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66 so

b ási
cur istÓr hos
de
h
qu a d
co
IaS
rin
em

Tiras de
Quadrinhos
Waldemar Lene Chaves
1. APRESENTAÇÃO
sequencial
in an te s m an ifestações da arte
Uma das mais fa sc e à grande
ri nh os . D ev id o à sua concisão
ad
são as tiras de qu
ato,
de m se r ab or da dos em seu form
as que po de mais de
amplitude de tem po pu la rid ad e, mesmo depois
m su a
as tirinhas mantê to de seus primeiros tít
ulos.
im en rrati-
um século do su rg
ad e us ar im agens para fins na
narrativa
a hum an id
Apesar do fato de ot os , a primeira forma de
m uito re m rinhos,
vos desde tempos a um a le gí tim a história em quad
gráfica a ser
considerad te uma tira
em en to s típ icos, foi exatamen
com todos os se
us el se é um
no rt e- am er ic ano. Portanto, es
jorn al a Arte,
publicada em um im po rt ân ci a hi stórica para a Non
grande
formato que tem surgimento.
r te r de terminado o seu transmi-
exatam en te po
sc íc ul o qu e vo cê lerá agora é de
fa
O objetivo desse in te re ss an te s a respeito das tiras
s úteis e as próprias
tir conhecimento o es tim ul á- lo (a) a produzir su
co m
quadrinhos, bem a.
fo rm a divertida e criativ da sua fantástica
e
tirinhas, de os 12 fa sc íc ul os
todos s no jornal
E, nunca esqueça, o en ca rt ad os às terças-feira
çã o se rã ise às
emocionante cole h1 0, na TV O POVO, com repr
O POVO. E mai
s: às 13 ro, tudo isso,
vi de oa ul a co rr espondente. Cla nos-
quartas, às 8h, a ta m bé m es ta rá gratuitamente em
ula, r do
fascículo e videoa lid o e as si st id o de qualquer luga
ndo ser
so hipersite, pode
inscrição:
Brasil, mediante

fdr.org.br/uane/hqceara

82
2. DEFINIÇÃO Raymundo Nett
o

ra-
hos é uma nar
A tira de quadrin um a
g rá fi ca cu rt a, composta por
tiva lo seu
ens interligadas pe
sequência de imag ba lões
o conter texto em
conteúdo, podend jetivo
rd at ór io s, ge ra lmente com o ob
e reco a his-
or ou de narrar um
de transmitir hum
.
tória ou seu trecho Daniel Brandã
o

Todos os ele
mentos lingu
ticos de um ís-
a HQ podem
encontrados ser
em tiras (re
dros, balões, qua-
recordatórios
Entretanto, o etc).
que as torna
rentes das H dife-
Qs publicada
revistas é o fa s em
to de serem m
mais concisas. uito
Portanto, a tiri
é definida, ba nha
sicamente, pe
próprio form lo seu
ato. Compare
exemplos ao la os
do:

a)história deAfotirmraancoarrnacia
(acima)

em poucos qu sa,
adrinhos, tran
mitindo a me s-
nsagem de fo
rápida e objeti rma
va.

b)quadrinhos Apahraistóreriviasteams
(abaixo)

desenvolvida e é
m várias págin
permitindo um as,
a narrativa ma
detalhada (ao is
lado, uma pág
ina).

83
R A A S U A M E N T E !
AB
Será que aquela megassaga do seu super-he
rói favorito pode ser resumida em
uma tirinha? Apesar da aparente simplicida
de, é possível narrar qualquer his-
tória em uma tira. Um exemplo interessante
é o livro 99 Filmes Clássicos para
Apressadinhos, de Henrik Lange e Thomas Wen
gelewsky, no qual filmes como
Lawrence da Arábia, E O Vento Levou... e Taxi
Driver são resumidos, com muito
bom humor, em tirinhas de quatro quadrinho
s. Vale a pena conferir.

3. HISTÓRIA DAS

T I R A S em est iv e ss e à p ro cura de inform


avia uma
a-

m e ir a ti ra tanto para qu d e e n tr etenimento. H


p ri cu ra orld,
e n te , co n si dera-se como F e lt o n ção como à pro n tr e o s jo rn a is New York W
Oficia lm rd e al,
o s o Y e llo w Kid, de Richa jo rn a is g ra nde rivalidade u lit ze r, e o N ew York Journ
de quadrinh 898, nos seph P is leito-
, p u b lic a d a de 1895 a 1 Jo u rn a l. do jornalista Jo h H e a rs t. Para atrair ma
Outca u lt Y o rk d o lp ras
s N e w Y o rk World e New a n te ri o r- d e William Ran a ss a ra m a p u blicar muitas ti
americano mo vimos ois jornais p ocuparam
e ta n to , e ss a afirmação, co s a n te ri o re s ao res, os d s, q u e , p o r um período, rnais,
Entr lo o
p o lê m ic a , p ois alguns títu o s U n id o s, de quadrinh
m a io re s n a s páginas dos jo
mente, é d z r.
, p u b lic a d o s tanto nos Esta o s n a r- e spaços cada ve ic a p ro g re ss iv amente melho
Yellow Kid vam recu rs ade técn tórias hu-
to e m o u tr o s países, já usa a l. P o rt a n to , com qualid er am ve ic u la das breves his Essa
quan rn s
p ic o s d a s tirinhas de jo d e se n vo l- Nessas tira
g er o u o te rm o comic strips.

rativos
co n si d e ra dos pioneiros
no
a su í- m orísticas, o qu
e
la ri zo u e se estendeu a outras
também sã o o caricaturi st se pop u icas.
a s ti ra s d e quadrinhos e H is to ir e denominação n ec es sa riamente côm
vimen to d çã o d s, n ão ne-
lp h e To p fe r, com a publica W ilh e lm formas de HQ
u n d a G u er ra Mundial, houve
ço Rodo o cartunista Durante a Seg ar recursos na
impressão
M . V ie u x B o is, em 1827, a ti ra M a x and se ec o n o m iz as até
de
e , e m 1 8 65, publicou
su
im ig ra n te cessidade de ra s d iá rias foram reduzid
q u e o as ti os
Busch
b re d o is g a rotos peraltas, U n id o s, dos jornais, e es co n sid er ad as mais ou men
Moritz, so s Estado s proporçõ de antes se
R u d o lp h Dirks, que, no s, co n h e ci- chegar às m en te . Diz-se que, on
alem ã o r K id at u al mente
7 , p u b lic o u Katzenjamme it ã o , fo rt e - padronizadas
n ica ti ra , o cu pando pratica ro
9 p ú
em 18
l co m o O s S o brinhos do Ca p ublicava uma o jo rn al , se p ublicavam quat
da no Brasi oritz. ina inteira n e se publi-
te in sp ir a d a em Max and M hos nos Estados uma pág to , p er m an ec eu a tradição d ingo.
men ti ras de quadrin - tiras. Entretan as edições de dom
b lic a çã o d e m a is le it o co lo ri d as n
A pu ara atrair s maiores e
84 U n id o s e ra u m a estratégia p
a, os jornais
seri a m in te re ss a ntes car tira
res. Dessa form
bem an-
a ar te se quencial surgiu
No B ra sil, No ano
n o rt e-americano.
K id gelo
-brasileiro An
tes do Yello w
rn al is ta ít al o
de 1869, o
jo uim,
1 publicou As Aven
turas de Nhô-Q e
Agostini ra va os contratemp
o sd
a q u e n ar da-
tira humorad ri o r q u e vi ajou para a ci
o in te de qua-
um homem d 8 3 , uma outra tira
Em 1 8 nturas
de grande. ri a, ch amada As Ave
a au to sta Revista
drinhos de su ve iculada na revi
ai p o ra , fo i na Don
de Zé C em O Malho e
d ep o is turas
Illustrada, d a an te ri or, essas aven
en te publicações
Quixote. Difer sé ri o. Ambas as
m m ai s quência
tinham to rias n arradas com se
m h is tó al-
apresentava ad as , m as faltavam-lhes
te rl ig
de imagens in to s que se popu
larizariam
o s el em en o ba-
guns outr o rt e- am ericanos, com
o s n
nos quadrinh atórios.
peias e record ram con-
lões, onomato cu lo XX, as tiras fo
Ao lon g o d o sé rnais , de Brad
is e sp a ço , n ã o apenas em jo - , o d es as tr ad o Marmaduke
Mutts,
quistando ma m b é m e m jornais de ou Jim Davis
si m p át ic o s cãezinhos de
as ta
Anderson, o s As
americanos, m e ve , e m g ra n de parte, aos n n el l, al ém d e vários outros.
se d o astante
tros países. Is2so to d o de distribuiçã
o de de Patrick McD m iliar também têm b
u m é vi d a fa orrível,
Syndicates
e se mo tiras sobre a
té h o je e funcionam co o , p o r ex em plo Hagar, o H
am a destaque, com en-
tiras. Eles atu e co n tr a ta m artistas para M u it as o u tr o s temas recorr
cias qu nú- de Dik Brown
e. de tra-
grandes agên o fo rn e ci das ao maior ci ta d o s, co mo ambiente
u e sã se r etc.
criarem tiras q rn a is d e to d o mundo. Os tes podem
en to , cr ític a sociopolítica
de jo am
mero possível b lic ação das tiras,
são balho, relacion
co m a p u i
rendimentos, o Sindicato e
o s
Agostini (1
843-1910) fo
s m e m b ro s d 1. A n g el o no
eo e artistas iano que cheg
ou
divididos entr res agências d desenhista ital
a d a s m a io a te , um o a carreira
artistas. U m
Fe a tu re s Syndic ao s 16 anos, iniciand
s é o Kin g Br as il ao fundar o
de quadrinho tr ib u i ti ra s famo- ca rt unista em 1864
nidos, que d is de de São Paulo:
dos Estados U o n , P o p e ye e ro jo rnal ilustrado
o rd im ei osquito e A
tasma, Flash G
pr
m o Fa n o. Pu blicou em O M
sa s, co D ia bo C ox o, criou As
H o rr ív e l. m eira s um in en se. Neste últim
Haga r, o p ri id a Fl Impressões
icas foram as
V
h u m o rí st s. as de Nhô Quim ou
As ti ra s
aram mais po
p u la re A ve nt ur , considerada
e se to rn a V iagem à Corte
a surgir e as q u
mente contem
p o - de um uma das mais
p ra ti ca ei ra HQ brasileira,
Algumas delas
sã o n- a pr im 76, fundaria a
K id , m as p ermanecem se an ti ga s do mundo. Em 18
ial no país.
low bastante
râneas de Yel je . H á te m as st a Ill us tr ad a, marco editor
até ho écie Re vi
do publicadas in d o es b oçar uma esp como
er m it his- ente traduzido
recorrentes, p n h as n ar ram 2 . Er ro ne am
o”. Muitas tiri ias, den- es são empres
as
de “classificaçã as d e p er ip éc “s in di ca to s”, os sindycat do pa ra
de cr ia n ça s, chei s co m o O s is em di st ribuir co nt eú
tórias o s citar clássico respon sá ve
esmo para inte
rnet,
u ai s p o d em K id s) , vi st as e m
tre as q it ão (Katzenjammer jornai s, re
as e também feat
ures,
d o C ap (Cal vin as cô m ic
Sobrinhos r, C al vi n & Haroldo como tir
as cr uz adas, passatem
pos,
To p fe la vr
e Peanuts, de
pa ileiro a
de Rodolphe ou seja ,
ill W at er so n , O pr im ei ro veículo bras
e B tiras sobre
et c. es foi o
& Hobbes), d ém h á m u it as artigos
rs on ag en s dos syndicat
. Tamb publicar pe 1929.

85
Charles Schulz o so g at o G ar field, de pl em en to Gazetinha, em
o preguiç su
animais, como
As tiras de jornal permitem uma grande varie- No Brasil, há muitos cartunistas influen-
dade de gêneros narrativos. As de aventura são tes, como Laerte (Piratas do Tietê, Gato e Gata),
particularmente populares e grandes heróis clás- Angeli (Os Skrotinhos, Wood & Stock), Ziraldo
sicos surgiram nesse tipo de publicação ou foram (Pererê, Menino Maluquinho) e o saudoso Glauco
adaptados para ele. O Fantasma, de Lee Falk, e (Geraldão). Muitos deles começaram suas carreiras
Tarzan, ilustrada por Hal Foster e inspirada dos nos anos 70, trabalhando em publicações como O
livros de Edgar Rice Burroughs, narravam histó- Pasquim, tabloide semanal de conteúdo satírico,
rias cheias de ação, em lugares exóticos, como as que se opunha à repressão do governo militar. Na
selvas africanas. Já as histórias de Flash Gordon, década de 1980, revistas como Striptiras e Chiclete
magistralmente escritas e desenhadas por Alex com Banana publicavam tiras de quadrinhos e ob-
Raymond, mostravam aventuras em outras ga- tiveram muito sucesso.
láxias, com viagens interplanetárias e encontros Atualmente, observa-se que alguns jornais bra-
com seres alienígenas. sileiros reduziram o espaço também para tiras de
quadrinhos, ou até deixaram de publicá-las. Por
outro lado, vemos um crescente número de auto-
res publicando suas tiras na internet, em
blogs e redes sociais, com bastante suces-
so. Como bons exemplos, temos o Fabio
Coala (Mentirinhas), Carlos Ruas (Um
Sábado Qualquer), Clara Gomes (Bichinhos
de Jardim), Willian Leite (WillTirando),
Andre Dahmer (Malvados), entre outros. As
tiras publicadas na internet não são apenas
um passatempo para os autores, mas uma
profissão. Os meios de publicação (blogs
e redes sociais) oferecem ferramentas que
permitem que seus autores ganhem dinheiro
por meio de anúncios visualizados em suas
páginas. É um mercado em crescimento!

4. FORMATOS

o
Raymundo Nett
as,
hos são definid
Tiras de quadrin pesar
lo seu formato. A
principalmente, pe ês de-
gr an de va rie da de de formatos, tr
da er:
o m ui to im po rt antes de se conhec
les sã ais e
(b) Tiras dominic
(a) Tiras diárias, .
rnet (webcomics)
(c) Tiras para inte

86

em
de único quadro
Exemplo de tira B) e co lor ida .
(P&
preto-e-branco
Exemplos:
q u e os jor-

a)
r ia s sã o as
Tiras Diá ira a
b lic am de segunda-fe
nais pu um a
. Po d em te r, em média, de io-
sábado m fo rmato proporc
ad ro s, n u
quatro qu rgura por 4
m an h o de 13 cm de la
nal ao ta randes
tu ra , fo rm at o usado por g e.
cm de al in g Fe atures Syndicat
m o o K
agências co das im-
ia lm en te er am quase to mas,
In ic -e-branco,
e m p re to o-
pressas o s av anços das tecn
, co m
atualmente , muitos jornai
s publi- Lene C ha
ves
d e im p re ss ão s nor-
logias lo ri das. Nos jornai
d iá rias co
cam tiras tiras diárias
o s, sã o comuns as
m er ican rinho,
te-a
p o r ap en as um quad
compo st as rado,
at o ap ro xi m adamente quad
num form ter
to d a a h is tó ria, podendo
que sintetiza é, geralmente
a fala de
se u ro d ap s se
texto em s. Es ses quadrinho
so n ag en
um dos per do cartum.
m u it o da linguagem
apro xim am e revis-
o ra , n a m a io ria dos jornais a- Exemplo de
Emb ronizado, o esp de
n h o se ja p a d ca possível
so
tas, o tama ria pode ser u
sado de rediagra m aç ão
u m a ti ra d iá mpre bl ic aç ão
ço de u itos autores se os para pu
fo rm a s. M em jornais,
diversas quadrinh
m su a s ti ra s com quatro r da re-
revistas ou
faze internet.
su a s d im ensões. Apesa
iguais e m rmite
e d a co m p o sição, isso pe -
petitividad lic a d a ta nto na horizon
p u b
que a tira seja a l, ou na form
a apro-
o n a ve rt ic rna
tal, com u a d ra do”, o que to
u m “ q
ximada de de diagramaçã
o, facili-
l a m u d a n ça revistas
viáve o em jornais e
p u b lic a çã va- Daniel
tando a to s. O utros autores
Brandão
fo rm a
de diversos os, o que,
a s la rg u ra s dos quadrinh pode
riam
d ifi cu lt a r o seu rearranjo, a
e
apesar d
ra d a r m a io r dramaticidade
contribuir pa ria. Há cartun
istas que
e d a h is tó
cada p a rt s total-
co m p o r se us quadrinho e
preferem to à fo rma, tamanho Exemp
q u a n
mente livres
lo em
no espa- de for que o autor
e n to d o s quadrinhos ma pou a
posicio n a m uitas co con proveitou o
, o q u e p o d e adicionar m vencion e
al, para spaço retang
ço da tira increm u
entar lar da tira
ativa.
nuances à narr a narra
tiva.

87
c)aquelas cujo formato é adequado à leitura
Geralmente, as tiras são feitas de forma que seu Tiras de Internet (webcomics) são
conteúdo seja independente das tiras anteriores ou
posteriores a ela. Ou seja, já têm, em si, a men- em páginas da internet. Há muitos recursos para
sagem completa. Entretanto, também existem que a leitura de uma tira de quadrinhos se torne
tiras que são trechos de uma história maior. São as mais dinâmica, quando feita em uma tela de com-
tiras seriadas, e a compreensão de seu conteú- putador. Por exemplo, a sequência de quadros
do depende da leitura das tiras anteriores. As tiras pode ser feita de forma vertical, para que o leitor
de aventura, como as do Fantasma e de Dick Tracy, use a barra de rolagem ao passar de um quadri-
por exemplo, têm essa característica. nho para o outro. Algumas webcomics adaptam-
Há, também, a possibilidade de se conseguir se ao formato widescreen da maioria dos monito-
um meio termo entre as formas seriada e não se- res atuais. Há também a possibilidade de inclusão
riada. Muitos autores publicam tiras que podem de efeitos de animação, som e interatividade que
ser apreciadas de forma independente, mas que, podem enriquecer a narrativa, tornando a expe-
juntas, formam uma narrativa maior. A tira Calvin riência de leitura bastante divertida. E, logicamen-
& Haroldo é um bom exemplo dessa modalidade. te, também podem ser usados os formatos típicos
de tira diária e da tira dominical para internet.

b)aos domingos, e têm como característica


Tiras Dominicais são aquelas publicadas Outra notável vantagem das webcomics é a fa-
cilidade de publicação. Blogs, websites e páginas
principal o fato de ocuparem um espaço maior nas de redes sociais podem servir de suporte para pu-
páginas de suplementos lúdicos dos jornais. Quase blicar tiras. Não há necessidade da aprovação de
sempre são impressas coloridas e apresentam ta- um editor, nem de ocupar páginas de jornal, ha-
manhos e proporções variáveis cada publicação. vendo grande liberdade de formatos, temas e pe-
Geralmente, disponibiliza-se um espaço equivalen- riodicidade, além de uma possibilidade de alcance
te a três ou quatro tiras diárias. Mas há tiras domi- superior ao do material impresso.
nicais com formatos totalmente diferentes.
Por possibilitar um número maior de quadros,
as tiras dominicais permitem o desenvolvimento de

o
Daniel Brandã
histórias um pouco mais complexas.

88
e T é c n i c a s d e
5. Etapas

Prod u ç ã o
é
u zir u m a tira de quadrinhos
Para se pro d ndamen-
rio se g u ir al g umas etapas fu o de
necessá
to r te m se u método própri
tais. Cada au rtamente, tod
os passam
h o , m as , ce
trabal assos:
os seguintes p
por cada um d
ida de
ponto de part
a)
Ideia: É o ia en-
o o p ro ce ss o criativo. A ide
tod ado, aquilo
a ss u n to que será abord
volv e o r. É uma
cê te m vo n tade de conta exis-
que vo te su bjetiva e não
m a m e n
etapa extre obter boas
m a fó rm u la exata para se simples-
te u o ? Elas podem
ã o é m e sm em
ideias, n te n um lampejo, b
mente vir à su a m e n uma boa
ciso muitas ho
ras (ou é im portante ter
se r p re Tam bém a volta.
como p o d e
ura e pesquisa
para
d o q u e acontece à su
o , le it percepçã o as, o
dias) de re fl e xã
ressante am ento das pesso
te n h a uma ideia inte Observar o co m p o rt
eira como
qu e se o b da. cionam, a man
ena ser realiza modo co m o se re la r maté-
que valha a p m ídias variadas
e so-
icam et c. Tu d o isso pode se
ta n te , em boas se comun
Ler bas aj u da a se obter uma boa tira.
bre assuntos d iv er so s,
ue se leia ria-prima para mo tira-
, é re comendável q p eç a q u e vamos usar co foi es-
ideias. Po rt an to artigos A asso a passo
, cr ô nicas, ficção, ‑exemplo p ar a es se p
ada
notícias d e jo rn al
re vista, propagandas
,
irista A n e B rito e desenh
científicos, mat
ér ia s d e
agens de crita pela rote tora teve, com
o inspira-
e re médio, embal . Nel a, a au da
piadas, b u la s d
e estiver a seu alca
nce. por mim
d e su as co legas da época
D O o q u ção, algum as poderá acom-
biscoito... TU s fácil fica a ra vo cê
co n hecimento, mai escola. A parti
r d e ag o
gente:
Quan to m ai s
formações e m
ais criati-
su a co n stru çã o. Vem com a
en tr e as in panhar a
conexão
ideias.
vas serão suas

89
e Roteiro:

A. Chaves
b)deComdeafinidireidea emquemmenanteei, raé
Argumento

Ane Brito de
hora
-la em sua tira.
você vai transmiti
definir como
Primeiro, deve-se
a de aconteci-
será a sequênci
os dos perso-
mentos e os diálog
é chamada de
nagens. Essa fase e
argumento. N
ão há necessidad
alidades pa ra
de grandes form
mento. Pode
se registrar o argu
(em prosa), ou
ser escrito apenas
onecos de pa-
rabiscado com “b
, nas imagens to:
litinhos”. Observe ir o c o m Uso de Tex
tora optou por Rot e
ao lado, que a au
ento da tira-
registrar o argum Tira: Alice
e Rita
o de imagens
-exemplo com us Recreio...
manuscritos. Título: No , dividida
simples e textos
p ro p o rc io nal a 13x4cm
ta l,
(Tira horizon hos iguais)
u argumen- ri n hos de taman
Uma vez feito o se em qu at ro q u ad
sso é o roteiro,
to, o próximo pa meiga, posicio
nada à
orientações que in a
que consiste nas Quadrinho
01: A lic e, m en
lar. Colorir a
as para que a tira a corda de pu
devem ser seguid esquerda, se g u ra n d o u m
enina ran-
forma correta. q u entes. Rita, m
seja realizada de de se fazer personagem co
m co re s
m ando um suco
num
A maneira formal ada à d ir ei ta , to
texto. Nele, zinza, posicion m cores frias.
do. Colorir co
um roteiro é em copo com ta m p a e ca n u
lar corda?
é descrito em o de fa la): Sabe pu
cada quadrinho Alice (balã
anho, conteúdo
seu formato, tam o de fala):
Não.
Entretanto, tam- Rita (balã
visual e textual.
com desenhos,
bém pode ser feito rando uma bo
la. Rita se
plificadas para 0 2 : e se g u
usando formas sim Quadrinho
A lic
sição, expressão esma posição.
determinar a po mantém na m carimba?
s personagens, o de fala):
Sabe jogar
corporal e facial do Alice (balã
ão de textos em
o de fala):
bem como a posiç Não.
atórios de cada Rita (balã
balões e record
completar a sua eteca. Rita se
quadro que vai segura uma p
r compreensão, o 0 3 : A lic e
tira. Para melho Quadrinh
guir o roteiro da esma posição.
apresentarei a se mantém na m Sabe jogar peteca?
ado de duas for- o de fala):
tira-exemplo realiz Alice (balã
em de texto o de fala):
Não.
mas: com linguag Rita (balã
desenhos.
e com o uso de
Rita co-
an té m o ar jovial.
04: lic e m
Quadrinho
A
er desesperada. -
meça a corr avilha! Vou po
e (ba lã o de fala): Mar
Alic pra você!
90 der ensi nar to d as essa s brincadeiras
NÃÃÃO!!
o de grito):
Rita (balã
h o s:
U so d e D es en
R o te ir o co m
ser feita cuidado-
Cada escolha deve esmo
m en te pa ra qu e a tira seja, ao m
sa tras
teressante. Em ou
tempo, clara e in id eia
nta ter uma boa
palavras, não adia ecu-
vo cê nã o co ns eguir uma boa ex
se está
entender o que
ção, o leitor não or, se
sua história ou, pi
acontecendo na te-
rr at iv a lh e pa re cer chata e desin
a na s são
tiras de quadrinho
ressante. Como ea
as , ge ra lm en te é recomendável qu
cu rt ob-
com o máximo de
narrativa seja feita in an do
a concisa, elim
Lene C h
aves
jetividade, de form
irrelevantes.
textos e imagens

c)
Desenhos

it o s, in ic ia lm ente, a lápis. A
vem ser fe cessário,
c.1) Lápis: O
s desenhos de o s o quanto for ne
co rr ig id s, pre-
a r a fe p e rm ite que sejam re -s e d e d e ix ar espaços livre rios
su m b e recordató
finalizados. Le a colocação d
antes de serem p e ri o r, p a ra amente um
na parte su ixar aproximad
ferencialmente a p rá ti ca é d e ssa fina-
a lõ e s co m texto. Uma dic su p e ri o r, vazios, para e
e b pa rt e ese-
o d o s q u a drinhos, na te xt o s a n te s de iniciar os d
terç oçar os ecessário
m pode-se esb espaço será n
lidade. També oçã o d e q u a n to
ter uma boa n
nhos, para se m e n tos.
desses ele
para cada um

Lene Chaves

91
Lene Chaves
Como mencionado ante-
riormente, muitos jornais pu-
blicam tiras com formato pa-
drão proporcional a 13x 4 cm.
Para seguir esse modelo, não
precisa desenhar em espaço
exatamente deste tamanho,
basta que siga a mesma
proporção. Se traçarmos um
retângulo do tamanho citado
e fizermos uma linha diagonal,
como a da figura ao lado, será

Lene Chaves
possível determinar formas
maiores ou menores do que
a figura original, mas com as
mesmas proporções. Fácil, né?

c.2) Arte-Final: Após definido


o desenho a lápis, aplicam-se
as técnicas de arte-final, para
que a tira esteja pronta para ser
publicada. Nas mídias impressas
(jornais, revistas etc.) conse- nanquim
Arte-final em
gue-se um melhor resultado
de impressão com desenhos
finalizados a nanquim. Podem
ser utilizadas canetas técnicas,

Lene Chaves
canetas bico-de-pena, pincéis,
entre outros materiais.

c.3) Letreiramento: Se sua


tira tiver texto, como a nossa
tira-exemplo, é importante
que, desde o início, seja reser-
vado um espaço na parte
superior dos quadrinhos,
no qual serão adicionadas as

Lene Chaves
falas dos personagens. Caso
queira escrever o texto ma-
nualmente, é importante que
as letras sejam feitas da forma
mais clara possível, com o uso
de linhas-guias para orientar
a escrita, como no exemplo
(terceiro quadro da página).

92
Depois, apagamos as linhas e
veja o resultado ao lado:
Lene Chaves
-
demos inse
Também po s d e
do editore
rir texto usan olha
a g e m . N e sse caso, esc
im es-
tra) que fique
uma fonte (le ti ra.
bem na sua
teticamente para
tes gratuitas
Há várias fon si te s na
diversos
quadrinhos em ela que com-
aqu
internet. Use e
m seu desenho
bina mais co
a tira:
“clima” de su

ne Chaves
em ser
ização: Pod
c.4) Color
s tradicionais,
usadas técnica

A. Chaves e Le
cas,
m o lá p is d e cor, hidrográfi
co ou
kers e guache,
aquarela, mar r
ção digital po
usar a coloriza .
res de imagem

Ane Brito de
meio de edito cn ica
mente da té
Independente te
mais importan
a ser usada, o is
s que sejam úte
é escolher core co re s
riando entre
à narrativa, va
imagens com
frias e quentes, á-
ais monocrom
muitas cores, m em preto-e-
ou
ticas (uma cor) -
n co , p ar a re ssaltar momen
-b ra
na tira.
tos dramáticos

Tirinhas GO!
co de como fazer tiras de quadri-
Agora que você já tem o conhecimento bási
e observe a realidade à sua
nhos, é hora de entrar em ação! Leia, pesquise
ideias. Ponha em prática tudo que
volta para buscar inspiração e obter boas
publicando suas próprias tirinhas!
aprendeu até agora e divirta-se fazendo e

93
6. Conclusão
, se
é u m p ro ce sso criativo, e
quadrinhos narrativa, qua
lquer um
, a p re n d e m os noções ra o b e m d a
Neste fascícu
lo - for pa ignorado.
m a tira de quadri o s a cima pode ser -
de como pro
d u zi r u
u co d a h is tó ria d o s p a ss
u e a le it u ra tenha sido pro
mo um po Espero q ara que
nhos, assim co fo rm a d e arte se- q u e si rv a de estímulo p
ntíssim a sa e cria-
dessa importa r q u e to d o o co- veito is p e ss o a s p o ssam usar sua
ressalta mais e ma divertidas
quencial. Vale o tr a n sm it ido aqui não d e p a ra p ro duzir boas e
cn ic ta- tivid a
nhecimento té as como orien adrinhos.
R E G R A , se rv in d o a p e n
o . Fa ze r h istórias em qu
é izad
ar seu aprend
ção para facilit

a ib a M a is s o b r e HQs
Leia e S
As Aventuras de Nhô-Quim & Zé Caip
ora: os primeiros quadrinhos bra
(1869-1883), de Angelo Agostini, orga sileiros
nizado por Athos Eichler Cardoso. Edições do Senado
Federal. Brasília, 2013
As Tiras de Jornal como Gênero Jor
nalístico, de Marcos Nicolau, publicad
08/02/2007 na Revi sta Eletrônica Temática. Paraíba, 2007. o em
Explosão Criativa dos Quadrinhos
, de Moacy Cirne. Editora Vozes LTDA. Petr
ópolis, 1970.
História da História em Quadrinhos
, de Álvaro de Moya. Editora L&PM. Porto Aleg
re, 1986.
Tiras em quadrinhos do King Feat
ures Syndicate (em inglês e espanhol
www .comicskingdom.com ):

adrinis ta
Quadrinhês: o glossário d o q u do Ne tto
Raymun
por Daniel Brandão e

1.
Argumento: texto curto de apresentação
de enredo, que serve de base para o de-
senvolvim
ento de roteiro para obra em quadrinhos, cinem

2.mesmo caricatural que, geralmente, publicada em jornais, critic


a, TV.
Cartum:
adaptado do cartoon inglês, é uma imagem com
tom humorístico ou
a ou ridiculariza

3.
o comportamento humano.
Rafe: denominação do primeiro esboço/ra
scunho, a lápis, anterior ao leiaute, que
serve de base para as próximas etapas de dese
nvolvimento do desenho, como a
94
arte-final e a colorização.
HQ? No Ceará tem disso sim! por Raymundo Netto

anã ich
Acervo Max Kr
Entre 1998 e 2000, a sede exposições de quadrinhos, char-
do Instituto Brasil-Estados ge e fotografias, mini sessões de
Unidos do Ceará (Ibeu/CE) cinema e vídeo (curtas de anima-
possuía um acervo de livros, revis- ção), recitais, entre outras ações,
tas, álbuns e séries em quadrinhos que resultou na premiação, como
em distintos idiomas à disposição “Personalidade do Quadrinho
para consulta dos seus alunos e Cearense – 1999” (Prêmio
visitantes. Esse conjunto era de- Carbono 14 de Quadrinhos Álvaro de Moya e Max Krichanã em
momento da feira de HQ
nominado Biblioteca de Arte Cearenses), a Max Krichanã. O
Sequencial R.F. Outcault, Carbono 14 foi o primeiro prê-
homenagem ao criador da tira mio no Ceará dedicado ao gê-
Hogan’s Alley, de onde surgiria o nero HQ, sendo organizado pela
personagem Yellow Kid. Oficina de Quadrinhos da UFC e
A inauguração oficial da pelo Graph It Studios.
Gibiteca aconteceu no Teatro Antes de criar a Gibiteca,
do Ibeu Aldeota e contou com a Krichanã trabalhou nos jornais
presença de Álvaro de Moya, Folha de S. Paulo e A Gazeta
jornalista, pesquisador e ilustra- Esportiva. Retornando ao Ceará,
dor, Geraldo Jesuíno, pro- trabalhou em O POVO, como
fessor do curso de comunicação editor do caderno Buchicho, no
da UFC e criador da Oficina de qual colaborou para a divulga-
Quadrinhos, Max Krichanã, ção do trabalho de Guabiras e
jornalista, professor do Ibeu e res- Denilson Albano.
ponsável pela Gibiteca, além de Publicou, em 195 edições, o
quadrinistas locais e leitores de Jornal da Praia, periódico inde-
HQs, entre os quais, a turma do pendente e gratuito que tinha o
Graph it Studios (Daniel Brandão, diferencial de trazer com destaque
J.J. Marreiro e Geraldo Borges), quadrinhos cearenses produzi-
Studio 3, Fernando Lima, repre- dos por Mino, Weaver, Klévisson,
sentantes de revistarias (Revistas Newton Silva, Jefferson Portela,
& Cia, Shazam e Fanzine) e os Rafael Limaverde, entre outros.
expositores Valber Benevides, Atualmente, o acervo da
Klévisson, Clayton, Rafael, Gibiteca se encontra no bair-
Sinfrônio, Kazane, Guabiras, ro Meireles, em Fortaleza, no
Weaver (Seres Urbanos) etc. Gabinete de Leitura, em regi-
Durante a sua existência, a me de consultoria em HQs e cultu-
Gibiteca proporcionou à socie- ra popular. Os interessados em co-
dade uma vasta programação: nhecer esse acervo podem entrar
lançamentos de livros, fanzines e em contato com Max pelo e-mail:

95
cordel, pocket-shows de humor, max.krichana@hotmail.com. Página de quadrinhos do “Jornal
da Praia”: Mino, Fernando Lima,
Jefferson Portela e
Rafael Limaverde.
Waldemar Lene Chaves (Autor) Guabiras (Ilustrador)
médico e cartunista, começou a desenhar desde os quatro anos, in- desenha desde os 5 anos de idade se basean-
fluenciado pelos desenhos animados da TV e pelas histórias em qua- do em tudo que se possa imaginar de quadri-
drinhos. Em 2003, participou do Curso de Histórias em Quadrinhos nhos no mundo. Em 2016, completa 18 anos
do Estúdio Daniel Brandão. As habilidades e os conhecimentos pro- em que trabalha como ilustrador e cartunista
porcionados pelo curso, assim como a amizade de todos os mem- no jornal O POVO (Fortaleza/CE). Tem inú-
bros do estúdio, abriram as portas para o mercado profissional. meras publicações e personagens em HQs e
Participou da equipe criativa das tiras do Capitão Rapadura publica- fanzines, ministrando oficinas e participando
das no Diário do Nordeste. Publicou HQs na Manicomics, em sites de trabalhos/mostras coletivos e/ou indivi-
pessoais na internet e na Karton, revista em quadrinhos polonesa. duais. Para conhecer mais sobre a produção
Em 2011, colaborou com a Maurício de Sousa: Novos 50 Artistas. de Guabiras, acesse:
Atualmente, faz desenhos por encomenda e publica tiras de quadri- blogdoguabiras.blogspot.com.br
nhos, cartuns e ilustrações na internet.

Este fascículo é parte integrante do projeto HQ Ceará, de concepção de Regina Ribeiro e Raymundo Netto, em decorrência do
convênio celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha (FDR) e a Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (SecultFOR), sob o nº 12/2016.

Expediente
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA Presidente João Dummar Neto | Diretor Geral Marcos Tardin | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE
Coordenação Ana Paula Costa Salmin | CURSO BÁSICO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS Coordenação Geral e Editorial Raymundo Netto |
Coordenação de Conteúdo Daniel Brandão | Edição de Design Amaurício Cortez | Projeto Gráfico Amaurício Cortez, Karlson Gracie e
Welton Travassos | Editoração Eletrônica Cristiane Frota | Ilustração Guabiras | Catalogação na Fonte Kelly Pereira
ISBN 978-85-7529-715-5 (Coleção) | 978-85-7529-721-6 (Volume 6)

Todos os direitos desta edição reservados à:

Apoio Realização
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CEP 60055-402 - Fortaleza- Ceará
Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 - Fax: 3255.6271
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