Você está na página 1de 56

Nº 10 - Abril/2017 - www.abcic.org.

br - R$ 15,00

P&D
Validação experimental da
continuidade em pilares pré-
moldados segmentados com ligações
de luvas metálicas grauteadas
PONTO DE VISTA
Paulo Sanchez - vice-presidente
de tecnologia e qualidade do
SindusCon-SP

CRESCE USO DE BIM


NO SETOR DE PRÉ-FABRICADOS DE CONCRETO
A REVISTA INDUSTRIALIZAR EM CONCRETO É UM
OFERECIMENTO DO SETOR ATRAVÉS DAS EMPRESAS

Estas empresas, juntamente com os anunciantes e fornecedores da cadeia produtiva


tornam possível a realização deste importante instrumento de disseminação das
estruturas pré-fabricadas de concreto.

Junte-se a eles na próxima edição.


EXPEDIENTE

Publicação especializada da Abcic – Associação Brasileira


da Construção Industrializada de Concreto
Presidente Executiva
Íria Lícia Oliva Doniak (Abcic)
Diretor Tesoureiro
Everson Tavares (Leonardi)
Diretor de Desenvolvimento
04 EDITORIAL
Globalização, tecnologia e desigualdades

05
Luís André Tomazoni (Cassol)
Diretor de Marketing PONTO DE VISTA
Silvia Gadelha de Almeida (T&A) Entrevista - Paulo Rogério Luongo Sanchez
Diretor Técnico
Marcelo Cuadrado Marin (Leonardi)

08
CONSELHO ESTRATÉGICO
Presidente
André Carvalho Pagliaro (Alveolare)
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
BIM e o pré-fabricado de concreto
Vice-presidente
Nivaldo de Loyola Richter (BPM)

16
CONSELHEIROS
Décio Previato (CPI Engenharia) - Guilherme Fiorese Philippi INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
(Marna Pré-Fabricados) - João Gualberto (Incopre) - José Uma análise da aplicação do BIM na industrialização
Antonio Tessari (Rotesma) - Marcelo Monteiro de Miranda em concreto com o uso do pré-fabricado no mundo
(Precon Engenharia) - Rodrigo Yida Moreira (Protendit) - Rui
Sérgio Guerra (Premodisa) - Conselheiros (Ex-Presidentes)

19
- Carlos Alberto Gennari (Leonardi) - Paulo Sérgio Teixeira
Cordeiro (in Memoriam) - Milton Moreira Filho (Protendit) INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA
CONSELHO FISCAL "...E esse tal de "BIM" aí?..."
Efetivo
Claudio Renato M. Bressan (Diarc Pré-fabricados) - Fernando

28
Palagi Gaion - (Stamp Pré-Fabricados Arquitetônicos)
Marcelo Bandeira (Bemarco Industrial)
ABCIC EM AÇÃO
ABNT publica normas do setor
Suplente
João Mota da Silva Júnior (Prefaz Pré-Fabricados de Concreto)
de pré-fabricados de concreto
- Marcelo Caleffi (Concrelaje) - Marcelo de Carvalho Pagliaro

32
(Ibpré)

COMITÉ EDITORIAL DE OLHO NO SETOR


Íria Doniak (Presidente Executiva) - Silvia Gadelha de Almeida Workshop Cantechis
(Diretora de Marketing) – Marcelo Cuadrado Marin (Diretor
Técnico)

37
EDIÇÃO
Mecânica de Comunicação - www.meccanica.com.br
ARTIGO TÉCNICO
Jornalista Responsável - Enio Campoi – MTB 19.194/SP Validação experimental da continuidade em pilares pré-moldados
segmentados com ligações de luvas metálicas grauteadas
REDAÇÃO
Sylvia Mie - sylvia@meccanica.com.br

44
Tels.: (11) 3259-6688/1719
ESPAÇO EMPRESARIAL
PRODUÇÃO GRÁFICA Futuro promissor
Diagrama Comunicação
www.diagramacomunicacao.com.br
Projeto gráfico: Miguel de Oliveira

45
Diagramação: Rodrigo Clemente e Juscelino Paiva
Ilustração: Juscelino Paiva CENÁRIO ECONÔMICO
Fotos Capa: Divulgação Sinco Engenharia
Além do retrovisor
PUBLICIDADE E COMPRA DE EXEMPLARES
Rua General Furtado do Nascimento, 684 - Cj. 63

46
Alto de Pinheiros - São Paulo/SP - CEP 05465-070
abcic@abcic.org.br
Tel.: (11) 3763-2839 GIRO RÁPIDO

Tiragem: 3.000 exemplares

50
Impressão: Gráfica QuatroCor

AGENDA
ESPAÇO ABERTO
Envie seus comentários, sugestões de pauta,
artigos e dúvidas para abcic@abcic.org.br
EDITORIAL

GLOBALIZAÇÃO, TECNOLOGIA
E DESIGUALDADES
Prezados Leitores, vard, Sunil Gupta, e comentada pelo presidente
Iniciamos mais um ano com muitos desafios, e da instituição, que reuniu uma plateia lotada de
nas entidades de uma maneira geral não tem sido empresários dos mais diversos setores de nossa
fácil manter as atividades e ações em andamen- indústria, consultores e comentaristas.
to. É elevado o nível de exigência para manter as Ato contínuo, recebi esta edição da IC-10, que
empresas que as integram vivas, conseguir não entregamos aos nossos associados e leitores e tive
só vender, mais também receber e reduzir custos, a nítida sensação de que estamos trilhando o ca-
tendo à frente não um mercado competitivo e sim minho certo. Não queremos impor nada ao setor
"predador", na medida em que se trabalha para e tão pouco que a conclusão seja: “Não tem jeito,
manter as suas estruturas funcionando e já se abre teremos que aderir ao BIM!”, mas sim que estamos
mão, inclusive, da rentabilidade, que possibilita a disponibilizando todas as informações para que
expansão, a geração de empregos e o investimento haja a compreensão de que se trata de um pro-
em novas tecnologias. O cenário atual tem exauri- cesso complexo, antes de tudo envolve pessoas,
do as nossas energias. que não existem atalhos para o êxito, tem que ser
Porém, assim como as empresas devem se man- planejado e é uma peça chave para o avanço, mas
ter vivas, a Abcic não pode parar. Somos essen- que precisa nos trazer os melhores resultados. É
cialmente indutores de desenvolvimento e não um exemplo prático de que a tecnologia é um fator
podemos tirar os olhos do futuro. Não podemos que impacta grandes mudanças sociais inclusive
retroceder no que já conquistamos e tão pouco vi- no nosso negócio.
ver do nosso passado. Ele é a nossa história, nos Me despeço, chamando a atenção para todo o
serve de exemplo, mas não sustenta o presente conteúdo da edição e para a maior conquista do
e tão pouco por si só sustentará as necessidades setor dos últimos anos, que é a publicação da revi-
atuais e futuras. são ABNT NBR 9062 – Projeto e Execução de Estru-
O fato é que, em meio à crise, vivenciamos tem- turas Pré-Moldadas, juntamente com a Publicação
pos, em que, se nos deixarmos sucumbir apenas a da ABNT NBR 16475 – Painéis de Parede de Con-
rotina diária, não perceberemos que também esta- creto Pré-Moldado, a terceira da nossa proposta à
mos inseridos em outro contexto relevante, a cha- ABNT de três normas de produtos: Lajes Alveolares
mada 4ª Revolução Industrial. A história continua, (2011), Estacas (2014) e agora os painéis (2017),
o mundo não parou, era diferente antes e certa- lembrando que a padronização é base para o de-
mente será após. Os três aspectos centrais do Fó- senvolvimento sustentável de um setor.
rum Econômico Mundial 2017, realizado em Davos
foram: globalização, tecnologia e desigualdades. Que todos possam ler e refletir, um grande abraço!
Este tema é gerador de grandes mudanças, inclu-
sive no modelo de negócios atual. A partir deste
contexto, precisamos vigiar para que a realidade
atual não nos paralise e, assim, possamos inovar e
sermos mais eficientes.
Fui impactada assistindo uma reportagem sobre
o fórum. Dias mais tarde, um amigo me recomen-
dou ler o livro a 4ª Revolução Industrial, de Klaus
Schwab, fundador do fórum. Minha visão se abriu
ainda mais. Na última quarta-feira, tive a oportu-
nidade de assistir na FIESP a palestra ministrada
pelo professor de administração de empresas e Íria Lícia Oliva Doniak,
presidente do programa de Gestão Geral da Har- Presidente Executiva da Abcic

4 | Abril 2017
PONTO DE VISTA

BIM É UMA CONSTRUÇÃO VIRTUAL INTELIGENTE

O
engenheiro Paulo Rogério Luongo Sanchez é

Jorge Rosenberg/SindusCon-SP
um entusiasta do Building Information Mo-
delling (BIM). Considerado uma referência e
um dos principais especialistas no assunto,
o vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Sin-
dicato da Indústria da Construção Civil do Estado de
São Paulo (SindusCon-SP) tem se dedicado à difusão
e implantação da tecnologia em todo o território nacio-
nal. Atualmente, ele também lidera o projeto “Disse-
minação do BIM” da Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC), que tem buscado elaborar estudos,
orientar empresas e promover capacitação profissional
para que o BIM se torne ainda mais conhecido e inclu-
ído nos projetos.
Sua atuação para a aplicação do BIM na construção
estende-se também na área empresarial. A Sinco En-
genharia, na qual é diretor, utiliza a ferramenta desde
2011, quando foi criado o departamento BIM. Hoje, to-
das as obras realizadas pela construtora, com mais de
trinta anos de mercado, são modeladas e acompanha-
das com o auxílio da tecnologia. Em entrevista exclusi-
va para a Industrializar em Concreto, Sanchez faz uma
análise do uso do BIM no Brasil e no mundo, ressalta
suas vantagens para o setor e para a área das estruturas
pré-fabricadas de concreto, fala sobre políticas públicas
e define seu impacto nos negócios de construtoras, in-
corporadora e empresas de engenharia e arquitetura. esse índice fica ainda menor.
“Você trabalha de uma forma muito mais transparente, No entanto, temos iniciativas para difusão do BIM.
porque o BIM é a melhor ferramenta para socializar as Hoje, a CBIC está promovendo um roadshow em todo o
informações”, avalia. Brasil, mostrando como está ocorrendo implementação
Na sequência, confira os principais pontos abordados do BIM. Eu, como organizador, irei para Belo Horizon-
por ele: te, Fortaleza, Recife, Manaus, Salvador, Curitiba, Santa
O BIM já é uma ferramenta usual ou ainda está em Catarina, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, enfim,
implementação nas construtoras? Qual o percentual de na maioria das capitais para mostrar, justamente, que
empresas que já busca a contratação em BIM? qualquer construtora já tem condições de utilizar o BIM
O BIM já é uma ferramenta usual. No mercado de dentro das suas obras.
São Paulo, as construtoras já enxergam as vantagens Quais os principais benefícios resultantes do uso do
da utilização do BIM, incluindo aquela que está direta- BIM?
mente ligada à parte financeira, porque elas conseguem Os principais benefícios são a garantia da produtivida-
economizar recursos com o BIM. de no empreendimento, garantia do prazo de entrega da
Sobre o percentual, vou fazer o mapeamento da se- obra e melhor visualização da construção virtual. O BIM
guinte forma: dentro do Comitê de Tecnologia e Quali- é uma construção virtual inteligente, porque possibilita
dade (CTQ) do SindusCon-SP, somos em trinta empre- modelar sua obra e colocar informações técnicas (quan-
sas, que são consideradas as maiores do Estado de São tidade, prazo e execução). Então é possível enxergar, an-
Paulo, e 70% delas já utilizam o BIM. Esse percentual tes do seu início, como será a execução desde começo
cai consideravelmente se compararmos com o mercado até o final. O profissional consegue ver as interferências
de São Paulo, que está estimado em aproximadamente que surgirão, os prazos determinados, a logística feita.
duas mil empresas. E em relação ao mercado nacional, Com isso, a construtora tem lucro, pois há um aumento

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 5


PONTO DE VISTA

Shopping Center Cantareira,


executado pela Sinco e estrutura
pré-fabricada fornecida pela
CPI Engenharia. A obra também
ilustra a capa desta edição da
Industrializar em Concreto.

da produtividade e diminuição das A utilização do BIM muda as áre- Eu considero que o uso do BIM
interferências de estrutura, alvena- as de projetos, planejamento, orça- vai privilegiar as empresas que fa-
ria, instalações, entre outras, já que mentos e canteiro de obras de uma zem engenharia tanto de projetos
tudo pode ser feito antes mesmo do construtora? quanto de construção.
planejamento. Além disso, é possí- Sim, ela muda pra melhor. Todos Já encontram fornecedores que
vel entregar no prazo porque a obra começam a fazer engenharia e não atendam as demandas em BIM?
foi construída virtualmente. existe mais a improvisação. Quando Como a cadeia produtiva está se
Além dos benefícios técnicos, se constrói um prédio virtualmen- organizando?
quais são os impactos do uso do te, nós conseguimos ver, antes de Hoje, já existem empresas que
BIM nos negócios das construto- começar a obra, todas as interfe- estão se mobilizando pra fornecer
ras? rências possíveis. Então, pode-se os entregáveis em BIM, como o
É possível trabalhar de uma forma melhorar o canteiro de obra, seu projeto e o planejamento. Já existe
muito mais transparente, porque o planejamento, o departamento de um movimento muito grande nesse
BIM é a melhor ferramenta para suprimentos e de engenharia. sentido.
socializar as informações. O con- Como o BIM pode melhorar a Poderia fazer uma avaliação so-
tratante sabe exatamente o que vai produtividade dos projetos no Bra- bre o uso das dimensões (3D a 7D)
ser construído, em que prazo, em sil? nas construtoras brasileiras?
que condições, qual a quantificação A partir do momento em que é As construtoras brasileiras estão
exata, e com isso se evita, também, feita a projeção da obra em 3D, começando a fazer o uso da 3D,
possíveis desvios. diminui-se bastante as não confor- indo para o 4D. Poucas estão fa-
Quais os maiores entraves na im- midades de um projeto, o que resul- zendo o 5D. Já o 6D, não conheço
plantação do BIM? ta num aumento da produtividade. ou vi nenhuma empresa fazendo
É única e exclusivamente o co- Uma empresa que projeta em 3D e do 7D para frente, ninguém fez.
nhecimento. Hoje o mercado está gasta menos tempo e num custo Em 3D, as obras são feitas virtu-
maduro e existem empresas que menor do que quando ela projetava almente na terceira dimensão co-
podem fornecer uma modelagem em 2D. locando informações técnicas. Em
para construtora para que ela utilize Quais análises já são possíveis de 4D, pega-se essa modelagem e
o BIM. ser feitas nos modelos em BIM? passa para o planejamento, con-

6 | Abril 2017
PONTO DE VISTA

seguindo ver a obra crescer. Em logia em BIM. Esse tratado também pré-fabricadas de concreto?
5D, adiciona-se o orçamento e foi feito com o governo do Chile e Eu acho excelente, inclusive a
controle de custo. Já em 6D é a nós estamos muito próximos do que Sinco Engenharia acabou de entre-
operação da obra, e em 7D para esse país está fazendo. Estamos se- gar um shopping center com cons-
frente começa a questão da sus- guindo o modelo inglês, porque é trução em pré-fabricado de con-
tentabilidade. Na verdade, esta- aquele que melhor engloba a parte creto, e o controle e a logística das
mos ainda no começo e os outros de políticas públicas e privadas. peças pré-moldadas foram todas
países também. A vantagem é que Como essa ferramenta integra to- feitas virtualmente em BIM. Se não
o nosso nível tecnológico é o mes- dos os projetos e diversas áreas da fosse a ferramenta nós não teríamos
mo do mundo inteiro. construtora, apresentando um di- entregue a obra na data estipulada.
O que é necessário fazer para al- ferencial único, qual sua avaliação Em sua opinião, o BIM pode con-
cançar um alto nível de implemen- sobre o futuro da construção por tribuir para elevar a industrializa-
tação do BIM, como ocorre nos Es- meio da utilização do BIM? ção na construção civil do país?
tados Unidos e em países da União O futuro é o presente, já que a Sim e muito, porque se pode pré-
Europeia? partir do momento em que todos -fabricar utilizando a ferramenta
Começar, somente isso. começarem a entregar os projetos BIM. O que observei nos Estados
Qual o modelo internacional de em BIM, poderão enxergar as in- Unidos é que as empresas daquele
políticas públicas e ações de im- terferências. Estamos vivendo este país estão utilizando BIM para fabri-
plantação do BIM que na ótica do momento, e as empresas que estão cação, tanto na parte de pré-molda-
Sinduscon seria mais adequado utilizando o BIM estão obtendo ren- do de concreto, como de estrutura
como referencial para o Brasil? tabilidade. metálica, de instalações elétricas e
O governo brasileiro assinou re- Qual sua avaliação sobre o uso hidráulicas. Então, a pré-fabricação
centemente um tratado com o Reino do BIM para obras de infraestrutu- está diretamente ligada com a ferra-
Unido para transferência de tecno- ra e de edificações, com estruturas menta BIM.

Parque Eólico de Aracati - CE Edifício Garagem

SOLUÇÕES CASSOL
do Aeroporto Afonso Pena - PR

EM INFRAESTRUTURA
8 VEZES CAMPEÃ DO PRÊMIO PINI
Terminal de Contêineres
Complexo Viário Itaguaí- RJ de Paranaguá - PR
Líder absoluta em
pré-fabricados de concreto
na América Latina, a Cassol
tem um mix completo de
produtos e soluções para
obras de infraestrutura:
aeroportos, portos,
Foto: Ricardo Hebmüller Aeroporto Brasília - DF
marinas, parques eólicos,
complexos viários, metrôs,
pontes, edifícios garagem.
Obras de grande porte?
A Cassol Faz.

Fábricas:
PR (41) 3641-5900 RS (51) 3463-0573 SP (19) 3879-8900
SC (48) 3279-7000 RJ (21) 2682-9400 DF (em instalação)
CE (88) 3421-1025 w w w. c a ssol. in d. br
Industrializar
a construção
em concreto
só é possível
aliando nossa
experiência
a de nossos
fornecedores

Além de participar de importantes projetos em nosso dia a dia,


estas empresas,como associadas, cumprem conosco o desafio
do maior projeto: promover a pré-fabricação em concreto.
Desejamos a todos um próspero 2017!
Produtos

Serviços
Fábrica de Concreto Internacional

ABCIC - Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto


Rua General Furtado do Nascimento, 684 | Conjunto 63 | (esquina com Av. Arruda Botelho),
Alto de Pinheiros | São Paulo/SP | CEP: 05.465-070
E-mail: abcic@abcic.org.br | Tels: (11) 3763.2839 ou (11) 3021.5733
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

USO DO BIM CRESCE NA


CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA
DE CONCRETO
Os dois contextos possuem a mesma essência: exigem planejamento antecipado,
visão sistêmica dos empreendimentos, avaliação e resolução prévia de todas
as interfaces, alta qualidade e precisão de projetos, garantia de exatidão no
estabelecimento de prazos e custos, extrema redução de desperdícios e
perdas com retrabalhos, qualidade e sustentabilidade

10 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

O
s segmentos da cons-
trução, engenharia e
arquitetura do Brasil
adotaram o Building
Information Modelling (BIM) como
uma solução completa capaz de
quebrar paradigmas. Na última dé-
cada, as principais entidades do se-
tor têm se empenhado em trazer co- apresentaram um percentual su-
nhecimento e fomentar discussões perior à média de todas as regiões
(24%) no uso do BIM 5D, e 41% Detalhes da estrutura em BIM
técnicas para que toda a cadeia
do Viaduto Casemiro de Abreu.
produtiva possa compreender o das construtoras em todos os mer-
verdadeiro conceito dessa filosofia, cados globais pesquisados citam
que une tecnologia, multidisciplina- como os três principais fatores que financeira e administrativa das em-
ridade, integração e gestão, trazen- melhorariam o ROI (Retorno sobre presas.
do uma série de benefícios no que o Investimento) no BIM, o fato de a “O BIM é uma nova cultura, uma
tange à produtividade, sustentabi- tecnologia contribuir para a redução nova maneira de pensar e fazer, é
lidade, confiabilidade, qualidade, do custo do projeto. uma inovação radical e quem  não
eficiência, precisão e rentabilidade. No entanto, a implementação do incluir este contexto na vida de suas
E isso tem trazido resultados, BIM não é fácil, segundo Alfredo empresas num futuro não muito
com construtoras, incorporadoras e Andia, professor da Universidade longínquo enfrentará dificuldades.
escritórios de arquitetura e de pro- Internacional da Flórida, nos Es- Por outro lado, por se tratar de uma
jetos utilizando o BIM na maioria e/ tados Unidos, que é considerado nova cultura, sua assimilação e
ou totalidade de seus projetos. Al- um dos principais especialistas no implementação é gradual", afirma
gumas delas, inclusive, já realizam estudo de tecnologias desenvol- Íria Doniak, presidente executiva
a integração com ferramentas de vidas para a área de construção e da Associação Brasileira da Cons-
planejamento (BIM 4D) e outras já engenharia. Em uma pesquisa que trução Industrializada de Concreto
caminham nas experiências com o ele realizou com 30 escritórios de (ABCIC). “Além disto, a formação
BIM 5D, que integra a variável cus- arquitetura, construtoras e universi- das pessoas envolvidas no proces-
to, possibilitando a geração de orça- dades que estavam implementando so deve ser contínua, contribuindo
mentos e análises quantitativas. Se- o BIM, ele constatou que é neces- desta forma para que haja essa mu-
gundo um estudo da Dodge Data & sário não apenas aprender a lidar dança cultural”, acrescenta.
Analytics, as construtoras no Japão com a ferramenta (software), mas Para Marcelo Pulcinelli, diretor de
(53%), no Brasil (52%), na Fran- também é preciso mudar a cultura, engenharia da Matec Engenharia,
ça (48%) e na Alemanha (41%) a formação da equipe e a estrutura apenas as organizações com visão
sistêmica e integrada estão efetiva-
mente utilizando o BIM. "O discurso
de que BIM é mais caro não cabe
mais nos dias de hoje. As organi-
zações que não entenderem que o
BIM agrega valor em todo o proces-
so produtivo, desde a sua concep-
ção até a manutenção do edifício,
em um futuro próximo, não irão
mais conseguir estar ativamente no
mercado”, enfatiza.
No segmento de pré-fabricados
de concreto, a maioria das empre-
sas já iniciou a implementação da
tecnologia ou se encontra nos pri-
meiros níveis, ou seja, a visão 3D

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 11


INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

(projetos com objetos tridimensio-

Divulgação Fleury
nais), 4D (planejamento e prazos)
e 5D (custos). De acordo com a
Sondagem de Expectativas da In-
dústria de Pré-fabricados de Con-
creto, elaborada pela Fundação
Getulio Vargas (FGV), a pedido da
ABCIC, 53,3% das empresas en-
trevistadas conhecem e já implan-
taram a ferramenta, ou pretendem
fazê-lo nos próximos dois anos.
O BIM e a construção em pré-
-fabricados, de acordo com Íria,
possuem as mesmas essências: os
dois contextos exigem muito plane-
Unidade de Alphaville do laboratório Fleury
jamento antecipado, visão sistêmi-
foi construída com sistemas construtivos
ca dos empreendimentos, avaliação industrializados e a plataforma BIM,
e resolução prévia de todas as in- como importante apoio para as etapas de
terfaces, alta qualidade e precisão compatibilização de projetos, planejamento
de projetos, garantia de exatidão no e execução
estabelecimento de prazos e custos,
extrema redução de desperdícios e pelos projetistas das várias disci-
perdas com retrabalhos, qualida- plinas, o que evita interferências e
de e sustentabilidade. “A principal possibilita uma visualização perfei-
vantagem está na confiabilidade ta dos conflitos em regiões críticas
no detalhamento, por ser uma fer- do detalhamento”, explica.
ramenta multidisciplinar em que Marcelo Cuadrado Marin, diretor
o projeto pode ser compartilhado técnico da ABCIC, corrobora com a

AÇÕES GOVERNAMENTAIS E SETORIAIS


Por ser considerada estratégica, a filosofia BIM vem e desenvolvimento de processo de projeto  BIM, podem ser
sendo trabalhada não apenas pelas entidades setoriais, acessados no site http://www.guiasbim.com.br/.
mas também pelos órgãos governamentais. No final do ano Claudionel de Campos Leite, Especialista em Projetos
passado, o Brasil assinou um acordo com o Reino Unido que da ABDI, lembra também do Manual da Construção
prevê a difusão do BIM para a construção civil. Na ocasião, Industrializada, cujo primeiro volume foi lançado em 2015,
o ministro da Indústria Comércio Exterior e Serviços que possibilita o alinhamento dos conceitos e, em especial,
(MDIC), Marcos Pereira, disse que esse é um incentivo para entender a vinculação e uso na produção dos sistemas
promover crescimento sustentável e trocas comerciais em construtivos industrializados (SCI) de outros temas ou
construção civil e economia digital de ambos os países. tecnologias igualmente essenciais para a industrialização da
O MDIC também é parceiro da Agência Brasileira de construção: a Coordenação Modular (CM) e a Modelagem da
Desenvolvimento Industrial (ABDI) em iniciativas que visam Informação da Construção ou BIM. Todas as ações da ABDI
ampliar e acelerar a difusão da tecnologia  BIM   no Brasil, têm o apoio da ABCIC.
como o apoio à normalização, a produção de Guias e a No caso das entidades setoriais, destaca-se ainda a edição
concepção e ativação de uma Plataforma BIM na web. dos Guias BIM da Associação Brasileira dos Escritórios de
Os textos preliminares dos  Guias para o Processo de Arquitetura (AsBEA), em dois volumes, e da Câmara Brasileira
Projeto BIM, uma coletânea de seis volumes que tem o da Indústria da Construção (CBIC), em cinco volumes, de
objetivo de orientar a implantação, contratação, coordenação autoria de Wilton Silva Catelani (vide matéria na pág. 21).

12 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

visão de Íria, ao avaliar que um dos também a definição do processo de nheiro projetista Carlos Melo.
benefícios da modelagem (BIM) montagem e execução. Ele vai mui- O principal desafio dessa obra foi
é reduzir erros e aumentar a pro- to além do aspecto projeto, permite o prazo para realizar uma série de
dutividade na fase de projeto e no discussões internas de planejamen- edificações, que para cada qual,
planejamento das operações na fá- to, sequenciamento e interface com era necessário o levantamento de
brica e campo. Além disso, segundo as demais disciplinas”, explica Mar- tubulações, equipamentos, inter-
ele, o BIM também contribui quan- celo Pulcinelli, que acrescenta que ferências e a realização das bases.
do há a utilização de dois ou mais o BIM é usado na Matec em todos “Tínhamos ainda edificações com
sistemas construtivos, uma vez que os projetos, independentemente cargas dinâmicas, que precisaram
permite a compatibilização e a inte- do porte da construção, já que faz ser estudadas quanto a vibração”,
gração entre eles. parte do processo organizacional de afirma Melo, que complementa
Para Leonardo Patricio Chaves, desenvolvimento de projeto. que, no caso das estruturas pré-
diretor da Casagrande Engenharia, Em uma obra para uma indústria -fabricadas de concreto, o desafio
a utilização do BIM possui excelen- do ramo de alimentos e bebidas, estava em coordenar todas as dis-
te aplicação para o uso de peças a Matec Engenharia centralizou o ciplinas e elas darem retorno no
pré-moldadas, visto que as peças sistema BIM, compatibilizando os momento da execução do projeto
são modeladas como elementos es- projetos de todas as disciplinas, do pré-fabricado. “Pelo fato de a es-
paciais com as suas características repassando as informações das in- trutura ser o caminho crítico e uma
geométricas, sendo uma ferramenta terferências e as necessidades de das primeiras disciplinas a entrar
de grande aplicação para detalha- alteração no projeto. "Com a dimi- na obra, usualmente as instalações
mento e quantitativo, além de au- nuição das interferências, identifi- e equipamentos ainda não tem
xiliar na compreensão da peça e do cadas ainda na fase de projeto, a seus projetos definidos para que a
funcionamento da estrutura. obra sempre transcorreu em uma integração seja realizada”, explana.
“Entendemos ser fundamental o velocidade muito grande. E a utili- A BM Pré-Moldados foi a empresa
uso do BIM em pré-fabricados, uma zação das estruturas pré-fabricadas responsável pelo fornecimento das
vez que ele permite não só o deta- de concreto contribui para esse ga- estruturas pré-fabricadas de concre-
lhamento de todas as peças, mais nho de agilidade", explicou o enge- to. Para esta obra complexa, foram

DIVULGAÇÃO DO BIM NA ÁREA DE PRÉ-FABRICADO DE CONCRETO


Em 2012, o BIM já esteve em evidência em duas reportagens Já no Anuário ABCIC 2015, na reportagem "Em quase todos
do Anuário da ABCIC. A primeira matéria abordou a tecnologia, os projetos", o Shopping Norte Cantareira foi construído
com uma entrevista com o Marcelo Pulcinelli, da Matec, que com o uso do BIM. "Isso nos ajudou a controlar tanto a
ressaltou os benefícios obtidos com a implementação e execução e instalação, mas também a ter maior controle
integração do BIM para a construtora e para suas obras e sobre a fabricação das peças, de forma que as entregas
comentou "Em uma obra industrializada com pré-fabricado acompanhassem exatamente o cronograma da obra. Com
de concreto, o BIM contribuiu com toda a parte de logística isso, nós conseguimos gerar todo o planejamento da obra",
de canteiro e a qualificação de peças. Também ajudou a destacou Fernando Augusto Corrêa da Silva, diretor da Sinco
programar com mais precisão a entrega dos pré-fabricados, Engenharia.
tornando a execução da obra uma sequência de montagem". Na revista Industrializar em Concreto, o BIM também
Outra reportagem publicada no Anuário ABCIC 2012 foi o já esteve em destaque na matéria intitulada "Tecnologia
case da construção da unidade Alphaville do laboratório avançada e apelo arquitetônico reforçam a presença de pré-
Fleury, em Tamboré (SP). O projeto foi da Matec Engenharia, fabricado em fachadas", publicada na edição 8, de agosto
que utilizou a plataforma BIM como importante apoio para de 2016. A obra do edifício administrativo do Batalhão da
as etapas de compatibilização de projetos, planejamento e Polícia Militar do Estado de São Paulo contou com painéis
execução. "Em uma obra com prazo de execução tão curto pré-fabricados e o recurso da modelagem em BIM permitiu
(seis meses), a modelagem 3D foi decisiva pra compatibilizar que os projetos de detalhamento para produção dos painéis
as diferentes disciplinas, garantir a qualidade e evitar perdas pudessem ser visualizados em três dimensões, facilitando a
ou retrabalhos", contou. interpretação pela área de produção da fábrica.

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 13


INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Imagens 3D e da execução da obra


Batalhão Administrativo da PM-SP,
precisão na interface entre dois sistemas
construtivos (estrutura metálica e painéis
pré-fabricados de concreto).

das em seção Tipo "I" em concreto


protendido. As lajes dos tabuleiros,
fabricados blocos de fundação, pila- ção do BIM, é necessário que todas com 20 centímetros de espessura,
res, vigas e painéis de fechamento. as disciplinas sejam contratadas e são em concreto armado pré-fabri-
Dentre os principais desafios encon- apresentem andamento em conjun- cado. Entre os vãos do viaduto foram
trados na execução das estruturas to. Isto não é o usual nos projetos adotadas lajes de continuidade, com
pré-moldadas para a obra, João Ba- realizados no Brasil. Percebemos 15 centímetros de espessura, e jun-
tista Pedreira Neto, diretor comercial que o BIM é introduzido no proces- tas de dilatação a cada 100 metros.
da BM Pré-Moldados, destaca a alta so tarde demais. O ritmo e veloci- As vigas apoiam-se sobre aparelhos
complexidade na logística de fabri- dade de execução do projeto e da de apoio em neoprene fretado, as-
cação e montagem, uma vez que os obra em pré-moldado é difícil de ser sentados nas travessas. A mesoes-
prazos assumidos foram extrema- acompanhado pelas outras discipli- trutura é composta por travessas I
mente ousados, sem deixar de aten- nas. A contratação e definição dos (em casca pré-fabricada e preen-
der ao elevado grau exigido na qua- projetos complementares no início chimento "in loco") que apoiam as P
lidade das peças estruturais. “A obra do processo, adequando as datas vigas pré-fabricadas e dois pilares
era composta por diversos prédios e de entrega de todos os envolvidos é circulares com 1 metro de diâmetro,
as frentes de serviço foram executa- fundamental para que o projeto em em concreto armado, em cada apoio
das simultaneamente atendendo ao BIM seja realizado”. e as cargas são transmitidas ao ter-
planejamento da obra”. reno pelas fundações compostas por
Sobre o BIM, Pedreira Neto afirma Projeto futuro estacas escavadas de 1,2 metros de
que com sua utilização foi possível Outra obra que está sendo plane- diâmetro.
a visualização e a solução antecipa- jada com a utilização de estruturas Apesar de se encontrar em fase de
da das interferências entre as várias pré-fabricadas em concreto em BIM projeto, Chaves estima que as prin-
disciplinas: estrutura pré-moldada, é a obra de arte especial “Viaduto cipais dificuldades estarão no encai-
estrutura metálica, instalações, Casimiro de Abreu”, na Autopista xe perfeito das peças pré-moldadas.
dentre outras. “Desta forma os re- Fluminense, uma estrutura com- "Os pilares e as estacas serão execu-
trabalhos durante a montagem da posta por dois tabuleiros de 18 vãos tados "in loco", sem bloco de coroa-
estrutura pré-moldada foram prati- biapoiados de 25 metros, com lar- mento, assim há sempre a possibili-
camente inexistentes”, conta. gura constante de 11,6 metros, dis- dade de erros de cravação e prumo
Melo concorda com a análise de tribuídos em uma extensão total de de estacas que deverão ser controla- D
Pedreira Neto ao afirmar que a de- 450 metros. dos com maior rigor devido a neces- I
tecção de interferências no início, Segundo Leonardo Patricio Cha- sidade de encaixe dos pilares com d
permitiu que não houvesse parada ves, da Casagrande Engenharia, res- a travessa em casca pré-fabricada”,
s
na montagem do pré-fabricado, ga- ponsável pelo projeto, cada tabuleiro exemplifica. Outra dificuldade, se-
rantindo, assim, o cumprimento do comporta duas faixas de tráfego, e é gundo ele, será o posicionamento H
cronograma ousado. "Para a utiliza- apoiado por cinco vigas pré-fabrica- dos nichos das lajes pré-fabricadas c
d
14 | Abril 2017 s
S
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

com os estribos das vigas longari- etapas de montagem, assim como projetos do método convencional.
nas, onde eles devem respeitar rigo- identificar possíveis interferências “Também encontramos barreiras
rosamente o espaçamento do nicho, que poderiam passar despercebidas em alguns clientes que, por não co-
devido às dimensões do nicho na e viriam a ser um problema apenas nhecer o poder e as vantagens que
laje o espaço para desvios constru- na etapa de obra, sendo muito mais a utilização de BIM oferece, tiveram
tivos ser pequeno. oneroso ao cliente. resistência em aceitar o método, op-
O uso do BIM neste projeto permite A Casagrande Engenharia busca tando pelo desenvolvimento do pro-
um estudo detalhado dos elementos utilizar a tecnologia BIM em todos jeto da forma convencional”.
pré-moldados, assim como de seus os produtos desenvolvidos, devido
encaixes. "A implementação do Via- aos ganhos na produção de desenho Softwares
duto em BIM foi um desafio interes- e do estudo mais aprofundado que As empresas de softwares tam-
sante. Por se tratar de uma Obra de a ferramenta possibilita. "A apresen- bém analisam que o segmento do
Arte Especial, seus elementos estru- tação do projeto ao cliente também pré-fabricado de concreto é um dos
turais não seguem a convenção dos ganha valor ao apresentar uma ma- que pode obter mais benefícios com
programas de modelagem 3D, por- quete digital que possibilita visuali- o uso do BIM. "Nos países desenvol-
tanto tiveram que ser desenvolvidos zar como a obra ficará finalizada”, vidos, onde a pré-fabricação domi-
um a um, de acordo com o projeto”, enfatiza Chaves. na o mercado, o BIM é mandatório.
conta Chaves, que acrescenta que Sobre as dificuldades, o diretor da No Brasil, a adoção por parte das
a modelagem em BIM em conjunto empresa avalia que a interface com empresas de pré-fabricado de con-
com uma impressora 3D permite a as demais disciplinas ainda é con- creto ainda é menor do que em ou-
impressão dos elementos estruturais siderada um problema, pois mui- tros segmentos da construção. Além
da obra em escala reduzida, sen- tos escritórios ainda não utilizam disso, o setor assim como a área da
do possível simular seus encaixes, a tecnologia, desenvolvendo seus construção civil foi duramente afeta-

INCOPRE,
PRESENTE EM TODOS OS SEGMENTOS.

GALPÃO LOGÍSTICO/MG

MULTIPISO - UNUVERSIDADE FLUMINENSE/RJ INDUSTRIAL - PIPE-RACK/RJ

Devido à sua exibilidade de modulação, os PRÉ-FABRICADOS


INCOPRE adaptam-se a diversos projetos arquitetônicos de
diferentes tipos e tamanhos, sejam obras: multipisos (comerciais,
shoppings, estacionamentos...),industriais, galpões, entre outras.
Há mais de 35 anos atuando no mercado de pré-fabricados de
concreto, a INCOPRE atende, com rapidez e qualidade, as (31) 3348-4800
demandas das regiões Sudeste e Centro Oeste do país através de www.incopre.com.br
suas unidades fabris do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito vendas@incopre.com.br
Santo.
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

do pela crise, atrasando ainda mais hidráulica, gás, incêndio, ar condi-


a expansão, mas já vemos movi- cionada, entre outros), acabamentos
mentos em direção a ampla adoção, e podendo chegar a manutenção da
como demonstra a visita coordena- edificação (não apenas da estrutura)
da pela ABCIC ao nosso escritório na ao longo de sua vida útil”.
Finlândia, sede do desenvolvimento Na avaliação de Fátima, o BIM
do software Tekla Structures e em- abrange processos que vão além
presas de pré-fabricados no local", dos softwares, incluindo levanta-
explica Fátima Gonçalves, da dire- mento topográfico com a transfor-
toria de Novos Negócios da Trimble.  mação do mundo real existente em
Para Rodrigo Nurnberg, sócio e mundo virtual, para que o projeto do
engenheiro da TQS, o uso do BIM que vai ser construído esteja livre de
em pré-fabricados tem crescido de erros que podem custar áreas intei-
maneira irreversível e veio para ficar. ras, gerar revisões de projeto entre
“É necessário que, desde o início, outros prejuízos. Na sequência estão
toda a cadeia do pré-fabricado es- os softwares de modelagem 3D com
teja preparada para trabalhar com um nível de detalhamento que per- Leonardo Patrício Chaves: a utilização do
o BIM, ou seja, os arquitetos tem mita a fabricação e montagem. “A BIM possui excelente aplicação para o uso
que modelar em BIM para que os finalização é realizada com o uso de de peças pré-moldadas
demais projetistas possam usar o estações robóticas totais que levarão
modelo arquitetônico como base". o projeto 3D para o campo, pois se bilização com instalações prediais
Entretanto, Nurnberg afirma que o projeto idealizado com perfeição e situações de montagem que são
na maior parte dos casos, o BIM ain- não for construído conforme plane- extremamente difíceis de identificar
da não integrou totalmente o projeto jado, devido ao uso de ferramentas quando se trabalha apenas com
e a fabricação. “Tenho conhecimen- antiquadas, como por exemplo tre- plantas e cortes. “Usando projetos
to que a grande maioria das fábricas nas, o resultado será bem diferente em papel e apenas em duas dimen-
tem total controle sobre os elemen- do ambicionado na etapa de projeto. sões temos um esforço inicial tre-
tos estruturais que são executados Sem estas diretrizes, o resultado cer- mendo para o entendimento do pro-
em suas fábricas, tendo total ras- tamente será uma obra de difícil ma- jeto, sendo que cada participante
treabilidade das peças e do modo nutenção, lembrando que os maio- pode ter o seu próprio entendimen-
como foram executadas e montadas. res gastos estão justamente na fase to. Usando modelos tridimensionais
Mas o BIM tem uma abrangência de operação e manutenção (cerca baseados em BIM com o reforço
maior, indo desde o projeto arqui- de 80%)”, enfatiza. tecnológico das novas versões dos
tetônico, passando pelo orçamento, Além disso, o uso de um modelo softwares há pouco ou nenhum es-
pela fabricação, pela montagem, BIM com alto grau de detalhamen- paço para interpretações distintas
execução do capeamento, a execu- to possibilita a verificação prévia de um mesmo projeto", acrescenta
ção de todas as instalações (elétrica, de detalhes construtivos, compati- Fátima.

BIM NO MUNDO
A adoção do BIM nos países desenvolvidos ou que passam da construção, deve acelerar sua implementação. "Está claro
por grandes processos de investimentos no segmento da que é preciso mudar a maneira de trabalhar a fim de mitigar
construção é bastante alta. “O exemplo é o recente convênio riscos, evitar desperdícios e retrabalhos e o BIM, em nossa
assinado pelo Brasil com o Reino Unido para absorção das visão, deve iniciar nas primeiras etapas de um projeto como
experiências de sucesso do uso do BIM nas obras dos Jogos o Estudo de Viabilidade Técnica”, analisa. 
Olímpicos de Londres e a consequente consolidação destes Outra diferença importante, de acordo com Fátima, é a
processos naquele país", conta Fátima Gonçalves, da diretoria questão educacional. "Vemos nos países desenvolvidos que
de Novos Negócios da Trimble. o curriculum prevê que os estudantes, já na graduação sejam
Segundo Fátima, a adoção do BIM no Brasil ainda está capazes de elaborar vários projetos em BIM, com os principais
atrás desses mercados, mas quando o mercado retomar suas softwares do mercado, participando de competições locais e
atividades, após a crise que afetou duramente o segmento globais”.

16 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Nurnberg destaca ainda que toda demais softwares são estruturados tar todo o detalhamento da estru-
a cadeia da construção precisa ter e como os dados devem ser expor- tura. Além da exportação direta, é
maior conhecimento sobre as van- tados. Claramente, esta não é uma possível exportar em formato IFC,
tagens associadas ao BIM, como, tarefa que seja imediata e exige uma que é padrão para softwares BIM”,
melhor controle de custos, melhor consciência das empresas para a detalhou. Na área de fábrica, há a
controle de execução de toda edifi- importância de terem seus dados integração com o Precast Control,
cação (não apenas a estrutura), me- preparados para trabalhar no con- da empresa Plannix, que permite
nor número de interferências entre texto BIM”, explica. às fábricas de pré-moldados con-
as diversas instalações e estrutura, Sobre a integração entre softwa- trolar a programação, estoques,
melhor controle de manutenção. re, Nurnberg conta que a TQS tem acompanhar produção. Tudo é fei-
Mas, ele alerta para o fato de dado ênfase na parte onde ela é to com transmissão eletrônica de
que BIM traz também mudanças mais forte, ou seja, na modelagem informações.
no mercado de softwares no Brasil, de estruturas definidas predomi- Marcelo Pulcinelli, diretor de En-
como por exemplo, a maior proximi- nantemente por planos horizontais genharia da Matec Engenharia, en-
dade entre as empresas que atuam e verticais, com dimensionamento, fatiza a importância dos softwares
nesse segmento. "É um grande de- detalhamento e desenho automáti- para a adoção de BIM. "Atualmen-
safio para as empresas, pois não é co, buscado maior integração com te é possível cada organização use
simples a tarefa de exportar dados softwares utilizados pela cadeia aquele que for mais conveniente. No
entre softwares. A maneira como do pré-fabricado no dia a dia da mercado existem sistemas que con-
os dados são organizados é muito produção da fábrica. “Assim, te- seguem integrar modelos de qual-
diferente de um software para ou- mos integração direta com Tekla e quer software, ou seja, não pode-
tro. Assim, é necessário um grande Revit, incluindo exportação de ar- mos usar isso como desculpa para o
investimento para estudar como os maduras, onde é possível comple- não uso do BIM”, finaliza.

mais que pré-fabricados

Morumbi Town

F. (11) 4416-5200 www.leonardi.com.br


INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

UMA ANÁLISE DA APLICAÇÃO DO BIM NA


INDUSTRIALIZAÇÃO EM CONCRETO COM O
USO DA PRÉ-FABRICAÇÃO NO MUNDO
Íria Lícia Oliva Doniak – Presidente Executiva da ABCIC

A
industrialização em tos individuais e dos sistemas possíveis da estrutura ou da fa-
concreto, neste tex- construtivos que o integram chada pré-fabricada com outros
to representado pela (2D e 3D), o planejamento da sistemas ou subsistemas cons-
indústria das estru- execução (4D), os custos (5D), trutivos desde o convencional
turas pré-fabricadas no mun- os requisitos de sustentabilida- às demais possibilidades in-
do, tem se mobilizado em de ou ambientais (6D) e manu- dustrializadas.
torno do conhecimento e da tenção ao longo da vida útil de Apesar da dúvida comum: Quan-
introdução do processo Buil- um empreendimento (7D), até do estaremos operando em BIM?
ding Information Modeling a possibilidade final da repre- Trouxemos nesta matéria a
(BIM). Processo é uma termi- sentação na íntegra do projeto visão de que inciativas gover-
nologia adotada comumente construído. namentais também em nosso
dentro do ambiente industrial, É consenso internacional de país vem sendo tomadas e o
pois traz em sua composição que o BIM na construção civil desenvolvimento da norma-
a mão de obra, as máquinas mundial está associado a uma lização assim como a diretriz
(equipamentos), a metodologia maior quantidade de soluções 2014/24/EU da União Euro-
(procedimentos de execução), construtivas industrializadas, peia que determinou que os pa-
a medição incluindo a inspeção pelos motivos já expostos ao íses membros pudessem exigir
ou verificação e completando longo desta matéria. a adoção do BIM nas concor-
os chamados “emes”, e tam- O benefício, portanto, para a rências e concursos públicos,
bém do inglês “management”, indústria, do avanço da tecno- desencadeando desta forma
o gerenciamento. logia e da implantação do BIM, uma série de desdobramentos
Segundo Terry Laisern, ana- além de indutor do seu próprio junto a Comissão Europeia de
lista industrial, o BIM é um desenvolvimento, induz a todos Normalização (CEN/TC422)
processo de representação que os intervenientes do projeto a a fim de que a normalização
cria e mantém informações trabalharem de forma coordena- correspondente para o devido
multidimensionais através do da, promovendo a comunicação supor te fosse providenciada e
ciclo de vida de uma edifica- e a sinergia entre os mesmos disponibilizada.
ção, que tem por objetivos prin- reduzindo desta forma os erros Evidentemente que em para-
cipais, o compartilhamento de e modificações desnecessárias lelo, assim como no Brasil, ao
informações, a colaboração, a que geram retrabalhos e outros mesmo tempo em que organis-
simulação e a otimização. custos, melhorando sobre tudo mos como MDIC (Ministério do
Uma vez entendido como o planejamento que é essencial Desenvolvimento da Indústria e
processo e analisada a sua ex- para que sejam mensurados os Comércio Exterior), CBIC (Câ-
tensão e abrangência numa vi- benefícios da adoção do siste- mara Brasileira da Indústria
são mais conceitual, passa a ma pré-fabricado de concreto, da Construção), ABDI (Agência
ser possível correlacionar com em seu máximo potencial. Brasileira do Desenvolvimento
o aspecto mais prático e afir- Outro fator importante a men- Industrial), ABNT (Associação
marmos que o BIM engloba cionar no que tange as inter- Brasileira de Normas Técni-
geometricamente as caracte- faces dos intervenientes é a cas) estejam em andamento
rísticas técnicas dos elemen- diversidade de combinações com a elaboração de Normas

18 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

e Manuais, em paralelo a ini- É claro que os ganhos são Recomendo também assis-
ciativa privada antecipou a sua muitos, mas precisamos de fato tir o vídeo: BIM-BAM-BOM
utilização, como é o caso das nos dispor a enfrentar o nível de “The future of Building In-
empresas integrantes do CTQ exigência que estas mudanças dustry”: http://www.archdaily.
do SINDUSCON/SP e outras requerem. E evidentemente as com/262008/the-future-of-
inciativas que já começam a transformações mercadológicas, -the-building-industry-bim-
exigir a apresentação dos pro- acabam catalisando todo o pro- -bam-boom
jetos em BIM. cesso. Ler o depoimento: “How far
Os três grandes desafios da Por esta razão, apresenta- has Bim come to the Precast
implantação pautam a indústria mos também nesta matéria concrete Industry?”, publi-
no mundo todo, nos seguintes um apanhado geral das princi- cado na homepage da NPCA
aspectos: na interoperabilida- pais ações em andamento no (National Precast Concrete
de entre os softwares, a fim de Brasil, a fim de contextualizar Association – USA): http://
que os ganhos obtidos sejam em que momento nos encon- precast.org/2010/07/how-far-
alcançados de fato, nas inter- tramos e ter a noção de que, -has-bim-come-in-the-precast-
faces dos subsistemas que ge- assim como outras mudanças, -concrete-industry/
ram grande amplitude de inter- que ao longo da história, não Um material muito interes-
venientes dos processos e que somente da engenharia, o ser sante do National Institute of
por vezes estão em diferentes humano se adaptou, esta é ou- Building Sciences: http://fia-
“timing” de implementação e tra que ele também se adapta- tech.org/images/stories/tech-
na cultura dos profissionais rá. Afinal, trata-se da evolução projects/project_deliverables/
que desenvolvem ou contratam e de termos a consciência de bpc_bimforprecastconcrete.pdf
os trabalhos em BIM. que estamos na era digital, e É no meu entendimento, o ma-
Trata-se do mesmo problema que não somente uma decisão terial mais completo, um “road
que o pré-fabricado de concre- de implementar um novo pro- map”, para a implementação do
to tem para rever ter uma obra cesso poderá trazer impacto às BIM nas empresas de pré-fabri-
projetada em sistema conven- nossas empresas, mas talvez cado, produzido na Austrália,
cional, para se obter todas as até uma necessidade de re- trata-se de um guia completo
vantagens do sistema constru- ver nosso modelo de negócio, com diversas orientações de
tivo industrializado. considerando o fato de estar- forma didática que certamente
É necessária uma mudan- mos adentrando, ou melhor, já traz uma visão sistêmica de toda
ça de mentalidade e não uma tenhamos adentrado em uma a implantação do BIM, seus
adaptação da mentalidade nova era. possíveis gargalos e a metodo-
existente para o convencional. Em relação a pré-fabricação logia para superá-los: https://
A pergunta é: Melhora? no mundo, de tudo o que te- www.academia.edu/8582251/
Sim melhora, mas não na to- nha acessado e visto chamo BIM_and_Precast_Concrete_-_A_
talidade que se poderia atingir atenção para o destaque do Strategic_Guide_to_Adoption_and_
e isto invariavelmente leva a BOX da página 20: Extraído de Implementation?auto=download
uma segunda pergunta: um artigo publicado na revista Espero que as informações
Valeu a pena mudar? FCI /CPI (Fábrica de Concreto possam auxiliar a indústria neste
As medições corretas não Internacional), o engenheiro processo e que possamos conti-
foram acompanhadas e nin- Alessandro, Diretor Técnico da nuar seguindo por mais este ca-
guém sabe responder ao cer to ANDECE, publicou “TO BIM or minho, tendo a consciência que é
e então vem a outra resposta: not TO BIM - Desafio para a uma questão relativa à melhoria
”Achamos que sim”. Indústria de Pré-Moldados”, de processo. Mas, não invalida
Justamente por esta razão é onde destacamos a par te do ou não faz sentido sem a exper-
que se entende que a indústria texto no que diz respeito a uti- tise da indústria, ou seja, isola-
será beneficiada, pois haverá lização de softwares, as ferra- damente sem o conhecimento
uma quebra de paradigmas na mentas que nos auxiliam neste acumulado pelas empresas como
introdução do BIM que nos “leva- processo. Recomendo a leitura outros processos por si só não são
rão de carona” a uma nova fase. de todo o artigo. autossuficientes. E vice-versa.

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 19


INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

UTILIZAÇÃO DE SOFTWARE (*)


O gerenciamento da construção e os trabalhos de diferentes – o edifício completo ou apenas a estrutura
construção no geral são cada vez mais apoiados por portante. Apesar de todas as diferenças, normalmente
software. O BIM requer a utilização de software técnico todos eles usam uma linguagem comum – IFC (Industry
especial. Não existe UMA plataforma de software ou UM Foundation Classes). É a linguagem mais comum de
sistema que apoie todas as funcionalidades necessárias todas, desenvolvida pela organização internacional
para a indústria da construção. Por isso, não podemos Building - SMART. O IFC é um esquema de dados definido
descrever aqui todas as ferramentas BIM existentes. No publicamente para o armazenamento de dados de edifícios
entanto, todas são adaptadas a uma abordagem BIM. As durante o ciclo de vida do edifício e para a respectiva
ferramentas BIM mais frequentes são: ARCHICAD foi o comunicação entre aplicativos de software no setor da
primeiro aplicativo para arquitetura BIM orientado para construção. Os objetos IFC descrevem a geometria, as
fins comerciais e é o único aplicativo BIM que funciona em dependências, os processos, o material, as características
MAC e Windows. O software de arquitetura Autodesk REVIT de desempenho, a produção e outras características para
compatível com a plataforma Revit é um sistema de desenho a concepção e produção em uma linguagem de modelagem
de edifícios e de documentação completo e específico para de dados. Os aplicativos BIM comerciais tentam não raras
determinada disciplina que apoia todas as fases – desde vezes manter o usuário afastado deles e apenas são
a concepção, passando por estudos do conceito, até os disponibilizados contra pagamento. A ideia comercial por
mais detalhados desenhos da construção, documentação trás disso é que as suas empresas oferecerão mais por
e calendário. Com o totalmente integrado e interdisciplinar um esforço menor. Os softwares gratuitos possuem outros
AECO em produtos da Bentley, os arquitetos, engenheiros fins comerciais. Dependendo do quão profundamente
estruturais, engenheiros civis, engenheiros eletrônicos, pretende usar o software, você pode comprar um pacote
construtores de máquinas, peritos em energia, planejadores completo intuitivo e avançado ou, com algum esforço,
do terreno e outros profissionais podem conceber, analisar, usar o desempenho e flexibilidade de determinadas
construir e gerenciar edifícios de todos os tipos e tamanhos. soluções Freeware ou Open-Source, como o BIMx da
O Google SKETCHUP Pro serve para a criação rápida de Graphisoft ou o FreeCAD. As ferramentas BIM têm que ser
modelos 3D precisos para o acompanhamento do produto e complementadas por tecnologias para o registro de dados
marketing, estimativas preliminares, detalhe, logística no da execução da construção (“as built”), que recolhem
canteiro de obras e andaimes, validação de projeto e de informações precisas para a execução da construção,
construção, sequência da operação e análise de objetivos. o que apoia a integração do BIM e do gerenciamento do
Ele possibilita a colaboração e comunicação entre vários edifício. Basicamente existem dois tipos desse gênero de
envolvidos no projeto. Com o TEKLA STRUCTURES é tecnologias: fotogrametria/videogrametria, uma tecnologia
possível criar e gerenciar modelos precisos, detalhados baseada em imagens, que exige a recolha de imagens/
e adequados à produção de estruturas portantes 3D, vídeos e mediante um cálculo 3D da superfície com a ajuda
independentemente dos materiais ou da complexidade de uma detecção de objetos apoiada por computador como
técnica da construção. Os modelos Tekla podem ser a Structure from Motion que exige a conversão em nuvens
consultados para todo o processo de construção – desde a de pontos; e tecnologia de escaneamento a laser, uma
concepção até à produção, construção e gerenciamento da tecnologia com base na área, que mede as coordenadas 3D
construção. Com o VICO OFFICE, o contratante geral pode do objeto-alvo/da cena, gerando a partir daí uma nuvem
combinar BIMs da Revit, Tekla, ArchiCAD, CAD-Duct, etc. de pontos 3D. O principal desafio para o desenvolvedor
O “modelo completo” pode depois (independentemente de software é garantir a interoperabilidade dos aplicativos
do nível de desenvolvimento) ser coordenado, planejado de software, para que o potencial total do BIM possa ser
e calculado. Cada um deles possui características aproveitado ao máximo.
*O texto é parte do Artigo: To “BIM” or not to “BIM” – Desafio para a indústria de pré-moldados de Alejandro López Vidal, diretor técnico da ANDECE, Espanha,
publicada na edição de fevereiro de 2017 da FCI (Fábrica de Concreto Internacional)

20 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

“... E ESSE TAL DE ´BIM´ AÍ?...”


Por Wilton Silva Catelani
Coordenador da Comissão de Estudo Especial de Modelagem de Informação
da Construção, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/CEE-134)

1. INTRODUÇÃO trabalham com BIM há anos. São principalmente as dú-


Meu primeiro contato com o BIM aconteceu no início vidas e as perguntas que denunciam a falta da compre-
de 2010, quando então, recém-contratado pela Pini, ensão mais exata. É óbvio que ainda tenho muito o que
recebi a missão de acompanhar os trabalhos da CEE- aprender sobre BIM, não estou cometendo aqui, a tolice
134 na ABNT, a comissão de estudo especial que é de me vangloriar e não estou fazendo essa observação
responsável pelo desenvolvimento da primeira Norma agora por outro motivo senão o de destacar minha pri-
BIM Brasileira. meira mensagem aos leitores:
Lembro-me que no início, ia nas reuniões mas não
entendia nada direito; tive dificuldades para compreen- 1ª. Mensagem:
der realmente os conceitos, e que foi preciso fazer um BIM não é um conceito simples.
esforço pessoal e especial para que ´minha ficha caís- É preciso fazer um esforço especial para entender cor-
se´, mas, quando isso aconteceu, fiquei muito impac- retamente alguns dos novos conceitos relacionados ao
tado e disse a mim mesmo – “Wow!... isso vai mudar BIM e utilizados nele.
tudo!... e eu quero participar dessa revolução.” Tentar fazer uma espécie de ´exegese´ é importante
Embora não faça tanto tempo assim, percebo que porque alguém que já entendeu o real valor e o que
depois de oito anos estudando BIM, agora, para ten- a adoção BIM de fato significa para a indústria, fica
tar deixar neste artigo uma mensagem apropriada, tão convencido e consciente das vantagens que pode
preciso fazer uma espécie de ´exegese ´ e tentar en- enfrentar dificuldades para explicar porque está demo-
xergar este assunto pelo ponto de vista dos leitores, rando tanto para que a indústria se converta de vez ao
que muito provavelmente, já ouviram falar bastante uso desses novos processos.
sobre o assunto, mas que, de fato, ainda não enten- Para desenvolver os guias BIM publicados pela CBIC
deram bem do que se trata e qual a sua importância em Julho de 2016, fiz uma pesquisa informal com um
e o real impacto que causará na indústria da constru- grupo de pessoas que podem ser consideradas ´notá-
ção civil no Brasil. veis´ no cenário brasileiro, porque tem trabalhado sis-
E o primeiro ponto a destacar é justamente essa difi- tematicamente com BIM. Enderecei a mesma pergunta
culdade de entendimento do que realmente é BIM, que para essas pessoas – “Por que a adoção BIM não acon-
eu mesmo tive e que hoje percebo, não é só minha. tece mais rapidamente no Brasil?”
Atualmente sou o Coordenador da CEE-134 na ABNT, A maior parte das respostas se alinharam na questão
assumi a coordenação no início do 2º. Semestre de da dificuldade de entendimento e compreensão do que
2013 e mesmo lá, nas reuniões mensais plenárias, e é BIM e quais são seus reais benefícios.
também em outros fóruns, foram inúmeras as vezes que Muitos mencionaram a inércia e resistência natural
percebi importantes lacunas na compreensão de alguns das pessoas e organizações, que em geral, não apre-
conceitos importantes em pessoas que já estudam e ciam mudanças.

1
Segundo o dicionário o termo ´exegese´ significa a análise, explicação e interpretação de uma obra de maneira cuidadosa e detalhada.
Lembro-me que não faz muito tempo que ouvi pela primeira vez esta palavra e que foi numa palestra religiosa, onde o palestrante, doutor
em teologia, explicava aos presentes que uma adequada interpretação das parábolas bíblicas, só poderia ser feita a partir de um exercício de
uma abstração da realidade atual; ou seja, o leitor deveria transportar-se mentalmente para aquele contexto e para aquele momento histórico,
quando a parábola foi escrita. E é claro que este exercício de exegese não é simples nem tampouco fácil de se fazer.

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 21


INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Outros apontaram barreiras culturais e peculiarida- 15965, que consiste num sistema de classificação
des do ambiente brasileiro e listaram pontos como: das informações, especificamente desenvolvido para
• Porque não costumamos valorizar o planejamento atender à indústria da construção civil.
e o projeto e preferimos ´sair fazendo´ Mas o que seria um “sistema de classificação das
• Porque não temos ainda suficiente quantidade de informações”?
profissionais capacitados em BIM O texto-base escolhido para o desenvolvimento do
• Porque os brasileiros ainda acreditam e apostam sistema de classificação das informações brasileiro
em soluções ´rápidas e baratas´ foram as 15 tabelas do OmniClass (sistema Norte-
• Porque não temos interesse pelo trabalho colabo- -Americano).
rativo, cada um se preocupa só com sua parte O OmniClass consiste em 15 Tabelas, ou 15 dife-
• Porque muitos são céticos e pensam que BIM é rentes tipos (ou ‘classes’) de informações (ou conteú-
um ´modismo´ passageiro dos). A partir da combinação de diferentes conteúdos
• Porque alguns preferem o caos e a indefinição (termos codificados), faz com que seja possível des-
para tentar tirar proveito desses embaraços crever e classificar tudo e qualquer coisa da indústria
• Porque as margens brasileiras na construção ain- da construção civil norte-americana.
da são altas, quando comparadas com mercados O ponto a destacar aqui é justamente a abran-
mais maduros, e os erros e desperdícios ainda gência de um sistema que se propõe a classificar
são considerados ´normais´ e aceitáveis tudo e qualquer coisa de uma indústria, sejam uni-
Um ponto muito interessante apontado foi o atual dades construídas, que são formadas por espaços,
´modelo´ de negócio e contratação que atualmente é que integram diferentes disciplinas e demandam re-
o mais utilizado nas construções no Brasil. cursos de diversos tipos (componentes, equipamen-
Os maiores beneficiados com a adoção BIM são tos, mão-de-obra) para a realização dos processos
os contratantes, sejam proprietários ou investidores. construtivos, que se dividem em fases e assim por
Mas o BIM precisa começar com o desenvolvimento diante.
dos projetos, porque sem isso, não existe BIM. Para O BIM e formatos modernos de “Procurement” exi-
os Arquitetos e projetistas, no entanto, a exigência gem a definição de sistemas de classificação das
do BIM significa necessidade de investimento e ca- informações, para a viabilização da troca de dados
pacitação, além de aumento de escopo e responsa- entre os diversos participantes (intervenientes) e
bilidades, sem que sua remuneração seja adequa- aplicações (software) que necessariamente precisam
damente rediscutida e negociada. Esse é um ´nó´ se inter-relacionar durante o desenvolvimento de um
que precisa ser desatado. empreendimento típico da indústria da construção
Além de todas essas razões, sim, estamos enfren- civil.
tando uma crise econômica sem precedentes, mas A parte 2 da Norma Internacional ISO 12006 de-
não são justamente nos momentos de dificuldades fine uma estrutura para sistemas de classificação
que se exige maior precisão e eficácia na realização de informações no setor e identifica um conjunto
dos trabalhos, para produzir mais, e mais rápido, de tabelas de conteúdos recomendados, com seus
com menos recursos? respectivos títulos e definições. O OmniClass e, por
decorrência, a norma brasileira, foram desenvolvidos
em compatibilidade com a norma ISO 12006-2.
2. O SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DAS Considere no diagrama mostrado a seguir, as di-
INFORMAÇÕES DA CONSTRUÇÃO ferentes classes de informações definidas pela ISO
Então, meu primeiro contato com BIM foi em Ja- 12006-2, assim como as principais inter-relações e
neiro de 2010 na CEE-134 da ABNT, onde está sen- inter-dependências entre os diferentes tipos de infor-
do desenvolvida a 1ª. Norma BIM Brasileira, a NBR- mações ou classes conceituados.

2
Os 5 Guias BIM e uma cartilha focada nos principais benefícios
podem ser baixados gratuitamente no website da CBIC: http://cbic.org.br/bim/index.html

22 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Figura 1: Diagrama do conceito de classificação das informações sentado com cola e rejuntado com
para a indústria da construção civil, de acordo com a Norma ISO 12006- rejuntamento “Z”, cor creme, com
2:2015 juntas de 2mm.
Ao olhar para essa especificação
sob as lentes de um sistema de
classificação, podemos construir
vários raciocínios. O primeiro seria
que, considerando o nível de deta-
lhamento da especificação, trata-
-se de um empreendimento que
já estaria, no mínimo numa fase
de projeto executivo ou posterior
(construção ou operação). Porque,
obviamente, houve um momento
anterior, considerando o ciclo de
vida deste empreendimento que,
embora se tivesse a certeza de que
haveria um revestimento no piso,
ainda não se sabia qual seria seu
tipo e especificação.
Os sistemas de classificação defi-
nem diversos conceitos aplicáveis a
Fonte: ISO 12006-2:2015 – Building Construction – Organization of information about construction Works esse exemplo.
Part 2: Framework for classification – traduzida e adaptada pelo autor.
Enquanto não se sabia ainda qual
Mesmo tendo trabalhado mais de o BIM ´enxerga´ a construção civil seria o piso a ser aplicado, mas,
30 anos com engenharia em diver- pelas lentes da TI, ou seja, como por exemplo, era preciso fazer uma
sos cargos e empresas, nunca havia bancos de dados que são inter-re- estimativa do custo do empreendi-
parado e feito uma reflexão tão in- lacionados. mento, poderia ser utilizada uma
teressante quanto esta, provocada No desenvolvimento de qualquer classificação do ´elemento´ piso,
pelo esforço de tentar entender o sistema de TI uma das primeiras ta- para o qual se poderia atribuir um
sistema de classificação das infor- refas necessárias é justamente a de preço estimado (do serviço já reali-
mações da indústria da construção. separar e diferenciar as informações zado, compreendendo o piso, mão-
Talvez esse seja o principal e real em diversos ´bancos de dados´, -de-obra e materiais de aplicação).
´valor´ proporcionado por um sis- para então mapear e identificar as Na NBR-15965 há a Tabela 3E
tema de classificação das informa- regras de relacionamento e interde- – Elementos, que é utilizada para
ções, a ampliação do nível de com- pendência entre esses dados. classificar elementos da construção,
preensão sobre a indústria que ele Aplicando a abordagem de aná- quando ainda não se sabe bem que
´descreve´, da forma mais abran- lise na indústria da construção, material ou que tipo específico de
gente possível. Sua adequada com- percebemos que, sem a definição solução técnica será aplicada em
preensão provocou em mim uma de um sistema organizado e com- alguma parte de uma construção.
sequência de insights e reflexões pleto para a classificação das infor- Um dos usos principais dos conte-
sobre a indústria e facilitou muito o mações, acabamos confundindo e údos desta tabela de elementos é o
meu entendimento do BIM. misturando coisas e conceitos. Por desenvolvimento de estimativas de
BIM é um processo baseado em exemplo: na especificação de um custos.
objetos que, por definição, pode ser piso cerâmico para uma dada cons- Continuando a análise do exem-
aplicado a todo o ciclo de vida de trução, não raramente podemos en- plo do piso cerâmico, após a es-
um empreendimento e onde são contrar algo como: timativa de custos, assumindo
empregados e utilizados muitos Piso cerâmico porcelanato em que o empreendimento tenha se
conceitos oriundos da tecnologia da placas de 60cm x 60cm x 2cm, mostrado viável, na evolução pelo
informação (TI). PEI 4, fabricante “X”, linha “Y”, seu ciclo de vida, chegaria o mo-
Então, talvez se possa dizer que cor creme, acabamento fosco, as- mento da especificação detalhada

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 23


INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

do piso, quando já teriam sido escolhidos os fabri- Resumindo, o sistema de classificação em que con-
cantes e modelos específicos. Para a classificação de siste a NBR-15965, oferecerá informações (termos,
produtos ou componentes, que correspondam a itens palavras) padronizadas, em bom Português, de com-
fabricados e comercializados, há na NBR-15965, a preensão inequívoca, refletindo as práticas construti-
Tabela 2C – Componentes, que pode ser utilizada vas brasileiras, codificadas, para que sejam entendidas
para a classificação nesta fase do ciclo de vida do também por computadores (softwares), organizadas e
empreendimento. estruturadas em 13 tabelas de conteúdos. Conteúdos
Já a classificação do piso específico e já assentado, (ou Tabelas) cuidadosamente conceituados (definidos),
considerando inclusive a mão-de-obra, a argamassa abrangendo todo o ciclo de vida dos empreendimentos,
(ou cola) e também o rejunte, ou seja, todos os re- de tal forma que, combinando as palavras destas tabe-
cursos necessários para realização completa do servi- las³, seja possível classificar tudo e qualquer coisa da
ço, há na NBR-15965, a Tabela 3R – Resultados da indústria da construção civil, incluindo não apenas edifi-
construção. cações, mas também empreendimentos de infraestrutura
Ou seja, o sistema de classificação deixa claro que e construções específicas (mineração, óleo e gás, etc.).
uma coisa é um componente fabricado e comercializa- Cabe observar que os conteúdos das tabelas da nor-
do e outra é o serviço de instalação ou assentamento ma brasileira não são uma tradução simples das tabe-
deste componente, para incorporá-lo num ‘ambiente’ de las Omniclass™, e incluem um trabalho de exclusão de
uma ‘unidade construída’. itens tipicamente utilizados no mercado norte-america-
Prosseguindo neste raciocínio, um sistema de classifi- no e a inclusão das soluções e técnicas construtivas
cação das informações, oferece de maneira organizada utilizadas no Brasil.
e estruturada, as várias ´lentes´ pelas quais se pode
´olhar´ e analisar uma indústria e ajuda a consolidar Quadro 1: As tabelas da ABNT NBR 15965
conceitos e entendimentos, discernindo fases, recursos,
processos, etc. de uma maneira organizada e inequívo- TEMA ASSUNTO TABELA NBR OMNICLASS
ca, ou seja, com fronteiras bem definidas e bem con- Características
Materiais 0M 41
dos objetos
ceituadas. Propriedades 0P 49
Ainda raciocinando sobre o exemplo do piso cerâmi-
co, algumas perguntas que podem emergir a partir da Processos Fases 1F 31
análise baseada num sistema de classificação das infor- Serviços 1S 32
Disciplinas 1D 33
mações, poderiam ser:
• Piso cerâmico para que tipo de ambiente? As Recursos Funções 2N 34
características do piso precisam estar coordena- Equipamentos 2Q 35
Componentes 2C 23
das e adequadas ao tipo de ‘ambiente´ onde ele
será instalado (anti-derrapante em áreas molha- Resultados da
Elementos 3E 21
das, resistência superficial adequada para tráfe- construção
go intenso (comércio por exemplo). Construção 3R 22
• Que atividade lhe interessa, sobre o piso cerâ- Unidades e
mico? Fabricar o piso? Especificá-lo? Instalá-lo? espaços da Unidades 4U 11 e 12
Fazer sua manutenção? construção
• A quem interessariam informações sobre um Espaços 4A 13 e 14
piso cerâmico? A um incorporador, a um orça- Informação da
mentista, a um planejador, etc. Informação 5I 36
construção
• • Quais seriam os equipamentos e ferramentas Fonte: Adaptado de ABNT NBR 15965-1:2011
relacionados aos pisos cerâmicos? Obviamen- A comissão de estudo especial, CEE-134, respon-
te dependeria da atividade relacionada: para sável pelo desenvolvimento da NBR-15965, foi cria-
fabricar? para assentar? para manter? E aqui, da no segundo semestre de 2009. O desenvolvimen-
observa-se a característica ´facetada´ do uso do to da norma foi planejado para ser realizado em 7
sistema de classificação das informações.Quais partes, sendo que, atualmente, 4 delas já foram pu-
seriam as propriedades relacionadas a um piso blicadas e 3 ainda estão em desenvolvimento, como
cerâmico? ilustra a figura mostrada a seguir.

³ Classificação ´facetada´ e não apenas hierarquizada, embora cada uma das Tabelas, individualmente, seja organizada hierarquicamente.

24 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Figura 2: Lista das partes planejadas para a elaboração da ABNT NBR 15965 com indicação das Tabelas
que já foram publicadas e daquelas que estão em desenvolvimento.

Fonte: Autor

3. NA PRÁTICA, PARA QUE SERVE UM SISTEMA 2ª. Mensagem:


DE CLASSIFICAÇÃO DAS INFORMAÇÕES? Entender corretamente o que é um sistema de classifi-
Um exemplo de simples compreensão sobre a utili- cação das informações para a indústria da construção
dade prática dos sistemas de classificação das informa- civil, sua razão de existir e seu uso, facilita e ajuda a
ções é o comércio eletrônico. A classificação padroni- entender corretamente o BIM.
zada de itens comercializados eletronicamente agiliza
e facilita a gestão dos processos e assim, produtos e
serviços padronizados podem ser comparados, compra- 4. QUE IMPACTOS O BIM PODE
dos, estocados e controlados, facilmente e sem erros. CAUSAR NA CONSTRUÇÃO CIVIL?
De maneira similar, a padronização das informações A indústria da construção civil, utilizando apenas pro-
utilizadas na construção civil, potencialmente: cessos tradicionais de produção, já esgotou sua capa-
• Pode ajudar a sistematizar o conhecimento, or- cidade de aumento de produtividade. São inúmeros
ganizando-o detalhadamente; os estudos e as evidências concretas que comprovam
• Pode ser usado para a criação e organização de esse diagnóstico. Além disso a construção civil é uma
modelo, documentos e processos padronizados indústria que consome recursos demais; seja energia,
(EAP´s, especificações, orçamentos, cadernos esforço humano, horas de trabalho de máquinas ou
de encargos, etc.); materiais. Também poluímos demais, e escavamos
• Para assegurar coerência e comparabilidade, crateras para produzir os agregados que utilizamos ao
mesmo em processos muito diferentes; mesmo tempo em que geramos montanhas de resí-
• Para garantir uma comunicação mais eficaz e duos sólidos, que consomem combustíveis fósseis para
inequívoca; serem descartados e assim temos seguido, emporca-
• Para evitar retrabalhos e viabilizar o trabalho co- lhando o nosso planeta.
laborativo; Quando nos comparamos com outras indústrias,
• Para poupar tempo e esforços no desenvolvi- percebemos que o mundo está passando por mais um
mento de novos projetos (no desenvolvimento momento de ruptura tecnológica, com a chegada da
de softwares, por exemplo). chamada ´era da conexão´. Cresce numa velocidade

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 25


INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

incrível o uso de dispositivos eletrônicos móveis, inter- a construtibilidade de instalações complexas, definir se-
conectados, e agora temos algo como o crowd-funding, quenciamentos, simular o planejamento de uma cons-
e a computação na nuvem e recursos de telecomunica- trução, determinando visualmente as interdependências
ções quase ilimitados; ou seja, popularizou-se o acesso das atividades. Modelos também podem ser usados
a recursos que, há bem pouco tempo atrás, só poderiam para controlar a evolução de uma construção.
ser viabilizados e acessados por grandes corporações ou Durante a fase de desenvolvimento dos projetos, as
governos, e a um altíssimo custo. E é inexorável se che- interferências entre diferentes subsistemas podem ser
gar à conclusão de que as mudanças atingem diversas detectadas automaticamente por softwares BIM, facili-
indústrias, porque os sinais são concretos e visíveis. tando o trabalho de coordenação dos projetos, e elevan-
Especificamente quanto à construção civil, não há ou- do o nível de qualidade e precisão de toda documen-
tro caminho para o futuro senão o da inovação. tação, que também é gerada automaticamente, como
Comparando com a tecnologia predecessora, o CAD uma consequência dos modelos tridimensionais.
(computer aided design), quando o desafio era só da O BIM facilita e viabiliza a concepção e o detalhamen-
representação e os processos eram apenas baseados to de construções geometricamente complexas, que
em documentos (desenhos), o BIM oferece inúmeras agora são projetadas com formas orgânicas e curvas,
vantagens e benefícios. e exigem a utilização de diferentes materiais e soluções
A primeira vantagem é a própria modelagem tridimen- construtivas em exercícios de coordenação que seriam
sional. Embora nem tudo que é 3D seja BIM, se é BIM, praticamente impossíveis de realizar utilizando apenas
é 3D. Apenas a correta e precisa visualização do que recursos tradicionais de projeto.
está sendo projetado por si, já facilita a comunicação e
Figura 3: Dubai´s Opera House, projetada pelo
a compreensão de todos envolvidos no desenvolvimento
Arquiteto Janus Rostock (Atkins Architecture).
de um empreendimento e isso é valioso para a indústria
da construção, que necessariamente demanda o envol-
vimento de muitas pessoas, que possuem motivações
diversas, capacitações e limitações diferentes e preci-
sam realizar inúmeras trocas de informações.
O segundo ponto é que com o BIM, pode-se não ape-
nas modelar o objeto que se deseja construir como tam-
bém o próprio processo de construção deste objeto, seja
um edifício, instalação ou infraestrutura. Ou seja, com o
BIM pode-se ´ensaiar´ o processo de construção e essa
é uma possibilidade muito valiosa para uma indústria
que, na prática, só constrói protótipos.
A terceira grande vantagem do BIM é a possibilidade
de extrair automaticamente as quantidades dos objetos
incorporados nos modelos. Considere, por exemplo, o
levantamento de quantidades de componentes de uma
instalação elétrica ou hidráulica. Com os métodos tra-
dicionais e baseados apenas em desenhos gerados no
CAD é praticamente impossível acertar e garantir preci- Wikipedia (https://en.wikipedia.org/wiki/Dubai_Opera - acessado em 03.04.2017)
são neste tipo de levantamento de quantidades. Com o
BIM, desde que o modelo tenha sido criado com cuida- O BIM é fundamental para que os processos de van-
dos mínimos de organização e distinção entes os obje- tagens do uso de tecnologias para captura da realidade
tos, uma lista de quantidades detalhada e precisa pode sejam concretizados e realizados.
ser gerada com alguns clicks do mouse. O uso de laser scanning será cada vez mais comum e
Com o BIM também se pode ensaiar o desempenho frequente nos empreendimentos construtivos. Os laser
de uma construção ou instalação, seja das deformações scanners serão utilizados antes, durante e depois da
de uma estrutura, do consumo de energia, dos níveis fase de construção. A precisão de alguns equipamen-
de iluminação natural, ou das solicitações devidas ao tos é tamanha que possibilitam até mesmo a contagem
vento, por exemplo. da quantidade de chapas de madeira empilhadas num
Modelos BIM podem ser usados para simular e definir canteiro de obras (inventário).

26 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Figura 4: Laser scanner São inúmeras as experiências frustradas, onde os


investimentos na pré-fabricação de componentes fo-
ram perdidos, porque na hora da montagem na obra,
imprevistos e imprecisões nas partes construídas, in-
viabilizaram as montagens, e exigiram retrabalhos e
gastos adicionais.
No BIM a coordenação geométrica de componentes
pode ser verificada automaticamente por softwares,
eliminando a maioria dos potencias erros e interferên-
cias.
Além disso, todos os passos das montagens podem
ser “ensaiados” previamente nos computadores, com a
Fonte: Faro Equipments.
utilização de processos de “Projeto e Construção Virtu-
al” (VDC – Virtual and Design Construction), garantin-
do alto nível de confiabilidade e precisão aos projetos
e especificações.
A maior acurácia proporcionada pela tecnologia BIM
pode ainda ser combinada com soluções de captura
da realidade e assim, garantir maior controle e previsi-
A figura abaixo mostra uma estação total, usada na bilidade nos processos de pré-fabricação e montagem.
obra para retirar informações de um modelo BIM, e
fazer, por exemplo, a locação de pendurais para sus-
3ª. Mensagem:
tentação e fixação de tubulações para ar condiciona-
As vantagens do BIM sobre a tecnologia predecessora
do. Além da locação de componentes e subsistemas,
a estação total pode verificar desvios de nível e prumo (CAD) são inúmeras, sendo que proprietários e inves-
nas partes já construídas, com o trabalho de um único tidores são aqueles que mais tem a ganhar com sua
homem. adoção. A essência de ´orientação a objetos´ do BIM
equaciona e pode resolver problemas fundamentais e
Figura 5: Uso de uma estação intrínsecos da indústria da construção, que é a neces-
total no canteiro de obras
sidade de lidar, estruturar, organizar e validar um volu-
me gigantesco de informações, entre diversos agentes,
com muitos pontos de troca e interações.

5. COMO IMPLANTAR O BIM?


Cada empresa tem suas particularidades e elas
precisam ser consideradas adequadamente num
bom projeto de implantação BIM.
O primeiro passo, após um diagnóstico, é a defi-
nição dos objetivos do projeto de implantação BIM,
que precisarão estar muito bem alinhados com os
próprios objetivos estratégicos da empresa.
A boa prática mostra claramente que a implanta-
ção BIM exige a definição de um projeto ´formal´,
documentado e gerenciado, incluindo todas as prin-
cipais disciplinas normalmente envolvidas na gestão
Fonte: Autodesk.
de qualquer projeto: definição do escopo, planeja-
mento, controle, riscos, comunicação, etc.
Uma das principais causas do baixo nível de indus- Também é muito importante considerar a execu-
trialização e pré-fabricação no setor da construção civil ção de projetos-pilotos, escolhendo escopos que não
no Brasil, reside justamente na falta de precisão dos sejam nem exageradamente complexos nem tam-
projetos. pouco simples demais.

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 27


INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

Um ponto fundamental é que a escolha dos sof- 6. SOBRE OS ELEMENTOS


twares e a definição das plataformas tecnológicas
que serão utilizadas são uma decorrência do plano
PRÉ-FABRICADOS DE CONCRETO
Na CEE-134 da ABNT, em Julho de 2012 foi cria-
de implantação BIM, que deverá considerar os obje-
do o Grupo de Trabalho de Componentes BIM (GT).
tivos a serem atingidos e a identificação dos ´casos
Os membros do GT trabalham em subgrupos que
de usos BIM´ que deverão ser implementados se-
pesquisam, estudam e buscam definir quais seriam
guindo uma ordenação priorizada de acordo com o
as características mínimas e necessárias que um ob-
´valor´ que agregarem para a operação.
jeto virtual precisaria possuir para viabilizar a reali-
É preciso considerar, por exemplo, quais partes
zação de casos de usos BIM específicos.
dos processos são realizados dentro da empresa,
Para alguns casos de usos BIM como, ‘Planeja-
por equipes próprias e quais são realizadas por
mento 4D’, e ‘Análise Energética’, os subgrupos já
terceiros contratados. Um erro comum é começar
concluíram os estudos e o conteúdo está em fase de
com a aquisição de softwares sem sequer ter cla-
redação definitiva. Para o caso de uso ‘Extração de
reza de quais processos serão realizados interna-
Quantidades para Orçamento Executivo´, os traba-
mente. Comece definindo exatamente o que você
lhos estão em fase de finalização.
que fazer com BIM e como a adoção vai gerar
Por ocasião da publicação deste artigo, em
valor para o seu negócio, evitando erros e melho-
Abril/2017, estão em desenvolvimento os casos de
rando os processos de comunicação e troca de
usos ‘Projeto de Sistemas Prediais Hidráulicos’, ‘Pro-
informações, que acabarão se traduzindo em pro-
jeto de Sistemas Prediais Elétricos´, ‘Projeto de Sis-
dutos melhores e processos de construção menos
temas AVAC/R’ e ‘Análise de Sustentabilidade’.
fragmentados.
Também já foram identificados alguns casos de
Outro erro comum é pensar que só existe um úni-
usos BIM que seriam do interesse da indústria brasi-
co tipo de modelo BIM. Na verdade existem inú-
leira mas que ainda estão sendo analisados pelo GT,
meros tipos de modelos, com maior ou menor nível
para definir se há ou não a viabilidade da produção
de detalhamento, que deverão ser desenvolvidos de
de diretrizes e orientações para o desenvolvimento
acordo com os propósitos, ou casos de usos BIM,
de objetos BIM, dentre eles: ‘Projeto de Estruturas
aos quais se destinarem.
Metálicas´, ‘Projeto Arquitetônico’, ‘Projeto de Lu-
Já foram mapeados, descritos e documentados
minotécnica´.
mais de 150 diferentes casos de usos BIM; ou seja,
Há ainda um grupo de casos de usos BIM que
uma empresa que tiver interesse na implantação,
também já foram listados como sendo de maior in-
não precisará partir do zero; ao contrário, poderá
teresse para a indústria local, mas cujas pesquisas
contar com um vasto conteúdo já disponível, parte
e estudos ainda não foram iniciados, em função da
dele até já traduzido para o Português, e acessíveis
limitação dos recursos, lembrando que todos os tra-
gratuitamente. Obviamente, será inevitável empe-
balhos são realizados apenas através de contribui-
nhar esforços de estudo, aprendizado e capacitação.
ções voluntárias. São eles: ‘Geração de Documen-
Um dos 5 guias publicados pela CBIC documenta
tos’, ‘Detecção de Interferências’, ‘Visualização’,
um procedimento com 10 passos para a implanta-
‘As-built’, ‘Gerenciamento de Facilities’ e ‘ Comis-
ção do BIM em construtoras e incorporadoras. Este
sionamento’.
documento e os demais volumes poderão ajudar no
Especificamente sobre ‘Projeto de Estruturas de
primeiro esforço de nivelamento de conhecimento
Concreto’, o subgrupo encarregado deste estudo,
e capacitação da equipe de uma organização que
após consultar projetistas e desenvolvedores de sof-
deseje implantar BIM.
twares, concluiu que não seria necessário o desen-
volvimento de componentes BIM correspondentes
4ª. Mensagem: aos produtos fabricados pela indústria de pré-fabri-
cados, porque os componentes genéricos, de tipolo-
Há uma conclusão unânime no mercado: todas as im-
gias padronizadas, com parametrização já ofereci-
plantações BIM de sucesso foram realizadas com um
dos nas bibliotecas nativas dos principais softwares
projeto formal e controlado, especificamente formatado modeladores já seriam suficientes para o desenvol-
para cada empresa, com objetivos claros e alinhados vimento dos Projetos de Estruturas de Concreto.
com as estratégias corporativas. Projetos-pilotos sem- Lembrando que no mercado já existem softwares
pre são recomendáveis. específicos que realizam o detalhamento e docu-

28 | Abril 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO EM PAUTA

mentação de estruturas de concreto pré-fabri- Então o que é novo, na verdade, é o acesso


cadas, inclusive com a previsão de ´inserts´ da construção civil a esta tecnologia, viabilizada
metálicos, acessórios para fixação ou içamento / pelo ´barateamento´ dos softwares e também do
transporte, sendo que também já existem biblio- hardware.
tecas de componentes BIM correspondentes a Países inteiros já adotaram BIM como estraté-
esses produtos que costumam ser incorporados gia nacional para a indústria da construção. O
nos pré-fabricados. Reino Unido é o exemplo mais destacado, mas
A maioria desses softwares específicos para o existem outros, como Singapura e o Chile aqui
detalhamento de estruturas são interoperáveis na América Latina.
com ferramentas de análise e dimensionamento No Brasil já temos inúmeras iniciativas, tanto
estrutural e também com soluções para planeja- no setor público quanto no privado.
mento e controle como MS Project e Primavera. No dia 7 de Dezembro de 2016 o Brasil assi-
Alguns possuem ´motores´ próprios e internos, nou um MOU com o Reino Unido, selando um
capazes de realizar o planejamento e o controle acordo de cooperação para fomento da adoção
de uma montagem e oferecem a possibilidade BIM no país. Diversos outros ministérios já ade-
da extração de informações diretamente do mo- riram à iniciativa e as notícias das movimenta-
delo BIM para a impressão de códigos de barras ções em Brasília já começaram a chegar.
para identificação dos componentes e para a in- Em 2006, o pesquisador Australiano Bilal Suc-
tegração com equipamentos (CNC) automatiza- car escreveu que “BIM é a atual expressão da
dos para corte e dobra de armaduras, cortes de inovação na construção”. Esta frase tem sido tra-
chapas metálicas, etc. duzida e reverberada em diferentes línguas em
todo o planeta.
BIM veio para ficar, pesquisem, observem, fi-
7. CONCLUSÃO quem atentos ao que anda acontecendo em vá-
Também é importante lembrar que BIM não é
rias partes do mundo e mesmo aqui no Brasil,
novo.
onde já temos experiências de implantação no-
Soluções similares ao BIM já tem sido utiliza-
táveis e sofisticadas, como a da CCDI – Camargo
das em outras indústrias, com outros nomes, por
Corrêa Desenvolvimento Imobiliário, vencedora
exemplo, na indústria automobilística e aeroes-
no 1º. Prêmio BIM promovido pelo Sinduscon-
pacial, onde a repetição de um mesmo projeto
-SP em 2016 e que utiliza tablets nas obras,
(escala de produção) viabiliza um investimento
como meio de compartilhamento das informa-
maior no desenvolvimento dos projetos; ou nas
ções extraídas de modelos BIM e utilizadas para
construções offshore, onde a complexidade lo-
planejamento e controle da fase de execução de
gística também justifica maiores investimentos
obras, inclusive para as medições, controles de
nas fases de concepção e detalhamento. Imagi-
qualidade e liberação de pagamento de emprei-
ne os custos no caso de uma equipe composta
teiros contratados.
por três balsas, uma com equipamentos, outra
com materiais e uma terceira com a mão-de-obra
necessária para a realização da montagem de
5ª. Mensagem:
uma plataforma offshore, sendo obrigada a adiar Em pouco tempo a adoção BIM deixará de ser op-
a montagem e voltar para o continente após a cional e passará a ser compulsória.
constatação de um erro de projeto, lá no local da
montagem, em alto mar. Num caso como esse, Então não há motivos para esperar por mais
não há espaço para erros, pela complexidade lo- nada. O momento exige que os empresários rom-
gística, portanto, mais esforço e mais dinheiro pam a inércia, encarem os desafios do aprendi-
precisa ser investido para gerar projetos e espe- zado e da mudança e ajam imediatamente.
cificações de alta qualidade. Portanto, meus amigos, mãos-a-obra!

3
MOU – Memorandum of Understanding – assinado em 7/12/2016 em Brasília, pelo Ministro Marcos Antônio Pereira do Ministério
da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), pelo Secretário Wellington Moreira Franco da Secretaria do Programa de Parce-
ria de Investimentos (PPI) e pelo Dr. Liam Fox do Departamento para negócios, energia e estratégia industrial do governo do Reino
Unido, representando o UK BIM Task Group.

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 29


ABCIC EM AÇÃO

Painéis: Nova norma compreende todos os


usos dos painéis de concreto pré-moldado.

ABNT PUBLICA NORMAS DO SETOR DE


PRÉ-FABRICADO DE CONCRETO
Em vigência desde o dia 15 de março, a nova norma de painéis de parede de concreto
pré-moldado e a revisão da ABNT NBR 9062 fortalecem o uso do sistema na construção

A
Associação Brasileira de Normas Técni- turas pré-moldadas e a ABCIC, cabe destacar a
cas (ABNT) publicou no dia 15 de março contribuição dos profissionais da academia, em
duas importantes normas para a constru- especial, o professor Marcelo de Araújo Ferrei-
ção industrializada de concreto: a ABNT ra, que tem se dedicado ao tema de ligações
NBR 9062:2017 - Projeto e execução de estruturas e, em conjunto com fabricantes, tem desenvol-
de concreto pré-moldado, que revisa a ABNT NBR vido trabalhos importantes em escala real no
9062:2006, e a ABNT NBR 16475: 2017 - Pai- NETPRÉ – Núcleo de Estudo e Tecnologia em
néis de parede de concreto pré-moldado - Requisi- Pré-moldados, da Universidade Federal de São
tos e procedimentos. Carlos (UFSCar) e o Professor Mounir Khalil El
Segundo Íria Doniak, presidente-executiva da Debs, da Escola de Engenharia de São Carlos,
Associação Brasileira da Construção Industria- que contribuiu Carlos Melo: Nossa proposta foi
lizada de Concreto (ABCIC), a entrada em vigor transformá-la em uma norma de fácil leitura, di-
dessas duas normas representa uma conquista dática e de fácil interpretação. expressivamente
para o setor, contribuindo para a evolução tec- com os aspectos relacionados aos blocos de fun-
nológica e fortalecendo, ainda mais, a aplicação dação. “Ambos acompanharam integralmente o
do sistema no mercado da construção. “Foi um desenvolvimento dos trabalhos dando suas con-
trabalho árduo, que somente foi possível, pelo tribuições e transferindo os seus conhecimen-
empenho das empresas e dos profissionais as- tos”, recorda Íria.
sociados que colaboram com informações rele- A presidente executiva da ABCIC enfatiza, tam-
vantes, possibilitando a realização de estudos, a bém, a importância do Selo de Excelência Abcic
fim de que pudéssemos contribuir de forma mais neste contexto, já que o programa realiza audito-
efetiva nas sessões plenárias”, ressalta. “Tam- rias periódicas conduzidas pelo Instituto Falcão
bém tivemos o importante apoio da Associação Bauer de Qualidade em plantas de produção e
Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural obras. “Foi impressionante a evolução do setor
(Abece), da academia, e do Instituto Brasileiro e, em especial, das empresas que integram o
do Concreto (Ibracon)”, acrescenta. programa. A partir de um sistema documentado
Além de entidades do setor ligadas às estru- e com base nos seus indicadores de desempe-

30 | Abril | 2017
ABCIC EM AÇÃO

nho dos processos, conseguiu de fácil leitura, didática e in-


identificar as áreas mais frá- terpretação”, analisa Melo.
geis e que efetivamente neces- Segundo Marin, o ambiente
sitavam de melhorias na ABNT de revisão das normas deve ser
NBR 9062, como os processos o mais plural possível para que
de montagem, por exemplo”, toda a cadeia que se envolve de
comenta. Algumas empresas, alguma forma com a norma pos-
inclusive, disponibilizaram sa ser representada. “Durante
seus procedimentos e, a par- as reuniões, foi possível debater
tir do Estado da Arte detecta- assuntos de interesse comum a
do, a ABCIC comparou com as todos os envolvidos”, afirma. A
referências internacionais fib última revisão da norma havia
(International Federation for sido publicada em 2006, o que
Structural Concrete) e PCI (Pre- motivou a ABCIC a solicitar uma
cast/Prestressed Concrete Insti- nova atualização, uma vez que, Carlos Melo: Nossa proposta foi transformá-
tute) e propôs, então, o texto nesse período, o setor de pré- la em uma norma de fácil leitura, didática e
base para este requisito. -fabricados de concreto evoluiu, de fácil interpretação.
O projeto de revisão da norma ao investir em pesquisa e desen-
das estruturas pré-fabricadas volvimento bem como em novas Norma de painéis
de concreto foi elaborado pela tecnologias em suas unidades De acordo com ela, outro
CE 02:124.06 - Comissão de de produção que agregam ainda programa que contribuiu para
Estudos de Projeto e Execução mais qualidade e produtividade o desenvolvimento do setor é o
de Estruturas de Concreto Pré- ao sistema. Sistema Nacional de Avaliação
-Moldadas, no âmbito do Comi- A ABNT NBR 9062:2017 con- Técnica (SINAT), pertencente
tê Brasileiro da Construção Ci- ta com 86 páginas, estruturadas ao Programa Brasileiro da Qua-
vil da Associação Brasileira de em doze capítulos. Para detalhar lidade e Produtividade do Habi-
Normas Técnicas (ABNT/CB- e apresentar as mudanças dessa tat (PBQP-h), do Ministério das
02). Os trabalhos, cordenados nova edição, a ABCIC promove- Cidades. “Embora os painéis es-
pelo engenheiro Carlos Melo e rá um seminário, no dia 25 de tejam sendo largamente empre-
secretariados por Marcelo Cua- abril, que tratará também de gados em sistemas habitacio-
drado Marin, diretor técnico outros temas relacionados à nor- nais, em especial no programa
da ABCIC, exigiram um grande ma, como ligações e desempe- Minha Casa Minha Vida, cabe
volume de trabalho, devido às nho. O evento, que ocorrerá no ressaltar que a nova norma é
diversas alterações que preci- Instituto de Engenharia, em São mais abrangente e compreende
saram ser feitas para atender Paulo, ainda trará informações todos os usos dos painéis que
às demandas e para conciliar o sobre a ABNT NBR 16475:2017 são muito utilizados em outros
texto com as diretrizes da ABNT - Painéis de parede de concreto segmentos e em maiores di-
NBR 6118 - Projeto de estrutu- pré-moldado - Requisitos e pro- mensões como shopping cen-
ras de concreto – Procedimen- cedimentos, que estabelece os ters, centros de distribuição e
to e das referências interna- requisitos e procedimentos a se- logística entre outros”, diz Íria.
cionais e nacionais na área de rem atendidos no projeto, na pro- Para o caso específico do de-
pré-moldados e da ABNT NBR dução e na montagem de painéis sempenho habitacional, há que
15.575:2013 - Edificações de parede pré-moldados. “Será se comprovar o atendimento
Habitacionais – Desempenho. uma oportunidade ímpar para tro- aos requisitos da ABNT NBR
“O objetivo foi tornar a norma ca de ideias e networking, com a 15575, sendo que as tipologias
mais clara, tirar as coisas que participação dos coordenadores e da indústria do pré-fabricado já
são dúbias e os textos que da- membros das comissões, além de possuem o Documento de Ava-
vam margem a interpretações entender o que muda com a en- liação Técnica (DATEC) emiti-
diferentes. Nossa proposta foi trada em vigor das duas normas”, do e acompanhado pelo SINAT.
transformá-la em uma norma explica Íria. “As empresas associadas que

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 31


ABCIC EM AÇÃO

obtiveram o DATEC investiram muito. No início, tratégico, vê nas ações da ABCIC, como o Selo
questionamos o fato de estarmos sendo consi- de Excelência, par ticipação no SINAT, realiza-
derados inovadores pelo programa quando o ção das Missões Técnicas Internacionais e a
sistema é largamente aplicado em sistemas ha- atuação na Comissão 6 de pré-fabricados da
bitacionais desde a Europa do pós-guerra, inclu- fib , associadas ao grande volume de obras
sive no Brasil, mas depois entendemos que era produzidas pelo setor em diferentes segmen-
necessário comprovar o desempenho. O SINAT tos, durante o período compreendido entre
possibilitou ao setor trabalhar nesta comprova- 2008 e 2016, fontes impor tantes de levanta-
ção, mesmo antes da entrada em vigor da NBR mento de necessidades que induzem a revisão
15575, e estes conhecimentos também contri- das normas. “Entendemos que, além da ABNT
buíram favoravelmente ao desenvolvimento da NBR 9062, para alguns produtos pela sua
norma, neste caso a de painéis”, complementa complexidade de fabricação ou tipologias, ne-
Íria. cessitávamos de uma norma específica como
André Pagliaro, presidente do Conselho Es- foi o caso das lajes alveolares, estacas e, ago-

HISTÓRICO DAS NORMAS RELACIONADAS AO PRÉ-FABRICADO DE CONCRETO


Em setembro de 1985: publicada a após ter realizado a Missão Internacional profissionais, que participaram de temas
norma ABNT NBR 9062:1985, com 36 Bélgica e Inglaterra e constatar que a específicos: o professor e engenheiro
páginas. norma vigente até então estava muito Fernando Rebouças Stucchi, que atuou
Em dezembro de 2001: inserida emenda aquém das necessidades de requisitos no assunto sobre resistência ao fogo e
referente ao Eurocode 2 – Structural Fire para que as lajes alveolares pudessem vir sua interface com a ABNT NBR 15200 e
Design para o dimensionamento em a ter ampliada sua produção e utilização. as normas internacionais e o professor e
situação de Incêndio, cuja validação teve Em paralelo, a ABCIC, representada por engenheiro Paulo Helene, que conduziu
início em janeiro de 2002. Íria Doniak, Marcelo Ferreira e Eduardo os trabalhos referentes à tecnologia do
Em maio de 2002: publicada a norma Millen integraram o Grupo de Trabalho 6.11 concreto e sua interface com a ABNT NBR
ABNT NBR 14861:2002 –Laje pré- da fib, contribuindo significativamente 12655:2015 – Concreto: Controle, Preparo
fabricada - Painel alveolar de concreto para um entendimento mais amplo do e Recebimento - Procedimento, que passou
protendido – Requisitos. produto, o que agregou valor significativo a referenciar que complementarmente
Em novembro de 2004: publicada a aos conceitos e estruturação da norma . para o concreto pré-moldado haveria a
norma ABNT NBR 15200 - Projeto de Em 2013: publicada a ABNT NBR necessidade de consultar também a NBR
estruturas de concreto em situação de 15575 – Desempenho de Edificações 9062.
incêndio. Habitacionais, que traz impacto para Em setembro de 2016: aprovação do
Em dezembro de 2006: publicada a o setor, especialmente, nos sistemas texto final após consulta pública, com 89
revisão da norma ABNT NBR 9062:2006, voltados a painéis. A ABCIC apoia a ação comentários aceitos.
com 59 páginas. Houve a adequação, da Câmara Brasileira da Indústria da Em 15 de março de 2017: publicada a
seguindo as diretrizes da norma ABNT Construção (CBIC), no desenvolvimento norma ABNT NBR 9062:2017, com 86
NBR 6118:2004 - Projeto de estruturas de do Guia Orientativo para atendimento a páginas.
concreto — Procedimento. Contribuições norma. Em 15 de março de 2017: publicada a
advindas da implantação do Selo de Em janeiro de 2014: publicada a norma norma ABNT NBR 16475: 2017 - Painéis
Excelência Abcic, programa que atesta ABNT NBR 16258:2014 - Estacas pré- de parede de concreto pré-moldado
qualidade, segurança e meio ambiente de fabricadas de concreto – Requisitos Além destas normas acima
unidades de produção e obras que havia Entre 2012 até 2016: a Comissão de referenciadas, outras específicas,  como
entrado em vigor em 2003. Estudos trabalhou para a revisão da a ABNT NBR 15823 – Concreto auto
Em novembro de 2011: publicada a norma, com a participação total de 79 adensável, a ABNT NBR 7212 – Execução
revisão da norma ABNT NBR 14861:2011 – profissionais, entre fornecedores de de Concreto Dosado em Central –
Lajes alveolares pré-moldadas de estruturas pré-fabricadas de concreto, Procedimento e a norma de Aparelhos
concreto protendido — Requisitos e membros da academia e engenheiros de Apoio também possuem relação de
procedimentos. Uma solicitação da ABCIC, projetistas. Destaque para dois interface com o setor.

32 | Abril | 2017
ABCIC EM AÇÃO

ra, os painéis. Temos repetido da Comissão de Estudo, tive-


constantemente que a base do mos a presença muito impor-
desenvolvimento sustentável tante da sociedade técnica,
de um setor passa pela pa- com participação de projetistas,
dronização e, por tanto, junto pré-fabricadores, produtores
com as entidades parceiras li- de insumos, consultores e, in-
derar este processo é inerente clusive, em alguns momentos,
a nossa missão”, reflete. até de construtores. Com isso,
Elaborada pela CE a norma resulta no necessário
018:600.019 - Comissão de embasamento para o uso desse
Estudos de Lajes Alveolares produto nas obras brasileiras”,
e Painéis Pré-fabricados de diz Inês Battagin, superinten-
Concreto, no âmbito do Co- dente do ABNT/CB-18.
mitê Brasileiro de Cimento, O projeto define quais as ti-
Concreto e Agregados da As- pologias de painéis que estão
sociação Brasileira de Normas abordadas no texto e os crité- Augusto Pedreira de Freitas: Norma é o
Técnicas (ABNT/CB-18), teve rios para desenvolvimento do resultado de muitas reuniões e pesquisas
como coordenador o engenhei- sistema construtivo. São dife- elaboradas pela comissão de estudos.
ro Augusto Pedreira de Frei- renciadas as tipologias quanto
tas, conselheiro da ABECE, ao uso, tipo de acabamento, sociados da entidade para par-
como secretário, o engenheiro seção transversal e compor- ticipar do processo, engrande-
Fabricio Tomo, diretor de Pré- tamento estru t u r a l , s e n d o cendo e trazendo uma decisiva
-Moldados da ABECE. “É im- que cada tipologia tem suas contribuição para que esse tra-
portante salientar que o texto restrições e requisitos es- balho evoluísse da melhor ma-
ora publicado é o resultado de pecíficos e critérios de di- neira possível. “Acredito que a
muitas reuniões e pesquisas mensionamento para serem maneira como as normas de
elaboradas pela comissão de atendidos em todas as suas pré-fabricados vêm sendo for-
estudos. Trabalhamos em sua fases. Um ponto impor tante muladas e analisadas no país
elaboração com reuniões men- destacado pelo coordenador demonstra a maturidade do se-
sais desde novembro de 2012, é a preocupação com o cha- tor”, finaliza.
concluindo os trabalhos da co- m a d o c o l a p s o p r o g r e s s i v o. Salvador de Sá Benevides,
missão em abril de 2015 e co- “Esse projeto é atualmente superintendente do ABNT/CB-
locando a norma em consulta o texto que melhor aborda 02, analisa que a revisão da
pública em 2016”, explica Pe- esse tema no âmbito na- norma é importante para o se-
dreira de Freitas. cional. Com o conceito de tor e, também, para a socieda-
O sistema de painéis de pa- amarrações mínimas entre de, pois os produtos, processos
rede de concreto pré-moldado os elementos pré-moldados, e procedimentos normalizados
tem sido muito utilizado no as ligações proporcionam conferem maior segurança aos
Brasil, desde os anos 70, com integridade estrutural ao usuários, para quem produz e
uso intensificado com a chega- s i s t e m a , r e d u z i n d o, a s s i m , para quem fornece. “Além da
da dos painéis arquitetônicos a possibilidade de um even- confiabilidade, ela confere as
nos anos 90. Mesmo sem haver tual colapso progressivo”, exigências a um nível mais
uma norma nacional específi- ressalta. alto, evita reserva de mercado
ca sobre o tema, observou-se, Inês destaca, também, a e posições tendenciosas, uma
nos últimos anos, um aumen- liderança da ABCIC nesse vez que há uma ampla discus-
to na procura por esse sistema processo, ao solicitar cons- são que possibilita atualizar
construtivo. “Ela vem preencher tantemente da ABNT que inten- todos os processos, que evolu-
uma lacuna muito importan- sificasse o desenvolvimento, íram nesses anos. Então é uma
te, que estava sendo cobrada tomando parte e convidando grande satisfação quando uma
pela sociedade. Nas reuniões as fábricas e profissionais as- norma é publicada”.

34 | Abril | 2017
DE OLHO NO SETOR

WORKSHOP CANTECHIS:
INDUSTRIALIZAÇÃO CONTRIBUI PARA MELHORAR A
SUSTENTABILIDADE E A SEGURANÇA NOS CANTEIROS DE OBRAS

Mesa de abertura: Carlos Eduardo Sartor (FINEP), Francisco Ferreira Cardoso (USP), Francisco A. de Vasconcellos
Neto (Sinduscon/SP), Sheyla Mara Baptista Serra (UFSCar) e Jorge Batlouni Neto (Sinduscon/SP)

Evento foi promovido na sede do Sinduscon-SP e contou com a apresentação das quatro
universidades brasileiras, que atenderam chamada pública do Ministério da Ciência e
Tecnologia para iniciar o projeto em 2011, que contou com o apoio decisivo da Abcic e da Cbic

O
s desafios enfrentados nos de obras em habitações de interesse em dados, em análises de causas e
canteiros de obras em em- social, por meio da participação de naquilo que melhor se adapta ao con-
preendimentos de habitação quatro universidades e coordenação da sumidor brasileiro e, também, em cada
de interesse social no que tange à sus- professora Sheyla Mara Baptista Serra, região do país, representaria uma gran-
tentabilidade ambiental, às condições da UFSCar, que apresentou a palestra de mudança”, acrescentou.
de trabalho e à segurança podem ser Instalações Provisórias de Canteiro de Vasconcellos Neto participou do
minimizados com a industrialização. Obras com Soluções Tecnológicas Sus- debate após a realização de três pai-
Essa foi uma das principais conclu- tentáveis, com professor Racine Tadeu néis: o Diagnóstico das Principais Ne-
sões do Workshop Cantechis, realizado Araujo Prado, da USP. (vide box na cessidades Tecnológicas em Canteiros
na sede do Sindicato da Indústria da pág. 36). de Obras, ministrado pela professora
Construção do Estado de São Paulo “Não vejo como nosso setor possa Dayana Bastos Costa, da Universidade
(SindusCon-SP), no dia 22 de feve- reagir às demandas hoje presentes, Federal da Bahia (UFBA), Emissão de
reiro, que contou com a presença da que não seja por meio do uso intensi- Material Particulado nas Vizinhanças
ABCIC, representada por meio da par- vo da tecnologia e da industrialização”, de Canteiros, proferida pelo professor
ticipação no debate final da engenheira comentou Francisco A. de Vasconcellos Francisco Ferreira Cardoso, da Escola
Íria Doniak, presidente executiva da Neto, vice-presidente do Sinduscon-SP. Politécnica da Universidade de São
entidade. “Quando pensamos no grande volume Paulo (Poli/USP), e Tecnologias de Exe-
O Cantechis foi criado para desenvol- da produção e na complexidade de cução para Melhoria das Condições de
ver um estudo e propor soluções em nossa atividade, a promoção de uma Trabalho e Redução de Resíduos, apre-
cinco aspectos importantes no canteiro industrialização mais radical, baseada sentadas pelos professores Carlos Tor-

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 35


DE OLHO NO SETOR

res Formoso, da Universidade Federal “Todo esse arcabouço que será gera- dade no canteiro de obras”.
do Rio Grande do Sul (UFRGS) e José do pela rede vai resultar em muitas Batlouni Neto enfatizou a questão da
Carlos Paliari, da Universidade Federal informações para que as construtoras industrialização ao falar sobre a neces-
de São Carlos (UFSCar). Ele disse que possam compreender os desafios e as sidade de baixar a emissão de material
a qualidade dos trabalhos apresenta- soluções”. particulado e ruído pelas obras. “A so-
dos mostra que o setor da construção Para a Íria, seria importante que lução de industrializar as fachadas das
está caminhando na direção correta, houvesse a continuidade dessa rede. edificações seria uma mudança na tec-
que há condições de o Brasil ampliar “É de fundamental importância nologia de execução e pode ser muito
a sustentabilidade nos canteiros de que esse projeto siga em frente, bem-vinda”, disse.
obras. a partir de algumas conclusões O professor Francisco Ferreira Car-
Jorge Batlouni Neto, vice-presidente obtidas neste evento, como por doso, da USP, endossou a opinião de
de Tecnologia e Qualidade do Sindus- exemplo, a questão da inovação Batlouni Neto ao avaliar que a indus-
Con-SP, ressaltou a importância da sempre agregar novas tecnologias trialização contribui para a diminuição
discussão sobre o meio ambiente e para melhorar a qualidade, segu- da emissão de material particulado
a segurança na área da construção. rança, sustentabilidade e produtivi- (MP) em dois aspectos, tanto na fá-

SOBRE O PROJETO CANTECHIS


O projeto Cantechis foi criado em 2011 e visa o interesse social. “Precisávamos entender a dinâmica do setor
aperfeiçoamento e desenvolvimento de soluções tecnológicas e verificar na prática quais eram as estratégias de segurança,
aplicadas a canteiros de obras de empreendimentos proteção ambiental e sustentabilidade que estavam sendo
habitacionais, especialmente de interesse social (HIS), aplicadas”, explicou Sheyla.
com foco na sustentabilidade ambiental e na melhoria das Outro subprojeto, o SPSPC – Aperfeiçoamento de sistemas de
condições de trabalho. “O canteiro de obra na construção civil, proteção coletiva em canteiros de obras de empreendimentos
às vezes, não é um ambiente preparado adequadamente, com do programa Minha Casa Minha Vida, foi escolhido, segundo
logística, segurança e aspectos de sustentabilidade. Então, a Sheyla, porque o ambiente do canteiro apresenta alto risco
FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) percebendo isso, de acidente de trabalho e era necessário pensar em prover
publicou um edital, em 2010, para congregar universidades soluções. Já o subprojeto SPEMP – Desenvolvimento de
e pesquisadores que tratassem deste tema”, contou a soluções para redução da emissão de materiais particulados
professora Sheyla Mara Baptista Serra, da Universidade em canteiros de obras de habitação de interesse social foi
Federal de São Carlos (UFSCar). desenvolvido para, também, medir a real situação da emissão
Carlos Eduardo Sartor, gerente do departamento de de MP e propor soluções.
Tecnologia para o Desenvolvimento Urbano e Mudanças De acordo com Sheyla, o subprojeto SPIPC – Soluções
Climáticas (DURB) da FINEP, o projeto procurou dialogar cos tecnológicas sustentáveis para instalações provisórias
atores relevantes do setor produtivo, das empresas e das de canteiros de obras de habitação de interesse social
organizações atuantes, expondo abertamente seus resultados. teve como objetivo estudar as condições de instalações
As quatro universidades que aceitaram participar dessa rede provisórias que, em algumas situações, são locais
de pesquisa, inovação e tecnologia foram Escola Politécnica de trabalho precários, sem condições de conforto e
da Universidade de São Paulo (Poli-USP), Universidade com poluição sonora. Por fim, o subprojeto SPTEC –
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal Desenvolvimento de tecnologias de execução relacionadas
de São Carlos (UFSCar), e Universidade Federal da Bahia a métodos e sistemas construtivos inovadores para
(UFBa), que identificaram os principais desafios voltados empreendimentos do programa Minha Casa Minha Vida,
para os canteiros de obras para, então, propor os desafios e com foco em sistema construtivo industrializado aborda
as soluções. o incremento da gestão na obra e uso de tecnologias
São cinco subprojetos que, de um modo geral, realizou inovadoras, como o pré-fabricado de concreto.
um diagnóstico das condições esperadas e observadas da “Para nós, foi importante ter esse projeto, formar a rede
sustentabilidade e das condições de trabalho com base em de pesquisa, compartilhar ideias, experiências e visões
seus pontos principais. O primeiro é o SPDIG – Diagnóstico diferentes, com o objetivo único de que o canteiro seja mais
das principais necessidades de soluções tecnológicas em sustentável e mais adequado para o trabalhador e o entorno”,
canteiro de obras de empreendimentos de habitação de finalizou Sheyla.

36 | Abril 2017
DE OLHO NO SETOR

brica como no canteiro de obras. “A implementadas medidas para conter sobre a segurança e a saúde do tra-
produção do pré-fabricado de concre- essas emissões. balhador. “É um item muito comple-
to ocorre na fábrica. Então, se houver Sobre  a melhoria da condição de xo, mas de fundamental importância
atividades, no momento da operação, trabalho, o professor José Carlos Pa- para o país, afinal ela não espera, ela
é possível mais facilmente associar os liari, da UFSCar, recordou que as ati- acontece. Por isso, em muitas situa-
equipamentos com máquinas de suc- vidades no canteiro de obras envolvem ções, estamos correndo atrás dessas
ção, filtros e armazenamento que evi- riscos ergonômicos, que vão desde o questões”, enfatizou.
tem que o MP contamine o ambiente recebimento de material até a execu- Segundo ele, aproximadamente
de trabalho e cause prejuízos ao traba- ção das tarefas. Já os professores da 80% dos empresários não percebem
lhador”, explicou. UFBa, Ricardo Fernandes Carvalho e que, ao não cuidar da saúde e da
Já no canteiro de obras, Cardoso da UFRGS, Tarcísio Saurin, trouxeram segurança do trabalho, estão geran-
afirmou que na forma tradicional de a necessidade de inserir a cultura da do um ônus para suas empresas, em
construção, mexe-se com areia, com segurança no ambiente de trabalho du- especial, por conta do Fator Acidentá-
o cimento e com a cal, e há ainda rante a apresentação Sistemas de Pro- rio Previdenciário (FAP), multiplicador
atividades de serragem e perfuração, teção Coletiva para Canteiros de Obras. calculado anualmente que incide so-
o que gera, naturalmente, material Para Jorge Batlouni, do Sinduscon-SP, bre a alíquota do Seguro Acidente de
particulado. “Assim, ao trocá-la pelo “a industrialização também pode ser Trabalho (SAT) pago pelas empresas.
pré-moldado de concreto, evidente- uma saída porque pode diminuir, por “Se houver uma gestão pode-se redu-
mente, diminui-se a produção de MP exemplo, a questão da repetição do ar- zir esse custo. Assim, precisamos de
no local, reduzindo também o impac- mador que trabalha agachado”. canteiros de obras sustentáveis e com
to no entorno da obra e para o traba- Haruo Ishikawa, vice-presidente de segurança”. Ele defendeu também que
lho”, analisou o professor que, em sua Relações Capital-Trabalho e Respon- os estudantes de cursos relacionados
apresentação mostrou os impactos da sabilidade Social do Sinduscon-SP, ao setor da construção civil deveriam
emissão de MP para que possam ser destacou a importância desse debate ter conteúdos de Saúde e Segurança
DE OLHO NO SETOR

do Trabalho (SST) ainda na faculdade.


Palestra da professora Sheyla Mara Baptista Serra, da Universidade Federal
Ainda em seu discurso, Ishikawa co- de São Carlos (UFSCar) no Workshop Cantechis, no Sinduscon/SP
mentou sobre a Norma Regulamenta-
dora 18 (NR-18), aprovada em 1995,
em um comitê tripartite, e pediu mais
colaboração técnica-científica para em-
basar as ações, as reivindicações e os
textos das comissões permanentes.
Sobre esse assunto, Íria lembrou que
há oito anos a industrialização em
concreto vem trabalhando para trazer
mudanças na NR- 18 “Participamos
de todas as reuniões da Comissão Per-
manente Regional (CPR), produzindo
e trazendo as questões de mudanças
creto pré-moldado e desenvolver um Íria concordou com avaliação de For-
a respeito de importantes condições
Manual de Montagem, que será lan- moso e acrescentou que para ter uma
que precisam ser avaliadas nas obras
çado no segundo semestre deste ano. industrialização pura ou etapas inter-
em relação às estruturas industrializa-
“Nosso segmento possui uma preocu- mediárias de racionalização, é neces-
das. Apesar da CPR ter encaminhado
pação séria com questão de logística sária uma mudança de conceito. “Não
à CPN (Comissão Permanente Nacio-
e de segurança e nossa expectativa é conseguimos implementar tecnologias
nal) estas considerações, na versão
que essas ações contribuam para essa ou passar de um sistema convencional
proposta à Consulta Nacional, infe-
finalidade”, destacou. para 100% industrializado, se fizermos
lizmente, nada havia sido contempla-
Outro ponto de discussão no isso com o mesmo raciocínio dos siste-
do”, explicou.
Workshop Cantechis foi a importância mas convencionais. Temos que racio-
Segundo Íria, a construção civil está
da gestão no canteiro de obras, trazida nalizar de uma forma diferente, com lo-
evoluindo. “As recentes obras (habi-
pelo professor Carlos Torres Formoso, gística, e se o planejamento adequado
tacional, aeroportos, arenas, BRTs,
da UFRGS. “O pré-fabricado de con- não considerar as interfaces e outros
estações de metrô) demonstraram
creto diminui os riscos de acidentes e a processo em realização simultânea nos
claramente que a industrialização está
geração de resíduos. Mas, não adian- canteiros se perdem benefícios”.
presente e que convivemos cada vez
ta fazer uma estrutura pré-fabricada Porém, ela ressaltou ainda, que o
mais com um grande “mix” de tecno-
super-rápida e, depois chegarem as ideal seria um maior tempo de plane-
logias e sistemas nos canteiros, mas
demais etapas convencionais e, tudo jamento e menor em execução, pensar
ainda não conseguimos, por entraves
aquilo que se ganhou de prazo na es- mais e realizar com racionalização. “O
políticos, atualizar as normas regula-
trutura ou na fachada, se perder parcial interessante seria o planejamento já
mentadoras que claramente eviden-
ou integralmente. Por isso, precisamos nascer integrado com o projeto. No
ciam não ter acompanhado a evolu-
pensar a obra como um todo, realizan- Brasil ainda temos que “converter”, na
ção tecnológica. Desta forma, somos
do a gestão da obra e a gestão da fá- grande maioria dos casos projetos que
submetidos a uma fiscalização sem
brica de forma integrada”, evidenciou. nascem apenas para sistemas conven-
parâmetros ou com parâmetros equi-
“Uma regra básica do pré-moldado de cionais. A cultura de contratar obras
vocados, muitas vezes, dispendendo
concreto é realizar a montagem, assim com projeto básico, especialmente no
energia e recursos desnecessários, ge-
que o caminhão chega ao local da caso das obras públicas é muito preju-
rando atrasos e, o pior, a falta de segu-
obra, mas se as peças não vierem na dicial”, acrescentou.
rança nos canteiros”. Ela ainda elogiou
sequência adequada ou se a logística Para Maurício Bianchi, vice-presi-
o incansável e persistente trabalho do
não estiver adequada não será possí- dente Institucional do Sinduscon/SP,
Sinduscon –SP, através de Haruo, que
vel realizar isso. Então, há uma série há também a questão do planejamen-
apoiou as reivindicações da ABCIC e
de aspectos de gestão que deve ser to em uma edificação de habitação de
tem auxiliado neste processo.
considerada”, complementou. Além interesse social. “Se não soubermos o
Assim, de acordo com a presidente
disso, para ele, o pré-fabricado de con- que vamos fazer e quando vai fazer, as
executiva da ABCIC, a alternativa foi
creto tem um impacto na economia e coisas podem não dar certo. É funda-
ampliar o capítulo referente à monta-
no custo da obra, em decorrência de mental o planejamento, saber tudo
gem na ABNT NBR 9062:2017 - Pro-
atender com qualidade cronogramas antecipadamente e fazer gestão de
jeto e execução de estruturas de con-
ousados. risco antecipada”. Ele também res-

38 | Abril 2017
DE OLHO NO SETOR

saltou que projetos como o Cante- tria da Construção (CBIC), que foi re- convite da professora Sheyla para in-
chis deveriam ser mais frequentes presentada por Dionyzio Klavdianos, tegrar o projeto, que retribuiu a genti-
para que as soluções chegassem ao presidente da Comissão de Materiais leza, contando que: “a Abcic foi uma
mercado de maneira mais rápida. e Tecnologia (COMAT). “Temos encon- parceira de primeira hora. Assim, que
“Precisamos inserir a segurança, o trado apoio dessas duas importantes saímos da reunião da FINEP, em se-
meio ambiente e a sustentabilidade no instituições para o desenvolvimento da tembro de 2010, procuramos insti-
orçamento das obras das empresas. O produtividade que é relevante para a tuições representativas do setor, que
Brasil precisa amadurecer em relação atividade de construção civil do país. poderiam trabalhar conosco nos cin-
a esses aspectos”. Isto engloba alcançarmos, quando co aspectos determinados. E, quando
De acordo com a presidente execu- possível à industrialização, que seria pensamos em tecnologia inovadora e
tiva da ABCIC, a questão da industriali- o máximo da racionalização dos pro- uso de industrialização , sem dúvida
zação em empreendimentos para habi- cessos construtivos, transformando a Abcic, se destaca Além disso, den-
tação social é fundamental. “Sabemos os canteiros de obras em centrais de tro da UFSCar, temos o NETPré, que
que ela fez parte do Europa pós-guerra. montagem, aumentando o nosso ín- trabalha fortemente os aspectos téc-
E, atualmente, pela questão da imigra- dice de industrialização, chegando nicos relacionados ao pré-fabricado
ção vem sendo largamente utilizadas mais próximos da relação dos países de concreto. Lembro-me que, desde o
novamente. Visitamos na Dinamarca e desenvolvidos. Precisamos mobilizar início do desenvolvimento do NetPré,
Finlândia, durante a Missão Internacio- o poder público com a força da união o Paulo Sergio Teixeira Cordeiro, então
nal da Abcic, empresas de pré-fabrica- das entidades e o apoio da academia. presidente da Abcic, muito nos apoiou.
dos de concreto que só podem aceitar Mas, sabemos que existem fases de Assim, agradeço a ABCIC, a Íria , o
pedidos para 2018.” transição e questões de aculturamento, Paulo (in Memoriam) e o corpo diretivo
Ao final dos debates, Íria ressaltou o que significa que temos um caminho da entidade, que se sensibilizaram e
também a parceria com o Sinduscon/ a trilhar”. foram sempre muito importantes nessa
SP e a Câmara Brasileira da Indús- Sobre o Cantechis, Íria agradeceu o parceria”.
ARTIGO TÉCNICO

VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL DA CONTINUIDADE EM


PILARES PRÉ-MOLDADOS SEGMENTADOS COM
LIGAÇÕES DE LUVAS METÁLICAS GRAUTEADAS
Marcelo de A. Ferreira, DSc. Eng.; Professor Associado. Coordenador do NETPRE-UFSCar;
Luís Augusto Bachega, MSc. Eng.; Doutorando do PPGECiv-UFSCar;
Bruna Catoia, DSc. Eng.; Engenheira responsável pelo Laboratório NETPRE-UFSCar;
Marcelo Cuadrado Marin, MSc. Eng.; Diretor de Engenharia na – LEONARDI Construção Industrializada

RESUMO: Visando o emprego de estruturas pré-moldadas de concreto em edifícios com múltiplos pavimentos
no Brasil, busca-se o estudo de uma ligação pilar-pilar com alto desempenho de resistência à flexão, rigidez e
ductilidade. Neste artigo são apresentados os resultados de uma pesquisa de doutorado, em desenvolvimento
no NETPRE-UFSCar, envolvendo a colaboração com uma empresa de pré-fabricados no Brasil e uma empresa
internacional fornecedora de luvas metálicas grauteadas para continuidade em ligações pilar-pilar, a partir da qual
se apresenta um relato do processo de assimilação, adequação e aplicação da tecnologia em obras com múltiplos
pavimentos. A comparação das curvas experimentais força-deslocamento de modelos de pilares segmentados
com a ligação pilar-pilar estudada com as curvas experimentais obtidas para modelos de pilares monolíticos de
mesmo comprimento, apresentou uma boa equivalência com boa convergência dos resultados tanto no contexto
da rigidez, da resistência e da ductilidade. Desta forma, considera-se que do pondo de vista de análise e projeto,
pilares pré-moldados que empreguem este tipo de ligação pilar-pilar podem ser considerados como elementos
contínuos. Adicionalmente, a pesquisa realizada aponta para a importância da colaboração tecnológica universi-
dade-empresa, como um fator relevante para uma maior eficiência do processo de assimilação e adequação de
novas tecnologias pelo setor produtivo.

Palavras-chaves: Ligação pilar-pilar. Estruturas pré-modadas. Múltiplos pavimentos.

1 INTRODUÇÃO múltiplos pavimentos. Em função do detalhamento


Nos últimos anos tem crescido no Brasil a deman- adotado e dos mecanismos internos de deformação,
da por sistemas estruturais em concreto pré-fabricado cada ligação poderá se comportar como rígida ou se-
para aplicação em edifícios com múltiplos pavimentos. mirrígida, em função de haver ou não a restrição to-
Neste contexto, a deslocabilidade lateral da estrutura tal ou parcial de rotações relativas entre os elementos
pré-moldada é altamente afetada pela rigidez dos pi- conectados. Em outras palavras, o comportamento da
lares pré-moldados de concreto armado. Por sua vez, ligação poderá acrescentar graus de liberdade internos
a rigidez dos pilares pode ser afetada pela fissuração à estrutura pré-moldada ou apresentar um compor-
durante as etapas transitórias da fabricação e monta- tamento monolítico equivalente como se houvesse a
gem, mas também pode sofrer uma redução quando continuidade perfeita ao longo do comprimento do pi-
o pilar for segmentado com ligações pilar-pilar, criando lar. Portanto, no caso de ligações pilar-pilar em estru-
regiões de descontinuidades localizadas. Na Figura 1 turas para edifícios com múltiplos pavimentos, a conti-
estão apresentadas diferentes possibilidades para seg- nuidade estrutural dos pilares é altamente dependente
mentação de pilares em estruturas pré-moldadas com na continuidade estrutural da ligação em si.

40 | Abril 2017
ARTIGO TÉCNICO

Figura 1 – Alternativas para segmentação de pilares em edifícios com múltiplos Figura 3 – Ligações típicas pilar-pilar de acordo com texto de revisão da ABNT NBR 9062.
pavimentos.

Fonte: Próprio autor. Fonte: NBR9062:2016.

No presente artigo é apresentado o resultado de


uma pesquisa de doutorado em fase de conclusão na 2 VALIDAÇÃO DO DESEMPENHO ESTRUTURAL
UFSCar, onde se estudou o comportamento de uma
ligação pilar-pilar por meio de luvas metálicas graute- SEGUNDO A ABNT NBR 9062
adas, visando a caracterização do seu desempenho do De acordo com a revisão da ABNT NBR 9062,
ponto de vista de continuidade estrutural após a fissu- qualquer processo construtivo de comprovadas efi-
ração na interface pilar-pilar, buscando a identificação cácia e durabilidade por meio de ensaios conclusi-
de possível escorregamento aço-concreto anterior ao vos, conforme prescrições no seu item 5.5 (Projeto
início do escoamento da armadura de continuidade acompanhado por verificação experimental), pode
longitudinal. Além da questão estrutural, buscou-se ser utilizado na especificação na ligação de pilares,
analisar aspectos de construtibilidade e de viabilidade pórticos e arcos. Entretanto, de acordo com o item
de sua aplicação no contexto Brasileiro. Na Figura 2 é 5.5.3(c) na mesma norma, não podem ser feitas ex-
apresentado um esquema da luva metálica grauteada trapolações diretas de ensaios efetuados em outros
estudada (sistema Splice-Sleeve). países. Neste caso, mesmo no caso de tecnologias
Apesar da ligação estudada ser amplamente utili- com desempenho consagrado no exterior, a ABNT
zada no mundo, principalmente em regiões sísmicas NBR 9062 orienta que seja feita a sua validação e
como Estados Unidos e Japão, até o início da presente adequação para as condições locais, permitindo que
pesquisa não se tinha dados de sua aplicação no Bra- sejam feitas adequações de ensaios, desde que consi-
sil. Na Figura 3 são apresentadas soluções típicas de deradas as condições locais e os tipos de materiais e
ligações pilar-pilar empregadas no Brasil. de equipamentos utilizados no Brasil.
Com relação ao dispositivo com luva metálica grau-
Figura 2 – Luva metálica grauteada. teada em si, os resultados experimentais apresentados
nas referências técnicas internacionais apresentam
evidências da sua eficiência quanto à sua resistência,
onde a ruptura ocorre na barra da armadura longitudi-
nal, sem que haja arrancamento do trecho grauteado
na luva, conforme pode ser observado na Figura 4.
Por outro lado, devido ao fato da ligação estudada ser
empregada em regiões sísmicas com alta intensidade,
os ensaios para avaliação do desempenho estrutural
de modelos de ligação em escala real são com carre-
gamentos cíclicos, onde o principal objetivo é avaliar
a resistência última e capacidade rotacional plástica
(ductilidade) da ligação. Por esta razão, ao se fazer
a revisão sobre os ensaios existentes nas referências
técnicas nos EUA e Japão, não foi possível identificar
Fonte: Adaptado de NMB Splice Sleeve Japan. a rigidez da ligação na fase de serviço (região inter-

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2016 | 41


ARTIGO TÉCNICO

mediária após a fissuração e anterior ao escoamento delos de pilares segmentados com ligações com luvas
das armaduras longitudinais), mas somente os dados grauteadas SS01 e SS02.
finais após a plastificação da armadura longitudinal e Figura 5 – Confecção dos modelos SS01 e SS02
a capacidade rotacional da ligação (ductilidade), cor- (luvas metálicas grauteadas tipo Splice-Sleeve).

respondente à rigidez rotacional plástica obtida pela


relação Rplast = Mu / 0u,.

Figura 4 – Ensaio de tração em luva metálica grauteada (Ruptura com 169% de fyd).

Fonte: Pantelides & Ameli (2015).

Buscando um melhor entendimento quanto à rigi-


dez à flexão da ligação pilar-pilar e seus efeitos sobre
o comportamento global do pilar pré-moldado nas fa-
ses de serviço no ELS (após a fissuração do concreto
até o início do escoamento da armadura longitudi-
nal), foram realizados ensaios de resistência à flexão
de protótipos em escala real de pilares pré-moldados
com ligações pilar-pilar, os quais foram comparados
protótipos de pilares pré-moldados contínuos, confor-
me apresentado no item a seguir. Os protótipos foram
fornecidos pela empresa Leonardi Pré-fabricados. Em
Fonte: Próprio autor.
complementação à apresentação dos resultados expe-
rimentais, serão apresentados resultados práticos da
interação pesquisa-projeto-produção com aplicação Na Figura 6 estão apresentadas fotografias da con-
piloto em fábrica e aplicação em obras com múltiplos fecção dos modelos M01 e M02.
pavimentos. Apesar do enfoque de estudo estar nas ligações pi-
lar-pilar e suas aplicações em edifícios com múltiplos
3 METODOLOGIA EXPERIMENTAL pavimentos, pensando também no seu potencial de
Foram realizados ensaios de flexão da ligação pilar- aplicação em galpões leves, decidiu-se realizar ensaios
-pilar, onde os modelos SS01 e SS02 (concretados de flexão sem aplicação de força normal de compres-
em duas partes e emendados no meio do vão com a são no pilar para simular a flexão composta. De fato,
ligação com luva metálica grauteada Splice-Sleeve), o ensaio de flexão simples constitui-se numa situação
foram comparados com dois modelos de pilares mo- crítica para o estudo do efeito da fissuração e do es-
nolíticos M01 e M02 (formados pela concretagem de corregamento aço-concreto na interface da junta pilar-
um único elemento pré-moldado). Todos os modelos -pilar. Portanto, foi elaborado um arranjo de ensaio de
possuem seção do pilar com 40 cm x 50 cm, com flexão com quatro pontos conforme Figura 7, onde as
comprimento total de 4 m, sendo que os modelos cargas concentradas foram aplicadas por meio de dois
foram ensaiados na altura de 50 cm. A armadura lon- atuadores com células de carga. Os deslocamentos fo-
gitudinal foi composta por 4 barras de 25 mm, posi- ram medidos por meio transdutores e os giros no meio
cionadas nos cantos da seção transversal. Na Figura 5 do vão e nos apoios foram medidos por meio de cli-
estão apresentadas fotografias da confecção dos mo- nômetros.

42 | Abril 2017
ARTIGO TÉCNICO

Figura 6 – – Confecção dos modelos monolíticos M01 e M02. Figura 9 – Arranjo dos ensaios e instrumentação dos modelos com ligações.

Fonte: Próprio autor.

Figura 7 – Arranjo geral dos ensaios de flexão com quatro pontos dos elementos de
pilares.

Fonte: Próprio autor.

Fonte: Próprio autor.


4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste item será apresentada a avaliação da rigidez à
Os ensaios dos modelos monolíticos e dos modelos flexão da ligação em estudo e a assimilação e aplica-
segmentados podem ser observados na Figura 8 e na ção desta tecnologia em obras reais.
Figura 9, respectivamente.
4.1 Avaliação da Rigidez à Flexão da Ligação
Figura 8 – Arranjo dos ensaios e instrumentação dos modelos monolíticos.
Pilar-pilar e seus Efeitos na Equivalência
Monolítica em Pilares Pré-moldados
No gráfico da Figura 10 são apresentadas as cur-
vas momento-rotação na região da junta pilar-pilar
nos modelos SS01 e SS02, bem como as curvas
momento-rotação obtidas em região equivalente no
meio do vão dos modelos monolíticos M01 e M02.
Conforme se observa, as rotações concentradas nas
juntas dos modelos SS01 e SS02 foram superiores às
rotações em trechos semelhantes nos modelos M01
e M02. Para um mesmo momento fletor, a curvatu-
ra no trecho da junta pilar-pilar foi 172% superior à
curvatura no trecho central do pilar monolítico. Adi-
cionalmente, a rigidez secante da curva momento-
-rotação na junta pilar-pilar foi 58% da rigidez obti-
da em trecho equivalente dos modelos monolíticos.
Fonte: Próprio autor. Por outro lado, quando comparadas as curvas glo-

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2016 | 43


ARTIGO TÉCNICO

bais força-deslocamento, conforme apresentadas na 4.2 Assimilação e Aplicação da Tecnologia


Figura 10, os deslocamentos verticais nos modelos Ao término de 2012, a Splice-Sleeve Japan
SS01 e SS02 foram equivalentes aos deslocamentos contatou o NETPRE-UFSCar, por indicação do
verticais nos modelos M01 e M02. De fato, confor- Eng. Larbi Seniour (PCI-USA), como institui-
me pode ser observado no mesmo gráfico, a rigidez ção brasileira para assessorar quanto poten-
global equivalente (Eci)eq dos modelos SS01 e SS02 cial de aplicação e validação do seu produto
foi inclusive superior do que a rigidez equivalente dos no Brasil. No final daquele ano foi organiza-
modelos M01 e M02. Portanto, ficou demonstrado na do um seminário sobre aplicações de ligações
presente pesquisa de doutorado que os elementos de com luvas metálicas grauteadas no Instituto
pilares pré-moldados com ligações pilar-pilar com lu- de Engenharia (SP). Segundo o entendimen-
vas metálicas grauteadas apresentaram um comporta- to do NETPRE-UFSCar, embora se tratasse de
mento equivalente ao dos pilares monolíticos. uma tecnologia consagrada nos EUA e Japão
Figura 10 – Curva Força x Deslocamento dos modelos ensaiados.
para aplicação em estruturas em zonas sísmi-
cas, as referências técnicas existentes trata-
vam apenas do compor tamento na fase final
de deformação plástica para avaliação de cri-
térios de resistência e ductilidade por meio
de ensaios cíclicos. Assim, seria interessante
estudar o compor tamento da ligação quanto
à sua resistência e rigidez na fase de ser viço
(sua relação momento -rotação no ELS), para
orientar o projeto estrutural da ligação com
luva metálica grauteada de modo adequado
aos critérios adotados na ABNT NBR 9062.
Como na época havia em andamento uma
assessoria tecnológica para a Leonardi Pré-
Fonte: Próprio autor.
-fabricados, o NETPRE sugeriu a colaboração
de pesquisa envolvendo a Splice-Sleeve e a
Os padrões de fissuração dos modelos ensaiados es- Leonardi, a qual seria desenvolvida dentro de
tão apresentados na Figura 11. A partir da observação uma pesquisa de doutorado na UFSCar. Com
nos modelos ensaiados, acredita-se que o efeito des- qualificação de doutorado apresentada em
favorável da descontinuidade na junta pilar-pilar nos BACHEGA (2016), esta pesquisa envolveu a
modelos SS01 e SS02 tenha sido compensado pelo filosofia de integração pesquisa-projeto -pro -
maior controle da fissuração nestes modelos, em de- dução, com o objetivo de estudar o desem-
corrência da concentração de estribos na região das penho e os aspectos de construtibilidade na
luvas e também no trecho da extremidade do segmen- aplicação deste tipo de ligação em estruturas
to sem luvas, o que permitiu um aumento do confina- com múltiplos pavimentos no Brasil. O pri-
mento da armadura longitudinal e das luvas na região meiro fruto desta interação ocorreu logo na
da ligação. fase de planejamento para execução dos mo -
Figura 11 – Padrão de fissuração dos modelos de ensaio. delos ensaiados, quando o NETPRE sugeriu
uma alternativa simples de ligação temporá-
ria com barras rosqueadas, permitindo a rá-
pida fixação e ajuste do prumo na montagem,
em substituição de procedimento de monta-
gem com escoramento empregado no Japão.
Em seguida, após a fabricação dos modelos,
a montagem das ligações ocorreu na própria
fábrica da Leonardi, onde seu pessoal interno
recebeu treinamento pela equipe da Splice-
Fonte: Próprio autor.
-Sleeve Japan (Figura 12).

44 | Abril 2017
ARTIGO TÉCNICO

Figura 12 – - Aplicação piloto na confecção dos modelos ensaiados (OBS: Participação do Figura 14 – Aplicação em obra interna na fábrica da Leonardi com ligações pilar-
corpo técnico da Splice-Sleeve no Japão juntamente com pessoal interno da Leonardi). fundação.

Fonte: Próprio autor.


Fonte: Leonardi Pré-fabricados.

Após a apresentação dos resultados experimentais


positivos, houve a continuidade da colaboração técni- Após o êxito nas aplicações piloto na fábrica, a Le-
ca universidade-empresa, na busca por detalhamentos onardi passou a implementar esta solução em obras
adequados e adaptados para as realidades de projeto do mercado, já com tecnologia assimilada pelo pes-
no Brasil. Neste contexto, antes de aplicar a ligação soal interno de projeto e de produção e com acom-
pilar-pilar em uma obra real, foram realizados testes panhamento por parte do pesquisador de doutorado
de aplicação em obras internas em sua própria fábrica e pessoal da Splice-Sleeve. A primeira utilização foi
da Leonardi. A primeira aplicação foi de uma ligação na emenda de pilares no Plaza Shopping Carapicuíba,
pilar-fundação, sem a presença de cálice no bloco, localizado em Carapicuíba/SP (Figura 15).
onde a ligação consiste na conexão do pilar com o blo- Figura 15 – Aplicação de ligação pilar-pilar no Plaza Shopping Carapicuíba.
co contendo as esperas devidamente ancoradas neste
bloco (Figuras 13 e 14).

Figura 13 – Estudo piloto para aplicação da luva metálica grauteada em ligação pilar-
fundação. (Fonte: Leonardi Pré-fabricados).

Fonte: Próprio autor. Fonte: Leonardi Pré-fabricados.

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2016 | 45


ARTIGO TÉCNICO

Na obra de um outro shopping, o Franco da tecnologias em obras para múltiplos pavimentos.


Rocha Shopping, utilizou todas as ligações pilar- Portanto, o resultado da pesquisa aponta para a
-fundação do tipo Splice-Sleeve em mais de 150 importância da colaboração tecnológica univer-
pilares. sidade-empresa, onde o meio acadêmico ganha
muito ao estudar problemas reais e relevantes da
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS engenharia nacional, enquanto o setor produtivo
A partir de uma pesquisa de doutorado com ganha maior eficiência no processo de assimilação
colaboração universidade-empresa, foi possível a e implementação de novas tecnologias.
realização do estudo do desempenho estrutural e
da construtibilidade de ligações em pilares com REFERÊNCIAS
luvas metálicas grauteadas para aplicações em BACHEGA, L.A., (2016). Equivalência Monolí-
edificações com múltiplos pavimentos. A avalia- tica em Pilares com Ligações por meio de Luvas
ção de desempenho estrutural envolveu ensaios Metálicas Grauteadas. Texto de Qualificação de
de ligações pilar-pilar em escala real, onde os Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Estru-
modelos com ligações foram comparados com turas e Construção Civil. Universidade Federal de
modelos monolíticos com mesma seção, arma- São Carlos. UFSCar.
dura longitudinal e resistência do concreto. Além PANTELIDES, C.P., AMELI, M.J. (2015). Seis-
das recomendações técnicas fornecidas pelos mic Evaluation of Grouted Splice Sleeve Connec-
fabricantes das luvas, decidiu-se testar o deta- tions for Reinforced Precast Concrete Bridge Piers.
lhamento com aumento da concentração de es- Research Report. University of Utah. USA
tribos na região com as luvas, a fim de aumen- AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (2012).
tar o confinamento da armadura longitudinal e Guide to Emulating Cast-in-Place Detailing for
das luvas na região da ligação, promovendo um Seismic Design of Precast Concrete Structures. ACI
melhor controle da fissuração nesta região. Com 550.1R-09. 4a Edição. Joint ACI-ASCE Commit-
base nos resultados experimentais encontrados tee 550.
pode-se afirmar que os modelos de pilares seg- FÉDÉRATION INTERNATIONALE DU BÉTON
mentados com ligações com luvas grauteadas (FIB) (2008). BULLETIN 43. Structural Connec-
apresentaram rigidez equivalente à rigidez dos tions for Precast Concrete Buildings: Guide to
modelos monolíticos sem ligações. Portanto, Good Practice. Commission C6: Prefabrication:
desde que sejam empregados detalhamentos se- Task Group TG 6.2: Connections. 369 p.
melhantes (com confinamento de estribos na re- FÉDÉRATION INTERNATIONALE DU BÉTON
gião da ligação), considera-se que o pilar com este (FIB) (2013). Planning and Design Handbook on
tipo de ligação possa ser considerado no projeto Precast Building Structures. Commission on Prefa-
como um pilar pré-moldado contínuo. Com rela- brication: TaskGroup TG 6.12. 277 p.
ção à construtibilidade da ligação, em alternativa SPLICE SLEEVE JAPAN (1996). Testes on re-bar
ao procedimento com escoramento temporário do splices in reinforced concrete columns using NMB
pilar, durante a montagem dos protótipos ensaia- splice sleeves. Technical report. Splice sleeve ja-
dos foi testada uma ligação simples com barras pan, LTD.
rosqueadas que permite uma rápida montagem,
ajuste da verticalidade e estabilização temporária AGRADECIMENTOS
do pilar, anterior ao grauteamento das luvas me- Os autores agradecem todas as instituições que
tálicas. O travamento com porcas rosqueadas se tornaram esta pesquisa possível. À FAPESP pelos
dá numa altura um pouco acima da região com equipamentos utilizados no laboratório do NET-
as luvas metálicas grauteadas. Desta forma, toda PRE. À UFSCar pela infraestrutura e pessoal técni-
a região da ligação se encontra comprimida du- co para os ensaios. À Leonardi Pré-fabricados pela
rante a estabilização provisória na montagem. A doação dos modelos e disponibilização de pessoal
pesquisa colaborativa permitiu uma rápida assi- técnico para colaboração na pesquisa. À Splice-
milação, adaptação e adequação às situações de -Sleeve Japan pelo financiamento parcial de bol-
projeto e produção por parte da empresa de pré-fa- sas de estudo de doutorado e pela sua confiança
bricados, permitindo a aplicação segura de novas depositada no NETPRE-UFSCar.

46 | Abril 2017
ESPAÇO EXECUTIVO

FUTURO PROMISSOR
A
conjuntura econômica e o desgaste políti- Houve um tempo em que a concorrência com os
co afetaram todos os setores produtivos. demais sistemas construtivos industrializados era mui-
Com o pré-fabricado de concreto não foi to grande e nós tínhamos pouco respaldo institucio-
diferente. O Rio de Janeiro, por exemplo, nal. Hoje, com as sólidas ações da Abcic houve um
era um mercado em que nosso setor vinha crescendo grande avanço na divulgação do sistema a ponto de
bastante em decorrência não apenas dos Jogos Olím- enxergarmos nos sistemas concorrentes um potencial
picos e da Copa do Mundo, em que a pré-fabricação ainda maior para o uso dos pré-fabricados, por meio
foi destaque, mas também da Petrobras. No entanto, da combinação com esses sistemas.
esse cenário mudou. Com isso, em 2016, registra- No entanto, com o trabalho ativo e muito bem feito
mos uma perda de 25% no nosso faturamento em pela Abcic, o pré-fabricado de concreto ganhou ainda
relação a 2015. mais espaço, por meio de uma atuação e divulgação
Porém, neste início de ano, já percebemos uma li- robusta junto aos ministérios do governo federal, as
geira melhora em termos de consulta e nossa expec- principais entidades setoriais e ao próprio mercado,
tativa é de uma retomada, principalmente, em 2018. ressaltando nossa evolução tecnológica, os benefícios
Atualmente, vemos uma diversificação nas áreas de do sistema construtivo, além do que a entidade levou
atuação de nosso sistema construtivo, com demandas conhecimento para os profissionais, ao proporcionar a
e consultas para a construção de estacionamentos e realização de cursos em todo o Brasil.
edifícios-garagens. Tanto é que já fizemos duas obras Hoje, temos ações integradas que ajudam a ocupar
no Rio de Janeiro. Observo, também, uma grande espaços respeitados, como por exemplo, na área de
demanda em prédios comerciais, em hospitais e em normalização, na qual a Abcic é uma instituição con-
edifícios com múltiplos pavimentos. Essa tecnologia ceituada por seu elevado nível técnico. Temos também
para edifício residencial é ainda pouco utilizada, mas o Selo de Excelência Abcic, um processo reconhecido
acredito que o futuro é muito promissor. por nossos clientes que, em muitas situações, exigem
Essas novas demandas e consultas demonstram que nós tenhamos o selo.
que a solução tem ainda muito espaço a ocupar. Além Assim, o futuro do pré-fabricado de concreto é evi-
da agilidade na obra, o pré-fabricado de concreto traz dentemente promissor. Haja vista que no "boom" da
a qualidade da estrutura, uma mão de obra qualifica- construção civil, nosso sistema se mostrou realmente
da e possibilita que a construtora realize muito mais muito forte, estando em diversos tipos de obra (indus-
projetos em menos tempo. Considero, portanto, esse trial, infraestrutura, imobiliária). Além do mais é uma
sistema imbatível, sendo parte da evolução tecnoló- solução construtiva com muito espaço para crescer e
gica da construção civil e, cada vez mais, necessário para ajudar o Brasil a crescer.
para atender o cenário atual, uma vez que as indús-
trias têm adotado posturas mais dinâmicas em termos
gerenciais.
Nosso segmento possui importante papel dentro da
construção civil no país e, por estar consolidado no
mercado, não é um sistema que numa crise será des-
cartado, afinal ele faz parte do processo tecnológico.
E, esse protagonismo deve-se, também, ao grande de-
sempenho da Abcic. A entidade foi fundamental para
o setor porque conseguiu criar para as empresas de JOÃO GUALBERTO
pré-fabricado uma visão de seriedade, de buscar no- R. ALMEIDA
vas tecnologias, e de nos unirmos para que pudésse- Superintendente de Marketing
mos divulgar o sistema. e Vendas da Incopre

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 47


CENÁRIO ECONOMICO

ALÉM DO RETROVISOR
A divulgação dos resultados do PIB confirmou a a retomada. Assim mais que um espelho retrovisor,
profunda recessão vivida pelo país em 2016. Na os números do ano passado indicam também a di-
verdade, foi o segundo ano de retração da ativida- mensão do desafio que irá representar a recuperação
de, que acumulada superou 7%, configurando o pior do investimento. A queda foi muito intensa, o que
resultado desde a segunda guerra. O número em si é significa que as empresas estão com um nível de
bastante dramático, mas a rapidez da queda também ociosidade ainda muito elevado. Houve uma desmo-
assustou, assim como a disseminação pela econo- bilização grande, muita mão de obra qualificada foi
mia e pelo país. dispensada.
A construção se destacou negativamente com uma A boa notícia veio da Sondagem de Investimen-
queda de 5,2% em relação a 2015, passando a acu- to da FGV realizada nos primeiros meses do ano. A
mular retração de 13,2% nos últimos três anos. pesquisa mostrou um aumento no indicador de in-
Quando se olha os números pela perspectiva da vestimentos para os próximos 12 meses, que voltou
demanda, o destaque negativo foi a queda de 10,2% ao patamar de neutralidade. Além disso, a pesquisa
na formação de capital, que levou a taxa de investi- mostrou que houve uma diminuição substancial na
mento do país (investimento total sobre PIB) a cair incerteza em relação aos planos de investimentos.
cerca de 2 pontos percentuais, retrocedendo para No entanto, como seria de esperar, as empresas
16,4%. de materiais de construção ainda estão mais pessi-
Mas muitos analistas minimizaram o resultado do mistas que a média das indústrias de transformação.
PIB, colocando-o apenas como um espelho retrovi- De fato, a retomada da demanda na construção de-
sor, ou seja, um retrato do que aconteceu no país, pende muito de variáveis como emprego, renda, cré-
uma vez que o momento atual já seria diferente. dito. O crescimento previsto para o setor em 2017,
É realmente verdade que há boas indicações de de 0,5%, estará fortemente amparado nas obras do
que o pior da crise parece ter ficado para trás. As Programa Minha Casa Minha Vida e na anunciada
últimas sondagens, realizadas nos dois primeiros retomada de obras paradas de infraestrutura.
meses do ano, mostraram que finalmente a percep- Para além de 2017, será o aumento dos investi-
ção em relação à situação atual começou a melhorar mentos em infraestrutura a peça determinante não
tanto para as empresas como para consumidores. apenas do crescimento setorial , mas do país como
Ainda que não se observe otimismo, é uma mudan- um todo. O sucesso do primeiro leilão realizado no
ça em relação ao quadro do ano passado, quando ano aumenta o otimismo e as perspectivas de reto-
apenas as expectativas melhoraram, sem respaldo mada. Mas o caminho de volta para o crescimento
na atividade corrente. será lento e longo e envolverá muito esforço.
As pesquisas reforçam, portanto, as projeções de
retomada da economia em 2017. As últimas estima-
tivas da FGV/IBRE apontam um crescimento do PIB
de 0,4%.
No entanto, é preciso ter em mente que a recupe-
ração não está garantida. Uma taxa de 0,4% pode se
reverter facilmente em nova queda e muitos fatores
externos e domésticos podem contribuir para isso.
Ainda existem muitas incertezas, especialmente no
ANA MARIA CASTELO
plano político.
No caso do setor da construção, a queda superior à Coordenadora de projetos
da média da economia mostra desafios maiores para do IBRE/FGV

48 | Abril 2017
GIRO RÁPIDO

CONCRETE SHOW 2017 REUNIRÁ NOVIDADES PARA O SETOR


O Concrete Show South America 2017 está programa- de Janeiro. Também o pré-fabricado foi decisivo para via-
do entre os dias 23 e 25 de agosto, no São Paulo Expo bilizar os ousados cronogramas da Copa de 2014 e dos
Exhibition & Convention Center, em São Paulo. A feira é Jogos Olímpicos Rio 2016”, conta.
reconhecida como um dos mais importantes pontos de Para difusão do conhecimento no Concrete Show, a
encontro da construção civil na região, sendo o único na Abcic sempre realizou cursos e seminário, que atraem
América Latina a atender, de ponta a ponta, toda a cadeia um público qualificado e interessado em debater sobre a
construtiva do concreto. industrialização na construção. Neste ano, não será dife-
Para esta edição, a expectativa é contar com os prin- rente e a entidade organizará no segundo dia da feira um
cipais players do setor, que irão apresentar soluções de seminário de estruturas pré-fabricadas de concreto.
mais de 150 segmentos, desde equipamentos para ter- Para Íria, o Concrete Show representa uma oportuni-
raplanagem, canteiros de obras e projetos estruturais, até dade importante para conhecer novas tecnologias, para
tecnologias de ponta para a cadeia produtiva do concreto, o debate sobre perspectivas na construção civil, além de
serviços e acabamento, visando sempre o aumento da promover o networking com um público qualificado e con-
produtividade e a redução de custos na construção. tribuir para a geração de novos negócios.
O setor da construção industrializada de concreto estará A edição comemorativa de 10 anos do Concrete Show
presente no Concrete Show 2017, por meio da participa- South America, promovida em 2016, ressaltou a cria-
ção da Abcic – Associação Brasileira da Construção In- tividade das empresas do setor da construção civil que
dustrializada de Concreto e de seus associados. “Estamos buscam e que oferecem novas alternativas mais baratas
presentes em todas as edições, difundindo conhecimento e eficientes para manter a rentabilidade. Em três dias de
sobre os benefícios da industrialização em concreto para feira foi registrada a circulação de 22.220 profissionais,
o segmento da construção civil bem como sua expansão e que aproveitaram a ocasião para conferir lançamentos e
sua aplicabilidade em vários setores da economia”, desta- adquirir mais conhecimento por meio dos cursos e semi-
ca Íria Doniak, presidente-executiva da ABCIC. nários organizados pelas principais associações e entida-
Segundo Íria, o tema industrialização vem ganhando, des do setor.
cada vez mais, importância para a atual conjuntura da “Reunimos aqui empresas comprometidas com a reto-
construção civil brasileira, em razão da necessidade de mada dos negócios e com o crescimento do setor. É muito
se ter sistemas construtivos mais racionais, econômicos, gratificante para nós, da UBM Brazil, testemunhar o início
limpos e ágeis. “Além disso, esse movimento de expansão do que pode ser um novo círculo virtuoso. Temos muito a
nacional nas soluções protagonizada pelo pré-fabricado agradecer às associações e entidades setoriais e às em-
pode ser visto em grandes obras de infraestrutura como as presas que participara desta edição e que nos ajudaram a
dos aeroportos (Brasília, Campinas, Guarulhos e Curitiba), realizar este grande evento”, avaliou Renan Joel, gerente
os BRTs de Belo Horizonte e a Fábrica de Escolas do Rio da feira.

Tradicionalmente, a Abcic promoveu uma atividade para difusão de conhecimento no segundo dia
do Concrete Show. Em 2016, foi ministrado o curso de estruturas pré-fabricadas de concreto

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 49


GIRO RÁPIDO

HOMENAGEM
Legado literário e jornalístico de grande valor para a engenharia nacional
O jornalista e escritor Nildo Carlos Madalena; o livro de contos Com a ida-
de Oliveira faleceu em 26 de janeiro, de da Terra (RG Editores) e o romance
aos 77 anos, deixando um legado li- Olho por Olho. Foi responsável pelos
terário e jornalístico de grande valor textos da obra Arquitetura Escolar (PW
para a engenharia e a arquitetura Editores) e dos livros 100 Anos da En-
nacional. Em sua trajetória de qua- genharia Brasileira (Editora Univers) e
se 60 anos de profissão, retratou o autor de A Construção no Espelho (Edi-
desenvolvimento da infraestrutura do tora Pini), um conjunto de ensaios
país, por meio da cobertura de pra- e crônicas sobre os subterrâneos da
ticamente todas as maiores obras, construção brasileira dos anos 70 até a
como a construção da rodovia Tran- era Color. Sua última obra foi" O Mestre
samazônica, da hidrelétrica de Itai- da Arte de Resolver Estruturas "A his-
pu, da ponte Rio-Niterói, da rodovia tória do engenheiro Bruno Contarini",
dos Imigrantes, da hidrelétrica de patrocinado pela Arcelor Mittal.
Belo Monte, entre outras. Respeitado entre os colegas de pro- çamento do anuário", diz Íria Doniak,
Alagoano, viveu em Marília, no in- fissão, era muito próximo de vários presidente-executiva da entidade.
terior paulista.  Trabalhou no Jornal profissionais da indústria da constru- "Conversei longamente com ele em
do Comércio e transferiu-se para São ção civil e do segmento de estruturas 2013 durante o evento 500 Grandes
Paulo durante a década de 1960 para pré-fabricadas de concreto. Ao longo da Construção que era promovido pela
trabalhar no grupo Folha da Manhã. deste período, Nildo esteve presente Revista O Empreiteiro quando recebi
Com mais de 50 anos de atividades nos principais eventos promovidos uma homenagem com outras colegas
profissionais, trabalhou também na pela Abcic e redigiu matérias e re- de profissão, intitulada Mulheres na
Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo, portagens sobre importantes obras Engenharia, e me surpreendi como ele
nas revistas Projeto, de arquitetura; do país em que a construção indus- acompanhava de perto as atividades
Construção, da Editora Pini; revista trializada em concreto esteve em evi- do nosso setor, nossa atuação e traba-
Obra - Construção e Planejamento, dência. “Ele sempre procedeu com lho, dado o alto nível de conhecimento.
e na revista O Empreiteiro, onde foi lisura se pautando em conduta ética Deixamos registrado nesta edição da
repórter, editor e consultor. Recente- irrepreensível nas entrevistas com a revista o nosso carinho e respeito por
mente, editava o Blog do Nildo. ABCIC. Esteve sempre presente em este profissional da área da comunica-
Com escritor, Nildo lançou a novela nossas coletivas de imprensa e lan- ção que deixa saudades", finaliza Íria.

59º CONGRESSO BRASILEIRO DO


CONCRETO SERÁ REALIZADO EM BENTO GONÇALVES
O Instituto Brasileiro do Concreto materiais e suas propriedades, gestão destrutivos e não destrutivos, e sus-
(Ibracon) promove, de 31 de outubro e normalização, análise e projeto es- tentabilidade.
a 03 de novembro, em Bento Gon- trutural, métodos e sistemas constru-  O 59º Congresso Brasileiro do
çalves, no Rio Grande do Sul, o 59º tivos, controle tecnológico, ensaios Concreto é aberto aos profissionais
Congresso Brasileiro do Concreto, em geral do setor construtivo, tecno-
evento técnico-científico sobre a tec- logistas de concreto, projetistas de
nologia do concreto e seus sistemas estruturas, professores e estudantes
construtivos, sob a bandeira “O con- de engenharia civil, arquitetura e
creto para a retomada do desenvol- tecnologia, profissionais técnicos de
vimento da infraestrutura nacional”. construtoras, empresas de energia,
 O evento objetiva divulgar as pes- fabricantes de equipamentos e mate-
quisas científicas, tecnológicas e as riais para construção, laboratórios de
inovações sobre o concreto e as es- controle tecnológico, órgãos governa-
truturas de concreto, em termos de mentais e associações técnicas.

50 | Abril 2017
GIRO RÁPIDO

89ª ENIC DEVE REUNIR 2.000 PROFISSIONAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL


O 89º Encontro Nacional da Indústria da Construção talecimento das iniciativas de compliance no setor; além
(Enic), promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da disso, uma perspectiva do cenário macroeconômico atual
Construção (Cbic) e realizado pelo Sinduscon-DF, aconte- e futuras da construção civil.
cerá entre os dias 24 e 26 de maio, no Centro de Eventos O encontro deve reunir cerca de dois mil participantes,
e Convenções Brasil entre empresários de
21, em Brasília-DF. todos os segmentos
O tema “Supera- da construção, diri-
ção é nossa maior gentes e representan-
obra” será explorado tes dos três poderes
em diversas verten- de todas as esferas
tes. Serão palestras de governo, espe-
e debates que visam cialistas em diversas
reunir todo o setor áreas do conheci-
produtivo para discu- mento nacionais e
tir e evoluir no desa- internacionais, aca-
fio constante que é a dêmicos e profissio-
construção civil. Os painéis do Enic também atualizarão nais da mídia, para debater temas relevantes para o desen-
os participantes sobre a evolução do crédito imobiliário; o volvimento econômico e social do país.
lançamento dos índices para o mercado imobiliário; o BIM O evento também será palco do lançamento de estudos
e a busca de uma política nacional; os investimentos em e guias de orientação para o setor, cumprindo a missão de
infraestrutura; a modernização das leis trabalhistas para a disseminar conhecimento e boas práticas na construção, e
construção do Brasil; o uso de práticas sustentáveis; o for- marcará a comemoração dos 60 anos de fundação da Cbic.

CONSTRUCTION EXPO 2017 APRESENTARÁ


SOLUÇÕES PARA O PROFISSIONAL DA CONSTRUÇÃO
A Semana das Tecnologias Integradas para Construção, para compartilhamento de experiências e para expansão
Meio Ambiente e Equipamentos reunirá, de 7 a 9 de ju- da rede de relacionamentos e contato, resultando em mais
nho de 2017, no São Paulo Expo, os principais eventos oportunidades de negócios. São eles: BW Expo 2017 -
desses três segmentos, com o intuito de proporcionar um Feira de Serviços e Tecnologias para Gestão Sustentável
ambiente perfeito para disseminação de conhecimento e de Água, Resíduos, Ar e Energia, Construction Expo 2017
- Feira Internacional de Edificações e Obras de Infraestru-
tura - Serviços, Materiais e Equipamentos, M&T Peças e
Salão da Construção Industrializada de Concreto foi um dos destaques da Serviços 2017 - Feira e Congresso de Tecnologia e Ges-
edição anterior da Construction Expo
tão de Equipamentos para Construção e Mineração, e o
Sobratema Summit 2017, maior evento de conteúdo do
mercado brasileiro para as áreas de construção e de meio
ambiente.
Considerada a feira do profissional da construção, a
Construction Expo 2017 terá o papel relevante de mos-
trar os principais lançamentos em serviços, materiais e
equipamentos, que garantam mais produtividade, renta-
bilidade, segurança e qualidade, e menores custos para
obras de infraestrutura e de edificações. O evento também
Marcelo Vigneron

destacará tendências em sistemas construtivos e tecno-


logias que possibilitem ganhos, também, em termos de
sustentabilidade ambiental e competitividade.

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 51


GIRO RÁPIDO

NOVOS ASSOCIADOS
Em nome da diretoria e do conselho estratégico da Ab-
cic, desejamos as boas-vindas aos novos associados:

BRASIL SERÁ SEDE DE WORKSHOP SOBRE O MODEL CODE 2020 DA fib


 O 20º ENECE – Encontro Nacional de Engenharia da entidade, pelos próximos quatro anos.
e Consultoria Estrutural, a ser promovido pela Abece  Embora ainda dependa de confirmação da dis-
no dia 28 de setembro, terá um formato diferen- ponibilidade das agendas dos convidados, mas
te dos anos anteriores e um atrativo adicional. O já se tem como nomes certos para a abertura do
dia seguinte, 29 de setembro, foi reservado para o Workshop, além da própria Íria, o presidente da
Workshop Model Code 2020, uma iniciativa da fib ABECE, Jefferson Dias de Souza Júnior; o presi-
(International Federation for Structural Concrete), dente da fib, Hugo Corres Peiretti. Também devem
em conjunto com a ABECE – Associação Brasileira integrar a programação, Stucchi, além de represen-
de Engenharia e Consultoria Estrutural e ABCIC – tantes da América Latina, cujos nomes ainda estão
Associação Brasileira da Construção Industrializada sendo analisados.
de Concreto. "É uma oportunidade ímpar de termos no país re-
 O evento faz parte do processo de desenvolvi- nomados profissionais internacionais e juntamente
mento da nova edição do código modelo (Model com a  engenharia nacional, não só participarmos
Code), considerado como o documento pré-norma- de palestras de importantes temas, mas também
tivo mais relevante da engenharia do concreto es- promovermos um debate sobre as principais ques-
trutural, pois incorpora avanços do conhecimento, tões que envolvem as estruturas de concreto: novas
novas descobertas e necessidades do universo do e existentes", afirma Íria.
concreto. “Como o Model Code 2020 é o documento  Estão previstos temas como: Visão Geral do fib-
mais importante da fib e nós participaremos de sua MC2020, que pretende integrar estruturas novas,
elaboração, a ideia é que se discuta no Workshop a construir e estruturas já existentes, procurando
exatamente o MC2020, incluindo as realidades evitar que o volume cresça muito; Concreto de Ul-
encontradas na engenharia do Brasil e da América tra Alta Resistencia; Confiabilidade das estruturas
Latina”, explica Fernando Stucchi, que é integrante Novas e para as Existentes; Robustez e Resiliência;
da Comissão 10 da fib, grupo responsável pelo de- Projeto em áreas Sísmicas; Manutenção e Interven-
senvolvimento do Código Modelo – FIBMC-2020. ções ao longo da Vida Útil; e Sustentabilidade, entre
 A montagem da programação do Workshop está outros.
sendo feita por um Grupo de Trabalho coordenado  O Workshop e o cronograma de desenvolvimento
por Stucchi, cujo objetivo básico é definir os tópicos do Model Code 2020 também foi comentado pelo
a serem discutidos no Workshop, conteúdo este que presidente da fib, Hugo Corres na longa entrevista
deverá ser submetido à direção da fib. O Grupo foi concedida à Revista Estrutura, da Abece e que co-
formalmente constituído numa reunião realizada na meça na página 6. Segundo Corres, o Workshop a
sede da ABECE, em São Paulo, no início de março, ser realizado no Brasil, faz parte de uma série de
e a definição dos tópicos do Workshop, assim como outros, programados em diversos países, e que deve
dos nomes de alguns dos palestrantes e conferencis- culminar com o Congresso da fib a ser promovido
tas, também conta com a colaboração da engenhei- em Melborne, na Austrália, em 2018, onde deverão
ra Íria Doniak, presidente-executiva da ABCIC, que, ser apresentados os primeiros resultados dos debates
assim como Stucchi, tem tido uma atuação bastante realizados nos vários workshops. Acompanhe esses e
destacada junto a direção mundial da fib. No caso outros detalhes sobre o Model Code 2020 e também
de Íria, ela foi, inclusive eleita pela assembleia geral a respeito do atual estágio da engenharia de estrutura
da fib para fazer parte do Presídium, o órgão gestor no Brasil e no mundo na entrevista de Corres.

52 | Abril 2017
GIRO RÁPIDO

SEGUNDA EDIÇÃO DO LIVRO PRECAST CONCRETE STRUCTURES É LANÇADA


Foi lançada, pela editora CRC construção de um prédio de 10 an-
Press, a segunda edição do livro dares em fase de conclusão.
Precast Concrete Structures, de De acordo com o autor, há tam-
Kim Elliot, professor da Universi- bém uma nova seção sobre vigas
dade de Notthinghan, membro da parede, que se comportam mais
comissão de pré-fabricados (C6) como bielas e tirantes e "cantilever"
da fib - Federação Internacional do para situações de canto. "Inclui,
Concreto, e consultor para a indús- também, uma nova informação so-
tria de pré-fabricados na Inglaterra, bre ligações semirrígidas entre viga
Malasia e Coréia. e pilar, obtida através dos estudos
A obra introduz ideias de proje- do professor Marcelo Ferreira, da
tos conceituais para estruturas pré- Universidade Federal de São Carlos
-fabricadas de concreto e apresen- (UFSCar)", disse. "O livro é alta- Kim Elliott esteve, pela última vez no Brasil,
ta diversos exemplos de projetos mente ilustrado com mais de 500 em seminário promovido pela ABCIC durante o
baseados no Eurocode EC2, antes fotografias e ilustrações, incluindo Concrete Congresso, em agosto de 2014.
de detalhar o projeto, a fabricação várias do Brasil", acrescenta.
e a construção em pré-fabricado Esta segunda edição é dirigida,
de concreto para edifícios de múl- principalmente, para estudantes promovida no estande institucional
tiplos pavimentos. São fornecidas de graduação cursando o último de entidade. Além disso, ministrou
também a análise estrutural deta- ano e de pós-graduação e jovens palestra a Soluções Industrializadas
lhada do concreto pré-moldado, engenheiros, que possuem conhe- em Estruturas de Concreto para
sua aplicação e alguns detalhes das cimento sobre concreto armado e Edificações de Múltiplos Pavimen-
recentes estruturas pré-fabricadas concreto protendido e gostariam de tos, com a presença de 200 pro-
"em esqueleto", para até quarenta desenvolver soluções para empre- fissionais e técnicos ligados ao seg-
andares. endimentos de múltiplos pavimen- mento de engenharia e arquitetura,
A segunda edição de Precast tos, utilizando as estruturas pré- o seminário contou com palestras
Concrete Structures manteve a es- -fabricadas de concreto. promovidas por especialistas do
trutura da primeira, com dez capí- Elliot é também autor do livro Brasil e do exterior.
tulos, e segundo Elliott, há uma Multi-storey Precast Concrete Fra- De acordo com a engenheira Íria
introdução geral que ressalta os med Structures, que foi lançado no Doniak, presidente executiva da AB-
motivos pelos quais o pré-fabri- Brasil, pela ABCIC, durante a rea- CIC, o professor Kim esteve duas
cado de concreto se diferencia de lização da Concrete Show 2014. vezes no Brasil em compromissos
outras construções em concreto Na ocasião, ele recebeu empresá- oficiais com a ABCIC. "Isso acon-
e, também, no que se refere aos rios, engenheiros e profissionais da tece desde 2008, quando recebeu
materiais, lajes, vigas, colunas, construção na tarde de autógrafo, a primeira missão internacional da
paredes, estabilidade, ligações entidade na Universidade de Not-
e colapso progressivo. "Além do tingham. Ele sempre apoiou o de-
Eurocode EC2, o texto e os nu- senvolvimento da indústria nacio-
merosos exemplos trabalhados nal, em especial as atividades de
englobam o Eurocode EC0 e EC1 pesquisa do NETPRÉ, da UFSCar,
e, ainda, as normas europeias de tendo sido apresentado para a AB-
produto, como a EN1168 para la- CIC pelo professor Marcelo Ferrei-
jes alveolares", conta. ra, que foi seu orientado em suas
Em comparação com a primei- teses de PhD".
ra edição e com outros textos, o Para adquirir o livro, basta aces-
lançamento conta com um projeto sar o site oficial: https://www.crc-
comparativo de elementos chave, press.com/Precast-Concrete-Struc-
como lajes, vigas e colunas, entre tures-Second-Edition/Elliott/p/
a BS8110 e EC2, e um modelo de book/9781498723992.

Revista Industrializar em Concreto | Abril 2017 | 53


GIRO RÁPIDO

EVENTOS DO SETOR
1º WORKSHOP DA CONSTRUÇÃO PRÉ-FABRICADA DE CONCRETO DO 89º ENIC (CBIC)
CENTRO-OESTE (REALIZAÇÃO DO CREA/GO E CAU/GO, APOIADO PELA ABCIC) 24 a 26 de Maio de 2017
Data: 3 de maio
Local: Brasilia
Local: Goiânia/GO
www.cbic.org.br/enic/?page_id=11&lang=pt
www.creago.org.br

CONSTRUCTION EXPO
BIBM CONGRESS 2017
07 a 09 de Junho de 2017
17 A 19 de Maio de 2017
Local: São Paulo / SP
Local: Espanha
www.constructionexpo.com.br
https://bibm.cpi-worldwide.com/

SEMINÁRIO REGIONAL ABCIC CONCRETE SHOW


Data: Junho de 2017 23 a 25 de Agosto de 2017
Local: Florianópolis Local: São Paulo Expo- SP
www.abcic.org.br www.concreteshow.com.br/pt/

fib SYMPOSIUM 2017


ENECE 2017
12 a 15 de Junho de 2017 Data: 28 de setembro
Local: Maastricht – Holanda Local: Secovi/SP
www.fibsymposium2017.com www.abece.com.br

WORKSHOP DO CÓDIGO MODELO fib/ABCIC/ABECE 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO


Data: 29 de setembro 23 a 26 de Outubro
Local: Secovi/SP Local: Bento Gonçalves – RS
www.abcic.org.br / www.abece.com.br http://ibracon.org.br/eventos/58cbc

54 | Abril 2017

CO
CONCRETE SHOW 2017:
COMECE JÁ A CONSTRUIR
SEU SUCESSO

23 a 25
AGOSTO
SÃO PAULO EXPO
SÃO PAULO -BRASIL - 11a EDIÇÃO
2017 DIA 23 - 13 às 20h | DIA 24 e 25 - 10 às 20h

GARANTA JÁ O SEU ESPAÇO


Roberta Bertuzzi +55 11 4878-5906
contato@concreteshow.com.br

Invista no sucesso da sua empresa:


reserve já seu espaço no Concrete Show 2017
e garanta mais negócios, parcerias e novos
clientes na sua carteira.

Seus principais clientes


e prospects em um único local

Mais de 22.000 profissionais


do ramo com alto poder de decisão

Sua empresa entre os maiores


players do mercado

Realização
Organiser

um oferecimento:

CON-0001-17_Anun.Vendas_21x28cm.indd 1 26/01/17 14:09


Fonte: Shopping Carapicuíba – Menção Honrosa no Prêmio Obra do Ano Abcic em 2016 e Artigo Técnico Página 40- IC-10 (esta edição).

LIGAÇÃO DE ALTO DESEMPENHO PARA PRÉ-MOLDADOS. TECNOLOGIA


JAPONESA A SERVIÇO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA! PODE CONFIAR!
Nos anos 60, as conexões da Splice Sleeve foram utilizadas pela primeira vez em pilares
no Ala Moana Hotel (Havaí), um edifício de 38 pavimentos. Em 73 foi introduzida no Japão ob-
tendo a aprovação do Building Center of Japan (BCJ), foi o início de uma série de aprovações
internacionais de nossos produtos como Singapura, Nova Zelândia e Estados Unidos. Em
2012 chega ao Brasil, propõe um estudo com o NETPRE (Núcleo de Estudos e Tecnologia de
Pré-Fabricados), laboratório da UFSCar construído em parceria com a ABCIC, pois apesar de
ser reconhecida no mundo, compreende que um país possui suas próprias regulamentações.
Nosso princípio é agregar valor a construção pré-moldada trazendo soluções viáveis e que
possam aderir as premissas técnicas.
Sistema utilizado em regiões sísmicas e não-sísmicas, com excelentes resultados avalia- Contato no Brasil:
dos. Contabiliza mais de 25 milhões de luvas vendidas e histórico infalível, tendo enfrentado TrueConnect Materiais de Construção Civil Ltda.
contato@trueconnect.com.br
os mais fortes eventos da Natureza.
(11) 3105-9464 / 3106-4614 / (11) 98136-0277
Galpões, comércios, pontes, edifícios, torres, aduelas. Splice Sleeve é usado em todo tipo www.trueconnect.com.br
de aplicação pré-moldada, ligando pilares, vigas, painéis e fundações, com desempenho
equivalente à uma peça contínua. www.splicesleeve.com

Você também pode gostar