- convite da professora Sheyla para in-
chis deveriam ser mais frequentes presentada por Dionyzio Klavdianos, tegrar o projeto, que retribuiu a genti-
para que as soluções chegassem ao presidente da Comissão de Materiais leza, contando que: “a Abcic foi uma
mercado de maneira mais rápida. e Tecnologia (COMAT). “Temos encon- parceira de primeira hora. Assim, que
“Precisamos inserir a segurança, o trado apoio dessas duas importantes saímos da reunião da FINEP, em se-
meio ambiente e a sustentabilidade no instituições para o desenvolvimento da tembro de 2010, procuramos insti-
orçamento das obras das empresas. O produtividade que é relevante para a tuições representativas do setor, que
Brasil precisa amadurecer em relação atividade de construção civil do país. poderiam trabalhar conosco nos cin-
a esses aspectos”. Isto engloba alcançarmos, quando co aspectos determinados. E, quando
De acordo com a presidente execu- possível à industrialização, que seria pensamos em tecnologia inovadora e
tiva da ABCIC, a questão da industriali- o máximo da racionalização dos pro- uso de industrialização , sem dúvida
zação em empreendimentos para habi- cessos construtivos, transformando a Abcic, se destaca Além disso, den-
tação social é fundamental. “Sabemos os canteiros de obras em centrais de tro da UFSCar, temos o NETPré, que
que ela fez parte do Europa pós-guerra. montagem, aumentando o nosso ín- trabalha fortemente os aspectos téc-
E, atualmente, pela questão da imigra- dice de industrialização, chegando nicos relacionados ao pré-fabricado
ção vem sendo largamente utilizadas mais próximos da relação dos países de concreto. Lembro-me que, desde o
novamente. Visitamos na Dinamarca e desenvolvidos. Precisamos mobilizar início do desenvolvimento do NetPré,
Finlândia, durante a Missão Internacio- o poder público com a força da união o Paulo Sergio Teixeira Cordeiro, então
nal da Abcic, empresas de pré-fabrica- das entidades e o apoio da academia. presidente da Abcic, muito nos apoiou.
dos de concreto que só podem aceitar Mas, sabemos que existem fases de Assim, agradeço a ABCIC, a Íria , o
pedidos para 2018.” transição e questões de aculturamento, Paulo (in Memoriam) e o corpo diretivo
Ao final dos debates, Íria ressaltou o que significa que temos um caminho da entidade, que se sensibilizaram e
também a parceria com o Sinduscon/ a trilhar”. foram sempre muito importantes nessa
SP e a Câmara Brasileira da Indús- Sobre o Cantechis, Íria agradeceu o parceria”.
ARTIGO TÉCNICO
RESUMO: Visando o emprego de estruturas pré-moldadas de concreto em edifícios com múltiplos pavimentos
no Brasil, busca-se o estudo de uma ligação pilar-pilar com alto desempenho de resistência à flexão, rigidez e
ductilidade. Neste artigo são apresentados os resultados de uma pesquisa de doutorado, em desenvolvimento
no NETPRE-UFSCar, envolvendo a colaboração com uma empresa de pré-fabricados no Brasil e uma empresa
internacional fornecedora de luvas metálicas grauteadas para continuidade em ligações pilar-pilar, a partir da qual
se apresenta um relato do processo de assimilação, adequação e aplicação da tecnologia em obras com múltiplos
pavimentos. A comparação das curvas experimentais força-deslocamento de modelos de pilares segmentados
com a ligação pilar-pilar estudada com as curvas experimentais obtidas para modelos de pilares monolíticos de
mesmo comprimento, apresentou uma boa equivalência com boa convergência dos resultados tanto no contexto
da rigidez, da resistência e da ductilidade. Desta forma, considera-se que do pondo de vista de análise e projeto,
pilares pré-moldados que empreguem este tipo de ligação pilar-pilar podem ser considerados como elementos
contínuos. Adicionalmente, a pesquisa realizada aponta para a importância da colaboração tecnológica universi-
dade-empresa, como um fator relevante para uma maior eficiência do processo de assimilação e adequação de
novas tecnologias pelo setor produtivo.
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ARTIGO TÉCNICO
Figura 1 – Alternativas para segmentação de pilares em edifícios com múltiplos Figura 3 – Ligações típicas pilar-pilar de acordo com texto de revisão da ABNT NBR 9062.
pavimentos.
mediária após a fissuração e anterior ao escoamento delos de pilares segmentados com ligações com luvas
das armaduras longitudinais), mas somente os dados grauteadas SS01 e SS02.
finais após a plastificação da armadura longitudinal e Figura 5 – Confecção dos modelos SS01 e SS02
a capacidade rotacional da ligação (ductilidade), cor- (luvas metálicas grauteadas tipo Splice-Sleeve).
Figura 4 – Ensaio de tração em luva metálica grauteada (Ruptura com 169% de fyd).
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ARTIGO TÉCNICO
Figura 6 – – Confecção dos modelos monolíticos M01 e M02. Figura 9 – Arranjo dos ensaios e instrumentação dos modelos com ligações.
Figura 7 – Arranjo geral dos ensaios de flexão com quatro pontos dos elementos de
pilares.
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ARTIGO TÉCNICO
Figura 12 – - Aplicação piloto na confecção dos modelos ensaiados (OBS: Participação do Figura 14 – Aplicação em obra interna na fábrica da Leonardi com ligações pilar-
corpo técnico da Splice-Sleeve no Japão juntamente com pessoal interno da Leonardi). fundação.
Figura 13 – Estudo piloto para aplicação da luva metálica grauteada em ligação pilar-
fundação. (Fonte: Leonardi Pré-fabricados).
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ESPAÇO EXECUTIVO
FUTURO PROMISSOR
A
conjuntura econômica e o desgaste políti- Houve um tempo em que a concorrência com os
co afetaram todos os setores produtivos. demais sistemas construtivos industrializados era mui-
Com o pré-fabricado de concreto não foi to grande e nós tínhamos pouco respaldo institucio-
diferente. O Rio de Janeiro, por exemplo, nal. Hoje, com as sólidas ações da Abcic houve um
era um mercado em que nosso setor vinha crescendo grande avanço na divulgação do sistema a ponto de
bastante em decorrência não apenas dos Jogos Olím- enxergarmos nos sistemas concorrentes um potencial
picos e da Copa do Mundo, em que a pré-fabricação ainda maior para o uso dos pré-fabricados, por meio
foi destaque, mas também da Petrobras. No entanto, da combinação com esses sistemas.
esse cenário mudou. Com isso, em 2016, registra- No entanto, com o trabalho ativo e muito bem feito
mos uma perda de 25% no nosso faturamento em pela Abcic, o pré-fabricado de concreto ganhou ainda
relação a 2015. mais espaço, por meio de uma atuação e divulgação
Porém, neste início de ano, já percebemos uma li- robusta junto aos ministérios do governo federal, as
geira melhora em termos de consulta e nossa expec- principais entidades setoriais e ao próprio mercado,
tativa é de uma retomada, principalmente, em 2018. ressaltando nossa evolução tecnológica, os benefícios
Atualmente, vemos uma diversificação nas áreas de do sistema construtivo, além do que a entidade levou
atuação de nosso sistema construtivo, com demandas conhecimento para os profissionais, ao proporcionar a
e consultas para a construção de estacionamentos e realização de cursos em todo o Brasil.
edifícios-garagens. Tanto é que já fizemos duas obras Hoje, temos ações integradas que ajudam a ocupar
no Rio de Janeiro. Observo, também, uma grande espaços respeitados, como por exemplo, na área de
demanda em prédios comerciais, em hospitais e em normalização, na qual a Abcic é uma instituição con-
edifícios com múltiplos pavimentos. Essa tecnologia ceituada por seu elevado nível técnico. Temos também
para edifício residencial é ainda pouco utilizada, mas o Selo de Excelência Abcic, um processo reconhecido
acredito que o futuro é muito promissor. por nossos clientes que, em muitas situações, exigem
Essas novas demandas e consultas demonstram que nós tenhamos o selo.
que a solução tem ainda muito espaço a ocupar. Além Assim, o futuro do pré-fabricado de concreto é evi-
da agilidade na obra, o pré-fabricado de concreto traz dentemente promissor. Haja vista que no "boom" da
a qualidade da estrutura, uma mão de obra qualifica- construção civil, nosso sistema se mostrou realmente
da e possibilita que a construtora realize muito mais muito forte, estando em diversos tipos de obra (indus-
projetos em menos tempo. Considero, portanto, esse trial, infraestrutura, imobiliária). Além do mais é uma
sistema imbatível, sendo parte da evolução tecnoló- solução construtiva com muito espaço para crescer e
gica da construção civil e, cada vez mais, necessário para ajudar o Brasil a crescer.
para atender o cenário atual, uma vez que as indús-
trias têm adotado posturas mais dinâmicas em termos
gerenciais.
Nosso segmento possui importante papel dentro da
construção civil no país e, por estar consolidado no
mercado, não é um sistema que numa crise será des-
cartado, afinal ele faz parte do processo tecnológico.
E, esse protagonismo deve-se, também, ao grande de-
sempenho da Abcic. A entidade foi fundamental para
o setor porque conseguiu criar para as empresas de JOÃO GUALBERTO
pré-fabricado uma visão de seriedade, de buscar no- R. ALMEIDA
vas tecnologias, e de nos unirmos para que pudésse- Superintendente de Marketing
mos divulgar o sistema. e Vendas da Incopre
ALÉM DO RETROVISOR
A divulgação dos resultados do PIB confirmou a a retomada. Assim mais que um espelho retrovisor,
profunda recessão vivida pelo país em 2016. Na os números do ano passado indicam também a di-
verdade, foi o segundo ano de retração da ativida- mensão do desafio que irá representar a recuperação
de, que acumulada superou 7%, configurando o pior do investimento. A queda foi muito intensa, o que
resultado desde a segunda guerra. O número em si é significa que as empresas estão com um nível de
bastante dramático, mas a rapidez da queda também ociosidade ainda muito elevado. Houve uma desmo-
assustou, assim como a disseminação pela econo- bilização grande, muita mão de obra qualificada foi
mia e pelo país. dispensada.
A construção se destacou negativamente com uma A boa notícia veio da Sondagem de Investimen-
queda de 5,2% em relação a 2015, passando a acu- to da FGV realizada nos primeiros meses do ano. A
mular retração de 13,2% nos últimos três anos. pesquisa mostrou um aumento no indicador de in-
Quando se olha os números pela perspectiva da vestimentos para os próximos 12 meses, que voltou
demanda, o destaque negativo foi a queda de 10,2% ao patamar de neutralidade. Além disso, a pesquisa
na formação de capital, que levou a taxa de investi- mostrou que houve uma diminuição substancial na
mento do país (investimento total sobre PIB) a cair incerteza em relação aos planos de investimentos.
cerca de 2 pontos percentuais, retrocedendo para No entanto, como seria de esperar, as empresas
16,4%. de materiais de construção ainda estão mais pessi-
Mas muitos analistas minimizaram o resultado do mistas que a média das indústrias de transformação.
PIB, colocando-o apenas como um espelho retrovi- De fato, a retomada da demanda na construção de-
sor, ou seja, um retrato do que aconteceu no país, pende muito de variáveis como emprego, renda, cré-
uma vez que o momento atual já seria diferente. dito. O crescimento previsto para o setor em 2017,
É realmente verdade que há boas indicações de de 0,5%, estará fortemente amparado nas obras do
que o pior da crise parece ter ficado para trás. As Programa Minha Casa Minha Vida e na anunciada
últimas sondagens, realizadas nos dois primeiros retomada de obras paradas de infraestrutura.
meses do ano, mostraram que finalmente a percep- Para além de 2017, será o aumento dos investi-
ção em relação à situação atual começou a melhorar mentos em infraestrutura a peça determinante não
tanto para as empresas como para consumidores. apenas do crescimento setorial , mas do país como
Ainda que não se observe otimismo, é uma mudan- um todo. O sucesso do primeiro leilão realizado no
ça em relação ao quadro do ano passado, quando ano aumenta o otimismo e as perspectivas de reto-
apenas as expectativas melhoraram, sem respaldo mada. Mas o caminho de volta para o crescimento
na atividade corrente. será lento e longo e envolverá muito esforço.
As pesquisas reforçam, portanto, as projeções de
retomada da economia em 2017. As últimas estima-
tivas da FGV/IBRE apontam um crescimento do PIB
de 0,4%.
No entanto, é preciso ter em mente que a recupe-
ração não está garantida. Uma taxa de 0,4% pode se
reverter facilmente em nova queda e muitos fatores
externos e domésticos podem contribuir para isso.
Ainda existem muitas incertezas, especialmente no
ANA MARIA CASTELO
plano político.
No caso do setor da construção, a queda superior à Coordenadora de projetos
da média da economia mostra desafios maiores para do IBRE/FGV
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GIRO RÁPIDO
Tradicionalmente, a Abcic promoveu uma atividade para difusão de conhecimento no segundo dia
do Concrete Show. Em 2016, foi ministrado o curso de estruturas pré-fabricadas de concreto
HOMENAGEM
Legado literário e jornalístico de grande valor para a engenharia nacional
O jornalista e escritor Nildo Carlos Madalena; o livro de contos Com a ida-
de Oliveira faleceu em 26 de janeiro, de da Terra (RG Editores) e o romance
aos 77 anos, deixando um legado li- Olho por Olho. Foi responsável pelos
terário e jornalístico de grande valor textos da obra Arquitetura Escolar (PW
para a engenharia e a arquitetura Editores) e dos livros 100 Anos da En-
nacional. Em sua trajetória de qua- genharia Brasileira (Editora Univers) e
se 60 anos de profissão, retratou o autor de A Construção no Espelho (Edi-
desenvolvimento da infraestrutura do tora Pini), um conjunto de ensaios
país, por meio da cobertura de pra- e crônicas sobre os subterrâneos da
ticamente todas as maiores obras, construção brasileira dos anos 70 até a
como a construção da rodovia Tran- era Color. Sua última obra foi" O Mestre
samazônica, da hidrelétrica de Itai- da Arte de Resolver Estruturas "A his-
pu, da ponte Rio-Niterói, da rodovia tória do engenheiro Bruno Contarini",
dos Imigrantes, da hidrelétrica de patrocinado pela Arcelor Mittal.
Belo Monte, entre outras. Respeitado entre os colegas de pro- çamento do anuário", diz Íria Doniak,
Alagoano, viveu em Marília, no in- fissão, era muito próximo de vários presidente-executiva da entidade.
terior paulista. Trabalhou no Jornal profissionais da indústria da constru- "Conversei longamente com ele em
do Comércio e transferiu-se para São ção civil e do segmento de estruturas 2013 durante o evento 500 Grandes
Paulo durante a década de 1960 para pré-fabricadas de concreto. Ao longo da Construção que era promovido pela
trabalhar no grupo Folha da Manhã. deste período, Nildo esteve presente Revista O Empreiteiro quando recebi
Com mais de 50 anos de atividades nos principais eventos promovidos uma homenagem com outras colegas
profissionais, trabalhou também na pela Abcic e redigiu matérias e re- de profissão, intitulada Mulheres na
Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo, portagens sobre importantes obras Engenharia, e me surpreendi como ele
nas revistas Projeto, de arquitetura; do país em que a construção indus- acompanhava de perto as atividades
Construção, da Editora Pini; revista trializada em concreto esteve em evi- do nosso setor, nossa atuação e traba-
Obra - Construção e Planejamento, dência. “Ele sempre procedeu com lho, dado o alto nível de conhecimento.
e na revista O Empreiteiro, onde foi lisura se pautando em conduta ética Deixamos registrado nesta edição da
repórter, editor e consultor. Recente- irrepreensível nas entrevistas com a revista o nosso carinho e respeito por
mente, editava o Blog do Nildo. ABCIC. Esteve sempre presente em este profissional da área da comunica-
Com escritor, Nildo lançou a novela nossas coletivas de imprensa e lan- ção que deixa saudades", finaliza Íria.
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GIRO RÁPIDO
NOVOS ASSOCIADOS
Em nome da diretoria e do conselho estratégico da Ab-
cic, desejamos as boas-vindas aos novos associados:
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GIRO RÁPIDO
EVENTOS DO SETOR
1º WORKSHOP DA CONSTRUÇÃO PRÉ-FABRICADA DE CONCRETO DO 89º ENIC (CBIC)
CENTRO-OESTE (REALIZAÇÃO DO CREA/GO E CAU/GO, APOIADO PELA ABCIC) 24 a 26 de Maio de 2017
Data: 3 de maio
Local: Brasilia
Local: Goiânia/GO
www.cbic.org.br/enic/?page_id=11&lang=pt
www.creago.org.br
CONSTRUCTION EXPO
BIBM CONGRESS 2017
07 a 09 de Junho de 2017
17 A 19 de Maio de 2017
Local: São Paulo / SP
Local: Espanha
www.constructionexpo.com.br
https://bibm.cpi-worldwide.com/
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CO
CONCRETE SHOW 2017:
COMECE JÁ A CONSTRUIR
SEU SUCESSO
23 a 25
AGOSTO
SÃO PAULO EXPO
SÃO PAULO -BRASIL - 11a EDIÇÃO
2017 DIA 23 - 13 às 20h | DIA 24 e 25 - 10 às 20h
Realização
Organiser
um oferecimento: