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2023/1

www.intermetal.pt
| Periodicidade: Trimestral | Março 2023 - Nº 16 | www.intermetal.pt
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INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA.
SUMÁRIO
Avenida Barbosa du Bocage, 87
4º Piso, Gabinete nº 4
1050 - 030 Lisboa (Portugal)
Telefone (+351) 217 615 724
E-mail: geral@interempresas.net

e
NIF PT503623768
Gerente Aleix Torné ATUALIDADE 4
Detentora do capital da empresa

m
Nova Àgora Grup, S.L. (100%) EDITORIAL 5
Diretora Luísa Santos
Equipa Editorial Luísa Santos, Soldadura a laser: da automática

!
Esther Güell, Nerea Gorriti
Península Ibérica terá uma das à manual 38
redacao_intermetal@interempresas.net primeiras fábricas de aço verde da
www.intermetal.pt Europa 10 BrightLine Scan: Trumpf inova
na soldadura a laser 40
Soluções industriais para
a conectividade e neutralidade Tecnologia LBC: o estado da arte no
Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) climática 14 corte a laser 42
Assinatura anual 44 € (IVA incl.)
Registo da Editora 219962
Registo na ERC 127299
INDÚSTRIA DE BICICLETAS
Déposito Legal 455413/19
Distribuição total +4.100 envios.
Entrevista com Gil Nadais, secretário
Distribuição digital a +3.400 profissionais.
geral da Associação Nacional das
Tiragem +700 cópias em papel
Edição Número 16 – Março de 2023
Indústrias de Duas Rodas (ABIMOTA) 18
Estatuto Editorial disponível em
https://www.intermetal.pt/ Cibersegurança na indústria
EstatutoEditorial.asp transformadora: prevenir é melhor
que remediar 44

As estratégias de dados são essenciais

para o futuro da indústria
Impressão e acabamento
transformadora 48
Gráficas Andalusí, S.L.
Camino Nuevo de Peligros, s/n - Pol. Zárate
A indústria portuguesa de bicicletas: Sistemas HMI de realidade aumentada
18210 Peligros - Granada (España)
um caso de sucesso 22 melhoram a gestão de unidades de
www.graficasandalusi.com
produção 52
Bicicletas feitas à medida graças ao
fabrico aditivo de peças metálicas 28 A PoC é apenas a ponta do iceberg 56

Eurobike 2022: triboplásticos Os robôs e as tendências atuais da

Membro Ativo: melhoram a tecnologia, reduzem digitalização 60
o peso e eliminam a manutenção
das bicicletas 32 Palbit desenvolve novas ferramentas
para maquinação de ligas de aço,
Arranca a frota com transmissão sem alumínio e compósitos 62
corrente da Schaeffler para bicicletas
elétricas de carga 34 Tsugami S206E-II, o cabeçote móvel
Os trabalhos assinados são da exclusiva
responsabilidade dos seus autores.
com ø20 mais versátil do mercado 64
É proibida a reprodução total ou parcial
dos conteúdos editoriais desta revista
sem a prévia autorização do editor.
A redação da InterMETAL adotou
as regras do Novo Acordo Ortográfico.
4 ATUALIDADE

Hoffmann Iberia tem novo

diretor-geral
O Grupo Hoffmann nomeou Alejandro Mengual
para assumir a direção geral da empresa em
Espanha e Portugal.

Alejandro Mengual é licenciado em Administração e Gestão de

Empresas pela Northumbria University em Newcastle, Reino
Unido, e tem um MBA em Negócios Internacionais pela Grenoble
Business School em França. A nível profissional, desenvolveu a O objetivo de Alejandro Mengual é “reforçar as diferentes
maior parte da sua carreira dentro do Grupo Hoffmann, ocupando áreas de negócio do Grupo Hoffmann em Espanha e
Portugal”.
posições de diferentes responsabilidades na área de vendas,
tanto a nível nacional, como internacional.
Depois de passar por várias empresas multinacionais dedicadas à ‘business intelligence’ e à indústria automóvel,
Alejandro Mengual iniciou a sua carreira na multinacional alemã Hoffmann Group em março de 2008 como Key
Account Manager para o mercado ibérico. Em 2015, passou a assumir responsabilidades internacionais, primeiro como
diretor-geral para o México, e depois como gestor sénior de vendas para vários dos principais mercados europeus.

Centimfe amplia Infaimon renova

capacidade tecnológica imagem corporativa
em fabrico aditivo
Quase 30 anos depois, o especialista
O Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, em sistemas de visão artificial
Ferramentas Especiais e Plásticos (Centimfe) abandona a imagem que
ampliou as suas instalações para acomodar acompanhou o crescimento da
novos equipamentos de fabrico aditivo. marca e adota as cores da Stemmer
Imaging, grupo a que pertence
desde 2019.

"Ao longo de todo este tempo aprendemos,

Com mais de 25 anos de experiência na produção de
protótipos, peças poliméricas e metálicas, bem como
pequenas séries, o Centimfe tem vindo a apostar nas
novas tecnologias aditivas, de forma a ampliar a gama
de serviços que oferece à indústria.
Com o investimento em nova tecnologia, o centro passa a
poder fabricar protótipos funcionais de elevado rigor, que
permitem um processo de industrialização mais robusto
e rápido, levando à diminuição do consumo energético
e de matérias-primas.
A gama de serviços inclui o acabamento final das peças
e a entrega em casa do cliente.
crescemos, tivemos momentos de muito
sucesso e outros tantos menos bons", explica
a empresa. “Hoje, decidimos reafirmar a deci-
são que tomámos em 2019 de nos juntarmos
à Stemmer Imaging, ao alinharmo-nos visual-
mente com este grupo a que nos orgulhamos
de pertencer”.
“Mudámos a nossa paleta de cores, mas não
os nossos valores, a proximidade ao mercado,
a confiança na nossa equipa e o nosso desejo
de continuar a evoluir com os nossos clientes",
refere a empresa.

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Planimolde
desenvolve conjunto
pedaleiro inovador
A Planimolde utilizou a sua
capacidade de I&D para desenvolver
um conjunto pedaleiro com
características inovadoras no
mercado de acessórios para bicicletas.
Fabricado em ligas de alumínio e
titânio, o BestCrank tem um peso
de até 500 g e é adequado para
utilização tanto em montanha, como
em estrada. Está preparado para
suportar até 50 mil ciclos (com 1800 N
de carga) de acordo com a norma ISO
4210: 2014.
Segundo Horácio Silva, do departamento
de I&D da empresa, a ideia de desenvolver
e maquinar internamente
um pedaleiro, aprovei-
tando o conhecimento
técnico e a tecnologia
de ponta instalada na
Planimolde, “surgiu
do desafio lançado
por um colega, na
altura proprietário de
uma empresa de venda
de bicicletas e acessórios
de elevada qualidade vindos
do exterior”.
A empresa aceitou o repto
e, para desenvolver o
BestCrank, estudou dife-
rentes materiais, geometrias,
processos e metodologias que
garantissem a máxima resistência e leveza. O
resultado: um conjunto ultraleve para bicicletas
de montanha e de estrada, facilmente adaptá-
vel e totalmente personalizável.
O estudo de novas estratégias e métodos de fre-
sagem, juntamente com a análise de diferentes
materiais e a futura implementação de sistemas
de paletização na produção para maximizar as
taxas de ocupação e eficiência das máquinas
foram igualmente forças motrizes por detrás
deste projeto.
De acordo com Horácio Silva, o BestCrank foi
testado por ciclistas profissionais, que “ficaram
muito agradados pelo peso do conjunto, resis-
tência e elevado desempenho do mesmo”.
EDITORIAL 5
Mudam-se os
tempos, mudam-se
as vontades
Durante décadas, o automóvel foi a principal força mo-
triz de várias indústrias nacionais, nomeadamente, da
metalomecânica. Apesar de continuar a ocupar um
lugar de destaque, diversos fatores têm vindo a contri-
buir para um abrandamento deste mercado, que passa
agora por uma fase de adaptação às medidas regulató-
rias de combate às alterações climáticas e de indepen-
dência dos combustíveis fósseis.
Neste cenário, a atenção dos consumidores e do poder
político vira-se para os meios de transporte alternativos,
como as bicicletas elétricas de transporte individual ou
de carga. No final de fevereiro, o Parlamento Europeu
adotou a resolução histórica de duplicar o uso de bi-
cicletas na Europa até 2030. Desta iniciativa deverão
resultar medidas concretas de apoio à indústria, e de
incentivo à mobilidade suave em meios urbanos, o que
é uma excelente notícia para Portugal, principal fabri-
cante de bicicletas da Europa.
Não faltem os materiais, e as empresas do cluster das
duas rodas podem contar com bastante trabalho pela
frente. Razão mais que suficiente para que os (poucos)
que ainda não o fizeram invistam agora na moderniza-
ção dos seus processos produtivos. Tecnologias como
a soldadura ou o corte a laser, abordadas nesta edição
da InterMetal, são um exemplo de soluções já utilizadas
por alguns fabricantes nacionais para otimizar a produ-
ção e entregar um produto de qualidade.
Por outro lado, iniciativas como o Centro de Interface
Tecnológico, criado no âmbito da Agenda Mobilizado-
ra para a Inovação Empresarial do Setor das 2 Rodas
(AM2R), prometem ajudar as empresas neste cami-
nho, por exemplo, através do desenvolvimento de no-
vos materiais, como explica Gil Nadais, secretário geral
da Abimota, na entrevista que concedeu à InterMetal e
que reproduzimos na página 18.
Nesta edição, abordamos também temas transversais,
interligados, e cada vez mais relevantes para a indús-
tria transformadora: a digitalização e a cibersegurança.
A primeira é a base para a criação de uma fábrica inte-
ligente e a segunda é essencial para mitigar os perigos
da IIOT. Quer saber como proteger a sua empresa e o
que fazer em caso de ataque? Leia a opinião dos espe-
cialistas na página 45.
Sendo este o primeiro número da InterMetal de 2023,
aproveitamos para desejar a todos os nossos leitores
um ano feliz, com muitos e bons negócios!
6 ATUALIDADE

Porto acolhe Sorma apresenta novo

conferência catálogo Nikko Tools
A empresa veneziana Sorma anunciou o
internacional dedicada lançamento de um novo catálogo da sua
marca de soluções de fixação mecânica
à automação flexível e Nikko Tools, com mais de 590 páginas e 6000
fabrico inteligente referências de produtos, alguns deles novos, e
uma extensa secção de informação técnica.
A 32ª edição da Conferência
Internacional FAIM (Flexible Automation
and Intelligent Manufacturing) realiza-se
de 18 a 22 de junho, no Instituto
Politécnico do Porto, sob o mote
‘Estabelecendo pontes para sistemas de
produção mais sustentáveis’.

A FAIM2023 sucede a uma série de Conferências

Internacionais de Automação Flexível e Fabrico
Inteligente realizadas em 26 cidades de 14 países
da Europa, América e Ásia.
A conferência irá abordar temas de caráter tecno-
lógico e de gestão, como: Automação e robótica;
Processos de fabrico e otimização; Máquinas e
desenho mecânico; CAD/CAM/CAE; Processamento
e caracterização avançada de materiais; Técnicas
de medição de vanguarda; Manutenção inova-
dora; Lean, Kaizen, Qualidade, e Produtividade;
Sustentabilidade e ‘Green Manufacturing’; Fatores
humanos no fabrico; Logística; Modelos mate-
máticos para a indústria e serviços; Inteligência
Artificial no Fabrico; IoT e Cloud Computing no
Fabrico e Serviços; Indústria 4.0/5.0.
Mais detalhes e inscrições através do site oficial
do evento - www.faimconference.org.
O novo catálogo apresenta todas as soluções Nikko Tools
para torneamento, fresagem, ranhuramento e roscagem.
Cada secção contém extensa informação técnica sobre
os produtos e as suas aplicações para permitir ao leitor
encontrar facilmente a melhor solução disponível.
Entre os novos produtos, destaque para o novo sistema
de fresagem de esquadria para materiais não ferrosos e
alumínio Alurek, e o novo sistema DXP para furação pro-
funda e grandes diâmetros, disponível nos tamanhos de
D30 a D60 (até D80 a pedido) e em comprimentos de 3,
6, 8 e 10 vezes o diâmetro.
Destaque ainda para a ampliação da gama de fresagem
de alto avanço HF4Plus com pastilha SD25, para fresagem
de grandes componentes e operações de maquinação exi-
gentes, e para a expansão da gama de fresagem RoundPlus
com a adição da família de pastilhas RC.

EUIPO lança nova edição do Fundo de Apoio aos

direitos de propriedade industrial das PME
O Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO) disponibiliza, a partir
agora, a nova edição do Fundo de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (PME) da
União Europeia (UE), para que estas possam beneficiar dos seus Direitos de Propriedade
Industrial (DPI).

No total, esta iniciativa de apoio às PME recebeu, em 2022, mais de 22 mil candidaturas de todos os Estados-
Membros da UE. Em Portugal, foram apresentadas cerca de 700 candidaturas.
Trata-se de um regime de subvenções que permite às PME um reembolso parcial das despesas tidas com os
pedidos de registo de marcas e design e serviços de pré-diagnóstico de Propriedade Industrial (PI) – IP Scan. Na
prática, com a admissão da candidatura é feita a emissão de vouchers que podem ser posteriormente ativados
para efetuar o reembolso parcial (%) das taxas relativas às modalidades selecionadas.

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 ATUALIDADE 7

Sétima edição do 'UKP

Workshop - Ultrafast Laser
Technology' realiza-se em abril
A cada dois anos, o UKP Workshop oferece aos
seus visitantes uma antevisão do estado da arte na
inovadora tecnologia de laser ultrarrápido. Este ano, o
evento volta a realizar-se em Aachen, Alemanha, nos
dias 26 e 27 de abril. Material do ânodo
de uma bateria de iões de lítio
estruturado a laser. Foto: Fraunhofer ILT.
Além de apresentar o estado atual das fontes de feixes de kW, o
workshop centrar-se-á no desenvolvimento de processos e futuros
mercados para o processamento de materiais por laser. Durante dois dias, investigadores e especialistas da indús-
tria voltam a reunir-se presencialmente para partilhar ideias sobre o tema.
O UKP Workshop reúne normalmente utilizadores de setores como o automóvel, de máquinas-ferramenta e de
bens de consumo, atraídos pela alta precisão da tecnologia USP, que desce até à gama de sub-micrómetros, e pela
sua baixa dependência das propriedades dos materiais. Além disso, novos métodos de paralelização tornam agora
possível a produção contínua de peças com elevado rendimento, por exemplo, no processamento de materiais
semicondutores ou na estruturação de elétrodos de bateria. Por poder ser utilizada para estruturar grandes super-
fícies, a radiação laser USP desempenhará um papel decisivo na aplicação do hidrogénio como fonte de energia.

Bollinghaus Steel
e Olitrem vencem Metal
Awards da ANEME
As empresas Bollinghaus Steel e Olitrem
foram as grandes vencedoras dos Metal
Awards, uma iniciativa da Associação
Nacional das Empresas Metalúrgicas
e Electromecânicas (ANEME), levada a
cabo no âmbito do projeto Valor Metal
2, cujo objetivo era premiar a inovação e
sustentabilidade das empresas do setor.

A Bollinghaus Steel venceu na categoria 'Ambiente', com o projeto 'Descarbonização via eletrificação do forno de
reaquecimento de biletes de aço inoxidável', que visa reduzir a dependência do gás natural, ao permitir desligar
a fonte primária de energia em todos os períodos de pausa, tornando a atividade da empresa mais económica
e assente na redução da sua pegada ecológica.
Por seu lado, a Olitrem - Indústria de Refrigeração, SA. foi reconhecida na categoria 'Digitalização', pela imple-
mentação de um Sistema de Gestão de Produção, em que uma ferramenta de disponibilidade e paragens das
linhas e máquinas permite analisar e acompanhar, de forma integrada, toda a produção fabril de forma mais
rápida e eficaz, digitalizando assim todo o processo.
A cerimónia de entrega dos galardões decorreu no dia 21 de dezembro, no Fórum Tecnológico de Lisboa, durante
o Seminário de Encerramento do Projeto Valor Metal 2. Durante o evento, foram apresentados os resultados
deste projeto e debatidos os principais desafios do setor, nomeadamente, a emergência da sustentabilidade, a
desadequação entre as qualificações da mão de obra e as competências necessárias na indústria, bem como
o roteiro para a descarbonização do setor, a necessidade de mudança rumo à economia circular e o estado da
implementação da digitalização nas empresas nacionais.

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8 ATUALIDADE

Fabricante suíço de
autocarros abre unidade
industrial na zona do Porto
A empresa suíça Hess, fabricante de autocarros,
está a construir uma fábrica na zona do Porto
para dar resposta à crescente procura de tróleis e
autocarros elétricos.

A tendência para a mobilidade elétrica atravessa toda a Europa

e inclui o segmento do transporte público, com diversas cida-
des a definirem prazos apertados para a substituição total das frotas que ainda funcionam a combustíveis fósseis.
A Hess é um dos principais fabricantes europeus deste tipo de veículos e, nos últimos meses, registou um forte
aumento de encomendas. Para responder à elevada procura, a empresa iniciou em dezembro de 2022 a constru-
ção de uma nova unidade fabril na zona do Porto.
Os veículos fabricados pela Hess requerem menos energia e permitem o funcionamento elétrico de rotas que atual-
mente funcionam a gasóleo. Recarregados durante a viagem sob as linhas aéreas existentes, graças a um inovador
sistema de gestão de energia, evitam períodos de imobilização.

Böllhoff divulga novo Expometal:

'Relatório de Sustentabilidade'
A Böllhoff, especialista em tecnologia de fixação e
sistemas de montagem, publicou recentemente um
novo relatório que demonstra as ações do grupo em
prol da sustentabilidade do planeta.
O Grupo Böllhoff estabeleceu
uma política de responsa-
bilidade social e ambiental
pensada nas gerações futuras.
A última edição do ‘Relatório
de Sustentabilidade’ do
Grupo foi publicada para for-
necer uma visão detalhada
da mesma.
“Concebemos uma estra-
tégia ambiciosa com uma
aspiração clara: as nossas
ações não devem ter um
impacto negativo sobre o
ambiente ou sobre os seres
humanos. Não queremos simplesmente cumprir com os requisitos
legais, mas sim ultrapassá-los. A forma como vivemos e promove-
mos a sustentabilidade na Böllhoff baseia-se numa abordagem
interdisciplinar, uma vez que a sustentabilidade engloba um amplo
espectro de questões que afetam todo o Grupo. Cada um dos nos-
sos departamentos assume a sua quota-parte de responsabilidade
e contribui para o sucesso da estratégia comum ao tomar as suas
próprias medidas”, refere fonte da empresa.
a nova feira
da Exposalão
para o setor da
metalomecânica
Realiza-se de 2 a 4 de
novembro de 2023,
na Batalha, a 1ª edição
da ExpoMetal - Salão de
máquinas, equipamentos,
ferramentas, matérias-
primas e tecnologia para
metalomecânica.
Em comunicado, a Exposalão escla-
rece que esta iniciativa pretende
“reunir no mesmo espaço as empre-
sas que fornecem e suportam o setor
da metalomecânica e fazer da feira o
palco de apresentação das propostas e
soluções de máquinas, equipamentos,
ferramentas, acessórios, matérias-pri-
mas e tecnologia”, tornando-a “a feira
de referência do setor”.
O certame decorre em simultâneo com
as feiras 3D Additive Expo, I4.0 Expo e
Subcontratação.

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FRESAGEM
A 5 EIXOS
Quando se trata de obter resultados otimiza-
dos, surge a Hermle no foco das soluções. Pre-
cisão a 5 eixos, robustez e fiabilidade, apoiadas
por uma capacidade técnica fora de série.

A MELHOR OPÇÃO PARA PRODUÇÕES

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10 SUSTENTABILIDADE

Península Ibérica terá uma

das primeiras fábricas de
aço verde da Europa
A Hydnum Steel anunciou que pretende construir uma unidade de
produção de aço verde em Puertollano, Espanha. Será a primeira
siderurgia ‘greenfield’ na Península Ibérica, e uma das primeiras na
Europa, concebida de raiz para utilizar energia não fóssil ao longo de
todo o processo de fabrico. Para o efeito, incorporará progressivamente
hidrogénio verde no processo de produção, com o objetivo de reduzir
substancialmente as emissões de CO2.

A
d
d
e

A siderurgia de última geração estará tecnologicamente preparada para utilizar energias não fósseis no processo de produção.
 SUSTENTABILIDADE 11

A nova fábrica ocupará uma superfície

de 1,3 milhões de metros quadrados. Numa primeira fase, está previsto um investimento
Numa primeira fase, está previsto um
investimento de 600 milhões de euros
de 600 milhões de euros e a criação de cerca
e a criação de cerca de 400 postos de de 400 postos de trabalho. O investimento total
trabalho. O investimento total deverá deverá ultrapassar 1 bilião de euros
ultrapassar 1 bilião de euros.

A escolha de Puertollano, na província
espanhola de Castilla-La Mancha, teve
em conta a localização estratégica do
local, perto dos centros logísticos do
centro, sul e leste de Espanha, bem
como de Portugal. Além disso, foram
considerados fatores como o inves-
timento de Portugal e Espanha na
produção de hidrogénio e de ener-
gias renováveis, como a solar e eólica.
A SIDERURGIA DO FUTURO:
SEM EMISSÕES, DIGITAL E
SUSTENTÁVEL
A indústria siderúrgica é responsável
por aproximadamente 9% das emis-
sões de dióxido de carbono no mundo
e 7% na União Europeia. A fábrica da
Hydnum Steel será construída com
tecnologia de nova geração conce-
bida para substituir a utilização de
combustíveis fósseis por hidrogénio
verde, contribuindo assim para a des-
carbonização do setor.
O processo de produção da Hydnum
Steel será altamente eficiente, automa-
tizado e seguro graças à aplicação de
novos desenvolvimentos tecnológicos
em termos de digitalização, visão e
inteligência artificial. Estará também
em conformidade com os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS)
centrados no setor da siderurgia, con-
templando medidas enquadradas
na economia circular, que incluem
a reciclagem de sucata, a minimiza-
ção da água utilizada e a valorização
dos resíduos e subprodutos gerados
durante o fabrico.
Com este investimento, a Hydnum
Steel assume um compromisso de
reindustrialização, geração de riqueza
e criação de emprego. Para além do
seu impacto local, nasce também com
a vocação de reforçar a autonomia
do mercado europeu, mitigando o

Maior precisão e flexibilidade de produção

Novo bombeado automático com maior altura de abertura e curso
A série HRB combina um novo design com as já bem conhecidas características da série HFE3i. Para aumentar ainda mais a produtivi-
dade, estas quinadoras são equipadas com o mais recente e inovador interface “multi-touch” AMNC 3i com modo “Lite”. Graças ao novo
dispositivo de bombeado automático, peças de alta qualidade podem ser produzidas com maior precisão, mantendo baixos custos de
energia e incrível estabilidade durante todo o processo. Disponível em dois tamanhos, 100 toneladas 3 metros e 220 toneladas 4 metros.

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12
Numa primeira fase, está
previsto um investimento de
600 milhões de euros.
défice comercial de um produto estra-
tégico como o aço. A fábrica aspira a
tornar-se um modelo para a descarbo-
nização da indústria e uma referência
no roteiro para a autonomia energé-
tica na Europa.
O projeto Hydnum Steel está a ser
implementado através de uma estreita
colaboração entre a holding Helvella,
como empresa de investimento, e as
empresas Siemens, ABEI Energy e
Russula Corporación.
Como parceiro tecnológico no projeto,
a Siemens irá fornecer soluções de
fábrica digital nas fases de conceção,
SUSTENTABILIDADE
fabrico e manutenção da fábrica. Estas
soluções, baseadas no conceito Digital
Twin, incluem software de desenho
e simulação, sistemas de automa-
ção industrial, sistemas de controlo
e monitorização, cibersegurança, sus-
tentabilidade, inteligência artificial e
manutenção preditiva.
Um dos objetivos da Siemens neste
projeto é ajudar a reduzir a pegada de
carbono com tecnologia baseada num
sistema energético descentralizado
que facilita a integração de tecnolo-
gias renováveis e a descarbonização
do processo industrial. Para este fim, a
empresa irá fornecer aplicações digi-
tais que gerem as emissões de forma
rápida e flexível e poupam nos custos
energéticos.
A ABEI Energy é um produtor inde-
pendente que gere integralmente
projetos de produção de eletricidade
a partir de fontes renováveis em paí-
ses como Espanha, Estados Unidos,
Reino Unido, França, Itália e Polónia,
e aporta experiência na produção de
hidrogénio verde.
Por seu lado, a Russula Corporación
está envolvida na indústria do aço há
várias décadas, fornecendo soluções
tecnológicas inovadoras aos principais
produtores de aço em todo o mundo.
A dimensão do projeto exige a sua
abertura a outros players, pelo que se
espera que novos parceiros, tanto inves-
tidores como tecnológicos, se juntem
em breve a esta aliança estratégica. n
 Tecnologias de fixação Böllhoff

Os seus projetos tornam-se realidade graças às

nossas tecnologias de fixação 360º
Novos materiais e suas combinações exigem desenvolvimentos inovadores.
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14

Soluções industriais
para a conectividade
e neutralidade climática
A lista de desafios que a indústria enfrenta é longa: alterações
climáticas, aumento dos preços da energia, perturbações
nas cadeias de abastecimento e escassez de mão-de-obra
qualificada. A solução para estes desafios reside na utilização
da tecnologia adequada. Ao mesmo tempo, os governos
precisam de acertar a sua política económica. A Hannover
Messe 2023 abrange não só tecnologias para uma indústria
conectada e neutra para o clima, mas também proporciona
um fórum para uma discussão política global entre a
indústria, o governo, a ciência e os representantes sociais. O
certame decorre de 17 a 21 de abril, em Hanôver, Alemanha.

O Photo Bionic Cell, da Festo, é um

exemplo de como a tecnologia pode
ser usada no combate às alterações
climáticas. O protótipo consegue gerar
as condições ideais para a produção em

“Produção neutra em carbono, inte-
ligência artificial, tecnologias de
hidrogénio, gestão de energia e
Indústria 4.0 - estes são os princi-
pais temas da Hannover Messe 2023”,
refere Jochen Köckler, presidente do
Conselho de Administração do grupo
de empresas Deutsche Messe. “Só a
interação destas tecnologias permi-
tirá salvaguardar de forma sustentável
a nossa prosperidade e, ao mesmo
tempo, impulsionar a proteção climá-
tica”, afirma. Na feira líder mundial da
indústria, cerca de 4 mil empresas das
indústrias mecânica, elétrica e digital,
bem como do setor energético, apre-
sentarão soluções para a produção e
o fornecimento da energia do futuro.
A Hannover Messe oferece aos visi-
tantes uma abordagem holística para
os seus processos produtivos, desde
a digitalização e automatização de
processos de produção complexos e a
utilização de hidrogénio até às fábricas
de energia e a utilização de software
para registar e reduzir a pegada de
carbono.
Entre os expositores deste ano,
encontramos empresas tecnológi-
cas globais como a Amazon Web
Services, Microsoft, Google, SAP,
Siemens, Bosch, Nokia, ServiceNow
e Schneider Electric, bem como líde-
res tecnológicos de média dimensão
como a Beckhoff, Festo, Harting, ifm,
Pepperl+Fuchs, Phoenix Contact, Rittal
e SEW. Institutos de investigação de
renome como o Fraunhofer ou o KIT
(Karlsruhe Institute of Technology), bem
como mais de 300 start-ups, prome-
tem tecnologias de ponta e modelos
empresariais completamente novos.
massa de microalgas, capazes de capturar
grandes quantidades de CO2 da atmosfera.
A Hannover Messe será inaugurada
pelo Chanceler alemão Olaf Scholz
e pelo Presidente indonésio Joko
Widodo. A Indonésia é o país parceiro
deste ano na feira industrial.
INDUSTRIE 4.0 &
MANUFACTURING X
São necessárias grandes quantida-
des de dados para explorar todo o
potencial da Indústria 4.0 - dados aos
quais todas as empresas envolvidas
na cadeia de criação de valor devem
ter acesso. Um novo ecossistema de
dados interligados - Manufacturing
X - é parte da solução.
 15

Esta visão de uma plataforma de dados

soberana e segura está a ser impul-
sionada pelas associações industriais
BDI, VDMA e ZVEI, entre outras. Os pri-
meiros passos para a implementação
do Manufacturing X serão apresenta-
dos na Hannover Messe em estreita
cooperação com o Ministério Federal
Alemão dos Assuntos Económicos e
Ação Climática.

“O objetivo é preservar a independência

das empresas. Elas não devem perder
o acesso à interface com o cliente,
mas também precisam de explorar
o potencial da economia da plata-
forma”, salienta Köckler.

ChatGPT - BOM TAMBÉM

PARA A INDÚSTRIA?
A inteligência artificial (IA) desempenha
um papel cada vez mais importante
na indústria. Para além de otimizar
os processos, esta tecnologia reve-
la-se um forte aliado na simulação e
desenvolvimento de produtos.

O hardware industrial
é um elemento chave
do ecossistema de
dados interligados
Manufacturing X que está
em desenvolvimento.
16
São necessárias grandes quantidades
de dados para explorar todo
o potencial da Indústria 4.0
Por isso, é de esperar que a chamada IA
generativa também venha a encontrar
o seu caminho na indústria. Sistemas
como o ChatGPT ou o DALL-E já dão
um suporte importante na criação de
textos, programação e desenhos. “No
futuro, é bastante concebível que a IA
seja capaz de desenhar uma máquina
e nós só tenhamos de verificar os
ajustes são necessários para o fun-
cionamento real. Isto poupa tempo
e oferece um potencial considerável
tendo em conta a escassez prevale-
cente de trabalhadores qualificados”,
assegura Köckler. Sobre o tema da
IA, a Hannover Messe oferece uma
gama abrangente de visitas, fóruns e
apresentações de ferramentas de IA,
bem como casos de utilização exibi-
dos nos stands dos expositores.
TORNAR VISÍVEIS OS FLUXOS
DE ENERGIA E O CONSUMO
A interação entre o software e as
máquinas cria um considerável
potencial de poupança de energia.
As soluções inteligentes de monitori-
zação energética dos expositores da
Hannover Messe ajudam a identificar
e otimizar o consumo de energia ao
nível da máquina, reduzindo assim a
pegada de carbono.
“A maioria dos utilizadores industriais
ainda mal conhecem as numerosas
formas ocultas de consumo”, explica
A indústria quer utilizar o
hidrogénio verde para se libertar
da dependência da energia fóssil e
reduzir as emissões de carbono.
Köckler. Motores não regulados em
bombas, ventiladores, compressores
ou máquinas ainda fazem parte da
vida quotidiana em muitas fábricas.
Sem tecnologia de controlo inteli-
gente e a interação da engenharia
elétrica e das TI, as melhorias da efi-
ciência energética dificilmente são
exequíveis.
De acordo com Köckler, “a indústria
consome cerca de 45 por cento da
eletricidade na Alemanha. As solu-
ções apresentadas pelas empresas
expositoras podem dar um contributo
importante para um aumento signi-
ficativo da eficiência energética no
domínio da produção".
 17

O HIDROGÉNIO COMO como um vetor energético essen- “Mais de 500 empresas da Hannover
FONTE DE ENERGIA cial para o sucesso a longo prazo da Messe irão apresentar soluções para
E ESPERANÇA NO FUTURO transição energética e da proteção a utilização de hidrogénio na indús-
O hidrogénio verde é o grande climática. tria”, diz Köckler. “Isto faz desta feira a
assunto do momento. A indús- maior e mais importante plataforma
tria quer utilizá-lo para se libertar Ainda assim, existem desafios. A pro- do mundo a cobrir temas relaciona-
da dependência da energia fóssil dução de hidrogénio é um processo dos com o hidrogénio”.
e reduzir as emissões de carbono. complexo e dispendioso. As questões
O Gabinete Federal Alemão para de disponibilidade, transporte e arma- PAÍS PARCEIRO: INDONÉSIA
Assuntos Económicos e Proteção zenamento em grande escala ainda Depois de Portugal, em 2022, este ano
Climática descreve o hidrogénio têm de ser resolvidas. o país parceiro da Hannover Messe
é a Indonésia, a maior potência eco-
A Hannover Messe é a principal feira mundial da indústria. Sob o tema nómica da região da ASEAN. Sob o
‘Transformação Industrial - Fazendo a Diferença’, o evento une os setores lema ‘Making Indonesia 4.0’, o país
de exposição de Automação, Movimento & Acionamentos, Ecossistemas assume a intenção de vir a ser uma
Digitais, Soluções Energéticas, Peças & Soluções de Engenharia, Futuro das dez maiores economias do mundo
Centro, Ar Comprimido & Vácuo e Negócios & Mercados Globais. Os tópi- até 2030. Espera-se que as energias
cos-chave incluem a produção neutra em CO2, gestão de energia, Indústria renováveis representem cerca de 51,6
4.0, inteligência artificial e aprendizagem de máquinas, e hidrogénio e por cento da produção total de ele-
células de combustível. O programa da exposição é complementado tricidade até lá. Na Hannover Messe,
por uma série de conferências e fóruns. A edição deste ano terá lugar esta nação em ascensão apresenta-se
em Hanôver, Alemanha, de 17 a 21 de abril. como um parceiro fiável para empre-
sas de todo o mundo. n

A comitiva portuguesa,
durante a visita à
Hannover Messe 2022.
18
GIL NADAIS,
SECRETÁRIO GERAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL
DAS INDÚSTRIAS DE DUAS RODAS (ABIMOTA)
“A indústria
portuguesa de
bicicletas está no
topo da indústria
europeia e mundial
das duas rodas”
Luísa Santos
Portugal ocupa, desde 2019, o primeiro
lugar do pódio da indústria europeia
de bicicletas. Em 2022, o setor das
duas rodas ultrapassou mesmo a
meta dos 800 milhões de euros de
vendas ao exterior, com mais de três
milhões de unidades produzidas. Nesta
conversa com o secretário geral da
Abimota, percebemos que os resultados
alcançados se devem à elevada
qualidade das bicicletas nacionais.
Gil Nadais garante, no entanto, que
a intenção do setor é ir ainda mais
longe, desenvolvendo novos materiais
e processos de fabrico, no âmbito da
Agenda Mobilizadora AM2R.
ENTREVISTA
Gil Nadais ocupa o cargo de secretário
geral da Abimota deste 2018.
Começo por lhe pedir que nos conte um pouco da
história e atividade atual da Abimota.
A Abimota nasceu em 1975, ligada aos industriais do setor
das duas rodas. Mais tarde, nos anos 80, passou também
a representar os setores das ferragens e do mobiliário
metálico.
Mas a Abimota é uma associação um pouco diferente das
outras: para além dos serviços que presta aos associados
– formação, apoio jurídico, entre outros -, tem também
um laboratório de testes de conformidade e de desenvol-
vimento de produto, essencialmente dedicado às duas
rodas. Trata-se, aliás, do único laboratório da Península
Ibérica a fazer certificação de bicicletas.
Além disso, realizamos anualmente um grande prémio
de ciclismo, que este ano celebra a sua 43ª edição.
No vosso laboratório, testam apenas componentes
ou também as bicicletas já montadas?
Antes de chegar ao mercado, uma bicicleta tem de passar
por mais de 100 testes diferentes, que garantem a segu-
 ENTREVISTA
rança e qualidade do produto. Começamos por testar
a bicicleta e, posteriormente, cada um dos componen-
tes individuais, para termos a certeza que cumprem os
requisitos impostos pelas normas europeias e mundiais.
Atualmente, temos também a possibilidade de efetuar
ensaios específicos para as bicicletas elétricas, como os
testes elétricos, ou de compatibilidade eletromagnética,
realizados com parceiros nacionais.
De salientar que o nosso laboratório está também disponí-
vel para os setores das ferragens e do mobiliário metálico.
Na verdade, testamos uma gama muito variada de pro-
dutos. Costumamos dizer aos nossos clientes: Traga-nos
o problema que nós procuramos uma solução!
Neste momento, é possível montar uma bicicleta
apenas com componentes fabricados em Portugal?
Se for uma bicicleta de pista, sim. Mas, para os outros seg-
mentos, há componentes que ainda não são fabricados
em Portugal, nem sequer na Europa, como é o caso das
cassetes de mudanças ou dos travões hidráulicos. Todos
os outros, sim, já se fabricam cá.
19
Já fazemos, por exemplo, quadros em carbono…
Exatamente. Hoje, podemos dizer que a indústria portu-
guesa de bicicletas está no topo da indústria europeia e
mundial das duas rodas. Não estamos no mercado de
entrada de gama, de preços mais baixos. Embora a maior
empresa de montagem de bicicletas da Europa esteja
em Portugal, estamos muito mais vocacionados para o
mercado de gama média e alta. Daí a existência de fábri-
cas como a que se referiu, a Carbon Team, que fabrica
quadros em carbono, mas também temos quem faça
selins, espigões, guiadores, cranks ou rodas em carbono.
Além disso, produzimos componentes como as rodas
pedaleiras maquinadas numa peça única ou com os
eixos em titânio. Mas não só. Temos, por exemplo, a única
fábrica da Europa a fabricar quadros em alumínio num
processo robotizado, a Triangles; a maior fábrica mun-
dial de cadeiras para transporte de bebés, a Polisport; o
maior fabricante europeu de correntes para bicicletas,
a SRAM; já para não falar na maior fábrica de rodas da
Europa, a RODI, e da Miranda, que faz sobretudo cranks
para bicicletas e que é uma das mais inovadoras empre-
sas europeias deste setor.
20 ENTREVISTA
Portanto, temos um conjunto de empresas que se afir-
mam pela diferenciação e pelo fabrico de produtos de
elevada qualidade.
Quantos associados tem a Abimota? De que tipologias?
A Abimota tem mais de 150 associado, 80 deles do setor das
duas rodas, onde se incluem os fabricantes de todo o tipo
de componentes e as empresas que montam bicicletas.
Pela sua análise, que fatores contribuíram para que
Portugal seja atualmente o maior produtor europeu
de bicicletas?
Alcançámos esta posição, essencialmente, graças à qua-
lidade dos produtos que fazemos.
É verdade que o projeto Portugal Bike Value teve um
papel importante neste percurso, pois ajudou as empre-
sas nacionais a afirmarem-se na Europa enquanto cluster
empresarial, dando a conhecer as suas competências. Mas
os resultados conseguidos só foram possíveis porque os
produtos que estas empresas tinham para oferecer eram
de elevada qualidade.
Além disso, existe uma crescente consciencialização
ambiental, principalmente no Norte e Centro da Europa,
que leva as pessoas e as empresas a procurar meios de
mobilidade suave, independentes dos combustíveis fós-
seis. Esse é, talvez, o principal fator que está a contribuir
para o desenvolvimento do nosso setor.
A tudo isto acresce o facto de os europeus procurarem
cada vez mais produtos feitos na Europa. Felizmente,
temos conseguido dar resposta a essa procura.
Que percentagem da produção nacional de bicicle-
tas se destina à exportação?
Estimamos que, atualmente, mais de 95% das bicicletas
e dos componentes montados em Portugal vão para os
mercados externos.
Quais são os principais países de destino?
Mais de 90% das exportações destinam-se aos mercados
europeus. Apesar de existir alguma oscilação entre os vários
países, Alemanha, França e Holanda estão a cimentar-se
como os principais destinos das bicicletas portuguesas.
A eletrificação surge como uma das principais ten-
dências do setor. Este é um desafio para os fabricantes
de componentes?
Sim, é um desafio na medida em que têm de respeitar
normas de segurança e obrigações legais que não exis-
tem nos componentes para bicicletas tradicionais. Mas,
igualmente, o peso de uma bicicleta elétrica é superior
ao de uma convencional e isso, naturalmente, obriga os
fabricantes a estruturar os componentes de outra forma, o
que implica adaptações no processo produtivo. De qual-
quer modo, a indústria portuguesa do setor das duas rodas
tem plena consciência desta necessidade e está a dar a
resposta adequada. O grande crescimento na produção
para este segmento reflete isso mesmo.
Que outras tendências identifica?
Além das elétricas, existe um enorme aumento da procura
de bicicletas de carga, as cargo-bikes, principalmente no
centro da Europa. E muitas delas já estão a ser fabrica-
das em Portugal.
No entanto, eu diria a grande tendência, subjacente a estes
dados, é a já referida consciência ecológica por parte da
população europeia, associada à tentativa de indepen-
dência dos combustíveis fósseis.
Felizmente, trata-se de uma tendência que tem sido acom-
panhada por políticas públicas para tornar as cidades
mais sustentáveis, mais viradas para as pessoas, e que
beneficiam os utilizadores de bicicletas.
No caso concreto de Portugal, a generalização de medi-
das como o Projeto de Mobilidade Empresarial poderia
fazer aumentar a taxa de utilização de bicicletas?
Esse projeto está previsto no orçamento de Estado, mas
ainda não está regulamentado. No entanto, devo referir
que Portugal foi o primeiro país da Europa a baixar o IVA
das bicicletas, de 23 para 6%, o que deveria representar
um grande benefício para os utilizadores. É de lamentar
que esta baixa não tenha sido repercutida no preço final
das bicicletas, que deveria de ter descido 17%, mas, regra
geral, desceu muito menos que isso.
Esperamos que, entretanto, o Fundo Ambiental disponi-
bilize mais verbas para apoiar a compra de bicicletas e
que as convencionais passem a ser apoiadas na mesma
medida que as elétricas. Seria uma medida importante
para se democratizar a utilização deste meio de transporte.
A atual conjuntura e a consequente instabilidade das
cadeias de abastecimento de componente e maté-
rias-primas podem condicionar o desempenho do
setor este ano?
Sim, as cadeias de abastecimento do setor são bastante
compridas e a atual instabilidade está a causar alguns
constrangimentos no mercado com os quais, temos de
dizê-lo, não sabemos muito bem como lidar.
Que outros fatores podem condicionar o crescimento?
A falta de mão de obra qualificada é um problema?
Sim, a falta de mão de obra é, de facto, um dos principais
problemas. No entanto, o setor tem vindo a pagar venci-
 ENTREVISTA
"O setor vive uma realidade
interessante, mas estamos
apostados em melhorá-la
ainda mais"
mentos um pouco acima da média e a recorrer a mão de
obra imigrante, conseguindo assim colmatar essa falha.
Em termos gerais, as empresas do setor (quer fabri-
cantes de componentes, quer integradores) estão
bem equipadas? Existe, por exemplo, investimento
em corte laser, soldadura robotizada, soluções de
digitalização?
As empresas do setor das duas rodas, não todas, mas na
sua grande maioria, estão bem equipadas e respondem
aos mais elevados standards mundiais. Temos por exem-
plo, empresas que são únicas na soldadura de alumínio e
só o conseguem fazer com perfeição porque têm tecno-
logias inovadoras como o corte laser ou o hydroforming.
Neste âmbito, um elevado número de empresas do setor
apostou numa Agenda Mobilizadora do PRR [Agenda
Mobilizadora para a Inovação Empresarial do Setor das
Duas Rodas (AM2R)] que prevê o investimento de mais de
210 milhões de euros na qualificação do setor, na aproxi-
mação aos centros de conhecimento e na melhoria dos
produtos que são fabricados em Portugal.
Eu diria que temos uma realidade interessante, mas esta-
mos apostados em melhorá-la ainda mais.
Tecnologias como o fabrico aditivo são cada vez mais
usadas para produzir peças complexas, ou à medida,
com significativas poupanças de tempo e de custos
com matéria-prima. As empresas nacionais também
estão a investir nesta área?
Esse tipo de tecnologia é dispendioso e, por norma, ape-
sar das bicicletas poderem atingir valores muito altos, o
preço dos seus componentes é baixo e não justifica o
investimento.
No entanto, a nossa intenção é passar a disponibilizar essa
e outras tecnologias no Centro de Interface Tecnológico
que estamos a construir, no âmbito da AM2R. Dessa forma,
a empresas poderão testar os equipamentos antes de
decidirem comprá-los.
Em que fase está o CIT?
Já foi criado, já tem pessoas a trabalhar e, portanto, estamos
em plena fase de arranque, com todas as vicissitudes dos
novos projetos. É uma iniciativa que está a gerar bastante
PT-13xx-igus bike 85x125_CC (GS).indd 1
21
atenção por parte do mercado e, por isso, acreditamos
que nos vai permitir ajudar o setor a dar um salto quali-
tativo importante.
Além do fabrico aditivo, que outras valências terá
o Centro?
Um dos nossos objetivos passa pelo desenvolvimento de
novos materiais, não só internamente, mas também em
conjunto com as Universidades e com outros Centros de
Tecnologia. A bicicleta é um produto que pode ainda ser
muito melhorado. Acreditamos que as nossas cidades vão
exigir uma bicicleta diferente das que existem hoje, que
ofereça uma experiência cada vez mais prazerosa ao utiliza-
dor. E isso só é conseguido através de materiais inovadores,
como os biomateriais ou os polímeros. Mas a valência do
BIKiNNOV, o organismo criado para gerir o CIT, irá muito
mais além, estando próximo das empresas e procurando
as melhores soluções para que o setor continue a crescer.
Qual é o prazo para a conclusão da Agenda Mobilizadora
AM2R?
As agendas mobilizadoras têm de ter os projetos concluí-
dos até 31 de dezembro de 2025 e estamos certos que,
nesse momento, o setor das duas rodas português será
(ainda) mais forte. n
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23.02.23 09:22
22 INDÚSTRIA DE BICICLETAS

A indústria portuguesa
de bicicletas:
um caso de sucesso
Impulsionado pela crescente procura de soluções de mobilidade
sustentáveis, o setor português das duas rodas é atualmente um dos mais
pujantes a nível internacional. Constituído por menos de uma centena de
empresas, conseguiu, em 2022, alcançar um volume de vendas ao exterior
superior a 800 milhões de euros e promete não ficar por aqui.

Luísa Santos

Parque de bicicletas elétricas

urbanas, em Lisboa.
 INDÚSTRIA DE BICICLETAS
A Triangle’s é a primeira fábrica do mundo
a produzir quadros de bicicleta em
alumínio de forma robotizada.
Portugal tem mais de um século de
história no fabrico de bicicletas. As
primeiras ‘Vilar’ foram construídas
na íntegra, em 1922, pela portuense
Vilarinho e Moura Lda., também
conhecida por Fábrica Nacional de
Bicicletas (FNB).
Apoiado por uma forte indústria meta-
lomecânica, o setor ganhou força
depois da Segunda Guerra Mundial,
com diversas empresas europeias a
deslocalizar as suas unidades para
Portugal, onde os custos de produção
eram significativamente mais baixos.
Mais tarde, o boom da industrializa-
ção dos países asiáticos levou muitas
dessas empresas a abandonar o país.
Apesar disso, o setor manteve a sua
atividade e, em 2013, uma iniciativa
da Associação Nacional das Indústrias
de Duas Rodas (Abimota), o projeto
Bike Value Portugal, ajudou os fabri-
cantes nacionais de bicicletas e de
componentes a posicionarem-se inter-
nacionalmente como um cluster de
excelência, alavancado pela elevada
qualidade dos seus produtos.
Nos últimos anos, a crescente consciên-
cia ecológica dos europeus, aliada aos
constrangimentos nas cadeias de abas-
tecimento provocados pela pandemia,
fez aumentar a procura de bicicletas
feitas na Europa. E Portugal estava
bem posicionado para dar resposta.
23
Em 2022,
as exportações
do setor
aumentaram 37%
em relação
ao ano anterior
Resultado: entre 2015 e 2022, o setor
conseguiu aumentar as exportações
de 280 para 800 milhões de euros.
Hoje, o país orgulha-se de ter a pri-
meira fábrica do mundo a produzir
quadros de bicicleta em alumínio
de forma robotizada, a Triangle’s, de
Águeda; o maior produtor europeu
de rodas, a Rodi, de Aveiro; o maior
fabricante europeu de correntes para
bicicletas, a Sramport, de Coimbra;
uma das mais inovadoras empresas
europeias do setor, especialista em
cranks para bicicletas, a Miranda, de
Águeda; a líder mundial no fabrico de
cadeiras de transporte para bebés,
a Polisport, da Carregosa; a maior
fábrica de montagem de bicicletas
da Europa, a RTE, de Vila Nova de Gaia;
e a primeira fábrica europeia de qua-
dros para bicicleta feitos em fibra de
carbono, a Carbon Team, de Vouzela,
com uma capacidade de produção
instalada de 55 mil quadros por ano.
Uma nota adicional para a mais recente
adição ao setor, a Bikap, criada em 2022
para montar essencialmente bicicle-
tas elétricas. A nova fábrica, instalada
em Anadia, tem uma capacidade de
produção inicial de 50 mil unidades
por ano e é totalmente alimentada
por energia solar.
AM2R: A AGENDA
MOBILIZADORA PARA
IMPULSIONAR A INOVAÇÃO
NAS DUAS RODAS
No final de 2021, um consorcio com-
posto por 34 empresas do setor,
24
A tecnologia de corte a laser oferece elevada precisão, essencial para a qualidade do produto final.
quatro instituições académicas
(Universidades de Aveiro, Universidade
de Coimbra, INEGI e PIEP) e uma
associação (Abimota) viu apro-
vada a Agenda Mobilizadora para a
Inovação Empresarial do Setor das 2
Rodas (AM2R), integrada no Plano de
Recuperação e Resiliência.
Liderada pela Polisport, a AM2R con-
templa 64 projetos, num investimento
superior a 210 milhões de euros, cujo
objetivo global é "diversificar a estru-
tura produtiva de produtos e serviços
deste setor". Esta iniciativa deverá dar
origem a novos modelos de bicicle-
tas; novos materiais para o fabrico de
componentes inovadores; processos
de fabrico mais sustentáveis em con-
sumo energético e pegada carbónica;
maior eficiência da cadeia logística do
setor através de introdução de tec-
INDÚSTRIA DE BICICLETAS
nologias digitais e automação. Além
disso, o consórcio pretende reforçar
a criação de emprego qualificado,
aumentar o peso das exportações
do setor e diminuir a dependência
de fornecedores externos.
Para apoiar estes objetivos, foi criada a
assocação Bike Value Innovation Center
(Bikinnov), cuja principal competên-
cia será gerir o Centro de Interface
Tecnológico, um espaço equipado
com tecnologia de ponta para aju-
dar as empresas do setor nos seus
processos de inovação.
ELÉTRICAS: UMA GARANTIA
DE TRABALHO PARA OS
PRÓXIMOS ANOS
De acordo com a consultora
Precedence Research, em 2021, o mer-
cado global das bicicletas elétricas foi
avaliado em cerca de 16 mil milhões
de euros e espera-se que atinja mais
de 38 mil milhões de euros até 2030,
com uma taxa de crescimento anual
composta (CAGR) de 9,6% entre 2021
e 2030. Na Europa este é, de resto, o
segmento mais dinâmico. Segundo a
Confederação da Indústria Europeia
de Bicicletas (CONEBI), em 2021, dos
22 milhões de bicicletas vendidas na
Europa, cinco milhões eram elétricas.
Não falamos apenas de ‘e-bikes’, mas
também das ‘cargo bikes’, bicicletas
que incluem um elemento para trans-
porte de carga. Para os puristas, uma
bicicleta é uma bicicleta, não uma
espécie de carro com duas rodas. Mas,
existe um público tradicionalmente
não utilizador de bicicletas, para o
qual um meio de transporte individual
que lhes dê comodidade, sem pesar
 INDÚSTRIA DE BICICLETAS 25

na carteira, pode ser uma solução.

Assim se instalem as infraestruturas
de parqueamento e carregamento
necessárias. No Cento e Norte da
Europa, as ‘cargo bikes’, são já uma
realidade, utilizadas principalmente
por empresas para deslocações de
curta duração.
A tendência de crescimento do seg-
mento elétrico é uma boa notícia para
a indústria metalomecânica portu-
guesa, mais precisamente para os
fabricantes de estruturas metálicas
soldadas, quer se trate de tubo, per-
fil ou chapa. De facto, a soldadura
é um processo crucial em qualquer
bicicleta, mas assume relevância adi-
cional nas elétricas, mais pesadas por
causa das baterias. Para compensar,
os fabricantes procuram quadros mais
leves que os tradicionais, em aço. As
soluções mais interessantes são a fibra
de carbono e, nos metais, o titânio e
o alumínio. No entanto, soldar estes
O Parlamento Europeu adotou
uma resolução que visa duplicar
o uso de bicicletas na Europa até 2030
materiais não é tarefa fácil e exige
equipamento de corte e soldadura
adequados. Em ambos os casos, a
tecnologia laser, mais precisa, pode
ser uma boa alternativa.
Naturalmente, estas novas estruturas
têm também novos critérios a cum-
prir, nomeadamente de segurança
elétrica. Gil Nadais, secretário-geral
da Abimota, lembra que a associa-
ção “disponibiliza um laboratório de
testes elétricos e de compatibilidade
eletromagnética (em colaboração com
outras entidades) que garante a con-
formidade das peças que vão para o
mercado”.
PROCESSOS INDUSTRIAIS,
DOS MAIS TRADICIONAIS AOS
MAIS INOVADORES
A evolução do mercado das bicicletas
obrigou a maior parte dos fabricantes
de peças metálicas para este seg-
mento a modernizar as suas unidades
produtivas, de forma a garantir não
só a qualidade dos produtos, como
também a quantidade exigida para
responder à procura. A adoção de
processos como a soldadura robo-
tizada ou a impressão 3D de peças
com geometrias complexas são alguns
dos exemplos que podemos encon-
trar hoje nas fábricas nacionais. Mas,
além destes, existem muitas outras

O setor das
duas rodas
emprega
atualmente
cerca de 8000
trabalhadores

A soldadura é um processo
crucial em qualquer bicicleta,
mas assume relevância
adicional nas elétricas.
26
Pedais e travões impressos em 3D na máquina TruPrint 3000, da Trumpf. Este equipamento de médio formato utiliza o processo de fusão
a laser com base em leito de pó para produzir peças de metal complexas.
tecnologias envolvidas na produção
moderna de uma bicicleta.
Tomemos como exemplo a produção
dos quadros, onde processos automa-
tizados como o corte a laser de tubo e
chapa são cada vez mais utilizados. Os
equipamentos atualmente disponíveis
no mercado, altamente eficientes e
precisos, oferecem tolerâncias muito
baixas que, por seu lado, garantem
juntas perfeitas para soldaduras em
diversos materiais.
Por outro lado, também o processo
de curvatura de perfil ou a confor-
mação de tubo e arame é hoje mais
eficiente, graças às máquinas que o
realizam forma automática e rápida.
A estes, acresce a estampagem e a
tradicional maquinação CNC (fresa-
gem ou torneamento), essencial para
garantir as dimensões pré-definidas
de cada peça do quadro antes do
processo de soldadura. Esta, por seu
INDÚSTRIA DE BICICLETAS
lado, pode ser robotizada ou manual.
A tecnologia escolhida (MIG/MAG,
TIG, brasagem, plasma ou laser, por
exemplo), vai depender dos requisitos
técnicos do projeto, dos volumes de
produção e, claro, do material.
Depois de soldados, os quadros são
sujeitos a tratamento de superfície
- e, eventualmente, térmico –, pinta-
dos e sujeitos a controlo de qualidade
para garantir a qualidade da geome-
tria final e, por exemplo, dos cordões
de soldadura.
UM FUTURO PROMISSOR
À capacidade instalada em território
nacional, junta-se a vontade política
de fazer deste setor uma bandeira da
reindustrialização verde da Europa.
Na sessão plenária de 16 de fevereiro de
2023, pela primeira vez, o Parlamento
Europeu adotou uma resolução que visa
duplicar o uso de bicicletas na Europa
até 2030. Os deputados reconheceram
que, no caminho para a neutralidade
carbónica, é "urgente e necessário" ofere-
cer mais apoio à indústria de bicicletas,
que se pode traduzir em financiamento
de projetos de I&D&I, na diminuição
generalizada do IVA das bicicletas por
toda a Europa e no desenvolvimento de
infraestruturas adequadas como ciclo-
vias, parques dedicados a este tipo de
transporte e postos de carregamento
para as elétricas. Além disso, os países
da UE serão incentivados a aumentar
o apoio dados às populações para a
compra de bicicletas.
Em declarações à imprensa interna-
cional, Manuel Marsilio, diretor-geral
da CONEBI, assegura que "esta é
uma oportunidade histórica para o
crescimento do setor e um claro reco-
nhecimento do seu papel crucial no
ecossistema da mobilidade, dentro
da estratégia industrial da UE”. Para
as empresas portuguesas das duas
rodas, esta pode ser uma das melho-
res notícias dos últimos tempos. n
28 INDÚSTRIA DE BICICLETAS

Bicicletas feitas à medida

graças ao fabrico aditivo
de peças metálicas

A Renishaw
colaborou com
o fabricante de
bicicletas galês
Atherton Bikes
para ajudar a
desenvolver os
seus processos
internos de
fabrico aditivo, de
forma a produzir
bicicletas de
montanha
à medida,
mais leves e
resistentes.

A família Atherton, fundadora da
Atherton Bikes, é uma família de
ciclistas de montanha vencedores de
campeonatos mundiais que utilizam
as suas próprias bicicletas para com-
petir em campeonatos de ciclismo
de montanha em downhill. A família
ganhou três Campeonatos do Mundo
nas suas bicicletas e usa a sua perícia
para produzir uma gama de bicicle-
tas de montanha à medida que são
utilizadas internacionalmente.
A empresa está localizada em
Machynlleth, País de Gales e queria
dar aos seus clientes a possibilidade
de testar as suas bicicletas nas mon-
tanhas galesas, que se encontram a
uma curta distância do escritório. Para
tal, era necessário reduzir o tempo de
produção e passar a fabricar todas as
peças internamente, incluindo as uniões
em titânio, leves e robustas, necessá-
rias para reforçar as juntas entre os
tubos de fibra de carbono e ajudar a
distribuir as tensões colocadas na bici-
cleta em terrenos difíceis. O processo
escolhido para fabricar estas peças foi
o fabrico aditivo, mais concretamente,
a máquina RenAM 500Q, da Renishaw.
 29

Conjunto de peças produzidas pela Atherton no

sistema RenAM 500Q.

“A pequena dimensão do nosso escritório no

País de Gales foi um desafio, porque a maio-
ria das máquinas são produzidas para caber C

numa unidade industrial, por isso os peritos M

da Renishaw sugeriram que optássemos pela Y

RenAM 500Q”, explicou Dan Brown, co-funda- CM

dor da Atherton Bikes. "O tamanho compacto, MY

a alta velocidade e a precisão de constru-

CY

ção da máquina tornaram-na numa solução

CMY
perfeita. Com esta máquina somos capazes
de acompanhar as exigências de fabrico por K

medida e de elevada procura, especialmente

durante a atarefada época de corridas. Além
disso, podemos modificar facilmente a geome-
tria das uniões, utilizando o desenho assistido
por computador, o que nos permite produzir
rapidamente peças à medida e reproduzi-las,
se necessário”.

“Ao investir no fabrico aditivo, a Atherton tem

a liberdade de desenho para desenvolver as
melhores peças para as suas bicicletas, algo
que era difícil de conseguir utilizando méto-
dos de fundição tradicionais”, comentou Bryan
Austin, diretor de Vendas do Grupo de Fabrico
Aditivo da Renishaw. "A fundição não se presta
à produção dos componentes personaliza-
dos pedidos pelos clientes da Atherton, não
só porque produz peças mais pesadas, mas
também porque é um processo demasiado
demorado”.

“No passado, ao desenvolver bicicletas de fabrico

convencional, uma iteração do design podia
levar meses a executar do princípio ao fim”,
30
referiu Dan Brown. “Com o fabrico
aditivo, e a forma como abordamos
o design e a construção, este processo
é rotineiramente reduzido a menos de
quatro semanas desde o design inicial
até uma bicicleta completa, pronta
INDÚSTRIA DE BICICLETAS
para a próxima corrida. Por outro lado,
com este sistema, conseguimos pro-
duzir peças com estrutura interna de
favo de mel, muito mais leves que
as tradicionais, ou, por exemplo, jun-
tas de dupla volta para aumentar a
Ao investir no fabrico aditivo, a
Atherton tem a liberdade de desenho
para desenvolver as melhores peças
para as suas bicicletas.
área de superfície de ligação e, por
consequência, a resistência de todo
o quadro”.
O sistema compacto de fabrico aditivo
de metais RenAM 500Q, de quatro
lasers de 500 W, melhora considera-
velmente a produtividade, ao mesmo
tempo que aumenta a qualidade dos
componentes produzidos. Ao acelerar
o processo de fabrico em até quatro
vezes, este equipamento alargou o
mercado para aplicações que ante-
riormente eram mais dispendiosas. O
sistema é fabricado nas instalações da
Renishaw em Miskin, País de Gales. n
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32 INDÚSTRIA DE BICICLETAS

Eurobike 2022:
triboplásticos melhoram a
tecnologia, reduzem o peso
e eliminam a manutenção
das bicicletas
A igus apresentou em Frankfurt uma novidade a nível mundial,
bem como motion plastics robustos, leves e isentos de manutenção
para a indústria das bicicletas.

Desde bicicletas de montanha para
utilização ao ar livre, a bicicletas de
corrida ou de carga elétricas e extre-
mamente robustas: Na Eurobike
de 2022, que decorreu entre 13 e 17
de julho de 2022, em Frankfurt, a
igus apresentou novos componen-
tes feitos de plásticos de elevada
performance como alternativa às
soluções metálicas para as bicicletas
do futuro - incluindo chumaceiras em
polímeros, leves e isentas de lubrifi-
cação para bicicletas de montanha,
engrenagens resistentes ao desgaste
para os motores das bicicletas elé-
tricas e terminais de rótula robustos
para as bicicletas de carga elétricas.
Além dos motion plastics, os visitan-

Isentos de manutenção,
robustos e leves: Os motion
plastics da igus, isentos
de lubrificação, melhoram
a tecnologia e reduzem
os custos nas bicicletas.
(Fonte: igus GmbH).

tes puderam também ver a nova
igus:bike - uma bicicleta fabricada
com mais de 90% de plástico.
Muitos fabricantes continuam a utilizar
rolamentos metálicos de esferas ou
de agulhas nas suspensões montadas
nas rodas traseiras das bicicletas de
montanha. “No entanto, os casquilhos
deslizantes isentos de lubrificação feitos
com plásticos de elevada performance
provam ser de mais fácil manutenção,
são até 80% mais leves e resistentes à
sujidade”, diz Alexander Welcker, ges-
tor da Indústria de Bicicletas na igus.
Na Eurobike de 2022, a empresa apre-
sentou uma nova gama de casquilhos
deslizantes de parede espessa feitos
do polímero iglidur M210. Este novo
tipo de casquilho possibilita a substitui-
ção rápida dos rolamentos de agulha
nos braços oscilantes das rodas trasei-
ras das bicicletas de montanha, sem
necessidade de redesenhar o eixo ou
o quadro.
Mínimo trabalho com um grande
efeito. “Os componentes plásticos
leves reduzem a carga sobre o qua-
dro e podem tornar a bicicleta mais
fácil de manobrar.” Devido à sua maior
flexibilidade, os casquilhos também
têm um melhor amortecimento de
vibrações do que as soluções metáli-
cas, uma característica que assegura
uma melhor absorção dos choques
e um maior conforto para o ciclista.
NOVOS MATERIAIS PARA
GARFOS DE SUSPENSÃO
E PEDAIS
Os casquilhos em polímeros são
também ideais para a indústria das
bicicletas pela sua resistência à suji-
dade. Os materiais dos casquilhos não
são aplicados em camadas, mas são
misturados homogeneamente e como
resultado, não há uma película desli-
zante que possa ser desgastada sob
carga, como é o caso das soluções
tradicionais com revestimentos duros
e macios - por exemplo, casquilhos
metálicos revestidos com PTFE.
INDÚSTRIA DE BICICLETAS
Mas ainda há melhorias a serem feitas.
Por isso, a igus também apresentou na
Eurobike de 2022 os novos casquilhos
iglidur da série SG03 com vedantes
de feltro. Estes proporcionam uma
proteção adicional contra a entrada
de sujidade. “Os vedantes de feltro são
adequados para tolerâncias rigorosas,
onde outros vedantes podem ter pro-
blemas. Têm também um coeficiente
de atrito muito baixo”, diz Welcker.
“Os novos casquilhos em polímero da
série iglidur SG03 são, portanto, ideais
para utilizar, por exemplo, nos pedais
das bicicletas. Aí, podem assegurar
um funcionamento mais suave em
comparação aos casquilhos metá-
licos”. Outra novidade lançada em
Frankfurt são os casquilhos plásticos
em iglidur E. A igus desenvolveu-os
especificamente para serem utilizados
nos garfos de suspensão uma vez que
são extremamente adequados para
os movimentos lineares que ocorrem
no guiamento dos tubos de imersão.
MELHORAR AS BICICLETAS
COM AS RODAS DENTADAS
TRIBOLÓGICAS E OS
TERMINAIS DE RÓTULA DA
IGUS
A próxima inovação diz respeito ao
coração das bicicletas elétricas: o
motor. Durante a exposição, a igus
apresentou rodas dentadas, para uma
caixa de velocidades, feitas em iglidur.
"Os testes realizados no laboratório de
testes da empresa mostram que as
rodas dentadas iglidur ultrapassam
significativamente outras alternativas
plásticas em termos de duração de
vida", sublinha Welcker. São também
mais silenciosas e leves que as soluções
metálicas e, em muitos casos, podem
ser entregues mais rapidamente. “Os
projetistas podem conceber e enco-
mendar as rodas dentadas em apenas
alguns minutos, utilizando uma fer-
ramenta online no website da igus.
A produção é realizada com impres-
soras 3D ou por injeção - desde uma
peça até à produção em série de vários
milhões”.
33
Por último, mas não menos impor-
tante, a igus apresentou uma solução
para bicicletas de carga, que estão a
desempenhar um papel cada vez mais
importante no tráfego logístico nas cida-
des: os terminais de rótula metálicos e
plásticos da série igubal 2.0. Estes combi-
nam as vantagens do aço inoxidável e do
plástico. Um alojamento em aço inoxidá-
vel e uma esfera, em combinação com
um anel interno em iglidur, asseguram
uma elevada estabilidade e o amorte-
cimento das vibrações. “Combinadas
com as vantagens de serem isentos de
lubrificação e de manutenção, e resis-
tentes à sujidade, os terminais de rótula
híbridos são perfeitamente adequados
para a direção das bicicletas de carga”,
diz Welcker.
A igus tem também uma solução
para as portas deslizantes das caixas
de carga: as guias lineares drylin N. “O
sistema linear deslizante consiste numa
guia e num patim muito compacta,
dado que tem uma altura entre 9 e
12mm e impressiona com um desem-
penho constante, sem vibrações”.
IGUS:BIKE - A PLATAFORMA
PARA BICICLETAS FEITAS EM
PLÁSTICO
A visão da igus: introduzir plásticos
de elevada performance, em vez de
metais, para serem aplicados em mais
pontos das bicicletas. Mas onde ter-
mina esta transformação? Não há
limites para a imaginação, como é
evidenciado pelo projeto igus:bike, o
conceito de uma bicicleta feita com
mais de 90% de componentes em
plástico, desde o quadro e rolamen-
tos até à correia dentada.
Este projeto ganha especial relevân-
cia no âmbito da economia circular
dos plásticos, já que muitas das peças
incluem uma elevada percentagem
de plásticos reciclados. O primeiro
modelo foi apresentado pela startup
mtrl, parceira da igus neste projeto. A
empresa holandesa prevê começar
a produzir e vender a mtrl.bike nos
próximos meses. n
34 INDÚSTRIA DE BICICLETAS

Arranca a frota com

transmissão sem corrente
da Schaeffler para bicicletas
elétricas de carga
Cada vez é mais frequente ver bicicletas elétricas de carga e utilitárias
nas grandes cidades, onde são uma solução ideal para viagens rápidas e
ecológicas, assim como para a entrega de comida, correio, medicamentos
e outras mercadorias. Para contribuir para esta tendência, a Schaeffler
colaborou com o especialista em motores elétricos para veículos de duas
rodas Heinzmann GmbH & Co. KG para desenvolver um inovador sistema
de transmissão sem corrente denominado ‘Free Drive’. As primeiras frotas
já estão a chegar aos meios urbanos.

As bicicletas elétricas de carga com o sistema de acionamento sem corrente Free Drive podem ser utilizadas para entregar, por exemplo,
comida, correio e medicamentos nos centros urbanos. Foto: Schaeffler (Daniel Karmann).
 INDÚSTRIA DE BICICLETAS 35

Um componente central do sistema é o seu gerador

a pedais desenvolvido pela Schaeffler. Produz uma
resistência constante de pedalagem e fornece
eletricidade ao motor no cubo da roda traseira.
Foto: Schaeffler (Daniel Karmann).

A Schaeffler e a Heinzmann revela-
ram pela primeira vez ao público o
seu inovador sistema de transmissão
sem corrente em agosto de 2021 e,
desde então, têm usado o tempo
para o adaptar à produção de fro-
tas. Depois do sucesso dos ensaios
de campo do mês passado, a pro-
dução está agora em curso estando
previsto um aumento progressivo da
capacidade ao longo dos próximos
anos. O primeiro cliente que realizou o
pedido de Free Drive, que conta com
uma transmissão de potência alta-
mente eficiente do pedal à roda, foi a
CIP Mobility GmbH. Os mocci Smart
Pedal Vehicles da CIP constituem o
novo padrão de mobilidade eficiente,
sustentável e de baixa manutenção do
setor comercial em cidades e zonas
industriais. Desenhadas como platafor-
mas inovadoras de micro mobilidade,
as bicicletas de carga mocci rompem
muitas convenções estabelecidas na
indústria ciclística, ao combinar um
hardware e software inteligentes com
materiais de última geração. “A cola-
boração entre a Schaeffler e a CIP
aproveita as inovações em potência
e rendimento para reforçar a posição
da Alemanha como local para I+D e
produção”, disse o cofundador da CIP,
Dimitrios Bachadakis.
SEM CORRENTE NÃO HÁ
DESGASTE
O Free Drive é um sistema que aco-
pla na perfeição um gerador a pedal,
um motor, uma solução de bateria
específica do cliente e uma interface
homem-máquina (HMI). A Heinzmann
vende-o a fabricantes de bicicletas e
operadores de frotas. Um componente
central do sistema é o seu gerador a
pedais desenvolvido pela Schaeffler.
Produz uma resistência constante de
pedalagem e fornece eletricidade ao
motor no cubo da roda traseira. Foi
desenhado de tal forma que para
pedalar é necessária uma potência
muscular significativamente inferior
à dos acionamentos das bicicletas
elétricas convencionais, uma vanta-
gem importante para os ciclistas de
bicicletas de carga, especialmente
em longas rotas de entrega longas.
A energia elétrica restante é armaze-
nada na bateria da bicicleta para ser
usada posteriormente. Deste modo, o
Free Drive pode oferecer uma potên-
cia total de 250 watts.
Uma das vantagens principais deste
sistema híbrido na série para bicicletas
consiste em não ter corrente, correia,
pratos, pinhões ou outros compo-
nentes dos sistemas de transmissão
mecânicos, pelo que é muito menos
propenso ao desgaste mecânico do
que as bicicletas elétricas convencio-
nais. “Com Free Drive, a substituição
das correntes desgastadas é uma coisa
do passado", disse Jochen Schröder,
responsável da unidade de negócio
E-Mobility da Schaeffler. Esta execução
robusta reduz o tempo de manuten-
ção, o que representa uma vantagem
considerável para os operadores de
36 INDÚSTRIA DE BICICLETAS

Em 2021, o mercado global das bicicletas elétricas de carga estava

avaliado em 630 milhões de dólares americanos (USD), o que representa
um aumento de nove por cento relativamente ao ano anterior,
prevendo-se que cresça até aos 2.140 milhões de USD em 2032
(fonte: Persistence Market Research)

assim seja, todos os componentes

do sistema que a Heinzmann
comercializa comunicam entre
si através de uma ligação CAN.

mocci APOSTA NA FREE

O gerador a pedais da
Schaeffler pode ser configurado
individualmente e ser usado como
módulo em diferentes sistemas e
aplicações. Foto: Schaeffler (SevenM).
frotas de bicicletas de carga, uma vez
que os seus ativos passarão mais tempo
na estrada e menos tempo na oficina.
Além disso, os ciclistas vão apreciar
não terem de se preocupar com a
sujidade nas roupas dos lubrificantes
da corrente.
MAIOR LIBERDADE
DE DESIGN GRAÇAS À
TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA
ELÉTRICA
Enquanto que a arquitetura dos
motores das bicicletas elétricas
convencionais é ditada em grande
medida pela necessidade de uma
ligação mecânica entre os pedais e
o motor, a Free Drive - como o próprio
nome sugere - oferece uma liberdade
de design considerável. “O sistema
de transmissão sem corrente abre
possibilidades totalmente novas na
arquitetura da bicicleta e a configura-
ção dos pedais, como execuções com
dois, três ou quatro rodas, com ou sem
teto”, explicou Jochen Schröder. O con-
ceito “bike-by-wire” digital também
significa que as alterações de marcha e
entre modos de funcionamento se exe-
cutam mediante o software. Para que
DRIVE
Os mocci Smart Pedal Vehicles
constituem uma solução ino-
vadora e sustentável para as
empresas que pretendem
que as suas operações urba-
nas sejam flexíveis, rápidas
e que respeitem o meio
ambiente. Graças ao sis-
tema Free Drive, também
oferecem uma experiência
ciclista totalmente nova que é
segura, está totalmente ligada e pode
adaptar-se ao cliente. Outra caracte-
rística inovadora consiste em que os
componentes estruturais da mocci,
ou seja, os quadros, rodas e forquilhas
sejam fabricados com plásticos reci-
cláveis de alto rendimento, em vez
de aço ou de alumínio. Em compa-
ração com a clássica roda com raios,
tanto a roda dianteira como a roda
traseira constituem um único compo-
nente estrutural e são, por isso, menos
vulneráveis. O quadro é fabricado uti-
lizando um processo de moldagem
por injeção escalável que emite aproxi-
madamente 68 por cento menos CO2
do que os processos aplicados para
produzir os quadros convencionais
de alumínio. “Em 2023 forneceremos
veículos a uma grande variedade de
clientes B2B (business to business), o
que significa que teremos uma influên-
cia decisiva na forma da mobilidade
urbana”, disse o cofundador da CIP,
Dimitrios Bachadakis. n
38 SOLDADURA LASER

Soldadura a laser:
da automática à manual
Os equipamentos de soldadura a laser evoluíram bastante nos últimos
anos. Os constantes avanços tecnológicos tornaram este processo
cada vez mais eficiente e económico, suscitando um crescente
interesse por parte da indústria.

O processo de soldadura a laser con-

siste na fundição da área de contacto
dos materiais através do calor obtido
pela aplicação de um feixe de luz con-
centrado de alta energia e densidade
(Laser). A soldadura a laser manual é
um processo executado manualmente
pelo operador utilizando um dispo-
sitivo portátil, o que possibilita uma
soldadura mais controlada e precisa
e em materiais mais delicados.

VANTAGENS DA SOLDADURA
A LASER
• Em comparação com as técnicas de
soldadura tradicionais, a soldadura
a laser é uma solução mais flexível
e versátil, podendo ser usada em
superfícies delicadas. O feixe de laser
permite realizar soldadura de alta pre-
cisão, sendo possível ajustar o ponto
de laser para trabalhar metais finos
e delicados, resultando na aplicação
de calor apenas na zona de contacto,
o que evita o aquecimento geral da
peça e reduz o risco de distorção
térmica.
• Graças às propriedades do feixe
de laser, podem ser soldadas áreas
complexas como ranhuras estreitas
e profundas ou bordas internas e
externas.
• Devido à sua concentração de calor,
a soldadura em metais finos pode
ser realizada a grandes velocidades,
enquanto que nos metais mais
A soldadura manual é o processo de eleição quando se trata de soldar peças com alto
grossos a soldadura é mais estreita
grau de precisão.
e profunda.

• As soldas obtidas são estéticas e
extremamente duráveis. A defor-
mação das juntas é insignificante,
o que elimina a necessidade de
tratamento mecânico ou térmico
posterior.
• A velocidade da soldadura a laser é
duas a dez vezes mais rápida que a
soldadura tradicional, com menos
consumo, maior vida útil e um
processo mais seguro e ecológico,
permitindo economizar mão-de-obra
e acelerar os processos de produção.
• Apesar de, por vezes, o investimento
inicial ser mais elevado que noutros
processos de soldadura, o laser é
mais económico e rápido, permi-
tindo rentabilizar o investimento em
pouco tempo.
APLICAÇÕES DA SOLDADURA
A LASER MANUAL
A principal característica da soldadura
a laser manual é a sua versatilidade de
aplicações. Esta tecnologia permite rea-
lizar rapidamente pontos de soldadura
finos inferiores a um milímetro de diâ-
metro, bem como cordões de soldadura
mais profundos. Mas também pode ser
utilizada para soldaduras de grandes
dimensões, ou para micro soldadura.
Tudo isto numa grande variedade de
materiais (de diferentes espessuras e
formas), como aço inoxidável, aço car-
bono, alumínio, ferro, cobre, metais
galvanizados, entre outros.
Enquanto a soldadura automatizada
é um processo adequado para peças
de grandes dimensões, soldadas de
forma massiva e repetitiva, a solda-
dura manual é o processo de eleição
quando se trata de soldar peças com
alto grau de precisão, rapidez e efi-
ciência. Mais delicado, personalizado
e versátil, este processo permite soldar
peças de diferentes tipos e grossuras
e de pequena ou grande dimensão.
Atualmente, a soldadura a laser é
amplamente utilizada em várias indús-
trias, como a indústria automóvel, de
bicicletas, metalomecânica, astronáu-
tica, aeronáutica, eletrónica, joalharia,
SOLDADURA LASER
A máquina de soldadura
a laser manual da Fanuci,
distribuída em Portugal
pela Lasermaq, adota
o mais recente laser de
fibra e está equipada com
uma cabeça de soldadura
de desenvolvimento
próprio.
produção de energia, fabrico de equi-
pamentos sanitários, entre outras.
FANUCI 4-EM-1, UM
EQUIPAMENTO INOVADOR
QUE PERMITE SOLDAR,
CORTAR E LIMPAR A LASER
Soldadura
A máquina de soldadura a laser manual
da Fanuci, distribuída em Portugal pela
Lasermaq, adota o mais recente laser
de fibra e está equipada com uma
cabeça de soldadura de desenvolvi-
mento próprio. A Fanuci desenvolveu
um método de cabeças de soldadura
laser manual oscilantes, eliminando as
deficiências dos produtos tradicionais
de soldadura a laser e garantindo uma
melhor formação da solda.
Com uma linha de soldadura estética,
a máquina é fácil de usar, rápida e sem
consumíveis. A faixa de potência do
laser é ajustável às necessidades de
produção, garantindo assim flexibili-
dade de uso e alta confiabilidade.
Corte
Comparativamente com outros méto-
dos de corte, o laser permite um corte
mais limpo, com menos rebarbas, mais
39
rápido e preciso. A Fanuci 4-em-1 vem
equipada com uma cabeça de corte
laser para cortar materiais como aço
inoxidável, aço carbono, alumínio, entre
outros. A espessura do corte estará
sempre dependente do tipo de mate-
rial e da potência do equipamento.
Limpeza de superfícies e da
solda
A máquina de limpeza a laser pode ser
usada de forma estável por um longo
período, com baixo custo operacio-
nal. É portátil e a operação manual é
flexível, permitindo limpar pontos de
difícil acesso.
Comparativamente com os métodos
tradicionais de limpeza, a limpeza a
laser apresenta maior eficiência, sendo
mais rápida e mais económica. Além
disso, não requer a utilização de pro-
dutos químicos, não gera poluição,
não tem contacto, não cria desgaste
do material e, portanto, não afeta o
desempenho das peças. n
De 31 de maio a 3 de junho, os visi-
tantes da EMAF poderão observar
e testar a Fanuci 4-em-1 no stand
da Lasermaq (B08), localizado no
pavilhão 2 da Exponor.
40 SOLDADURA LASER

BrightLine Scan: Trumpf

inova na soldadura a laser
A Trumpf apresentou na EuroBLECH 2022 uma nova solução para
melhorar a qualidade e resistência da soldadura a laser. Atualmente, a
única forma de guiar o feixe laser durante o processo de soldadura é
através de um robô. A nova tecnologia BrightLine Scan oferece a nova
possibilidade de guiar o feixe também através de um scanner laser.

Esta combinação de robô e scanner de espelhos leves especialmente

permite que o movimento de avanço
do robô seja complementado com um
movimento adicional do laser, livre-
mente programável, em qualquer
direção desejada. Este 'movimento
oscilante' é facilitado pela utilização
desenvolvidos para o efeito. Ao per-
mitir frequências de scanning na gama
kilohertz, esta nova técnica duplica a
espessura das chapas que podem ser
A nova tecnologia BrightLine Scan da
processadas em soldadura térmica
Trumpf permite que o feixe laser seja
de três para seis milímetros. guiado pelo robô e pelo scanner laser
simultaneamente. Foto: Trumpf.
 SOLDADURA LASER 41

A nova tecnologia permite aos utili-

zadores adaptar as superfícies de
união das peças - que são fundi-
das diretamente pelo feixe laser
- a cada aplicação específica.
Isto torna o processo mais
fiável e resulta em peças de
maior qualidade. O facto
de o feixe também poder
ser guiado com o scanner
facilita a obtenção de tole-
râncias mais apertadas.

A tecnologia ‘BrightLine Scan’

é mais um exemplo da deter-
minação da Trumpf em fornecer
soluções inovadoras para a indústria,
concentrando-se nas necessidades
dos fabricantes de chapa metálica. “As
empresas podem desfrutar de grandes
benefícios incorporando esta tecno-
logia no seu trabalho diário, uma vez
que tolerâncias mais rigorosas no pro-
cesso de soldadura significam menos
sucata, processamento mais rápido
e custos mais baixos", refere Martin
Geiger, gestor de produtos Trumpf. A
nova tecnologia BrightLine Scan foi
demonstrada na EuroBLECH 2022,
incorporada na máquina de soldadura
a laser Trumpf's TruLaser Weld 5000.
O MÉTODO DUPLO DE
ORIENTAÇÃO DO FEIXE
LASER TORNA O PROCESSO
MAIS ROBUSTO
Com a tecnologia BrightLine Scan,
a tarefa de guiar o feixe laser atra-
vés do scanner laser é executada
pela ótica de focalização PFO 20,
de programação livre. Desenvolvida
pelos engenheiros da Trumpf, está
integrada na ótica de soldadura do
robô. A orientação do feixe através
da combinação de robô e scanner
aumenta a robustez e flexibilidade do
processo de soldadura a laser. “Antes,
tínhamos de posicionar o feixe laser
diretamente no cordão para assegu-
rar uma soldadura de alta qualidade.
Se nos desviássemos do ponto certo
por um milímetro, ou menos, a peça
tinha muitas vezes de ser rejeitada.
Mas agora que o feixe também pode
ser guiado através do scanner, é mais
fácil alcançar tolerâncias mais aper-
tadas. Isto permite corrigir quaisquer
imprecisões menores que tenham
ocorrido durante as etapas anterio-
res, como a dobra”, assegura Geiger.
FÁCIL DE PROGRAMAR E DE
UTILIZAR
A tecnologia BrightLine Scan está
perfeitamente integrada na ótica
de soldadura do robô, tornando a
programação da célula de solda-
dura Trumpf tão rápida e fácil como
sempre. A Trumpf fornece às empre-
sas as TechSets, que contêm todos
os parâmetros de que necessitam
para as aplicações mais comuns. Os
fabricantes também podem benefi-
ciar do BrightLine Scan no sistema de
programação offline TruTops Weld da
célula de soldadura. Isto permite-lhes
programar a máquina enquanto esta
está ocupada a soldar uma peça dife-
rente. “A programação fora de linha é
uma solução rápida e rentável tanto
para produção de baixo como de alto
Scanner laser. A ótica de focalização do
laser pode ser livremente programada
com a tecnologia BrightLine Scan
da Trumpf. A empresa fornece aos
utilizadores os parâmetros de que
necessitam para todas as aplicações
comuns. Foto: Trumpf.
volume. E a capacidade de armazenar
toda a informação básica do processo
diretamente na máquina dá-nos a mar-
gem de manobra necessária para lidar
com a escassez de trabalhadores qua-
lificados”, refere Geiger.
A nova tecnologia oferece uma solu-
ção fiável para a soldadura de chapas
metálicas até seis milímetros de espes-
sura, tornando-a particularmente
adequada para máquinas agrícolas
e de construção. A elevada precisão
e qualidade dos cordões de solda-
dura também a tornam uma escolha
eficaz para o fabrico de produtos de
mobiliário, bandejas de bateria para
veículos elétricos ou, por exemplo,
armários elétricos. n
42 CORTE LASER

Tecnologia LBC:
o estado da arte no corte
a laser
A tecnologia Locus Beam Control (LBC) da Amada, exclusiva da série
Ventis-AJ, tem a capacidade de manipular o padrão do feixe de
laser durante o processamento, criando possibilidades nunca antes
alcançadas com máquinas de corte a laser.
 CORTE LASER 43

A tecnologia Locus Beam

Control (LBC) da Amada é
exclusiva da série Ventis-AJ.

A tecnologia LBC é um sistema ino-

vador para controlar o movimento
do raio laser, que gere os padrões
do feixe durante o corte. A geome-
tria deste padrão é variável para cada
espessura e material a ser processado.
Desta forma, deixa de ser necessário
difundir a potência do feixe para cor-
tar qualquer material e espessura. Isso
significa que é possível obter veloci-
dades de processamento muito altas
e uma qualidade de corte notável.

A tecnologia LBC gere os padrões do feixe durante o corte.

VANTAGENS DA TECNOLOGIA
LBC EM COMPARAÇÃO COM O
LASER CONVENCIONAL
O corte a laser envolve a fusão do
material com um feixe de laser da
superfície e a remoção do material
fundido com gás auxiliar. Por defeito,
este processo requer potência cada
vez maior se a velocidade necessá-
ria for aumentada. Caso contrário, o
material não pode ser removido com
eficiência, podendo levar a uma falha
de corte.
Com a tecnologia LBC, o padrão de
feixe ideal é usado para remover todo
o material fundido de forma rápida e
eficaz da frente de corte, permitindo
velocidades equivalentes a lasers de
maior potência. Isso resulta em maior
produtividade e menor custo por peça.
PROCESSO
POTENCIALMENTE LIVRE DE
REBARBAS
No processamento a laser conven-
cional, o calor gerado pelo feixe de
laser diminui à medida que se afasta
da superfície superior do material,
portanto, não há calor suficiente na
parte inferior do corte para derreter e
remover o material com eficiência. A
tecnologia LBC permite que a potência
do feixe de laser de alta densidade seja
utilizada nas faces laterais do corte,
fornecendo calor suficiente na parte
inferior do corte para proporcionar
possibilidades livres de escória.
É possível processar aço inoxidável
e alumínio de altíssima qualidade, o
que reduz significativamente ou eli-
mina quaisquer operações secundárias
necessárias após o corte.
Para mais informações relativas a esta
tecnologia, contacte a Amada através
do e-mail info@amada.pt. n
44 CIBERSEGURANÇA

Cibersegurança
na indústria
transformadora:
prevenir é melhor
que remediar

Uma infraestrutura industrial que combina dispositivos TO com uma

miríade de sensores e dispositivos IIoT é um problema de segurança. As
vulnerabilidades e o perímetro de defesa aumentam a uma velocidade
constante e as organizações devem criar planos de cibersegurança bem
estruturados para mitigar os riscos de intrusão.
Mafalda Simões Monteiro

As Tecnologias Operacionais (TO) já
cá andavam muito antes de se falar
em Indústria 4.0. Cumpriam a sua fun-
ção primordial sem perigo. Mas as
Tecnologias de Informação (TI) entra-
ram em força nos chãos de fábrica.
Sensores e dispositivos IIoT, o 5G, o
Edge computing, a cloud, combina-
dos com TO e ainda com recursos a
mão-de-obra à distância permitiram
aumentar a competitividade, a pro-
dutividade e reduzir custos.
Esta convergência das TI e das TO está
a aumentar a superfície de ataque,
as vulnerabilidades e a agravar um
ambiente de ameaças já de si com-
plexo, abrindo portas à entrada de
um volume maior de malware que

pode provocar prejuízos elevados
ou até mesmo obrigar à paragem
da produção.
Para o evitar, “as soluções de ciber-
segurança têm de ser robustas para
responder aos desafios do segmento
de IIoT”, defende Gabriel Coimbra, group
vice president e country manager da IDC.
No entanto, muitos dos dispositivos
legados “estão congelados no tempo,
executando sistemas operativos anti-
gos, não podendo receber patches ou
atualizações. Outros são incapazes de
executar software de segurança e até
há equipamentos soldados para evi-
CIBERSEGURANÇA
tar que alguém lhes faça alterações”,
diz John Shier, senior security advisor
da Sophos.
Além disso, as empresas têm de estar
em conformidade com o Regulamento
Geral de Proteção de Dados (RGPD)
e devem começar a “adaptar as suas
metodologias, políticas e sistemas de
gestão interna e externa de ciber-risco
para estar em linha com as obriga-
ções da Diretiva NIS2 [Diretiva (UE)
2022/2555 do Parlamento Europeu e
do Conselho]”, em vigor desde janeiro,
e que deverá ser transposta para o
ordenamento jurídico nacional nos
próximos 21 meses, alerta a advogada
45
Os sistemas de produção legados,
que desempenhavam as suas funções
primordiais na perfeição, mas sem ter
em conta a cibersegurança, tornaram-
se num problema na era da Indústria
4.0. Uma infraestrutura que integra TO
num ambiente repleto de sensores e
dispositivos IIoT tem vulnerabilidades
que devem ser mitigadas.
Inês Antas de Barros, sócia da Vieira de
Almeida. As normas serão apertadas
e haverá multas por incumprimento.
COMO DEFENDER-SE DAS
CIBERAMEAÇAS
O combate às ciberameaças neste
ambiente com várias camadas de tec-
46
nologias distintas integradas num só
sistema tem de começar tão cedo
quando possível, independentemente
de a empresa já ter sido atacada ou
não. É apenas uma questão de tempo
até ser vítima.
A posição privilegiada da indús-
tria transformadora na cadeia de
abastecimento, acompanhada de
infraestruturas desatualizada e sem
segurança, é motivo de atenção dos
cibercriminosos que aproveitam as
falhas para entrar nos sistemas. Gabriel
Coimbra explica que é importante inte-
riorizar que os riscos de cibersegurança
se encontram em qualquer etapa da
jornada da IIoT e que os criminosos
aproveitam a menor vulnerabilidade.
“A segurança em IoT deve estender-
-se além do perímetro tradicional da
empresa”, explica o analista. “Deve
existir uma plataforma integrada e
automatizada para melhorar a eficiên-
cia operacional, reduzir os custos e
maximizar a segurança”, acrescenta. É
necessária a atualização da segurança
da rede, a encriptação, a criação de
uma camada adicional de monitori-
zação da rede e o aumento o controlo
de acesso especificamente para novos
dispositivos IIoT.
Tal com os pombos voltam às esplanadas para comer o pão oferecido pelos clientes,
também os criminosos voltam a atacar se receberem o resgate. Ao pagar não resolve o
problema e está a financiar o crime.
CIBERSEGURANÇA
Para o ajudar a fazer estes planos, o
Centro Nacional de Cibersegurança
(CNCS) concebeu e mantém atualizado
o Quadro de Referência Nacional de
Segurança Cibernética (EC QNRCS).
Este quadro permite às organizações
implementar corretamente as suas
práticas de cibersegurança organi-
zacional, processual, tecnológica e
humana. Através desta análise de
risco é possível “identificar o que
tem de se proteger, quais os proces-
sos associados, quais as tecnologias
que suportam os processos, fazendo-
-se em seguida o plano de mitigação”,
descreve António Gameiro Marques,
diretor geral do Gabinete Nacional de
Segurança Portugal (GNS) e do CNCS.
Esteja ainda atento aos desafios jurí-
dicos e operacionais. É exigida “uma
abordagem holística das várias verten-
tes”, assinala Inês Antas de Barros. A
dimensão jurídica é incontornável nas
perspetivas preventiva e de resposta
a incidentes, detalha a advogada da
Vieira de Almeida.
Lembre-se ainda daquele que é nor-
malmente referido como o elo mais
fraco da cibersegurança: as pessoas.
É fundamental envolver os colabora-
dores no plano de mitigação de risco,
com planos de formação focados
nas atitudes, nos comportamentos,
na sensibilização e educação. O fator
humano será a ignição de mais de
metade dos incidentes de cibersegu-
rança significativos em 2025. E nem
sempre inadvertidamente. “Cerca de
74 % dos empregados dizem que
estariam dispostos a ignorar regras
de cibersegurança se tal os ajudasse
ou à sua equipa a atingir um obje-
tivo de negócio”, revela um estudo
de 2022, do Gartner.
Acompanhe também o desenvolvi-
mento do Cibersecutiry Act da UE que
irá certificar processos de cibersegu-
rança, procure selos de maturidade
digital e lembre-se que pode comple-
mentar o seu plano de mitigação de
riscos com seguros de cibersegurança,
partilhando o risco com as seguradoras.
O QUE FAZER EM CASO
DE INCIDENTE OU
INCUMPRIMENTO
No caso de ser vítima de ataque, por
exemplo por ransomware, ponha em
marcha o plano de recuperação de
desastres e continuidade de negócio
e decida se paga ou não o resgate.
A transparência é fundamental. Deve
manter os seus colaboradores, forne-
cedores, clientes e outros parceiros
informados como fez a Vodafone
Portugal no ano passado, ou o fabri-
cante de alumínio Norsk Hydro, em
2019. Caso contrário poderá ter, além
dos prejuízos do ataque, problemas
de reputação.
Gameiro Marques recomenda ainda a
participação dos incidentes à Polícia
Judiciária. Essa informação poderá
contribuir para investigações em curso
e para o desmantelamento de orga-
nizações criminosas. Além disso, as
empresas devem partilhar entre elas a
informação dos ataques e das soluções
encontradas. Muitas vezes, a solução
de uma empresa pode ajudar outra
a libertar-se dos efeitos do ataque.
Com esta cooperação proactiva, as
 47

empresas “estão a proteger a comunidade e a si pró-

prias”, conclui Gameiro Marques.

É caso para dizer que o segredo nem sempre é a alma

do negócio. Perfeição
Para cumprir o RGPD, a indústria transformadora já
tem de levar a cabo uma avaliação do risco de segu-
japonesa.
rança e pode ser multada se não tiver um plano de
ação atualizado para o caso de um incidente grave.
Com a Diretiva NIS2, as obrigações vão aumentar.

RANSOMWARE: DESACONSELHÁVEL
PAGAR RESGATE
Um ataque de ransomware tem como principal obje-
tivo encriptar dados valiosos para uma empresa para,
em seguida, ser feito um pedido de resgate (ransom
em inglês).

A indústria transformadora é aquela que paga resgates de

ransomware mais elevados, esta é a principal conclusão
de um estudo Sophos. O custo médio de pagamento de
resgates ascende a mais de 2 milhões de euros, mais do
dobro da média global (cerca de 812 mil euros).

De acordo com a S21Sec, este ano, “os ataques de

ransomware vão continuar a aumentar em número
e complexidade”, predominando o modelo de negócio
de ransomware as a service, através do qual um grupo
de cibercriminosos disponibiliza o seu programa, bem
como a sua infraestrutura de suporte, para utilização
por outros grupos afiliados/comissionistas explica José
Luis Silva, head of integration da S21sec.

A indústria transformadora paga muito pelos resgates,

mas, apenas 33 % das organizações faz essa opção, ainda
segundo a Sophos. E tal é um bom sinal, pois a gene-
ralidade dos especialistas desaconselha o pagamento
do ransomware, embora refiram que o pagamento é
uma decisão de gestão de risco para a organização.

António Gameiro Marques (CNCS) defende que não
se deve pagar, para evitar voltar a ser atacado.
José Luis Silva, vai mais longe, alertando que o paga-
mento, “além de não resolver o problema, é um
financiamento para o negócio dos cibercriminosos”.
1.400.000 machos produzidos todos os meses:
cada um passa por 3 controlos de qualidade,
todos são perfeitos.
Uma liderança construída com paixão,
peça por peça, desde 1923.

No entanto, John Shier considera que “pagar um res-

gate é uma escolha bastante individual, envolvendo
muitos fatores. Algumas empresas optam por pagar
por necessidade (porque não tinham backups dos
dados roubados), enquanto outras pagam para tentar
manter o incidente em segredo”, conclui. n

www.yamawa.eu
48 DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA

As estratégias de dados
são essenciais para
o futuro da indústria
transformadora
A pandemia de Covid-19 e as novas tensões
geopolíticas criaram um novo cenário para
as empresas transformadoras. De acordo
com o estudo do ‘Economist Impact’,
patrocinado pela Cognizant, aspetos como a
eficiência operacional, a poupança de custos
baseada na deslocalização e o acesso às
matérias-primas já não são suficientes para
assegurar a competitividade. As empresas
devem agora direcionar o seu foco para a
capacidade de recuperação.

Para estarem aptos para o futuro, os

fabricantes devem concentrar-se nas
estratégias de dados, enriquecendo as
experiências dos clientes, aumentando
a qualificação da mão-de-obra e os
objetivos de sustentabilidade.
DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA 49

Para ganharem vantagem competi-

tiva para o futuro, o estudo diz que os
fabricantes devem concentrar-se nas
estratégias de dados, enriquecendo a
experiência do cliente, aumentando
a qualificação da mão-de-obra e
os objetivos de sustentabilidade.
Historicamente, o fabrico tem estado
na vanguarda da inovação e da aplica-
ção de tecnologia avançada. Contudo,
uma avalanche de desafios acelerada
pela pandemia está a forçar os fabri-
cantes a consolidarem a sua posição
como líderes tecnológicos e a avan-
çarem para novas áreas.

Para além do investimento em tec-

nologia, os fabricantes procuram hoje
novas formas de aumentar a resiliên-
cia e eficiência das suas operações,
criando estratégias de dados de ponta
a ponta que potenciem o fluxo de
informação de ambientes cada vez
mais conectados, permitindo enrique-
cer a experiência do cliente, e outras
prioridades centradas na melhoria da
eficiência.

Todos estes fatores combinados estão

a levar a indústria, anteriormente obce-
cada com a redução de custos, a mudar
o seu foco. Da indústria automóvel
aos fornecedores de embalagens, os
fabricantes esforçam-se agora por ser
empresas sustentáveis, de alta tecno-
logia. No entanto, para se preparem
para o futuro, esta imagem progressiva
tem de ser acompanhada de ações
tangíveis.

Nos últimos anos, a indústria transfor-

madora fez progressos significativos
na construção de uma base tecnoló-
gica sólida. Na sua busca por fábricas
inteligentes e linhas de produção auto-
matizadas, as empresas investiram em
tecnologias de base, tais como a nuvem,
a Internet das Coisas (IoT) e a robó-
tica, apostas seguras. Mais de 80% dos
respondentes ao inquérito dizem ter
adotado ou planear adotar cada uma
destas tecnologias. Dentro desta dinâ-
mica, a automatização de processos
robóticos e a grande análise de dados
50
estão também a ver elevadas taxas de
adoção, refletindo a necessidade de
extrair dados de sistemas díspares e
ganhar conhecimentos valiosos.
O INVESTIMENTO EM
TECNOLOGIA DEVE SER
ACOMPANHADO DE UMA
ESTRATÉGIA DE DADOS
ROBUSTA
De acordo com o estudo, 39% das
empresas inquiridas já estão a utilizar
dados para melhorar a experiência dos
clientes e utilizadores. Trinta e cinco
por cento utilizam a recolha de dados
para orientar os processos de tomada
de decisão, outros 35% para assegurar
a conformidade regulamentar, 34%
para orientar o desenvolvimento do
produto e 32% para a análise preditiva
ao longo do ciclo de vida do produto.
Contudo, a fim de realizar estes obje-
tivos, é necessária uma estratégia de
dados que una todos estes fatores.
Apesar da vasta quantidade de dados
gerados pela IOT, nuvem e 5G, muitos
fabricantes não dispõem de estratégias
de dados robustas para realizar um
valor real. Por exemplo, apenas 39%
dos inquiridos estão a utilizar dados
para melhorar a experiência do cliente,
e menos de um terço está a utilizar a
análise da cadeia de abastecimento.
Esta é uma situação preocupante, pois
DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA
sem identificar uma utilização prio-
ritária dos dados, as empresas terão
dificuldade em geri-los, estruturá-los
e armazená-los.
Para além de utilizarem tecnologias
inovadoras como a inteligência artificial
(IA) e outras formas de automação inte-
ligente, os fabricantes podem também
beneficiar da monetização dos dados
que geram. Para muitos, o imperativo
estratégico é utilizar dados para abrir
novos fluxos de receitas através da
conceção de capacidades de suporte
premium, baseadas em análises pre-
ditivas, ou oferecendo serviços de
manutenção preditiva, utilização de
ativos ou otimização da produtividade
aos clientes a um preço premium.
NOVA ABORDAGEM AO
DESENVOLVIMENTO DE
TALENTOS
O inquérito reflete a enorme procura de
pessoas com as competências digitais
necessárias para o fabrico moderno
e, de acordo com os fabricantes, a
progressão e promoção na carreira
é a melhor forma de reter e alimen-
tar o talento digital num mercado
hipercompetitivo.
Enquanto 93% dos inquiridos dizem
que a construção de talentos é muito
importante para o futuro, menos de
Embora a tecnologia possa formar
a pedra angular das estratégias de
investimento, o objetivo geral é utilizar
dados e informações para alcançar
melhores resultados e capacitar os
fabricantes para responderem às
mudanças do mercado.
metade tem estratégias de gestão de
talentos em vigor. Sem vias de pro-
moção e formação, os trabalhadores
têm mais probabilidades de transfe-
rir as suas competências para outros
setores.
Além disso, os funcionários com
competências não estão a ser sufi-
cientemente utilizados. Apenas 39%
dos inquiridos estão a implementar
programas de formação e mentoria.
O fabrico é um setor de tecnologia
intensiva, mas precisa de fazer melhor
uso das suas vantagens nesta área
para mudar as perceções. Embora
o setor tenha lutado durante muito
tempo para atrair talento digital, os
fabricantes podem também atrair tra-
balhadores qualificados, promovendo
o seu investimento em tecnologia, os
seus esforços no sentido da moneti-
zação de dados e o seu enfoque na
sustentabilidade.
GOVERNANÇA SOCIAL
E AMBIENTAL: PARA
ALÉM DOS REQUISITOS
REGULAMENTARES
Embora o fabrico seja uma atividade
intensiva em carbono, 92% dos inqui-
ridos compreendem que tornar-se
ambientalmente sustentável é cru-
cial para se tornar à prova de futuro.
Felizmente, as mesmas infraestruturas
em que os fabricantes investiram para
promover a eficiência e a resiliência
podem ser aplicadas à sustentabili-
dade. Nesta área, o estabelecimento
e a comunicação de objetivos é uma
prioridade, muitas vezes mandatada
por legislação. Para além disto, porém,
ser sustentável tem a ver com eficiên-
cia e resiliência.
 DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA 51

A maioria dos fabricantes esforça-se

por capitalizar as suas vantagens em
termos de dados, tecnologia e processo.
Contudo, pouco mais de metade dos
inquiridos relatam a definição de objeti-
vos de sustentabilidade, e apenas alguns
poucos aplicam dados a estes esfor-
ços. Os sensores IoT, a infraestrutura de
nuvens e as grandes análises de dados
estão prontos e dispostos a fornecer o
que é necessário, mas quase metade
dos fabricantes não estão a aplicar estas
ferramentas para atingir os seus objeti-
vos sociais e de sustentabilidade.

Num mundo de tecnologia em rápida

aceleração, os fabricantes estão a
aumentar o investimento em tec-
nologia, mas o estudo lembra-nos
que, embora a tecnologia possa ser
a pedra angular das estratégias de
investimento, o objetivo geral é utilizar
dados e informação para impulsio-
A necessidade de extrair dados de sistemas díspares, de forma a obter informação valiosa
nar melhores resultados e capacitar
para a gestão da produção, está a elevar a taxa de adoção de sistemas de automatização
de processos e de análise de dados.
as empresas para responderem às
mudanças do mercado. n

Sistema de medição Equator TM

Mais peças, menos

tempo

Graças à versatilidade e velocidade de operação do sistema de medição

Equator, é fácil e rápido alternar entre tipos de peças e reduzir os tempos
de ciclo.
A sua tecnologia inovadora baseia-se na tradicional comparação entre peças de
produção com uma peça master de referência. A recalibração é tão rápida quanto
uma medição de peça da produção, compensando imediatamente quaisquer
efeitos térmicos no chão de fábrica.

www.renishaw.com/pt/equator
Renishaw Ibérica, S.A.U., Gavà Park, C. de la Recerca, 7, 08850 GAVÀ, Barcelona +34 93 6633420 spain@renishaw.com
© 2023 Renishaw plc. Todos os direitos reservados.
52 DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA

Sistemas HMI de realidade

aumentada melhoram
a gestão de unidades
de produção
Após várias décadas de melhorias operacionais impulsionadas pela
automatização do fabrico, os ganhos incrementais diminuíram. Para
impulsionar uma maior produtividade, eficácia e segurança, os diretores
das unidades de produção devem agora tentar capacitar digitalmente
a sua força laboral e equipá-la com as ferramentas necessárias para
otimizar as operações standard, reduzir a complexidade, permitir
uma melhor tomada de decisões, facilitar um acesso mais rápido ao
conhecimento e à experiência e garantir o acesso à informação e à
experiência quando tal for solicitado, independentemente da localização.

Giuseppe Bettini,
Emerson
Embora muitos destes elementos
impulsores não sejam novos, o apareci-
mento de redes sem fios de unidades
de produção e tecnologias de IIoT que
sustentam a transformação digital
das operações está a ajudar a gerar
melhorias significativas. Uma parte
fundamental desta mudança consiste
em permitir uma maior mobilidade
dos trabalhadores com acesso a dados
processáveis, o que gera uma maior
produtividade, uma melhor tomada
de decisões e uma resolução mais
DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA
rápida dos problemas, contribuindo
para o a aumento da eficiência ope-
racional global.
A HMI AVANÇADA APOIA OS
TRABALHADORES MÓVEIS
Tradicionalmente, a monitorização e o
controlo das informações da unidade
de produção, dos equipamentos e dos
processos têm-se realizado através
de operadores que trabalham com
interfaces homem-máquina (HMI),
baseadas em PC fixos, instalados
dentro de salas de controlo. Muitas
vezes, estes ecrãs são complementa-
dos com ecrãs HMI no terreno, perto
53
de uma máquina ou equipamento
específico, oferecendo uma funcio-
nalidade limitada. Uma abordagem
mais moderna consiste em permitir
que os funcionários tenham uma maior
mobilidade por meio de tecnologias
HMI duradouras, de alto desempenho,
portáteis e móveis.
Os dispositivos móveis capacitam os
trabalhadores, evitando que fiquem
presos à sala de controlo e permitindo
que os operadores efetuem a gestão
das operações e resolvam os problemas
no terreno ou na unidade de produção.
Para algumas aplicações, é possível
que ainda seja necessário contar uma
HMI fixa, mas grande parte delas pode
tirar proveito da introdução de HMI
móveis. Um exemplo seria ajustar um
setpoint e observar o efeito do mesmo.
Se o operador necessita de assistên-
cia do pessoal de manutenção, pode
entrar em contacto com o mesmo
através da HMI móvel e, assim, ocor-
rer a colaboração entre todos para
solucionar o problema.
REALIDADE AUMENTADA
À medida que a tecnologia evolui,
o conceito de HMI também evolui,
pelo que a integração da realidade
aumentada (AR, na sigla em inglês)
está a redefinir a interface homem-má-
quina. A tecnologia AR é introduzida
para melhorar o ambiente físico do
utilizador com conteúdo gerado por
computador. Utilizando AR, é possí-
vel adicionar informações em tempo
real ao ambiente circundante, o que é
extremamente útil para avaliar as cir-
cunstâncias atuais, a fim de melhorar
a tomada de decisões. Estas informa-
ções audiovisuais complementares
são disponibilizadas através de dis-
positivos eletrónicos ou informáticos.
A AR é adequada tanto para as
indústrias de fabrico como para as
de processos e permite que os ope-
radores utilizem tecnologia integrada
com ferramentas de visualização HMI
standard para executar as ações
necessárias nas diferentes etapas do
54
processo, melhorando a eficiência da
produção, reduzindo o risco de erros e
minimizando o tempo de inatividade
da produção ou de manutenção. A
AR permite informar imediatamente
os operadores sobre qualquer pro-
blema ou necessidade da unidade
de produção. Eles podem aceder à
unidade de produção, receber a res-
petiva informação em tempo real e
realizar operações e configurações
guiadas passo a passo diretamente
no local.
Inicialmente, as aplicações de AR eram
usadas principalmente com smart-
phones ou tablets, onde as imagens
captadas através da câmara web inte-
grada podiam ser reforçadas com
informação eletrónica de acordo com
as necessidades específicas e a loca-
lização geográfica. A introdução de
dispositivos denominados ‘wearables’
e de realidade mista ampliou a gama
de aplicações e criou novas possibilida-
des operacionais. Ter a opção de levar
consigo dispositivos HMI enquanto se
trabalha no terreno ou na unidade de
produção deixa os operadores livres
DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA
para executar tarefas como manuten-
ção manual, para manter os processos
constantemente sob controlo e para
agir de forma imediata e precisa, em
função das circunstâncias do processo
de produção.
O dispositivo AR é ligado através de
Wi-Fi ao PC que gere o sistema de
supervisão ao qual estão ligados os
dispositivos no terreno. Normalmente,
os dispositivos assumem a forma de kit,
que inclui óculos ou capacetes equipa-
dos com ecrãs, câmaras, equipamentos
de áudio, conetividade Wi-Fi e baterias
que maximizam a flexibilidade. No ecrã
do dispositivo ‘wearable’, estes siste-
mas podem apresentar informações
dinâmicas em tempo real relevan-
tes para a tarefa, bem como dados
de processos, estado dos sistemas,
informações relacionadas com alertas,
ações necessárias e outras informa-
ções úteis. Em função dos alertas,
os operadores podem interpretar os
comandos necessários, como arran-
que, paragem, modificação do valor
de referência e instruções baseadas
em alertas.
Nas atividades de manutenção, os sis-
temas de AR permitem visualizar a
documentação no ecrã, como manuais
da peça objeto de manutenção, e tam-
bém a comunicação mãos-livres com
a sala de controlo, através de uma
ligação sem fios. Consequentemente,
a visibilidade instantânea dos dados
relevantes reduz significativamente
o risco de erro humano ao ser reali-
zado um procedimento. Um cenário
em que o operador fala com uma
máquina, solicita informações, executa
comandos ou interage diretamente
com o sistema através de movimen-
tos manuais para iniciar ou ajustar
um processo já não é ficção científica.
Além disso, existe a possibilidade de a
máquina solicitar ao operador a exe-
cução de comandos necessários ou
operações manuais, em função das
circunstâncias, orientando o operador
na sua atividade e evitando qualquer
imprecisão ou ineficiência.
Embora os sistemas de AR tendam
a ser soluções complementares, em
vez de substituir completamente as
estações de trabalho que apoiam os

processos de trabalho tradicionais, a
natureza mãos-livres destes dispositi-
vos permite muito mais flexibilidade
e velocidade durante as fases opera-
cionais do que é possível conseguir
com os sistemas de interface homem-
-máquina standard. Os sistemas de
AR ‘wearables’ e de realidade mista
apoiam e simplificam as atividades
operacionais, proporcionando uma
solução que se integra perfeitamente
com as tecnologias de supervisão e
HMI normalmente utilizadas para gerir
os sistemas de automatização e as
atividades de manutenção.
Adotar sistemas de AR e institucio-
nalizar as melhores práticas permite
que os trabalhadores agreguem mais
valor do que nunca ao desempenho
operacional e comercial. Por exemplo,
utilizar dispositivos de AR otimizará
as operações no terreno, permitindo
que os operadores interajam imedia-
tamente com o sistema de controlo
sem ter de ir a outro lugar para utilizar
um terminal de supervisão ou HMI.
Isto permite que o operador seja mais
eficiente, reaja adequadamente às
situações que ocorrem e tome melho-
res decisões.
Os operários de manutenção podem
intervir mais rapidamente e realizar
a manutenção no local, utilizando
orientação “in situ” e soluções que,
em última instância, reduzirão o tempo
de inatividade do equipamento. Outro
benefício é a redução do tempo de
aprendizagem. Ao fornecer aos traba-
lhadores menos qualificados ou menos
experientes acesso a informações úteis
e a capacidade de colaborar com espe-
cialistas qualificados, as empresas não
ficam sujeitas a limitações devido à
escassez de trabalhadores qualifica-
dos ou a restrições de deslocamento.
HMI DE REALIDADE
AUMENTADA
A Emerson é uma das primeiras empre-
sas a disponibilizar soluções de AR para
SCADA/HMI, proporcionando aos tra-
balhadores o acesso imediato a uma
DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA
grande abundância de dados. Utilizando
dispositivos de AR ‘wearables’ e de rea-
lidade mista, os operadores beneficiam
de uma gestão de processos simplificada
e de informações em tempo real rela-
cionadas com o equipamento ou com
o processo em que estão a trabalhar. A
AR está integrada na plataforma Scada/
HMI Movicon.NExT da Emerson, o que
se traduz numa implementação mais
simples e menos dispendiosa, e num
retorno mais rápido do investimento.
Incluem-se aplicações compatíveis
com dispositivos de óculos inteligentes
Android e com HoloLens baseados no
Windows 10. Estes dispositivos podem
exibir qualquer tipo de informações
ou dados, tanto históricos como em
tempo real, nomeadamente de confi-
guração, manutenção, diretrizes, código
de barras e outras funções. Além disso,
os operadores podem agora dialogar
verbalmente com uma máquina, solici-
tar informações e dar comandos, bem
como interagir diretamente com o sis-
tema, fazendo gestos com as mãos
para controlar e configurar processos.
Além do mais, a máquina pode pedir
ao operador que execute os comandos
necessários e dar-lhe instruções passo
a passo para que execute operações
manuais no local, conforme necessário,
a fim de poupar tempo e evitar erros.
A tecnologia HMI de AR também utiliza
uma câmara de vídeo e inteligência
artificial para reconhecer equipamen-
tos ou peças da unidade de produção.
A tecnologia funciona com qualquer
dispositivo móvel com câmara de vídeo
e browser compatível com HTML5, e
apresenta automaticamente janelas HMI
que contêm as informações relevantes
correspondentes. Isto permite que o
operador obtenha instantaneamente
todas as informações relevantes de
que necessita, o que facilita em grande
medida a gestão de unidades de pro-
dução complexas.
CONCLUSÃO
A integração da AR nas plataformas
Scada/HMI e a posterior disponibilidade
55
Principais características das
HMI AR ‘wearables’
• Informações instantâneas das
operações a realizar de acordo
com a situação
• Informações visíveis em tempo
real relacionadas com o sistema
de automatização
• Receção de alertas e instruções
relevantes
• Acesso a manutenção guiada
• Leitura de códigos de barras ou
códigos QR com informações
contextualizadas em tempo real
• Conetividade e interação com
outros operadores em centros
de operações remotos
• Vistas em 3D interativas e/ou
holográficas dos sistemas de
automatização
• Acesso a informações através
da Web
• Interatividade HMI com coman-
dos de operação ativados por
voz e gestos
• Reconhecimento de compo-
nentes da máquinas e acesso
instantâneo a respetivas
informações
• Informações processáveis.
de informações processáveis através de
dispositivos ‘wearable’ e de realidade
mista abre a possibilidade de novas
melhorias de eficiência. A possibili-
dade de utilizar uma HMI enquanto
trabalham na unidade de produção
industrial proporciona aos operado-
res um maior controlo da situação
atual, permite-lhes intervir rapida-
mente quando e onde o processo o
exija, ao mesmo tempo que os ajuda
a executar tarefas mais rapidamente
e a tomar melhores decisões. A HMI
com AR tem a capacidade de revolu-
cionar a forma como os operadores
gerem os processos, assim como de
otimizar a produtividade e reduzir o
tempo de inatividade. n
56 DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA

A PoC é apenas
a ponta do iceberg
A introdução da Inteligência Artificial na produção falha
frequentemente durante a transição da prova de conceito
para a fase operacional normal. Isto só pode ser evitado com
uma abordagem holística que tenha em conta todo o espetro
de dependências comerciais, técnicas e organizacionais.

Matthias Roese,
diretor de contas global, Hewlett Packard Enterprise

Considere o exemplo concreto de uma e, mais recentemente, devido a con-

empresa matalomecânica cujos pro-
cessos são altamente automatizados.
Um sistema de armazém entrega o
material pedido, por exemplo, uma
chapa metálica. Os sistemas de trans-
porte entregam-no diretamente às
máquinas de corte, puncionadeiras,
prensas e sistemas de soldadura. Após
cada etapa deste processo, é efetuado
um controlo de qualidade.
No entanto, esta automatização
baseada em regras está a tornar-
-se cada vez mais um problema. Nos
últimos anos, os tamanhos dos lotes
na metalomecânica que estamos
a usar como exemplo tornaram-se
cada vez mais pequenos, devido a
mudanças na procura dos clientes
gestionamentos nas entregas. Cada
nova peça a ser fabricada requer uma
nova rodagem da linha de produção,
e os parâmetros devem ser determi-
nados e testados para cada etapa
individual do processo. Este esforço
anula as melhorias de produtividade
da automatização e a eficácia glo-
bal do equipamento (OEE) diminui.
Os fundadores do conceito Indústria
4.0 tinham em mente cenários como
este quando definiram o princípio
orientador de sistemas de fabrico
autónomos e de autoorganização
que, idealmente, permitem que as
cadeias de valor tenham a eficiência
da produção em massa mesmo em
lotes de tamanho '1'.
Matthias Roese, diretor de contas global
da Hewlett Packard Enterprise.
A Inteligência Artificial (IA) dá exata-
mente o passo que faltava entre a
automatização baseada em regras
e a automonitorização de situações.
Só ela é capaz de tirar conclusões de
forma autónoma a partir de dados
históricos e em tempo real a fim de
reagir de forma apropriada, precisa
e rápida a eventos não planeados. E

Automatização baseada em regras no processamento de metais.


IA na produção: as iniciativas e atividades são derivadas de estratégias.
é por isso que é considerada como
uma das principais forças impulsiona-
doras da quarta revolução industrial.
AS EMPRESAS SUBESTIMAM
OS DESAFIOS SISTEMÁTICOS
DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
No entanto, após vários anos e milhares
de artigos de imprensa e relatórios de
analistas, a situação pode parecer um
pouco dececionante. Embora a adoção
global da IA continue a aumentar, de
acordo com a McKinseys em “State of
AI in 2021”, o fabrico ainda está muito
desfasado. Um motivo chave para isto é
que um grande número de projetos de
IA não passam da fase de teste, a cha-
mada prova de conceito (PoC). As causas
deste fracasso são mais profundas do
que, por exemplo, a falta de experiência
ou de orçamento: em muitos casos, as
empresas produtoras subestimam os
desafios sistemáticos da introdução da IA.
A forma como as PoC são configu-
radas é apenas um sintoma disto.
Geralmente, ocorrem num ambiente
protegido e concentram-se na apli-
cação e formação dos modelos de
IA com dados. No entanto, muitas
vezes, negligenciam a necessidade
de integrar a solução de IA na tec-
nologia e processos de informação e
DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA
produção existentes. Isto inclui, por
exemplo, a gestão do ciclo de vida
das aplicações e dos dados, da segu-
rança, do planeamento operacional e
processos de controlo, bem como da
segurança operacional. Como resul-
tado, a PoC não fornece evidências
sérias de que é tecnicamente viável,
nem pode ser utilizada para calcular
um caso de negócios sólido.
UMA ABORDAGEM HOLÍSTICA
PARA INTRODUZIR A IA
Por muito chato e enfadonho que
pareça, a introdução da Inteligência
Artificial no fabrico só pode ser bem
sucedida com uma abordagem holís-
tica. A PoC deve ser a ponta do iceberg:
o resultado de uma série de decisões
e projectos subjacentes, onde as ini-
ciativas derivam de estratégias que
são implementadas através de ati-
vidades de transformação técnica,
organizacional e cultural.
Uma abordagem holística da introdu-
ção da Inteligência Artificial no fabrico
inclui estes aspetos, entre outros.
1. Criação de valor: análise
custo-benefício
O valor acrescentado na utilização
da IA é criado através da informa-
57
ção, do conhecimento e das ações e
processos (autónomos) derivados dos
mesmos. Os dados disponíveis são a
base para tal. Contudo, os dados não
se convertem necessariamente em
informações úteis apenas quando a
IA é aplicada. Apenas se convertem
se forem processados num contexto
específico e com um propósito con-
creto. A análise de criação de valor,
por um lado, avalia os benefícios da
informação obtida com a ajuda da IA.
Por outro lado, determina a qualidade
e o esforço de aquisição e proces-
samento dos dados, bem como os
investimentos associados à produ-
ção operacional, incluindo os custos
de processo, tecnologia e pessoal. O
resultado é o modelo de negócio ou
business case (caso comercial).
2. Processo – Desenvolvimento e
ciclo de vida da aplicação da IA
Se a análise de valor chegar a um resul-
tado positivo, o desenvolvimento e
introdução da aplicação da IA começa.
Isto deve seguir uma filosofia DevOps
em que todas as grandes equipas de
produção e operações, bem como
especialistas em IA e TI, trabalham
em conjunto (no contexto da IA, isto
é também conhecido como MLOps
e DataOps). Assim, assegura-se que
58
Ciclo de vida circular de uma aplicação de IA.
a integração em TI e processos de
fabrico é tida em conta desde o iní-
cio. A criação de uma solução define
primeiro o método e o software da IA
a ser utilizado, bem como os dados
de formação e a respetiva prepara-
ção. O procedimento posterior segue
basicamente os passos seguintes. No
decurso do ciclo de vida de uma apli-
cação de IA, este ciclo é executado
várias vezes:
• Preparação dos dados
• Construção do modelo
• Formação
• Colocação em funcionamento
• Monitorização
• Adaptação do modelo.
Processos flexíveis e autónomos
no processamento de metais.
DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA
A IA é uma da principais
forças impulsionadoras da
quarta revolução industrial
3. Arquitetura: desvincular os
dados das aplicações
Os processos descritos acima têm
lugar em ambientes informáticos e
de fabrico altamente fragmentados
em muitas empresas, ou seja, não
há acesso contínuo a ferramentas
e dados, pelo que os processos não
correspondem, faltam normas e con-
ceitos de segurança integrados. Este
tipo de ambiente é letal para qual-
quer implementação de IA.
A chave para resolver este problema
é a introdução de uma arquitetura
centrada nos dados. Na sua essência,
desvincula os dados das aplicações
que os geram, canalizando-os atra-
vés de um centro de dados central.
Cada pedido atua como “produtor“
de dados para o centro de dados, e
cada consulta é um ”consumidor” da
vasta base de dados distribuída. Tudo
isto está integrado num quadro glo-
bal de governação de dados.
4. Competências – cooperação
interdisciplinar
Em muitos casos, as PoC de IA são
criadas de forma demasiado unidi-
mensional porque são realizadas por
cientistas de dados que compreendem
muito sobre dados e modelação, mas
menos sobre arquitetura de sistemas
e processos de TI, e quase nada sobre
os processos numa fábrica. A introdu-
ção bem sucedida da IA requer uma
combinação adequada de compe-
tências de diferentes departamentos
para planear, desenvolver, implementar
e colocar em funcionamento a pró-
pria aplicação e a sua integração nos
processos informáticos e de produ-
ção. Uma equipa típica consiste nas
seguintes funções, que podem ser
desempenhadas por pessoas da sua
própria empresa ou por um presta-
dor de serviços:
• Analistas de negócios para avaliar
o valor acrescentado e os custos
• Cientistas de dados para a avaliação
L
d

do processo, preparação de dados
e o funcionamento do modelo
• Especialistas em aprendizagem
automática capazes de construir
redes neurais
• Engenheiros de dados para planear
e configurar a canalização de dados
e processá-los
• Engenheiros de software para asse-
gurar a integração no ambiente
distribuído, e, finalmente, um gestor
de projetos ou Project Manager.
TRANSIÇÃO CONTÍNUA DA
AUTOMATIZAÇÃO PARA A
AUTONOMIA
A boa notícia é que há uma transi-
ção contínua da automatização para
a autonomia. Isto é demonstrado
pelo exemplo da metalomecânica
mencionada no início. A empresa
começou a complementar a sua
automatização baseada em regras
com métodos de IA e está gradual-
Gestão de
terminologia
Localização
de software
portugal@jaba-translations.pt / www.jaba-translations.pt
DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA
mente a converter o acoplamento em
série de estações de processamento
num sistema de estações de traba-
lho de controlo flexível. Estas últimas
são capazes de processar pedidos
diferentes ao mesmo tempo, a con-
figuração é feita de forma autónoma
e, na melhor das hipóteses, sem a
necessidade de testes.
Para este fim, a empresa introduziu ini-
cialmente procedimentos prescritivos
para determinadas etapas de proces-
samento baseados na aprendizagem
automática, ou seja, recomendações
de ação, por exemplo, para a seleção
de parâmetros. As recomendações
ainda não são implementadas de forma
autónoma sem primeiro serem verifi-
cadas por um funcionário da produção.
Além disso, o estado das cadeias de
abastecimento internas e externas é
previsto e tido em conta no controlo
da produção.
Tradução
técnica
especializada
Automação
de processos
59
O passo seguinte é permitir que o
sistema aja de forma autónoma. Por
exemplo, os resultados da inspeção
de qualidade devem desencadear,
se necessário, um ajustamento dinâ-
mico, independente e transversal dos
parâmetros. Especialmente quando
se trata de soldadura, faz sentido apli-
car a aprendizagem da máquina às
etapas anteriores do processo e em
todo o processo de fabrico. Para uma
utilização ótima das matérias-primas,
a empresa deve planear a implemen-
tação de uma ligação inteligente ao
sistema de gestão do armazém e às
encomendas recebidas.
Como a maioria das empresas, esta
metalomecânica ainda tem um longo
caminho a percorrer para alcançar uma
produção totalmente autónoma, mas
através da abordagem holística acima
descrita, é garantido que o seu pre-
curso será mais rápido e produtivo. n
Documentação
técnica
Tradução
40 .
60 DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA

Os robôs e as tendências
atuais da digitalização
Cinco tendências atuais mostram como a utilização de robôs pode impulsionar
a digitalização e evitar uma escassez de trabalhadores qualificados.
Surplex

“A fábrica do futuro terá dois empregados: um humano e um cão. O humano está lá para
alimentar o cão. O trabalho do cão será evitar que o humano toque no equipamento
totalmente automatizado”. Warren G. Bennis, economista americano (1925-2014).

CADA VEZ MAIS ROBÔS
INDUSTRIAIS INSTALADOS
Na produção ainda não se chegou
tão longe como Bennis previu. Mas,
em 2021, já existiam 141 robôs para
cada 10 mil trabalhadores na indústria
de transformação global. De acordo
com os números da IFR (International
Federation of Robotics) para 2021, o
stock total de robôs perfaz agora 3,5
milhões. Destes, mais de um milhão
de unidades estão a trabalhar só na
China. A China também lidera a nível
mundial em termos de novas instala-
ções em 2021. Mais de um quarto de

Os robôs industriais também podem ser posteriormente integrados no inventário de máquinas. Ao automatizar a produção com máquinas
CNC, um robô pode assumir a montagem e o manuseamento das peças. (© Alexander Tolstykh / Shutterstock.com).

milhão de robôs foram ali instalados
no ano passado. Seguem a uma dis-
tância considerável o Japão (47 mil), os
EUA (35 mil) e a Coreia do Sul (31 mil).
Mas a Europa também não fica atrás.
Em 2021, aproximadamente 85.000
novas unidades foram colocadas em
funcionamento.
A procura de robôs industriais é mais
elevada do que nunca. Mais de meio
milhão de novos robôs industriais em
2021 - um novo recorde. Para 2022, a
IFR espera novamente que as insta-
lações globais de robôs aumentem
e aproximadamente 570.000 novas
unidades sejam instaladas.
ÁREAS DE APLICAÇÃO
Se pensarmos nos robôs na indústria, a
primeira imagem que provavelmente
nos vem à mente é a linha de pro-
dução no fabrico de automóveis. De
facto, o setor automóvel tem sido o
líder em robótica industrial até à data.
Foi ultrapassado pela indústria elé-
trica e eletrónica em 2021. Isto mostra
que a robótica industrial está agora
a atingir a amplitude da indústria. A
indústria metalúrgica ocupa a terceira
posição, seguida das indústrias quí-
mica e alimentar.
Os robôs são utilizados principal-
mente para o manuseamento de
componentes. A segunda aplicação
mais importante é a soldadura. Em
seguida são usados no processo de
montagem. Os robôs são também
comuns em trabalhos de sala limpa.
AS TENDÊNCIAS NA
ROBÓTICA INDUSTRIAL
• Tendência I: Digitalização da
produção. Produção totalmente
digitalizada desde a entrada da
encomenda até à entrega - isto é,
Indústria 4.0. No fabrico, a tendência
é claramente no sentido de pro-
dutos individualizados. Isto leva a
um volume de margem cada vez
menor.Tal produção só é acessível
se for automatizada e digitalizada.
E sem robôs não há automatização.
DIGITALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA
Na casa de leilão
industrial Surplex,
os robots de braço
articulado do fabricante
Fanuc estão sempre
em oferta. São
adequados para uma
vasta gama de tarefas
de manuseamento
em quase todas as
aplicações, por exemplo,
para soldadura por
pontos. (© Surplex).
• Tendência II: Automação con-
tra a escassez de trabalhadores
qualificados. Quer a longo prazo
quer a curto prazo, a escassez de
trabalhadores qualificados é um
problema. Além disso, a sociedade
está a envelhecer. As baixas taxas
de natalidade e a geração do baby
boom a entrar na reforma significam
que se pode esperar uma enorme
escassez de mão-de-obra. A situação
é semelhante em todas as grandes
economias.
• Tendência III: Robôs de baixo custo.
Unidades robotizadas mais baratas, os
chamados robôs de baixo custo (Low
-Cost), são cada vez mais procurados.
Ao contrário dos robôs industriais,
não são tão precisos, transportam
apenas cargas mais leves e não são
tão duráveis. Por outro lado, são fáceis
de operar, podem ser instalados pelas
próprias empresas e, acima de tudo,
são mais baratos. Isto torna-os par-
ticularmente interessantes para as
Pequenas e Médias Empresas (PME).
Quase metade de todas as empresas
alemãs com 50-500 empregados
pretendem adquirir robôs.
• Tendência IV: Automatização de
máquinas mais antigas. Se o atual
stock de máquinas estiver à altura
do padrão desejado em termos de
tecnologia e qualidade de produção,
não faz qualquer sentido financeiro
adquirir novos equipamentos auto-
matizados. No entanto, a fim de
61
aumentar o nível de automação, as
máquinas existentes podem muitas
vezes ser automatizadas posterior-
mente. Isto aumenta a produtividade,
mantendo a qualidade. Para grandes
quantidades e variações reduzidas, a
robótica oferece uma possibilidade
de automatização das peças. Devido
à sua flexibilidade, os robôs podem
ser utilizados em diferentes sistemas.
Em comparação com outros siste-
mas de manuseamento, tais como o
manuseamento de paletes, os custos
de investimento para a robótica são
mais baixos.
• Tendência V: Robôs industriais em
segunda mão. O número crescente
de encomendas na construção de
máquinas e instalações mostra que
muitas empresas querem expandir
as suas máquinas a fim de aumentar
as suas capacidades. No entanto, os
investimentos estão associados ao
risco económico. Aqueles que não
podem trabalhar com os por vezes
longos prazos de entrega de novas
máquinas orientam-se no mercado
de máquinas em segunda mão que
se encontra em constante cresci-
mento. Uma das principais casas
de leilões industriais europeias para
maquinaria em segunda mão e equi-
pamentos de fábrica é a Surplex. Aí
encontrará não só sistemas auto-
matizados para processamento de
madeira e metal, mas também robôs
industriais. n
62 FERRAMENTAS

Palbit desenvolve
novas ferramentas para
maquinação de ligas de aço,
alumínio e compósitos
A Palbit, especialista no fabrico de ferramentas de metal duro, tem vindo
a apostar em projetos de I&D cujo intuito é criar novas soluções para
maquinação dos materiais mais usados na mobilidade sustentável.

Em conjunto com a FEUP, a Palbit está a

desenvolver soluções para a maquinação
de novas ligas de aço e alumínio, bem como
de novas ferramentas com revestimento
de diamante para maquinar polímeros
reforçados com fibras de carbono.

permitem uma maior velocidade de

corte, vida útil das ferramentas mais
longa e afiamento das arestas através
de ablação a laser.

Para Daniel Figueiredo, executive board

A sustentabilidade há muito que faz
parte das preocupações da indústria,
por isso efetuam-se grandes investi-
mentos para incorporar materiais
sustentáveis e ambientalmente ami-
gáveis nos seus produtos. A pegada
ambiental dos veículos não está apenas
relacionada com as emissões durante
a sua mobilidade, mas também com
o seu processo de fabrico e com os
componentes os materiais utilizados.
De forma a contribuir para a diminui-
ção desse impacto, relacionado com
o processo produtivo e os materiais
selecionados na área da maquinação,
a Palbit tem feito um esforço de inves-
tigação desenvolvimento e inovação,
através do estudo de novas geometrias
de ferramentas, novas composições de
materiais mais sustentáveis, mantendo
a qualidade e excelente performance.
Simultaneamente, também têm melho-
rado as técnicas de processamento com
vista à reciclagem e reutilização das
matérias-primas de forma a tornarem
a sua atividade ainda mais sustentável.
A Palbit, em conjunto com a FEUP,
está a desenvolver soluções para a
maquinação de novas ligas de aço e
alumínio, através do processamento
de ferramentas com novos revesti-
mentos PVD-HIPIMS que são mais
densos e com uma dureza superior.
Paralelamente, têm também explo-
rado novas soluções de ferramentas
com revestimento de diamante para
maquinar polímeros reforçados com
fibras de carbono (CFRP), uma vez que
member da Palbit, “a transição para
um paradigma de mobilidade ver-
dadeiramente sustentável requer o
investimento das organizações em
novos materiais, ferramentas e proces-
sos produtivos. A Palbit tem excelentes
condições para evoluir na área da mobi-
lidade sustentável, com uma equipa
de Investigação e Desenvolvimento
dotada de know how especializado
e acordos de cooperação com enti-
dades de ensino, que nos permitem
alavancar os outputs tecnológicos.”
A Palbit lidera o consórcio hi-rEV, uma
das agendas mobilizadoras do pro-
grama PRR que pretende alavancar
o desempenho e competitividade
da indústria de componentes para a
indústria automóvel, com um investi-
mento total estimado em 50 milhões
de euros. n
 Torneamento com

70° Ângulo
de Corte
NEOTURN
ISOTURNING

70°

55°
80° 70°

+ =

www.iscarportugal.pt
64 TORNEAMENTO

Tsugami S206E-II,
o cabeçote móvel com ø20
mais versátil do mercado
Além disso, a sua flexibilidade permite
Falar da Tsugami S206E, mesmo mais de alterar a sua configuração de forma
um ano após o seu desaparecimento, é fácil e rápida segundo as necessi-
falar da máquina de cabeçote móvel com dades do cliente: poderão chegar
a ser montadas 17 ferramentas de
ø20 milímetros mais versátil do mercado. torneamento. Mas, conforme se alte-
Quando nos referimos à sua segunda versão, rem as necessidades do momento,
podem chegar a ser montadas até
a S206E-II, a palavra versátil não faz justiça às
20 brocas frontais para perfuração.
possibilidades de uma máquina sem limites. E, como já vimos, tudo poderá ser
reconfigurado para acomodar até 26
Gregor Moreno, ferramentas rotativas. Flexibilidade
responsável da Divisão de Cabeçote Móvel da Maquinser em estado puro…

VERSATILIDADE SEM LIMITES
Falar da Tsugami S206E-II é falar de
versatilidade em estado puro. O seu sis-
tema de ferramentas tem capacidade
para um máximo de 45 ferramentas,
das quais até 26 podem ser rotativas
(em opção).
Entre essas 26 ferramentas rotati-
vas podem ser utilizados todos os
tipos de porta-ferramentas que per-
mitem todos os tipos de operações
de maquinação: operações frontais,
radiais, angulares, com multiplicação
de velocidade, torneamento poligonal,
fresagem de roscas exteriores ou lapi-
dação de engrenagens, entre outros.
Juntamente com os seus seis eixos
lineares (oito eixos CNC), os seus cursos
generosos (uma alimentação de 210 mm
trabalhando com canhão e 45 mm tra-
balhando sem canhão) e a capacidade
da sua zona de maquinação (por exem-
plo, as brocas de perfuração profunda
permitem uma geometria de 140 milí-
metros de comprimento), a cinemática
da Tsugami S206E-II só tem um limite:
a imaginação do seu utilizador.
MOTORES INTEGRADOS DE
SISTEMA DE FERRAMENTAS POTÊNCIA MÁXIMA
DE PENTE DUPLO A segunda geração da Tsugami S206E
Como é habitual nas máquinas integra um contracabeçote com mais
Tsugami, a S206E-II está equipada potência que iguala a potência do
com um sistema de ferramentas de cabeçote principal (3,7 kW) para per-
pente duplo oposto. Graças a este mitir uma perfeita distribuição de
sistema, o tempo de troca de ferra- trabalhos entre cabeçote e contra-
mentas é mínimo, ao mesmo tempo cabeçote, independentemente da
que a capacidade das ferramentas é potência de maquinação requerida.
significativamente aumentada.
Esta potência, associada ao seu elevado
A Tsugami S206E-II pode integrar (em binário, é invulgar no contracabeçote de
opção) ferramentas motorizadas em um torno de cabeçote móvel para traba-
todos os seus sistemas de ferramentas: lho com barras de 20 mm de diâmetro.
no pente dianteiro, no pente traseiro,
nas brocas para perfuração profunda Como é habitual na Tsugami, tanto
e no sistema de contraoperação. o cabeçote principal como o con-
Até quatro sistemas de ferramentas tracabeçote e o porta-canhão estão
motorizadas para um máximo de 26
ferramentas rotativas.
A Tsugami S206E-II está equipada para realizar
operações frontais, radiais, angulares, com multiplicação
de velocidade, torneamento poligonal, fresagem
de roscas exteriores ou lapidação de engrenagens, entre outras.

A cinemática da Tsugami S206E-II não
tem limites, graças aos seus seis eixos
lineares (oito eixos CNC), aos seus cursos
generosos e à capacidade da sua zona de
maquinação.
equipados com motores integrados
de última geração e de grande dina-
mismo, o que lhes proporciona umas
acelerações rápidas e uma otimiza-
ção dos tempos de ciclo. Além disso,
esta ausência de correias permite a
eliminação de qualquer tipo de vibra-
ção e uma maquinação muito mais
estável e com melhores acabamen-
tos superficiais.
O trabalho sem canhão em peças cur-
tas é possível e, precisamente graças
à utilização de motores integrados e
à ausência de correias no porta-ca-
nhão, a troca é realmente rápida e
fácil, demorando menos de meia hora.
Quanto às ferramentas motoriza-
das, agora são ainda mais potentes
e dinâmicas. Todos os motores para
ferramentas rotativas contam com uma
potência nominal de 1 kW e velocida-
des de rotação que chegam a atingir
as 10 000 rpm.
RIGIDEZ E ESTABILIDADE
INSUPERÁVEIS
Falar da Tsugami S206E-II é referirmo-
-nos a uma máquina com uma bancada
incrível para uma máquina de 20 milí-
metros. Trata-se de uma máquina com
um peso total de 3750 kg, muito superior
ao da maioria dos tornos de cabeçote
TORNEAMENTO
móvel para ø32 mm do mercado (que
em alguns casos não chegam às 3 tone-
ladas) e quase o dobro que o da maioria
das opções de ø20 mm.
Este dado confere-lhe uma estabili-
dade dimensional incomparável: em
conjunto com a ausência de correias
de transmissão, especialmente no por-
ta-canhão, a estabilidade que lhe é
conferida pela sua poderosa bancada
faz da Tsugami S206E-II uma máquina
capaz de proporcionar uns acabamen-
tos superficiais inigualáveis.
Além disso, a própria conceção da ban-
cada e a sua força tornam a Tsugami
S206E-II uma máquina totalmente
insensível às mudanças de tempe-
ratura. As medidas mantêm-se sem
variação desde o primeiro ciclo de
segunda-feira de manhã até que se
alcança a temperatura de maquinação.
E, do mesmo modo, as paragens de
produção (com o consequente arre-
fecimento) não afetam em termos
dimensionais as peças maquinadas.
FACILIDADE
DE PREPARAÇÃO
A Tsugami S206E-II inclui o software
de programação Abile. Este simpli-
fica significativamente a tarefa de
programar a máquina, gerando de
forma automática um programa a
partir de um desenho da peça e de
uma disposição de ferramentas colo-
65
cadas na máquina pelo operador.
O programa é criado com as con-
dições de corte decididas pelo
operador (ou pelas propostas
do próprio software Abile) e
pode ser modificado de forma
intuitiva através de quadran-
tes ou à mão.
Para além do programa, é
gerado um cálculo do tempo
de maquinação, incluindo tem-
pos produtivos e improdutivos,
um diagrama de Gantt e uma
simulação 3D do processo,
totalmente interativa, que
permite visualizar a execu-
ção do programa e verificar
a ausência de colisões.
Por muito poderoso que seja
o software Abile, a sua utilização
não é imprescindível. Para aqueles que
prefiram programar de modo mais
convencional, digitando todo o código
a partir do zero ou reaproveitando e
modificando programas anteriores
de outras peças, a Tsugami S206E-II
também o permite, naturalmente.
Para agilizar ainda mais a preparação,
a amplitude da zona de maquinação
(resultante da sua grande bancada,
como vimos no ponto anterior), per-
mite um acesso agradável e uma
montagem fácil das ferramentas
na máquina.
66 TORNEAMENTO

‘OSCILLATION CUTTING’ que, portanto, deve ser solicitada no

A função de corte interrompido
‘Oscillation Cutting’ assegura
uma gestão eficiente da apara
mais difícil de cortar. A Tsugami
S206E-II é um dos modelos que
têm disponível, em opção, esta
função que tanto facilita o tra-
balho com materiais difíceis.
momento de aquisição da máquina.
Características técnicas
Cabeçote
• Diâmetro máximo: 20 mm
• Velocidade máxima: 10 000 rpm
• Potência: 2,2/3,7 kW

Trata-se de uma opção que não Contracabeçote

pode ser instalada posteriormente • Diâmetro máximo: 20 mm
Um peso total de 3750 kg, muito superior em máquinas já fabricadas e • Velocidade máxima: 10 000 rpm
ao da maioria dos tornos de cabeçote móvel • Potência: 2,2/3,7 kW
para ø32 mm do mercado e quase o dobro da maioria
das opções de ø20 mm, são algumas das suas características.
Ferramentas
• Sistemas de ferramentas: 4
• Número máximo de ferramentas: 45*
A TSUGAMI S206E-II EM POUCAS PALAVRAS: • Número máximo de ferram. rota-
• Máxima versatilidade: até 45 ferramentas tivas: 26*
• Bancada rígida e com máxima estabilidade térmica *Em opção
• Zona de maquinação ampla e fácil de preparar
• Ausência total de correias: melhores acabamentos superficiais CNC
• Troca rápida com/sem canhão • Controlo numérico Fanuc 32i-B
• Programação ISO em Fanuc ou com o software Abile • Número de eixos lineares 6
• 'Oscillation Cutting' em opção. • Número de eixos C 2 (C1/C2)
• Canais CNC 2. n

ÍNDICE ANUNCIANTES
Amada Maquinaria Ibérica.........................11
Böllhoff, S.A........................................................13
Deibar - Máquinas-Ferramenta, Lda.... 9
Exposalão - Centro de
Exposições, S.A..... Verso de Contracapa
Igus Lda................................................................21
Iscar Portugal, S.A.........................................63
Jaba Ibéria, Lda...............................................59
Lasermaq Unipessoal Lda................. Capa
Maquinser..........................................................27
Polyworks Europa
España, S.L..............................Verso de Capa
Renishaw Ibérica, S.A.U..............................51
Roboplan, Lda.............................Contracapa
S3D - Software, Formação
e Serviços, Lda.................................................29
Sew Eurodrive Portugal.............................37
Yamawa Europe S.p.A................................47
Zoller Ibérica, S.L.............................................31